Post on 07-Apr-2016
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Província São Francisco de Assis - OFM/RS - Ano I Nº 3 - Dezembro - Janeiro de 2014/2015
Cyber FranciscanosRevista Digital
TEMA da Revista:
ESPIRITUALIDADE DO
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Carta do Editor
Paz e bem queridos irmãos e irmãs!
Chega até vocês à terceira edição da Revista Digital Cyber Franciscanos.Esta edição conta com o aprofundamento do tema 'Espiritualidade do Natal'. O Natal para Francisco é mais do que especial, é um momento de profunda busca, do Deus que se faz pobre e humilde. Contamos nesta edição com a contribuição de inúmeros irmãos, que partilham de suas reexões sobre a espiritualidade do Natal. O Texto de Frei Almir Ribeiro, OFM, que nos partilha sobre a Espiritualidade Franciscana que esta sobre o presépio. Os jovens Luiz Valério e Ana Silveira reetem sobre a espiritualidade do natal a partir de suas realidades. E com uma rica reexão, direto de Roma, de Bianca Fraccalvieri, Jornalista do Programa Brasileiro da Rádio Vaticano.Agradecemos a tod@s os irmãos que estão nos enviando suas partilhas e dicas. Somos muitíssimos gratos com as interações de vocês queridos leitores e pedimos que continuem nos ajudando neste dinâmico processo de evangelização. Fraterno abraço! Paz e Bem!!
Frei Malone Rodrigues, OFMGerente de Produção de Conteúdo e Criação.
freimalone@franciscanos-rs.org.br
Revista DigitalCyber Franciscanos
Ano I - Nº 3Dezembro - Janeiro 2014/15
Revista Digital da Província
São Francisco de Assis - Franciscanos do Rio Grande
do Sul.OFM - Brasil
Propriedade:Instituto Cultural São Francisco de Assis
Serviço de Comunicação Freis RS
Direção:Frei Arno Frelich, OFMEditor e coordenador:Frei Malone Rodrigues, OFM
Redação:Frei Guilherme Johann (Noviço)Social Mídia:Fr. Guilherme Ximenes (Noviço)
Coordenador Artigos:Maicon Rohr (OFM)Equipe Apoio Site:Frei Antonio Izael (OFM)Frei Benício Warken (OFM)
Revista Digital hospedado no site:www.franciscanos-rs.org.br/revistas
Publicação:Bimestral
Fones:(51) 3246-9937(51) 3061-0353
e-mail:contato@franciscanos-rs.org.br
www.FRANCISCANOS-RS.org.br
ÍNDICE EXPLICAÇÃO LEITURA DIGITAL
02 - EDITORIAL
03 - ÍNDICE
NATAL: QUANDO O ALTÍSSIMO ABRE MÃO DE SUA ONIPOTÊNCIA
04
21
17
Natal: um presente que faz se presente
Às vésperas de
celebrar
o nascimento
de Cristo.
Já é dia de Natal
10
Cyber Franciscanos Out 2014
CyberFranciscanosESPIRITUALIDADE HOJE
Ao ser convidada para escrever, tomei a liberdade de, em um primeiro momento, largar a caneta a m de d e s f a z e r - m e d e i d e i a s p r é -concebidas, colocando-me em atitude de escuta, para que pudesse estabelecer um respeitoso diálogo com o ambiente universitário no qual convivo. A seguir, apresento apenas um recorte com o intuito de não
esgotar a conversa nesse pequeno texto. Dessa forma, pretendo, nas próximas linhas, expor o signicado do Natal na perspectiva cristã, bem c o m o s e u d e s d o b r a m e n t o n a espiritualidade, reetindo, ainda, a respeito de como um estudante pode viver essa dimensão de sua vida no ambiente de estudo.
4
NATAL: uma presença que se faz presente
Ana Silveira
Cyber Franciscanos Out 2014
CyberFranciscanos
O Natal, para os cristãos, é um dos momentos mais especiais, pois se ac red i ta que o Deus , ou t ro ra anunciado pelos profetas, o Inefável, o Justo, se faz nosso companheiro de caminhada, próximo, pequeno e vulnerável. Como conceber tamanho absurdo? Hoje parece “batido” para os cristãos tal armação, anal, quem não escutou a expressão: “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14)? Para os não crentes, por vezes, essa data ca reduzida à miticação d o p r e s é p i o , d e n t r e o u t r a s percepções que não representam a sua magnitude. Todavia, o que se pode t i ra r de nov idade desse acontec imento? Penso que a chegada de Jesus no se io da humanidade desfaz toda a distância que se tinha entre o Criador e a criatura, uma vez que o Menino vem a nós em um ambiente familiar, simples e sem espetáculo, numa noite como outras, escondendo sua grandeza na pequenez de um semblante infantil. O cristão renova sua fé na
Encarnação de Deus, na medida em que consegue perceber a presença divina nas situações concretas de sua existência, sem precisar de fascínio, nem exuberância, tampouco de maneira impositiva, mas na conança de que a atividade presente não se reduz a status, cargo ou sucesso. O Natal é tempo da família, cabe lembrar que o Deus cristão é trinitário, consequentemente, é relação, não é uma ilha, mas sim, dinâmico, escolhe a linguagem do amor, que inclui e aproxima, que elimina obstáculos porque é livre e libertador; só o amor é assim. Acreditar que é possível se relacionar desta forma com Deus, é uma novidade para a pessoa, portanto, Natal é Alegria e Paz. Não apenas a euforia passageira de presentes, ou festas que se acabam, p o r é m o c a s i ã o d e a m o r q u e ultrapassa a morte. Uma eternidade é iniciada com o acontecimento do Natal, possibil idade de viver no presente aquilo que, em plenitude, teremos no futuro, mas que pode ser >
5
Cyber Franciscanos Out 2014
CyberFranciscanos
experimentado nas atividades de
cada dia, bem como a paz, visto que a
diferença não é obstáculo, nem
tampouco motivo de discórdia, mas
alteridade que une e estabelece
relação de amizade. E o onde ca a espiritualidade? Em
nenhum lugar isolado, nem descolada
da realidade ou enterrada em cultos e
práticas que não suscitem vida. Isso
signica entender espiritualidade
como modo de vida, uma dimensão
de cada ser humano concreto e
histórico e sempre culturalmente
situado. Essa dimensão se revela pela
capacidade de diálogo consigo
mesmo, com os outros, e com o
t ranscendente , se t raduz pe la
sensibilidade, pela compaixão, pela
e s c u t a d o o u t r o , p e l a
responsabilidade e pelo cuidado
como atitude fundamental. Nesse
sentido, a universidade também é
local de encontro de horizontes
distintos, lugar propício para interação
dos diferentes que se acolhem sem
q u e i s s o c o m p r o m e t a s u a s
identidades. E por que não, lugar de
possível integração da ciência e da
fé? Por vezes ambas andaram rivais,
seguindo caminhos paralelos, contudo
o tempo atual exige uma técnica
r e e t i d a , c o m o t a m b é m u m a
maturidade de fé, se supõe, portanto
uma abertura para autonomia mútua.
O e s p í r i t o d o N a t a l , s u a e s p i r i t u a l i d a d e e s p e c í c a , é exatamente o oposto do espírito dominante na cultura atual, que é um espírito marcado pelo consumo, pelo mercado, pela concorrência, pelo interesse, ou seja, um espírito que transforma tudo em mercadoria. T o d a v i a , o N a t a l c o n v i d a à gratuidade, à doação, à singeleza, à convivência, à possibilidade de se fazer presente ao outro. O Natal quer ressuscitar essa dimensão espiritual no ser humano, quer anunciar que é nesse ambiente que Deus se acercou de nós, po i s não ve io como um César poderoso nem como um Sumo-Sacerdote, menos a inda como empresário ou lósofo. Aliás, acercou-se com o intuito de que ninguém se sentisse distante Dele, para que todos pudessem experimentar o sentimento de ternura que uma criança desperta.
MISSÃO NA BÍBLIA 7
Cyber Franciscanos Out 2014
Esse é o caminho que Deus escolheu para aproximar-se de nós, para andar conosco por nossos caminhos. Um Deus que não explica a razão do mal no mundo, mas que sofre junto com a humanidade e assume tudo que é radicalmente humano. Esse é Jesus de Nazaré, um Deus que encontramos dentro de nós e de nosso cotidiano, sem precisar buscá-lo aqui e ali, mas buscá-lo na interioridade, e acolhê-lo na surpresa da visita de um amigo que divide caminho conosco. Também na exterioridade, na maneira de se relacionar com o corpo, com os outros, com o ambiente percebemos a ação divina. No campus também se encont ra a sua p resença, no aconchego de um abraço, no cansaço de na l de semest re s u a v i z a d o p o r u m s o r r i s o desconhecido, a tão esperada entrega do trabalho de conclusão de curso, ou seja, tudo que é simples, porém vivido com intensidade de
sentido. Portanto, em nosso ambiente universitário, faz-se necessário reservar espaço para essa espiritualidade do e n c o n t r o , s e m d e s e j o s d e dominação, mas sim, de acolhida fraterna e respeitosa. Viver a vida em chave de liberdade, sem desejar aprisionar o todo na pequena parte que somos. Assim, a existência vai tomando nova forma: o colega de classe passa ser companheiro de caminhada da existência e não um concorrente que preciso vencer, mas acolher, como portador de uma novidade única a ser revelada. Em últ ima anál i se, exper imentar a e s p i r i t u a l i d a d e d o N a t a l n a universidade é conviver com o diferente numa atitude humilde e amorosa. Deixar o divino falar no rosto humano do irmão que também está a caminho, deixando-se renovar pela esperança da vida divina entre nós.
CyberFranciscanos 8
Ana Silveira; Idade: 27 anos; 3 ano de teologia PUCRS.
Uma entidade mantida pelo ICSFA – Instituto Cultural São Francisco de Assis, entidade de caráter público, sem ns lucrativos, de assistência social, dos Freis Franciscanos do Rio Grande do Sul. Desenvolvendo inúmeras atividades que possam garantir o desenvolvimento e assistência de muitos jovens em situação de vulnerabilidade social.
Conheça nossa Instituição
acessando nosso site:
Cyber Franciscanos Out 2014
Cyber Franciscanos Out 2014
CyberFranciscanos
1. Natal é festa do coração franciscano. Desde a nossa mais tenra idade estamos acostumados a ouvir falar de Greccio, do presépio, da ternura que Francisco tinha pelo menino das palhas, do carinho que devotava à Paupércula Maria que oferecia o leite generoso de seu peito para alimentar Deus carente e pobre. Francisco “recordava-se em assídua meditação das palavras e com penetrante consideração rememorava as obras do Senhor. Principalmente a humildade da encarnação e a caridade da paixão,
de tal modo ocupavam sua memória, que mal queria pensar em outra coisa. Deve-se, por isso, recordar e cultivar em reverente memória o que ele fez no dia do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, no terceiro ano antes do dia de sua gloriosa morte, na aldeia que se chama Greccio” (1Cel 84). Ele queria ver com os próprios olhos, plasticamente, aquilo que havia se passado na noite do Oriente, na cidade de Belém, quando Deus resolveu ser o Deus-conosco.
MISSÃO FRANCISCANA 10
NATAL: QUANDO O ALTÍSSIMO ABRE MÃO DE SUA ONIPOTÊNCIA
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Q u a n t a s e q u a n t a s v e z e s participamos de encenações e celebrações que retomaram as palavras e os gestos de Francisco.2. Aprendemos a ver o Poverello, perto do “berço” do Menino, tomando dois galhos e inventando um violino. Um dançarino que vive a festa da visita de um Deus que não esmaga, nem tira o fôlego, mas que estende a mão para ser socorrido, que precisa do leite generoso do seio de sua Mãe, que solicita ser cuidado como todas as frágeis crianças que vêm ao mundo. Para nós, não existe Natal sem as cores franciscanas de Greccio.3 . Mais uma vez v ivemos essa atmosfera de dezembro. As pessoas correm de um lado para o outro, meio perdidas, meio aturdidas. Pressa, compras, consumo, certa alegria, ornamentações ext remamente art íst icas nos suntuosos centros comerciais das grandes cidades. Os comerciantes não sabem o que fazer para atrair a clientela e para terem resultados nanceiros superiores aos d o a n o p a s s a d o . P e r f u m e s , sosticados celulares, chocolates, roupas , sapatos , bo l sas : tudo enfeitado em guirlandas, envolvidos em papeis coloridos, luzes cintilantes. Pelos corredores, música envolvente. Papai Noel sentado num trenó espera crianças que se assentem a seu lado para serem fotografadas. Estas cam extasiadas esperando a noite dos presentes. O amado ou amante compra para a amada ou amante um colar de diamantes, presente de Nata l . Nas casas c in t i lam as lâmpadas (made in China), na árvore da sala, nas plantas do jardim e nos arcos das varandas. Há luz e alegria. Mas pode ser que nessas catedrais do consumo e mesmo em muitas casas se tenha esquecido da gura central e mais importante: o menino das palhas. Sim, há aqui ou al i um
presépio. Mas basta isso? Pode ser que tenhamos t i rado de caixas de papelão que estavam no sótão ou no porão as guras do presépio: os personagens centrais, os pastores, os animais, os anjos, o casario e a fonte que jorra água de verdade. Tudo isso faz parte da decoração exterior, dum certo folclore. Pode mesmo ter acontecido que alguns tenham seguido os textos desses livrinhos de novenas de Natal, livrinhos cheios de palavras piedosas ou libertárias que repetem o que já sabemos. O importante seria se viéssemos a nos reencantar com o fato: Deus se torna fragilidade.4. A onipotência de Deus se manifesta em sua fragilidade. Lá no nal de sua trajetória tudo ca claro: um jovem adulto sem apoios externos, um ser na plenitude de suas forças sendo ridicularizado, despojado de tudo, v i l i p e n d i a d o , a m a r r a d o , d e s r e s p e i t a d o , i n s u l t a d o , abandonado. Remexendo-se de dor no alto da cruz, torturado pela sede, tentado pelo desânimo, sorvendo gole após gole o cálice da amargura: um ser frágil que ali atinge o ápice da f r a g i l i d a d e . F r a g i l i d a d e q u e acompanhou seus dias: sem casa, sem propriedades, sem mesmo pedra para reclinar a cabeça, buscando sempre abrigo no interior do coração de pessoas que iam se fechando a ele, não lhe restando outra coisa senão tomar o bastão e buscar abrigo em outros corações. Tudo havia começado lá naquela noite antiga do Oriente, na singeleza do começo da aventura de Deus na terra dos homens, na noite despojada da gruta de Belém.Sim, perto de nós e à nossa volta está a fragilidade de Deus.
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5. Uma frágil criança, sem vontade própria, que não fala… Assim Deus vem à humanidade. Não como um conquistador ou um dominador, mas através de um presente que nos é feito. A pobreza desse nascimento tem tudo a ver com sua Paixão dolorida. Um Deus que se desapropria. Como que a dizer que o amor que salva é sempre desapropriação. Natal é a revelação de um Deus de humildade, que não vem obrigar o homem reconhecê-lo pelo medo. Quando chega a plenitude dos tempos e chega o momento das revelações, camos todos pasmos de ver a fragilidade de Deus. “Deus criança! Talvez estranhássemos menos se Deus tivesse ganhado corpo num
adulto com belo porte, um militar graduado ou chefe de Estado. A criança, contrariamente, é a gura da humanidade dependente que precisa ser alimentada, vestida, assistida em todos os momentos. A criança tem os olhos voltados para aqueles que têm a força, o ter e o poder. A criança necessita aprender. Aquele que é o Verbo necessita aprender a falar, esse Verbo que vai de um extremo ao outro da terra. Terá que aprender a andar. Deus perde sua onipotência. Ele se desarma totalmente e se submete à escolha de nossa liberdade. Deixará a todos os homens o poder sobre o mundo. Um Deus que se torna criança.
6. Deus é o criador. Tira do nada as estrelas e o ser humano do pó da terra. Agora, depois do pecado do homem, vai começar um mundo novo em que D e u s s e t o r n a u m a c r i a n ç a despojada, um Deus desapropriado. Começa agora um mundo novo que esse Menino chamará de Reino. Um reino que começa na fragilidade do rosto de uma dependente criança e que será inaugurado com a entrega irrestrita de um condenado à morte sem defesa. Um começo novo, distante do poder. “A liturgia do advento é um caleidoscópio de
imagens de nascimento e de novidade: é um jardim que surge no meio do deserto, é a libertação dos q u e e s t a v a m n a p r i s ã o , é a e x p e c t a t i v a r e a l i z a d a . Q u e m reconhecerá isso nos traços de um recém-nascido? Alguns pastores humildes em sua condição social; magos, humildes buscadores de v e r d a d e . E s s e s n o s a b r e m o s caminhos. Ela continua sempre aberta” (Christophe Chaland). Um D e u s q u e a b r e m ã o d e s u a onipotência e é buscado pelos pequenos da face da terra.
CyberFranciscanos 13
7. “Enquanto um profundo silêncio
envolvia o universo e a noite ia no meio
do seu curso, desceu do céu, ó Deus,
de seu trono real, a vossa Palavra
onipotente (Antífona de entrada da
Missa de 30 de janeiro, inspirada em
Sabedoria 18,14-15). No belo tempo
do Natal, essas palavras soam forte
aos nossos ouvidos. O Deus que se
torna frágil aparece no quadro do
silêncio e não do espalhafato e das
proclamações ruidosas. Trata-se de
um nascimento comum. Talvez para
deixar de pensar no chocante que é
esse nascimento de Deus numa
c r i a n ç a f o m o s a o s p o u c o s
sobrecarregando o Natal com
elementos perfeitamente acessórios:
Papai-Noel, os presentes, a ceia. Tudo
só tem sentido quando colocado em
relação às núpcias de Deus com a
h u m a n i d a d e : “ T e u a u t o r t e
desposará!” Com Cristo e no Cristo
somos uma só carne”. Não é por isso
que, no nal do tempo do Natal,
costuma-se ler o evangelho das Bodas
de Caná? Por ocasião do nascimento
de Jesus , os evangel i s tas não
mencionam nenhuma palavra de
Maria ou de José. Eva, no Gênesis, é
mulher prolixa. Maria, quieta, guarda
todas as coisas no fundo do coração.
A razão é que esta criança disse tudo,
ele é toda Palavra divina e humana
(Pensamentos de Marcel Domergue,
SJ, in Croire Aujourd'hui, n. 251).8 . T e m p o s n o v o s , t e m p o s d e
simplicidade. Tempos de facilitar a
encarnação de Deus no humano.
Hoje, mais do que nunca, precisamos
mostrar um Deus humilde que chega
perto de nós. Ele está nos campos de
concentração de ontem e de hoje,
está nessas chacinas que ceifam a
vida de seres queridos. No coração
de tudo está não o Deus tonitruante,
mas o Deus frágil, tão frágil como o
menino das palhas, tão frágil como o
torturado do Gólgota. Natal, tempo
de serena e profunda alegria. Um
menino nasceu para nós. Um Deus que
vem bater as batidas de seu coração
ao ritmo da batida de nosso peito. Um
Deus que abdica de sua onipotência
para estar perto da humanidade.
CyberFranciscanos 14
9. Por vezes, temos a impressão que
muitos se mostram indiferentes à fé
cristã e à Igreja. Há sensível e
preocupante diminuição dos éis
c r i s t ã o s . N o s s a s a s s e m b l e i a s
dominicais contam com poucos
participantes e a grande maioria, em
muitos lugares, constituída de pessoas
idosas. Nem sempre a Igreja consegue
ser expressibilidade da força do
Evangelho. A festa do Natal, esse
momento em que vemos um Deus que
abdica do poder e abre mão da
onipotência nascendo criança e
fragilidade não seria um momento em
que nós, discípulos de Cristo e
membros da Igreja, venhamos a agir
cristã e pastoralmente simplesmente a
partir da pobreza do Deus das palhas?10. Nada de tristeza, nada de espírito
sombrio. Na pobreza do Natal, a
alegria explode. Para Francisco, não
existe sexta-feira nem abstinência
quando o Natal cai em sexta-feira:
“Beijava em famélica meditação as
imagens daqueles membros infantis, e
a compaixão pelo Menino, derretida
em seu coração, fazia-o mesmo
balbuciar palavra de doçura à moda
de crianças. E este nome era para ele
como o mel e o favo na boca. Uma
vez que conversava sobre a questão
de não comer carnes, porque era dia
de sexta-feira, ele respondeu a Frei
Mórico, dizendo: Irmão, pecas ao
chamar de sexta-feira o dia em que o
Menino nos foi dado. Quero que até as
paredes comam neste dia e, se não
p o d e m , p e l o m e n o s s e j a m
esfregadas com carne por fora”. Que
todos saibam que Deus se tornou
f rag i l idade e abd icou de sua
onipotência para poder viver perto de
nós nossa aventura humana! É festa
para sempre na terra dos homens!
Frei Almir Ribeiro Guimarães
Frei Almir Ribeiro Guimarães é frade franciscano da Província Imaculada Conceição, nascido em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Ingressou na Ordem Franciscana em 1958. Estudou catequese e pastoral no Institut Catholique de Paris, a partir de 1965, período em que fez Licenciatura em Teologia. Em 1974, voltou a Paris para se doutorar em Teologia.
‘‘A #coragem de iniciar
caminhos inéditos depresença e testemunho.’’
O Senhor nos falapelo caminho. 33
ESTE PODE SERO SEU #CAMINHO!
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JOVEM
FREI PAULO REIS ; (51) 8165 5715 ou pvofmrs@yahoo.com.brFREI FRANKLIN FREITAS ; (51) 9133 36 84 ou pazebemrs@hotmail.comFREI MIGUEL BECKER ; (51) 9539 8196 ou mibeckerofm@gmail.com
Pastoral Vocacional -
Mais informação acesse;
www. .com.brEU PAZ BEMVIVO EA O
Cyber Franciscanos Out 2014
CyberFranciscanos
Cidade do Vaticano – No Natal,
vivem-se “as percepções interiores
ao feminino”, próprias da espera de
um parto: essas palavras do Papa
Francisco nos indicam a atitude a
assumir às vésperas de celebrar o
nascimento de Cristo.Nesses dias que precedem o Natal,
todos nós cristãos estamos como
Maria, sentido tudo aquilo que as
mulheres sentem no corpo e no
espírito quando o lho está prestes a
n a s c e r . A n s i e d a d e , d e s e j o ,
curiosidade, vigilância. No período
do Advento, a Igreja repete em
uníssono: “Vem, Senhor”. Sentimentos
que, segundo Francisco, deveriam
provocar em nós um espírito de
abertura para acolher esta grande
luz, sem jamais pendurar na porta de
nossa alma uma placa com os dizeres
“ n ã o p e r t u r b e ” . C o m o d i z S .
Bernardo, o Senhor não vem somente
duas vezes – o nascimento físico e no
nal dos tempos – mas vem todos os
dias. “O Senhor todos os dias visita a
sua Igreja. Visita cada um de nós. E
também a nossa alma entra nesta
semelhança: a nossa alma se
assemelha à Igreja; a nossa alma se
assemelha a Maria”, disse o Pontíce
na homilia da missa celebrada na
C a s a S a n t a M a r t a e m 2 3 d e
dezembro de 2013, na vigília do
primeiro Natal de Bergoglio como
Papa>>
17ARTIGO
Às vésperas de
celebrar
o nascimento
de Cristo.
Cyber Franciscanos Out 2014
F r a n c i s c o n o s p r o v o c a , perguntando: “Estamos à espera ou estamos fechados?” Estamos vigilantes ou estamos certos de encontrar um “hotel” no caminho e desist i r da nossa caminhada? Inspirados pelas provocações do Santo Padre, podemos nos dirigir aos comunicadores e quest ionar: Estamos abertos à comunicação da Verdade? Estamos vigilantes ou estamos certos de encontrar uma “retórica” no caminho e desistir do n o s s o c o m p r o m i s s o c o m a Verdade? “O bem tende sempre a comunicar-se”, escreve o Papa em sua Exor tação Apostó l ica, a Evangel i i Gaudium. Uma vez comunicado, o bem radica-se e desenvolve-se. “Toda a experiência autêntica de verdade e de beleza procura, por s i mesma, a sua expansão; e qualquer pessoa que viva uma libertação profunda adquire maior sensibilidade face às necessidades dos outros”. Neste
trecho encontra-se o fulcro da missão do comunicador, sobretudo se católico: a sensibilidade diante do sofrimento do outro. Sair de nossas redações rumo às periferias que necessitam ser comunicadas. No voo que o levava à Turquia, no nal de novembro, Francisco s a u d o u o s j o r n a l i s t a s q u e o acompanhavam recordando que o trabalho que desempenham é uma ajuda, um serviço ao mundo para q u e a a t i v i d a d e r e l i g i o s a e humanitária seja conhecida. O desao é comunicar sem perder de vista a nossa humanidade, para que a evo lução tecnológ ica e o “ p r o g r e s s o ” n ã o s e j a m inversamente proporcionais à nossa evolução como pessoas. Um tema que mereceria mais cuidado, por exemplo, é o modo como o problema da violência é tratado pela mídia – a violência, aliás, é o tema do Ano da Paz promovido pela CNBB até o Natal de 2015.
CyberFranciscanos 18
Palavras e imagens que circulam n o s m e i o s d e c o m u n i c a ç ã o parecem fomentar a criação de uma sociedade maniqueísta: de um lado, os homens de bem; de outro, os homens do mal. O resultado desse tipo de mentalidade é o que o Papa chama de “cultura do descartável”, ou seja, os excluídos do sistema. E diante de um Estado omisso e de uma Justiça ineciente, a tentação de fazer justiça com as próprias mãos passa a ser uma solução no país dito “mais católico do mundo”, suprimindo de vez a atitude de o f e r e c e r a o u t r a f a c e .Em seu ponticado, Francisco cunhou inúmeras expressões que dão bem o sentido dos éis “de mentirinha”: cristãos mornos, de confeitaria, de tinturaria, de salão, cristãos que participam da missa como evento social. São os mesmos cristãos que defendem a lógica de que “bandido bom é bandido morto”, e de que os verdadeiros
criminosos são os defensores dos Direitos Humanos. Diante desta lógica, e com a cumplicidade da mídia, o futuro não é promissor. Em entrevista à Rádio Vaticano, o vice-coordenador nacional da Pastoral Carcerária, Pe. Gianfranco Graziola, armou que, contribuindo para o clima de pavor, a mídia não ajuda a sociedade a enfrentar aquela que é a questão de fato, isto é, a de uma sociedade que precisa de políticas públicas, sobretudo no âmbito da juventude. “Temos que chamar a atenção da sociedade e isso também é tarefa da imprensa católica, que muitas vezes está mais preocupada em transmitir doutrinas do que os valores humanos que estão na Doutrina Social da Igreja”, declarou.É fácil gostar do Papa e do seu sorriso, admirar seu jeito e seus gestos, um pouco mais difícil, porém, é pôr em prática as suas propostas, que nada mais são aquilo que Jesus pregou. A coerência entre liturgia e v i d a é e x i g e n t e , e r e q u e r perseverança, oração e graça. Requer também coragem, de ir avante, sempre. A mudança de mentalidade e de atitude começa agora, não em vista do Natal. Caso contrário, no próximo ano, faremos irremediavelmente as mesmas promessas.
Bianca FraccalvieriJornalista do Programa Brasileiro da Rádio Vaticano
Formada em Comunicação Social pela Universidade Estadual de Londrina. Mestrado em Filosoa pela Ponticia Universidade Gregoriana de Roma
Vem, esegue-me.
Mateus 19,16
Cyber Franciscanos Out 2014
CyberFranciscanos
“ ”.Já é dia de Natal
O natal é o nascimento. Há tempos, celebra-se o momento em que Deus se fez homem e veio da forma mais humilde possível dialogar com seu povo. Pensar como um jufrista se prepara para esse momento é um tanto curioso. Pois no dia-a-dia, a busca pelo ideal de vida franciscano é constante, difícil sim e com diversos obstáculos, mas constante. E esse ideal que cresceu e ganhou o mundo
com Francisco começou há mais de dois mil anos. Com o nascimento, com Jesus, com sua vida, sua obra, seus exemplos e ensinamentos. Por isso, um jovem jufrista, um franciscano, prepara-se para o natal diariamente. Porque a vivência que buscamos e compartilhamos com nossos irmãos tem seu berço na manjedoura.
ESPAÇO JUFRA 21
Cyber Franciscanos Out 2014
Ainda assim, é inegável que o tempo que antecede o dia 25 é diferente. O mundo ao nosso redor passa a viver o natal, mas de diversas formas. Os sentimentos bons de solidariedade e cuidado com o outro e a família aumentam. Mas aumenta também a necessidade de comprar muitas coisas, muitos presentes, de preparar o maior banquete do ano, de se destacar na melhor festa da cidade. Sentimentos bons e outros que nem tanto invadem nosso cotidiano de muitos modos e, muitas vezes, a melhor das intenções nos desvia do caminho. Por isso, precisamos além de oração, observação e cuidado, para não deixar nosso ideal escorrer dentre tantos outros que surgem nessa época.Mas acima de tudo, o natal pode ser encarado como um recomeço. Se a ocasião aproxima as pessoas dos bons sentimentos, como o perdão, tão difícil em outras oportunidades, aí está a chance de encontrar um novo ponto de partida para a caminhada. Aqui não é preciso ir fundo, pensar em g r a n d e s r e v i r a v o l t a s , m á g o a s profundas, pois nem todos guardam algo assim. É preciso ser franco consigo mesmo, rever pequenas ações, palavras ditas na hora errada
ou omissões, por exemplos. Essas pequenas chagas podem ser bem maiores no outro, por isso não se pode deixa-las abertas. A reconciliação com o outro é o primeiro passo, mas a verdade i ra é cons igo mesmo. Perdoar-se, compreender-se, torna a busca pelo nossa ideal mais simples e segura.Com tudo isso, a simplicidade, a humildade e a alegria franciscana em tratar a vida, Por consequência, como já se sabe, traz a responsabilidade do exemplo. E entre outros tantos, São Francisco nos trouxe e assim mostrou um dos fundamentais do natal. O da cidade italiana de Greccio, em 1223, montado por ele representa mais do que as guras esculpidas formam. A ideia de Francisco foi compartilhar. Tudo o que envolveu o momento do nascimento, cada parte tem sua simbologia única que nos leva a reetir sobre sua importância. Mas acima de tudo compartilhar. Compartilhar a boa nova da chegada de Jesus, compartilhar um abraço apertado, uma fruta, uma palavra de conforto, um sorriso alegre, uma música de esperança, compartilhar amor. Ser instrumento da palavra e todas as boas coisas que ele carrega.
CyberFranciscanos 22
Luiz Valério Seles, Secretario de Ação Evangelizadora Regional da JUFRA/RS
Cyber Franciscanos Out 2014
Senhor: Fazei de mim um instrumento de vossa Paz.Onde houver Ódio, que eu leve o Amor,Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão.Onde houver Discórdia, que eu leve a União.Onde houver Dúvida, que eu leve a Fé.Onde houver Erro, que eu leve a Verdade.Onde houver Desespero, que eu leve a Esperança.Onde houver Tristeza, que eu leve a Alegria.Onde houver Trevas, que eu leve a Luz!Ó Mestre,fazei que eu procure mais:consolar, que ser consolado;compreender, que ser compreendido;amar, que ser amado.Pois é dando que se recebe,perdoando que se é perdoado,e é morrendo que se vive para a vida eterna!Amém.