Post on 26-Jun-2020
INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA
ASSOCIAÇÃO DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL
PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA DO INCRA
CRT/RO Nº 0011.000/12
PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO
ASSENTAMENTO – PDA
- LAMARQUINHA -
NÚCLEO OPERACIONAL – ARIQUEMES
ARIQUEMES – RO
2013
INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA
ASSOCIAÇÃO DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL
PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA DO INCRA
CRT/RO Nº 0011.000/12
PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO
ASSENTAMENTO – PDA
NÚCLEO OPERACIONAL – ARIQUEMES
ARIQUEMES – RO
2013
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
Dilma Vana Rousseff
Presidente da República Federativa do Brasil
Gilberto José Spier Vargas
Ministro de Estado do Desenvolvimento Agrário - MDA
Carlos Mário Guedes de Guedes
Presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA
Luís Flávio Carvalho Ribeiro
Superintendente Regional do Estado de Rondônia
Cletho Muniz de Brito
Chefe da Divisão de Desenvolvimento de Projetos de Assentamento
ARIQUEMES – RO
2013
Secretário Executivo da EMATER-RO
Luíz Gomes Furtado
Diretor Técnico e de Planejamento
José Tarcísio Batista Mendes
Gerente de contrato
Domingos Rodrigues Pietro
Responsável Técnico - Ariquemes
Eduardo Augusto Veras Marti
EQUIPE TÉCNICA
Extensionista Rural Nível Superior
Edcarlos Rocha de Souza
Extensionista Rural Nível Médio
João Francisco Dos Santos Filho
Extensionista Social Nível Superior
Maria Lidiane Gregório
Extensionista Social Nível Médio
Sirlene Aparecida Da Silva
ARIQUEMES – RO
2013
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO ........................................................................................................... 11
2. METODOLOGIA ............................................................................................................. 11 2.1. Elaboração do Plano .......................................................................................................... 12 2.2. O Programa de Assistência Técnica do Incra no Processo de Acompanhamento e
Implantação do PDA ................................................................................................................ 22 3. CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO DE ASSENTAMENTO LAMARQUINHA ....... 25
3.1. Geral .................................................................................................................................. 25
3.2. Específica ................................................................................................................... 25
4. DIAGNÓSTICO RELATIVO À AREA DE INFLUÊNCIA DO PA LAMARQUINHA 26 4.1. Localização e acesso.......................................................................................................... 26 4.2. Contexto Sócio Econômico e Ambiental da Área de influencia do PA Lamarquinha ...... 28 4.2.1. Características Gerais do Município de Rio Crespo-RO ................................................ 28 5. DIAGNÓSTICO DO PROJETO DE ASSENTAMENTO LAMARQUINHA ................ 41
5.1. Condições físicas e edafo-climáticas do PA ...................................................................... 41 5.1.1. Relevo ......................................................................................................................... 41
5.1.2. Solos ........................................................................................................................... 43 5.1.3. Recursos hídricos ....................................................................................................... 44
5.1.4. Flora............................................................................................................................ 45
5.1.5. Fauna .......................................................................................................................... 46
5.1.6. Uso do Solo e Cobertura Vegetal ............................................................................... 47 5.1.7. Área(s) de Reserva Legal e Preservação Permanente ................................................ 49
5.1.8. Estratificação Ambiental dos Agro-ecossistemas ...................................................... 49 5.1.9. Capacidade de Uso do Solo ........................................................................................ 49 5.1.10. Análise Sucinta dos Potenciais e Limitações dos Recursos Naturais e da Situação
Ambiental do Assentamento ..................................................................................................... 50 5.2. Organização Espacial Atual .............................................................................................. 51
5.3. Situação do Meio Sócio-Econômico e Cultural ................................................................ 53 5.3.1. Histórico do Projeto de Assentamento Lamarquinha ................................................. 53 5.3.2. População e Organização Social ................................................................................ 54
5.4. Infraestrutura Física, Social e Econômica ......................................................................... 56 5.5. Sistema(s) Produtivo(s) ..................................................................................................... 57
5.5.1. Análise Sucinta do(s) Sistema(s) Produtivo(s) ........................................................... 60 5.6. Serviços de Apoio à Produção ........................................................................................... 62
5.6.1. Assistência Técnica e Pesquisa .................................................................................. 62 5.6.2. Crédito ........................................................................................................................ 65 5.6.3. Capacitação Profissional ............................................................................................ 67 5.7. Serviços Sociais Básicos ................................................................................................... 68 5.7.1. Educação .................................................................................................................... 68
5.7.2. Saúde e Saneamento ................................................................................................... 69 5.7.3. Lazer ........................................................................................................................... 70 5.7.4. Cultura ........................................................................................................................ 70
5.7.5. Habitação .................................................................................................................... 71 5.8. Análise das Limitações, Potencialidades e Condicionantes .............................................. 71 6. PLANO DE AÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO PROJETO
DE ASSENTAMENTO LAMARQUINHA ............................................................................ 74 6.1. Apresentação ..................................................................................................................... 74 6.2. Objetivos e Diretrizes Gerais............................................................................................. 75
6.2.1. Organização Espacial ................................................................................................. 76 6.2.2. Serviços e Direitos Sociais Básicos............................................................................ 78
6.2.3. Sistemas produtivos .................................................................................................... 81 6.2.4. Meio ambiente ............................................................................................................ 82 6.2.5. Desenvolvimento Organizacional .............................................................................. 83 6.2.6. Assessoria Técnica, Social e Ambiental no Acompanhamento à Implantação do
Plano 83
6.3. Programas .......................................................................................................................... 84 6.3.1. Programa de Organização Espacial ............................................................................ 87 6.3.2. Programa Produtivo .................................................................................................... 90
6.3.3. Programas de Garantias de Direitos Sociais ............................................................... 92 6.3.4. Programa de Garantia de Direitos Ambientais ........................................................... 94 6.3.5. Programa de Desenvolvimento Organizacional e de Gestão do Plano ...................... 96 6.3.6. Programa de Assistência Técnica do INCRA – ATER .............................................. 97
6.4. Indicativos de Sustentabilidade – Sobre o Projeto, Subprograma e/ou Programa ............ 98 6.5. Disposições Gerais ............................................................................................................ 99
REFERENCIAIS TEÓRICOS............................................................................................... 101
ANEXOS............................................................................................................................... 103
LISTA DE FIGURAS
Figura 01. Priorização dos problemas: votação................................................................ 18
Figura 02. Priorização dos problemas: votação e critério de desempate.......................... 20
Figura 03. Croqui de acesso.............................................................................................. 26
Figura 04. Localização e abrangência de Rio Crespo....................................................... 27
Figura 05. Localização de Rio Crespo no Brasil e em Rondônia..................................... 28
Figura 06. Mapa ilustrativo (zonas) de localização dos Municípios................................ 36
Figura 07. Igrejas do PA................................................................................................... 57
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01. Fonte de água utilizada no PA....................................................................... 45
Gráfico 02. Situação Ocupacional do PA......................................................................... 52
LISTA DE MAPAS
Mapa A1. Bacia de localização do Projeto de Assentamento
Mapa A2. Uso atual da terra e cobertura vegetal
Mapa A3. Croqui da estratificação ambiental dos agroecossistemas
Mapa A4. Organização atual
Mapa B1. Anteprojeto de parcelamento incluindo áreas de Reserva Legal, Preservação
Permanente e infraestrutura existente e projetada
LISTA DE QUADROS
Quadro 01. Agenda de prioridades dos três principais problemas da área produtiva do
PA Lamarquinha...................................................................................................................
21
Quadro 02. Agenda de prioridades dos três principais problemas da área infraestrutura
do PA Lamarquinha............................................................................................................
21
Quadro 03. Agenda de prioridades dos três principais problemas da área ambiental do
PA Lamarquinha..................................................................................................................
22
Quadro 04. Agenda de prioridades dos três principais problemas da área social do PA
Lamarquinha........................................................................................................................
22
Quadro 05. Resumo do crédito Pronaf 2013/2014............................................................. 66
Quadro 06. Intervenções sugestivas – infraestrutura.......................................................... 89
Quadro 07. Intervenções sugestivas – produtiva................................................................ 91
Quadro 08. Intervenções sugestivas – social...................................................................... 93
Quadro 09. Intervenções sugestivas – ambiental................................................................ 95
Quadro 10. Cronograma básico para implantação e gestão do plano................................. 97
LISTA DE TABELAS
Tabela 01. Resultado da priorização – Área Produtiva.................................................. 19
Tabela 02. Resultado da priorização – Área Infraestrutura............................................ 19
Tabela 03. Resultado da priorização – Área Ambiental................................................. 19
Tabela 04. Resultado da priorização – Área Social........................................................ 20
Tabela 05. Estruturação do escritório da EMATER local de Ariquemes e sala de
ATER/INCRA.................................................................................................................
24
Tabela 06. Estabelecimentos de ensino no município de Rio Crespo............................ 31
Tabela 07. Unidades de conservação por grupo............................................................. 37
Tabela 08. Produção agrícola em Rio Crespo................................................................. 39
Tabela 09. Pecuária em Rio Crespo................................................................................ 40
Tabela 10. Rendimento médio da população economicamente ativa............................. 41
Tabela 11. Classes de relevo e de declividade existentes no imóvel.............................. 43
Tabela 12. Utilização do solo e cobertura vegetal.......................................................... 48
Tabela 13. Faixa etária entre homens e mulheres do PA................................................ 54
Tabela 14. Estados de origem dos beneficiários e cônjuge............................................. 55
Tabela 15. Infraestrutura física, social e econômica....................................................... 56
Tabela 16. Culturas produzidas no PA Lamarquinha..................................................... 58
Tabela 17. Classificação social por quantitativo de família............................................ 58
Tabela 18. Pecuária do PA Lamarquinha........................................................................ 59
Tabela 19. Grau de escolaridade por faixa etária de idade dos habitantes do PA......... 68
11
PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE ASSENTAMENTO
LAMARQUINHA
1. APRESENTAÇÃO
O presente documento consiste numa análise desde o início do Projeto de
Assentamento (PA) Lamarquinha, suas transformações e mudanças no decorrer de seu
desenvolvimento, seguindo com diagnóstico e posterior sistematização de informações, assim
como, a materialização de um plano que almeja oferecer as melhores perspectivas para o
desenvolvimento sustentável com a efetiva participação da comunidade.
Foi construído com base na Intervenção Participativa dos Atores (INPA), dados
primários e secundários levantados pela equipe de ATER do Contrato
(INCRA.CRT.RO.11.000/2012), além de diversos subsídios obtidos nas instituições que
atuam e/ou prestam serviços direta e indiretamente na área de abrangência do PA.
Contudo, a INPA surge como metodologia adequada fundamentada na participação,
mobilização, sensibilização e na pesquisa ação dos atores envolvidos no processo de
construção do saber, demandando também uma reorganização de atitude e prática de trabalho.
O Plano de Desenvolvimento do Assentamento (PDA) é um instrumento de
planejamento e acompanhamento das ações planejadas, resultados, conteúdos diferenciados
de curto, médio e longo prazo.
2. METODOLOGIA
Caracterizada por ser um processo de intervenção de caráter educativo, estimulando os
beneficiários a mergulhar numa reflexão crítica sobre sua realidade e os técnicos sentirem-se
os agentes educadores na socialização dos seus conhecimentos científicos, foi utilizada a
metodologia denominada de INPA, os quais tiveram como protagonistas os próprios
assentados, que trouxeram para si o total comprometimento e o despertar de que todo o
trabalho, contextualizando a região no qual está inserido, buscando o delineamento de
cenários para a construção das linhas de ação nas áreas de produção, comercialização,
infraestrutura, produtiva, meio ambiente, educação, saúde, cultura e lazer.
Os dados secundários foram obtidos nas instituições afins e feitas consultas
bibliográficas, como também entrevistas informais. O levantamento se completou pelo
12
contato direto com os moradores da localidade por meio de visitas, oficinas e reuniões com
lideranças e a comunidade.
2.1. Elaboração do Plano
O Plano iniciou no mês de fevereiro de 2013, onde na ocasião, foram realizadas
oficinas para mobilização, levantamento de dados, sensibilização e participação dos
assentados do PA Lamarquinha, com o intuito de desenvolver ações socioeconômicas
ecológicas e com a perspectiva do envolvimento do principal ator desta atividade, o
assentado, mediante um processo metodológico participativo e assessorado pela equipe de
ATER/INCRA.
A realização dessas oficinas teve a participação direta e intercalada por dupla de
extensionistas da equipe, os quais forem capacitados para desenvolver as metodologias
condizentes ao Plano. De forma peculiar, os beneficiários e seus familiares participaram com
perspectivas de mudança, desenvolvimento, sendo observado a posicionamento de
colaboradores. Cita-se os participantes do processo para elaboração do PDA, que segue: Erli
Rufino Dos Santos; Julio Araujo Da Silva; Aurelino Luiz Pinto; Irani Ferreira Verssímo;
Josias Verissimo; Jorge André Barbosa; Cleuza Nascimento Moza Alves; Jorge Nascimento
Moza; Almacazí Araujo Prado; Manoel Barbosa Paes; Rosiane Monteiro Paes; Aguinaldo
Coelho da Silva; José Manoel de Jesus Santos; Claudemir monteiro;Ocimar Araújo Prado;
Reginaldo Moza Alves; Josilene Ocite de Andrade; Márcia Oliveira Machado; Clébio Santos
Santana; Natalício Batista Santiago; Maurino André Barbosa e Helena Maria F. Barbosa.
Foram levantadas informações em diversas instituições para obtenção de dados
referentes ao PA, tais como: Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA), Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (IDARON),
Agência de Pesquisa dos Recursos Minerais (CPRM), Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (INCRA), Secretaria Estadual de Desenvolvimento Ambiental (SEDAM),
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Secretarias Municipais.
Os dados levantados foram sistematizados e socializados entre os técnicos, com a
finalidade de analisar previamente a realidade global da região em que os Projetos de
Assentamento do Núcleo de Ariquemes estão inseridos.
13
Primeira oficina no PA Lamarquinha
No primeiro momento foi apresentada a proposta de construção do Plano de
Desenvolvimento de Assentamento – PDA, detalhando a finalidade, objetivos e metas.
O início das atividades no PA para a elaboração do PDA foi caracterizado pela
primeira oficina, que teve como finalidade a sensibilização dos assentados, contudo o objetivo
da primeira abordagem aos assentados foi conquistar o apoio dos mesmos e o
comprometimento deles em participar de um trabalho participativo e coletivo aonde eles
seriam os atores de um plano de desenvolvimento do próprio assentamento.
A oficina foi realizada no dia 14/02/2013, na casa do senhor Josias Veríssimo
(assentado), no PA Lamarquinha. Para a ocasião foram convidadas, instituições e órgãos do
município para promover a proximidade e interação nos trabalhos a serem desenvolvidos. A
mesma contou com a participação dos técnicos Edcarlos Rocha de Souza e Sirlene Aparecida
da Silva.
Ao iniciar, houve a abertura com uma oração e apresentação do objetivo da oficina,
seguindo-se com a dinâmica do olho mágico cuja finalidade foi a de mostrar para os atores
principais (assentados) a dificuldade que temos em reconhecer o lugar onde moramos e a
importância de conhecer cada vez mais a realidade que está a nossa volta. Nesta dinâmica,
utilizou-se uma fotografia (desenho) de uma criança pescando na companhia de um cachorro,
o menino sentado próximo a um lago cercado pela natureza (plantas). A princípio apenas uma
pequena fração da foto foi revelada, e assim, foi sendo ampliado o campo de visão (revelação
feita aos poucos) até que todos puderam identificar a figura. O moderador explanou sobre a
dinâmica exemplificando como se o primeiro campo de visão explorado, fosse à parcela de
cada um, onde não é possível ter uma visão do assentamento se cada um considerar apenas a
sua parcela.
A dinâmica seguinte a ser utilizada, foi o Mapa da Propriedade, nesta dinâmica as
famílias tiveram a oportunidade de fazer os desenhos (croquis) de sua propriedade
apresentando em seguida para o grupo. Cada um expôs a realidade da sua parcela, suas
atividades, dificuldades e potencialidades. A finalidade: foi possibilitar uma maior instigação
do conhecimento da realidade do assentamento, pois a partir daí, eles puderam perceber o
quanto é importante estar inserido dentro da comunidade.
Outra dinâmica utilizada foi o Mapa do Assentamento (passado, presente e futuro),
onde os participantes foram divididos em três grupos. Um grupo ficou responsável por
demonstrar o passado (situação de infraestrutura, as dificuldades, a trajetória de lutas, etc.),
14
este grupo expôs as dificuldades no início da trajetória como a ausência de estradas e a
dificuldade em ir à cidade mais próxima. O segundo grupo ficou responsável para retratar o
presente, a sua realidade (as dificuldades e conquistas, etc.) o terceiro grupo ficou responsável
por expor seus anseios e projetos para o futuro (uma visão do futuro do assentamento) sendo
feita ao final a apresentação de cada grupo a aberto espaço para participações dos demais. A
finalidade da dinâmica foi a de exercitar os participantes buscando conhecer a trajetória dos
agricultores, abordar a realidade e desvendar os anseios futuros.
Em continuidade, foi trabalhado o Diagrama de Venn, nesta dinâmica buscou-se
conhecer ainda mais a realidade do assentamento. O Diagrama de Venn possibilita que
saibamos na opinião dos assentados os órgãos e instituições que fazem parte da realidade do
assentamento e os que estão distantes, ou seja, quais órgãos estão participando de forma direta
e ou indireta, e quais não estão atuando no PA. A dinâmica se deu com um levantamento e
anotação dos órgãos e instituições existentes seguindo com o desenho de um grande círculo
representando o assentamento. Desta forma, cada instituição levantada anteriormente foi
então definida pelos participantes quanto a sua participação no PA (forma de atuação podendo
ser as mesmas colocadas próximas, dentro e distantes do círculo), resultando no final em um
diagrama. Prosseguindo, os agricultores foram novamente divididos em quatro grupos nas
dimensões: ambiental, social, produtiva e infraestrutura, com intuito de reunir informações
referentes às dificuldades e o pontos positivos existentes no PA, realizando assim,
levantamento de problemas e potencialidades expondo em cartolina. Depois de levantados os
potenciais e problemas, os grupos fizeram apresentação em plenária para que os agricultores
das demais dimensões tivessem conhecimento das potencialidades e problemas do PA,
podendo ser alterado os itens relacionados, caso alguém viesse a discordar.
Na sequência, foi trabalhada a elaboração das perguntas e organização do questionário
para a pesquisa-ação (tendo como base a dinâmica anterior), cuja etapa de fundamental
importância para que os agricultores se interessem em conhecer a realidade do assentamento
em que vivem. As perguntas foram elaboradas pelos próprios agricultores com a supervisão
dos técnicos que atuaram como moderadores. Em concordância com os agricultores, também
foi definido quais os colaboradores para cada dimensão para realizar as entrevistas e data para
entrega de cadernos da pesquisa-ação pela equipe e também o prazo para realização da mesma
e devolução a equipe.
Em complemento ao evento, foi desenvolvida a dinâmica dos balões, tendo finalidade
de promover a união, sensibilização e confraternização entre os agricultores presentes. Após
esclarecimentos sobre a dinâmica, (relação balão/problema) houve a preocupação entre os
15
participantes em proteger apenas o seu balão, sendo feita esta observação, iniciou-se
novamente com nova proposta de que todos cuidarem também do balão do próximo sendo a
cada momento retirado alguns participantes com o propósito dos remanescentes, manterem os
balões de todos no ar. Ao final da dinâmica, restando apenas algumas pessoas era visível a
sobrecarga demonstrada por vários balões no chão, foi então provocada uma reflexão sobre a
ausência das pessoas na busca de soluções (relacionada à dinâmica com a realidade), sendo
que poucas pessoas não vão conseguir resolver todos os problemas, sendo necessária a união
da comunidade para alcançar este objetivo.
O objetivo foi alcançado sem muita dificuldade devido ao anseio que tem a maioria
dos assentados por melhoras e novidades. E como forma de reforçar o que foi desenvolvido
no decorrer do dia, foi realizado uma breve reflexão ressaltando a importância do trabalho
para a construção de projeto de desenvolvimento do assentamento.
QUESTIONÁRIO DA PESQUISA-AÇÃO ELABORADO PELOS ASSENTADOS
Dimensão Ambiental: Pesquisador – Oséias Veríssimo
1. Você usa agrotóxico?
2. Você tem interesse em trabalhar com piscicultura nas áreas degradadas de APP (Área de
Preservação Permanente)?
3. Você possui reserva legal (área de mata) na propriedade?
4. Existe algum curso de água (rio, nascente, igarapé) na sua propriedade?
5. O que você faz com o lixo doméstico?
6. O que você faz com as embalagens de agrotóxico?
7. Você preserva o meio ambiente (beira de rio e nascente)?
8. Você já tentou fazer licença ambiental da piscicultura?
9. Você possui licença para fazer derrubada de mata no lote?
10. Você tem conhecimento de técnicas agroecológicas (evitando uso de agrotóxico)?
Dimensão Produtiva: Pesquisador – José Manoel Santos
1. Seu solo precisa de correção?
2. Qual a principal dificuldade de comercializar sua produção?
3. Já fez análise do seu solo?
4. Usa agrotóxico na lavoura?
5. Qual a principal atividade da propriedade?
6. Você comercializa mais de um produto normalmente?
16
7. Você cultiva mandioca?
8. Você já fez a correção do seu solo (calcário)?
9. Você tem tanque para piscicultura (peixe)?
10. Tem problemas de pragas ou doenças na pastagem?
Dimensão Social: Pesquisador – Matheus Veríssimo
1. Você recebe atendimento médico no assentamento?
2. Como você acha que está a educação?
3. Você gostaria de uma área de lazer no assentamento?
4. Você possui documento do seu lote (propriedade)?
5. Você participa de alguma igreja?
6. Você gostaria de ter uma igreja católica no assentamento?
7. Um meio de transporte coletivo ajudaria a vida social no assentamento?
8. Alguém da sua família estudaria se houvesse escola no assentamento?
9. Você gostaria que houvesse um campo de futebol no assentamento?
Dimensão Infraestrutura: Pesquisadoras – Tália e Conceição
1. Você acha interessante a estrada do assentamento se ligar ao asfalto para Cujubim?
2. A sua energia é suficiente para seu consumo?
3. Tem alguma escola no assentamento?
4. Tem campo de futebol no assentamento?
5. O assentamento possui meio de transporte público?
6. Você tem acesso a alguma estrutura de resfriamento de leite no assentamento?
7. Tem algum meio de comunicação (aparelho de telefone) no assentamento?
8. A estrada está sempre bem conservada?
9. Você teve acesso ao crédito habitação?
10. Tem estrutura (barracão) para encontros e eventos no assentamento?
Elaborado o questionário, os assentados foram orientados como entrevistar a
comunidade para levantamento das informações contidas no “caderno de pesquisa-ação”. Os
agricultores que não sabiam ler e nem escrever, tiveram o apoio de outros colaboradores da
comunidade.
17
Segunda oficina no PA Lamarquinha
A segunda oficina no assentamento foi realizada com o intuito de priorizar problemas
e construir a agenda de prioridades, com as informações já levantadas das quatro dimensões
(social, ambiental, produção e infraestrutura) e formar grupos de assentados (comissões),
esclarecimentos sobre como será utilizados os dados da 1pesquisa-ação.
A pesquisa-ação foi realizada pelos assentados e com a supervisão dos facilitadores da
ATER/INCRA (técnicos), tendo o objetivo de entrevistar no mínimo 80% dos assentados,
para assim termos uma amostragem considerável dos dados levantados.
O segundo momento aconteceu no mês de março de 2013, quando, de posse das
informações referentes às potencialidades e problemas, foi dada uma atenção especial às
dimensões: econômica, ambiental, social e de infraestrutura. Em continuidade as atividades
do Programa de ATER/INCRA no PA Lamarquinha para elaboração do PDA, com ênfase na
priorização dos problemas, construção da agenda de prioridade e formação das comissões de
agricultores, sendo de suma importância a participação dos produtores e familiares de todo o
PA. Para realização da segunda oficina: priorização dos problemas, construção da agenda e
formação das comissões de agricultores foram realizadas dinâmicas com base na metodologia
denominada Intervenção Participativa dos Atores (INPA), e teve a finalidade de sensibilizar
os agricultores para que os mesmos pudessem entender que os problemas existentes dentro do
PA, serão resolvidos por eles mesmos, sendo os autores principais de todo este trabalho.
A primeira atividade realizada na segunda oficina para elaboração do plano de
desenvolvimento do assentamento foi à dinâmica do palito; utilizando um pacote de palitos,
demonstrou-se que é fácil quebrar um único palito, depois se tentou quebrar todos juntos,
mostrando o quanto é difícil quebrá-los quando unidos, perceberam então a importância da
união e do trabalho em grupo. Foi realizada também, a dinâmica do boneco, esta dinâmica
teve o objetivo de mostrar a importância da organização e do planejamento para se chegar a
um objetivo. Essa dinâmica teve como objetivo maior demonstrar o trabalho com união e
organização. Em outro instante, os grupos temáticos se reuniram e a partir dos principais
problemas apontados na votação da oficina anterior, construíram uma “Agenda de
1 Pesquisa-Ação é metodologia baseada na INPA, a qual ajuda a impulsionar os processos de
desenvolvimento e a mantê-los em andamento, principalmente porque os participantes descobrem muitas coisas
sobre sua realidade, aprendem como lidar com seus problemas e tentar resolvê-los, aumentando a própria
consciência da realidade concreta mais imediata e da realidade social mais ampla, o que lhes permite encontrar
soluções mais duradouras. A discussão, tendo como ponto de partida o cotidiano de vida e a própria linguagem, é
aprofundada, permitindo que os participantes expandam seu saber e sua competência (Furtado; Furtado, 2000).
18
Prioridades”, utilizando tarjetas com opiniões que apontam a solução dos problemas, os
meios ou estratégias para a solução, quem serão os responsáveis e o prazo para o
cumprimento dos objetivos.
As atividades de elaboração deste plano foram desenvolvidas sistematicamente,
seguindo um roteiro de: planejamento, capacitação, ações realizadas pelos atores, avaliações
dessas ações pelos próprios atores, correções das mesmas se não tiveram atingido os
objetivos, para começar um novo planejamento com novas atividades, e assim
sucessivamente, envolvendo todos os participantes ou pelo menos o 70%, em busca da
satisfação de suas necessidades primarias como uma comunidade e não as necessidades
pessoais.
As problemáticas apontadas pelos agricultores foram apresentadas em um painel,
onde, foram priorizados cinco problemas para que esses problemas fossem levados a uma
plenária geral, e desses cinco problemas fossem priorizados três, das dimensões em discussão.
A votação em plenária (figura 01) foi feita pela técnica das carinhas ( Triste
Séria Sorrindo), sendo a gravidade de cada problema representada com as expressões: triste
representa o problema mais grave, séria representa o problema médio, e sorrindo o
problema menos grave. Esta dinâmica de votação através de carinhas de tristeza, sisudez e
alegria, facilita o entendimento do grau dos problemas para a priorização, visto que cada um
possui um peso diferente na vida de cada agricultor. Após o fechamento da votação, foi feita a
contagem de quais problemas haviam recebido o maior número de carinhas tristes, das quais
representava o maior nível de gravidade. Os três problemas mais votados foram priorizados,
conforme é demonstrado nas tabelas 01, 02, 03 e 04. O que também não quer dizer, que não
existam outros problemas, estes apresentados são os prioritários.
Figura 01. Priorização dos problemas: votação
Fonte: Oficina
19
Depois de escolhidos os três problemas de cada dimensão para serem solucionados
num primeiro momento, os grupos voltaram para sua base de reunião, e passaram a procurar
soluções para as prioridades eleitas na plenária geral. De acordo, com a apresentação de cada
problemática a ser resolvida, foi montada uma agenda de prioridades.
Resultado da priorização dos 03 principais problemas do PA Lamarquinha:
Tabela 01. ÁREA PRODUTIVA
PROBLEMAS TOTAL
TOTAL
TOTAL
Falta adubos e calcário para a produção 17 04 00
Falta transporte para a comercialização 19 02 00
Falta continuidade da assistência técnica 21 00 00
Pragas nas lavouras 18 02 00
Falta análise do solo para melhorar produção 16 05 00
Fonte: Oficina
Tabela 02. ÁREA INFRAESTRUTURA
PROBLEMAS TOTAL
TOTAL
TOTAL
Falta posto de saúde 18 02 01
Falta barracão para a associação 21 00 00
Falta continuidade da estrada até o asfalto 21 00 00
Falta manutenção na estrada 20 01 00
Falta máquinas agrícolas 16 02 03
Fonte: Oficina
Tabela 03. ÁREA AMBIENTAL
PROBLEMAS TOTAL
TOTAL
TOTAL
Falta/desigualdade da reserva individual 12 07 02
Falta licenciamento ambiental 14 07 00
Falta opções de devolução das emb. agrotóxicos 20 01 00
Falta licenciamento para piscicultura 15 06 00
Falta de treinamentos em agroecologia 19 02 00
Fonte: Oficina
20
Tabela 04. ÁREA SOCIAL
PROBLEMAS TOTAL
TOTAL
TOTAL
Falta educação para adultos 14 04 03
Falta ambulância e atendimento médico 17 04 00
Falta campo de futebol 04 04 13
Falta de meio de comunicação/telefone 21 00 00
Falta documentação dos lotes
21 00 00
Fonte: Oficina
Ressaltando que nos casos de empate na votação, foi realizado pergunta direta aos
presentes, condicionando o primeiro lugar e/ou sucessivamente dos problemas em questão
para a opinião da maioria, conforme figura a seguir.
Figura 02. Priorização dos problemas: votação e critério de desempate
Fonte: Oficina
Nesta etapa, de acordo com a prioridade dos problemas em cada dimensão, foi
construída uma agenda de prioridades (Quadro 01, 02, 03 e 04), aonde em colunas, foi sendo
apontado cada problema. Em outra coluna foi constituída pelo “quem vai fazer”, neste caso o
“quem vai fazer” não é a Instituição ou Órgão, mas uma comissão que será formada pelos
agricultores, os quais terão a missão de correr atrás do “como fazer”, para solucionar “o que”,
para então resolver o problema. Na terceira coluna foi colocado o “como fazer”. Nesta coluna,
foram apresentadas pelos agricultores e por intermediação dos facilitadores, as alternativas
para o “como fazer”, de acordo com cada problema. Na quarta coluna continha um prazo para
que as prioridades levantadas fossem resolvidas, com o seguinte dizer “quando”. E na quinta e
21
última coluna foi citado “onde”, nesta os agricultores opinavam onde tinha que está indo para
alavancar o início das soluções dos problemas supracitados.
Objetivo/Metas/Estratégias:
Quadro 01. Agenda de prioridades dos três principais problemas da Área Produtiva do PA
Problemas Quem Como Quando Onde
Falta continuidade da
assistência técnica
José Manoel/
ATER-INCRA
Reuniões com
responsáveis pela
assistência técnica.
A partir de
abril de 2013
EMATER e/ou no
INCRA
Falta transporte para
comercialização
Maurino André/
ATER-INCRA
Reuniões com
prefeitura e
secretários.
A partir de
abril de 2013
Município de Rio
Crespo, EMATER
e no INCRA
Pragas na Lavoura Natalício
Batista/
ATER- INCRA
Solicitação e
diálogo para
realização de
capacitações com a
equipe de Ater-
Incra.
A partir de
abril de 2013
PA Lamarquinha e
EMATER
Fonte: Oficina
Quadro 02. Agenda de prioridades dos três principais problemas da Área Infraestrutura do PA
Problemas Quem Como Quando Onde
Falta continuidade da estrada
até o asfalto
Júlio Araújo da
Silva/ ATER-
INCRA
Reuniões com a
SEMOB.
A partir de
abril de 2013
Prefeitura e
SEMOB
Falta barracão para a
associação
Ocimar Prado/
ATER-INCRA
Buscando
assistência na
Secretaria de
Agricultura.
A partir de
maio de 2013
Secretaria de
Agricultura
Falta manutenção na estrada Laudenir
Monteiro/
ATER- INCRA
Buscando
assistência na
SEMOB com a
comissão.
A partir de
abril de 2013
Prefeitura de Rio
Crespo
Fonte: Oficina
22
Quadro 03. Agenda de prioridades dos três principais problemas da Área Ambiental do PA
Problemas Quem Como Quando Onde
Falta opções de devolução das
emb. Agrotóxicos
Aguinaldo/ Erli
Rufino/
ATER-INCRA
Realizar reuniões
com SEDAM.
Abril de 2013
EMATER /
SEDAM
Falta de treinamentos em
agroecologia
Maio de 2013
Falta licenciamento para
piscicultura
Junho de 2013
Fonte: Oficina
Quadro 04. Agenda de prioridades dos três principais problemas da Área Social do PA
Problemas Quem Como Quando Onde
Falta documentação dos lotes
Reginaldo Moza/
ATER-INCRA
Reuniões com o
INCRA.
Abril de 2013 INCRA
Falta de meio de
comunicação/telefone
Márcia Oliveira/
ATER-INCRA
Através da
assistência técnica.
Abril de 2013 Prefeitura e
INCRA
Falta ambulância e
atendimento médico
Rosiane Paes/
ATER- INCRA
Procurar
SEMUSA/SEMSAU
Abril de 2013 SEMUSA de Rio
Crespo
Fonte: Oficina
2.2. O Programa de Assistência Técnica do Incra no Processo de Acompanhamento
e Implantação do PDA
O Programa de Assistência Técnica – ATER/INCRA visa implantar uma ação
descentralizada de apoio às famílias dos agricultores (as) assentados (as) no Projeto de
Assentamento reconhecido pelo INCRA, com iniciativa do Governo Federal, coordenado por
esta Autarquia e executado em parceria com instituições públicas, privadas, entidades de
representação dos trabalhadores e trabalhadoras rurais e organizações não governamentais
ligadas à Reforma Agrária.
A implantação do PDA será da competência técnica da equipe de ATER-INCRA, sob
a supervisão técnica da EMATER-RO. Nesse processo, será imprescindível a criação de
instrumentos de monitoramento e avaliação. Esse instrumento deverá ser discutido e avaliado
envolvendo as partes interessadas: agricultores, associações, a equipe de ATER e INCRA.
Na formação e consolidação de parcerias, serão envolvidas no processo, as Secretarias
Municipais de Saúde, Educação, Agricultura, Obras, Desenvolvimento e Ação Social, os
agentes financeiros (Banco da Amazônia, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil),
SEDAM e IDARON.
23
O PDA será um instrumento fundamental para o sucesso do PA e deverá ser um alvo
de acompanhamento em todas as fases, destacando-se, principalmente aquelas decisivas para
o êxito do PA, como: a contratação e implantação dos projetos produtivos; definição das obras
de infraestrutura, implantação de políticas públicas, definição do modelo para recomposição e
ou formação de áreas de reserva legal e preservação permanente bem como do uso racional da
água e articulação para viabilizar os projetos sociais e/ou produtivos.
Investimento
Para implantação de projetos produtivos, o investimento se dará por meio de
formulação de propostas de crédito procedida de projeto próprio, o qual indica os dados
pessoais, exploração à parcela, disponibilidade das áreas destinadas a cada uma das atividades,
mão de obra familiar disponível e escala de prioridades para os investimentos, mediante visita
in loco. Prosseguindo com a articulação com os agentes financeiros. Após a implantação dos
projetos, a equipe de ATER/INCRA ficará responsável pela orientação direta dos produtores
no campo, mediação na comercialização dos produtos de forma coletiva e/ou individual.
Infraestrutura
Nesse segmento, a equipe de ATER/INCRA deverá primar o atendimento das
prioridades, articulando-se com o INCRA e Prefeitura Municipal para elaboração de projetos.
De posse das informações e conhecimentos, cabe à equipe de ATER/INCRA informar
e orientar a associação, comissões e/ou produtores da comunidade, sobre processo e
acompanhamento das obras.
Programas Sociais
Nessa linha, a equipe de ATER/INCRA deve estabelecer metas de fortalecimento de
parcerias existentes e articulação de novos parceiros para atender as necessidades e demandas
das famílias assentadas, inclusive aquelas que podem ser atendidas pelo Governo Municipal,
Estadual e Federal: Educação Formal, Educação de Jovens e Adultos (EJA), Programa de
Saúde da Família (PSF), programa de implantação de módulos sanitários e distribuição de
água, através da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) programas, do Ministério de
Desenvolvimento Agrário (MDA), que oferece entre eles: Programa de documentos da Mulher
Rural, que proporciona a oportunidade de tirarem seus documentos e acessarem políticas
governamentais; Territórios Digitais do projeto do Ministério de Comunicações, que oferece
equipamentos para casas digitais e Programa de implantação de bibliotecas rurais, Arca das
24
Letras. A equipe deverá, também, investir nos grupos de mulheres e jovens, visando à
organização de atividades educativas, esportivas e culturais.
Programas Ambientais
A equipe de ATER/INCRA deverá atuar na organização e formação de grupos de
trabalho na Educação Ambiental, como também na elaboração de projetos para acesso a
créditos específicos, tendo como meta a formação e/ou recomposição das áreas. Deverá,
também, promover articulações com órgãos locais ou das proximidades, do meio ambiente,
como, SEDAM, IBAMA, IDARON e INCRA.
Contudo, os técnicos deverão levar orientação e instruções sobre a utilização dos
recursos naturais, tecnológicos e humanos, bem como indicando os caminhos para a realização
das ações sugeridas. Consequentemente, acessando recursos e oportunidades disponibilizados
nos programas e projetos dos governos Federal, Estadual e Municipal, tais como: PRONAF,
Pro-leite, calcário, acesso às diversas linhas de crédito entre outros atendimentos, através dos
trabalhos oferecidos pela ATER/INCRA por diversos tipos de atendimento aos assentados.
A proposta de acompanhamento do plano é ser organizado conforme a formação das
comissões temáticas, estabelecendo assim, os procedimentos de adaptação, execução e
desenvolvimento, buscando um processo rural sustentável contínuo de valores culturais,
sociais, produtivos, tecnológicos e ambientais.
E como forma de suporte para o desenvolvimento das atividades técnicas da equipe de
ATER/INCRA, cita-se a seguir, a estrutura específica e de apoio local:
Tabela 05. Estruturação do escritório da EMATER local de Ariquemes e sala de
ATER/INCRA
Utilitário Quantidade
Eletroeletrônicos
Computador/netbook 14
Impressora/scanner 03
Nobreak/estabilizador 07
Câmera digital com cartão de memória de 2 GB 01
GPS/palm 04
Aparelho telefone/fax 03
Televisão 01
Condicionador de ar 08
Aparelho DVD 01
Projetor 01
25
Continuação Tabela 05
Eletrodomésticos
Bebedouro 01
Purificador de água 01
Geladeira 01
Fogão 01
Móveis
Mesa 18
Armário 08
Estante 01
Arquivo 07
Cadeira giratória 10
Cadeira tipo universitária 35
Banco c/04 lugares 02
Cadeira fixa 15
Veículos automotores
Motocicleta 11
Carro 04
3. CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO DE ASSENTAMENTO
LAMARQUINHA
3.1. Geral
- Denominação do imóvel: Lote nº21 da Gleba Burareiro Licitação-Fazenda Buriti 2.
- Denominação do Projeto de Assentamento: PA Lamarquinha.
- Data do decreto de desapropriação: 16 de maio de 1994.
- Data da imissão na posse: Mandato nº 1949/03, em 30 de abril de 2004.
- Data e nº da portaria de criação do PA: Portaria/INCRA/SR-17/RO/Nº011, em 16
de abril de 2007.
3.2. Específica
- Distância da(s) sede(s) municipal (is): 50 km
- Área Total: 494,4000 ha
- Área registrada: 491,2409 ha
- Área medida: 491,2433 ha
- Perímetro do imóvel: 11.853,91 m
- Área planejada para destinação como Reserva Legal: 245,6205 ha
- Área de Preservação Permanente: 35,9081 ha
26
- Capacidade de assentamento do imóvel em termos de famílias: 12
- Área média das parcelas: 40,75 ha
- Número de famílias atual x capacidade de assentamento prevista: 15/12
- Entidades representativas:
Identificação do Empreendedor
- Razão Social: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA
- Inscrição no CNPJ: 00.375.972/0001-60
- Endereço: Av. Lauro Sodré, 3050 Parque dos Tanques Porto Velho – RO.
- Telefone: 69-3229-1545 Fax: 3229-3583
- E-mail: incra@pvo.gov.br
- Representante legal: Luís Flávio Carvalho Ribeiro
- Telefone: 3229-1545, R-304
Identificação da Entidade Responsável pela Elaboração do PDA
Razão Social: Associação de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia – EMATER-RO - Inscrição no CNPJ: 05.888.813/0001-83
- Endereço: Av. Farquar nº 3055
- Telefone: 69 3217-0772/0773
- E-mail: emater-ro.com.br
- Representante legal: Luíz Gomes Furtado
4. DIAGNÓSTICO RELATIVO À AREA DE INFLUÊNCIA DO PA
LAMARQUINHA
4.1. Localização e acesso
Figura 03. Croqui de acesso
Fonte: Google earth.
27
A área de influência direta do PA - Lamarquinha se restringe basicamente ao
Município de Rio Crespo, que está inserido na mesorregião do leste Rondoniense e na
microrregião de Ariquemes. Está situado à 50 km da sede municipal, e 85 km distante do
Município de Ariquemes. Distancia-se da capital o Estado aproximadamente 265 km via Rio
Crespo e 285 km via Ariquemes. O acesso é feito partindo-se do Município de Rio Crespo,
pela linha C85 até o Travessão B80, dobra-se a direita e segue-se na estrada da Mineração
Oriente Novo (linha C100), em seguida, dobra-se a esquerda no Travessão da Piroca.
Partindo-se do Município de Ariquemes, existe duas opções, sendo a primeira pela RO-257
(sentindo Machadinho do Oeste), segue-se até o Travessão B65 (15 km), chegando ao
Município de Rio Crespo, então seguindo orientações para acesso partindo-se da sede do
Município, e a segunda opção, também pela RO-257, segue-se até o Travessão B80 (30 Km),
dobra-se à esquerda no Travessão e segue-se até a estrada da Mineração Oriente Novo
(C100), dobra-se a direita e em seguida, dobra-se a esquerda no Travessão da Piroca.
Características do Município:
Figura 04. Localização e abrangência de Rio crespo
Fonte: Google-MapaLink e Wikipédia.
Município: Rio Crespo
Lei orgânica: Nº 376, de 13 de fevereiro de 1992.
Mesorregião: Leste Rondoniense
Microrregião III: Ariquemes - >Rio Crespo, Ariquemes, Machadinho D’Oeste, Alto
Paraíso, Cacaulândia, Monte Negro e Vale do Anari.
Municípios Limítrofes: Cujubim (N), Machadinho D’Oeste (L), Alto Paraíso (O),
Ariquemes (S).
28
Localização: Latitude 09º42'18" Sul, longitude 62º53'59" Oeste e Altitude 132 m.
Clima: Equatorial quente e úmido
Temperatura: 26ºC
Pluviometria anual média: 2.450mm
Umidade relativa do ar: 75%
Área Territorial: 1.717,648 Km²
População geral: 3 316 habitantes
Densidade: 1,93 hab. / Km²
População urbana: 1064 habitantes
População rural: 2252 habitantes
População masculina: 1767 homens
População feminina: 1549 mulheres
Figura 05. Localização de Rio Crespo no Brasil e em Rondônia
Fonte: Wikipédia
4.2. Contexto Sócio Econômico e Ambiental da Área de influencia do PA
Lamarquinha
4.2.1. Características Gerais do Município de Rio Crespo-RO
Rio Crespo é um município brasileiro do Estado de Rondônia, criado pela Lei n.º 376,
de 13 de fevereiro de 1992, em homenagem ao Rio Preto do Crespo, com áreas
desmembradas dos Municípios de Ariquemes e Porto Velho. A Lei foi assinada pelo
29
governador Oswaldo Piana Filho. O município surgiu do Nuar Cafelândia, integrante do
Projeto de Colonização Mal. Deodoro/INCRA, sendo núcleo urbano de apoio rural do Projeto
de Cafelândia, porque a região é produtora de café, fruto do cafeeiro (Coffea arabica), planta
da família da Rubiáceas. É importante polo agrícola e pecuário.
Segundo o Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Municípiio (2013), a estrutura
fundiária do município de Rio Crespo corresponde à 792 propriedades. Sendo 615
propriedades de até 105 ha, 51 propriedades de 500 ha, 30 propriedades de maior e/ou igual a
1.000 ha, e 96 propriedades de 250 ha, oriundas do projeto denominados Projetos de
Assentamento dirigido Marechal Dutra, Projeto de Assentamento Burareiro e Projeto de
Assentamento para Licitação.
Recursos institucionais
Saúde – A Constituição de 1988 da República Federativa do Brasil institui, em seu artigo 196
(seção II – Da saúde), como forma de efetivar o mandamento constitucional do direito à saúde
como um “direito de todos” e “dever do Estado”, onde é regulado pela Lei nº. 8.080/1990, a
qual operacionaliza o atendimento público da saúde. Uma leitura mais atenta, permite auferir
que a Constituição estabeleceu cinco princípios básicos que orientam o sistema jurídico em
relação ao Sistema Único de Saúde (SUS). São eles: a universalidade, a integralidade, a
equidade, a descentralização e a participação popular, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos, ao acesso às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação. No Brasil, 80% da população dependem
exclusivamente do SUS para ter acesso aos serviços de saúde.
No Estado de Rondônia, segundo informações contidas no Cadastro Nacional dos
Estabelecimentos de Saúde do Brasil (CNES), estão cadastrados 1.881 tipos de
estabelecimentos de saúde, dos quais 04 estão inseridos no Município de Rio Crespo. Neste
Município refere-se ao Centro de Saúde/Unidade Básica, Hospital Geral, Unidade de
Vigilância em Saúde e Secretaria de Saúde, ainda, em termos de atendimento prestado,
acrescenta-se 07 postos de saúde. Sendo todos os estabelecimentos de esfera administrativa
pública e o atendimento por demanda espontânea. Ressaltando que os estabelecimentos de
saúde ambulatorial realizam somente Procedimentos de Atenção Básica (PAB) e/ou
Procedimentos de Atenção Básica Ampliada (PABA), definida pela Norma Operacional da
Assistência à Saúde (NOAS), e o Hospital Geral sob a responsabilidade pelos procedimentos
previstos nos níveis de hierarquia, além de procedimentos hospitalares de média
complexidade. Contudo, nos casos de procedimentos de alta complexidade e exames
30
especializados são encaminhados para Ariquemes e/ou Capital. Para o tratamento ou
atendimento fora do domicílio, além das ambulâncias, o município possui um transporte
público especialmente para o deslocamento, com vagas para 15 passageiros e sob a
responsabilidade da Secretaria de Saúde do Município.
Conforme dados no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde
(DATASUS), existem duas Equipes de Estratégia da Saúde da Família (ESF) com base no
Programa de Saúde da Família (PSF), atuando na área urbana e rural com 12 (doze) Agentes
Comunitários de Saúde (ACS).
Para os atendimentos de urgência e emergência de todo o território que abrange à
região de Ariquemes, incluindo o município de Rio Crespo, que desde o início desse ano,
conforme a Portaria nº 2.928, de 20 de dezembro de 2012 (divulgada no diário oficial), onde o
Ministro de Estado da Saúde, no uso das atribuições que lhe conferem os incisos I e II do
parágrafo único do art. 87 da Constituição, e considerando a Portaria nº 1.010/GM/MS, de 21
de maio de 2012, que redefine as diretrizes para a implantação do Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência (SAMU 192) e sua Central de Regulação das Urgências, componente da
Rede de Atenção às Urgências, resolve habilitar a Central Regulação das Urgências, Unidades
de Suporte Básico e Avançado, e Equipe de Aeromédico do Serviço de Atendimento Móvel
de Urgência (SAMU 192), recebendo o incentivo de custeio do Fundo Nacional da Saúde e
recursos do Ministério da Saúde (MS).
Em relação aos medicamentos, o município fornece os que estão de acordo com o
protocolo do SUS. Ainda dispõe de ambulâncias para o transporte de pacientes transferidos ou
encaminhados a outras localidades.
Educação – Segundo informações do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (INEP), no ano de 2010 havia 05 (cinco) estabelecimentos de ensino no
município de Rio Crespo, portanto em conformidade com a tabela abaixo, consta 03 (três)
estabelecimentos de ensino no site do INEP como dados finais do Censo Escolar 2012
publicado no Diário Oficial da União no dia 21 de dezembro de 2012, onde 100%
correspondem à rede pública de ensino. Portanto, dando destaque no que se refere à
abrangência da rede pública, que assume completamente as modalidades de ensino infantil,
fundamental e médio.
31
Tabela 06. Estabelecimentos de ensino no município de Rio Crespo
Descriminação Dependência
administrativa
Localização/
Zona da escola
EEEFM Francisco Mignone Estadual Urbana
EMEF Vaneide de Oliveira Municipal Urbana
EMEI Sítio do Pica Pau Amarelo Municipal Urbana
Fonte: INEP2012/ IBGE, 2012.
Em relação ao número de alunos matriculados no ano de 2012 no ensino pré-escolar é
de 98, fundamental é de 657 e no ensino médio é de 112, totalizando 867 matrículas segundo
dados do Ministério de Educação.
No que se referem ao grau de escolaridade, os dados são significantes. De acordo com
o censo escolar, entre a população residente existem 2604 alfabetizados e o número de
pessoas que nunca frequentou creche ou escola é de 519, indicando 17% da população.
Segundo os dados do IBGE (2012), a rede escolar conta com 06 (seis) docentes do
pré-escolar, 41 do ensino fundamental, e 07 (sete) docentes do ensino médio, totalizando 54
professores atuando no Município.
A alimentação da escola é atendida pelo PNAE – Programa Nacional de Alimentação
Escolar, o qual exige a compra da merenda de no mínimo 30% da agricultura familiar. O fato
é que a produção dos assentamentos ainda é baixa, e a utilização de agrotóxico é alta, visto
que é uma exigência a não utilização destes. Além disso, falta meios de transportar a
produção.
Frota – Conforme dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), 2012 e o
Ministério das Cidades, a frota do município é composta de 169 automóveis, 46 caminhões,
02 caminhões trator, 70 caminhonetes, 01 micro-ônibus, 262 motocicletas, 43 motonetas, 18
ônibus, totalizando 611 veículos.
Eletrificação – A energia elétrica consumida em Rondônia é gerada pela Usina Hidrelétrica
Samuel e por um parque termelétrico operado pela Eletrobrás Eletronorte e por produtores
independentes de energia. Samuel tem potência instalada de 216 MW, e é considerada um
marco na história local. Sua construção possibilitou que uma antiga colônia de pescadores
desse lugar ao município de Candeias do Jamari. A hidrelétrica foi concebida inicialmente
para suprir as cidades rondonienses de Guajará-Mirim, Ariquemes, Ji-Paraná, Pimenta Bueno,
Vilhena, Abunã e a capital, Porto Velho. Atualmente, 90% dos 52 municípios do Estado são
beneficiados, com energia firme e segura desse sistema isolado da Eletronorte. Além de
32
Samuel, a Eletrobras Eletronorte opera a Usina Termelétrica Rio Madeira, que produz 90
MW. Somada à geração dos produtores independentes de energia, a potência instalada da
Eletrobras Eletronorte em Rondônia é de 403 MW (ANEEL, 2013).
Saneamento Básico – Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o saneamento
básico é o gerenciamento ou controle dos fatores físicos que podem exercer efeitos nocivos ao
homem, prejudicando seu bem-estar físico, mental e social. Outra definição é a trazida pela
Lei do Saneamento Básico (apelido dado para a Lei Ordinária Nº 11.445 de 05 de janeiro de
2007, que estabelece as diretrizes básicas nacionais para o saneamento), que o define como o
conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de: abastecimento de água
potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos e drenagem e
manejo das águas pluviais. Independente das definições, a falta de saneamento básico está
diretamente ligada á qualidade de vida dos cidadãos.
O município possui gestão de serviço de saneamento básico, com rede de distribuição
de água parcialmente tratada com simples desinfecção. O número de estabelecimentos
comuns abastecidas e de domicílios corresponde a 364 unidades. O serviço de saneamento
municipal se dá através do manejo de águas pluviais e manejo de resíduos sólidos (Pesquisa
Nacional de Saneamento Básico, 2008).
A estratigrafia indica as seguintes unidades geológicas:
Hidrografia – A rede hidrográfica do Estado de Rondônia é representada pelo Rio Madeira e
seus afluentes, que formam sete sub - bacias significativas para o Estado, são elas: Rio
Madeira, Rio Abunã, Rio Mamoré, Rio Guaporé, Rio Jamari, Rio Machado ou Ji – Paraná e
Rio Roosevelt. (SEDAN 2001). Os recursos hídricos da bacia e sub-bacias, em sua quase
totalidade, são perenes devido à conjugação de fatores físicos e naturais que lhes são
peculiares. O Rio Jamari possui 530 km de extensão, largura média de 150 m, cujas águas
formam o maior lago artificial de Rondônia em função da Usina Hidrelétrica de Samuel, de
216 Mw de potência instalada. Configura-se o Município de Rio crespo cortado pelo Rio
Preto que é afluente da margem direita do Rio Jamari, Rio Manteiga, Rio Poeira e Rio
Queixada.
O conhecimento do potencial hídrico de uma região, seja superficial ou subterrâneo, é
fundamental para a ocupação territorial, considerando o seu uso de múltiplos aspectos. Dentre
estes usos, podemos citar o abastecimento público, geração de energia elétrica, via de acesso,
às atividades industriais e mineração, navegação, turismo e lazer e mais recentemente em
33
irrigação de culturas.
O crescente comprometimento ambiental das águas superficiais pelo lançamento de
rejeitos agrícolas, industriais e esgotos urbanos, aliada ao seu consumo de forma
insustentável, como em projetos de irrigação sem um estudo qualificado da potencialidade da
bacia hidrográfica, tem conduzido a um interesse crescente na descoberta e aproveitamento
das águas subterrâneas.
A água subterrânea pode ser consumida geralmente sem qualquer tratamento e se
encontra mais bem protegida da poluição superficial. No trato urbano, o abastecimento de
água para a população provém do aproveitamento das águas superficiais.
Solos – Em função da diversidade litológica e do relevo, os solos apresentam grandes
variações em suas propriedades morfológicas, físicas, químicas e mineralógicas. Nas serras e
cristas com influência de rochas intermediárias ou básicas são predominantes os Nitossolos
Vermelhos Eutróficos e Distróficos, com menor freqüência ocorrem Nitossolos Háplicos,
Latossolos Vermelhos e Vermelho-Amarelos Distróficos, todos solos bem drenados, com
predomínio de textura argilosa ou muito argilosa. Nas depressões interplanálticas, em
ambientes ainda dissecados com relevo de topos aplainados ou em encostas que drenam para
os cursos d´água, ocorrem os solos predominantes na área de estudo, Latossolos Amarelos
Distróficos, ácidos e com alta saturação por alumínio.
Esses solos quando sofrem alguma influência de rochas intermediárias podem
apresentar caráter mesoférrico. Os solos formados de lateritos imaturos, quando apresentam
plintita ou petroplintita no perfil, são classificados como Latossolos ou Argissolos plínticos
(no quarto nível categórico) ou até mesmo Plintossolos Argilúvicos e Pétricos, esse solos são
mais comuns nos terços médios e inferiores de encostas, onde afloram as plintitas, porém
também podem ocorrer em relevos aplainados, onde são predominantes Latossolos e com
menor freqüência Argissolos Amarelos.
O município de Rio Crespo possui solo de características de latossolos amarelo, com
PH oscilando entre 3,8 a 5,5 em média. No geral os latossolos dessa classe respondem bem a
aplicação de fertilizantes e corretivos.
Modernamente, o zoneamento constitui instrumento técnico e político de
planejamento, cuja finalidade última é aperfeiçoar o uso do espaço e orientar as políticas
públicas. Portanto, o principal objetivo do zoneamento Socioeconômico-Ecológico do Estado
de Rondônia é orientar a implementação de medidas e elevação do padrão socioeconômico
das populações, por meio de ações que levem em conta as potencialidades, as restrições de
34
uso e a proteção dos recursos naturais, permitindo que se realize o pleno desenvolvimento das
funções sociais e do bem estar de todos, de forma sustentável.
Com uma abordagem maior, a Zona 1, subdividida em 4 subzonas com características
específicas, é composta de áreas de uso agropecuário, agroflorestal e florestal, abrange
120.310,48 Km², equivalentes a 50,45% da área total do Estado.
Segundo o zoneamento sócio econômico ecológico do Estado de Rondônia, que foi
instituído em 14 de junho de 1988, pelo decreto estadual de numero 3732, e a Segunda
Aproximação do Zoneamento Socioeconômico e Ecológico do Estado de Rondônia, aprovado
pela Lei Complementar nº 233, de 06 de junho de 2000. Posteriormente alterada pela Lei
Complementar nº 312, de 06 de maio de 2005, três subzonas (subzonas 1.1, 1.2, 1.3)
caracterizam o município de Rio Crespo (Figura 06), numa área de 1.722,80 Km². Ao norte
uma pequena extensão territorial foi classificada como subzona 1.3 ou de baixa densidade
populacional. A nordeste encontramos uma pequena porção da subzona 1.2 e o restante da
extensão territorial do Município acolhe a subzona 1.1 que, juntamente, com a subzona 1.2 já
citada acima são classificadas como áreas de intensa ocupação e acelerado processo de
ocupação, respectivamente.
Caracterização das subzonas:
Subzona 1.1
- Área com grande potencial social, com alto potencial de ocupação humana;
- Área com estabilidade ambiental;
- Área destinada à intensificação e consolidação das atividades agropecuárias, agroflorestais,
florestais, agroindustriais, industriais e minerais;
- Área com desmatamento restrito ao limite da área de reserva legal e fomentada as atividades
de recuperação das áreas de preservação permanentes;
- Área com estradas de acesso;
- Área que concentram as maiores densidades populacionais do estado e seus municípios ou
assentamentos urbanos mais importantes;
- Área com custo de preservação ambiental muito elevado;
- Área com solos de boa aptidão agrícola e baixa vulnerabilidade a erosões.
Para esta subzona foram propostas as seguintes diretrizes:
a. Área apropriada para projetos de reforma agrária;
b. Estímulo ao incremento da produtividade agropecuária;
35
c. Estímulos para a implantação de técnicas agrícolas modernas;
d. Estímulo para a implantação de projetos de irrigação;
e. Estímulo, com incentivos, para a criação de agroindústrias, de forma a maximizar os
custos de oportunidade representados pelo valor da floresta.
Subzona 1.2
- Área com médio potencial social, onde predominam a cobertura florestal natural.
- Área onde ainda predomina a cobertura florestal natural;
- Área em processo acelerado de ocupação;
- Área com desmatamentos não controlados;
- Área com aptidão agrícola regular;
- Área com baixa e média vulnerabilidade à erosão.
Esta subzona recebeu as seguintes diretrizes:
a. Esforços para a regularização fundiária;
b. Controle da exploração florestal;
c. Controle do desmatamento;
d. Medidas compensatórias visando a preservação dos recursos florestais remanescentes;
e. Desmatamentos incrementais condicionados às potencialidades e fragilidades naturais;
f. Desmatamentos incrementais condicionados ao contexto de programas de reforma
agrária em processo de implementação;
g. Incremento da produtividade agropecuária, baseada em técnicas agrícolas mais
modernas;
h. Observação das aptidões agrícolas envolvendo o uso de insumos e práticas de manejo.
Subzona 1.3
- área com claro predomínio da cobertura vegetal natural;
- Área com expressivo potencial florestal;
- Área em processo de ocupação incipiente, com conversão da cobertura vegetal natural não
controlado;
- Aptidão agrícola predominantemente restrita;
- Área com vulnerabilidade média à erosão.
Para esta subzona foram criadas as seguintes diretrizes:
a. Aproveitamento dos recursos naturais;
36
b. Atividades agropecuárias já existentes devem ser mantidas;
c. Desestímulo à expansão das atividades agropecuárias;
d. Regularização fundiária no processo de ocupação;
e. Controle da exploração florestal;
f. Controle do desmatamento;
g. Implantação de consórcios agroflorestais, reflorestamento e cultivos permanentes de
um modo geral.
Figura 06. Mapa Ilustrativo (zonas) de localização dos municípios
Fonte: SEDAM, 2009.
Áreas de Preservação Ambiental – O Estado de Rondônia possui uma área de
23.851.280,00 ha, da qual 19,83% destinam-se às Unidades de Conservação. Atualmente o
Estado conta com 59 Unidades de Conservação, sendo: 25 Reservas Extrativistas
(1.390.196,99 ha), quatro Estações Ecológicas (245.241,60 ha), oito parques (1.717.492,32
ha), quatro Reservas Biológicas (629.895,60 ha), 13 florestas (756.280,86 ha), quatro Reserva
37
Particular do Patrimônio Nacional (2.760,59 ha) e uma Área de Proteção Ambiental (6.141,00
ha).
As Unidades de Conservação dividem-se em dois grupos, como mostra a Tabela,
Unidades de Uso Sustentável e Unidades de Proteção Integral.
TABELA 07. Unidades de Conservação por grupo Grupo Quantidade Área (ha) % da Área do Estado
Unidades de Proteção Integral 16 2.592.629,52 10,8
Unidades de Uso Sustentável 43 2.155.979,44 9,03
TOTAL 59 4.748.608,96 19,83 Fonte: SEDAM, 2002.
O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas seguintes categorias de
Unidades de Conservação: Estações Ecológicas, Reservas Biológicas, Parques Nacionais,
Monumentos Naturais e Refúgios de Vida Silvestre. Salienta-se que no Estado de Rondônia
não são encontradas as duas ultimas categorias acima citadas.
O grupo das Unidades de Uso Sustentável possui as seguintes categorias de Unidades
de Conservação: Área de Proteção Ambiental, Florestas Nacionais, Reservas Extrativistas,
Reservas de Desenvolvimento Sustentável, Reservas de Fauna e Áreas de Relevante Interesse
Ecológico, sendo as Reservas de Fauna e Áreas de Relevante Interesse Ecológico não
presentes no Estado. As Unidades de Conservação são de responsabilidade dos Governos
Federal, Estadual, Municipal ou de Domínio Particular, de acordo com o decreto de criação
das mesmas, o Estado de Rondônia possui: três Unidades de Conservação Municipais, 41
Unidades de Conservação Estaduais, 11 Unidades de Conservação Federais e quatro Unidades
de Conservação de Domínio Particular. Existe hoje, no IBAMA, proposta de criação de uma
Floresta Nacional e uma Reserva de Rendimento Sustentado.
Entre outros municípios do Estado de Rondônia, Rio Crespo possui um alto potencial
para a implementação de projetos de manejo sustentável da floresta, pois apresentam baixos
índices de atividades antrópicas sobre a oferta florestal.
Os municípios integrantes da Flora do Jamari possuem importantes Unidades de
Conservação - UCs, estando localizadas em Rio Crespo Florestas Estaduais de Rendimento
Sustentado - FERS: Mutum, Tucano. É importante destacar que estas UCs são
imprescindíveis para garantir e assegurar a biodiversidade regional, permitindo o
conhecimento sobre o banco genético da fauna e flora, através de pesquisa nos diversos
campos científicos, incluindo-se o antropológico, especialmente o conhecimento e a
importância para a economia do estado que requer um tratamento e cuidado especial em sua
forma de utilização e de preservação dos recursos naturais existentes.
38
Clima – O clima do Território Rural Vale do Jamari corresponde ao Equatorial quente e
úmido. Por estar no reverso da Encosta Setentrional do Planalto Brasileiro, recebe influências
das massas de ar do Brasil Central, que por sua vez influência na dinâmica das chuvas. A
temperatura média está em torno dos 25ºC anuais e o índice pluviométrico varia de 150 mm a
2.000 mm. O período seco corresponde aos meses de maio e setembro. O clima do município
e da região, segundo o Boletim de pesquisa da EMBRAPA, a avaliação do clima do estado de
Rondônia, enquadra a classificação pelo sistema de Koppen do clima do estado enquadrando-
se como Tropical Chuvoso Úmido. Sua precipitação flutuando de (1800 a 2400 mm/ano);
apresentando duas características muito diferenciadas tendo um período de estiagem de maio
a setembro e de outubro a abril, período de chuvas, com temperaturas elevadas e alto nível de
umidade. Sujeito a veranicos não muito extensos.
A temperatura média anual fica em torno de 26,2°C, sendo que a média das
temperaturas máximas é de 31,5°C, (valor máximo médio de 32,9°C em agosto), e a média
das temperaturas mínimas é de 20,9°C (menor valor médio de 18,3°C em julho). A média da
umidade relativa do ar e de 85%, apresentando poucas variações durante o ano (de 80-89%).
A insolação (horas de brilho solar) e de 1.775 horas por ano, com média de 148 horas por
mês.
Organização social – Rio Crespo tem 08 associações rurais voltadas para atividades
agropecuárias, 01 cooperativa ainda não documentada legalmente e 01 associação do grupo de
mulheres rurais e urbanas, a qual acessaram maquinários subsidiados através de políticas
públicas, onde desenvolvem uma produção significativa de artesanatos (corte e costura) no
município.
O Município possui além da sede do Executivo Municipal, os seguintes
estabelecimentos: Escolas Municipais, Escola Estadual, Câmara Municipal de Vereadores,
IDARON, Unidade Mista de Saúde, Secretaria Municipal de Ação Social, Secretaria
Municipal de Educação, Secretaria Municipal de Saúde, Secretaria Municipal de Obras,
Secretaria Municipal de Agricultura, CIRETRAN, EMATER, Banco Bradesco e Banco do
Brasil Postal (Correios). Dispõe de Conselho Tutelar e Conselho Municipal de
Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS) que tem o objetivo de promover o
entrosamento entre as atividades desenvolvidas pelo Executivo Municipal, órgãos e entidades
públicas e privadas, apreciar o Plano Municipal de Desenvolvimento Rural, sugerir políticas e
diretrizes concernentes à produção, organização dos produtores e a preservação do meio
ambiente. Na questão da segurança o município conta com presença da Polícia Militar.
39
Indústria e comércio – O município se dispõe de uma estrutura ligada ao setor primário da
economia, com potencial para investimento, melhoramento urbano, proporcionando assim
maiores possibilidades de comercialização. Possui basicamente:
02 serrarias;
02 marcenarias;
02 agroindústrias de leite;
01 agroindústria de frango.
Além dessas, dispõe de 45 estabelecimentos comerciais, incluindo padaria, farmácia,
loja agropecuária, lojas de confecções, açougues, lanchonetes, restaurantes, mercados, salões
de beleza, loja de móveis, oficinas mecânicas de motos e carros, lava jato, borracharias,
papelaria, hotel, lanhouse, posto de gasolina, refrigeração, loja de material para construção,
sorveteria, serialista e cartório de notas.
O Estado de Rondônia encontra-se num contexto agroindustrial promissor, no qual as
atividades agropecuárias têm dado um salto considerável. Ao que se refere ao setor
madeireiro, e seus desdobramentos também tem se destacado no mercado interno. E o
investimento em agroindústrias familiares é um dos segmentos que vem chamando atenção do
Estado, existindo assim, um grande potencial a ser explorado, principalmente pela assistência
técnica em cada localidade.
A base econômica do Município de Rio Crespo apresenta-se diversificada. A
agricultura tem uma produção significativa, representados pelas culturas anuais e perenes de
acordo com a tabela 08.
Tabela 08. Geral da Produção Agrícola em Rio Crespo Produtos Área Plantada (ha) Produtividade Kg/ha
Arroz (casca) 6.500 2.216
Feijão (grãos) 361 600
Milho (grão) 800 1.271
Mandioca 400 16.000
Soja (grãos) 100 2.720
Abacaxi 22 24.912
Cana-de-açúcar 03 56.333
Melancia 10 18.000
Urucum (semente) 350 1.100
Mamão 02 22.500
Café (grão) 1.775 468
Guaraná (semente) 06 250
40
Continuação Tabela 08
Banana (cacho) 50 6.960
Cacau (amêndoa) 97 536
Borracha (látex coagulado) 20 -
Olericultura 05 -
Fonte: IBGE (2012), Produção Agrícola do Município (2011); Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Município (Emater 2013)
A pecuária se destaca na economia do município, devido aos números significativos já
consolida na região conforme a tabela a seguir:
Tabela 09. Pecuária em Rio Crespo Descriminação Quantidade (Cabeças)
Bovino de corte 126.313
Bovino de leite 3.069
Vacas ordenhadas 822
Bubalinos 65
Asininos 44
Muares 476
Equinos 1.206
Caprinos 223
Ovinos 2.211
Suínos 1.177
Aves 12.352
Fonte: IBGE (2012) Produção da Pecuária Municipal 2011; Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Município (Emater 2013)
A piscicultura vem crescendo e se fortalecendo com possibilidades de se tornar mais
uma fonte de renda para o município, considerando o número de tanques implantados com
incentivo do Governo de Estado e da própria iniciativa do agricultor.
Como resultado da boa produção na região, o município possui variáveis nos níveis de
renda. Na tabela 10, resume-se as classes de rendimento nominal mensal das pessoas
economicamente ativas do município.
41
Tabela 10. Rendimento Médio da População Economicamente Ativa Nominal mensal Número de habitantes
Até 01 salário mínimo 452
De 01 a 02 salários mínimos 479
De 02 a 03 salários mínimos 97
De 03 a 05 salários mínimos 60
De 05 a 10 salários mínimos 45
De 10 a 15 salários mínimos 03
De 15 a 20 salários mínimos 06
De 20 a 30 salários mínimos 04
Mais de 30 salários mínimos 05
Sem rendimento 209
TOTAL 1.151
Fonte: IBGE 2012, Censo Demográfico 2010.
O rendimento médio da população economicamente ativa apresenta o maior índice da
classe de rendimento de até 02 salários mínimos em 41,61%, e 39,27% na classe de até 01
salário, entretanto percebe-se os baixos índices a partir da classe que ganha mais de 10
salários mínimos, a exemplo da classe de mais de 30 salários mínimos com 0,43% da
população economicamente ativa. Ainda, vale salientar que o município possui um índice de
18,15% dessa população sem nenhum rendimento.
5. DIAGNÓSTICO DO PROJETO DE ASSENTAMENTO LAMARQUINHA
5.1. Condições físicas e edafo-climáticas do PA
5.1.1. Relevo
O Estado de Rondônia possui relevo de aspecto geomorfológico variado, apresentando
Planícies ou Várzeas Amazônicas, Depressão do Solimões, Depressão da Amazônia
Meridional, Planalto Residual da Amazônia Meridional, Planalto dos Parecis, Depressão do
Guaporé e Planície e Pantanal do Guaporé.
Rondônia é constituída por planícies e planaltos baixos, com altitude variável entre 90
e 1.000 metros. Distribuindo-se o relevo em percentuais, a maior porção do Estado (94%) está
situada entre 100 e 600 metros de altitude, enquanto que os 6% restantes correspondem a
42
áreas entre 600 e 1.000 metros de altitude, ultrapassando essa marca em alguns pontos
isolados.
Depressão da Amazônia Meridional - Ocupa parte dos Municípios de Alta Floresta
D'Oeste, Alto Alegre do Parecis, Alto Paraíso, Alvorada D'Oeste, Ariquemes, Buritis,
Cacaulândia, Cacoal, Campo Novo de Rondônia, Candeias do Jamari, Castanheiras, Costa
Marques, Espigão D'Oeste, Governador Jorge Teixeira, Guajará-Mirim, Jamari, Jarú, Ji-
Paraná, Machadinho D'Oeste, Nova Mamoré, Nova União, Novo Horizonte do Oeste, Ouro
Preto do Oeste, Parecis, Pimenta Bueno, Porto Velho, Presidente Médici, Primavera de
Rondônia, Rio Crespo, Rolim de Moura, São Miguel do Guaporé, São Francisco do Guaporé,
Santa Luzia D'Oeste, São Felipe D'Oeste, Seringueiras, Teixeirópolis, Theobroma, Urupá,
Vale do Anari e Vale do Paraíso, e segundo o IBGE (2012), "caracteriza-se por áreas do
Pediplano Pleistocênico mais conservadas, com caimento topográfico em direção a drenagem,
apresentando, em vales encaixados, interflúvios aplainados e inselbergs, geralmente
esculpidos em rochas pré-cambrianas".
O relevo do município de Rio Crespo está inserido no Território Rural Vale do Jamari,
localizado nas terras baixas da Encosta Setentrional do Planalto Brasileiro, cuja altitude média
varia entre os 200 e 300 metros. Sendo que os pontos mais altos são classificados como
colinas suavizadas e inselbergs isolados. No trecho onde tal território está instalado,
corresponde a grande concentração de jazidas de cassiterita, fazendo do conjunto da Província
Estanífera de Rondônia. O relevo do Estado de Rondônia varia de alguns metros acima do
nível do mar até altitudes acima de 1.000 m. O ponto mais alto de Rondônia está localizado na
Serra dos Pacaás Novos, com altitude de 1.126 m, é o pico Jaru.
Do ponto de vista regional, a área do PA Lamarquinha integra as baixas da Encosta
Setentrional do Planalto Brasileiro, cuja altitude média varia entre 200 e 300 metros, como já
citado anteriormente.
A classificação do assentamento foi definida com informações fornecidas pelos
próprios moradores do local e através do laudo de fiscalização agronômico, na qual podemos
defini-lo como plano a suavemente ondulado.
O relevo da área pode ser definido com base em percentuais estimados por tipo, de
acordo com a tabela 11:
43
Tabela 11. Classes de Relevo e de Declividade Existentes no Imóvel Classes de Relevo Classes de Declividade Área em
Percentual %
Área (ha)
Descrição Em percentual % Em graus
Plano 0 – 5 0 – 0,2 - 245,6205
Suave ondulado 5 – 10 2,9 – 5,7 94 245,6204
Ondulado 10 – 15 5,7 – 8,5 6
Muito ondulado 15 – 25 8,5 – 14
Forte ondulado 25 – 47 14 – 25
Fonte: Laudo Agronômico de Fiscalização, (INCRA, 2005).
.
5.1.2. Solos
Aproximadamente 100% da área é de LVd3, associação de LATOSSOLO
VERMELHO-AMARELO DISTRÓFICO, textura argilosa com cascalho fase floresta
equatorial subperenifólia + LATOSSOLO PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO ÁLICO,
textura média argilosa fase floresta equatorial subperenifólia com babaçu + PODZÓLICO
VERMELHO-AMARELO DISTRÓFICO latossólicos textura argilosa com cascalho, muito
argilosa cascalhenta fase floresta equatorial subperenifólia com babaçu, todos A moderado
relevo suave ondulado e ondulado. São solos com Horizonte B latossólicos e ocupam a maior
parte territorial de Rondônia, a exemplo dos municípios de Rio Crespo e Ariquemes
caracterizam-se por serem profundos a muitos profundos, bem a excessivamente drenados (a
água percola com facilidade no perfil do solo, não havendo encharcamento), com boa
porosidade e baixa relação textural, refletida pelo pequeno acréscimo de argila nos horizontes
superficiais. Normalmente, estes solos apresentam boas propriedades físicas, sem
impedimentos ao desenvolvimento das raízes das plantas. Ocorrem em áreas com topografias
diversas, encontrando-se desde relevo plano até montanhoso, havendo predomínio de
ocorrências desses solos em áreas com relevo plano e suave ondulado, situações que são
favoráveis ao emprego de diversos implementos e práticas de manejo agrícola. Tem boa
capacidade de retenção de umidade. Em geral, a correção da deficiência de fertilidade e da
acidez, com aplicações de calcário e adubo, torna esses solos bastante utilizados com
agricultura e pastagens, podendo ser utilizados por culturas tanto de ciclo curto como de ciclo
longo que sejam climaticamente adaptáveis.
44
Os LATOSSOLOS VERMELHO-ESCUROS – por ocuparem grandes extensões do
território brasileiro em relevo pouco movimentado, constituem uma das mais importantes
classes de solos. Apresenta, como características habituais, a grande espessura, o
favorecimento ao lavradio e à boa drenagem interna. No entanto, são muito heterogêneos no
que concerne à textura e a fertilidade. Geralmente os latossolos dessa classe respondem bem a
aplicação de fertilizantes e corretivos. Esse comportamento, a boa índole de lavradio e os
relevos plano e suave ondulado, predominantes são fatores determinantes no uso intensivo e
extensivo.
O amplo conhecimento das características físicas, químicas e morfológicas dos solos
constitui fator preponderante para o desenvolvimento de uma agricultura sustentável, pois
proporciona um melhor aproveitamento dos atributos favoráveis e embasamento para
proposição de alternativas para melhorar aqueles que apresentam limitações.
5.1.3. Recursos hídricos
A área está localizada nas mediações da micro bacia hidrográfica do Rio Preto do
Crespo, afluente da margem direita do Rio Jamari, curso d’água permanente, além de outros
igarapés menores que cortam o imóvel. A área do imóvel é rica em nascentes d’água e possui
disponibilidade de água subterrânea muito boa, uma vez que apenas com 10 metros de
profundidade se consegue perfurar poços amazônicos.
No assentamento esse recurso ainda é pouco utilizado na produção agrícola, pois
possui baixo índice de investimentos em tecnologia referentes à irrigação e/ou piscicultura.
O uso atual dos recursos hídricos no PA restringe-se apenas ao consumo humano,
higiene pessoal, lavagem de roupa, dessedentação de animais. A disponibilidade de fonte de
água para as famílias é proveniente de rios, nascentes, poços, mina e igarapé, sendo que 70%
possuem água encanada, e 90% das famílias utiliza poços amazônicos além de caixas d’água
dentre outros reservatórios, conforme mostra o gráfico 01:
45
Gráfico 01. Fonte de água utilizada no PA
Fonte: Cadastro da Unidade Familiar (INCRA/EMATER, CRT. RO 0011.000/12, 2013).
Vale salientar que não foi feito análise da qualidade das águas, porém as fontes no PA
são de boa qualidade.
Conforme relatos obtidos no ato de cadastramento da unidade familiar
(INCRA/EMATER, 2013), existem uma proporção (ainda não calculada) de margens de rios
e/ou igarapés desmatados que terão que ser recuperadas para conter o assoreamento e
degradação.
De acordo com o mapa A1 (em anexo), respeitando os limites do PA, observam-se
cinco cursos d’água, sendo eles Rios e Igarapés e sem denominação, porém sabe-se que é
pertencente à micro bacia hidrográfica do Rio Preto do Crespo. Apresenta uma percentagem
de 43,80 % de área produtiva e 56,80% de cobertura vegetal nativa. Percebe-se então, alguns
pontos para aptidão da atividade de piscicultura.
5.1.4. Flora
A vegetação de Rondônia é conhecida pela grande biodiversidade de espécies. Esse
fato ocorre devido ao clima da região e em razão da inclusão do estado ser numa zona de
transição entre o domínio geomorfológico do Brasil Central e o domínio geomorfológico
Amazônico, que congrega importantes biomas como a Floresta Amazônica e Cerrado.
As diversas fisionomias florestais desenvolvidas são funções das características
regionais, tais como, o ciclo das cheias e o relevo, enquanto a fertilidade natural tem papel
46
secundário nas diferentes fisionomias, estando mais diretamente associada à composição
florísticas.
Como coberturas originais o Mapa de vegetação do IBGE/SUDAM (1989), apresenta
uma Floresta Ombrófila Densa Submontana (Ds), tendo uma vegetação arbórea com sub-
bosque constituído por denso estrato de plântulas, na maioria das vezes, provenientes de
regeneração das árvores do extrato superior. É caracterizada sobre tudo por existência de
grandes árvores, por vezes com mais de 50 metros de altura, que sobressaem no estrato
arbóreo uniforme entre 25 e 35 metros de altura e Floresta Ombrófila Aberta (As),
caracterizada, principalmente, por apresentar grandes árvores muito dispersas, com frequentes
grupamentos de palmeiras e enormes quantidades de fanerófilas sarmentosas, que envolvem
as árvores e recobrem completamente o estrato inferior. Em conformidade com o laudo
agronômico de fiscalização, foi observada in loco a área do imóvel tinha aproximadamente
80% de seus recursos em processo de regeneração natural, ressaltando que a área foi objeto de
projeto de manejo.
A área que abrange o imóvel está fora da faixa de fronteira do limite internacional e
das reservas indígenas e ecológicas.
Os assentados citaram que no início da criação do PA havia uma grande variedade de
árvores que já não existem mais ou estão em extinção nos lotes. Dentre estas as mais citadas
foram: Castanheira (Bertholletia excelsa), Angelim pedra (Diniza excelsa), Faveira (Parkia
pendula), Copaíba (Copaifera langsdorfii), Itaúba (Mezilaurus itaúba), Cedro (Cedrella
odorata), Quariquara (minquartia guianensis aublet), Piquiá (Caryocar brasiliense cambess),
Cumarú (Dipteyx sp), Patuá (Jessenia batauna), Açaí (Euterpe precatoria), Babaçu (Orbgynia
phalerata) e Buriti (Mauritia flexuosa l.).
No assentamento também podemos encontrar varias espécies florestais que hoje são
utilizadas e aproveitadas na construção de cercas e currais, como: Itaúba (Mezilaurus itauba),
Castanheira (Bertholletia excelsa) e Quariquara (Minquartia guianensis aublet).
5.1.5. Fauna
A fauna de Rondônia, por integrar o bioma amazônico, está entre as mais ricas e
representativas do Brasil. A sua diversidade decorre, principalmente, de dois fatores:
localização geográfica do Estado, no sudoeste da Amazônia brasileira; e variedade de
ambientes e características físicas dessa unidade federativa. O fato de Rondônia apresentar
47
uma variedade de solos e de tipologias vegetais, com floresta densa e aberta, cerrados e
campos, além do relevo bastante diversificado e uma significativa rede de drenagem, com
imensos caudais em sua quase totalidade perenes, contribui para a diversidade das espécies
encontradas no Estado. E as diversas relações da fauna com a vegetação, como um todo,
possibilita que a mesma exerça várias funções na conservação dos ecossistemas de Rondônia,
entre as quais, as de moderadores de população (competição ou predação), transportadores de
nutrientes e dispersão de sementes e polinização.
O Zoneamento Socioeconômico e Ecológico de Rondônia (ZSEE/RO) permitiu
conhecer um pouco mais da fauna do Estado. Os estudos realizados envolveram
levantamentos nas seguintes áreas temáticas: mastofauna (mamíferos), avifauna (aves),
herpetofauna (répteis), ictofauna (peixe) e entomofauna (insetos), este último abrangendo
abelhas, vetores endêmicos e pragas agrícolas. Ao selecionar vários pontos de amostragem de
diversas localidades do Estado, o ZSEE/RO procurou cobrir de maneira mais ampla possível
as várias formações de vegetação e os principais centros de ocupação humana, possibilitando
inventariar a fauna e aferir os efeitos causados pela ocupação da região.
A maioria dos moradores do PA afirma existir e persiste o consumo de carne de caças,
os quais destacam a paca, tatu e porco do mato.
A fauna presente no assentamento é representada por grande diversidade de animais.
Considerando o levantamento realizado junto aos assentados, foram constatadas as existências
das seguintes espécies:
Mamíferos: paca (Cuniculus paca), veado (V. cervídeos.), cateto (V. caititu), macacos
(Cebus sp), queixada (Tayassu sp), tatu (Euphractus sp ), cutia (Dasyprocta sp), capivara
(Hydrochoerus sp), dentre outros.
Aves: periquitos (Melopsittacus sp), papagaios (Pionus sp) e arara-vermelha (Ara
chloroptera), dentre outros.
Peixes: dentre outros existentes, cita-se o cará (Oreochromis sp), lambari (Astianax sp), piau
(Leporinus sp), pacu (Piaractus mesopotamicus), mandi (Pimelodus spp), cascudo
(Hypostomus punctatus), traíra (Hoplias malabaricus).
5.1.6. Uso do Solo e Cobertura Vegetal
Segundo informações fornecidas pelos beneficiários na realização do cadastro da
unidade familiar (INCRA/EMATER, 2013), a área de Cobertura Florestal existente
48
atualmente no assentamento é de 109,21 ha (34,09%), constituída por áreas de Reserva Legal
e Preservação Permanente conjuntamente.
Ainda conforme dados desse cadastramento (tabela 12), considera-se a agropecuária
do PA como de subsistência, visto que a área ocupada por culturas anuais e perenes é de
14,1734ha (4,42%). Observa-se também, na representação de maior percentagem (55,43%), a
área explorada por pastagem, ocupando 177,6 ha, e complementando com a capoeira, que
abrange uma área de 19,4 ha (6,06%).
Tabela 12. Utilização do solo e cobertura vegetal Discriminação Valores em hectares (há)* Valores em percentagem (%)*
Área Total (10 parcelas cadastradas) 320,3834 100
Reserva Legal e APP’s 109,21 34,09
Pastagem 177,6 55,43
Culturas anuais e perenes 14,1734 4,42
Capoeira 19,4 6,06
Fonte: Cadastro da Unidade Familiar (INCRA/EMATER, CRT. RO 0011.000/12, 2013).
*Valores fornecidos pelos beneficiários.
De acordo com o mapa A2 (em anexo), o qual foi confeccionado baseado na área
medida (conforme consta no Laudo de Vistoria do INCRA (2005), cuja área equivale a
491,2433 ha), onde o PA possui 276,0596 ha de mata nativa, representando 56,20% da área, e
215,1837 ha, sendo os 43,80% restante em áreas com culturas anuais e ou perenes, e
pastagens.
Ressalta-se a diferença visível da área total cadastrada e da área medida, como
também, valores sobre as áreas de mata nativa, culturas e pastagens (Mapa A2 e na Tabela
12), sendo justificado por o PA não ser demarcado e o cadastramento ter sido realizado com
base em relatos dos beneficiários, sem apresentação de documentos que comprovassem essas
áreas. Ainda, a confecção do mapa A2 se deu no mês de junho de 2013, com imagens obtidas
a partir de Sensoriamento Remota por meio de classificação de imagem de satélite SPOT,
com passagem em 2010, fornecida pela SEDAM – RO.
Referente ao relevo, conforme sua apresentação do PA, as áreas antropizadas vêm a se
tornar um ponto positivo para o desenvolvimento da agropecuária no local, além dos recursos
hídricos, que evidencia o potencial para a piscicultura (considerando a legislação ambiental
vigente).
49
5.1.7. Área(s) de Reserva Legal e Preservação Permanente
Como base no cadastro da unidade familiar, foi possível apurar que no assentamento,
mais especificamente nas 10 parcelas cadastradas, que existem variações no tamanho das
áreas, sendo o menor valor de 9,6 ha e maior chega a 30 ha, assim declarado pelos
entrevistados que a totalidade das áreas preservadas equivale a 109,21 ha, a qual nos dá uma
média de 10,921 ha de mata por propriedade. Podemos ainda considerar, a análise do mapa
A2 (em anexo) através da área medida (491,2433 ha), que apresenta uma percentagem de
56,20 % de vegetação nativa. Com isso, obeserva-se a disparidade dos dados apresentados
que ocorre quando relacionamos os relatos dos assentados e dados secundários obtidos por
satélite.
5.1.8. Estratificação Ambiental dos Agro-ecossistemas
A estratificação da paisagem é essencial para compreender e identificar em uma área
heterogênea os componentes homogêneos, e assim, estabelecer parâmetros baseados na
classificação e mapeamento das classes de solos. Estas unidades servem de ferramentas para o
uso sustentável da terra e para o planejamento rural no PA Lamarquinha. Desta maneira será
possível avaliar as potencialidades e limitações da área, que ajudará no processo uso das
terras.
No mapa A3 (em anexo), além de apresentar limite e uso da terra do PA, é
evidenciado uma escala de 1:500 e uma elevação do terreno de 150 a 200 m, condizente com
a altitude do município de Rio Crespo, que varia de 130 à 200 m. Também destaca-se as
rodovias municipais e estaduais não pavimentadas.
5.1.9. Capacidade de Uso do Solo
As classes de solos existentes no imóvel têm como principal índice determinador a sua
fertilidade natural e o relevo.
Com base no Mapeamento de Classes de Aptidão Agrícola – Embrapa identificou-se
que o imóvel assim se apresenta: terras que apresentam classe de aptidão Restrita sob o
sistema de manejo A, classe de aptidão Regular sob o sistema de manejo B e C. Ocorrem na
associação, porém, em menor proporção, terras com aptidão inferior. Os solos deste imóvel
50
quanto ao uso agrícola estão identificados a nível exploratório em três classes:
Classe II - Terras com algumas limitações ao uso agrícola, mas apropriadas a quase
todas as culturas com inversões médias e com problemas simples de conservação
do solo, abrangendo aproximadamente 90% do total da área.
Classe III – Terras ainda apropriadas a qualquer uso agrícola, mas com moderadas
limitações, que reduzem a eleição das culturas apresentando problemas pouco
complexos de conservação do solo, abrangendo aproximadamente 8% do total da
área.
Classe VIII – Terras impróprias para culturas, pastagens e reflorestamento, podendo
servir apenas como abrigo da fauna e flora silvestre, como ambiente para recreação
ou para fins de armazenamento de água, abrangendo aproximadamente 2% do total
da área.
O mapa A4 (em anexo) mostra as áreas utilizadas no processo produtivo, cursos
d’água, APP’s e reserva florestal existente dentro do perímetro do PA.
5.1.10. Análise Sucinta dos Potenciais e Limitações dos Recursos Naturais e da
Situação Ambiental do Assentamento
Nos mapas apresentados em anexo (A1, A2, A3, A4, B1 e B2) neste documento,
exibe a distribuição no perímetro total equivalente a 11.853,41, caracterizando as áreas
utilizadas no processo produtivo em 43,80 %, e o restante (56,20 %) deve-se a reserva legal
existente, incluindo as áreas de preservação permanente. Já a área planejada para Reserva
Legal no laudo de vistoria (2005) foi de 245,6205 ha, sendo representado em torno de 50%.
Porém, o valor relatado pelos entrevistados em cadastro realizado pela equipe de
ATER/INCRA no início de 2013, foi de aproximadamente 109,21 ha, o que refere a 34,09%
da área relatada.
Os recursos naturais no PA, com potencial, se refere aos recursos hídricos (rios que
cortam o PA), utilizados na dessendentação dos animais, atividades piscícolas, e podem ainda
de acordo com licenciamentos específicos, serem utilizados na agricultura (via irrigação).
Atualmente, a utilização para uso doméstico é proveniente de poço amazônico na
maioria das unidades familiares, onde das 10 famílias cadastradas, 09 possuem poço
amazônico, somente uma utiliza a água de mina.
51
Estes cursos possuem as APP’s degradadas em vários pontos, vindo a ser um fator
limitante, já que estas áreas deveriam ser preservadas (mata ciliar) ou utilizadas conforme
legislação vigente. A retirada das matas ciliares ocorreu ao longo dos tempos em virtude de
um sistema de produção extrativista, sendo estas áreas destinadas à agricultura ou pecuária.
Contudo, as parcelas por disporem de cursos d’água e 98% da área total serem
apropriadas ao uso agrícola e relevo plano a suave ondulado, estando dotadas de infraestrutura
básica, torna-se possível à superação das limitações de uso desses recursos, permitindo uma
produção sustentável. Todavia, um fator limitante de forma geral no PA trata-se de peças
técnicas das parcelas (a ser disponibilizado pelo INCRA), onde a ausência destas impossibilita
o licenciamento ambiental rural da propriedade, o licenciamento de algumas atividades, como
outorga (no caso de irrigação) e licenciamento de piscicultura, além do acesso a linhas de
crédito para investimento nas propriedades, seja na área econômica ou ambiental.
5.2. Organização Espacial Atual
O PA Lamarquinha atualmente está dividido em 15 parcelas, nas quais uma
permanece sem moradia e sob a posse de latifundiário. Citar-se 14 famílias com moradia
habitual, sendo quatro em processo de regularização da parcela. Identificou-se a presença de
ocupação irregular, ou seja, família que não é cadastrada e reconhecida legalmente pelo
INCRA. Salienta-se ainda, a constatação de pessoas que já obtiveram lotes em outros PAs,
sendo um dos empecilhos para a falta de regularização.
As famílias encontradas no PA foram cadastradas pela equipe de assistência técnica,
contratada pelo INCRA através de contrato (INCRA.CRT.RO.11.000/2012). Foram
contratadas para 11 famílias, onde realizamos dez (10) cadastros, sendo três dessas famílias
ainda se encontra em situação irregular, considerados ocupantes, tal podemos observar no
gráfico 02. Consta um lote que foi identificado e não cadastrado, pois não existe moradia e
segundo informações dos moradores do local, a beneficiária vendeu o lote e está sob a
exploração de fazendeiro vizinho através de pastagem. Além dessas, outras quatro famílias
tem moradia habitual no PA, que não consta registro em RB de parceleiros anteriores.
Dentre os 10 beneficiários cadastrados, 09 deles moram permanente nos lotes, sendo
cada família em um lote. Desses, apenas um é separado, 05 são casados e 04 têm
companheiros.
52
Gráfico 02. Situação ocupacional do PA
Fonte: Cadastro da Unidade Familiar (INCRA/EMATER, CRT.RO 0011.000/12, 2013).
No assentamento as propriedades ainda não são demarcadas, isso indica que as divisas
das propriedades são as que os próprios assentados têm de comum acordo, respeitando seus
limites com os vizinhos. E segundo relato, como também situações já vivenciadas, isso vem
sendo um dos entraves para alguns avanços no desenvolvimento do PA.
Em questão de infraestrutura no assentamento ainda não tem estradas apropriadas, e
que facilite a ligação entre município próximo (Cujubim), cuja situação foi relatada nas
oficinas. Possui energia elétrica, porém com baixa qualidade.
Ainda ressaltamos a distância do PA até a sede do município, dificultando o acesso às
políticas públicas, educação e saúde entre outros. Citamos também, duas igrejas evangélicas e
quatro currais em madeira. O PA ainda não possui sede para associação e nem campo de
futebol.
Considerando os dados acima e em consonância ao Mapa B1 (em anexo), observa-se
que o imóvel apresenta certa carência. Os lotes foram divididos em acordo entre os
beneficiários e equipe do INCRA, porém não possui demarcação. Todavia, o mapa mostra as
moradias (14), sendo uma em cada parcela, ficando paralelas ao travessão (05 km),
ressaltando que o primeiro lote não possui moradia, ainda cita-se duas igrejas e um campo de
futebol (a área do campo encontra-se na divisa do perímetro, onde os moradores não
considera pertencente ao PA).
53
5.3. Situação do Meio Sócio-Econômico e Cultural
5.3.1. Histórico do Projeto de Assentamento Lamarquinha
Em Ariquemes, o INCRA implantou, no ano de 1974, o Projeto de Assentamento
Dirigido (PAD) Burareiro. Na época, o povoamento da área não passava de um aglomerado
de poucas edificações, cuja principal atividade econômica se resumia ao extrativismo da
borracha nativa e à garimpagem manual de cassiterita. O objetivo do PAD Burareiro era
implantar a cultura do cacau na região através da migração de micro e pequenos produtores
oriundos do Estado da Bahia. A expansão desse Projeto de Assentamento Dirigido
proporcionou o surgimento dos núcleos urbanos de Cacaulândia e Theobroma.
Em conformidade com o Laudo Agronômico de Fiscalização (2005), o PAD Burareiro
fez parte da política de Reforma Agrária do Governo Federal, através do INCRA, para
implantar e implementar a agropecuária do Estado de Rondônia. Dividido em várias etapas, o
PAD Burareiro foi demarcado em lotes de vários tamanhos agrupados por categorias de áreas
de aproximadamente 150, 250, 500 e 1000 ha, sendo as áreas de 250 ha destinadas à doação
para pequenos e médios agricultores e as áreas acima de 500 ha foram destinadas ao processo
de licitação pública. Essa modalidade (PAD Burareiro Licitação), a qual constitui também o
PA Lamarquinha, foi criada em 21 de janeiro de 1974 com a Portaria 085/74. Ressaltando que
na década de 80, alguns lotes foram objetos de redimensionamento de suas áreas, sendo
divididos em lotes de 50 ha.
O Projeto de Assentamento Lamarquinha foi criado em 16 de abril de 2007 (Portaria
INCRA/SR-17/RO/Nº. 011). O nome do PA deu-se por indicação da Liga dos Camponeses
Pobres (LCP) de Rondônia.
A área para a criação do PA é oriunda de Reversão ao Patrimônio Público da União do
lote 21 gleba Burareiro Licitação, através da Imissão de Posse nº 1949/03 de 30 de abril de
2004, localizada no município de Rio Crespo no estado de Rondônia, se reconhecido sobre o
SIPRA RO-0167000 com área de 491,2409 ha medida e registrada no Cartório de registro de
imóveis do 1º ofício da Comarca de Porto Velho-RO. Previa a criação de 12 unidades
agrícolas familiares, as quais procedentes do Movimento da LCP de Rondônia, localizado no
município de Theobroma, objeto de reintegração de posse. E tendo em vista que a área era
rodeada por fazendas com gado, visava a implantação de infraestrutura física necessária ao
desenvolvimento da comunidade rural de conformidade com o plano preliminar elaborado
pela SR-17.
54
A princípio foi determinado a realizar demarcação provisória de 15 lotes. E
inicialmente foram cadastradas 11 famílias para serem assentadas no PA Lamarquinha. No
entanto, após levantamento realizado no Sistema de Informações de Projetos de Reforma
Agrária (SIPRA), foi constatado famílias com situações de impedimentos, impossibilitando o
PA. Na ocasião, segundo registros do INCRA, oito dos beneficiários cadastrados teriam
possibilidades de regularização e aguardavam definição formal do INCRA/RO. Os três com
pendências (ex-beneficiários) ocuparam as terras cientes de sua situação.
A trajetória da conquista da área deu-se através da evolução dos acontecimentos de
importância histórica, descrita pelos assentados durante a dinâmica dos mapas, passado,
presente e futuro.
A área provia de uma estrutura com algumas benfeitorias: cerca, barragem
sangradouro, depósito de ração de peixes, pastagem e estrada defronte aos lotes.
Foram cadastrados pela equipe de ATER/INCRA dez famílias dos lotes já presentes na
Relação de Beneficiário (RB) do INCRA e com moradia habitual. Desses, apenas dois são
denominados ocupantes. Além desses, existem mais quatro famílias morando no PA com
situações diversas, conforme já citado anteriormente.
Hoje, segundo informações obtidas no local, a única parcela não cadastrada pela
equipe ATER/INCRA, encontra-se sem moradia, constando apenas pasto, onde não
obtivemos êxito de encontrar o beneficiário que consta na RB do INCRA. Ainda segundo
relatos, a beneficiária vendeu para fazendeiro dos arredores.
5.3.2. População e Organização Social
A população do PA Lamarquinha é representada por 74% de sua totalidade (32
habitantes) na faixa etária acima de 40 anos, sendo 41% do sexo masculino e 33% do
feminino. Apresentando um número menor (13%) entre as faixas de até seis anos, 11 à 14 e
18 à 24. Está distribuída de acordo com a tabela abaixo:
Tabela 13. Faixa etária entre homens e mulheres do PA
Faixa etária Homens Mulheres Total
Até 6 1 1 2
7 a 10 1 2 3
11 a 14 1 1 2
15 a 17 2 1 3
18 a 24 1 1 2
25 a 40 4 4 8
+ de 40 7 5 12
Total 17 15 32 Fonte: Cadastro da Unidade Familiar (INCRA/EMATER, CRT.RO 0011.000/12, 2013).
55
Referente aos beneficiários e seus cônjuges, podemos ressaltar que a faixa etária dos
mesmos é de 25 anos acima. Sendo que 63% deles estão acima dos 40 anos.
Dentre os 10 beneficiários cadastrados, 09 deles moram nos lotes, sendo cada família
em um lote. Desses, apenas um é separado, 05 são casados e 04 têm companheiros.
Não existem portadores de necessidades especiais no PA, no entanto 07 pessoas
recebem algum tipo de benefícios, sendo 06 beneficiados pelo Programa Bolsa Família e 01
pelo auxílio doença.
As mulheres do PA trabalham variadamente com o beneficiamento da produção de
leite, criações de aves e produção de artesanatos (bordados e crochê), sendo a comercialização
somente do excedente, além disso, realizam venda direta (cosméticos e perfumes) através de
catálogos.
Os assentados (beneficiários e cônjuge) do PA Lamarquinha são oriundos,
principalmente das regiões Norte, Sudeste e Sul do Brasil, destacando-se o Estado do Paraná
com 26% dos assentados, seguido de Rondônia (21%) e Espírito Santo (16%) como podemos
verificar na tabela abaixo.
Tabela 14. Estados de origem dos beneficiários e cônjuges
Estado Quantidade %
Bahia 2 11%
Ceará 1 5%
Espírito Santo 3 16%
Goiás 1 5%
Maranhão 1 5%
Minas Gerais 2 11%
Paraná 5 26%
Rondônia 4 21%
Total 19 100% Fonte: Cadastro da Unidade Familiar (INCRA/EMATER, CRT. RO 0011.000/12, 2013).
A organização social das famílias do PA é feia por meio informal, pois ainda não tem
associação e nem espaço físico constituído. Acontecem reuniões somente quando necessário
(algum evento ou assunto de interesse da comunidade) na residência de um dos beneficiários.
Existe um grupo que trabalha com pecuária leiteira (granelização do leite), fazendo
uso de um tanque resfriador de 1000 litros situado em uma propriedade e gerenciado pelos
produtores, sendo manutenção realizada pelo laticínio e os custos de energia rateada pelos
usuários. Porém, de acordo com relatos e observado pelos técnicos, os moradores sabem da
importância de uma organização, os quais se encontram no processo de organização do grupo
para fundação de uma associação, que terá a intenção de trabalhar assuntos diversos
relacionados ao PA, como exemplo a comercialização da produção.
56
5.4. Infraestrutura Física, Social e Econômica
A infraestrutura da área que abrange o PA com base no cadastro da unidade familiar,
realizado pela equipe de ATER/INCRA através de visitas e em conjunto com os assentados,
no qual levantamos informações da parcela e do PA, está distribuída da seguinte forma: 100%
das propriedades são beneficiadas pela rede de energia, porém somente 80% das moradias
possui ligação da energia elétrica. Referente às moradias, 02 delas são de alvenarias e 08 de
madeira, ainda a ressalva que houve acesso ao crédito instalação (habitação) de acordo com
normas de execução do INCRA e encontra-se na sua maioria em andamento. O saneamento
básico é precário, pois conforme o cadastramento, 60% das propriedades destinam os dejetos
sanitários para fossas negras (mictório) e 10% em céu aberto, sendo apenas 30% das
propriedades destinados em fossa séptica. As formas de transportes mais frequentes no PA
são: 63% (10) das famílias possuem e utilizam moto, 13% (02) carros, e 6% (01) utilizam
bicicletas e/ou outros. Esses, além de serem utilizados para compra de produtos, também são
utilizados para transporte da produção. Conforme observado e relatado pelos moradores, o PA
possui estrutura básica e carente de acesso às políticas públicas, sendo citado na tabela 15, a
infraestrutura passíveis de uso coletivo (figura 10) e de uso individual nas parcelas.
Tabela 15. Infraestrutura Física, Social e Econômica Descriminação QUANTIDADE
Casas de Alvenaria 02 Un.
Casa de Madeira 08 Un.
Tulha 01 Un.
Igreja 02 Un.
Barracão 01 Un.
Comercio (boteco) 01 Un.
Estrada 05 km
Bueiros 02 Un.
Ponte 01 Un.
Cerca 09 km
Curral 03 Un.
Cocho 03 Un.
Represa 02 Un.
Aviário 01 Un.
Tanque resfriador 01 Un.
Fonte: Cadastro da Unidade Familiar (INCRA/EMATER, CRT.RO 0011.000/12, 2013).
57
Figura 07. Igrejas do PA
Fonte: ATER/EMATER/INCRA, 2013.
5.5. Sistema(s) Produtivo(s)
O município de Rio Crespo, na sua base agrícola destaca como principais culturas: o
arroz (Oryza sativa), o café (Coffea canephora), o milho (Zea mays), a mandioca (Manihot
esculenta Crantz), o feijão (Phaseolus vulgaris), o urucum (Bixa orellana) , o soja (Glycine
max) e o cacau (Theobroma cacao), sendo estas de origem vegetal, tem-se como principais
fontes para uma alimentação saudável e fazem parte da rotina alimentar da população local.
A pecuária também tem seu destaque na economia do município, com a criação de
bovídeos (Bos taurus), galinhas (Gallus gallus domesticus), ovinos e suínos, sendo a criações de
equinos (Equus ferus caballus) e muares fundamental para o manejo na pecuária, tanto para
transporte inclusive de cargas, quanto para usos comuns.
No que diz respeito ao sistema de produção do PA Lamarquinha, está definido como
de subsistência, apresentando baixo nível tecnológico, associada a uma pecuária leiteira e
cultivo de culturas anuais e perenes, pois o assentamento é novo e passa por diversos
percalços, como exemplo, as condições adversas de escoamento da produção, a falta de
maquinários apropriados (trator, implementos, triturados e outros), que possam dar uma
melhor estabilidade nos sistemas adotados.
Dentre os produtos gerados no PA podemos destacar a produção de milho, mandioca,
banana (Musa sp), café, arroz, hortaliças e frutas em geral (tabela 16). Tal produção quase
totalmente para o autoconsumo, com a venda somente do excedente para vizinhos e
moradores próximos, além da comercialização através de atravessadores. Segundo os
assentados, a comercialização torna-se difícil por falta de transporte no assentamento e pela
distância até a sede municipal mais próxima (Rio Crespo), que fica a 50 km, junto com a falta
58
de recursos financeiros para a aplicação das alternativas tecnológicas adequadas, englobando
a dificuldade de acesso à linha de crédito, desconhecimento das práticas de uso e conservação
de solo, beneficiamento e comercialização da produção, além dos problemas causados por
ataque de pragas e doenças. Sendo esses fatores limitantes, contribuindo para falta de estímulo
quanto à diversificação da produção. Também possui criação de bovinos, aves, suínos e
equinos. Dessa produção, a renda é oriunda da venda do leite resfriado para atravessador,
ainda agregam valor à renda familiar de forma descontinua, através da venda de galinhas e
ovos, e venda de derivados do leite.
Tabela 16. Culturas produzidas no PA Lamarquinha
Discriminação Nº de Famílias Produção* Área de produção
(ha) Venda ou Consumo
Milho 04 8.000 Kg 4,4 Consumo
Arroz 01 1.017 Kg 0,8 Consumo
Mandioca 05 49.000 Kg 3,5 Consumo
Café 01 702 Kg 1,5 Consumo
Banana 04 20.000 kg 3,2 Venda e Consumo
Frutíferas 04 - 0,56 Consumo
Hortaliças 03 - 0,21 Consumo Fonte: Cadastro da Unidade Familiar (INCRA/EMATER, CRT. RO 0011.000/12, 2013).
*Valores aproximados, e estimados na produção do ano de 2012.
De acordo com os dados do cadastro da unidade familiar, o rendimento total do PA é
de R$ 90.066,00, sendo R$ 40.650,00 (45,13%) diretamente da produção, representando uma
renda média anual em torno de R$ 4.065,00. Porém, das 10 famílias cadastradas somente 06
famílias apresenta renda da produção, refletindo no baixo valor da renda anual familiar.
Em consonância com os esses dados e considerando as faixas de renda com valores
estimados citado na tabela a seguir, mostra-se a distribuição das famílias quanto à renda.
Tabela 17. Classificação social por quantitativo de família Classes sociais Baixa
(< R$3.000,00)*
Média
(>R$3.001,00 e <R$10.000,00)*
Alta
(>R$ 10.000,00)*
Nº de famílias 08 01 01
Fonte: Tabulação do Cadastro da Unidade Familiar (INCRA/EMATER, CRT. RO 0011.000/12, 2013).
*Dados estimados.
De uma maneira geral, situou-se que a classe social baixa se define em termos do nível
insuficiente de rendimento, da falta de acesso a bens e serviços, e da negação de direitos
elementares, além da própria indiferença da sociedade que tem contribuído para ampliar o
processo de exclusão social.
Retomando aos sistemas de produção, alusivo ao sistema de criação implantado no
PA, o qual está baseado nas atividades de criação de bovinos, equinos, suínos, peixes e aves.
59
No que se refere à criação de animais no Lamarquinha, destaca-se a criação extensivo
de bovino leiteiro e aves. Apresenta um total de 157 cabeças de bovino e 167,6 ha de
pastagens. Entretanto, a infraestrutura é precária em algumas propriedades, evidenciando o
baixo nível tecnológico, isso devido à falta de acesso a recursos para investimento nas
propriedades.
A piscicultura está limitada em uma propriedade, onde a venda da produção anual é
em média de 4.000kg (comercialização através de atravessador), sendo também para o
consumo familiar com uma média de 11 kg por pessoa (de acordo com a média nacional). O
sistema de produção é caracterizado como sistema extensivo, onde não há o controle dos
parâmetros físicos e químicos da água, refletindo em índices de produtividade relativamente
baixa.
O PA possui criação de aves, apresentando uma quantidade de 331 cabeças, sendo o
seu sistema de criação extensivo e voltado principalmente para o consumo familiar, sendo
comercializado o excedente da produção.
Os equinos, como único animal de serviço presente no PA, apresentam-se com 05
cabeças, enquanto o rebanho suíno se apresenta com 24 cabeças.
Os insumos mais utilizados são: sal mineral, ração para peixe, vacinas contra
brucelose, aftosa, carbúnculo e raiva.
Os produtores não fazem uso de capineiras e banco de proteínas, porém, relatam o
interesse pelo manejo de pastagens e para o melhoramento genético.
Tabela 18. Pecuária do PA Lamarquinha
Fonte: Cadastro da Unidade Familiar (INCRA/EMATER, CRT. RO 0011.000/12, 2013).
Atividades não agrícolas
Percebem-se cada vez mais no meio rural, as atividades que não estão ligadas à
agricultura, seja no comércio, no lazer ou em serviços, revelando a necessidade de se
buscar melhores condições de sobrevivência no próprio assentamento e agregação de valor
na renda familiar. É possível visualizar vários equipamentos movidos à eletricidade que
fazem parte da rotina do trabalho não agrícola, até mesmo a dona de casa no uso de
recurso moderno para compor seus empreendimentos domésticos. Uma parte da população
Discriminação Nº de famílias Quantidade (cabeça)
Bovino 06 157
Aves 09 331
Suíno 05 24
Equino 04 05
TOTAL 517
60
economicamente ativa que recebe benefícios com vencimentos mensais (bolsa família,
aposentadoria), às vezes sustentando a família inteira. Podemos citar algumas atividades
não agrícolas presentes no PA Lamarquinha: vendedor de produtos alimentícios, manicure,
pedreiro, costureira, revendedor de cosméticos e perfumes, ajudante de pedreiro,
artesanato entre outros.
Relações de trabalho e formas de ocupação da mão de obra
Sabemos do número expressivo de famílias que dispõem de terra nos Projetos de
assentamento de Reforma Agrária no Estado de Rondônia, mas que ainda são mal
assistidas pelos programas do Governo Federal. Mas já houve um avanço considerável que
devemos reconhecer que foi a criação de programas específicos para elas: Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - PRONAF e o Programa de
Assistência Técnica.
Com estes programas, os produtores passaram a usar mais sua mão de obra dentro da
propriedade, pois a capacidade de investimento está bem maior. Todavia, sabe-se que os
beneficiários do PA Lamarquinha ainda não acessaram nenhum crédito tipo PRONAF,
relativamente o grau de endividamento apresentado é de 0%.
A participação de homens, mulheres e jovens nos trabalhos domésticos e agrícolas é
normal no assentamento, não foram detectados na pesquisa trabalhos coletivos dentro do
assentamento. No PA Lamarquinha ainda existe produtores que vendem sua mão de obra, em
alguns casos até para garantir o sustento da família. Ressaltando que no PA, 100% das
famílias possuem mão de obra, trabalhando eventualmente com trocas de diárias e/ou
contratações em algumas especificidades.
5.5.1. Análise Sucinta do(s) Sistema(s) Produtivo(s)
Desde o período pioneiro da colonização de Rondônia, a cafeicultura é a lavoura
mais expressiva em área plantada. Em todos os municípios do Estado cultiva-se café Conilon,
com relação ao perfil tecnológico da cafeicultura rondoniense, admite-se que a atividade
cafeeira seja explorada em pequenas propriedades rurais, em geral de 25 a 100 hectares (ha),
abrangendo cerca de 30 mil unidades de produção, ou seja, 25% dos estabelecimentos rurais
cadastrados em Rondônia, portanto a cafeicultura representa juntamente com a pecuária
bovino leiteira, as principais fontes de renda financeira para as famílias da zona rural.
61
Considerando esses dados, cita-se o PA com potencial relevante para o cultivo do café,
tendo em vista o relato de experiência dos assentados, e a existência de lavouras vigorosas, as
quais forma devastada por queimada.
Resume-se que o sistema produtivo até o momento, é de baixo nível tecnológico e as
famílias trabalham no modelo de agricultura familiar, sendo a produção geral para consumo.
O baixo nível tecnológico também se estende à pecuária, sem investimento em genética nem
em formação e reforma de pastagem, destinada à subsistência, sendo comercializado somente
o leite resfriado. Também consta boa estrutura de piscicultura em uma das propriedades do
PA, e observa-se pré-disposição em outras parcelas para implantação dessa atividade.Salienta-
se que os investimentos serão possíveis através da linha de crédito tipo PRONAF. Ainda
possui criação de aves caipira em uma propriedade, cuja mesma, segue sistema convencional,
com a produção para autoconsumo.
As estradas no geral oferecem dificuldade de tráfego e escoamento da produção na
maior parte do ano (períodos chuvosos), ainda cita-se a falta de transporte.
O relevo e o solo do PA são favoráveis à produção necessitando de pequenas
adequações e utilização de tecnologias apropriadas (calagem, adubação e manejo do solo).
Além da intensificação do setor agropecuário em geral, a disponibilidade de energia
elétrica potencializa o PA, numa visão de que poderia ser trabalhada (processada) via
implantação de pequenas agroindústrias, agregando valor à matéria prima.
De modo geral, foi diagnosticado que os beneficiários do PA Lamarquinha utilizam
agrotóxicos, principalmente herbicidas, normalmente nas áreas de pastagens para controle de
ervas daninhas, e a situação mais crítica é que os mesmos não fazem uso de equipamentos de
proteção individual (EPI), apenas usam bota de borracha ou botina, ficando desprotegidos,
principalmente as vias respiratórias e demais mucosas, contra este tipo de pesticida. Ainda foi
identificado que a devolução das embalagens não é entregue em seu total ao posto de
recolhimento, tendo destinos inapropriados.
Com o contrato entre INCRA/EMATER (CRT. RO 11.000/2012), o PA passa a ter
atendimento de assistência técnica, envolvendo o setor produtivo, ambiental e social, e
associado à participação em conjunto dos atores principais (assentados), e parcerias,
possibilitará grande avanço na economia do PA.
62
5.6. Serviços de Apoio à Produção
5.6.1. Assistência Técnica e Pesquisa
O projeto de assentamento Lamarquinha é atendido pelos serviços de ATER
(Assistência Técnica do INCRA) desde o mês de janeiro de 2013, e até o presente momento, a
assistência técnica, atualmente é executada pela EMATER/Ariquemes.
Entende-se que a assistência técnica, neste caso, é um elemento de transformação ou
de manutenção da situação do empreendimento agrícola, dependendo da metodologia
utilizada no desenvolvimento de uma proposta de trabalho junto aos assentados. A equipe de
que presta assistência técnica é composta por profissionais multidisciplinares (01 Engenheiro
Agrônomo, 02 Técnicos em Agropecuária e 01 Enfermeira) que atua, principalmente, visando
melhorias das técnicas produtivas e na capacitação profissional junto aos assentados.
A transferência de tecnologia está sendo feita através de visitas nas propriedades,
palestras, reuniões, cursos de capacitação entre outras metodologias. Estas atividades são
realizadas buscando o desenvolvimento sustentável do Projeto de Assentamento, utilizando
tecnologias racionais e organizadas, para que os produtores familiares possam se capitalizar,
elevar sua renda, enfatizando sempre a preservação do meio ambiente e a permanência do
homem no campo.
A equipe interdisciplinar de ATER atualmente vem prestando assistência técnica nas
dimensões produtiva, social e ambiental, levando em consideração a demanda do PA.
Além dos serviços prestados pela equipe de ATER, em concordância com a Política
Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER) e o Programa Nacional de
Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária
(PRONATER), podemos citar:
CEPLAC - É um órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA),
que atua no Estado de Rondônia, e sua missão é promover a competitividade e
sustentabilidade dos segmentos agropecuários, agroflorestal e agroindustrial das regiões
produtoras de cacau.
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, responsável pelo setor de
Pesquisa e Difusão de Tecnologias a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA) é uma instituição pública brasileira, vinculada ao MAPA, cujos objetivos são a
63
produção de conhecimento científico e desenvolvimento de técnicas de produção para a
agricultura e a pecuária brasileira. Tem a missão viabilizar soluções de pesquisa,
desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade da agricultura em benefício da sociedade
brasileira.
Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia – IDARON tem a
função de fiscalizar a vacinação contra febre aftosa e brucelose, no intuito de manter o
rebanho bovino livre de doenças, também, realiza o controle de trânsito dos animais e
fiscaliza os estabelecimentos de abate, para que os animais não sejam transportados sem a
Guia de Trânsito Animal (GTA), garantindo aos consumidores, os produtos de origem animal
dentro das normas de qualidades estabelecidas mundialmente. Opera a inspeção sanitária de
produtos e subprodutos de origem animal, como também na inspeção e classificação de
produtos de origem vegetal. Atua na fiscalização e controle de trânsito de material vegetal.
Fiscaliza e controla os produtos agrotóxicos, sua comercialização e uso, bem como o destino
final das embalagens vazias, garantindo maior segurança alimentar para a sociedade e
conservação do meio ambiente.
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, é uma Autarquia Federal
com a missão prioritária de realizar a reforma agrária, manter o cadastro nacional de imóveis
rurais e administrar as terras públicas da União. Nos últimos anos, o INCRA-RO incorporou
entre suas prioridades a implantação de um modelo de assentamento com a concepção de
desenvolvimento sustentável. O objetivo é implantar modelos compatíveis com as
potencialidades e biomas de cada região do País e fomentar a integração espacial dos projetos.
Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental de Rondônia – SEDAM desenvolve
trabalhos voltados à conscientização ambiental, através de programas e ações educativas
voltadas para a resolução de problemas ambientais, tendo como princípio fundamental o
desenvolvimento sustentável. É uma parceria importante no desenvolvimento do trabalho que
está sendo desenvolvido junto aos assentados no programa Ater, ajudando na conscientização
ambiental. Além de ser o órgão responsável pelo licenciamento ambiental.
Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Regularização Fundiária – SEAGRI –
RO, dentre as suas competências está à participação da formulação e implementação das
políticas e diretrizes para o desenvolvimento agropecuário, pesqueiro, florestal, agroindustrial
e de ordenamento territorial do Estado, coordenando, acompanhando e monitorando a
64
execução dos projetos, promovendo as atividades de assistência técnica e extensão rural,
desenvolvendo a agroindústria familiar, atuando com programas como: PAA - Programa de
Aquisição de Alimentos, PNAE - Programa Nacional de Alimentação Escolar; PROMEG -
Programa de Melhoramento Genético; entre outros.
Secretaria Municipal de Agricultura, Indústria e Comércio – SEMAGRIC atua dando
apoio aos agricultores através da realização de cursos de capacitações, suporte dos
agricultores na comercialização e emissão de nota do produtor.
Secretaria Municipal de Obras possui máquinas para manutenção das estradas, entre
caminhões caçambas, patrolas, pá carregadeiras e retro escavadeiras.
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais tem a função de atuação em favor do
produtor rural buscando todos os benefícios disponíveis no município.
Fundação Nacional de Saúde – FUNASA, órgão do Ministério da Saúde do Governo
Federal, que detém a mais antiga e contínua experiência em ações de engenharia de saúde
pública no País. Ela direciona as ações de saneamento para as comunidades cujos indicadores
de saúde denotam a presença de enfermidades causadas pela falta e/ou da inadequação de
saneamento. Atua arduamente na prevenção e controle de doenças epidemiológicas como a
malária e a dengue.
Secretaria de Municipal de Desenvolvimento e Ação Social , representa grande
importância através de seus programas: A Secretaria tem, como atribuições, a organização da
rede de atendimento, execução de programas e projetos desenvolvidos pela prefeitura,
coordenação e implementação de um sistema de supervisão, acompanhamento e avaliação das
ações e da prestação de contas da rede pública e privada da assistência social no município,
bem como a definição da relação com as entidades prestadoras de serviços e dos instrumentos
legais a serem utilizados. Competem ainda à Secretaria as ações político administrativas com
relação às esferas estaduais e federais, o apoio às atividades relacionadas a ações
comunitárias, atuar na orientação e recuperação social e integrar-se aos projetos sociais de
outras políticas públicas, que visem o desenvolvimento e o atendimento à população usuária.
65
5.6.2. Crédito
Os assentados ainda não tiveram acesso a nenhuma linha de crédito destinado a
produção agropecuária. De acordo com dados coletados durante as oficinas participativas para
a construção deste diagnóstico, foi constatado o interesse em acessar principalmente o
PRONAF A, porém o impedimento para que venham ter esse acesso está na falta de
demarcação do PA, a qual possibilita o produtor adquirir as peças técnicas necessárias para
subsidiar o projeto de crédito.
O governo Federal por meio do Ministério do Desenvolvimento Agrárioo - MDA e do
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, disponibiliza o Crédito Rural
do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), que destina-se
ao apoio financeiro das atividades agropecuárias e não-agropecuárias exploradas mediante
emprego direto da força de trabalho da família produtora rural. Entendendo-se por atividades
não agropecuárias os serviços relacionados com turismo rural, produção artesanal,
agronegócio familiar e outras prestações de serviços no meio rural, que sejam compatíveis
com a natureza da exploração rural e com o melhor emprego da mão de obra familiar. No
quadro 05, podemos visualizar resumidamente os limites e taxa efetiva de juros específicos de
cada linha ou modalidade de crédito no âmbito do PRONAF.
66
Quadro 05. Resumo do crédito Pronaf 2013/2014
Fonte: Banco central do Brasil, 2013.
No caso da Reforma Agrária, são beneficiários do Pronaf Grupo "A" os agricultores
familiares assentados pelo Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA) e que comprovem
seu enquadramento mediante apresentação da "Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP)", de
acordo com o Manual do Crédito Rural (MCR).
Além dos créditos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar –
PRONAF, voltados à questão da produção, O INCRA disponibiliza aos assentados o Crédito
Instalação que consiste no provimento de recursos financeiros sob a forma de concessão de
crédito, aos beneficiários da Reforma Agrária, visando assegurar aos mesmos os meios
necessários para instalação e desenvolvimento inicial e/ou recuperação dos projetos do
Programa Nacional de Reforma Agrária disponibilizado nas seguintes modalidades: Apoio
Inicial, Fomento, Reabilitação de Crédito Produção, Apoio Mulher e Adicional Fomento.
No PA Lamarquinha, o crédito apoio inicial já foi acessado, como também o de
aquisição de material para construção, onde as moradias encontram-se em fase de finalização.
E Conforme trabalhos desenvolvidos pela equipe técnica, já foi repassado os procedimentos
67
para processos legais para adesão dos demais créditos instalação, disponibilizados pelo
INCRA, dependendo somente dos procedimentos burocráticos e conforme normativa.
5.6.3. Capacitação Profissional
Os serviços de capacitação profissional no município de Rio Crespo pouco têm
atendido os moradores do PA Lamarquinha, podendo ser até por falta de solicitação.
Geralmente acontecem através da EMATER, SEMAGRIC, SENAR, PRONATEC e Ação
social e na sua maioria, a localidade de realização é na sede municipal, dificultando para
agricultores devido à distância e locomoção. Além disso, os cursos e capacitações se
restringem mais para o público urbano. A entidade que está com maior frequência presente na
área rural é a EMATER-RO local. Sabe-se que, a partir de agora, as solicitações já nos
primeiros contatos, a equipe de ATER/INCRA estará atuando e desenvolvendo trabalhos,
porém considerando sempre que os assentados possuem conhecimento popular baseado na
experiência de plantações adequadas, tempo para plantio, variações de preço de mercado entre
outros. Isto exige uma nova postura institucional e de novo profissionalismo, que respeite os
diferentes saberes, contribuindo para melhorar os patamares de sustentabilidade, e ao mesmo
tempo estimular a produção e comercialização.
A EMATER/RO, através da equipe de ATER/INCRA, vem assistindo aos assentados
com oficinas, palestras, visitas, reuniões, mutirão para demonstração de método, e ainda segue
um planejamento anual com outras metodologias a serem desenvolvidas, cujo planejamento
foi previamente aprovado pelo INCRA e submetido à apreciação dos próprios moradores do
PA Lamarquinha.
Os produtores foram contemplados por reuniões, mutirão e orientações através de
visitas técnicas, tais como: manejo do gado leiteiro, vacinação bovina e controle de endemias,
ordenha e controle da mastite, piscicultura, documentações pessoais (incluindo nota do
produtor) e do lote, práticas agroecológicas, conservação de solos, comercialização,
olericultura, entre outros assuntos que certamente serão trabalhados. As parcerias ainda são
mínimas, porém com a assistência técnica do INCRA no PA, consequentemente aumentará e
serão de extrema importância para o desenvolvimento de trabalhos relacionados à capacitação
dos agricultores do PA Lamarquinha.
Atualmente os produtores já reconhecem a necessidade de participar das capacitações
profissionais, para aumentar o nível tecnológico da localidade e se tornar mais competitivo no
68
mercado, acerca de 78% dos produtores e seus familiares tem o interesse de fazer algum curso
ou capacitação, em sua maioria visa o processamento da produção. Dentre as dez (10)
famílias cadastradas, 60% relataram nunca ter participado de alguma capacitação, e os 40%
que já participou, destacam-se as capacitações em área não agrícola.
5.7. Serviços Sociais Básicos
5.7.1. Educação
No PA Lamarquinha não existe nenhuma escola, sendo o ensino oferecido na sede do
Município. No entanto, os moradores do PA contam com o transporte público escolar
disponível somente para o período vespertino.
Conforme tabela 19, observa-se o número de habitantes do PA e sua escolaridade por
faixa etária.
Tabela 19. Grau de escolaridade por faixa etária de idade dos habitantes do PA
Escolaridade
Faixa etária
(idade)
Não
alfabetizado
Educação
infantil
Ensino
fundamental
Ensino
médio
Ensino
superior Total
Até 6 2
2
7 a 10
3
3
11 a 14
0
15 a 17
2
2
18 a 24
1 1
2
25 a 40
8
8
+ de 40 11 1 12
Total 2 0 25 2 0 Fonte: Cadastro da Unidade Familiar (INCRA/EMATER, CRT.RO 0011.000/12, 2013).
Percebe-se que o número de pessoas não alfabetizadas está 100% relacionado à idade
escolar. Ainda, em análise aos dados da tabela, observa-se que a população do PA
Lamarquinha possui grau de escolaridade em destaque no ensino fundamental (86,2%), sendo
apenas 6,90% (2) dessa população no ensino médio. Além disso, conforme os dados coletados
no local, somente as pessoas da faixa de idade abaixo de 25 anos estão ativos nos seus
estudos.
69
5.7.2. Saúde e Saneamento
A estrutura de saúde no PA é deficiente, não existindo posto de saúde, sendo que o
atendimento médico e ambulatorial é feito na cidade mais próxima (Rio Crespo). Onde são
estruturadas para baixa e média complexidade. Referente à Atenção Básica, a equipe de
Estratégia da Família atua seguindo protocolos do Sistema único de Saúde SUS e atribuições
de cada profissional envolvido, ainda conforme realidade da comunidade.
Nos casos mais graves e complicados de saúde os assentados procuram atendimento
médico no Hospital Regional de Ariquemes e/ou hospitais de Porto Velho, os quais são
transportados por veículo público, terceiros e/ou próprios dependendo da demanda e
agendamento. Em relação aos medicamentos, o município fornece os que estão de acordo com
o protocolo do SUS e MS. Vale ressaltar que não existe agente de saúde que atenda o
assentamento, a presença do agente de saúde poderia auxiliar nos casos mais comuns e no
agendamento de consultas no município. Os casos mais frequentes de complicações de saúde
são: malaria, dengue, doenças respiratórias, anemia, verminose, diabetes e hipertensão.
As vacinações são realizadas nos posto e unidade de saúde de Rio Crespo e, nos casos
de campanhas, são realizadas na comunidade ou nas proximidades da mesma. Segundo relato
dos habitantes do PA, a Agente Comunitário de Saúde (ACS) de suporte realiza divulgação de
campanhas e eventualmente de eventos relacionados à saúde.
Conforme citado anteriormente que a área faz parte do território que abrange à região
de Ariquemes, teoricamente os atendimentos de urgência e emergência se dá através do
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192), instalado na sede municipal de
Ariquemes. Porém devido à distância e conforme for a enfermidade, acidentes e outros, o
atendimento prestado a população do PA é fornecido pelos próprios moradores da
comunidade ou vizinhos. Onde, se necessário são transportados em veículo particular para
atendimento em estabelecimento de saúde de Rio Crespo.
Em relação ao saneamento básico, apesar do município possuir um serviço básico com
manejo de águas pluviais, manejo de resíduos sólidos e rede de distribuição de água
parcialmente tratada, o que ficou configurado como resultado do auto diagnóstico é que não
há saneamento básico no PA. Vale salientar que não existe rede de esgoto, e a maior parte dos
banheiros são do tipo “mictório”. Todavia, a maioria das famílias entrevistadas afirmou
realizar tratamento da água para consumo, sendo este tratamento através de fervura e
hipoclorito.
70
A água é uma das maiores fontes de proliferação de microorganismos. No PA
Lamarquinha, há uma predominância no uso de hipoclorito de sódio como tratamento da
água, entretanto em algumas situações não procede como o melhor recurso, isso porque
alguns agricultores não sabem a dosagem certa a ser utilizada para que tenha eficácia.
O lixo seco produzido dentro do PA é 100% queimado, o que contribui no
desenvolvimento de doenças do aparelho respiratório, e o orgânico na sua maioria são
descartados, exceto em alguns casos é utilizado como alimento para animais. O destino do
lixo é um fator preocupante tanto na área social de saúde, quanto na área ambiental, pois a
situação vai mais além, as embalagens tóxicas estão presentes no meio do lixo ou descartadas
em lugares inadequados.
No PA Lamarquinha, dentre as famílias cadastradas (ATER/ INCRA, 2013), não
existe portadores de necessidades especiais, porém uma pessoa recebe auxílio doença, três
pessoas fazem tratamento específico de saúde, onde também consta histórico e incidência de
alterações e patologias gastrointestinais, circulatório, cardíaco, hipertensão, malária,
leptospirose, diabetes, hipertireoidismo entre outras não especificadas.
5.7.3. Lazer
No assentamento não se tem muita opção de lazer devido seu tamanho e idade de
fundação, a organização social não tem um espaço físico delimitado no projeto PA para que
construa áreas de lazer aberta a comunidade, a opção de lazer levantada nas oficinas é o
boteco e um campo pouco estruturado defronte ao PA, às vezes se reúnem em casa de
vizinhos para assistir televisão, papear ou em outras situações realizam festas comemorativas.
Em sua maioria procuram lazer individualmente e fora do PA.
5.7.4. Cultura
Com relação à cultura, são raras as práticas adotadas no PA. Esporadicamente
acontecem festas religiosas e ou comemorativas, como também festas de aniversário dos
moradores. Segundo dados do cadastramento realizado pela equipe de ATER/INCRA,
somente 50% da população do PA participa de eventos culturais e religiosos. Cita-se 30% dos
que relatam participar de eventos culturais e 80% em eventos religiosos.
71
5.7.5. Habitação
Com o objetivo de suprir as necessidades básicas, fortalecer as atividades produtivas,
desenvolver os projetos, auxiliar na construção de suas unidades habitacionais, o Incra oferece
aos assentados das famílias dos projetos de assentamento, o crédito Instalação que é
concedido em várias modalidades, dentre elas estava a aquisição de materiais para construção
das casas e aquisição de materiais para a reforma. Esse crédito hoje, conforme portaria
interministerial MC/MP/MDA nº 78 de 8 de fevereiro 2013, onde resolve que ficam incluídos
os agricultores familiares assentados, beneficiários do Programa Nacional de Reforma Agrária
(PNRA), entre os possíveis beneficiários do Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR),
integrante do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), embora com algumas
competências do Incra e responsáveis pela priorização, o crédito será aplicado através de
agentes financeiros e entidades organizadoras.
De acordo com as informações obtidas, 60% do PA já acessou o crédito para aquisição
de material de construção, ficando de fora do processo do crédito instalação aqueles que têm
algum impedimento no seu cadastro nos dados do Sistema de Informações dos Projetos de
Assentamento (SIPRA). Algumas construções ainda estão em andamento. Como tipo de
moradia a ser construída, os moradores que acessaram o crédito adotou em 100% de
alvenaria, onde houve investimento próprio para complemento da obra.
5.8. Análise das Limitações, Potencialidades e Condicionantes
Os Problemas e Potencialidades foram identificados durante o autodiagnóstico
desenvolvidos nas oficinas, com a moderação da equipe de ATER e como fundamental
participação pelos próprios assentados, divididos em grupos e trabalhando as dimensões
direcionando-as às questões de saúde, educação, organização social, produção, infraestrutura
e meio ambiente.
As limitações variam conforme o nível de manejo do solo, bem como florestal, e
também conforme o contexto socioeconômico local, assim, diante dos recursos escassos e
com limitações intrínsecas relativas à união e convivência coletiva, prevê-se que a
criatividade será a solução, vivenciando a idéia de que não existe ambiente ruim, há apenas
usos inapropriados.
72
Contudo, os desafios persistem e indicam a necessidade de articulação de estratégias
de acesso aos níveis de atenção, de forma a garantir o princípio da integralidade, assim como
a necessidade permanente de ajuste das ações e serviços locais, visando à apreensão ampliada
das necessidades da população e à superação das iniquidades entre as regiões.
Segue abaixo a relação de problemas e potencialidades sugeridos pelas famílias rurais
durante o processo de autodiagnóstico do PA Lamarquinha, nas suas respectivas dimensões
(produtiva, infraestrutura, ambiental e social):
Problemas da dimensão produtiva:
1. Falta de correção no solo (adubo/calcário);
2. Falta de transporte para comercialização;
3. Falta de análise do solo;
4. Cigarrinha nas pastagens;
5. Broca na bananeira;
6. Fungos e pragas nas lavouras.
Potencialidades da dimensão produtiva:
1. Solo plano;
2. Produção de cacau, café, urucum, banana, cana-de-açúcar;
3. Produção de milho, feijão, melancia, mandioca;
4. Pastagem;
5. Gado leiteiro, porcos, galinha;
6. Piscicultura.
Problemas da dimensão de infraestrutura:
1. Falta continuidade da estrada até o asfalto de Cujubim (BR 364);
2. Falta melhoria na energia;
3. Falta escola;
4. Falta posto de saúde e atendimento à saúde;
5. Falta barracão para associação;
6. Falta ônibus da linha e falha no ônibus escolar;
7. Estradas mal conservadas;
8. Falta moradia.
Potencialidades da dimensão de infraestrutura:
73
Obs.: Nessa dimensão, não foi citado nenhuma potencialidade do PA, mesmo após várias
ressalvas sobre o assunto realizadas pelos moderadores presentes na ocasião.
Problemas da dimensão ambiental:
1. Falta reserva individual, pois era fazenda e foi mal distribuída;
2. Falta de legalização de piscicultura;
3. Falta de recolhimento das embalagens tóxicas;
4. Falta de recolhimento do lixo;
5. Falta licença ambiental da propriedade;
6. Pouca orientação por parte dos órgãos;
7. Falta de capacitação.
Potencialidades da dimensão ambiental.
1. Água em quase todos os lotes;
2. Potencial para piscicultura;
3. Agroecologia;
4. Extrativismo babaçu e castanha.
Problemas da dimensão social:
1. Falta atendimento à saúde (médico);
2. Falta escola;
3. Falta área de lazer;
4. Falta de área de lazer (quadra, campo de futebol iluminado);
5. Falta documentação do lote;
6. Falta curso de máquinas agrícolas;
7. Falta cursos de culinária, artesanato e aproveitamento da produção do PA;
8. Falta academia ao ar livre;
9. Falta de comunicação (telefone);
10. Falta igreja católica;
11. Falta educação para adultos;
12. Falta ambulância.
Potencialidades da dimensão social:
1. Agente Comunitário de Saúde (ACS);
2. Estrada;
3. Organização;
74
4. Igreja;
5. Educação, escola do Município.
Análise conclusiva
Com o intuito de que todas as ações planejadas sejam viabilizadas, é imprescindível
que os órgãos e entidades que representam e atuam nos assentamentos tenham participação
total, de modo eficaz e efetivo nos conselhos ou comitês federais, estaduais e municipais, com
lideranças fortes e capazes juntos aos órgãos competentes.
Quanto às limitações à execução do presente PDA, pode-se considerar os problemas
relacionados com os setores de saúde, educação, infraestrutura, transporte coletivo e escolar,
comunicação, tecnologia, burocracia pública, treinamento e capacitação, comercialização e
verticalização da produção.
Em relação às potencialidades, merecem destaque as propostas que são factíveis, as
quais dependem apenas do esforço e empenho da própria comunidade.
6. PLANO DE AÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO
PROJETO DE ASSENTAMENTO LAMARQUINHA
6.1. Apresentação
Plano de Desenvolvimento do Projeto de Assentamento Lamarquinha com a
participação do Programa de Assistência Técnica do INCRA dará direção às atividades
propostas para o período, interligando as dimensões produtiva, social e ambiental. Esse plano
foi construído coletivamente através de oficinas, as quais envolveram agricultores e familiares
do PA. E no momento oportuno os agricultores (as), assistidos pela equipe de ATER/INCRA
apresentarão este plano aos órgãos e entidades governamentais e não governamentais para que
os objetivos e diretrizes do mesmo, torne-se real.
O plano de ação deve estar apoiado numa análise ampla e interdisciplinar que articule
as distintas dimensões da realidade e devem envolver os diferentes atores, desde os níveis
governamentais até a comunidade organizada em torno de perspectivas na busca de soluções
criativas. A relevância do documento repousa principalmente no acúmulo de discussões
através das quais, podem-se levantar os desafios, necessidades e expectativas da realidade do
PA Lamarquinha. Com base no autodiagnóstico foram estruturadas as políticas públicas e as
75
estratégias para promover ações de proteção, recuperação e ampliação das necessidades,
visando ao desenvolvimento sustentável no âmbito local, regional e nacional.
Espera-se que os programas constantes do documento sirvam como articulação à
demanda entre os agricultores e agricultoras do PA e os parceiros representantes da sociedade,
promovendo a sustentabilidade e oportunizando a participação direta dos atores envolvidos no
processo, promovendo o direito ao exercício da cidadania.
A palavra “desenvolver” possui diversos conceitos; crescer, progredir, avançar... a que
se considerou mais adequada para o momento é o verbo transitivo “envolver” acrescido do
prefixo “des”, ou seja, desenvolver exprime retirar do invólucro, desembrulhar, que também
significa perder a timidez e o acanhamento. Foi constatado nas visitas e reuniões realizadas,
que os moradores do PA apresentam capacidade e disposição para mudanças, necessitando
apenas de algum estímulo que desperte suas potencialidades e o envolvimento no contexto
demográfico.
O conjunto de ações a serem planejadas, dentro dos futuros projetos pelos diversos
segmentos responsáveis pelo desenvolvimento sustentável do PA, deverá ser pautado nos
programas e subprogramas contidos neste plano.
6.2. Objetivos e Diretrizes Gerais
Os objetivos e as diretrizes gerais do plano de ação estão em conformidade com as
necessidades levantadas no diagnóstico e realidade do PA. Onde são elencados os aspectos
econômico, social, cultural e ambiental, bem como, foram considerados outros aspectos mais
específicos e concretos da vida local como: organização territorial, sistemas produtivos,
infraestrutura, os serviços social básico, e meio ambiente.
Em consideração ao modelo de organização espacial existente, pretende-se:
● Contribuir para a melhoria da qualidade do meio rural do PA Lamarquinha, tendo como
foco o fortalecimento da agricultura familiar, estimular a produção de alimentos
regionalmente adaptados, buscando a diversificação da produção, bem como adequando os
produtos às exigências dos consumidores, visando alcançar a segurança alimentar e
nutricional da população;
● Estimular e apoiar o desenvolvimento rural, através de ações de caráter educativo,
executadas conjuntamente com entidades parceiras públicas e privadas, com vistas à execução
76
e implementação da ATER, voltados para a saúde, educação, nutrição, fomento, agroindústria,
armazenagem, comercialização e meio ambiente;
● Inserir políticas públicas e agrícolas das esferas Federal, Estadual e Municipal;
● Adotar o planejamento das ações com base na área territorial, sempre considerando
aspectos gerais: econômicos, sociais, ambientais, culturais;
● Apoiar os agricultores e familiares na educação continuada com iniciativas para ações
criativas e inovadoras;
● Potencializar processos de inclusão social e de fortalecimento da cidadania, levando em
consideração os aspectos éticos, étnicos, culturais, sociais, econômicos, políticos e
ambientais;
● Estimular a utilização de tecnologias apropriadas e o aproveitamento dos recursos naturais,
com base no zoneamento socioeconômico e ecológico do Estado;
● Elaborar estudos estratégicos que visem agregar valores à produção e favoreça maior
eficácia produtiva, gerando renda por intermédio de organizações;
● Contribuir nos processos de organização social rural e de capacitação de produtores, de
jovens e de mulheres rurais;
● Informar a sociedade num contexto geral sobre o Programa de Assistência Técnica do
INCRA, executado pela EMATER-RO, intensificando e ampliando a comunicação social, a
fim de criar uma imagem positiva das instituições, sobretudo demonstrar a possibilidade de
trabalho e desenvolvimento.
6.2.1. Organização Espacial
O conhecimento e análise da organização espacial são fundamentais quando se
pretende evoluir um planejamento participativo, pois denotam características variáveis e
distintas nos níveis social, cultural e econômico no decorrer dos tempos. O assentamento
como um todo, deverá ter uma visão de futuro, com a organização espacial da propriedade
dentro dos conceitos da produção ambientalmente sustentável.
O cadastro realizado pela equipe de ATER juntamente com os beneficiários do PA,
nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2013, identificou o total de 15 famílias que
possuem parcelas no PA, visto que uma delas não possui moradia e outras quatro estão em
situações diversas (são ex-beneficiários e/ou o lote não possui nenhum registro de beneficiário
anterior), sendo assim, cadastradas somente 10. Das famílias identificadas, apenas nove
77
residem e exploram a parcela diretamente, entre assentados e ocupantes. Não existe
aglomeração no PA Lamarquinha.
Sabendo-se que o assentamento ainda não é demarcado pelo INCRA, deste modo, essa
informação é de suma importância para que possamos conhecer e identificar as propriedades.
Como também, é necessária a fiscalização do PA que é de competência do INCRA para
regularização das parcelas que são exploradas por ocupantes não regularizados.
Na infraestrutura, a abertura e recuperação de estradas e pontes do PA Lamarquinha
aparece como um dos problemas mais demandando pelo assentamento, certos que as vias de
acesso têm influência direta na situação econômica, social e ambiental. A proposta de
recuperação e abertura de estradas apresenta-se da seguinte maneira: patrolar e cascalhar a
linha C100. Construir bueiros e pontes na quilometragem do perímetro do PA. Abertura da
linha que passa no PA, ligando a Estrada de acesso ao município de Cujubim.
Melhoramento na rede elétrica, sendo necessário o acompanhamento da empresa
responsável pela distribuição, certificando a instalação de energia e sua qualidade para todas
as famílias.
A falta de transporte coletivo em algumas linhas é um problema muito sentido pelos
agricultores do PA, sendo que em sua maioria, está relaciona à ausência de condições das
estradas e pontes, impossibilitando o tráfego e o número diminuído de habitantes na linha. É
necessário que a empresa responsável pelo transporte coletivo da região passe a atuar na área
do PA. Passar duas vezes por semana, liberando para o transporte de mercadorias.
As condições dos ônibus escolares são precárias, falta janelas, cadeiras suficientes e
cinto de segurança. Providenciar ônibus climatizados, pois o calor excessivo gera estresse, e
na poeira os alunos chegam sujos na escola. O ônibus deve ter os devidos equipamentos de
segurança como cinto de segurança e extintores para combate a incêndios.
A implementação de plano e/ou programa que atenda a área na demanda por
mecanização das parcelas, principalmente quando se trata de destoca e calcafem foi uma das
propostas do PA.
O PA Lamarquinha foi beneficiado com a aquisição de materiais para construção de
casa no ano de 2012, e atualmente encontra-se em fase de conclusão da aplicação desse
crédito. Porém ainda algumas famílias do assentamento que não foram beneficiadas, por
diversas situações. Conforme informações cedidas pelos beneficiários, os que não tiveram
acesso ao crédito encontrava-se com alguma pendência ou não eram cadastrados no SIPRA
(num total de oito famílias, sendo uma com pendência e sete sem cadastro), que na ocasião
impediu o acesso ao recurso.
78
6.2.2. Serviços e Direitos Sociais Básicos
Os direitos sociais são aqueles que têm por objetivo garantir aos indivíduos condições
materiais tidas como imprescindíveis para o pleno gozo dos seus direitos, por isso tendem a
exigir do Estado uma intervenção na ordem social que assegure os critérios de justiça
distributiva, assim diferentemente dos direitos a liberdade, se realizam por meio de atuação
estatal com a finalidade de diminuir as desigualdades sociais, por isso tendem a possuir um
custo excessivamente alto e a se realizar em longo prazo.
A implementação dos direitos sociais, muitos estudiosos da atualidade como
sociólogo, filósofos e juristas vem estudando a denominada interpretação constitucional
evoluindo que propugna pela a alteração do texto constitucional não em seu, texto, mas na
compreensão dos seus significados e na progressiva concretização de seus princípios
norteadores, a partir de uma compreensão sistemática e axiológica.
A partir destas premissas concluímos que é necessário dimensionar tamanhas
necessidades que o Estado, bem como todos os entes da nossa sociedade e das diversas
instituições publica e privadas, devem promover a implementação da gravidade que é os
direitos sociais frente à dignidade da pessoa humana. Ressaltamos em tempo, que tais
argumentos devem ser tomados como fundamentos para as nossas decisões sociais frente a
nossa atual sociedade e das instituições, entre elas o poder judiciário, o reconhecimento dos
direitos sociais fundamentais previstos no artigo 6º da nossa Constituição Federal de 1988.
A Assistência Social é parte integrante da seguridade social, que tem como sujeito da
ação os segmentos populacionais excluídos e vulnerabilizados por condições próprias do ciclo
de vida, de desvantagem pessoal e de situações circunstanciais. A Assistência Social envolve
uma relação de Estado organizado com a sociedade organizada, exige linhas de ação coletiva
não podendo ser um ato tópico, eventual. Tem que ser previsível, sistemática e continuada.
A Lei Orgânica 8.080/90 do SUS prevê a saúde como um direito fundamental do ser
humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. O
dever do Estado de garantir a saúde consiste na reformulação e execução de políticas
econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos. O dever
do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade.
A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação,
a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o
transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais.
79
Agente da SUCAM:
Na reforma sanitária que deu origem ao SUS, acabaram com a SUCAM e passaram o
controle das endemias para as prefeituras. Os agentes de endemias municipais substituíram —
ou deveriam substituir — os agentes da SUCAM. Mas, inversamente à quantidade de dinheiro
que os municípios passaram a receber, a municipalização da saúde não deu resultado.
Os agricultores sentem a consequência ainda hoje vivenciada pelas endemias de
malária e dengue na região, e lamentam a falta do profissional no campo.
A proposta obtida no plano é de que em parceria com a prefeitura e Secretaria
Municipal de Saúde volte a ter a busca ativa de pacientes na zona rural para facilitar
diagnóstico e acompanhar o tratamento.
Agente Comunitário de Saúde:
A falta de atendimento do agente comunitário de saúde no PA Lamarquinha tem
intrigado a maior parte das famílias. Vários são os fatores apontados como causa do não
atendimento de assistência à saúde mensal, o que é previsto pelo Programa dos Agentes
Comunitários de Saúde (PACS).
A sugestão do plano é de que os agricultores identifiquem as problemáticas,
solicitando uma fiscalização junto a Secretaria Municipal de Saúde de Rio Crespo para a
devida providência.
Saúde bucal:
A população do PA não recebe atendimento de saúde bucal. Não há consultório
odontológico específico para o atendimento da população rural. A equipe de ATER pretende
promover a atenção em saúde bucal com eventos, palestras e demonstração de técnicas de
escovação correta, passamento de fio dental e distribuição de kit’s de higiene bucal fornecidos
pelo programa Brasil Sorridente do Ministério da Saúde.
Ambulância com implementação da assistência à saúde:
A falta de Unidade Básica de Saúde (UBS), comumente com o atendimento médico e
de enfermagem e a dificuldade encontrada para agendamento de consultas de rotina, citado
como grande problema. A proposta é providenciar uma ambulância para o PA, solicitando
também a contratação de profissionais aptos a prestar primeiros socorros, visto a ambulância
80
como alternativa para o transporte de usuários conforme necessidade ou fato acometido da
comunidade.
Saneamento Básico:
Construir fossas sépticas nas casas cujos dejetos sanitários são jogados a céu aberto ou
fossa negra e instalação e encanamento de água. A aplicação em andamento do “crédito
habitação” resolverá em parte a questão das fossas sépticas, e outra alternativa seria o acesso a
crédito (PRONAF), investindo em infraestrutura que propicia a saúde e bem estar. Em
complemento, a equipe de ATER/INCRA trabalha na forma a orientar e mobilizar os
agricultores para implantação de métodos que viabilize a higiene e limpeza para garantia de
saúde física, social e mental.
Educação:
A educação de jovens e adultos é uma demanda do PA Lamarquinha, que atualmente
não oferece qualquer tipo de ensino dentro do assentamento, nem nas proximidades, tendo
apenas ensino escolar no município de Rio Crespo. Em vista aos programas governamentais
disponibilizados, busca providenciar estrutura e implantar aulas noturnas no PA, ou através de
ensino por temporada.
Cultura e Lazer:
O PA Lamarquinha possui uma característica cultural que é típica do Estado de
Rondônia, com forte miscigenação de pessoas oriundas de todas as regiões do país. O PA
apresenta carência de locais e atividades de cultura e lazer, o que causa certo desconforto
principalmente nos jovens, sendo também um dos motivos para o êxodo rural. Este é um
desafio que impulsiona a assistência técnica do INCRA, a buscar medidas que tragam de volta
as práticas já exercidas. E como sugestão, estimular e promover festas típicas do Folclore
Brasileiro, dentre elas o São João é a mais bem representada. O plano também visa às datas
comemorativas como páscoa, dias das mães, dia dos pais, dia das crianças, dia da árvore,
Independência do Brasil e Natal, como opções para proporcionar o lazer a e cultura no
assentamento.
81
6.2.3. Sistemas produtivos
A pecuária leiteira é uma das principais atividades econômicas desenvolvidas no PA
Lamarquinha e o uso de pastagens como base da alimentação do rebanho proporciona redução
nos custos de produção. No entanto, foi diagnosticado pelos produtores que um grande
entrave a produção do leite é a estacionalidade da produção forrageira, bem como o intenso
ataque de cigarrinha das pastagens, e também a degradação das pastagens, reduzindo a
produção de forragem, e consequentemente, a produção de leite.
Desse modo, técnicas de manejo, como correção e adubação de pastagens,
piquetiamento das pastagens e uso de métodos alternativos de irrigação no período de seca,
devem ser desenvolvidas para o uso mais eficiente da forragem produzida, sem prejuízos à
persistência da planta forrageira na pastagem e o desenvolvimento de modelos que permitam
a simulação de cenários diferentes, como a formação e manejo racional de capineiras, tanto de
cana-de-açúcar (Saccharum L.), quanto de capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.), o
uso de banco de proteína com espécies de leguminosas, como leucena (Leucaena
leucocephala), feijão guandu (Cajanus cajan) e mucuna preta (Mucuna aterrima), e a
conservação da forragem excedente, respeitada as técnicas adequadas para as diferentes
espécies passíveis desse processo, e ainda realizar o melhoramento genético do rebanho
através de inseminação artificial ou monta controlada, preconizando as exigências sanitárias
preventivas e se necessário de controle, alem de melhorar a qualidade das instalações de
manejo, no intuito de alcançar a eficiência global do sistema produtivo.
Quanto à criação de animais monogástricos, destacam-se a avicultura (galinhas) e
suinocultura. O sistema de criação de aves é extensivo (soltas no terreno) destinado à
produção de carne e ovos.
Referente aos Suínos, os produtores utilizam manejo e instalações rústicas (pocilgas) e
a produção é destinada ao consumo das famílias tendo como objetivo a segurança alimentar e
nutricional. Deve-se adequar as instalações e equipamentos de acordo com as exigências
sanitárias, observadas as necessidades da categoria animal, em disponibilidade ideal de
bebedouros e comedouros, arraçoamento equilibrado conforme a exigência nutricional, no
intuito de se evitar desperdício, o que onera o custo de produção.
Em se tratando da piscicultura, o PA apresenta sistema produtivo rústico e de pequena
escala, tendo em vista o grande potencial produtivo dessa atividade, considerando a
disponibilidade de água no assentamento, pode ser aproveitado ao máximo, observado o
82
equilíbrio com os aspectos ambientais do assentamento. A piscicultura deve ser regularizada
na questão de licenciamento da atividade para obter comercialização justa.
Segundo alguns estudiosos, a agricultura é computada uma grande parcela de
responsabilidade pela degradação ambiental, então, hoje se impõe a ela uma série de
restrições principalmente quanto ao crédito e a comercialização. Por outro lado, o
modelo de política agrícola adotado no Brasil ao longo dos anos contribuiu para a
formação de uma categoria de agricultores com muita dificuldade em identificar as
vantagens para si e para a sociedade de se adotar um sistema produtivo sustentável.
6.2.4. Meio ambiente
Os problemas ambientais presentes no cotidiano rural do nosso Estado, também são
pertinentes ao assentamento, apesar de que o mesmo tenha pouco tempo de exploração. Num
contexto geral, concluí-se que na época da ocupação, praticamente não houve preocupação
por parte dos governantes com o meio ambiente.
Neste contexto, o papel do agricultor foi ocupar e produzir, para garantir o direito a
terra e a sobrevivência e mesmo sem compreender, ajudaram o governo da época, alcançar
diversos objetivos que não vem ao caso aqui citá-los.
Considerando a Missão de ATER, que é participar na promoção de processos capazes
de contribuir para a construção e execução de estratégias de desenvolvimento rural
sustentável, e em concordância com os atores desse processo (assentados), as práticas a serem
adotadas pretendem promover a utilização racional dos recursos naturais, tendo em vista a sua
preservação, conservação e recuperação, por meio da disseminação de conceitos de
agroecologia, implantação de sistemas agroflorestais, recuperação de áreas degradadas, gestão
de resíduos sólidos, dentre as demais formas alternativas e que visem o bem estar dos
envolvidos, numa tentativa de amenizar os impactos ambientais, produzir alimentos de
qualidade e aumentar as rendas das famílias assentadas.
Nesse sentido, incorporar ações que abordem a educação ambiental, sob a forma de
estabelecimento de parcerias e também das ações ambientais das demais formas de favorecer
a educação ambiental utilizada pela SEDAM. Reforçando-se a ideia de que se pode produzir
mais e com maior qualidade de vida, preservar os recursos naturais, socializando pensamentos
através de atividades demonstrativas de boas práticas de adubação e controle orgânico de
83
pragas, práticas agroecológicas, com a recuperação de áreas de APP’s, dentre outras formas, a
fim de se atingir resultados mais concretos acerca do tema agroecologia.
6.2.5. Desenvolvimento Organizacional
Nos dias atuais, tem-se a organização de pessoas em torno de uma entidade formal ou
informal como de suma importância avanços e conquistas nas variadas áreas da atividade
humana, dando o merecimento que tais entidades funcionam como espaço de construções
coletivas de saberes, de prestação de serviços e de vivência.
O PA Lamarquinha não possui associações ou qualquer tipo de organização formal,
apresenta-se com um grupo informal que trabalha priorizando a pecuária leiteira. A forma de
desenvolvimento organizacional ainda não atingiu a meta desejada. Encontram a dificuldade para
implantações de estratégias visadas pelos mesmos, pois há ainda um desencontro de interesses e
falta de orientações para formalização do grupo e procedimentos a serem adotados. A estratégia a
ser utilizada será a criação da associação, sendo esta já demandada e solicitada pelos agricultores.
Acompanhamento da equipe de Ater a associação e grupo informal com oficinas e cursos
motivacionais e de gestão empreendedora.
Para a implantação do plano, foi criada uma comissão no PA envolvendo as dimensões,
social, ambiental, econômica e infraestrutura. Estas foram criadas de acordo com os assuntos
discutidos nas oficinas e voluntariamente, os quais terão a responsabilidade de acompanhar as
reuniões com as entidades parceiras do plano para resolução dos problemas.
6.2.6. Assessoria Técnica, Social e Ambiental no Acompanhamento à Implantação
do Plano
A equipe técnica de Ater está inserida na base da implantação do PDA, tendo em vista
a execução do programa. A participação dos técnicos nas negociações e discussões, acontece
de forma integrada dentro do que a sua competência técnica lhe permite, acreditando que sem
a participação ativa e integral dos beneficiários juntamente com seus familiares, que são os
maiores interessados no processo, não há possibilidade de um resultado positivo.
O objetivo principal é transformar o PA, com unidades de produção estruturadas
inseridas de forma competitiva no processo de produção, voltadas para o agronegócio da
agricultura familiar. A equipe técnica e assentados devem agir de forma integrada e
84
participativa, acreditando na trabalho de desenvolvimento dos parceiros municipal e regional,
visando a sustentabilidade, e utilizar o PDA como referência.
Para acompanhar as ações propostas, a formação de um grupo informal de
monitoramento das atividades, possibilitará a finalização e fechamento das mesmas, tendo
como referência o planejamento das ações em oficinas específicas. Para as atividades sociais
de implementação do plano, a equipe técnica atuará com ações que terão o sentido de
identificar recursos, viabilizar a formulação do projeto, acompanhar processos para melhoria
da situação ocupacional do assentamento. As atividades relacionadas a saúde serão
acompanhadas com trabalhos de educação continuada, cujas famílias rurais receberão
orientações sobre saúde sexual e reprodutiva, saúde do trabalhador rural, segurança alimentar
e nutricional, saúde bucal e saúde preventiva através da atenção primária em saúde, por meio
de atividades como: palestras, demonstrações e dias especiais.
Referente às atividades na dimensão econômica, a assistência será realizada conforme
as técnicas agroecológicas, por meio de visitas, reuniões, palestras, cursos, formular propostas
de crédito e acompanhar o processo de análise das instituições financeiras operadoras do
PRONAF até a liberação dos créditos, orientando o uso do crédito, registro das despesas e
monitoramento das ações, tendo por finalidade garantir o investimento correto dos recursos,
evitando desvios de atividades, visando manter os níveis de adimplência.
Já na área ambiental, a equipe desenvolverá esforços que estimulem trabalhos de
Educação Ambiental, em parceria com a SEDAM, promoverá visitas temáticas, subsidiará a
identificação de demanda, para apoiar o desenvolvimento de ações de reposição de áreas de
Reserva Legal, via implantação de SAF’s; promoverá mutirão para coleta e destinação de
embalagens de agrotóxicos, atendendo os agricultores e orientando-os quanto às destinações
devidas dos resíduos sólidos.
Os parceiros para estas atividades orientadoras do processo de desenvolvimento
sustentável serão: SEMAGRIC, Prefeitura Municipal de Rio Crespo, IDARON, SEDAM,
Secretarias Municipais e demais entidades governamentais ou não governamentais afins.
6.3. Programas
O PDA está estruturado em uma visão holística do assentamento, na elaboração de
programas, planos e estratégias onde as partes se articulam em torno de um objetivo, o qual é
a promoção do desenvolvimento sustentável visando à inclusão social das famílias. A
85
sensibilização dos agricultores e de suas famílias sobre o sentido da reforma agrária promoveu
um entendimento de que não é simplesmente uma política que gera transformações na
realidade do PA, mas sim, indutor de desenvolvimento econômico e social, tanto quanto
promove mudanças na forma de uso e posse da terra, ocasionando justiça social. Deste modo
o objetivo desejado de sensibilização e participação ativa na implementação do plano por
parte das famílias torna-se cada vez mais real.
As ações propostas convergem para a construção de um ambiente favorável ao
desenvolvimento do PA Lamarquinha, zelando pela responsabilidade na aplicação dos
recursos públicos e pelo seu retorno social.
Visando o fortalecimento dos instrumentos que compõe o PDA, o plano exigirá um
modelo de gestão com distribuição de responsabilidades com a efetiva participação dos
agricultores e agricultoras, dos jovens, com os movimentos sociais, com as entidades
governamentais e não governamentais nas esferas local, regional e nacional; com o INCRA e
a empresa de prestação de serviços de ATER (EMATER-RO).
Propostas para inserir e/ou implementar:
Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar – PNATE tem por objetivo de
garantir o acesso e a permanência nos estabelecimentos escolares dos alunos do ensino
fundamental público residente em área rural que utilizem transporte escolar, por meio de
assistência financeira, em caráter suplementar, aos Estados, Distrito Federal e Municípios.
Programa Caminho da Escola - criado em 2007 com o objetivo de renovar a frota de
veículos escolares, para garantir a segurança e qualidade ao transporte dos estudantes e
contribuir para a redução da evasão escolar, ampliando, por meio do transporte diário, o
acesso e a permanência na escola dos estudantes matriculados na educação básica da zona
rural das redes estaduais e municipais.
Programa Arca das Letras - Criado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA)
em 2003, promove o acesso à leitura por meio da implantação de bibliotecas nas comunidades
rurais brasileiras. Atende famílias de agricultores, assentados da reforma agrária, pescadores,
quilombolas, indígenas e populações ribeirinhas.
Programa de Saúde da Família – PSF: A Saúde da Família é entendida como uma estratégia
de reorientação do modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes
multiprofissionais em unidades básicas de saúde. Estas equipes são responsáveis pelo
86
acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica
delimitada. As equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação,
reabilitação de doenças e agravos mais frequentes, e na manutenção da saúde desta
comunidade. E Conforme a gestão, o Departamento de Atenção Básica (DAB) é a estrutura
vinculada à Secretaria de Atenção à Saúde, no Ministério da Saúde, e tem a missão
institucional de operacionalizar essa política no âmbito da gestão federal do SUS. A execução
dessa política é compartilhada por estados, Distrito Federal e municípios. Ao DAB cabe,
ainda, desenvolver mecanismos de controle e avaliação, prestar cooperação técnica a estas
instâncias de gestão na implementação e organização da estratégia Saúde da Família e ações
de atendimento básico como o de Saúde Bucal, de Diabetes e Hipertensão, de Alimentação e
Nutrição, de Gestão e Estratégia e de Avaliação e Acompanhamento.
Programa de Aquisição de Alimentos – PAA: criado pelo artigo 19 da Lei nº 10.696, de 02
de julho de 2003 com o objetivo de incentivar a agricultura familiar, a partir de ações ligadas
à distribuição de produtos agropecuários para pessoas em situação de insegurança alimentar e
à formação de estoques estratégicos.
Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE: regida pela Lei 11.947, que
determina a utilização de, no mínimo, 30% dos recursos para a alimentação escolar repassado
pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) a compra de produtos da
agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações, com prioridade
para os assentamentos da reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e
comunidades quilombolas.
Programa Estadual de Melhoria da Qualidade e Produtividade do Leite – PROLEITE:
iniciado em 2004, visa melhorar a qualidade do rebanho bovino leiteiro através de ações dos
manejos reprodutivos, alimentar e sanitário. Promovido pelo Governo Estadual, no âmbito da
SEAGRI, através da EMATER-RO e parceiros, têm por objetivo promover o setor,
envolvendo os agricultores da atividade leiteira e obter conhecimentos sobre técnicas de
produção de leite a pasto e ainda, aprimorar o manejo dos animais.
Programa Inseminar: Esse projeto faz parte de uma ação estratégica do programa Proleite e
destina-se a promover à melhoria do padrão genético do rebanho leiteiro no Estado, através da
utilização da técnica de inseminação artificial, buscando com isso a obtenção de aumento na
produtividade e produção do rebanho, e consequentemente a melhoria da rentabilidade
87
econômica das unidades de produção agropecuária. A estratégia de ação deste projeto consiste
em levar a inseminação artificial para agricultores familiares de forma coletiva, na perspectiva
de fortalecer as organizações e beneficiar maior número agricultores.
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF: é a principal
política pública de crédito oferecida pelo MDA. O PRONAF recebeu o aporte de R$ 4,2
bilhões no ano-safra 2002/2003. Ao longo de dez safras, o programa teve aumento de recursos
de mais de 400%. Na safra atual, dispõe de R$ 21 bilhões para as linhas de crédito. O
PRONAF, porém, é mais do que um instrumento de garantia de crédito aos produtores rurais.
É também uma oportunidade para que os agricultores familiares coloquem em prática o seu
projeto de desenvolvimento, suas expectativas de renda e de mudança de vida. Atualmente, o
PRONAF conta com mais de 3,5 milhões de contratos – de custeio e de investimento.
Crédito Instalação: consiste no provimento de recursos financeiros, visando assegurar aos
agricultores os meios necessários para instalação e desenvolvimento inicial e/ou recuperação
dos projetos do Programa Nacional de Reforma Agrária. O crédito é concedido em várias
modalidades, dentre elas: Apoio Inicial, Fomento e Apoio Mulher.
6.3.1. Programa de Organização Espacial
Relacionando as premissas levantadas durante as oficinas, torna-se possível verificar
as necessidades do PA. Portanto propor uma estrutura compatível com essas necessidades,
tendo como base a utilização dos fatores que devem ser trabalhados para a promoção de
melhoria de vida dos assentados por meio de adequações de instalações de uso individual e/ou
coletivo, como também zelar pelo uso e ocupação dos espaços segundo as orientações
indicadas no parcelamento e no programa de desenvolvimento e sugerir formas de uso em
função de realinhamento do plano, quando necessário ou oportuno. Os trabalhos relativos ao
desenvolvimento do projeto de assentamento serão planejados e executados com a efetiva
participação da comunidade, de modo a estimular a organização comunitária. A infraestrutura
será implementada pela ordem de prioridade, por meio de parcerias municipais, estaduais,
federais ou execução direta.
A organização territorial do PA Lamarquinha, no que se refere à localização dos lotes
e das residências foi definido entre assentados e equipe do INCRA. Contextualizado no item
5.2 em conformidade com o Mapa B1 (em anexo) pode-se observar que existe muito a se
88
fazer para que o assentamento chegue à condição de empreendimento rural com auto
sustentabilidade.
Conforme opinião geral dos beneficiários participantes nas oficinas, a demarcação dos
lotes e implantação de estrutura para sede da associação já condiz com os anseios dos
mesmos, ainda relata a importância de um campo de futebol para momentos de lazer.
Além dessas solicitações e das ações apresentadas anteriormente, serão trabalhadas as
problemáticas da área de infraestrutura do PA que foram priorizadas pelos beneficiários, com
intervenções sugestivas:
89
Quadro 06. Intervenções sugestivas
Dimensão Pontos crítico Comissões Providência/ estratégia Competência/ instituições
parceiras
Prazo
Infr
aes
tru
tura
Falta continuidade da
estrada (5 km) do PA até o
asfalto (BR 364) de acesso
para o município de
Cujubim.
Júlio Araújo da Silva
ATER/INCRA
Reunião com equipe de Ater,
representante da comissão do PA,
INCRA e com a secretaria de obras
para viabilizar recursos e forma de
ampliar a estrada para acesso à
Cujubim.
INCRA, prefeitura municipal,
secretaria de obras
Novembro de 2013
Falta um barracão para a
associação, também não
dispõe de espaço para
construção.
Ocimar Araújo Prado
ATER/INCRA
Pleitear com INCRA e comissão do
PA uma área para benfeitorias
coletivas e reunir também com
órgãos parceiros para viabilização da
construção comunitária.
INCRA, governo estadual,
parlamentares, prefeitura
municipal
Dezembro de 2013
Falta manutenção na
estrada, pontes e bueiros
dentro do PA e acesso ao
município de Rio Crespo.
Laudenir Monteiro
ATER/INCRA
Buscar apoio do INCRA, e em
reunião com a Ater, comissão do PA
e secretaria de obras para definir e
criar condições de recuperação das
estruturas, tanto o encascalhamento
quanto construção de bueiros e
pontes.
INCRA, prefeitura municipal e
secretaria de obras
Novembro de 2013
90
6.3.2. Programa Produtivo
O sistema produtivo praticado no PA Lamarquinha é caracterizado pela baixa
diversificação da atividade agrícola, restringindo-se a culturas perenes (café e banana) e as
culturas anuais (arroz, milho, mandioca, frutas e hortaliças). Também pratica-se a pecuária
extensiva de leite, e a criação de pequenos animais (aves e suínos).
Para produção e comercialização, adotam-se ações de uma agricultura tradicional e
arcaica, com baixos subsídios para compra de insumos e também a baixa utilização de
implementos mecânicos. Portanto, com a baixa capacidade de investimento, a mão de obra
familiar é utilizada com a opção da derrubada, roçada, queima do material lenhoso e
posteriormente introdução da lavoura branca e sem adubação. Essa prática dá margem a
resultados não satisfatórios do ponto de vista ambiental e da produtividade e segundo relatos
dos beneficiários sem outras alternativas propicia o ataque a pragas. Para tanto, cabe a equipe
de Ater, juntamente com parceiros, buscar a implantação de novas técnicas, viabilizar o
acesso aos subsídios e implementar ações que diversifique e forneça opções para o
melhoramento.
Contudo, além de pontos crítico do PA já anteriormente citados e realizados proposta,
vale salientar os problemas priorizados pelos beneficiários, e condizente ao quadro abaixo,
torna-se necessário a intervenção da extensão rural (ATER/INCRA), em parceria com demais
órgãos da administração pública em todos os seus níveis, cada qual exercendo as
competências pré-estabelecidas.
91
Quadro 07. Intervenções sugestivas
Dimensão Pontos crítico Comissões Providência/ estratégia Competência/
instituições parceiras
Prazo
Pro
du
tiv
a
Falta continuidade da
assistência técnica
específica para o PA
José Manoel de Jesus
Santos
ATER/INCRA
Buscar juntamente com a comissão do PA, a
estimulação e sensibilização para a participação
dos moradores do PA nas atividades pré-
estabelecidas no plano de trabalho, adequando à
realidade local. Solicitar do INCRA, através de
reunião com a comissão do PA, ATER e INCRA
formalizada em ata.
INCRA, ATER e
comissão do PA
Dezembro de 2013
Falta transporte para
comercialização da
produção individual e
coletiva
Maurino André Barbosa
ATER/INCRA
Organizar a produção e promover a integração
dos agricultores do PA, elaborar projeto e buscar
recurso junto aos órgãos e parceiros de apoio a
agricultura.
Prefeitura municipal,
INCRA, Governo do
Estado, ATER, MDA,
SEAGRI e emendas
parlamentares
Janeiro de 2014
Pragas nas lavouras
anuais e perenes
Natalício Batista Santiago
ATER/INCRA
Procurar o controle biológico em alternativas para
implantação de técnicas do manejo e controle
através de orientações e capacitações.
ATER, EMATER,
EMBRAPA,
SEMAGRIC e IDARON
Outubro de 2013
92
6.3.3. Programas de Garantias de Direitos Sociais
Apresentando uma estrutura carente, o PA não dispõe de unidade de saúde, sendo que
o atendimento médico e ambulatorial é feito em sede municipal mais próxima (Rio Crespo). E
dependendo do procedimento, são encaminhados para atendimento em Ariquemes e/ou Porto
Velho, os quais são transportados por veículos públicos, e em exceções em veículos próprios
ou de terceiros. A vacinação é realizada também nas unidades de saúde de Rio Crespo, salvo
exceções das campanhas, que são disponibilizadas na comunidade ou em área mais próxima.
Em relação ao saneamento básico se tem poucas residências que possuem banheiros internos,
sendo na maioria o uso de mictório. Com isso e conforme conhecimento do fato, faz-se
necessário à conclusão das construções das casas do Programa Nacional de Habitação Rural -
PNHR (recentemente foi transferido para Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil) e/ou
promover implementação ou implantação de projeto que possibilite a construção de fossas
sépticas, diminuindo fontes de contaminações. Todavia, 90% faz tratamento da água para
consumo através da utilização de hipoclorito de sódio, porém há a necessidade de
implementar ações que vise orientações relacionadas ao assunto.
Referente à cultura, a ausência de investimento público em infraestrutura para atender
essa área é notório. Com também na educação, a precariedade dos veículos escolares e
incentivos ao ensino de jovens e adultos prevalece na região. Cabe ainda, a falta de
manutenção das estradas de acesso ao PA.
Diante dessas dificuldades, a população do PA reivindicam dos órgãos competentes a
implementação dos serviços e de investimentos em infraestrutura, além de desenvolver ações
no âmbito sociocultural. Ainda considerar os problemas priorizados, como cita-se a seguir:
93
Quadro 08. Intervenções sugestivas
Dimensão Pontos crítico Comissões Providência/estratégia Competência/
instituições parceiras
Prazo
So
cia
l
Falta documentação dos lotes
(demarcação e homologação)
Reginaldo Moza Alves
ATER/INCRA
Intervir em reunião com o INCRA,
comissão do PA e ATER sobre
agilidade e encaminhamentos para a
demarcação do PA e homologação de
processo.
ATER, Comissão do PA e
INCRA
Dezembro de 2013
Falta de meio de
comunicação/telefone público
Márcia de Oliveira
ATER/INCRA
Procurar meios que direcione a
aquisição do benefício e promover
reunião da comissão do PA com esse
parceiro que possibilite o acesso, seja
por programas ou não, porém que
atenda a necessidade da comunidade.
ATER, MDA, comissão
do PA, Prefeitura
municipal, Governo do
Estado e companhias
telefônicas
Novembro de 2013
Falta ambulância e
atendimento médico
(prestação de primeiros
socorros)
Rosiane Monteiro Paes
ATER/INCRA
Fazer proposta com a comissão do PA
e reunir com a secretaria de saúde para
solucionar problema. Discutir sobre a
atuação do programa de saúde da
família na comunidade, apresentando
solicitações.
ATER, comissão do PA,
secretaria de saúde,
prefeitura municipal
Janeiro de 2014
94
6.3.4. Programa de Garantia de Direitos Ambientais
No decorrer dos tempos, as práticas de atividades dos seres humanos, tem ocasionado
avanços no assoreamento dos cursos d’água, gerando dificuldade de abastecimento de água,
como também tem afetado a qualidade da mesma. De alguma maneira, esse fato pode está
adjunto à falta de programas direcionados na educação e orientação integral, e pela falta de
sensibilização sobre a importância ambiental, ligação do meio ambiente com a atividade
produtiva e o social da população, desconhecendo as responsabilidades e o comprometimento
que poderiam ter com a preservação e utilização para com os recursos naturais.
A ausência da atuação dos órgãos responsáveis pelo setor, no sentido de prestar o
assessoramento e não somente com a função de fiscalizar, torna-se um ato que contribui para
a falta de integralidade intersetorial e interinstitucional para com a população abrangente.
Entretanto, no PA Lamarquinha nota-se que os agricultores têm interesse de mudar suas
ações, adquirindo conhecimentos para novas práticas e com boas perspectivas.
95
Quadro 09. Intervenções sugestivas
Dimensão Pontos crítico Comissões Providência/estratégia Competência/Ins
tituições
Prazo
Am
bie
nta
l
Falta opções para devolução das
embalagens vazias de
agrotóxicos
Aguinaldo Coelho da Silva
Erli Rufino dos santos
ATER/INCRA
Sensibilizar a comunidade sobre uso e manuseio
dos agrotóxicos, como também destinação
adequada das embalagens vazias. Realizar
mutirão e promover campanhas para
recolhimento dessas embalagens.
ATER e
IDARON
Fevereiro de 2014
Falta de treinamentos em
agroecologia
Promover cursos e capacitações para adoção das
práticas agroecológicas como alternativas de
manejo agropecuário.
ATER, SENAR e
EMATER
Março de 2014
Falta licenciamento para
piscicultura
Mediar reunião com a SEDAM e ou Sema,
juntamente com a ATER e comissão do PA,
buscando alternativas de concessão da licença e
esclarecendo responsabilidades dos partícipes.
ATER, SEDAM,
EMATER, SEMA
e INCRA
Março de 2014
96
6.3.5. Programa de Desenvolvimento Organizacional e de Gestão do Plano
O Programa de Desenvolvimento Organizacional de Gestão do Plano foi elaborado da
seguinte forma: as comissões foram formadas a partir inscrição voluntária e aprovada em
plenária por todos os outros agricultores do PA. Representam as dimensões social, ambiental,
produtiva e infraestrutura, sendo cada dimensão representada por dois membros. Para
acompanhamento dos trabalhos e ações que serão realizadas no PA, de acordo com as
propostas do plano, cada qual responsável em acompanhar as atividades, sendo que as ações
serão desenvolvidas a partir das parcerias com instituições municipais, estaduais e/ou federal.
Todavia, o planejamento participativo deste plano, como também a sua execução, requer a
estruturação de ações e atribuição de responsabilidades aos atores participativos nas áreas
temáticas.
Conivente com objetivo desse programa, a equipe de Ater terá a função de orientar e
acompanhar junto com as comissões a implantação e execução do plano de ação. A inovação
do modelo de gestão proposto está na formação dos Núcleos Familiares, que propõe uma nova
forma de organização social para os assentamentos.
A área do PA deve ser vista como uma unidade produtiva, observando aspectos social,
ambiental e político, capaz de ampliar sua articulação além. Utilizando como estratégia, a
inserção do assentamento nas comissões e conselhos municipais dos diferentes setores
públicos. Promovendo a participação de mulheres e jovens.
Propõem-se atribuições e competências as comissões formadas e definiu-se um
coordenador do grupo através dos quais demonstrarem maior habilidade, podendo ser
definido também por meio de reunião.
O modelo de gestão projetado pode-se ser reajustado e as ações propostas tem um
período de curto à longo prazo para se tornarem exequíveis. E como um cronograma básico,
cita-se:
97
Quadro 10. Cronograma básico para implantação e gestão do plano Atividades Meses
2013 2014
8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7
Mobilização x
Oficinas de apresentação do PDA e confirmação
comissão do PA
x
Articulação com órgãos e instituições x x
Desenvolvimento do plano x x x x x x x x x x x x
Monitoramento das ações x x x x x x
Avaliação dos resultados x x x x x
Reuniões com as comissões do PA x x x x
Reprogramação das ações x x x
6.3.6. Programa de Assistência Técnica do INCRA – ATER
A assistência técnica deverá ser prestada, preferencialmente pelo responsável pela
elaboração do PDA. O modelo de gestão do plano prevê, além do envolvimento da Ater e das
famílias assentadas, a participação do INCRA, de organizações públicas e da sociedade civil.
A composição de parcerias é indispensável em todas as dimensões a serem trabalhadas, sendo
estes parceiros nas esferas municipal, estadual e federal, destacando-se as secretarias
municipais e estaduais, EMBRAPA, SENAR, EMATER, INCRA, IDARON, Previdência
social.
O desenvolvimento do PA Lamarquinha depende essencialmente da atuação das
comissões definidas para a gestão do PDA, considerando que a competência para execução do
planejamento, monitoramento e avaliação pela equipe da Ater, porém de forma integrada
junto às famílias assentadas que são os “atores principais” e os maiores interessados no
resultado positivo do plano, sempre referenciado pelo PDA. Do mesmo modo, como atribuição
da Ater será auxiliar no processo de capacitação conforme as demandas apresentadas.
No período de execução das oficinas para construção do plano, assim como no
autodiagnóstico, os participantes expressaram a satisfação para com a instituição prestadora
dos serviços de assistência técnica do INCRA e proferiram o desejo da continuidade dos
trabalhos propostos.
Como objetivo basilar, cita-se a assistência técnica, social e ambientalmente
sustentável às famílias assentadas, tornando-as inseridas de forma competitiva no processo de
98
produção, unidades de produção estruturadas e direcionadas ao agronegócio da agricultura
familiar.
Efetivamente, a atuação de ATER se inicia com a discussão do PDA, de forma
aprofundada em forma de reuniões devolutivas e divulgação do plano. Como nivelamento,
requer socialização de experiências e proximidade com a realidade local e aparato
institucional, tornando-se essencial para a concretização dos projetos e segmentos.
6.4. Indicativos de Sustentabilidade – Sobre o Projeto, Subprograma e/ou Programa
Quando nos reportamos à sustentabilidade, a projetos, programas e/ou subprogramas,
considera-se a realidade local e desenvolve-se atividades com o público envolvido. Onde os
maiores indicadores do andamento desse processo, em seu aspecto de sustentabilidade é a
mudança para melhorias para com os assentados, tanto nos aspectos social, econômico e
principalmente ambiental.
A viabilidade do Plano de desenvolvimento do Projeto de Assentamento Lamarquinha
está condicionado ao avanço dessas temáticas, atendendo as necessidades da comunidade por
meio de conhecimento técnico e científico dos profissionais multidisciplinares e com base em
direitos e deveres (legislação), considerando também o conhecimento técnico e empírico da
população, e sempre levando em conta os programas existentes, que possam ser inseridos
neste plano de ação.
Na área produtiva, considerando a predominância de agricultores com experiência
tradicionais, a mudança do nível tecnológico empregado na produção e o acompanhamento
técnico pela equipe de ATER de forma continuada, serão indicativos cruciais para evolução,
atingindo uma agricultura estabilizada e com a verticalização de todo sistema produtivo.
Assim, a adesão de práticas e manejo adequados na agricultura e pecuária, como:
melhoramento genético animal e vegetal, implantação de capineiras, utilização de pastejo
rotacionado nas parcelas, irrigação, correção e adubação do solo são exemplos de ações
previstas para o sucesso do Programa. Sobrepondo ao fator limitante (falta de meios de
produção e de comercialização) relatado pelos assentados.
A disponibilidade de linhas de crédito as famílias, para investimentos de acordo com
projetos técnicos voltados a realidade local, permitindo a potencialização do setor produtivo
do PA, tem condições de promover a fixação das famílias no campo, manutenção dos jovens
na área rural, criando alternativas para aproveitamento da mão de obra familiar (crianças e
99
mulheres), ampliando as fontes de renda da família, até mesmo, com investimento em
processamento de alimentos agregando valor a produção final, ou ainda, envolvendo
melhorias básicas como a destinação de dejetos sanitários para fossa séptica dentre outras que
proporcionem melhorias na qualidade de vida das famílias.
Todavia, as burocracias em alguns tramitem, vem a ser às vezes, condicionante, para
acesso a algumas necessidades da comunidade, sendo uma preocupação da própria, já que
acesso a crédito PRONAF entre outros, só é possível, com a emissão das peças técnicas pelo
órgão responsável, mediante a homologação do PA.
Na área social, torna-se possível o desenvolvimento de atividades não agrícolas como
um potencial no desenvolvimento de projetos coletivos. Como também a estruturação e
organização de representação social (associação) dos assentados favorecendo a busca e acesso
à políticas públicas conforme seus anseios e necessidades
Na dimensão ambiental, a conversão para sistemas agroecológicos, implantação de
sistemas agroflorestais, recuperação de nascentes e ou manutenção das APP’s e a realização
do licenciamento ambiental da propriedade e atividades, tanto quanto manter um processo de
educação continuada evidenciará o sucesso das ações e programas propostos.
Por fim, a equipe técnica responsável pela elaboração deste plano atesta sua
viabilidade, seguindo critérios para a sustentabilidade do projeto.
6.5. Disposições Gerais
O PDA foi elaborado com base científica, desenvolvido sistematicamente, seguindo
roteiro e de acordo com as capacitações metodológicas realizadas com a equipe de ATER. O
mesmo será disponibilizado para as instituições públicas e instituições privadas que interagem
com o PA Lamarquinha, também para as associações e/ou representantes das comissões das
áreas temáticas social, produtiva e ambiental. Nesse contexto, deverão ser internalizados e
discutidos pelos setores técnico, administrativo e jurídico, o qual possibilite ações integradas e
abrangentes ao desenvolvimento do plano.
A partir dos problemas e potencialidades apresentadas neste documento (PDA) foram
elaborados os programas temáticos, com a participação dos assentados. Assim, acredita-se
que o plano possa de materializar por meio de projetos e ações concretas, tendo a
acessibilidade tanto em termos de compreensão quanto de execução, e espera-se que sua
operacionalização facilite e atenda satisfatoriamente os anseios dos principais envolvidos
100
(assentados). Espera-se, ainda, que as ações sugeridas neste plano sirvam de base para o
desenvolvimento do assentamento, e que a partir dele, os moradores possam sentir
estimulados para continuar o processo de mudança da realidade vivida por eles, onde as ações
sugeridas guiem para a sustentabilidade.
As ações propostas visam à participação integral do PA, as quais incluirão jovens e
mulheres, promovendo iniciativas fundamentadas na organização da comunidade em busca
dos objetivos, através de métodos que venham sobrepor a realidade cotidiana e favorecendo a
inclusão social.
101
REFERENCIAIS TEÓRICOS
BRASIL. Constituição. Constituição Federal. Brasília: Senado Federal, 1988.
BRASIL. Ministério da Agricultura. Equipe de Pedologia e Fertilidade do Solo. Divisão de
Agrologia – SUDENE. Levantamento exploratório – reconhecimento de solo do Estado da
Paraíba. (Boletim Técnico, 15). Rio de Janeiro. 1975. p. 553.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Sistema
brasileiro de classificação de solos. 2.ed. Rio de Janeiro, Embrapa Solos, 2006. 306p.
FURTADO, R. & FURTADO, E. Intervenção participativa dos atores: uma metodologia
de capacitação para o desenvolvimento local sustentável. Brasília. Instituto Interamericano de
Cooperação para a Agricultura. Brasília. 180p. 2000.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Censo 2010. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/censo2010/dados_divulgados/index.php?uf=11>, acesso em
12/06/2013.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/xtras/perfil.php?codmun=110002>, acesso em 20/06/2013.
Prefeitura Municipal de Rio Crespo – PMRC. Informações. Disponível no Plano Diretor
Participativo.
Ministério da Saúde - Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil – CNES.
Disponível em: <http// www.cnes.datasus.gov.br>, acesso em 25/06/2013.
IBGE. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em:
<http//www.ibge.gov.br/sidra/população/senso>. Acesso em julho de 2013.
SILVA, M.M. da. A agricultura Familiar em Projetos de Assentamento. 2009.
(Dissertação de mestrado) Programa de pós-graduação em geografia – Universidade Federal
de Rondônia, Porto Velho, 2009. 132p.
102
MDA. Ministério do Desenvolvimento Agrário. Fomento ao Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF: As linhas de crédito do PRONAF.
Brasília-DF, 2010.
REMAR. Rede de Estações Meteorológicas Automáticas de Rondônia. Boletim
Climatológico de Rondônia. SEDAM. Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental.
Governo de Rondônia. Porto Velho, 2008. 28p.
RONDÔNIA. Governo do Estado de Rondônia. Segunda Aproximação do Zoneamento
Sócio-Econômico-Ecológico de Rondônia. Porto Velho, 2009.
Secretaria Municipal de Saúde. Dados Secundários do Sistema Municipal de Saúde de Rio
Crespo – RO, 2013.
SEDAM. Secretaria de Estado de Desenvolvimento Ambiental. Atlas Geoambiental de
Rondônia. SEDAM. Governo de Rondônia. Porto Velho, 2002.
VIEIRA, L. S. Manual de morfologia e classificação de solos. 2ª edição. Editora Ceres.
1983. 313p.
103
ANEXOS
104
- Ata da primeira oficina:
105
- Lista de participantes da primeira oficina:
106
- Ata da segunda oficina:
107
- Lista de participantes da segunda oficina:
108