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125 7.2 MODELO CETESB - VALORAÇÃO DO DANO PARA VAZAMENTOS DE PETRÓLEO MARCELINO, A.; Haddad, E.; Aventurato, H.; Campos, M. V.; Serpa, R. R.; “Proposta de critério para valoração monetária de danos causados por derrames de petróleo ou de seus derivados no ambiente marinho”; São Paulo, CETESB; 1992. 22 p. INTRODUÇÃO Este trabalho apresenta uma proposta de critérios para a valoração de danos causados por vazamentos de petróleo e seus derivados no ambiente marinho. Esta proposta foi elaborada pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, CETESB, do Estado de São Paulo, atendendo à solicitação do Ministério Público Federal. A questão ambiental analisada é a poluição ocasionada pelos vazamentos de petróleo e seus produtos derivados no ambiente marinho, que prejudicam a biota marinha através de efeitos letais e sub-letal, afetando o comportamento, o crescimento, a reprodução, a colonização e a distribuição das espécies. Os grupos de organismos considerados são os bentos, zooplâncton, fitoplâncton, peixes, aves e os vegetais afetados de maneira direta nos ecossistemas de maior produtividade primária e de importância na cadeia alimentar marinha, chamados manguezais, considerados extremamente sensíveis e vulneráveis aos vazamentos de petróleo. A poluição causada pelos derrames de óleo traz prejuízos decorrentes dos distúrbios causados às espécies citadas, como perda de biodiversidade, além de prejuízos indiretos decorrentes da paralisação de atividades pesqueiras e queda da movimentação turística. Apesar de a indústria do petróleo ser fundamental para o desenvolvimento de qualquer país, na atual matriz energética mundial, os vazamentos de petróleo causam grandes prejuízos à população em geral, pelos problemas causados à biodiversidade marinha e, particularmente, às comunidades pesqueiras que dependem deste ambiente para sua sobrevivência ou aqueles ligados ao turismo costeiro. METODOLOGIA Este modelo do tipo função exponencial relaciona o valor dos danos ambientais com o cinco aspectos e respectivos graus de importância. Os aspectos considerados relevantes no derrame de petróleo no ambiente marinho são o volume de óleo derramado, o grau de vulnerabilidade da área atingida, a toxicidade do produto, a persistência do produto no meio ambiente e a mortalidade de organismos. O grau de importância é atribuído aos critérios na forma de um peso, que varia na faixa de 0 a 0,5. PARÂMETROS DO MODELO Por conta da complexidade que envolve a quantificação dos danos ambientais causados pelos derramamentos de petróleo no ambiente marinho, aliada aos inúmeros casos que

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7.2 MODELO CETESB - VALORAÇÃO DO DANO PARA VAZAMENTOS DE PETRÓLEO MARCELINO, A.; Haddad, E.; Aventurato, H.; Campos, M. V.; Serpa, R. R.; “Proposta de critério para valoração monetária de danos causados por derrames de petróleo ou de seus derivados no ambiente marinho”; São Paulo, CETESB; 1992. 22 p. INTRODUÇÃO Este trabalho apresenta uma proposta de critérios para a valoração de danos causados por vazamentos de petróleo e seus derivados no ambiente marinho. Esta proposta foi elaborada pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, CETESB, do Estado de São Paulo, atendendo à solicitação do Ministério Público Federal. A questão ambiental analisada é a poluição ocasionada pelos vazamentos de petróleo e seus produtos derivados no ambiente marinho, que prejudicam a biota marinha através de efeitos letais e sub-letal, afetando o comportamento, o crescimento, a reprodução, a colonização e a distribuição das espécies. Os grupos de organismos considerados são os bentos, zooplâncton, fitoplâncton, peixes, aves e os vegetais afetados de maneira direta nos ecossistemas de maior produtividade primária e de importância na cadeia alimentar marinha, chamados manguezais, considerados extremamente sensíveis e vulneráveis aos vazamentos de petróleo. A poluição causada pelos derrames de óleo traz prejuízos decorrentes dos distúrbios causados às espécies citadas, como perda de biodiversidade, além de prejuízos indiretos decorrentes da paralisação de atividades pesqueiras e queda da movimentação turística. Apesar de a indústria do petróleo ser fundamental para o desenvolvimento de qualquer país, na atual matriz energética mundial, os vazamentos de petróleo causam grandes prejuízos à população em geral, pelos problemas causados à biodiversidade marinha e, particularmente, às comunidades pesqueiras que dependem deste ambiente para sua sobrevivência ou aqueles ligados ao turismo costeiro. METODOLOGIA Este modelo do tipo função exponencial relaciona o valor dos danos ambientais com o cinco aspectos e respectivos graus de importância. Os aspectos considerados relevantes no derrame de petróleo no ambiente marinho são o volume de óleo derramado, o grau de vulnerabilidade da área atingida, a toxicidade do produto, a persistência do produto no meio ambiente e a mortalidade de organismos. O grau de importância é atribuído aos critérios na forma de um peso, que varia na faixa de 0 a 0,5. PARÂMETROS DO MODELO Por conta da complexidade que envolve a quantificação dos danos ambientais causados pelos derramamentos de petróleo no ambiente marinho, aliada aos inúmeros casos que

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vêm ocorrendo no litoral de São Paulo, a CETESB desenvolveu uma metodologia própria para quantificar os danos. A metodologia considera os principais aspectos do acidente ambiental, enfocando basicamente os aspectos visíveis passíveis de provocar danos, não contemplando aqueles que requerem maiores estudos ou acompanhamentos para a constatação do impacto biológico. A proposta foi idealizada para atingir os objetivos de praticidade e aplicabilidade em curto período de tempo. Segundo os autores, dentre os modelos investigados, a equação do tipo exponencial foi a que melhor representou a realidade dos derramamentos de petróleo e seus derivados. De acordo com a opção de adotar os aspectos visíveis, foram escolhidos cinco aspectos relevantes, cada um com determinada importância. Para cada critério foi atribuído um peso, variando na faixa de 0 a 0,5, para indicar a severidade do risco ou do dano gerado. Os critérios e respectivos pesos são apresentados a seguir. Volume Derramado (S1) Esse aspecto está relacionado à capacidade de assimilação do óleo pelo corpo receptor. A capacidade de assimilação varia de acordo com o local do derrame, estações do ano e com as condições meteorológicas. Os pesos atribuídos para este item estão baseados no volume ou quantidade de produto derramada no corpo receptor. Os pesos atribuídos em função da massa ou volume do produto derramado estão na Tabela 7.21.

Tabela 7.2.1 Peso do critério volume derramado no modelo CETESB

V (m3) ou M (t) Fator de Ponderação

S1 1,0 0,1

1,0 S1 10 0,2

10 S1 50 0,3

50 S1 150 0,4

S1 150 0,5

Grau de Vulnerabilidade da Área Atingida (S2) O prejuízo ecológico é mais severo se o derrame de óleo ocorrer na costa ou no estuário, especialmente nas zonas entre marés, onde as áreas são mais vulneráveis e de maior importância econômica. O grau de vulnerabilidade baseia-se na interação da costa terrestre com os processos físicos que controlam a deposição e a persistência do óleo. Os pesos deste item estão em função do tipo de ambiente costeiro ser mais ou menos vulnerável. Na Tabela 7.2.2 estão os pesos atribuídos para esse critério do modelo.

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Tabela 7.2.2 Fator de ponderação do critério vulnerabilidade da área afetada

Vulnerabilidade do Ambiente Atingido Fator de Ponderação

Costão rochoso 0,05

Terraço de abrasão 0,10

Praia arenosa de granulometria fina 0,15

Praia arenosa de granulometria grossa 0,20

Baixios compactos expostos pela maré 0.25

Praias mistas de areia e cascalho 0,30

Praia de cascalho 0,35

Costas rochosas abrigadas 0,40

Regiões entre marés 0,45

Marismas e manguezais 0,50

Toxicidade do Produto (S3) Para avaliar os efeitos dos agentes químicos sobre a biota aquática têm-se realizado os testes de toxicidade com organismos aquáticos. Através dos testes é possível conhecer a concentração do produto que causa efeitos adversos na sobrevivência, crescimento e na reprodução de organismos aquáticos. A atribuição dos pesos para este item segue dois critérios. O primeiro é baseado na toxicidade aguda da fração hidrossolúvel do petróleo derramado. O segundo critério está na detecção de toxicidade em organismos teste. Na Tabela 7.2.3 estão os pesos atribuídos para este critério.

Tabela 7.2.3 Fator de ponderação para o critério toxicidade do produto

Toxicidade aguda (% FAS) Fator de Ponderação

S3 1,0 0,5

1,0 S3 10 0,4

10 S3 20 0,3

20 S3 50 0,2

50 S3 100 0,1

Persistência do Produto no Meio Ambiente (S5) A persistência do produto é agravante dos danos causados. Em geral, quanto menor for o valor do peso específico de uma substância, menor será a sua persistência. Neste item, os produtos derramados são classificados de acordo com as suas propriedades físicas. Na ausência dessas informações, todos os tipos de petróleo e seus derivados escuros são considerados persistentes e todos os derivados claros, como não persistentes.

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Mortalidade de organismos (S6) A biota marinha pode ser afetada tanto por processos de natureza física (recobrimento, asfixia), quanto pelos componentes químicos do produto derramado (efeitos tóxicos). Como são necessários estudos de acompanhamento para a avaliação de efeitos sobre os organismos plantônicos e bentônicos, para este critério são avaliados os efeitos sobre a mortalidade de peixes, aves e mamíferos, de fácil observação. Na Tabela 7.2.4 estão os pesos dos critérios persistência, mortalidade de organismos e para efeitos deletérios.

Tabela 7.2.4 Fatores de ponderação dos critérios persistência, deletério e mortalidade

Efeito Somar Fatores de Ponderação

Sim Não

S4 = Deletério 0,5 0,0

S5 = Persistência do produto no ambiente 0,5 0,0

S6 = Mortalidade de organismos 0,5 0,0

Fator de Reincidência (K) Este parâmetro do modelo da CETESB representa a penalidade por causar o mesmo tipo de acidente mais de uma vez. O fator de ponderação do parâmetro está na Tabela 7.2.5

Tabela 7.2.5 Valores de ponderação do fator de reincidência do acidente

K – Fator de Reincidência Fator de Ponderação

Sem reincidência 01

Primeira ocorrência 02

Segunda ocorrência 04

Terceira Ocorrência 08

Cada ocorrência adiante 32

MODELO DE VALORAÇÃO DOS DANOS AMBIENTAIS O modelo, equação exponencial, proposto pela CETESB para valorar economicamente o dano ambiental para penalizar os agentes causadores deste tipo de acidente, ou seja, derrame óleo ou produto químico tóxico tem a forma:

Valor do Dano (US$) = K * 10 (4,5 + X) Onde: X = (S1 + S2 + S3 + S4 + S5 + S6)

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EXEMPLO Determine o valor econômico do dano ambiental causado pelo vazamento de petróleo de 30 m3 de um navio que atingiu costas rochosas abrigadas. Os ensaios de toxicidade realizados indicam o valor CL50 de 5% da fração hidrossolúvel. O óleo API 30o derramado não causou a mortalidade de organismos observáveis. Aplicação dos Critérios do Modelo

Volume derramado = 30m3 = 0,3 (ponderação S1)

Vulnerabilidade = costões rochosos abrigados = 0,4 (ponderação S2)

Toxicidade do produto = CL50 (24h) de 5% da FAS = 0,4 (ponderação S3)

Persistência = API = 30 = 0,5 (ponderação S5)

Mortalidade de organismos = 0,0 (ponderação S6)

Pesos dos critérios: X = 0,3 + 0,4 + 0,4 + 0,5 = 1,6

Reincidência = 1,0

Valor Econômico do Dano Ambiental

Valor (US$) = 10 (4,5 + x) = 10 (4,5 + 1,6) = 10 6,1 = US$ 1.258.925,40 COMENTÁRIO Esse método visa a estimar os custos financeiros para compensar os danos ambientais causados pelos vazamentos de petróleo em ambientes marinhos A valoração total dos danos não foi realizada, porque foram incluídos critérios para valorar o custo do dano social. Os pesos adotados para os parâmetros do modelo não apresentam uma base científica e, provavelmente, foram arbitrados a partir da experiência prática dos autores.

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7.3. MODELO- VALORAÇÃO DO DANO PARA DERRUBADA DE FLORESTAS - VERA

AGOSTINHO CELSO GISI, ANDRÉ BALBINOT, ROBISON FUMAGALLI LIMA http://claudio.jacoski.googlepages.com/desmatamento.pdf, capturado em 26/4/2008

RESUMO

O trabalho descreve a avaliação econômica do dano ambiental oriundo da degradação de uma área de Floresta Ombrófila Mista, uma das fitofisionomias que constituem a Mata Atlântica, pelo Valor Econômico de Recursos Ambientais (VERA), considerando a perda do estoque de carbono e dos produtos madeiráveis obtidos, e do valor de opção da comunidade para a preservação de formações florestais similares.

INTRODUÇÃO

A valoração econômica do dano ambiental pode ser utilizada para analisar situações de conflito relacionadas ao uso e a conservação dos recursos naturais. Pode-se também valorar os custos e recursos necessários para a recuperação do ambiente, assim como estimar a disposição a pagar da comunidade para a manutenção da floresta.

DESCRIÇÃO DO DANO

A Floresta de Araucárias contém árvores ameaçadas de extinção, como por exemplo, a imbuia, a canela, o xaxim e a própria araucária (pinheiro). Infelizmente, este fato não está impedindo a exploração predatória e criminosa da floresta, como o caso ocorrido em 2005 na Fazenda Alvorada, localizada no município de Passos Maia, Santa Catarina. Na Figura 1 está apresentada a imagem de satélite da região. Nessa propriedade que 1076 ha, sendo 17,53ha APA, foram desmatados ilegalmente 93,44 ha de Floresta de Araucária nativa em estágio de primário. Nas Figuras 2 e 3 está indicado o dano citado.

Figura 7.3.1 Região da Fazenda Alvorada onde ocorreu o dano ambiental

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Figura 7.3.2 Área desmatada irregularmente Figura 7.3.3 Abertura e corte da mata

MODELO DE VALORAÇÃO DO DANO

O modelo utilizado neste caso foi do Valor Econômico de Recursos Ambientais (VERA). Para obter a perda do valor de uso indireto da floresta desmatada foram considerados os estoques de carbono. O valor de uso direto da floresta foi relacionado aos produtos madeiráveis. O valor de opção da floresta afetada foi a partir da disposição a pagar da comunidade para conservar a floresta.

VERA = VALOR DE USO DIRETO + VALOR DE USO INDIRETO + VALOR DE OPÇÃO

VERA = VALOR DOS MADEIRÁVEIS + PERDA ESTOQUE DE C + DISPOSIÇÃO A PAGAR

A) PERDA DE ESTOQUE DE CARBONO

A metodologia adotada para calcular a perda do estoque de carbono decorrente da degradação florestal foi desenvolvida por MOTTA (2006). Segundo o SANQUETTA et. al. (2004), este tipo de sistema fornece de 60 a 90 t C/ha, tendo sido adotado o valor médio de 75 t C/ha. Assim têm-se:

75 t C/ha X 93,44ha = 7.008 t C;

75 t C /ha X US$ 3,00/ t C = US$225,00/ ha;

US$225,00 X 93,44ha = US$21.024,00;

R$2,15: US$1,00 = cambio da época;

R$ 45.201,60 (Quarenta e cinco mil duzentos e um reais e sessenta centavos).

VALOR DA PERDA DE ESTOQUE DE CARBONO = R$ 45.201,60

VALOR DE USO INDIRETO = R$ 45.201,60

B) PERDA DOS PRODUTOS DE MADEIRA

Para quantificar os produtos madeiráveis foi utilizada a metodologia de ALMEIDA et. al. (2000). Os critérios e valores empregados para qualificar os agravos estão na Tabela 7.3.1.

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Tabela 7.3.1 Critérios usados para qualificar os agravos do dano à flora

Critério Índice Subtotal

Localização em relação às áreas protegidas Totalmente inserido 3,0 Parcialmente inserido 2,0 2,0

Ocorrência de espécies ameaçadas de extinção Comprovada 3,0 5,0 Suposta 2,0

Favorecimento à erosão Comprovado 3,0 Fortes indícios 2,0 Suposto 1,0 6,0

Objetivando a comercialização Atividade principal 2,0 8,0 Atividade secundária 1,0

Morte ou dano à fauna decorrente do dano à flora Comprovado 3,0 Fortes indícios 2,0 Suposto 1,0 9,0

Alteração nos nichos ecológicos Comprovada 3,0 Fortes indícios 2,0 Suposta 1,0 10,0

Previsão de re-equilíbrio Longo prazo 3,0 13,0 Médio prazo 2,0 Curto prazo 1,0

Soma dos índices = 13,0

Tabela 7.3.2 Fatores de multiplicação dos índices dos critérios de agravo

Aspecto do ambiente Intervalo do índice numérico correspondente a qualificação dos agravos

Ar 6,8 13,6 20,4 27,2 34,0 Água 7,2 14,4 21,6 28,8 36,0 Solo-subsolo 7,5 15,0 22,5 30,0 37,5 Fauna 6,4 12,8 19,2 25,6 32,0 Flora 6,6 13,2 19,8 26,4 33,0 Paisagem 8,0 16,0 24,0 32,0 40,0

Fator de multiplicação 1,6 3,2 6,4 12,8 25,6

VALOR DA INDENIZAÇÃO = Fator de multiplicação x Valor de Exploração

Aplicando o valor da soma (=13,0) dos índices dos critérios da Tabela 7.3.1, na Tabela 7.3.2, obtemos o fator (=3,2) que deverá multiplicar o valor de exploração calculado a seguir, para determinarmos o valor da perda dos produtos madeiráveis.

VALOR DE EXPLORAÇÃO DOS MADEIRÁVEIS

Volume médio de toras= 490m³/ha V

Volume médio de lenha = 600 estéreos/ha

Valor de mercado toras = R$150,00/m3

Valor de mercado da lenha = R$30,00/estéreos

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Valor das toras: 490m³/ha x 93,44 ha x R$ 150,00/m3 = R$ 6.867.840,00

Valor Exploração 1 = R$ 6.867.840,00 x 3.2 = R$21.977.088,00

Valor Lenha: 600estéreos/ha x 93,44ha x R$30,00/estéreos = R$1.681.920,00

Valor Exploração 2 = R$ 1.681.920,00 x 3.2 = 5.382.144,00

VALOR DE EXPLORAÇÃO = 21.977.088,00 + 5.382.144,00 = R$ 27.359.232,00

VALOR DOS MADEIRÁVEIS = R$ 27.359.232,00

C) VALOR DE OPÇÃO (DISPOSIÇÃO A PAGAR)

O valor de opção está associado com a disposição que a população de Passos Maia teria de contribuir mensalmente para a recuperação e preservação da área degradada. O resultado da aplicação do questionário revelou que:

88% dos entrevistados não estão dispostos a contribuir com qualquer valor para a proteção dos remanescentes da Floresta Ombrófila Mista;

4% estariam dispostos a contribuir com R$ 1,00 mensal;

4% estariam dispostos a contribuir com R$ 5,00 mensais e;

4% estariam dispostos a contribuir com R$ 10,00 mensais.

Considerando que a população do município é igual a 5.727 pessoas, teríamos então a seguinte contribuição:

229 pessoas (4%) a R$ 1,00 mensal;

229 pessoas (4%) a R$ 5,00 mensais;

229 pessoas (4%) a R$ 10,00 mensais. Dessa forma teríamos uma arrecadação mensal de R$ 12.828,40 (doze mil oitocentos e vinte e oito reais). Considerando agora um período igual 30 anos de contribuições, como necessário e suficiente para assegurar a manutenção da floresta, temos que o valor da disposição a pagar total é igual a R$ 4.618.224,00 (quatro milhões, seiscentos e dezoito mil, duzentos e vinte e quatro reais). VALOR DE OPÇÃO = R$4.618.224,00 D) VALOR DO TOTAL DO DANO (VERA)

VERA = VALOR DE USO DIRETO + VALOR DE USO INDIRETO + VALOR DE OPÇÃO

VERA = 27.359.232,00 + 45.201,60 + 4.618.224,00 = R$ 32.022.657,00

VERA = R$ 32.022.657,00 (trinta e dois milhões vinte e dois mil seiscentos e cinqüenta e sete reais)

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7.4 MODELO VERA - VALORAÇÃO DO DANO PARA QUEIMA DA PALHA DE CANAVIAL Mattos, M., e Mattos, A., “Valoração Econômica do Meio Ambiente – Uma abordagem Teórica e Prática”, Ed. RIMA, FAPESP, São Carlos, São Paulo, 2004. INTRODUÇÃO Segundo os autores, os principais problemas da sociedade moderna são a produção de alimentos, o meio ambiente e geração de energia. Nesse sentido, a cana-de-açúcar mostra-se uma matéria-prima ideal, uma vez que a partir dela é possível produzir energia e alimento sem contaminar o meio ambiente, caso se evite a queimada na pré-colheita e a transformação dos resíduos em produtos de valor agregado. Segundo o IBGE, em 2002 esta cultura ocupou uma área de 5.061.531 ha do território nacional. A quantidade de resíduos da colheita da cana-de-açúcar depende de diversos fatores como: sistema de colheita; altura do corte dos ponteiros; variedade; idade da cultura; clima e outros. Poucos estudos foram realizados sobre a quantificação da biomassa palha (folhas secas, folhas verdes, ponteiras) da cana, que é um dos principais resíduos do cultivo. Segundo os autores, a possibilidade de esse resíduo ser utilizado como combustível é real e deve ser aproveitada. A queima da palha seca da cana de açúcar, sem aproveitamento energético, provoca diversos impactos negativos sobre o meio ambiente. Os principais impactos negativos observados são a emissão de material particulado, óxidos de carbono, perda de visibilidade, aumento da infestação da broca da cana, entre outros. Na esfera legal a queima da cana são consideradas agressões ao meio ambiente. Desse modo, os responsáveis por queimadas em suas propriedades devem ser compelidos a reparar os danos provocados, sendo necessário determinar o valor da indenização pecuniária pelo dano ambiente. Nesse sentido, uma ação civil pública associada às queimadas de plantações de cana-de-açúcar deve conter ao menos esse dois pedidos. CÁLCULO DO VALOR DO DANO AMBIENTAL

O valor econômico total do dano decorrente da queima da palha de uma área de cana-de-açúcar pode ser estimado a partir da relação

VET = (VUD + VUI + VO) + VE Onde:

VET = valor total do dano ambiental;

VUD = valor de uso direto;

VUI = valor de uso indireto;

VO = valor de opção;

VE = valor de existência.

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A) CÁLCULO DO VALOR DE USO DIRETO (VUD) O valor de uso direto é determinado pela soma do valor de uso da palha, ou seja, do potencial energético, economia de água de irrigação e no uso de herbicidas, economia de plantio e utilização do bagaço da cana-de-açúcar. Valor do potencial energético da queima da palha da cana-de-açúcar

Para obter o valor da perda de energia referente à queima da palha, determina-se o valor monetário da energia equivalente gerada pela queima de álcool, uma vez que o valor do litro do álcool é conhecido no mercado. Na tabela 7.4.1 estão os conteúdos caloríficos do produtos da cana-de-açucar.

Tabela 7.4.1 Propriedades físicas dos produtos derivados da cana-de-açúcar

Palha da cana-de-açúcar Álcool (etanol) Bagaço

Poder Calorífico (kcal/kg) 2.285 5.147 1.7900 Quantidade (kg/ha) 9.700 4.056 17.500 Energia Gerada (kcal/ha) 22.166.000 20.877.000 31.325.000

O valor potencial da queima da palha por ha de cana-de-açúcar plantada, expresso em litros de álcool equivalentes, é igual a Massa de álcool equivalente = 22.166.000 (kcal/ha) / 5.147 (kcal/kg) = 4.307 (kg/ha), Volume de álcool equivalente = 4.307 (kg/ha) / 0,78 (kg/litro) = 5.521 (L/ha). O valor da energia da queima da palha da cana por ha plantado, expresso em litros de álcool equivalentes, é igual a Custo da Energia = 5.521 (litros/ha) x preço do litro de álcool (R$ / Litro)

- Custo da água de irrigação Segundo os produtores, a cana-de-açúcar cortada crua economiza uma irrigação por safra, 50m3 de água/ha. Considerando o custo da água igual a R$2,40/m3 tem-se: Custo da Água de Irrigação = 50 m3 x R$2,40 = R$ 120,00/ha

Custo dos herbicidas Os herbicidas aplicados no cultivo convencional da cana são: DIUROM, AMETRINA, TEBTIUROM. As quantidades médias utilizadas são 6L/ha de DIUROM e AMETRINA e 3L/ha de TEBTIROM. Assim se tem: DIUROM: R$12,50 / litro x 6 litros = R$75,00; AMETRINA: R$14,60 / litro x 6 litros = R$87,60; TEBTIROM: R$73,00 / litros x 3 litros = R$219,00.

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Custo dos herbicidas = R$ (75,00 + 87,60 + 219,00) = R$ 381,60/ha Custo de plantio A palha residual da colheita mecanizada da cana crua que permanece sobre o terreno favorece o controle das ervas invasoras e reduz o uso de herbicidas. Portanto, uma folha a mais, ou seja, uma economia da ordem de R$400,00/ha Custo do plantio = R$400,00/ha Custo do bagaço Segundo os produtores de cana-de-açúcar do país, o bagaço de cana pode ser utilizado como matéria-prima para a produção de ração animal, compostos químicos (furfurol), papel, celulose e produção de energia, entre outros. Os dados de produção indicam que são geradas, aproximadamente 22,5 toneladas de bagaço (30% da produção) por ha de área de cana-de-açúcar plantada. Atualmente, o valor da tonelada do bagaço é da ordem de R$30,00/t. Assim, o custo do aproveitamento do bagaço será igual a Custo do bagaço = 22,5 (toneladas/ha) x Preço do bagaço (R$/tonelada) Portanto, o valor de uso direto, associado à queima da palha seca da cana-de-açúcar por ha de área plantada, será a soma das parcelas determinadas acima: VUD = 5.521 (litros/ha) x preço do litro de álcool (R$/litro) + R$ 120,00/ha +

R$ 381,60/ha + R$400,00/ha +22,5 (toneladas/ha) x preço do bagaço (R$/t)

Considerando o valor de mercado do bagaço igual a R$30,00 e do litro de álcool de R$1,20/L, obtém-se o valor de uso direto do dano ambiental:

VUD = R$ 8.201,80 / ha B) CÁLCULO DO VALOR DE USO INDIRETO (VUI) As externalidades ambientais positivas associadas à produção e o uso do álcool etílico combustível, sem fazer a queima dos resíduos da produção, são a redução da poluição do ar, regulação do clima, controle da erosão, redução do uso de água, seqüestro de carbono e a redução da incidência de doenças respiratórias. Observa-se que diversas usinas já estão negociando os chamados créditos de carbono através de implantação de projetos baseados em mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL). Estudos iniciais indicam que a contribuição da agroindústria canavieira para a redução das emissões de carbono na atmosfera é significativa. O balanço das emissões líquidas de CO2 da produção de cana-de-açúcar e utilização de etanol veicular em 1996 é apresentado na tabela 7.4.2.

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Tabela 7.4.2 Emissões de CO2 equivalentes na produção de cana-de-açúcar

Emissões 10 6 t de C equivalente / ano

Uso de combustíveis fósseis na agricultura + 1,28

Emissões de metano (queima de cana) + 0,06

Emissões de N2O do solo + 0,24

Substituição de gasolina por álcool - 9,13

Substituição de combustível HC por bagaço - 5,20

Contribuição liquida - 12,74

Os dados da tabela indicam que o balanço líquido das emissões da indústria canavieira com o uso do etanol é bastante favorável, uma vez que, se pode evitar a emissão de 12,74 x 106 toneladas de carbono por ano, o que representa 46,7x106 t de CO2, ou seja, aproximadamente, 20% de todas as emissões de combustíveis fósseis no Brasil. O valor da tonelada de carbono no mercado internacional varia de US$5,00 a 165,00. Assim, pode-se considerar que o valor do uso indireto está diretamente relacionado com os 5.521 litros de álcool equivalentes ao potencial energético da queima da palha seca não efetivada, mais o valor do seqüestro de carbono. Assim, temos

VUI = (5.521 litros de álcool x preço do litro do álcool + valor do seqüestro de C)/ha

VUI = 5.521 x R$1,20 + (não calculado) =R$ 6.360,00/ha C) VALOR DE OPÇÃO (VO) E EXISTÊNCIA (VE) O valor de opção e o valor de existência, normalmente, são determinados pela análise de contingência, ou seja, pela disposição do indivíduo para pagar pela conservação ou não-uso do recurso. Neste trabalho estas parcelas não foram determinadas. Assim, a substituição das parcelas determinadas acima, na relação principal do cálculo do valor total do dano ambiental conduz a

VET = VUD + VUI = R$ 8.201,80/ha + R$ 6.360,00/ha = R$ 14.561,80 / ha

VET = R$ 14.561,80 / ha

D) CONCLUSÃO O valor monetário do dano ambiental da queima dos resíduos de produção de cana-de-açúcar, estimado para indenizações em ações civis públicas, é de R$14.561,80/ha de área plantada de cana-de-açúcar. Apesar das limitações da metodologia, esse valor, se for bem aplicado, representa um recurso financeiro razoável para recuperar o dano ambiental. O estudo mostrou que a opção mais adequada seria destinar os resíduos da produção para gerar energia e utilizar o bagaço como matéria-prima para obter outros produtos de maior valor agregado.

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7.5 MODELO DOS CUSTOS EVITADOS - VALORAÇÃO DO DANO PARA CONTAMINAÇÃO DE CORPO HÍDRICO

ESPINOZA, S., et. al. “Valoración Económica del Daño Ambiental Ocasionado por el Proyecto Cooperativa de Productores de Leche Dos Pinos”, Coyol de Alajuela, Expediente Administrativo 0421-98-SETENA”, março, Costa Rica, 2001. INTRODUÇÃO

A cooperativa de produtores de resina de pinus fica localizada em Coyol de Alajuela, na Costa Rica, na região da Bacia de Quebrada Siquiares, próxima do rio Alajuela, que é

efluente do rio Grande, nas coordenadas 959'41.29"N e 8415'38.43"W. Na imagem de satélite da Figura 7.5.1 pode-se observar a região em questão.

Figura 7.5.1 Imagem de satélite da região da planta de resina de pinus

I. ANTECEDENTES

Mediante a Resolução No 595-98, em 25/09/98, o EIAmbiental foi aprovado; A construção foi finalizada em setembro de 2000 e a planta inicio operação; No período de novembro a dezembro de 2000 foi encaminhada denúncia da

contaminação ocasionada pela planta de tratamento no rio Siquiares; No período de 11 a 12/01/2001 foi realizada a inspeção das instalações; Em 30/01/2001, mediante a Resolução 0064-2001 da SETENA, foi solicitado à

cooperativa de produtores de resina de Pinus a Valoração do Dano Ambiental.

II. DANO AMBIENTAL

Em setembro de 2000 foram iniciadas as atividades da planta e, no mês de novembro a unidade operou em regime contínuo. No inicio da operação da planta foram lançados no corpo hídrico efluentes contendo 642.014 kg de DQO, acima dos valores legais.

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O lançamento dessa carga afetou as características físico- químicas do rio por acúmulo de graxas, sólidos decompostos, espumas e outros contaminantes. Além do mais, foi observado um aumento dos problemas relacionados com as pragas de dípteros, ente os quais larvas de mosca e outros insetos. Os contaminantes provocaram danos nos componentes biológicos e sociais do sistema ambiental, afetaram a qualidade da água superficial, o bem-estar da população e os valores de opção e existência dos recursos. A determinação do dano poderia ser realizada pela comparação da situação inicial das variáveis afetadas com a situação estabelecida após o impacto, mas, infelizmente, os dados não estavam disponíveis. Foi acordado então, estimar o valor econômico do dano ambiental utilizando os custos de tratamento do efluente.

III. CARACTERIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS AMBIENTAIS AFETADAS

a) Impacto social

No Estudo de Impacto Ambiental da planta a pesquisa da percepção social do projeto foi realizada com entrevistas de opinião da população nas comunidades vizinhas. Na época foram entrevistadas 40 pessoas da comunidade para avaliar as características sociais, opinião e percepção dos entevistados sobre a empresa. Os resultados indicaram que, das 25 mulheres entrevistadas, 20 eram donas de casa e cinco trabalhavam; e dos 15 homens entrevistados, 2 estavam desempregados. Em relação aos possíveis efeitos negativos que poderiam ser gerados pela planta, 15% dos entrevistados manifestaram preocupação em relação às graxas, ruídos, poeira e maus odores que poderiam surgir. Por outro lado, 90% dos entrevistados perceberam um benefício com a valorização das propriedades. Os dados da pesquisa indicaram que, do universo de 40 pessoas entrevistadas, 21,4% perceberam que o projeto originaria um aumento da oferta de emprego, oferta de serviços (7,14%) e valorização das propriedades (3,57%), bem como poderia causar maus odores (82,14%); afetar a fauna (67,86%), paisagem (50%), a saúde (85,7%), as nascentes (28,57%), bacia hidrográfica (50%) e desvalorizar as propriedades (46,43%). A partir desta análise pode-se concluir que as principais variáveis afetadas foram à saúde, a proliferação de pragas e a percepção de maus odores. Com relação aos maus odores, foi constatado que estes, nos meses da ocorrência do dano eram percebidos principalmente à noite. b) Fauna

De acordo com o Estudo de Impacto Ambiental não existe fauna aquática na região de influência da planta; nessa região também não foi observada a presença de anfíbios, larvar e insetos aquáticos. Com relação à fauna terrestre existem insetos, aves, ratos e

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lagartos. No EIA não foi indicada a área analisada, portanto, se pode supor a existência de fauna nos setores não investigados. Siquiares é afluente de corpos hídricos que, apesar de apresentarem contaminação, também foram afetados pelo aumento da carga excessiva de efluentes lançada pela planta. Segundo funcionários do órgão ambiental, no entorno da região foi observada a presença de fauna aquática e terrestre. Por outro lado, a uma distância de 200 metros após a estação de tratamento de efluentes da cooperativa foi observado uma grande quantidade de larvas de dípteros.

c) Flora De acordo com o Estudo de Impacto Ambiental aprovado pela Secretaria de Meio Ambiente não foram incluídos dados dessa variável ambiental. No entanto, as plantas existentes na zona de impacto foram afetadas pelo acúmulo de graxa, obstrução dos poros, perda da capacidade de fotossíntese, etc.

d) Nascentes e margens do rio Siquiares De acordo com o EIA não existem nascentes na região de influência da planta. Porém, de acordo com o SETENA (órgão ambiental), na zona de proteção da bacia hidrográfica existem cinco nascentes que fornecem água potável para as comunidades vizinhas. As nascentes podem ter sido contaminadas por infiltrações difusas ou aumento da vazão.

IV. DETERMINAÇÃO DO VALOR ECONÔMICO DO DANO AMBIENTAL A valoração econômica do dano deve contemplar os custos efetivos para manter os serviços ambientai. Para a água, é necessário internalizar os gastos com as atividades de proteção das áreas de captação. Devem também ser incluídos os gastos com os tratamentos relacionados com a saúde da população causados pelo consumo da água contaminada, e os custos de tratamento da água contaminada antes e depois do dano. A água é considerada como um ativo no inventário ambiental quando é utilizado como matéria-prima no setor produtivo e para consumo doméstico. Porém, é considerado um ativo fixo quanto às funções que exerce nos ecossistemas; portanto, é necessário avaliar as possibilidades de restituir suas características físicas, químicas e biológicas afetadas pelas atividades humanas. Caso existam alterações que afetam suas funções ecossistemicas ou uso para atividades humanas, tais alterações serão consideradas, dentro desse contexto, como uma depreciação do recurso natural. A depreciação da água pode ocorrer pelo esgotamento do recurso quando a extração é maior que a taxa de recuperação. A depreciação da água também ocorre quando processos de degradação afetam sua qualidade, devido ao lançamento de produtos que alteram suas características, por exemplo, da água superficial, como é o nosso caso. A depreciação pode ser observada com dados de quantidade e qualidade da água

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anuais. Assim, é importante conhecer a condição inicial e final do recurso (quantidade e qualidade) para avaliar se houve depreciação, melhoria ou permanência da condição.

No caso de uma empresa com potencial para degradar o recurso, é necessário investir na infra-estrutura, equipamentos, materiais, mão-de-obra, produtos químicos para restabelecer a situação original do recurso natural ou no tratamento dos despejos para não degradar o recurso. A metodologia dos custos evitados se baseia neste princípio. Para estabelecer a depreciação da água é necessário utilizar indicadores que mostrem o nível de esgotamento e degradação do recurso associados às atividades econômicas. Esses indicadores (físicos, químicos e biológicos) fornecem um diagnóstico da situação do recurso e permitem acompanhar o estado da condição de um corpo hídrico. Para o nosso caso, temos disponível a Demanda Química de Oxigênio (DQO). Este indicador mostra a capacidade de o rio absorver a carga de contaminação que recebe através dos efluentes da planta de pinus. A rigor, a metodologia adotada não valora o dano ambiental ocasionado, mas valora a contaminação produzida. Essa metodologia aproxima o valor do dano com os custos financeiros para realizar ações necessárias para que a fonte do dano não seja originada (contaminação acima dos valores permitidos). Portanto, é um valor mínimo aplicável. Nesse sentido, foi acordado entre as partes da lide que o custo social da contaminação icluisse o custo evitado, o custo do dano e o custo de gestão dos recursos humanos necessários para realizar essa valoração. Assim, tem-se VALOR DO DANO = CUSTO DE TRATAMENTO + CUSTO DO DANO + CUSTO DE GESTÃO e) Equações do modelo de valoração

Conforme citado, o custo de tratamento das águas residuais indica o quanto custaria para a sociedade evitar a contaminação gerada. Para tanto, é necessário considerar o nível de contaminação que entra no sistema de tratamento e o nível de contaminação lançado no corpo hídrico. Além do mais, é necessário obter o custo de tratamento da diferença entre o que entra e sai. Algebricamente, pode-se escrever

( )

Onde:

= custo de tratamento da contaminação ($/m3 ou $/kg de carga evitado);

= custo total para tratar a diferença do que entra e sai do sistema (R$).

= nível de contaminação que entra no sistema (g/m3 de DQO);

= nível de contaminação que sai do sistema (g/m3 de DQO);

Se X2 é superior ao valor permitido na legislação, XN, lançado nos efluentes da planta, então, o custo adicional CA para reduzir a contaminação, que deve ser considerado é

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( )

Caso não fosse realizado o tratamento, o valor do dano seria calculado considerando CU. Observa-se que nesse caso não está sendo considerado o dano ocorrido à fauna, redução do bem-estar da população, perda de biodiversidade, etc. Portanto, o valor do dano está subestimado. Para aplicar as relações acima foram utilizados os dados fornecidos pela empresa, com limitação, devido ao tempo requerido para a resposta. A empresa forneceu os dados da estação de tratamento dos períodos de 20 a 31 de dezembro, 2 a 21 de janeiro e de 1 a 17 de fevereiro. Os dados estão na Tabela 7.5.1. Na Tabela 7.5.1 estão os valores médios diários da vazão do efluente, os valores da concentração DQO do efluente na entrada e saída da planta de tratamento, a carga enviada para a planta de tratamento, a carga vertida no corpo hídrico, a carga evitada, a carga DQO máxima legal e a carga vertida em excesso no corpo hídrico, fornecidos pela empresa, no período de dezembro a fevereiro. Nesse trabalho carga significa o produto da vazão pela concentração do contaminante no efluente. Os dados relativos às variáveis citadas que não estavam disponíveis foram estimados a partir dos valores médios dos dados apresentados e disponibilizados pela empresa. Justifica-se esse fato considerando, que desde o início do teste de operação, a planta não atendeu à legislação. Os dados estimados estão na Tabela 7.5.2.

Para obter o valor do Custo Unitário (CU) e Custo Adicional (CA) é necessário calcular o Custo de Tratamento. Na Tabela 7.5.3 estão o custo do investimento e de operação do unidade de tratamento do período de 17 de dezembro a 17 de fevereiro. A partir do custo anual do sistema de tratamento é possível obter os custos para os meses de operação em que ocorreu o dano. Na Tabela 7.5.4 estão os custos anual e unitários da unidade de tratamento de efluentes da empresa. Tabela 7.5.4 Custo anual de tratamento e unitário da carga evitada do período do dano

Item Valores unitários (US$) Custo anual (US$)

Custo Anual --- 296.232,00

Custos dos dois meses --- 49372,00

Custo médio diário --- 823,00

Carga Evitada Média 6.496,62 ---

Custo Unitário (CU) ($/kg) 0,1267 = (823,00/6.496,62)

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Tabela 7.5.1 Dados da estação de tratamento fornecidos pela empresa para análise da descarga do efluente no corpo hídrico

Mês Vazão

(m3/dia)

DQO entrada

(g/m3)

DQO saída

(g/m3)

Carga disposta

(kg/d)

Carga vertida

(kg/d)

Carga evitada

(kg/d)

Carga legal

(kg/d)

Carga vertida

Excesso (kg/d)

Agosto 418,50 --- --- --- --- --- --- ---

Setembro 847,94 --- --- --- --- --- --- ---

Outubro 818,33 --- --- --- --- --- --- ---

Novembro 976,57 --- --- --- --- --- --- ---

Dezembro 597,03 13.346,00 5.889,00 7.967,96 3.515,91 4.452,05 447,77 3.068,14

Janeiro 924,49 13.383,00 4.795,00 12.372,45 4.432,93 7.939,52 693,37 3.739,56

Fevereiro 847,93 7.309,00 1.090,00 6.197,52 924,24 5.273,28 635,95 288,30

Média ponderada 11.595,67 3.916,53 9.727,22 3.230,60 6.496,62 629,96 2.600,24

Valor legal de lançamento do efluente tratado no corpo hídrico = 750 (mg/L) = 0,75 (kg/m3)

Carga disposta = 13.346,00 (kg/m3) * 597,03 (m3/d) = 7.967,96 (kg/d)

Carga vertida = 5,89 (kg/m3) * 597,03 (m3/d) = 3.515,91 (kg/d)

Carga evitada = 7.967,96 – 3.515,91 = 4.452,05 (kg/d)

Carga legal = 0,75 (kg/m3) * 597,03 (m3/d) = 447,77 (kg/d)

Carga vertida em excesso = 3515,91 – 447,77 = 3.068,14 (kg/d)

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TABELA 7.5.2 Valores médios mensais estimados dos parâmetros da unidade de tratamento de efluentes

Mês Vazão (m3/dia)

DQO entrada (g/m3)

DQO saída (g/m3)

Carga disposta (kg/d)

Carga vertida (kg/d)

Carga evitada (kg/d)

Carga legal (kg/d)

Carga vertida excesso (kg/d)

Média 647,00 13.400,00 5.183,00 8.669,80 3.353,40 5.316,40 485,25 2.868,15

Agosto 418,50 8.667,54 3.352,53 3.627,37 1.403,03 2.224,33 313,88 1.089,16

Setembro 847,94 17.561,66 6.792,69 14.891,24 5.759,80 9.131,44 635,96 5.123,84

Outubro 818,33 16.948,41 6.555,49 13.869,39 5.364,56 8.504,84 613,75 4.750,81

Novembro 976,57 20.225,72 7.823,13 19.751,83 7.639,83 12.112,00 732,43 6.907,40

Agosto: DQO entrada = (418,50 /647,00) * 13.400,00 = 8.667,54

Tabela 7.5.3 Custo anual e do período de 17 de dezembro a 17 de janeiro da planta de tratamento de efluentes da indústria de PINUS

Item Custos (US$) Custo (US$) Vida Útil Custo Anual (taxa 10%) US$

1. Aquisição do sistema de tratamento da empresa --- 1.170500,00 10 anos 190.493,00

2. Custo de operação do sistema de tratamento --- 105.688,00 --- 105.688,00

Reativos (polímero, ácido, soda, etc.) 1.347.003,80 --- --- ---

Salários + encargos sociais 1.907.466,00 --- --- ---

Manutenção e reposição 1.104.448,60 --- --- ---

Análises de laboratório 490.385,60 --- --- ---

Serviços de consultoria 805.000,00 --- --- ---

3. Obras de infra-estrutura 100.000,00 312,00 40 51,00

Custo Anual Estimado 296.232,00

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Tabela 7.5.5 Custos para evitar o excesso de lançamento de DQO no período do dano

Período Carga Vertida Excesso (kg/d)

Carga Vertida em excesso (kg /mês)

Custo p/ evitar o excesso ($/d)

Custo p/ evitar excesso ($/m)

Agosto 1.089,16 15.248 138,00 1.931,00 Setembro 5.123,84 153.715 649,00 19.470,00 Outubro 4.750,81 142.524 602,00 18.052,00 Novembro 6.907,40 207.222 875,00 26.247,00 Dezembro 3.068,14 92.044 389,00 11.658,00 Janeiro 3.739,56 112.187 474,00 14.210,00 Fevereiro 288,30 4.901 37,00 621,00

Total 727.842 92.189,02

A partir do custo unitário pode-se determinar o valor econômico da carga em excesso lançada no corpo hídrico, ou seja, acima do valor máximo permitido, no período em que ocorreu o dano. Na Tabela 7.5.5 estão os resultados desse cálculo. Os resultados indicam que o valor para evitar o lançamento do excesso de carga é R$ 92.189,02. Esse custo representa o valor que a empresa deveria disponibilizar para atender a lei. Conforme estabelecido pelas partes envolvidas, o custo total do dano inclui o custo do tratamento, o custo do dano propriamente dito mais o custo de gestão. O custo do dano representa os diversos impactos sobre o sistema ambiental e sobre a população. Nesse caso, devido ao curto período de tempo disponível para elaborar este laudo, foi adotado que o custo do dano é diretamente proporcional ao custo de tratamento

Custo Total = Custo do Tratamento + * Custo do Tratamento + Custo de Gestão

onde, é a constante de proporcionalidade que relaciona o custo de tratamento com

o custo do dano ambientaç. Para o nosso caso, = 1. Justifica-se o emprego e o valor (máximo) adotado do parâmetro pela aplicação do Princípio In Dúbio pro Natura, porque não existe a certeza da magnitude do dano causados e por ter sido constatada a ocorrência de diversos impactos negativos que não foram valorados. Os custos de gestão foram determinados a partir de registros e notas fiscais aportados pela comunidade e pesquisadores. Assim, o valor total do dano é VALOR DO DANO = 92.189,00 + 1 x 92.189,00 + 6.307,00 = US$ 190.685,00 (Cento e noventa mil seiscentos e oitenta e cinco dólares americanos)

V. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Não foi possível obter informações exatas sobre a data de início de operação da planta de Pinus e unidade de tratamento dos efluentes. Os registros iniciaram em agosto. Foi suposto que a unidade de tratamento iniciou a operação em 17/08/00 e no dia 17 de fevereiro emitiu o último relatório, o que representa seis meses de operação. Não foram registrados dados sobre o tratamento e o lançamento dos efluentes antes de dezembro. Foi suposto que nesse período a planta teve um comportamento similar ao

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registrado no período de dezembro a fevereiro, ou seja, lançando efluentes sempre acima do limite estabelecido pela legislação. Foram utilizados os custos de tratamento dos efluentes, apresentados pela empresa. A da taxa de desconto anual foi 10%, usualmente empregado nos países desenvolvidos; dessa forma, o valore dos custos de operação podem ser comparados com os valores dos custos de investimento. Finalmente, para determinar o valor social do dano foi utilizada uma constante de proporcionalidade seguindo o Princípio In Dúbio pro Natura para assegurar um valor econômico razoável que compense os danos que não foram incluídos na valoração.

VI. CONCLUSÕES

De acordo com a perícia realizada foi comprovado que houve a contaminação da bacia Quebrada e rio Siquiares. Essa contaminação originou outros impactos negativos nas comunidades, odores, pragas e dano à saúde. Houve alteração da qualidade da água, e os impactos subseqüentes prejidicaram o bem-estar das comunidades. Os resultados analíticos mostram que os parâmetros analisados estavam acima dos valores máximos estabelecidos. Isso significa que a contaminação continua. A empresa deve restituir o estado de consevação dos recursos, e caso a normalidade não seja restabelecida logo, uma nova valoração deve ser realizada e o custo deve ser internalizados pela empresa.

VII. RECOMENDAÇÕES

Cobrança de US$190.685,00 (cento e noventa mil seiscentos e oitenta e cinco dólares americanos) do dano segundo estimativa obtida no estudo; pagamento da indenização efetivado da seguinte forma:

US$ 6.307,00 (seis mil trezentos e sete dólares) correspondentes ao custo de gestão sejam destinados para o pagamento da investigação;

US$ 92.189,00 (noventa e dois mil cento e oitenta e nove dólares) sejam destinados às comunidades afetadas pelo dano ambiental;

US$ 92.189,00 (noventa e dois mil cento e oitenta e nove dólares) sejam destinados ao SETENA (órgão ambiental) para a compra de equipamentos e materiais, de acordo com a necessidade.

Comunicação às autoridades ambientais, pela empresa, da data na qual o rio e os contaminantes lançados na águass estejam em conformidade com a lei, para realizar uma nova valoração do dano; Ações imediatas, por parte da empresa, perante o Ministério da Saúde para minimizar os impactos causados pela proliferação de insetos e larvas de moscas nas comunidades afetadas pelo problema.

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7.6 MODELO CUSTOS DE RECUPERAÇÃO - VALORAÇÃO DO DANO PARA INCÊNDIOS FLORESTAIS

VEGA E; Vega M; Barrantes G; (2004); “Valoración del Daño Ambiental em el Refugio Nacional de Vida Silvestre Caño Negro por el Incendio en el año 2003”, IPS para ACAHN-RNVSCN-APANAJUCA, Heredia, Costa Rica.

INTRODUÇÃO

O objetivo foi calcular os custos do dano dos incêndios florestais. Os danos causados pelos incêndios florestais manifestam-se no clima, uso do solo (matéria orgânica, microorganismos, umidade), fauna, flora, qualidade da água (sedimentos, compostos dissolvidos e temperatura), bens produzidos e saúde da população. ESTUDO DE CASO Incêndios florestais de 906,5ha; 134ha de vagetação de banhado, 462ha de pastos, 290 ha floresta de pasto, 16 ha de vegetação de banhado Yolillales e 10 ha vegetação similar Marillales. Foram também afetadas pelos incêndios a fauna terrestre e aquática e as atividades turísticas da região. VALORAÇÃO DO DANO AMBIENTAL Para valorar o dano causado pelos incêndios foi necessário determinar o estado de conservação inicial da região afetada, estimar o grau da alteração ocorrida no estado de conservação do ambiente. Foram realizadas as estimativas do estado de conservação dos recursos afetados e a valoração econômica dos danos ambientais. O valor total do dano foi determinado através dos custos de recuperação, custo social e custos de atendimento à emergência. Assim tem-se, CUSTO TOTAL DO DANO = CUSTO DE RECUPERAÇÃO + CUSTO SOCIAL + CUSTO DE ATENDIMENTO À EMERGÊNCIA Avalição do estado de conservação dos recursos afetados Através de duas etapas principais: estimativa do estado de conservação dos recursos naturais e determinação do custo de recuperação propriamente dito. 1ª Etapa: Estimativa do estado de conservação do recurso afetado

Métodos: visitas, informações disponíveis e consultas de especialistas;

Procedimento: definição de indicadores para avaliar o estado de conservação, ponderação e a situação do estado de conservação de cada parâmetro;

Determinação do nível do dano ocorrido: diferença entre os níveis do estado de conservação dos recursos afetados.

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Nas tabelas estão os parâmetros adotados para avaliar o estado de conservação dos recursos naturais antes e depois do dano, os valores de poderação dos parâmetros e dos estados de conservação dos recursos afetados pelos incêndios.

Tabela 7.6.1 Indicadores do estado de conservação do recurso antes do dano

Critério Ponderação Valoração (1 - 10) Valoração Ponderada (%)

Qualidade da água 14,3 6,5 0,93

Aspecto da água 8,7 6,3 0,54

Flora Yolillales 10,3 6,0 0,62

Flora Marillales 10,2 6,1 0,62

Áreas de pastos 7,1 6,1 0,43

Riqueza biológica 20,6 7,8 1,60

Sítios de valor espiritual 5,5 4,3 0,23

Visitação turística 7,9 6,1 0,49

Mudanças climáticas 5,8 6,3 0,36

Situação socioeconômica 9,7 6,0 0,58

Estado de Conservação 100,0 6,40

Tabela 7.6.2 Indicadores de impacto (alteração) dos recursos naturais

Critério Ponderação Alteração (1-10) Valoração Ponderada (1-10)

Qualidade da água 14,3 6,0 0,86

Aspecto da água 8,7 4,6 0,40

Flora Yolillales 10,3 5,3 0,55

Flora Marillales 10,2 4,6 0,46

Áreas de pastos 7,1 1,1 0,08

Riqueza biológica 20,6 4,8 0,98

Sítios de valor espiritual 5,5 3,8 0,21

Visitação turística 7,9 3,3 0,26

Mudanças climáticas 5,8 3,8 0,22

Situação sócio-econômica 9,7 4,2 0,41

Índice de Alteração 100,0 4,44

Os dados indicam que o estado de conservação das florestas atingidas era 64% do máximo antes do dano. Isto indica a preexistência de um dano equivalente a 36% não associado com o dano atual. Os dados indicam que os incêndios causaram a alteração de 44,4% do estado de conservação dos recursos. Portanto, o estado de conservação dos recursos atingidos pelo fogo variou 28,42% e o valor final foi 35,58%. Esses resultados foram obtidos através de consulta à especialistas que atribuíram os valores e pesos para os critérios de avaliação dos recursos. Inicialmente, a equipe dos especialistas selecionou os indicadores para avaliação do estado de conservação dos recursos naturais. Em seguida, os indicadores foram ponderados para determinar o nível da alteração do estado de conservação provocada pelos incêndios. As relações utilizadas pelos especialistas estão na seqüência.

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Ponderação de indicadores de avaliação do estado de conservação do recurso

ui,j = ponderação do indicador j pelo especialista i;

j = ponderação média do indicador j; nj = número de especialista que participaram da avaliação.

Avaliação dos indicadores de avaliação do estado de conservação do recurso

X i j = valor do indicador j atribuído pelo especialista i; Yj = valor médio do indicador j; β= estado de conservação.

Avaliação do nível de alteração do estado de conservação do recurso

i j = valor da alteração do indicador j atribuído pelo especialista i; NAj = valor médio para o indicador j;

= índice de impacto negativo (nível do dano).

CUSTOS DE RECUPERAÇÃO DO DANO AMBIENTAL A valoração econômica do dano total foi obtida somando os custos de restauração do recurso, o custo social e outros associados. O custo de recuperação considera os insumos, materiais e mão-de-obra necessários para recuperar o recurso até atingir-se o nível preexistente do estado de conservação. Na estimativa do custo social do dano consideram-se os bens e serviços que derivam dos recursos durante o período da sua recuperação. Os custos de atendimento da emergência também foram considerados. I. Custos de restauração dos recursos afetados

∑∑∑ ( )

Onde:

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CR = custo da restauração do recurso natural afetado ($/unidade do fator);

P i = preço do insumo i usado na restauração do recurso j ($/unidade de insumo);

Q t, j, i = quantidade do insumo i para restauração do recurso j (unidade de insumo);

r = taxa de desconto anual (%);

t = tempo (unidade de tempo);

T = tempo máximo para restaurar o dano ambiental (unid. de tempo);

m = número de insumos necessários para restaurar o recurso i;

n = número de recursos afetados pelo dano.

II. Tempo máximo de recuperação dos recursos afetados O tempo máximo para a recuperação das florestas foi estimado pelos especialistas pela análise crítica do período de tempo necessário para restabelecer o nível de cada fator adotado para avaliar o potencial ecológico e a condição ambiental dos recursos. A partir dos resultados foi estabelecido o tempo máximo para recuperar o ambiente. Na Tabela 7.6.3 estão indicados os resultados dessa etapa.

Tabela 7.6.3 Critérios para estimar o tempo máximo de recuperação dos recursos

Critério Tempo de restauração (anos)

Qualidade da água 2,5 Espelho da água 4,0 Vegetação de banhado Yolillal 42,0 Vegetação de Banhado Marillal 46,7 Riqueza biológica 12,1 Sitio de valor espiritual 23,7 Visitação turística 1,7 Situação socioeconômica da população 3,3 Mudança climática 2,7

Tempo máximo de recuperação 46,7

6,5

6,3

6

6,1

6,1 7,8

4,3

6,1

2,6 3,4

2,8

3,33

5,44

1,64

2,6

4,1

Qualidade da água

Aspecto da água

Flora Yolillales

Flora Marillales

Áreas de pastos

Riqueza biológica

Sítios de valor espiritual

Visitação turística

Antes do Dano

Após o Dano

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O tempo máximo para a recuperação dos recursos estimado foi igual a 46,7 anos. Os custos da recuperação associados com as medidas para controle e proteção das áreas queimadas, durante os quatro primeiros anos após o dano, estão na Tabela 7.6.4. Na Tabela 7.6.5 estão os custos requeridos a partir do quinto até o último ano. Na Tabela 7.6.6 estão os gastos requeridos para a revegetação das áreas queimadas.

Tabela 7.6.4 Quantidade e preço dos insumos requeridos nos primeiros quatro anos

Insumos Unidade Quantidade Preço ($) Vida Útil Custo Anual ($)

Operários Funcionário 9 7.214 --- 64.926

Chefe de setor Funcionário 1 7.386 --- 7.386

Operação --- 10 3.314 --- 33.140

Equipamento Unidade 10 400 5 anos 800

Lanchas Unidade 1 4.000 5 anos 800

Motores Unidade 1 2.938 5 anos 588

Veículos Unidade 1 20.000 7 anos 2.857

Combustíveis Galões/ano 5031 0,60 --- 3.019

Manutenção --- 1 1.347 --- 1.347

Total anual 114.862

Total em 4 anos --- --- ---- --- 364.098

Tabela 7.6.5 Quantidade, preços e insumos requeridos a partir do quinto ano

Insumos Unidade Quantidade Preço ($) Custo Anual ($)

Operário de campo Funcionário 5 7.214 36.070

Chefe de setor Funcionário 1 7.386 7.386

Custos de operação --- 6 3.314 19.884

Equipamento (EPI) Unidade 6 --- 480

Lanchas Unidade --- --- 800

Motores Unidade --- --- 588

Veículos Unidade --- --- 2.857

Combustíveis Galões/ano 5031 0,60 3.019

Custos manutenção --- 1 1.347 1.347

Total anual 71.525

Total em 04 anos --- --- --- 436.526

Tabela 7.6.6 Gastos financeiros com o replantio da vegetação queimada

Insumo Unidade Quantidade Preço Tempo Custo anual

Mão-de-obra Peão 05 7,9 22 869

Sementes Yolillo Saca 15 5,3 -- 79

Sementes Marillal Saca 10 2.300 -- 23.000

Total 23.948

Valor atual --- --- --- --- 23.948

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Nas Tabelas 7.6.7 e 7.6.8 estão os valores dos custos da infra-estrutura de proteção e monitoramento das áreas queimadas, respectivamente. O somatório dos custos dos insumos, mão-de-obra e atividades fornece o custo total de recuperação do dano das áreas afetadas pelos incêndios, indicado na Tabela 7.6.9.

Tabela 7.6.7 Custos de infra-estruturas adicionais de proteção e segurança

Insumos Unidade Quantidade Preço ($) Custo Anual ($)

Retro-escavadeira Horas 30 37 1.116

Mão-de-obra Operário 2 8,7 35

Guaritas Unidade 3 345 1.034

Bombas Unidade 2 345 690

Mangueiras Unidade 2 920 1.839

Gastos manutenção --- --- --- 80

Total 4.714

Tabela 7.6.8 Custos de monitoramento das áreas queimadas

Insumo Unidade Quantidade Preço Tempo Custo anual

Mão-de-obra Profissional 2 21,8 28 1.220

Materiais Unidade 1 100 28 100

Total 1.320

Valor atual 13.042

Tabela 7.6.9 Componentes dos custos da recuperação do dano ambiental

Componente do Custo de Recuperação Montante ($)

Atividade de proteção e controle na fase intensiva 364.098

Atividade de proteção e controle na fase moderada 436.526

Repovoamento de espécies 23.948

Infra-estrutura preventiva 4.714

Monitoramento das áreas queimadas 13.042

Valor Atual 842.329

Os resultados da Tabela 7.6.9 mostram que o valor total do custo de recuperação dos danos causados pelos incêndios florestais é $ 842.329,00. Na seqüência, determina-se o custo social do dano ambiental, pela avaliação das perdas dos bens e serviços ambientais dos recursos naturais que foram prejudicados. CUSTO SOCIAL DO DANO AMBIENTAL Para estimar o custo social do dano é preciso determinar, da melhor forma possível, os bens e os serviços ambientais que derivam das florestas afetadas. Em geral, os

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benefícios perdidos são matérias-primas e produtos finais de consumo; proteção e segurança no abastecimento futuro de bens e serviços; danos à saúde da população, e perca do espairecimento e desenvolvimento espiritual. As alternativas da sociedade em relação à redução da oferta ou perda desses benefícios são:

seguir dispondo dos fluxos do recurso em menor quantidade e qualidade;

substituir os fluxos afetados por outros equivalentes aos benefícios perdidos;

perder a oportunidade de aproveitar fluxos de forma temporária ou definitiva.

O custo social pode ser estimado por métodos diretos ou indiretos de valoração. Os método direto utilizam dados das quantidades e preços dos bens e serviços afetados pelo dano. O método indireto determina o custo social é determinado por análise do estado de conservação e custos de recuperação dos recursos prejudicados pelo dano. Neste estudo de caso foi utilizado o método indireto. A equação para estimar o custo social do dano pelo método indireto é

∑∑∑ ( )

( )

onde representa o grau de alteração do estado de conservação do recurso natural. O nível do estado de conservação dos recursos antes do dano, estimado pela equipe de especialistas foi 64%. Considerando que o nível do impacto foi de 44%, pode-se estimar que o nível de alteração do estado de conservação dos recursos foi 28,42%. O nível do estado de conservação dos recursos após o dano ficou 35,84% do máximo. Atribuindo o valor do estado de conservação final dos recursos à variável α(= 0,2842), e utilizando esse parâmetro em conjunto com o custo total de recuperação, pode-se obter o custo social do dano pelo método indireto. Os resultados dessa etapa estão na Tabela 7.6.10.

Tabela 7.6.10 Componentes do custo social do dano ambiental

Componente Valor

Custo de restauração US$ 842.329,00

Estado de conservação inicial 64%

Índice de alteração (impacto) 44,4%

Mudança do estado de conservação 28,42%

Custo Social (método indireto) US$ 1.176.437,15

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CUSTO DE ATENDIMENTO DA EMERGÊNCIA (OUTROS)

O custo de atendimento da emergência, obtido dos relatórios e laudos da ocorrência, foi $ 78.759. AVALIAÇÃO ECONÔMICA GLOBAL DO DANO AMBIENTAL A partir dos valors dos custos de recuperação, social e atendimento da emergência, foi determinado o valor total do dano ambiental decorrente dos impactos negativos, causados por incêndio dos recursos florestais. Na Tabela 7.6.11 estão indicados os valores dos custos individuais que compõem o valor global do dano ambiental.

Tabela 7.6.11 Resultados da valoração econômica do dano ambiental

Componentes do custo Valor ($)

Custos de recuperação 842.329,00

Custo social 1.176.437,15

Custos da emergência 78.759

Total 2.097.525,15

CONCLUSÕES Através da aplicação desta metodologia foi possível estimar de forma técnica o valor do dano ambiental do incêndio de 907ha de áreas florestais. O valor total do dano foi estimado considerando três componentes: o custo de restauração, o custo social e o custo de atendimento à emergência. O custo social foi determinado indiretamente a partir do nível de alteração do estado de conservação dos recursos. O valor total do dano foi $2.097.525,15. Deste montante, 40,2% são os custos de recuperação, 56,1% são relativos ao custo social e 3,7% são custos do atendimento da emergência.

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7.7 MODELO OSINERG – VALORAÇÃO DO DANO PARA DERRAME DE PETRÓLEO

CORDANO, A. V. OSINERG – Sistema de Sanciones por Daños Ambientales para la Fiscalizacion de la Industria de Hidrocarburos em el Peru. Trabalho 10, Agosto, 2006 INTRODUÇÃO

Os métodos para a valoração econômica de bens e serviços ambientais são agrupados em três categorias: Métodos Indiretos ou de Preferências Reveladas; Métodos Diretos ou de Preferências Diretamente Expressas e Métodos da Transferência de Valores.

O método da Transferência de Valores é aplicado nos caso em que não é possível fazer um estudo de valoração específico e particular para um caso de interesse. O método utiliza as informações e resultados de estudos realizados para casos similares ao que se pretende analisar, a fim de estimar o dano para o contexto específico em lide.

O modelo de valoração econômica de danos ambientais apresentado está baseado na RESOLUCIÓN DE GERENCIA GENERAL ORGANISMO SUPERVISOR DE LA INVERSIÓN EN ENERGÍA OSINERG Nº 032-2005-OS/GG, publicada em 26 de fevereiro de 2006, em Lima no Peru. Esse modelo de multa pode ser aplicada para vazamentos de petróleo e seus derivados; disposição inadequada de resíduos, derrubada de florestas e para a desestabilização de taludes ou perda de solos (erosão). MODELO PARA VAZAMENTO DE PETRÓLEO E DERIVADOS

( ) ( ∑

) (

)

Onde:

B = benefício econômico obtido pelo não cumprimento da legislação (custo evitado);

α = percentagem ou fator de ponderação adotado para o cálculo da multa (5%); D = valor econômico da região afetada, obtido por métodos de valoração específicos; Fi = fatores de agravo ou atenuantes de multa, para i = 1..., 8.

FATORES DE AGRAVO E ATENUANTES DA MULTA

F1: Antecedentes de atendimento da legislação ambiental (-4; +4);

F2: Resposta à emergência, eficiência do plano de ação para minimizar danos (-4; +4);

F3: Grau de colaboração da empresa com as autoridades (-2; +2);

F4: Motivo do acidente (0; +5);

F5: Capacidade de realizar os gastos evitados (0; +10);

F6: Danos às comunidades (vida, pesca, caça) (0; +5);

F7: Sistema de Gestão Ambiental (-5; 0);

F8: Dano ás reservas naturais (0; +20).

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Tabela 7.7.1 Qualificação dos fatores de agravo da multa do dano ambiental

F1 - Antecedentes de cumprimento da legislação ambiental Qualificação

O infrator atende as condicionantes do licenciamento atualizadas, as normas e a legislação ambiental -4

O infrator foi autuado pelo não cumprimento legal de outra sanção consciente desta possibilidade 1

O infrator foi autuado pelo não cumprimento legal da mesma sanção consciente desta possibilidade 4

F2 – Resposta no atendimento da emergência

Resposta imediata e completa execução do plano de contingência -4

Resposta tardia e/ou parcial execução do plano de contingência 0

Sem resposta 4

F3- Grau de colaboração da empresa com os órgãos de controle e fiscalização ambiental

Colaboração plena na investigação dos problemas -2

Atitude indiferente, não colabora com a fiscalização 0

Dificulta a fiscalização dos órgão ambientais 2

F4- Motivo de ocorrência do acidente

Apresenta procedimentos internos de trabalho que foram realizados 0

Erro de operação 2

Negligencia ou dolo 5

F5 – Volume de vendas anual da empresa (US$ - dólares americanos, ano 2005)

Até 300.000 0

Mais de 300.000 até 15.000.000 3

Mais de 15.000.00 até 50.000.00 6

Mais de 50.000.000 10

F6 – Danos às comunidades

Nenhuma comunidade foi afetada 0

Uma comunidade foi afetada 3

Mais de uma comunidade foi afetada 5

F7 – Sistema de gestão ambiental

Existe SGA com certificação vigente -5

Não existe SGA 0

F8 – Danos às reservas naturais

As reservas naturais foram afetadas 0

As reservas naturais não foram afetadas 20

EXEMPLO DE APLICAÇÃO

Em 2003, ocorreu o vazamento de petróleo devido à ruptura do oleoduto na Floresta de Ucayli, operado pela empresa ALA. Um dos motivos do acidente foi o deslizamento de material do terreno que deveria ter sido enviado pela ALA para o aterro. Para tanto, era necessário realizar estudo geotécnico e contratar maquinário e mão de obra para minimizar o risco de acúmulo do resíduo sobre o óleoduto. Era necessário enviar os 9000m3 de material para local adequado, em vez de depositar sobre 2000m2 de áreas nas adjacências do oleoduto que rompeu. Nas Figuras 7.7.1 e 7.7.2 estão fotografias do óleoduto rompido que causou o vazemento do petróleo.

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Figura 7.7.1 Vista aérea da região onde ocorreu o vazamento do petróleo

Figura 7.7.2 Imagem das atividades de recuperação do óleoduto

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Como conseqüência do acidente, 113m3 do óleo derramado contaminaram 500m3 de solo e 7.700m2 de bosque A região também foi atingida pelas ações de atendimento da emergência, causando a perda de 2000m2 de solo. A empresa destinou 300m3 de terra para o aterro. Nos corpos hídricos, foi contaminada uma área superficial de 15.000m2 pela depositação de uma película de 0,05m de óleo na água. Foram observados peixes mortos na água e a contaminação do aqüífero. A empresa indenizou as comunidades ribeirinhas afetadas pelo acidente com US$ 165.270,00. CÁLCULO DO DANO (MULTA)

( ) ( ∑

) (

)

CÁLCULO DO FATOR B

Para o cálculo do fator B serão utilizados os custos evitados pela empresa infratora que provocou o dano ambiental, os quais são divididos em dois tipos: a) custos evitados de investimento para a execução e manutenção de obras geotécnicas; b) custos evitados associados à remoção dos escombros existentes na região do acidente. - Custos dos investimentos evitados Para estimar o valor do benefício “oculto” que a empresa obteve por não ter cumprido a leislação, foi analisado um cenário hipotético de cumprimento da legislação no qual a empresa realiza as medidas necessárias para evitar o impacto negativo que ocorreu. Na Tabela 2 estão os investimentos evitados pela ALA relativos aos custos de operação e manutenção. Para valor os investimentos no prazo de 10 anos foi utilizada a taxa de inflação de 2,4%.

Tabela 7.7.2 Investimentos das obras geotécnicas, evitados pela empresa

Custo do investimento US$

Obras de infra-estrutura geotécnica 100.000

Custos de operação e manutenção anual 5.000

Os valores dos investimentos evitados foram corrigidos pela projeção do fluxo de caixa ao longo de 10 anos (período de tempo utilizado nos estudos de viabilidade econômica de projetos), considerando dois ciclos. O ciclo inicial de operação do capital e o ciclo de reposição do ativo. Para tanto, foi adotada uma taxa linear de depreciação, uma taxa de desconto anual de 10,15% e uma taxa de 30% para o imposto de renda. A relação empregada para obter o valor presente do montante de investimentos foi

∑( ( )

)

Onde:

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VAN = valor presente líquido ($);

FCN t = fluxo de caixa líquido ($);

n = período (anos);

r = taxa de desconto anual (%)

Os valores presente dos investimentos evitados pela ALA ao longo do ciclo inicial e de reposição do ativo, no período de 10 ano cada, estão apresentados na Tabela 7.7.3. A partir destes valores calcula-se o fator B somando o valor presente dos investimentos, dos gastos não depreciados e dos custos de operação e manutenção. Os valores dos custos de operação manuteção corrigidos estão apresentados na Tabela 7.7.4.

Tabela 7.7.3 Correção monetária dos investimentos evitados pela empresa

Ciclo Primário (período de anos) 2003..., 2013...,

Investimento (US$) 100.000

Depreciação (linear)

Imposto de renda (30%)

FCN – Fluxo de caixa líquido (US$) 100.000

VNP Ciclo primário (2003) (US$) 74.169

VNP Ciclo primário (2005) (US$) 90.661

Ciclo Substituição (período de anos) 2014..., 2023.

Investimento 126.765

Depreciação

Imposto de renda (30%)

FCN – Fluxo de caixa líquido (US$) 126.765

VNP - Valor presente líquido (ano 10) 94.021

VNP Ciclo reposição (2005) (US$) 46.563

Benefício oculto investimentos evitados (US$) 453.579

Tabela 7.7.4 Correção dos custos evitados para manutenção e operação

2003 2004 2005

Custos evitados (US$) 5.000 5.000 5.000

Imposto renda (US$) 1.500 1.500 1.500

FCN – Fluxo de caixa líquido (US$) 3.500 3.500 3.500

Valor futuro (2005) (US$) 11.648

Benefício com Custos Evitados (US$) 38.501

Assim, o benefício ilegal derivado dos investimentos evitados é igual a

CUSTOS DOS INVESTIMENTOS EVITADOS = 453.579 + 38.501 = US$ 492.079,00

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- Custos evitados pela não remoção dos escombros

Para determinar esta parcela do fator B estabelece-se um cenário hipotético supondo que a empresa infratora cumpra a legislação. Para o cumprimento da legislação seria necessário contratar uma equipe de quatro pessoas e equipamento a fim de remover os escombros da área. Precisa-se também, estabelecer o custo do aluguel e transporte das máquinas, assim como o número de horas de trabalho necessárias para executar o serviço. Os custos dos combustíveis, infra-estrutura e outros também são incluídos. Na Tabela 7.7.5 apresenta-se os custos para a remoção dos escombros em 2003.

Tabela 7.7.5 Custos evitados para a remoção dos escombros, em 2003

ITENS Valor (US$)

Pessoal 46.500

Combustíveis 131.344

Máquinas 33.012

Aluguel 37.020

Estudo geotécnico 50.000

Total de benefícios “ocultos” 297.876

Adicionalmente, supondo que a empresa tenha declarado as ganâncias ao imposto de renda, o fluxo de caixa líquido é a diferença do custo evitado e o valor do imposto de renda no período considerado para a remoção dos escombros. Com essa informação pode-se calcular o valor futuro do montante para 2005, utilizando a taxa do custo de oportunidade do setor para o período de 12/2003 a 12/2005, 24 meses. Os resultados dessa etapa estão indicados na Tabela 7.7.6.

Tabela 7.7.6 Custo total para remoção dos escombros, evitado pela empresa

Custos evitados (em 2003) US$ 297.876

Imposto de renda (30%) 89.363

FCN - Fluxo de caixa líquido (em 2003) 208.513

Taxa do custo de oportunidade (hipotéca) (%) 10,56

Valor Futuro (2005) US$ 240.575

Os resultados da Tabela 7.7.6 mostram que os custos evitados pela empresa pela não remoção dos escombros foram U$$ 240.575. Finalmente, pode-se obter o fator B somando os custos evitados dos investimentos de operação e manutenção e os custos evitados de remoção dos escombros do acidente:

BENEFÍCIO OCULTO TOTAL = 492.079,00 + 240.575,00 = US$ 732.654,00 = FATOR B

FATOR B = US$ 732.654,00

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CÁLCULO DO FATOR αD Os impactos do acidente atingiram o solo e corpos hídricos, e provocaram a perda de biodiversidade biológica e a deterioração do entorno social das comunidades nativas. Houve também a remoção excessiva da vegetação, ocasionando a perda de 2000m2 de solo de floresta amazônica. O parâmetro D da equação da multa foi determinado pelo método da Transferência de Valores da Disposição a Pagar (DAP) para a conservação do meio ambiente, a partir de estudos realizados em áreas com características semelhantes à investigada, como, por exemplo reservas naturais, parques nacionais, áreas de recreação, banhados, bosques, zonas costeiras. Na Tabela 7.7.7 estão apresentados os trabalhos fonte utilizados para esta finalidade. Para ajustar os valores transferidos desses estudos fonte, deve-se incluir a elasticidade da DAP com respeito à renda real. A elasticidade mede a redução percentual da DAP, por um benefício particular, para cada redução percentual na renda real das pessoas. A hipótese mais usada para o valor da elasticidade é a unidade, mas, a literatura indica que para países da América Latina e do Caribe a elasticidade é igual a 0,54. Para transferir os valores dos estudos fonte para o caso analisado utilizá-se a equação

(

)

(

)

Onde:

- valor dos bens e dos serviços ambientais na moeda local para o lugar de

aplicação da transferência dos valores (policy site), no instante de tempo t;

- valor dos bens e serviços ambientais para o lugar de aplicação (study site),

para o período em que foi realizado o estudo fonte (t=0), na moeda utilizada para valorar os bens e serviços ambientais;

- renda per capita ajustada pela paridade do poder de compra para o

policy site, para o período em que foi realizado o estudo fonte (t=0), na moeda que foi utilizada para valorar os bens e serviços ambientais;

- renda per capita ajustada pela paridade do poder de compra para o

study site, para o período em que foi realizado o estudo fonte (t=0), na moeda que se utilizou para valorar os bens e serviços ambientais;

- índice de preços ao consumidor para o período “t” e na moeda que se utilizou para valorar os bens e serviços ambientais;

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- índice de preços ao consumidor no período em que foi realizado o estudo fonte (t=0) e na moeda utilizada para valorar os bens e serviços ambientais;

– taxa de câmbio no período “t” entre a moeda local e que foi utilizada para valorar os bens e serviços ambientais no estudo fonte;

e – elasticidade de renda da vida estatística. Aplicando a técnica da Transferência de Valores para valorar a contaminação da flora, a perda do uso e não-uso dos recursos pela contaminação da flora, a contaminação do aqüífero e a compensação das comunidades obtém-se o valor total do dano ambiental. Na Tabela 7.7.8 estão os resultados da transferência de valores dos estudos fonte e da análise de sensibilidade dos valor total do dano ambiental para o caso descrito.

Tabela 7.7.8. Valor do dano e análise de sensibilidade paramétrica do fator D

Categoria de Valor (2005) Valor (US$) Intervalo (-10% ; 10%) Intervalo (-56% ; 56%)

Contaminação da Floresta

Valor de Uso (não transferido) 611.101 611.101 611.101 611.101 611.101

Valor Indireto + Valor de Não

Uso (transferidos) 313.041 281.737 344.345 137.738 488.344

Valor do dano/ha 924.142 892.838 955.446 748.839 1.099.445

Meio Ambiente e Meio Social (Contaminação do Aqüífero)

Perda: Uso Indireto e Não Uso 1.651.889 1.486.700 1.817.078 726.831 2.576.947

Compensação de comunidades 165.270 165.270 165.270 165.270 165.270

Estimativa Econômica Total do Dano Ambiental

Valor do Dano 2.410.761 2.214.268 2.607.254 1.310.401 3.511.122

Os resultados da tabela acima indicam que o valor total do dano foi US$ 2.410.761. Na tabela constam também os resultado da sensibilidade paramétrica para ± 10% e ± 56% do valor da multa do dano ambiental. Fazendo a comparação do valor médio do dano (US$ 2.960.942), obtido com os valores dos extremos do intervalo (-10%; +56%), e do valor da multa (R$2.410.761), obtem-se o desvio médio de 19%. Adotando um valor de 5% para α, seguindo a metodologia proposta pela OSINERG, obtém-se o valor do fator (αD) da equação da multa igual a R$ 120.538.

FATOR αD = R$ 120.538,00

CÁLCULO DO FATOR A

De acordo com a Resolução No 032-2005-OS/GG, que regulamentada essa proposta de cobrança de multa da OSINERG, o fator A pode variar o valor da multa de -10 a 56% do valor máximo. O fator A é determinado a partir dos fatores de agravantes e atuantes, que refletem o comportamento e o histórico ambiental do infrator frente à legislação e órgãos de controle e fiscalização ambiental. Na Tabela 9 estão os fatores do caso.

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163

[ ( )] (

)

Tabela 7.7.9 Valor dos fatores de agravo,utilizados para calcular o fator A

Fator Significado Valor

F1 Antecedente descumprimento legislação 1

F2 Resposta à emergência 0

F3 Nível de colaboração com autoridades -2

F4 Tipo de acidente 2

F5 Capacidade de arcar com custos evitados 6

F6 Comunidades afetadas 5

F7 Sistema de gestão Ambiental 0

F8 Danos às reservas naturais 0

Fator A 1,12

CÁLCULO DO VALOR DA MULTA

Substituindo os valores dos fatores B, D, α e A na equaçao da multa para a cobrança da infração e dano ambiental obtém-se

FATOR B = US$ 732.654;

FATOR D = US$ 2.410. 761;

FATOR (αD) = US$ 120.538;

FATOR A = 1,12.

( ) ( ∑

) (

)

( )

VALOR ECONÔMICO TOTAL DO DANO AMBIENTAL = US$ 995.575,00

Page 40: 7.2 MODELO CETESB - VALORAÇÃO DO DANO PARA ......Valor Econômico do Dano Ambiental Valor (US$) = 10 (4,5 + x) = 10 (4,5 + 1,6) = 10 6,1 = US$ 1.258.925,40 COMENTÁRIO Esse método

164

Tabela 7.7.7 Trabalhos utilizados para a transferência de valores, visando a obtenção do valor econômico do dano ambiental do acidente

Tipo de valor Bem ou serviço ambiental Técnica de valoração do estudo fonte US$

(1990)1 US$

(1996)

Ajuste PBI-PPP2 (Brasil-Peru) US$

(1990)

US$ (2003)

US$ (2005)

VAN3 (5%) US$

Soles4 (2005)

Valor de Uso Direto

Produção de madeira comercial

Produtividade Marginal (Custos de Mercado) -- -- -- 9.369,0 10.024,8 104.053,9 343.939,6

Produção madeira não comercial

Produtividade Marginal (Custos de Mercado) -- -- -- 5.308,5 5.680,1 58.957,7 194.878,7

Valor da produção agrícola Produtividade Marginal (Custos de Mercado) -- -- -- 1.697,0 1.815,8 18.847,3 62.297,8

Exploração da fauna Produtividade Marginal (Custos de Mercado) -- -- -- 272,0 291,0 3.020,9 9.985,3

Valor de Uso Indireto

Regulação hídrica Produtividade Marginal (Custos de Mercado) 61,0 -- 45,3 63,9 68,4 710,0 2.346,9

Controle de erosão e bacias Bens Substitutos - Custos Evitados 3,0 -- 2,2 3,1 3,4 34,9 115,4

Controle de incêndios Produtividade Marginal (Custos de Mercado) 6,0 -- 4,5 6,3 6,7 69,8 230,8

Regulação de nutrientes Bens Substitutos – Custos Evitados 3.480,0 -- 2.586,7 3.647,2 3.902,5 40.506,7 133.890,9

Valor da biodiversidade (plantas medicinais para a indústria farmacêutica)

Calibração de Modelo de Competência com Produtos da Indústria Farmacêutica

-- 363,0 -- 424,7 454,4 4.716,9 15.591,3

Fixação de carbono Valoração Contingente e Produtividade Marginal (Benchmark Internacional)

3.080 -- -- 4.342,8 4.646,8 48.232,2 159.426,6

Valor de Opção Proteção da biodiversidade Valoração Contingente e Produtividade Marginal (Benchmark Internacional

31,0 -- 23,0 32,5 34,8 360,8 1.192,7

Valor Existência Preservação ambiental Valoração Contingente 6,4 -- 4,8 6,7 7,2 74,5 246,2

VAN / ha (e = 0,54) (ano, 2005) 924.142

1 – ano; 2 – ajuste cambial da moeda; 3 – valor do dano ambiental (VAN); 4 – moeda peruana (soles)

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7.8 MODELO HEA - VALORAÇÃO DO DANO PARA PERDA DE SERVIÇOS AMBIENTAIS

NOAA, National Oceanic and Atmospheric Administration EUA, “Habitat Equivalency Analysis: An Overview. Damage Assessment and Restoration Program, Silver Spring.

INTRODUÇÃO

Análise do Equivalente Habitacional (HEA) é uma metodologia usada para determinar o tamanho da recuperação requerida para compensar serviços ambientais equivalentes às perdas dos mesmos na área atingida. Essa técnica é recomendada para compensar a perda de serviços ambientais que derivam dos componentes bióticos do sistema.

A compensação é realizada pela recuperação do hábitat afetado e implantação de um projeto de compensação, como, por exemplo, o desenvolvimento de uma área similar para fornecer os serviços ambientais equivalentes às perdas que ocorrem ao longo do tempo. Esse processo é realizado em três fases. Na primeira fase, faz-se uma avaliação do componente alterado. Na segunda, faz-se a quantificação do impacto, a seleção das alternativas de compensação e elaboração dos planos de recuperação da área afetada. Na última fase, faz-se a recuperação da área, implantação do projeto de compensação e monitoramento para acompanhar a evolução dos serviços ambientais com o tempo.

Na Figura 7.8.1 estão ilustrados os serviços perdidos pelo hábitat afetado e fornecidos pelo compensatório. Essa técnica utiliza taxa de desconto anual, em geral de 3%, para corrigir o valor dos serviços ao longo do tempo. Caso a área de compensação continue fornecendo serviços por muito tempo (100 anos) em relação ao tempo de recuperação (15 anos), seu tamanho será menor que o habitat afetado pelo dano ambiental.

Figura 7.8.1 Diagrama do processo HEA de compensação do dano ambiental

As hipóteses estabelecidas no modelo são: a) taxa de recuperação linear; b) serviço fornecido pela área compensatória igual da área afetada; c) métrica única para avaliar os serviços perdidos e fornecidos; d) constância no tempo da linha base dos serviços.

sítio da perda = sítio do ganho

Área 2 serviços fornecidos

Área 1 serviços perdidos

tempo

Serviços (%)

tamanho da área de compensação

t0 t1 t2 t3 (impacto) (início recuperação) (área recuperada) (serviço máximo)

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I. PARÂMETROS DO MODELO HEA

A determinação do tamanho da área compensatória é realizada com a equação,

[∑ (

)

]

[∑ ( )

]

Tabela 7.8.1 Parâmetros para estimar o tamanho do hábitat de reposição

A equação HEA estabelece que o tamanho do projeto de compensação deve ser igual à razão dos serviços perdidos (numerador) e fornecidos (denominador), por unidade de área-tempo do hábitat de compensação, multiplicada pelo valor relativo dos serviços

Variáveis de Entrada

V j Valor por área-tempo dos serviços fornecidos pelo hábitat afetado

V p Valor por área-tempo dos serviços fornecidos pelo hábitat de reposição

x j t Nível dos serviços fornecidos pelo hábitat afetado no final do tempo t

b j Linha base do nível do serviço (pré-dano)/unidade área do hábitat afetado

x p t Nível dos serviços fornecidos pelo hábitat de reposição no final do tempo t

b p Nível inicial dos serviços / unidade de área do hábitat de reposição

ρ t Fator desconto, ρ t = 1 / (1 + r) t - C, e r é a taxa de desconto no tempo

J Número de unidades de área afetadas pelo dano

P Tamanho do projeto de compensação (reposição)

Variáveis de Tempo

t = 0 Tempo em que ocorreu o dano

t = B Tempo em que os serviços foram recuperados até a linha base

t = C Tempo inicial para calcular a compensação do dano

t = I Tempo em que o hábitat de reposição inicia o fornecimento dos serviços

t = M Tempo em que o hábitat de reposição atinge o máximo dos serviços

t = L Tempo em que o hábitat de reposição pára de fornecer os serviços

Quantidades Calculadas

(b j - x j t) Extensão do dano no tempo t

(x p t - b p) Incremento dos serviços fornecidos pelo hábitat de compensação

(b j - x j t) / b j % dos serviços perdidos / unidade de área do hábitat afetado, em relação à linha base do nível dos serviços do hábitat afetado

(x p t - b p) / b j

% dos serviços ganhos / unidade de área do hábitat de reposição, em relação à linha base do nível dos serviços do hábitat afetado

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fornecidos por unidade de área do hábitat afetado e de compensação, multiplicado pelo número de unidades de área do hábitat afetado, caso o tamanho das áreas dos hábitats seja diferente. Os parâmetros da equação HEA estão decritos na Tabela 7.8.1.

EXEMPLO

O vazamento de óleo diesel de um acidente contaminou 100 acres de várzeas. O óleo derramado causou a redução de 50% dos serviços ambientaisfornecidos pelas várzeas. Os especialistas estimam que o tempo para a recuperação das várzeas seja cinco anos, considerando taxa linear ao longo do tempo. Nas Tabelas 7.8.2 e 7.8.3 estão indicados os dados do impacto e os parâmetros do projeto de compensação, respectivamente.

Tabela 7.8.2 Caracterísitcas do impacto utilizadas no modelo HEA

PARÂMETROS DO DANO AMBIENTAL

Tipo de hábitat Banhado

Ano do impacto 1999

Número de acres afetados 100

Nível dos serviços após o impacto 50%

Nível dos serviços após a recuperação 100%

Tempo de recuperação 5 anos

Forma da função de recuperação Linear

Taxa de desconto anual 3%

Tabela 7.8.3 Parâmetros do hábitat de compensação do dano ambiental

PARÂMETROS DO PROJETO DE COMPENSAÇÃO DO DANO

Tipo de hábitat Banhado

Nível inicial de serviços (no mesmo site) 50%

Ano de implantação do projeto de remediação 2009

Ano do início de fornecimento dos serviços 2010

Ano do máximo de fornecimento dos serviços 2014

Nível máximo dos serviços fornecidos 100%

Forma da função de recuperação Linear

Expectativa de tempo dos serviços fornecidos Perpétua

Razão (Vj/Vp) 1:1

Valor para executar o projeto (US$) 3000/acre

Os dados indicam que o acidente ocorrido em 1999 reduziu os serviços ambientais das várzeas em 50%. Os especialistas estimam que o tempo de recuperação das várzeas é cinco anos e, o custo é US$3000/acre. O projeto de recuperação das váreas iniciou em 2009, e, o fornecimento dos serviços iniciou em 2010, atingindo o máximo em 2014.

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Assim, de 1990 a 2009 (19 anos) o hábitat impactado com óleo fornecerá apenas 50% dos serviços. A partir de 2010, os serviços fornecidos aumentam progressivamente até atingir o máximo em 2014. Os resultados numéricos estão nas Tabelas 7.8.4 e 7.8.5.

Aplicando os dados da Tabela 7.8.2 no modelo, determina-se que o número efetivo de acres afetados pelo óleo foi 785,16 acres. Esse valor representa os serviços perdidos nas várzeas contaminadas, no período de 1990 até 20014, corrigidos com uma taxa de desconto de 3% ao ano. Na Figura 7.8.2 está indicado o nível dos serviços ambientais no período. A área abaixo da curva do gráfico da Figura 7.8.3 representa a perda total dos serviços ambientais no período de 1990 a 2014.

Figura 7.8.2 Nível atual e corrigido dos serviços ambientais afetados pelo dano

Figura 7.8.3 Perda total de serviços ambientais, representado pela área sob a curva

0

20

40

60

80

100

120

1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020

Se

rviç

os

amb

ien

tais

(%

)

Ano

Perda corrigida

Perda bruta

0

10

20

30

40

50

60

1990 1995 2000 2005 2010 2015

Se

rviç

os

amb

ien

tais

(%

)

Ano

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Os resultados indicam que, desde a época do acidente até a recuperação do hábitat, os 100 acres de várzeas deixaram de fornecer serviços ambientais equivalentes a 785,16 acres. Os dados indicam também que durante a recuperação serão fornecidos serviços ambientais equivalentes a 931,50 acres de várzea. Nas Figuras 7.8.4 a 7.8.6 estão os níveis dos serviços ganhos e perdidos no período de recuperação do hábitat alterado.

Figura 7.8.4 Nível dos serviços ganhos com a recuperação das várzeas

Figura 7.8.5 Total de serviços ganhos com a recuperação das várzeas

Figura 7.8.6 Perda e ganho total de serviços ambientais nas várzeas, de 1990 a 2015

0

10

20

30

40

50

60

1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020

Nív

el d

os

Serv

iço

s (%

)

Ano

Ganho bruto

Ganho corrigido

0

5

10

15

20

25

30

1990 1995 2000 2005 2010 2015

Nív

el d

os

Serv

iço

s (%

)

Ano

0

10

20

30

40

50

60

1990 1995 2000 2005 2010 2015

Serv

iço

s A

mb

ien

tais

(%

)

Ano

Perda deServiços

Page 46: 7.2 MODELO CETESB - VALORAÇÃO DO DANO PARA ......Valor Econômico do Dano Ambiental Valor (US$) = 10 (4,5 + x) = 10 (4,5 + 1,6) = 10 6,1 = US$ 1.258.925,40 COMENTÁRIO Esse método

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RESULTADOS NUMÉRICOS DO MODELO HABITAT EQUIVALENCY ANALYSIS: Site name: OLEO DIESEL FERROVIÁRIO Date: 08/03/2008 19:12:55 Datafile: C:\Program Files\Visual_HEA25\OLEO.hea Area units: acre Time units: year Claim year: 1990 Number of affected area units: 100 Pre-injury service level (%): 100,00% Pre-restoration service level (%): 50,00% Value ratio injured/restored: 1,00 Discount rate per time unit (%): 3,00 Tabela 7.8.4 Service loss at injury area (serviços perdidos) ----------------------------------------------------------------------------------------------------- Year %Services Lost Raw Discount Discounted Beginning End Mean SAYs lost factor SAYs lost ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 1990 50,00% 50,00% 50,00% 50,000 1,000 50,000 1991 50,00% 50,00% 50,00% 50,000 0,971 48,544 1992 50,00% 50,00% 50,00% 50,000 0,943 47,130 1993 50,00% 50,00% 50,00% 50,000 0,915 45,757 1994 50,00% 50,00% 50,00% 50,000 0,888 44,424 1995 50,00% 50,00% 50,00% 50,000 0,863 43,130 1996 50,00% 50,00% 50,00% 50,000 0,837 41,874 1997 50,00% 50,00% 50,00% 50,000 0,813 40,655 1998 50,00% 50,00% 50,00% 50,000 0,789 39,470 1999 50,00% 50,00% 50,00% 50,000 0,766 38,321 2000 50,00% 50,00% 50,00% 50,000 0,744 37,205 2001 50,00% 50,00% 50,00% 50,000 0,722 36,121 2002 50,00% 50,00% 50,00% 50,000 0,701 35,069 2003 50,00% 50,00% 50,00% 50,000 0,681 34,048 2004 50,00% 50,00% 50,00% 50,000 0,661 33,056 2005 50,00% 50,00% 50,00% 50,000 0,642 32,093 2006 50,00% 50,00% 50,00% 50,000 0,623 31,158 2007 50,00% 50,00% 50,00% 50,000 0,605 30,251 2008 50,00% 50,00% 50,00% 50,000 0,587 29,370 2009 50,00% 35,00% 42,50% 42,500 0,570 24,237 2010 35,00% 20,00% 27,50% 27,500 0,554 15,226 2011 20,00% 5,00% 12,50% 12,500 0,538 6,719 2012 5,00% 0,00% 2,50% 2,500 0,522 1,305 2013 0,00% 0,00% 0,00% 0,000 0,507 0,000 2014 0,00% 0,00% 0,00% 0,000 0,492 0,000 2015 0,00% 0,00% 0,00% 0,000 0,478 0,000 ----------------------------------------------------------------------------------------------------- Total discounted SAYs lost: 785,163

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Tabela 7.8.5 Service gain at the compensatory area (serviços ganhos) ----------------------------------------------------------------------------------------------------- Year %Services Gained Raw Discount Discounted Beginning End Mean SAYs gained factor SAYs gained ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 1990 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 1,000 0,000 1991 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,971 0,000 1992 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,943 0,000 1993 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,915 0,000 1994 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,888 0,000 1995 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,863 0,000 1996 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,837 0,000 1997 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,813 0,000 1998 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,789 0,000 1999 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,766 0,000 2000 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,744 0,000 2001 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,722 0,000 2002 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,701 0,000 2003 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,681 0,000 2004 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,661 0,000 2005 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,642 0,000 2006 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,623 0,000 2007 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,605 0,000 2008 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,587 0,000 2009 50,00% 65,00% 7,50% 7,500 0,570 4,277 2010 65,00% 80,00% 22,50% 22,500 0,554 12,458 2011 80,00% 95,00% 37,50% 37,500 0,538 20,158 2012 95,00% 100,00% 47,50% 47,500 0,522 24,790 2013 100,00% 100,00% 50,00% 50,000 0,507 25,335 2014 100,00% 100,00% 50,00% 50,000 0,492 24,597 2015 100,00% 100,00% 50,00% 50,000 0,478 23,880 ----------------------------------------------------------------------------------------------------- Total discounted SAYs gained = 931,50; Discounted SAYs gained per unit area = 9,32; Replacement habitat size (acre): 1 x 785,63/ 9,315 = 84,290.

Os resultados indicam que durante o período necessário para recupar o dano (14 anos) os serviços perdidos nas várzeas contaminadas com óleo são equivalentes aos serviços fornecidos por 785,16 acres de várzeas descontaminadas e, nesse período o projeto de recuperação fornecerá com taxa constante 9,32 acre-ano de serviços. Assim, após a recuperação, terão sido fornecidos o equivalente a 931,50 acres de serviços, portanto o projeto de compensação do dano que deve ser implatado é 84,29 acres de várzeas. VALOR ECONÔMICO DO DANO AMBIENTAL O valor do dano está associado aos custos de recuperação das várzeas e implantação do projeto de compensação. Os especialistas estabeleceram US$3.000/acre para essas ações. Os serviços ambientais perdidos equivalentes foram 869,453 acres (785,163 + 84,29) de várzea, portanto o valor do dano é US$ 2.608.359,00.

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Os resultados obtidos pelo HEA são razoáveis na maioria dos casos, mas ainda existem alguns pontos críticos no modelo, como, por exemplo o estabelecimento do tempo e a forma constante da taxa de recuperação do dano. Na maioria dos casos, a variação dos serviços ambientais e o tempo de recuperação do impacto, são estabelecidos a partir da literatura ou por estimativas de especialistas, mas existem casos no quais as hipóteses não ocorrem. Para contornar essas dificuldades e melhorar a qualidade dos resultados, pode-se utilizar imagens de satélite obtidas em diferentes datas, no sentido de estabelecer a variação do nível dos serviços ambientais em função do tempo. O exemplo a seguir mostra essa proposta.

EXEMPLO. Um vazamento de óleo atingiu a flora e solo de uma floresta. O acidente ocorreu em 2000, e sete anos depois foi solicitada a valoração econômica do dano. A flora afetada foi avaliada com sete imagens de satélite e um sistema de informações geográficas. As imagens foram analisadas e as feições flora e solo foram classificadas e quantificadas. O nívelo dos serviços ambientais foi relacionado à variação da área de solo exposto e de cobertura vegetal em função do tempo. Em seguida, a técnica HEA foi aplicada para determinar o dano efetivo e o tamanho da área de compensação. Nas Tabelas 7.8.6 e 7.8.7 estão apresentados os parâmetros do modelo HEA e do projeto de compensação.

Tabela 7.8.6 Parâmetros do modelo HEA utilizados para avaliação do dano

PARÂMETROS DO DANO AMBIENTAL

Tipo de hábitat Floresta

Ano do impacto ambiental 2000

Área afetada pelo impacto 2380 m2

Nível dos serviços após o impacto 67,70%

Nível dos serviços após a recuperação 90,0%

Tempo de recuperação do dano 10 anos

Forma da função de recuperação Linear

Taxa de desconto anual 3%

Tabela 7.8.7 Parâmetros do projeto de remediação do dano ambiental

PARÂMETROS DO PROJETO DE COMPENSAÇÃO DO DANO

Tipo de hábitat Floresta

Nível inicial de serviços (no mesmo site) 100%

Ano de implantação do projeto de remediação 2002

Ano do início de fornecimento de serviços 2004

Ano do máximo fornecimento de serviços 2010

Nível máximo dos serviços fornecidos 90%

Forma da função de recuperação Linear

Expectativa de tempo dos serviços fornecidos Perpétua

Razão (Vj/Vp) 1:1

Valor para a remediação (R$/m2) 50,00

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ESTABELECIMENTO DO NÍVEL DOS SERVIÇOS AMBIENTAIS O nível dos serviços ambientais na floresta foi diretamente relacionado à variação da área de cobertura vegetal e solo exposto determinadas por computador nas imagens de satélite obtidas em 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 e 2006. As imagens foram georreferenciadas e os histogramas equalizados para sua classificação e comparação. As áreas da cobertura vegetal e do solo exposto das imagem foram determinadas pela classificação supervisionada; não-supervisionada e segmentação com análise orientada por objetos. Nesse exemplo, apresenta-se apenas os dados da classificação manual das imagens. Nas Figuras 7.8.7, 7.8.8 e 7.8.10 estão indicadas as áreas ocupadas pela flora em 1999 (antes do acidente), 2003 e 2006, respectivamente. No polígono amarelo mostrado na Figura 7.8.7 foram determinadas as áreas ocupadas pela vegetação e solo exposto em função do tempo. A área do polígono menor, dentro do maior, corresponde à área de solo que existia antes do dano. A área da vegetação da imagem de 1999 foi adotada como referência, e associada ao nível máximo dos serviços ambientais (100%) fornecidos pela vegetação, antes do dano.

Figura 7.8.7 Imagem de satélite da região investigada, obtida em 1999

Figura 7.8.8 Imagem de satélite da região afetada pelo dano, obtida em 2003

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Figura 7.8.9 Áreas de vegetação e solo exposto em função do tempo

Tabela 7.8.8 Resultados da análise das imagens, em função do tempo

Ano Área da vegetação (m2) Serviços (%) Perda (%)

1999 2638,00 100,00 0,00

2000 1603,14 67,70 32,30

2001 595,40 25,10 74,90

2002 519,01 21,90 78,08

2003 449,53 18,98 81,02

2004 365,02 15,40 84,60

2006 2084,87 88,04 11,96

A classificação das imagens forneceu os resultados da Figura 7.8.9 e Tabela 7.8.8. Os resultados indicam que após o acidente houve uma redução contínua da vegetação até 2004. Os resultados indicam também que a partir do ano de 2004 houve um aumento da vegetação até 2006, conforme indica a Figura 7.8.10. Considerando factível relacionar a variação da área de cobertura vegetal ao nível dos serviços ambientais, verifica-se que a máxima redução dos serviços ocorreu em 2004 (84,60%). A partir desse ano, a vegetação aumento continuamente até 2006 (88,04%). Na Tabela 7.8.9 estão apresentadas as áreas da cobertura vegetal e o nível dos serviços ambientais em função do tempo. Os resultados indicam que a perda máxima de flora foi 84,60%, conseqüentemente, o nível mínimo dos serviços ambientais foi 15,4%, quatro anos após o acidente, em 2004. A partir desse ano, o nível dos serviços aumentou e atingiu 88,04%, em 2006.

2368,00

1603,14

595,40 519,01

449,53

365,02

2084,87

2,00

766,86

1774,60

1850,99

1920,47

2004,98

285,13

0

500

1000

1500

2000

2500

1998 2000 2002 2004 2006 2008

Áre

a (m

2)

Ano

Área Flora

Área Solo

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175

Figura 7.8.10 Situação da vegetação afetada pelo óleo, em 2006

Tabela 7.8.9 Áreas da vegetação e nível dos serviços, em função do tempo

Ano Área da flora

(m2)

Relação

área x serviços

Serviços

(%)

Serviços

pedidos (%)

Área do solo

(m2)

1999 2368,00 100,00 100,00 0,00 2,00

2000 1603,14 67,70 67,70 32,30 766,86

2001 595,40 25,10 25,10 74,90 1774,60

2002 519,01 21,90 21,90 78,08 1850,99

2003 449,53 18,98 18,98 81,02 1920,47

2004 365,02 15,40 15,41 84,60 2004,98

2006 2084,87 88,04 88,04 11,96 285,13

ANÁLISE DO EQUIVALENTE HABITACIONAL (HEA) Os dados das Tabelas 7.8.2, 7.8.3 e 7.8.9 foram aplicados na equação do modelo HEA para determinar o tamanho da área de compensação equivalente a perda dos serviços ambientais que deixaram de ser fornecidos pela floresta afetada, durante o período de recuperação, de 2000 a 2010. A partir dessa área equivalente, foi calculado o valor econômico do dano ambiental do acidente. Na Tabela 7 e 08 estão indicados os resultados do HEA, respectivamente, perda dos serviços ambientais derivados da flora afetada corrigida, pela taxa de desconto de 3%, e ganho dos serviços ambientais proveniente da recuperação da área contaminada, ao longo de um período de 10 anos, após acidental ocorrido em 200. Os dados das tabelas estão apresentados nos gráficos da Figuras 11, 12 e 13. Na Figura 13, estão indicadas as áreas correspondentes à perda e ao ganho dos serviços ambientais, associadas ao impacto e a remediação do dano, em função do tempo.

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RESULTADOS DO MODELO HEA

Tabela 7.8.10 Serviços ambientais perdidos pela contaminação da vegetação

Ano Serviços perdidos (%) Perda

bruta Fator de desconto

Perda descontada Inicio Final Médio

2000 32,00 75,00 53,50 1267,95 1,00 1267,95

2001 75,00 78,00 76,50 1813,05 0,97 1760,24

2002 78,00 81,00 79,50 1884,15 0,94 1775,99

2003 81,00 85,00 83,00 1967,10 0,92 1800,18

2004 85,00 48,50 66,75 1581,98 0,89 1405,56

2005 48,50 12,00 30,25 716,93 0,86 618,43

2006 12,00 11,50 11,75 278,48 0,84 233,22

2007 11,50 11,00 11,25 266,63 0,81 216,79

2008 11,00 10,50 10,75 254,78 0,79 201,12

2009 10,50 10,00 10,25 242,93 0,77 186,18

2010 10,00 10,00 10,00 237,00 0,74 176,35

Perda definitiva de serviços ambientais (m2) 5.878,343

Perda total descontada de serviços ambientais (m2) 15.520,356

Figura 7.8.11 Nível dos serviços perdidos em função do tempo

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012

Serv

iço

s A

mb

ien

tais

Ano

Perda de Serviços

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177

Tabela 7.8.11 Serviços ambientais restituidos pela recuperação da flora

Ano Serviços ganhos (%) Ganho

Bruto Fator de Desconto

Ganho Corrigido Início Final Média

2000 68,00 25,00 -3,50 -82,95 1,00 -82,95

2001 25,00 22,00 -26,50 -628,05 0,97 -609,76 2002 22,00 19,00 -29,50 -699,15 0,94 -659,02 2003 19,00 15,00 -33,00 -782,10 0,92 -715,73 2004 15,00 51,50 -16,75 -396,98 0,89 -352,71 2005 51,50 88,00 19,75 468,08 0,86 403,77 2006 88,00 88,50 38,25 906,53 0,84 759,20 2007 88,50 89,00 38,75 918,38 0,81 746,72 2008 89,00 89,50 39,25 930,23 0,79 734,33 2009 89,50 90,00 39,75 942,08 0,77 722,02 2010 90,00 90,00 40,00 948,00 0,74 705,40

Ganho total de serviços ambientais 1651,28

Ganho de serviços corrigidos / unidade de área 0,697

Tamanho da área de compensação (m2) = 1,00 x 15.520,356 / 0,697 22.275,63

Figura 7.8.12 Serviços ambientais ganhos com a recuperação da flora

Os resultados, apresentados nas Tabelas 7.8.10 e 7.8.11 e nas Figuras 7.8.11 a 7.8.12, indicam que o acidente afetou 2380m2 da floresta e causou danos na flora, solo e nos serviços ambientais fornecidos pelo recurso natural.

-40%

-30%

-20%

-10%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010

Serv

iço

s A

mb

ien

tais

Ano

Ganho de Serviços

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Figura 7.8.13 Total dos serviços perdidos (área azul) pela contaminação, e fornecidos (área vermelha) pela recuperação da flora, para compensar o dano ambiental

Os resultados obtidos indicam que, durante quatro anos após o acidente, ocorreu uma perda de 84,60% da flora e, conseqüentemente, redução do fornecimento dos serviços ambientais. Esse resultado foi obtido por análise e classificação das sete imagens de satélite de alta resolução utilizadas no trabalho. Os resultados da técnica HEA indicam que, os serviços ambientais perdidos durante o tempo necessário para recuperar o dano (10 anos) é equivante a 15.521m2 de várzea. Para compensar o dano, além de recuperar a vegetação contaminada, é necessário implantar uma outra área de 22.272 m2 de banhado. Assim, o tamanho da área total equivalente a perda dos serviços ambientais devido ao acidente é 37.793 m2. VALOR ECONÔMICO DO DANO AMBIENTAL O valor de R$50,00 estabelecido para ações de recuperação da flora e implantação da área de compesanção é apenas preliminar. Foi estimado, a partir do valor comercial do m2 do terreno industrial na área do acidente. Esse valor deve ser determinado a partir dos custo de engenharia para os trabalhos de recuperação da flora (insumos e mão-de-obra) e para aquisição da nova área. Assim, adotando esse valor de R$50,00/m2 para executar as atividades de recuperação das várzeas contaminadas e a implantação do projeto de compensação, obtem-se o valor econômico total do dano ambiental

VALOR TOTAL DO DANO AMBIENTAL = 37.793 m2 x R$ 50,00 /m2 = R$ 1.896.650,00

-40%

-20%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

2000 2002 2004 2006 2008 2010

Serv

iço

s A

mb

ien

tais

Perda deServiços

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7.9 MODELO MOD - VALORAÇÃO DO DANO PARA CONTAMINAÇÃO DO SOLO E ÁGUA

SUBTERRÂNEA

Kaskantzis, G.“Avaliação dos impactos ambientais decorrentes do vazamento acidental de ácido clorídrico”, XVII COBEQ- Congresso Brasileiro de Engenharia Química, 14 de setembro de 2008, Recife, Brasil.

INTRODUÇÃO

Neste trabalho foi realizada a valoração do vazamento de ácido clorídrico através da modelagem ambiental dos fenômenos físicos e químicos que aconteceram no cenário. O ácido contaminou o solo e a água subterrânea e, para quantificar e valorar os danos, foram simulados o escoamento transiente do ácido clorídrico do tanque, infiltração no solo e sua dispersão no lençol freático.

DESCRIÇÃO DO ACIDENTE

Na região do acidente existem diversas atividades industriais, comerciais, residências, áreas verdes, solo exposto e corpos hídricos. É uma região densamente povoada e a circulação de veículos e pessoas é intensa. A partir da análise documental foi verificado que no dia 27 de setembro de 2004, ocorreu um vazamento de 14m3 de HCl durante a transferência do ácido do caminhão-tanque para o tanque de armazenamento. Para conter o HCl, a equipe de emergência lançou 2.000kg de cal na bacia de contenção do tanque e nas canaletas de drenagem de água pluvial.

O diagnóstico da contaminação foi realizado pela amostragem do solo e água, em nove poços de sondagem, medindo o pH e nível do freático. Na Figura 7.9.1 estão os poços instalados na área do acidente. Na Tabela 7.9.1 estão indicados a cota e nível da água dos poços de monitoramento. Nas Tabelas 7.9.2 e 7.9.3 estão os valores do pH da água subterrânea após o acidente. Na Tabela 7.9.4 estão as características do solo da região do acidente, determinadas no laboratório.

Figura 7.9.1 Detalhe dos poços de monitoramento instalados na área do acidente

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Tabela 7.9.1 Cota e nível da água dos poços de monitoramento

Poço Cota (m) Nível da H2O (m)

PM01 839,20 6,42

PM02 838,24 12,87

PM03 838,99 9,74

PM04 839,17 7,98

PM05 839,07 9,17

PM06 838,91 8,58

PM07 838,92 9,27

PM08 838,89 8,91

PM09 839,12 8,79

Tabela 7.9.2 pH da água subterrânea dos poços de monitoramento, em 2004

Poço Dia da medida do pH da água subterrânea

30/09 4/10 5/10 7/10 18/10

PM 01 5,74 5,75 5,77 5,64 5,68

PM 02 5,58 4,94 4,95 4,96 5,02

PM 03 5,61 4,81 4,79 4,73 5,12

PM 04 4,92 4,44 3,52 4,42 5,04

PM 05 5,85 5,71 440 4,75 5,00

PM 06 5,22 5,35 5,23 4,83 4,98

PM 07 5,32 4,91 5,09 4,63 4,98

PM 08 5,37 4,62 3,73 4,12 4,74

PM 09 4,13 3,75 3,91 4,19 4,30

Tabela 7.9.3 pH da água subterrânea dos poços de monitoramento, em 2005

Poço Dia da medida do pH da água subterrânea

02/02 17/02 08/03 23/03

PM01 6,13 6,13 6,09 6,19

PM02 5,33 5,50 5,25 5,38

PM03 5,08 5,07 5,03 5,11

PM04 4,27 4,21 4,03 4,35

PM05 5,23 5,25 5,00 5,21

PM06 5,15 5,46 5,18 5,20

PM07 5,21 4,96 4,95 5,04

PM08 4,27 4,37 4,46 4,52

PM 09 4,85 4,43 4,25 4,63

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada incluiu a análise de documentos, modelagem do vazamento do tanque, da infiltração no solo e dispersão do poluente no freático. Inicialmente, foram definidas área de influência e domínio da análise do evento. Nessa etapa foi realizado um balanço de massa para estimar as quantidades de ácido derramadas do tanque, no solo e na rede pluvial. As características do solo da região apresentadas na Tabela 7.9.4 foram aplcadas na equação do modelo para simular a infiltração do ácido no solo.

Tabela 7.9.4 Características do solo da região do vazamento de HCl

Propriedade característica do solo Valor

Teor de argila (%) 28,5

Teor de silte (%) 13,7

Teor de areia (%) 57,7

Teor água na saturação S (%) 41,8

Teor de água inicial i (%) 26,0

Capacidade de campo (%) 27,8

Densidade (g/cm3) 1,39

Em seguida, os valores do nível de água dos poços de monitoramento foram aplicados no modelo MODFLOW, para estimar a condutividade hidráulica e direção do fluxo do lençol freático. Os valores do pH da água observados nos poços foram convertidos em valores de concentração de ácido clorídrico aquoso e utilizados no modelo MT3D, para ajustar o valor da dispersão do escoamento e calibrar o modelo.

As concentrações de referência do ácido adotadas para analisar a contaminação foram da Portaria 518 do Ministério da Saúde, Resolução CONAMA 357, e as letais para biota indicadas na Tabela 7.9.5. Os parâmetros dos modelos empregados para determinar o fluxo lençol freático e simular a dispersão do poluente estão nas Tabelas 7.9.6 e 7.9.7, respectivamente.

Tabela 7.9.5 Concentrações de referência para avaliar a contaminação

Referência C HCl (mg/L)

Solução de HCl com pH 6 0,04

Cloro livre na água 5,0

Cloro residual livre na água 2,0

Tóxica para invertebrados 0,56

Tóxica para as algas 0,80

Fitotoxicidade 1,0

A modelagem e simulação da infiltração do ácido no solo foi realizando empregando as equações (1), (5) e (6), que fornecem o perfil de concentração do HCl em função do espaço e do tempo.

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Tabela 7.9.6 Parâmetros para simular o fluxo do lençol freático, MODFLOW

Parâmetro de entrada do modelo Valor

Dimensão do domínio (m2) 62.500

Condutividade hidráulica K inicial (m/s) 2,2x10 -6

Recarga do freático inicial (m3/s) 2,37x10 -9

Profundidade do freático (m) 9,6

Período de tempo analisado (s) 9,47x107

Parâmetro ajustados pelo modelo

Condutividade hidráulica K ajustada (m/s) 2,19x10-4

Recarga do freático ajustada (m3/s) 3,31x10-11

Tabela 7.9.7 Parâmetros para simular a dispersão do ácido clorídrico, M3DT

Parâmetro Valor

Dimensão do domínio (m) 800 x 1150 Tempo de infiltração (h) 24,0 Período de simulação (anos) 3,0 D Modificada do soluto (m2/s) * 1,27 x 10 - 8

Fator de retardo R do soluto * 0,95 Fator de distribuição k (m3/kg) 1,2 x 10 - 4

Dispersão longitudinal (m) 10,0

Concentração inicial HCl (g/l) 384,12 Gradiente hidráulico (%) 1,80 Tipo do aqüífero Não confinado Perfil do solo Argilo-arenoso

EQUAÇÕES DO MODELO UTILIZADO PARA SIMULAR A INFILTRAÇÃO DO ÁCIDO NO SOLO

t

CR

z

CD

z

Cv

t

C

2

2

(1)

R

DD Fick (2)

kR solo 1 (3)

C(0,t) = Co (4)

0,

t

t

C (5)

)))4(

()exp())4(

((2

),(5,05,0

0

Dt

vtzerfc

D

zv

Dt

vtzerf

CtzC

(6)

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RESULTADOS

Balanço de Massa

A partir da modelagem do escoamento transiente e balanço de massa, estima-se que o tempo de vazamento do ácido do tanque foi 3640s. Nesse período, foram derramados 16.296kg de solução aquosa ácida contendo 5.377,68kg de HCl. A massa da solução que infiltrou no solo foi 8.818,42kg, contendo cerca de 2.778kg de ácido clorídrico. Na Figura 7.9. 1 e Tabela 7.9.10 estão registrados esses resultados.

Figura 7.9.2 Vazão de descarga da solução ácida do tanque durante o acidente

Tabela 7.9.8 Balanço de massa do ácido clorídrico derramado no acidente

Contaminante Massa (kg)

HCl derramado no solo 5.377,68

HCl neutralizado com cal 2.599,60

HCl infiltrado no solo 2.778,08

Solução de HCl derramada 16.296,0

Solução de HCl neutralizada 7.877,58

Solução de HCl infiltrada 8.418,42

Infiltração do contaminante no solo

Os resultados apresentados na Tabela 7.9.9 e Figura 7.9.2 foram obtidos pela aplicação dos parâmetros das Tabelas 7.9.4 e 7.9.7 na Equação (6). O desvio médio entre o valor calculado do pH da água e observado nos poços, nos dias 5 e 7/10 é, respectivamente, igual a 17,7 e 16,2%. Na Figura 7.9.2, perfil do ácido infiltrado, observa-se o retardo no avanço da concentração inicial (384mg/L), ao longo da profundidade do solo. Na Figura 7.9.3 estão ilustrados os perfis de concentração do produto derramado, em função do tempo e direção vertical, a partir da superfície do terreno.

Curva de Esvaziamento do Tanque de HCl

0.00

0.50

1.00

1.50

2.00

2.50

0 1000 2000 3000 4000

Tempo (s)

Niv

el

do

Ta

nq

ue

(m

)

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Tabela 7.9.9 Valores do pH da água subterrânea, calculados pelo modelo e registrados nos poços de monitoramento instalados na área do acidente

PM z (m) Dia 05/10/04 Dia 07/10/04

pH exp pH cal pH exp pH cal

01 6,42 5,77 3,63 5,64 3,26

04 7,98 3,52 4,42 4,42 3,87

06 8,58 5,23 4,78 4,83 4,13

09 8,79 3,91 4,90 4,19 4,23

08 8,91 3,73 4,97 4,12 4,29

05 9,17 4,40 5,12 4,75 4,42

07 9,27 5,09 5,20 4,63 4,46

03 9,74 5,07 5,52 4,73 4,71

02 12,87 5,50 ---- 4,96 6,61

Figura 7.9.3 Frente de avanço do ácido no solo, em função da profundidade

Contaminação do Lençol Freático

Na Tabela 10 estão os desvios entre os valores do nível da água do freático observados e calculados pelo MODFLOW. Os valores experimentais e calculados do nível da água ajustam-se satisfatoriamente, indicando que as condutividades hidráulicas foram bem estimadas pelo modelo. A direção do escoamento do freático e as linhas piezométricas estão na Figura 7.9.5. Na Figura 7.9.4 estão ilustrados perfis de concentração do ácido em função da direção vertical do solo e do tempo decorrido após o acidente.

0 100 200 300 (mg/L)

2

4

6

z (m)

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Tabela 7.9.10 Valor teórico e experimental do nível da água dos poços

Poço Nível da água (m) Desvio (%)

Observado Calculado

PM 01 832,78 832,15 0,08

PM 02 825,37 827,06 0,21

PM 03 829,25 828,39 0,10

PM 04 831,19 830,39 0,10 PM 05 829,90 829,32 0,07

PM 06 830,33 830,10 0,03 PM 07 829,65 828,68 0,12

PM 08 829,98 829,46 0,06

PM 09 831,21 830,20 0,12

M

M

M

M

Figura 7.9.4 Perfil de concentração do ácido em função da profundidade, (a) 7/10/2004; (b) 2/2/2005; (c) 2 e (d) 5 anos após o acidente

a

b

c)

d

)

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Figura 7.9.5 Linhas potenciais do lençol freático ajustadas, a partir do nível da água dos

poços de monitoramento, registrado nas campanhas de 2004 e 2005

Os dados experimentais do pH da água dos poços foram convertidos em concentração de ácido clorídrico aquoso e, com auxílio do modelo M3DT foram obtidos os valores da

dispersão longitudinal () e fator de distribuição (k) do soluto. Em seguida, a dispersão do ácido foi simulada para um período de três anos após o acidente. Assim, foi possível comparar o valor de concentração calculado pelo modelo com o experimental, bem como estimar o tempo de permanência da pluma de contaminação no lençol freático. Os resultados obtidos indicam que, dos 127 pontos experimentais de concentração do ácido, aproximadamente, 108 pontos calculados pelo M3DT ajustaram-se de forma satisfatória. O desvio médio entre o valor real e teórico da concentração do poluente nos poços foi 18,93%. Os dados também indicam que, provavelmente, a concentração do acido imobilizado na água subterrânea está na faixa de 1,0 x 10- 6 a 3,35 x 10–5mg/L. Os desvios da concentração experimental e teórica estão registrados na Tabela 7.9.11.

Nas Figuras 7.9.5 a 7.9.7 estão ilustradas as plumas da contaminação na água em datas diferentes. As concentrações de referência do ácido estão representadas pelas cores. A situação, dois anos pós-derrame dos compostos adsorvidos na fase imobilizada está na Figura 7.9.4. A inspeção da Figuras 7.9. 5 indica que dias após o derrame, em 07/10/04, a concentração do ácido na água subterrânea estava acima dos valores de referência. Os dados da Figura 6 indicam que em 08/03/05, 163 dias pós-derrame, a concentração do poluente na água estava menor, mas continuava acima dos valores de referência.

Na Figura 7.9.7 está apresentada a pluma contaminação após 365 dias do acidente. Os dados indicam que nesse período a concentração, provavelmente, era igual ou menor que 0,04mg/L e, a pluma ocupava 335célula x 10 x 10m = 33500m2, que multiplicada pela profundidade do freático fornece o volume de água contaminada de 328.300m3.

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Tabela 7.9.11 Concentração dos ácidos na água subterrânea calculados pelo modelo MT3D, registrados nos poços de monitoramento e desvio relativo entre os mesmos

Poço C HCl Cal (mg/L)

C HCl Exp (mg/L)

Desvio (%)

PM 01 0,03024 0,02594 -16,58 PM 02 0,16574 0,17200 3,64 PM 03 0,36790 0,30580 -20,31 PM 04 1,38051 1,33800 -3,18 PM 05 0,27876 0,28100 0,80 PM 06 0,24024 0,23440 -2,49 PM 07 0,39126 0,36340 -7,67 PM 08 1,19253 1,16400 -2,45 PM 09 0,13914 0,13300 -4,62

Figura 7.9.6 Distribuição da concentração do poluente imobilizado do freático

Na parte superior da Figura 7 observa-se um rio que, provavelmente, está conectado com o freático. Considerando que a contaminação deixa de existir quando a pluma do poluente estiver diluída no rio, podemos estimar que tempo de permanência do poluente no lençol freático será de 2,7anos.

CONCLUSÕES DA MODELAGEM

Os resultados da análise dos impactos ambientais do derrame acidental da solução de ácido clorídrico a 33% (p/p) permitem concluir que 328.300m3 de água subterrânea foi afetada e que o tempo para a recuperação o dano é teoricamente igual a 2,7 anos.

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Figura 7.9.7 Pluma de contaminação, 07/10/04 Figura 7.9.8 Pluma 163 dias pós-derrame, 08/03/05 Figura 7.9.9 Pluma de ácido 365 dias pós-derrame

C = 0,04 mg/L (pH 6); C = 0,56 mg/L (tóxico invertebrados; C = 0,80 mg/L (tóxico para algas); C = 1,00 mg/L (fitotoxicidade); C = 2,00 mg/L (Cl2 residual livre); C = 5,00 mg/L (limite Cl2 livre); C = 10,0 mg/L.

Figura 7.9.10 Situação da contaminação 2,7 anos após o vazamento do HCl

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VALORAÇÃO ECONÔMICA DO DANO AMBIENTAL A valoração econômica do dano à água subterrânea foi realizada pelo modelo CATEs, descrito nesta obra. O valor adotado para a água foi R$2,00/m3. Observa-se que esse valor correponde ao preço médio de um metro cúbico de água tratada, fornecida pelas maioria das companhias de tratamento e abastecimento de água do país. A partir do volume de água contaminada e do preço do metro cúbico estabelecidos, foi determinado o Custo Total Ambiental (CATEs) do dano. Nesse cálculo adotadou-se taxa de desconto anual de 3% e horizonte de ocorrência dos efeitos ambientais de 25anos. Substituindo os dados obtidos, na equação do modelo, Cd= 335.000m3 x R$2,00/m3 = R$ 670.000,00, tém-se

( ) ( )

( ) ( ) ( )

( )

CATES = R$ 1.072.000,00 (um milhão e setenta e dois mil reais) O valor dos danos irreversíveis (DAI) ocorridos em dois anos, após o acidente são: DAI = CATE [ ( 1 + j ) t – 1 ] = 1.072.000,00 [ ( 1 + 0,04)2 – 1 ] = R$ 87.475,20

DAI = R$87.475,00 (oitenta sete mil quatrocentos e setenta e cinco reais) Assim, o valor total do dano ambiental da contaminação da água subterrânea do lençol freático decorrente do vazamento acidental de HCl é igual a: Valor do Dano = CATES + DAI = 1.072.000,00 + 87.475,20 = R$ 1.159.475,20 Valor do Dano Ambiental = R$1.159.475,20 (um milhão cento e cinquoenta e nove mil quatrocentos e setenta e cinco reais e vinte centavos)