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A TERRA NOM SE VENDE

O TURISMO É COLONIALISMO

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dossiero turismo ecolonial ismo

,

O TURISMO É COLONIALISMO

Desde começos-meados dos anos noventa a Galiza está a viver um vio-lento processo de turistificaçom, orientado a fornecer o Pais da in-fraestrutura necessária para o convertir num produto turístico deprimeira orde e a promocioná-lo dentro do mercado internacional. Comesta perspectiva vêm trabalhando instituiçons públicas da mao dasgrandes empresas do sector, seguindo as indicaçons marcadas desdeorganismos internacionais (OMC, FMI, BM, UE,...) que têm reservado paraa Galiza, entre outros, o papel de reserva turística para o centro trabal-hador. A turistificaçom nom é mais umha agressom ao País, é umhaagressom marcada e de destaque porque necessita da reconversomtotal, integral, da nossa base económica. Ante o panorama desoladorque fica depois de terem desestruturado os sectores produtivos tradi-cionais, o turismo apresenta-se-nos como a galinha de ovos de ouro quesalve esta situaçom de precariedade, desemprego e emigraçom. Mas de-trás do discurso oficial agocham-se as causas e consequências dramáti-cas do processo turistificador sem o qual nom é possível entender outrasmuitas agressons que estamos a viver (infraestruturas, especulaçom, pre-cariedade,...)

O QUE É A TURISTIFICAÇOM?A turistificaçom é um processo que na Galiza se vém fazendo palpáveldesde os anos 90, encaminhado a re-converter a economia de um paíspara transformé-lo num produto turístico, com consequências económi-cas, políticas, ambientais e sociais incalculáveis. A turistificaçom é simultaneamente consequência e causa da destruiçomda nossa base económica. "Consequência" porque desde os organismosplanificadores e gestores (autonómicos, espanhóis e europeus) se con-

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ciência. Supom umha inter-vençom violenta e alheia, ilegí-tima, ao processo evolutivo donosso Povo e planificada por apar-elhos de poder estrangeiros. O pro-tagonismo da Junta como impulsorde esta política só faz que maquil-har a realidade para que o discursoideológico da turistificaçom seadentre mais fazilmente, emborano seu dia os politiqueiros do BNGcumprices de esta destruiçom dev-erám dar contas ante o povogalego.A destruiçom e desfrute danossa terra e do nosso povo,convertidos em campo deatracçons para turistas princi-palmente espanhóis, nom lhes

pode sair de graça. É ética e po-liticamente inaceitável que milhonsde estrangeiros, na sua maioriaprocedentes da naçom que nossubmete, venham ao nosso paísexigindo serviços que supomautênticas desfeitas ambientais esociais, exigindo que renunciemosà nossa cultura e a nossa línguapara adaptar-nos ao seu diverti-mento, presionadas por umhachantagem secular que nega out-ras alternativas viáveis, ecológicase acordes com o evoluir normal danossa naçom.Mais cedo do que tarde deverámpagar algum tipo de portagem.Será, sem dúvida, a portagem queo independentismo decida.

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A finais dos noventa o Indepen-dentismo adiantava umhaanalise acertada sobre oprocesso de turistificaçom queos poderes espanhóis na Galizaartelhavam em colaboraçomcom as instituiçons europeias.Era daquela umha das poucasvozes que se alçavam contraesta ameaça que, a dia de hoje,já é tam evidente que cria focosde tensom por todo o país. Asmobilizaçons em contra da es-peculaçom urbanística so-mavam o passado mês de Maio adecenas de colectivos na cidade deCompostela, denunciando umhainvasom de cimento que, na maio-ria dos casos, nom se poderia en-tender sem enquadrá-la noprocesso de turistificaçom operadopolas instituiçons e no que se en-riquecem os grandes da banca e da

promoçom da construçom.O turismo é colonialismo. Umcolonialismo adaptado aosnovos tempos de mono-espe-cializaçom das economias na-cionais periféricas como anossa, num reparto estudadodesde o centro europeu e es-panhol que outorgam a Galizaos papeis de reserva energéticae colónia turística para o des-canso do centro trabalhador. Aturistificaçom incide a meio-longo praço na inviabilidade deumha Galiza independente, naimpossibilidade de termosumha base económica desen-volvida, adequada a nossa real-idade social e ambiental ediversificada ao serviço do povoque permita satisfazer as de-mandas básicas d@as galeg@scom certo grau de auto-sufi-

O INDEPENDENTISMO FRENTE A TURISTIFICAÇOM

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O processo turistificador na Galizaevidencia-se polas cifras de cresci-mento da actividade nos últimosdecénios. O contributo do turismoao PIB galego representava em1990 o 4%, em 1998 o 7,2% e em2006 o 12 %, consolidando-secomo segundo sector em apor-taçom ao PIB autonómico, detrasdo sector da construçom, queaporta o 18%, com o qual está es-treitamente ligado (construçom devivendas para o "turismo residen-cial", que supom um 45% das viven-das construidas na costa noperiodo 2001-2005)). A Galiza é a quarta das CCAA ondea aportaçom ao PIB do sector turís-tico é mais elevada, depois deBaleares (48%), Canárias (30%) e An-daluzia (12,1%).O sector turístico emprega ao 13% da populaçom activa (a construçomemprega ao 11%). Na media anual para 2006, perdem emprego ossectores primario (-8,3%) e Industrial (-1,6%), mentres que o ganham osda Construçom (11,1%) e Serviços (5,1%). Segundo um informe de Turgalicia, no ano 2005 mais de 4 milhons deestrangeiros vinhérom ao nosso país, dos quais quase 3,5 milhonseram espanhóis. O facto de que o turismo na Galiza seja maioritária-mente espanhol e em grande medida da sua capital (um 23% dos tur-istas procedentes do Estado) é ética e politicamente inaceitável: quemilhons de estrangeiros "desfrutem" de umha naçom negada, sub-metida a umha agonia silenciosa, sem direitos políticos e "acondi-cionada" para a sua comodidade, e que na sua maioria procedam damesma naçom que nos nega e submete, é mais umha mostra do carác-ter colonialista das políticas turistificadoras.

templa o turismo como a única soluçom dos graves problemas económi-cos, sociais e culturais da Galiza a que esses mesmos poderes a leváromnestes anos. Ante a destruiçom da economia camponesa e a desestrutu-raçom operada desde a nossa inclusom forçosa na velha CEE, o turismoapresentase-nos como única soluçom ante um panorama desolador dedesemprego, precariedade e emigraçom. "Causa" porque o próprioprocesso de turistificaçom multiplica a destruiçom das estruturas sociais,

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culturais e no médio natural.A turistificaçom resposta aos prin-cipais trazos dumha política colo-nialista artelhada desdeinstituiçons espanholas que plani-fica para o nosso país duas linhasprincipais de exploraçom: o ex-pólio energético e a criaçomdumha reserva turística. Oprocesso de turistificaçom da Gal-iza é umha intervençom política es-trangeira, como demonstra o altograu de intervençom da adminis-traçom espanhola (em que se deveincluir, por suposto, a autonómicae na Galiza actualmente também amunicipal). A mudança de governoe a política do governo PSOE-BNGnom trazeu nenhum cámbio sub-stancial ao processo turistificador,iniciado baixo a tutela de FragaIribarne, mas afundou nas linhasde intervençom marcadas pologoverno anterior.A Conselheria de Inovaçom e In-dustria, presidida por FernandoBlanco (BNG) tem as competênciasde turismo, que desenvolve atravésda Direcçom Geral de Turismo,desde onde se vem de elaborarumha lei de turismo mao a maocom as empresas do sector, ondese reconhece, por primeira vez, ocaracter estratégico do turismo naeconomia galega e com o que sepretende que o "marco normativoque regule o turismo sexa flexívele propície a criaçom de um entornocompetitivo que favoreça a activi-dade empresarial e a criaçom deemprego". Esta nova lei pretendeadequar o sector ao contexto inter-nacional seguindo directrizes eu-

ropeias, como as recolhidas na re-cente Comunicaçom da ComissomEuropeia de 17 de Março de 2006,na que se apresenta o turismocomo umha "soluçom" aos proble-mas de economias periféricas e de-sestruturadas como a galega, eresalta a importáncia "do seu papelna preservaçom do património nat-ural e cultural, assim como a súacontribuiçom ao diálogo intercul-tural e ao fortalecemento da própiaidentidade". Palavras bonitas paraagochar as causas e consequênciasque de facto tem a turistificaçom. Em 25 anos Espanha, directamentee no nosso nome desde Europa,acelerou o desmantelamento danossa indústria; submeteu a umhagrande parte do nosso território,caracterizado por ser um espaçorural centrado em actividades detipo primário, a umha crise integralde proporçons únicas em toda aEuropa, desmantelou umha dasfrotas pesqueiras mais importantesdo velho continente, tornou deser-tas de populaçom extensas regionsdo país (igualmente sem compara-çom em Europa)... E agora, incapazde oferecer qualquer outra alterna-tiva para o novo milénio: a turistifi-caçom. Turistificaçom que já sevende como a salvaçom a todaessa desfeita, como o grande in-strumento de dinamizaçomeconómica deste povo, como "refú-gio" da populaçom deslocada polosselvagens processos de "reconver-som" industrial, agrário epesqueiro, e como a intervençomregeneradora social e economicade extensas áreas que estám a

a

ameaça a supervivência do galego. A acomodaçom do falante-an-fitriom à língua do falante-hóspede é umha constante em qualquerprocesso de turistificaçom, mais ainda quando o hóspede é espan-hol e visita umha das suas colónias.

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TURISMO E ESPANHOLIZAÇOM

O discurso oficial faz muito finca-pé em ocultar as graves conse-quências da turistificaçom em termos de perda cultural e linguística.A ideologia do turismo fala-nos de "intercámbio cultural", de "tur-ismo lingüístico", de "inter-relaçom", para agochar os efeitos perni-ciosos que tem o turismo sobre a cultura autóctone. Nom temosmais que pensar nas zonas colonizadas polo alemám nas praiasBaleares ou o retrocesso do catalám na costa valenciá para ver o al-cance de esta mentira. Na Galiza a situaçom ainda é grave, já queo turismo é maioritariamente espanhol, falante da língua que

Auro-estradas

Trem Alta Velocidade(AVE)

Mapa de elaboraçom própria apartir dos dados do Ministério de-

Fomento

Se somamos os tramos de auto-estradas edo AVE que já estám em construçom oufuncionamento na Galiza aos projectadosdesde o Ministério de Fomento, este seráo mapa das infraestruturas mais lesivassobre a geografia galega. Embora as pre-vissons de Madrid foram superadas naconstruçom de muitos tramos, diversos es-tudos calculamque este será o panoramapara o ano 2.015.

utilidade é a de achegar mais facilmente o turismo espanhol aonosso país, principal demandante dos serviços turísticos naGaliza, facilitando a sua mobilidade. Esta é a sua únicafunçom, sendo já bem conhecidos os efeitos perniciosos quetrazerá a nível social, económico, político e ambiental. Oprojecto do AVE na Galiza chegou depois do afundimentodo Prestige e apresentou-se como umha das medidas parapaliar os efeitos da catástrofe. PP, BNG e PSOE coincidem emesta política de fomento das infraestruturas.

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ficar despovoadas. Instituiçonscom o apoio dos médios de comu-nicaçom realizam imensos de-spregamentos publicitários pararesaltar as "maravilhas" da turistifi-caçom, que fazem eco em muitosgalegos e galegas necessitadas dealgumha tabela de salvaçom, aotempo que publicitam à Galizacomo destino turístico.O passado mês de Maio, o consel-heiro Fernando Blanco, acompan-hado polo director geral deTurismo, Rubém Lois, apresen-tavam umha campanha de pro-moçom turística cum orçamentoque superava os 6,5 milhons deeuros, a maisimportanteda históriado turismogalego, di-rigida princi-palmente aomercado es-panhol. Oproduto, empalavras deT o u r i n h o :"um territóriocom enormesvalores pais-a g í s t i c o s ,culturais epatrimoniaise um paísaco l ledor ” .Umha Galizaespanhola ,sem conflitopolítico, paci-ficada e nor-m a l i z a d a

para o desfrute das classes parási-tas.A intervençom das Instituiçonsnom fica aí. A esta vaga turistifi-cadora também se somam poli-tiqueiros e caciquinhos,reclamando medidas para os seusfeudos. O grave problema de-mográfico que estám a sofrermuitos municípios do país, onde orelevo geracional nom está garan-tido pola emigraçom da juventudee o desmantelamento das activi-dades autóctones desemboca numproblema de recursos financieiros,fazendo com que estes concelhosaumentem a sua dependência das

Fernando Blanco manifestava numha comparecência com motivodo Dia Mundial do Turismo´06 o firme compromiso do governoautonómico co turismo, no sentido de "trabalhar da mam do sec-tor e a sociedade em geral, cara a definitiva consolidaçom destaactividade como base fundamental da economia, a cultura e apersonalidade de Galiza". A insistência sobre o plano identitáriorevela a hipocrisia (ou a ignoráncia) do autonomismo sobre osefeitos perniciosos (a nível cultural, identitário, lingüístico,...)que tem o turismo estrangeiro nas colónias.

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deputaçons e da Junta. Ante estepanorama os caciques locais jogamas últimas vazas implicando-se afundo no processo turistificador, àvez que entregam o território àseléctricas para a construiçom deminicentrais e eólicos. O turismotermal, rural e de golf som asmodalidades adequadas para estassituaçons que padecem muitosmunicípios interiores do país, con-vertidos em autênticos museusetnográficos viventes para a con-templaçom estrangeira ou agredi-dos com infraestruturas turísticasque provocam autênticas catástro-fes ambientais.De todos estes organismos aaposta é clara polo turismo "dequalidade" -isto é, de luxo-, ondenom terám cabida os estabeleci-mento de tamanho pequeno ecarácter familiar, condenados a de-saparecer (como sucedeu de factocom o pequeno comércio) pola

"auto-regulaçom" do mercado pre-vista pola Junta na nova lei. Estaauto-regulaçom significa a intro-duçom maciça das grandes cadeiashoteleiras, todas estrangeiras ecom interesses económicos emvários países do mundo: Sol Meliá-Tryp, Husa, Hotusa, AC Hoteles,Grupo Accor, Marriot, Hesperia, NHHoteles, Zenit... (só o grupo A Tojaé de capital galego). Desde Turgali-cia (Sociedade de Image e Pro-moçom Turísitca da GalizaSA,dedicada a promoçom turística ecom maioria de capital público) fai-se finca-pé na melhora da quali-dade da oferta e da promoçom daGaliza como destino turístico, complanes de orientaçom e supervis-som de novos projectos, de carác-ter municipal ou privado. Na Galiza a capacidade hoteleiratem-se multiplicado por 4 nos últi-mos 30 anos, passando das15.000 vagas em 1970 às 64.500

Sol Meliá-Tryp é a cadeia mais grande do estado e a sétima a nível mundial. Dispom dequase 350 hotéis distribuidos por todo o mundo. Está controlada num 60% pola família Es-carrer, relacionada com a Monarquia espanhola, e é junto com NH umha das companhiasespanholas que quotiza em bolsa.

NH é outra das grandes cadeias espanholas. Na Galiza tem 4 hotéis em Sárria, Corunha,Vigo e Compostela.

Hesperia tem 10 hoteis na Galiza, todos de 4 e 5 estrelas, 3 em Compostela, 2 na Toja, 2em Corunha, 1 em Ferrol, 1 em Vigo e o Balneário de Guitiriz, que também conta com campode golf.

AC conta com 4 hotéis na Galiza, um deles na comarca de Alhariz.

Zenit, com 2 hoteis na Galiza, em Vigo e o emblemático hotel peregrino em Compostela.

HUSA conta com 13 hoteis na Galiza, alguns situados em zonas de alto valor ambiental,como é o caso das fragas do Eume.

Hoteis de lujo na Galiza

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TURISMO E INFRAESTRUTURAS

Em toda política turística existe o que se denomina “factoresde contorno do produto turístico”, sendo a accessibilidade ex-terna, a ligaçom com o exterior fundamentalmente, o factormais decisivo a ter em conta. A maioria das principais in-fraestruturas de transporte dos últimos tempos na Galiza estámdesenhadas como elementos estratégicos do processo de tur-istificaçom do país. O exemplo mais claro é o caso de Compostela; como principalcentro de atracçom turística necessita dumhas ligaçons rápidase fluídas co resto de cidades e povos para canalizar este fluxoturístico ao resto da naçom. A via rápida Compostela-Noia e asauto-estradas a Lugo e Ourense respostam a esta necessidade.A magnitude do fluxo de visitantes é também a razom que ex-plica a construcçom de outras vias, como a do Salnês e o Bar-bança.O crescimento urbanístico da Marinha nom se entenderia sema construçom da auto-via do Cantábrico, que desde 2004 serviucomo reclamo para atraer aos grandes promotores foráneos. AMarinha já se vende como um produto accessível nom só nasférias de verao senom que, com o rápido e fácil accesso desdetodo o Norte do Estado, engadem-se as possibilidades do tur-ismo de fim de semana.Sem falar de turistificaçom nom poderiamos entender a con-strucçom do TAV (Trem de Alta Velocidade, quenos vendem como "AVE" num exer-cício de demagógia). O discursoideológico que fala de mod-ernidade e progresso nompode agochar a verdadeira fi-nalidade desta obrafaraónica: O TAV é um ele-mento chave na turistifi-caçom e marbelhizaçom daGaliza. A sua única

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COMPOSTELA, NAVE NUTRIZ DO PROCESSO TURISTIFICADOR

Durante anos de governo do PP na administraçom galega, Com-postela foi convertida em eixo do processo turistificador da Galiza.A promoçom turística girou por volta do Jacobeu, acadando ascotas mais altas de ocupaçom hoteleira da história do turismogalego, até convertir a capital do país num gigante estabeleci-mento hoteleiro, principal actividade económica da cidade, ondea precarizaçom alcança cotas máximas. O modelo de cidade quePSOE-BNG estám a impor aposta por fazer da capital da Galiza umimenso parque temático, elitista, focado para um determinadotipo de turismo, onde tem muita importáncia o turismo de con-gressos (50.000 congressistas no ano 2005), sem o que nom seentenderia a construiçom de obras faraónicas como a Cidade daCultura. Também Compostela é um grave exemplo da política paranoica desegurança cidadá. Nom existe espaço turístico possível sem pazsocial, sem um espaço idealizado para o consumo compulsivo doturista, onde o poder verque todo o seu delírio de controlo e nor-malidade. Este cenário só se pode soster com importantes planose técnicas de "segurança cidadá": cámaras de vigiláncia, maior pre-sença de polícias uniformados nas ruas, incremento qualitativo equantitativo de medidas de inteligência, técnicas de disuasomsobre hipotéticas ou reais alteraçons da ordem pública,... A turis-tificaçom encerra assim o círculo de controlo sobre a populaçome os sectores mais contestatários à ordem política e económica

estabelecida por Espanha, ao converter a panópliade recursos repressivos em necessidade inerenteao processo turistificador; ao próprio tempo, aculminaçom exitosa deste processo é a coarctadaperfeita para a extensom das medidas profilácticascontra àqueles elementos do cenário político e socialreal que ponhem em questom o poder e ordem es-panhol imperante.

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em 2005. Se a isto somamos asvagas ofertadas em outras modali-dades registradas (cidade de férias,casas de hóspedes, fondas, aparta-mentos turísticos, casas de tur-ismo rural, etc), a quantidade devagas ofertadas ascende às113.000. Esta cifra situa a Galizacomo quarta CCAA em termos deestabelecimentos hoteleiros. Oforte crescimento da ofertahoteleira vem de mao da implan-taçom das grandes cadeias do sec-tor, que em muitas ocasionsintroducem-se mediante contratosde arrendamento com os promo-tores do estabelecimento, imobil-iárias como FADESA, ANJOCA,...A banca também nom fica alheia aeste processo, destacando o grupoPastor, que obtem um 25% do seu

activo na CCAA galega e investe naGaliza em turismo de luxo: hotéis,campos de golfe, portos de-sportivos... Também Caixa Galiciaparticipa do pastel, com um 50%das acçons de Inhova (Inversora dehoteles vacacionales), Caixanovacom umha participaçom do 5% nahoteleira NH, BSCH participa dacadeia AC Hoteles, ... Assim pode-riamos continuar enumerando out-ros muitos bancos e caixas quetiram proveito do pastel do turismona Galiza. Outros sectores tambémse interessam polo suculento negó-cio do turismo, criando as suaspróprias agências de viagens (ElCorte Inglês, Eroski,...) ou patroci-nando actividades relacionadascom a promoçom turística.

O TURISMO E A INVASOM DO CIMENTO

No litoral galego construirom-se nos últimos cinco anos 125.000 viven-das, das quais a metade som segundas residências. Num terço dos mu-nicípios costeiros o número de vivendas tem-se triplicado nos últimos 3anos e em municípios como o de Cavanas a primeira residência supomsó o 51% das vivendas construidas. Segundo dados do INE espanhol, naGaliza hai 300.000 vivendas vazias, das quais muitas respostam ao aban-dono do rural, e outras 173.000 situam-se no litoral. Nos próximos anosestá prevista a edificaçom de 800.000 novas vivendas nos 87 concelhoslitorais da CCAA galega, umha cifra similar ao construido na costa galegaem toda a sua história (816.000 vivendas). A maiores, estám previstos 17campos de golfe e 24 portos desportivos.Em concelhos como o de Sam Genjo, apodado em Madrid como a Mar-belha galega, a populaçom multiplica-se por 15 desde finais de Junhoaté a primeira semana de Outubro. A presom urbanística sobre o litoral está estreitamente ligada ao fenó-meno turistificador. O passado mês de Março o Parlamento autonômicoaprovava a Lei de medidas Urgentes em Matéria de Ordenaçom do Ter-ritório e do Litoral, cujo ponto mais polémico tem sido a proibiçom deconstruir na franja de 500 metros depois da linha de costa. Esta cativa

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medida tem carácter temporal, já que só se aplicará durante dous anos,tempo que deverám respeitar as construtoras ao tempo que subornamos governos municipais para que realicem as requalificaçons necessáriasnos seus planos de ordenaçom urbanística, e chega num momento emque 35 dos 87 concelhos costeitos já tenhem mais da metade do seuchao urbano nos 500 metros da linha de costa. A suspensom cautelardas planificaçons urbanísticas de vários concelhos costeiros nadagarante ante a presom urbanística que está a sofrer o país, que respostaa um cámbio na procura dos compradores estrangeiros de segundavivenda que começam a fugir da masificaçom da zona do Levante eBaleares. A esquizofrenia apodera-se da Junta da Galiza ante a pressom popular,ao tempo que manifesta a sua incoerência como principal promotora doturismo na costa galega seguindo umha política que, em palavras deTourinho, "se integra e se coordena estreitamente com as políticas ur-banísticas, cultural, medioambiental e de desenvolvimento rural, assimcomo com as iniciativas das administraçons provinciais e locais". Na primeira quinzena de Agosto do 2006 mais de 77.000 hectáreas

Ortigueira 1230 Bergantinhos 621Sada 433Mugardos 336Poboa do Caraminhal 297Ilha de Arousa 251Outes 222Ponte d´Eume 205Ribeira 194Fene 178Riba d´Umia 157Bergondo 146Redondela 139A Guarda 131Narom 109Rianjo 108Cambados 104Vigo 101

Concelhos que prevém um aumento de edificabilidade superior ao 100% (em

porcentagem)

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TURISMO INTERIOR: A RESPOSTA AUMHA SITUAÇOM AGÓNICA.

Desde o ano 92 a Junta começoucumha forte campanha promo-cional do turismo rural, umha saída,diziam, a liquidaçom do sectoragro-gadeiro com as reformas daPAC (Política Agraria Comum).Quinze anos depois um estudo en-carregado pola Junta da Galiza rev-ela os desastrosos resultados deesta política. O impulso ao turismorural, longe de dinamizar as econo-mias locais, tem servido para fo-mentar a especulaçom imobiliária,dado que a compra de muitas casaspara converte-las em alojamentosturísticos tem como objectivo “ben-eficiar-se dos subsídios”. Aliás, re-conhece timidamente que as casasde turismo rural nom se encontramintegradas no seu entorno nem ten-hem efeitos sobre outras activi-dades próximas e que, em muitoscasos, nom som gestionadas porpessoal com conhecimento do agro,mas polos especuladores do tur-ismo, com o qual fracassa apromesa de que havia fixar a popu-laçom rural expulsada da actividadeagrícola. O turismo leva ao ruraljeitos de vida e procura de activi-dades lesivas com o entorno (rutasem kuads, golfe,...). As consequên-cias sobre a populaçom galego-falante som nefastas, que seconverte em umha peça mais de ummuseu etnográfico vivente para odesfrute do turista.Em muitos casos implica a conver-som e privatizaçom do nossopatrimónio, desnaturalizando-acom novos usos. Mosteiros e paços

convertidos em hotéis de luxo semrespeitar a sua configuraçom origi-nal. Dous exemplos chegarám parailustrar esta situaçom: Sam Estevode Ribas de Sil, convertido numparador de luxo, com parquing sub-terráneo, e o mosteiro de Monfero,um dos mais importantes dopatrimónio galego que proxima-mente será convertido num bal-neário "Spa” (Nas fotos, antes deterem sido adequados para hoteisde lujo). Em estes como muitos out-ros casos, dinheiro público, au-tonómico, estatal ou procedente defundos europeios, cuja finalidadeera a “recuperaçom do património”,utiliza-se para acometer as obras deremodelaçom dos“paradores”.

Mosteiros de Monfero e Sam Estevoantes das obras de remodelaçom

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Galiza nom se prevêm as consequências de esta evoluiçom, que poderematar com o marisqueio e, literalmente, com as nossas praias, em-bora associaçons ambientalistas de carácter internacional e para nadasuspeitosas de querer alterar a ordem estabelecida venham ad-vertindo sobre este desolador panorama futuro.O Porto exterior da Corunha tem modificado irreversivelmente aPonta Langosteira. O desmonte realizado pola empresa Dragados ar-rasou com 50 hectáres de roquedos e matorral, substituidos agorapor blocos de formigom. Também é de destacar o Porto de Massó,que tem paralisadas as suas obras pola intervençom do Foro Social deCangas que leva luitando desde 2005 contra a sua construçom e par-alisando as obras com a sua presença, sendo ignorad@s por todas asadministraçons públicas, incluído o TSXG que vem de negar-se a par-alisar as obras a espera de um informe sobre o impacto ambiental ea actividade pesqueira. Este projecto ubicado na zona do Salgueirom,remataria com umha importante zona natural, pesqueira emarisqueira, com importantes consequências sobre a biologia e adinámica litoral de toda a ria. Estes som alguns exemplos destaagressom, mas poderiamos citar muitos outros (quadro1).

Campos de golfe na GalizaNa Galiza há na actualidade 19 campos de golfe e estám projectadosoutros 17. O consumo médio diário de água dum campo de golfe é oque realizariam 8.000 vivendas familiares. Aliás, os campos de golfeusan quantidades enormes de fertilizantes, funguicidas, herbicidas, e

pesticidas, que vam parar ao aquíferos próximos e ao mar.

1.Campo de Golf Sarria2.Campo Municipal de Golf Torre de Hércules (Corunha)3.Club de Golf A Toxa (Ogrove)4.Club de Golf Augas Santas (Pantom)5.Club de Golf Campomar (Narom)6.Club de Golf de A Coruña7.Montealegre Club de Golf (Ourense)8.Club de Golf Ría de Vigo (Moanha)9.Club de Golf Río Cabe (Monforte de Lemos) 10.Club de Golf Val de Rois (Rois)11.Golf Balneario de Guitiriz12.Golf Balneario de Mondariz13.Golf de Meis 14.Golf Pazo da Touza (San Amaro)15.Golpe Pitch & Putt (Carvalho)16.Hércules Club de Golf (Arteijo)17.Club de Golf de Lugo18.Real Aero Club de Vigo (Vigo)19.Real Aero-Club de Santiago

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A Marinha é umha das comarcas costeiras que mais recentemente seviu brutalmente afectada polo processo turistificador-urbanizador.A pressom à que foi submetido nos últimos anos tem mudado com-pletamente a morfologia desta zona costeira. Concelhos como o deBarreiros tem suspendidos os seus planos de urbanismo, mas estamedida chega tarde e é escasa se temos em conta as agressonssufridas. O concelho de Foz registrou 3.685 vivendas durante os 5primeiros messes de 2006, umha cifra alarmante para umha popu-laçom de 9.800 pessoas, já que só com isso a sua populaçom au-mentaria num 105%.

LOCALIDADE Nº VIVENDAS AUMENTO DE HABITANTES

Ano 2005

Foz 3.152 106

Ribadeo 1.930 373

Viveiro 1.849 49

Barreiros 857 152

A MARINHA. Vivendas construidas em 2005

Fonte: La Voz de Galicia

fôrom arrasadas polos incêndios florestais, principalmente em zonasonde a pressom urbanística é brutal. Ainda que da Junta da Galizaapresuraram-se a declarar que nom se edificaria nestes terrenos, a Lei deMontes, que impede requalificar o terreno incendiado durante 30 anos,nada diz a respeito de terreno rústico comum, agropecuário ou costeiro.A hipótese da motivaçom urbanística de alguns incêndios é inegável.As contradiçons do governo galego fam-se patentes em muitos outroscasos. Em Fevereiro conhecia-se umha sentença do TSXG anulando umdecreto da Junta que permitia a construçom de edificaçons e estradassobre humedais protegidos da Galiza.A suspensom dos planos urbanísticos de muitos municipios costeirosnom resolve a situaçom catastrófica a que foram levados nos últimosanos. A UE avisava recentemente de que o 75% da costa galega soportaumha edificaçom masiva, ante a permisividade da Junta que consentiu,até este mesmo ano, que nenhum dos municípios costeiros tivessemadaptado as suas normativas à Lei do Solo de 2002.

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ORTEGALNa comarca de Ortegal o casomais salientável é o de Or-tigueira, onde a previsom do au-mento da edificabilidade é o1.230%, com a construçom de65.000 novas vivendas.

EUMENa comarca do Eume, acarom de Perbes, asobras de construçom dum campo de golfe e1500 vivendas que realiza Fadesa ocasionároma morte dos bancos de ameija e berberecho nadesembocadura do rio Xario, na praia grandede Minho, devido ao grande volume de áridosverquidos durante a construçom do complexoturístico.O governo local de Ponte d´Eume vem deaprovar o plano parcial de Andurinhas-Ber,umha urbanizaçom de lado da já existente napraia de Ber, iniciativa da promotora Lar Pro-mosa SA, com umhas 250 vivendas. Este pro-jecto junto com outro similar em Broeve vaifortificar todo o litoral desde Centronha atéPerbes.

MARINHAS Em Minho, o TSXG vem de anulara adjudicaçom que deu o Con-celho a Fadesa para construirumha urbanizaçom de 1282vivendas, um hotel e um campode golfe, num processo no que aconstrutora foi a única concur-sante. Os demandantes som osanteriores donos e donas queforam expropiados a razom de 6euros o metro quadrado numhazona onde as vivendas oscilamentre os 120.000 e 240.000euros.

CORUNHANa Corunha Fomento vem de licitar a con-struçom de vivendas, hoteis, prédios institu-cionais e comércios na fachada marítima dacidade. Em Portinho o concelho de Corunha lic-itou 2.802 novas vivendas.Sada é a protagonista dum dos maiores escán-dalos urbanísticos do país. O seu PGOM previaa construçom de 31.481 vivendas (em 2001Sada tinha por volta das 7.600). A Junta paral-isou o plano após duas sentenças de ilegali-dade do TSXG, que demandou ao concelho e aumha promotora, a Sociedade Anónima Inter-nacional de Terrenos e Edificios (Saite), em-presa filial do Banco Pastor.Oleiros é mais um caso de corrupçom urbanís-tica. O novo PGOM da vila inclue a requalifi-caçom urbanizável de um terreno pertencenteao entom concelheiro de urbanismo, ManuelFernandez Siso, numha zona em que só a suaparcela conseguiu a requalificaçom. Ao tempoa urbanizaçom "As Galeras" vem de ser multadapola Conselheria de Política Territorial por con-struir sobre o domínio público-terrestre deforma ilegal.

Vista de Foz desde Barreiros

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Quadro 1. NOVOS PORTOS DESPORTIVOSLOCALIDADE CARACTERÍSTICAS DO PROJECTO

Corunha Nova instalaçom com 700 atraques

Baiona Ampliaçom do porto desportivo

Boiro Novo porto desportivo no Cabo da Cruz.

Bueu Novo porto desportivo em Pescadoira

Cangas Novo porto desportivo em Salgueirom

Camarinhas Novo porto com 265 amarres

Canido Novo porto com 139 amarres. Paralisado.

Cedeira Novo porto com 411 amarres

Cee-Corcubiom

Novas instalaçons com 300 amarres.

Cervo Novo porto desportivo

Fisterra Novo porto com 220 amarres.

Muxia Novo porto com 233 amarres

Nigram Novo porto para 305 embarcaçons.

Ogrove O novo PGOM inclue um porto no Corgo

Porto Novo Ampliaçom do porto desportivo.

Carvalho Ampliaçom rechaçada pola Junta por impacto am-biental.

Sada Novo porto com 270 amarres. Será o segundo dalocalidade

Empresas no negócio dos portos.

-O Banco Pastor junto com a sociedade viguesa Ronáutica promovem marinhas delujo em todo o mundo, com prioridade na Galiza. Baiona e Combarro som os seusprojectos estrela, polos que a Junta abonará 16 milhons de euros.-Caixanova e a construtora galega Grupo Atlántico som promotoras do projecto Ma-rina Atlántica em Cangas.-Caixa Galicia participa junto com Caja Madrid, Iberostar e Sa Nostra da sociedade In-hova, com intereses na Galiza e em outros pontos do Mediterráneo.

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TURISMO PARA RICOS: GOLFE E PORTOS DESPORTIVOS.Na Galiza há na actualidade 19 campos de Golfe e estám projectadosoutros 17, que na sua maioria afectam a zonas necessitadas de umhaespecial protecçom pola sua riqueza natural e outras já recolhidas naRede Natura 2000 europeia como zonas de especial conservaçom. O tur-ismo de golfe implica todo um complexo empresarial ligado a infraestru-turas hoteleiras para pessoas de alto poder adquisitivo, urbanizaçons deluxo e outras infraestruturas de carácter agresivo, onde o desporto nomé mais que umha desculpa.Também está projectada a construçom de 24 portos desportivos (Sada,Minho, Caiom, Carvalho, Muxia, Cee, Corcubiom, Fisterra, Camarin-has,...), embora a Galiza conte com 128 portos, 28 de eles desportivos,dos quais 20 dependem do governinho, que os controla através da enti-dade 'Portos de Galicia'. Os oito restantes estám em maos das autori-dades portuárias, dependentes directamente de Madrid.A Junta tem previsto aumentar as 8812 vagas de amarre actuais, para fa-vorecer novas entradas de clientes ricos, e dedicar as rias ao turismo em pre-juízo da pesca artesanal. Aginha elaborará um 'plano director' para favorecer,com as suas próprias palavras, 'o ineludível crescimento do sector náutico", coma autorizaçom dumhas 10.000 novas vagas de amarre que viram a duplicar a ca-pacidade actual.. Os grandes da banca e da construçom frotam as maos ante estaampliaçom financiada com dinheiro público (por volta dos 300 milhons de euros).Estas infraestruturas complementam-se com os inumeráveis projectosque executa a Direcçom Geral de Costas em forma de paseios marítimos,que abrem passo à promoçom de novas urbanizaçons, para deixar umpanorama desolador na nossa costa: Onde antes havia barcos de pesca,riqueça, inter-relaçom e vida social à volta do mundo do trabalho do mar,agora começa a ser substituido por iates, veleiros,... onde as classes par-asitárias se recriam e se apropriam de espaços fundamentais para o país.Para que isto seja assim, em poucos anos instituiçons europeias e es-panholas encarregárom-se de condenar a povos inteiros a nom poderviver do mar. Perderom-se caladoiros, desmantelou-se a frota...ao tempoque se orçamentavam estas infraestruturas turísticas.As costas galegas acusam a erosom devida à proliferaçom de estas in-fraestruturas que impedem a chegada de areia e sedimentos as nossaspraias. O Ministério de Medio Ambiente espanhol investe umha médiade 5 milhons de euros anuais na regeneraçom artificial das praias (nesteano regenerarám-se 8 praias em Rianxo, Cee e Oleiros, e de urgênciaduas na Corunha e Barreiros), mentres nom se pom freio à sua destru-içom. Para o ano 2.050, devido aos efeitos da mudança climática que naGaliza serám mais acusados resultado dos incêndios que ano após anodesertiçam o nosso país, a temperatura aumentará em 3 ou 4 grados eo nivel do mar subirá 35 cm e adentrará-se na terra até 35 metros. Na

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. TERRA NAVIA-EUAs normativas existentes naadministraçom asturianasom menos permisivas com aespeculaçom. Contudo oprocesso turistificador é bempresente . Mesmo em Tápiaatopa-se o campo de golfeCierro Grande o único dacosta cantábrica galega. Esteage como núcleo atrainte depromotoras. De feito constru-iram-se pequenas urbaniza-çons de luxo en terreos delado de esse campo de golfe,situados na localidade de Ra-palcuarto.

TRÁS-ANCOSEm Ferrol hai um projecto para criar umha zona "lúdica"e um campo de golfe em Covas e a mercantil NatureGolfe SL pretende instalar um campo de golfe no montede Sam Jorge, em Lobadiz, ambos dentro de solo prote-gido na Rede Natura 2000 europeia e em terrenos qual-ificados polo PGOM de Ferrol como "rústico de espaçonatural". Desde a conselheria de Médio ambiente assi-nala-se que "nom existe umha oposiçom determinanteao respeito" e o próprio director geral de turismo daJunta considera o projecto como positivo. . Em Val doVinho projecta-se umha urbanizaçom e um Hotel da em-presa "Construcciones Rias Altas" na Frouxeira, queafecta também ao espaço protegido da Rede Natura.

BERGANTINHOSNa comarca de Bergantinhos sucedem-se os casos de agressons a costa, muitos deles tamflagrantes que têm sido paralisados pola Junta da Galiza com a entrada em vigor da novalei. Assim em Malpica está paralisada umha urbanizaçom de mais de cem vivendas na praiade Canido e outra de 720 chalets promovidos por Mahia entre Cabana e Laxe. A inter-vençom pública ve-se insuficiente e hipócrita enquanto outros projectos vam adiante, comoa urbanizaçom de Fadesa em Laxe, com 190 vivendas em primeira linha de praia e umcampo de futebol, nuns terrenos requalificados pola Junta em 2004, embora estivessemcatalogados como LIC na Rede Natura 2000 europeia. Só a ruptura do acordo entre os pro-prietários e Fadesa paralisou momentaneamente a construçom.

COSTA DA MORTEA Costa da Morte, que segundo os dados do Instituto Galego de Estatís-tica é a única comarca do litoral que perde populaçom, tem-se convertido num reclamopara as construtoras. Em Carnota cinco promotoras pretendem construir 1.000 vivendas,a maioria na franxa de 500 metros desde a linha de costa. Em Fisterra 13 empresas con-struem perto de 600 apartamentos e vivendas unifamiliares frente a praia da Langosteira,que alcançarám os preços mais elevados desta franxa de costa.Como vem sendo habitual, nesta comarca sucederom-se os casos de corrupçom. Em Mugiao cunhado do alcalde popular Alberto Blanco comprou terrenos antes da modificaçom doPGOM, onde se aprovárom posteriormente convénios urbanísticos. Em Cee, o Grupo Lábaroplanificava construir umha urbanizaçom de chalets com instalaçons náuticas e desportivasem Canelinhas, mediante um convénio urbanístico com o concelho. Em 2005 a empresaadquiriu umha série de fincas em este terreno, ao tempo que também o fazia DanielDomínguez Martínez, filho do alcaide de Cee, todas elas catalogadas como rústicas. A Di-recçom Geral de Urbanismo da Junta rejeitou o projecto, já que estas fincas encontram-sea menos de 200 metros do mar, mas o passado mês de Novembro o alcaide de Cee con-firmava que já foram licitadas as obras. Neste mesmo município, no monte de Sam Pedro,está pendente de aprovaçom outro projecto urbanístico de grandes dimensons, o "GolfHabitat Residencial", com mais de 1000 vivendas, um hotel e um campo de golfe em maisde 2,4 milhons de metros quadrados que foram incendiados no verao passado e que, se-gundo a Lei de Montes, nom poderiam ser edificados nos próximos 30 anos.

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MORRAÇO

Em Cangas as empresas de Juan Lago "Promalar" e "Tempo Libre e Lecer 2000" as-inárom fazer um par de anos um convénio urbanístico para a construcçom de maisde 5.000 vivendas em Meduinha, no monte comunal da paróquia, polo que umhacomissom vizinal tem reclamada judicialmente a propriedade. Também neste mu-nicípio se projecta a construcçom de um porto desportivo e nem só: a promotora

da obra, Residencial Marina Atlántica (so-ciedade participada maioritariamentepor Caixanova), pretende construir porvolta das 1.000 vivendas em blocos dequatro alturas e um centro comercial,um hotel de cinco estrelas.

VIGO

Vizinhos e vizinhas de Nigrám impediam asaltando o concelho, a celebraçom do pleno noque se aprovaria um PGOM que pretendia edificar 7.000 novas vivendas num concelho de17.000 habitantes, no que o 42% das vivendas actuais permanecem vazias a maior partedo ano. Aliás, a corrupçom em todo este processo, conhecida e denunciada polas vizinhas,levou ao TSXG a denunciar ao alcaide no momento, Alfredo Rodriguez e a outros 5 edís polafiltraçom do planeamento urbanístico a um grupo de promotores, companheiros do alcaidena directiva do Celta de Vigo.Monte Ferro, pequena península situada na ponta sudoeste da Ria de Vigo, constitui a úl-tima zona verde na banda Sul da Ria. Em 2005 Concelho e Deputaçom planificam dotar apenínsula de infraestruturas orientadas para a urbanizaçom (estradas, estacionamentos,traída de augas,...). Nesta ocasiom as máfias urbanisticas recorrerom ao terrorismo paracalar as bocas de quem se opunnha aos planos, como aconteceu no caso de dous edis doBNG. A mobilizaçom popular exemplar dos e das vizinhas de Nigrám conseguiu paralisaro projecto.O projecto estrela do novo alcaide de Vigo consistirá num porto futurista, com torres,monorais, pontes giratórias, jardins colgantes, parques desportivos e até um palácio degelo e umha ilha artificial.

Área afectada polas infraestruturas do porto desportivo de Cangas

MUROS-NOIANa comarca a mobilizaçom popular conseguiu frenar o viaducto que ameaçava aRia, mas a Junta continua adiante com outro viaducto interior, em Outes, que vemde aumentar a sua edificabilidade no 222%.

SALNÊS

Esta comarca é paradigmática enquanto as consequências da turistificaçom. EmSam Genjo a populaçom multiplica-se por 15 desde finais de Junho até Setembro eos preços dos andares multiplicam-se até por cinco no casco urbano alcançando os7.000 euros de aluguer que estám dispostos a pagar os visitantes, na sua maioriamadrilenhos. A corrupçom e especulaçom urbanística nom tem limites. O ex-al-caide Telmo Martim especulou com o cámbio nas requalificaçons de várias fincasque comprara previamente à modificaçom do PGOM, que depois vendeu reval-orizadas a Construziona, de Ramom e Eládio Cuinha Crespo, irmaos do que foraconselheiro de política Territorial na Junta de Fraga. Estes terrenos situam-se nohumedal de Baltar em Porto Novo. Aliás, o PGOM de Sam Genjo requalificou 11zonas verdes. Numha delas, Ponta Festinhanço, construirám-se 277 chalets a 100metros do mar, numha zona requalificada como urbanizável depois dos incêndiosdo passado verao. Em Ogrobe a situaçom é semelhante: agressons a espaços protegidos, con-strucçons ilegais,...

BARBANÇA

No Barbança, Ribeira tem o triste liderato enquanto ao boom urbanizador, en-cabeçando com 1033 novas vivendas registradas em 2006, o maior crescimentoda CCAA. Novas construcçons que suponhem fortes agressons ambientais, como asrealizadas nos terrenos protegidos do Parque Natural de Corrubedo, apesar da su-posta protecçom desta zona. As continuas agressons a espaços protegidos som anota característica da edificaçom nesta comarca. Em Porto Doçom 500 edificaçonssituam-se em espaços da Rede Natura 2000 e em Caamanho existem planos paraconstruir um complexo turístico com campo de golfe incluido, parte do qual se ubi-cará dentro da zona "protegida".Nesta comarca encontra-se o Concelho da Póvoa, o primeiro que adaptou o seuplano municipal a Lei do Solo, cum aumento da edificabilidade do 297%.

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