Antônio Gramsci - Escritos Políticos, volume III

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    Volumes publicadosoleccilo universidade livre1 Estilistica da Lingua Portuguesapor Rodrigues LapaEsgotado2Marx/Engels

    por Jean Bruhat3-0Modo de Produado AsidticoC. E. R. M.4 Camponeses, Sans-Cullotes a Jacobinospor Albert Soboul5 C ondiccies Actuais do Humanismpor Hector Agosti6 E scritos PoliticosVol. Ipor Antonio Gramsci7 Sobre as Sociedades Pre-CapitalistasVol. Ipor Maurice Coddler8 Sabre as Sociedades Pre-Capitalistas V ol. J 1

    Antologia de Marx-Engels Levine9 Estrutura a Dialectica da Personalidadepor Alberto L. Merani10-0Capitalismo Monopolista de EstadoVol. Ipor Paul Bocrnra11-0Capitalismo Monopolista de EstadoVol. IIpor Paul Boccara12-0 Capitalismo Monopolista de Estado Vol. IIIpor Paul Boccara13 0 Capitalismo Monopolista de Estado Vol. IVpor Paul Boccara14 E scri tos Politicos V ol. IIpor Antonio Gramsci1 5 E conomia Politica do Capitalismo Vol. Ipor Humberto Perez Gonzalez1 6 E conomia Politica do Capitalism Vol 1 1por Humberto Perez Gonzalez17 Sobre o Capital de Marxpor Friedrich Engels

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    SEARA NOVA1977

    Antonio Gramsci

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    escritospoliticosolume III

    T Induct:1'o deManuel SimbesCape deAcacio Santos(0 Instituto Gramsci eEmpresa de Publicidade Seam Nova, SARLRua Bernardo Lima, 42,r/c.Lisboa

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    NOTA PRVIANa traductio que se apresenta agora, tivernos o cuidadode respeitar twat, quanta possivel, a prosa nada Neil deGramsci (6 conhecida a sue tese de obrigar o leitor a urn

    esforco de leitura), os seas periodos dilacerados pela necessi-dade de exposigdo do rigor ideolOgico, o seu n estilo o queequivale a dizer que procurtimos respeitar o hornem e o pen-sador.Se se considerar, aMm disso, que ester textos correspondentjuventude do autor (o primeiro dos quail, corn efeito, escritoaos 19 anos) e se se river presente que correspondent a umm om enta de pesquisa nao s6 ideolOgica com o linguistica, tere-mos urn quadro de condicionalismos que a prosa de Gramscinaodeixard de reflectir, tornando-se mais flulda p a medidaque o seu autor avanga pare a maturidade. (N. do T.)

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    INDICE1 9 2 1

    Os particles e as massas1Urn partido de massas5E preciso falar claro9As massas e os chefes3apoio do Estado9Gestao capitalista e g esto oper g ria3Partido Comunista e as agitaches operarias em curso7Urn governo qualquer31 9 2 2Papa e a Igreja cismatica7A substancia da crise1Giolitti e os populares5Ensinamentos9Uma carta a Trotsky sobre o futurismo3A nossa perspectiva sindical7problema de Mild3(Chefs.7Contra o pessimismo3Mezzogiorno e o fascism9programa de .L'Ordine Nuo yoi5Problemas de hoje e de amanh0 1A crise da pequena burguesia09Sim, a hora da coerencia13destino de Matteotti19A crise italiana23A queda do fascismo37

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    OS PARTIDOS E AS M ASSAS (*)A crise constitucional em que se debate o Partido Socia-lists I talian interessa aos c omunistas porquanlo ela 6 o re-flexo da mais profunda crise constitucional em que at debatem

    as grandes massas do povo italiano. Deste porno de vista,a crise do Partido Socialism tido pode e Mho de ve ser conside-rada isoladamente: ela e a parte de um quadro mais exteincoque engloba taxabeat o Partido Popular e o fascismo.Politicamente, as grandes rnaschs tido existem sena) enqua-dradas nos partidos politicos: as mudancas de opiniao que atverificam nas massas sob o estimulo das forges econOmicasdeterminantes saointerpretadas pelos partidos, que at dividemprimeiro em tendencies pan depois se dividirem numa multi-pliciaade de novos partidos organicos: atraves deste processo dedesarticulacho, de neo-associano, de lush() entre o que 6 hcxm o-gene*, revela-se um mais prof undo e intimo processo de decom-posicho da sociedade dem ocrdtica pan o definitivo alinha-mento das c lasses em luta pa pa a c onservacho ou conquistado poder de Estado e do poder sobre o apatelho de produno.No periodo que vai do armisticio a ocupagdo das fabricas,o Partido Socialists representou a malaria do povo trabalhadori taliano, constR uida pox ties classes fundamentais, a prole-tariado, a pequena burguesia, os carnponeses pobres. Destastres classes so a proletariado era essencialmente, e por issopexmanentemente, revolucionario: as outras dual classes cramaocasionalmentea revolucionarias, cram asocialistas de guerran,acei tavam a ideia da revoluno em geral pelos sentimentos

    (*) Nfio assinado, L'Ordine Nuovo, 25-9-1921.1 1

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    de rebeldia ant igovernativa germinadas durance a guerra. Um avez que o Partido Socialista era constituldo, ma maioria, porelementos pequeno-burgueses e camponeses, poderia ter feitoa revolucao somente nos primenus tempos, depois do armis-ticio, quando os sentimentos de revolta antigovernativa cramainda vivos e activos; por outro lado, sendo o Partido Sonia-lista constituido, na malaria, por pequenos burgueses e cam-poneses (cuja mentalidade nao e muito diferente da dos pe-quenos-burgueses da &lade), ele nao podia deixar de seroscilante, hesitante, sem urn programa nitido e preciso, semfinalidade, sem, especialmente, uma consciencia intaciona-lista. A ocupacao das fabricas, essencialmente proletiria, en-controu impreparado o Partido Socialista, que era so parcial-mente prolerario, que at encontrava ja, pelos primeiros golpesdo fascismo, em mist de consciancia nas outras suns partesconstitutivas. 0 fin da ocupacao das fabricas desorganizoucompletamente o Partido Socialista; as crencas revolucioniriasinfantis e sentimentais cairam completamente; as Bores daguerra tinharn, em parte, abrandado (nab se faz Irma revolugaocorn as recordacries do passado!): o govern burgues apareceuainda forte in pecsna de Giolitti e rcta actividade fascism; oschefes reformistas afirrnaram que pensar in revolugao coinu-nista em geral era loucura; Serrati afirmou quo era loucurapensar na revolucao comunista em Italia, naquele period.So a minoria do Partido, formada pela parte mais avancadae culta do proletariado industrial, nao mudou o seu pontode vista comunista e intemacionalista, lino se desmoralizoucorn os acontecimentos quotidianos, nao se deixou iludir pelasaparencias de robustez e de energia do Estado burgues. Assimnasceu o Partido Comunista, primeira organizacao autemomae independente do proletariado industrial, da Unica classy po-pular essencialmente e permanentetnente revolucionaria.0 Partido Comunista nao se tornou imediatamente no par-tido das grandes massas. Isto prova uma Unica coisa: ascondicaes de grande desmoralizacao e de grande abatirnentoem que se tinhorn precipitado as massas a seguir a falenciapolitica da ocupacao tins fabricas. A fe tinha-se apagado numgrande ntimero de dirigentes; o quo primeiro at tinha exaltadoera hoje escarnecido; os sentimentos mais intimos e delicadosda consciencia proletaria eram tor pemente pisados por estaoficialidade subalterna dirigente, tornada ceptica, comompidano arrependimento e no remorso do seu passado do dema-

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    gogia maximalista. A glossa popular, que imediatamente aseguir ao armisticio se tinha alinhacio a voila do Partidodesmembrou-se, liquefez-se, dispersou-se. A pequenaburguesia, que tinha simpatizado corn o socialismo, simpa-tizou corn o fascismo; os camponeses, ja seirn o apoio doPartido Socialista, simpatizaram de preferencia corn o PartidoPopular. Mas nao ficou sem cansequencias esta confusao dosantigos efectivos do Partido Sooialista corn as fascistas, deurn lado, corn os populares, do outro.0 Partido Popular aproximou-se do Partido Socialista: naseleicaes parlamentares, as listas abertas populares, em todasas circunscricaes, acoiheram centenas e milhares de namesdos cand idatos socialistas; nas eleicaes m unicipals, verificadasem ulguns concelhos malls dos eleicSes politicas ate agora,muitas vezes os socialistas nao apresentaram lista de minoriaacanselharam os sous aderentes a dar os votos a lista popu-lar; em Bergamo, o lane:men teve uma manifestacao clamo-rosa: as extremistas populates separam-se da organizacaobream e fundiram-se corn as socialistas, fundando umaCamara do Trabalho e urn semanario dirigido e escrito porsocialistas e populates em conjunto Objectivamente, este pro-cesso de reaproximacao popular-socialista representa um pro-gress. A classy, camponesa unifica-se, adquire a conscienciaa nocao da sua solidariedade, despeda condo o invalucroreligioso no campo popular, &spas:lac:and o invalucro dacultura anticlerical pequeno-burguesa no campo socialista.Por esta tendencia dos sous efectivos rurais, o Partido Socia-lista afasta-se cada vez mais do proletariado industrial e,portanto, acaba par despedagar-se aquela forte ligacao uni-taria que o Partido Socialista , parecia ter criado entre a cidadeo campo; mas coma esta ligagao n existia na realidade,nenhum dano efectivo emerge da nova situacao. Febo con-trario, torna-se evidente uma vantageut real: o Partido Popularrecebe uma forte oscilagao a esquerda e tama-se calla vezmais laico; ele acabard per se separar da sus direita, consti-tuida per grandes e medios propnietarios das terms, into ,entail decididamente no campo da luta de classes corn urnformidavel enfraquecimento do gove,rno burgues.0 mesmo fentimeno se verifica no campo fascista. A pe-quena burguesia urbana, reforcada politicamente por todos ostransfugas do Partido Socialista, tinha procurado, depois doarmisticio, aproveitar asapacidade de organizagao e de acCao

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    militar adquirida durante a guerra. A guerra italiana foi diri-gida, na ausencia de urn estado-maior ancient; pela oficia-lidade subalterna, isto 6, pela pequena burguesia. As desilusoessofriciss na guerra firth= despertado fortissimos sentimentosde rebelido antigovernativa nesta classe, a qual, perdida a uni-dade militar dos sans quadros depots do arm isticio, at dis-persou nos varies partidos de massa, levando-lhes fermentosde rebelido, mas tambe'm incea-teza oscilacCies, demagogia.Caida a forp. do Partido Socialista depois da ocupsagdo da sfdbricas, corn rapidez fulminea esta classe, sob o impulseda pre:Trio estado-maior que a t inha explorado na guerra,reconstruiu militarmente os seus quadros e at organizou na-cianalmente. Maturagd o rapidissima, anise constitucianal rapi-dissima A pequena burguesia urbana, brinquedo nas mdlos doestado-ma iar e das forcas mais retrOgradas do govern, aliou-seaos agrdrios e despedacou p er conta dos agrd rios, a organi-zaco dos cam poneses. 0 panto de Rom a entre fascistas esocialistas assinsla o panto de paragem delta politica cega-manta e politicamente desastrosa para a pequena burguesiaurbana a qual compreendeu que vendia a sua aprimogenituraDper um prato de lentilhas. Se o fascismo continuasse as expe-dicties punitivas do tipo Treviso, Sanana, Roccastrada apopulago ter-se-ia insurgido em m assa e, na hipOtese de um aderrota popular, os pequeno-burgueses no teriam decertotornado o poder, m as sim o e stado-maior e os latifundiarios.0 fascismo aproxima-se novamente do socialism, a pequenaburguesia procura romper as ligagees corn a grande proprie-dade, procura ter um programa politico que acaba por atagsamelhar estranhamente ao de Turati e d'Aragona.esta a situaco actual da massa popular i taliana: umagrande confusdo que se sucede a unidsde artificial triads pelaguerra e personificada pelo Partido Socialista, uma grandeconfusao que encontra os pontos de polarizacao dialactica noPartido Com nnista, organizaedo independente do proletariadoindustrial; no P article Popular, ornizacdo dos cam poneses;e no fascismo, arganizagdo da pequena burguesia. 0 PartidoSocialista, que representou, do armistfcio a ocupaC ao dasfdbricas, a confusdo demagO gica deltas tilts classes do povotrabalhador, 6 hoje o mAximo expoente e a v itims mais cons-plcua do processo de desarticulagdo (para tuna nova, defini-tiva ordem) de que sofrean as massas populaces italianas comeconsequencia da decomposicao da dem ocracia.14

    UM PARTIDO DE MASSAS (*)O Partido Socialista apresenta-se ao Congresso de Mildo C)corn 80 00 0 inscri tos. Algumas consideractles sobre osmeros podem ser that% mais do qualquer consideraco teOrica,pan ter tuna exacta compreensdo da natureza e da actualfungdo do Partido Socialista Italian.Depots do C ongresso de Livorno, o Partido Socialista eraconstituldo por 98 00 0 comunistas unitdrios e per 14 0 00 re-formistas, isto 6, por 1 12 00 0 inscritos. Depois de Livorno,entraram no partido, pelo mews, 15 090 novos s6cios; sehoje os inscritos sae 80 0 00 , isto significa que dos 112 0 00votantes em Livorno 47 00 0 desapareceram; os 65 00 0 queficaram corn os 1 5 0 00 novos entrados constituem de factoos actuais efectivos de 80 0 00 .No Congresso de Livorno, os comunistas unitrios eram98 0 0 0; a actual fracclio maximalista m iliaria, continuadorada comunista unitaria, tern de 45 000 a 50 000 votos noCongresso de Mildo; 6 claro que os 47 00 0 que sairam doPartido Socialista, depois de Livorno, so, na quase totali-dade, com unistas unitdrios.A qualidade dos actuais 80 0 09 inscritos pode ser com-preendida por estas pequenas consideraceies. 0 Partido Soda-lista administra actualmente cerca de 200 0 concelhos e 10 0 00organizaceies entre Ligas, Cimaras do Trabalho, cooperativas,(*) Nit() assinado, L'Ordine Nuovo, 540-1921.( 1 ) Es tava em preparago o XVIII Congresso Nacional do Par t idoSocialista, que se realizou entre 1 0 e 15 de Outubro de 1921 .

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    caixas mUtuas. Se se tern presentes as m inorias conc elhiase as Conselhos Provinciais, e lic-ito calcular uma media de 1 6conselheiros part as 2000 concelhos administrados comomalaria; resulta, portanto, que um partido corn 80 00 0 inscritoscoma corn 32 000 conselheiros mun icipais. Para as 10 000organizagiies econOm icas nao 6 exagerada calculat ( tendotaanbem em con ga os cargos mUltiplos) lies funciondrios ins-critos no Partido Socialista pars calla uma; tem os assim umPartido corn 80 0 00 inscritos, o qual, pars Mean de 32 00 0conselheiros municipais, inclui ainda 30 000 funcionarios deLigas, de ccoperativas, de caixas mtituas; is to 6, cm 80 00 0inscritos tem seguramente 62 0 00 socios extreitamente ligadasa uma pv,icao econOmica ou politico, tern apenas 18 00006os desinteressados.

    Esta com posicao explica suficientemente com o 6 que oPartido Socialista, embora jot nao representanda as aspiracaese os sentimentos das grandes m assas trabalhadoras, continuaaparentemente a ser um partido de massas. A histaria este.cheia de fenOmenos semelhantes.0 rein dos Borbons, cm Napoles, era cnegacao deDeus dealt 1 848; e todavia continuou a subsistir ate 1860porque tinha tun corpo de funcionarios entre os melhores detoda a Italia; de 184 8 a 1860 o Estado borbOnico foi tunasimples org-anizactio de funcionarios, sem c onsenso em ne -nhuma classe da populaeda, sem vita interior, sem urn fimhistOrico que the justificasse a existencia.0 impede dos czares t inha demonstrado, em 1 905 , queestava marto e pu trefacto historicam ente; t inha contra si oproletariado industrial, as camponeses, a pequena burguesiaintelectual, os comerc iantes, a enorme m aioria da populagao.De 1 905 a 191 7, o impart dos czares viveu soraente porquetinha uma burocracia formiddvel, viveu so-inmate com o arga-nizaeao de funcicmarios estatais, sem contend &net), sem umamissao de progresso civilizado que the justificasse a existencia.0 Estado da Austria-Hungria 6 o terceiro exemplo, etalvez o m ais elucidativo, que oferece a histeria. Estava divi-dido em racas inimigas entre si, coma hoje sao inimigasentre si as diversas tendencias do Partido Socialista e, todavia,continuava a subsistir, cimentado unitariamente pot uma socategoria de c idadaos, a casia dos funcionarios.

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    Na politioa internacional, o Estado dos Borbons o impe:riodos czares, o impel-Ho dots Asburgo representavant todaviatoda a populacao, da qual pretendiam exprimir a vontadee as sentimentos. Assim hoje o Partido Socialista, organizacaode 62 000 funcionarios da classe trabalhadora, pretende re.pre-sentar a massn trabalhaclora, pretende exprimir-lhe a vontadee os sentimentos.Esta composiedo do Partido Socialista justifica o nossocepticisrno sobre as resultados do Congress de Milli. S6 entreos 18 0 00 socios desinteressados 6 possivel que se verifiqueuma. discussao politica; os outros 62 00 0 so pensa,m do pantode vista do seu em prego e do seu cargo . Ulna cisao a direitaporia em perigo as rnaimias dos Conselhos M unicipals, umacisao entre funciondrias sindicais, de c,0 0 perativas, de caixasmdtuas, poria em perigo a situagao de calla urn; as 62 00 0sao portanto completamente unitarios, ate a extrema vergaaha.

    Cremo s, por isso, destinada a falencia com pleta a tentativade Maffi, Lazzari e Riboldi part uma reaproximagao daInternacional Comunista; as Iles podem influir apenas em18 0 00 dos 80 0 00 inscritos no Particle . Socialista; na melhordas hipOteses, poderao afastar deste partido 10 0 00 s6cios ea nova cisao nao tera qua lquer importancia politica.A verdade 6 que o Partido Socialista esta morto c putre-facto: urn part ido operario que em 80 0 00 socios tern 62 00 0funcionarios e apenas uma excrescancia mOrbida do prole-tariado, tat como o Estado parlamentar-burocratico 6 11M Aexcrescencia mOrbida da colectividade national. 0 fenO meno6, parent rico de ensinamentos part os m ilitantes ecnnunistas:se verdade que o P artido Socialista, embora estando m ortocoma consciencia politica do proletariado, continua a subsistircomb aparelho organizativo das grandes mamas, into indicaa impartancia extrema quo tem os cfunciondrion nas civili-zagees modernas. Para o Partido Comunista, o problerna dese tornar partido das grandes m assas e, portanto, partido degoverno revoluciondrio nao consiste apenas em resolver aquesta de nterpretar fielmente as aspiracOes po pulates, signi-fica tambe lm resolver a questao de substituir os funcionarioscontra-revolucionarios par funcionarios comunistas, significaportanto c-riar um corpo de funcionarios comunistas que,parent, diferentemente do q uo acontece corn os soc ialistas,

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    sejam estreitamente disriplinados e subordinados aos con-gresses e ao Comite Central do Partido. Delta verdade poucosimpatico aparentemente, devem convener-se especialmenteos nossos jovens: a realidade 6 a que 6, um a coisa rebelde,deve ser dominada corn meios adequados, embora parecarnpouco revaluciandrios e pouco simpaticos.

    2 PRECIS() FALAR CLARO (*)Depois de ter lido o novissimo manifesto distribuido aoproletariado de Italia e as Was os exploradosa do PartidoSocialista e da Confederagao Geral do Trabalho C), cada ope-rario 6 naturalmente obrigado a interrogar-se e a interrogar:

    aQue fins comuns podem hoje propor a classe operaria etodos as outros explorados? Com que tactica e nos quadrosde que novo tipo de organizacao podem ser alcancales esterfins? Em sum a, o que devem os fazer? 0 Partido Socialistacr6 am adurecido o tempo para organizer os conselhos dosdelegados operatics, camponeses e soldados?Estas interrogagOes sao perfeitamente justificadas. De facto,manifesto dos socialistas nao se refere apenas a luta sindicalpara as horarios e os salarios; convida atodos os exploradonpara uma luta unitaria contra a especulagao, isto 6, contrasistema capitalista em geral, nas suss formas im ediatamenteconcretas de proteccionismo alfandegario, de aumento docusto dos viveres, de desem prego. A luta sindical aparece no

    ) Nao assinado, L'Ordine Nuovo, 29-10-1921.'( )0Avanti! tinha publicado (28 de Outubro de 19 21) um apelo,Al proletariato d'Italia! agli *Entail turn!, no qual se constatava oagudizar-se da situagao econernica e se confirmava o propOsito deconduzir uma /luta implacavel contra a politica protectionists e deadesenvolver uma actdo comum e intensa para que as classes diri-genies e dominantes sejam obrigadas a compreender as necessidadesdas massas. Se nao souberem escutar e seguir as nossas adm oestacees,nts nao desarmaremos e desenvolveremos a nossa acto per outrostramites, ate ao fim, para a salvaguarda dos interesses dos trabaiha-dores e dos consumidores, contra todas as forgas da reatcao e daexploragaoa.IS 9

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    manifesto apenas coma m otivo particular de urn quadro maisamplo e alargado. Os operarios e as camponeses. organizadosna Gammas de Trabalho e nas Federac&es, aparecem nomanifesto apenas como vanguarda do exercito que se desejamobilizar Porqu? Com que flan? Coin que orientaatio? Naestando a v ista, nem eleigilies parlame ntares... nem cleictiesmunicipais, a finalidade desta mobilizagdo deveria set apenasrevolucionaria, deveria set: como programa m inimo, a orga-nizacao de um sistema de co nselhos para o controlo da pro-dugao e da comercializacao, de conselhos eleitos por todosos trabalhadores, manuals e intelectuais, organizados e desor-ganizados, com unistas, socialistas, sindicalistas, anarquistas,populaces' como programa maxima, a organizacao de conselhosde deputados operdrios, cam poneses e soldados que se pro-ponharn lutar para substituir o Parlament e os Municipios,no poder estatal. 0 que guarani, pots, os socialistas'? 0 m ani-festo dove ser explicado, dove set anotado, dove ser escla-recido. As massas operdrias nao devem continuar a ser adop-tadas para exercfcios despartivos de data origem e ainda demais dUbio carecter.A realidade 6 dem asiado tragica para que se possa brincarcorn as palavras de duplo sentido. Os com unistas nao dardourn mom ento de trOgua a os chefes do social-confederalismo:nas assembleias, nos cornicios em toklas as reunietes pt i-los-Ooprova. Tendo presente que para a luta necessdrio cham arnab so os operarios e os camponesas organizados mas tambemas grandes massas da populaado explorada, os com unistasinsisticao infatigavelmente na exigencia die palavras de ordemprecisas, fins reais, mtodos concretos de organizacao ede controlo dos c hefes responsaveis _pelas grandes massas.Os opertirios e os campon eses, entrando na luta, arriscam asua vida e a vida dos seus familiares; se os capitalistas, asprimeiras hostilidades de contra-ofensiva proletaria, actuaramo lock-out geral, o qua farao as socialistas? Se uma novaaccao fascista for desencadeada, em grande estilo contra ostrabalhadores, o que fart-to os socialistas? Se o estado-maiorameaaar urn golpe, o que farao os socialistas?chegada a hora de assumir toda a responsabilidadedas palavras que se atiram ao povo. Ate agora, os socialistasactuaram a polit ica do doutorssim com o o doutordistribufa receitas a direita e a e squerda desejando aosseus clientes uQue D eus vos ajudek, assim os chefes socialistas

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    lanolin manifestos demagOgicos sem se preocuparem corn asconsequenc kts reais e rxutr os setts resultados praticos. Naose luta sem um programa preciso e sem um a tdctica adequadaao programa proposto c omo finalidad e da luta. N se convi-dam para a luta as grandes massas populates sem urn planpreciso para o seu enquadramento permanente, para a maximautilizaCao this energias que de tal mod sejam desencadeadas.Os =M ores do Partido Socialise e da C onfederagdo Geral doTrabelho devem falar claw; de nenhum modo os c omunistasvos deixarao arrastar o proletariado para uma aventura querepita a aventura da ocupacao das fabrioas. A jogada muitograve, a jogada a prOpria vida dos operarios: se os c analhasmaximalistas crena poder refazer uma virgindade revolucio-naria especulando demagogicamente corn o Ultimo quarto-de--hora de poder de que ainda sentern poder dispor, encontraraoquern sabeta afronti-los e saberd, sem medo de impopulari-dade arrancar-lhes a mascara da c am.

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    AS MASSAS E O S CREPES ()A luta que o Partido C omunista organizou pam realizara frente Unica sindical contra a o fensiva capitalista teve omerit de criar a frente Utica de todos os m andarins sindi-cais: contra a ditadura do Partido Comunista e do Executivode Moscovo, Armando Borghi encontra-se de acordo cornLudovico D 'Aragona, Errico Malatesta encontra-se de acordocam Giacinto Menotti Serrati, Sbrana e Castrucci encontram-sede acordo com G uamieri e Colombino. A coisa mg nos causaadmizaglo, a nos comu nistas. Os cam aradas operarios queseguiram no Ordine Nuovo semanal a campanha desenvolvidapara o movim ento dos conselhos de fabrica (record= semdtivida, como foi por nos prevista tambem pam a Italia estefenOmeno que se tinha ja verificado nos outros paises e podia,portanto, ja entio ser assumido oomo universal, como umadas manifestacae s mais carac teristicas do actual periodo his-A organizac ao sindical, quer tivesse uma etiqueta refor-mista anarquista ou sindicalista, teria dado lugar ao apare-cimento de toda um a hiemrquia de pequenos e grander chefes,cujas notas caracteristicas cram especialmente a vaidade, amania de ezercer um p oder incontrolado, a incomperencia,a dem agogia desenfreada. A pane m ais ridleula e absurda erarepresentada em toda esta com edia pelos anarquistas, os quaiscram tanto m ais autoritarios quanto mais berrav-am c ontrao autoritarismo, tanto m ais sacrificavam a vontade real das() Mao assinado, L'Ordine Nuovo, 30-10-1921 .

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    graudes masses e o floresoimento espontato das sins ten-&atlas libertaxias quanta mais ululavam que queriam liber-dade, autonomia, espontaneidade de iniciativa. Especialmenteem Italia, o movimento sindical cai por terra e torn-se alga-zarra de feira: cada urn queria criar o seu a movimentop ,asua g organizaclion a asua verdadeira unison dos trabalhadores.Borghi representou uma marca registada, De Ambris umaoutra marca registada, D'Aragona uma terceira marca regis-tada, Sbrana e Castrucci uma quanta m arca registada, o capitaGiuliani uma quinta marca registadaoda esta genie,corno 6 natural, manifestava-se contraria a ingerencia dos par-tidos politicos no movimento sindical, afirmava que o sindi-cato se basta a si preprio, que o sindicato 6 o verdadeirconixie da sociedade futura, que no sindicare se encontramos elementos estruturais da nova ordem econOmica e politicaproletdria.No Ordine Nuovo seananal examinamos sem preconceitos,corn mOtodo libartario, isto 6, sem nos deixarmos desviar porpreconceitos ideolOgicos (portanto corn metodo marxista, dadoque Man 6 o maior libertario aparecido na histeria do ga-llon) human), qual e a real natureza e a real estrutura dosindicato ( 2 ). Comecarnos par demonstrar coma 6 absurdopueril sustentar que o sindicato possui em si a virtude desuperar o capitalismo: o sindicato, objectivamente, ndo 6 maisdo que uma sociedade com errcial , de t ipo geaminamente capi-talista, a qual Wade a realizar, no interesse do prole tario, urnpreco maximo para a mercadoria-trabalho e a realizar o ma-nopOlio desta mercadoria no carnpo national e international.0 sindicato diferencia-se do mercantilism capitalista sa sub-ject ivamente, vista que, sendo formado e s6 podendo ser for-mado p er trabalhadores, tende a criar nos trabalhadores a cots-citncia de que no ambito do sindicalismo 6 impossfvelalcancar a autonomia industrial dos poach/tares mas que, parisso, 6 necessario apoderar-se do Estado (isto 6, privar aburguesia do poder de Estado) e servir-se do poder estatalpara reorganizar todo o aparelho do prod r ugao e de com ercia-

    Trata-se dos dirigentes da USI, divididos, na altura da guerra,dos da CGIL, da GEL e da Federago dos Trabalhadores do Mar(autifinoma).Cf. os amigos Sindicatos e C onselhos a Sindicalismo e C on-selhos, pp. 41-46, 59-63 e 1 61-1 66 do vol. II da presente

    lizaco. Demonstrames depois que o sindicato nao pole sere nao pole tornar-se ma c -Olula da futura sociedade dos produ-totes. 0 sindicato, de facto, manifesta-se em du gs formes: naassembleia dos sOc ios e na burocraaia dirigente. A assernbleiados sOcios nunca e chamada a discutir e a deliberar sobre ospmblemas da producdo e da comercializacio, sobre os pro- blemas tOc nicos industriais.ormalmente convocada paradiscutir e decidir sabre relacOes entre patrOes e mo-cle-obra,isto 6, sabre problemas que sac prOprias da sociedade capita-lista e que sera fundamentalmente transfotmados pela reva-lued proletaria. A escolha dos funciondrios siudicais nemsequer se processa no terreno da tecnica industrial: um sindi-cato metahargico no pergunta ao oandidato tuncionario seo competente na indUstria metaltirgica, se 6 capaz de adani-nistrar a indlistria metahirgica de uma cidade cat de urearegiao e da nagdo inteira; pergunta-lhe simplesmente secapaz de suster as razOes dos operarios numa controv6rsia, seo capaz de compilar urn memorial, see capaz de dirigir urncomicio. Os sind r icalistas franceses da V ie ouvriere ( 3 ) pro-curaram criar, antes da guerra, competencias industriais entreos funciondrios sindicais: promoveram toda uma serie de inves-tigacOes e de publicacees sobre a organizago tOanica daproducdo (par exempla. como que acontece que a pale deUM boi chines se transforme no sapato de uma cocotte pari-siense? Que viagem efectua esta pele? Como s5o organizadosos transporters desta mercadoria? Quantas sdo as despesas detransports? Coma se desenvolve a fabricacdo do agostoa inter-r.acional em relacdo aos objector de pele? etc.); mas estatentativa rechnidou num fracasso. 0 movimento sindical, ex-pandindo-se, criou urn corno de funcionarios quo esta corn-pletamente isolado das divers-as inthistrias e obedece a leispuramente comerciais: um funciondrio dos metahlrgicos passaindiferentemente aos pedreiros, aos sapateiros, aos marcenei-ros; no e obrigado a conhecer as condicees reals tcnicas daMdlistria, mas apenas a legislaco privada que regula as rela-gees entre patrOes e crulo-de-obra.Pode afirmar-se, sem medo de ser desmentido por qualquerdemonstraco experimental, que a teoria sindicalista se revelou

    Orgdo d os sindicalistas revolucionarios franceses, fundado perPierre Monatte, em Outubro de 1909, de que Gramsci era assfduoleitor.24

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    come tun engenhoso projecto sem consistencia, construido porhomens politicos que odiavam a politica s6 porque eia, antesda guerra, significava apenas accao parlamentar e compro-rnisso reformista.0 movimento sindical nao mais do que urn movimentopolitico, os chefes sindicais nao Sao mais do que leaders poli-ticos que chegam a posicao ocupada per agregacao em vezde eleiCao democratica. Ern muitos aspectos, os chafes sindi-cais representam um tipo social semelhante ao banqueiro: urnbanqueiro especialista, que tem urn born golpe de vista paraos negOcios, que sabe prever corn certa exacddao o cursedas boLsas e dos contratos, da credit() ao scu institute, atraios poupadores e os que efectuam descontos; um chefe sin-dioal que sabe prever os resultados possiveis /rum choque dasforcas socials em luta e atrai as massas para a sua orgazi-zactio, torna-se num banqueiro de homens. Deste panto devista, D'Aragona, enquanto era protegido pelo Partido Socia-lista, que se afirmava niaximalista, foi melhor banqueiro doque Armando Borghi, emerito aldrabao, homem sem caractere sem uma direccdo politica, mais negociante de feim do quebanqueiro moderno.Que a Confederagdo do Trabalho essencialmentemovimento politico pole set deduzido pelo facto de a suamaxima expansao coincidir corn a maxima expanso do Par-tido Socialista. Os chefes, porem, crO em pode r :ado fazer caseda politica dos particles, isto e, poder fazer uma politicapessoal, sem o aborrecimento dos controlos e das obrigacdesdisciplinares. E eis a razdo delta revolta tumultuosa dos diri-gentes sindicais contra a ditadurado Partido Comunista e dofamigerado Executivo de Moscovo. As massas compreendeminstintivamente que sae impotentes para controlar os diri-gentes, para lhes impor o respeito pelas decisOes das assem-bleias e dos congressos: por isso as masses querem o controlode um partido sabre o movimento sindical, querem que asdirigentes sindicais pertencam a um partido ben organizado,que tenha uma meta precisa, que seja capaz de fazer respeitara sua disciplina, que mantenha os compromissos livrementecontraidos. A ditadura do Partido Comunista nab espanta asmassas, porque as massas compreendem que esta terrivel dita-dura 6 a maxima garantia da sua liberdade, 6 a maximagarantia contra as traicdes e os imbroglios. A frente tinicaoonsutuida pelos mandarins sindicais de todos as escolas sub-26

    versivas contra o Partido Comunista demonstra apenas umacoisa: que o nosso Partido se tornou finalmente o partido dasgrandes massas, que representa deveras as interesses perma-nentes da classe operaria e camponesa. A frente Unica detodos os estratos burgueses contra o proletariado revolucio-mirio corresponde a frente Mica de todos os mandarins sin-dicais contra os comunistas. Giolitti, para veneer os operarios,fez a paz corn M ussolini e den as arruas aos fascistas; Armandopara nao perder a sua posicao de grande senusso (*) dosindicalismo revolucionerio, phr-se-d de acordo con D'Ara-gona, bonzo maxima do reformismo parlamentar.Que ensinamento para a classe operaria! No deve seguiros homens mas os particles organizados que aos homenssaibam impor disciplina, seriedade, respeito pelos compro-missos contraidos voluntariamente.

    e) Chafe da confratemidade islamica ebamada senussia (fundadacm 1837 pelo algerino Mohammed ben All Senussi). (N. do T.)27

    sr,

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    0 AP010 DO ESTADO ()No belo tempo antigo, quando as recordaedes do Ressur-gimento eram ainda vivas e a conquista da Constituicdo re-preDentava ainda um valor para a grande macca da populacdoitaliana, desenvolven-se uma interessante polOmica entre os libe-rais e os republicanos sabre a natureza e sobre a importnc iado juramento de fidelidade ao rei que os deputados devemprestar no Parlamento. Os liberais pensavam assim. se osdeputados se recusarn a prestar este juram ento, se os deputa-dos obtem que a instituted do juramento seja abolida, ao pre-prio Estado rtniba por faltar o seu principal apoio. A Consti-tuted um pac to reciproco de fidelidade entre o povo e osoberano: se o povo, num/6s das pessoas dos seus represen-tantes, se subtrai a obrigagdo de fidelidade, se o povo pale,emu a aboliedo do juramento, liberdade de operar contraa Constituicdo, lambent o soberano, por d ireito, acaba porser desligado dos sous vinculos, tambem no soberano 6 rec o-nhecida a liberdade de organizacdo e de ac tuar o golpe deEstado contra a Co nstituicio.0 govern representa o soberano no Parlament Nacional,o governo 6, alias, responsavel pelo soberano peran te o Par-lamento Nacional e perante o povo. Se o g overn deiza impu-nemente violar a Canstituiedo, se o govern permite a forma-Ca, no pais, de bandos armados, se o govern permite queassociagdes privadas constituam depOsitos de arenas e mu-nicees, se o govern permite que dezenas de m ilhar de cida-(*) Nao assinado, L'Ordine Nuovo, 13-11-1921.

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    Taos privados, armados, enquadrados militarmente, corn capa-cete e arena (depois de terem, imperturbados, percorrido apais), invadam a capital e ostentem abertamente a sua g po -tenciaD, o que significa isto send ter a govern, responsavelpelo soberano, violado o juramento de fidelidade a Consti-tuieo? 0 que significa isto sena que se esta preparando,par parte dos organismos estatais que se agrupam no poderexecutivo, urn golpe de F-stado? 0 que significa isto sona-oque ern Italia vivemos ja no ambiente de que autornatica-mente deve desabrochar o golpe de Estado?0pacto entre o povo e o soberano esta, portant, denun-ciado, ipor vontade do poder estatal que representa o segundo.Autoniaticamente, todos os juramentos de fidelidade estidenunciados. O que liga hoje os empregadas ao Govemo?0 que liga hoje as oficiais a autoridade suprema? A popu-lagao, pela prOpria lagica dos acontecimentos, deve dividir-seem dims panes: favoraveis e contrarios ao golpe de Estadoreaccionario, ou rnelhor, favoraveis ao golpe de Estado reac-cionrio e favoraveis a uma insurreigdo popular capaz dederrotar o golpe de Estado reaccionario. A prOpria Consti-Mica contempla a eventualidade: reconhece ao povo o direitode se levantar em armas contra qualquer tentativa de infraccdoa prOpria Constituico par pane dos poderes estatais. De facto,par que e que urn pacto, clue sa pode ser bilateral, deveriacontinuar valid para uma parte se a outra parte a infringe?Por que e que urn empregado on urn oficial deveria man-ter-se fiel a uma lei que ja nao existe? Por que que deveriaconservar os segredos de Estado e n comunica-los aospartidos revolucionarios se conservar estes segredos significafavorecer o golpe de Estado, isto , a abolicao tambem formalde leis c das liberdades estatutrias, enquanto comunicarestes segredos aos partidos revolucionarios significa contribuirpara salvar a liberdade popular, significa certamente man-ter-se fiel ao espfrito do juramento prestado?0 Estado burgus wive em grandissima pane sobre o tra-balho e sobre a abnegacdo de milhares de funcionarios civise militares que cumprem, muitas vezes corn verdadeira paixdo,o seu dever, que mantm vivo o set tido da honra, que toma-ram a sari o juramento prestado no acto de iniciarem o seuservico. Se n existisse este ntieleo fundamental de pessoassinceras, lealmente devotadas ao seu emprego, o Estado bur-gus desabaria num instante coma urn baralho de cartas.

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    sa'o estes o verdadeiro, o auk apoio do Estado, ndo decertoos outros, os concussionarios, as prevaricadores, as poltrOes,os parasitas do Estado. Om: a quern serve o golpe de Estado?pode servir, corn efeito, a estes, aos concussiondrios, aosprevaricadores, aos poltraes, aos parasitas. frequentemente,alias grease sempre, o golpe de Estado nal a mais do queo instrumento da inundicie estatal pain manter as posigOesocupadas e tornadas mortals para a sociedade; esta gente IAtern escrilpulos, esta-se nas tintas para os juramentos e paraa honra, odeia todos as trabalhaclores e, antes de mail, osque trabalharn nos seus prOprios gabinetes e so a repro-vagao viva da sun desonestidade e do seu parasitism.A situacao hitOrica e hoje esta: s6 uma grande classesocial capaz de opor-se validamente as tentativas liberti-cidas da reaccdo desenfreada, a classe dos operdrios, o prole-tariado. Esta classe cumpre hoje a mesma tuned libertadoraque no Res,surgime,nto far prOpria dos liberais. Esta classetern urn seu partido. 0 Partido Comunista, corn o qual devemcolaborar todos as elementos desinteressados a sinceros doEstado italiano, que querem Ranter a fa no seu officio devigilantes das liberdades populares contra todos os assaltosdas forms obscuras do passado que no quer morrer.

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    GESTAO CAPITALISTA E GESTAO OPE RARIA (*)La Perseveranza e sigma outros jornais notoriamente liga-dos aos interesses do negOcio bancdrio-industrial italiano, pro-curaram responder as observacties feitas por nos sobre as.causas que determinaram as duns clamorosas derrotas daFiat no circuito de Brescia ('). Os esc ritores destes jornais pro-vavelmente nunca viram uma oficina modems; certamenteignoram o que seja espirito industrial; sem chivida que tissmde ma-f6 e pattern do principio (pago) de se insurgirem emdefesa dos proprietarios, qualquer que seja a contenda, e deacharem que todas as responsabilidades dos males que afligema producdo italiana recaem sobre a classe operaria, sobre obolchevismo, sobre os co nselhos de fabrica. As palavras sopalavras, as afinnacees sdo afirrnacees; prestem atenedo aosndmero s estes egregios senhores, pecam ao s industriais quepubliquem os dados de produc.io que se referem a estesperiodos, caracteristicos da actividade industrial dos metalitr-

    gicos de Turim: 1) da greve de Abril de 1920 a ocupacliodas fabricas; 2) ccupaclo das fdbricas; 3) da ocupagdo dasfabricas ao lock-out de Abril-de 1921 ; 4) da reabertura, corno despedimento dos me mbros dos conselhos de fabrica e dosgrupos com unistas, ao circuito de Brescia.No period de ocupaCio e de gesto Ficaria directs,ainda que a m aioria dos tecnicos e dos administrativos tivessedesertado do trabalho, e alma notavel parte dos opeririost ivesse sido destinada a substituir os desertores e a desem-( s) Nao assinado, L'Ordine Nuovo, 22-11-1921.( 1 ) a. A derrota da Fiat, vol. II da presents edicao, pp. 365 -368.

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    penhar funcees de vigitincia e de defesa militar, o nivel daproduc5o foi todavia mais elevado do que no period prece-dente, caracterizado pela maga() capitalista depths da grevede Abril de 1920.No period suc-rssivo a ocupagdo em que o controlooperiario e o poder dos conselhos de fabrica atingiram omaximo de eficincia a producdo da Fiat foi tal, em quan-tidade e qualidade, que superou em muito a product doperiod belico: de 48 viaturas quotidianas saltou-se para 70viaturas quotidianas. Os senhores industriais jogaram umacarta suprema corn estas novas condicaes criadas a productopeio poder dos conselhos de fabrica: propuseram aos ope-ra/jos urn project de empreitada colectiva. Visto que exis-tiam os conselhos de fabrica, os goals exerciam urn antralreal e imediato sobre todas as iniciativas capitalistas e umavez que, se controlada, a empreitada colectiva representa umgrande passo avante no regime industrial, os operarios acei-taram, corn algumas modificacties, o projecto. Mas os indus-trials uma vez introduzida a empreitada colectiva, passarama ofensiva contra os conselhos c contra os grupos c,omunistas.O lock-out foi procla,mada, os ape/trios revalue-Mtn-trios foramdespedidos, as secgaes foram desorganizadas, a reaccdo maisimpiedosa foi introduzida como sistema. As consequanciasforam desastrosas: o control comegou a rejeitar ate 50 porcanto da produco de muitas secgaes; o nivel da productdesce ate 15 viaturas por dia. Politicamente, os industriaisalcangaram os seus fins: as cornissties intemas, formadas porsocialistas, deixann de cansar aborrecimentos aos dirigentes; osoperdrios so disciplinadfssimos; ninguem fala; ninguem semexe do seu Lugar; nao se fazem comfcios; n circulamjornais subversivos; nao se discute. Mas a produclio desceude 70 para 15 viaturas e a qualidade desceu na medida de-monstrada pelo circuito de Brescia.Podem desmentir estes dados os alegres escritores de Per-severanza e dos outros jornais cque se preocupam corn asorte da indirstria nacionalD? Uma coisa resulta evidente dasexperincias industriais destes anos passados: 1) a classe do-minante jO. nao possui urn sector de empreendedores capazesde governar a producdo industrial; a guerra, se esgotou, cornas suas privagOes e corn os seus longos hordrios de trabalho,a classe operdria, esgotou port, em medida superior, asempreendedores que se jxrverteram corn a especulacto ban-

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    caria e perderam a capacidade de organizar e administrar asgrandes inassas de oficina 2) a classe operaria, embora Maotenha a experiOncia e a Dmaturidade o politica e tecnica daclasse dominante, consegue todavia, melhor do que a classeburguesa, gestir a product. Capitalism significa hoje desor-ganizacdo, mina, desordens continuas. Para as forcas produ-tivas, nao existe outra possibilidade de salva'lo sent a orga-nizacio autonoma da classe operdria, quer no dominio dainchistria quer no dominio do Estado.

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    0 PARTIDO COMUNISTAE AS AGITACOES OPERARIAS EM CURSO (*)Um fremito de luta percorre as filas do proletariado ita-haw. A maxima depress -do da actividade do proletariado 6decididamente ultrapassada e a luta de classes vai retomandoo ritmo imponente que tinha antes dos acontecimentos dofim de 1920. A ofensiva capitalista, cujo inicio se pale reco-nhecer nos epis6dios de 21 de Novembro de 1920ha umano em B olonha ( 1 ), nas suas mUltiplas formas, desenca-deou-se apenas depots que sobre o moral das masses tinhatido o seu malefic influxo a desastrosa politica do PartidoSocialista e da Confecleracfio do Trabaiho e, embora apro-veitando sobretudo dos error e das culpas dos dirigentes pro-letarios, ndo parece ter lido tao perniciosa como aqueles sea sua maxima ferocidarle responde a classe operaria voltandoa combatividade antiga.Entre o period de lutas operdrias que a tactica equfvocados socialistas e,ntao destrudu e o actual, ha diferengas pro-fundas de situaches e de relacOes de forca. Entao pareciadeixada aos organismos proletatios a inidativa dos movi-mentos e a escolha do programa de conquista, e o adver-sari, patrOes e Estado, parecia desorientado e mats ou() Ndo a ssi r.ado, L'Ordine Nuovo, 22-11-1921.Trata-se dos famosos factos do Palacio d'Accursi o , umaobscura provocagdo que assinalou a infcio do terrorismo em Emilia.Dez cidaddos bolonheses foram mortos corn born bas de mao diantedo edificio m unicipal.

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    manes passivo. Hoje, pelo contnirio, d a burguesia, corn umastria de arenas been temperada s, que se move contra o pro-letariado e o assalta no terreno politico corn a read* e corno fascismo, e no terreno econOmico corn o lock-out e as de-mincias dos pactos de trabalho entdo conquistador.Segundo os socialistas de direita, foi um erro ter-se pro-poste, naquele period() ) favordveis objectives revoluciondriosmuito grandiosos e irreais ndo se assegurando mais limiturlosconquistas; nas quais todavia o proletariado se teria soli-damente reforcado. Mas aqueles ndo aludem a conquistaseconOm icas, visto que estas, na realidade, se verificaram emvasta escala, e evidentemente falam de um programa politicocuja realizacdo, no terreno politico, irnpodida pela OM'clamada aspiragdo da conquista de todo o poder para a dasseoperdria.Mas aqueles no dizem nem rnostram que forma de re-gime, a nito ser a posse integral da forga estatal por parte

    dos trabalhadores, teria garantido o proletariado do contra--ataque burgues. Se a ofensiva burguesa derivou da reaccdocontra o peso que tinha assumido a yenta& dos' organismosproletdrios no andamento da vida social e da consciencia que.em correspondOncia corn esta influencia aparente n existiauma saida organizacdo de luta, e fAcil perceber come major-mente ela se teria desencadeado se as massas tivessem apoiadoa sua infiuencia social ndo na sua organizacdo ping em ulte-riores concessiiies abtidas corn Tildes pacificos de hipoteticosaliados escolhidos entre a esquerda burguesa, no terreno dascombinacOes parlamentares ou de qualquer simulacro de crisede regime; ora, na realidade, o mice meio de impedir o re-gresso ofensivo burgues era o desarme do aparelho burgue sde govern() e da prO pria burguesia e a directa gestdo dospoderes e da forga armada por parte do proletariado: ouseja, a sua ditadura revoluciondria.Na situagdo hodierna, em que a burguesia tende parauma prO pria ditadura econem ica e politica que deixe imu-tadas as formas do seu regime rims consiga demolir as for-talezas da organizacdo operdria e empurre o proletariadopara as condicOes de antes da guerra e mais atras ainda, osexpoentes da social-democracia, a quern nem sequer podeservir o dimodo alibi corn que respondiam anti, jd ndoousam forrnular qualquer programa. Sustentam, ou m elhor

    efectuam, o recuo sem luta para ndo serem obrigados a admi-38

    tir a nectsidende do armament dao so ideal mas tambemmaterial do proletariado para a luta de classes do (palderiva necessariameate o programa de c onsolidagdo dente apa-relho de luta num aparelho de pode r revoluciondrio.Os comun ; stas, pelo contrdrio, coerentes corn as acusagOesque no ofelizi) period dos anos 191 9 e 19 20 faziam a poli-tica dos socialistas de direita, incapaz d e utilizar cada etapapercorrida lutando ao lado do proletariado para a ergani-zagdo das sans faculdades revoluciondrias, fora do e contraEstado burgues, como Unica garantia da defesa daquelasconquistas a da sua integracao ate a em ancipacao proletaria,os com unistas, dizia, sustentam hoje que o proletariado deveaceitar da situagAo os eloquentes ensinamentos de luta quedela derivam e deve enfrentar os conflitos corn as forcasadversdrias corn um a visao geral dos suas tarefas, preparandomovimento Unice de toda a classe trabalhadora no planerevoluciondrio.Se o facto de considerar com e isoladas as acceiese o encorajar a tdctica de ocupar sucessivarnente e cornpouco dispendie de energia as posigOes individuals possiveispodia ter um sentidoeriod() do avango, aquele rnetodoequivale hoje, evidentemente, a expor-se a certa derrota.Os com unistas tragaram o piano de acc do proletdria aocanalizarem todas as lutas numa Unica accao da frente Unicados trabalhadores que tenha como posicao toda a defesa dasconquistas operdrias que a ofensiva burguesa acaba de in-sidiar ( 2 ). Este piano esta a tragar-se nos prOp rios aconteci-mentos que de mode quase automdtico conduzem os traba-lhadores ao alargamento da base dos conflitos, fundindo-oscorn aqueles pelos quais sdo provocad as outran categoriasreunindo reivindicagees politicas e econ6micas.Enquanto esta sirttese dos esforcos se com pleta progra-maticamente na palavra de ordem do Partido Comunista qua( 2 )Depths do Consdho de Verona da Confederaglo Coral doTrabaiho, o Com ite Executivo e o Comith Sindical do Partido Comu-nista tinham repetido /nun comunicado o convite pan a formacao deuma frente Unica sindical, afirmando que .a luta deve continuar entreos quadros da Confederagao Geral do Trabalho g uma vez que to saidadas suas filar sada o maior service que se podia prestar aos contra-

    -revoluciondrios que ainda a dirigemg.3 9

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    deve servir como guia da accdo operdria, existem, na reali-dade coeficientes que se ope em a sua realizagao, o principal,entre estes, a posicao dos dirigentes de direita. A acgdo paraa frente Unica prolethria aparece assim como tuna duplaluta: contra a burguesia nas frentes detenninadas pelos seusataques e contra os sociais-deanocratas que impedem a orga-nizacao proleadria uma resposta com o alargamento da frentea tactica burguesa, que consiste em hater sucessivamente eseparadamente as forgers yea-arias.0 Partido Com unista entende em toda a sua cornplexidadeesta situaCsia, e as dificuldades que se opdem a realizagdo daplatafonna de ac gdo anica que ale propOs (que culm inariana greve geral nacional, colocando a luta nuana via decidi-damente revoluciondria) ndo o im pedem de seguir e sustentartodas as faces da luta defensiva proletdria que, embora e nre-dada pela ditadura social-democrfrica sobre as orgattizagdes,se desenvolve per sucessivas acgdes ate a extensdo da frame.

    Por isso os comun istas thin um a tarefa precisa ainda quenio tenha sido aceite pelos seus adversdrios a forgo de ac gdoqu e des consideram e que a Unica que apreseata as verda-deiras possibilidades de um a vithria prolethria. A falta derealizagdo, per parte de todas as massas, da sua tactica, ndo6 para ales, desde o inicio, um a raid() de passividade ou umalibi para as suas responsabilidades; ales apresentam-se naprlineira fila para a luta, a luta em dugs frames, contra oaberto adversfrio burgues e contra o derrotismo intern() dosoportunistas.0 Partido Comunista ester, portanto, na primeira liahadas experiencias de acgdo alargada que hoje se desenvolveme que sem dtivida sdo o prehidio de mais vastas batalhas.certo que se estas tentativas das massas falirem, sera. perdelta da influOnc ia dos sociais-democ ratas que afrotucam adifusdo do m ovimento e que procurardo explorar as eventuaisderrotas proletdrias como consequ'encia do mtodo da ex-tensdo da acgdo, quando seriam apenas consequencia da de-masiado tardia extenso. Mas isto ndo impede que, cum-prindo grandes esforgos, nao se possa obter que tambem paresta via, tornada menos directa pela forea dos derrotistas,se possa canstruir o aguerrimento do proletariado para aslutes supreanas revolucianfrias. Estamos, portanto, depoisde bem estabelecidas todas as responsabilidades, no cam e

    da luta nas graves gerais da L iguria e da V enezia Giulia (');pedimos a extensdo do movimen to dos ferroviarios contraaaplicagdo do artigo 56 0 ,precis() lutar contra esta situacdo para extrair de cadaepishdio um resultado de experthncias e de treino revolucio-ndrios, corn o olhar sempre voltado para o objective: acg dogeral iinica de todos os trabalhadores.0nivel da combatividade proletfria crescerd atravc'sdestes epishdios a me dida que o Partido Comunista aparecera enfrentar o derrotismo dos am arelos, os quais esperam,talvez ado anenos do que as bu rgueses authmicos, a revira-volta que atire o proletariado para a Satan m ono da pas-sividade e do desalento.Mas dos mais vascidos aos mais cinicos inimigos do m ovi-mento proletirio parece que todos sentem soprar um outroy enta: o da grande tempestade revoluciondria.

    ( 3 ) Na Liguria, em apoio aos metalargicos que faziam greve haalgumas semanas contra a ameacada reduco dos salarios, estabele-ceu-se a greve geral de 17 a 21 de Novembro. Na Veneza Giulia,contra a dec iso dos industriais metal6rgicos de Trieste ern efectuaremo lock-out nos estaleiros navais de Trieste e Muggia e reduzirem ossaarios no estaleiro de Monfalcone, foi declarada a greve geral emtoda a regiao. Tambem em Livorno os metalargicos estavam em greve.( 3 ) Em Napoles, em 6 de Novem bro, os ferroviarios tinham rem-mado a grave em defesa do principio do dia de traba1ho de oito horase contra a aplicaclo do art. 56, de 7 de Julho de 1907, ja sepul-tado depois da agiracao de 1920, que estabelecia o despedimento paraos ferrovifirios em grove.4140

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    UM GOVERN() QUALQUER (*)No arm ament fraseolOgico d o Partido Socialista, a for-mula do govern melhor foi definitivamente suhstituida pelanova formula do govern qualquer: o Partido Socialista con-

    fessa abertamente ter renunciado a todas as conquistas nocampo legal; aroma ja nao ser sequer um partido de reformasgraduais e de conquistas morals; contenta-se em obter, porparte do govemo, as garantias elementares para a segurangae a incolumidade pessoal das massas camponesas.Para medir toda a grandeza do retrocesso feito pelos socia-listas, basta recordar a posigdo polmica assumida peloschefes sindicais do movimento carnponas no C ongresso deLivorno. Nino Mazzoni tinha sustentado no Congresso Pro-vincial de Reggio Emilia da fraccao concentracionista C) quea tese comunista da conquista violenta do Estado era desti-tuida de qualquer fundamento razoavel e de senso com mit,visto que o Estado cram efec tivamente os camp oneses. ParaMazzoni o problema nao era ja o de conquistar o Estadocorn a forca arm ada da classe trabalhadara alas, simples-manta, o de organizar as conquistas !partials do Estado javerificadas por virtude traurnatiirgica dos c hefes sindicais emunicipals, de organizar no Parlamento o Estado de facto.No C ongresso de Livorno, Mazzoni confirmou e am pliou asua tese. para Mazzoni, na Italia, diferentemente dos outros

    (*) Nat assinado, L'Ordine Nuovo, 1-12-1921.C) Concen tracionista foi chamada a fraccao socialista de direita,agrupada a volta de Turati e Prampolini, que se constituiu em Seterabrode 1920 em Reggio Emilia

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    paises e especialmente d a Riissia, a vanguarda soc ialista eraconstituida n pelo proletariado urbano mas pelas mamastrabalhadoras rurais. A tese comunista da revolugdo, co nce-bida c,orno essencialmente proletaria e urbana, e a tese comu-nista come revolucio proletaria que liberte os camponeses dosresiduos da opressilio eda exploraclio feudal, permitiram aMazzoni bombardear o edificio granitic da maioria maxi-malista-unitkia corn argacias vulgares e piadas banais.A um aim de disfancia, cada operario ou campones,plasm mediocremente inteligente, foi posto na situaedo dejulgar, pelos acontec imentos, qual das duas correlates soda-listas, a comunista ou a reformista, tinha sabido prever odesenvolvimento d a histOria e tinha sabido indicar a tacticamelhar para salvar a classe trabalhadora da ruin econ6-mica e da escravida) politica. A classe camponesa, noobstante o controlo de m ilhares de mun icipios, de daze-nosde milhar de cooperativas e de Ligas, foi completamentevencida. Sweden ate que, na provincia de Rovigo, onde asorganizaglies camponesas tinham conseguido conquistar aquase totalidade this administracOes locals, a reaccdo foi maisferoz e encontrou menos resisteacia. A classe cam ponesa ita-liana foi repelida para um a sinned . de escravidZao pior doque a feudal jai no tern liberdade de reuniao, ji ado temliberdade de Imprensa, ja. :ciao tern liberdade de associacdo,ja ado tem liberdade de it e vir, nem sequer a liberdade deviver. Nas cidades, embora a derrota clamorosa dos cam -poneses tenha tido repercussOes frequentemente mortals, des-moralizando e humilhando largos estratos do proletariado,vive-se ainda, resiste-se, luta-se; nas cidades sucedem-se inces-

    squtemente desespsradas tentativas para organizer um exer-cito de trabalhadores e torn-lo capaz de combater contraa guarda brancaCada operario e cam pones esta hoje persuadido que s6da cidade pode sair o grito de libertacdo do povo trabalhadoritaliano, que a emancipac do das massas oprimidas e explo-radas s6 pode ser assegurada por um E stado operario que,tendo organizado urn potente exercito vermelho e um a impla-ravel rede de instituicees policiais ou judiciarias com e le-mentos operdrios, reconquiste sistematicam ente os territOriosinradidos e destruidos pelo fascismo e os liberte dos dep6-sitos de armas e das conjuras reacc ionarias. 0 Partido Socia-lista, pelo contrario, completamente desm oralizado e corrom -

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    pido pela derrota sofrida nos provincias agricolas, rectta cadavez mais Os chefes socialistas reconhecem que o povo ita-Ilan foi atirado para asituacifo existente durante o regimefeudal; mas diferentemente dos partidos liberals que entiorepre.sentavam as forcas oprirnidas, os dirigentes socialistasrenunciam a preparagao da insurreigdo armada, renunciamviolencia, entreg,am-se aur n governo qualquer, into 6, ao nos-quismo (*) que num primeiro tempo pode ate reprimir ofascismo agrasio mas ado pode certamente reprimir o fas-cismo agrario sem reprirnir simultaneamente as forcas revo-lucionarias urbanas; isto , sem c riar as condiclies naelhorespara. o renascer, a breve termo, de urn fascismo ageario aindamais impiedoso e atroz do que o actual.As massas proletdrias e cam ponesas apreenderam, porem,da experiencia histecica m ais do que os dirigentes socialistas:eis por que elas se reanem c ada vez mais numerosas e con-fiantes a voila do Partido Cornunista que continua as tradi-COes dos jacobinos da Revalued francesa contra os giron-dinos. Sim, os comunistas sdo jacobinos mas para o interessedo proletariado e dos massas rurais traidas hoje pelos socia-listas, cam ha mais de um seculo os interesses da classerevolucionaria eram traidos pelos girondinos.

    (") De Gustavo Noske, politico alern5o, social-democrata. Ministroda Guerra, foi responsavel pela opressao contra os espartaquistas(1918-1919) . ---(N.do T.)45

    I I

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    O PAPA E A IGREJA CISMATICA (*)A unido da Igreja roman co rn a Igreja greco-cismatica,ou ortodoxa com o valgarmente se diz tambem no Ocidente,o 11 Pla antiga aspiracilo do papado. A Igreja cismatica corn-

    preende o oriente med iterfanico, a Gracia, os Baldis, a Rssia.Toda a politica de Benedito XV perante a RUssia dos Sovietesapoiou-se no antigo sonho da unidade religiosa catelico-ciS-matica. E b orn, portanto que se digam d uas palavras fiestasferias do trono pontiffcio.A Igreja cismatica esta maito memos longe da Igrejaromana do que os protestantes das vdrias seitas. Desereou-sedo regaco da ca tolicidade per voltas do ano mil, por motivosrelacionados corn a teologia e tambem par m otivos marsportantes de mentalidade e de tem perament.Nab faltaram, de vez em quando, tantativas serias deunidade e de conciliacao. E ja. m odernamente, Ledo XIII fezesforcos notdveis pares a fuso das duas Igrejas. Nem faltaram,nos Ultimos dec enios, episedios de bispos das duas Igrejasque claramente se permitiram gestos de colaboragdo ezade reciproca.Benedito XV tomou uma posigo ainda mail resolutapan a conciliago das duas Igrejas.Pntre outras coisas, fundou em Roma o Institute OrientalRomano e dele quis assumir a presid6ncia, canfiando asfungeies de secretario a alguem da sua confianga, conhecedordo Oriente e das questfies eclesiasticas orientais, o cardeal

    (*) NAG assinado, L'Ordine Nuevo, 27-1-1922.47

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    Marini. A propOsito de tal instituto, escreve o PopoloRomano:Este Institute, nos prop6sitos do Pap a, devia centralizar todas asrelacOes do papado corn os catolicos e tambem os nao cataicos doOriente. Corn os mats, portanto, o pontifice, na qualidade de presi-dente, criava contactos ininterruptos, completamente fora da buro-cracia da CUria, maliciosa e frequentemente boicotadora.Mao 6 de hoje o dissfdio entre a burocracia romana da catch-cidade a as Igrejas do Oriente. Ciosas da sua autonomia, estas nuncaconseguiram, nao podiam e nao podem conseguir agradar aos pre-lados da Curia, cujo sonho 6 o poder absoluto de dominio, a contra-lizacAo absoluta, nas suns mdos, de todos os interesses espirituaistemporais do orbe catOlico. E desgragadamente a deformacao Ultimade todas as burocracias omnipotentes e centralizadoras, do que nse salva sequer em bora nao esteja inquinada mais do que qualqueroutro organism sociala Igreja cat6lica.NAo se pode verdadeiramente dizer que a Propaganda f ide tenhadeixado desenvolver-se, sem contrastes e obstAculos, o piano de Bene-dito. Existe ainda hoje urn dissidio n. transcuravel acerca do controloque a dita congregaco desejaria exercer sobre o Calegio dos Maro-nitas, que os cat6licos libaneses mantm em Roma. Mas as conjurasas artes dos prelados da aria encontraram sempre uma barreiraintransponfvel na firme vontade do pontifice, o qual, antes de fecharos olhos, teve a alegria de ver o seu instituto em pleno desenvolvi-mento, centre importantissimo de estudos, aberto, sem distincAoisto honra a sua serenidadeos cathlicos come aos orto-doxos, como a todos os cristAos orientais. Os prograrnas do Institute,deste ponto de vista, n puderam deixar de provocar o escAndalodos Merry del Val, dos De Lai, dos Billet e dos jesuitas.E evidente que Benedito XV, reunindo em Roma os cat6licos detodas as Igrejas orientais a ate os ortodoxos ou eristaos em geral,para se instruirem sabre o verdadeiro contend da doutrina catolica,tornava ao grande sonho da undo das Igrejas do Oriente a tendiaa reforcar, perante alas, o prestfgio a influAncia de Roma. A estesonho sacrificou, corn uma generosidade que cada sacerdote do Orientevos descreve corn profunda comoco, nao s6 as ambiges dos pre-

    lados recalcitrantes mas os seus principais recursos financeiros.A posiedo de Benedito XV em relaciio a Russia miravaclaramente traduzir em fac tos o antigo sonho que duplicarianilmero de cat6licos.A passagem da ortodoxia greco-cismtica ao catolicismoroman n deveria significar um salto dos ritos greeo-cis-mticos para o ritual latino. A Igreja catalica possui ja umrite grego, que usa oficialmente a lingua grega, tern um orga-nismo exterior conforme as tradigOes peculiares dos patriarcasbizantinos e orientais, permite o matrimanio dos padres.Mesm o o espirito politico-religioso do rito grego (catO lico)

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    informado por uma orientaco de maxima adaptagdo astraclieties e ao teraperam ento oriental.Isto depende de um criteria politico e tambem de umcriteria de respeito pelas tradieaes. Enquanto no O cidente apatristica antiga grega pasta em segundo lugar pela latinae os evangelhos oficiais so Latinos, no Oriente, pelo contrario,nao e possivel prescindir do facto de a histaria antiga dareligio ser sobretudo grega coma gregos sacs originariarnenteLodes os evangelhos, gregos na major pane os padres 0 cathe-ter greco-oriental 6 essencialmente pedante e sofista em filo-sofia e em reljgjao. Enquanto as tradieees da Igreja ocidentalsans sobretudo praticas, as da Igreja oriental, desde os maisantigos tempos, ado teolO gicas, disputadoras, subtis. Os fun-damentec filosOficess e teolOgicos do c atolicismo foram ela-borados quase exclusivamente na Igreja oriental, antes queocorresse a cisaio em duas confissees distintas. Actualmente,poa-tanto, a Igreja greco-cismatica 6 m inada per uma ca r-rupeRo talvez ainda mais profunda do que a que existeIgreja romana.De qualquer modo, a Igreja romana tem no seu espiritoconciliador e no rito greco-catblico uma base para a almejadaunido.Permanecem fundamentalmente dois factos que c onstituemdificuldadesPrimeiro. A derivaedo do Espirito Santo s6 do Pai, com acream os cismaticos, enquanto os cat6licos afiranam, noCredo, qua ele procede tanto do Pai com o do Filho. Sabreestas subtilezas stria provavelm ente possivel urn acordo.Segundo. 0 reconhec itnento da preeminencia do bispo deRoma. Aqui a questa() 6 intrincadissima e espinhosissima.A Igreja grega antiga (catOlica) teve sempre muita autonomiae importancia em relagdo a Igreja ocidental para que a suaherdeira cismAtica possa aceitar sem mais discussao o papadode Roma. E m nenhum cases a Igreja cismatica acederia aospreliminares de acordo serfalo corn a condjedo de discutirpelo menos tudo o que o papado foi lentamente conquistando,de predominio e de atribuicaes, a partir do cisma ate hoje.E isto foi urn processo do papado, cada vez m ais monarquico,verdadeiramente gigantesco, que se traduziu em artigos defe e culminou no concflio realizado per Pio IX em1869,onde no meio de v iolentas oposicoes dos bispos foi as-tabelecida ainfalibilidade do Pa pa.49

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    A preciso ainda acrescentar que a parte m ais intransigenteda Igreja cismtica ado so nega qu e o bispo de Rom a seja,preferentemente ao patriarca de Constantinopla, o sucessorde Pedro, mas nega ate qu e Cristo tenha conferido a Pedrouma real preeminancia sobre os outros apdstolos com asfamosas palavras: aTu es Petrus, et super hanc petramaedif icabo domum meamc e com a outra pa csagean: Pasceoy es meas. DMonseahor Geremia B onomelli , no seu livro Viaggio inOriente, apresentava concluthes muito pessimistas sobre apossibilidade de um acordo prOximo com o element greco--oriental-cismitico. Provavelmente, se uma p robabilidade deuniao, ainda que remota, aiguma vez se apresentar, seri naRtIssia e nos paises eslavos que o Papa procurard abrir um abrecha.

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    A SUBSTANCIA DA CRISE (*)A queda de Bonomiiz-se, foi provocada por u mamanobra de corredor do Inuit() clara, ou na qual de c larohd apenas a ambi 'do de um grupo de polit iqueiros. E estabent. 0 Parlament inteno 6, em relagdo ao pats, um cor-redor obscuro e seen saida, no qual tambem os factos e oscontrastes mais profundos sdo obrigados a assumrir aquelaforma, visto que a gente que o frequenta ndo c onsegue ne-nhuma outra. Mas tern sempre, sob esta forma, deixa dehaver uma substancia de mais seria con.sideracdo. baste elano caso actual?Que atrav es dos acontecimentos politicos dos (dams m e-ses at estava completando em Italia uma serie de transf or-rnagides de caracter substantial, 6 coisa sobre a qua) tivem osoutran vexes oc asido de insistir. Com o base desta transfor-macdo, a tentativa de fazer aderir ao Estado italiano estratosprofundos das massas trabalhadoras das cidades e do campo

    e, dente modo, libertar o Estado da crise que o atormenta;coma instrumentos desta accdo, as dois partidos asociais-de-mocratan tipicos: o 'popular e o socialista. Entre o Partido(*) Ndo assinado, L'Ordine Nuevo, 5-2-1922.(1 )0 Gabinete Bonomi declarou-se demiss iondrio em 2 de Feve-reiro, em seguida ao voto de desconfianca do partido da DemocraciaSocial (Giovanni Amendola), agrupamento parlamentar resultante dafuslo entre a Democracia Liberal e os demo-sociais. 0 vote de des-confianca tinha lido motivado pela recusa de Bonomi em concederfundos ao enrio pars salvar o Banco de Desconto, cuja falenciatinha prejudicado numerosos pequenos poupadores meridionais de quema Democracia Social era de facto a expressfto.

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    Popular e o Socialista actuou-se, pot isso, uma curiosa divisdodo trabalbo. Combatendo-se em algal-Ls lugares e sobre algunsterrenos, noutros colaborando, noutros ainda dividindo-seoportunamente a s partes e as zonas de influencia, popularese socialistas completar-am e e.srao com pletando tuna obracomum : a de preparar as bases do futuro Estado social-demo-crata italiano. A dem agogia e o oportunismo m entiroso ehipOcrita sae os meios corn os gu ars se procura, tante pottins como pot outros, alcangar o objective. 0 facto 6 too ver-dadeiro que em algumas zonas, especialmente agricolas e depequenas regies, existem estratos inferiores de populacaotrabalhadora que ja ado fazem distingao entre os dois par-tidos. A colaborando ester ja em acto; e o facto de se realizarprimeiro na base do que nos Orgdos directives superiores, 6indice da sua c orrespondencia cam uma situageo nova quese esti criando e da qual nessario ter presente.Mas se esta a uma realidade, a outra realidade corn a qualse deve co ntar 6 a formacdo traditional do Estado italiano,resultante da prevalencia de uma c lasse dirigente que teminteresses opostos aos das massas e quer exercer sobre elasum dom fnio com a violencia e com o engano. Ha muito queos populares consider-arm-it o problema de estabelecer urnacordo corn esta c lasse dirigente e ate o resolveram sem, to-davia, perder o seu caracter de partido aderente e represen-tante de vastas massas organizadas Corn a accdo que desen-volveram, quer no Parlam ento quer no pats, deram pois jio exemplo do qu e sera a social-democracia italiana, do modocomo o novo regime reassumird em si as linhas mais deso-xtestas das nossas tradicionais ecam orrass () corn tracesneves do Estado social-democrata, sem preconceitos, dema-gam hipOcrita, corruptor e corrompido. Deste panto detesta, Miami foi um verdadeiro precursor.Para alcancar completamente o objective, 6 poi-6m neces-rto earavessar periodos de ajustamento. Um deles foi repre-=rad pela crise de violencia do fascismo. Hoje, ate nogo o fascista existem os sintomas evidentes da degene-radio szeiial-democrata. V alha pot todos o com portamento5.$....a.uttrie.q. em relacdo aos assuntos banc irios (2 ). A violenciaten V. -yak 1, nota da p. 197.el IX; Lseistas, especialmente os nac ionalistas de Idea nazionale,teia:It eraser violentarnente o governo polo comportamento assu-Kim (Anmete a crise bencaria.

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    organizada fora dos quadros legais do Estado 6, de resto,caracteristica de todos os regimes aparente,mente edemocra-tasn, formadosds-guema.Uma outra fase do periodo de ajustamento 6 represen-tada pelas crises parlamentares. No Parlamento deve-se co rn-pletar a soldagem entre os elome ntos directives das velhas edas novas ecamorras3 ( 5 ). Requere-se, por isso, que algunshomens sejam eliminados, outros impelidos avante, que sereconhecam c ertos &Sas conquistados e que se trave o ardorpremature dos recem-chegados. is todo um tm balho do qualdeve sair a nova casta dos dirigentes.E dare quo este node de considerar a questo leva anegar qualquer valor as distincOes parlamenta res oficiais, peloque poderd existir urn govern de direita ou urn governde esquercla, ou urn governo intermdio de etransicaol. E setudo isto e terminologia vazia, ainda m enos valem os pro-gramas e ate os hom ens. As bases sobre as guars todos es-tavam de acordo, mais ou menos, no sae dificeis de encon-trar. 0 que mais importa, pornm, nab sac) tanto elas com oo processo geral atraves do qual o Estado italiano, sem mu dara sua natureza fundamental , tende a m udar as suas bases naesperanca de se reforgar e de poder gozar de urn novo periodode vida tranquila.Urn element novo seria dado, diz-se, pela posicdo dossocialistas. Mas nee 6 verdade. Eles entrain na linha desteprocesso geral e quanto dissemos atres sobre a analogia entrea aced dos po pulates e a dos socialistas poupa-nos agoramaiores explicacOes. A Unica d iferenca reside na falta departicipacao no govemo, o que obriga as socialistas a seremainda mais hipocritas e rnentirosos do que as ou tros, a totemneo apenas duas, mas fres ou quatro mascaras corn as quaisescondem o seu rosto verdadeiro. Os socialistas nao pedemmais do que dqr a sua contributicao a obra comum de recons-trucao e de reforgo do Estado. Seja de que modo falem,quer usem a desfacatez de Stenterello, quer repisem a estu-pidez de Turati, quer hasteiem o galhardete da intransigenciaou papagueiem com o o papagaio do Avant i fada uma dassuas palavras e cada um dos seus comportamentos see van-tajosos para a burguesia e para o Estado , porque s lye. paraimpede que as massas vejam claro no curso dos factos que

    () V. vol. I, nota da p. 197.53

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    se estdo desenvolvendo, que as massas se dem com a dascadeias que se aprestam para confirmar a volta dos seuspulsos os novas pregadores de liberdade, de reformas e deconquistas positivas.Este 6, pois, para nos, o ponto central da situaco actual.preciso tornar darn as massas de operazios e camponesesde Italia que cada apoio por elan dado aos demagogos dospartidos socials-democratas socialista e popular 6 um c on-tributo pan a reconstrucflo do organismo que ha deceniosos priva da liberdade, do bem-cstar, e as submete a esc ra-viddo, aos sofrimentos e a movie. A luta contra a social--democracia, a luta contra o Partido Socialista traidor, identi-flea-se corn a luta pa n a libertacao do p roletariado de Italiade qualqucr escravid5o.

    n 54

    GIOLITTI E OS POPULARES (*)A politica traditional de Giolitti, que foi a politica doEstado italiano nester primeiros vitae anos do seculopara alem da tentativa, nunca realizada no terreno parla-mentar, de incoapomr o movimento operario no mecanismo

    govemativo, consistiu na tentativa de ac ambarear os votosdos camponeses eatOlicos para a fortuna politica do chamadoPartido Liberal Dem ocrata, isto 6, para o partido dos indus-trials e dos com erciantes. A hierarquia eclesiastica tinha sido,ate ao aparecimento do giolittismo, o instrumento de que seserviam as agrarios para dominar politicamente, e n soeconomicamente, a classe dos camponeses: para os bons off-dos da hierarquia eclesiastica, as agrarios conseguiam ter noParlamento urn partido, o Liberal Conservador, guiado perSonnino e defendido polo Giornale d'Italia, que podia penni-t ir-se, de vez em quando o luxo de consti tuir um govern()e de m ante-lo per cem dias. Para impo r definitivamente omonopedio governativo dos maiores interesses industrials ebancarios, Giolitti cultivou amorosamente, no cam po catolico,o nascimento e o desenvolvirnento da inesma rede de coope-rativas e de pequenos bancos de poupanpa que tinha amoro-samente c ultivado no campo socialista: obteve os resultadosque tinha esperado. 0 pacto Gentiloni assinalou a passagemda hierarquia eclesiastica dos services do Partido C onser-vador, isto 6, de Sonnino e dos agrarios, ao service do PartidoDemocrata, isto 6, dos banqueiros, dos industrials e deGiolitti.

    C r ) Ndo assinado, L'Ordine Nuovo, 22-2-1922.55

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    A formaga o do Partido Popular, into 6, a organizagao daclasse dos camponeses com o classe independente, e o seudesenvolvimrnto, ocorrido no sentido de o Partido Popu larse libertar quase completamente da facC ao de direita, consti-tuida por latifundiarios e velhos aristocratas, mudou o terrenode m anobra politica do iigrandev estadista de Dronero. Tantoos agrarios como os industriais e os banqueiros estao limi-tados no Parlamento a terean partidos numericam ente insig-nificantes: ooligaram-se e encontraram o seu leader precisa-mente no deputado G iolitti. Giolitti, tradicionalmente homemde esquerda, hoje tomou-se homem de extrema-direita; oGiornale d'Italia, o Orgao tradicional dos agrarios, o apoiadordos idasciosii torcanos e emilianos, tornou-se hoje o executormais encamigado de Giolitti, do homem que por vinte anosmais asperamertte t inha combatido, do homem para quem,em 1 917 , pedia explicitamente que fosse levado aos tribunalsmilitares. Cora a tolice brutal qu e os distingue, os agrarios,afoitos pela existencia da orepnizagao militar fascista, recon-quistada na econpmia nacional a supremacia pela queda daindfistria e da banca, declaram abertam ente quererem voltara situagan politica existente no nosso pats antes do pa ctoGentiloni. Durante o conclave, o Giornale d'Italia ameagouabertamentamente desencadear lima tem pestade anticlerical separa o governo da Igreja nao fosse eleito urn aintransigenteD,isto 6, se o Vaticano n5c i voltasse a politica de Pio X, con-traria a formacao, em Italia, dos partidos parlamentarescatOlicos e favoravel a politica dos aristocratas e dos con-servadores. 0 conclave e legeu, pelo contrario, urn pontificeainda mais conciliador e popularista do que Benedito XV Q )e o Partido Popular vingou-se das tolas ameagas do Giornaled'Italia pont o seu veto a urn governo de Giolitti. Se seprocuram as foroas politicas, realmente agentes no pals,abaixo da coreografia parlamentar, a derrota de G iolitti 6sem chivida a manifestagao de lima crise de regime emA classe dos camponeses 6 a Unica classe pequeno-burguesaque oonservou uma fungao produtiva na sociedade modems:por isso ela se pode unificar politicamente e introduzir umelemento novo no Parlamento, mudando radicalmente ostermos traclicionais do equilibrio democ rata, isto 6, prove-

    0) Como sucessor de Benedito XV, foi eleito o cardeal AchilleRatti, Pio XI.56

    vando unlit crise de regime que poderia ate aprofundar-se.Nao existe, na verdade, nenhuma contradigao essencial entrecatolicisrno e repfiblica: Radich, na C roacia, chefe do par-tide dos campo neses, e republican e circunda a sua pregagaocom um halo de co reografia religiosa que atinge profunda-mente a fantasia dos estratos oampesinos...

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    ENSINAMENTOS (*).As canclusdes que se podem extrair do andamento deltamanifestagdo do Primeiro de M aio sdo confortantes,A man ifestagdo foi positiva com o intervene& de m assas,como extensdo de solidariedade operazia. Dem onstrou comoo proletariado italiano, apesar da reaccdo, sem pre vermelho.E foi tamberm positiva com o prova de espfrito de combati-vidade que desperta nas filas dos trabalhadores.Os fascistas preocuparam-se em demonstrar, cam o seucamportamento e corn as seas preprias declaraedes, que setratava de nma manifestagdo antifascista. E tal foi o signifi-cado da abstengd o do trabalho e da intervened de grandfs-simas massas em manifestagdes, de urn canto ao outro daItalia, e sem excluir as zonas mais controladas pelo fascismo.Se os cortejos ago se organizaram isso deve-sea imposiedo dogoverno: se tivesse sido possfvel organiz g -los, hoje conta-rfamos urn major mimero de m ortos operdrios mas tambemum m ajor niimero de m ortos fascistas.Ao lado da c onfortante constatacio da vastiddo e impo-nencia da ma nifestagao e do elevado moral das magsas, deve-mos, todavia, apresentar o que a organizaccio deixou em gerala desejar.A coisa nao se apresenta sem razdes: a tictica da unidadede frente adoptada neste primeiro de Maio por todos osorganismos proletarios, experiencia da Alianea do TrabalhoItaliana, trouxe ao m esmo tem po este beneffcio e esta des-(*) Nao assinado, L'Ordine Nuovo, 5-5-1922.

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    vantagem que devem ser atentamente eonsiderados pelos co-munistas. Limitamo-nos aqui a apontar brevemente para ofacto, tendo presente o comu nicado dif undid pelo Comiteda Alianca do Trabalho, depois do Primeiro de Maio.Corn a tactica da unidade de frente, puderam ag rupar-senos comities do primeiro de Maio grandes m ultidets ope-arias mesmo onde era ben clam na consci6ncia, desde aUltima intervencao, que nao se tratava da costum ada e tradi-cional coreografia mas de uma jornada de luta. Mas estademonstracao da a versao do proletariado a reacgao e ao fas-cism, do espirito de classe que hoje anima as grande s mul-t iaes de trabalhadores, nao a suficiente para poder abatero fascism e a reaccao 0 fascism ciao sera sufocado porunanimidades platO nicas: os revalveres e os punbos nao seraotornados impotentes corn o facto de se langar um colchao porcima. 0 fascism na tern o ntimero mas tem a arganizacao,unitaria e centralizada, e nisso consiste a sua forca, integradana centralizacao do poder oficial burgues.

    A Alianca do Trabalhoe), que hoje permitiu agruparmassas imponentes, deve tomar-se capa7 de enquadth-las corndisciplina unlit-M. Aqui reside o papel dos com unistas panconseguir este resultado, elm direccdo ao qual so se deu oprimeiro passo. Quando for passive' as grandes reuniks=attar corn o c oncurs prolethrio e, ao mesmo tem po, cornuma rational preparagao das nossas forcas, entao o proleta-riado podera dominar o seu inimigo. Neste Primeiro de MaiopOde notarse que os comicios e os movimentos acordadospelas organizacOes aliadas evidential/13.m a falta de um m i-nim de preparagao organizativa mesmo no modesto efeitoda sua pratecc ao dos ataques adv ersdrios, e isto dependia dofacto de nao ser bent clam quern tinha organizado os com i-cios e disposto o piano do seu desenvolvimento em todosos aspectos. Os coma& locais da Alianca sao apenas de

    C) A Alianca do Trabalho foi constituida em 20-2-1922 entreos dirigentes da Confederaco Geral do TrabaMo, a Unido SindicalItaliana, a Unio Italiana do Trabalho, o Sindicato dos Ferrovidriose a Federaeo Na cional dos Trabalhadores dos Popes. Gramsci temeu,desde a sua fundagtio, que a A lianca se tornasse num organismo buro-eatico e estimulou a sua transformacao em bases dem ocrAticas, deltasnos locais de trabalbo, na periferia.60

    recente formagao e nao tem Clara consciancia organizativasuficientes poderes.Todavia e jd uma grande vantagern ter podido organizarreunifies comm as das massas, porque isto eleva o mom l pro-letario e perm ite aos com unistas levar ao protelatariado a sinpalavra franca Urn ulterior desenvolvimento da interessanteexperiOncia italiana da tactica da frente Unica conduzird aintegracao, corn esta vantagem inegdvel, a da efectiva ebanana unidade de organizacao.0 a rgument presta-se a importantissimas consideragOes:queremos agora apenas notar que o term sindical sobrequal a Alianca se constitui permite aos comunistas umapressa pera que ela se tome cada vez mail estreita orga-nizativame-nte, altancando-se assim a unidade sindical prole-Lida que sempre auspiciamos e que se o programa doPartido C omunista pode e deverd encher de c ontend revo-luciondrio.Por agora 6 de reagir contra o catheter preguicoso e in -certo manifestado ate hoje pela direccao da Alianca doTrabalho. Os com unistas id lomat/Imam , de modo precisoconc reto, as suas propostas para o desenvolvimento, paraa animacao para o potential da Alianca, que poderia, sea cam panha nao fosse estimulada energicam ente antes (para-lelamente as eloquentes experiencias da ac cao proletdzia),degenerar nutria burocrdtica e obstrucionista diplomacia dedirigentes hesitantes e oportunistas. Qu anto sao urgentes aspropostas comunistas demonstra-o o comportam ento passivoda Alianca em relacao as gravissimas provocac Oes de queforam vitimas as multidOes operdrias no Primeiro de Maioe, nao obstante os apelos a ac,cao vindos de tantas pastes.demonstra-o a sua insensibilidade a pressat exercida hojepelo proletariado italiano disposto a proceder rapidamenteno caminho da contra-ofensiva. E demonstra-o, eloquentis-simo docum ent, o com unicado difundido pelo comite na-tional que, corn as suas frases vulgares e banais, declina asugestao vinda das massas que anseiam pela luta: com uni-cado sobre o qual nao queremos escrever outro comentdrio,seguros que, coma a questa esta ja irrevogavelmente postaperante as massas, assim estas nao deixarao de as comentarjulgar para extrair desta desilusao novo mo tivo para pros-seguir no dspero mas seguro cam inho da sua desforra.

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  • 7/27/2019 Antnio Gramsci - Escritos Polticos, volume III

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    UMA CARTA A TROTSK YSOBRE 0 FUTURISMO (*)E is as respostas as perguntas que me c lirigiu sobre o movi-mento futurista Milano .Depois da guerra, o movim ento futurista em Italia perdeu

    inteiramente os seus tracos caracteristicos. Marinetti dedica-semuito pouco ao m ovimento. Casou-se e prefere dedicar assuns energias a mulher. No movime nto futurista participamactualmente monarquicos, comunistas, republicanos e fas-cistas. Ha pouco tempo, em M ilao, fundou-se urn semandriopolitico, 11 Principe, que representa ou procu ra representaras mesm as teorias que Machiavelli pregava pela Italia deQ uinhentos, into , a luta entre os partidos locais piecon-duzem a nac do para o caos deveria ser resolvida por obrade urn monarca absoluto, um novo Cesar Berg, que seponha a cabeca de todos os partidos que se combatem.A folha dirigida par dois futuristas: Bruno Corm e EnricoSettimelli. Ainrla que Marinetti, em 1 920 , durante tuna mani-festacdo patribtica em Roma, tenha sido preso por urn enr-gico discurso contra o rer, agora colabora neste semanario.

    (*) Publicada em Lev Trotskij Literatura i revoljtasija, Mos-covo, 1923.Trotsky , que preparava urn volume sobre o argumento da rola-ego entre literatura e revoluco, interpelou entre outros Gramsci, na-quele periodo em M oscovo, que respondeu corn esta carta, datada de8 de Setembro de 1922. Trotsky inseriu-a no volume. Cf., parao contexto, Lei Trotsky, Letteratura, arse, liberta, Mira, 1958,pp. 3-78.63

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    Os m ais importantes expoentes do futurism de antes daguerra tomaram -se fascistas, corn exeepclo de Giovanni Pa-pini, que se tcrnou catolico e escreveu uma Hist6ria deCristo. Durante a guerra, os futuristas foram os m ais tenazesapoiadores da aguerra ate ao Erni e de imperialism. S6 urnfuturista, Aldo Palazzeschi, era contra a guerra. Rompeu corno movim ento e ainda que fosse urn dos escritores mais lute-ressantes, acabou por se calar como li terato. Maximal, presempre tinha elogiado em todas as direccOes a guerra, pu-blicou um manifesto em que demonstrava que a guerra erao Unica meio higienico para o mundo. Tomou pane naguerra come capito de um batalhdo de carros armados e oseu Ultimo livro, L'alcova di acciaio, constituiu urn hino en-tusiasta aos carros annados na guerra. Marinetti compO s umoptisculo, In disparte del comunismo, no qual desenvolve assuas doutrinas political, se se podem em geral definir comadoutrinas as fantasias deste hom em, que as vezes a espiri-tuoso e sempre 6 notavel. Antes da m inha particle. de Italia,a seceder de Turim do Proletkult tinha solicitado a Marinetti,por ocasido da abertura de uma exposicao de quadros detrabalhadores membros da organizacdo, que the ilustrasse osignificado. Marinetti aceitou corn agrado o cons, visitoua exposiceo corn os trabalhadores e exprimiu ern seguidaa sua satisfaedo por se ter convencido qu e os trabalhadoresSham pelas questOes do futurismo m uito mais sensibilidadedo que os burgueses. Antes da guerra as futuristas crammite populares entre os trabalhadores. A revista Lacerba,que tinyuma tiragem de vinte m il exemplares, era difun-dida entre os trabalhadores na proporgOo de quatro quintos.Durance as m uitas manifestagOes da arte futurista nos teatrosdas grandes cidades italianas sucedeu que o s trabalhadoresdefendiam os futuristas contra os jovens semi-aristocratas ouburgueses que lutavam contra os futuristas.0 grape futurista de Marinetti ja ndo existe. A velbarevista de M arinetti, Poesia, 6 agora dirigida por um certoMario Dessi , urn homem sem a m inima c apacidade intelec-tual e organizativa. No Su l, especialmente na S icilia, apa-recem muitas folhas futuristas, nas quaffs Marinetti escreveartigos: runs estes folhetos so publicaclos por estudantes quetrocam por futurism a ignorencia da gramatica italiana.O p-upo mais forte, entre os futuristas, sOo os pintores.Em Roma ha uma exposicdo estavel de pintura futurista,

    qua foi organizada por urn fot