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AQUACULTURA [COMO AVALIAR A SUA IDEIA DE NEGÓCIO]

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AQUACULTURA

[COMO AVALIAR A SUA IDEIA DE NEGÓCIO]

Nota Introdutória

Este documento tem por objectivo auxiliá-lo/a a avaliar a sua ideia de negócio na área da Aquacultura. Ao longo do documento são apresentadas indicações úteis sobre o processo que decorre entre a definição da ideia e o planeamento financeiro do negócio, complementadas por vários exemplos e por um caso fictício, que visam proporcionar uma reflexão estruturada sobre a criação da sua própria empresa.

VALE DO LIMA AQUACULTURA [COMO AVALIAR A SUA IDEIA DE NEGÓCIO?]

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Sumário

Introdução 2

Ideia 7

Análise de Mercado 10

Estratégia de Marketing 14

Regulamentação Aplicável 16

Plano Financeiro 18

Contactos Úteis 24

VALE DO LIMA AQUACULTURA [COMO AVALIAR A SUA IDEIA DE NEGÓCIO?]

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Introdução

Se deseja criar o seu próprio negócio para o estabelecimento de um sistema de Aquacultura na Região do Vale do Lima, deve analisar se essa é uma boa opção: A Região do Vale do Lima tem condições naturais e económicas para este tipo de produção? A sua ideia de negócio é boa? Existe mercado para ela? Irá gerar lucro que supere o investimento que será necessário realizar?

[Aquacultura e Região do Vale do Lima]

O aumento da concorrência global e o crescimento de novas formas de pensar por parte dos consumidores, em termos de qualidade alimentar, levaram a que novas oportunidades de negócio surgissem na área da pesca. A crescente pressão por parte dos ecologistas em produções naturais, biodinâmicas e ecológicas leva a que as instituições comunitárias, devido ao problema da escassez de recursos naturais e empobrecimento da biodiversidade, promovam alterações de comportamentos e criem novas soluções sustentáveis para o sector.

O reforço da competitividade salvaguardando valores ambientais, a busca de maior qualidade e melhores condições de vida, entre outros, fez emergir uma nova abordagem: a Aquacultura, uma alternativa às formas tradicionais de abastecimento de pescado. Fundamenta-se assim uma estratégia em que se procura aumentar a capacidade produtiva do sector das pescas, fornecendo produtos de qualidade, promovendo o bem-estar animal e não esquecendo actividades de monitorização, investigação e promoção de tecnologias limpas.

A Aquacultura é, simultaneamente, um sector tradicional e moderno, que permite a produção de plantas (algas e outras espécies similares) e animais aquáticos (peixes, crustáceos, moluscos, etc.) nas diferentes fases de desenvolvimento dos seus ciclos biológicos, em condições controladas de crescimento e repovoamento, em água salgada ou doce e evitando os efeitos nefastos que acarreta a selecção do meio natural.

O grande objectivo da Aquacultura é o fornecimento, para mercados e outras unidades comerciais, de peixe fresco e de qualidade durante todo o ano, respeitando a Natureza, valorizando os valores ambientais, promovendo a equidade de recursos face às gerações vindouras e procurando criar um ordenamento territorial do litoral que permita um desenvolvimento sustentável.

As grandes vantagens deste tipo de produção é que:

parasitas, predadores (caranguejos, aves, etc.), competidores de alimento e poluentes são controlados pela utilização de um sistema sustentável;

existe um rígido controlo sanitário, bem como um reforço do controlo da presença de resíduos nos produtos da Aquacultura;

permite planear o calendário do processo da pré e pós-colheita;

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as espécies são sujeitas a dietas alimentares específicas baseadas, numa primeira fase, em zooplâncton e, numa segunda fase, num granulado de farinha feito à base de peixes e vegetais (alimentos inertes);

existe um esforço de utilização da tecnologia, tanto do ponto de vista biológico como do ponto de vista da produção, da forma mais eficiente e com o mínimo impacto sobre o meio;

está sujeita a elevado controlo por parte de autoridades governamentais e outras entidades certificadas de regulação;

permite a criação de espécies de maior qualidade comparativamente às criadas nos seus meios naturais, com os seus habitats intensamente poluídos.

Tratando-se de uma alternativa às espécies provenientes do meio aquático natural, este tipo de produção acaba por proteger os stocks naturais em perigo e assumir também uma dimensão importante ao nível social, contribuindo económica e socialmente para o desenvolvimento de muitas zonas rurais.

Noutra perspectiva, a maior preocupação por parte dos consumidores em alimentos de elevada qualidade e que lhes confiram segurança alimentar, faz com que a procura por peixe do mar diminua (fruto do habitat poluído em que estes se desenvolvem) e seja substituída por peixe produzido em sistemas de Aquacultura.

A Aquacultura tem três variantes fundamentais:

criação de ovos embrionados através de uma unidade de reprodução;

simples policultura extensiva de engorda de alevins (peixe que sai do ovo e que se alimenta de zooplâncton);

aquacultura intensiva ou industrial feita em tanques ou outro tipo de viveiros.

Para o seu desenvolvimento, existem diferentes técnicas de produção que passam pelo aproveitamento das condições naturais (nomeadamente através da colocação de redes ou gaiolas no mar) ou pela construção de habitats artificiais (como por exemplo, através da construção de tanques).

Como cada espécie de peixe se desenvolve num meio com características específicas (de iluminação, quantidade e qualidade correcta de alimentos, temperatura, salubridade da água, quantidade de oxigénio dissolvido na água, etc.), a escolha da(s) espécie(s) a produzir terá que seguir uma selecção criteriosa e, preferencialmente, baseada em conhecimentos científicos, bem como no potencial de utilização comercial da(s) mesma(s).

Contudo, existe um conjunto de aspectos de grande importância a ter em conta, depois de escolhido o tipo e técnica de produção, nomeadamente:

Coordenação dos trabalhos de reprodução artificial das espécies e de preparação das zonas marinhas propícias à procriação;

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Manutenção de um ambiente limpo para a criação de peixes, dado que ecossistemas e níveis de poluição desequilibrados constituem problemas na Aquacultura;

Execução das tarefas de limpeza e conservação das instalações;

Criação de um ambiente que impeça a acumulação de matéria orgânica e de agentes patogénicos na água, pois estes promovem doenças com consequências mais graves em peixes de cativeiro do que entre os peixes do mar e poderão levar à impossibilidade do seu consumo por longos períodos de tempo;

Utilização de um mínimo possível de antibióticos para o tratamento de doenças, pois estes enfraquecem os peixes, tornando-os mais susceptíveis a outras doenças e criando um ciclo vicioso a ser evitado pelos aquicultores;

Planificação e controlo das diferentes fases de incubação dos ovos das várias espécies;

Adopção de regimes alimentares específicos para cada espécie produzida;

Controlo permanente da qualidade, temperatura, profundidade e vegetação aquática dos tanques, quer pelo aquicultor, quer pelas entidades certificadas para o exercício da regulação e controlo;

Programação da comercialização das espécies, tendo em conta as características do mercado.

A Aquacultura apresenta igualmente alguns estrangulamentos, tais como a existência de elevada burocracia, a própria legislação, a insuficiente articulação entre os diversos agentes de produção e a insuficiência de estímulos à criação e reforço de redes nacionais e internacionais, que interliguem empresários, investigadores, financiadores e autarcas.

Actualmente a aquacultura representa 33% da produção total comunitária de pescado. Dados de 2001 indicam que em Portugal a aquacultura representa uma importância económica de 17,1% em comparação com a produção total do peixe.

As cinco principais espécies aquícolas produzidas no nosso País são a amêijoa, a dourada, a truta, o robalo e o mexilhão. Quanto à quantidade produzida, os crustáceos são os menos produzidos, seguidos de plantas aquáticas e moluscos.

A Região do Vale do Lima é um espaço situado no Noroeste de Portugal que se estende pela bacia hidrográfica do rio Lima e engloba 4 concelhos: Viana do Castelo, Ponte de Lima, Ponte da Barca e Arcos de Valdevez.

Esta Região é caracterizada por um clima tipicamente atlântico, isto é, húmido e ameno, propício ao desenvolvimento de uma diversidade de espécies marinhas.

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O rio Lima foi, desde os tempos mais longínquos, um factor determinante na ocupação das suas margens, sendo considerado como um recurso com alto valor económico e, incondicionalmente, como um componente estratégico em termos do desenvolvimento integrado da sua bacia hidrográfica.

Um desenvolvimento e crescimento sustentado da Aquacultura permitirão a abertura de novas perspectivas de emprego ao nível da produção e comercialização, que deverão ser aproveitadas. Este complemento ao sector das pescas tradicionais, comporta benefícios não só ambientais como também económicos e de coesão social das zonas rurais, que não deverão ser desprezados.

[Alguns Dados de Interesse]

Em 1994 registavam-se em Portugal, 19 estabelecimentos de Aquacultura, tendo este número aumentado para 38 no ano de 1997. Na região do Vale do Lima podiam encontrar-se 4 estabelecimentos de Aquacultura.

Em 1999, em Portugal, o consumo de produtos de pesca era de 61,1Kg/pessoa/ano. Em 2001 a produção aquícola, em Portugal, atingiu as 7.824 toneladas. Dados de 2002 revelavam que as espécies mais produzidas, em Portugal, eram as amêijoas (3174

toneladas); a dourada (1854 toneladas); truta (1309 toneladas), o robalo (808 toneladas) e o mexilhão (424

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[Processo de Avaliação]

Desde o momento em que define a sua ideia de negócio até concluir se esta será um bom investimento, deve seguir um processo de análise, com várias fases:

Ideia

Há uma oportunidade para o negócio?

Desista ou repense a Ideia

Análise de Mercado

O mercado oferece oportunidade de crescimento?

Estratégia de Marketing

Regulamentação Aplicável

Elaboração do Plano de Investimento

Avançar com o negócio

SIM

SIM

NÃO

NÃO

SIM

NÃO Desista ou repense a Ideia

Desista ou repense a Ideia

O negócio é um bom investimento?

Este processo, embora exija alguma disponibilidade da sua parte, permite reduzir o risco associado à criação da sua empresa, uma vez que lhe possibilita avaliar se a ideia de negócio apresenta potencial para ser um bom investimento, antes mesmo de gastar demasiado do seu tempo e dinheiro.

Para o apoio no processo de avaliação ou em algumas das suas fases, poderá contratar os serviços de consultores; esta é, normalmente uma opção cara, pelo que só deverá recorrer a ela se previr que o seu negócio terá uma dimensão e investimento associado, com algum significado.

Em seguida pretende-se guiá-lo/a por cada uma das fases do processo de avaliação já referidas:

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Ideia

A primeira tarefa deverá iniciar-se pela concretização da sua ideia para a criação de uma empresa para produção aquícola na Região do Vale do Lima e verificar se esta constitui uma verdadeira oportunidade de negócio, i.e., se não há impedimentos à sua implementação e se alguém estará disposto a adquirir os produtos/serviços que irá disponibilizar.

[Descrição]

Se possui já uma ideia para o seu negócio de produção aquícola na Região do Vale do Lima, registe-a por escrito, pois este procedimento irá ajudá-lo/a a concretizá-la com maior detalhe.

No entanto, se para si ainda não é claro o que poderá ser o seu negócio, comece por tentar obter ideias. Com esse objectivo, poderá ser útil tentar identificar:

Lacunas nas empresas de produção aquícola existentes Estas lacunas poderão dizer respeito aos produtos/serviços oferecidos aos clientes, ao funcionamento interno das empresas e às relações que estas mantêm com fornecedores, parceiros e outras entidades de referência para o negócio (e.g. associações de aquicultores, entidades singulares ou colectivas que actuem na área das pescas, serviços de assistência técnica especializada, profissionais de serviços de conservação de recursos naturais, etc.). As soluções que identificar para ultrapassar esses aspectos menos positivos poderão fornecer-lhe boas pistas.

Para identificar tais lacunas recorra à análise das suas experiências anteriores, caso existam, enquanto colaborador/a de empresas de produção aquícola ou enquanto consumidor/a dos seus produtos/serviços, informe-se junto de pessoas que conheçam o mercado e estes serviços (e.g. pessoas e entidades ligadas à Aquacultura, pessoas que já trabalharam nesta área, clientes de produtos aquícolas, etc.) e leia revistas da especialidade.

Tendências na produção aquícola Estas tendências dizem respeito às preferências dos clientes, novos equipamentos, novos produtos/serviços associados, entre outros aspectos, susceptíveis de dar boas ideias.

Para identificar estas tendências, fale com pessoas que conheçam o negócio da Aquacultura, leia revistas e consulte websites sobre a temática (e.g. http://www.was.org)

Seria importante também realizar um curso de formação na área da Aquacultura, dado tratar-se de um tipo de negócio que exige conhecimentos específicos.

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Na identificação da sua ideia de negócio, o seu perfil, i.e., a sua formação, competências, gostos pessoais, motivações, etc., será, naturalmente, uma condicionante importante.

[Diagnóstico]

Depois de ter definido a sua ideia é necessário que avalie se esta representa uma oportunidade de negócio; de nada adianta pensar que tem uma excelente ideia, se esta não for concretizável ou não for capaz de atrair clientes.

Tem, portanto, de testar a sua ideia antes de avançar para a fase seguinte, a qual requer mais do seu esforço. Neste sentido, poderá ser útil analisar:

Funcionamento de negócios semelhantes O funcionamento de negócios semelhantes poderá dar pistas importantes sobre as realidades que poderá vir a enfrentar (e.g. aspectos respeitantes ao investimento, clientes, legislação, etc.), boas práticas de gestão do negócio e pontos fortes e menos positivos dos seus potenciais

concorrentes.

Para analisar o funcionamento de negócios semelhantes, por um lado, identifique-os, contactando a DGPA – Direcção Geral das Pescas e Aquicultura (http://www.dg-pescas.pt), ou pesquisando, por exemplo, na Internet, publicações e directórios de empresas e informe-se sobre como operam, procurando, com essa finalidade, tomar contacto com eles, enquanto consumidor dos seus produtos/serviços e falar com pessoas ligadas à Aquacultura, bem como com técnicos especializados nesta área. Por outro lado, analise casos de sucesso e boas práticas, em livros, revistas, outras publicações e tente obter conhecimento científico sobre as diferentes espécies possíveis de ser produzidas por sistemas de Aquacultura.

Perfil dos clientes de negócios semelhantes O perfil dos clientes de negócios semelhantes poderá dar indicações importantes sobre o comportamento dos seus potenciais clientes, nomeadamente sobre as necessidades destes e sobre o que os leva à aquisição dos produtos/serviços que pretende vir a oferecer (preços, os produtos/serviços em si, divulgação, facilidade de aquisição, etc.).

Caso: Definição da Ideia A Filipa, de 29 anos, vive em Viana do Castelo, é bióloga e já contactou de perto várias explorações de Aquacultura. A Filipa resolveu desenvolver o seu próprio projecto de Aquacultura, relacionado com o estabelecimento de uma unidade de reprodução para a comercialização de ovos embrionados de trutas, aproveitando o seu conhecimento da Região e o crescente aumento das preocupações dos consumidores e da sociedade em geral com a qualidade de vida, segurança alimentar, preservação da Natureza e delapidação dos recursos existentes.

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Para analisar esta realidade, fale informalmente com clientes dos seus potenciais concorrentes, procure informação disponível em publicações ou na Internet e fale com pessoas conhecedoras da sua área de negócio.

Opiniões de outras pessoas As opiniões de outras pessoas, por vezes mesmo das que não possuem quaisquer conhecimentos sobre Aquacultura, podem ser muito importantes e mesmo fontes de novas ideias.

Deve por isso expor a sua ideia aos seus amigos e outras pessoas, procurando recolher daí críticas e sugestões.

HÁ UMA OPORTUNIDADE PARA O NEGÓCIO?

Caso: Diagnóstico da Ideia

A Filipa decidiu verificar se a ideia para o seu projecto tinha potencial para ser bem sucedida. Para isso falou com Técnicos da ADRIL - Associação de Desenvolvimento Rural Integrado do Lima, do IFADAP – Instituto de Financiamento e Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura e Pescas (http://www.ifadap.min-agricultura.pt) e com Técnicos especializados na área da produção aquícola.

Mesmo tendo sido alertada para o grande esforço (em termos de adaptação, controlo e normas a instituir) que terá que ser feito para implementar um projecto desta natureza, aqueles foram suficientemente convincentes para que a Filipa concluísse que havia uma oportunidade de negócio para a sua ideia.

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Análise de Mercado

Na fase anterior efectuou um diagnóstico prévio à sua ideia de negócio, que permitiu defini-la com maior rigor. Nesta fase é necessário aprofundar esse diagnóstico, analisando o mercado, i.e., reflectindo sobre as características e tendências do sector da Aquacultura na Região do Vale do Lima e no País, em particular no que respeita aos clientes, concorrentes e fornecedores.

[Sector da Aquacultura]

Primeiro procure ter uma ideia geral do sector da Aquacultura, em particular no que respeita à produção e distribuição das espécies aquícolas que o seu negócio visa oferecer, identificando tendências, nomeadamente aspectos com eventual impacto positivo (oportunidades) ou negativo (ameaças) no seu negócio.

Para identificar estes acontecimentos positivos e negativos, deverá analisar as características demográficas, económicas, legais, políticas, tecnológicas e culturais, com implicações no sector da Aquacultura. Por exemplo, se estiver a pensar começar um negócio para criação de truta em viveiro e constatar, através da análise das características culturais (e.g. em artigos de revistas relacionados com os comportamentos dos consumidores), que há uma tendência para o aumento do consumo deste peixe, poderá existir aí uma oportunidade para apostar numa maior capacidade produtiva. No caso da mesma empresa, se constatar, através da análise do mercado, que há dificuldades ao nível do fornecimento de algum ingrediente necessário para as dietas dos peixes, isso poderá constituir uma ameaça ao seu negócio, uma vez que poderá implicar que a aquisição desse produto se torne mais dispendiosa; será a indicação de que o seu negócio pode não ser tão bom como inicialmente teria pensado. Ainda no mesmo exemplo, se constatar, através da análise às características económicas, que o poder de compra deverá baixar nos próximos dois anos, isso dar-lhe-á a indicação de que a procura dos seus produtos/serviços poderá baixar, dando-lhe tempo para se preparar para a eventualidade de ter de enfrentar essa situação.

Para efectuar esta análise, fale com pessoas conhecedoras do sector, por exemplo, na DGPA, no IFADAP – Instituto de Financiamento e Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura e Pescas (http://www.ifadap.min-agricultura.pt), na Comunidade Urbana Valimar (Valimar ComUrb) (http://www.valimar.org) e na ADRIL - Associação de Desenvolvimento Rural Integrado do Lima (http://www.adril.pt) e procure informação na Internet e em publicações.

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[Clientes (consumidores e compradores)]

Defina agora o perfil dos seus potenciais clientes, pois muitas decisões relativamente ao negócio, nomeadamente a especificação dos produtos/serviços, preços, formas de distribuição e meios de divulgação, irão depender, em parte, deste procedimento.

Os clientes são os indivíduos ou organizações que irão adquirir ou consumir o produto/serviço que irá prestar. É importante distinguir, quando se fala de clientes, quem usufrui (consumidor) de quem compra (comprador) o produto/serviço, pois estes podem não coincidir. Por exemplo, um restaurante da Região pode adquirir peixe criado em viveiro para confeccionar as suas refeições (comprador), mas quem consome o peixe são os clientes do restaurante.

Caso: Análise do Sector da Aquacultura

A Filipa resolveu que, ela mesma, iria fazer a análise do mercado uma vez que já teve contacto com outras explorações aquícolas, não sendo necessário o recurso a consultores.

Assim, verificou o seguinte: Oportunidades Ameaças

Mercado inter-regional considerável para os produtos aquícolas.

Os ciclos de produção da Aquacultura são mais longos do que na maioria dos negócios, podendo demorar meses ou mesmo anos a gerar lucros.

Mercado de consumo em expansão. Condições climatéricas muito instáveis o que poderá conduzir a perdas económicas.

Os recursos naturais da bacia e particularmente os recursos hídricos são caracterizados por águas puras e límpidas (condição necessária para a prática da Aquacultura).

Dificuldade em entrar no “circuito” das empresas que se dedicam à produção aquícola e existência de concorrência.

Os consumidores de peixe tradicional, com o passar dos anos queixam-se da má qualidade dos produtos que encontram no mercado. Assim, exigem mais qualidade de vida e defesa ambiental, bem como peixe produzido em ambientes despoluídos.

Preços altos e dificuldade no fornecimento de determinados ingredientes que fazem parte de algumas dietas prescritas, bem como de alguns esquemas de tratamento.

- Processo de licença de utilização, exploração e laboração realizado pela DGPA bastante demorado e burocrático, sendo ainda necessário que o aquicultor esteja preparado para se adaptar a eventuais alterações nos requisitos de qualidade que incidem sobre o sector.

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Quando fizer a caracterização dos seus potenciais clientes deverá procurar focar vários aspectos, como por exemplo:

Aspectos Respostas Nível de rendimento Habilitações académicas Idade Localização geográfica Comportamentos Quantificação (quantos são)

Para a realização desta tarefa tente obter informação junto de pessoas com experiência na área da Aquacultura, dos seus potenciais concorrentes e através de estudos já realizados.

[Concorrentes]

Identifique quem são os seus potenciais concorrentes, i.e., as organizações que oferecem produtos/serviços semelhantes aos que pretende prestar, para os mesmos potenciais clientes. É fundamental obter o máximo de informação sobre os seus oponentes, nomeadamente:

Aspectos Respostas Preços praticados Quem são os clientes Quantos são os clientes Que produtos/serviços oferecem Características dos produtos/ serviços

Caso: Clientes

Para efectuar a análise de mercado, a Filipa observou que produtos/serviços eram oferecidos pelos seus potenciais concorrentes e contactou empresas que exploram sistemas de Aquacultura noutros pontos do País. Tal permitiu-lhe extrair informação útil sobre a organização do processo de produção e comercialização de ovos embrionados e concluir que os mesmos são procurados por:

Empresas e produtores, da Região, que se dedicam à Aquacultura intensiva ou industrial da truta;

Empresas nacionais de Aquacultura intensiva ou industrial da truta.

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Como forma de obter esta informação experimente falar com os clientes dos seus potenciais concorrentes, procure brochuras e outra informação promocional e consulte a Internet.

[Fornecedores]

Identifique potenciais fornecedores de produtos e serviços de que necessitará para o seu negócio. Este procedimento poderá ser importante para verificar se poderão surgir problemas de fornecimento e para estimar custos associados ao seu negócio.

Esta deverá ser uma tarefa relativamente fácil. Faça uma listagem de todos os produtos e serviços de que deverá precisar: equipamento, rações alimentares, acções de formação, água, electricidade, etc. Depois tente encontrar fornecedores para cada um desses produtos e serviços, procurando, por exemplo, na Internet, com produtores já estabelecidos nesta área ou nas páginas amarelas. Deverá então contactar alguns deles para questionar sobre:

Produto / Serviço Fornecedor Preço Condições de Pagamento

Condições de Entrega

Equipamento Rações

Será também importante informar-se junto de especialistas, sobre as técnicas biológicas de reprodução (sobretudo o controlo dos stocks reprodutores), nutrição (procura de fontes alternativas para alguns componentes de dieta e, para a formulação de dietas menos poluentes) e patologia (descrição de diversas parasitoses e avanços imunológicos com vista à preparação de vacinas).

Caso: Concorrentes

A Filipa pesquisou os serviços dos potenciais concorrentes e consultou os seus websites na Internet, o que lhe permitiu recolher alguma informação:

Empresas (fictícias) Serviços Preços Clientes Aqua Vale criação de ovos

embrionados de truta Preço de 1 milhão de

ovos = 12.000 € Empresas de Aquacultura intensiva ou industrial de truta

Lima Aqua criação de ovos embrionados de truta

Preço de 1 milhão de ovos = 10.200 €

Produtores da Região que se dedicam à engorda de truta

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O MERCADO OFERECE OPORTUNIDADE DE CRESCER?

Caso: Fornecedores

A Filipa verificou que os principais produtos e serviços de que iria precisar eram:

Veículo para transporte de mercadorias;

Equipamento para congelação dos ovos embrionados (máquina de produção de gelo);

Equipamentos relacionados com a produção dos ovos embrionados (tanques para os genitores) e controlo de qualidade da água;

Rações alimentares, integrando já medicação prescrita, para administrar aos genitores.

Desta forma seria um investimento inicial que justificaria um estudo mais cuidado sobre os/as fornecedores. Para isso, a Filipa contactou empresas de Aquacultura já estabelecidas e pesquisou na Internet.

Caso: Conclusões

Depois de analisar todos os aspectos do mercado, a Filipa chegou às seguintes conclusões:

Parece haver potencial de crescimento para o negócio, uma vez que existem alterações profundas nos hábitos alimentares, procurando-se cada vez mais produtos de qualidade;

Há uma ameaça da concorrência actual e potencial, que tem de contrariar, procurando oferecer um serviço de qualidade e inovador;

O fornecimento de equipamento e outros produtos e serviços merece alguma atenção.

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Estratégia de Marketing

Na fase anterior concluiu que a sua ideia é uma real oportunidade de negócio. Neste momento, a prioridade é determinar a forma como vai introduzir e vender os seus produtos/serviços, i.e., a sua estratégia de marketing.

[Serviços e Produtos]

Defina com rigor os produtos/serviços que irá oferecer, tendo em atenção a informação que terá sido recolhida durante a análise do mercado, sobre quem são os seus clientes, quem são e como se comportam os seus concorrentes e as restrições que poderão ser impostas pelo sector.

[Preços]

Defina o preço que irá praticar, tendo para isso em especial atenção os preços da concorrência e o perfil dos seus potenciais clientes.

Pode adoptar uma política de preço alto, se não houver muita concorrência e os seus potenciais clientes tiverem um bom poder de compra. Poderá progressivamente vir a baixá-lo, para conquistar clientes com menor poder de compra.

Pode adoptar uma política de preço baixo para conquistar clientes, que progressivamente poderá vir a aumentar para ajustar ao real valor de mercado.

Caso: Preços

A Filipa estabeleceu, pelo menos para a fase inicial do seu projecto, preços iguais para empresas, produtores regionais e distribuidores. Tendo em atenção que será nova no mercado e que contará com concorrência, decidiu que por 1 milhão de ovos embrionados cobrará 10.000 €.

Caso: Produtos/Serviços

A Filipa estabeleceu os seguintes serviços, atendendo ao que os seus potenciais concorrentes fazem neste momento e sabendo que tem de ser inovadora se quiser ter sucesso:

Produção de ovos embrionados de truta;

Entrega dos ovos junto dos seus clientes.

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[Distribuição]

Defina quais serão os canais de distribuição dos seus produtos/serviços, i.e., onde é que os seus produtos/serviços poderão vir a ser adquiridos. As opções são várias: poderá vender directamente a intermediários, lojas ou consumidores finais que se dirijam às suas instalações, ou poderá constituir uma força de vendas, i.e., uma ou mais pessoas que se deslocam junto dos potenciais compradores.

[Comunicação]

Defina que meios de comunicação irá utilizar para tornar os seus produtos/serviços conhecidos junto dos seus potenciais clientes. Os meios de comunicação podem ser variados (televisão, rádio, Internet, jornais, brochuras distribuídas em diversos locais, etc.), mas nem todos são adequados; é necessário que tenha em atenção a eficiência de cada um deles, uma vez que os custos associados à sua utilização podem ser muito elevados.

Caso: Distribuição

A Filipa irá, ela própria, realizar a distribuição dos produtos aquícolas deslocando-se junto dos seus potenciais clientes na Região.

Caso: Comunicação

Para dar a conhecer os seus produtos/serviços, a Filipa decidiu que serão produzidas brochuras, a distribuir em diferentes postos de venda (supermercados, peixarias, etc.) e irá pedir a um amigo que lhe desenvolva um website. Decidiu também aderir a uma associação de produtores aquícolas. Esta prestar-lhe-á apoio, esclarecimentos e divulgação dos seus produtos.

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Regulamentação Aplicável

Agora que a estratégia de marketing foi definida, deve verificar se existem barreiras legais à sua ideia, fazendo uma análise do enquadramento legal e fiscal do negócio.

[Legislação]

Para este efeito conheça as leis e regulamentos específicos relacionados com o desenvolvimento do seu negócio, nomeadamente os que dizem respeito a licenças de exploração e/ou de exercício da actividade, normas ambientais, etc.

Para isso dirija-se à Direcção Geral das Pescas e Aquicultura, consulte e faça um levantamento de informação.

[Fiscalidade]

Faça também o levantamento das responsabilidades fiscais que o negócio acarreta, das opções para a constituição da sua empresa, benefícios fiscais existentes, etc.

Caso: Legislação

A Filipa informou-se sobre as normas que delimitam a prática da Aquacultura. Estas estão regulamentadas pelo Decreto de Lei n. º 261/89 que define os princípios orientadores da actividade das culturas marinhas e salobras, bem como das explorações em águas doces ou continentais.

No Decreto de Lei n.º 236/98 que revoga o Decreto de Lei n. º 74/90 encontra-se informação relativa à descrição sobre a qualidade da água e os meios utilizados para obter uma qualidade de água apropriada a este tipo de produção.

A Filipa foi também informada que seria necessário preencher os seguintes requisitos:

Requerimento da Secretaria de Estado da Agricultura (Direcção Geral das Florestas);

Licença de utilização, exploração e laboração emitida pela Direcção Geral de Pescas e Aquicultura;

Licença de utilização de recursos hídricos obtida junto da Direcção Geral do Ambiente.

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O regime fiscal está intimamente ligado com a opção que tome para a constituição da sua empresa, i.e., a sua forma jurídica:

Formas jurídicas mais comuns

Sociedade Unipessoal por Quotas

Sociedade por Quotas

Sociedade Anónima

Outras formas jurídicas

Sociedade em Comandita

Sociedade em Nome Colectivo

Talvez seja útil, para este efeito, consultar um contabilista.

[Centros de Formalidades de Empresas]

Para processos de constituição de empresas, poderá recorrer aos Centros de Formalidades das Empresas (CFE). Estes são serviços de atendimento e de prestação de informações aos utentes que têm por finalidade facilitar os processos de constituição, alteração ou extinção de empresas e actos afins.

Os CFE têm competência para constituir os seguintes tipos de sociedades comerciais:

Sociedade por Quotas Sociedade Anónima Sociedade em Nome Colectivo

Sociedade Unipessoal por Quotas Sociedade em Comandita

EXISTEM IMPEDIMENTOS LEGAIS AO NEGÓCIO?

Caso: Fiscalidade

A Filipa falou com um contabilista amigo que lhe explicou as diferentes opções para a forma jurídica da empresa e lhe indicou que uma opção adequada seria a de Sociedade Unipessoal por Quotas (SUQ). A SUQ apresenta, para o proprietário, a vantagem de, pelas dívidas resultantes de actividades da empresa, responder apenas o valor do capital social (mínimo de 5.000€). Em seguida explicou-lhe as obrigações decorrentes dessa escolha, nomeadamente impostos que a empresa teria de pagar e benefícios fiscais.

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Plano Financeiro

Tem a estratégia de marketing do seu negócio definida. Chegou agora o momento de elaborar o plano financeiro e estimar se o seu negócio trará os resultados financeiros que deseja.

[Preparação]

O sucesso do seu negócio depende da capacidade que este apresenta, para a geração de lucros que satisfaçam as suas metas. Para estimar essa capacidade, deverá fazer um plano rigoroso para, por exemplo, 10 anos (o número de anos depende muito do tipo de negócio considerado).

Se é especialista de análise económica e financeira, não encontrará dificuldades em efectuar uma análise de viabilidade que, considerando os resultados previsionais, o balanço previsional e os fluxos de tesouraria esperados, permita concluir se o seu negócio é um bom investimento. Para tal deverá adoptar critérios adequados como e.g. valor actualizado líquido superior a zero, taxa interna de rentabilidade, entre outros.

Se este não é o seu caso, deverá considerar a consulta de especialistas, que assegurem a realização desta tarefa. Em alguns casos, porém, mesmo não sendo especialista, poderá não se justificar a contratação desta tarefa, que normalmente representa uma despesa significativa. Nestes casos, poderá adoptar um procedimento mais simples, menos rigoroso, que lhe dê uma ideia dos resultados que poderá esperar. É este procedimento simplificado que se sugere em seguida.

[Investimento]

Comece por estimar o investimento inicial associado ao seu negócio. Algumas das componentes do investimento poderão estar associadas a:

Instalações Determine onde terá as suas instalações, tendo em consideração os custos, a funcionalidade e a localização e estime o valor do investimento de aquisição ou construção. Naturalmente que pode recorrer ao arrendamento de instalações ou utilizar um espaço de que já disponha; nestes dois casos as instalações não constituem investimento.

Equipamento Liste todo o equipamento de que irá necessitar para o seu negócio e peça orçamentos a potenciais fornecedores, caso ainda não tenha recolhido essa informação durante a análise de mercado. Depois de

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ponderar os custos, produtividade, durabilidade, condições de pagamento e prazos de entrega, associados a cada alternativa, estime os custos com o equipamento.

Consultoria e serviços de apoio Pode sentir a necessidade de recorrer a especialistas que o ajudem em algumas das áreas ligadas ao seu negócio. É importante que estime custos que teve ou irá ter com consultores, contabilistas, advogados, etc.

Outras despesas Há um conjunto de outras despesas em que poderá ter de incorrer, relacionadas com a constituição da empresa, com os estudos de mercado elaborados, etc. Estas despesas terão de ser também estimadas.

A soma destes investimentos permite-lhe chegar ao valor do investimento total necessário ao seu negócio. Nesta altura pode perguntar-se se esse investimento lhe parece razoável ou muito elevado para os recursos de que pensa dispor.

Caso considere que o valor total do investimento está dentro das suas expectativas, prossiga para a estimativa dos resultados de exploração.

Caso: Plano de Investimento

A Filipa chegou a um valor de 116.850 € para o investimento inicial, estando este repartido em:

1 Veículo para transporte de mercadorias = 30.000 €;

Equipamento de congelação (máquina para produção de gelo) = 5.000 €;

2 Tanques para reprodução + preparação do terreno = 75.000 €;

Equipamento para controlo da qualidade da água = 750 €;

Constituição da empresa = 500 €;

Requerimento à Secretaria de Estado da Agricultura (Direcção Geral das Florestas), licença de utilização, exploração e laboração realizada pela Direcção Geral de Pescas e Aquicultura e licença de utilização de recursos hídricos realizada pela Direcção Geral do Ambiente = 5.600 €;

Não haverá custos com escritório e garagem, pois a Filipa irá disponibilizar a sua casa, que se situa junto ao terreno onde vai desenvolver a sua actividade;

Não haverá custos com o terreno, pois a Filipa possui uma área junto ao Rio Lima, que será utilizada para a sua actividade.

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[Exploração]

Nesta tarefa preveja as suas receitas e as despesas decorrentes da actividade normal do negócio, para o número de anos considerado para a análise.

Deve começar por estimar o valor das receitas: quanto vai vender? Para isso deverá estabelecer objectivos realistas de vendas para o número de anos considerado, baseados no número de potenciais clientes, no número de clientes dos seus potenciais concorrentes, nos resultados esperados dos seus esforços de marketing e na sua capacidade instalada, que resulta do investimento que irá realizar.

Relativamente às despesas decorrentes da actividade normal do negócio, i.e., custos correntes, estas podem ser variáveis ou fixas. Serão variáveis se estiverem de alguma forma indexadas ao volume das vendas e serão fixas se não se alterarem com a variação no volume de vendas. Os custos correntes podem incluir, por exemplo, custos com os colaboradores (normalmente fixos) e custos com o fornecimento de produtos e serviços, como água, electricidade, rações alimentares, etc., alguns dos quais são fixos e outros variáveis.

Caso: Plano de Exploração

A Filipa estimou as seguintes receitas: Vendas Totais

Ano 1 - Ano 2 51.830 € Ano 3 54.422 € Ano 4 57.143 € Ano 5 60.000 € Ano 6 60.000 € Ano 7 60.000 € Ano 8 60.000 € Ano 9 60.000 €

Ano 10 60.000 €

Relativamente aos custos, chegou às seguintes conclusões:

Salário da Filipa

Brochuras (500)

Material de escritório e

telefone Genitores

Rações alimentares e medicamentos

Gasóleo Total

Ano 1 16.800 € 500 € 1.000 € 9.000 € 4.500€ 2.400 € 34.200 € Ano 2 17.304 € 500 € 1.000 € 2.250 € 4.500 € 2.520 € 28.074 € Ano 3 17.823 € 500 € 1.000 € 2.250 € 4.500 € 2.646 € 28.719 € Ano 4 18.358 € 500 € 1.000 € 9.000 € 4.500 € 2.778 € 36.136 € Ano 5 18.909 € 500 € 1.000 € 2.250 € 4.500 € 2.917 € 30.076 € Ano 6 19.476 € 500 € 1.000 € 2.250 € 4.500 € 2.917 € 30.643 € Ano 7 20.060 € 500 € 1.000 € 9.000 € 4.500 € 2.917 € 37.977 € Ano 8 20.662 € 500 € 1.000 € 2.250 € 4.500 € 2.917 € 31.829 € Ano 9 21.282 € 500 € 1.000 € 2.250 € 4.500 € 2.917 € 32.449 €

Ano 10 21.920 € 500 € 1.000 € 9.000 € 4.500 € 2.917 € 39.837 €

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[Resultados]

Agora calcule os resultados de exploração para o número de anos considerado para a análise, i.e., calcule a diferença entre as receitas e os custos correntes para cada ano. Depois compare esses resultados com o investimento total necessário atribuindo sempre alguma margem de manobra para eventuais riscos não controláveis e não determinados pelo plano de negócios.

Caso: Plano de Exploração (continuação)

Pressupostos:

Não foi considerada a inflação;

Tendo em atenção que os ciclos de produção aquícolas são mais longos que o normal, no primeiro ano apenas existem custos de exploração uma vez que é necessário, para a comercialização dos ovos embrionados, criar confiança nos clientes (pelo que se irá proceder à distribuição gratuita, junto dos potenciais clientes, dos ovos produzidos no 1º ano);

Serão utilizados 2 tanques contendo, cada um, 1.500 Kg de genitores fêmeas e machos, sendo a produção bruta, sem ter em conta a taxa de sobrevivência dos genitores, cerca de 6 milhões de ovos/ 2 tanques. Este cálculo é feito com base na estimativa de produção de ovos por 1500 Kg de genitores = 3 milhões de ovos;

Dado o preço anteriormente referido, atendendo a que as vendas crescem a uma taxa média anual de, aproximadamente, 5% até ao quinto ano e que a partir daí estabilizam, pois atinge-se a capacidade máxima de produção, teremos como receitas anuais estimadas a partir do quinto ano inclusive:

Vendas = 6 milhões de ovos x 10.000€ = 60.000 €;

Salário da Filipa = 1200 € x 14 meses (incluindo Seg. Social) = 16.800 €. O salário cresce 3%/ano;

O custo de cada Kg de genitores é de 3 €. Em termos de reprodução é necessário 1 macho para cada 4 fêmeas e as fêmeas têm uma vida útil de 3 anos enquanto os machos terão que ser adquiridos anualmente. Desta forma o custo de genitores no 1º, 4º, 7º e 10º ano será = 3000 Kg x 3 € = 9.000 €. No 2º, 3º, 5º, 6º, 8º e 9º ano o custo será = 750 Kg x 3 € = 2.250 €;

Rações alimentares, incluindo medicamentos (por cada kg de peixe é necessário 1,5 Kg de ração a 1 €/Kg) = 1,5 Kg x 1 € x 3.000 Kg = 4.500 €;

Gasóleo: 48 semanas x 50 € /semana = 2.400 € (cresce à taxa média anual das vendas de 5% até ao quinto ano e a partir daí estabiliza);

Cada brochura tem um custo de 1 €.

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[Fontes de Financiamento]

Identifique fontes de financiamento para o seu negócio.

O seu negócio pode ser financiado por capitais próprios, crédito bancário, capital de risco e financiamentos obtidos ao abrigo de programas de financiamento, nacionais ou europeus.

Uma fonte de financiamento é o Programa para o Desenvolvimento Sustentável do Sector da Pesca – MARE. A medida 3.2 deste programa é direccionada para projectos que visem o aumento da produção aquícola, a modernização das unidades produtivas, a melhoria das condições higieno-sanitárias e ambientais dos estabelecimentos existentes e o desenvolvimento da produção de espécies com elevado interesse comercial.

Os apoios são concedidos de acordo com o tipo de projecto apresentado:

Projecto com investimento igual ou inferior a 600.000 € - o apoio é atribuído sob forma de subsídio a fundo perdido sendo as comparticipações atribuídas pelo Estado Português (5%) e pelo IFOP (35%).

Caso: Resultados

A Filipa chegou às seguintes conclusões:

Receitas Custos Correntes Total

Ano 1 - 34.200 € -34.200 €

Ano 2 51.830 € 28.074 € 23.756 €

Ano 3 54.422 € 28.719 € 25.703 €

Ano 4 57.143 € 36.136 € 21.007 €

Ano 5 60.000 € 30.076 € 29.924 €

Ano 6 60.000 € 30.643 € 29.357 €

Ano 7 60.000 € 37.977 € 22.023 €

Ano 8 60.000 € 31.829 € 28.171 €

Ano 9 60.000 € 32.449 € 27.551 €

Ano 10 60.000 € 39.837 € 20.163 €

Somando os valores dos resultados dos diferentes anos, chegou ao valor de 193.455 € de resultados. A Filipa terá ainda de contar com o pagamento de impostos. Uma vez que não irá pedir empréstimo, não terá de considerar o pagamento de juros. Dado que investiu 116.850€, estimou que o negócio dá um retorno positivo de cerca de 76.605€. A Filipa foi, no entanto, aconselhada a proceder a uma análise mais cuidada, com o apoio de alguém experiente na área de análise de projectos, uma vez que o montante de investimento é significativo e uma análise a 10 anos é menos fiável.

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Projecto com investimento superior a 600.000 € mas igual ou inferior a 2.500.000 € - o apoio é atribuído sob forma de subsídio a fundo perdido e de subsídio reembolsável na proporção de, respectivamente, 80% e 20%. As comparticipações são atribuídas pelo Estado Português (5%) e pelo IFOP (35%).

Projecto com investimento superior a 2.500.000 € - o apoio é atribuído sob forma de subsídio a fundo perdido e de subsídio reembolsável na proporção de 50%. As comparticipações são atribuídas pelo Estado Português (5%) e pelo IFOP (35%).

Uma outra fonte de financiamento existente é a Componente Pesca dos Programas Operacionais Regionais – MARIS. Esta componente tem por objectivo garantir a conservação e a sustentabilidade do sector das pescas, através da sua reestruturação e modernização, tendo em vista o reforço da competitividade das estruturas e a valorização dos produtos da pesca e da aquacultura. Tem também o objectivo de revitalizar as zonas dependentes da pesca e da aquacultura. Desenvolve-se através de duas medidas, (aplicáveis durante o período compreendido entre 2000-2006) uma das quais no âmbito do IFOP e outra no âmbito do FEDER. Este apoio é atribuído sob a forma de subsídio a fundo perdido e compreende uma comparticipação nos montantes de investimento elegível por parte do IFOP e do Estado Português (no caso de projectos privados).

Para mais esclarecimentos sobre estas medidas e apoios, consulte o website do Instituto de Financiamento e Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura e Pescas (http://www.ifadap.min-agricultura.pt).

O NEGÓCIO É UM BOM INVESTIMENTO?

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Contactos Úteis

[Entidades Públicas, Associações e Empresas]

Associação de Aquacultores de Portugal Associação de Desenvolvimento Rural do Vale do Lima - ADRIL Morada Avenida Bernardino Machado

4481-909 Vila do Conde Morada Praça da República,

4990-062 Ponte de Lima Telefone 252 631 241 Telefone 258 900 600 Fax 252 632 594 Fax 258 900 609 Email - Email [email protected] ou [email protected] Website - Website http://www.adril.pt Associação Portuguesa de Aquacultores - ANAQUA Associação Portuguesa de Produtores Aquícolas Morada Apartado 448

8700-911 Olhão Morada Rua Infantaria 16, n.º 45, R/Ch Dto

1250-128 Lisboa Telefone 964 573 721 Telefone 213 881 093 Fax 289 704 982 Fax 213 881 110 Email [email protected] / [email protected] Email - Website http://www.anaqua.pt Website -

Associação Regional de Desenvolvimento do Alto Lima - ARDAL Câmara Municipal de Arcos de Valdevez Morada Praça Municipal

4974 - 003 Arcos de Valdevez Morada Praça Municipal

4970-441 Arcos de Valdevez Telefone 258 520 503 Telefone 258 520 500 Fax 258 520 503 Fax 258 520 509 Email [email protected] Email [email protected] Website http://www.ardal.pt Website http://www.cm-arcos-valdevez.pt Câmara Municipal de Ponte da Barca Câmara Municipal de Ponte de Lima Morada Rua Conselheiro Rocha Peixoto 3

4980-626 Ponte da Barca Morada Praça da República

4990-062 Ponte de Lima Telefone 258 480 180 Telefone 258 900 400 Fax 258 452 063 Fax - Email [email protected] Email [email protected] Website - Website http://www.cm-pontedelima.pt

Centro de Emprego de Viana do Castelo Centro de Formalidades das Empresas – CFE Braga Morada Rua Pedro Homem de Melo, n.º 52-60

4901-861 Viana do Castelo Morada Edifício da Associação Industrial do Minho,

Rua Dr. Francisco Pires Gonçalves 4710 - 911 Braga

Telefone 258 807 300 Telefone 253 202 900 Fax 258 807 301 Fax 253 202 923 Email [email protected] Email [email protected] Website - Website http://www.cfe.iapmei.pt

Câmara Municipal de Viana do Castelo Centro de Emprego de Arcos de Valdevez Morada Rua Cândido dos Reis

4900-532 Viana do Castelo Morada Estrada da Cepa, 6

4970-466 Arcos de Valdevez Telefone 258 809 300 Telefone 258 521 395 /6 /7 Fax 258 809 347 Fax 258 521 398 Email [email protected] Email [email protected] Website http://www.cm-viana-castelo.pt Website -

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CCDR Norte – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte

Comunidade Urbana Valimar – Valimar ComUrb

Morada Rua Rainha D. Estefânia 251 4150-304 Porto

Morada Palacete Villa Moraes, Rua João Rodrigues Morais 4990- 121 Ponte de Lima

Telefone 226 086 300 Telefone 258 909 340 Fax 226 086 301 Fax 258 909 349 Email [email protected] Email - Website http://www.ccr-n.pt Website http://www.valimar.org

Direcção Regional das Pescas e Aquicultura do Norte Instituto do Emprego e Formação Profissional - IEFP Morada Edifício Docapesca - Rua Heróis de França

4451 -091 Matosinhos Morada Av. José Malhoa 11

1099-018 Lisboa Telefone 229 381 171 Telefone 218 614 100 Fax 229 381 070 Fax 217 227 013 Email [email protected] Email - Website http://www.dg-pescas.pt Website http://www.iefp.pt

Instituto de Financiamento e Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura e Pescas – IFADAP (Serviço Regional de Braga)

Programa de Incentivos à Modernização da Economia - PRIME

Morada Av. João XXI, 535 R/C 4710 - 248 Braga

Morada Rua Rodrigues Sampaio, 13 1169-028 Lisboa

Telefone 253 61 65 70/1 ou 253 21 85 90 (linha azul) Telefone 213 112 100 / 808 266 266 Fax 253 61 77 99 Fax 213 112 197 Email - Email [email protected] Website http://www.ifadap.min-agricultura.pt Website http://www.prime.min-economia.pt

[Websites de Aquacultura] http://aquanic.org/ http://www.ext.vt.edu/pubs/fisheries/420-

012/420-012.html http://www.easonline.org

http://www.was.org

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Este documento foi elaborado no âmbito do projecto LIMACRIA, financiado pelo Programa EQUAL.

O projecto LIMACRIA é uma iniciativa de uma parceria de quatro entidades, que nasceu com o objectivo de identificar nichos de novos mercados e

áreas de actividade económica geradoras de novas oportunidades de emprego na Região do Vale do Lima. Com o desenvolvimento deste projecto pretende-se contribuir para melhorar o funcionamento do mercado de trabalho, promovendo a melhoria das condições de empregabilidade de desempregados à procura do primeiro ou de novo emprego. O projecto LIMACRIA pretende assumir-se como instrumento de desenvolvimento da Região, mais especificamente na detecção de novos empregos, tendo em consideração: a localização geográfica, a realidade do tecido económico da Região, a realidade sociocultural, as realidades das regiões envolventes e o potencial humano existente. As entidades promotoras do projecto LIMACRIA são:

O CEVAL (http://www.ceval.pt) tem como missão impulsionar a promoção, o desenvolvimento e a protecção das actividades económicas e empresarias de

todo o Vale do Lima, extensível aos concelhos limítrofes, contribuindo assim para a defesa dos legítimos interesses dos seus associados e para o tão desejado progresso do vale do Lima. A actual estrutura do CEVAL assenta em cinco pilares: - Internacionalização da economia do Vale do Lima; - Introdução das novas tecnologias da comunicação e informação; - Formação; - Informação/Divulgação; - Qualidade.

O IPVC (http://www.ipvc.pt), através das suas Escolas Superiores, visa, para além da coordenação institucional prosseguir: - A formação humana, cultural, científica, técnica e

profissional de qualidade; - A realização da investigação necessária e adequada à prossecução da sua missão; - A cooperação com a comunidade regional, particularmente no âmbito do seu tecido produtivo e empresarial, numa perspectiva de permanente diálogo e valorização recíproca; - Intercâmbio sociocultural, científico e técnico com instituições de ensino superior, nacionais, estrangeiras e internacionais; - A contribuição, no âmbito das suas actividades, para a cooperação e solidariedade internacionais, de modo especial entre

os povos e as comunidades de língua oficial portuguesa e os países europeus. A SPI (http://www.spi.pt) foi constituída em 1996, materializando um conceito inovador de empresa, que foi possível implementar

juntando um conjunto de promotores individuais, c/ larga experiência nas áreas de intervenção e nas metodologias de trabalho perspectivadas, à capacidade e solidez de um conjunto de empresas líderes nos seus

domínios de intervenção. Em 1999 a SPI iniciou um processo de internacionalização com a abertura de um escritório de representação na Rep. Pop. China e a criação de uma empresa exclusivamente detida pela SPI nos E. U. A. Missão: gestão de projectos que fomentem a inovação e promovam a internacionalização, recorrendo sempre que conveniente à criação de parcerias estratégicas. Desde a sua criação a SPI realizou diferentes projectos, os quais podem ser agrupados em diferentes áreas de intervenção: - Consultoria - Formação - Investigação e desenvolvimento - e-Business - Empreendedorismo - Internacionalização Combinando valências científicas com uma actividade empresarial, a SPI está idealmente posicionada para constituir equipas e gerir projectos na interface gestão/ tecnologia que constitui a base da inovação empresarial.

A Valimar Comurb (http://www.valimar.org.pt) é a Comunidade Urbana que integra os concelhos de Arcos de Valdevez, Caminha, Esposende, Ponte da Barca, Ponte de Lima e Viana do Castelo.

Desde a sua constituição, a Valimar assumiu um papel activo na concertação intermunicipal, surgindo como um interlocutor na defesa dos interesses da Região junto da Administração Central, Regional e Comunitária, contribuindo, desta forma, para a resolução de questões primordiais que condicionam o desenvolvimento de todo o vale. Os fins assinalados à Valima são, fundamentalmente, contribuir para o desenvolvimento integrado e sustentável de todo o espaço intermunicipal, através do aprofundamento da cooperação entre os municípios nas suas diversas vertentes de actuação.

2005