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    Revista Brasileira de Pesquisa em Educao em Cincias

    ISSN 1806-5104/ e-ISSN 1984-2686 55

    Plantas Medicinais no Ensino de Qumica e Biologia: Propostas

    Interdisciplinares na Educao de Jovens e Adultos

    Medicinal Plants in the Teaching of Chemistry and Biology:

    Interdisciplinary Proposals in the Youth and Adult Education

    Maria Cristina dos Santos Cavaglier

    Programa de Ps-graduao em Ensino de Cincias (PROPEC)Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ)

    [email protected]

    Jorge Cardoso MessederPrograma de Ps-graduao em Ensino de Cincias (PROPEC)

    Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ)[email protected]

    Resumo

    O uso de plantas medicinais para fins teraputicos um conhecimento popular quevem sendo passado atravs de geraes. Mesmo diante do avano da medicina, noBrasil, as plantas medicinais costumam ser a fonte de recursos para uma parcela dapopulao, devido a diversos fatores. A Educao de Jovens e Adultos uma rea deensino com necessidades educacionais adequadas ao pblico a que se destina. Logo, amesma metodologia utilizada no ensino regular e a falta de materiais didticosadequados so fatores presenciados nas turmas dessa rea da educao. Dessa forma,o objetivo deste trabalho apresentar alternativas de abordagens interdisciplinares econtextualizadas para o ensino de Qumica e Biologia na Educao de Jovens eAdultos, atravs do tema plantas medicinais. O resgate e a valorizao dos saberespopulares que os alunos possuem sobre esse tema podem contribuir nodesenvolvimento de uma prtica educativa mais significativa.

    Palavras-chave: Plantas Medicinais; Educao de Jovens e Adultos;

    Interdisciplinaridade; Ensino de Qumica e Biologia.

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    Abstract

    These of medicinal plants for therapeutic purposes are a popular knowledge that hasbeen passed down through generations. Even before the advancement of medicine inBrazil, medicinal plants are often the source of funds for a portion of the population,

    due to several factors. The Youth and Adult educations an area with educational needsappropriate to the intended audience soon, the same methodology used in regulareducation and the lack of adequate teaching materials are factors witnessed in thisarea of education classes. Thus, the aim of this paper is to present alternativeapproach interdisciplinary and contextualized teaching Chemistry and BiologyEducation of Youth and Adults through the theme medicinal plants. The rescue andrecovery of popular knowledge that students have about this topic may help indeveloping a more meaning full educational practice.

    Keywords: Medicinal Plants; Youth and Adult Education; Interdisciplinary; Teaching ofChemistry and Biology.

    Introduo

    O uso de plantas medicinais para fins teraputicos um conhecimento popular quevem sendo passado de gerao a gerao ao longo dos sculos. Mesmo diante doavano da medicina em diversas partes do mundo, no Brasil, as plantas medicinaiscostumam ser uma das alternativas para parte da populao, principalmente a debaixa renda, devido a diversos fatores, dentre os quais, o custo alto dos medicamentosindustrializados e o acesso restrito a um sistema de sade de qualidade. Em

    contrapartida, o uso deste tipo de terapia tem crescido tambm entre as pessoas demaior poder aquisitivo, na busca por opes teraputicas mais saudveis. Alm disso,o Ministrio da Sade, atravs da Poltica Nacional de Plantas Medicinais eFitoterpicos PNPMF (BRASIL, 2006), tem por objetivo ampliar as opesteraputicas aos usurios do Sistema nico de Sade (SUS), com garantia de acesso aplantas medicinais, fitoterpicos e servios relacionados fitoterapia, com segurana,eficcia e qualidade, na perspectiva da integralidade da ateno sade, considerandoo conhecimento tradicional sobre plantas medicinais. Ao instituir tal poltica, oMinistrio da Sade respalda e valida esse tipo de terapia, incentivando eesclarecendo seus alcances e suas limitaes. A Educao de Jovens e Adultos (EJA) uma modalidade de ensino destinada queles que no puderam efetuar seus estudosem idade regular e por isso exige oportunidades educacionais apropriadas ao pblico aque se destina. O resgate e a valorizao dos saberes populares que os alunos dessamodalidade de ensino trazem, atravs do tema Plantas Medicinais, podem contribuirno desenvolvimento de uma prtica educativa mais significativa e contextualizada.

    De acordo com as orientaes contidas no parecer CEB 11/2000 (BRASIL, 2000), a EJAse constitui como modalidade da Educao Bsica a ser pensada como um modelopedaggico prprio, com o objetivo de criar situaes de ensino-aprendizagemadequadas s necessidades educacionais de jovens e adultos, fazendo com que sesintam atores do processo e no apenas expectadores de uma educao

    descontextualizada e infantilizada, ou com mesmas propostas desenvolvidas para o

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    ensino regular. Dessa forma, torna-se necessria uma reflexo acerca dos contedos emetodologias utilizados nesse contexto de uma escolarizao tardia.

    A partir da possibilidade da flexibilizao curricular que a EJA proporciona e que vemexpressa nos documentos legais, a resposta a essa reflexo pode estar na seleo de

    contedos que reflitam a vida cotidiana, como meio para a autonomia do sujeito(OLIVEIRA, 2007) e que no tocante ao ensino de Cincias possa contribuir na formaode um aluno crtico que saiba utilizar os conhecimentos cientficos apreendidos paraparticipar das decises que envolvem seu cotidiano.

    Diante do exposto, o presente artigo tem por objetivo trazer alternativas deabordagens interdisciplinares contextualizadas para o ensino de Qumica e Biologia naEJA, atravs do tema Plantas Medicinais, o qual costuma fazer parte do cotidianodesse pblico.

    Desenvolvimento

    A Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional n 9394/96 estabelece comofinalidades do Ensino Mdio, o aprimoramento do educando como ser humano, sua

    formao tica, o desenvolvimento de sua autonomia intelectual e de seu pensamento

    crtico, sua preparao para o mundo do trabalho e o desenvolvimento decompetncias para continuar seu aprendizado (Art.35). Muitos problemas aindaprecisam ser solucionados para que tais finalidades possam ser atingidas. Um dessesproblemas o chamado ensino conteudista praticado por alguns educadorespreocupados em cumprir todo o contedo curricular, mesmo que muitas vezes atemtica desenvolvida nada tenha a ver com a vida dos estudantes.

    No tocante ao ensino de cincias, alm dos problemas j tradicionais do processo deensino-aprendizagem, podemos constatar outros desafios a serem enfrentados, deacordo com alguns autores:

    1) Fragmentao, ou seja, o enfoque unicamente disciplinar,

    desconsiderando-se a complexidade do mundo real; 2) Desvinculao

    entre o mundo da escola e o mundo da vida; 3) Desmotivao,

    falta de significado atribudo ao que se faz na escola; 4) Ensino

    propedutico; 5) Concepo de Cincia-Tecnologia neutras e

    redentoras dos problemas enfrentados pela humanidade

    (MUENCHEN; AULER, 2007, p.422).A situao da Educao de Jovens e Adultos no parece ser diferente. A EJA umamodalidade de ensino voltada queles que no tiveram oportunidades escolares emidade adequada. O Parecer CEB n 11/2000 que estabelece as Diretrizes CurricularesNacionais para EJA destaca, reiteradas vezes, a importncia de considerar que essesalunos so diferentes dos alunos que se encontram nas sries adequadas faixaetria. Portanto, a abordagem pedaggica, assim como o material utilizado pelosmesmos, precisa ter uma proposta diferenciada. Porm, o que se tem percebido, namaioria das vezes, um ensino desvinculado da realidade do educando adulto,baseado na transmisso de contedos estanques que geram apenas um conhecimento

    abstrato, o que pode estar relacionado aos crescentes ndices de evaso escolar. ParaKooro e Lopes (2005), dentre as razes do abandono da escola, pelos alunos da EJA,

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    est a utilizao de material didtico inadequado para a faixa etria, nos contedossem significado, nas metodologias infantilizadas utilizadas por professoresdespreparados e em horrios de aula que no respeitam a rotina de quem estuda etrabalha. Para as mesmas autoras, a evaso devido ao fato de o aluno se frustrar,quando o que se estuda na escola, no possui relao com sua vida. Sendo assim, o

    que foi buscar na escola, no est de acordo com as suas expectativas. A questo dadisponibilidade de materiais didticos voltados para a EJA bastante relevante:autores como Martins (2007) salientam que na rea da Qumica, por exemplo, a oferta praticamente inexistente.

    O uso de plantas medicinais para fins teraputicos um conhecimento tradicional,ainda muito utilizado no Brasil, seja por causa do alto custo dos medicamentosindustrializados, por dificuldades no acesso ao sistema pblico de sade ou at mesmona busca por opes teraputicas mais saudveis. Ainda para uma parcela dapopulao, como a de origem indgena, o uso de plantas medicinais costuma ser aprincipal fonte de recursos na cura de doenas. Partindo desse princpio, o Ministrioda Sade instituiu a Poltica Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterpicos PNPMF(BRASIL, 2006) que tem por objetivo ampliar as opes teraputicas aos usurios doSistema nico de Sade (SUS), com garantia de acesso a plantas medicinais,fitoterpicos e servios relacionados fitoterapia, com segurana, eficcia e qualidade,na perspectiva da integralidade da ateno sade, considerando o conhecimentotradicional sobre plantas medicinais. Desde a criao do PNPMF, o tema PlantasMedicinais tem ganhado maior credibilidade e destaque inclusive na mdia. Umassunto que antigamente era tratado apenas como crendice, ganha o respaldo dergos oficiais de sade e desperta um maior interesse na populao que detm certoconhecimento popular a respeito desse tipo de terapia. Assim, na EJA o tema pode ser

    utilizado como facilitador na aprendizagem de contedos curriculares relacionados,uma vez que o conhecimento prvio dos alunos seria o ponto de partida para odesenvolvimento do processo.

    Alm de tudo, os Parmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Mdio (MEC, 1999)apresentam, como fundamentais, os conceitos de contextualizao e interdis-ciplinaridade, ressaltando que a integrao entre os diferentes conhecimentos podecriar condies necessrias para uma aprendizagem motivadora, medida que ofereamaior liberdade aos professores e alunos para a seleo de contedos que reflitam vida da comunidade. Ainda de acordo com o documento, o distanciamento entre oscontedos programticos e as experincias dos alunos, certamente respondem pelodesinteresse e at mesmo pela desero que constatamos em nossas escolas.

    O tema Plantas Medicinais est relacionado sade e tem ligao direta com aqualidade de vida da populao humana, um dos temas estruturadores dosParmetros Curriculares Nacionais complementares, PCN (BRASIL, 2002a). Taldocumento demonstra a importncia de uma abordagem na qual o aluno se deparecom a realidade social e, neste caso, avalie como o acesso a servios de sade temsido restrito a uma pequena parcela da populao, exigindo uma postura crtica ereivindicativa dos seus direitos. Silva et al (2000) ressaltam que o educador aoselecionar contedos no qual esto envolvidos o contexto social, cultural e poltico

    prprio da comunidade, parte da prtica cotidiana de seus representantes e procura,em uma abordagem participativa e integrada, construir elementos que ressaltem a

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    cultura popular adaptando-os sua prtica pedaggica. Os mesmos autores aindasalientam a relao do tema Plantas Medicinais a contedos curriculares para o ensinofundamental e mdio. Sugerem algumas abordagens em relao Qumica e Biologiaque poderiam ser utilizadas de forma interdisciplinar:

    Os processos extrativos de plantas medicinais baseiam-se em

    diversos mecanismos fsico-qumicos tais como, difuso, diluio,

    fatores cinticos de reao (temperatura, tempo de aquecimento,

    superfcie de contato, natureza do reagente), presso de vapor,

    presso osmtica etc.[...] Outro enfoque recai sobre o estudo dos

    vegetais. Tal contedo pode ser preenchido pelas plantas medicinais,

    abordando-se as suas caractersticas fsicas, partes empregadas para

    fazer determinado medicamento fitoterpico, indicaes

    teraputicas, relatos de experincias do uso das ervas medicinais

    vividas pelos alunos, entre outras estratgias de ensino, com o

    objetivo de socializar este importante aspecto da cultura popular

    (SILVA et al., 2000, p.22).

    A interdisciplinaridade relaciona vrias disciplinas com o objetivo de enriquecer oconhecimento entre as mais diversas reas e se justifica pela necessidade de sereorganizar e reagrupar os mbitos do saber para no perder a relevncia e asignificao dos problemas a deter, pesquisar, intervir e buscar solues. Possibilita,tambm, a formao de um sujeito mais aberto, flexvel, solidrio, democrtico ecrtico. Mais alm, rene estudos complementares de diversos especialistas em umcontexto de estudo de mbito mais coletivo. Para Santom (1998), o ensino baseadona interdisciplinaridade tem um grande poder estruturador, medida que possibilitauma maior contextualizao dos contedos e o estabelecimento de relaes entre as

    disciplinas.

    Materiais e mtodos

    Os alunos da EJA so portadores de conhecimentos que se fundamentam na suacultura, nas suas prprias experincias. Assim, a primeira etapa na elaborao destetrabalho consistiu em saber se o tema Plantas Medicinais era realmente relevantepara esse pblico. Dessa forma, para detectar se essa cultura fazia parte do cotidianodesses alunos, em um dia de aula foi realizada uma atividade denominada Oficina dechs: o conhecimento popular sobre plantas medicinais com uma turma de primeiro

    ano do Ensino Mdio, da modalidade EJA, de 22 alunos, na faixa etria de 22 a 65anos. A oficina foi desenvolvida em agosto de 2009, no refeitrio da Escola EstadualMontebello Bondim, localizada em Muriqui, distrito de Mangaratiba, Rio de Janeiro.No dia da oficina, cada aluno ficou responsvel por trazer algum exemplar quecultivasse em casa, fizesse uso ou que tivesse conhecimento sobre seu efeitoteraputico. Os alunos expuseram seus exemplares e logo aps responderam a umpequeno questionrio (anexo I) com 10 perguntas abertas com o objetivo de avaliar ograu de conhecimento e envolvimento com o tema. Vinte e dois alunos responderamao questionrio. Quanto aos exemplares, a maioria trouxe a folha ou parte da plantaque conhecia e um pequeno cartaz reportando seu efeito teraputico conhecido

    popularmente e sua forma de ingesto. Destacaram-se na oficina as seguintes plantas:erva cidreira, cana-do-brejo, alcachofra, boldo, organo, capim-limo, barbatimo,

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    manjerico, folha de laranjeira, folha de pitanga, aroeira, gengibre, erva-doce, louro,sete sangrias, hortel e camomila. Os alunos puderam observar todas as espcies etrocaram informaes entre si, e percebeu-se a valorizao de suas vivncias e saberesadquiridos de geraes anteriores, como pais e avs. A oficina pode demonstrar queos alunos so capazes de trazer conhecimentos importantes para contribuir no

    desenvolvimento do trabalho em sala de aula, tendo como conseqncia a valorizaoda auto-estima. O resultado do questionrio aplicado, bem como a atividade realizada,revelou que o tema bastante pertinente para os alunos dessa modalidade de ensino(Figura 1). A maior parte j fez uso de algum tipo de planta medicinal, cultiva algumaespcie em casa e concorda que este tipo de terapia pode ser mais barato e acessvel.Concluiu-se que o conhecimento de termos cientficos relacionados fitoterapia pouco desenvolvido, porm os alunos demonstraram interesse em saber mais sobre oassunto, visto que todos acreditam que o tema Plantas Medicinais pode serinteressante em um desdobramento em sala de aula. Outra concluso importante que esse tipo de conhecimento continua sendo adquirido entre os familiares,

    constituindo-se num saber popular que atravessa geraes.

    Figura 1: Anlise grfica das respostas ao questionrio aplicado durante a Oficina de Chs.

    A partir dos levantamentos feitos anteriormente e da experincia realizada naatividade Oficina de Chs podemos perceber que o tema Plantas Medicinais

    interessante para uma abordagem interdisciplinar entre a Qumica e a Biologia. Surgeento, uma forma de trazer o conhecimento prvio desses alunos para a sala de aula eabordar conceitos dessas duas reas que podem ter relaes estreitas, mas que tmsido abordadas, na maioria das vezes, de forma abstrata, sem sentido para a vida doestudante adulto. Partindo desse princpio e do crescente espao que o tema PlantasMedicinais tem conquistado na mdia impressa e televisiva, incluindo programassemanais em telejornais de grande destaque, podemos sugerir algumas formas deabordagem interdisciplinar para a Qumica e a Biologia. O planejamento abaixocompe o produto educacional de um Mestrado Profissional em Ensino de Cincias,concretizado no Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Rio de Janeiro

    (IFRJ). Trata-se de um livro virtual denominado Plantas Medicinais na Educao deJovens e Adultos: uma proposta de abordagem interdisciplinar para a Qumica e a

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    Biologia e pode ser obtido na ntegra na pgina do Instituto (disponvel em:http://www.ifrj.edu.br/proppi/pos-graduacao/stricto-sensu/mestrado-profissional-

    ensino-ciencia/dissertacoes). Nesse trabalho, foi organizado um mdulo de ensino que composto por cinco unidades temticas, as quais apresentam sugesto deabordagem, objetivos, anexos com arquivos multimdia que podem ser acessados

    atravs de hiperlinks, contribuio terica, estudo dirigido e as referncias de cadatexto ou arquivo multimdia utilizados.

    As sugestes de planos de aulas a seguir podem ser abordadas de maneiraindependente por professores de Qumica e de Biologia, de acordo com seuplanejamento curricular. Podem ser ainda resultado de um projeto que integre, aomesmo tempo, as duas disciplinas, possibilitando o trabalho em conjunto dos doisprofissionais dessas reas.

    MDULO DE ENSINO:

    Plantas Medicinais na Educao de Jovens e Adultos: uma propostade abordagem Interdisciplinar para a Qumica e a Biologia

    Introduo

    Leitura do texto: Em busca de medicamentos naturais (anexo II):

    Ainda que o professor faa uso apenas de uma das unidades deste mdulo, o idealseria que comeasse com uma problematizao e um levantamento de dados. Dessaforma, a introduo pode ser feita a partir da leitura desse texto, que tem por objetivodespertar o interesse pelo tema e levantar que tipo de conhecimento o aluno traz

    consigo a respeito das Plantas Medicinais. Aps a leitura, pode ser questionado se oaluno conhece o tema, se ele j utilizou algum tipo de medicamento fitoterpico e seacha interessante. O questionrio do anexo I pode ser utilizado para obter dados maisformais.

    Contribuio terica

    O texto Em busca de medicamentos naturais traz um breve histrico da utilizao demedicamentos naturais pela humanidade e a importncia que os vegetais tm para omercado farmacutico mundial, alm de ressaltar a importncia da preservao dabiodiversidade na busca de novos medicamentos em termos financeiros e ambientais.

    Assim, o aluno estimulado a refletir sobre a importncia da manuteno dabiodiversidade brasileira ao entender que um dos benefcios humanidade ser abase para a fabricao de diversos frmacos.

    Unidade 1: A biodiversidade e a produo de frmacos

    1.1 - Abordagem interdisciplinar:

    BIOLOGIA: A biodiversidade brasileira e a importncia de sua preservao.

    QUMICA: A produo de frmacos a partir de plantas medicinais.

    1.2 - Texto introdutrio Unidade 1:

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    2010, Ano Internacional da Biodiversidade

    (disponvel em: http://leivalem.blogspot.com.br/2010/05/2010-ano-internacional-da.html, acesso em 02/06/2014)

    1.3 - Sugesto de abordagem:

    sugerida ao professor a utilizao do texto introdutrio 2010, Ano Internacionalda Biodiversidade, para levantar questionamentos ou situaes-problema como:

    Qual a importncia da biodiversidade no nosso planeta?

    Como a perda da biodiversidade pode influenciar na descoberta ou produode novos medicamentos?

    Ns, cidados, podemos tomar alguma atitude no sentido de tentar evitar aperda de nossa biodiversidade?

    A partir da leitura desse texto pode-se promover um debate ou discusso sobreesses questionamentos e tentar demonstrar a importncia da diversidade biolgica naproduo de medicamentos provenientes de plantas medicinais;

    Numa terceira etapa, poder ser exibido o vdeo da Sociedade Brasileira de Qumica-SBQ (A qumica dos frmacos. Disponvel em: http://www.sbq.org.br/loja.php. , acessoem 14/02/2014) ou algum outro vdeo que apresente a produo de medicamentos apartir de plantas, para que o aluno possa perceber que a maioria dos medicamentosutilizados pela populao tem origem em espcies vegetais. O vdeo tambmapresenta como so preparados os frmacos de origem natural e sinttica;

    Para finalizar, o professor poder fazer a leitura de um trecho da Poltica Nacional dePlantas Medicinais e Fitoterpicos - PNPMF (BRASIL, 2006) em que se estabelece o queso fitoterpicos e sua utilizao. Nessa leitura, o aluno poder perceber a importnciada fitoterapia de base cientfica na medicina atual, reconhecendo que este tipo deterapia no Brasil uma prtica reconhecida e adotada pelo Ministrio da Sade.

    1.4 - Contribuio terica:

    O aluno estimulado a refletir sobre a importncia da manuteno da biodiversidadebrasileira ao entender que um dos benefcios humanidade ser a base para afabricao de diversos frmacos. O vdeo da Sociedade Brasileira de Qumica (SBQ)

    tambm traz outro aspecto importante que o de conhecer o processo de fabricaode frmacos e como se d sua ao no organismo. Alm disso, deve-se considerar aimportncia da fitoterapia de base cientfica na medicina atual e que este tipo deterapia no Brasil uma prtica reconhecida e recomendada pelo Ministrio da Sade.

    Unidade 2: Substncias produzidas pelas plantas

    2.1 - Abordagem interdisciplinar:

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    QUMICA: leos essenciais de plantas, a produo de perfumes e a separao desubstncias.

    BIOLOGIA: Os sentidos: olfato e o paladar.

    2.2 - Texto introdutrio Unidade 2:

    Viajando pelos sentidos.

    (Disponvel em:

    http://www.comciencia.br/comciencia/handler.php?section=8&edicao=28&id=326,acesso em 02/06/2014)

    2.3 - Sugesto de abordagem:

    Para iniciar a abordagem desta unidade, o professor pode levantar os seguintesquestionamentos:

    Qual a importncia do olfato e do paladar para o nosso organismo? A partir de que substncias so produzidos os perfumes? O que aromaterapia? Como funciona?

    Depois de levantar quais conhecimentos os alunos trazem sobre o tema proposto, oprofessor pode realizar a leitura do artigo citado no texto introdutrio, que faz arelao das substncias produzidas pelas plantas com os sentidos do corpo humano.

    Os questionamentos anteriores podem ser refeitos aps a leitura, para perceber se asrespostas se modificaram;

    Em uma segunda etapa o vdeo Olfato e Paladar (disponvel em:http://www.youtube.com/watch?v=fxz42FiZnu8, acesso em 02/06/2014) poder serexibido, para que o aluno conhea a anatomia e funcionamento do olfato no corpohumano e perceba como as molculas aromticas sensibilizam nosso sistema nervoso;

    Numa terceira fase, o professor pode esclarecer o que so leos essenciais, por queas plantas os produzem e como so extrados na industrializao de perfumes ousubstncias utilizadas na aromaterapia. O artigo Perfume: uma qumica inesquecvel(Revista Qumica Nova na Escola, 1996, disponvel em:

    http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc04/quimsoc.pdf, acesso em 02/06/2014) poderser utilizado, para abordar a histria da produo de perfumes, os outros processos deextrao de leos essenciais, e ainda, para realizar a atividade prtica Vamos fazer umperfume?;

    Para finalizar esta unidade, o vdeo Plantas Bioativas e produo de leos essenciaisem Santa Catarina (disponvel em: http://www.youtube.com/watch?v=Wj0uA38sejk,acesso em 02/06/2014) pode ser exibido. Este recurso traz a reportagem feita compequenos produtores de leos essenciais de uma cidade do interior de Santa Catarina,mostrando o processo de destilao por arraste de vapor para produo dos leos ecomo um pequeno grupo de agricultoras conseguiu gerar renda e agregar valor a seus

    produtos, formando uma associao denominada Cheiro de alfazema para obeneficiamento e produo de fitoterpicos com a ajuda da EPAGRI Empresa de

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    Pesquisa Agropecuria e Extenso Rural de Santa Catarina. O professor pode destacarque esse um dos processos utilizados na separao de misturas para a obteno dosleos essenciais e perguntar aos alunos se eles conhecem outras formas de separaode misturas homogneas ou heterogneas. Aproveitando as contribuies, pode sersugerido que o aluno pesquise outros processos de separao de misturas;

    Relacionando o tema plantas medicinais e a produo de perfumes ou essncias, oprofessor pode esclarecer o que a Aromaterapia. Preconizada como MedicinaComplementar pela OMS, a Aromaterapia um segmento da Fitoterapia, e a suaprtica est se tornando bastante difundida pelo mundo. Atualmente, a prticateraputica em que se utilizam os leos essenciais 100% puros, para prevenir e/outratar simultaneamente outros tipos de problemas fsicos, psicolgicos e energticos,visando proporcionar o bem estar geral do ser humano (SIMES et al., 2003 apudNAVARRO et al., 2007). Seus constituintes volteis ativam os centros do sistemalmbico e emocional do crebro. Quando aplicados na pele, ativam os receptores

    termais e matam fungos e micrbios, desenvolvendo atividade antissptica. Aaplicao interna de preparaes de leos essenciais pode estimular o sistemaimunolgico, a secreo de urina, o batimento cardaco, a produo de enzimas e dehormnios (NAVARRO et. al, 2006).

    2.4- Contribuio terica:

    importante que o aluno perceba que o olfato e o paladar so sentidos quecontribuem tambm para a proteo do organismo ao nos impedir de ingerir

    alimentos estragados ou de alguma forma deteriorados. Outro aspecto importante entender que os leos essenciais so substncias consideradas como um dos princpiosativos que conferem s plantas atividades teraputicas. So misturas com muitosconstituintes, contendo propores variveis de steres, teres, lcoois, fenis,aldedos, cetonas e hidrocarbonetos de estrutura aromtica ou terpnica. Os leosessenciais so usados, principalmente por seus aromas agradveis, em perfumes,incensos, temperos e como agentes flavorizantes em alimentos. Alguns leosessenciais so tambm conhecidos por suas propriedades fitoterpicas como a aoantibacteriana e antifngica. O mentol da hortel (Menthapiperita) tem aoexpectorante e antissptica, j o eucaliptol do eucalipto (Eucaliptusglobulus) temapenas ao expectorante (TRINDADE et al., 2008).

    O artigo Perfumes: uma qumica inesquecvel tambm descreve um pouco dahistria da produo de perfumes e de sua constituio. Alm disso, mostra aimportante contribuio da Qumica com a produo de essncias sintticas,preservando espcies animais e vegetais ameaadas de extino pela explorao dasindstrias de perfumes. Nesta etapa, o professor pode aproveitar para tentar desfazera imagem negativa da Qumica, presente na populao em geral, mostrando que oestudo e pesquisas nesta rea serviram para preservar o meio ambiente, ao contrriodo que se pensa sempre sobre ela, como sendo uma grande poluidora.

    A atividade prtica proposta no artigo pode ser realizada com materiais de baixocusto.

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    Unidade 3: A qumica dos chs, o sistema respiratrio e doenas associadas

    3.1 - Abordagem interdisciplinar:

    QUMICA: Chs: uma soluo aquosa.

    BIOLOGIA: O sistema respiratrio e algumas doenas associadas.

    3.2 - Texto introdutrio: reportagem do jornal O estado: Poluio do ar pioradoena respiratria e aumenta infeco, diz Unifesp (disponvel em:http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,poluicao-do-ar-piora-doenca-respiratoria-

    e-aumenta-infeccao-diz-unifesp,630692,0.htm, acesso em 02/06/2014)

    3.3 - Sugesto de abordagem:

    Inicialmente, o professor pode perguntar aos alunos o que necessrio para que oser humano se mantenha vivo. Uns provavelmente diro gua, outros, comida, ealguns devem afirmar que precisamos de ar. Assim, o professor poder levantar outrosquestionamentos:

    De que elemento qumico do ar o ser humano necessita?

    Quando esse ar est poludo, que tipo de doenas podem serdesenvolvidas?

    Por que precisamos de um sistema que capte o oxignio do ambiente?Como esse sistema funcionaria?

    O professor pode exibir o vdeo sobre o funcionamento do sistema respiratrioe propor aos alunos que desenvolvam um modelo para explicar o processo derespirao pulmonar, sendo necessria uma garrafa PET, canudos, bolas de aniversrioe fita adesiva:

    Figura 2: Modelo de Sistema Respiratrio. Ilustrao: Robles/Pingado.

    Fonte:http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/funcionamento-sistema-respiratorio-552993.shtml

    Relembrando o texto introdutrio, podem ser feitas as seguintes perguntas:

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    Algum j manifestou alguma das doenas relacionadas na reportagem? J utilizou algum ch no tratamento dessa doena? Qual?

    Nesse momento, os alunos podem citar algumas das plantas medicinais como:eucalipto, poejo, guaco, assa-peixe, anis estrelado, sabugueiro, etc. Todas essas

    plantas constam em uma tabela da ANVISA (disponvel em:http://jornalnacional.globo.com/Telejornais/JN/0,,MUL1524043-10406,00-CONFIRA+A+TABELA+DA+ANVISA+COM+MAIS+DE+FITOTERAPICOS.html, acesso em02/06/2014), que regulamentou atravs da RDC n 10, de maro de 2010, 60 tipos defitoterpicos com propriedades teraputicas reconhecidas tradicionalmente, assimcomo a forma correta de preparo de cada um.Desta tabela, foram selecionadas cincoespcies indicadas ao tratamento de doenas do sistema respiratrio que soutilizadas na forma de chs. O professor pode exibi-las e ressaltar que essas espciess devem ser consumidas dessa maneira, aproveitando para perguntar a seus alunosque relao os chs tem com o conceito de soluo qumica. Outros questionamentos

    podem ser feitos:

    O ch feito com quais substncias?

    Podemos perceber, sem auxlio de microscpio, a diferena entre assubstncias que compem o ch?

    A partir das respostas dadas pelos alunos, podem ser esclarecidos os conceitos demistura heterognea, homognea, disperso, colides e solues.

    Para auxiliar o professor na percepo das dificuldades que os alunos possam

    apresentar em torno do tema solues, o professor pode ler o artigo Abordandosolues em sala de aula (Revista Qumica Nova na Escola, disponvel em:http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc28/09-AF-1806.pdf, acesso em 02/06/2014).

    Para finalizar esta unidade pode ser questionado:

    Como podemos classificar quimicamente o ch?

    3.4 - Contribuio terica:

    Nesta unidade, o principal objetivo que o aluno perceba que a utilizao deplantas medicinais no tratamento de doenas do sistema respiratrio feita em formade substncia qumica, classificada como soluo aquosa, ou seja, o ch. Dessamaneira, surge uma boa oportunidade de abordar temas como o sistema respiratriohumano, doenas associadas e uma substncia qumica comumente utilizada por eles,o ch, que por sua vez um timo exemplo de soluo aquosa.

    Solubilidade

    A preparao de um ch pode ser um bom facilitador para trabalhar o conceito desolubilidade de um material em determinado solvente. Tal processo depende da

    temperatura em que o sistema se encontra. A quantidade de um material queconseguimos dissolver em determinada quantidade de solvente especfico tambm

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    uma propriedade que pode servir para diferenci-lo de outros materiais que nosrodeiam. Essa propriedade chamada de solubilidade. A solubilidade muito utilizadapelos qumicos na separao de substncias que constituem os materiais. Um exemploda utilizao dessa propriedade no cotidiano o processo de separao do caf, em quea gua dissolve uma srie de substncias presentes no p e que so solveis gua

    quente, conferindo um sabor caracterstico bebida. Processo semelhante utilizado naextrao de substncias contidas em plantas utilizadas em chs (MOL, 2003). Alm detudo, o aluno poder reconhecer algumas espcies de plantas medicinais que so utiliza-das e que j possuem estudos cientficos, como as que constam na tabela da ANVISA.

    Consideraes finais

    Diante das dificuldades existentes na EJA, ns como educadores, no podemos conviverainda com um sistema de ensino marcado por um modelo que muitas vezes contribui

    para a excluso de nossos alunos. Tantas frmulas, nomes e conceitos cientficos, nofazem sentido a um jovem ou adulto se realmente no tiverem relao com suavivncia. Desse modo, o principal objetivo deste artigo, foi tentar contribuir comsugestes de abordagens contextualizadas para o ensino de Qumica e Biologia, a partirde um tema muito comum no cotidiano de milhes de brasileiros com dificuldade deacesso ao sistema pblico de sade: as Plantas Medicinais. Alm disso, o momento dese buscar o rompimento de paradigmas estabelecidos durante longos perodos, nosquais o professor sempre o detentor de conhecimentos, o aluno receptor destes e oconhecimento cientfico em si algo imutvel, uma verdade pr-estabelecida.

    Assim, ao analisar as especificidades e os muitos aspectos do pblico que a EJA

    representa, notamos que preciso um olhar diferenciado para perceber que muitosdos sujeitos da EJA so trabalhadores, donas de casa, outros jovens que no seadequaram ao ensino regular, mas todos parecem ter em si um objetivo comum: abusca pelo seu espao na sociedade. A concluso do nvel bsico de ensino significa,para muitos, a abertura de novas possibilidades, novos anseios, mas para outros podesignificar apenas um reconhecimento de ser capaz, de alcanar a escolaridade mnimapara se inserir no mercado de trabalho. Contudo, o ensino bsico, no deve significarapenas uma etapa a ser superada na busca por um diploma ou para alcanar novasoportunidades como o ensino superior, deve sim, alm de fornecer meios para que oestudante progrida no trabalho e em estudos posteriores, assegurar-lhe a formao

    comum indispensvel para o exerccio da cidadania. Em uma sociedade em constantemudana, torna-se necessrio ento, um ensino que estimule o desenvolvimento decapacidades de pesquisar, de buscar informaes, analis-las e selecion-las; acapacidade de aprender, criar, formular em oposio ao ensino que temospresenciado atualmente.

    Referncias

    A qumica dos frmacos. Sociedade Brasileira de Qumica, Cadernos Temticos de

    Qumica Nova na Escola, n.03, mai, 2001.Disponvel em: . Acesso em 02/junho/2014.

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    Submetido em maio de 2012, aceito para publicao em maio de 2014.

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    Plantas Medicinais no Ensino de Qumica e

    Biologia: Propostas Interdisciplinares na

    Educao de Jovens e Adultos

    APNDICE I:

    Questionrio aplicado durante a atividade Oficina de Chs:

    conhecimento popular sobre Plantas Medicinais

    O USO DE PLANTAS MEDICINAIS POR ALUNOS DO ENSINO MDIONA MODALIDADE EJA

    1-Ano do ensino mdio que cursa: ________

    2- Idade: ________

    3- Usa ou j usou algum tipo de planta medicinal para tratamento de sade?

    4- Acredita que plantas medicinais podem evitar ou combater alguns tipos dedoenas?

    5-J ouviu falar em fitoterapia?

    6-Costuma comprar algum tipo de planta medicinal? Qual (is)?

    7-Cultiva algum tipo de planta medicinal em casa? Qual (is)?

    8-Acredita que o uso deste tipo de terapia pode ser mais barato e acessvel?

    9- Acredita que o tema Plantas Medicinais poderia ser interessante para sertrabalhado em sala de aula?

    10-Os principais conhecimentos que possui sobre plantas medicinais foram adquiridoscom:

    ( ) familiares( ) amigos( ) outros : ________________________

    Submetido em maio de 2012, aceito para publicao em maio de 2014.

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    Plantas Medicinais no Ensino de Qumica eBiologia: Propostas Interdisciplinares na

    Educao de Jovens e Adultos

    APNDICE II:

    Texto: Em busca de medicamentos naturais

    Submetido em maio de 2012, aceito para publicao em maio de 2014.