Aula 2 - Gabriel García Márquez

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Escrita das Américas: a literatura como fonte Ensino de História e Linguagens: da graduação à educação básica, práticas de leitura documental Coordenadora: Adriane Vidal Costa Bárbara Munaier Isadora Vivacqua José Antônio

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Escrita das Américas: a literatura como fonte

Ensino de História e Linguagens: da graduação à educação básica, práticas de leitura documental

Coordenadora: Adriane Vidal Costa

Bárbara Munaier

Isadora Vivacqua

José Antônio

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Reflexões sobre o conceito de América Latina

• Concepções sobre a origem do conceito;

• O “pertencimento” do Brasil na América Latina;

• Por uma identidade latino-americana;

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Infância

• A infância de Gabriel García Márquez foi marcadapelas histórias de seu avô, veterano da Guerra dosMil Dias assim como o Coronel Aureliano Buendía;

• Além disso, pouco antes de seu nascimentoaconteceu o grande Massacre de Aracataca (1928),mesma cidade em que nasceu.

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Da maturidade à publicação

• No início dos anos 1960, García Márquez vivia noMéxico e estava preocupado com a pouca difusão deseus livros no continente.

• Entretanto, como romancista, era pouco conhecido.Passou muitas dificuldades financeiras e trabalhouem várias revistas e jornais até, enfim conseguirmaior prestígio nos círculos literários.

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• Ao longo de sua trajetória política e intelectual, foimuito influenciado pelo socialismo. Em seu trabalhocomo jornalista, visitou vários países do lesteeuropeu e escreveu muitas críticas sobre atransposição das idéias soviéticas para esses paísessem considerar suas especificidades históricas.

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• Em 1956 começou a manter-se informado com o queacontecia em Cuba. Sua simpatia pelo MR 26 dejulho foi imediata;

• Publicou, ao longo desses anos, muitas matériaselogiosas ao movimento e a ambição de derrubar aditadura de Fulgêncio Batista;

• Logo depois da Revolução (1959), García Márquez foiá Cuba e voltou esperançoso com todas suaspromessas referentes a área de educação e saúde;

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“A Revolução Cubana é um acontecimento histórico fundamental na América Latina e no mundo inteiro, e nossa

solidariedade com ela não pode ser afetada por um tropeço na política cultural, ainda que esse tropeço seja tão grande e tão

grave como a suspeita autocrítica de Heberto Padilla”

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A consagração: Cem anos de Solidão (1967)

• Para escrever esse livro, García Márquez se isolou domundo por dezoito meses, trabalhando oito horaspor dia, deixando a casa sob responsabilidade de suaesposa;

• A consagração do livro começou antes mesmo deseu lançamento. Fragmentos foram publicados emvárias revistas e periódicos e criou-se uma grandeexpectativa sobre quando o livro seria lançado.

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“Acabo de ler as primeiras setenta e cincoquartilhas de Cien años de soledad. Sãoabsolutamente magistrais... Toda a história“fictícia” coexiste com a história “real”, osonho com a realidade, e graças às lendas,às invenções, ao exagero, aos mitos...Macondo converte-se em um territóriouniversal, em uma história quase bíblica dasfundações e gerações [...]”

Carlos Fuentes

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“Além de escrever um livro admirável, García Márquez [...]conseguiu restaurar uma filiação narrativa interrompida háséculos, ressuscitando a noção ampla, generosa e magnífica dorealismo literário que remonta ao gênero romancista da IdadeMédia. Graças a Cien años de soledad se consolida maisfirmemente o prestígio alcançado pelo romance latino-americanonos últimos anos [...]”

Mário Vargas Llosa

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• A consagração da obra máxima de García Márquez sedeu, em grande medida, pelo apoio que o autorrecebeu de uma rede de intelectuais preocupadosem divulgar a literatura latino-americana;

• A Primeira Edição do Livro, em uma EditoraArgentina, esgotou em 15 dias;

• Podemos destacar, que grande parte daintelectualidade latino-americana estava no exílio.Isso se deu por vários motivos. Se afastarpossibilitava outra perspectiva sobre a realidadenacional.

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A Guerra dos Mil Dias (1899 – 1902)• A Guerra dos Mil Dias se passa, oficialmente, entre

os anos de 1899 a 1902. Foi uma guerra travadaentre os partidos Liberal e Conservador que nessemomento lutavam por espaço político dentro deuma Colômbia já sulcada por intermináveis guerrascivis.

• Um dos principais motivos pelo qual se deu oembate foi a luta dos liberais pela instituição doestado laico. Em outubro de 1902 foi assinado otratado de Neerlandia, que punha fim a guerra.

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• Juntamente com outros liberais, Nicolás MárquezMejías perdeu a guerra e esperou durante quasecinqüenta anos, até o fim de sua vida, pela chegadada pensão de veterano prometida ainda nas terrasde Neerlandia.

“Os liberais, dizia, eram maçons, gente de má índole, partidária de enforcar padres [...] Fazer

guerra por coisas que não podiam ser tocadas com as mãos”

Página 137

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Niños soldados en la “Guerra de

los Mil Días”

L’Illustration 1902

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“O Coronel Aureliano havia lutado trinta e duas rebeliões armadas e perdeu todas. Teve dezessete

filhos, com dezessete esposas diferentes, que foram exterminados um atrás do outro [...]”

Página 144

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Imagens da Guerra

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“Tal realidade não acomete apenas as personagens e suas famílias, mas também toda uma geração de colombianos da região do Caribe, que viveram o

mesmo drama da espera pela pensão, lutaram na mesma guerra, que morreram vitimas do mesmo

descaso. Dentre eles o próprio avô do autor, fonte, em sua infância, de todas as memórias e

representações relativas à Guerra dos Mil Dias”

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“Desde seu primeiro dia de mandato, Arcádio revelou sua vocação para decretos. Leu até quatro por dia,

para ordenar e dispor de tudo o que passava por sua cabeça [...] Os que reclamaram, mandou botar pão e água com os tornozelos num cepo que instalou numa

sala da escola [...]”

Página 145 – Linha 5

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“A trajetória de lutas e, principalmente, derrotas presentes no percurso do líder militar de Macondo, espelha uma grande parcela do processo histórico

latino americano em sua constante luta por autonomia política e territorial, iniciado no período

da descolonização e seguido em épocas nas quais os regimes ditatoriais foram a tônica da configuração

dos governos no continente”

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Cem anos de solidão e o massacre de Aracataca

• Em 1905, havia-se instalado em Aracataca umempreendimento da United Fruit Company,companhia norte-americana que explorava bananapara exportação.

• A chegada da empresa trouxe para a regiãotecnologias até então desconhecidas - o trem erauma delas.

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• A mão de obra era contratada pela intermediação deempreiteiras, visando minimizar a empresa estrangeirade encargos sociais - Os trabalhadores eram submetidosa péssimas condições de trabalho e a uma rotina deintensa exploração.

• A industrialização iniciada naqueles primeiros vinteanos, deu à luz a uma burguesia urbana, e também a umsetor operário que começou a reivindicar benefíciossociais. Estes incipientes movimentos reivindicativosderam lugar às primeiras organizações sindicais epolíticas na Colômbia.

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• Tais organizações também foram impactadas pelacriação da União Soviética, que constituiu-se emuma primeira experiência de construção dosocialismo.

• Em 1926, é fundado na Colômbia o Partido SocialistaRevolucionário (PSR), como alternativa aostradicionais partidos Liberal e Conservador.

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• Por volta de 1927, mais de 25 000 pessoastrabalhavam nas plantações da United, com jornadade trabalho de no mínimo 12 horas. Ostrabalhadores não recebiam salários em dinheiro:recebiam bônus, que somente podiam ser utilizadosnas lojas da empresa, em troca de mercadoriasimportadas dos EUA nos navios que transportavamas bananas. Além de não ter assistência médica, ostrabalhadores dormiam amontoados em barracosinsalubres.

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• Os trabalhadores da companhia bananeira, organizam-seem sindicatos e realizam um movimento grevista, pornove reivindicações:

Estabelecimento do seguro coletivo, indenização em casode acidente de trabalho, descanso dominicalremunerado, aumento do salário em cinquenta porcento, suspensão dos comissariados dentro da região,troca do pagamento quinzenal pelo semanal, suspensãodos contratos individuais e vigência dos coletivos, umhospital para cada quatrocentos trabalhadores, ummédico para cada duzentos e higienização dosacampamentos dos trabalhadores.

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• O governo conservador de Miguel Abadia Méndezdeclarou “estado de alteração da ordem pública” e“toque de recolher”.

• Acompanhado de 300 soldados, o general CarlosCortés Vargas leu para a multidão 4 decretosordenando que se dispersasse sob ameaça de abrirfogo. A multidão não se dispersou e os militaresatacaram.

“O capitão deu a ordem de fogo, e catorze ninhos de metralhadoras responderam no ato.” (p.340)

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“Muitos anos depois, o menino ainda haveria decontar, embora os vizinhos continuassem achandoque não passava de um velho gagá, que José ArcádioSegundo levantou-o por cima da sua cabeça edeixou-se arrastar, quase no ar, como que flutuandono terror da multidão até a rua vizinha. A posiçãoprivilegiada do menino permitiu que ele visse quenaquele momento a massa desvairada começava achegar na esquina e a fileira de metralhadoras abriufogo.” (p.341)

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“- No chão! Joguem-se no chão!

As duas primeiras linhas já tinham se jogado,varridas pelas rajadas da metralhadora. Ossobreviventes, em vez de se jogarem no chãotrataram de voltar para a praça, e o pânico então deurabanada de dragão e os mandou numa ondacompacta contra a outra onda compacta que semovia em sentido contrário, jogada pela outrarabanada de dragão da rua oposta, onde asmetralhadoras também disparavam sem trégua.”(p.341)

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“Estavam encurralados, girando num torvelinhogigantesco que pouco a pouco se reduzia ao seuepicentro porque as bordas iam sendosistematicamente recortadas em círculo, como quempela uma cebola, pelas tesouras insaciáveis emetódicas da metralha. O menino viu uma mulherajoelhada, com os braços abertos em cruz, numespaço limpo, misteriosamente vedado à correriadescontrolada da multidão.” (p.341)

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“José Arcádio Segundo depositou-o ali no mesmoinstante em que desmoronava com o rosto banhadoem sangue, antes que o tropel colossal arrasassecom o espaço vazio, com a mulher ajoelhada, com aluz do alto céu da seca, e com o puto mundo ondeÚrsula Iguarán havia vendido tantos animaizinhos decaramelo.”

“Quando despertou, José Arcádio Segundo estava deitado de costas nas trevas. ”

(p. 341)

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• É o olhar do menino desde a clareira protegida dasbalas que nos informa do desvanecimento de JoséArcádio Segundo, que desmaia e só acorda numvagão do trem que carrega milhares de mortos.

• José Arcádio Segundo caminha mais de três horasembaixo de um aguaceiro torrencial e então avistauma casa na qual é recebido pela proprietária quefica assustada ao vê-lo, pensando que ele era umaassombração.

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“- Boas – disse exausto. Sou José Arcádio SegundoBuendía. Pronunciou o nome inteiro, letra por letra,para se convencer de que estava vivo. E fez bem,porque a mulher havia pensado que ele era umaassombração, ao ver na porta aquela figuraesquálida, sombria, com a cabeça e as roupas sujasde sangue, e tocada pela solenidade da morte.”(p.342)

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“Ela o conhecia. Levou uma manta para que seabrigasse enquanto sua roupa secava no fogão,esquentou água para lavar sua ferida, que era só umarranhão na pele, e deu-lhe uma fralda limpa paraque vendasse a cabeça. Depois serviu-lhe umacaneca de café sem açúcar, conforme alguém tinhadito a ela que os Buendía tomavam, e estendeu suaroupa perto do fogo.” (p. 342-343)

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“José Arcádio Segundo não falou enquanto não terminoude tomar café.

- Deviam ser uns três mil – murmurou.- O quê?- Os mortos – esclareceu. Acho que todos que estavam na

estação.A mulher mediu-o com um olhar de lástima. ‘Aqui nãohouve mortes’, disse. ‘Desde os tempos do seu tio, ocoronel, não acontece anda em Macondo.’ Em trêsoutras cozinhas por onde José Arcádio Segundo passouantes de chegar em casa disseram a mesma coisa: ‘Nãohouve mortes’.”

(p. 343)

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• Segundo o professor Márcio Seligmann Silva, ahistoriografia conseguiu, pela coleta de testemunhosde sobreviventes, reconstituir muitos dos detalhesdo episódio, mas as informações fragmentadas nãopermitiram observar o conjunto. Por esse motivo asvítimas sobreviventes pouco puderam ajudar nadeterminação do número de mortos. Essa é umainformação que apenas os que recolheram oscadáveres poderiam dar e, mesmo eles, sofriam aameaça de repressão caso revelassem o que tinhamvisto.

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• Aqueles que não foram mortos instantaneamenteforam arrematados com baionetas ou enterradosvivos em valas comuns. Nos trens da United,centenas de corpos foram enviados e levados até omar, onde foram jogados como bananas de máqualidade. Tal como diz García Márquez em "CemAnos de Solidão".

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• O general Carlos Cortés Vargas reconheceu novemortos. O governo treze e 19 feridos. Em 16 dejaneiro de 1929, o diplomata dos EUA, JeffersonCaffery, informou ao Departamento de Estado:"Tenho a honra de informar que o representante daUnited Fruit Company em Bogotá, ontem me disseque o número de grevistas mortos pelas forçasmilitares colombianas passa de mil".

• A comissão de inquérito do Congresso, liderada porJorge Eliécer Gaitán, descobriu cemitériosclandestinos, estimando que o número de vitimasultrapassa 1.500.

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As grandes chuvas

• A chuva de 4 anos, 11 meses e 2 dias é um chorocomprido que está interditado aos sobreviventespelo ocultamento e a censura. A partir dessa ação dacompanhia bananeira, Macondo caminha para odeterioro. A natureza recupera o que lhe foi tirado. Otempo passa, mas nem tanto, diz Úrsula.

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• A United Fruit sofreu um processo parlamentariniciado pelo liberal Jorge Eliecer Gaitán. Em 1929,reduziram-se as cotas de exportação comoconsequência da crise nas bolsas. Em 1932 houveinundações, resultado das grandes chuvas. Mas, emAracataca, as enchentes foram ainda maiores, graçasao desastrado desvio dos rios Aracataca, San Joaquíne Ají, que a United Fruit tinha realizado. Tudo issolevou à retirada da Companhia da região.

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Peste da insônia e o esquecimento

“Certa noite, na época em que Rebeca curou-se dovício de comer terra e foi levada para dormir noquarto das outras crianças, a índia que dormia comeles despertou por acaso e ouviu um estranho ruídointermitente no canto. Levantou-se alarmada,achando que algum animal tinha entrado no quarto,e então viu Rebeca na cadeirinha de balanço,chupando o dedo e com os olhos alumbrados comoos de um gato na escuridão. (...)” (p.85)

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“(...) Pasmada de terror, angustiada pela fatalidadedo seu destino, Visitación reconheceu naquelesolhos o sintoma da doença cuja ameaça a haviaobrigado, com o irmão, a desterrar-se para semprede um reino milenar onde eram príncipes. Era apeste da insônia.” (p.85)

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“Foi Aureliano quem concebeu a fórmula quehaveria de defendê-los durante vários meses daevasão da memória. Descobriu-a por acaso. Insoneexperiente, por ter sido um dos primeiros, haviaaprendido à perfeição da arte da ourivesaria. Um diaestava buscando a pequena bigorna que utilizavapara laminar os metais, e não lembrou o nome dela.Seu pai disse a ele: ‘bigorna’. Aureliano escreveu onome num papel que grudou com goma arábica nabase da bigorninha: bigorna. Assim, teve certeza denão esquecê-lo no futuro.” (p. 88)

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“Pouco a pouco, estudando as infinitaspossibilidades do esquecimento, percebeu que podiachegar o dia em que as coisas seriam reconhecidaspor suas inscrições, mas ninguém lembraria da suautilidade. Então foi mais explícito. O letreiro quependurou no cachaço da vaca era uma mostraexemplar da forma pela qual os habitantes deMacondo estavam dispostos a lutar contra oesquecimento: Esta é a vaca, e deve ser ordenhadatodas as manhãs para que produza leite, e o leitedeve ser fervido para ser misturado com o café efazer café com leite.” (p. 89)

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“E assim continuaram vivendo numa realidadeescorregadia, momentaneamente capturada pelaspalavras, mas que fugiria sem remédio quando fosseesquecido o valor da letra escrita.

Na entrada do caminho do pantanal tinha sidocolocado um anúncio que dizia Macondo, e outromaior na rua central que dizia Deus existe.” (p. 89)

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• O “esquecimento” do massacre.

• O massacre das bananeiras não resultou emqualquer responsabilidade penal ou política para ogeneral Carlos Cortés Vargas. Ele foi promovido adiretor da Polícia Nacional. Ostentava esse cargoaté quando foi destituído - não pelo massacre dasbananeiras, mas pelo assassinato de um jovem, em8 de junho de 1929, durante um protesto de ruaem Bogotá. Era um estudante da elite bogotana efilho de um amigo do presidente Abadía Méndez. Aoligarquia e o alto clero ficaram indignados.

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• A construção da memória – individual, familiar,coletiva, social, etc;

• O sobrevivente é uma espécie de morto/vivo; JoséArcádio Segundo sequer foi visto pelas forças darepressão e passa a se dedicar a decifrar ospergaminhos.

• Nos pergaminhos está o sentido de todos os fatos dafamília Buendía, de Macondo, da Colômbia, daAmérica Latina...

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Impacto da obra

• “Era como se Cien años de soledad fosse a noveladefinitiva do continente. O êxito de vendas desselivro se deve, em grande medida, à existência dessarede de escritores que queriam tornar a literaturalatino-americana (re)conhecida dentro e fora dosubcontinente” (Adriane Vidal)