Autopsicografia

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«Autopsicografia»

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Prof.ª Catarina Labisa

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A tese apresentada é a de que «O poeta é um fingidor».

A palavra «fingidor», por sua vez, presta-se ao jogo de palavras e conceitos que se lhe segue, em que «fingir a dor» constitui o mote utilizado para explicar porque é que o poeta é um «fingidor» (simulador de dores).

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• O fingimento poético consiste em fingir uma dor que não coincide com a dor sentida na realidade e fazê-lo de tal modo que esse mesmo fingimento toma aparência de realidade.

• A intensidade ou a qualidade deste fingimento torna-o capaz de substituir a verdade como se fosse ele próprio verdadeiro, sem que, contudo, se perca a consciência da sua natureza forjada.

• A tal ponto isto acontece que o leitor se pode questionar sobre se o poeta não será antes fingidor na vida e verdadeiro na arte.

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Os leitores, por outro lado, são também fingidores induzidos, isto é, não sentem diretamente nenhuma das dores do escritor, mas também não sentem a sua própria dor, senão uma outra sensação fingida que se produz no contacto com a dor lida.

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A última estrofe apresenta, metaforicamente, a relação entre a razão e o coração.

O coração é um «comboio de corda» que circula num caminho previamente traçado, as «calhas de roda».

A razão, por sua vez, é entretida por esse comboio como se fosse um menino, que terá de dar corda ao brinquedo para o ver girar.

Apesar da dissociação pessoana, subsiste uma relação de interação e de complementaridade entre os dois.

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Segundo o texto, a criação poética assenta no fingimento, na medida em que um poema não traduz aquilo que o poeta sente, mas sim aquilo que imagina a partir do que anteriormente sentiu. O poeta é, pois, um fingidor que escreve uma emoção fingida, pensada, por isso fruto da razão e da imaginação, e não a emoção sentida pelo coração, que apenas chega ao poema transfigurada na tal emoção trabalhada poeticamente.

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Quanto ao leitor, não sente nem a emoção vivida pelo poeta, nem a emoção imaginada no poema, mas apenas a que nele próprio é suscitada pelo poema, e que é diferente da do poema, assim como é diversa dos seus próprios sentimentos reais.

A poesia (a arte) é, em suma, a intelectualização da emoção.

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«auto» – relativa ao sujeito, ao «eu»; «psico» – referente aos processos

mentais; «grafia» – respeitante à escrita. Assim, a «Autopsicografia» remete para

a análise, pelo próprio sujeito, dos mecanismos psicológicos envolvidos na produção escrita, neste caso, poética.

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Composição estrófica: 3 quadras; Métrica: redondilha maior (7 sílabas

métricas); Esquema rimático: a b a b (rima

cruzada).