Camilo castelo branco

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Página1 Camilo Castelo Branco Amigos verdadeiros são os que nos acodem inopinados com valedora mão nas tormentas desfeitas. Camilo Castelo Branco, Memórias do Cárcere, 1862

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Camilo Castelo Branco

Amigos verdadeiros são os que nos acodem inopinados com valedora mão nas tormentas desfeitas.

Camilo Castelo Branco, Memórias do Cárcere, 1862

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Biografia

O escritor Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco nasceu a 16 de Março de 1825, na Rua da Rosa da freguesia da Encarnação1, em Lis-

boa. Era filho de Manuel Joaquim Botelho Castelo Branco e de Jacinta Rosa de Espírito Santo Ferreira, pos-

sivelmente, não se sabe ao certo. Foi baptizado a 14 de Abril de 1825 na Igreja dos Mártires em Lisboa e

foram seus padrinhos o Dr.º José Camilo Ferreira Botelho de Vila Real e Nossa Senhora da Conceição.

O escritor tinha uma irmã mais velha chamada Carolina Rita Botelho Castelo Branco, nascida em Lisboa

na freguesia do Socorro, a 24 de Março de 1821.

A 6 de Fevereiro de 1827 morre a sua mãe e a 22

de Dezembro de 1835 morre o seu pai, com quem vivia, e o

escritor com apenas 10 anos fica órfão de pai e mãe.

Camilo inicia os estudos primários, em 1830, em Lisboa, primeiro na escola de mes-

tre Inácio Minas, na rua dos Calafates, depois na escola de Satírio Salazar, na Calçada do Duque.

1 https://toponimialisboa.wordpress.com/2013/10/page/2/

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Após a morte do pai, Camilo vai viver para Vila Real2 com uma tia, de seu nome Rita Emília

da Veiga Castelo Branco, e o seu companheiro João Pinto da Cunha, quem viria a ser nomeado tutor

do menor.

No ano de 1839, a sua irmã Carolina casa-se com Francisco José de Azevedo e vai

viver para Vilarinho de Samardã3 próximo de Vila Real. O escritor deixa de viver com a tia

e vai viver com o cunhado e a irmã.

2 http://traga-mundos.blogspot.pt/

3 http://www.panoramio.com/photo/81792429

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Em 18 de Agosto de 1841 casa-se em Ribeira de Pena, com apenas dezasseis anos

com Joaquina Pereira de França4, filha de Sebastião Martins dos Santos e Maria Pereira de

França, e vai então viver para Friúme. Em 1843 nasce Rosa, filha do casal.

Camilo prossegue os estudos com o padre Manuel Rodrigues, conhecido por padre

Manuel da Lixa e, em 1843, já no Porto é aprovado na Escola Médica e na Academia Poli-

técnica. Contudo, na Escola Médica do Porto perde o ano por faltas e tenta o curso de

Direito em Coimbra.

Camilo desloca-se a Lisboa na tentativa de entrar na posse da sua parte da herança paterna e em condições pouco claras consegue, em

1846, ficar com o que restava da herança.

Volta a Vila Real, apaixona-se por Patrícia Emília de Barros e foge com ela para o Porto. João Pinto da Cunha, que entretanto tinha legali-

zado a sua ligação com Rita Emília, manda-os prender alegando que Camilo lhe roubara 20.000 cruzados, situação que mais tarde e publi-

camente se virá a retratar.

4 http://cafeportugal.net/pages/sitios_artigo.aspx?id=2876

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Camilo e Patrícia permanecem na Cadeia da Relação do Porto5 de 12 a 23 de outubro e escreve a Herculano pedindo-lhe proteção.

Em 1847 Camilo e Patrícia vivem em Vila Real enquanto que em Friu-

me morre Joaquina Pereira de França e um ano depois a filha Rosa.

Vai então viver para o Porto e no ano de 1848 nasce a sua segunda

filha de nome Bernardina Amélia, fruto de uma relação com Patrícia

Emília. No Porto, Camilo leva uma vida de boémia.

Em 1850 vai para Lisboa onde começa

a publicar n'A Semana o seu primeiro

romance Anátema6. Camilo regressa ao Porto e matricula-se no Seminário Episcopal, desistindo um ano depois.

5 http://havidaemmarta.blogspot.pt/2009/09/camilo-reu-no-porto-historias-na-minha.html

6 http://arquivodigital-7cv.blogspot.pt/2010/03/anathema-romance-1919.html

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Apaixona-se por Ana Augusta Vieira Plácido e quando esta se casa, em 1850, tem uma crise de misticismo e vai para o seminário, que

viria a abandonar no ano de 1852.

Vai então viver para Lisboa e no ano de 1858 fugiu com Ana Augusta Vieira Plácido7, sendo posterior-

mente presos e acusados de adultério, mas foram absolvidos em 1861. No ano de 1863, a 15 de Julho,

morre o marido de Ana Plácido e os dois vão viver com os filhos Manuel Plácido (nascido em 1859 e filho

do primeiro marido de Ana) e Jorge, nascido em 1863, para a casa de Manuel Pinheiro Alves, falecido

marido de Ana Plácido, em São

Miguel de Seide8. No ano seguinte

nasce Nuno, o segundo filho de

ambos.

Os dois filhos de Camilo e Ana têm problemas de saúde e, por isso,

enfrentam graves problemas financeiros. Para garantir a sobrevivência

7 http://combustoes.blogspot.pt/2012_10_21_archive.html

8 http://camilocbranco1825.tumblr.com/museu

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da família, o escritor passa a escrever por encomenda, tornando-se assim no primeiro escritor português a viver exclusivamente da literatura.

Com a colaboração de Ana Plácido funda e dirige em 1868 a Gazeta Literária do Porto.

No dia 27 de Junho do ano de 1885, é-lhe atribuído o título de 1.º Visconde de Correia Botelho. No ano de 1886 o escritor publica o

último romance Vulcões de Lama.

Em 1888 Ana e Camilo9 casam, e é também nesse ano que o escritor começa a sentir os

primeiros sintomas de cegueira, causada por sífilis crónica. O escritor passa os últimos anos

da sua vida ao lado de Ana, não encontrando a estabilidade emocional que tanto ansiava –

tinha graves dificuldades financeiras e problemas com os filhos (considerava Nuno irrespon-

sável e Jorge sofria de uma doença mental), tendo Manuel falecido na Póvoa do Varzim, no

ano de 1877, com apenas 19 anos.

A sua progressiva cegueira impede o escritor de ler e trabalhar convenientemente, o que

o mergulha num profundo desespero. No dia 1 de Junho de 1890, Camilo vai a uma consul-

9 http://www.citi.pt/cultura/literatura/romance/c_castelo_branco/m_fatal.html

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ta de oftalmologia com o Dr.º Edmundo Magalhães Machado, que lhe confirma a gravidade do seu estado. Após conhecer o seu estado e já

na casa de São Miguel de Seide, por volta das 15h15m, o escritor desfere um tiro de revólver na têmpora direita, acabando por morrer.

Poder-se-á dizer que a obra de Camilo Castelo Branco reflete o seu próprio percurso biográfico, a agitação, a instabilidade que viveu

ao longo da sua vida, o conflito e as suas paixões. Pelo facto de viver da escrita, isso também alterava a sua própria escrita, tinha de ir de

encontro às opiniões do público leitor. Reflete-se também nas suas obras os hábitos, costumes e expressões do norte de Portugal, onde

viveu a maior parte da sua vida, e o teor passional.

A sua obra divide-se em três fases distintas:

1 – Os folhetins românticos, passionais e aventureiros;

2 – Fase realista, a crítica à sociedade;

3 – O romance rural10.

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http://camilocbranco1825.tumblr.com/biografia#sthash.ZNER5hYN.dpuf (adaptado)

http://www.geira.pt/CMCamilo/(adaptado)

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Presume-se que o autor tenha escrito cerca de 260 obras, não sendo este número exato. Apresenta-se uma lista de algumas das principais

obras:

Autobiografia

1862 – Memórias de Cárceres11

1863 – Memórias de Cárceres II

Biografias

1882 – Perfil do Marquês de Pombal

1885 – Maria da Fonte

Contos

1861 – Doze Casamentos Felizes

1863 – Noites de Lamego

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Imagem da 1.ª edição da obra

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Crítica Literária

1865 – Esboços de Apreciações Literárias

1886 – Esboço de Crítica: Otelo, O Mouro de Veneza

Narrativas

1842 – No Bom Jesus do Monte

1848 – Maria! Não me Mates que sou tua Mãe

Novelas

1862 – Amor de Perdição12

1875-1877 – Novelas do Minho

Volumes X, XI e XII – A Viúva do Enforcado

1879 – Eusébio Macário

1880 – A Corja

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Imagem da primeira edição do livro Amor de Perdição

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Poesia

1874 – Ao Anoitecer da Vida

1879 – Cancioneiro Alegre I

– Cancioneiro Alegre II

Romances

1851 – Anátema

1854 – Mistérios de Lisboa

1854 – A Filha do Arcediago

1862 – Coração, Cabeça e Estômago

1863 – O Bem e o Mal

1866 – O Judeu

– A Queda dum Anjo

1867 – A Bruxa do Monte Córdova

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Teatro

1847 – Teatro I

– Agostinho de Ceuta

1856 – Justiça: drama em 2 atos

1861 – O Morgado de Fafe em Lisboa

1865 – O Morgado de Fafe Amoroso

1870 – O Condenado

1871 – Teatro Cómico: A Morgadinha de Val D’ Amo-

res

1884 – O Último Ato

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in A queda dum anjo , Dedicatória