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67 _______________________________________________________________________________ CAP˝TULO 4 USO DO SOLO E COBERTURA VEGETAL Por Edgar Shinzato, Patrcia Duringer Jacques e Ari DØlcio Cavedon 4.1 Aspectos Gerais A Ærea de estudo Ø atravessada na direªo oeste- leste pelos rios Joªo de Tiba, BuranhØm, dos Frades e Carava ao sul. servida por vÆrias rodovias de trÆfego permanente, como a BR-101, BR-367 e BA- 001. Fisiograficamente, compreende trŒs paisagens distintas: uma correspondente faixa litornea representada pelas falØsias e plancies fluvio- marinhas; os tabuleiros costeiros do TerciÆrio; e a superfcie prØ-litornea com a colinas remanescentes do cristalino. Os municpios de Porto Seguro e Santa Cruz CabrÆlia possuem uma paisagem bastante diversificada, especialmente determinada pelas caractersticas do relevo, apresentando fortes contrastes: escarpas elevadas beira-mar; colinas e vales, restingas e praias planas; florestas tropicais e a Ærea de tabuleiros costeiros, que ocupa a maior parte das terras. O ponto mais elevado da regiªo Ø o monte Pascoal, localizado ao sul, prximo cidade de Itamaraju. A Ærea prxima ao litoral Ø caracterizada por um clima quente e œmido. Para oeste, a umidade diminui sensivelmente e esboa-se o regime pluviomØtrico de uma estaªo seca. Entre as atividades agrossilvipastoris, destacam- se silviculturas de eucalipto e seringueira, pecuÆrias bovina e bubalina, fruticultura de mamªo, culturas de cafØ e cana-de-aœcar e pequenas produıes de culturas anuais, como milho, feijªo e mandioca. O turismo Ø a principal atividade da regiªo, tendo sempre o litoral como o eixo de crescimento. Para o interior, destaca-se a silvicultura de eucalipto. Em 1975, a Ceplac realizou vÆrios estudos para o Diagnstico Scio Econmico da Regiªo Cacaueira, sendo um deles Dinmica do Uso da Terra. Esse trabalho teve como base imagens de radar, fotos aØreas e etapa de campo, em que foi possvel realizar um mapeamento na escala 1:750.000. Em 1976, a Ceplab publicou o Atlas do Estado da Bahia: A Bahia nos SØculos XVI, XVII, XVIII e XIX, na escala 1:2.500.000, contendo vÆrios cartogramas com os principais uso das terras do estado. A Cei (1994) publicou o mapa de Uso Atual das Terras: Centro Sul, Sul e Extremo Sul da Bahia, englobando a presente Ærea de estudo, utilizando para tanto imagens orbitais em escala 1:100.000 e imagens em preto-e-branco na escala 1:500.000. Este levantamento vem complementar os trabalhos citados no sentido de promover um maior conhecimento da regiªo em estudo, alØm de propiciar uma anÆlise temporal da ocupaªo das terras desses municpios. 4.2 Metodologia Para o reconhecimento dos padrıes de uso e cobertura utilizaram-se, principalmente, as imagens orbitais do satØlite Landsat-5TM e fotografias aØreas na escala 1:108.000. TambØm foram consultadas ortofotocartas, escala 1:15.000, para eventuais Æreas duvidosas no estabelecimento da classe. Constou tambØm de duas etapas de campo, para verificaªo dos padrıes fotointerpretados, e coleta de dados para a anÆlise estatstica. O prØ-processamento consistiu no georreferen- ciamento e mosaico das cenas. Na etapa de correªo geomØtrica, utilizou-se o mØtodo de interpolaªo do vizinho mais prximo. Esse mØtodo, segundo Crosta (1992), Ø aquele que mais preserva o valor do nvel de cinza dos pixels que compıem a imagem, tornando-a adequada quando se processa a classificaªo automÆtica na imagem previamente corrigida. Aps detalhada anÆlise das imagens, optou-se por realÆ-las, para facilitar o discernimento entre os alvos. Foram utilizadas algumas tØcnicas de processamento de imagens, dentre as quais: NDVI, AnÆlise dos Principais Componentes (APC) e transformaªo IHS. Dentre estas, a que melhor mostrou resultado para todo o estado foi a APC, que destacou as bandas 7, 4 e 3 como tendo maior variabilidade entre si. Dessa forma, foi feita a composiªo colorida nas bandas 7 no canal vermelho, 4 no canal verde e 3 no canal azul. Sobre a imagem com essa combinaªo foram selecionadas

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_______________________________________________________________________________ CAPÍTULO 4

USO DO SOLO E COBERTURA VEGETAL

PorEdgar Shinzato,

Patrícia Duringer Jacquese Ari Délcio Cavedon

4.1 Aspectos Gerais

A área de estudo é atravessada na direção oeste-leste pelos rios João de Tiba, Buranhém, dos Fradese Caraíva ao sul. É servida por várias rodovias detráfego permanente, como a BR-101, BR-367 e BA-001.

Fisiograficamente, compreende três paisagensdistintas: uma correspondente à faixa litorânearepresentada pelas falésias e planícies fluvio-marinhas; os tabuleiros costeiros do Terciário; e asuperfície pré-litorânea com a colinas remanescentesdo cristalino.

Os municípios de Porto Seguro e Santa CruzCabrália possuem uma paisagem bastantediversificada, especialmente determinada pelascaracterísticas do relevo, apresentando fortescontrastes: escarpas elevadas à beira-mar; colinas evales, restingas e praias planas; florestas tropicais e aárea de tabuleiros costeiros, que ocupa a maior partedas terras.

O ponto mais elevado da região é o montePascoal, localizado ao sul, próximo à cidade deItamaraju.

A área próxima ao litoral é caracterizada por umclima quente e úmido. Para oeste, a umidade diminuisensivelmente e esboça-se o regime pluviométricode uma estação seca.

Entre as atividades agrossilvipastoris, destacam-se silviculturas de eucalipto e seringueira, pecuáriasbovina e bubalina, fruticultura de mamão, culturasde café e cana-de-açúcar e pequenas produções deculturas anuais, como milho, feijão e mandioca.

O turismo é a principal atividade da região, tendosempre o litoral como o eixo de crescimento. Para ointerior, destaca-se a silvicultura de eucalipto.

Em 1975, a Ceplac realizou vários estudos para oDiagnóstico Sócio Econômico da Região Cacaueira,sendo um deles Dinâmica do Uso da Terra. Essetrabalho teve como base imagens de radar, fotosaéreas e etapa de campo, em que foi possível realizarum mapeamento na escala 1:750.000.

Em 1976, a Ceplab publicou o Atlas do Estadoda Bahia: A Bahia nos Séculos XVI, XVII, XVIII eXIX, na escala 1:2.500.000, contendo vários

cartogramas com os principais uso das terras doestado.

A Cei (1994) publicou o mapa de Uso Atual dasTerras: Centro Sul, Sul e Extremo Sul da Bahia,englobando a presente área de estudo, utilizandopara tanto imagens orbitais em escala 1:100.000 eimagens em preto-e-branco na escala 1:500.000.

Este levantamento vem complementar ostrabalhos citados no sentido de promover um maiorconhecimento da região em estudo, além depropiciar uma análise temporal da ocupação dasterras desses municípios.

4.2 Metodologia

Para o reconhecimento dos padrões de uso ecobertura utilizaram-se, principalmente, as imagensorbitais do satélite Landsat-5TM e fotografias aéreasna escala 1:108.000. Também foram consultadasortofotocartas, escala 1:15.000, para eventuais áreasduvidosas no estabelecimento da classe. Constoutambém de duas etapas de campo, para verificaçãodos padrões fotointerpretados, e coleta de dados paraa análise estatística.

O pré-processamento consistiu no georreferen-ciamento e mosaico das cenas. Na etapa de correçãogeométrica, utilizou-se o método de interpolação dovizinho mais próximo. Esse método, segundo Crosta(1992), é aquele que mais preserva o valor do nívelde cinza dos pixels que compõem a imagem,tornando-a adequada quando se processa aclassificação automática na imagem previamentecorrigida.

Após detalhada análise das imagens, optou-se porrealçá-las, para facilitar o discernimento entre osalvos. Foram utilizadas algumas técnicas deprocessamento de imagens, dentre as quais: NDVI,Análise dos Principais Componentes (APC) etransformação IHS. Dentre estas, a que melhormostrou resultado para todo o estado foi a APC, quedestacou as bandas 7, 4 e 3 como tendo maiorvariabilidade entre si. Dessa forma, foi feita acomposição colorida nas bandas 7 no canalvermelho, 4 no canal verde e 3 no canal azul. Sobrea imagem com essa combinação foram selecionadas

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as áreas de treinamento (trainning sites) para cadaclasse. É importante salientar que, apesar de as áreasde treinamento terem sido coletadas nas imagenscom tratamento, esse método de classificação digitalfoi aplicado nas imagens originais, apenasgeorreferenciadas. Iniciou-se, então, a classificaçãosupervisionada pelo método da máximaverossimilhança.

Com o objetivo de eliminar ruídos inerentes aoprocesso automático, representados por pixelsisolados ou pequenos grupos de pixels, as imagensclassificadas foram submetidas a um filtro de média,utilizando-se uma máscara de dimensão de 3 x 3pixels.

Paralelamente aos trabalhos de escritório, foramrealizadas duas campanhas de campo. Em funçãodisso, os 250 pontos visitados se concentraram nasregiões específicas de dúvida ou erro. Com base nasobservações feitas durante as campanhas de campo,foram feitos ajustes e edições que resultaram nomapa final de uso do solo e cobertura vegetal.

4.3 Classes de Uso do Solo e Cobertura Vegetal

Através da classificação supervisionada e dostrabalhos de campo, puderam ser discriminadas asseguintes classes: Floresta Primária, FlorestaSecundária (estágio avançado de regeneração),Floresta Secundária (estágio intermediário deregeneração), Floresta Secundária (estágio inicial deregeneração), Mata de Galeria, Mata Cabruca(Cacau), Florestas Hidrófilas e Higrófilas de Várzea,Campos Hidrófilos e Higrófilos de Várzea, ÁreaUrbana, Pasto Limpo, Pasto Sujo, Associação PastoLimpo e Pasto Sujo, Associação Pasto Sujo eFloresta Secundária (estágio inicial de regeneração),Silvicultura de Eucalipto, Silvicultura deSeringueira, Fruticultura (coco, banana, laranja,maracujá, abacaxi, pinha e graviola), CulturasPerenes (urucum, mamona, cravo-da-índia epimenta-do-reino), Cultura de Cana-de-Açúcar,Cultura de Café, Cultura de Mamão, CulturasAnuais (abóbora, pepino, feijão, milho e mandioca),Associação Solo Exposto e Praias e Afloramentos deRocha, Vegetação de Restinga, Campos Naturais,Mangue e Corpos d�Água.

A área ocupada pelas diversas classes, calculadacom base nos cartogramas digitais, encontra-sediscriminada no Quadro 4.1.

4.3.1 Floresta Primária

A Floresta Primária propriamente dita é raramenteencontrada, salvo em pequenas áreas cujo mapeamentoé incompatível com a escala de trabalho (1:100.000).Esses núcleos residuais encontram-se embutidos na

Floresta Secundária, formando verdadeiros mosaicos.Neste trabalho, considerou-se como FlorestaPrimária, principalmente, as reservas e parquesflorestais que ainda guardam uma certa conformaçãoque se assemelha bastante à Floresta Primáriaoriginal.

A vegetação primária, conforme resoluçãoConama nº 05/94 (Brasil, 1990), é aquela comgrande diversidade biológica, com mínimo deinfluência antrópica de tal forma a não afetarsignificativamente suas características originais deestrutura de espécies.

Segundo tese defendida por alguns pesquisadores,essa vegetação deveria ser classificada como FlorestaSecundária, mas isso englobaria todas as florestasnum só grupo, o que dificultaria o próprioplanejamento de uso dessas áreas.

Na composição florística, dominam as espéciesarbóreas. As espécies pioneiras e secundárias tardiaspodem ocorrem em graus de freqüência e densidadeque variam segundo o tamanho da área detombamento ou morte dos indivíduos, formandopequenos mosaicos de regeneração.

Essas áreas de Floresta Primária correspondem emsua totalidade à Mata Atlântica, que, por sua vez,corresponde à Floresta Ombrófila Densa (Foto 4.1).Caracteriza-se por um habitat ou bioma bem definido,com no mínimo 200mm de média pluviométrica anual,suficiente para o desenvolvimento dos indivíduoscomponentes da floresta.

Supõe-se que somente em alguns pontos foirealizada a extração de árvores do pau-brasil(Caesalpinia echinata Lam.) e do jacarandá-da-baía(Dalbergia higra). A Floresta Primária ocupa tantoas áreas situadas sobre os tabuleiros costeiros quantoas suas encostas, formando as florestas de galerias,que não foram mapeadas nessa escala de trabalho.

Segundo os levantamentos executados pelaVeracel na Estação Vera Cruz, as florestas sobre osplatôs possuem dossel superior com altura médiamaior que 35m, apresentando vários estratos e umagrande camada de serrapilheira com espécies típicascompreendendo: pau-brasil (Caesalpinia echinataLam.), jacarandá-da-baía (Dalbergia higra), jussara(Euterpe edullis Mart.), paraju (Manilkara longifolia),massaranduba (Manilkara brasiliensis Miq.), bomba-d�água (Hidrogaster trinerve Klulman), arapati(Arapatiella psilophyla Cowam), gindiba (Sloneagaudichaudii Trécul), imbiruçu (Bombax macophyllumK & Schum), bicuíba (Virola bicuhyba Schot), jureana-vermelha (Parkia pendula Benth.), mangue-da-mata(Tovomita guyanensis Aubl.), uruçuca (Vochysiasp.), jatobá (Hymenaea rubriflora Ducke), óleo-corumbá (Macrolobium latifolium Vog.), ingá (Ingaspp.), araçá (Psidium spp.), licurana (Alchorneairicurana Casar) e tararanga (Pouroma mollis Aubl).

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Porto Seguro Santa CruzCabráliaClasse de Uso e Cobertura Vegetal

km2 (%) km2 (%)Floresta Primária 321,58 13,46 76,21 4,92

Floresta Secundária (Estágio Avançado deRegeneração)

6,58 0,28 12,12 0,79

Floresta Secundária (Estágio Intermediário deRegeneração)

285,24 12,03 395,96 25,60

Floresta Secundária (Estágio Inicial deRegeneração)

119,50 5,00 126,84 8,20

Mata de Galeria 220,77 10,03 77,24 5,00

Mata Cabruca (Cacau) 17,02 0,71

Floresta Hidrófilas e Higrófilas de Várzea 27,01 1,13 12,42 0,80

Campos Hidrófilos e Higrófilos de Várzea 61,65 2,58 16,83 1,09

Área Urbana 26,61 1,11 20,27 1,31

Pasto Limpo 548,99 22,18 162,25 10,49

Pasto Sujo 13,57 0,57 16,20 1,05

Pasto Limpo e Pasto Sujo 292,16 12,22 115,94 7,49

Pasto Sujo e Floresta Secundária (Estágio Inicialde Regeneração)

169,13 7,08 91,35 5,90

Silvivultura de Eucalipto 89,62 3,75 319,32 20,65

Silvicultura de Seringueira 12,07 0,51 0,75 0,05

Fruticultura (Coco, Banana, Laranja, Maracujá,Abacaxi, Pinha e Graviola)

5,50 0,23 8,14 0,53

Culturas Perenes ( Urucum, Mamona, Cravo-da-Índia, Pimenta-do-Reino)

0,94 0,04 1,13 0,07

Cultura de Cana-de-Açúcar 43,98 2,85

Cultura de Café 7,70 0,23 0,83 0,05

Cultura de Mamão 30,58 1,28 4,52 0,29

Culturas Anuais (Abóbora, Pepino, Feijão, Milhoe Mandioca)

0,79 0,03 2,58 0,17

Solo Exposto e Praias e Afloramentos de Rocha 13,05 0,55 0,88 0,06

Vegetação de Restinga 56,61 2,37 13,06 0,85

Campos Naturais 53,81 2,25 22,84 1,48

Mangue 8,01 0,34 5,05 0,33

Corpos d´Água 1,43 0,06

Quadro 4.1 � Distribuição das classes de uso do solo e cobertura vegetal.

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4.3.2 Floresta Secundária (Estágio Avançado deRegeneração)

A Floresta Secundária ocorre pela eliminaçãototal ou parcial da Floresta Primária por exploraçãode produtos florestais ou desmatamento paraimplantação de atividades agropecuárias. Essatipologia tem duas origens: a exploração seletivanão-intensiva e desordenada e a exploraçãoextrativista predatória.

De acordo com resolução do Conama 05/94(Brasil, 1990), o estágio avançado deregeneração da Floresta Secundária compreendeum dossel fechado e uniforme, com fisionomiaarbórea dominante, podendo apresentar árvoresde porte elevado, com altura média superior a12m (Floresta Ombrófila Densa). São áreas que,de alguma forma, sofreram inferência antrópica,como a retirada de madeiras nobres, provocandogrande desuniformidade de altura no dosselsuperior e alterando as características originaisda composição florística, não sendo maisclassificadas como Floresta Primária.

Essa formação é caracterizada também pelapresença de um número elevado de epífitas,distribuição diamétrica de grande amplitude(superior a 18cm para Floresta Ombrófila Densa),trepadeiras geralmente lenhosas, serrapilheiraabundante e considerável diversidade biológicadevido à complexidade estrutural, apresentandofisionomia bastante semelhante à da FlorestaPrimária (Veracel, 1996).

É encontrada, principalmente, nasproximidades de Santa Cruz Cabrália (Foto 4.2).edo rio Jequitinhonha, parte norte, e também aocentro, próximo a Porto Seguro.

Compreende a Floresta Ombrófila Densa,onde se destaca a ocorrência de espécies como:jureana-vermelha (Parkia pendula Benth.), pequi(Cryocar edule), bomba-d�água (Hidrogastertrinerve Klulman), óleo-de-copaíba (Copaiferalucens), pau-paraíba (Simarouba amara Aubl.),conduru (Brosimum spp.), pau-jangada (Apeiatibour), oiti (Couepia rufa), ingá (Inga spp.),putumuju (Centrolobium tomentosum), arapati(Arapatiella psilophyla Cowam), jussara (Euterpeedullis Mart.), óleo-corumbá (Macrolobiumlatifolium Vog.), araçá (Psidium spp.), licurana(Alchornea iricurana Casar), murta (Myrcia sp.),pimenteira (Xylopia frutescens Aubl), dentre outras(Veracel, 1996).

A piaçadeira (Attalea funífera), espécieendêmica da região, oferece vários produtos epermite uma atividade rentável, constituindo-seem uma das espécies responsáveis pelamanutenção da floresta na área.

4.3.3 Floresta Secundária (Estágio Intermediáriode Regeneração)

Difere da Floresta Secundária (estágio avançadode regeneração) por apresentar modificações naaltura média do dossel superior e da composiçãoflorística típica (Foto 4.3). Predomina a fisionomiaarbóreo-arbustiva sobre o estrato herbáceo, podendoconstituir estratos diferenciados com altura médiaentre 5 e 12m para Floresta Ombrófila Densa edistribuição diamétrica com diâmetro à altura dopeito (DAP) variando entre 8 a 18cm, de acordo comresolução do Conama de 1994.

De acordo com os trabalhos desenvolvidos pelaVeracel na Estação Vera Cruz, destacam-se asseguintes espécies: pequi-de-capoeira (Miconiamultiflora (bompl.) DC.), murici (Byrsonima sericeaDC.), aderninho (Astronium concinnum (Engl)),pau-paraíba (Simarouba amara Aubl.), ingá (Ingasp.), pau-pombo (Tapinira guianensis Aubl.), milho-torrado (Licania kunthiana Hook), pindaíba(Guatteria sp.), mundururu-branco (Miconiadodecandra (Desr.) Congn.), tararanga (Pouromamollis Aubl.), matataúba (Schefflera morotodoni(Aubl.) Decne. & Planche), velame (Crotonflorisbundus Spreng) e murta (Myrcia sp.).

4.3.4 Floresta Secundária (Estágio Inicial deRegeneração)

Segundo resolução do Conama 90/94 (Brasil,1990), para Floresta Ombrófila Densa, a FlorestaSecundária (estágio inicial de regeneração) apresentafisionomia herbáceo-arbustiva de porte baixo, comaltura média inferior a 5m e pequena amplitudediamétrica com DAP inferior a 8cm (Foto 4.4). Acamada de serrapilheira é fina, pode apresentartrepadeiras, muitas espécies pioneiras e ausência desub-bosque.

São áreas ditas �capoeiras�, com pequenadiversidade vegetal, onde foram totalmentedesmatadas ou destruídas pelo fogo, estando emprocesso inicial de colonização por espéciesflorestais. Compreende a vegetação típica de valesabandonados, pastos sem manutenção, geralmentecom solos de baixa fertilidade e degradados;entretanto, permite o retorno do processo deregeneração florestal (Foto 4.5).

Como principais representantes, podemos citar:murici (Bursonima sericea DC.), pau-pombo (T.guianensis Aubl.), embaúba (Cecropia palmataWild.), copiã (Vismia ferruginea H.B.K.), velame(Croton florisbundus Spreng), (Miconia multiflora(bompl.) DC.)), quaresmeira (Tibouchina sp.),gurindiba (Trema micrantia (L.) Blume) e pororoca(Rapanea ferruginea Aubl.) (Veracel, 1996).

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Distribuem-se por toda a área, principalmente nosvales a sudoeste próximos à cidade de Itabela, ondedominam os pastos sobre as colinas do cristalino.

4.3.5 Mata de Galeria

Compreende as formações florestais típicas dosvales que entrecortam os tabuleiros e as colinas,margeando os cursos d´água. Dentre essasformações estão as Florestas Primárias e asSecundárias em estágios avançado, intermediárioe inicial de regeneração. A Mata de Galeriaapresenta vários estratos e, dessa forma, possuium número de plantas epífitas superior ao dostabuleiros.

Destacam-se como espécies típicas o jatobá(Hymenaea rubriflora Ducke), jussara (Euterpeedullis Mart.), óleo-corumbá (Macrolobiulatifolium Vog.), ingá (Inga spp.), araçá (Psidiumspp.), arapati (Arapatiella psilophylla Cowam) elicurana (Alchornea iricurana Casar) (Veracel,1996).

4.3.6 Mata Cabruca (Cacau)

O cacau (Teobroma cacao) é originário daAmazônia, tendo sido introduzido no litoral sulda Bahia por volta de 1870, numa regiãopraticamente ocupada com vegetação primária.

Na fase inicial de ocupação para o plantio doscacaueiros, elevadas porções do território eramcompletamente desmatadas; posteriormente,passou-se a utilizar processos de retirada seletivada floresta.

Com a intensificação dos cultivos de cacau,ocuparam-se os vales, encostas e em, muitoslugares, o topo dos morros, não sendo o relevoum fator limitante para o avanço da cultura.

O sistema cacau-cabruca é definido como aqueleque elimina o sub-bosque, deixando o estratodominante e co-dominante da floresta, promovendo,em alguns casos, um raleamento no dossel superiorpara proporcionar uma melhor condição de luz eaeração, benéficos para a cultura do cacau.Ambientalmente, é um sistema ecológico de cultivoagroflorestal, composto basicamente por áreas decacaueiro e fragmentos florestais primários esecundários.

Atualmente, esse sistema é encontrado apenasna região do vale do rio do Peixe/Buranhém e, aosul, sobre as colinas do cristalino, nasproximidades de monte Pascoal. Mesmo assim,são áreas praticamente abandonadas e infestadaspela �vassoura-de-bruxa�, enfermidade essa queé uma das grandes responsáveis pelo abandono dacultura do cacau na região.

4.3.7 Florestas Hidrófilas e Higrófilas de Várzea

É a formação florestal típica das várzeasassentados sobre solos hidromórficos e/ou aluviais,com predomínio do estrato arbóreo sobre oherbáceo. São áreas que se encontram sempreinundadas (hidrófilas) ou com inundações freqüentes(higrófilas) (Foto 4.10).

São formadas por espécies vegetais emergentes eflutuantes, tendo como espécie típica a sinfonia(Symphonia globulífera).

Estão englobadas nessa tipologia pequenasporções de florestas aluviais remanescentes e que,por questões de escala, não foram individualizadas.

Ocorrem nas planícies aluviais dos rios João deTiba, do Peixe/Buranhém, dos Frades e Caraíva.

4.3.8 Campos Hidrófilos e Higrófilos de Várzea

São comunidades que também se desenvolvemem áreas permanente ou periodicamente alagadase em associações com a unidade anterior, sendotípicas das áreas de várzeas (Foto 4.11).

Dominam as espécies vegetais submersas,emergentes e flutuantes, compreendendo o domíniode plantas herbáceas, como as ciperáceas, gramínease espécies de famílias como nymphaeaceae,alismataceae, melostomaceae, salviniaceae epotenderiaceae. É comum a ocorrência de taboa(Typha dominguensis) e golfo-aquático (Nymphaeaamazonum), que se desenvolvem na lâmina d�água,e de várias pteridófitas, como o Pteridium aquilinum(Brito, 1999).

São também chamadas de brejos e ocorrem,principalmente, na planície aluvial dos rios doPeixe/Buranhém, João de Tiba, Santo Antônio, dosFrades, Caraíva e também na parte litorânea, nasproximidades de Santo André e Santa Cruz Cabrália.

4.3.9 Área Urbana

Essa classe compreende áreas ocupadas pelasedificações e pelo sistema viário. Engloba todo osistema urbano das cidades, municípios, distritos,vilas e vias pavimentadas. Vale ressaltar que adetecção das áreas urbanas foi limitada pelaresolução espacial das imagens (30m). Portanto,pequenas cidades ou vilas não foram detectadas naclassificação.

A maior concentração urbana localiza-se na regiãolitorânea, principalmente nas cidades de Porto Seguro(Foto 4.26), Arraial D�Ajuda, Santa Cruz Cabrália eCoroa Vermelha. Existe um pequeno eixo populacionalno trajeto de Porto Seguro para o interior em direção àcidade de Eunápolis, compreendendo os distritos deVera Cruz e Pindorama.

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4.3.10 Pasto Limpo

Essa classe compreende pastagens bem cuidadas,com pequena porcentagem de invasoras.Periodicamente, a pastagem é replantada, para obter-se um melhor rendimento de produção.

A pecuária é uma das principais atividadeseconômicas da região sul da Bahia. A implantação depastagem plantada para o suporte da pecuária deu-se apartir da década de 1920, ocupando as áreas deflorestas, capoeiras, mata cabruca e de outros usos.

Na região de Porto Seguro, principalmente ao sule a oeste, desenvolvem-se grandes áreas compecuária sobre pastagem plantada (Foto 4.7). Sãogeralmente utilizadas com as brachiárias(Brachiarias decumbens, Brachiarias humidicola)nos terrenos mais movimentados, e brachiarão(Brachiaria brizanta) nos solos de relevo mais planoe com maior disponibilidade de água. As brachiáriasdesenvolvem-se bem em solos ácidos e de baixafertilidade natural. Observa-se, também, o uso decapim-colonião, sempre-verde e bengo.

Até 1970, a produção regional era orientadaquase que exclusivamente para gado de corte,assumindo, a partir de então, o desenvolvimento dapecuária leiteira.

A criação de búfalos na região, apesar de serbastante pequena em relação ao bovino, contribuipara o incremento do rebanho do município,aumentando a opção de ocupação dos terrenos maisproblemáticos, como é o caso dos solos tiomórficosdas planícies aluviais do rio dos Frades (Foto 4.8).

4.3.11 Pasto Sujo

A classe Pasto Sujo refere-se às áreas cobertaspor gramíneas (capim-colonião, gordura, brachiária,entre outras). São pastos naturais e/ou abandonados,que estão geralmente associados aos Pastos Limpos.Encontram-se com porcentagens significativas deinvasoras, como araçá-mirim, assa-peixe e pequenosbolsões de arbustos esparsados na área (Foto 4.6).

Corresponde aos primeiros processos deregeneração vegetal da Floresta Secundária (estágioinicial de regeneração). Admitem-se também áreasem processo de regeneração natural e que, além dainfestação com espécies herbáceas, apresentamespécies lenhosas, caracterizando o que se denomina�capoeirinha� e �capoeira rala�.

Localizam-se tanto nas partes altas do relevocomo também nas áreas de baixada sujeitas ainundações.

4.3.12 Pasto Limpo e Pasto Sujo

Corresponde à associação das áreas com PastoLimpo e Pasto Sujo, descritas anteriormente e que,

por motivo de escala, não puderam serindividualizadas. Incluem-se áreas transicionaisentre as pastagens plantadas e os pastosabandonados ou sem maiores cuidados de manejo.

Como as áreas de encosta são sempre maisproblemáticas quanto ao manejo da pastagem, são,muitas vezes, deixadas em segundo plano peloprodutor. Esse fato, somado ao processo deformação de terracetes, promove uma degradação dapastagem e do solo de tal forma que se origina, aí,um mosaico de áreas expostas, configurandotambém esse padrão transicional.

4.3.13 Pasto Sujo e Floresta Secundária (EstágioInicial de Regeneração)

Compreende a associação da classe Pasto Sujo eFloresta Secundária (estágio inicial de regeneração),que não foi individualizada por motivo de escala detrabalho. Admitem-se, também, áreas em processode regeneração natural e que, além da infestaçãocom espécies herbáceas, apresentam espécieslenhosas, caracterizando o que se denomina�capoeirinha� e �capoeira rala�.

As áreas transicionais entre essas classes sãoaquelas que não apresentam investimentos deformação ou de manejo da pastagem durante umlongo período, possibilitando a intensa infestação deinvasoras e formação de arbustos em porcentagenssignificativas.

4.3.14 Silvicultura de Eucalipto

Compreende a cultura do eucalipto depropriedade da Veracruz Celulose S.A., representadapor plantios clonais de eucaliptos (Eucaliptusgrandis). São grandes manchas distribuídas em todaa região sul da Bahia, ocupando principalmente aspartes altas e mais planas dos tabuleiros costeiros.

Os terrenos de interflúvios amplos sãoprefenciais para essa cultura, pois facilita o processode mecanização e manejo do eucalipto.

Estão distribuídos em talhões, que se diferenciampor tempo de corte, isto é, por idade de plantio,possuindo grande uniformidade do dossel arbóreocom altura e diâmetro bastante homogêneos entre osindivíduos (Foto 4.18).

4.3.15 Silvicultura de Seringueira

A produção da seringueira na Bahia estáconcentrada no litoral sul e foi introduzida emItuberá no início do século passado. Com adiminuição da produção asiática na época daSegunda Guerra Mundial, criou-se uma grandedemanda da borracha no mercado externo, abrindoperspectivas para aumento da produção nacional. A

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expansão da cultura da seringueira na década de1960 foi contida pelo ataque de pragas e doençasocorridas nos seringais. Mesmo com a criação doProbor em 1972, programa de incentivo à borracha,não se conseguiu alavancar a produção dessacultura.

Além disso, descobriu-se que a exploração daseringueira no sistema de monocultura era bemmenos produtivo que o sistema originário daAmazônia, onde se aproveitava a diversidade dafloresta amazônica.

A seringueira apresenta porte arbóreo e dosselbastante homogêneo. É cultivada na parte de topo emais plana dos tabuleiros costeiros (Foto 4.19) onde,muitas vezes, permite-se plantar outras culturas nasentrelinhas, como é o caso do café ou culturas anuaisque se desenvolvem sob sombreamento.

Para se alcançar um bom rendimento, a colheitada seringueira deve ser iniciada antes do nascer dosol até poucas horas depois. Necessita, portanto, degrande quantidade de mão-de-obra, o que encareceos custos de produção, tornando-a muitas vezes umaatividade pouco rentável.

4.3.16 Fruticultura (Coco, Banana, Maracujá,Laranja, Abacaxi, Pinha e Graviola)

A fruticultura é uma atividade agrícola aindapequena na região, tanto em termos de área quantoem valor da produção. À exceção da cultura domamão, descrita mais adiante, podemos citar coco,banana, maracujá, laranja e abacaxi como asfruteiras mais desenvolvidas nessa região (Fotos4.14 e 4.15). Outras culturas, como pinha, graviola epitanga, também estão sendo implantadas, com usode sistemas tecnificados de produção, como airrigação localizada (Fotos 4.16 e 4.17).

Como são produzidas em baixa escala, essasfrutas são consumidas, preferencialmente, na região.Pela proximidade de grandes centros produtores defruteiras, como Livramento do Brumado, Juazeiro ePetrolina (PE), a região pouco compete com aprodução e exportação de frutas.

4.3.17 Cultura de Mamão

A fruticultura do mamão é a classe de fruteirasmais representativas da região (Foto 4.13),totalizando valores acima de mil hectares plantadossó no município de Porto Seguro, segundo dados doIBGE.

Atualmente, observa-se um declínio da produçãodevido aos baixos preços praticados no mercadointerno e ao aumento da competição com outrospaíses no mercado externo.

A cultura do mamão vem sendo substituída pelado café em função da estabilidade de mercado e dos

bons preços praticados para o café nesses últimosanos. No processo de substituição, o mamão, emfase final de colheita, funciona como fornecedor desombra, necessária ao desenvolvimento do café nasua fase inicial.

O mamão somente é plantado na parte plana e detopo dos tabuleiros costeiros. Uma vez que o mamãonão aceita competição por nutrientes,principalmente, com as ervas daninhas, asentrelinhas estão sempre expostas, não permitindocom isso o seu cultivo na encosta.

4.3.18 Culturas Perenes (Urucum, Mamona,Cravo-da-Índia e Pimenta-do-Reino)

As culturas perenes compreendem aquelas quepossuem seu ciclo reprodutivo prolongado,geralmente, superior a um ano. Depois da cana-de-açúcar e do café, os cultivos mais representativos daregião correspondem ao urucum (Fotos 4.20 emamona, cravo-da-índia e pimenta-do-reino (Foto4.22). O cultivo de cana-de-açúcar e café serádescrito mais adiante, por se tratar de culturasbastantes expressivas na região em questão.

O urucum, que é utilizado na fabricação decorantes, é produzido em pequena escala. Assimcomo o óleo de mamona, o urucum é exportado paraa região Sudeste. O cravo-da-índia e a pimenta-do-reino são consumidos localmente.

4.3.19 Cultura de Cana-de-Açúcar

A cana-de-açúcar compreende uma das culturasperenes mais representativas da região,principalmente para Santa Cruz Cabrália. A presençade uma usina de álcool propiciou o desenvolvimentoe a manutenção dessa cultura até os dias de hoje(Foto 4.21).

Essa classe encontra-se dominantemente naporção norte de Santa Cruz Cabrália; na região dePorto Seguro, apenas aparece em pequenas áreasque, pela limitação da escala, não puderam serindividualizadas.

4.3.20 Cultura de Café

O café constitui-se numa cultura de grandeimportância na região, visto a estabilidade dospreços praticados no mercado nos últimos anos.Seguindo a expansão no estado do Espírito Santo, ocafé tem-se propagado na região sul da Bahia sobreos tabuleiros costeiros em substituição ao cultivo domamão.

A baixa dos preços do mamão e as dificuldadesde manejo da cultura têm motivado essasubstituição. É comum observar mamoeiros em fasefinal de colheita sendo substituídos pelo café ainda

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em fase de sombreamento, propiciado pela própriacultura do mamão.

As áreas de expansão do café têm-se ampliadoalém dos limites da área ocupada com o mamão.Isso pode ser explicado pelo aproveitamento daencosta com o cafezal, espaço não ocupado pelacultura do mamão, pois essa fruteira somente écultivada na parte plana de topo dos tabuleiros.

Essa alteração com a ocupação da encosta, atéentão dominada por pastagem ou florestassecundárias, poderá causar um grande impactoquanto à erosão do solo. Apesar de o café ser umacultura perene, com pouca remoção de terra no seumanejo, as linhas de plantio sempre ficamdescobertas e, dependendo da declividade, da classede solo e da precipitação, o risco à erosão seacentua.

4.3.21 Culturas Anuais (Abóbora, Pepino, Feijão,Milho e Mandioca

As culturas anuais, em geral, têm cicloreprodutivo inferior a um ano. A mandioca é orepresentante de maior ciclo, podendo passar de umano de cultivo. Atualmente, constitui o representantemais significativo dessa classe com,aproximadamente, 900ha plantados, segundo dadosdo IBGE para o município de Porto Seguro. O feijãoassume o segundo lugar, com 120ha. Outras culturasanuais de menor expressão, como o feijão (Foto4.23), milho, pepino e abóbora (Foto 4.25), tambémsão cultivados na região.

4.3.22 Solo Exposto e Praias e Afloramentos deRocha

Os Solos Expostos correspondem às áreasdesprovidas de vegetação ou de cultura, excetuando-se os Afloramentos de Rocha. As áreas com culturasem estágios iniciais de desenvolvimento também seenquadram nessa classe por apresentarem um padrãobem esparso de cobertura do solo. Estão tambéminseridas as áreas degradadas tanto pela erosãoquanto pelo uso agrícola, os aterros e as áreas emfase de preparo do solo para plantio, sendo esseúltimo o de maior expressão geográfica (Foto 4.29).

Apesar de as restingas apresentaremsignificativas áreas também desprovidas devegetação, não foram consideradas nessa classe, poisforam individualizadas em uma classe distinta.

As Praias compreendem depósitos de sedimentos,mais comumente arenosos, acumulados por ação deondas que, por apresentarem mobilidade, ajustam-seàs condições de ondas e maré. Representam, poressa razão, um importante elemento de proteção dolitoral, ao mesmo tempo em que são amplamenteusadas para o lazer. As Praias variam em forma e

tamanho, diferindo-se quanto ao recuo das falésias(Foto 4.27) e ocorrência de recifes de corais earenitos de praia.

Por ocorrerem em pequena proporção, osAfloramentos de Rocha foram incluídos nessaclasse. Destaca-se apenas o monte Pascoal,localizado ao sul da área de estudo.

4.3.23 Vegetação de Restinga

Restingas são faixas alongadas de areia, paralelasà linha de costa, formadas, principalmente, porsedimentos arenosos transportados e empilhadospelo mar. Essas áreas compreendem ambientesdiferenciados, tais como: mangues, brejos, dunas,além de lagoas temporárias e permanentes, onde seencontram associações vegetais mistascaracterísticas conhecidas como �vegetação derestinga� (Brasil, 1990).

A vegetação que ocorre ao longo desses cordõesarenosos apresenta-se nas formas arbórea, arbustivae herbácea, desenvolvendo-se sobre as AreiasQuartzosas Marinhas e Podzóis Hidromórficos,ambos com forte influência do mar.

As restingas herbáceo-arbustivas da planíciesituam-se próximas aos cordões litorâneos,formando moitas esparsadas com áreas mais oumenos abertas e ocorrência de árvores isoladas.

Nessa região, pode-se encontrar alguns gêneros dePoaceae (Axonopus e Chloris), Cyperaceae (Cyperus eRhynchorpora), Arecaceae (Allagoptera, attalea,Bactris), Eriocaulaceae (Paepalantus e Syngonanthus),Bromeliaceae (Aechmea, Hoenbergia e Vriesia),Fabaceae (Andira, Canavalia, Desmodium,Stylosanthes, zornia), Caesalpiniaceae (Chamaecrista,Macrolobium), Mimosaceae (Mimosa), Malphigaceae(Byrsonima, Stigmaphyllum), Polygalaceae (Polygala),Sapindaceae (Cupania, Paulinia, Serjania), Dilleniaceae(Davilla), Cactaceae (Cereus, Melocactus), Lythraceae(Cuphea), Myrtaceae (Eugênia, Myrcia e Psisium),Apocynaceae (Hancornia, Mandevilla), Asclepiadaceae(Blephorodon, Ditassa e Oxypetalum), Solanaceae(Solanum), Convovulaceae (Ipomoea), Rubiacea(Borreria, Guettarda, Mitracarpus), Asteraceae (Aspilia,Calea, Baccharis, Mikania e Veronia).

As principais áreas de ocorrência dessa vegetaçãosão os extensos cordões arenosos na porção nordesteda região, no trecho entre o limite norte da área atéSanta Cruz Cabrália, Coroa Vermelha, Itaquena(Foto 4.28) e, ao sul, próximo à Ponta do Corumbau.

Entre os principais processos de degradaçãodesses ambientes está a especulação imobiliária,causada pela grande valorização dos terrenospróximos ao litoral. A rápida expansão urbana,provocada pelo intenso fluxo turístico, tempromovido uma ocupação desordenada sobre asrestingas de forma não planejada, acumulando

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grandes problemas, principalmente de saneamentobásico, resultando na poluição das praias ecomprometendo a própria alimentação das espéciesque nelas ocorrem.

4.3.24 Campos Naturais

São formações vegetais com domínio herbáceo-arbustivo associadas, principalmente, ao solo PodzolHidromórfico, que compreende solos arenosos comcamada de acumulação de matéria orgânica emsubsuperfície. Essas áreas recebem a denominaçãolocal de �mussunungas�.

Apresenta-se como um ecossistema frágil, de fácildegradação e de difícil recuperação. Dominam os solosarenosos, que possuem estruturas pouco desenvolvidas,baixa capacidade de retenção de umidade e de nutrientes,sofrendo na época das chuvas grande influência do lençolfreático. A camada orgânica subsuperficial presentenesses solos muitas vezes funciona como uma barreiraimpeditiva tanto ao desenvolvimento radicular quanto àpassagem de água.

Nessas áreas desenvolve-se uma vegetação maisraquítica, de porte baixo e médio distribuídaesparsadamente pelo terreno. É comum observar-se aocorrência de campos de Eriocaulaceae (Paepalantus)(Foto 4.25), associadas com diversas Veloziaceas,Cyperaceas e Bromeliaceas.

Ocorrem em todo o litoral, principalmente sobreas partes planas dos tabuleiros costeiros e parte dafaixa litorânea. Estendem-se para o interior emformas alongadas, que podem chegar a mais de13km contínuos, a exemplo de Santo André.

Em geral, faz- se necessário o uso de aterros paraa locomoção sobre esses terrenos arenosos, ou então,verifica-se a constante mudança da via de acessopara novos terrenos menos degradados.

4.3.25 Mangue

Compreende a vegetação litorânea que ocorre nafaixa intramarés (situada entre o ponto mais baixo damaré baixa e o ponto mais alto da maré alta),apresentando alta densidade de indivíduos compouca diversidade de espécies vegetais emcomparação a outros sistemas, como as florestas.Mesmo assim, constitui um dos ecossistemas maisprodutivos do mundo. É uma vegetação adaptada àsvariações de pH, salinidade, diferença de potencial esaturação em água e que protege os continentes daerosão, reduz a poluição e garante a continuidade dacadeia alimentar nos oceanos.

O manguezal pode se apresentar de formaarbustiva e arbórea, com árvores de até 15m dealtura (Foto 4.29). Na região predominam trêsespécies de mangue:

• Rhizophora mangle (mangue-vermelho):resistente aos embates das marés;

• Avicennia chaeirana (mangue-preto):resistente à salinidade;

• Laguncularia racemosa (mangue-branco):suporta melhor a poluição.

Essa classe pode ser encontrada em váriaslocalidades, como nas proximidades de PortoSeguro, na desembocadura do rio doPeixe/Buranhém e no rio dos Mangues � comdomínio de espécies arbóreas; na desembocadura dorio Jardim e em Santa Cruz Cabrália, nos rios Joãode Tiba e Santo Antônio.

Constatou-se grande degradação dos manguezaisem toda a área do projeto, caracterizada pordesmatamento e poluição provocada pelos dejetosurbanos e aterros. Podemos destacar, ainda, asatividades de sobrepesca e a extração de madeirapara construção de casas para a população de baixarenda (Foto 4.30).

Nas proximidades de Porto Seguro, observa-seuma grande influência da ação antrópica sobre essetipo de vegetação, tendo como conseqüência adegradação do mangue com construções de aterros epalafitas (Foto 4.30).

4.3.26 Corpos d�Água

Os Corpos d�Água são representados pelos rios eoceano. Tendo em vista a limitação na resoluçãoespacial das imagens de satélite (30m), somenteforam mapeados os de expressiva extensão, como osrios do Peixe/Buranhém (Foto 4.31), João de Tiba,dos Frades e o oceano Atlântico.

4.4 Conclusão

A utilização de técnicas de sensoriamento remotona confecção do mapa de Uso do Solo e CoberturaVegetal referente ao Projeto Porto Segurodemonstrou, para a escala adotada, resultadossatisfatórios, obtendo-se a individualização de 26classes (Quadro 4.1).

As classes: Vegetação de Restinga, Solo Expostoe Praias e Afloramentos de Rocha, FlorestasHidrófilas e Higrófilas de Várzea, Mangue e Corposd�Água foram de fácil discriminação, poisapresentam características singulares nas imagens desatélite (seja pelo padrão, ou pelas bandasutilizadas).

As classes Fruticultura, Cultura de Mamão,Culturas Perenes, Cultura de Cana-de-Açúcar,Cultura de Café, Culturas Anuais, FlorestaSecundária, Pasto Limpo e Pasto Sujo e ÁreaUrbana foram mais difíceis de serem identificadas,devido aos seguintes fatores:

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• Heterogeneidade: As classes relacionadas àagricultura, por exemplo, dependendo dacultura e do ciclo de cultivo, apresentamdiferentes respostas espectrais.

• Similaridade de assinaturas espectrais:Determinados alvos foram erroneamenteclassificados por apresentarem níveis de cinzapróximos aos de outras classes. Como, porexemplo, áreas de Floresta Secundária sendoclassificadas como Mangue.

• Defasagem temporal: Certas classes, comoas relacionadas à agricultura, sofreramnotáveis alterações entre a data de aquisiçãodas imagens (1996) e as conferênciasrealizadas nas duas campanhas de campo(1999).

• Dimensão dos alvos: Alguns alvos depequenas dimensões, sobretudo em relevoacidentado, não foram detectados. Essalimitação é notável, principalmente, nospequenos cultivos localizados.

Algumas classes, geralmente de pequenasdimensões, foram agrupadas em uma única, porlimitação da escala, complexidade deindividualização ou ainda pela pouca expressão naárea.

Vale ressaltar que as classes mapeadasrepresentam grandes domínios, os quais incluemoutras classes (terras indígenas, assentamentosrurais, pedreiras, malha viária). Entretanto, devido àescala utilizada, não foram espacializadas.

A atividade agrícola da região é poucodesenvolvida, levando-se em conta o seu potencial,tanto no sentido de áreas aptas como de proximidadede mercado.

A silvicultura do eucalipto ocupa grandesextensões nos dois municípios estudados e seexpande com uma grande velocidade.

Cerca de 80% do uso urbano localiza-se naregião litorânea, tendo como conseqüência adegradação ambiental da região.

A classe Pasto Limpo e Pasto Sujo ocupa mais dametade da área do projeto, enquanto a classeFloresta Primária ocupa menos de um quarto.

A ocupação das terras do Projeto Porto Seguro,na forma em que ocorreu, resultou de um processohistórico onde as queimadas, o desmatamento e asatividades antrópicas em geral sucederam a umaocupação e exploração sem maior planejamento, noque diz respeito à aptidão das terras e ao seu uso.

4.5 Recomendações

• preservar os remanescentes de Mata Atlânticae, se possível, desenvolver programas derecuperação de áreas degradadas;

• promover o desenvolvimento da atividadeagrícola com o intuito, principalmente, de criaropções de trabalho para a população local;

• estimular a fruticultura, seguindo os passosdas culturas irrigadas de pinha e graviola, dealta rentabilidade e que se adaptaram bem aessa região;

• realizar trabalhos em escalas maiores para oestabelecimento de medidas mais invasivasquanto ao planejamento do uso e ocupaçãodas terras do Projeto Porto Seguro;

• estabelecer campanhas de conscientização dasociedade quanto ao uso e preservação dasencostas como forma de se prevenir osprincipais processos erosivos da região.

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4.6 Bibliografia

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4.7 Glossário

Ação antrópica � relativa à ação do homem sobreos recursos naturais.Apicum � termo regional do Brasil; usado para osterrenos de brejo na zona costeira.Bioma � conjunto de seres vivos de umadeterminada área.Cabeceiras � lugar onde nasce um curso d�água;parte superior de um rio, próximo a sua nascente.Cabruca � plantio de cacaueiros sob mata raleada,através da ação seletiva do homem, conservando asespécies florestais que apresentam melhorconformação de copa e porte e que não sejamprejudiciais ao cacaueiro.Capoeira � denominação dada às formaçõesvegetais correspondentes aos estágios iniciais deregeneração florestal; são as formações em fasearbustiva de sucessão vegetal.Cultura anual � cultura com ciclo reprodutivomenor que um ano.Cultura perene � cultura com ciclo reprodutivosuperior a um ano; as culturas com ciclos próximosde um ano são, às vezes, classificadas comosemiperenes.Diâmetro à Altura do Peito (DAP) � diâmetro dotronco medido a 1,30m do solo; a unidade é utilizadaem centímetros.Estação ecológica � são áreas representativas deecossistemas brasileiros, destinadas à realização depesquisas básicas e aplicadas à ecologia.Estádio � fase, período, etapa de desenvolvimentoou de crescimento.Fertilidade do solo � capacidade de produção dosolo devido à disponibilidade equilibrada deelementos químicos, como potássio, nitrogênio,sódio, ferro, magnésio e da conjunção de algunsfatores, como água, luz, ar, temperatura e daestrutura física.

Floresta higrófila � formação vegetal arbóreaadaptada as condições de umidade.Floresta ombrófila � formação vegetal onde amaioria das espécies que a compõem suportam e/ounecessitam de sombra numa fase do seudesenvolvimento.Floresta primária � formação vegetal pouco ou nãoantropizada, geralmente localizada em locais dedifícil acesso, ou é protegida por lei.Floresta secundária � formação vegetal que sofreuinterferências antrópicas significativas o bastantepara descaracterizá-la como primária.Lençol freático � lençol de água subterrâneo que seencontra em pressão normal e que se formou emprofundidade relativamente pequena.Mangue � vegetação halófita tropical, arbórea ouarbustiva, com pouca diversidade de espécies, que sedesenvolvem na vaza marítima da costa ou nosestuários dos rios.Planície de inundação � terras planas, próximas aofundo do vale de um rio, inundadas quando oescoamento do curso d�água excede a capacidadenormal do canal.Restinga � acumulações arenosas litorâneas, deformas geralmente alongadas e paralelas à linha decosta, produzidas pelo empilhamento de sedimentostransportados pelo mar.Rupestre � gravado, traçado ou desenvolvido sobre arocha; vegetal que cresce normalmente sobre as rochas.Salinidade � medida de concentração de saismineirais dissolvidos na água.Vaza � depósito argiloso, de partículas muito finas,de coloração cinza-escura, com acentuado odorfétido devido ao gás sulfídrico.Vertente � planos de declives variados, quedivergem das cristas ou dos interflúvios,enquadrando o vale.

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Foto 4.1 � Floresta Primária (Mata Atlântica) � Parque Nacio-nal do Monte Pascoal.

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Foto 4.2 � Floresta Secundária (estágio avançado de regeneração).

Foto 4.3 � Floresta Secundária (estágio intermediário de regeneração).

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Foto 4.4 � Floresta Secundária (estágio inicial de regeneração) � Capoeira.

Foto 4.5 � Pasto Sujo associado à formação de capoeiras arbustivas.

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Foto 4.6 � Pasto Sujo com invasoras.

Foto 4.7 � Pasto limpo com brachiária e prática de pecuária de corte.

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Foto 4.8 � Pasto limpo sobre solos tiomórficos com criação de búfalos �Várzea do rio dosFrades.

Foto 4.9 � Solo exposto em conseqüência do desmatamento de cabeceiras com fragmento deFloresta Secundária (estágio intermediário de regeneração).

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Foto 4.10 � Florestas Hidrófilas e Higrófilas de Várzea.

Foto 4.11 � Campos Hidrófilos e Higrófilos de Várzea (rio Caraíva).

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Foto 4.12 � Mata de galeria � rio do Peixe/Buranhém.

Foto 4.13 � Fruticultura de mamão (papaya).

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Foto 4.14 � Cultura de maracujá.

Foto 4.15 � Fruticultura de cítrus (laranja).

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Foto 4.16 � Fruticultura de pinha com sistema de irrigação localizada.

Foto 4.17 � Fruticultura de graviola com sistema de irrigação localizada.

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Foto 4.18 � Silvicultura de eucalipto (E. grandis).

Foto 4.19 � Silvicultura de seringueira.

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Foto 4.20 � Cultura perene � urucum.

Foto 4.21 � Cultura de cana-de-açúcar.

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Foto 4.22 � Cultura de pimenta-do-reino.

Foto 4.23 � Cultura anual � feijão.

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Foto 4.24 � Cultura anual � abóbora.

Foto 4.25 � Campos Naturais � (Paepalantus).

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Foto 4.26 � Uso Urbano � Porto Seguro, aeroporto e manguezal.

Foto 4.27 � Praia e falésias (Outeiro das Brisas).

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Foto 4.28 � Restinga com vegetação arbustivo-arbórea.

Foto 4.29 � Vegetação de Mangue.

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Foto 4.30 � Detalhe da ocupação sobre o manguezal.

Foto 4.31 � Corpos d�Água � Canalização na várzea do rio do Peixe/Buranhém.