Cerâmicas omíadas do Castelo de Alcoutim e Castelo Velho das Relíquias

download Cerâmicas omíadas do Castelo de Alcoutim e Castelo Velho das Relíquias

of 20

Transcript of Cerâmicas omíadas do Castelo de Alcoutim e Castelo Velho das Relíquias

Cermicas omadas do Garb Al-andalus: Resultados arqueolgicos no Castelo Velho de Alcoutim e no Castelo das Relquias (Alcoutim)Helena Catarino *

1. INTRODUOEs de esperar que la Arqueologa aporte nueva documentacin, y que estas conclusiones aqu esbozadas en un plazo breve puedan ser confirmadas o reestructuradas de acuerdo con la informacin que nos ofrezcan los nuevos hallazgos e investigaciones suscitadas por este trabajo

nuestras lenguas y a la cultura material que motiva nuestras investigaciones (ibid., 1991: 11). Acrescentaria que, tambm no portugus, podemos encontrar um cer to nmero de nomes de origem rabe para indicar recipientes domsticos. Neste caso, optei por fazer coincidir, sempre que possvel, a terminologia rabe com a castelhana e a portuguesa, para descrever um conjunto de cermicas encontradas durante as escavaes do Castelo Velho de Alcoutim e do Castelo das Relquias (CATARINO, 1988; 1989: 296-305; 1994: 657-671). Das 16 formas abaixo indicadas esto ausentes, de momento, fragmentos de anafes (fogareiros). O estudo das cermicas aqui apresentadas teve por base mtodos descritivos e cronolgicos j utilizados por outros investigadores, sobretudo Rossell (1978), Bazzana (1979: 135-185, 1980: 57-95) e Zozaya (1080a: 265-296, 1980b: 311-315). As peas seleccionadas correspondem a duas fases de ocupao observadas nos referidos castelos: a primeira coincide com a edificao dos recintos amuralhados e das estruturas habitacionais mais antigas (nveis 6 e 5), do perodo emiral e transio para o califal; a segunda corresponde a reconstrues e, sobretudo, a reestruturaes no ordenamento habitacional (nvel 4), verificadas em pleno perodo califal e na transio para os reinos de taifa, poca em que

Rossell-Bordoy, (1978: 156) Deste modo terminou Rossell a sua obra Ensayo de Sistematizacin... onde, pela primeira vez, houve uma preocupao de sntese sobre terminologias, tipologias e cronologias aplicadas a cermicas islmicas, com bases nas escavaes de Mallorca. Passaram 20 anos; mas este trabalho pioneiro continua a servir como base de estudo para todos ns. Rossell tem sido um Mestre; aquele que, pela sua sria e atenta investigao, trouxe Arqueologia Medieval do perodo islmico uma nova dinmica de trabalho, que marcou tambm os investigadores portugueses. Mais recentemente, compilou e ordenou, com base em documentos (ROSSELL BORDOY, 1991; 1994: 37-87), um conjunto de palavras rabes utilizadas para designar recipientes de uso quotidiano. Como o prprio diz: el castellano y el cataln som suficientemente ricos en arabismos, como para buscar elementos extraos a

* Assistente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e investigadora da UNIARQ. Instituto de Arqueologa. Palacio de Sub-Ripas. 3000 Coimbra - Portugal

ARABE burma, qidr qasa, tyin, qasla sahfa, tayfr, gidar yafna e tass radma, kz ibrq surayba, barrada yarra, surba jbya qulla libril, qasrya, qadh git, mugatta tabaq qandl, misbh qds tannr, farayen (de furayn)

CASTELHANO marmita, olla cazuela ataifor jofaina e taza redoma jarro, jarrito jarrita jarra tinaja orza alcadafe, lebrillo tapadera disco candil arcaduz (atanor), anafe

PORTUGUES panela caoila, sert ou frigideira prato, tigela ou malga escudela, taa peq. bilha, alcuza, galheta jarro, jarrinho, pcaro ou pucarinho jarrinha, pucarinha cntaro, bilha, cantarinha, infusa talha pote alguidar (de gidr) testo, tampa tampa plana candeia alcatruz (atanor), fogareiro

estes castelos ainda esto habitados para, de seguida, entrarem num progressivo abandono (nvel 3), queda de telhados (nvel 2) e derrubes de paredes e muralhas (nvel 1).

2. ESTUDO DAS CERAMICAS 2.1. Recipientes de uso culinrio Entre os recipientes de cozinha predominam as panelas (ollas) e caoilas ou serts (cazuelas). As panelas encontradas nos nveis da 1 fase, algumas sem asa (Est. I. 1), tm bordos boleados com inflexo externa (Est. I. 1, 2 e 4) e, mais raramente, um sulco interno (est. I. 3), de modo a poder ajustar-se a uma tampa (tapadera). Os colos so curtos, em ligao para o bojo, ovide, apresentando o tpico perfil em S. Os fundos so planos, normalmente mais espessos e irregulares na ligao com a parte inferior do corpo. Apresentam, de um modo geral, uma s asa (Est. I. 2) e, mais raramente, duas (Est. I. 4), que partem sempre do bordo e terminam a meio do bojo. Os fabricos so grosseiros, a torno de rotao intermitente, obtendo-se paredes de espessura irregular, com vestgios dos dedos do oleiro, principalmente na superfcie interna. As superfcies externas so levemente alisadas, sem decorao.

Tm paralelos em peas datadas de incios do sculo VIII, por exemplo de Bovalar, Lrida (C.E.V.P.P., 1991: fig. 9. 1 a 3), por vezes com decorao incisa no ombro; do perodo emiral so as de Saragoa (GALVE IZQUIERDO, 1988: 248, FIG. 7. 20); e as recolhidas em Arcvica, Cuenca (LVAREZ DELGADO, 1989: 111, fig. 1. 23 e 25). So idnticas a exemplares de Badajoz (VALDS FERNANDEZ, 1985: 102, 119, fig. 7. 1-2), s do Cerro da Vila, Vilamoura, com traos de pintura no bojo (MATOS, 1991: 430, 439 n 0060), de Mesas do Castelinho, Almodvar (FABIO et al., 1991: fig. 6.4 e fig. 7.2) e de Mrtola (TORRES, 1987: 1). As da 2 fase tm uma (Est. II. 1) ou duas asas (Est. II. 2). So formas semelhantes s anteriores, com bordo boleado de inflexo externa, por vezes de perfil quase triangular e, raramente, com sulco interno para a tampa. O colo ainda curto, mas tambm pode ser mais alongado (Est. II. 2); o corpo ovide ou globular e o fundo plano. As asas partem sempre do bordo e terminam no ombro ou na parte mais alta do bojo. Pertencem ainda a fabricos grosseiros mas, na maior parte, j apresentam fabrico a torno alto regular. Tm tambm amplos paralelos, nomeadamente em Conimbriga (ALARCO, 1975: pl. XLVII, n 870), no Forum IV, datado do sculo V, e

114

aproximam-se da forma A de Gutierrez Lloret (1988: 196-197, 216). As de fabrico a torno baixo (torneta), aparecem em contextos dos sculos VII e VIII, por exemplo em Begastri, la Alcudia e Fontcalent, integradas na forma M6.5 de Gutierrez Lloret (1996: 81, fig. 19, 82). So muito frequentes no sudeste de al-Andaluz (ACIN ALMANSA et al., 1995: 127, forma 423) e semelhantes s dos nveis inferiores de Bezmiliana (ACIN ALMANSA et al., 1989: 131- 132, fig. 5. 4), da alcova de Badajoz (VALDS FERNANDEZ, 1985: 150, fig. 40), de Cercadilla, Crdova (FUERTES SANTOS et al., 1993: 773-774, 776, lm. 1), de El Castillon (Montefrio, Granada), com algumas variantes no perfil do bordo (MOTOS GUIRAO, 1991: 36, fig. 4), e da rea urbana de Mrcia (NAVARRO PALAZN, 1986: 143, n 302). Em Portugal, encontram-se, entre outros stios, na alcova de Mrtola (TORRES, 1987: 1) e em Mesas do Castelinho (GUERRA et al., 1993: 95, fig. 1). A srie cazuela (sert ou frigideira) caracteriza-se por paredes curvo-convexas, que terminam num fundo espesso, normalmente plano (Est. I. 6). Os bordos podem ser boleados, com inflexo externa, ou em aba oblqua. As asas so grosseiras, verticais, de seco oval irregular, partem do bordo e terminam na parte baixa do corpo, quase junto do fundo. As pastas so heterogneas, de fabricos manuais ou a torno baixo. As superfcies so alisadas ou com brunido em espatulado interno. Alguns exemplares, embora sem asas, pertenceriam a este grupo pois possuem restos de queimado aderente, devido prolongada utilizao ao fogo. Tm paralelos em Conimbriga (sem asas), nas insulae do sculo V (ALARCO, 1975: pl. XXXII. 660) e so semelhantes s produzidas em Bayyana (Pechina), registadas no nvel 1 (CASTILLO GALDEANO et al., 1993: , 80, 82, 83, Lm. III. 4-6) e no nvel 2 (ibid.: 103, Lm. XIV. 5-7), assim como no forno emiral de Mlaga (IIGUEZ SNCHEZ et al., 1993: Lm. 9. 7-8). Podem encontrar-se tambm em Navasangil, vila (LARRN IZQUIERDO, 1989: 61, fig. 4. 113), no ptio do poo-cisterna de Silves (GOMES et al.,1989: 294, n 3) ou no Cerro da Vila, Vilamoura (MATOS, 1991: 453 n 0047 e 0145). Uma com perfil idntico, sem vestgios de asas, foi recolhida em Mesas do Castelinho (FABIO et al.,1991: 319, fig. 8. 5).

2.2. Recipientes de servio de mesa Um conjunto de formas abertas e fechadas, utilizadas como servio de mesa, podem incluirse nas sries ataifor (pratos, tigelas), redoma (pequena bilha, alcuza, galheta), jarrito (jarrinho, pcaro ou pucarinho) e jarrita (jarrinha, pucarinha). A srie ataifor est representada em peas no vidradas e vidradas. No primeiro grupo (Est. I. 5; Est. II. 5 e 6) indicam-se pratos sem p anelar, umas vezes integrados no grupo ataifor, outras no grupo cazuela. Tm paredes curvoconvexas (Est. II. 5), ou quase rectilneas divergentes (Est. II. 6), com amplo fundo plano; os bordos, com inflexo externa, podem ter perfil semi-circular ou em bisel. Exumaram-se em todos os nveis estratigrficos e alguns levaram engobe interno, de cor castanha avermelhada, e brunido em espatulado ou em rectcula. Predominam tambm no perodo emiral e califal, continuando a circular nos incios dos reinos de taifa, integradas no grupo 1 dos ataifores/jofainas, de Retuerce e Zozaya (1991: fig. 3, 1-7), com uma periodizao que vai desde a fase paleo-andaluza (emiral) at fase epi-califal, j do sculo XI. Aproximam-se da forma M27.4.1 de Gutierrez Lloret (1996: 93 e fig. 26), das exumadas na camada 8 do Castelo de Silves (GOMES, 1988: 188-189), na Rbita de Dunas de Guardamar, Alicante (AZUAR RUZ et al., 1989: 81, n 43 e 44; 116, 9.1), em Bayyana (CASTILLO GALDEANO et al., 1993: 83, lm. III. 1), em Mlaga, Almeria (ACIN ALMANSA, 1986: 254, fig. 4. 4; ACIN ALMANSA et al., 1989: 126, fig.. 1. 1) e Jan (CASTILLO ARMENTEROS, 1996: 194, fig. 2. 3 e 4). Podem apresentar decorao pintada no interior e/ou no bordo, como as de Silves (GOMES, 1988: 187, Q3/C8-24) e de Mesas do Castelinho, Almodvar(FABIO et al., 1991: 319, fig. 8. 4).

Os ataifores de p anelar, com superfcies vidradas, registaram-se exclusivamente os nveis arqueolgicos da 2 fase de ocupao e agrupamse nas decoraes a verde e mangans e nos melados com decorao a xido de mangans. As decoradas a verde e mangans integram-se, conforme as dimenses, nas sries

115

ataifor (tigelas, malgas, Est. II. 9, 11 e 12) e jofaina (taas mais pequenas, Est. II. 10). Exumaram-se no Castelo Velho de Alcoutim e apresentam decoraes tpicas dos sculos X/XI, sobretudo em flor e bolbo de ltus (Est. II. 9 e 10) ou em bandas e meandros, estas recolhidas em escassos fragmentos, nos nveis de derrubes (Est. II. 11 e 12). Os bordos podem ser adelgaantes ou espessados externamente, com perfil semicircular e, mais raramente, triangular. O corpo, de paredes curvas, mais ou menos acentuadas, pode ter um ressalto na ligao com o p anelar, pequeno e de seco quadrangular. A decorao feita, maioritariamente, sobre engobe branco, e as superfcies vidradas de tonalidades transparentes, meladas claras, esverdeadas e esbranquiadas. Um nico exemplar possui superfcie externa com vidrado branco leitoso opaco. Os fabricos so sempre de boa qualidade com pastas creme, esbranquiadas, amareladas, rosadas ou acinzentadas claras. Como se pode observar no mapa apresentado por Retuerce e Zozaya (1986: 102, Mapa 7) tm ampla difuso em Al-Andaluz. Em Portugal, aparecem sempre em contextos cronolgicos dos sculos X/XI, excepto as da camada 8 de Silves, consideradas importaes do sculo VIII (GOMES, 1988: 181-183; 1991a: 21-26, 1995: 20 fig. 1). A Norte do Tejo podem encontrar-se em Santarm (informaes de Ana Arruda), no Castelo dos Mouros, Sintra (COELHO, 1996: Est. IV. 6, 7 e 8) e no Castelo de Povos, Vila Franca de Xira (informaes de Cristina Calais). Esto bem representadas no Sul do Garbe, em Mrtola (GMEZ MARTINEZ, 1993: 779-786, 1994:113-132; MACIAS, 1991: 418-420; TORRES, 1986: 193228, 1987: 77-79, TORRES et al., 1991: 497-536), em Palmela (FERNANDES et al., 1993), na cidade de vora (TEICHNER, 1994: 336-358), na Cidade das Rosas, Serpa (RETUERCE VELASCO, 1986: 85-92), no castelo de Juromenha (CORREIA et al., 1992: 82-83), no castelo de Noudar, Barrancos (REGO, 1994: fig. 6), no castelo de Moura (MACIAS, 1993: 130, fig. 5), no

Lago (Loul), no Vale do Bto (Castro Marim), e em alguns dos stios que prospectei na Serra algarvia, por exemplo no Cerro da Horta do Brejo, nas Alcarias de Marim, no stio do Gatacho e nos Alcariais de Monte Argil. Os ataifores de superfcies meladas com decorao a xido de mangans tm bordos muito variados: adelgaantes, boleados direitos ou com inflexo externa, espessados externamente, de perfil semicircular e triangular, ou, ainda, com leve aba exvertida. O corpo apresenta paredes curvo-convexas, mais ou menos acentuadas, por vezes tambm com ressalto na ligao com a base. O fundo possui um p anelar de seco rectangular ou quase trapezoidal. Os temas decorativos mais comuns so as flores de ltus, os crculos secantes, os simples traos geomtricos e, num nico exemplar, inscrio epigrfica (Est. II. 13). Os fabricos, de boa qualidade, caracterizam-se por pastas compactas, rosadas e alaranjadas. Encontram-se em numerosos stios, mesmo em recolhas de superfcie, sendo, por isso, impossvel indicar todos os locais onde se registaram. Apontam-se apenas alguns em territrio nacional: Mr tola, integradas no sculo XI(TORRES, 1987: 39; TORRES et al., 1991: 506, nos 016 a 021); Alcaria Longa, Mrtola (BOONE, 1992: 59, 5E, 5F, 5G); castelo de Juromenha (CORREIA et al., 1992: 82-83); Cidade das Rosas, Serpa (RETUERCE VELASCO, 1986: 85-87, fig. 2e-f; 88, fig. 3.e-f); Cerro da

Vila, Vilamoura, com tpica decorao dos sculos X/XI, onde domina a flor e o bolbo de ltus (MATOS, 1991a: fig. 2, 5 e 7; 1991b: 451, n 00450078); castelo de Silves, sobretudo a partir da camada 4, datada dos reinos de taifas (GOMES,1988: 206).

Castro de Nossa Senhora da Cola, Ourique(VIANA, 1959:3-48, 1960: 138-231), no stio de Mesas do Castelinho, Almodvar (GUERRA et al., 1993: 98), nas camadas 8 e 5 de Silves (GOMES, 1988: 181-202), no Cerro da Vila, Vilamoura, Loul (MATOS, 1983: 375-390; 1986: 149-154), na Quinta do

A srie redoma est representada em escassos fragmentos, normalmente com superfcies vidradas. Alguns exemplares exumados nas camadas da 1 fase podem, porm, incluir-se neste grupo, embora no sejam vidrados: um fragmento de bordo trilobado (Est. I. 16), de perfil boleado, acentuadamente esvasado, com arranque de asa sobrelevada; outro, a que falta o bordo (Est. I. 7), tem colo alto, cilndrico e estreito, com ressalto em moldura a meio, corpo globular e fundo plano. Uma nica asa, de

116

seco romboidal, incompleta, provavelmente sobreelevada, parte a meio do colo e termina no bojo. Aproximam-se da variante T16.3 de Gutierrez Lloret (1996: 109, fig. 38) e tm paralelos em peas com moldura no colo, normalmente vidradas, de Elvira, Granada (CANO PIEDRA, 1990, fig. 3), de Pechina, Almeria (ACIN ALMANSA et al., 1989: fig. 5.5 e 6; FLORES ESCOBOSA et al., 1993: 19), ocorrendo tambm no nvel I do forno de Bayyana, no vidradas, consideradas como precedentes das califais (CASTILLO GALDEANO et al., 1993: 92, lm. IX. 2, 93). Mas registaram-se tambm no nvel II do forno de Bayyana, com menor variedade de formas (ibid.: 110-111, lm. XIX.4). As de superfcie vidrada (Est. II. 22) ocorrem nas camadas da 2 fase e possuem colo cilndrico muito alto, estreito e com salincia em moldura a meio. O corpo pode ser esfrico ou globular. A asa sobreelevada, parte do colo e termina no bojo. As pastas so homogneas de cor alaranjada, e as superfcies, meladas claras e amareladas, tm decorao com traos a xido de mangans. Tm paralelos em peas dos sculos X/XI. So anlogas forma V16.1 de Gutierrez Lloret (1996: 128, fig. 53), ao tipo I de Azuar Ruiz (1986: 186), s redomas de Pechina (FLORES ESCOBOSA et al., 1993: 19), de Elvira (CANO PIEDRA, 1990: fig. 4, 1181 e 1182) e de Dnia (AZUAR RUZ, 1989: 247-248, fig. 139). Registam-se tambm em Mr tola (TORRES, 1987: 59-61) e em Moura (MACIAS, 1993: 132, fig. 8). A srie jarrito integra pequenas peas com nica asa e que podem ter, em alguns casos, um bico no bordo. Um grupo apresenta caneluras no colo (Est. I. 8; Est. II. 4), em fabricos grosseiros, com pastas granulosas de cor ocre acastanhado ou alaranjado. Recolheram-se sobretudo nas camadas mais antigas e so idnticos forma M20.1 de Gutierrez Lloret, proveniente de El Zambo (GUTIERREZ LLORET, 1988: 88, Z9; 1996: 91). Tm tambm paralelos em Conimbriga (ALARCO, 1975: pl. XLIII, n 830) e em Mesas do Castelinho, Almodvar (FABIO et al., 1991: 317, fig.6. 1 e 2).

Outros, de colo alto cilndrico, tm corpo troncocnico invertido, com caneluras (Est. II. 3). Possuem pastas e superfcies homogneas, mas friveis, de cor creme esbranquiada ou amarelada. Tm paralelos nos jarritos do sudeste espanhol, datados a partir do sculo IX, iguais aos de El Zambo (GUTIERREZ LLORET, 1988: 89, Z12, Z13, Z15), integrados na forma T20.2 (ibid., 1996: 114, fig. 42). Encontram-se tambm em Niebla, datados dos sculos X/XI (OLMO ENCISO, 1986: 137, fig. 1. e-f, fig. 2. b-c) , em Vascos (IZQUIERDO BENITO, 1996: 160, fig. 2. 1), no forno de San Nicolas (NAVARRO PALAZN, 1990: fig. 7. 22) e na rea urbana de Mrcia (ibid., 1986: 155, n 333), um dos exemplares decorado com pintura de tom avermelhado (ibid.: n 332). Dois fragmentos de bojo, exumados nas camadas da 1 fase, tm superfcies vidradas: um, do Castelo Velho de Alcoutim (Est. I. 11), apresenta vidrado transparente na superfcie externa, sobre engobe amarelado, e esverdeado no interior; o segundo, do Castelo das Relquias, tem as duas superfcies vidradas a verde (Est. I. 10). Correspondem a fabricos de boa qualidade, de pasta esbranquiada ou creme acinzentada, e tm decorao, com incises sobre caneluras salientes ou sobre finas aplicaes plsticas. Devem ter pertencido a formas da srie 23 definida por Gutierrez Lloret, nas variantes V23.1.1 e V23.1.2, da segunda metade do sculo IX (GUTIERREZ LLORET, 1996: 123-124, fig. 56). Registaram-se no Mosteiro de Melque (CABALLERO ZOREDA et al., 1980: 118 e 120, fig. 27 n 181), em Vascos (IZQUIERDO BENITO, 1979: 344, 1983: 368), em Calatalifa (RETUERCE VELASCO, 1984: 122, fig. 4. c e fig. 10), em El Castillon (MOTOS GUIRAO, 1986: 397 e 404, fig. 6. 3), em Pechina (FLORES ESCOBOSA et al., 1993: 87), nas produes de Bayyana, nos nveis inferiores ao perodo califal (ACINALMANSA et al., 1989: 129, fig. 3, 2 e 14; CASTILLO GALDEANO et al., 1987: 546, lm. 1.4), em Bezmiliana e na Plaza de la Marina (ACIN ALMANSA et al., 1989: 128, 131,129 - fig. 3. 2 e 14, IGUEZ et al., 1993, 3, lm. 6), no cemitrio de San Nicolas (Mrcia),

datados dos sculos X/XI, com decorao incisa sobre caneluras horizontais e superfcies vidradas e no vidradas (NAVARRO PALAZN,

117

1986: 157, n 339; 158, n 340 e 341), assim como em Ceuta (FERNNDEZ SOTELO, 1988, 126, fig. 26.c).

2.3. Recipientes de armazenamento e consumo Indicam-se, entre os recipientes de armazenamento e consumo, os grandes cntaros (jarras) e formas idnticas, de menores dimenses -bilhas, cantarinhas ou infusas- que serviam para guardar gua e a levar mesa. Seguem-se as grandes talhas (tinajas) e os pequenos potes (orzas). A srie jarra (cntaro) caracteriza-se por bordos com inflexo externa e lbios arredondados. Os colos so altos, o corpo ovide e o fundo plano. As duas asas, verticais, partem do colo e terminam na parte alta do bojo (Est. II. 20). As pastas so porosas, de tonalidade ocre alaranjada. Podem apresentar decorao incisa no ombro, com linhas onduladas ou, ainda, traos de pintura, normalmente a branco, que se encontra sobretudo nas asas e/ou no ombro. Este tipo de recipientes muito comum, com variantes prprias a cada regio, como pode observar-se no mapa de distribuio apresentado por Bazzana (1979: 152). Os exemplares at agora identificados podem atribuir-se ao perodo califal e dos reinos de taifa, umas vezes com decorao incisa no ombro, outras com traos de pintura a branco. Contudo, peas com perfil idntico exumaram-se em Fresnada de Cuellar (Segvia), entre as cermicas ps-711 (CABALLERO ZOREDA, 1989: 85, fig. 7), na camada 8 de Silves, atribuda ao sculo VIII (GOMES, 1988: 193) e no Cerro da Vila, Vilamoura (MATOS, 1991: 448, n 0055). Tm perfil igual a produes do forno de San Nicolas, Mrcia (NAVARRO PALAZN, 1990: fig. 8. 24) e a peas vidradas e decoradas a verde e mangans, includas na srie V11.1 de Gutierrez Lloret (1996: 126, fig. 51), como acontece em cntaros de Medina Azahara. Entre as de menores dimenses (bilhas ou cantarinhas) destaca-se um grupo, de pastas homogneas, mas bastante friveis, de cor branca ou creme rosada, e superfcies alisadas de cor esbranquiada (Est. II. 15), que podem apresentar decorao a xido de ferro (Est. I. 15). Possuem duas asas de seco oval; os bordos tm inflexo externa, de lbio oblquo; os colos

Na srie jarrita incluem-se dois grupos. O primeiro caracteriza-se por ter corpo globular baixo (Est. I. 9) e estrangulamento junto do fundo plano ou por ter corpo quase bitroncocnico (Est. II. 7), tambm com fundo plano. As duas asas par tem do colo, logo abaixo do bordo, e terminam quase na base da pea. Tm pastas homogneas, de cor alaranjada ou castanha avermelhada, e superfcies alisadas, de cor alaranjada. Podem apresentar restos de decorao pintada a branco. As peas com carena baixa tm paralelos em alguns exemplares de Silves, recolhidos na camada 8 (GOMES, 1988: 195, n Q3/C8-33, Q3/C834), de Mesas do Castelinho (FABIO et al., 1991: 319, fig. 8. 3) e do Castelo de Palmela (FERNANDES et al., 1993: 49, n 110). Em Mrtola, associam-se a contextos califais (TORRES, 1987: 15, TORRES et al., 1996: fig. 10). So tambm idnticas a peas de Niebla, com pintura negra sobre pasta clara, datadas dos sculos X/XI (PREZ MACIAS et al.,1993: 59, fig. 10).

O segundo grupo integra as decoradas a corda seca parcial (Est. II. 8). O corpo pode ser globular ou globular achatado, e o fundo plano ou com p anelar pouco diferenciado. As pastas so muito homogneas, de tonalidades creme amareladas ou esbranquiadas. As superfcies, alisadas e com engobe da cor da pasta, caracterizam-se pela decorao a corda seca parcial que se desenvolve no colo e/ou a meio do bojo. Tm paralelos em jarritas da Marca Superior, datadas de finais do sculo X e da primeira metade do sculo XI (ESCO et al, 1988: 89, n 51; 90, n 52; 97, n 59), em exemplares recolhidos na rea urbana de Mrcia, datados dos sculos XI/XII (NAVARRO PALAZN, 1986: 154, n 330, 240241) e abundam entre as cermicas de Mlaga (PUERTAS TRICAS, 1989) e de Almeria, onde o exemplar M precisamente igual ao recolhido no Castelo das Relquias (DOMNGEZ BEDMAR et al., 1987: 570-571). Encontram-se entre as produes de Bayyana (Pechina), no nvel II do forno (CASTILLO GALDEANO et al., 1993: 109, lm.XVIII. 7).

118

so alongados, em ligao directa com o corpo, de perfil ovide, que pode apresentar caneluras irregulares na parte inferior (Est. II. 15). Peas semelhantes recolheram-se na alcova de Mrtola, em contextos dos sculos X/XI (KHAWLI,1993: 72, 9 e 10).

entre outros stios, no mosteiro de Melque(CABALLERO ZOREDA, 1980: 99, fig. 17. 66). Ocorrem

Um segundo grupo caracteriza-se por fabricos de boa qualidade, com pastas bem depuradas, de cor creme amarelada ou esbranquiada. Uma, incompleta, foi recolhida na latrina do Castelo das Relquias (Est. II. 21) e apresenta decorao a verde e mangans, com restos de vidrado transparente, sobre engobe, na superfcie externa; outra, tambm incompleta, do Castelo Velho de Alcoutim (Est. II. 16), tem corpo globular com caneluras e decorao em corda seca parcial. Possui uma asa sobrelevada, que parte do colo e termina a meio do bojo. Ocorrem em contextos dos sculos X/XI e a segunda tem paralelos entre as cermicas califais de Elvira, Granada (LLUBI, 1973: 39, n 18) e de Almeria (FLORES ESCOBOSA et al., 1993: 20) Os fragmentos das sries tinaja (Est. I. 17) e orza (Est. I. 12, 13 e 14) pertencem a fabricos grosseiros, locais ou regionais, com pastas pouco compactas, granulosas e de tonalidades pardas ou ocre acastanhadas, raramente alaranjadas. Exumaram-se principalmente nas camadas da 1 fase e, na maior parte dos casos, o bordo tem um sulco interno (Est. I. 12 ). A maior parte dos fragmentos apresenta decorao, com aplicao de cordo plstico digitado ou ungulado, no bordo (Est. I. 13), no colo (Est. I. 14) ou no ombro (Est. I. 17). As grandes tinajas (talhas) aproximam-se da srie M10.2 de Gutierrez Lloret, com cronologias de finais do sculo IX e da primeira metade do sculo X (GUTIERREZ LLORET, 1996: 8889, FIG. 23), das de Pechina (ACIN ALMANSA et al., 1989: 133, fig. 6.7, ibid., 1990: 163, fig. 7) e das produes de Bayyana (CASTILLO GALDEANO et al., 1993: 114, lm. XXI). Esto tambm presentes em Jan (SALVATIERRA CUENCA et al., 1993: 255, fig. 7), em El Castilln (MOTOS GUIRAO, 1991: 55-59, 62, fig. 13; 1993: 223), em El Maraute (GMEZ BECERA, 1993: 187, fig. 3) e em Aroche (FERNNDEZ GABALDN, 1990: 364-365, 368-369). Os paralelos para a srie orza (pote) podem encontrar-se,

com frequncia entre os achados de superfcie, nos povoados de altura da Serra algarvia, e so do mesmo tipo de exemplares da Cidade das Rosas, Serpa (RETUERCE VELASCO, 1986: 89, fig. 4.E), do Montinho das Laranjeiras, Alcoutim (COUTINHO, 1993: E15-03) e do Castelo dos Mouros, Sintra (COELHO, 1996: Est. IV 1-2). 2.4. Outros recipientes Distinguem-se, ainda, as sries alcadafe (alguidar), tapadera (tampa), candil (candeia) e arcaduz (alcatruz). Em escassos fragmentos, registaram-se, nas camadas mais antigas, pequenos alguidares ou bacias, que se caracterizam por apresentar um bordo em aba plana ou oblqua, com leve espessamento interno e perfil externo rectangular, com lbio desenvolvido (Est. I. 18). Este levemente convexo e tem, normalmente, uma decorao incisa, com traos em ondulado ou em ziguezague. O fabrico manual/torno baixo, as pastas grosseiras e bastas, ocre acastanhadas ou acinzentadas. Tm paralelos em Conimbriga, nos nveis de destruio (ALARCO, pl. XXXI, 649A, pl. XXXII, 658); em Cancho del Confessionario, Madrid, em contextos dos sculos V/VII (CABALLERO ZOREDA, 1989: fig. 1.13); no povoado de altura de Cabeza de Navasangil (vila), tambm com decorao incisa ondulada no bordo (LARRN IZQUIERDO. 1989: 64, fig. 6.124). Mas surgem tambm entre as cermicas dos sculos VII a X de Villajimena, Palencia (BOHIGAS ROLDN et al.,1989: 38, fig. 2. 11).

O conjunto mais representativo pertence a alguidares com bordos desenvolvidos e espessados externamente (Est. II. 14), com perfil oblquo semicircular ou com tendncia triangular. As pastas so pouco homogneas, de cor castanha, avermelhada ou alaranjada, em certos casos com ncleo cinzento. As superfcies so alisadas ou engobadas e brunidas. Pertencem ao tipo clssico, com bordo em aba boleada ou triangular, como a variante A da

119

srie 9 de Rossell-Bordoy (1987: 60-61, fig. 13). Tm abundantes paralelos, desde o perodo tardo-romano, como em Conimbriga (ALARCO, 1975: pl. XXXI, 656, 656A). Manteve-se, com poucas alteraes formais, durante todo o perodo islmico. Alguns, com engobe de cor castanho avermelhado de almagre e espatulado interno, tm paralelos em ambientes geogrficos e cronolgicos muito prximos de Alcoutim, na provncia de Huelva, no Castelo da Cerca Alta, Cerro do Andvalo, e no Cerro del Castillejito, Monaster la Real (PREZ MACAS et al., 1988: 334). A maioria das tampas (Est. II. 19) aproximase da variante 8A definida por Rossell. Nos nveis da 1 fase de ocupao encontraram-se, porm, exemplares de fabrico manual, com disco plano e asa grosseira, de seco circular (Est. I. 19). Outras, quer nos nveis da 1 fase, quer nos da 2, podem possuir ressaltos na parte superior do disco (Est. I. 20) ou ter bordo elevado, com aplicao plstica digitada (Est. II. 18). As planas, em disco, integram-se nas sries M30.1.1, M30.1.2 e M30.2 de Gutierrez Lloret, nomeadamente em Begastri, tambm com decoraes impressas e incisas (GUTIERREZ LLORET, 1994: 148 e 149, fig. 3), na Alcudia de Elche (ibid., 1988:59-60), em El Zambo (ibid., 1988: 88) e na Rbita de Dunas de Guardamar (AZUAR RUZ et al., 1989: 114). Registam-se tambm em Vascos, (IZQUIERDO BENITO, 1986: 120, fig. 7. 4), em Alcal la Vieja (ZOZAYA, 1985: 448 e 452, fig. 26.a), em Pechina (ACIN ALMANSA et al., 1989: 126, fig. 1.3, 128), em Almeria (DOMNGUEZ BEDMAR et al., 1987, lm. I e II) e em El Castillon (MOTOS GUIRAO, 1991, fig. 14. 1-14). Aproximam-se de exemplares de Conimbriga, com decorao incisa na parte superior do disco (ALARCO, 1975: pl. XIX. 381, pl. LII. 925), aplicaes plsticas (ibid.: pl. LII. 922A), caneluras ou molduras salientes (ibid.: pl. LII. 923) e bordos sobrelevados (ibid.: pl. LI. 987). As candeias (srie candil) apresentam pouca diversidade morfolgica distinguindo-se, porm, um fragmento de bico curto, em superfcies no vidradas, recolhido no nvel 5 do Castelo Velho de Alcoutim (Est. I. 21). Os outros exemplares (Est. II. 17), da 2 fase de ocupao, podem apresentar superfcies vidradas de cor melada, com decorao a xido de mangans,

ou, com mais frequncia, superfcies engobadas e decorao a corda seca parcial. O fragmento de bico aproxima-se da srie T33.3.2 de Gutierrez Lloret, fabricada a partir dos sculos VIII/IX at ao sculo X (GUTIERREZ LLORET, 1996: 124, FIG. 50), semelhante a exemplares de El Castillon (MOROS GUIRAO, 1991: 49, fig. 16) e a um exumado na camada 8 de Silves, (GOMES, 1988: 186, Q3/C8-11). Os outros so abundantes em contextos califais e dos reinos de taifa. At ao momento, apenas se recolheu parte de um alcatruz, recolhido no nvel 3 do Castelo Velho de Alcoutim (Est. II. 23). Possui fundo plano, estreito e irregular; corpo levemente troncocnico, quase tubular, com um sulco a meio para a ligao ao engenho hidrulico; pasta de boa qualidade e superfcies alisadas, de cor alaranjada. Encontra paralelos, por exemplo, nas produes de Bayyana, de finais do perodo emiral e incios do califado (CASTILLO GALDEANO,1993: 113, lam. XXII, 1 a 5).

3. CONCLUSES As cermicas que se apresentaram podem dividir-se, quanto aos tipos de fabrico, em peas produzidas a torno baixo de rotao descontnua (torneta) e fabricadas a torno alto de rotao regular. As primeiras ocorrem sobretudo nas camadas mais antigas, em 29% no Castelo Velho de Alcoutim e 24% no Castelo das Relquias. Caracterizam-se por frabricos locais e regionais, de pastas grosseiras, de tons ocre acastanhado e alaranjado, em argilas pouco depuradas, com abundantes desengordurantes vegetais e minerais, de gros mdios e grossos, com areias de ribeira, xisto e quartzo triturados. As superfcies so alisadas, podem possuir engobe da cor da pasta ou em almagre, no interior de formas abertas; decoraes incisas ou, ainda, aplicao de cordes plsticos digitados, nas partes mais dbeis das formas fechadas, nomeadamente junto do bordo, no colo ou nas paredes do corpo das talhas e potes. Os recipientes produzidos a torno alto, de rotao regular, dominam nos nveis da 2 fase de ocupao, em 76% no Castelo das Relquias e 71% no Castelo Velho de Alcoutim. Corres-

120

pondem a fabricos com argilas depuradas, de textura habitualmente compacta ou ligeiramente granulosa, com abundantes e variados desengordurantes, predominando os de gros finos e mdios, com pastas e superfcies cinzentas, castanhas, alaranjadas ou avermelhadas. Para alm do simples alisamento, algumas formas abertas levaram engobe, da cor da pasta ou em almagre, e brunido na superfcie interna; outras, como os cntaros e os pucarinhos/pucarinhas, levaram simples aguada da cor da pasta, sobre a qual se aplicava decorao, com traos e meandros de pintura. Um conjunto, recolhido nos nveis da 1 fase, pertence seguramente a importaes, possivelmente do Sul da actual Andaluzia, com pastas depuradas, mas de textura porosa ou frivel, que se desagrega facilmente em contacto com as mos, e tm abundantes desengordurantes minerais, de gros muito finos, pouco visveis a olho nu. A cor da pasta varia entre o branco acinzentado, creme amarelado, verdoso e rosado. Associam-se a produes com superfcies caneladas ou pintadas, normalmente com xido de ferro, assim como a fragmentos com superfcies vidradas monocromas de cor verde ou castanho chocolate, sobre decorao incisa, possveis produes de Pechina. Exclusivas dos nveis da 2 fase so as peas decoradas a verde e mangans e a corda seca parcial. Pertencem a fabricos de boa qualidade, com pastas cremes, esbranquiadas, rosadas e acinzentadas claras. Os vidrados podem ser transparentes, sobre engobe branco ou amarelado; translcidos, de tons amarelo limo ou esverdeado, tambm sobre engobe; opacos e brilhantes, sobretudo melados, com diversas tonalidades, desde melado claro, quase amarelo e melado vivo, sobretudo nas que apresentam simples decorao com traos de mangans. Aparentemente, as peas mais tardias, j plenamente dos reinos de taifa ou de finais deste perodo, na transio para poca almorvida, sero o fragmento de jarra de filtro com

decorao a corda seca parcial e o ataifor de vidrado melado e decorao epigrfica. Pelas evidncias arqueolgicas, torna-se seguro afirmar que estes castelos foram edificados no perodo emiral, possivelmente no reinado de Abd al-Rahmam II (822-852) ou, mais provavelmente, no de Muhammad I (852-886), hiptese j formulada por Soler e Zozaya (1989: 267-268) em relao ao Castelo das Relquias. De facto, se pensarmos que, no sculo IX, Abd al-Rahman II manda que se fortifiquem as costas, se constri o ribat de Almeria e, no emirato de Muhammad I, se verificou uma intensa actividade de construo defensiva -os rubut, j indicados, por exemplo, por Juan Souto (1994: 351-360) e por Carmen Martnez Salvador (1994: 361-370)- devemos compreender que a ampla costa do Garbe devia ter possudo vrias fortificaes costeiras, algumas com finalidade de ribat. Concretamente no Algarve, possvel que a partir de meados e finais do sculo IX, para alm de reconstrues nos amuralhados urbanos se fundassem novas povoaes, na defesa do litoral, como ser o caso, por exemplo, de Cacela (Qastalla) e da alcaria de Tavira (Talabira), citada, mais tarde, por Edrici. a partir da segunda metade do sculo que comeam a construir-se outros pequenos castelos, designados genericamente por hisn (pl. husum), nos quais se inclui, na defesa do Guadiana, o Castelo Velho de Alcoutim. Esta fortaleza omada, centro de um territrio rural e mineiro do iqlim de Cacela, deve ter sido, de incio, um simples fortim ou possvel ribat 2 que controlava a via fluvial do Guadiana, precisamente a meio do percurso entre a cidade de Mrtola e o litoral. No primeiro perodo de ocupao dos dois husum do Alto Algarve Oriental devem ter-se construido as muralhas, cisterna e edifcios identificados com os estratos arqueolgicos da 1 fase, que se encontram afastados das muralhas deixando um estreito adarve, bem visvel

2 Podemos pensar, ainda que com reservas, que primeira funo do Castelo Velho de Alcoutim seria a de ribate, se tivermos em ateno que, embora afastado do litoral, tem localizao estratgica sobre o rio. Acrescente-se o facto de, em 859, os Normandos, depois de atacarem as costas de Ossnoba, terem subido o Guadiana para provocar razias na kura de Beja.

121

principalmente no Castelo Velho de Alcoutim (Est. IV. 1), fortificao com planta semelhante a Almizert, embora no apresente torres semicirculares como no fortim valenciano (BAZZANA,1990: 87-108).

no, descendo para as encostas voltadas, respectivamente, para o Guadiana e para a ribeira do Vasco. Esto aproximadamente a 22 km de distncia e dominavam espaos regionais com um territrio que abarcaria, teoricamente, um raio circundante mximo de cerca de 10 a 11 km. Em torno destes castelos se foi organizando o povoamento rural, aproveitando os recursos de que dispunham: reas de terrenos agrcolas, propcias fundamentalmente para pequenas hortas situadas, no caso do Castelo Velho de Alcoutim, junto do rio Guadiana e da ribeira de Cadavais, e no Castelo das Relquias em boas rechs da ribeira do Vasco; reas de matos propcios criao de gado e explorao de madeira; zonas de minerao, sobretudo na rea envolvente ao Castelo Velho de Alcoutim e na zona de Loto e Laborato, prximo do Castelo das Relquias.

Numa segunda fase, possivelmente a partir de meados do sculo X, verificam-se reestruturaes, com edifcios adossados ao interior das muralhas (Est. IV. 1) e, no Castelo Velho de Alcoutim, remodelou-se, possivelmente j no sculo XI, a porta principal (com pequeno trio interno, onde se recolheram vrias dezenas de pontas de lana e de besta), que passa a estar protegida por um torreo em L, adossado muralha voltada para o Guadiana. Ainda durante os finais do perodo califal ou, mais seguramente, no perodo dos reinos de taifas, acaba por se construir um grande edifcio central, onde anteriormente teria existido um ptio. Esta reestruturao do espao ter-se- mantido durante os reinos de taifas para, depois, ser novamente objecto de destruies e consequente abandono, em momento ainda impreciso, o mais tardar durante os finais deste perodo ou nos incios da ocupao almorvida, visto estarem completamente ausentes as cermicas caractersticas dos sculos XII/XIII. Do ponto de vista do territrio, podemos concluir que, para alm do ncleo urbano de Cacela (hisn Qastalla), implantado no litoral e referido nas fontes rabes, existiam outros husun omadas no Algarve Oriental, situados nas proximidades de reas mineiras, na Serra: o Castelo Velho de Alcoutim (Est. III. 1), sobranceiro principal via fluvial que foi o Guadiana; e o Castelo das Relquias (Est. III. 2), junto a um caminho que atravessava a ribeira do Vasco em direco a Via Glria e Mrtola. Foram construdos em pedra seca argamassada com terra, no cimo de serros bem diferenciados na paisagem, e apresentam planta poligonal regular, com torres quadrangulares adossadas s muralhas. O Castelo Velho de Alcoutim (Fig. 1, Est. III.1) tem um reduto superior com 32 m por 22 m de lado e o Castelo das Relquias (Fig. 2, Est. III.2) apresenta 40 m por 34/35 m de lado. Uma segunda cintura de muralhas, com traado igualmente rectilneo, envolve as fortificaes superiores e protege um pequeno ncleo urba-

BIBLIOGRAFAACIN ALMANSA, Manuel (1986): Cermica a torno lento en Bezmiliana. Cronologa, tipos y difusion, I C.A.M.E., vol. IV (Huesca, 1985), Diputacin General de Aragn, Departamento de Cultura y Educacin, Zaragoza, pp. 243-267. (1993): La cultura material de poca emiral en el Sur de Al-Andalus. Nuevas perspectivas, La cermica altomedieval en el Sur de al-Andalus, Primer Encuentro de Arqueologa y Patrimonio, Granada, pp. 153-172. ACIN ALMANSA, Manuel e MARTNEZ MADRID, Rafael (1989): Cermica islmica arcaica del Sureste de AlAndalus, B.A.M., n 3, Asociacin Espaola de Arqueologa Medieval, Madrid, pp. 123-135. ACIN ALMANSA, Manuel, CASTILLO GALDEANO, Francisco e MARTNEZ MADRID, Rafael (1990): Excavacin de un barrio artesanal de Bayyana (Pechina, Almera), Archologie Islamique, vol. 1, Maisonneuve & Larose, Paris, pp. 147-168. ACIN ALMANSA, Manuel, CASTILLO GALDEANO, Francisco et al. (1995): Evolucin de los tipos cermicos en el S.E. de Al-Andalus. V C.C.M.M.O., (Rabat, 1991), I.N.S.A.P., Rabat, pp. 125-139. ALARCO, J. de (1975): La cramique commune locale et rgionale, Fouilles de Conimbriga, V, Diffusion E. de Boccard, Paris.

122

ALVARZ DELGADO, Yasmina (1987): Cermicas comunes con y sin decoracin, siglo IX. Ercvica (Cuenca), II C.A.M.E., vol. II, Madrid, pp. 403-412. (1989): Cermicas del siglo IX de Arcvica (Cuenca). B.A.M., n 3; Asociacin Espaola de Arqueologa Medieval, Madrid, pp. 109-121. AZUAR RUIZ, Rafael (1986): Apunte para un ensayo de evolucin crono-tipolgica de la redoma hispanomusulmana, II C.C.M.M.O, Ministerio de Cultura, Madrid, pp. 185-187. (1989): Denia islamica. Arqueologa y poblamiento. Instituto de Cultura Juan Gil - Albert, Alicante. AZUAR RUIZ, Rafael et al. (1989): La rbita de las Dunas de Guardamar (Alicante). Diputacin Provincial de Alicante, Museo Arqueolgico, Alicante. BAZZANA, Andr (1979): Cramiques mdivales: les mthodes de la description analytique appliquees aux productions de lEspagne orientale, M.C.V., vol. XV, Paris, pp. 135-185. (1980): Cramiques mdivales: les mthodes de la description analytique appliques aux production de lEspagne orientale: II. Les poteries dcores. Cronologie des productions mdivales, M.C.V., vol. XVI, Paris, pp. 57-95. (1990): Un fortin omeyyade dans le Shark Al-Andalus, Archologie Islamique, vol 1; Maisonneuve & Larose, Paris, pp. 87-108. BOHIGAS ROLDN, Ramn e RUZ GUTIRREZ, Alicia (1989): Cermicas visigodas de poblado en Cantabria y Palencia, B.A.M., n 3; Asociacin Espaola de Arqueologa Medieval, Madrid, pp. 31-51. BOONE, James (1992): The first two seasons of excavations at Alcaria Longa: a caliphal - taifal period rural settlement in the Lower Alentejo of Portugal, Arqueologia Medieval, 1, Campo Arqueolgico de Mrtola, ed. Afrontamento, Porto, pp. 51-64. CABALLERO ZOREDA, Luis (1980): La iglesia y el monasterio visigodo de Santa Maria de Melque (Toledo). Arqueologa y arquitectura. San Pedro de la Mata (Toledo) y Santa Comba de Bande (Orense). E.A.E., n 109, Ministerio de Cultura, Madrid. (1989) Cermicas de poca visigoda y postvisigoda de las provincias de Cceres, Madrid y Segovia, B.A.M., n 3, Asociacin Espaola de Arqueologa Medieval, Madrid, pp. 75-107. CANO PIEDRA, Carlos (1990): Estudio sistemtico de la cermica de Madinat Ilbira, Cuadernos de la Alhambra, n 26, Granada, pp. 25-68. (1993): La cermica de Madinat Ilbira, La cermica altomedieval en el Sur de Al-Andalus, Primer Encuentro de Arqueologa y Patrimonio, Granada, pp. 273-283.

CASTILLO ARMENTEROS, J. C. (1996): La cermica emiral de la campia de Jaen, Arqueologa y Territrio Medieval, 3, Universidad de Jaen, pp. 191-220. CASTILLO GALDEANO, F., MARTNEZ MADRID, R. e ACIN ALMANSA, M. (1987): Urbanismo y industria en Bayyana (Pechina, Almera), II C.A.M.E., vol. II, Madrid, pp. 538-548. CASTILLO GALDEANO, F. e MARTNEZ MADRID, R. (1993): Producciones cermicas en Bayyana, La cermica altomedieval en el Sur de Al-Andalus, Primer Encuentro de Arqueologa y Patrimonio, Granada, pp. 67-116. CATARINO, Helena (1988): Para o estudo da ocupao muulmana no Algarve Oriental. Provas de Capacidade Cientfica, Coimbra (policopiada). (1989): Os sistemas defensivos muulmanos do Algarve Oriental e o Castelo Velho de Alcoutim, III C.A.M.E., vol. II, Universidad de Oviedo, Oviedo, pp. 296-305. (1994): Arqueologia Medieval no Algarve Oriental. Os castelos de Alcoutim, Arqueologa en el Entorno del Bajo Guadiana, Universidade de Huelva, Huelva, pp. 657-671. C.E.V.P.P. (1991): Ceramicas de epoca visigoda en la Peninsula Iberica. Precedentes y perduraciones, IV C.C.M.M.O., (Lisboa, 1987), ed. Campo Arqueolgico de Mrtola, pp. 49-67. COELHO, Catarina (no prelo): A ocupao islmica do Castelo dos Mouros (Sintra)- interpretao comparada, 2 Congresso de Arqueologa Peninsular, (Zamora, Setembro de 1996). CORREIA, Fernando Branco PICARD, Christophe (1992): Interveno arqueolgica no Castelo de Jurumenha - primeiros resultados, Arqueologia Medieval, 1, Campo Arqueolgico de Mrtola, ed. Afrontamento, Porto, pp. 71-89. COUTINHO, Helder M. R. (1993): Cermica muulmana do Montinho das Laranjeiras, Arqueologia Medieval, 2, Campo Arqueolgico de Mrtola, ed. Afrontamento, Porto, pp. 39-54. DOMINGUEZ BEDMAR, Manuel (1987): Madinat AlMaryya. El estudio preliminar de las cermicas aparecidas en sus atarazanas, II C.A.M.E., vol. II, Madrid, pp. 567-577. ESCO, Carlos et al. (1988): Arqueologa islmica en la Marca Superior de Al-Andalus. Diputacin Provincial de Huesca, Zaragoza. FABIO, Carlos GUERRA, Amlcar (1991): O povoado fortificado de Mesas do Castelinho, Almodvar, Actas das IV Jornadas Arqueolgicas, (Lisboa 1990), A.A.P., Lisboa, pp. 305-319. FERNANDES, C. CARVALHO, R. (1993): Arqueologia em Palmela. 1988/92. Catlogo da Exposio, Cmara Municipal de Palmela.

123

FERNNDEZ GABALDN, Susana (1990): Primeros datos arqueologicos acerca del Aroche hispanomusulman (Aroche, Huelva). Estudio de los materiales ceramicos recogidos en superficie, Huelva Arqueolgica, XII; Diputacin Provincial de Huelva, Huelva, pp. 309-377. FERNNDEZ SOTELO, Emilio (1988): Ceuta medieval. Aportacin al estudio de las cermicas (S. X-XV). 3 vols, Trabajos del Museo Municipal, Ceuta. FLORES ESCOBOSA, Isabel et al. (Coord de), (1993): Vivir en Al-Andalus. Exposicin de cermica (S. IX-XV). Instituto de Estudios Almerienses, Diputacin Provincial de Almeria/Almediterrnea, Granada. FUERTES SANTOS, M del Camino e GONZALEZ VIRSEDA, M. (1993): Avance al estudio tipolgico de la cermica medieval del yacimiento de Cercadilla, Crdoba. Materiales emirales, IV C.A.M.E., Sociedades en Transicin, vol. III, Alicante, pp. 771-778. (1994): Nuevos materiales cermicos emirales de Cercadilla (Crdoba): ensayo tipologico, A.A.C., vol. 5, Universidad de Crdoba, Crdoba, pp. 277-301. GALVE IZQUIERDO, Pilar (1988): Aproximacin al estudio de la cermica de epoca emiral en la ciudad de Zaragoza, Caesaraugusta, vol. 65, Zaragoza, pp. 235-261. GOMES, Rosa Varela (1988): Cermicas muulmanas do Castelo de Silves. Xelb, 1, Silves. GOMES, Rosa Varela e GOMES, Mrio Varela (1989): Dispositivos defensivos de Silves (Algarve, Portugal), III C.A.M.E., vol. II, Universidad de Oviedo, Oviedo, pp. 287295. GMEZ BECERRA, Antonio (1993): Cermica a torneta procedente de El Maraute (Motril). Una primera aproximacin a la cermica altomedieval de la costa granadina, La cermica altomedieval en el Sur de Al-Andalus, Primer Encuentro de Arqueologa y Patrimonio, Granada, pp. 173-191. GMEZ MARTNEZ, Susana (1993): Variantes tcnicas y formales de la cermica verde y morado de Mrtola (Portugal), IV C.A.M.E., Sociedades en transicin, vol. III, Alicante, pp. 779-786. (1994) La cermica verde y morado de Mrtola (Portugal), Arqueologia Medieval, 3, Campo Arqueolgico de Mrtola, ed. Afrontamento, Porto, pp. 113-132. GUERRA, Amlcar e FABIO, Carlos (1993): Uma fortificao omada em Mesas do Castelinho (Almodvar), Arqueologia Medieval, 2, Campo Arqueolgico de Mrtola, ed. Afrontamento, Porto, pp. 85-102. GUTIRREZ LLORET, Sonia (1988): Cermica comn paleoandalus del Sur de Alicante (siglos VII-X). Ed. de la Caja de Ahorros Provincial, Alicante.

(1994): La cermica tosca a mano de los niveles tardos de Begastri (siglos VI-VIII): avance preliminar, Antigedad y Cristianismo I. Begastri, Monografas Historicas sobre la Antigedad Tarda, Universidad de Murcia (2 ed.). (1996): La Cora de Tudmir de la Antigedad tarda al mundo islmico. Poblamiento y cultura material. Collection de la Casa de Velzquez, 57, Madrid-Alicante. IGUEZ SNCHEZ, M Carmen e MAYORGA, J. (1993): Un alfar emiral en Mlaga, La cermica altomedieval en el Sur de Al-Andalus, Primer Encuentro de Arqueologa y Patrimonio, Granada, pp. 117-138. IZQUIERDO BENITO, Ricardo (1979): Excavaciones en la ciudad hispano-musulmana de Vascos (Navalmoralejo, Toledo). Campaas 1975-1978, N.A.H., 7, Madrid, pp. 248-392. (1986): Tipologa de la cermica de Vascos, II C.C.M.M.O., ed. Ministerio de Cultura, Madrid, pp. 113-125. (1996): Unas teneras excavadas en la ciudad hispanomusulmana de Vascos (Toledo), Arqueologa y Territrio Medieval, 3, Universidad de Jaen, pp. 149-165. KHAWLI, Abdallah (1993): Introduo ao estudo das vasilhas de armazenamento de Mrtola islmica, Arqueologia Medieval, 2, Campo Arqueolgico de Mrtola, ed. Afrontamento, Porto, pp. 63-78. LARRN IZQUIERDO, Hortensia (1989): Materiales cermicos de la Cabeza: Navasangila (vila), B.A.M., n 3; Asociacin Espaola de Arqueologa Medieval, Madrid, pp. 53-74. LLUBI, Luis M. (1973): Cermica Medieval Espaola. Nueva Coleccin Labor, ed. Labor, Barcelona (2 ed.). MACIAS, Santiago (1991): Um conjunto cermico de Mrtola - Silos 4 e 5, IV C.C.M.M.O., (Lisboa, 1987), ed. Campo Arqueolgico de Mrtola, pp. 405-427. (1993): Moura na Baixa Idade Mdia: elementos para um estudo histrico e arqueolgico, Arqueologia Medieval, 2, Campo Arqueolgico de Mrtola, ed. Afrontamento, Porto, pp. 127- 157. MARTNEZ SALVADOR, Carmen (1994): Los rubut de al-Andalus: un ensayo de localizacin, Trabalhos de Antropologia e Etnologia, vol. 34 (3-4), Porto, pp. 361-370. MATOS, Jos Lus de (1983): Malgas rabes do Cerro da Vila, Arq. Port., vol. I, srie IV, Lisboa, pp. 375-389. (1991a): Influncias orientais na cermica muulmana do Sul de Portugal, Estudos Orientais II. O legado cultural de Judeus e Mouros, Instituto Oriental, Lisboa, pp. 75-83. (1991b): Cermica muulmana do Cerro da Vila, IV C.C.M.M.O., (Lisboa, 1987), ed. Campo Arqueolgico de Mrtola, pp. 429-456.

124

MOTOS GUIRAO, Encarnacin (1986): Cermica procedente del poblado de El Castilln (Montefro, Granada), I C.A.M.E., vol. IV, (Huesca, 1985), Diputacin General de Aragn, Departamento de Cultura y Educacin, Zaragoza, pp. 383-405. (1991): El poblado medieval de El Castilln (Montefro, Granada). Monografa Arte y Arqueologa, Universidad de Granada, Granada. NAVARRO PALAZN, Julio (1986): La cermica islmica en Murcia. Vol. I: Catalogo; Ayuntamiento de Murcia, Murcia. (1990): Los materiales islmicos del alfar antiguo de San Nicols de Murcia, Fours de potiers et testares mdivaux en Mditerrane Occidentale, Casa de Velsquez, Srie Archo-logie XIII, Madrid, pp. 29-43. OLMO ENCISO, Lauro (1986): Cermica comn de poca hispanomusulmana en Niebla, II C.C.M.M.O., ed. Ministerio de Cultura, Madrid, pp. 135-139. PREZ MACIAS, Juan Aurelio e BEDIA, Juana (1988): Avance al estudio de los recintos fortificados islmicos del Andvalo Onubense y su origen norteafricano, Congreso Internacional el Estrecho de Gibraltar, (Ceuta, 1987), tomo II, Madrid, pp. 333-343. (1993): Un lote de cermica islmica de Niebla, Arqueologa Medieval, 2, Campo Arqueolgico de Mrtola, ed. Afrontamento, Porto, pp. 55-62. PUERTAS TRICAS, Rafael (1986): Cermica islmica en verde y morado de la alcazaba de Mlaga, Cuadernos de la Alhambra, 21-22, Granada, pp. 31-65. (1989): La cermica islmica de cuerda seca en la alcazaba de Mlaga. Ayuntamiento de Mlaga, Mlaga. REGO, Miguel Luis Vieira (1994): Investigaes arqueolgicas no Castelo de Noudar, Arqueologa en el entorno del Bajo Guadiana, Universidad de Huelva, Huelva, pp. 37-53. RETUERCE VELASCO, Manuel (1984): La cermica islmica de Calatalifa. Apuntes sobre los grupos ceramicos de la Marca Media, Boletn del Museo Arqueolgico Nacional, vol. II, n 1, Madrid, pp. 117-136. (1986): Cermica islmica de la Cidade das Rosas Serpa (Portugal), II C.C.M.M.O., ed. Ministerio de Cultura, Madrid, pp. 85-92. RETUERCE, M. e ZOZAYA, J. (1986): Variantes geogrficas de la cermica omeya andalus: los temas decorativos, II C.C.M.M.O., (Siena/Faenza, 1984), Firenze, pp. 69-128. (1991): Variantes y constantes en la cermica andalus, IV C.C.M.M.O., (Lisboa, 1987), ed. Campo Arqueolgico de Mrtola, pp. 315-322.

ROSSELLO BORDOY, Guillermo (1978): Ensayo de sistematizacin de la cermica arabe en Mallorca. Palma de Mallorca. (1991): El nombre de las cosas en Al-Andalus: una propuesta de terminologa cermica. Palma de Mallorca. (1994): Arqueologa e informacin textual: el utillaje en la cocina andalus, La alimentacin en las culturas islmicas, Coleccin de Estudios Editados por Manuela Marn y David Waines, Agencia Espaola de Cooperacin Internacional, Madrid, pp. 37-87. SALVATIERRA CUENCA, Vicente e CASTILLO, J. C. (1993): Las cermicas precalifales de la Cora de Jan, La cermica altomedieval en el Sur de Al-Andalus, Primer Encuentro de Arqueologa y Patrimonio, Granada, pp. 239-258. SOLER, Alvaro e ZOZAYA, Juan (1989): Castillos omeyas de planta cuadrada: su relacin funcional, III C.A.M.E., Oviedo, pp. 265-274. SOUTO, Juan A. (1994): Obras construtivas en al-Andalus durante o emirato de Muhammad I segun el volumen II del Muqtabis de Ibn Hayyan, Trabalhos de Antropologia e Etnologia, vol. 34 (3-4), Porto, pp. 351-360. TEICHNER, Felix (1994): vora. Vorbericht ber die ausgrabungen am rmischen temple (1986-1992). Stratigraphische untersuchungen und aspekte der stradtgeschichte, Madrider Mitteilungen, 35, Madrid - Mainz, pp. 336-358. TORRES, Cludio (1987): Cermica islmica portuguesa. Campo Arqueolgico de Mrtola, Mrtola. TORRES, Cludio, PALMA, M. P. et al. (1991): Cermica islmica de Mrtola - propostas de cronologia e funcionalidade, IV C.C.M.M.O., (Lisboa, 1987), ed. Campo Arqueolgico de Mrtola, pp. 497-536. (1996): Tcnicas e utenslios de conservao dos alimentos na Mrtola islmica, Arqueologia Medieval, 4, Campo Arqueolgico de Mrtola, ed. Afrontamento, Porto, pp. 203-217. VALDS FERNANDES, Fernando (1985): La Alcazaba de Badajoz - I. Hallazgos islmicos (1977-1982) y testar de la Puerta del Pilar. Ministerio de Cultura, Madrid. VIANA, Abel (1959): Notas histricas, arqueolgicas e etnogrficas do Baixo Alentejo - 1. Castro de Nossa Senhora da Cola, A.B., vol. XVI, Beja, pp. 3-24. (1960): Notas histricas, arqueolgicas e etnogrficas do Baixo Alentejo, A.B., vol. XVII, Beja, pp. 138-231. ZOZAYA, Juan (1980a): Aperu general sur la cramique espagnole, I C.C.M.M.O., (Valbonne 1978), ed. CNRS, Paris, pp. 265-296.

125

(1980b): Essai de chronologie pour certains types de poteries califale andalouse, I C.C.M.M.O., (Valbonne 1978), ed. CNRS, Paris, pp. 311-315.

(1985): Excavaciones en la fortaleza de Qaat AbdAl-Salam (Alcal de Henares, Madrid), N.A.H., vol. 24, Ministerio de Cultura, Madrid, pp. 413-522.

Siglas e Abreviaturas

A.A.C. - Anales de Arqueologa Cordobesa. A.B. - Arquivo de Beja. A.E.A. - Archivo Espaol de Arqueologa. Madrid. Arq.Port. - O Arquelogo Portugus. Lisboa. B.A.M. - Boletn de Arqueologa Medieval. Madrid. C.A.M.E. - Congreso de Arqueologa Medieval Espaola. CCV - Coleccin de la Casa Velazquez. C.C.M.M.O. - Colquios de Cermica Medieval no Mediterrneo Ocidental. C.S.I.C. - Consejo Superior de Investigaciones Cientficas. E.A.E. - Excavaciones Arqueolgicas en Espaa. Madrid. I.N.S.A.P. - Institut National des Sciences de lArchologie et du Patrimoine. Rabat. M.C.V. - Mlanges de la Casa de Velazquez. Paris. N.A.H. - Noticiario Arqueolgico Hispnico. Madrid.

126

c 2 1

B

1 3

2

3 6

5 4 A

58.200 5 10 20m

Fig. 1. Planta topogrfica parcial do Castelo Velho de Alcoutim, com indicao das estruturas habitacionais da ltima fase de ocupao

127

160

170

GF

1

HL

12 13 14 15

K

1286 7 8

4

5

180

29 10 11 12 13

18

0

0

5

10

15

20

25m

Fig. 2. Planta topogrfica parcial do Castelo das Relquias, com indicao das estruturas habitacionais da sondagem 1 e dos tramos de muralhas da sondagem 2

Est. I. Cermicas recolhidas nos nveis da 1 fase de ocupao: Castelo Velho de Alcoutim (n 1, 2, 3, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 21) Castelo das Relquias (n 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 18, 19, 20)

129

Est. II. Cermicas recolhidas nos nveis da 2 fase de ocupao: Castelo Velho de Alcoutim (n 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 20, 23) Castelo das Relquias (n 8, 18, 19, 21, 22)

130

1

2 Est. III. 1. Cerro do Castelo Velho de Alcoutim visto de sudeste a partir de San Lcar del Guadiana 2. Cerro do Castelo das Relquias, visto de sul

131

1

2 Est. IV. 1. Pormenor das escavaes no Castelo Velho de Alcoutim, vendo-se estruturas habitacionais da 1 e da 2 fase de ocupao 2. Conjunto de cermicas omadas do Castelo Velho de Alcoutim e Castelo das Relquias

132