CIG-032 Alfredo Arantes Guimaraes

download CIG-032 Alfredo Arantes Guimaraes

of 15

Transcript of CIG-032 Alfredo Arantes Guimaraes

  • 8/6/2019 CIG-032 Alfredo Arantes Guimaraes

    1/15

    1

    A UTILIZAO DO SENSORIAMENTO REMOTO NA IDENTIFICAO DE STIOSCOM POTENCIAL AO DESENVOLVIMENTO DO ECOTURSMO

    Alfredo Arantes Guimares1

    Universidade Federal de Gois Campus Catalo - GO - Brasil

    [email protected]

    Joo Donizete Lima2

    Universidade Federal de Gois Campus Catalo - GO - [email protected]

    INTRODUO

    O Brasil, pas de dimenses continentais, possui uma infinidade de ambientes

    propcios ao aproveitamento econmico por meio das atividades tursticas, porm afalta de incentivo e investimento para a estruturao deste setor no interior do pas

    faz com que regies com considervel potencial turstico a ser aproveitado deixem

    de produzir divisas e gerar empregos atravs desta fatia do mercado. Mesmo em

    outras regies do Brasil, como o litoral, que recebe grandes divisas para a promoo

    do turismo, o investimento em tecnologia de apoio ao turista, muitas vezes ainda

    insipiente e no consegue atender demanda do turista.

    Atualmente notria a importncia do turismo como atividade econmicapara o desenvolvimento de uma determinada rea. Entretanto, para queesta atividade seja bem sucedida, uma srie de elementos deve ser levadaem considerao, como investimentos de infra-estrutura de transporte,hotelaria, restaurantes, eventos e a organizao da informao turstica.Esta ltima possui uma importncia primordial, podendo ser trabalhada emduas vertentes distintas: planejamento turstico, visando fornecer subsdiospara o desenvolvimento turstico de uma localidade e orientao de turistas,voltada diretamente para o turista em visita a um stio. Desta forma, oespao geogrfico de interesse turstico, sua estrutura, funcionalidade edinmica devem ser retratados atravs de documentos cartogrficos quevisem facilitar a tomada de decises por parte dos planejadores do turismoe do prprio turista. (FERNANDES, MENEZES e SILVA, 2008, p. 01).

    O planejamento para o desenvolvimento das atividades tursticas em uma

    regio requer a existncia de dados sobre as infra-estruturas de apoio, os recursos

    naturais, os pontos tursticos, entre outras informaes, como a localizao, o

    estado de visitao e as especificidades de cada um destes locais.

    O Plano Nacional de Turismo, desenvolvido pelo Ministrio do Turismo do

    Brasil, descreve que as atividades tursticas podem ser uma importante ferramenta

    1

    Discente do curso de Mestrado da Universidade Federal de Gois Campus Catalo GO.2 Docente do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Gois Campus Catalo GO.

  • 8/6/2019 CIG-032 Alfredo Arantes Guimaraes

    2/15

    2

    para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milnio3, particularmente com

    relao erradicao da extrema pobreza e da fome, garantia de sustentabilidade

    ambiental e ao estabelecimento de uma parceria mundial de desenvolvimento

    scio-econmico (MINISTRIO DO TURISMO, 2007, p. 15).

    O Ministrio do Turismo (2007, p. 16), descreve a importncia do investimento

    nos estudos do setor atravs da consolidao de um sistema de informaes

    tursticas que possibilite monitorar os impactos sociais, econmicos e ambientais da

    atividade, facilitando a tomada de decises no setor e promovendo a utilizao da

    tecnologia da informao como indutora de competitividade. No Plano Nacional de

    Turismo 2007 2010, destaca-se ainda o Programa Sistema de Informaes do

    Turismo, o qual prope a

    inventariao da oferta turstica que compreende levantamento,identificao e registro dos atrativos, dos servios e equipamentos e dainfra-estrutura de apoio ao turismo como instrumento base de informaespara fins de planejamento e gesto da atividade. Esse projeto embasa-seem uma metodologia oficial para inventariar a oferta turstica no Pas,constituindo um banco de dados de abrangncia nacional. Prope umsistema de organizao das informaes, bem como a avaliao ehierarquizao dos dados de interesse turstico (MINISTRIO DOTURISMO, 2007, p. 63).

    Na tentativa de entender a expanso do setor rumo ao interior do pas

    necessria a realizao dos estudos de diagnstico do potencial turstico e a partir

    deste o planejamento das atividades do setor. Desta forma, para dar sustentao ao

    desenvolvimento do setor turstico no municpio de Monte Alegre de Minas - Minas

    Gerais - Brasil, ser confeccionado um mapa do potencial turstico natural deste

    municpio, a partir da identificao das feies naturais do terreno que propiciem o

    aproveitamento turstico, mapeamento este que resultar tambm na construo de

    um banco de dados que servir de base para o planejamento do setor turstico no

    municpio.

    3 O Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD Brasil) estabeleceu os oito Objetivos de

    Desenvolvimento do Milnio. At 2015, todos os 191 Estados-Membro das Naes Unidas, entre eles o Brasil,

    assumiram o compromisso de:

    1 Erradicar a extrema pobreza e a fome;

    2 Atingir o ensino bsico universal;

    3 Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres;

    4 Reduzir a mortalidade na infncia;

    5 Melhorar a sade materna;

    6 Combater o HIV/AIDs, a malria e outras doenas;7 Garantir a sustentabilidade ambiental;

    8 Estabelecer uma Parceria Mundial para o Desenvolvimento.

  • 8/6/2019 CIG-032 Alfredo Arantes Guimaraes

    3/15

    3

    O municpio de Monte Alegre de Minas MG, como demonstrado no mapa 1,

    est localizado na macrorregio do Tringulo Mineiro no estado de Minas Gerais, em

    uma regio de grande importncia logstica, no entanto a economia local est

    baseada na agricultura e pecuria com a existncia de pequenas agroindstrias.

    Mapa 1 - Localizao do municpio de Monte Alegre de Minas - MG.

    De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), no ano

    de 2010, o municpio possua 19.568 habitantes. Ainda segundo dados do IBGE, no

    ano 2000 a populao era de 18.006 habitantes, sendo 70,4% residente em rea

    urbana e 29,6% residente na zona rural do municpio, incluindo distritos e povoados.

    O municpio est inserido na rea de duas bacias hidrogrficas, a saber: bacia do rio

    Piedade e bacia do rio Tijuco, sendo uma rea de grande importncia ambiental,uma vez que grande parte das nascentes de ambas as bacias se encontram na rea

    do municpio.

    A escolha da rea de estudo se deu em funo do, empiricamente j

    identificado, baixo aproveitamento turstico local, o que bastante contrastante

    perante a existncia de belas paisagens, cachoeiras, lagos, entre outros locais de

    potencial turstico desconhecido, que necessitam ser mensurados e mapeados,

    visando o aumento da visitao turstica, o investimento do setor na regio, agerao de renda para a populao e o crescimento econmico do municpio.

  • 8/6/2019 CIG-032 Alfredo Arantes Guimaraes

    4/15

    4

    OBJETIVOS

    O objetivo geral do trabalho o de utilizar o geoprocessamento como

    ferramenta de diagnstico do potencial turstico natural, ou seja, identificar aqueles

    locais cujas feies morfolgicas e condies ambientais propiciem o

    aproveitamento turstico no municpio de Monte Alegre de Minas - MG.

    Para a concretizao do objetivo geral, alguns objetivos especficos foram

    traados:

    Identificar os conceitos de turismo e as modalidades de atividades

    tursticas existentes;

    Analisar as polticas nacionais de fomento ao desenvolvimento das

    atividades tursticas nos municpios brasileiros;

    Demonstrar a utilidade do geoprocessamento como ferramenta de

    planejamento, fomento e gesto do turismo;

    Compreender de que maneira os dados histricos, polticos, scio-

    econmicos, tursticos, culturais e ambientais, podem subsidiar uma

    proposta de turismo para o municpio;

    Mapear as atuais condies ambientais do municpio;

    Levantar e caracterizar os stios com potencial aproveitamento s

    atividades tursticas relacionadas s feies naturais do ambiente, na

    regio de estudo;

    Montar um de um banco de dados espaciais com todas as informaes

    tursticas para a rea de estudo;

    Confeccionar o mapa turstico pictrio para o municpio de Monte Alegre de

    Minas - MG.

    Na expectativa de que possam ser alcanados todos estes objetivos

    especficos, a existncia de dados sobre a infra estrutura existente e as potenciais

    atividades tursticas, relacionadas s feies naturais do ambiente, que podero ser

    desenvolvidas, proporcionaro uma avaliao da realidade, demonstrando suas

    potencialidades e suas deficincias estruturais no setor, permitindo o planejamento e

    o investimento a mdio e longo prazo para suprir as necessidades prioritrias

    visando o desenvolvimento do setor turstico no municpio em questo.

  • 8/6/2019 CIG-032 Alfredo Arantes Guimaraes

    5/15

    5

    METODOLOGIA

    Para alcanar os objetivos deste estudo esto sendo utilizadas metodologias

    que englobam prticas de reviso bibliogrfica, trabalhos em laboratrio para aconfeco dos mapas e sadas a campo. Em uma primeira etapa foi realizado um

    levantamento bibliogrfico sobre os temas base deste estudo. Aps este momento,

    deu-se inicio s atividades de mapeamento da rea. Nesta etapa esto sendo

    organizados os mapas base para a elaborao do mapa do potencial turstico local.

    O mapeamento preliminar j nos permite identificar algumas reas alvo da

    pesquisa, onde a ocorrncia de paisagens de grande valor cnico, derivadas das

    feies morfolgicas do terreno, podem ser identificadas. Esta identificao inicialdas reas alvo, foi realizada com a elaborao e anlise dos mapas bsicos de

    geologia, de declividade e o mapa das unidades geomorfolgicas. Somado estes

    mapas bsicos, ainda ser concludo o mapa de ocupao da terra e cobertura

    vegetal, que permitir identificar os padres de uso e ocupao da terra.

    Para a elaborao dos mapas bsicos, foram utilizadas bases cartogrficas

    disponibilizadas pela Empresa de Pesquisa Energtica (EPE) e as imagens do

    satlite TERRA, especificamente do sensor ASTER (Advanced Spaceborne Thermal

    Emission and Reflection Radiometer).

    Aps esta etapa de mapeamento inicial, com a identificao das reas alvo de

    pesquisa, ser realizado o cruzamento de todos estes mapas bsicos, com o

    objetivo de identificar as reas onde ocorrem paisagens de alto valor cnico, como

    vales encaixados, chapades, quedas dgua, dentre outras formas de relevo, cujo

    potencial para implementao de atividades tursticas seja identificado. A partir da

    identificao destas reas, em uma terceira etapa, sero realizados os

    levantamentos de campo utilizando aparelho GPS e mquina fotogrfica, para aferir

    os mapeamentos realizados e coletar novas informaes de relevncia ao estudo.

    Aps os levantamentos de campo, os dados coletados passaro por

    tratamento para a construo de um banco de dados com diversas informaes

    georreferenciadas sobre as caractersticas naturais, os pontos tursticos existentes e

    em potencial, as estruturas de apoio, as vias de acesso, dentre outras informaes

    que permitiro a finalizao da elaborao dos mapas base e a construo do mapa

    turstico (pictrico) do municpio de Monte Alegre de Minas - Minas Gerais - Brasil.

  • 8/6/2019 CIG-032 Alfredo Arantes Guimaraes

    6/15

    6

    RESULTADOS

    Os primeiros resultados foram obtidos a partir do levantamento bibliogrfico

    sobre os temas base de estudo, em especfico a discusso sobre a categoria de

    anlise geogrfica paisagem. Como resultado preliminar da pesquisa, somado

    esta discusso, para cada mapa bsico elaborado foram identificadas as reas

    centrais com potencial para o aproveitamento turstico. Posteriormente, a partir do

    cruzamento destes, ser realizada a identificao pormenorizada dos stios,

    avaliando a fragilidade ambiental e a potencialidade de cada local, resultando em um

    mapa turstico final do municpio.

    Como dito anteriormente, o foco deste trabalho realizar, atravs do

    geoprocessamento, o diagnstico do potencial turstico natural, ou seja, identificar e

    caracterizar os locais cujas feies ambientais propiciem o aproveitamento turstico,

    o que faz da categoria geogrfica paisagem o foco de anlise desta pesquisa.

    O dicionrio Aurlio (FERREIRA, 1993, p.1247) descreve o significado da

    palavra paisagem da seguinte maneira: "paisagem. [Do fr. paysage] S. f. 1. Espao

    de terreno que se abrange num lance de vista. 2. Pintura, gravura ou desenho que

    representa uma paisagem natural ou urbana:As paisagens de Ruysdal descortinam

    vastos horizontes."

    Segundo Gomes (1996, p.231) "no caso da geografia, o evidente e o imediato

    esto na paisagem; [...] A paisagem concebida por Sauer como uma associao

    de formas, fsicas e culturais, o resultado de um longo processo de constituio e

    diferenciao de um espao."

    A origem do conceito cientfico de paisagem est relacionada com as

    expedies europias realizadas na Amrica e em outros continentes nossculos XVIII e XIX. Pode-se atribuir o primeiro uso geogrfico desteconceito ao cientista e viajante Alexander von Humboldt, cuja viagem Amrica Latina, realizada entre 1799 e 1804 constitui, ela mesma, umaespcie de ato fundador da Geografia moderna. O interessante aqui notarque o conceito de paisagem acompanha a Geografia desde o princpio,constituindo-se numa preocupao bsica dos primeiros tempos destacincia. (POZZO e VIDAL, 2010, p.111).

    A utilizao do termo paisagem pelos naturalistas do sc. XVIII em suas

    viagens pelo mundo, "d ensejo formulao de estudos comparativos que so a

    base da Geografia moderna, como demonstra o trabalho pioneiro de Humboldt sobre

  • 8/6/2019 CIG-032 Alfredo Arantes Guimaraes

    7/15

    7

    a Geografia das plantas, baseado em observaes efetuadas em distintas latitudes e

    altitudes." (POZZO e VIDAL, 2010, p.114).

    Apesar do rigor cientfico, ainda notvel entre estes viajantes a influnciado romantismo, equivale dizer, de uma paisagem exterior em ntima relaocom a vida interior do indivduo, causadora de determinadas emoes. Aesttica (do grego stesis: sensao, sentimento) da paisagem toimportante quanto a descrio de suas formas, refletindo a busca de umaunio entre cincia e arte, esferas que o mundo moderno, entretanto,colocava em crescente oposio [...]. (POZZO e VIDAL, 2010, p.114).

    O valor esttico de uma paisagem, alm do carter cientfico ou mesmo da

    arte, tem o carter ou potencial de proporcionar o aproveitamento turstico de

    determinado local, pois como colocado por Tuan (1980, p.106) "os meios pelos quais

    os seres humanos respondem ao meio ambiente [...] podem variar desde a

    apreciao visual e esttica at o contato corporal".

    Ainda segundo Tuan (1980, p.107), a resposta do ser humano dada ao meio

    ambiente "pode ser basicamente esttica: em seguida, pode variar do efmero

    prazer que se tem de uma vista, at a sensao de beleza, igualmente fugaz, mas

    muito mais intensa, que subitamente revelada. A resposta pode ser ttil: o deleite

    ao sentir o ar, gua, terra." So estas as sensaes que os pontos tursticos

    identificados durante o processo de pesquisa devem despertar no observador.

    Segundo Santos (1988, p.21) "tudo aquilo que ns vemos, o que nossa viso

    alcana, a paisagem. Esta pode ser definida como o domnio do visvel, aquilo que

    a vista abarca. No formada apenas de volumes, mas tambm de cores,

    movimentos, odores, sons etc."

    A dimenso da paisagem a dimenso da percepo, o que chega aossentidos. Por isso, o aparelho cognitivo tem importncia crucial nessaapreenso, pelo fato de que toda nossa educao, formal ou informal, feita de forma seletiva, pessoas diferentes apresentam diversas verses do

    mesmo fato. [...]. A percepo sempre um processo seletivo deapreenso. Se a realidade apenas uma, cada pessoa a v de formadiferenciada; dessa forma, a viso pelo homem das coisas materiais sempre deformada. (SANTOS, 1988, p.22).

    "A paisagem artificial a paisagem transformada pelo homem, enquanto

    grosseiramente podemos dizer que a paisagem natural aquela ainda no mudada

    pelo esforo humano." (SANTOS, 1988, p.23).

    Embora conhecida como entidade intrinsecamente subjetiva, a paisagemganha ateno para seu estudo, na dcada de 60 do sculo XX, com

    Bertrand, quando a situa dentro da proposta de uma geografia fsica global,

  • 8/6/2019 CIG-032 Alfredo Arantes Guimaraes

    8/15

    8

    deixando de lado a abordagem separativa tradicional, ensejando umageografia comprometida com a busca do todo concreto.Assim, a paisagem assume um carter cientfico, deixando de ser apenas oque se v, uma simples adio de elementos geogrficos dispares(MARTINELLI E PEDROTTI, 2001, p.41).

    Baseado em todas estas concepes do termo paisagem, nota-se que apaisagem um recorte espacial, delimitado pelo campo de viso humana, que

    possui formas naturais e artificiais e que esto sujeitas aos agentes de modificao,

    sejam eles naturais (endgenos e exgenos) ou antrpicos, os quais conferem

    paisagem uma evoluo constante.

    A parte inicial de identificao das reas centrais, onde posteriormente ser

    realizada uma anlise pormenorizada de cada local, foi realizada atravs do

    cruzamento de bases cartogrficas j existentes como as unidades geomorfolgicas,a geologia e a declividade em toda a rea do municpio de Monte Alegre de Minas.

    A partir de uma caracterizao geolgica, podemos delimitar reas

    importantes do ponto de vista turstico, principalmente nos contatos entre as

    formaes geolgicas, sendo comum a mudana do padro de relevo nestes locais.

    Em uma escala geral, a rea de estudo faz parte de um conjunto global de

    relevo denominado por Ab' Saber (1971) como "Domnio dos Chapades Tropicais

    do Brasil Central" e pelo projeto RADAM (1983) como "Planalto e Chapadas da

    Bacia Sedimentar do Paran", inserida na sub-unidade "Planalto Setentrional da

    Bacia Sedimentar do Paran". (BACCARO, 1991).

    Neste contexto geral, a regio do Tringulo Mineiro como um todo teria

    sofrido em tempos passados, uma srie de eventos tectnicos, dando origem s

    litologias Pr-Cambrianas (Arqueano e Proterozico) do Grupo Arax, do Grupo

    Canastra e Bambu, s manifestaes magmticas pelo extravasamento das lavas e

    intruses gneas da Formao Serra Geral (Grupo So Bento) e posteriormente, ao

    processo de sedimentao do Grupo Bauru. (BACCARO, 1991).

    Segundo Tomazzoli (1990), a era Mesozica foi caracterizada, no Brasil

    central, por ocorrncia de vulcanismo basltico-toletico generalizado e, aps este,

    por vulcanismo alcalino localizado. Estes derrames, que abrangeram reas

    continentais, so representados, na Bacia do Paran, pelos basaltos da Formao

    Serra Geral, muito comuns na rea de estudo. Cessado a ocorrncia de vulcanismo,

    formaram-se, no final do perodo Cretceo, as bacias sedimentares de propores

    continentais, entre elas a Bacia Bauru, onde se depositaram, por vastas reas,

  • 8/6/2019 CIG-032 Alfredo Arantes Guimaraes

    9/15

    9

    arenitos associados ao vulcanismo.Na era Cenozica a ocorrncia de epirognese

    positiva resultou em pelo menos duas superfcies de aplainamento, muito marcantes

    no relevo dos chapades e tabuleiros do Brasil central.

    Feltran Filho (1997, apud Soares, 2002) diz que, entre o Devoniano e o

    Jurssico a bacia do Paran sofreu grandes transformaes, proporcionadas por

    intenso derrame basltico. Aps o vulcanismo, a plataforma sul-americana passa por

    arqueamentos no Brasil. O SAP - Soerguimento do Alto Paranaba - e o Arco Bom

    Jardim de Gois proporcionaram a formao de um embaciamento onde se

    depositaram, no Cretceo, os sedimentos do Grupo Bauru. O SAP e o conseqente

    basculamento da regio do Tringulo Mineiro e Alto Paranaba teriam orientado a

    organizao da rede de drenagem atual, rumo ao vale do Paranaba.

    A geologia na rea de estudo, como demonstrado no mapa 2, representada

    pelos arenitos da Bacia Bauru, em especfico as formaes do Vale do Peixe, Marlia

    e uma pequena faixa de Cobertura Detrito-Laterticas, alm dos derramamentos

    baslticos da Formao Serra Geral.

  • 8/6/2019 CIG-032 Alfredo Arantes Guimaraes

    10/15

    10

    Mapa 2 - Mapa Geolgico do municpio de Monte Alegre de Minas - MG.

    De forma geral, os contatos existentes entre as unidades geolgicas so as

    reas alvo para uma posterior anlise pormenorizada, pois so nestas reas onde

    se tm uma mudana na morfologia das paisagens. Alm destas reas cabedestaque a toda a rea onde o cursos hdricos correm sobre o basalto da formao

    Serra Geral, pois so nestas reas onde os rios se desenvolvem em corredeiras e

    com a possibilidade de presena de cachoeiras, formando belas paisagens.

    As reas de contato geolgico, na grande maioria das vezes no so visveis,

    uma vez que raramente ocorrem sob a superfcie, porm estes locais so facilmente

    localizados por reas contnuas de mudana na morfologia do terreno, como

    ilustrado no mapa 3, nas reas de maior declividade.

    Mapa 3 - Mapa de Declividade do municpio de Monte Alegre de Minas - MG.

    A partir deste mapa de declividade, tambm possvel localizar stios com

    alto potencial de aproveitamento turstico, representados no mapa pelas reas com

    declividade acentuada e que no terreno podem ocorrer sob a forma de vales

  • 8/6/2019 CIG-032 Alfredo Arantes Guimaraes

    11/15

    11

    encaixados, com a possibilidade de presena de cachoeiras e sob a forma de

    escarpas nas reas limite dos chapades com os vales fluviais, o que tambm pode

    ser evidenciado no mapa 4, que representa as unidades geomorfolgicas,

    presentes na rea de estudo.

    Mapa 4 - Mapa Geomorfolgico do municpio de Monte Alegre de Minas - MG.

    No mapa Geomorfolgico possvel demonstrar com clareza, parte das reas

    alvo a serem posteriormente caracterizadas em detalhes pormenorizados. Estasreas esto representadas no mapa dois pelas unidades geomorfolgicas de Vales

    e de Morros, serras e montanhas, locais estes onde se encontram grande parte das

    belas paisagens da regio, sob a forma de vales encaixados, cachoeiras,

    corredeiras, alguns lagos de usinas hidreltricas, alm da vegetao arbrea semi-

    decidual ainda preservada nas reas mais ngremes do relevo.

    Baseando-se nestes mapas bsicos iniciais, possvel inferir algumas reas

    alvo para um mapeamento em maior escala de detalhe dos stios tursticos

    existentes, o que ser realizado aps a finalizao do mapa de cobertura da terra e

  • 8/6/2019 CIG-032 Alfredo Arantes Guimaraes

    12/15

    12

    o cruzamento entre todos estes mapas bsicos, para localizao dos pontos a

    serem visitados e caracterizados em campo.

    CONCLUSO

    A identificao das reas alvo e posteriormente o cruzamento dos mapas

    bsicos, com a elaborao do mapa turstico, permitir a identificao das paisagens

    de elevado valor cnico e com grande potencial turstico a ser explorado pela

    populao atravs da contemplao, contato e percepo destes locais.

    Segundo Magro (2002, p.144) a percepo da paisagem " relacionada com

    uma vista panormica onde a imagem da vegetao, rios, lagos, montanhas,

    animais e pessoas, numa combinao com condies climticas especiais formam

    um todo" variando de acordo com o campo de percepo, "conforme a posio do

    observador e a configurao morfoescultural do terreno e respectivo arranjo de seus

    volumes, proporcionando grande diversidade s suas imagens." (MARTINELLI E

    PEDROTTI, 2001, p.40).

    A tendncia espontnea de qualquer observador galgar uma posioelevada para obter maior amplitude na sua abrangncia visual. Deixando o

    nvel do cho, o olho ganha mais campo, porm perde a riqueza das visespossveis ao levar em conta o ponto de vista, a profundidade do campo como arranjo dos planos verticais dos volumes. Ao atingir a viso quase vertical,area, at zenital, a paisagem torna-se praticamente a imagem fornecidapor uma fotografia area. Apesar de perder particularidades, essa visoganha em termos de conjunto na percepo sintica. (MARTINELLI EPEDROTTI, 2001, p.40)

    A paisagem, enquanto campo de percepo espacial da viso humana,

    "determinada por atributos naturais da geomorfologia, clima, uso da terra e tambm

    pela prpria percepo do que vemos. Historicamente, a paisagem tm sido [...]

    modificada pela ao do homem fazendo com que os elementos naturais seja cada

    vez mais raros." (MAGRO, 2002, p.144).

    Na vida moderna, o contato fsico com o prprio meio ambiente natural cada vez mais indireto e limitado a ocasies especiais. Fora da decrescentepopulao rural, o envolvimento do homem tecnolgico com a natureza mais recreacional do que vocacional. O circuito turstico, atrs das janelasde vidro raiban, separa o homem da natureza. De outro lado, em certosesportes como esqui aqutico e alpinismo, o homem entra em contatoviolento com a natureza. O que falta s pessoas nas sociedades avanadas(e os grupos hipies parecem procurar) o envolvimento suave, inconsciente

    com o mundo fsico, que prevaleceu no passado, quando o ritmo da vida eramais lento e do qual as crianas ainda desfrutam. (TUAN, 1980, p.110).

  • 8/6/2019 CIG-032 Alfredo Arantes Guimaraes

    13/15

    13

    De acordo com Cristvo (2002, p.83) o "valor simblico dos campos e da

    natureza tem crescido medida do desenfreado ritmo de crescimento urbano que

    marcou o sculo XX e segundo Tuan (1980, p.118), a medida que "uma sociedade

    alcana um certo nvel de desenvolvimento e complexidade, as pessoas comeam a

    observar e apreciar a relativa simplicidade da natureza."

    As grandes metrpoles, tornaram-se espaos onde o contato com a natureza

    mnimo, a relao social entre as pessoas quase no existe e a violncia cada

    vez maior, criando-se paisagens cada vez mais insalubres e no sociveis,

    diferentemente das reas rurais, onde "o contato com a natureza e as culturas

    tradicionais, traduzem-se numa revalorizao social do rural e do local e induzem

    uma busca do singular, do especfico, do autntico. O espao rural ganha, por este

    meio, um crescente valor simblico [...]." (CRISTVO, 2002, p.85).

    A influncia que os recursos naturais, na sua forma mais primitiva, exercemsobre as pessoas relevante e determina a seleo do que se quer ou nopara si. A opo pode ser de aproximao ou ao contrrio de rejeio,dependendo do perfil e das experincias anteriores experimentadas. Emgeral as pessoas querem e buscam experincias no meio rural onde tenhamum maior contato com o ambiente natural e de preferncia possam testar asi prprias e superar limites. (MAGRO, 2002, p.142).

    "A satisfao nasce da expectativa, da procura do prazer, que se situa na

    imaginao. Os turistas no consomem lugares ou olhares [...], mas atravs dos

    lugares e dos olhares buscam a realizao de um desejo que os transcende e povoa

    sua imaginao." (STEIL, 2002, p.65).

    A satisfao que o turista busca na convivncia com o ambiente natural o

    que motiva esta pesquisa e atravs da identificao dos stios com elevado potencial

    turstico natural e divulgao perante os gestores municipais, a populao tem novas

    opes de lazer e convvio com o ambiente natural, muitas vezes distante no dia a

    dia dos ambientes urbanos.

    REFERNCIAS

    BACCARO, C. D. Unidades Geomorfolgicas do Triangulo Mineiro EstudoPreliminar. In: Revista Sociedade & Natureza, Uberlndia, n 5 e 6: 3742,dezembro de 1991.

    CASSETI, Valter. Geomorfologia. [2005]. Disponvel em:. Acesso em: 10 jan. 2011.

  • 8/6/2019 CIG-032 Alfredo Arantes Guimaraes

    14/15

    14

    CRISTVO, Artur. MUNDO RURAL: ENTRE REPRESENTAES (DOSURBANOS) E OS BENEFCIOS REAIS (PARA OS RURAIS). In: RIEDL, Mrio;ALMEIDA, Joaquim A.; VIANA, Andyara L. B. (Org.). Turismo Rural: tendncias esustentabilidade. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2001. 239 p. p. 81-116.

    Empresa de Pesquisa Energtica. Avaliao Ambiental Integrada da Bacia do rioParanaba. Braslia, 2007. Disponvel em: .Acesso em 2 fev. 2011.

    FERNANDES, Manoel C; MENEZES, Paulo M. L; SILVA, Marcus V. L. C.CARTOGRAFIA E TURISMO: DISCUSSO DE CONCEITOS APLICADOS SNECESSIDADES DA CARTOGRAFIA TURSTICA. Revista Brasileira de Cartografia,Rio de Janeiro (RJ), p. 01-08, 2008. Disponvel em:. Acesso em: 15 jan. 2010.

    FERREIRA, Aurlio Buarque de Holanda. Novo dicionrio Aurlio da lnguaportuguesa. 2.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.

    GOMES, Paulo Csar da C. Geografia e modernidade. Rio de Janeiro: EditoraBertrand Brasil, 1996. 366 p.

    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica. IBGE CIDADES. Disponvel em. Acesso em: 19 jul. 2010.

    Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INPE. Imagens do Satlite IndianRemote Sensing Satelite. So Jos dos Campos SP, INPE. 2010. Acesso em:ago/2010. Disponvel em: .

    LIMA, Joo D. Mudanas Ambientais na Bacia Hidrogrfica da Bacia do Rio Piedade Tringulo Mineiro (MG). Rio de Janeiro: UFRJ, 2007. 177 p. Tese (doutorado) Programa de Ps-Graduao em Geografia, Instituto de Geocincias, Centro deCincias Matemticas e da Natureza, Universidade Federal do Rio de Janeiro (RJ),2007.

    MAGRO, Teresa Cristina. PAISAGEM OU EXPERINCIA, O QUE QUEREMOSPROPORCIONAR. In: RIEDL, Mrio; ALMEIDA, Joaquim A.; VIANA, Andyara L. B.(Org.). Turismo Rural: tendncias e sustentabilidade. Santa Cruz do Sul: EDUNISC,

    2001. 239 p. p. 141-164.MARTINELLI, M; Pedrotti, F. A Cartografia das unidades de paisagem: questesmetodolgicas. Revista do Departamento de Geografia - USP. So Paulo, n. 14, p.39-46, 2001. Disponvel em:. Acesso em: 12 jan. 2011.

    Ministrio do Turismo. Plano Nacional de Turismo 2007/2010 Uma viagem deincluso. Braslia, MTur, 2007. Disponvel em:. Acesso em 17 jan. 2010.

  • 8/6/2019 CIG-032 Alfredo Arantes Guimaraes

    15/15

    15

    PIEDADE USINA GERADORA DE ENERGIA S.A. Estudo de Impacto Ambiental daPequena Central Hidreltrica Piedade, vol. I, 2007. Documento disponvel naSuperintendncia Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento SustentvelTriangulo Mineiro, jul. 2010.

    POZZO, Renata R.; VIDAL Leandro M. O conceito geogrfico de paisagem e asrepresentaes sobre a ilha de Santa Catarina feitas por viajantes dos sculos XVIIIe XIX. Revista Discente Expresses Geogrficas. Florianpolis, n 06, ano VI, p.111-131. 1 sem. 2010. Disponvel em:. Acesso em: 12jan. 2011.

    SANTOS, Milton. Metamorfoses do espao habitado: fundamentos tericos emetodolgicos da geografia. So Paulo: Hucitec, 1988. CD-ROM.

    SANTOS, Milton. A Natureza do Espao: Tcnica e Tempo. Razo e Emoo.

    4.ed. So Paulo: Editora da Universidade de So Paulo, 2006. CD-ROM.

    SOARES, A. M. A bacia do Rio Claro: reflexos da ocupao antrpica.Dissertao (Mestrado em Geografia). Uberlndia, 2002. Instituto de Geografia,Universidade Federal de Uberlndia.

    STEIL, Carlos Alberto. O TURISMO COMO OBJETO DE ESTUDOS NO CAMPO DACINCIA SOCIAL. In: RIEDL, Mrio; ALMEIDA, Joaquim A.; VIANA, Andyara L. B.(Org.). Turismo Rural: tendncias e sustentabilidade. Santa Cruz do Sul: EDUNISC,2001. 239 p. p. 51-80.

    TOMAZZOLI, E. R. A Evoluo Geolgica do Brasil Central. In: RevistaSociedade & Natureza, Uberlndia, 2 (3): 1129, junho de 1990.

    TUAN, Y. Topofilia: um estudo da percepo, atitudes e valores do meio ambiente.Traduo de Livia de Oliveira. So Paulo: Difel, 1980. CD-ROM.