Comidas Orixas

7
7/29/2019 Comidas Orixas http://slidepdf.com/reader/full/comidas-orixas 1/7 Abará é um dos pratos da culinária baiana e como o acarajé também faz parte da comida ritual do candomblé. O abará tem a mesma massa que o acarajé: a única diferença é que o abará é cozido, enquanto o acarajé é frito. O preparo da massa é feito com feijão fradinho, que deve ser quebrado em um moinho em pedaços grandes e colocado de molho na água para soltar a casca. Após retirada toda a casca, passa-se novamente no moinho, desta vez deverá ficar uma massa bem fina. A essa massa acrescentam-se cebola ralada, um pouco de sal, duas colheres de dendê. Quando for comida de ritual, coloca-se um pouco de pó de camarão, e, quando fizer parte da culinária baiana, colocam-se camarões secos previamente escaldados para tirar o sal, que podem ser moído junto com o feijão, além de alguns inteiros. Essa massa deve ser envolvida em pequenos pedaços de folha de bananeira, semelhante ao processo usado para fazer o acaçá, e deve ser cozido no vapor em banho-maria. É servido na própria folha. Abalá Abalá é um nome comum a dois tipos de comidas rituais votivas, inerentes aos orixás obá, xango e Yewá, quando feita de massa de milho verde, ou da massa de carimã votiva ao orixá nanã. Este alimento ritual é muito apreciado pelo povo do santo e pela maioria dos nordestinos e chamado popularmente de pamonha de milho verde e pamonha de carimã. Embora a palavra abalá seja descrito no dicionário Aurélio como o mesmo que abará, todavia pela primeira vez Raul Lody refere-se a esta iguaria feita com massa de milho verde. diferença Abalá de milho O milho verde é ralado e à massa resultante é misturada ao leite de coco com parte do bagaço, sal e açúcar. Esta massa é colocada em “palha” da própria casca do milho, atados nas extremidades. As pamonhas são submetidas a cozimento submersas em água fervente por um período de 15 minutos. Abalá de carimã O aipim previamente descascado é submergido por um período de quatro dias para obter uma massa chamada de carimã, misturada ao leite de coco com parte do bagaço , sal e açúcar. Esta massa é colocada em “palha de aguedé” (bananeira), atados nas extremidades. As pamonhas são submetidas a cozimento submersas em água fervente por um período de 25 minutos. Abadô Abadô é um nome comum a dois tipos de comidas rituais votivas, feitas de farinha de milho, ou amendoim, previamente torrados, passado no moinho, misturado com farinha de mandioca, sal e açucar, também chamado de fubá de milho ou fubá de amendoim pelo povo de santo. Esta comida ritual é oferecido à vários orixas, principalmente a Obaluaye, oxumare e nanã, indispensável no ritual de olubajé. A mesma mistura acrescida de mel de abelha é muito apreciada pelo orixá oxum. Aberém é prato típico da cozinha da Bahia, bolinho de origem afro-brasileira, feito de milho ou arroz moído na pedra, macerado em água, salgado e cozido em folhas de bananeira secas. No candomblé, é utilizada como comida-de-santo, sendo oferecida a Omulu e Oxumaré. ACAÇÁ é uma comida ritual do candomblé e da cozinha da Bahia. Feito com milho branco ou vermelho, que fica de molho em água de um dia para o outro, e deve ser depois passado em um moinho para formar a massa que será cozida em uma panela com água, sem parar de mexer, até ficar no ponto. Este se adivinha quando a massa não dissolve, se pingada em um copo com água. Ainda quente, pequenas porções da massa devem ser embrulhadas em folha de bananeira já limpa, passada no fogo e cortada em pedaços de igual tamanho, para ficar tudo harmonioso. Colocar a folha na palma da mão esquerda e colocar a massa. Com o polegar dobrar a primeira ponta da folha sobre a massa, dobrar a outra ponta cruzando por cima e virando para baixo, fazendo o mesmo do outro lado. O formato que resulta é o de uma pirâmide retangular. Todos os orixás recebem o acaçá como oferenda. Acarajé, Comida ritual da orixá Iansã. Na África, é chamado de àkàrà que significa bola de fogo, enquanto je possui o significado de comer. No Brasil foram reunidas as duas palavras numa só, acara-  je, ou seja, “comer bola de fogo”.  

Transcript of Comidas Orixas

Page 1: Comidas Orixas

7/29/2019 Comidas Orixas

http://slidepdf.com/reader/full/comidas-orixas 1/7

Abará é um dos pratos da culinária baiana e como o acarajé também faz parte da comida ritual do candomblé.

O abará tem a mesma massa que o acarajé: a única diferença é que o abará é cozido, enquanto o acarajé é frito.

O preparo da massa é feito com feijão fradinho, que deve ser quebrado em um moinho em pedaços grandes e colocado de molho

na água para soltar a casca. Após retirada toda a casca, passa-se novamente no moinho, desta vez deverá ficar uma massa bem

fina. A essa massa acrescentam-se cebola ralada, um pouco de sal, duas colheres de dendê.

Quando for comida de ritual, coloca-se um pouco de pó de camarão, e, quando fizer parte da culinária baiana, colocam-se

camarões secos previamente escaldados para tirar o sal, que podem ser moído junto com o feijão, além de alguns inteiros.

Essa massa deve ser envolvida em pequenos pedaços de folha de bananeira, semelhante ao processo usado para fazer o acaçá, e

deve ser cozido no vapor em banho-maria. É servido na própria folha.

Abalá

Abalá é um nome comum a dois tipos de comidas rituais votivas, inerentes aos orixás obá, xango e Yewá, quando feita de massa

de milho verde, ou da massa de carimã votiva ao orixá nanã. Este alimento ritual é muito apreciado pelo povo do santo e pela

maioria dos nordestinos e chamado popularmente de pamonha de milho verde e pamonha de carimã. Embora a palavra abalá seja

descrito no dicionário Aurélio como o mesmo que abará, todavia pela primeira vez Raul Lody refere-se a esta iguaria feita com

massa de milho verde.

diferença

Abalá de milho O milho verde é ralado e à massa resultante é misturada ao leite de coco com parte do bagaço, sal e açúcar. Esta

massa é colocada em “palha” da própria casca do milho, atados nas extremidades. As pamonhas são submetidas a cozimento

submersas em água fervente por um período de 15 minutos.

Abalá de carimã O aipim previamente descascado é submergido por um período de quatro dias para obter uma massa chamada

de carimã, misturada ao leite de coco com parte do bagaço , sal e açúcar. Esta massa é colocada em “palha de aguedé”

(bananeira), atados nas extremidades. As pamonhas são submetidas a cozimento submersas em água fervente por um período de

25 minutos.

Abadô

Abadô é um nome comum a dois tipos de comidas rituais votivas, feitas de farinha de milho, ou amendoim, previamente

torrados, passado no moinho, misturado com farinha de mandioca, sal e açucar, também chamado de fubá de milho ou fubá de

amendoim pelo povo de santo. Esta comida ritual é oferecido à vários orixas, principalmente a Obaluaye, oxumare e nanã,

indispensável no ritual de olubajé. A mesma mistura acrescida de mel de abelha é muito apreciada pelo orixá oxum.

Aberém é prato típico da cozinha da Bahia, bolinho de origem afro-brasileira, feito de milho ou arroz moído na pedra, macerado

em água, salgado e cozido em folhas de bananeira secas. No candomblé, é utilizada como comida-de-santo, sendo oferecida a

Omulu e Oxumaré.

ACAÇÁ é uma comida ritual do candomblé e da cozinha da Bahia. Feito com milho branco ou vermelho, que fica de molho emágua de um dia para o outro, e deve ser depois passado em um moinho para formar a massa que será cozida em uma panela com

água, sem parar de mexer, até ficar no ponto. Este se adivinha quando a massa não dissolve, se pingada em um copo com água.

Ainda quente, pequenas porções da massa devem ser embrulhadas em folha de bananeira já limpa, passada no fogo e cortada em

pedaços de igual tamanho, para ficar tudo harmonioso.

Colocar a folha na palma da mão esquerda e colocar a massa. Com o polegar dobrar a primeira ponta da folha sobre a massa,

dobrar a outra ponta cruzando por cima e virando para baixo, fazendo o mesmo do outro lado. O formato que resulta é o de uma

pirâmide retangular.

Todos os orixás recebem o acaçá como oferenda.

Acarajé,

Comida ritual da orixá Iansã. Na África, é chamado de àkàrà que significa bola de fogo, enquanto je possui o significado de comer.

No Brasil foram reunidas as duas palavras numa só, acara- je, ou seja, “comer bola de fogo”. 

Page 2: Comidas Orixas

7/29/2019 Comidas Orixas

http://slidepdf.com/reader/full/comidas-orixas 2/7

O acarajé, o principal atrativo no tabuleiro, é um bolinho característico do candomblé. Sua origem é explicada por um mito sobre

a relação de Xangô com suas esposas, Oxum e Iansã. O bolinho se tornou, assim, uma oferenda a esses orixás. Mesmo ao ser

vendido num contexto profano, o acarajé ainda é considerado, pelas baianas, como uma comida sagrada. Por isso, a sua receita,

embora não seja secreta, não pode ser modificada e deve ser preparada apenas pelos filhos-de-santo.

O acarajé é feito com feijão-fradinho, que deve ser quebrado em um moinho em pedaços grandes e colocado de molho na água

para soltar a casca. Após retirar toda a casca, passar novamente no moinho, desta vez deverá ficar uma massa bem fina. A essa

massa acrescenta-se cebola ralada e um pouco de sal.

O segredo para o acarajé ficar macio é o tempo que se bate a massa. Quando a massa está no ponto, fica com a aparência de

espuma. Para fritar, use uma panela funda com bastante azeite-de-dendê ou azeite doce.

Normalmente usam-se duas colheres para fritar, uma colher para pegar a massa e uma colher de pau para moldar os bolinhos. O

azeite deve estar bem quente antes de colocar o primeiro acarajé para fritar.

Esse primeiro acarajé sempre é oferecido a Exu pela primazia que tem no candomblé.

O acará Oferecido ao orixá Iansã diante do seu Igba orixá é feito num tamanho de um prato de sobremesa na forma arredondada

e ornado com nove ou sete camarões defumados, confirmando sua ligação com os odu odi e ossá no jogo do merindilogun,

cercado de nove pequenos acarás, simbolizando “mensan orum” nove Planetas. (Orum-Aye, José Benistes).

O acará de xango tem uma forma Ovalar imitando o cágado que é seu animal preferido e cercado com seis ou doze pequenos

acarás de igual formato, confirmando sua ligação com os odu Obará e êjilaxeborá.

Os seguintes são fritos normalmente e ofertados aos orixás para os quais estão sendo feitos e seus adeptos.

Ado - é uma Comida ritual feita de milho vermelho torrado e moído em moinho e temperado com azeite de dendê e mel, é

oferecido principalmente à Orixá Oxum.

Ajebo ou ajébo é comida ritual do Orixá Xango ayra

É feito com seis ou doze quiabos cortado em “lasca”, batido com três clara de ovos até formar um musse, regado com gotas de

mel de abelha e azeite doce. Colocado em uma gamela forrada com massa de acaçá ou pirão de farinha de mandioca, ornado comdoze quiabos inteiros, doze moedas circulante, doze bolos de milho branco e seis Orobôs. A mesma oferenda pode ser oferecida a

outras qualidades de Xangô, todavia acrescenta-se azeite de dendê e substitui os doze bolos de milho branco por doze acarajés.

Amalá ou Caruru é comida ritual votiva do Orixá Xangô, Iansã, Obá e Ibêji

É feito com quiabo cortado, cebola ralada, pó de camarão, sal, azeite de dendê ou azeite doce, pode ser feito de várias maneiras.

É oferecido em uma gamela forrada com massa de acaçá. Também chamado pelo povo de santo nos candomblés jeje-nagôs de

caruru.

Axoxô Axoxô ou Oxoxô é como é conhecida a comida ritual dos Orixás Oxóssi e Ogum no candomblé e umbanda, que consiste em

milho vermelho cozido. Quando oferendado pra o orixa ogum é refogado com cebola ralada, camarão seco defumado, sal e azeite

de dendê. Quando oferendado para orixá oxóssi o milho cozido é misturado com melaço (Mel de cana de açúcar), não confundircom mel de abelha que é o grande ewo deste orixá, enfeitado com fatias de coco sem casca.

Nota. Esta mesma oferenda pode ser consagrado à Olokun.

Deburu - é a comida ritual dos Orixás Obaluaiyê e Omolu, é o milho de pipoca estourado em uma panela, em alguns lugares com

óleo, em outros com areia. Nesse último caso, é preciso peneirar a areia dessa pipoca depois de pronta. Ao final, a pipoca

colocada em um alguidar (vasilha de barro) e enfeitado com pedacinhos de coco.

Ebô, palavra oriunda do iorubá, consiste num alimento religioso e votivo para os orixás funfun (branco) Oxalá, dentro das religiões

afro-brasileiras. É o milho branco cozido sem tempero e sem sal.

Ebôya, eboia ou fava de iemanjá é uma comida ritual feito com fava cozido refogado com cebola, camarão, azeite de dendê ou

azeite doce.

Page 3: Comidas Orixas

7/29/2019 Comidas Orixas

http://slidepdf.com/reader/full/comidas-orixas 3/7

A mesma oferenda pode ser preparada com o milho branco na falta da fava, todavia recebe o nome de Dibô, possuindo o mesmo

valor ritual. É uma comida oferecida especificamente ao orixá Iemanjá, podendo ser vista nos rituais de ori, bori e assentamento

de cabeça, no sentido de dar equilíbrio espiritual.

Erã peterê

Erã peterê, eran peterê ou simplesmente peteran como é comumente chamado pelo povo de santo é o nome da comida ritual

votiva, pertinente á vários rituais e orixás da cultura afro brasileira denominado de candomblé. Preparado com carne fresca de

preferência dos rituais de sacrifícios, sal e rapidamente frita no azeite de dendê, em caso do orixá ser funfun, deve-se substituir o

sal pela cebola e o dendê por azeite doce e oferecido ao orixá regente da obrigação, independente do ixé.

A mesma comida ritual recheada de camarão defumado, chamado popularmente xinxin ou moqueca de carne é servida

normalmente aos adeptos do candomblé nas festas de barracão, sendo uma comida votiva ao orixá Akeran (oxossi) por ter ligação

ao eran (carne).

Ekuru é uma comida ritual. A massa é preparada da mesma forma que a massa do acarajé, feijão fradinho sem casca triturado,

envolto em folhas de bananeira como o acaçá e cozido no vapor. A única diferença é que nesta comida substitue o azeite-de-

dendê por azeite dôce (Oleo de oliva) ou banha do Ori.

Farofa ou mi-ami-ami é um nome comum a vários tipos de comidas rituais votivas, feita de uma mistura, que tem como base

farinha de mandioca, “farinha de pau ou farinha de guerra”. Esta comida ritual sagrada, também é um alimento ritual e muitoapreciada pela maioria do povo do santo da cultura Nago-Vodum.

Tipos de Farofas

Farofa-de-dendê, farofa amarela, farofa vermelha, farofa de azeite ou farofa de bambá são nomes comumente chamado pelo

povo do santo em sua variada apresentação a depender do ritual que esteja acontecendo. Normalmente é chamada de farofa de

dendê a farofa servida aos adeptos e participantes do candomblé, feita com farinha, azeite de dendê, camarão seco, cebola e sal,

vista sempre no ritual do olubajé.

Os outros tipos são denominações para rituais pertinentes a limpeza de corpo, padê de exu, sasanha, afexu, axexê etc. Também

oferecido para alguns orixas e preparadas só com azeite de dendê e sal.

Farofa branca, farofa de agua ou farofa de egum, são farofas preparadas só com água e sal. Determinados orixas funfuns

apreciam esta iguaria e algus preferem sem sal.

Farofa de mel ou mi-ami-ami owin é uma farofa preparada com farinha e mel de abelha, muito utilizada nos rituais de erê, ibeji,

osain e oxun, comumente visto nos carurus dos santos gêmeos e devoção a São Cosme e São Damião, Crispim e Crispiniano.

Farofa de cachaça ou mi-ami-ami otin é uma farofa preparada com farinha e cachaça, muito utilizada nos rituais de exu, padê e

limpeza de corpo. O povo do santo também chamam de farofa de cachaça toda farofa feita com aguardentes, vinhos ou qualquer

bebida alcoólica.

Furá

Furá, bolinhos, ou bola de: arroz, inhame, farinha de mandioca, farinha de milho… etc. é o nome da comida ritual votiva,

pertinente á vários rituais e orixas da cultura afro brasileira denominado de candomblé.

Este alimento ritual é muito comum nos rituais de limpeza de corpo, bori, assentamento de cabeça, axexê, apanan, feitura de

santo, sasanha etc.

Tipos

Bolas de arroz. O Arroz é cozido na água sem sal, até ficar pastoso, depois batido com uma colher de pau até soltar da panela, em

seguida formar os bolos de forma arredondada com as mãos. Esta comida ritual é para os orixás funfuns e rituais de bori,

assentamento de cabeça.

Bolas de farinha. Em um alguidá coloca-se a farinha, depois a água e modela os bolos de forma arredondada com as mãos. Esta

comida ritual é para limpeza de corpo e axexê.

Bolas de inhame. O inhame deve ser bem cozido em água sem sal, depois pilado em pilão, ou com a ponta de um garfo, em

seguida sovado para obter uma massa pastosa e modela os bolos de forma arredondada com as mãos. Esta comida ritual é muito

Page 4: Comidas Orixas

7/29/2019 Comidas Orixas

http://slidepdf.com/reader/full/comidas-orixas 4/7

apreciada pelos orixás oxaguian, oxalufan, oxalá, yemanja e entra em vários rituais como bori, assentamento de cabeça, axexê,

apanan, feitura de santo, sasanha etc.

Bolinhos de dendê. Em um alguidá coloca-se a farinha, depois a água, azeite de dendê e modela os bolos de forma arredondada

com as mãos. Esta comida ritual é para limpeza de corpo, axexê e oferenda ao orixá Exu.

Bolinhos de egun. Em um alguidá coloca-se a farinha, depois a água com aguardente e modela os bolos de forma arredondada

com as mãos e acrescenta um pequeno pedaço de carvão vegetal. Esta comida ritual é para limpeza de corpo, axexê e Egum.

Bolinhos de iemanjá. O Arroz ou milho branco é cozido na água sem sal, até ficar pastoso, depois batido com uma colher de pau

até soltar da panela, em seguida formar os bolos de forma arredondada com as mãos. Esta comida ritual é para os orixás funfuns e

rituais de bori, assentamento de cabeça, em especial como o nome já diz é oferecido para o orixá Yemanjá.

Bolinho de tapioca. A tapioca e colocada em leite de coco e açúcar até ficar pastoso, depois batido com uma colher de pau até

soltar da panela e depois sova, em seguida formar os bolos de forma arredondada ou alongada com as mãos. Esta comida ritual é

para os orixás funfuns e rituais de bori, assentamento de cabeça.

Os de formas alongadas são fritos em azeite ou óleo, sendo carinhosamente oferendado aos ibejis e apreciados pelo povo do

santo. Nota Este mesmo bolinho é vendido nos tabuleiros das baianas de acarajé com o nome de punheta ou bolinho de

estudante.

Ipeté, é um dos pratos da culinária baiana e como o acarajé também faz parte da comida ritual do candomblé, oferecida

especialmente ao orixa Oxun.

Inhame, azeite de dendê, cebola raladas, camarão sêco e defumado, gengibre ralado, camarões frescos inteiros e cozidos para

enfeitar e sal.

Também oferecido ao Orixá Oxaguian, substituindo o dendê por azeite doce na festa do Pilão.

Preparo:

Tirar a casca do inhame e cortar em pedaços pequenos, cozinhar ao ponto de amassar com um garfo, colocar os temperos e um

pouquinho de sal e bater com uma colher de pau até ficar no ponto de um purê.

Colocar em uma tigela e enfeitar com os camarões inteiros.

Ixé

Ixé, inché ou eran axé é o nome da comida ritual votiva, oferecida a todos orixás da cultura afro brasileira denominado de

candomblé.

Este alimento ritual é um dos mais sagrados e importantes para o povo do santo. Preparado com “miúdos” entranhas e

extremidades dos animais sacrificados nos rituais de oroeje, podendo ser cozidos ou não, a depender da vontade do orixá e

temperado com cebola, sal e camarão seco ou com outros temperos como lelecun, bejerecum, aridan, obi, atarê, orobô, etc., tudo

consultado previamente no oraculo do merindilogun.

Preceitos

A complexidade desta comida ritual envolve os demais sacerdotes do candomblé, como babalorixá ou iyalorixá, axogun, ekede,ogan, iyamorô, iyaefun, e principalmente a iyabassê que prepara este alimento indispensável na feitura de santo e construções de

assentamentos de orixás. O Ixé é sempre conduzido ao peji com muito respeito e cânticos específicos por todos da comunidade e

colocado enfrente dos assentamentos e ali recitados versos do itan e feito vários orikis e adurá, podendo permanecer por um

período de apenas três horas, três dias ou sete. Normalmente esta grande oferenda é repartida para todos os crentes no sentido

de obter a força do sagrado e fortificar os laços familiar.

Lelê iguaria africana, doce feito com quirela de milho vermelho, coco ralado, açúcar e leite de coco. Oferecido aos Orixás Oba e

Ewa.

Em uma panela coloque água e o pacote do milho quebradinho chamado de xerem, deixe de molho num periodo de meia hora.

Escorra a água e coloque outra, (uma quantidade que cubra todo o milho) com o cravo, a canela em pau, açúcar, sal e leve ao

fogo ate virar um mingau durinho, quando já estiver durinho, acrescente o leite do coco.

Page 5: Comidas Orixas

7/29/2019 Comidas Orixas

http://slidepdf.com/reader/full/comidas-orixas 5/7

Mungunzá, mugunzá, ou mucunzá como é chamado pelo povo do santo é o nome da comida ritual votiva, pertinente aos orixás

oxalá, oxaguian, oxalufan e o ikise lembarenganga, tanto no candomblé como na umbanda. (De mucunzá, do quimb. mu’kunza,

‘milho cozido’) “Dicionário Aurélio”. 

Alimento ritual feita de grãos de milho (geralmente branco), cozidos em água sem sal e com açúcar, algumas vezes com leite de

coco e de gado, com pequena quantidade de “água de flor de laranjeira”, servido aos adeptos com bastante caldo e aos orixás

bem compactada em forma de ebô.

Omolocum - comida ritual da Orixá Oxum, é feito com feijão fradinho cozido, refogado com cebola ralada, pó de camarão, sal,

azeite de dendê ou azeite doce.

Enfeitado com camarões inteiros e ovos cozidos inteiros sem casca, normalmente são colocados 5 ovos ou 8 ovos, mas essa

quantidade pode mudar de acordo com a obrigação do candomblé.

Vatapá

Vatapá nada mais é do que um ANGU (O nome angu vem da palavra àgun do idioma africano Fon da África Ocidental, onde a

palavra se referia a uma papa sem tempero ou não.), também chamado de OCÁ ou OKÁ pelo povo do santo da nação Angola.

Prepare a massa do vatapá batendo todos os

ingredientes no liquidificador menos a farinha.

Amendoim, castanha de caju, gengibre, cebola, camarão seco defumado e metade do leite de coco.

Coloca numa vasilha e mistura a farinha de mandioca, vai mexendo, e colocando o

leite de coco, quando estiver soltando do fundo da panela coloca o azeite

de dendê e está pronto. Fica com uma consistência de pudim.

Obs. A mesma iguaria pode ser feito com inúmeros tipos de farinha ou fubá de milho, substituindo até mesmo por feijão fradinho

moido. Esta comida ritual pode ser servido a vários Orixás.

No candomblé, uma oferenda não necessariamente é um sacrifício de origem animal. Para o Candomblé tudo que a natureza

produz é sangue, e um sacrifício, requer a utilização de vários tipos de sangue, vindos das mais variadas fontes da natureza,

atribuindo vida.

Sangue de Origem vegetal, obtido nas casca das árvores, folhas, frutos, sementes e flores.

Sangue de origem mineral, Água, sal, carvão.

Sangue de origem animal, são sacrificados, bois, bodes, galinhas, patos e muitos outros animais, que depois servem de alimentos

à comunidade, mas nunca seres humanos, pois o Orixá vive no Homem e através do Homem.

O animal sacrificado vai das mãos do axogun para as mãos da cozinheira (Iyabassê), que vai preparar o alimento tanto para o

Orixá como para todos os presentes.

Todas as partes do animal são separadas. A parte interna do animal e o sangue petencem ao Orixá.

Mas o resto do animal é cozido e preparado para serem servidos no final da festa, aos visitantes e filhos da casa. Sacrifício não é

sinônimo de assassinato. Todo homem sacrifica não necessariamente num sentido religioso, e mata para sobreviver. O sentido

expiatório, não é aplicando ao Candomblé por um motivo aparentemente simples: no Candomblé, não existe pecado, portanto

não há o que expiar.

Além dos animais, outras comidas são preparadas dependendo do Orixá que está sendo homenageado, o amalá para Xangô, o

Ipeté para Oxum, o acarajé para Iansã, tudo será colocado diante do assentamento do Orixá como oferenda. Toda essa comida

serve para alimentar uma comunidade inteira de filhos de santo e suas famílias que geralmente moram nas proximidades do

terreiro.

COZINHA, OS ORIXÁS E OS TRUQUES: ENTRE A INVENÇÃO E A RECRIAÇÃO ONDE O TEMPO NÃO PÁRA…  

A comida e o comer ocupam um lugar fundamental na vida dos terreiros de Candomblé. Isso aparece explicado de várias formas,através de uma visão muito ampla, onde ela é entendida como força vital, energia, princípio criativo e doador de algo. Na comida,

Page 6: Comidas Orixas

7/29/2019 Comidas Orixas

http://slidepdf.com/reader/full/comidas-orixas 6/7

encontra-se a energia máxima de uma oferta, mas, acima de tudo, ela é a força que fortifica os ancestrais, então, é um meio, um

veículo através do qual, grupos humanos e civilizações, se sustentaram durante milênios fazendo contrato com o Sagrado.

No terreiro, a chamada comida de Orixá obedece a prescrições complexas construídas ao longo do tempo e redefinidas a cada

momento, de acordo com a função que deva desempenhar ou à “realidade” que deseje instaurar ou dialogar. Tudo isso é expresso

nas múltiplas formas, maneiras e diferentes modos de preparar, fazer ou de “tratar” os ingredientes. 

Comida é sacrifício, ebó[1] no seu sentido mais amplo, mola propulsora que conduz e leva o Axé[2]. Daí sua íntima relação com

Exu, aquele que come tudo, encarregado de sua distribuição no mundo. O sacrifício é, asssim, indispensável para viver, pois nada

se sustenta sem esta troca de força, de energia, sem essa reposição, num universo onde tudo é dinâmico e nada acontece por

acaso. Onde até uma folha que se desprende da árvore tem um por que preciso

Através da comida oferecida aos Orixás, se estabelecem relações entre o devoto, a comunidade e o Orixá. É sobretudo nas festas

que isso mais se expressa. Festas que se desenrolam ocultamente aos olhos dos de fora, que podem levar meses e festas que são

feitas para os de fora, realizadas no barracão, tornadas públicas, onde, em algumas delas, são exibidas a maior quantidade

possível de comidas servidas aos Orixás da casa, e eles próprios servem a sua comida, distribuindo, assim, aos presentes a sua

força máxima.

Por traz de cada prato ofertado há uma visão de mundo, um porque, que faz com que o comer instaure um sistema de prestações

e de contraprestações que englobam a totalidade da vida. Comida é sempre um contra presente.

A comida de Orixá difere, assim, das comidas servidas no dia a dia do terreiro, bem como daquelas passadas no corpo das

pessoas, usadas para “descarregar”, limpar, livrar de algum contra-axé[3]

Em linhas gerais, comida é tudo que se come. Desde à pimenta e o obi[4] que se masca para conversar com o Orixá, ao naco de

carne oferecido a este mesmo Orixá, partilhado pela pessoas. Nesse processo de diferenciação, em que os ingredientes, na sua

grande maioria, são os mesmos, muda-se a forma de ritualizar, a elaboração, o cuidado, “o tratamento”, a maneira de lidar com o

mesmo ingrediente, o sentido impresso e invocado através das palavras de encantamento, cantigas e rezas.

Assim, falar sobre esta comida, suas relações, circunscrevê-la dentro de um espaço, momento, consiste num dos nossos principais

desafios. Enfrentá-lo, é o que tentamos fazer sob o título: A Cozinha, os Orixás e os truques: entre a invenção e recriação onde o

tempo não pára…O segredo desta culinária é comandado pela guardiã da cozinha, a Yabassê. Aquela que “muito faz e pouco fala.”

Quando se fala da sacerdotisa da comida, as formas mais antigas de transmissão do conhecimento trazida pelas diversas etnias

africanas vão ser evocadas: a observação e a convivência. E o mestre dos mestres será mais uma vez chamado: o tempo. O

conhecimento ritual, o respeito, a criatividade e o comando apresentam-se como o perfil da Yabassê e orientam à sua escolha,

mesmo que, hoje, nos “novos tempos,” poucas sejam as mulheres que se disponham a tal cargo; não pelo gosto, mas pelas

funções assumidas por elas na sociedade

A imagem da Yabassê apresentada pelos sacerdotes, remonta aos primórdios, quando Olodumaré, Deus, entregou o poder de

criar e de tudo transformar às Grandes Mães. A velha que cozinha, divide, assim com o poder ancestral feminino esta força, assim

como todas as mulheres. Daí recair sobre ela o tabu da impureza, que reflete as relações de poder, as tensões entre homem e

mulher expressas em alguns mitos da sociedade yorubá, num ambiente onde embora sua função seja de procriar, ela goza de

plena liberdade e independência dentro do grupo. Permitir que a mulher menstruada manipule a comida é expor toda a

comunidade ao poder das Mães Ancestrais, que serve tanto para o bem, quanto para o mal. A Yabassê é, uma das pessoas que no

terreiro, mais expressa essa força, pois trabalha com ela dia e noite, ao manipular a colher de pau para transformar grãos e

alimentar tudo e todos, conservando, recriando e inventando…“CANDOMBLÉ MESMO É COZINHA… Dentro do universo do

Candomblé, a cozinha merece uma atenção especial, por ser um dos espaços onde se passa e se constitui o sagrado. Tudo nela

remete a esta dimensão. Assim, “A cozinha de santo” apar ece sempre como algo distinto, separado da cozinha do dia a dia.Separada na sua grande maioria, não por limites externos, mas internos que são representados por mudanças de atitude, ações,

formas de uso, etc.

Em muitos terreiros de Candomblé, o local onde são preparadas as comidas dos Orixás é o mesmo onde são feitas as comidas do

dia a dia. Esta separação, todavia é realizada de forma bastante visível e determinada. Muitas vezes se reserva para as comidas de

santo um fogão especial que pode ser de lenha ou industrial, enquanto a outra permanece num fogão menor. Comum é se trocar

de horários. É muito difícil se mexer com as panelas dos Orixás ao lado de outras panelas, bem como misturar os utensílios destas

duas cozinhas.

“ Cozinha do santo” é, assim, mais que um lugar determinado que, em terreiros de estrutura maior, os mais antigos, se tem para

preparar somente os pratos dos Orixás e, sim, um espaço criado e redefinido a cada momento, no terreiro, através da separação

dos objetos, utensílios e mudanças de comportamento. Tudo participa do sagrado: o espaço em si , as panelas, travessas, pratos,

bacias, cestos, peneiras, colheres de pau, ralos, o pilão, as frigideiras e as pessoas que nela transitam;;; A cozinha é cheia de

interdições como: não conversar mais que o necessário, não falar alto, gritar, cantar ou dançar músicas que não sejam do santo;

não entrar pessoas que não sejam iniciadas-dependendo do que se estiver fazendo, somente um número muito restrito-não

Page 7: Comidas Orixas

7/29/2019 Comidas Orixas

http://slidepdf.com/reader/full/comidas-orixas 7/7

admitir que mulheres menstruadas permaneçam nela, etc. Neste espaço sacralizado, tudo vai ganhando significado: a bacia que

cai, o garfo, a faca, a colher, o óleo que faz fumaçar o fogo, etc. Na cozinha se aprende além do “ponto” certo de determinad o

prato, que não se dá as costas para o fogo, não se joga sal no chão, não se mexe comida de Orixá com colher que não seja de pau,

que a comida mexida por duas pessoas desanda, que não se joga água no fogo e que muitas pessoas por terem o sangue ruim

fazem a comida desandar. Ou que a presença de pessoas de um determinado Orixá faz com que uma certa comida não dê certo,

como por exemplo: em cozinha onde se tem gente de Xangô o milho de pipoca queima antes de estourar. Pela cozinha, entram as

pessoas de maior prestígio na Religião e é nela própria que, em certas ocasiões, muito antes mesmo de se chegar no peji do Orixá,

que este é consultado a fim de se saber se a comida foi bem preparada ou não. Embora marcada por vários limites, a cozinha é

mesmo escola mestra, local onde se aprende as lições mais antigas, através do exercício longo e paciente da observação. Local

onde permanecem por maior período de tempo os iniciados, seja varrendo, lavando, limpando, guardando, acendendo ou

mantendo o fogo, cozinhando, com olhos e ouvidos atentos a tudo que se passa nela. Daí entende-se o dizer corrente: Candomblé

mesmo é cozinha!!!” Talvez por ser ela mais que um local de transformação e sim de passagem e transmissão de conhecimento,

por onde transita algo essencial que ultrapassa os limites das oposições por situar-se no mais intimo e profundo ser do homem: o

comer