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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL POR: MAISA ALVES MARTINS DE OLIVEIRA ORIENTADOR (A) MARIA DA CONCEIÇÃO MAGGIONI POPPE. POSSE DEZEMBRO/2011 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

POR: MAISA ALVES MARTINS DE OLIVEIRA

ORIENTADOR (A) MARIA DA CONCEIÇÃO MAGGIONI POPPE.

POSSE

DEZEMBRO/2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO¨LATO SENSU¨

AVM FACULDADE INTEGRADA

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Monografia, apresentada ao Instituto A Vez do Mestre A Distância – AVM-, como parte das exigências para Especialização em Educação Infantil e Desenvolvimento. Orientadora: Maria da conceição maggioni poppe.

POR: MAISA ALVES MARTINS DE OLIVEIRA

POSSE

DEZEMBRO/2011

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A Deus como ser supremo e razão de cada instante vivido. É

a base e minha estrutura. A família de modo geral pelo

constante apoio e colaboração. De coração, agradeço-os. As

minhas filhas: Carolyne, Simone e Brunna por

compreenderem minha ausência e ainda assim, me

fortaleceram de maneira bem positiva.

A José, meu esposo, por estar comigo a todo

tempo, sendo amigo, companheiro, compreensível e acima

de tudo pelo incentivo em todos os aspectos.

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RESUMO

Esta pesquisa bibliográfica trás o processo da educação infantil, bem como a evolução das idéias e das ações referentes aos serviços prestados as crianças nas instituições de educação infantil. Faz-se um resgate da historia da educação infantil que ocorreu desde a antiguidade ate os dias de hoje. Traz a questão do lúdico em meio ao processo de construção do saber da criança, mostrando que o casamento entre educação e ludicidade pode trazer relevantes contribuições no que se refere à formação deste pequeno ser e, revelam os espaços e tempos destinados pelos professores e pelas instruções as atividades lúdicas, cotidianamente. Dessa forma, produz a reflexão sobre jogos e as brincadeiras compreendendo-os como atividades fundamentais da infância onde os mesmos têm um papel primordial no processo de desenvolvimento físico, emocional e intelectual. Por fim, pode-se afirmar que brincar é viver, pois a criança aprende brincando e brinca aprendendo.

Palavra- chave: criança-educação-ludicidade-jogos-brincadeiras.

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METODOLOGIA O trabalho será desenvolvido por meio de estudo teórico submetidos em

autores que se dedicaram a estudar sobre educação infantil, trazendo uma

discussão sobre o lúdico, sabendo assim, que as brincadeiras têm fundamental

importância na educação infantil.

Lúdico usado como instrumento de ensino propicia a um aprendizado

mais significativo, pois as crianças sentem prazer ao brincar,facilitando as

mesmas relacionarem seus interesses e necessidades com a realidade do mundo

em que vivem, elas mostram também seus desejos, medos e ansiedades através

das brincadeiras.

Portanto, para que esse trabalho se concretize será necessária a leitura

de algumas obras relevantes de autores ou mesmo renomes como: Rubem Alves,

Zilma Ramos, Moaci Alves, Piaget, Adriana Rosa e outros que se fizerem

necessário.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 7

CAPITULO I ............................................................................................................................. 9

EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA ABORDAGEM HISTÓRICA ......................................................... 9

1.1 LDB n.9.394/96 .......................................................................................................... 12

1.2 A creche e a Pré-escola: ........................................................................................... 15

CAPITULO II .......................................................................................................................... 17

O LÚDICO ILUMINA A INFANCIA .......................................................................................... 17

2.1 As funções do brinquedo: ......................................................................................... 19

2.2 A importância do brincar: ......................................................................................... 22

CAPITULO III ......................................................................................................................... 24

A FORMAÇÃO DA CRIANÇA A PARTIR DAS BRINCADEIRAS ................................................. 24

3.1 O papel dos professores nas brincadeiras: .............................................................. 26

3.2 Formação Profissional na educação Infantil: ........................................................... 29

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 33

REFÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ................................................................................................ 34

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho mostra e analisa a importância do lúdico na educação

infantil. Assim a relevância principal é pautada em mostrar aos professores

alfabetizadores a importância de trabalhar o lúdico com as crianças da Educação

Infantil.

Sabe-se que, quando se trata de analisar a importância do lúdico no

contexto escolar, a idéia básica não é a de dar uma formula ou uma receita única,

uma vez que a atividade proposta estará desenvolvida, mas sua efetiva realização

irá variar de acordo com o grupo e as condições do mesmo.

Preza-se neste observar as mudanças e transformações ocorridas com a

evolução na sociedade e conseqüentemente a educação infantil no Brasil. Entra

neste contexto e se atenda ao uso do lúdico como instrumento de aprendizagem,

socialização e interação das crianças. Sabendo assim que as brincadeiras têm

fundamental importância no desenvolvimento infantil, pois o brincar é uma

realidade do dia-a-dia das crianças, é indispensável a sua inserção no cotidiano

escolar infantil.

Dessa forma, um dos principais objetivos deste é analisa e refletir sobre a

importância de trabalhar o lúdico na educação infantil, verificando assim o papel

do professor alfabetizador, centrando-se na sociedade atual. Tem por objetivo

também, refletir sobre as mudanças ocorridas no contexto histórico da educação

infantil, mostrando que brincando também se aprende, pois através da

brincadeira, a criança apropria-se de conhecimentos que possibilitarão sua ação

sobre o meio que se encontra.

Portanto, é preciso que se dê a devida importância na fase da

educação infantil, pois, não podemos aceitar que, em função de qualquer outro

aspecto, se retire da criança o direito de brincar. Através do lúdico a criança irá

crescer, aceitar e conhecer o mundo, pois ela apropriasse de conhecimentos que

possibilitarão sua assim sobre o meio em que vive.

Enfim, para que esse trabalho se concretizasse foi necessário dividi-

lo em três capítulos. O capitulo I para tratar da historia da Educação Infantil, seus

avanços e o seu oferecimento que acontece em creches e pré-escolas e de sua

contemplação na nova lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. O

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segundo capitulo trata-se do lúdico e da criança, e de como a brincadeira ajuda

no desenvolvimento infantil, como o brincar influi na imaginação das crianças e

como as brincadeiras e as crianças são tão intimas a ponto de a mesma

proporcionar a criança um grande aprendizado estimulando imaginação, a criação

e o poder de transformação e interpretação do mundo em que vive. O terceiro

capitulo relata a formação das crianças a partir das brincadeiras, pois ao brincar a

criança tem a oportunidade de organizar seu mundo seguindo os seus próprios

passos e utilizando melhor seus recursos. O papel dos professores nas

brincadeiras e a formação dos mesmos, pois percebe-se que sua habilitação e

capacitação nas brincadeiras são de fundamental importância na construção do

indivíduo.

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CAPITULO I

EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA ABORDAGEM HISTÓRICA

Segundo a concepção atual, proposta na LDB 9394/96 de 20 de

dezembro de 1996, durante muito tempo, a educação da criança foi considerada

uma responsabilidade das famílias ou do grupo social ao qual ela pertencia. Era

junto aos adultos e outras crianças com os quais convivia que a criança aprendia

a se tornar membro deste grupo, a participar das tradições que eram importantes

para ela e a dominar os conhecimentos que eram necessários para a sua

sobrevivência material e para enfrentar as exigências da vida adulta. Por um bom

período na historia da humanidade, não houve nenhuma instituição responsável

por compartilhar esta responsabilidade pela criança com seus pais e com a

comunidade das quais estes faziam parte. Hoje esta historia se modificou a

educação das crianças de zero a seis anos em estabelecimentos específicos de

educação infantil vem crescendo no mundo inteiro e de forma bastante acelerada,

com grandes avanços adquirindo importância crescente nos debates a respeito de

sua consagração como parte integrante da Educação Básica Brasileira.

A responsabilidade deste crescente avanço, só foi possível porque a

sociedade modificou as maneiras de se pensar o que é ser criança e a

importância que foi dada ao momento especifico da infância, também a

necessidade da família de contar com uma instituição que se encarregue do

cuidado e da educação de suas crianças pequenas principalmente quando os

pais trabalham fora. É conhecido que a Educação infantil muito tempo era artigo

de luxo de pais ricos, mas hoje através de estudos realizados é conhecido

também que os movimentos sociais, principalmente os ligados aos direitos da

criança, vem reivindicando a criação e expansão de instituições educativas que

atenda a criança de zero a seis anos, ou seja, a infância. Assim diz a lei de

diretrizes e bases da educação, que rege a educação atual:

(...) A educação infantil, primeira etapa da educação básica tem com Finalidade o desenvolvimento da criança até os seis anos de idade em Seus aspectos físicos, psicológicos e social,

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complementando a ação da Família e da comunidade. (...) (lei n 9.394/96).

O que se pode notar é que as creches e pré-escolas surgiram a partir de

mudanças econômicas, políticas e sociais que ocorrem na sociedade: pela

incorporação das mulheres á força de trabalho assalariados, na organização das

famílias, num novo papel da mulher, numa nova relação entre sexos, para citar

apenas as mais evidentes, mas, também, por razões que se identificam com um

conjunto de idéias novas sobre a infância, sobre o papel da criança na sociedade

e de como torná-la, através da educação, um individuo produtivo e ajustado ás

exigências desse conjunto social.

“No Brasil a educação das crianças menores de seis anos, teve um

crescimento notório nos anos 70, sendo mais acelerados até o ano de 1993”

(carneiro, 1998). Sobretudo no que diz respeito ao brincar. Desde cedo as

crianças brincam para através das brincadeira desenvolverem a aprendizagem.

Os brinquedos são instrumento de que a criança dispõe para aprender. Foi o

período que a educação infantil conquistou o seu espaço como sendo a primeira

etapa de Educação Básica. Esta conquista se deve á democratização dos

estudos realizados sobre o desenvolvimento da criança, ganhando prestigio e

interessados em investir nela a Educação infantil se expande.

É assegurado o direito da criança á educação a partir do nascimento.

Sendo a educação um elemento constitutivo da pessoa, deve estar presente

desde o momento que ela nasce, como meio e condição de formação,

desenvolvimento, integração social e realização pessoal. Além do direito da

criança, a constituição Federal estabelece os direitos dos trabalhadores, pais

responsáveis, á educação de seus filhos e dependentes de zero a seis anos.

(...) Depois da família, porém a instituição mais importante é a escola. Ao ensinar... “A escola habilita o individuo a resolver a maioria dos desafios Que encontrará ao longo do caminho que vai até a maturidade psicológica e social”.(...) (SABINI,1995,p.157)

A educação infantil é como um introdutório para o processo de

socialização da criança, pois as primeiras experiências da vida são as que

marcam mais profundidade a pessoa. Quando positivas, tendem a reforçar ao

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longo da vida, as atitudes de autoconfiança, de cooperação, da solidariedade e de

responsabilidade. As brincadeiras contribuem muito para esse reforço, pois

através delas a criança expressa seus sentimentos e desejos. Ao brincar as

crianças recriam e repensam os acontecimentos que lhes deram origem, sabendo

que estão brincando. As brincadeiras de faz-de-conta, de imitação e de grupo,

desenvolvem nas crianças, a imaginação e o raciocínio, e com elas as crianças

encontram toda espécie de situação real ou imaginária.

As pesquisas realizadas para estudar o desenvolvimento da criança nos

últimos 50 anos, investigando como se processa o seu desenvolvimento,

coincidem em afirmar a importância dos primeiros anos de vida para o

desenvolvimento e aprendizagem posteriores.

E tem oferecido grande suporte para a educação formular seus propósitos

e começar sua atuação a partir do nascimento da criança. A pedagogia vem

acumulando considerável experiência e reflexão sobre sua pratica nesse campo e

definido os procedimentos mais adequados para oferecer ás crianças

interessantes, desafiantes e enriquecedoras oportunidades de desenvolvimento e

aprendizagem.

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil ressalta a

importância do ingresso do ingresso das crianças nas instituições:

(...) O ingresso na instituição de Educação infantil pode alargar o universo inicial das crianças, em vista da possibilidade de convivência com outra criança e com adultos de origem e hábitos culturais diversos, de aprender novas brincadeiras de adquirir conhecimentos sobre realidade sobre realidade distantes (...) (RCN V.2,2001,p.13)

É de suma importância que as crianças tenham acesso a essas

instituições de educação, pois a Educação infantil inaugura a educação da

pessoa. Essa educação se dá com a integração da família, comunidades e em

especial nas instituições, são elas que vêm se tornando mais necessários, pois é

a complementação da ação da família.

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1.1 LDB n.9.394/96

As leis são conseqüência de propostas que podem ser originárias do

próprio governo ou de setores da sociedade organizada. Elas são sempre

voltadas no poder legislativo, ou seja, no congresso nacional, quando são leis

federais, na assembléia legislativa, quando são leis estaduais e na câmera de

vereadores quando são leis municipais. A lei de Diretrizes e Base da Educação

Nacional é uma lei federal por isso foi votada no congresso nacional ( câmara de

deputados e senado federal) e é valida para todo o país.

Ela teve uma longa tramitação que duraram oito anos e envolveu muitos

setores da sociedade e do governo, o que exigiu muitas negociações para

conseguir aprová-la. Esse processo complexo de proposta e negociação foi longa

e difícil porque são muitos os interesses em torno da educação, que é uma área

que atinge a toda a população que, portanto, é do interesse de todos. É

considerável que a lei de Diretrizes e Base da Educação- LDB- assim como as

outras leis recentes a respeito da infância, é conseqüências da constituição

federal de 1998 que definiu uma nova doutrina em relação á criança que é a

doutrina da criança como sujeito de direitos. Desde a constituição de 1998 ficou

legalmente definida que os pais, a sociedade e o poder público têm que respeitar

e garantir os direitos das crianças definidos no artigo 227 que diz:

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar á criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito á vida, á saúde, á alimentação, á educação, ao lazer, á profissionalização, á cultura, á dignidade, ao respeito, á liberdade e á convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência e opressão. (artigo 22.)

Assim, nem os pais, nem as instituições de atendimento, nem qualquer

setor da sociedade ou do governo poderá fazer com as crianças o que bem

entenderem ou o que considerarem válido. Todos são obrigados a respeitar os

direitos definidos na constituição do país que reconheceu a criança como um

cidadão em desenvolvimento. Outras duas definições importantes da constituição

foram que os trabalhadores (homens e mulheres) têm direito á assistência gratuita

aos filhos e dependentes desde o nascimento até os seis anos de idade em

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creches e pré- escolas; (art.7) e ainda: o dever do estado com a educação será

efetivada mediante a garantia de IV- atendimento em creche e pré- escola ás

crianças de zero a seis anos de idade (art.208, inciso IV).

Dessas definições decorre que as creches e as pré- escolas são diretos

tanto das crianças com de seus pais e são instituições de caráter educacional e

não simplesmente assistencial como muitas vezes foram consideradas. A LDB

regulamenta a educação infantil, definindo-a como primeira etapa da educação-

básica (art.21/1) “e que, tem por finalidade o desenvolvimento integral da criança

até seis anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológico, intelectual e social,

complementando a ação da família e da comunidade” (art. 29).

A educação infantil esta contemplada na nova lei de Diretrizes e Bases da

Educação nacional na seção II do capitulo II da Educação Básica, que está

inserido no titulo V dos níveis e modalidade de Educação e ensino. Os artigos que

falam da educação são três, os mesmos especificam a sua importância, finalidade

e relatam os avanços alcançados. A simples inclusão da educação infantil como

integrante da Educação Básica- primeira etapa representa um avanço importante

nas responsabilidades públicas sobre educação. A lei de Diretrizes e Bases

anterior foi omissa a tal respeito, pois tratou superficialmente da questão ao dizer

no segundo do artigo 19, que “os sistemas de ensino velariam para que as

crianças com idades inferiores a seis anos recebessem conveniente educação em

escolas maternais, jardins de infância e instituições equivalente” , ou seja, a

educação infantil neste período não tinha tanta importância quanto merecia.

A nova lei de Diretrizes e Base ao desdobrar o texto constitucional

(art.208; IV); obriga a necessidade de oferta da educação a criança de zero a

cinco anos, e mais do que esse abrigo define sua área de alcance, isto é,

considera que nessa etapa deve-se primar pelo desenvolvimento integral da

criança. Além disso, as ações de educação infantil devem ser contempladas pela

saúde e assistência de forma articulada, estimulando o interesse da criança pelo

processo de transformação da natureza e pela convivência em sociedade. Essa

convivência em sociedade começa nas relações das crianças durante o brincar

que exercem enquanto aprendem.

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O (art.30) ressalta pela Educação Infantil tratamento do seu oferecimento.

“Ficando destinado ás creches, para crianças de até três anos de idade e as pré-

escolas, para crianças de quatro a cinco anos de idade”.

Este artigo complementa o anterior, definindo a forma de oferta dentro

dos marcos temporal. Buscando, assim, respeitar a faixa etária da criança, a partir

da constituição do próprio espaço institucional que se deve organizar com as

condições objetivas de atendimento ao desenvolvimento infantil. Percebe-se que

na educação infantil há a necessidade primária de toda uma ambientação

pedagógica, capaz de estimular o desenvolvimento da criança e os

desdobramentos culturais do seu processo de socialização, tendo em vista que

esta etapa de educação é fundamental para o sucesso escolar no tempo

posterior.

O terceiro artigo da educação infantil ressalta como se devem avaliar as

crianças. Diz o artigo 31. “A avaliação deve ser feita na educação infantil tendo

como base a qualidade, feita mediante acompanhamento da criança e registro de

seu desenvolvimento”. Observa-se que na educação infantil são atendidos

conceitos de acompanhamento, de desenvolvimento e do processo de

observação, e não a da promoção. É esta diferença que ajuda-nos a compreender

a distancia que existe entre ensino e educação, mas precisamente, entre crescer

interiormente e ser aprovado para uma serie posterior. Na educação infantil o

processo de avaliação é essencialmente qualitativo. O mesmo ajudara no

processo de desenvolvimento do intelecto do educando. O principal objetivo da

avaliação em educação infantil é o acompanhamento e a oportunidade ao

desenvolvimento Máximo possível de cada criança, ou seja, a avaliação nesta

modalidade de educação como está assegurado neste artigo, se processo na

qualidade da aprendizagem.

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1.2 A creche e a Pré-escola:

Falar da creche é muito mais do que tratar de uma instituição, de suas

qualidades e defeitos, da sua necessidade social ou sua importância educacional.

É falar da criança. Um ser que tem uma lógica que é toda sua porque encontra

maneiras peculiares e muito originais de se expressar, que e capaz através do

brinquedo, do sonho e da fantasia de viver num mundo que é apenas seu.

Pequenino, mas exuberante de vida, dependente, mas capaz de polarizar atenção

ao redor de si, é também falar um pouco de nós mesmo, pois quando nos

colocamos diante da criança como pais ou educadores podem recordar sobre a

nossa própria infância e a incluir o acolhimento, a segurança, o lugar para a

emoção, para o gosto, para o desenvolvimento da sensibilidade não pode deixar

de lado o desenvolvimento da habilidade sociais, nem o domínio do espaço e do

corpo e das modalidades expressivas, deve privilegiar o lugar para a curiosidade

e o desafio e a oportunidade para a investigação.

Esta é uma instituição que entende a criança de zero a três anos de

idade. Como diz Nicolau: “Há toda uma tradição assistencialista que permeia a

atuação da creche. A creche é algo que atende a criança logo nos primeiros anos

de vida”. (NICOLAU, 1985, p.269). E considerado que os primeiros anos de vida

são fundamentais ao desenvolvimento do indivíduo, as creches revestem-se da

maior importância. Ela pode criar as melhores condições pra que as crianças se

desenvolverem integralmente. Na creche a metodologia usada deve ser ativa

valorizando as brincadeiras e respeitando o interesse e o ritmo de aprendizagem

da criança.

Sendo ela uma instituição de educação infantil deve constituir no espaço

onde o brinquedo e o desenvolvimento do pensamento emerge num clima afetivo

e rico em integração interpessoal.

A pré-escola é um espaço original, tendo uma função particular no

processo de educação. A educação da criança pequena envolve simultaneamente

dois processos complementares e indissociáveis: educar e cuidar. As crianças

desta faixa etária, como sabemos, têm necessidades de atenção, carinho e

segurança. Nesta etapa, as crianças tomam contato com o mundo que as cerca,

através das experiências diretas com as pessoas e as coisas deste e com as

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formas de expressão que nele ocorrem. Esta inserção das crianças no mundo não

seria possível sem que atividades voltadas simultaneamente para cuidar e educar

estivessem presentes na pré-escola. O seu principal objetivo é dar á criança toda

oportunidade para que alcance o Máximo de suas possibilidades de

aprendizagem, a fim de que possam participar das atividades e brincadeiras.

A pré-escola contribui para a formação e crescimento da criança. Não se

trata simplesmente de um lugar onde os pequenos são cuidados enquanto os pais

trabalham, mas de uma instituição educacional que abrange todas as

necessidades de desenvolvimento da criança durante a primeira infância. Sua

função é promover a aprendizagem de elementos da cultura e dos pensamentos

modernos, num processo integrado ao desenvolvimento das estruturas de

pensamento da criança.

A pré-escola deve ser concebida como uma ação educativa. A educação

pré-escolar procura a criação de condições para satisfazer a necessidades

básicas da criança, oferecendo-lhe um clima de bem-estar físico, afetivo-social e

intelectual, mediante a proposição de atividades lúdicas que promovam a

curiosidade, a espontaneidade e a criatividade, estimulando novas descobertas e

o estabelecimento de novas relações a partir do que já se conhece. A educação

oferecida nesta instituição e destinada a criança de quatro a cinco anos de idade.

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CAPITULO II

O LÚDICO ILUMINA A INFANCIA

Existem registros de brinquedos infantis, provenientes de diversas

culturas, que remontam as épocas pré-históricas, demonstrando assim que é

natural ao homem brincar, independentemente de sua origem e do seu tempo. O

brinquedo, enquanto objeto real, manipulável, tem acompanhado a evolução do

homem, interagindo em seu espaço físico, em suas funções e em seu próprio

aspecto.

As atividades das crianças são essencialmente lúdicas (e não

competitivas) e têm como função primordial a descoberta do mundo que as

rodeia: a criança se desenvolve brincando.

(...) Através do brincar a criança experimenta, organiza-se, regula-se, constrói normas para si e para o outro. Ela cria e recria, a cada nova brincadeira, o mundo que a cerca. O brincar é uma forma de linguagem que a criança usa para compreender e interagir consigo, com o outro, com o mundo (...) (Dornelles, apud Craidy, 2011,p.104)

O primeiro objeto referencial para as atividades lúdicas das crianças é o

corpo da mãe e do pai; é por intermédio deles que a criança vai descobrindo seu

próprio corpo. Nessa fase, o objeto de maior atenção da criança (de três meses a

um ano) é o corpo e as brincadeiras com ele, seu calor, a relação afetiva em que

se fundamentam as primeiras noções de equilíbrio e segurança. Apenas com o

decorrer do tempo é que a criança começa a utilizar símbolos e regras em seus

jogos. Em uma constante metamorfose, aprende a dominar os objetos,

redefinindo suas funções.

O brincar é uma atividade criadora, na qual imaginação, fantasia e

realidade interagem na produção de novas possibilidades de interpretação, de

expressão e de ação pelas crianças, assim como novas formas de construir

relações sociais com outros sujeitos. Diante dessa idéia é possível observar que

se a criança de fato reproduz e representa o mundo através de situações criadas

nas atividades de brincadeira, tal reprodução se faz com passividade, mas

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mediante um processo ativo de reinterpretação do mundo, que abre espaço para

a invenção e a produção de novos significados, saberes e práticas.

(...)Brincando as crianças se mostram melhor, pois uma parte de seus mundos e experiências revela-se nas ações e significados que constroem nas suas brincadeiras. Isso porque o processo do brincar referencia-se naquilo que os sujeitos conhecem e vivenciam (...) (Ensino Fundamental de nove anos de idade, 2006, p.35)

Com base em suas experiências, as crianças reelaboram e reinterpretam

situações que surgem, combinando e criando outras realidades. O brincar envolve

complexos processos de articulação entre o já vivido e o novo, entre a

experiência, a memória e a imaginação, entre a realidade e a fantasia. A

brincadeira tem um papel fundamental na formação da criança, pois valoriza o

fator social mostrando que, nas mesmas, a criança cria situações imaginarias,

incorporando elementos do contexto cultural adquirido por meio da interação e da

comunicação.

(...) Observa-se no ato de brincar de um processo identificatório. É muito mais de que se descobrir um sujeito constituinte de uma sociedade; é se descobrir como um ser único no que tange o processo de individuação da personalidade. O sujeito que brinca faz uso intenso da sublimação no sentido de transformar para o meio toda a motivação e energia presente dentro de si (...). (Revista: mundo jovem, 2007, p.11)

Ao brincar, a criança transforma o seu mundo em realidade. O que antes

era fantasioso e imaginário, agora se vincula ao real. A partir do brincar, o

individuo faz conexões entre o que lhe pertence e o que pertence o meio,

tornando o inconsciente em consciente. O lúdico é uma necessidade humana e

proporciona a interação com o ambiente onde vive, sendo considerado como

meio de expressão e aprendizado. As atividades lúdicas possibilitam a

incorporação de valores, desenvolvimento cultural, assimilação de novos

conhecimentos, desenvolvimento da sociedade e da criatividade.

O brincar proporciona á criança uma sucessão de idéias, pensamentos,

sensações e impulsos. O que antes era apenas algo seu, agora se expande para

o social, para o contexto escolar. Ela começa a expor suas criatividades a outras

pessoas. A criança é um ser com inúmeras potencialidades, manifestando alegria

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e felicidade, aspectos expressos no brincar. Para ela, brincar é sua realidade

enriquecida, humanizada e personalizada. O que passa em sua mente é

transporto ao lúdico, pois a busca infantil em compreender o mundo em que vive

está no ato de brincar. O departamento de Educação e Ciências estabeleceram

excelentes razões para pensarmos sobre o brincar e o seu papel na

aprendizagem das crianças:

(...) O brincar é o principal meio de aprendizagem na primeira infância. É a maneira pela qual as crianças harmonizam sua vida interior com a realidade externa. No brincar as crianças gradualmente desenvolvem conceitos de relações casuais, poder de discriminar, de fazer julgamento, de analisar e sintonizar, de imaginar e formular. As crianças ficam entretidas em seu brincar e a satisfação de levá-la a uma conclusão satisfatória, fixa hábitos de concentração que podem influenciar muitas outras aprendizagens (...). (Departamento de Educação e Ciências, 1967, p.193)

O brincar é um modo da criança se inserir no mundo exterior ao seu, é o

seu instrumento principal de aprendizagem e crescimento, uma forma de interagir,

de se relacionar com outras crianças um processo de assimilação do que é

imaginário com o que é real, onde a criança cria situações que futuramente

poderá vivenciar em sua vida adulta.

Brincar é um ato criador pelo qual os seres humanos e os animais

exploram uma variedade de experiências em diferentes situações, para diversos

propósitos. Quando olhamos para a criança, escutamos seus raciocínios, ou

observamos seus comportamentos, podemos notar que toda sua vida é iluminada

pelo lúdico.

2.1 As funções do brinquedo:

Através do brinquedo, a criança inicia sua integração social; aprende a

conviver com os outros, a situar-se frente ao mundo que a cerca. Ela se exercita

brincando.

Inicialmente, para a criança de 1 mês a 1 ano, o brinquedo é , antes de

mais nada, um conjunto de estímulos: visuais, quando percebe formas, cores e

movimentos; gustativos, quando conhece os objetivos pelo contato com boca; e

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tácteis, quando começa a pegar os brinquedos, aprende a bater um contra o

outro, joga-os, sente-se atraída pelo seu barulho ao jogá-los no chão ou na

paredes. Ela aprimora, portanto, seu aparelho motor: segurar, apertar, sacudir,

jogar... Atos que se realizam com gestos rápidos, lentos e com repetição.

O brinquedo, como extensão da Mão, acompanha o gesto.

O brincar é movimento executado que tem como prioridade agitar-se

alegremente, com o objetivo de diversão possíveis de ser experimentado, o

brincar implica diversão, prazer, autonomia e criatividade.

“toda criança brinca porque gosta. Para as que ainda não falam, brincar é uma forma de expressar o que estão sentindo, suas experiências e vivencias interiores. Brincar, para á criança, é tão vital quanto comer e dormir”( PAGANI 2003, p. 12)

Posteriormente, as crianças desenvolvem jogos simbólicos, criam regras

quando começam a se sociabilizar ou mesmo quando brincam sozinhas. Uma

boneca, por exemplo, pode representar ela própria, a mãe ou outra pessoa

qualquer, dependendo do momento. Na utilização dos brinquedos, a crianças cria

normas e funções que apenas têm significado naquela relação especifica para a

criança o brinquedo representa uma parte do universo que ela inicialmente

explora, para mais tarde expandir seu raio de ações.

Kishimoto (1997) trata algumas modalidades de brincadeira presentes na

educação infantil que são classificadas como:

• Brinquedo educativo (jogo educativo): Data dos tempos do

Renascimento e ganha força com a Educação infantil. Recurso que ensina

desenvolver e educa de forma prazerosa, cita como exemplo: quebra-

cabeça, brinquedos como móbiles, boliche, carrinhos, parlendas,

brincadeiras envolvendo musicas, danças, expressão motora, gráfica e

simbólica o brinquedo educativo assume assim a função lúdica (propicia

diversão, prazer e até desprezar, quando escolhido voluntariamente) e a

função educativa (o brinquedo ensina qualquer coisa que compete o

individuo em seu saber, seus conhecimentos e sua compreensão de

mundo).

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• Brinquedos tradicionais infantis: Enquanto manifestação livre e

espontânea da cultura popular, a brincadeira tradicional tem a função de

perpetuar a cultura infantil, desenvolver formas de convivência social e

permitir o prazer de brincar. Alguns exemplos: amarelinha, pião, parlendas,

fórmulas de seleção, pipas, jogar pedrinhas, etc.

• Brincadeiras de faz-de-conta: Brincadeiras simbólicas, de representação

de papeis ou sociodramática, é a que deixa mais evidente a presença da

situação imaginária e permite á criança criar símbolos, resignificando

objetos e sua realidade.

• Brincadeiras de construção: É considerado importante por enriquecer a

experiência sensorial, estimular a criatividade e desenvolver habilidades da

criança. Eles possuem estreita ligação com o faz-de-conta. Exemplos:

blocos de madeiras, de encaixe (tipo” lego”), materiais de sucata ( caixas,

rolos, barbantes, etc.).

O brinquedo estimula a representação, a expressão de imagens que

evocam aspectos da realidade. O brinquedo enquanto objeto, é suporte de

brincadeira, é o material que permite fluir o imaginário infantil. Segundo Rubem

Alves, o brinquedo é uma atividade inútil. E, no entanto, o corpo quer sempre

voltar a ele. Por quê? Porque o brinquedo, sem produzir qualquer utilidade,

produz alegria. Felicidade é brincar. E sabem por quê? Porque no brinquedo nos

encontramos com aquilo que amamos. No brinquedo o corpo faz amor com

objetos de seu desejo.

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2.2 A importância do brincar:

Brincar é uma linguagem, é nossa primeira forma de cultura. A cultura que

pertence a todos e que nos faz participar de idéias e objetivos comuns.

Segundo Gilles Brougére (1997), a brincadeira humana acontece num

contexto social e cultural. Ele defende o rompimento do mito da “brincadeira

natural”. A criança desde o seu nascimento está inserida num contexto social e

seus comportamentos estão impregnados por essa imersão inevitável:

A brincadeira é um processo de relações individuais, portanto de cultura. É preciso partir dos elementos que ela vai encontrar em seu ambiente imediato, em parte estruturado por seu meio, para se adaptar ás suas capacidades. A brincadeira pressupõe uma aprendizagem social. Aprende-se a brincar. A brincadeira não é inata, pelo menos nas formas que ela adquire junto ao homem. A criança pequena é iniciada na brincadeira por pessoas que cuidam dela, particularmente sua mãe (...) é o adulto que, como destaca Wallon, por metáfora, batizou de brincadeira todos os comportamentos de descoberta da criança. (p.98).

Através dessa iniciação progressiva na brincadeira, a criança aprende a

compreender dominar e produzir uma situação específica, distinta de outras

situações. A brincadeira é um espaço de inovação para a criança que

experimenta comportamentos novos para ela, desenvolvendo a sua criatividade,

que é essencial para a descoberta de suas competências.

O brincar é uma realidade cotidiana na vida das crianças e para que elas

brinquem é suficiente que não sejam impedidas de exercitar sua imaginação. A

imaginação é um instrumento que permite ás crianças relacionar seus interesses

e suas necessidades com a realidade de um mundo que pouco conhece. Brincar

é o meio que a criança possui para interagir com o universo dos adultos. A

brincadeira expressa há forma como uma criança reflete, organiza, destrói e

reconstrói o mundo a sua maneira. Também um espaço onde a criança pode

expressar, de modo simbólico, suas fantasias, seus objetivos, medos,

sentimentos e os conhecimentos que vão construindo a partir das experiências

que vivem.

Através da brincadeira de criança, podemos compreender como ela vê e

constrói o mundo – o que ela gostaria que ele fosse quais as suas preocupações

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e que problemas a estão assediando. Pela criança brinca espontaneamente só

para passar o tempo, sua escolha é motivada por processos íntimos, desejos,

problemas, ansiedades. O que está acontecendo com a mente da criança

determina suas atividades lúdicas; brincar é sua linguagem secreta, que devemos

respeitar mesmo se não a entendemos.

Quando está brincando, a criança cria situações imaginárias em que se

comporta como se estivessem agindo no mundo dos adultos. Enquanto brinca,

seu conhecimento desse mundo se amplia, porque nesta atividade, ela pode fazer

de conta que age com os adultos agem, imaginando realizar coisas que são

necessárias para operar com objetivos com os quais os adultos operam, e ela

ainda não. O que motiva a brincadeira não é o resultado das ações, isto é,

transporta-se para outro lugar, mas sim o próprio processo da atividade. O alvo

das brincadeiras das crianças pequenas é a ação e não seus resultados.

“para as crianças, a brincadeira é a melhor maneira de se comunicar, um meio para relacionar com outras crianças. Brincando, as crianças aprendem muito sobre o mundo que as cerca e têm oportunidade de processar a melhor forma de se integrar a esse mundo que já encontraram pronto ao nascer”. (Revista: Professor de pré-escola V. 2,1991 p.58)

Para Vygotsky (1989), pela análise sócio-histórica a brincadeira é

entendida como atividade social da criança, cuja natureza e origem específicas

são elementos fundamentais para a construção de sua personalidade e

compreensão da realidade na qual se insere. Na brincadeira, a criança encontra

um espaço fértil para lidar, através da representação, não apenas com a realidade

social, mas também, com sua individualidade física, intelectual e emocional em

desenvolvimento.

A brincadeira é desta forma, um espaço de aprendizagem onde a criança

age além do seu comportamento cotidiano e do comportamento das crianças de

sua idade. Na brincadeira, a criança aparentemente mostra fazer apenas o que

mais gosta, quando brinca aprende a se subordinar ás regras das situações que

constrói. Essa capacidade de sujeição ás regras, imposta pela situação

imaginada, é uma das fontes de prazer no brinquedo.

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CAPITULO III

A FORMAÇÃO DA CRIANÇA A PARTIR DAS BRINCADEIRAS

A criança entendida como um ser diferente do adulto, em termos de idade

e maturidade, está inserido num mundo em que a brincadeira é sua atividade

principal.

Estudada por Vygotsky, a brincadeira infantil é resultado de processos

históricos – sociais que alteram o modo de vida da sociedade, inclusive as formas

de pensamentos das pessoas, afirmando que toda conduta de ser humano,

incluindo suas brincadeiras é construída como resultado de processos sociais.

Para ele, as primeiras brincadeiras da criança surgem da necessidade de dominar

o mundo dos objetos humanos.

Para o autor, a aprendizagem desperta processos internos de

desenvolvimento que somente pode ocorrer quando o individuo interage e se

relaciona com outras pessoas. Para explicar o processo de aprendizagem, ele

desenvolveu os conceitos de desenvolvimento potencial, desenvolvimento real e

desenvolvimento proximal.

A zona de desenvolvimento potencial é toda a atividade e conhecimento

que a criança ainda não domina, mas que se espera que ela seja capaz de saber

realizar.

A zona de desenvolvimento real é caracterizada por tudo aquilo que a

criança já é capaz de realizar sozinho. Nessa zona, é observável que a criança já

tenha conhecimentos prévios sobre as atividades que realiza.

A zona de desenvolvimento proximal é a distancia entre o que a criança já

pode realizar sozinha e aquilo que ela somente é capaz de desenvolver com a

ajuda de alguém.

Na zona de desenvolvimento proximal, o aspecto fundamental é a

realização de atividades com o auxilio de um mediador. Por isso Vygotsky afirma

que essa é a zona cooperativa do conhecimento. O mediador ajuda a criança a

concretizar o desenvolvimento que está próximo, isto é, ajuda a transformar o

desenvolvimento potencial em desenvolvimento real.

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O autor vê na brincadeira um papel fundamental na formação da criança,

pois valoriza o fator social mostrando que, nas brincadeiras, a criança cria

situações imaginarias, incorporando elementos de contexto social em que vivem

adquiridas por meio da interação e da comunicação que tem com outras crianças

e com outros adultos.

Para Vygotsky, a questão fundamental da brincadeira é que ela propicia a

zona de desenvolvimento proximal, ou seja, na brincadeira, a criança sempre se

comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu

comportamento diário. A brincadeira para as crianças é o equilíbrio entre o real e

o imaginário. A criança apresenta um nível de desenvolvimento quando realiza

algo sozinha, mas que esse nível passa a ser outro, de maior complexidade, se

ela passa a trabalhar com um adulto ou interagindo com outras crianças mais

experientes. A brincadeira tem um papel fundamental no desenvolvimento do

pensamento da criança, porque é por meio dela que a mesma desenvolve

diversos do pensamento aspectos de seu comportamento, os quais estão ligados

diretamente á sua aprendizagem e ao seu desenvolvimento. Ao assumir um papel

na brincadeira, a criança opera com o significado de sua ação e submete o seu

comportamento a determinadas regras.

Segundo Vygotsky, nas brincadeiras do período pré-escola, as operações

e ações da criança são sempre reais e sociais. Nelas, a criança assimila a

realidade, dessa forma, o brincar é o cominho pelo qual ela compreende o mundo

em que vive e que será chamada a mudar.

Há duas etapas no desenvolvimento do brincar que são análogos á

historia do desenvolvimento em geral. Na primeira, há a predominância da ação

sobre o significado e essa ação é inteiramente compreendida. A partir das

interações sociais, são formados os conceitos; nesse momento, os símbolos

determinam as ações e as regras são claramente estabelecidas. A segunda etapa

ocorre quando o ser humano é capaz de operar conscientemente com o

significado das coisas, significado este ao qual se subordinam todos os objetos e

ações reais.

Conseqüentemente, na forma mais avançada do desenvolvimento,

emerge um complexo de aspectos que, no inicio, eram secundários ou incidentais

e agora ocupam uma posição central. Do ponto de vista do desenvolvimento, a

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criação de uma situação imaginaria pode ser considerada um meio para

desenvolver o pensamento abstrato.

Em conclusão, Vygotsky (1989 p.2) coloca que, para uma criança com

menos de três anos, o brincar é um jogo sério, assim como é para o adolescente.

Porém, para a criança, sério significa que, ao brincar, ela não separa a situação

imaginaria da situação real; para a criança em idade escolar, o brincar torna-se

uma forma de atividade mais limitada, que preenche um papel especifico no seu

desenvolvimento e permeia as atitudes em relação à realidade. Neste caso, a

essência do brincar é criação de uma nova relação entre o campo do significado e

o campo da percepção.

3.1 O papel dos professores nas brincadeiras:

É importante destacar o papel do professor frente ao desenvolvimento

infantil, cabendo-lhe proporcionar experiências diversificadas e enriquecedoras, a

fim de que as crianças possam fortalecer sua auto-estima e desenvolver suas

capacidades, pois é por meio da colaboração do mesmo que a criança pode

ampliar conceitos.

Se a brincadeira tem caráter educativo, cabe aos professores assumir o

papel principal, o de mediador, de observador, determinando suas condiçoes,

direcionando-a e modificando-a. seu papel será o de orientar a criança a descobrir

todas as possibilidades oferecidas pelas brincadeiras, de pensar junto, porém

respeitando o momento de aprendizagem dos alunos. As sugestões devem ser

enriquecidas pelas situações criadas pela própria criança. É interagindo com o um

meio rico em possibilidades de agir que ela sistematizará os conceitos e dominará

novas formas de ação. Para assegurar que a brincadeira tenha conseqüências

educacionais positivas, os professores devem oferecer a preparação, um

planejamento cuidadoso e orientação. Pois os mesmo orientam a brincadeira

educativa das crianças quanto planejam, iniciam e direcionam durante a atividade.

Embora brincadeiras extremamente satisfatórias possam surgir

espontaneamente em quase qualquer sala de aula, a preparação adequada

aumenta gradativamente as chances de ocorrer uma brincadeira produtiva. Os

professores devem conhecer os temas de brincadeiras que interessam ás

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crianças e que têm o potencial de oferecer experiências pedagógicas ricas. As

brincadeiras em torno de vários papéis sociais podem ajudar as crianças a

explorarem as funções e limitações destes papéis.

Ao planejar as brincadeiras, os professores devem providenciar os recursos necessários, incluindo o tempo, as áreas reservadas para diferentes tipos de brincadeiras, os materiais adequados para cada uma e da disposição dos grupos de crianças que querem se envolver nelas. ( ROMPKOVSKI e Silva, 2006, p.51).

Se a sala está organizada em centro de atividade, deve haver espaço

adequado para diferentes tipos de brincadeiras. Os acessórios devem estar

organizados de forma que as crianças possam identificar e selecionar facilmente

as matérias de que precisam. O tamanho do grupo pode variar com o tipo de

atividade, com o espaço disponível e mesmo com o gênero das crianças

participantes.

Os professores devem avaliar a importância pedagógica das brincadeiras

e buscar os recursos para ajudar as crianças a obterem informações sobre elas.

Os professores podem não utilizar todos os recursos que possui na sala ou

apresentá-los de uma só vez, mas uma pesquisa e analise cuidadosa darão a

eles várias opções de materiais com os quais apresentam informações que

estimule a brincadeira e a façam evoluir.

A pedagogia da brincadeira parte de valores em que os professores

devem procurar nas relações entre o mundo infantil e escolha conhecer suas

brincadeiras e analisar todos os conhecimentos possíveis para a aprendizagem,

organizando atividades que promovam Interligações com a cultura escolarizada,

no sentido de aprender novos conhecimentos, observando o seu desenvolvimento

de acordo com sua fase cognitiva e social.

Ao planejar, os professores também devem identificar os materiais e

brinquedos que podem ser usados, pois tudo que os mesmos trazem para dentro

da sala de aula afeta as brincadeiras das crianças. Eles também devem refletir

sobre as estratégias que vão usar para estimular a brincadeira e os objetivos que

querem atingir. Estes objetivos podem propiciar diretrizes para uma avaliação

constante e para a orientação das brincadeiras. Assim como planejam as

atividades das crianças, os professores devem ajudá-las a planejar por elas

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mesmas. Estes planejamentos ajudam as crianças a assumirem o controle de

suas atividades e melhoram seu sentimento de responsabilidade e autonomia.

Tanto dentro como fora da escola, o brincar passou por varias

transformações em função das mudanças sociais, econômicas e culturais. Dentro

da escola a brincadeira integra um espaço de trabalho: a brincadeira tem o

objetivo de instruir, educar, transmitir conhecimentos, vivenciar brincando

situações que ajudarão a criança a torna-se um adulto consciente, responsável,

que saiba conviver em sociedade, respeitando o próximo em seus limites e

diferenças, também pode prepará-lo para o mundo desenvolvendo a inteligência,

o raciocínio e a visão critica. E aos professores cabe a missão de encontrar a

melhor forma para transmitir esses conhecimentos, e atingir seu objetivo principal:

ensinar. Afinal, não existe algo que as crianças gostem mais de fazer do que

brincar.

Em sua intervenção no brincar, o professor pode trabalhar com a criação

do ambiente enriquecendo-o com os brinquedos adequados a situações de

brincar, podendo receber ajuda das crianças, para essa organização. Brincar

proporciona algumas das experiências não intensa da infância e que quando

iniciada pelas próprias crianças pode ser um vinculo maravilhoso para a

exploração de muitos aspectos do mundo de uma criança. Cabe aos profissionais

ser capazes de criar situações do brincar, de articular a brincadeira para que

possam promover aprendizagem.

Assim nenhuma criança brinca só para passar o tempo, sua escolha é

motivada por seus desejos, problemas, ansiedade e também por sua curiosidade.

O que está acontecendo com a criança determina sua atividade no caso o brincar,

então faz necessário que o educador esteja sempre atento, para oferecer

possibilidade e situações de brincadeiras, para que a criança tenha a

oportunidade de provar a sua superioridade de expressar-se, de se evadir do

mundo real, de ser séria na sua brincadeira.

E apesar da brincadeira ser uma atitude espontânea das crianças, isso

significa que o professor necessita ter uma atitude de “observador”, na qual o

professor procura intervir o mínimo possível, de maneira a garantir a segurança e

o direito á livre manifestação de todos. Uma atitude de “catalisador”, procurando

através da observação, descobrir as necessidades e os desejos implícitos na

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brincadeira, para poder enriquecer o desenrolar de tal atividade. É, finalmente, de

“participante ativo” nas brincadeiras, atuando com um mediador das relações que

se estabelecem e das situações surgidas, em proveito do desenvolvimento

saudável e prazeroso das crianças.

3.2 Formação Profissional na educação Infantil:

A formação de professores é parte primordial do processo de

profissionalização. É o ponto de partida para uma atuação competente na

docência. O professor de Educação Infantil,assim como os demais professores

dos outros níveis de ensino deve insistir no seu desenvolvimento profissional

permanente que requer constantes estudos e envolvimentos nos saberes próprios

da profissão. Historicamente o trabalho docente desenvolvido nas instituições de

educação infantil esteve relegado a um atendimento feito por pessoas com pouca

ou nenhuma formação profissional.

A natureza do trabalho do professor é cheia de complexidade e

singularidade. As relações existentes no conjunto de sujeitos envolvidos no

processo educativo são regidas por um contrato social ou, como diz perrenoud

(1997), um contrato didático, que confere ao professor uma autoridade advinda de

sua posição e conhecimento a serem comunicados, porém que, como hoje se

sabem não se resume somente á transmissão de conteúdos, mas a um conjunto

de atitudes éticas que incluem o diálogo. Nesse contexto é que se problematiza a

questão da formação do professor de educação infantil.

Nessa perspectiva tem uma necessidade de uma formação mais

abrangente e unificadora para profissionais tanto de creches com de pré-escolas.

Em resposta a esse debate, a LDB dispõe, no titulo VI, art.62 que:

A formação de docentes para atuar na educação Básica far-se-á em nível

superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e

institutos superiores de educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino

fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal.

Atualmente a formação de profissionais para atender crianças na

Educação infantil é um tema que abre possibilidades de discussão podendo, ser

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vista por múltiplos olhares. A preocupação com a formação da Educação Infantil

perpassa todas as instâncias da nossa ação pedagógica. Um primeiro aspecto

que precisa ser discutido é a profissionalização da nossa ação, enquanto

educador na Educação Infantil. Para tanto, é necessário deixar de lado a visão

idílica que marcou a profissão, associando-o ao trabalho feminino, a uma vocação

maternal, ou ainda a uma suposta missão sacerdotal desenvolvida por mulheres

submissas a um chamado vocacional. Sob essa ótica de profissionalização

intensificaram-se as lutas que resultaram em mudanças na legislação,

contempladas nos artigos já citados na LDB, a Educação Infantil provoca uma

mudança também no sentido de afastar o discurso da vocação e nos aproximar

da necessidade de reconhecimento e valorização profissional.

A seriedade da profissionalização torna-se um fator essencial na

formação profissional para o atendimento a crianças pequenas. O atendimento á

criança de Educação Infantil precisa ser encaminhada através do

desenvolvimento de ações competentes, articuladas com os diversos saberes,

fundamentadas em conhecimentos específicos e concretos na sua ação cotidiana.

A legalidade em ação sabedora da realidade em que se configura o quadro

profissional traduz em artigos; incisos, propostas, diretrizes, suas ação e

teoricamente pretende resolver a questão dizendo:

A implementação das diretrizes relativas á políticas de recursos humanos

engajados na educação infantil exigirá acordo e compromissos de

responsabilidade dos diversos órgãos que atuam na área (...) faz-se necessário

intensificar ações voltadas para a estruturação de processos de formação inicial e

continuadas dos profissionais da Educação Infantil.

(...) é fundamental o envolvimento das universidades nesse processo, especialmente por sua atuação na formação de formadores e na pesquisa e desenvolvimento na área (...) constituiu prioridade o investimento, em curto prazo, na criação de cursos emergenciais, sem prejuízo da qualidade, destinados aos profissionais não habilitados que atuam nas creches e pré-escolas. Ações nesse sentido serão apoiadas e incentivadas pelo Ministério (MEC, SEF,DPE,COEDI,1994,p,25)

Atualmente, tem-se discutido muito a respeito do curso de pedagogia e da

formação feita nos cursos emergenciais, tais como: os de complementação,

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formação continuada, entre outros. Contudo acredita-se que a formação deve ser

realizada em cursos superiores nas universidades. A universidade é espaço

qualificado para essa tarefa. Cabe a elas refletirem que esse compromisso passa

não somente pela transmissão de conteúdos, mas também pelo acesso á

habilidades práticas, necessárias no trabalho com crianças, visando, dessa forma

a aumentar a autonomia, a autoconfiança do educador e o prazer em

desenvolvimento e seu trabalho.

Da educadora de Educação Infantil, é esperado que ela tenha

sensibilidade, tenha uma concepção de criança com sujeito histórico, social,

cultural, biológico, cidadão, sujeito de direitos, que tenha conhecimentos sobre

desenvolvimento da criança, que seja capaz de relacionar-se com o grupo de

trabalho, tenha autonomia, seja crítica é criativa. Diversas competências e

habilidades que desenham um perfil profissional.

A própria legislação, nos Referenciais Curriculares para a Educação

Infantil (1998), indica um perfil profissional associada á polivalência, aquele que

dá conta de todas as ações pertinentes ao atendimento. O profissional deverá ser

alguém que dê conta da articulação dos conteúdos para o desenvolvimento de

projetos e que saiba associar as ações de cuidado (satisfação das necessidades

básicas) com a criança. Entre essas competências e habilidades profissionais

estariam:

A observação (das crianças e de si mesmo) e a possibilidade de

descentração do próprio ponto de vista. Esforçando-se em compreender a

perspectiva da criança, o que envolve a possibilidade de questionar o

pensamento da criança, procurando realmente entendê-lo, problematizá-lo

instigá-lo. Ambas são habilidades bastante difíceis de desenvolver, apesar da

aparente simplicidade, mas imprescindíveis para que o educador, valendo-se dos

conhecimentos já mencionados ( e aprimorando-os), faça uma correta análise das

diversas situações que compõe o estar junto com a criança e possa nelas

interferir de uma maneira adequada, enriquecedora ( Cruz, 1996, p. 84).

Nesse contexto, os cursos de formação devem dar ênfase ao atendimento

da criança como um todo e formar uma pessoa capaz de superar a dicotomia

educação e cuidado. A falta de formação específica dos professores resulta com

que eles caminhem em sentido contrário ás orientações legais e pedagógicas

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para a Educação Infantil e que os mesmos tenham atitudes negligentes com os

alunos. Entretanto, a criança da Educação Infância não é um individuo a ser

escolarizado, mas é uma pessoa inteira, completa, com necessidade de um

atendimento que reconheça suas potencialidades, sua condição social, cultural,

histórica, econômica, e que envolva um trabalho em que diferentes ações se

interagem á educação e ao cuidado.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme foi relatado neste trabalho, a Educação Infantil primeira

etapa da Educação Básica visa o desenvolvimento pleno da criança em seus

aspectos físicos, psicológico e social como complemento da ação da família e da

comunidade.

A educação infantil é compreendida como um espaço de brincadeira,

aprendizado, interação e de desenvolvimento da criança. As brincadeiras

estimulam a imaginação, a criatividade das crianças possibilitando assim um

melhor aprendizado.

O lúdico usado como instrumento de ensino propicia a um aprendizado

mais significativo, pois as crianças sentem prazer ao brincar, facilitando as

mesmas relacionarem seus interesses e necessidades com a realidade do mundo

em que vivem, elas mostram também seus desejos, medos e anciosidades

através das brincadeiras.

A dicotomia impressa e discutida atualmente pelas ações do educador é

cuidar e envolver o profissional e sua formação. Para tanto, há que se propor a

melhoria da formação, não somente nos cursos de graduação, mas em projetos

de educação continuada e em serviço, que permitam as pessoas que já atuam ter

uma experiência continuada de capacitação.

Salienta-se afinal que, contou-se com pressupostos teóricos de autores

relevantes para a realização deste trabalho. São eles; Vygotsky, Moaci Carneiro,

zilma Oliveira e outros afim.

Em fim, subtendeu-se que o lúdico na vida da criança no âmbito social

principalmente e nos demais. Todavia, requer do alfabetizador, “ doação” em

todos os aspectos como demonstrou-se em todo o discorrer deste estudo.

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Page 35: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · cotidianamente. Dessa forma, produz a reflexão sobre jogos e as brincadeiras compreendendo-os como atividades fundamentais da infância

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