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FORMAÇÃO DE VÍNCULOS NA FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA A PARTIR DA PSICANÁLISE DE VÍNCULOS RELATIONSHIP FORMATION OF CONTEMPORARY FAMILY FROM PSYCHOANALYSIS OF LINKS ¹ Acadêmicas de Psicologia da UNIPAR ² Docente do curso de Psicologia da UNIPAR Jussane Alexandre Risczik 1 Patrícia Adriana Dresch¹ Sidinéia da Silva¹ Miriam Cristina Benedeti² RISCZIK, A.J.; DRESCH, P. A.; SILVA, S. Formação de vínculos na família contemporânea a partir da Psicanálise de Vínculos. 2018. RESUMO: O presente artigo tem como objetivo discutir a formação de vínculos na família contemporânea a partir da Psicanálise das Configurações Vinculares (PCV). A partir dessa perspectiva percorremos o caminho do conceito de grupo, vínculos e concomitantemente apresentamos um breve histórico da família, mediante as transformações as quais perpassou e sua contribuição específica através do processo vincular como formadora da estrutura psíquica dos indivíduos. Na busca de contemplar a compreensão da PCV ressaltamos sua característica principal como a reciprocidade da relação do homem com o meio e sua permanente influência modificadora nos planos intra, inter e transubjetivo. Dos pressupostos teóricos embutidos nessa discussão sugerir-se-à uma busca nas questões psicológicas, mais especificamente na terapia, seja individual, de casal, familiar ou grupal, e a abertura de um espaço para as pessoas pensarem e se comunicarem. Auxiliar os sujeitos a resgatarem conteúdos inconscientes e introjetados e ressignificá-los, em uma tentativa de melhor aceitação de si e do outro. PALAVRAS-CHAVE: Grupos. Família. Vínculos. Psicanálise. ABSTRACT: This article aims to discuss the formation of links in the contemporary family based on the Psychoanalysis of Link Configurations (PCV). From this perspective we have gone down the definition of group, and concomitantly we present a brief history of the family, through the transformations that permeated and their specific contribution through the process of linking as a formator of the psychic structure of individuals. In the search to contemplate the understanding of PCV, we emphasize its main characteristic as the reciprocity of man's relation to the environment and its permanent modifying influence on the intra, inter and transubjective plans. From the theoretical assumptions embedded in this discussion we will suggest a search in psychological questions, more specifically in therapy, whether individual, couple, family or group, and open up a room for people to think and communicate. To assist the subjects to restore unconscious and introjected contents and reframe them, in an attempt to accept better oneself and the other. KEYWORDS: Groups. Family. Links. Psychoanalysis.

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FORMAÇÃO DE VÍNCULOS NA FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA A PARTIR

DA PSICANÁLISE DE VÍNCULOS

RELATIONSHIP FORMATION OF CONTEMPORARY FAMILY FROM

PSYCHOANALYSIS OF LINKS

¹ Acadêmicas de Psicologia da

UNIPAR

² Docente do curso de Psicologia da

UNIPAR

Jussane Alexandre Risczik1

Patrícia Adriana Dresch¹

Sidinéia da Silva¹

Miriam Cristina Benedeti²

RISCZIK, A.J.; DRESCH, P. A.; SILVA, S. Formação de vínculos na

família contemporânea a partir da Psicanálise de Vínculos. 2018.

RESUMO: O presente artigo tem como objetivo discutir a formação de

vínculos na família contemporânea a partir da Psicanálise das

Configurações Vinculares (PCV). A partir dessa perspectiva percorremos

o caminho do conceito de grupo, vínculos e concomitantemente

apresentamos um breve histórico da família, mediante as transformações

as quais perpassou e sua contribuição específica através do processo

vincular como formadora da estrutura psíquica dos indivíduos. Na busca

de contemplar a compreensão da PCV ressaltamos sua característica

principal como a reciprocidade da relação do homem com o meio e sua

permanente influência modificadora nos planos intra, inter e transubjetivo.

Dos pressupostos teóricos embutidos nessa discussão sugerir-se-à uma

busca nas questões psicológicas, mais especificamente na terapia, seja

individual, de casal, familiar ou grupal, e a abertura de um espaço para as

pessoas pensarem e se comunicarem. Auxiliar os sujeitos a resgatarem

conteúdos inconscientes e introjetados e ressignificá-los, em uma tentativa

de melhor aceitação de si e do outro.

PALAVRAS-CHAVE: Grupos. Família. Vínculos. Psicanálise.

ABSTRACT: This article aims to discuss the formation of links in the

contemporary family based on the Psychoanalysis of Link Configurations

(PCV). From this perspective we have gone down the definition of group,

and concomitantly we present a brief history of the family, through the

transformations that permeated and their specific contribution through the

process of linking as a formator of the psychic structure of individuals. In

the search to contemplate the understanding of PCV, we emphasize its

main characteristic as the reciprocity of man's relation to the environment

and its permanent modifying influence on the intra, inter and transubjective

plans. From the theoretical assumptions embedded in this discussion we

will suggest a search in psychological questions, more specifically in

therapy, whether individual, couple, family or group, and open up a room

for people to think and communicate. To assist the subjects to restore

unconscious and introjected contents and reframe them, in an attempt to

accept better oneself and the other.

KEYWORDS: Groups. Family. Links. Psychoanalysis.

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AKRÓPOLIS - Revista de Ciências Humanas da UNIPAR

INTRODUÇÃO

Nosso tema tem como foco apresentar a

formação de vínculos a partir da psicanálise,

repensando como se dão suas relações acerca do

grupo familiar. Percebe-se nos tempos

modernos, que o ser humano tem

progressivamente dado menos importância ao

outro. A ênfase está centrada no eu, no princípio

e no fim das coisas. É notória a superficialidade

nas relações.

Freud já havia dito que o homem se

considera o centro do universo, portanto, um

grande desafio que se coloca, é saber conviver

com o outro. Pensando assim, não podemos

viver isoladamente, necessitamos do outro e

dessa forma nos agrupamos.

O grupo precede o indivíduo. Por um lado,

vivemos essa época de exclusivismos e

individualismo, nos bunkers particulares, por

outro, é exatamente neste momento que vem

surgindo movimentos comunitários, ONGs,

associações de bairros, mutirões sociais. É a

forma do grupo imperando sobre o individual.

(ÁVILA, 2003, p. 83).

Ora, mesmo em uma sociedade

individualista, que faz com que o indivíduo se

volte para si mesmo e para seus interesses

somente, ainda assim, há em cada pessoa a

necessidade do outro.

O indivíduo não existe por si mesmo, ou em si

mesmo. O indivíduo existe por sua necessária

e obrigatória participação nos grupos. É com

os recursos e os atributos da grupalidade que

cada indivíduo vem a se constituir enquanto

indivíduo. (ÁVILA, 2007, p. 18).

Ávila (2003) mostra que o aprendizado

de conviver com os demais sujeitos, ou seja, em

grupo, é contínuo e permanente. “Precisamos

ter constituído um eu, um espaço interno para

poder, pelo menos temporariamente, abrir mão

desse eu.” (p.85).

Percebe-se que um grupo não é somente

um conjunto de pessoas que compartilham do

mesmo lugar. Num grupo há interação, estão ali

embutidos vínculos interpessoais, é no grupo

que a coletividade humana ganha espaço, onde

acontecem experiências emocionais

compartilhadas.

O grupo funciona na sua plenitude quando

encontramos um objeto exterior no qual

podemos colocar nosso ideal do ego. Esse

grupo livremente constituído permite-nos ir

além de nós mesmos, sair do narcisismo, ir

além da família de origem, da raça, do credo

ou da nacionalidade. (Idem, 2003, p. 84).

Quando nos referimos a grupo, o autor

Eiguer (1985, p. 55) traz considerações

importantes “[...] a teoria da interação,

desempenhou, é certo, um papel fundamental na

compreensão da família como grupo. ”

O ser humano nasce pertencendo a um

determinado grupo que é a sua família, estrutura

esta em que acontece sua primeira formação de

vínculos, esse “processo de estruturação do

psiquismo familiar tem início com o

investimento de sujeitos que cruzam desejos e

fantasias, estabelecendo movimentos recíprocos

de identificação” Passos (2006, p. 09), com o

passar do tempo os indivíduos interligando-se

formam novos vínculos e outros grupos sociais.

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Portanto, seja em seu aspecto relacional

ou de vínculo, o grupo vai mostrando um de

seus objetivos como o de configurar vínculos na

composição entre os sujeitos.

Vínculo é a estrutura relacional em que ocorre

uma “experiência emocional” entre duas ou mais

pessoas ou partes da mesma pessoa. Pode ser

intrasubjetivo, intersubjetivo ou transubjetivo.

(FERNANDES, 2003, p. 44)

Neste processo deve-se considerar a

comunicação entre os sujeitos envolvidos, e o

comunicar aqui tem o significado de

compartilhar, ter algo em comum e por fim,

estabelecer o vínculo, dessa forma, pode-se

dizer que estes sujeitos envolvidos estão sempre

se comunicando.

No grupo, entre as matrizes vinculares

estabelecem-se lentamente canais de

comunicação e trocas relacionais carregadas

de significado afetivo, que originam uma rede

inter e transpessoal, que no aqui e agora se faz

e se desfaz, ao longo de cada sessão, mas que

tende a se organizar e a se fixar, evidenciando

características específicas em cada grupo.

(FERNANDES, 2003, p.147).

Concomitante a busca de conceitos para

compreender melhor a teoria das configurações

vinculares na psicanálise, adentramos no campo

da família, lugar onde estabelecem vínculos

mais próximos entre os sujeitos que convivem

em grupo e possuem características vinculares

específicas e objetivos comuns.

O discurso da família, a maneira como as

relações vinculares são estruturadas e

vivenciadas pelos seus componentes, além do

momento histórico e cultural, influenciarão na

formação da personalidade do indivíduo.

Logo, a entrada do sujeito na história tem

ligações com o clima emocional interno e

externo em que ela foi gerada, com as

idealizações e angustias existentes na mente

dos pais e com o desenvolvimento do aparelho

psíquico. (LEVISKY, 2003, p.215).

Dessa forma, é importante considerar

que a instituição família precisa ser

contextualizada no momento histórico em que

esta é experienciada. É necessário pensar em

suas especificidades e os fatores em comum em

relação a outras instituições em que se

configuram os vínculos.

Diante da temática das configurações

vinculares, concebe a psicanálise das

configurações vinculares (ou psicanálise

vincular) como uma forma de organizar

conhecimentos existentes e de abrir um campo

de estudo com uma visão muito mais

abrangente em relação à psicanálise,

principalmente em se tratando de grupos, das

famílias, dos casais, das instituições.

(FERNANDES, 2003).

Sendo assim, busca-se compreender a

importância das configurações vinculares na

família contemporânea a partir da psicanálise

dos vínculos.

BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A

HISTÓRIA DA FAMÍLIA

Para buscarmos compreender a

formação de vínculos, tomando como base a

corrente do pensamento psicanalítico criada

pelos psicanalistas argentinos e franceses a

partir dos anos 1950, para abarcar os múltiplos

vínculos estabelecidos pelo indivíduo e suas

estruturas inconscientes. (FERNANDES &

SVARTMAN, 2003).

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Vamos nos deter, por um momento, nas

noções sobre os tipos de família que abarcam

desde seus primórdios até a contemporaneidade,

elucidando que não é tarefa simples descrever

sua tipologia, em vista da complexidade e

abrangência que requer o tema. Berenstein

(2011) diz que "o conjunto família se constitui

mediante um 'fazer' com isso que seus

integrantes supõem semelhante – por isso

normalmente se chama 'familiar' aquilo

conhecido, que em parte o é e em parte não – e

requer um trabalho com os outros que trazem

uma alienidade, de onde surgirá o novo"

(BERENSTEIN, 2011, p. 21).

Em relação à família existem ainda três

formas de relações vinculares apresentadas por

Levisky (2003). As mesmas são: Famílias

nucleares; Famílias reconstituídas e Famílias

adotivas. Segundo a autora, as famílias

nucleares representam-se, pelos filhos, pai, mãe,

como também os parentes que são unidos por

laços sanguíneos. Já as famílias reconstituídas,

são aquelas onde os pais adquirem uma nova

união e trazem consigo seus filhos, e estes

tentam buscar um espaço comum. E à terceira

representação de família, pertencem as adotivas,

que se formam quando, os pais adotam filhos e

seus vinculares são de natureza emocionais. (p.

216)

Esses são os modelos apresentados pela

autora, e de forma mais simples, ela descreve a

família como “[...] um grupo de pessoas com

características vinculares específicas e objetivos

comuns.” (p. 215).

Em relação aos tipos de família que se

constituíram ao longo da história até a

contemporaneidade, tomaremos o que o autor

Reis (2004, p.105) considera “[...] Poster

apresenta quatro modelos de família: a

aristocrática e a família camponesa (dos séculos

XVI e XVII), a família proletária e a família

burguesa (do século XIX).”

O autor Reis (2004) apresenta as

características essenciais das estruturas

emocionais que compõem os tipos de família

relacionado ao contexto histórico em que cada

uma destas está determinada. Diante das

peculiaridades que requer a discussão em torno

das características da família burguesa, nos

deteremos a esta tipologia, pois seu modelo

criou novos padrões familiares que foram

transmitidos ao longo do tempo até a

contemporaneidade.

Assim, podemos concluir que certas

características da família burguesa típica do

século XIX, que criou novos padrões para a

vida familiar, adequados às necessidades da

nova classe dominante, continuam presentes

nas famílias contemporâneas. Entretanto, essa

presença se dá parcialmente, porque hoje são

outras as condições históricas. (REIS, 2004,

p.122)

Portanto, remetendo a história, o grupo

familiar vem sofrendo transformações

marcantes em sua forma de organização tanto

afetivas quanto sexuais, como o autor Reis

(2004) destaca que continua vigente na estrutura

familiar advindo do modelo burguês “a rígida

hierarquia de sexo e de idade, assim como a

associação entre amor e autoridade...” (p. 122)

Mostrando assim, que esta combinação provoca

sofrimento e angústia em seus membros, ao

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mesmo tempo em que cumpre sua função de

transmissão da ideologia vigente.

VÍNCULOS X PSICANÁLISE:

CONFIGURAÇÕES VINCULARES

Sabe-se que na contemporaneidade são

apresentadas cada vez mais diferentes estruturas

familiares, e estas se configuram de diversas

formas. Considerando as relações que se

estabelecem no ambiente familiar, nos

aprofundaremos nos estudos de vínculos a partir

da psicanálise.

Dessa forma, remetendo-nos a

afetividade como algo que deve ser estimulado,

esta também faz parte da evolução do indivíduo,

no “desenvolvimento estrutural e psicológico do

ser humano” Bairros et al (2011 p.01), sem a

afetividade, não terá sua completude da

estrutura emocional. Nesse sentido os autores

apontam que:

Sem ela, este não se desenvolve plenamente, é

de extrema relevância demonstrarmos a

importância do afeto na construção da base da

personalidade nos primeiros anos de vida,

considerando que aquilo que acontece ao

indivíduo neste período irá refletir-se na

adolescência e na fase adulta. As impressões

registradas no inconsciente, pela presença ou

ausência das relações afetivas entre pais e

filhos, podem causar graves transtornos

afetivos e emocionais às crianças (BAIRROS

et al, 2011, p.01)

Quando tratamos de vínculos, para a

teoria psicanalítica, o autor Pichon-Rivière

(1998), pontua que é algo mais concreto que

relações de objeto, "é então, um tipo particular

de relação de objeto; a relação de objeto é

constituída por uma estrutura que funciona de

uma determinada maneira. (...) O vínculo é algo

diferente que inclui a conduta.” (p.17).

Nesse contexto, o autor ainda continua

ressaltando que:

O vínculo é sempre um vínculo social, mesmo

sendo com uma só pessoa; através da relação

com essa pessoa repete-se uma história de

vínculos determinados em um tempo e em

espaços determinados. Por essa razão, o

vínculo se relaciona posteriormente com a

noção de papel, de status e de comunicação.

(PICHON-RIVIÉRE, 1998 p.31)

Para Passos (2006) os laços familiares

são de extrema importância na formação e

constituição da nossa subjetividade, vão nos

moldando no processo de amadurecimento para

a convivência em grupos.

Dessa forma, esses laços, ou seja, essas

relações vinculares colocados no contexto

familiar, sem sombra de dúvida, têm grande

importância na formação do indivíduo.

As famílias têm sido recriadas não mais

segundo padrões hegemônicos do patriarcado,

mas conforme demandas dos sujeitos e das

possibilidades oferecidas pela sociedade,

atualmente mais aberta e igualitária. (PASSOS,

2006, p. 08)

Com todas as mudanças que vem

ocorrendo e com os novos modelos e

composições familiares, o autor ressalta que,

mesmo existindo certa divulgação sobre a crise

da família e seu fim, ainda assim, a mesma

conserva-se como grande auxílio da

constituição do psiquismo e da subjetividade do

indivíduo. Dessa forma, caso a família fosse

extinta, o seria também o sujeito.

Cada família constrói seus vínculos,

forma seus laços, e é a partir dessa construção

que sua história é composta. E na instituição

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familiar, conforme Durand (2003) “cada um

constitui uma forma de vínculo e contém

proposições que se materializam nos projetos,

além de uma representação compartilhada do

conjunto.” (p. 91)

Portanto,

O suceder dos acontecimentos em uma

instituição depende das pessoas, dos seus

vínculos, da história de um grupo, do que se

apostou juntos e do que negamos em nós e entre

nós para permanecermos. [...] Cada um tem a

sua cota de participação e de responsabilidade

no acontecer institucional, e isso faz a beleza

do movimento que aproxima e afasta, promove

casamentos e separações necessárias. (Idem,

2003, p. 91)

Para pensarmos na teoria das

configurações vinculares com foco na família,

se faz necessário tecer apontamentos advindos

de autores que mostram sua contribuição diante

do tema.

As pessoas relacionam-se a partir de modelos

de vínculos – as matrizes vinculares. O bebê

introjeta as estruturas vinculares a partir do

mundo externo, começando pelos pais, e passa

a conservá-las como padrão, sendo que a matriz

vincular básica é a matriz edípica. As matrizes

vinculares, configuradas como fantasias

inconscientes, vão constituir o nosso caráter.

Da mesma forma, o código dos homens de

milênios – um tipo de conhecimento advindo

do pensamento grupal – é colocado no primeiro

ano de vida dentro de cada um, como

conhecimento mítico. (FERNANDES, 2003,

p.45).

Vários autores, principalmente os

argentinos desenvolveram pressupostos teóricos

importante no que tange a psicanálise vincular.

Esses autores criaram uma escola para tecer

conhecimento e subsidiar o trabalho com a

saúde mental. Essa escola passou a se chamar

Psicanálise das Configurações Vinculares

(PVC). Segundo os autores Fernandes &

Svartman (2003, p. 67) “[...] a PVC começou a

ser utilizada pelo grupo argentino em 1988 para

abarcar a psicanálise dos diferentes grupos, além

de grupos terapêuticos, também famílias, casais

e instituições. ”

A partir das formulações teóricas dos

pensadores, as configurações vinculares vão

ganhando forma, se estruturando com sólidos

fundamentos. Para pensadores dessa época

Ao aprofundar-se o estudo dos vínculos,

interindividuais em uma perspectiva

psicanalítica essas diferentes CV (grupo,

família, instituição, etc.) são efeitos de

processos diferentes, os quais são produto do

desenvolvimento de um conjunto de estruturas

psíquicas intra e interindividuais.

(FERNANDES & SVARTMAN, 2003, p.68).

Entretanto, para alcançar a compreensão

do que vem a ser as configurações vinculares, é

necessário, elucidar suas características diante

de seu histórico de criação.

A característica principal da PCV é o destaque

da reciprocidade da relação do homem com o

meio. Mais especificamente, a perene

influência modificadora, em todas as direções,

dos planos intra, inter e transobjetivo. Nessa

concepção dialética entre processos psíquicos e

a ordem histórico-social, podemos conceber o

vínculo como o espaço no qual ocorrem as

articulações desses vários planos, sendo, ao

mesmo tempo, o vínculo aquilo que institui as

modificações que não param de ocorrer nos três

níveis (intra, inter e transobjetivo) durante toda

a vida do sujeito”. (Ibidem, 2003, p.68).

Assim juntamente com Isidoro

Berenstein e Janine Puget, psicanalistas

argentinos, deram sua contribuição na criação da

Psicanálise de Família com o fundamento de

vínculo, ou o que estes autores denominam de

vincular, considerando que vínculo é um termo

amplamente utilizado na Psicanálise com vários

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propósitos. Os autores debruçaram-se na

investigação dos vínculos familiares, as

produções sintomáticas do vínculo, bem como a

estrutura do sujeito produzido no vínculo, e

declaram o vínculo como "uma estrutura

inconsciente que une dois ou mais sujeitos, e que

os determina em base a uma relação de

presença" (BERENSTEIN, 2001, p. 246).

A partir da perspectiva da PCV que

oferece respostas para questões complexas que

nos deparamos na contemporaneidade e que

reescreveu conceitos clássicos de Freud, pois as

considerações com o que é chamado de vincular

são contemporâneas e abrangem a compreensão

dos grupos como uma configuração de vínculos,

como já foi dito, uma relação dos sujeitos.

(BERENSTEIN, 2001). A partir dos vínculos e

de suas configurações, o trabalho com sua

grupalidade diversifica-se no estudo mais

particularizado das famílias e casais, das

instituições e de todas as formas de grupos.

(FERNANDES, 2010).

Tecendo um paralelo da PCV com a

família contemporânea, pode-se dizer que houve

transformações importantes advindas das

mudanças históricas nos laços vinculares destas,

o que faz com que cada integrante busque

reinventar-se diante dessas novas configurações.

Para melhor entendermos essa organização

interna da família, usaremos os conceitos

desenvolvidos por Mark Poster. Para ele “a

família é o lugar onde se forma a estrutura

psíquica e onde a experiência se caracteriza, em

primeiro lugar, por padrões emocionais. A

função de socialização está claramente

implícita nesta definição, mas a família não

está sendo conceptualizada primordialmente

como uma instituição investida na função de

socialização. Ela é, em vez disso, a localização

social onde estrutura psíquica é proeminente de

um modo decisivo”. Ela possui também um

caráter sumamente importante: Além de ser o

lócus da estrutura psíquica, a família constitui

um espaço social distinto na medida em que

gera e consubstancia hierarquias de idade e

sexo. (REIS, 2004, p.104).

Em consonância ao lugar da formação da

estrutura psíquica, é possível ressaltar que,

Käes faz um trabalho teórico fundamental

quando aponta, no pensamento freudiano, a

importância da transmissão psíquica não só de

geração para geração, mas em uma escala

filogenética. Essa transmissão também ocorre

entre pessoas que formam um casal, uma

família, um grupo ou uma instituição.

(DURAND, 2003, p. 88)

A autora complementa que o ego é a

estrutura do nosso aparelho psíquico

encarregada de realizar a nossa adaptação no

mundo, pois ele mantém contato com a

realidade humana, material e social e também

com nossas necessidades de sobrevivência e de

amor – ele é a referência que somos.

(DURAND, 2003).

Ao acentuar o vínculo, é importante

pensar segundo Durand (2003) que hoje, estes

sofrem e nutrem-se da reminiscência do que foi

imaginado e, retrospectivamente colocado nas

origens da instituição da maneira como hoje

nos idealizamos. A reminiscência é uma das

forças que cria o futuro: se o desejo aponta para

o futuro, tem como fonte o passado. Desse

paradoxo surge o verdadeiramente novo, pois

o lastro do ideal é o desejo que ele encobre.

Concomitantemente, o autor Reis

(2004), ao tratar da estrutura familiar

predominante, este enfatiza que a promoção

incondicional do bem-estar de seus membros,

apenas será possível quando ela não mais se

definir por um fechamento e uma oposição ao

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mundo extrafamiliar, ou seja, quando voltar a

integrar seus membros na comunidade que a

circunscreve, o que não significa voltar a

modelos historicamente superados. E isso

apenas será possível quando a competição

deixar de ser o motor do relacionamento entre

os homens.

Porém, parece algo utópico pensar a

extinção de tal competição, pois a mesma está

de certa forma impregnada na

estrutura familiar. E isso é reflexo de uma

sociedade burguesa, que faz com que haja uma

disputa entre os indivíduos para que o capital

se mantenha.

Portanto, pensar a família, é pensar sim,

que a mesma tem um papel fundamental na

formação do indivíduo, mas é preciso

questionar que formação é essa, e a quem ela

serve. O autor Reis, acima citado,

destaca que é “impossível entender o grupo

familiar sem considerá-lo dentro de uma

complexa trama social e histórica que o

envolve.” (p. 102). Ou seja, a família é criação

humana, que existe propositalmente para

responder uma necessidade social.

Por mais que a sociedade e a família

sofram transformações, a necessidade social, à

qual a segunda responde, continua

historicamente sendo a da reprodução, não

somente biológica, mas principalmente

ideológica.

Como a ideologia opera na família? Ela começa

por apresentar uma noção ideologizada da

própria família. Essa noção, veiculada

principalmente pelos pais, os principais agentes

da educação, ensina a ver a família como algo

natural e universal e, por isso, imutável. Depois

passa a apresentar da mesma forma o mundo

extrafamiliar e todas as relações sociais. (REIS,

1989, p. 103).

Além de reproduzir a ideologia, a família

faz também a manutenção da mesma,

perpetuando ao longo da história os papéis e os

valores que são da classe dominante, e assim, a

família faz essa transmissão de geração em

geração, fazendo com que essa ideologia seja

naturalizada e transformada em uma visão de

mundo.

Cabe destacar também o que a autora

Levisky (2003) aborda que as famílias e grupos

vêm ocupando um lugar especial, devido a

carência que as pessoas têm sentido na

sociedade atual. Solidão, desamparo e

desencontro têm sido queixas comuns nos

consultórios. Contudo, sabe que a sociedade de

hoje tem um caráter mais individualista e com

falhas na comunicação entre os sujeitos, como

esclarece ainda a autora Levisky (2003)

considera que com o passar dos anos é possível

notar que os objetivos, seja individual, de casal,

familiar ou grupal, é a abertura de um espaço

para as pessoas pensarem e se comunicarem.

“Entendo que no processo comunicativo está

envolvido o olhar, o falar, o ouvir e o ser

ouvido.” (p. 223).

É no espaço de escuta em que a

psicologia oferece que é possível compreender

as relações que se estabelecem na família, bem

como considerar a problemática atual que surge

exigindo dos terapeutas um novo olhar. Cabe a

nós terapeutas de grupo e de famílias, auxiliar

nossos pacientes a resgatarem conteúdos

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inconscientes e introjetados e ressignificá-los,

em uma tentativa de melhor aceitação de si e do

outro, além de buscar uma melhor capacidade de

adaptação ao meio em que vivem. (LEVISKY,

2003).

Ao tratar das potencialidades do trabalho

com famílias e casais através das configurações

vinculares a autora Cunha (2003) sugere uma

modificação da demanda dos consultórios com

uma baixa procura a psicoterapias analíticas,

entretanto enfatiza a importância de explorar sua

aplicabilidade e as perspectivas de pesquisa em

seu desenvolvimento futuro a luz da prática do

terapeuta associado ao contexto histórico em

que vivemos. A autora fala de uma certa força e

vitalidade da abordagem direcionada a família,

propõe que essa vitalidade está relacionada com

o momento que estamos vivendo, as

características do seu referencial e, com o fato

de a família ser uma junção entre indivíduo e

sociedade, o que torna uma unidade de

abordagem favorável para laborar com o

desenvolvimento individual e social tanto em

nível terapêutico quanto preventivo. (CUNHA,

2003).

Podemos concluir que a PCV alinhava

um inconsciente que se configura no processo

vincular. Ao pensar nessa concepção se faz

necessário considerar que há dois ou mais

sujeitos, que afirmam entre si laços que

desenham um tipo de vinculação particular,

atravessada por elementos conscientes e

inconscientes, no que permeia uma situação que

se organiza e produz subjetividade e alteridade.

Portanto, pensar nessa perspectiva no

trabalho com famílias sobre o estudo da

comunicação destas, implica também na

aceitação do inconsciente dinâmico, pensar não

só no indivíduo, mas num sistema de relações.

Essa visão de como funciona a organização

familiar à luz da psicanálise de vínculos declara

a vida familiar como expressão do enlaçar das

várias relações objetais inter-relacionadas, ao

mesmo tempo em que constante interage com o

meio. (CUNHA, 2003). Considerar igualmente

importante, contextualizar a família que se

apresenta na contemporaneidade, assim como

suas raízes. Sob o estudo da família

contemporânea, é possível identificar os fatores

socioeconômicos e ideológicos que a formaram

e como esses elementos ainda encontram

sustentação para se manterem presentes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nos estudos em que realizamos,

constatou-se a importância das configurações

vinculares na família contemporânea a partir dos

pressupostos teóricos da psicanálise, tanto as

contribuições dos autores franceses quanto dos

argentinos. Buscou-se diante de um breve

histórico, analisar os tipos de família que se

constituíram ao longo do tempo. Mediante a

função exercida pela família nos processos

vinculares como formadora da estrutura

psíquica, bem como característica principal da

família contemporânea, a transmissão da

ideologia vigente.

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Diante dos pressupostos teóricos,

reconhecemos a importância do psicoterapeuta

que trabalha com os grupos, especialmente os

grupos familiares, buscando empenhar-se na

escuta do outro para que os sujeitos se sintam

ouvidos e amparados, compreender a

estruturação das configurações vinculares,

acreditando que os vínculos não se estruturam

somente a partir do inconsciente intrasubjetivo,

mas também a partir do intersubjetivo que

corresponde a relação com o outro, além do

plano transubjetivo que se reporta as influências

do social.

A partir dessa perspectiva, oferece a

possibilidade no processo terapêutico de auxiliar

os sujeitos a resgatarem conteúdos inconscientes

e ressignificá-los para uma melhor aceitação de

si e do outro e assim atribuir relações mais

saudáveis em seu meio.

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FORMACIÓN DE VÍNCULOS EN

LA FAMILIA CONTEMPORÁNEA

A PARTIR DEL PSICOANÁLISIS

DE LOS VÍNCULOS

RESUMEN: El presente artículo tiene como objetivo

discutir la formación de vínculos en la familia

contemporánea a partir del Psicoanálisis de las

Configuraciones Vinculares (PCV). Desde esa

perspectiva recorremos el camino del concepto de grupo,

vínculos y concomitantemente presentamos un breve

histórico de la familia, mediante las transformaciones por

las que pasó y su contribución específica a través del

proceso vincular como formadora de la estructura

psíquica de los individuos. Buscando contemplar la

comprensión del PCV resaltamos su característica

principal como la reciprocidad de la relación del hombre

con el medio y su permanente influencia modificadora en

los planos intra, inter y transubjetivo. De los presupuestos

teóricos incrustados en esa discusión se sugerirá una

búsqueda en las cuestiones psicológicas, más

específicamente en la terapia, sea esta individual, de la

pareja, familiar o grupal y la apertura de un espacio donde

las personas puedan pensar y comunicarse. Auxiliar a los

sujetos a rescatar contenidos inconscientes e introyectados

y resignificarlos, en el intento de mejorar la aceptación de

sí mismo y del otro.

PALABRAS CLAVE: Grupos. Familia. Vínculos.

Psicoanálisis