Historia Secreta Do Brasil 2

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    GUSTAVO BARROSO

    HISTORIA

    SECRETA

    DO BRASIL

    VOLUME 2

    l.a REEDIO

    1991

    Conferindo e Divulgando a Histria

    Caixa Postal 1046690001 Porto Alegre-RS

    Reviso Editora Ltda.

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    NDICEVolume 2

    XII. O Trovo de Frana 1

    XIII. Maons Aqum e Alm Mar 13

    XIV. Guatimozin Sombra da Accia 23

    XV. O Ouro de Rothschild e a Mo do General

    Miranda 45

    XVI. O Minotauro da Amrica 65

    XVII. A Semente do Bacharelado Judaizado 81

    XVIII. O Motim dos Mercenrios 87

    XIX. O Imperador do Sacrifcio 99

    Notas 109

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    Captulo XII

    O TROVO DE FRANA

    "O trovo de Frana", escreveu Oliveira Martins, veio rolando echegou a Portugal, que o tratado de Methuen, de 1703, ao raiar o sculo,transformara "numa fazenda, numa vinha da Gr-Bretanha (1)". A economia nacional andava desvairada, desde o tempo dos jesutas, com osprocessos livre-cambistas. A vida social entrava em franca decomposionas futilidades de peraltas e scias, na janotice afrancesada. Livrosperigosos e incendirios (2) punham em deliquescncia as idias tradicionais do pas e lhe impunham o fermento de pensamentos importados(3). E o pavor do jacobino, do revolucionarismo francs, que se erguiarubro de incndios e sangueira contra o trono e o altar, fomentavao terror policial do intendente Pina Manique, que, com as suas moscas(4), farejava o pedreiro-livre por toda a parte.

    Que era o "trovo de Frana"?Era a Grande Revoluo, iniciada com a tomada simblica da Basti

    lha em 1789, que assombrava a Europa e fazia a velha realeza absolutaestremecer nos seus tronos seculares. Quem assoprara o fogaru quelavrava em Paris, iluminando o vulto sinistro da guilhotina regicida?O judasmo revolucionrio, manejando as sociedades secretas. Entreelas, no primeiro plano, a maonaria, da qual diz o imparcial Cauzons:"O sculo XVIII viu aparecer uma associao destinada a gozar de enormeinfluncia no nosso tempo, em primeiro lugar pelo nmero crescentede seus membros, em segundo pela habilidade de criar uma opinioPblica sobre os assuntos que ela prpria escolhe e em terceiroPela multiplicidade dos agrupamentos sados de seu seio, dirigidos porseus membros e inspirados pelo seu esprito, tais como sindicatos, mutua-'idades, associaes musicais, grmios esportivos, sociedades de tiro,clubes, crculos de antigos estudantes, etc. (5)". A famosa sociedadeapareceu luz nessa data, mas de muito longe se vinham sucedendo

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    os seus trabalhos ocultos contra a civilizao crist ocidental. Alis,o mesmo autor reconhece que os deuses vencidos pelo cristianismose dissimularam, "constituindo uma religio subterrnea (6)". Esta continuamente praticou os mesmos ritos condenveis que j Tertuliano registrava (7). Todos os antigos cdigos de leis puniram sempre severamenteas prticas em segredo. J Plato condenava as "capelas secretas"

    (8). Nos primeiros sculos do catolicismo medieval, as Capitulares deCarlos Magno proscreveram as confrarias ocultas, que denominam Dia-bolo Gilde, guildes ou corporaes do diabo (9). No est no planodeste livro desenvolver um estudo circunstanciado da origem, formaoe desenvolvimento da franco-maonaria, mas simplesmente mostrar aao do judasmo sobre ela para o desencadear da Revoluo e asconseqncias desta sobre Portugal e Brasil. Eis porque nos I imitaremosa traos gerais sobre a histria das sociedades secretas antes do sculoXVIII, destinados unicamente a facilitar a compreenso geral do assunto.

    A Revoluo Francesa foi, inegavelmente, o resultado duma conjuramanica, afirma de modo categrico Gustavo Bord (10). Os prpriosmaons acodem em apoio dessa opinio. "A franco-maonaria pode,com legtimo orgulho, considerar a Revoluo como obra sua", assegurouo irmo Sicard de Plauzoles no convent de 1913 (11). Em 1860, oirmo Amiable declarava que o fim precpuo da maonaria era "construirinsensivelmente uma repblica universal, cuja rainha ser a Razo (12)",o que combina com os ideais jacobinos e com sua Deusa Razo. Em1889, ele confessava a cousa com toda a clareza. Para afirmar a grande

    ao manica na Revoluo, bastariam a conhecida confisso do famigerado Cagliostro e as palavras de Louis Blanc (13). As ligaes deMirabeau com as lojas dos Iluminados judeus da Alemanha so pordemais sabidas e basta acrescentar que dos 605 deputados do TerceiroEstado, que para ela poderosamente contriburam, 477 eram maons(14).

    O prprio Robespierre se referia existncia duma faco quedirigia ocultamente a marcha dos acontecimentos (15). A maioria dosmaons, como ainda hoje acontece, cuidava to-somente participar duma

    sociedade filantrpica (16); porm as lojas de retaguarda, mais secretase poderosas, tocavam as outras para diante, no rumo que entendiam(17). Delas partia a orientao impiedosa e invarivel: exterminar todosos reis e a raa dos Bourbons, destruir o poder do Papa, pregar aliberdade dos povos e fundar uma repblica universal (18). Os judeushaviam inspirado os ritos manicos e dirigiam secretamente as suasobedincias. O rito de Clermont, criado em 1754, fra espalhado emtoda a Alemanha, pelo escandaloso pastor protestante, o judeu de origemportuguesa Samuel Rosas. Os trs ritos em que se dividia a chamada

    maonaria egpcia provinham de fontes judaicas: o Copta, do judeusiciliano Jos Blsamo, que usava o pseudnimo de conde de Cagliostro;

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    o de Misram, nome do Egito na Bblia, dos trs irmos Bedarride, judeusde Avinho; o de Mnfis, de Samuel Honis, judeu do Cairo (19). O judeude origem lusa, Martinez de Pasqualis, fundou o rito dos Cohens-Eleitos.Seu discpulo, Luiz Claudio de Saint-Martin, cognominado o FilsofoDesconhecido, fundou o dos Martinistas e foi o criador do mote quedevia correr o mundo e se tornar como que o smbolo intangvel do

    liberalismo moderno: Liberdade Igualdade Fraternidade (20).Desde 1781, o judeu Samuel Morin era o Grande Inspetor Geralda franco-maonaria em Paris. Mirabeau, quando estivera na Alemanha,freqentara o salo do famoso israelita Moiss Mendelssohn, onde tomara contato com os iluminados do judeu Weishaupt. A judia portuguesaHenriqueta Lmos, casada com o judeu Hertz, atraiu-o ao grmio do

    judasmo, do qual seria um dos cornacas revolucionrios. As sociedadessecretas estabeleceram as necessrias ligaes e articulaes por meiode dois aventureiros misteriosos, que espalhavam ouro s mancheias:o conde de Cagliostro, judeu siciliano, e o conde de So Germano,

    judeu portugus. Os infames panfletos contra Maria Antonieta vinhamde Londres, onde eram feitos pelo judeu italiano Angelucci, disfaradocom o nome de W. Hatkinson. Organizava a campanha de difamaoda rainha em Frana o judeu Efraim (21).

    O consciencioso La Tour du Pin reconhece que "nas grandes des-truies sociais que marcaram o fim do sculo e terminaram pelo afundamento do trono e o reinado do carrasco, no possvel distinguir quala parte do judasmo, do calvinismo, de Rousseau ou do franco-maon,de tal modo estiveram de mos dadas, com o mesmo esprito e soba mesma bandeira, a da Declarao dos Direitos do Homem e do Cidado(22)".O jornal judaico Haschopet mais explcito e reivindica a Revoluo Francesa como "obra puramente judaica (23)". H suspeitas de serDanton, que se chamava Jaques, judeu. Certos autores afirmam que oprprio Robespierre no passava dum judeu de nome Rubinstein. Maratera um aventureiro judeu fugido da Sua. E a clebre Guarda Nacionalde Paris, uma das alavancas do movimento, estava infestada de israelitas,que a manejavam nas ocasies propcias (24).

    Clavire, ministro das finanas em 1792, era um judeu expulsode Genebra por falcatruas, que fizera fortuna especulando na Bolsade Paris (25). Os judeus fermentaram em todos os setores da Revoluo:Haller, o grande agiota; Bidermann, orador da Comuna; Pereyra, cujoverdadeiro nome era Jud de Jacob; os dois irmos Clootz, milionrios,um dos quais Anacharsis, o convencional, se dizia baro; Isaas Spire,fornecedor do exrcito; Isaque Calmer, presidente dum dos clubes revolu-cionrios; Benjamin Calmer, liquidatrio dos bens do duque de Orleans,

    cuja vaidade fra aproveitada pelos maons; Heyemen, que agia nosmeios forenses; Isaas Beer Bing, esprito-santo de orelha do maonLa Fayette; Cerf Beer, juiz do Tribunal Revolucionrio; Hagen, membro

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    da Junta de Vigilncia; Da Costa, portugus, comandante da GuardaNacional; Rosenthal, chefe da guarda do Templo, onde estava encarcerada a Famlia Real; Simo, o sapateiro verdugo do pequeno Delfimde Frana; Calman, comissrio de distri to; Kermen, membro proeminentedo Clube das Tulherias; Boyd e Ken, banqueiros e agentes secretosda Inglaterra; Hourwitz, lituano, conservador dos manuscritos da antigaBiblioteca do Rei, de posse dos melhores arquivos do pas; Mayer, ogrande especulador; Jacob dos Reis, outro portugus, Leon Azur, Foulde Weisweiler, membros da Junta Revolucionria; Goldsmith, Laguna, tambm portugus, Benjamin Fernandes, idem, Lvi, Jacob, Trenelle, Elias,Delcampo, Brandon ou, melhor, Brando, Mardoch, Silveyra, ainda outroportugus, enviados Assemblia Constituinte.

    No clube dos jacobinos, figuravam os seguintes judeus de procedncia inglesa, holandesa, belga, sua, espanhola, italiana, alem: Abbe-ma, Bidermann, Bitaub, Cabarrus, Doppet, Desfieux, Dufourny, Erdmann,Fougolis, Halem, Hesse, Klispich, Loen, Miles, Oelsner, Pio, Schalendorf,Schasvatv, Joung, Bolts, Coitam, Hanker, Kauffmann, Knapen, Mendoza,Mermilliod, Pulcherberg, Raek, Schluter, Scnutz, Signi, Stourm, Walwein(26). Ser necessrio acrescentar mais alguma coisa? Complete-se alista com os irmos Emanuel e Junius Frey, terrveis agitadores, membrosda Junta de Insurreio, judeus da Moravia, cujos verdadeiros nomeseram Jacob e Moiss Dobruska, os quais agiam geralmente por trsdum fac-totum, o judeu Diederichsen (27); e o misteriosssimo Falc,grande rabino da sinagoga parisiense, alma danada das sociedades secretas, cuja atuao silenciosa somente agora comea a ser devidamenteestudada (28).

    Os resultados do terremoto foram exclusivamente favorveis aosjudeus, que, alm de darem grande passo para sua equiparao aoscristos-velhos com o reconhecimento da igualdade de direitos polticos,aambarcaram os mveis e riquezas dos castelos confiscados, os tesouros dos mosteiros e igrejas, e a maior parte da propriedade rural (29).

    O trovo de Frana, trovo judaico-manico, viera rolando parao sul e chegara a Portugal. A repercusso das "transformaes sociais"que se processavam em Paris, passando por cima do velho reino lusitano,atingiriam, depois, sua grande colnia ultramarina. Diante do "trovo",Portugal se achava em situao muito delicada pela sua fraqueza emrecursos e armas. A fria francesa ameaava-o por terra; a talassocraciabritnica dominava-o pelo mar, podendo entupir-lhe os portos, parar-lheo comrcio e arruinar-lhe as colnias. Desde 1703, Portugal passara,pelo tratado Methuen, a satlite da mercancia e da finana do judasmoingls. A influncia francesa, que se afirmava nos espritos, fra desbancada pela influncia inglesa, que se afirmava nos negcios e na poltica.Portanto, no era difcil somente a posio do pas como nao, era-otambm como alma, dilacerado por essas duas influncias rivais.O esprito nacional estava dividido.

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    As sociedades secretas, existentes desde o tempo de Pombal, andavam instigando as vontades e inteligncias no rumo das idias do sculoe o dedo dos agentes franceses se descobria nos bastidores de todasas tramas (30). Se era assim difcil a situao fora do pao real, noera menos difcil l dentro. O prncipe-regente D. Joo, casado aos18 anos com uma princesa espanhola "desenvolta e inquieta", diz OliveiraLima, "palreira e azougada", diz Rocha Martins, via diariamente o tristeespetculo da me louca, a uivar desgrenhada pelos corredores emvises dantescas de labaredas infernais. As intrigas da poltica repetiam-se no seio da famlia, onde a jovem esposa, Dona Carlota Joaquina,lhes servia de aparelho receptor e transmissor. Ao Prncipe foi precisoter grande habilidade e malcia para navegar no meio de tantos escolhose morrer sem que conseguissem tirar-lhe a coroa da cabea. Foi maisfcil tirar-lhe a vida.

    A Europa Real e Imperial coligara-se contra os terroristas de 1793.Portugal aderiu a essa primeira coligao, mandando seus navios seincorporarem esquadra britnica e uma diviso do exrcito cooperarcom os espanhis na campanha do Rossilho at 1795. Somente maleslhe desabaram sobre a cabea com essa colaborao. Os corsrios franceses prearam mais de 200 milhes de francos de cargas levadas doBrasil (31). A Espanha fez a paz em separado com a Frana, aproximando-se do Diretrio- Entre a cruz e a caldeirinha, D. Joo foi foradoao tratado de 1797 com o mesmo Diretrio, conseguindo muitas boasvontades em Paris, graas a uma farta distribuio de diamantes doBrasil. Esse tratado conservou, no obstante, todos os privilgios docomrcio judaico ingls (32), acentuando-se dia-a-dia o predomnio daInglaterra na poltica do reino, em cujas altas esferas se chegava afalar em pessoas do partido francs e do partido ingls.

    Em 1801, a Frana consular impeliu a Espanha, sua aliada, a declararguerra a Portugal. Pela paz de Badajoz, a primeira, que pretendia ata livre navegao do Amazonas, aceitou uma equiparao alfandegriacom a Gr-Bretanha (33). Cresceu mais o partido francs, dentro dopas e o general Lannes, futuro marechal e duque do Imprio, representante de Bonaparte em Lisboa, arrastando o recurvo sabre oriental pelosassoalhos dos ministrios, influa at nas composies do governo. Nofundo, porm, vivendo do mar e pelo mar, por causa de seu comrcioe de suas possesses ultramarinas, o velho reino continuava "feitoriado comrcio britnico (34)". Naturalmente, quando Napoleo pusessesobre a cabea a coroa imperial e precisasse, para dominar o continente,reduzir a p a Inglaterra, Portugal teria de sofrer, porque estava ligadoaos destinos ingleses de longa data por uma como que fatalidade histrica.

    O relmpago revolucionrio fra o incndio da velha e simblicaBastilha; o trovo, o canho de alarma da Ponte Nova, troando a rebate,

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    acompanhado do rolar soturno dos tambores de Santerre, o general-cer-vejeiro, abafando as derradeiras palavras do neto de So Luiz sobreo taboado infame da guilhotina; o raio, Bonaparte levando a guerraaos quadrantes do Velho Mundo e espalhando, com seus exrcitos vitoriosos, o esprito revolucionrio no corao das antigas monarquias.O Primeiro Cnsul acabara cingindo a coroa de Carlos Magno e sua

    espada comeou a riscar novas fronteiras na carta da Europa. Em voltado trono erguido sobre a glria militar do Grande Exrcito, feita dafumaa das batalhas, intrigas ambiciosas cochichavam nas sombras. Todos os Bonapartes, todos os Talleyrands, todos os Fouchs se moviamnos bastidores da Epopia. Atravs do timo conduto do ministro Godoy,Prncipe da Paz, pretendente a um reino ou ao ducado do Algarve,pelo menos dux algarbioru,.como fez cunhar nas moedas, a intrigalhadapenetrou na Pennsula Ibrica. Presos o soberano espanhol e seu herdeiroem Baiona, o Corso resolveu apagar Portugal do mapa das naes,

    como se a nao fosse unicamente um territrio e no um espritoimortal, retalhando-o entre os protegidos e guardando o melhor pedao.O general Junot, futuro duque de Abrantes, recebeu ordem para

    invadir o reino e moveu-se rumo s fronteiras. O que foi essa entradaRaul Brando descreve com mo de mestre no "El Rei Junot". Semforas militares para lhe opor, com as minguadas tropas a guarnecerema costa no receio dos ingleses aborrecidos com a mole aquiescnciaportuguesa ao bloqueio continental, era impossvel deter a invaso. AoPrncipe Regente s restava uma alternativa: entregar-se humilhao

    de ser prisioneiro ou procurar refgio alm-mar, onde tambm era soberano. O oceano era ingls e a Gr-Bretanha lhe protegeria a fuga. Noultramar, poderia com certa facilidade arredondar os domnios custada Espanha e da Frana, uma vizinha pelo Oeste e pelo Sul, a outrapelo Norte. Mais tarde, conforme as circunstncias, reconquistaria oterritrio europeu (35).

    A idia duma mudana da corte para o Brasil no era nova nemabstrusa. Outros a haviam tido. Pensara-se nisso no tempo de D. JooIV, quando perigara a restaurao. Em 1803, o ministro D. Rodrigo de

    Souza Coutinho a propusera, falando da criao dum grande impriodo outro lado do At lntico. Em 1806, quando as ameaas do raio napole-nico comearam a se anunciar, a prpria Inglaterra sugerira diplomaticamente a mudana, com a mesma idia de Souza Coutinho, to founda new Empire (36). O prprio Hiplito da Costa, judeu e maon, manifes-tar-se-ia, depois, favoravelmente a ela no jornal que publicava em Londres e no qual criticava todos os sucessos de Portugal e do Brasil(37). Chamar ao Prncipe fujo e conden-lo por isso grande injustiacontra quem se no podia defender das conseqncias do trovo que

    viera rolando da Frana. Raros soberanos europeus no se achavamexilados, naquela poca, dos pases pequenos e fracos, pelos mesmos

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    motivos. As baionetas revolucionrias transformadas em baionetas imperiais tinham feito desocupar apressadamente muitos tronos.

    A invaso francesa encontrava a ajud-la as sociedades secretasdentro do pas. Traidores pretenderam at cortar as comunicaes, afimde ser a famlia real agarrada (38). O embarque teve de ser s pressase em confuso, sob a chuva, a 27 de novembro (39). A esquadra inglesade Sidney Smith cruzava em frente barra, para proteger o comboio

    real. A 29 todos os navios iam se fazendo ao largo. Junot foraraas etapas e entrara em Lisboa humilhada, com seus soldados em petiode misria. A corte, debruada das amuradas das fragatas, contemplava,alm do listo azul do Tejo, sobre as colinas verdejantes, os granadeirosfranceses apreciando a partida.

    Na sua ode a Napoleo, o poeta Domingos Jos Gonalves deMagalhes diz que "ns um bem lhe devemos que gozamos". Com efeito,a vinda de D. Joo foi para ns um grande bem. "Para o Brasil, oresultado da mudana da corte ia ser, em qualquer sentido, uma transfor

    mao. A poltica estrangeira de Portugal, que era essencialmente europia, tornar-se-ia de repente americana, atendendo ao equilbrio polticodo Novo Mundo, visando ao engrandecimento territorial e valia territorialdo que, desde ento, deixava de ser colnia para assumir foros denao soberana. E, nova nacionalidade que, assim, se constitua, foio ato do Prncipe Regente em extremo propcio, pois que lhe deu aligao que faltava e com que s um poder central e monrquico apoderia dotar (40)". D. Joo foi, desta sorte, "o verdadeiro fundadorda nacionalidade brasileira" e o verdadeiro fundador do Imprio". (41).

    E, quando mais tarde a elevou a Reino, no fez mais do que a "afirmaosolene de sua integridade territorial (42)".

    A colnia jubilosa, como que antevendo o futuro que lhe ia sorrir,recebeu-o com festas. A popularidade cercou o Prncipe, que a tudocorrespondeu, dedicando to grande simpatia ao pas onde ia viver emplena segurana que enciumou a metrpole. Ao desembarcar, lembran-do-se talvez da "Memria" de Souza Coutinho e dos conselhos ingleses,declarou que vinha fundar um imprio (43). Trazia material e gentepara isso: 15 mil pessoas, alfaias e dinheiro. "O que fugira de Portugalpelo esturio do Tejo, tremendo de pavor das baionetas francesas quepareciam coroar as colinas da velha capital das navegaes e das conquistas, no foi, como se pensa vulgarmente, to s um rei medrosoe uma corte de parasitas apavorados; mas, com esse rei e essa corte,todo o aparelhamento de uma nao. Mudou-se, nesse dia, o conceitode nao da margem europa para a margem americana. Tanto assimque o Prncipe a organiza do outro lado com arsenais,bibliotecas,escoas, academias, bancos, arquivos, fbricas, instituies, tropas e bandeira(44)".

    Os caluniadores da realeza, criadores das opinies convenientes

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    maonaria e ao judasmo, procuraram tornar ridcula a figura de D.Joo. Mas o que o historiador consciencioso encontra em todos osdocumentos, desde os atos de carter ofic ial aos relatrios confidenciaisdos diplomatas estrangeiros aqui acreditados, so provas de suas altasvirtudes de governante (45). No lhe faltavam agudeza, sensibilidade,chiste, amor ao trabalho, cuidado com a cousa pblica, carinhos pelas

    manifestaes intelectuais, gosto pelas artes, sobretudo pela msica,e grande bondade pessoal. No era um guerreiro, porm um homempacato e sedentrio, amante de seu povo. Sabia cercar-se de homenseminentes, bastando citar para ilustrar-lhe a escolha o grande estadistaconde de Linhares. Sua tolerncia era sem limites. O "Correio Brasi-liense" de Hiplito da Costa, que combatia veementemente o governoreal e ao qual respondia o "Investigador Portugus", pago pela embaixadade Londres, era proibido de circular na metrpole, no no Brasil, ondeo Prncipe queria ser o primeiro a l-lo (46). S depois das conspiraes

    manicas de 1817 que se modificou e com razes de sobra paraisso.No alicerce dos grandes servios pblicos que hoje possumos,

    encontraremos sempre as fundaes do Prncipe Regente e do Rei doBrasil. Veja-se rapidamente a lista do que criou: Tribunal do Desembargo,Conselho de Fazenda, Junta do Comrcio, Mesa de Despachos Martimos,Academia de Marinha, mais tarde transformada em Escola Politcnica,Intendncia de Polcia, Arquivo Militar, Tipografia Rgia, hoje ImprensaNacional, Fbrica de Plvora, Provedoria de Sade, Escola de Belas

    Artes, Biblioteca Nacional, Banco do Brasil, Jardim Botnico, o MuseuNacional com a coleo do baro Oheim, e, se o Museu Histrico possuiesplndida coleo de numismtica, a base em que assenta o medalheirodeixado por D. Joo IV. Chegou a pensar na criao duma Universidade.Como apresentar esse soberano sob a aparncia unicamente burlesca,seno para diminuir o valor de quem, no combate contra as forassecretas, acabou perdendo a vida pelo traioeiro veneno manico?

    De passagem para a Bahia, antes de aportar ao Rio de Janeiro,Jos da Silva Lisboa convenceu-o da necessidade de abrir nossos portos

    s naes amigas, o que se efetuou pela Carta Rgia de 28 de janeirode 1808. A produo brasileira subira de valor devido ao bloqueio napo-lenico. Abrir os portos s naes amigas era, no momento, um eufemismo. Mais tarde, sim, isso se tornou realidade. Ento, o ato somenteaproveitava Inglaterra, dona dos mares. A colnia ultramarina haviasido at a data daquela abertura um campo de explorao da metrpole,do qual vimos como os judeus se aproveitaram nos seus diversos setores.Passava agora a ser um mercado (47). O judasmo ingls saberia aproveitar-se admiravelmente dessa mudana, afim de obter o tratado comercial

    de 1810, que o duque de Wellington reconhecia ser "a runa de Portugal''Ele instituiu um verdadeiro monoplio em favor da Gr-Bretanha (48)'

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    O Rio de Janeiro tornava-se um centro comercial de primeira ordem,graas situao de guerra em que vivia a Europa com Napoleo,ligando-se a todo o Brasil, a toda a Amrica e ao prprio Oriente.As especulaes comerciais avultavam (49). Era um ponto onde se poderia ganhar muito dinheiro. Da o interesse da sinagoga de Londres emnos deitar a mo.

    O tratado foi assinado a 19 de fevereiro de 1810 e seus efeitosperduraram longamente. Firmaram-no D. Rodrigo de Souza Coutinhoe lord Strangford. Por sua causa, at 1814 o Brasil constituiu verdadeiromonoplio do judasmo britnico. Fazia-se para ns a transplantaodo protetorado ingls que sugara o reino (50). Criava-se at aquiloque j fizemos notar ser uma das grandes aspiraes de Israel portoda a parte, desde os romanos: o juzo privativo. Tal juzo, custacrer, porm verdade, somente foi abolido na poca da Regncia, em1832, quando se sancionou o Cdigo Criminal! Todavia, o governo de

    Londres ainda protestou contra a abolio (51)! Como houvesse perdidoas treze colnias da Amrica do Norte e no precisasse mais de transportar negros pelo Atlntico, podendo escraviz-los socapa, hipocritamente, de vrios modos, nas possesses africanas, a Inglaterra mostrava-se liberal e filantrpica, introduzindo no tratado uma clusula contrria ao trfico, reduzindo-o, com promessa de gradual abolio, a queD. Joo resistiu e quando pde. Em vista de no haver emigrao, reconhecia em Londres lord Castlereagh que estancar o trfico negreiroera o mesmo que tornar o Brasil improdutivo (52). O prncipe sabia

    que essa era a triste realidade e defendia o interesse do Brasil.O artigo 12 do referido tratado uma disposio verdadeiramentejudaica e curioso ter sido intercalada num instrumento que s deviadizer respeito, pela sua prpria natureza, s relaes de comrcio enavegao. Estatue que nenhum estrangeiro residente nas possessesportuguesas podia ser perseguido ou inquietado por matria de conscincia. Isso impossibilitava o estabelecimento da Inquisio no Brasil, coibiaa ao governamental em muitos casos e abria as portas ao judasmo.Se a Gr-Bretanha quisesse proteger somente seus sditos, a condio

    do pacto se referiria aos ingleses; mas o texto diz qualquer estrangeiro,o que demonstra claramente o fundo judaico da medida. Alis, o artigo9 probe textualmente a Inquisio.

    A despeito de tudo, "o imperialismo americano de Portugal" seexerce no continente, aps a chegada do Prncipe. Para at certo pontodesforrar-se dos franceses que lhe haviam tomado e devastado a ptria,ele resolve conquistar a Guiana. Em meados de 1808, o capito-generaldo Par ocupou a margem do Oiapoc, territrio ento litigioso. Emoutubro, seguiu uma expedio ao mando do tenente-coronel Manuel

    Marques d'Elvas, nos navios ingleses do comodoro James Yeo, a qualse apoderou de Caiena, em janeiro de 1809, quando o governador Victor

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    Hughes, cujos soldados tinham sido batidos por toda a parte, capitulou."Estabelece-se o nosso domnio naquela parte do continente que olhapara o mar das Antilhas. A dominao do Brasil-Reino dura at 1817e cobre de benefcios aquela terra (53)". O tratado de Paris de 1814determinou sua restituio Frana, bem como a volta de Olivena,tomada pela Espanha, a Portugal. Mas D. Joo manobrou diplomatica

    mente, atravs do Congresso de Viena, ganhando tempo, e s fez aentrega, forado pelas circunstncias, em 1817. Ele compreendia tantoa vantagem do Brasil se prolongar para o Norte e atingir o mar dasAntilhas que dizia preferir Caiena a Olivena. Dali, os brasileiros, quevem as constelaes do hemisfrio meridional, poderiam avistar, semsair do territrio da ptria, as do hemisfrio setentrional!

    Ao sul, as provncias do Prata entravam em ebulio. Toda a Amrica, possuda de esprito legitimista, se rebelava contra a Espanha deJos Bonaparte, afirmando sua lealdade Espanha dos Bourbons. Mais

    tarde, a obra das lojas manicas foi justamente a transformao desseespri to no de libertao com idias republicanas. Ento, "nas revoluesemancipadoras, j no era a tradio nacional que se reatava, pormeram idias estrangeiras que se adotavam (54)". Ao sopro dessas idias,que vinham dos subterrneos da histria, o domnio colonial espanholse desagregaria, enquanto que, sob a coroa real, o de Portugal no Brasilcriava a nossa futura coeso nacional. Foi a realeza quem deu ao Brasilo sentido imperial que ainda no perdeu de todo. As foras secretas,assoprando a repblica Amrica Espanhola, mataram o sonho de Bolvar.

    Nem a Grande Colmbia pde ser construda e um rosrio de pequenasnaes anarquizadas pelo caudilhismo rodeou o colosso tranqilo doImprio. Cada um desses caudilhos era mais tirnico, cruel e infamedo que os piores entre os piores reis, mas falavam constantementeem liberdade. O Imprio expulsaria os mais nocivos dos seus tronosde sangue. Esta que a verdade histrica. O mais que se diz nopassa de maonismo ou de despeito contra a obra imperial nascidacom D. Joo IV.

    Dona Carlota Joaquina, esposa de D. Joo, antes de tudo princesa

    espanhola, at certo ponto uma espcie daquelas hommasses de quenos fala Brantme, que j andara, devido sua grande ambio degovernar, metida numa conspirao em Portugal contra o marido (55),alimentava o desejo de obter a regncia do Rio da Prata, cujos pr-ho-mens no estavam muito de acordo com a Junta de Sevilha, representantede Fernando VII prisioneiro, na Espanha insurgida contra Napoleo. Pretendera, antes, a prpria regncia da Espanha, substituindo-se Junta(56). A Inglaterra afagava os projetos emancipadores dos revolucionriossul-americanos, no pelos seus bons olhos, mas para para acabar de

    vez com o imprio colonial espanhol em que o sol se no punha eque era o seu grande rival. O judasmo que manobrava a Gr-Bretanha

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    aproveitava a ensancha para enfraquecer mais uma grande monarquiacatlica.

    A princesa comeou a agir, estabelecendo articulaes no Rio daPrata por meio dos aventureiros, talvez judeus, a seu servio, Presase Contucci. Em 1809, D. Joo enviou ao Uruguai o general JoaquimXavier Curado, em misso de reconhecimento poltico, e foi deixandoa esposa intrigar, s vezes at como que, com certo disfarce, acarician-

    do-lhe o sonho. Os platinos chegaram a autorizar Belgrano a negociarcomo Dona Carlota Joaquina (57). Em 1810, porm, alteia-se no pampaoriental a figura cavalheiresca de Artigas, el Padre Artigas, como diziaa indiada; alteia-se contra a absoro de Buenos Aires e seus manejospolticos. Enovelaram-se, ento, os fios de todas as tramas e s a espadapoderia cortar esse n gordio. As maravilhosas habilidades diplomticasdo duque de Palmela seriam empregadas, depois que a guerra tivesseresolvido o caso in loco, quando fosse necessrio garantir perantea fora das potncias europias a manuteno das terras conquistadas.

    Ao reconhecimento poltico de Curado segue-se o reconhecimentomilitar de D. Diogo de Souza. Em 1811, este general, frente de tropasbrasileiras, marcha de Bag para Montevidu e ocupa Paissandu, realizando verdadeiro passeio militar, quase sem derramamento de sangue.Atendia a um pedido do governador castelhano lio, para impor ordemaos argentinos de Rondon e aos gachos uruguaios de Artigas que tornavam aqueles "miserables pases desolados por Ia anarquia", como diriaa ata do cabildo de Montevidu, quando entregou a cidade s tropasdo general Lecr, em 1817. Diante dos soldados de D. Diogo de Souza,

    os argentinos levantaram o cerco da capital uruguaia e Artigas exilou-seem Entre Rios. De Paissandu, o general voltou tranqilamente para oRio Grande.

    Em 1815, o caudilhismo estendia de novo na Banda Oriental suaanarquia sanguinolenta. Em 1816, os exrcitos reais a invadiram, executando admirvel plano estratgico. Beirando o mar, rumo de Montevidu,seu objetivo, a diviso dos Voluntrios Reais, tropas veteranas da guerrapeninsular, soldados do Bussaco e do Vimieiro, sob o comando de Lecr.Pelo interior, na direo do sul, as tropas brasileiras de Curado. Enquanto

    as duas pontas de tenaz assim avanam, o brigadeiro Chagas Santose o general Abreu cobrem a fronteira com seus milicianos. Durou quatroanos a campanha, de 1816 a 1820. As colunas atingiram seus objetivos.A esquadrilha de Sena Pereira estabeleceu sua ligao pelo rio Uruguai.As investidas de Artigas e seus tenentes, manobrando entre as duasalas invasoras, contra nossas fronteiras, foram sempre repelidas. E,batido em todos os recontros, exausto, trado, fugitivo, o caudilho acabou

    indo refugiar-se no Paraguai, onde ficou sepultado em vida pela descon-fiada tirania do Dr. Francia e foi sepultado morto (58).

    D. Joo VI, rei pela morte da me desde 1816, engrandecia seus

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    domnios com mais uma provncia. O Brasil de seu tempo ia do Prataao mar das Antilhas. Seu sentido imperial se afirmava muito grandepara que as foras ocultas se no esforassem para diminu-lo e dividi-lo,trabalhando fora e dentro dele, de todos os modos e por todos osprocessos.

    A dominao luso-brasileira no Prata foi inteligente, declara-o um

    escritor insuspeitssimo: Zorrilla de San Martin, panegirista de Artigas."Foram envidados todos os esforos para cimentar a conquista nassimpatias daquele povo, respeitando-se as leis e os costumes, conservan-do-se nos seus lugares os funcionrios civis nacionais, mesmo os militares". Assim procedia uma monarquia com um pas estrangeiro conquistado pelas armas, depois duma resistncia de quatro anos. Temos vistocomo procedem os revolucionrios republicanos com seus prprios patrcios, quando vitoriosos, tomando-lhes os empregos, sobretudo os cartrios. Sabemos como procedem os revolucionrios comunistas com os

    seus compatriotas, tirando-lhes a vida para satisfazer a vingana deIsrael.

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    Captulo XIII

    MAONS AQUM E ALM MAR

    As revolues que deveriam cercear o poder real com a constituio, bem como separar o Brasil de Portugal e ir semeando as primeirasidias republicanas, etapas da grande marcha mundial para o domniode Israel, estavam decididas nos conluios secretos da maonaria e dasinagoga. Os movimentos e perturbaes se manifestariam aqum e almmar, nos domnios da coroa portuguesa, s vezes at de maneira contraditria, o que serve para estabelecer a confuso nos espritos despreve-nidos. preciso compreender que o judasmo est fora dos povos equer o esmagamento de todos. Por isso, lana uns contra os outros,lucrando com todas essas lutas. Seus agentes de qualquer espcie, por

    tanto, podem figurar nos campos os mais opostos.A ao da maonaria em Portugal recrudesceu no fim do sculo

    XVIII, aquecida pelas chamas do grande incndio revolucionrio francs.Em 1797, a diviso auxiliar inglesa, que viera defender o reino contraos jacobinos, espalhara por todo ele as lojas de pedreiros-livres (1).Dentre elas, a mais ativa talvez fosse a Filantrpica de Santarm, fundada sob os auspcios do duque de Sussex (2). J em 1798 vimos a maonaa agindo na Bahia. Antes, agira em Minas. Em 1801, ps as manguinhasde fora numa conjurao alinhavada entre Portugal e Brasil, aproveitandoa guerra com a Espanha. O plano era vasto e visava a proclamaoda repblica em Pernambuco, sob a proteo de Bonaparte, PrimeiroCnsul. Nunca se pde penetrar bem "os esconderijos desse mistrio",confessa um historiador de peso (3). Estavam implicados na meada osirmos Cavalcanti de Albuquerque, os irmos Arruda Cmara e os irmosSuassuna da famosa academia de seu nome, no Cabo. Os documentosmais comprometedores desapareceram como que por encanto dos autosda devassa. Pela mo dum religioso, frei Jos Laboreiro, correram riosde dinheiro para a soltura dos presos e a restituio dos bens seqes-

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    trados, "sem se saber de onde vinha tanto ouro (4)"!Em 1803, j funcionavam no Rio de Janeiro trs lojas: Reunio,

    Constncia e Filantropia. A ltima quase repetia o nome da famosade Santarm. A Inquisio andara farejando esses concilibulos, metendona cadeia, em Lisboa, o judeu e maon Hiplito da Costa e um dosVieira Couto, iniciado no Tijuco, em Minas, ao tempo da Inconfidncia.Hiplito, de quem Vieira Couto era ntimo, conseguira livrar-se da entala-

    dela e escafeder-se para Londres, onde fazia no "Correio Brasiliense"a poltica da nossa independncia, no como meio de nos engrandecer,porm como fim de diminuir Portugal. Vieira Couto s foi posto emliberdade com a entrada dos soldados de Junot. Conta-se que, quandose apresentou ao general francs, este, que o conhecia de nome (?),lhe disse:

    "Seu crime ser maon, e tambm maon o Imperador meuamo (5)".

    Um especialista na matria escreve o seguinte: "Certos autores

    pretendem que Napoleo foi feito maon. possvel que o Imperadortenha recebido um grau inteiramente honorfico. A maonaria devia-lheessa gentileza, afim de obter a sua benevolncia. Se por acaso assistiu sesso de alguma loja, decerto evitaram tratar em sua presena assuntos subversivos (6)". A verdade histrica que, na sombra colossaldo Imprio, que impusera uma disciplina e um gro-mestre franco-ma-onaria, forando-a de certo modo submisso (7), formou-se outramaonaria que, vinda das sinagogas da Inglaterra e dos Estados Unidos,manobrada pelos Rotschild, preparou lentamente Waterloo e Santa Hele

    na. Todos os marechais que traram o Imperador, todos os ulicos queo abandonaram e todos os polticos que o venderam eram maons.Basta uma pequena lista: Augereau, Marmont,Murat,Talleyrand, Fouch...A nova maonaria no era mais do que a repetio do Rito EscocsPerfeito, com o aumento dos graus at 33. Foram seus organizadoresos judeus Moiss-Cohen, Hyes Franken, Morin e Spitzer. O primeiroconselho supremo realizou-se em Charleston, nos Estados Unidos, a31 de maio de 1801, sob a presidncia do judeu Isaque Long. Sua instituio em Frana data de 1804, ano da coroao de Napoleo I. Com

    essa arma oculta, a Inglaterra de Rotschild apunhalou pelas costas oImprio (8). A queda da maior potncia poltica da poca ia permitirque se erguesse a maior potncia financeira dos nossos tempos (9).Podemos acrescentar: a maior potncia financeira de todos os tempos!

    Durante todo o governo de D. Joo VI, as potncias ocultas trabalharam com afinco, sem que cessassem as inteligncias entre as maonariasde Portugal e do Brasil (10). Desse trabalho pertinaz resultaram osmovimentos de 1817 nos dois pases, quase simultneos, manobrados

    pela "infame faco de mortandade e roubo", como rezam alguns docu-

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    mentos (11). A coisa ia rebentar em Lisboa, intentada pela maonaria,assegura Varnhagen, quando as denncias chegaram ao general inglsBeresford, que ocupava o reino devoluto com suas tropas. Pretendia-seproclamar D. Joo VI rei constitucional (12), primeira etapa para a repblica. Antes de subir ao cadafalso, Luiz XVI jurara a constituio. Oplano era mais ou menos o da Inconfidncia de Vila Rica, seguido omodelo da antiga ttica judaica do golpe de Estado. Surpreendiam-see matavam-se as autoridades. Provocava-se um motim. O general GomesFreire, gro-mestre da maonaria, fingindo-se alheio ao combinado, seriaaclamado chefe e convocaria as crtes para proclamarem a monarquiaconstitucional (13). Beresford mandou efetuar prises, funcionaram tribunais de emergncia em processos sumrios e dez cabeas da conjura,militares e paisanos, foram enforcados. Um deles, porm, estrangeirosuspeitssimo, o baro Frederico de Eben, foi somente expulso (14).Quando o general Gomes Freire caminhava lentamente para o patbuloerguido no Alqueido, em frente ao Tejo azul, um oficial das tropasinglesas, a nica farda vermelha presente lgubre cerimnia, o tenente-coronel Haddock, avanou para ele, estendeu-lhe a mo e deu-lhe ostoques manicos (15).

    conspirao descoberta e dominada de Gomes Freire em Lisboacorrespondeu deste lado do Atlntico a revoluo de Pernambuco, nomesmo ano de 1817. Este movimento foi "gerado nas sociedades secretas,que passaram a funcionar no Brasil", sendo outro motivo importante"o impulso portugus no intuito de determinar pelo ressentimento oregresso de D. Joo VI (16)".

    Desde alguns anos, as atividades manicas recrudesciam no nossopas. "Antes da famosa loja Comrcio e Artes, que data de 24 de

    junho de 1815, teriam existido outras no Rio, Bahia e Pernambuco, quecontinuaram, sob o governo de D. Joo VI, a desenvolver sua atividadesilenciosa, fundando-se mesmo uma, composta em parte de empregados do pao, com conhecimento do ento Prncipe Regente, cujofervor religioso nunca foi grande e menos ainda de carter ultramontano.Drummond contesta formalmente que D. Joo VI tivesse cincia dessaloja (17), mas o fato dela denominar-se, como ele prprio escreve, SoJoo de Bragana (18), depe contra a sua negativa (?). A perseguios lojas manicas s ocorreu quando a revoluo pernambucana de1817 patenteou seu carter poltico anti-monrquico. O alvar de penasfoi at mandado transitar pela chancelaria do Reino, o que, escreveDrummond, j cara em desuso. Houve por algum tempo o pnico damaonaria, alimentado por espias e delatores, e no s as lojas forammandadas dissolver, como se criou um juzo da inconfidncia, que cometeu arbitrariedades (19).

    V-se bem que o rei pouca importncia deu s lojas at se descobrirsua atuao revolucionria e s ento, diante das provas irrecusveis,se determinou a agir. Antes de funcionar na Praia Grande (Niteri),

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    onde era sua sede, a Comrcio e Artes realizava suas sees no Riode Janeiro, na Pedreira da Glria, em casa do dr. Jos Joaquim Vahia.Depois da perseguio, passou a reunir-se na residncia do capitode mar e guerra Domingos de Atade Moncrvo (20). Foi dessa lojaque surgiu a idia da instalao dum poder manico brasileiro. Em1821, ela estava solenemente montada no Rio e batia-se pelo liberalismopoltico e econmico. Em 1822, quando se fundou o Grande Orientedo Brasil, dividiu-se em trs. Dela nasceram duas oficinas manicasclebres em nossos anais: Unio e Tranqilidade, e Esperana daVitria, de Niteri (21).

    As lojas judaicas da Gr-Bretanha haviam mandado dois emissriospara a Amrica do Sul, afim de conhecerem os progressos revolucionrios do continente: o general Miranda, que comandara exrcitos franceses na Revoluo, para a Venezuela, e Domingos Martins, naturaldo Esprito Santo, que acudia tambm pelo nome de Dourado, homemde aventuras e negcios, para o Brasil. As filiais comerciais do ltimodeviam fornecer os meios pecunirios para o movimento, cujos planosos dois haviam longamente discutido nos concilibulos presididos emLondres, por Miranda. A misso cometida a ambos era de "portentososefeitos (22)". Domingos Martins veio acompanhado pelo capito de artilharia Domingos Teotnio Jorge, acreditado perante o Grande Orienteda Bahia. Em 1815, o primeiro voltou a Londres e "a revoluo comeoua mover-se (23)". Ficou combinado que seus chefes no Recife esperariamo aviso dos mestres do Sul, os quais o dariam depois de receberemaviso dos mestres da Europa, conforme refere um manuscrito do padreTeles de Menezes.

    A preparao manica vinha sendo lenta e seguramente feita.Diversos pedreiros-livres, enviados para aqui e para ali, desde 1809,fundavam lojas nas cidades de seu domiclio, de acordo com o GovernoSupremo, exercido pelo Grande Oriente da Bahia, onde residia maiornmero dos maons "que tinham sido iniciados e elevados aos altosgraus na Europa (24)". Em 1816, j Pernambuco contava uma GrandeLoja provincial e 4 regulares (25), todas articuladas com as baianase fluminenses, uma das quais, a Distinta ou Distintiva de Niteri, erafreqentada por um dos irmos Cavalcanti de Albuquerque (26), queparticipara da conjura de 1801 e participaria da de 1817.

    O governo real recebia denncias annimas da trama. Diziam-lheque os revolucionrios pretendiam deixar-lhe unicamente o ttulo deD. Joo de Bragana (27). O processo, alis, estava nos moldes damaonaria, que j crismara o infeliz Luiz XVI como Luiz Capeto toutcourt. Talvez por isso houvessem dado aquele nome de So Joo deBragana loja da gente do prprio pao. Esses jogos de palavras

    simblicas so uma das muitas especialidades da seita.Aproximava-se em Pernambuco a poca fixada para o estouro do

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    movimento que o governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro,tolerante, descuidoso e indolente, no era homem para reprimir coma energia necessria. No "Correio Brasiliense", Hiplito da Costa atribuiu-o, depois, ao descontentamento do povo pelas contribuies e cons-cries foradas para a guerra da Banda Oriental contra Artigas (28).O duque de Palmela replicou-lhe, esmagando-lhe os argumentos de arran

    jo, com as provas de que no fra lanado tributo algum, porque astropas em campanha estavam sendo pagas pelo errio de Lisboa! Almdisso, as milcias nacionais que operavam no Sul eram na quase totalidade do Rio Grande, Santa Catarina e So Paulo: gachos da fronteira,guaranis missioneiros, o regimento dos Barriga-Verdes e a formidvelLegio dos Paulistas. Havia, na verdade, carestia de vida, mas no porculpa de impostos do governo. Ela fra provocada por especuladoresque aambarcavam os carregamentos de gneros e "os revendiam aretalho ao pblico de maneira a mais arbitrria (29)". O que ofendiaao povo miservel no era nenhum arrocho do governo real que foi,na opinio da Joo Ribeiro e Oliveira Lima, sempre paternal, mas aostentao de luxo e de empfia dos comissrios de algodo em marde fartura, novos mascates, cheios de dinheiro pela alta do produto,conseqncia ainda da cessao do bloqueio continental e da guerraentre a Gr-Bretanha e os Estados Unidos, de 1812 a 1813. Havia certarivalidade entre brasileiros e portugueses. A insolncia dos ricaos cris-tos-novos aumentava-a.

    A maonaria aproveitou habilmente a carestia e a situao, atribuin

    do a primeira ao governo e a segunda aos portugueses, quando ambaseram resultado da atuao da mesma casta judaica. O prprio Caetanode Miranda Montenegro, na ordem do dia de 4 de maro de 1817, apesarde ter sido at ento iludido pelos que mais de perto o cercavam (30),reconhecia que se havia lanado mo de tais meios. Toda a gente estavafarta de saber que a conspirao se forjava nas lojas manicas (31).Hiplito da Costa apelava para a explicao do descontentamento popular, porque isso lhe convinha como maon. Rosa-Cruz que era (32).Se fomes e carestias por si ss determinassem revolues, cada seca

    no Cear seria um apocalipse social, entretanto, nenhum povo sofremais resignado do que o cearense. As fomes e as carestias so sempreadrede provocadas pelas foras ocultas para criar climas revolucionrios, em que os agitadores demagogos possam mover as massas desatinadas. Em geral, "os filsofos e intrigantes so sempre os autoresdas revolues (33)". O povo no passa de pretexto ou de fora brutaPosta em movimento para sr conseguirem certos fins. A revoluo de

    1817 no foi absolutamente feita pelo povo, nem teve o apoio do povo,como o reconhecia o brigadeiro Lima e Silva, em 1824, antes pelo

    contrrio, pois o interior, mais tradicionalista do que o litoral e livredas influncias cosmopolitas, ou no aderiu a ela ou contra ela se

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    insurgiu de armas na mo. A revoluo foi feita unicamente pela maona-ria, servindo-se da tropa, indisciplinada de antemo, cujos inferiorestinham chegado ao ponto de atentar contra a vida de seus superiorese dentro dos quartis!

    A 6 de maro de 1817, houve motim no corpo de artilharia daguarnio, transpassando um dos oficiais o comandante com a espada.

    O governador mandou prender o culpado e mais outros colegas, bemcomo o agitador Domingos Martins Dourado (34), de volta de Londres,onde quebrara, dizem uns que fraudulentamente (35), mas ele defendeu-se da imputao. Tais prises determinaram o levante, decerto antesdo tempo, o que fez gorar a revoluo geral, ainda no de todo articuladanas outras provncias. As unidades rebeladas abriram fogo de fusilariacontra os elementos fiis legalidade e o governador se recolheu fortaleza do Brum, onde no tardou a capitular, sendo remetido parao Rio de Janeiro. Soltaram-se os maons presos e todos os criminosos

    da cadeia pblica, que vieram engrossar as fileiras revolucionrias, meiotcnico de todas as revolues judaicas para espalhar o terror e entocara burguesia, como preceituam as diretivas atuais da Internacional. Essagente cometeu os mais horrveis excessos (36). Arengaram ao populachodesenfreado, pelas esquinas, Domingos Martins, o padre Joo RibeiroPessa e, a dar crdito aos ofcios governamentais e consulares dapoca, o ouvidor de Olinda, Antonio Carlos Ribeiro de Andrada, quealguns papis dizem de Abreu, acusado at de homicdio na pessoadum negociante de Santos (vide a nota 26). Segundo Muniz Tavares,

    o mesmo era um dos que anteriormente peroravam com veemncia nosconcilibulos manicos. Todavia, nos interrogatrios a que mais tardefoi submetido, o irmo de Jos Bonifcio defendeu-se, ao que dizem,com algum fundamento, dessas increpaes e "verberou o movimento(37)". Era, entretanto, maon e de alto bordo!... Foi, segundo o manifestomanico de 1832, assinado por Jos Bonifcio, o 1. Gro-Mestre doGrande Oriente do Brasil. Fundara em Pernambuco uma UniversidadeSecreta, nos moldes do Arepago de Arruda Cmara.

    Deu-se a interessante coincidncia de estarem surtos no porto

    do Recife vrios navios franceses, entre os quais "La Felicit", cujoimediato Luiz Vicente Bourges, isto , Borges, descendente dos cristos-novos emigrados de Portugal para Bordus, no perdeu a oportunidadede fazer grande carga de gneros da terra, sobretudo algodo, a preosvis, graas ao movimento revolucionrio (38). Repitamos ainda a frasesacramentai de Sombart: "A guerra a seara do judeu!".

    Constituiu-se um governo provisrio, composto de 5 membros: Domingos Martins, Jos Luiz de Mendona, Manuel Corra de Araujo, ocoronel Domingos Teotonio Jorge e o padre Joo Ribeiro Pessa. Para

    captar simpatias, essa junta aboliu certos impostos e aumentou o soldoda tropa, praticando "atos polticos repassados de moral jacobina (39)".

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    preparou-se para resistir a qualquer reao ou para coadjuvar outrospontos rebelados, montando navios armados, com tripulaes estrangeiras. Os oficiais e soldados rebeldes arrancaram das fardas e barretinasas armas e topes reais. Pensaram, ao princpio, em conservar a bandeiraportuguesa sem o escudo, porque, sendo branca, de longe haveria confuso e os navios de passagem ou arribada, vendo-a tremular nos fortes,

    no notariam a mudana de situao e no levariam a notcia a outrosportos, o que daria tempo de se aperceberem melhor para a luta. Quiseram, depois, adotar a tricolor francesa (40). E acabaram aceitando oprojeto de bandeira manica apresentado pelo padre Joo Ribeiro Pessa: "bicolor, azul-escuro e branca, sendo as cores partidas horizontalmente; a primeira em cima e esta por baixo, e tendo, no retngulosuperior azul, o arco-ris com uma estrela (41) em cima e o sol porbaixo, dentro do semi-crculo; e no inferior, branco, uma cruz vermelha(42)". Entregues tropa, as novas bandeiras foram solenemente abenoa

    das no campo do Errio (43), numa espcie de reprise, em ponto pequeno,da Festa da Federao do Paris revolucionrio, no Campo de Marte.Dizem os historiadores da revoluo de 1817 que o arco-ris signifi

    caria, nas suas trs cores fundamentais, Paz, Amizade e Unio. Este o significado demtico, aparente. O significado verdadeiro e profundosomente o pode revelar a cbala manico-judaica que esses historiadores desconheciam. O arco-ris o AZILUTH cabalstico do GrandePentculo da Luz Eterna sob os atributos do Sol, que no foi esquecidoe est posto embaixo, como seu gerador. O AZILUTH a sntese da

    Unidade a que correspondem as 7 vozes ou cores da anlise (44). Sobreessa sntese, dominando o mundo, a Estrela de cinco pontas do Microcosmo salomnico, o Homem Divinizado. Todos esses smbolos, note-sebem, esto sobre a Cruz ensangentada! Afirma-se que esta relembrao primitivo nome do Brasil, puro engodo dos simbolistas sibilinos.A hermenutica cabalstica ensina que arco-ris, sol e estrela dominame ensangentam a cruz! As cores das duas faixas repetem as das palasda bandeira manica da revoluo baiana de 1798, azul e branca, coresde Israel, que figuram no pavilho sionista da Palestina com a Magsen

    David em traos de ouro. A leitura exata desses smbolos cabalsticosmostra o verdadeiro carter do movimento de 1817. Os ignorantes podero sorrir desta interpretao. Pouco importa! Os judeus cabalistas eos maons que conhecem os seus smbolos sabem que ela absolutamente verdadeira.

    A revoluo logo se estendeu Paraba e ao Rio Grande do Norte;mas seus emissrios ao Cear e Bahia, o sub-dicono Jos Martinianode Alencar e o padre Roma, Jos Incio de Abreu Lima, nada conseguiram.Jos Pereira Filgueiras, o grande caudilho sertanejo, levantou em prol

    da realeza o interior do Cear (45). O sul de Pernambuco insurgiu-secontra os republicanos maons do Recife. A contra-revoluo estalou

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    nos sertes de Alagoas. As outras provncias prximas ou remotas conservaram-se indiferentes. Antonio Gonalves da Cruz, o Cabug, enviadoaos Estados Unidos, nenhum socorro obteve oficialmente e mal conseguiualgumas provises de guerra por meio da "especulao particular", asquais nem chegaram a tempo. Parece que se pensou em nomear Hiplitoda Costa, ministro da nova Repblica em Londres, mas a idia, se existiu,

    no foi avante.Alguns fugitivos de Pernambuco, chegando em breve prazo Bahiade tudo informaram o governador conde dos Arcos, que tomou providncias enrgicas e imediatas com os recursos de que dispunha. O padreRoma foi preso. Aprestaram-se expedies para atacar por mar e terrao foco da rebeldia. L dentro, lavraram dissenes. Muitos dos revolto-sos haviam sido iludidos, como si acontecer, quanto aos verdadeirosintuitos da maonaria. Tinham-se levantado contra impostos e vexaes,no contra o poder real. Demonstra isso a proposta de Jos Luiz de

    Mendona ao Governo Provisrio de que participava, que vem na obrade Muniz Tavares (46). Idntica traa fra posta em prtica na Inconfidncia Mineira.

    digno de nota o grande nmero de sacerdotes que tomaramparte ativa na revoluo: Alencar, Roma, Miguelinho, Caneca, Joo Ribeiro. Alm dessas figuras principais, muitos frades, cnegos, vigrios ecoadjutores. Diz Mario Melo que tinham sido enfeitiados pelo liberalismo (47). Eram todos maons! padre Miguelinho, Miguel Joaquim deAlmeida Castro, iniciara-se em Lisboa, no ano de 1807 (48). O padreJoo Ribeiro era iniciado, segundo Oliveira Lima, nos "mistrios dademocracia". Todos esses religiosos, homens mais ou menos cultos,no podiam ignorar que incorriam na maior penalidade da Igreja, -a excomunho maior, ipso facto, que pesa sobre a cabea de todocatlico que se fizer maon. No vale dizer, como assoalham os ignorantes no assunto, que a maonaria, nessa poca, ainda no tinha sidocondenada pela Santa S, porque isso absolutamente no verdade.A primeira condenao foi feita pela bula de Clemente XII, IN EMINENTI,em 1738, e a segunda, pelo breve PROVIDUS, de Bento XIV, em 1751(49). Os eclesisticos maons de Pernembudo foram vtimas do que Val-ry-Radot denomina "pardia demonaca da mensagem evanglica da fraternidade (50)". J nesse tempo, 1817, a maonaria punha em prticano Brasil-Reino o processo que, vinte e nove anos mais tarde, em 1846,figura nas INSTRUES SECRETAS da Alta Venda Carbonria de Roma,documento preciosssimo apanhado pela polcia de Sua Santidade oPapa Gregrio XVI: "O clero deve marchar sob o vosso estandarte,

    julgando sempre que est marchando sombra da bandeira das chavesapostlicas (51)". Estavam, na verdade, enfeitiados, como diz o maonMario Melo, ilustre jornalista e historiador. O termo no poderia sermelhor empregado.

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    As providncias do conde dos Arcos puseram rapidamente termo revoluo pernambucana. A frota de Rodrigo Lobo bloqueou o Recife

    restabeleceu a ordem em Natal, de onde o governo revolucionriofugiu Para a serra do Martins. O marechal de campo Cogominho deLacerda marchou contra os rebeldes com alguma tropa da Bahia, pelointerior. Sem apoio no serto conflagrado o Governo Provisrio daRepblica Manica procurou negociar uma capitulao com o comandante da esquadra, que se recusou a qualquer entendimento. Ento, Domingos Teotonio Jorge, como os irmos do Rio Grande do Norte, buscourefgio fora da capital, levando a guarnio e os cofres que n incioda revoluo estavam "bastante cheios (52)".

    Ao aproximar-se Cogominho, Rodrigo Lobo deu um desembarque.O Recife foi ocupado sem resistncia. O padre Joo Ribeiro Pessasuicidou-se. Os republicanos dispersaram-se. Alguns dos que foram apanhados seguiram presos para a Bahia (53). O governador nomeado paraPernambuco, Luiz do Rego, seqestrou os bens dos rus e fez julgarvrios por uma comisso militar. Mandaram-se alguns para os crceresde Lisboa; degredaram-se outros para a frica; arcabuzaram-se outros.Foram passados pelas armas na Bahia, com horrvel aparato, DomingosMartins, Jos Luiz de Mendona e o padre Miguelinho. Mais trs vtimasoferecidas pela maonaria aos seus deuses ocultos! O padre Roma haviasido fuzilado a 23 de maro.

    O movimento terminou a 20 de maio de 1817,dominado com relativafacilidade, porque "estalou prematuramente" e os maons da Bahia "desorientados com a iniciativa do conde dos Arcos, nada puderam fazer(54)". Durante a rebeldia e o processo, os annimos preveniam D. JooVI que os "presos eram abundantemente socorridos e protegidos abundantemente segundo os captulos da seita (55)". Denunciavam mesmoos maons de sua entourage, como o conde de Parati, o marqus deAngeja e o baro de So Loureno. Os dois primeiros abjuraram, penitenciaram-se e receberam o perdo do soberano indulgente. O ltimo eramais ladino e perigoso. Chamava-se Francisco Bento Maria Targini eexercia o cargo de conselheiro da fazenda. Filho dum italiano astuto,sem eira nem beira nem ramo de figueira, judeu disfarado pelos moldes

    e modos, alara-se de mero guarda-livros duma comandita ou sociedadeannima lisboeta aos altos postos do Estado. Enriquecia no que hojese denomina advocacia administrativa e corrompia toda a gente querodeava o monarca, a poder de ouro. As denncias apontavam-no como"chefe dos traidores (56)".

    O judasmo manico fra vencido luz do sol em Lisboa e noRecife. Voltaria carga pelos subterrneos e j tinha plantado suasdaninhas sementes dentro da prpria casa de El Rei!

    Mal decorrera um semestre desde o trmino da revoluo pernambucana e j se preparava outra, com a mesma finalidade, disfarada na

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    idia da constitucionalizao do reino, afim de no ferir susceptibilidadese angariar maior nmero de adeptos, em Portugal. Em janeiro de 1818,o desembargador Manuel Fernandes Toms, o advogado-poeta Jos Ferreira Borges, raa de cristos-novos, e outros constituram um SINH-DRIO, que evocava, diz acertadamente Rocha Martins, o "supremoconselho dos judeus". O judasmo-manico o eterno gato escondido

    com o rabo de fora. Como o avestruz, julga que ningum o v, porqueocultou a cabea e no est vendo ningum...Em tal SINHDRIO figuravam negociantes abastados e prticos:

    Joo Ferreira Viana (?), Lopes Carneiro, Duarte Lessa, Jos Gonalvesdos Santos e Silva, Jos Pereira de Menezes. Apoiavam-nos os militaresmaons, sobretudo os da loja Liberdade. A voz do povo apontava todosos constitucionalistas como maons e herejes (57). Foi da que partiue se avolumou a revoluo portuguesa de 1820, que criou as Cortes,arrancou D.Joo VI ao seu querido Brasil e levou-o a morrer na Bemposta

    da gua-tofana dos mistrios... (58).A maonaria, que parecia ter perdido a cartada, acabou ganhando

    o jogo. As lojas, os sinhdrios, as sinagogas, os kahals daqum e alm-mar, marchando ao som do "trovo de Frana" que ainda se no apagarana histria, caminhavam, com a lentido de quem anda apalpando astrevas, para o Domnio Universal!! Que lhes importava o cadver dobonssimo rei que o veneno estendera no leito morturio? Envenenariammais ainda do que o corpo a sua memria, cobrindo-o de ridculo imerecido.

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    Captulo XIV

    GUATIMOZIN SOMBRA DA ACCIA

    "Os raios da Grande Luz, que desde as mais remotas pocas iluminara a sia e o Egito, e fulgura hoje na Europa, no podiam deixarde penetrar um dia na Terra de Santa Cruz", diz textualmente o Manifestodo Grande Oriente do Brasil, escrito em 1931 por Gonalves Ldo eassinado por Jos Bonifcio, publicado em 1831, historiando a aoda maonaria no nosso pas. A Grande Luz, levava-a Lcifer, o ArcanjoRevel, at quando, num assomo de orgulho, pronunciou o Nom serviam!Desde esse momento, o esprito de revolta nascera no mundo e comearaa refulgir a "flamgera estrela", a que alude Jos Bonifcio no mesmo

    documento, estrela que vimos no simbolismo das bandeiras manicasde 1817 e 1798, exprimindo a grandeza do homem livre da sujeioa Deus sobre a terra confusa e ensangentada. A linguagem simblicadesse manifesto digna de nota e de comentrio. Ela demonstra aunio da maonaria ao judasmo, na citao j feita e em outros pontos.A Grande Luz iluminara a sia e o Egito, terras onde vivera o povode Israel. Fulgurara, depois, na Europa, aonde a dispora o havia levadoe acabara vindo brilhar na terra brasileira. Afirma ainda que a primeiraLoja Simblica do Brasil, filiada ao Grande Oriente de Frana, fundara-se

    no ano da Verdadeira Luz de 5.561, era judaica e no crist. Essaloja fra a Reunio. Mais tarde, haviam sobrevindo as perseguies,em 1815 e 1817, ou, melhor, em 5575 e 5.577. Voltando tona, quandose findaram, as lojas tinham feito a "Independncia manica" (sic);mas, "nos planos do IMORTAL JEOV", a poca de 1822 "ainda noestava assinalada como aquela que devia marcar a estabilidade". O queO Patriarca denominava "planos do Imortal Jeov", na vida dum povo

    fundamentalmente catlico, , sem dvida, o que hoje, de cincia certa,chamamos Planos ou Protocolos dos Sbios de Sio. A interpretao

    do notvel documento, para quem est ao par dos segredos manico-

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    http://hoje.de/http://hoje.de/
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    judaicos, absolutamente clara, no podendo dar lugar a nenhuma controvrsia, seno para quem queira argumentar de m f (1).

    Desde o sculo XVI, o trabalho de destruio do mundo cristovinha sendo realizado com habilidade demonaca. Nesse sculo, nascerao pantesmo rabnico e o direito da fora nas concepes filosficas

    judaicas de Espinosa. A Carta de Colnia, primeiro documento manicoque se conhece, assinada por Melanchton, amigo de Lutero, traz a datade 1535. A revoluo religiosa devia desencadear a revoluo poltica,para esta, por sua vez, desencadear em conseqncia a revoluo social.A quebra da unidade espiritual do cristianismo traria com as guerrasde religio do sculo XVII e com a Revoluo Francesa do sculo XVIIIo liberalismo burgus dissolvente e desmoralizante. Depois, teria desurgir o socialismo, prprio para penetrar as camadas ingnuas do povofechadas ao liberalismo. Em 1646, o judeu Elias Ashmole fundaria amaonaria escocesa. As sociedades secretas iriam ser, na frase dogro-mestre Goblet d'Aviella, o laboratrio onde se combinariam asidias que convinha espalhar no mundo de forma prtica. Que idias?Ele mesmo responde: "Ns somos a filosofia do liberalismo (2)". Eispor que assiste toda a razo a Draper para afirmar que "o antagonismode que somos testemunhas a continuao duma luta que comeouno dia em que o cristianismo se tornou uma potncia poltica (3)".

    Razes e ramos da Accia Simblica de Hiram estenderam-se pelomundo e chegaram at ns. Vale a pena ler a confisso de Ldo subscritapor Jos Bonifacio, no precioso Manifesto: "Crescia vista d'olhosnova vergntea dessa rvore maravilhosa (?), cujos ramos de um verdoreterno (?) cobrem com sua doce sombra todas as naes, e cujas razescarregadas com o peso dos sculos alcanam o seio misterioso danatureza (4)". A sombra da accia espalhava pelo mundo "pseudo-idiasliberais, nobres e generosas, cuja realizao gradual ia modificandoinsensilvemente, em proveito dos elementos revolucionrios, em cujaprimeira plaina devemos pr os judeus, a face do mundo cristo e aestrutura interna da sociedade (5)". sombra da accia se elaborava"um meio mundial dominado pelo capitalismo, anemiado pela democracia,amalucado pelo socialismo e dividido pelos nacionalismos, incapaz deopr a menor resistncia ao ataque do maonismo e do judasmo (6)".Porque "a revoluo e a democracia, a revoluo social e o comunismoso meras etapas do gigantesco duelo personificado por dois princpios:o cristianismo integral e a anti-Igreja (7)". Porque "liberalismo, humanita-rismo, tolerncia, livre-pensamento, modernismo, constitucionalismo,parlamentarismo, so simples preldios idlicos do jacobinismo, do radicalismo, do comunismo, da Junta de Salvao Pblica e da Tcheka (8)".

    A independncia do Brasil foi realizada sombra da Accia, cujas

    razes prepararam o terreno para isso. o que a documentao histricanos ensina e prova. o que diz oficialmente a prpria maonaria no

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    "L ivro manico do centenrio", pg. 116. Tem razo, pois, o Manifestoem apelid-la "Independncia Manica". Ela foi um corolrio da retiradado Rei para a metrpole e teve o carter "duma transao entre oelemento nacional mais avanado, que preferiria substituir a velha supremacia portuguesa por um regime republicano segundo o adotado nasoutras colnias americanas por esse tempo emancipadas, e o elemento

    reacionrio, que era o lusitano, contrrio a um desfecho equivalente,no seu entender, a uma felonia da primitiva possesso e a um desastrefinanceiro e econmico da outrora metrpole. A referida transao estabeleceu-se sobre a base da permanncia da dinastia de Bragana, personificada no seu rebento capital, frente de um imprio constitucionale democrtico, cujo soberano se dizia proclamado pela graa de Deuse pela unnime aclamao dos povos, a um tempo ungido do Senhore escolhido pela vontade popular (9)". Isto quer dizer que as razesda accia encontraram resistncia no tradicionalismo, no esprito conservador da nao e tiveram de dar rodeios, transigindo, spera de melhores dias para alcanar afinal seus objetivos.

    Aqum e alm-mar, os maons trabalhavam de concerto para omesmo fim, embora s vezes parecendo em desacordo. L, aproveitandoa ausncia do Rei e o receio de nova regncia sob o rebenque deBeresford, que se achava no Rio de Janeiro, o SINHDRIO manico-

    judaico impusera a constituio. Aqui, tambm, a arruaa e a tropaamotinada impuseram a mesma constituio, sem ligar importncia realidade brasileira, muito diversa da de Portugal, sem cuidar que o

    nosso pas carecia dum estatuto orgnico prprio, acorde com seu gnionacional e no copiado exatamente do espanhol das Cortes de Cadizatravs do portugus das Cortes de L|sboa. Por trs dos movimentos,"os republicanos das lojas manicas, ansiosos por verem o Rei debarra fora, porque nele divisavam, e com razo, o principal obstculo independncia, de acordo com as idias da Grande Revoluo (10)".

    muito curiosa a dupla ao da maonaria, em Portugal e noBrasil, desunindo-os a pouco e pouco, urdindo a futura repblica manica para ambos. Os liberais esto convencidos de que a obra fo i merit-

    ria, porque a situam do seu estreito ponto de vista convencional. Aindependncia brasileira processar-se-ia de modo diverso,em tempo oportuno, sem a maonaria, seguido-se a evoluo natural e conservando-seas razes tradicionais da nacionalidade, ao invs de substitu-las pelasrazes da accia, vindas da sia e do Egito. Se males maiores noadvm ao mundo da obra solerte das foras ocultas, que Deus dirigeos destinos dos povos e a Providncia, sem que se sinta, faz comque, quase sempre, o mal, pensando que trabalha para si, trabalhe naverdade para o bem.

    No tempo em que se processou a independncia, o pavor da maonaria alanceava a corte portuguesa, O brigadeiro Madeira escrevia da

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    Bahia ao Rei, quando este j em Lisboa, expondo com ilimitada franquezae grande conhecimento de causa a continuada ao dos poderes ocultos.Diziam a D. Joo VI que "o Brasil estava povoado de lojas manicas"(11), o que era mais ou menos verdade. " sua volta crescia e fechava-seo saco do terror. Mergulhava-se o seu esprito no eterno receio dosmaons e o juiz da Inconfidncia vinha diariamente ourar o medroso

    nimo do monarca com os casos de Pernambuco, mostrando-lhe conspiradores audazes e pedindo castigos (12)". Em Portugal, o SINHEDRIOaliciava gente, manobrado pelo "negociante de peso", Jos Pereira deMenezes, "homem de trfico com a Inglaterra", atilado, modernizado(13), cristo-novo! Outro grande aliciador era o desembargador SottoMayor. Sabemos por Mario Sa, na "Invaso dos judeus", que os SottoMayor so cristos-novos da gema. Os aliciadores se articulavam comos oficiais maons, que moveriam no momento dado os corpos de infantaria de linha e caadores. No Porto, agia Fernandes Toms, criador do

    SINHEDRIO, de parceria com o coronel Barreiros, que tinha poderesdos liberais e ligaes com a Espanha para uma projetada Unio Ibrica(14), belo meio de acabar com o esprito nacional portugus. Entravana conjura, trabalhando febrilmente, frei Francisco de So Luiz, o futurocardeal Saraiva (15), sacerdote maon que punha suas ambies acimada excomunho pontifcia ou marchava sob a bandeira da Accia, pensando que era a das Chaves Apostlicas... O coronel Sepulveda, comandantedo regimento de infantaria 18, forava a entrada no movimento ao coronel Cabreira, o qual desejava somente o regresso do soberano para

    aliviar os males do Reino, mas no a imposio da constituio, comoera plano do SINHEDRIO (16). Engrossavam as fileiras dos conspiradoresquase toda a guarnio do Porto e do Minho, e os militares do AlmTejo filiados loja Liberdade de Elvas (17).

    Fez-se a revoluo a 24 de agosto de 1818, mais ou menos umano depois da de Gomes Freire em Lisboa e da de Domingos Martinsno Recife, hora em que o alegre bimbalhar dos sinos chamava osfiis missa, criando-se uma Junta Provincial do Supremo Conselhodo Reino. D. Joo recebeu a notcia no Rio de Janeiro pelo navio ingls

    "La Crole". Calou-se. Nada disse a ningum, nem aos ntimos, nem prpria famlia. Mal sabia que as tropas de Lisboa tambm tinhamaderido (18). hora em que soube do acontecimento do Norte de Portugal, j a capital em festa ouvira entre vivas o Hino Constitucional,apressada composio do maestro Coccia, e aclamara a Junta Provisio-nal do Governo Supremo do Reino, qual a nobreza declarara prestarobedincia ao Rei e Constituio, que deveria manter a Religio ea Dinastia (19). A coisa ia-se fazendo por etapas. A essas juntas sucederiam, com o tempo, outras sem religio e sem dinastia at que chegassea oportunidade de no haver mais juntas e aparecerem os sovietescomo seus ltimos avatares. Dentro em pouco, a mania das juntas pas-

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    saria ao Brasil. Inaugurava-se no mundo a era dos Reis-Tteres e dasConstituies-Panacias. Tangidos pelas foras secretas, pelas razesda accia como diziam Ldo e Jos Bonifcio, todos os povos iamse tornar pedinches de cartas constitucionais.

    Quando se veio a saber de tudo, El Rei se aconselhou com seufiel valido, o ministro Toms Antonio de Vila Nova Portugal, homemaustero e probo, talvez o nico estadista a quem o soberano verdadeiramente amou. O ministro era de opinio que devia ficar no Brasil,embora se perdesse Portugal. Aquilo l era o passado; isto aqui, ofuturo. Mas a maonaria trabalhava fortemente deste lado. Dos seusclubes e concilibulos, sobretudo das reunies em casa de Jos Joaquimda Rocha, saam intrigas com ps de l, que iam enredando e complicandotudo, ajudadas de outros fatores. No Portugal esbandalhado pelas cruisinvases francesas, cheio de ressbios de dio pela antiptica ocupaobritnica, empobrecido pela abertura dos portos e os leoninos tratados

    judaicos de comrcio, o SINHDRIO agia, ligado Espanha, j maonica-mente constitucionalizada pela revoluo de Cadiz, a 7 de maro, queprecedera de meses a do Porto (20). Num e noutro reino da Pennsula,as foras ocultas s no proclamavam a repblica com receio da SantaAliana, ainda vigorosa, a qual era a "Internacional Branca a Sociedadedas Naes da Direita (21)". Na Amrica, desde 1812, pelo menos, aslojas mnicas estavam articuladas. Datava da revoluo de 1817 aligao das do Brasil com as do Prata, onde funcionava, em BuenosAires, a clebre loja Lautaro, "a qual adotando o nome dum heri arauca-no, s por isso dava a entender suas ligaes com a costa do Pacfico,desenvolvendo notria e fecunda atividade na perseguio de seu ideal,que era a independncia com a repblica (22)". Despejava-se sobre opas uma rajada de conjuras, declara Pedro Calmon, que sente nos acontecimentos de ento a influncia duma "lgica superior (23)". E grandenmero de emigrados franceses infiltrava princpios revolucionrios nosbrasileiros (24).

    Entre os fatores a que aludimos, esto a ambio do conde deArcos, o esmagador da revoluo de 1817, que acariciava a idia de

    ficar D. Pedro no Brasil, indo o pai para a Europa e se tornando eleo primeiro ministro todo poderoso (25), como se o Prncipe fosse gover-nvel por algum; a ao do duque de Palmela, chegado de Londres,que aconselhava o regresso do Rei, "industriado pela revoluo (26)",pois, com efeito, esse regresso "era prescrito pelo Grande Oriente dametrpole" (27); e os assomos de Dona Carlota Joaquina, enfadada daAmrica, despeitada, que ansiava voltar para "terra de gente", comodizia. S o soberano no alimentava tal desejo.

    Todos os fios da meada, porm, se teciam na penumbra misteriosa

    das sociedades secretas. A maonaria era, em verdade, o centro emanci-Pador, reconhece grande autoridade no assunto, o sr. Mario Bhering,

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    gro-mestre da maonaria brasileira (28). Esse centro coordenava-secom todos os outros do continente, desde quando Domingos Martinse o general Miranda haviam sido industriados pelas lojas manicas

    judaicas dirigidas pelo Kahal de Londres. Era ali que, durante anos,fugido da Inquisio de Lisboa, Hiplito da Costa preparava no "CorreioBrasiliense" o "movimento de organizao nacional, delineando sua teo

    ria e mostrando sua prtica, para isto apontando para os exemplosestrangeiros na Amrica (29) e indicando como deveriam ser indicadose tratados os vrios problemas polticos e sociais... A ao do grande

    jornalista exercia-se, porm, distncia e para a realizao dos deside-rata liberais convinha ter agentes mais prximos e diretos (?). Foi esteo papel da maonaria combinado com a imprensa local, por meio daqual aquela atuava sobre a opinio (30)". Esta confisso de OliveiraLima de peso e os elogios que faz s podem ser levados em contade sua falta de viso a respeito da questo judaica e das verdadeiras

    finalidades das sociedades secretas.O Prncipe constituiu seu primeiro ministrio com elementos nomaonizados: o conde dos Arcos, que o dominava, Louz, Cala e Farinha. Estava, por isso mesmo, destinado a cair logo. Por todo o pas,andava uma agitao em que se chocavam, tangidos pelas foras secretas, os que haviam recebido a constituio da metrpole como um movimento de nacionalismo que expulsava os ingleses (41); os portuguesesreacionrios, absolutistas, e os patriotas brasileiros, desejosos da independncia, da qual j se falava abertamente (42). Na confuso, vinham,

    s vezes, superfcie os fermentos separatistas, sobretudo em Pernambuco (43), onde se tentava contra a vida do governador Luiz do Rego,odiado pela maonaria por causa da represso de 1817, que retiraradiante de Goiana insurgida, sem foras para impor a sua autoridade(44).

    O Par aderia "s frmulas de Portugal", instalando uma JuntaGovernativa. Foi, depois, a Bahia. Tudo denunciava "poderoso movimentoeuropeu e americano (45)". O Cear tambm estabelecia sua junta como brigadeiro Xavier Torres (46). No Rio de Janeiro, os oficiais, "que

    eram muito das sociedades secretas", tomavam atitude. E o Prncipe,levado pela tropa, dava vivas Constituio. Mas esses vivas quiloque o comeo do enfraquecimento do poder real, no contentavamno fundo os reclamantes, habilmente manobrados pelas lojas: queriam,alm do juramento constituio, a demisso do ministrio no manico.Era preciso vingar os irmos mirandistas, deportados e fuzilados em1817, na altiva pessoa do conde dos Arcos. A tropa amotinada cercou-lhea casa. D. Pedro cedeu, sacrificando-o.O conde foi expulso para Portugal,no se lhe permitindo nem que saltasse na Bahia para mudar de roupa,pois embarcara com a do corpo.

    So Paulo, onde se encontrava Jos Bonifcio de Andrada e Silva,

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    venervel das lojas, culto, viajado, influente e amadurecido na vida pblica, aqum e alm-mar, tambm no ficou atrs das outras provnciase teve a sua junta sada da anarquia militar. A junta de Minas mostrou-seem oposio ao Prncipe, o que desgostou a maonaria (47), que queriacomprometer definitivamente D.Pedro na causa brasileira, de acordocom seus planos maquiavlicos que j obrigavam os nefitos a jurarem

    nas iniciaes trabalhar pela independncia (48). "Renasceu, com certaintensidade, o movimento secreto que gerara a partida de D. Joo VI(49)".

    "Sob qualquer pretexto diz um grave conselho manico devemos introduzir nas lojas manicas a maior quantidade possvel de prncipes e de homens ricos. Esses pobres prncipes trabalharo por ns,

    julgando trabalhar por si. Serviro de excelente taboleta. Sero a iscapara os intrigantes, os imbecis, a gente das cidades e os agitadores(50)". A maonaria seguiu admiravelmente este conselho, que da prpriaessncia de sua poltica e por ser recentemente revelado no deixade ser antigo. O primeiro passo para a consecuo desse fim foi dadopelo brigadeiro Domingos Alves Branco Muniz Barreto, propondo a 13de maio de 1822 que a maonaria conferisse ao Prncipe o ttulo deProtetor e Defensor Perptuo, para que dignidade de Regente, emanadado Rei, se juntasse outra, outorgada pelo povo, D. P. (51). O povo,como de costume, o verdadeiro povo no foi ouvido nem cheirado;o povo, para as lojas, era o povo manico e nada mais. Os documentosda seita no deixam a menor dvida sobre isso. "A maonaria gostavadesses ttulos que cheiravam a Revoluo e Democracia (52)". Protetorlembrava Cromwell e a decapitao do primeiro Rei Cristo levadoao cadafalso, na praa pblica, por uma revoluo triunfante judaico-ma-nica-puritana. D. Pedro no o aceitou n totum e ficou somente como de Defensor Perptuo, adrede escolhido pelos simbolistas sibilinos.D. P., iniciais do imperante nas peas do uniforme, nos arreios, noscoches, nas librs, nos mveis, nos portes, nos gradis, nas porcelanas,em tudo quanto se referisse crte e pessoa do futuro soberano,facilmente se confundiriam com as do ttulo manico. Onde os profanoslssem Dom Pedro, os iniciados interpretariam, com um sorriso judaico,Defensor Perptuo. Bem escolhido. E deram-lhe o ttulo que ironia!

    a 13 de maio, na revista militar em que comemorava o aniversriode D. Joo VI...

    Para chegar a esse ponto, desde a partida do velho Rei, quantorodeio, quanta ttica, quanta artimanha e quanta luta! Tudo se processaraPor etapas sucessivas, dentro dos lineamentos dum plano maduramenteestudado. Os simples mortais viam to-somente o desenrolar dos sucessos, quase sempre sem atinar com suas causas, motivos e razes. A

    maonaria era a nica a saber como e porque as coisas seguiam aquelerumo.

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    Hiplito Jos da Costa Furtado de Mendona, nascido de famliajudaica emigrada para o Prata, rebento de viandeiros do ninho de contrabando da Colnia do Sacramento, na opinio dum cornaca do judasmo,"deve ser considerado na realidade a figura mxima da independnciabrasileira... Nenhum dos prceres que a histria cita como fautoresda nossa (31) liberdade contribuiu tanto como Hiplito para tornar o

    Brasil um pas independente... Hiplito da Costa, o judeu, foi de fatoo maior obreiro da independncia (32)". Hiplito era o delegado manicojunto s lojas inglesas (33).

    At a data da revoluo manica constitucionalista de Portugal,o Prncipe D. Pedro, herdeiro presuntivo do trono, no se preocuparacom a poltica. Vivia como um doidivanas, um estroina, um Marialva,no meio de eguarios e farristas, preocupados com cavalos, touros,modinhas e amores de ocasio. Haviam-no casado com uma arquiduquesaaustraca, pedida solenemente em Viena e embarcada em Liorne na fraga

    ta "Augusta". Feia, loura, sbia, resignada e boa, no pudera prenderaos seus poucos encantos o marido estabanado, que amava, apesarde tudo. Estava grvida, quando as tramas da poltica o enrodilharam,e essa gravidez foi o pretexto invocado para o Prncipe no ser mandadopara apaziguar os nimos portugueses em lugar do pai, como estevepor algum tempo resolvido. Dona Carlota Joaquina, desejosa de voltar Europa, fez tudo para gorar essa viagem aconselhada por Vila NovaPortugal. As intrigas dos bastidores do pao ajudaram-na (34)."A influncia da maonaria acordou o autoritarismo do Prncipe (35)", autorita

    rismo inato que ela tomou como trunfo na sua jogada. E o padre Macam-ba preparou o motim contra essa partida que as foras ocultas nodesejavam, porque estava prescrito que D. Joo VI era quem devia partir.

    Partiu, enfim. Resolveu-se em abril de 1821, mandando lavrar odecreto de nomeao do filho para Regente do Brasil. Disse-lhe, aocomunicar-lhe a resoluo, que, se o Brasil se separasse, antes fossepara ele, que o havia de respeitar e no para alguns desses aventureiros...Referia-se aos que tramavam as intrigas nas sombras. D. Pedro seguiu-lheo conselho e livrou o pas dos aventureiros, que puseram as manguinhas

    de fora depois de sua abdicao e acabaram por tomar conta de tudoem 1889...Cansado de distrbios e intrigas, o Rei embarcou furtivamente

    noite e despediu-se da terra que tanto amara e qual tanto servira,com o rosto balofo ensopado de lgrimas sinceras. A esquadra fez-sede vela nas trevas da noite. Ao amanhecer o dia 26, estava ao largo.El Rei voltava ptria, "humilhado ao novo poder (?) que se constituiradesde 1817 (36)". O novo poder era o SINHDRIO, o brao movidopela sinagoga, a Regncia de Lisboa pelas Cortes: os cristos-novos

    Sotto Mayor e Jos da Silva Carvalho, de mos dadas ao clrigo manico frei Francisco de So Luiz, semente de cardeal. Eram os Membros

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    das Cortes, os "casacas de briche", a bacharelada pernstica, parlapa-tona, rousseauniana, "mais ciosa da etiqueta e das prerrogativas doque o Rei (37)", simplrio e bonacheiro. Desembarcou no Terreirodo Pao como um condenado, mais triste sob o atroar das salvas efoguetes, e o repicar dos sinos do que, quando partira sob a chuvamida, fugindo das baionetas de Napoleo. Sentia-se que havia perdido

    para sempre a felicidade. Teria o pas conquistado a sua? pergunta, incrdulo um historiador. Os fatos j lhe responderam pela negativa. Ia entrarno elenco duma "pardia mansa de 1793 (38)". Mas essa pardia, queparecia mansa, sabia preparar devagarinho, com sorridente premedi-tao, as doces laranjas embebidas de gua tofana! Os "casacas debriche" no lhe dariam descanso, metendo o bedelho em todos os negcios como detentores da soberania do Estado, que no era mais real,e sim popular e rueira; no lhe dariam descanso as reaes da mulheraparceirada ao filho Miguel, inimigos acrrimos da pedreirada-livre quedominava o Reino. E aquelas Cortes, manejadas pelos poderes ocultos,querendo impor juntas, todo o poder s juntas, provisoriamente aoultramar, acabariam a obra da separao, que era o seu escopo.

    No Brasil, os aventureiros, livres da presena do soberano e dasua ao cataltica, livres do grande Toms Antonio de Vila Nova Portugal, que o seguira para um destino ingrato e infeliz, continuaram seusmanejos, sobretudo no Rio de Janeiro, onde "a maonaria era o crebro"que tudo dirigia e "o Senado da Cmara era o brao" que tudo executava(39), voz do agente pedreiro-livre, o negociante portugus, Jos Cle

    mente Pereira (40). Nas reunies, nos concilibulos, nos panfletos, nosjornais, na oratr ia, vibrava o racionalismo fi losfico, a metafsica revolucionria do sculo XVIII. Mandavam-se deputados Constituinte Portuguesa, sados da maonaria, vindos do movimento de 1817, como AntonioCarlos, vindos de mais longe, da conjura baiana de 1798, como o cirurgioCipriano Barata e o padre Agostinho Gomes.

    Lendo-se a correspondncia do Prncipe Regente D. Joo VI, verifica-se que ele ia mudando de opinio ao sabor das circunstncias e,certamente, conforme as inspiraes das ocorrncias do momento. Em

    outubro de 1821, dizia ao Rei: "A independncia tem se querido cobrircomigo e com a tropa (53)", acrescentando que no conseguiriam isso,porque no poderia ser perjuro. As juntas manicas foram tirando-lhea autoridade e arrepiou carreira aos poucos. Continuaria a escreverat 1822, participando mesmo que os independentes acreditavam na proteo inglesa e norte-armericana e o tinham j aclamado Protetor eDefensor Perptuo (54). Todavia, as conjuras manicas preparavamas vias para a realizao do movimento da independncia, com ele,Por ser mais fcil, tanto na loja que se reunia rua da Ajuda, em

    casa de Joaquim Jos da Rocha (55), como no convento de Santo Antnio,que frei Sampaio transformara em "lugar suspeito de fermento carbon-

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    rio (56)". Nessas sociedades secretas que se propagavam as opinies(57). E os maons de Portugal contribuam admiravelmente para o resultado fatal, como se tivessem o deliberado propsito de irritar os brasileiros (58). Bem urdida, a sinuosa e obscura trama!

    Votada a constituio em Lisboa, os deputados brasileiros, quetinham sido adrede magoados e desautorados, sobretudo na sua preten

    so duma assemblia especial para o nosso pas, debandaram. As Cortes,ao princpio, no quiseram mandar tropas para o Rio de Janeiro. Elas que governavam, mantendo o Rei nas mais completa sujeio, a quepela idade, o gnio e os quebrantos j se ia acostumando. Mas acabaramcom um pensamento de recolonizao, enviando uma esquadra com reforos e ordem ao Prncipe para recolher ao Reino, obrigando-o a tomar,de repente, apoiado nas foras secretas que o impeliam, a resoluode ficar.

    Jos Bonifcio, ministro todo poderoso, preparara a junta de So

    Paulo para impedir a partida de D. Pedro. A maonaria no queria perdera magnfica taboleta do Prncipe, mais arguto, entretanto, do que elapensava e que estava tambm, sua custa, fazendo seu jogo polticopessoal. So Paulo e o Rio impetravam de Sua Alteza ficasse no Brasila despeito de tudo. Em volta dessa manobra, entreteciam-se intrigas.O sonho republicano continuava na imaginao dos maons pernambucanos. Os bacharis ajacobinados de Minas no esqueciam os ideaisda Inconfidncia. Afirmava-se mesmo, aqui e al i, a tendncia separatista,bem americana, para a constituio de Estados autnomos (59), as peque

    nas ptrias que abrolhariam, mais tarde, na doutrina positivista. Quandoas diversas faces manicas chegaram a acordo sobre o modus faciendida Independncia, decidiu-se que o Regente ficaria (60). Jos Joaquimda Rocha, "o grande elemento das sociedades secretas", tangeu bemos pauzinhos para obter essa combinao. Alm de ficar, era necessrioque se utilizasse a fora do comando do general Avilez, contra a qualtalvez no fossem suficientes as tropas nacionais, cujo nico chefecompetente, na verdade, era o general Curado, j muito idoso e achacadode reumatismos. A princesa Leopoldina, devorada de cimes contra a

    bela condesa de Avilez, poderia ser magnfico trunfo...Sua Alteza fica! foi o brado do triunfo manico. O "Fico" eraa porta aberta para a independncia. No dia em que o Prncipe oficializousua desobedincia s Cortes de Lisboa, a separao do Brasil de Portugalestava virtualmente feita. Com mais um esforo se consumaria. A obrahavia sido levada a cabo com mestria pelos maons de l e de c.A soldadesca desordeira de Avilez tentou uma demonstrao que sserviu para irritar os nimos dos patriotas. O general sentiu, porm,que nada poderia fazer e recolheu com seus corpos veteranos Praia

    Grande (Niteri). O velho Curado, heri da Cisplatina, cercou-o comas unidades brasileiras, as milcias, os populares armados. Avilez rendeu-

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    se e embarcou para a metrpole (61). Partia-se o lao mais forte doReino Unido. Restavam Saldanha, no sul, Madeira, na Bahia, Lecor, emMontevidu, e o Fidi, no Maranho. O primeiro iria, em breve, embora.O segundo seria forado a capitular em julho de 1823, o terceiro adeririae obrigaria D. lvaro de Souza a retirar, e o quarto seria cercadoe aprisionado em pleno serto.

    D.Pedro foi a Ouro Preto, ganhou Minas sua causa e teve entusistica recepo, que apagou as divergncias da bacharelice. O GrandeOriente do Rio de Janeiro, reconhecido pelos de Frana, Inglaterra eEstados Unidos (62), exultava. Pouco faltava para alcanar triunfo completo. O Prncipe seguia para So Paulo. "Por esse tempo, j o primeiroministro (Jos Bonifcio) fora avisado de que lhe iam dar (a D. Pedro)o malhete de gro-mestre da maonaria brasileira organizada com umaprudncia tenacssima, ligada com a americana e com a inglesa... (63)".Era o primeiro Bragana, o primeiro Prncipe com o sangue cri