imperio 3.pdf

35
D “No se permite la copia, reproducción ni distribución de la obra, únicamente se autoriza el uso personal sin fines de lucro por el periodo comprendido de 12 de enero a 6 de mayo de 2015, para cualquier uso distinto al señalado anteriormente, se debe solicitar autorización por escrito al titular de los derechos patrimoniales de la obra.“Reproducción autorizada en los términos de la Ley Federal del Derecho de A utor, bajo licencia del CEMPRO (Centro Mexicano de Protección y Fomento de los Derechos de Autor) CP10-14 y procurando en todo tiempo que no se violen los derechos de los representados por CEMPRO y tutelados por la legislación de derechos de autor mexicana.” NOMBRE DEL CURSO/CLAVE: Teoría crítica y posmodernidad H4006 NOMBRE DEL PROFESOR TITULAR: NOMBRE DEL LIBRO: Dr. Dejan Mihailovic NOMBRE DEL AUTOR: Hardt, Michael y Negri, Toni NOMBRE DEL CAPÍTULO: EDITORIAL: 3. Democracia III. La democracia de la multitud EDICIÓN: NÚMERO DE ISSN/ISBN: 84-8306-598-3 FECHA DE PUBLICACIÓN: 2004 RANGO DE PÁGINAS: 373-406 TOTAL DE PÁGINAS: 33 Multitud Debate

Transcript of imperio 3.pdf

  • D

    No se permite la copia, reproduccin ni distribucin de la obra, nicamente se autoriza el uso personal sin fines de lucro por el periodo comprendido de 12 de enero a 6 de mayo de 2015, para cualquier uso distinto al sealado anteriormente, se debe solicitar autorizacin por escrito al titular de los derechos patrimoniales de la obra.

    Reproduccin autorizada en los trminos de la Ley Federal del Derecho de A utor, bajo licencia del CEMPRO (Centro Mexicano de Proteccin y Fomento de los Derechos de Autor) CP10-14 y procurando en todo tiempo que no se violen los derechos de los representados por CEMPRO y tutelados por la legislacin de derechos de autor mexicana.

    NOMBRE DEL CURSO/CLAVE: Teora crtica y posmodernidad H4006

    NOMBRE DEL PROFESOR TITULAR:

    NOMBRE DEL LIBRO:

    Dr. Dejan Mihailovic

    NOMBRE DEL AUTOR: Hardt, Michael y Negri, Toni

    NOMBRE DEL CAPTULO:

    EDITORIAL:

    3. Democracia III. La democracia de la multitud

    EDICIN: 1

    NMERO DE ISSN/ISBN: 84-8306-598-3

    FECHA DE PUBLICACIN: 2004

    RANGO DE PGINAS: 373-406

    TOTAL DE PGINAS: 33

    Multitud

    Debate

  • III

    LA DEMOCRACIA DE LA MULTITUD

    Paso ahora a la forma de gobierno tercera y completa-mente absoluta, que llamamos democracia.

    B A R U C H SPINOZA

    En una ocasin Herzen acus a su amigo Bakunin de confundir en todas sus empresas revolucionarias el se-gundo mes de gestacin con el noveno. El propio Her-zen estaba ms inclinado a negar la existencia del em-barazo aunque lo estuviese viendo en su noveno mes.

    L E N TROTSKI

    Los movimien tos que expresan sus denuncias contra las injusticias de nues -tro sistema global v igen te y las propuestas prcticas de reforma q u e h e -m o s e n u m e r a d o en la seccin an t e r io r son poderosas fuerzas de t r ans -f o r m a c i n democr t i ca , p e r o adems d e b e m o s repensar e l c o n c e p t o de d e m o c r a c i a a la luz de los nuevos desafos y posibi l idades q u e presenta nues t ro m u n d o . Esta r econs ide rac in c o n c e p t u a l es la f inal idad p r i n c i -pal d e este l ibro. N o p r e t e n d e m o s pos tu la r u n p r o g r a m a c o n c r e t o d e acc in para la m u l t i t u d , s ino tratar de desarrol lar las bases concep tua l e s sobre las cuales pod r a er igirse un n u e v o p royec to de democrac i a .

    373

    Material reproducido por fines acadmicos, prohibida su reproduccin sin la autorizacin de los titulares de los derechos.

  • MULTITUD

    Soberana y democracia

    En l a t r ad i c in de l a teor a po l t i ca p a r e c e h a b e r u n a n i m i d a d en un p r i n c i p i o bsico: solo uno p u e d e gobe rna r , sea ese u n o el m o n a r c a , e l Es tado , la nac in , el pueb lo o el pa r t ido . D e s d e esa perspect iva , las tres formas tradicionales de g o b i e r n o q u e f o r m a n la base del p e n s a m i e n t o pol t ico clsico y m o d e r n o m o n a r q u a , aristocracia y d e m o c r a c i a se r e d u c e n a una . La aristocracia ser el g o b i e r n o de u n o s pocos , p e r o solo funcionar en tanto que esos pocos se hal len un idos en una sola en t idad o hab len c o n una sola voz. De m a n e r a similar, la democrac i a se p u e d e conceb i r c o m o el gob ie rno de la mayora, o de todos , p e r o solo mient ras se p r e sen t en unidos c o m o el pueblo o en un sujeto n i c o parec ido . Q u e d e claro, sin embargo, que este p recep to del p e n s a m i e n t o pol t ico, de que solo una entidad pueda gobernar , vaca de sentido y niega el concep to de democrac ia . La democracia , al igual q u e la aristocracia en ese aspecto, son meras fachadas, po rque de h e c h o e l p o d e r es m o n r q u i c o .

    El c o n c e p t o de soberana d o m i n a la t r ad ic in de la f i losof a po l t i -ca y sirve de fundamento a t o d o lo pol t ico prec isamente p o r q u e r equ i e -re q u e solo u n o sea qu ien g o b i e r n e y dec ida . So lo u n o p u e d e ser s o -b e r a n o , d ice la t radic in, y no hay prc t ica pol t ica sin soberan a . Las teoras de la dictadura y del j acob in i smo , as c o m o todas las versiones del l iberalismo, lo asumen c o m o una especie de extors in inevitable. No hay otra e leccin: o la soberana, o la anarqua! El l iberal ismo, subraymoslo una vez ms , p o r m u c h o q u e insista en la p lura l idad y en la divis in de p o d e r e s , en l t ima instancia s i e m p r e c e d e a n t e las nece s idades de la soberana . Algu ien t iene q u e gobe rna r , a lgu ien t i ene q u e decidir . Es to e s algo q u e se nos repite c o n s t a n t e m e n t e , c o m o un a x i o m a q u e c o r r o -bo ra e l refranero: Demasiados coc ineros es t ropean el caldo. Para g o -bernar , para decidir, para asumir la responsabilidad y el cont ro l , solo debe h a b e r u n o . Lo con t ra r io lleva a l desastre.

    En e l p e n s a m i e n t o e u r o p e o , esta insistencia acerca del g o b i e r n o de u n o suele caracterizarse c o m o legado p e r m a n e n t e d e P l a tn . Ese u n o es el f u n d a m e n t o o n t o l g i c o i nmutab l e , o r i g e n y lelos al m i s m o t i e m -p o , sustancia y o rden . La falsa al ternat iva en t re el d o m i n i o de u n o y el caos, en efecto, aparece bajo diversas var iantes a lo la rgo de la historia

    374

    Material reproducido por fines acadmicos, prohibida su reproduccin sin la autorizacin de los titulares de los derechos.

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Resaltado

  • DEMOCRACIA

    de la fi losofa pol t ica y ju r d ica eu ropea . En la edad de plata de la fi lo-sofa e u r o p e a , en el paso al siglo x x , la fi losofa del d e r e c h o r e c u r r i a esa al ternat iva c o m o f u n d a m e n t o de u n a n o c i n de ley natural, c o n -cebida c o m o teora pura del de recho . R u d o l f S tammler , p o r ci tar u n e j emp lo representa t ivo, p lantea e l o r d e n j u r d i c o c o m o rep resen tac in mater ia l de esa u n i d a d ideal y f o r m a l . 1 1 5 Sin emba rgo , esta insistencia en e l g o b i e r n o de u n o desde l u e g o no es exclusiva de l a t r ad ic in e u r o -pea. Las noc iones de un idad inmutab le y cent ro d o m i n a n t e t a m b i n p r e -s iden la his tor ia de la filosofa china .

    La necesidad de la soberana es la verdad fundamenta l que se expresa en la analoga tradicional entre el c u e r p o social y el c u e r p o h u m a n o . Esa verdad se halla maravi l losamente expresada en el frontispicio or ig inal del Leviatn de H o b b e s , d ibu jado p o r l m i s m o . 1 1 6 Vista de lejos, la i lustra-c i n r e p r o d u c e el c u e r p o del rey q u e se eleva sobre la t ierra, p e r o vista de cerca revela q u e , p o r debajo de la cabeza, e l c u e r p o real est c o m -p u e s t o de cen tenares de cue rpos d iminu tos , q u e son los c iudadanos q u e i n t e g r a n el t r o n c o y los brazos. El c u e r p o del s o b e r a n o es l i t e r a lmen te e l c o n j u n t o del c u e r p o social. La analoga, adems de subrayar la u n i -dad orgnica , c o r r o b o r a y establece la divisin de las func iones socia-les. Solo hay u n a cabeza, a cuyas decis iones y rdenes d e b e n o b e d e c e r los m i e m b r o s y los rganos . De este m o d o , la fisiologa y la psicologa a c u d e n a reforzar la verdad obvia sobre la q u e reposa la teor a de la s o -berana . En t o d o c u e r p o hay una subjet ividad nica y una m e n t e r ac io -nal q u e r ige sobre las pasiones del c u e r p o .

    H e m o s subrayado a n t e r i o r m e n t e q u e l a m u l t i t u d n o e s u n c u e r p o social, p rec i samen te p o r esa razn: la m u l t i t u d no se r e d u c e a la un idad , n i se s o m e t e a l d o m i n i o de u n o . La mu l t i t ud no p u e d e ser soberana. Por la m i s m a razn , la democrac i a a la q u e Sp inoza l lama absoluta no p u e -de ser cons iderada c o m o una fo rma de g o b i e r n o en e l sen t ido t r ad ic io -nal , p o r q u e no r e d u c e la p lura l idad de t odos a la f igura uni ta r ia de la sobe ran a . D e s d e e l p u n t o de vista func iona l , e s t r i c t a m e n t e p rc t i co , l a t r ad ic in nos d ice q u e las mul t ip l ic idades no p u e d e n t o m a r dec i s io -nes p o r la soc iedad y , p o r lo tanto , no c u e n t a n po l t i c amen te .

    Car i S c h m i t t es e l f i lsofo m o d e r n o q u e ms c la ramente ha p lan tea -do la central idad de la soberana en el mb i to de la poltica, r enovando las

    375

    Material reproducido por fines acadmicos, prohibida su reproduccin sin la autorizacin de los titulares de los derechos.

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

  • MULTITUD

    teoras de la soberana absoluta de los comienzos de la m o d e r n i d a d europea debidas a autores c o m o H o b b e s y j e a n Bod in .Es par t icularmente interesan-te observar c m o Schmi t t consigue conectar las diversas teoras medievales y feudales de la soberana del anden rgime c o n las teoras modernas de la d i c -tadura; desde las viejas noc iones del carisma d iv ino del m o n a r c a , hasta las teoras jacobinas de la au tonoma de lo polt ico, y desde las teoras de la d i c -tadura burocr t ica a las de la t irana popul is ta y fundamental is ta . S c h m i t t subraya que , en todos los casos, la soberana est p o r enc ima de la sociedad y es t rascendente . Por lo tanto, la polt ica s iempre arranca de la teologa: el p o d e r es sagrado. En otras palabras, Schmi t t apunta dos definiciones del s o -berano . U n a positiva, en la q u e se le r e c o n o c e c o m o aquel sobre q u i e n no p u e d e haber p o d e r a lguno y, p o r lo tanto, t iene l ibertad de decis in, y otra negat iva , q u e c o n c i b e a l s o b e r a n o c o m o aque l q u e est p o t e n c i a l m e n t e exen to de cumpl i r toda n o r m a o regla social. La n o c i n teolgico-pol t ica del Estado total de Schmit t , q u e coloca la soberana p o r enc ima de toda otra forma de p o d e r en tanto q u e nica fuente posible de legi t imacin, d e -sarrolla e l c o n c e p t o de soberana de la m o d e r n i d a d hacia una fo rma c o h e -rente c o n la ideologa fascista. Bajo la Alemania de Weimar , Schmi t t p o l e m i -z a g r i a m e n t e cont ra las fuerzas del p lura l i smo liberal y pa r lamenta r io , al considerar que , o b ien negaban i n g e n u a m e n t e el d o m i n i o del soberano , y conduc an inevi tablemente a la anarqua, o b ien disfrazaban mal ic iosamente la soberana bajo el j u e g o de los poderes plurales, vacindola de conten idos . La soberana m o d e r n a , subraymoslo una vez ms, no necesita q u e un i n -dividuo u n emperador , un fiihrer, un cesar se eleve solitario sobre la s o -ciedad y decida, pero requiere que asuma ese papel algn sujeto polt ico u n i -tario, c o m o un par t ido, un p u e b l o o una n a c i n . 1 1 7

    La teora de la soberana m o d e r n a en lo pol t ico encaja pe r f ec t amen-te c o n las teoras y las prcticas capitalistas de ges t in empresar ia l en lo e c o n m i c o . Es necesar io q u e exista u n a f igura , n ica y un i ta r ia , capaz de asumir la responsabilidad y de decidir en el t e r r eno de la p r o d u c c i n , a fin de garant izar el o r d e n e c o n m i c o y la i nnovac in . El capitalista es * e l u n o q u e r e n e a los trabajadores en una c o o p e r a c i n p roduc t iva , en la fbrica p o r e jemplo . El capitalista es un L icu rgo m o d e r n o , s o b e r a n o del d o m i n i o p r ivado de la fbrica, p e r o s i empre c o m p e l i d o a ir ms all de la estabil idad e innovar . S c h u m p e t e r es el e c o n o m i s t a q u e m e j o r ha

    376

    Material reproducido por fines acadmicos, prohibida su reproduccin sin la autorizacin de los titulares de los derechos.

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

  • DEMOCRACIA

    descr i to el ciclo e c o n m i c o de la i nnovac in , v i n c u l n d o l o a la f o rma de con t ro l p o l t i c o . 1 1 8 A la excepc iona l idad soberana le c o r r e s p o n d e la i n n o v a c i n e c o n m i c a c o m o l a fo rma industr ia l de g o b i e r n o . S o n n u -merosos los trabajadores q u e i n t e r v i e n e n en las prcticas mater ia les de la p r o d u c c i n , p e r o el capitalista es el n i c o responsable de la i n n o v a -c in . Al igual q u e solo e l u n o p u e d e dec id i r en pol t ica, s egn se nos asegura, solo e l u n o p u e d e innovar en e c o n o m a .

    Las d o s face tas d e l a s o b e r a n a

    La teora de la soberana i n d u c e a considerar, c o m o hacen m u c h o s , q u e el d o m i n i o de lo po l t i co es e l t e r r eno p r o p i o del soberano , y en tonces c e n -tran su a t enc in en el Estado. Pero esa es una visin demasiado limitada de lo pol t ico . La soberana necesa r i amen te t iene dos facetas. El p o d e r s o b e -r a n o no es u n a sustancia a u t n o m a , n i absolu ta , ya q u e consis te en u n a re lac in en t re los g o b e r n a n t e s y los g o b e r n a d o s , en t re la p r o t e c c i n y la obed ienc ia , en t re los de rechos y las obl igaciones . D o n d e q u i e r a q u e u n o s t i ranos i n t e n t a r o n conver t i r la soberana en algo unilateral , los g o b e r n a -dos s i empre acabaron p o r rebelarse y restablecer la naturaleza bilateral de la re lac in. Q u i e n e s o b e d e c e n no son m e n o s esenciales para e l c o n c e p t o y para e l f u n c i o n a m i e n t o de la soberana q u e e l u n o q u e m a n d a . P o r lo t an to , la soberana es un sistema de p o d e r dual .

    La naturaleza bilateral de la soberana p o n e de manif iesto, tal c o m o exp l ic Maqu iave lo , la l imitada ut i l idad de la v io lencia y la fuerza para la d o m i n a c i n pol t ica. La fuerza mil i tar p u e d e emplearse para la c o n -quista y la d o m i n a c i n a c o r t o plazo, pe ro no se o b t i e n e un d o m i n i o y u n a soberana estables solo p o r la fuerza. En realidad, e l p o d e r o m i l i -tar, p o r ser uni lateral , es la fo rma de p o d e r ms dbi l : es duro , p e r o fr-gil. La soberana requie re as imismo el c o n s e n t i m i e n t o de los g o b e r n a -dos . A d e m s de fuerza, e l p o d e r s o b e r a n o t i ene q u e ejercer h e g e m o n a sobre sus subdi tos y genera r en ellos no solo m i e d o , s ino t a m b i n r e -verencia , d e d i c a c i n y obed ienc ia , p o r m e d i o de una fo rma de p o d e r q u e sea suave y f lexible. El p o d e r s o b e r a n o ha de ser capaz de n e g o c i a r c o n s t a n t e m e n t e la re lac in c o n los g o b e r n a d o s .

    377

    Material reproducido por fines acadmicos, prohibida su reproduccin sin la autorizacin de los titulares de los derechos.

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

  • MULTITUD

    C u a n d o hayamos c o m p r e n d i d o q u e la soberana es una re lac in b i -lateral y d inmica , e m p e z a r e m o s a e n t e n d e r las con t r ad icc iones q u e la asaltan c o n t i n u a m e n t e . C o n s i d e r e m o s , en p r i m e r lugar, la f igura mil i tar m o d e r n a de la soberana , es decir, el p o d e r para dec id i r sobre la vida y la m u e r t e de los subdi tos . El desarrol lo cons tan te de las tecnologas de d e s t r u c c i n masiva en e l t ranscurso de la era m o d e r n a ha a lcanzado f i -n a l m e n t e l a p r o d u c c i n del a r m a m e n t o nuclear , c o n e l cual , c o m o h e -m o s v is to en el c ap t u lo 1, la p re r roga t iva de la sobe ran a se acerca m u c h o a lo absoluto. El soberano poseedor de a r m a m e n t o nuclear es casi c o m p l e t a m e n t e d u e o de l a m u e r t e . Pero inc luso este p o d e r abso lu to en apar iencia queda rad ica lmen te ob l i t e rado p o r prct icas q u e rehusan el con t ro l sobre la vida c o m o los actos suicidas, p o r e j emplo , desde la protesta del m o n j e budista q u e se p r e n d e fuego a s m i s m o hasta el a t en -t ado suicida. C u a n d o la lucha para desafiar a la soberana llega a nega r la p rop ia vida, en tonces de p o c o le sirve al s o b e r a n o ser el d u e o de la vida y de la m u e r t e . Las armas absolutas cont ra los cue rpos q u e d a n n e u -tralizadas p o r la voluntaria y absoluta negac in del cue rpo . Por otra parte, la m u e r t e de los subditos socava el p o d e r del soberano en un sent ido ms genera l : sin subdi tos , e l s o b e r a n o no t i ene u n a soc iedad q u e gobe rna r , s ino un erial des ier to . El ejercicio de esa soberana absoluta con t r ad ice la soberana misma .

    En la esfera e c o n m i c a , e l s o b e r a n o t a m b i n se ve ob l igado a n e -gociar una re lac in similar c o n los g o b e r n a d o s , a solicitar su c o n s e n -t imien to . Los padres de la e c o n o m a pol t ica, A d a m S m i t h y Dav id R i -cardo , iden t i f ica ron esta r e lac in c o m o e l c o r a z n de la p r o d u c c i n capitalista. En la sociedad capitalista, a f i rmaron , el t rabajo es la fuente de toda r iqueza. El capital precisa del trabajo tan to c o m o el trabajo n e -cesita del capital. Pero M a r x advi r t i en eso una c o n t r a d i c c i n funda-m e n t a l . El trabajo es antagonis ta del capital y representa u n a amenaza cons tante contra la p r o d u c c i n c o n sus huelgas, sus sabotajes y o t ro t ipo de sub te r fug ios , p e r o e l capital no p u e d e p resc ind i r del trabajo. Est ob l igado a cohabi ta r n t i m a m e n t e c o n el e n e m i g o . En otras palabras, e l capital necesi ta explo ta r e l trabajo de los obreros , p e r o no p u e d e o p r i -mir los , r epr imi r los o excluir los . No p u e d e func ionar sin su p r o d u c t i -v idad. El p r o p i o c o n c e p t o de exp lo tac in podr a servir para r e sumi r la

    378

    Material reproducido por fines acadmicos, prohibida su reproduccin sin la autorizacin de los titulares de los derechos.

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

  • DEMOCRACIA

    con t rad icc in fundamenta l de la relacin de d o m i n i o capitalista: los t ra-bajadores se subord inan al m a n d o del capitalista, y se les roba una par te de l a r i queza q u e p r o d u c e n , p e r o no son vc t imas desvalidas. A l c o n -t rar io , son m u y poderosos , p o r q u e son la fuente de la r iqueza . L l a m n -do los opr imidos tal vez se designa u n a masa m a r g i n a d a e i m p o t e n -te, p e r o el explotado es necesa r i amen te un sujeto central , p r o d u c t i v o y p o d e r o s o .

    Q u e esa soberana sea bilateral significa q u e hay u n a re lacin, p e r o t a m b i n q u e hay u n a lucha cons tante . Esa re lacin es un obs tcu lo p e r -m a n e n t e a l p o d e r s o b e r a n o , p u e s t o q u e p u e d e b l o q u e a r o l imi tar , a l m e n o s t e m p o r a l m e n t e , la vo lun tad de los q u e estn en e l pode r . P o r la otra par te , dicha relacin es el p u n t o desde d o n d e la soberana p u e d e ser desafiada y de r r ibada . En la pol t ica, c o m o en la e c o n o m a , una de las a rmas q u e los g o b e r n a d o s t i enen s i empre a su disposic in es la a m e n a -za de rechazar su pos ic in de s e r v i d u m b r e y retirarse de la re lac in. El ac to de rechazar la re lacin c o n e l s o b e r a n o cons t i tuye u n a especie de x o d o . Se h u y e de las fuerzas de la opres in , de la s e r v i d u m b r e y de la p e r s e c u c i n , en busca de la l iber tad. Es un ac to e lementa l de l ibe rac in y u n a a m e n a z a q u e toda fo rma de soberana ha de t e n e r s i e m p r e en c u e n t a para in t en ta r paliarla, con tener la o desviarla. Si el p o d e r sobe ra -no fuese u n a sustancia a u t n o m a , e n t o n c e s la negativa, la i n h i b i c i n o e l x o d o de los s u b o r d i n a d o s sera u n a ventaja para e l s o b e r a n o : los ausentes dejan de dar p rob lemas . Pero c o m o e l p o d e r s o b e r a n o dista de ser a u t n o m o , y c o m o la soberana es u n a re lacin, esos actos de i n su -m i s i n represen tan una amenaza real. Sin la pa r t i c ipac in activa de los subo rd inados , la soberana se d e s m o r o n a .

    En nues t ra poca , sin e m b a r g o , en la era del I m p e r i o global , la l u -cha impl c i ta en la naturaleza bilateral de la soberana se hace todava ms dramtica e intensa. Cabra decir q u e el obstculo que ha p lanteado t r a d i c i o n a l m e n t e a la soberana la neces idad de c o n s e n t i m i e n t o , s u m i -s in y o b e d i e n c i a se ha conve r t i do en un adversar io activo e i n e l u c -table. Para u n a p r i m e r a ap rox imac in , p o d r a m o s p lan tear la cues t in en t r m i n o s de lo q u e h e m o s l l amado biopoder , es decir , l a t e n d e n -cia de la soberana a convert i rse en p o d e r sobre la vida misma . U n o de los rasgos nuevos del o r d e n global actual , en c o r r e s p o n d e n c i a c o n los

    379

    Material reproducido por fines acadmicos, prohibida su reproduccin sin la autorizacin de los titulares de los derechos.

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

  • MULTITUD

    procesos de la global izacin, es q u e t i e n d e n a confundi rse las d e l i m i -tac iones en t r e las formas pol t icas, e c o n m i c a s , sociales y cul turales de p o d e r y de p r o d u c c i n . P o r u n a p a r t e , e l p o d e r p o l t i c o ya no est o r i e n t a d o s i m p l e m e n t e a legislar y a preservar el o r d e n de los asuntos pbl icos , s ino q u e necesita p o n e r en j u e g o la p r o d u c c i n de relaciones sociales en todos los aspectos de la vida. En el cap tulo 1 h e m o s desc r i -to c o m o la guer ra ha dejado de ser un i n s t r u m e n t o de la pol t ica, ut i l i -zado c o m o l t imo recurso, para convert i rse en f u n d a m e n t o de la po l -tica, en base de la disciplina y del control . C o n eso no que remos afirmar q u e t o d o lo pol t ico haya q u e d a d o r e d u c i d o a la fuerza b ru ta , s ino q u e el p o d e r mil i tar t i ene q u e adaptarse y p lantearse no solo las cues t iones polt icas, s ino t a m b i n la p r o d u c c i n de la vida social en su in tegr idad . E l p o d e r sobe rano necesita d i spone r de l a m u e r t e , p e r o t a m b i n n e c e -sita p r o d u c i r vida social. P o r ot ra pa r t e , la p r o d u c c i n e c o n m i c a es cada vez ms b iopol t i ca , se o r i e n t a a la p r o d u c c i n de b i enes , p e r o t a m b i n y ms f u n d a m e n t a l m e n t e a la p r o d u c c i n de i n f o r m a c i n , de c o m u n i c a c i n , de cooperac in , es decir, de relaciones sociales y de o r -d e n social . P o r lo t an to , l a cu l tu ra e s d i r e c t a m e n t e un e l e m e n t o de l o r d e n po l t i co y de la p r o d u c c i n b io lg ica . En e l I m p e r i o , en suma , se fo rma finalmente una especie de conc i e r to o convergencia de las d i -versas formas del poder , de la guer ra , de la pol t ica, de la e c o n o m a y de l a cul tura , q u e conf iguran un m o d o de p r o d u c c i n de l a vida s o -cial en su total idad, es decir, de u n a fo rma de b i o p o d e r . En t r m i n o s diferentes, d i r amos q u e en el I m p e r i o , el capital y la soberana t i e n d e n a solaparse p o r c o m p l e t o .

    U n a vez q u e r e c o n o z c a m o s esa convergenc ia en e l b i o p o d e r , c o m -p r e n d e r e m o s q u e l a soberana imper i a l d e p e n d e p o r c o m p l e t o de los agentes sociales product ivos a los q u e gob ie rna . En efecto, la relacin p o -ltica de la soberana se asemeja cada vez ms a la re lac in e c o n m i c a en t re el capital y el trabajo. As c o m o el capital d e p e n d e c o n s t a n t e m e n t e de la p roduc t iv idad del trabajo y, p o r lo tanto , a u n q u e sea su antagonista, d e b e asegurar su salud y su supervivencia , as t a m b i n la soberana i m -per ia l precisa del c o n s e n t i m i e n t o y de la p roduc t iv idad social de los g o -b e r n a d o s . Los c i rcui tos de los p r o d u c t o r e s sociales s o n las venas y las ar ter ias del I m p e r i o , y si los p r i m e r o s rechazaran esa re lac in del pode r ,

    380

    Material reproducido por fines acadmicos, prohibida su reproduccin sin la autorizacin de los titulares de los derechos.

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

  • DEMOCRACIA

    si se re t i rasen de esa re lacin, el s e g u n d o se desp lomar a q u e d a n d o r e -d u c i d o a una masa sin vida. La triloga cinematogrfica Matrix in te rpre ta esa d e p e n d e n c i a del pode r . La M a t r i z sobrevive, no solo p o r q u e absor -be l a energa de mi l lones de h u m a n o s incubados , s ino t a m b i n p o r q u e reacc iona a los a taques creativos de N e o , M o r f e o y los guerr i l le ros de S in . La M a t r i z precisa de nosot ros para sobrevivir .

    U n a segunda ap rox imac in ms comple ja a la novedad de la s o b e -rana imper ia l es la q u e t iene en cuen ta la naturaleza i l imitada del I m -p e r i o . Todas las formas anter iores de soberana y de p r o d u c c i n p r e c i -saban de una p o b l a c i n l imitada, q u e pod a ser s egmen tada de distintas fo rmas . D e este m o d o , qu ienes g o b e r n a b a n log raban superar los o b s -tculos planteados p o r la relacin de soberana. Si a lgn g r u p o conc re to r echazaba el c o n s e n t i m i e n t o o la s u m i s i n al p o d e r s o b e r a n o , caba exc lu i r lo de los circui tos pr incipales de la vida social o, en l t ima i n s -tancia, e x t e r m i n a r l o . El p o d e r sobe rano necesi taba m a n t e n e r la re lacin c o n e l c o n j u n t o de l a pob lac in , p e r o cua lqu ie r g r u p o par t icu lar pod a ser dec la rado innecesar io , desechable , descartable. En e l I m p e r i o , p o r e l con t r a r io , al tratarse de un sistema b iopo l t i co expans ivo e inclusivo, la p o b l a c i n global en su total idad t i ende a conver t i r se en necesar ia para e l p o d e r soberano , n o solo c o m o p roduc to re s , s ino t a m b i n c o m o c o n -sumidores , o c o m o usuar ios o par t ic ipantes en los circui tos interact ivos de la red. El I m p e r i o crea y r ige una sociedad rea lmente global, pe ro esta se h a c e cada vez ms a u t n o m a c o n f o r m e e l I m p e r i o pasa a d e p e n -d e r de ella cada vez ms . Ex i s t en , p o r supues to , f ronteras y u m b r a l e s q u e m a n t i e n e n las j e r a rqu a s en q u e se d iv ide a la p o b l a c i n g lobal , y los g o b e r n a n t e s soberanos p u e d e n subord ina r a pob lac iones concre tas , i nc lu so s u m i n d o l a s en dramt icas y c rue les c o n d i c i o n e s de mise r ia . P e r o exc lu i r a cua lqu i e r p o b l a c i n de los p rocesos de la p r o d u c c i n b i o p o l t i c a t i e n d e a volverse c o n t r a p r o d u c e n t e para e l I m p e r i o . No existe n i n g n g r u p o prescindible, p o r q u e la soc iedad global func iona c o n j u n t a m e n t e , c o m o un t o d o c o m p l e j o e i n t e g r a d o . P o r l o t an to , l a sobe ran a i m p e r i a l no p u e d e evi tar o desplazar su re lac in necesar ia c o n esa m u l t i t u d global i l imitada. Los d o m i n a d o s p o r e l I m p e r i o p u e -d e n ser explotados d e h e c h o , lo q u e se exp lo t a es su p r o d u c t i v i d a d s o c i a l , p e r o p o r esa m i s m a r a z n no p u e d e n ser excluidos. E l I m p e -

    381

    Material reproducido por fines acadmicos, prohibida su reproduccin sin la autorizacin de los titulares de los derechos.

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

  • MULTITUD

    r i o ha de afrontar c o n s t a n t e m e n t e la re lacin de d o m i n i o y de p r o d u c -c i n c o n l a m u l t i t u d g lobal c o m o un t o d o , y a sumi r l a a m e n a z a q u e p lan tea .

    En la era de la soberana imper ia l y de la p r o d u c c i n b iopol t i ca , la ba lanza se ha desequ i l ib rado de tal m a n e r a q u e aho ra los c i u d a d a n o s t i e n d e n a ser los p r o d u c t o r e s exclusivos de o rgan izac in social. Eso no significa q u e la soberana vaya a d e r r u m b a r s e de i n m e d i a t o , ni q u e los q u e g o b i e r n a n p ie rdan t o d o su poder . Pero s significa q u e estos l t imos son cada vez ms parasi tarios, y la soberana cada vez ms innecesar ia . As imi smo , los q u e o b e d e c e n se h a c e n cada vez ms a u t n o m o s y aptos para f o r m a r la sociedad p o r su cuen ta . Ya h e m o s m e n c i o n a d o antes la rec ien te h e g e m o n a de las formas de trabajo inmaterial q u e r e q u i e r e n redes de c o m u n i c a c i n y co l abo rac in de lo c o m p a r t i d o en c o m n y q u e , a su vez, p r o d u c e n nuevas redes de re laciones in te lec tuales , afect i-vas y sociales. Esas nuevas formas de trabajo ofrecen nuevas pos ib i l ida-des de au toges t in e c o n m i c a , p u e s t o q u e los m e c a n i s m o s de c o o p e -r a c i n n e c e s a r i o s para l a p r o d u c c i n es tn c o n t e n i d o s en e l t raba jo m i s m o . A h o r a estamos en condic iones de ver q u e este potencia l se aplica no solo a la au toges t in e c o n m i c a , s ino t a m b i n a la au too rgan i zac in pol t ica y social. En efecto, c u a n d o e l p r o d u c t o del trabajo no son b i e -nes mater ia les , s ino relaciones sociales, redes de c o m u n i c a c i n y formas de vida, es obv io q u e la p r o d u c c i n e c o n m i c a implica i n m e d i a t a m e n t e u n a especie de p r o d u c c i n pol t ica, o la propia p r o d u c c i n de sociedad. Ya no nos v e m o s l imi tados al viejo chanta je : e legir en t r e soberan a o anarqua . El p o d e r de la m u l t i t u d para crear re laciones sociales en c o -m n se eleva en t re la soberana y la anarqua , y ofrece u n a nueva p o s i -bi l idad a la prct ica pol t ica.

    I n g e n i u m m u l t i t u d i n i s

    Tras r e c o n o c e r e l desequi l ib r io q u e se ha p r o d u c i d o en la re lac in de soberana y c m o los gobernados van adqu i r i endo una pos ic in de p r i o -r idad sobre los q u e g o b i e r n a n , nos hal lamos en cond ic iones de cues t i o -nar los ax iomas q u e sustentan la teora de la soberana. De p r o n t o , y des -

    382

    Material reproducido por fines acadmicos, prohibida su reproduccin sin la autorizacin de los titulares de los derechos.

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

  • DEMOCRACIA

    d e nues t ra nueva perspec t iva , n o solo pa rece i n n e c e s a r i o q u e e l u n o g o b i e r n e , s ino q u e , e n realidad, ese u n o n u n c a gob i e rna . E n cont ras te c o n e l m o d e l o trascendental que postula un sujeto soberano uni ta r io c o -locado p o r e n c i m a de la sociedad, la organizac in social biopol t ica e m -pieza a pa rece r ab so lu t amen te i n m a n e n t e , pues en ella t odos sus c o m -p o n e n t e s i n t e r a c t a n e n u n m i s m o p l a n o . E n otras palabras , e n este m o d e l o i nmanen te , en vez de existir una au tor idad ex terna que i m p o n g a el o r d e n a la soc iedad desde arr iba, los diversos e l e m e n t o s presentes en la soc iedad p u e d e n organizar ellos m i s m o s la sociedad en co laborac in .

    C o n s i d e r e m o s , p o r e jemplo , los c a m p o s de la f isiologa y la p s i c o -loga q u e se p r o p o n a n c o m o analogas del f u n c i o n a m i e n t o y la o r g a -n i zac in del c u e r p o social. D u r a n t e aos , los n e u r o b i l o g o s h a n r eba -t ido el t radicional m o d e l o cartesiano segn el cual la m e n t e es a u t n o m a respec to al c u e r p o y capaz de gobe rna r lo . Sus invest igaciones d e m u e s -t ran q u e , a l con t r a r io , m e n t e y c u e r p o son a t r ibu tos de u n a m i s m a sus-tanc ia y q u e a m b o s i n t e r v i e n e n y se in f luyen c o n s t a n t e m e n t e en el p roce so de p r o d u c c i n del rac iocin io , de la i m a g i n a c i n , los deseos , las e m o c i n e s e o s sen t imien tos y los a fec tos . 1 1 9 T a m p o c o el cerebro func io -na c o n a r reg lo a l m o d e l o cen t ra l i zado de in te l igenc ia r e g i d o p o r un agente uni tar io . Los cientficos nos d icen q u e conv iene e n t e n d e r e l p e n -samien to c o m o un f e n m e n o qu mico , o c o m o la coord inac in de miles d e mi l lones d e n e u r o n a s q u e s iguen unas pautas cohe ren t e s . N o existe u n u n o q u e t o m a una dec is in e n e l cerebro , s ino ms b i e n u n e n j a m -bre, u n a m u l t i t u d q u e acta de c o m n acuerdo . D e s d e la perspect iva de los n e u r o b i l o g o s , e l u n o n u n c a dec ide . Parece c o m o s i a lgunos desa-rrollos cientficos siguieran un c a m i n o paralelo al de nuestras propias r e -f lexiones . A lo me jo r nos h e m o s equivocado antes, c u a n d o af i rmamos en el cap tu lo 2 q u e la m u l t i t u d t ra ic iona la analoga t radic ional en t r e el c u e r p o h u m a n o y e l c u e r p o social, y q u e la m u l t i t u d no es un c u e r p o . Pero , s i es as, nos h e m o s e q u i v o c a d o p o r buenas razones . En otras p a -labras, si la analoga se m a n t i e n e es p o r q u e el p r o p i o c u e r p o h u m a n o es u n a m u l t i t u d organ izada en e l p l a n o de la i n m a n e n c i a .

    La e c o n o m a t a m b i n apor ta n u m e r o s o s e jemplos de q u e e l con t ro l un i ta r io no es indispensable para la innovacin y de que , p o r el contrar io , la i n n o v a c i n requ ie re recursos c o m u n e s , acceso ab ie r to e in te racc iones

    383

    Material reproducido por fines acadmicos, prohibida su reproduccin sin la autorizacin de los titulares de los derechos.

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Resaltado

  • MULTITUD

    l ibres. Lo cual q u e d a de manif ies to en los nuevos sectores q u e o c u p a n u n a p o s i c i n centra l en la e c o n o m a global: la i n f o r m a c i n , e l c o n o c i -m i e n t o y la c o m u n i c a c i n . Los expe r tos en i n t e r n e t y los especialistas en c ibe rn t i ca re i teran q u e e l carcter ab ie r to de los t e r r enos c o m u n a -les de la e lec t rn ica ha sido el factor p r inc ipa l q u e ha h e c h o posib le la g ran i n n o v a c i n del p e r o d o inicial de la r evo luc in in formt ica , y q u e a c t u a l m e n t e las innovac iones se ven cada vez nis obstacul izadas p o r la p r o p i e d a d pr ivada y p o r los cont ro les administrat ivos q u e l imi tan e l a c -ceso abier to y la l ibertad de los in tercambios . Eso m i s m o est o c u r r i e n d o en los diferentes mbi tos de la p r o d u c c i n del c o n o c i m i e n t o . Y a h e m o s c o m e n t a d o algunas de las cont radicc iones entre los c o n o c i m i e n t o s t radi -cionales producidos colect ivamente d e s d e los agricultores q u e me jo ran las semillas hasta las comunidades que p roducen conocimientos m d i c o s y la apropiac in privada de esos c o n o c i m i e n t o s p o r m e d i o de las p a t e n -tes. T a m b i n los conoc imien to s cientficos se p r o d u c e n en amplias redes colectivas, a las q u e la apropiac in privada y el cont ro l un i t a r io no favo-recen en absoluto. Por l t imo, e l sector p roduc t ivo de la c o m u n i c a c i n p r o p o r c i o n a abundantes e jemplos de q u e la innovac in s iempre y n e c e -sar iamente t iene lugar en c o m n . Estos e jemplos de innovac in en u n o s e n t o r n o s de red cabe imaginarlos a veces c o m o una orquesta sin d i rec -tor. U n a orquesta que d e t e r m i n a su p rop io comps al hallarse todos sus in tegrantes en c o m u n i c a c i n constante , y d o n d e la presencia de la a u t o -r idad central de un director solo servira para estropearlo t o d o y silenciarla. H a y q u e librarse de la idea de q u e la innovac in d e p e n d e del gen io i n -dividual. Solo art iculados en redes p r o d u c i m o s e innovamos . Si existe al-g u n a genialidad, esta es debida al gen io de la mul t i tud .

    Ahora p o d e m o s r econoce r l a impor tanc ia del a r g u m e n t o q u e h e m o s expues to antes, segn el cual las diversas formas de trabajo en la e c o n o -ma global se estn vo lv iendo c o m u n e s . D e c a m o s q u e el trabajo ag r co -la, el industrial y el inmater ia l , j u n t o c o n la actividad social product iva de los pobres , revisten cada vez ms caractersticas c o m u n e s . Esa t ransforma-c in en algo c o m n ofrece la posibil idad de la igualdad entre las diversas formas de trabajo y tambin la del libre in tercambio y comunicac in entre ellas. P roduc i r en c o m n ofrece la posibilidad de la p r o d u c c i n de lo c o -m n que , a su vez, es una cond i c in de la creacin de la mul t i tud .

    384

    Material reproducido por fines acadmicos, prohibida su reproduccin sin la autorizacin de los titulares de los derechos.

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

  • DEMOCRACIA

    Lo q u e n e c e s i t a m o s e n t e n d e r , y este es v e r d a d e r a m e n t e e l p u n t o central , es c m o p u e d e llegar la m u l t i t u d a t o m a r u n a decis in . E l m o -de lo del f u n c i o n a m i e n t o cerebral q u e desc r iben los n e u r o b i l o g o s nos seala un pos ib le c a m i n o . E l c e r eb ro no d e c i d e a l d i c t ado de n i n g n cen t ro de m a n d o . Sus decis iones son la d ispos ic in c o m n o con f igu -rac in de toda la r ed n e u r o n a l , en c o m u n i c a c i n c o n la to ta l idad del o rgan ismo y c o n su m e d i o ambien te . Cada decisin la p r o d u c e una m u l -t i tud q u e acta en el ce reb ro y el c u e r p o .

    Tal vez sea la innovac in e c o n m i c a en redes la q u e p r o p o r c i o n e un m o d e l o ms claro para definir l a t o m a de decis iones pol t icas p o r pa r t e de l a mu l t i t ud . De la mi sma mane ra q u e l a m u l t i t u d p r o d u c e en c o m n y p r o d u c e lo c o m n , t a m b i n p u e d e p r o d u c i r decis iones pol t icas. En real idad y c o n f o r m e va d e r r u m b n d o s e la d i s t inc in en t re p r o d u c c i n e c o n m i c a y d o m i n i o pol t ico, la p r o d u c c i n c o m n de la mul t i tud p r o -d u c e p o r s m i sma la organizacin poltica de la sociedad. Lo q u e la m u l -t i tud p r o d u c e no son solo bienes y servicios, s ino t ambin , y sobre t odo , cooperac in , comun icac in , formas de vida y relaciones sociales. En otras palabras, la p r o d u c c i n e c o n m i c a de la mu l t i t ud no solo b r inda un mo-delo para la t o m a de decis iones pol t icas, s ino q u e t i ende a convertirse ella m i s m a en t o m a de decis iones pol t icas.

    Q u i z d e b e r a m o s in te rp re ta r l a t o m a de decis iones p o r pa r t e de la m u l t i t u d c o m o u n a fo rma de expres in . En efecto, l a m u l t i t u d est o r -ganizada, e n c ie r to m o d o , c o m o u n lenguaje . C a d a u n o d e los e l e m e n -tos de un lengua je se def ine p o r lo q u e lo di ferencia del res to y , sin e m b a r g o , t odos esos e l e m e n t o s func ionan en c o n j u n t o . Un lenguaje e s u n a r ed flexible de significados q u e se c o m b i n a n c o n a r r eg lo a unas reglas aceptadas y en un n m e r o infini to de posibi l idades. U n a e x p r e -s in concre ta , p o r lo tan to , no es solo la c o m b i n a c i n de sus e l e m e n -tos l ings t icos , s ino p r o d u c c i n de significados reales: la expres in da n o m b r e a un a c o n t e c i m i e n t o . Y as c o m o la expres in e m e r g e del l e n -guaje, as t a m b i n e m e r g e una dec is in de l a m u l t i t u d c o m o un m o d o de conferir sent ido al t o d o y de n o m b r a r un acontec imien to . Ahora bien, para q u e haya exp res in l ingstica es preciso q u e exista un sujeto se -p a r a d o q u e u t i l i ce e l l engua je para f o r m a r u n a e x p r e s i n . Y es a q u d o n d e t o p a m o s c o n e l l mi te de nues t ra analoga, p o r q u e , a diferencia

    385

    Material reproducido por fines acadmicos, prohibida su reproduccin sin la autorizacin de los titulares de los derechos.

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

  • MULTITUD

    del lenguaje, la mul t i tud en s misma es un sujeto activo, algo as c o m o un lenguaje q u e es capaz de expresarse a s m i s m o .

    Para c o m p r e n d e r la facultad de decis in de la mu l t i t ud t a m b i n cabe acud i r a la analoga c o n el desarrol lo co labora t ivo de p r o g r a m a s de o r -d e n a d o r y las innovac iones del m o v i m i e n t o O p e n Source . T rad i c iona l -m e n t e , e l software p a t e n t a d o no p e r m i t e q u e e l u sua r io lea e l c d i g o fuente , de c u y o anlisis se d e d u c e c m o func iona e l p r o g r a m a . Se d i -r a , c o n E r i c R a y m o n d , q u e los in fo rmt icos v e n sus p rog ramas c o m o unas catedrales prstinas y creadas p o r unos genios ind iv idua les . 1 2 0 El m o -v i m i e n t o O p e n Source par te del p l a n t e a m i e n t o opues to . C u a n d o e l c -d i g o fuente se publ ica de m a n e r a q u e t o d o e l m u n d o p u e d a leer lo, los co laboradores vo lun ta r ios c o n t r i b u y e n a co r r eg i r sus defectos , y el r e -su l tado es e l p e r f e c c i o n a m i e n t o de los p rogramas : cuan tos ms ojos lo vean y ms personas t engan la o p o r t u n i d a d de apo r t a r so luc iones , ms se op t im iza e l p r o g r a m a . R a y m o n d l lama a este m t o d o , en o p o s i c i n al estilo catedral , el m t o d o del bazar para el desarrol lo de software d a d o q u e es f ru to de l a a p o r t a c i n colaborat iva de g ran n m e r o de p r o g r a -m a d o r e s q u e t i e n e n dis t intos cr i te r ios y diferentes o r i e n t a c i o n e s p ro fe -sionales. C o m o ya h e m o s obse rvado a l c o m e n t a r la inteligencia del e n -j ambre , t odos j u n t o s somos ms intel igentes q u e cualquiera de nosotros en soli tario. El p u n t o q u e nos interesa subrayar aqu es q u e ese estilo de c d i g o ab ie r to y co l abo rac in no lleva a la confus in ni al despilfarro de energas , s ino q u e r e a l m e n t e func iona . P o r l o t an to , p l a n t e a m o s q u e se cons idere l a d e m o c r a c i a de la m u l t i t u d c o m o u n a soc iedad de c d i -go abier to , es decir , u n a soc iedad c u y o c d i g o fuen te se revela a t o d o s , de m o d o q u e todos p o d a m o s trabajar en co l abo rac in para co r r eg i r los defectos y crear nuevos y mejores p rog ramas sociales.

    O b s e r v e m o s de paso q u e l a capac idad de t o m a de dec is iones p o r pa r t e de la mu l t i t ud invier te la relacin t radicional de la obl igacin. Para T h o m a s H o b b e s , p o r e jemplo , y c o n distintas var iantes para t oda la t r a -d i c i n de la pol t ica de soberana , la ob l igac in de o b e d e c e r es la base de t o d o d e r e c h o civil, y d e b e p r e c e d e r a las l eyes . 1 2 1 En la m u l t i t u d , sin e m b a r g o , en p r i n c i p i o no hay j a m s n i n g u n a ob l igac in de o b e d e c e r a l p o d e r . Al con t r a r io , el d e r e c h o a la desobed ienc ia y el d e r e c h o a la d i -ferencia son fundamenta les en la m u l t i t u d . La c o n s t i t u c i n de la m u l -

    386

    Material reproducido por fines acadmicos, prohibida su reproduccin sin la autorizacin de los titulares de los derechos.

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

  • DEMOCRACIA

    t i tud se funda en la cons tan te y leg t ima posibi l idad de la d e s o b e d i e n -cia. Para la m u l t i t u d la ob l igac in solo e m a n a en e l p roceso de t o m a de decis iones , c o m o resul tado de su vo lun t ad pol t ica activa, y esa ob l iga -c i n persiste mien t ra s se m a n t e n g a tal v o l u n t a d pol t ica .

    La creacin de la mul t i tud , su capacidad de innovar en redes y su h a -bilidad para t o m a r decisiones en c o m n hacen posible hoy la democrac ia p o r p r i m e r a vez. La soberana polt ica y e l g o b i e r n o de u n o , q u e h a n v a -c iado de sen t ido toda n o c i n real de democrac i a , t i e n d e n a pa rece r no ya innecesar ios s ino a b s o l u t a m e n t e imposib les . P o r ms q u e la sobe ra -na se er igiese sobre e l m i t o del p o d e r de u n o solo, s i empre fue una r e -lac in f u n d a m e n t a d a en el c o n s e n t i m i e n t o y la obed i enc i a de los i n d i -v iduos . Y c o m o la balanza de esa re lac in se ha inc l inado hacia el l ado de los g o b e r n a d o s , y estos h a n a d q u i r i d o la capacidad de p r o d u c i r r e -lac iones sociales a u t n o m a m e n t e y de e m e r g e r c o m o m u l t i t u d , e l s o -b e r a n o u n i t a r i o ha pasado a ser ms superf luo q u e n u n c a . La a u t o n o -ma de la m u l t i t u d y sus capacidades de a u t o o r g a n i z a c i n e c o n m i c a , pol t ica y social u s u r p a n cua lquier func in de la soberana . As pues , tras h a b e r de j ado de ser e l t e r r e n o exclusivo de lo pol t ico , la soberana ha sido des terrada de la pol t ica p o r la mu l t i t ud . C u a n d o la m u l t i t u d es p o r fin capaz de regirse a s mi sma , la d e m o c r a c i a se hace posible .

    Que la fuerza te acompae

    Las nuevas posibil idades abiertas para la democrac ia se enfrentan al obs t-cu lo de la guer ra . C o m o h e m o s visto en e l cap tu lo 1, e l m u n d o c o n t e m -p o r n e o se caracteriza p o r una guerra civil generalizada y p e r m a n e n t e , p o r la c o n s t a n t e a m e n a z a de v io lenc ia q u e d e t e r m i n a de Jacto la su spens in de la democrac ia . No es solo que el estado de guerra p e r m a n e n t e suspenda l a d e m o c r a c i a c o n ca rc te r i nde f in ido , s ino q u e los p o d e r e s s o b e r a n o s r e s p o n d e n c o n la gue r r a a la existencia de nuevas pres iones y pos ib i l ida-des en favor de l a d e m o c r a c i a . La gue r r a ac ta c o m o un m e c a n i s m o de c o n t e n c i n . C u a n d o se desequilibra la balanza en la relacin de soberana, t o d o p o d e r an t idemocr t i co t iende a fundamentarse en la guer ra y la v i o -lencia. De este m o d o queda invertida la re lacin ent re la pol t ica y la g u e -

    387

    Material reproducido por fines acadmicos, prohibida su reproduccin sin la autorizacin de los titulares de los derechos.

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

  • MULTITUD

    r ra q u e p o s t u l la m o d e r n i d a d . La g u e r r a deja de ser un i n s t r u m e n t o a disposicin del p o d e r pol t ico para ser uti l izado en casos concre tos , y ahora la g u e r r a t i ende a definir p o r s m i s m a el f u n d a m e n t o del s is tema po l t i -co , a c o n v e r t i r s e en u n a f o r m a de d o m i n a c i n . Es te c a m b i o se refleja, c o m o h e m o s expues to en e l cap tu lo 1, en los m e c a n i s m o s de l eg i t ima -c in de la violencia a q u e r ecu r r en los poderes soberanos.Ya no hace falta l eg i t imar la v io lenc ia sobre la base de unas es t ruc turas legales, ni s iquiera sobre la de u n o s pr inc ip ios morales . La leg i t imac in de la violencia t i ende a aparecer una vez c o n s u m a d o s los h e c h o s y se f u n d a m e n t a en su efecto, en su capac idad para crear y m a n t e n e r e l o r d e n . D e s d e esa pe r spec t iva observamos que se ha inver t ido el o r d e n de pr ior idades de la m o d e r n i d a d . P r i m e r o v i e n e l a v io l enc ia , c o m o f u n d a m e n t o , y l u e g o , s e g n sean los resultados, la sigue una negoc iac in pol t ica o mora l . La e m e r g e n c i a de las pos ibi l idades de d e m o c r a c i a ha ob l igado a la soberana a a d o p t a r formas de d o m i n a c i n y violencia cada vez ms puras .

    Las fuerzas de la d e m o c r a c i a d e b e n cont ra r res ta r esta v io lenc ia de l a soberana , p e r o no s i tundose en u n a opos ic in po la r s imtr ica, c o m o sera l g i c o s i nos lo p l an te ramos en t r m i n o s de o p o s i c i n pu ra . En otras palabras, si a t end i ramos a la lgica de los opues tos , se podr a p r o -p o n e r l a d e m o c r a c i a c o m o u n a fuerza a b s o l u t a m e n t e pacfica e n o p o -sic in a la gue r ra p e r m a n e n t e q u e p r o m u e v e la soberana , p e r o rara vez esas opos ic ic iones tericas se c o r r e s p o n d e n c o n la realidad. En la ac tua -l idad, las fuerzas e m e r g e n t e s de la d e m o c r a c i a se hallan en un c o n t e x t o de violencia q u e no p u e d e ignorarse o descartarse a vo lun tad . La d e m o -cracia h o y a d o p t a l a f o r m a d e u n a sus t r acc in , d e u n a h u i d a , d e u n x o d o lejos de la soberana . Pe ro tal c o m o nos ensea e l re la to bbl ico, e l faran no permi t i r q u e los j u d o s se vayan en paz. Ser m e n e s t e r q u e ca igan d iez plagas sobre E g i p t o para q u e los de je salir. A a r n t e n d r q u e l u c h a r en la re taguardia c o n t r a e l e jrc i to e g i p c i o p e r s e g u i d o r y , f ina lmente , Moiss t endr q u e abr i r e l m a r R o j o y cer rar lo de n u e v o a l paso de las fuerzas del faran para q u e e l x o d o p u e d a realizarse. Es te e j emp lo an t iguo nos mues t ra q u e no hay n o r m a dialctica (del t ipo q u e d i f u n d e n las teoras pacifistas) s egn la cual el c o m p o r t a m i e n t o de la m u l t i t u d e n e l x o d o d e b a r e s p o n d e r a l a t a q u e de l p o d e r s o b e r a n o c o n su o p u e s t o s imt r ico , r e s p o n d i e n d o a la v io lenc ia represiva c o n la

    388

    Material reproducido por fines acadmicos, prohibida su reproduccin sin la autorizacin de los titulares de los derechos.

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

  • DEMOCRACIA

    ausencia absoluta de violencia. El x o d o n u n c a ha sido ni p o d r ser ir-nico, es deci r abso lu tamente pacfico y concil iador. Ni Moiss ni A a r n lo fueron, n i m u c h o m e n o s lo fueron las plagas q u e cayeron sobre E g i p -to . T o d o x o d o precisa u n a resistencia activa, u n a gue r ra de re taguardia con t r a las fuerzas persegu idoras de l a soberana . C o m o dice Giles D e -leuze : Huye , p e r o a l t i e m p o q u e huyes , coge un a r m a . 1 2 2

    P o r lo t an to , el x o d o y la e m e r g e n c i a de la d e m o c r a c i a c o n s t i t u -y e n u n a gue r ra con t ra l a guer ra . No obs tante , p o d e m o s caer en l a c o n -fusin conceptua l . Si la democracia no p u e d e adoptar la estrategia o p u e s -ta a la soberana y enfrentar el pacif ismo p u r o a su g u e r r a p e r m a n e n t e , acaso no sera nece sa r i amen te lo m i s m o ? N o sera su gue r r a con t r a la gue r r a u n a s imple necedad? S o n las confus iones q u e su rgen c u a n d o se p iensa exc lus ivamen te en opues tos . Un uso democrtico de la fuerza y de la v io lenc ia no es lo m i s m o , n i lo con t r a r io , q u e la guer ra de la sobe ra -na: es d i f e r e n t e . 1 2 3

    En p r i m e r lugar, y en cont ras te c o n la nueva d ispos ic in de la s o -beran a en q u e la gue r r a t i ende a a sumir el pape l p r inc ipa l y a c o n s t i -tu i r la base de la pol t ica , la d e m o c r a c i a no d e b e r e c u r r i r a la v io lenc ia s ino c o m o i n s t r u m e n t o para pe r segu i r f i na l i dades pol t icas. Esta s u b o r -d i n a c i n de lo mi l i tar a lo po l t i co es, en efecto, u n o de los p r inc ip ios de los zapatistas de Chiapas . En m u c h o s aspectos, los zapatistas h a n a d o p -t ado c o n un g i ro i r n i c o la t rad ic in de los ejrcitos guerr i l le ros la t i -n o a m e r i c a n o s . Se l l aman a s m i s m o s un ejrci to y t i e n e n c o m a n d a n -tes , p e r o i n v i e r t e n l a e s t ruc tu ra t r ad ic iona l . M i e n t r a s q u e e l m o d e l o t r ad ic iona l c u b a n o presenta a l l der mi l i ta r en u n i f o r m e de c a m p a a c o m o e l p o d e r po l t i co s u p r e m o , los zapatistas re i te ran q u e toda ac t iv i -d a d mi l i ta r d e b e p e r m a n e c e r subord inada , a l servic io de las decis iones pol t icas de la c o m u n i d a d . 1 2 4 La s u b o r d i n a c i n de la v io lenc ia a la p o -ltica d e b e ser t a m b i n in ter ior izada p o r cada u n o de nosot ros . O c o m o di jo A n d r M a l r a u x , que la v ic to i re d e m e u r e c e u x q u i a u r o n t fait la g u e r r e sans l ' a imer, que la v ic tor ia recaiga en los q u e hayan h e c h o la g u e r r a sin desear la . 1 2 5 El h e c h o de subord ina r la v io lenc ia a lo po l t i -co , en s m i s m o no es suficiente para q u e e l uso de la v io lenc ia sea d e -m o c r t i c o , p e r o es u n a c o n d i c i n necesaria para ello.

    E l s e g u n d o p r i n c i p i o del uso d e m o c r t i c o de l a v io lenc ia , m u c h o

    389

    Material reproducido por fines acadmicos, prohibida su reproduccin sin la autorizacin de los titulares de los derechos.

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

  • MULTITUD

    ms sustancial y t a m b i n m u c h o ms c o m p l e j o , consiste en q u e la v i o -lencia se use solo defens ivamente . U n a vez ms , esa idea se refleja c o n bas tan te exac t i t ud en l a i m a g e n de l p u e b l o h e b r e o d e f e n d i n d o s e del e jrci to del faran q u e les persegua . E l e j e m p l o m o d e r n o e x t r e m o de la neces idad de la v io lenc ia defensiva nos lo p r o p o r c i o n a el a l z a m i e n t o del g u e t o deVarsovia cont ra e l ejrcito o c u p a n t e nazi . Los j u d o s d e V a r -sovia, q u e hab an s ido conf inados en un g u e t o y hab an vis to la d e p o r -t ac in de vec inos y par ien tes hacia los c a m p o s de trabajo y de e x t e r -m i n i o , e n s u desesperac in t e r m i n a r o n p o r o rgan izar u n a i n su r r ecc in militar. F ren te a la e l ecc in en t r e m o r i r en la sumis in pasiva o h a c e r -lo en comba te , el igieron lo s egundo c o m p l e t a m e n t e convenc idos de q u e era lo j u s t o y lo necesar io . Su resistencia inspirara nuevos actos de r e -sistencia. Pe ro un e j emp lo tan e x t r e m o p u e d e dar l a i m p r e s i n de q u e la v io lenc ia defensiva d e m o c r t i c a no pase de ser un ges to estri l . P o r tanto , conv iene vincular t a m b i n el uso defensivo de la violencia a la m i -lenar ia t r ad ic in republ icana del d e r e c h o a l ucha r con t r a la t i rana. El shakespear iano personaje de B r u t o expresa r e t r i c a m e n t e la neces idad de ese uso r epub l i cano de la v io lencia : Prefers a Csa r vivo, y m o r i r t o d o s e s c l a v o s / o m u e r t o Csar , vivir t o d o s c o m o h o m b r e s l ibres?. 1 2 6

    La d e s o b e d i e n c i a a la a u t o r i d a d , e i nc luso el e m p l e o de la v io l enc i a con t ra la tirana, son en este sen t ido una especie de resistencia, o uso d e -fensivo de la v io lencia . Es te d e r e c h o r epub l i cano a la resistencia nos da t a m b i n e l s en t ido real de la segunda e n m i e n d a de la C o n s t i t u c i n de Estados U n i d o s : Siendo necesar ia u n a milicia b i e n o r d e n a d a para la s e -g u r i d a d de un Es tado libre, no se res t r ingir e l d e r e c h o del p u e b l o de p o s e e r y p o r t a r armas. La cues t in del d e r e c h o a p o r t a r a rmas ha sus -c i t ado en Estados U n i d o s un deba t e sobre e l d e r e c h o de los c i u d a d a -nos a posee r pistolas, escopetas de caza y otras a rmas pel igrosas, p e r o el l egado del d e r e c h o anglosajn y ms g e n e r a l m e n t e la t rad ic in r epub l i -cana q u e inspir la e n m i e n d a descansan c o n c e p t u a l m e n t e en e l d e r e c h o de la m u l t i t u d , del pueblo en armas, a ofrecer resistencia frente a la t i -r a n a . 1 2 7 Los Panteras N e g r a s i n t e rp r e t a ron sin d u d a ese d e r e c h o c u a n -d o , e l 2 de m a y o de 1967 , h i c i e ron u n a teatral en t rada en e l C a p i t o l i o ca l i forn iano de S a c r a m e n t o p o r t a n d o fusiles para p roc l amar su d e r e c h o cons t i tuc ional a defender a la c o m u n i d a d negra . Pero se equ ivoca ron t o -

    390

    Material reproducido por fines acadmicos, prohibida su reproduccin sin la autorizacin de los titulares de los derechos.

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

  • DEMOCRACIA

    tal y t r g i c a m e n t e al no e n t e n d e r q u e la fo rma adecuada de resistencia est sujeta al c a m b i o h is tr ico , y q u e d e b e ser recreada en cada s i tua-c i n nueva : los fusiles ya h a n de jado de ser un a r m a i d n e a para la d e -fensa. Los fusiles y las gafas oscuras c o n q u e los Panteras qu is ie ron da r -se aspec to marcial falsearon el s en t ido de la o rgan izac in , y t o d o acab en u n a ma tanza . Hoy, e l d e r e c h o r epub l i cano a p o r t a r a rmas de fuego ya no t i ene q u e ver c o n los c iudadanos , n i c o n las c o m u n i d a d e s , n i c o n los estados q u e las posean . Es ev iden te q u e se neces i tan otras armas para de f ende r a la m u l t i t u d .

    U n a consecuenc ia i m p o r t a n t e de ese p r i n c i p i o de l a v io lenc ia d e -fensiva es que , desde la perspectiva de la democrac ia , la violencia no p u e -de crear nada , s ino n i c a m e n t e preservar lo ya creado. Obs rvese q u e se trata de u n a n o c i n m u y dbil de violencia . No presenta n i n g u n a de las capacidades q u e Wal te r B e n j a m i n , p o r e j emplo , a t r ibuye a la v io lenc ia mt ica capaz de genera r la ley o la violencia divina q u e dest ruye la l ey . 1 2 8

    N u e s t r a n o c i n defensiva de la v iolencia es ms dbi l q u e esos c o n c e p -tos. La violencia democr t i ca solo p u e d e defender a la sociedad, p e r o no crearla. Lo cual es i g u a l m e n t e c i e r to en las s i tuaciones revoluc ionar ias . La v io lenc ia d e m o c r t i c a no inicia e l p roceso r evo luc iona r io s ino q u e c o m n m e n t e sobrev iene al f inal , c u a n d o ya se ha p r o d u c i d o la t ransfor-m a c i n pol t ica y social, y c o n el fin de defender sus conquis tas . En este sen t ido , e l uso d e m o c r t i c o de l a v io lencia en un c o n t e x t o r e v o l u c i o -na r io , en real idad no difiere de un ac to de resistencia.

    D e b e m o s t e n e r en c u e n t a q u e e l p r i n c i p i o de la v io lencia defens i -va, a u n q u e c o n c e p t u a l m e n t e claro, a m e n u d o resulta confuso en la p r c -tica. S o n i n n u m e r a b l e s los e jemplos de agres iones v iolentas y c o n q u i s -tas q u e h a n sido tergiversadas para presentarlas c o m o medidas defensivas. En 1938 , p o r e jemplo , c u a n d o los nazis o c u p a r o n los Sude tes , d i jeron q u e lo hac an para de f ende r a los hab i tan tes a l emanes de esa r e g i n . Y c u a n d o los tanques soviticos en t ra ron en H u n g r a (1956), C h e c o s l o -vaquia (1968) y Afganistn (1979) , se dijo q u e se trataba de de fender a los g o b i e r n o s locales. Estados U n i d o s ha p ro t agon i zado t a m b i n n u m e -rosas a c c i o n e s defensivas d u r a n t e e l siglo x x , c o m o la invas in de G r a n a d a para de fender a sus es tudiantes de med ic ina . Al fin y al cabo , inc luso los c ruzados d i jeron salir en defensa de la cr is t iandad or ien ta l .

    391

    Material reproducido por fines acadmicos, prohibida su reproduccin sin la autorizacin de los titulares de los derechos.

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

  • MULTITUD

    La ve r s in ms d e p u r a d a y e legan te de este sofisma es la t eo r a de la guer ra justa , r ec i en t emen te resucitada p o r m u c h o s estudiosos, periodistas y p o l t i c o s . 1 2 9 C o n v i e n e t e n e r claro q u e la n o c i n de gue r ra jus ta no se refiere a u n a acc in defensiva. La defensa del p u e b l o h e b r e o c o n t r a los ejrcitos del faran no necesi ta u n a jus t i f icacin de ese t ipo . En c a m -bio , la n o c i n de guer ra jus ta se utiliza para justificar u n a agres in, a d u -c i e n d o razones mora les . S i q u e r e m o s c o n c e b i r c o m o defensa esa g u e -r ra j u s t a , hab r q u e p o s t u l a r q u e s e t ra ta de d e f e n d e r u n o s va lores morales amenazados , y p o r ah la teora c o n t e m p o r n e a de la guer ra justa enlaza c o n la an t igua c o n c e p c i n p r e m o d e r n a q u e se revel tan eficaz para las largas guerras de re l ig in en E u r o p a . U n a guerra justa es u n a agres in mil i tar q u e se cons idera just if icada p o r un f u n d a m e n t o m o r a l ; p o r lo t an to , no t i ene nada q u e ver c o n l a pos tu ra defensiva de l a v i o -lencia democr t i ca . Para q u e sea intel igible e l p r i n c i p i o del u so d e f e n -sivo de la violencia , hay q u e separarlo de todas esas tergiversaciones q u e p re sen t an a lobos disfrazados c o n pieles de co rde ro .

    E l te rcer p r i n c i p i o del uso d e m o c r t i c o de l a v io lenc ia guarda r e -lac in c o n la propia o rgan izac in democr t i ca . S i segn e l p r i m e r p r i n -c ip io el uso de la v io lenc ia se subord ina s i empre al p roceso po l t i co y a la dec is in pol t ica, y si ese p roceso po l t i co es d e m o c r t i c o , y est o r -gan izado en la f o r m a c i n h o r i z o n t a l y c o m n de la m u l t i t u d , e n t o n c e s e l u so de la v io lenc ia t a m b i n d e b e organizarse d e m o c r t i c a m e n t e . Las guerras libradas p o r las po tenc ias soberanas s iempre ex ig ie ron la suspen-sin de la l ibertad y de la democrac ia . La violencia organizada de sus m i -litares exiga una au to r idad estricta e indiscut ida. El uso d e m o c r t i c o de l a v io lenc ia d e b e ser t o t a l m e n t e diferente . No p u e d e exist ir l a separa-c i n en t re los m e d i o s y los fines.

    C u a l q u i e r uso d e m o c r t i c o de la v io lenc ia d e b e agregar a estos tres p r inc ip ios u n a crtica de las a rmas , es decir, u n a ref lexin acerca de q u a rmas son h o y eficaces y adecuadas . Todas las a rmas y t odos los m t o -dos an t iguos , desde la resistencia pasiva hasta el sabotaje, s iguen es tan-do disponibles y p u e d e n ser eficaces en d e t e r m i n a d o s c o n t e x t o s . Pe ro no son suficientes n i m u c h o m e n o s . L e n Trotski a p r e n d i esta l ecc in d u r a n t e la R e v o l u c i n rusa de 1917 : Una r evo luc in te ensea e l va -lor de un fusil, e s c r i b i . 1 3 0 Pe ro h o y da los fusiles no va len lo m i s m o

    392

    Material reproducido por fines acadmicos, prohibida su reproduccin sin la autorizacin de los titulares de los derechos.

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

  • DEMOCRACIA

    q u e en 1 9 1 7 . U n o de los e l e m e n t o s q u e han c a m b i a d o es l a apar ic in de las armas de des t rucc in masiva, en especial las nucleares. C o n ellas, el uso de la violencia pasa a d e p e n d e r de una lgica maximalista: o des t ruc -c in absoluta, o inacc in tensa y temerosa . El fusil no sirve de m u c h o frente a la b o m b a a tmica . En general , las armas a tmicas han rep resen-tado , despus de la espectacular d e m o s t r a c i n de su eficacia destruct iva en H i r o s h i m a y Nagasaki , una amenaza para in t imida r a l e n e m i g o . P r e -c i s a m e n t e p o r q u e las b o m b a s nucleares y otras a rmas de d e s t r u c c i n masiva p lan tean unas consecuenc ias tan general izadas, en la mayor a de los casos no p u e d e n utilizarse y los ejrcitos de las po tenc ias soberanas t i e n e n q u e r ecu r r i r a otra clase de armas . Un s e g u n d o e l e m e n t o q u e ha c a m b i a d o es la c rec ien te asimetra tcnica en t re e l a r m a m e n t o de d e s -t r u c c i n l imi tada, d igamos , y e l a r m a m e n t o de des t rucc in masiva. En las series de conf lagraciones recientes , y en especial en las q u e h a n s ido re t ransmi t idas p o r te levis in, las fuerzas a rmadas e s t adoun idenses h a n d e m o s t r a d o la i n m e n s a supe r io r idad de sus a rmas de fuego y sus b o m -bas guiadas p o r redes de c o m u n i c a c i n y de inte l igencia . No t iene sen -t i do en t ra r en e l m i s m o t e r r e n o de v io lencia an te semejan te asimetra .

    Lo q u e r e a l m e n t e neces i tamos son armas sin p r e t ens in de s imetr a frente a l p o d e r mi l i ta r d o m i n a n t e , p e r o capaces de cambia r la t rgica asimetra de las numerosas formas c o n t e m p o r n e a s de v io lencia q u e no a m e n a z a n e l o r d e n actual , s ino q u e m e r a m e n t e le dan la rplica en una ex t raa y novedosa simetr a: el mil i tar de carrera se ind igna an te la t c -tica deshones ta del a taque suicida, y el suicida se ind igna an te la p r e p o -tencia del t i rano. Las fuerzas del m a n d o imper ia l c o n d e n a n la idea del t e r r o r i s m o , y af i rman q u e los dbiles reacc ionarn frente a la asimetra del p o d e r u t i l i zando las nuevas a rmas fci lmente t ranspor tables con t ra las poblac iones inocentes . Lo cual p r o b a b l e m e n t e suceder, pe ro no har un m u n d o mejor , n i cambiar a m e j o r la re lacin de pode r . Al c o n t r a -r io , los q u e m a n d a n consol idarn su pode r , ape l ando a la neces idad de q u e t o d o e l m u n d o se someta a su con t ro l en n o m b r e de la h u m a n i -dad y de la vida. El h e c h o es q u e un a r m a adecuada al p royec to de la m u l t i t u d no ha de t e n e r una re lac in s imt r ica n i as imt r ica c o n las a rmas del pode r . Eso sera tan c o n t r a p r o d u c e n t e c o m o suicida.

    Esta ref lexin sobre las nuevas a rmas nos ayuda a d i luc idar el c o n -

    393

    Material reproducido por fines acadmicos, prohibida su reproduccin sin la autorizacin de los titulares de los derechos.

    Usuario7Resaltado

  • MULTITUD

    c e p t o de m a r t i r i o , q u e s e g n varias t r ad i c iones rel igiosas abarca dos fo rmas pr inc ipa les . La p r i m e r a , la ejemplif icada p o r e l a t a q u e suic ida , p l a n t e a e l m a r t i r i o c o m o u n a respues ta d e d e s t r u c c i n , i n c l u i d a l a a u t o d e s t r u c c i n , frente a un ac to de injusticia. La ot ra f o rma de m a r t i -r io , en camb io , es c o m p l e t a m e n t e dist inta. En ella, e l m r t i r no busca la de s t rucc in , s ino q u e es aba t ido p o r l a v io lenc ia de l p o d e r o s o . E l m a r -t i r io en esta f o rma e s r e a l m e n t e un testimonio. Un t e s t i m o n i o no t a n t o de las injusticias del pode r , c o m o de l a posibi l idad de un m u n d o n u e -vo, u n a al ternativa no solo a ese p o d e r c o n c r e t o , s ino a todas las m a n i -festaciones del pode r . En esta s egunda f o r m a de m a r t i r i o se basa la t r a -d i c in republ icana desde los hroes de P lu ta rco hasta M a r t n Lu te ro . Tal m a r t i r i o e s u n ac to d e a m o r ; e n real idad, u n ac to c o n s t i t u y e n t e q u e a p u n t a al fu turo y se rebela c o n t r a la soberana del p resen te . Pe ro no se e n t i e n d a nues t ro anlisis de este s e g u n d o mar t i r i o , e l m a r t i r i o r e p u b l i -c a n o q u e atestigua l a posibil idad de un m u n d o nuevo , c o m o u n a l lamada o u n a inv i tac in a la acc in . Sera absu rdo buscar esa clase de mar t i r i o . Este , c u a n d o sobreviene , no es ms q u e un efecto s e c u n d a r i o de l a a c -c i n pol t ica y de las reacc iones de la soberana con t r a ella. E v i d e n t e -m e n t e , la lgica del ac t iv ismo po l t i co hay q u e buscarla en o t r o lugar.

    N e c e s i t a m o s inven ta r nuevas a r m a s para l a d e m o c r a c i a de hoy. De h e c h o , h o y se d a n m u c h o s i n t e n t o s creat ivos de hal lar nuevas a r m a s . 1 3 1

    C o n s i d e r e m o s , c o m o un e x p e r i m e n t o c o n armas nuevas , las sesiones de besos q u e ha p r o m o v i d o Q u e e r N a t i o n , en las q u e los h o m b r e s se b e -san c o n los h o m b r e s y las mujeres c o n las mujeres en lugares pbl icos para escandalizar a los homfobos . U n a de esas acciones tuvo lugar en u n a c o n -v e n c i n de los m o r m o n e s en e l es tado de U t a h . Las diversas formas car -navalescas y los s imulacros h o y tan c o m u n e s en las manifes tac iones c o n -tra l a g loba l i zac in p u e d e n cons ide ra r s e a s i m i s m o c o m o o t r o t i p o d e a rmas . La s imple presencia de mi l lones de mani fes tantes en la calle, p o r e j emplo , e s t a m b i n u n t ipo d e a r m a , c o m o l o es, a u n q u e e n u n sen t ido m u y diferente, la presin de la inmigrac in ilegal.Todos estos esfuerzos son ti les, a u n q u e e n m o d o a l g u n o suficientes. N e c e s i t a m o s a rmas d e nueva creacin q u e no sean m e r a m e n t e destructivas, s ino formas de p o d e r c o n s -t i tuyente , a rmas capaces de cons t ru i r la democrac ia y de de r ro ta r los ejr-citos del I m p e r i o . Esas a rmas biopol t icas p o s i b l e m e n t e se pa rece rn ms

    394

    Material reproducido por fines acadmicos, prohibida su reproduccin sin la autorizacin de los titulares de los derechos.

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

  • DEMOCRACIA

    a las q u e p r o p u s o Lisstrata para disuadir de un proyec to b l ico a los h o m -bres atenienses, q u e a cualquiera de las q u e p o n e n en circulacin los i d e -logos y los pol t icos de nuestros das. No parece disparatado confiar en q u e las guerras dejen de ser posibles en un futuro biopol i t ico (tras la derrota del b i o p o d e r ) , p o r q u e la in tensidad de la c o o p e r a c i n y de la c o m u n i c a c i n ent re singularidades (trabajadores y / o ciudadanos) habr des t ru ido esa p o -sibil idad. U n a semana de hue lga b iopol t ica global b loquear a cua lqu ie r guerra . En cualquier caso, cabe imaginar el da en que la mul t i tud inventar un a rma que no solo le pe rmi ta defenderse, sino que t ambin sea cons t ruc -tiva, expansiva y const i tuyente . No se trata de t o m a r el p o d e r y p o n e r s e al m a n d o de los ejrcitos, sino de destruir su propia posibil idad de existencia.

    La nueva ciencia de la democracia: Madison y Lenin

    Al c o m i e n z o de esta secc in h e m o s d i c h o q u e la soberana requ ie re u n a re lac in en t re dos par tes , los q u e g o b i e r n a n y los q u e o b e d e c e n , y q u e tal divisin d e n t r o de la soberana lleva impl c i ta la po tenc ia l idad cons t an t e de crisis. Es en este p u n t o de divisin d o n d e la mu l t i t ud aparece c o m o su-j e t o y declara: Ot ro m u n d o es posible, de sechando la relacin c o n el s o -b e r a n o y apl icndose ella misma a la creacin de ese m u n d o . En el x o d o , la m u l t i t u d profundiza la crisis de la f igura dual de la soberan a . En este apar tado dedicaremos nuestra a tenc in al h e c h o de q u e el p o d e r soberano, c u a n d o no consigue preservar esa relacin p o r med ios pacficos y polt icos, pasa a f u n d a m e n t a r l a en el r e c u r s o a la v io lenc ia y a la g u e r r a . El p r o -y e c t o d e m o c r t i c o d e l a m u l t i t u d q u e d a , p o r l o t a n t o , n e c e s a r i a m e n t e e x p u e s t o t an to a la violencia mil i tar c o m o a la repres in policial : la g u e -rra pe r s igue a la m u l t i t u d en su x o d o , la obliga a defenderse , i m p o n e al p royec to de democrac ia absoluta la paradoja de definirse en t an to q u e r e -sistencia. A h o r a l legaremos al f inal de esta l nea de r azonamien to . La m u l -t i tud no solo necesita configurar su x o d o c o m o resistencia, s ino que a d e -ms ha de t ransformar esa resistencia en una forma de p o d e r const i tuyente, y crear las re lac iones sociales y las ins t i tuc iones de u n a nueva soc iedad .

    A lo la rgo de este l ibro h e m o s es tud iado las bases on to lg icas , soc ia-les y pol t icas del p o d e r cons t i tuyen te de la m u l t i t u d . A h o r a c o r r e s p o n d e

    395

    Material reproducido por fines acadmicos, prohibida su reproduccin sin la autorizacin de los titulares de los derechos.

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

  • MULTITUD

    reun i r esos tres e lementos en un con jun to coheren te . D e s d e el punto de vis-ta ontolgico, h e m o s e x a m i n a d o c o n d e t e n i m i e n t o la naturaleza biopol t ica de la mu l t i t ud y la relacin intensa y m u t u a m e n t e definitoria en t re la p r o -d u c c i n de la mu l t i t ud y la p r o d u c c i n de lo c o m n . La p r o d u c c i n b i o -pol t ica e s una cues t in on to lg i ca en t an to q u e crea c o n s t a n t e m e n t e un n u e v o ser social, una nueva naturaleza h u m a n a . Las cond ic iones de la p r o -d u c c i n y la r ep roducc in de la vida social de la mul t i tud , desde sus aspec-tos ms generales y abstractos hasta los ms concre tos y sutiles, se desa r ro -llan a travs de con t inuos encuen t ros , c o m u n i c a c i o n e s y conca tenac iones de los cuerpos . Paradj icamente , lo c o m n aparece en a m b o s ex t remos de la p r o d u c c i n biopol t ica : es el p r o d u c t o final y es la c o n d i c i n p r e l i m i -na r de la p r o d u c c i n . Lo c o m n es al m i s m o t i e m p o natural y artificial, es nuestra p r imera , segunda, tercera y ensima naturaleza. Por lo tanto, no hay s ingu la r idad q u e no s e halle, en s m i s m a , es tablecida en l o c o m n . No hay c o m u n i c a c i n que no est sostenida p o r una c o n e x i n c o m n y p u e s -ta en prct ica a travs de ella. No hay p r o d u c c i n q u e no sea c o o p e r a c i n fundada en la comuna l idad . En este e n t r a m a d o b iopol t ico , las mul t i tudes i n t e r ac tan c o n otras mul t i tudes , y desde los mi l p u n t o s de in te r secc in , desde los miles de r i zomas q u e enlazan estas p r o d u c c i o n e s m u l t i t u d i n a -rias, desde las miles de ref lexiones nacidas en cada s ingular idad , e m e r g e i n e v i t a b l e m e n t e la vida de la mu l t i t ud . La m u l t i t u d es un c o n j u n t o difu-so de singularidades que p r o d u c e una vida c o m n ; es una especie de carne social q u e se organiza a s misma en un nuevo c u e r p o social. Esto es lo q u e define la biopol t ica. Lo c o m n , q u e es a l m i s m o t i e m p o un resultado ar t i -ficial y un fundamen to consti tut ivo, es lo que configura la sustancia mv i l y flexible de la mul t i tud. Desde el p u n t o de vista on to lg ico , el p o d e r c o n s -t i tuyente de la mul t i tud es la expresin de esta complej idad y la clave que r e -co r re lo c o m n biopol t ico para expresarlo an ms amplia y ef icazmente.

    D e s d e el punto de vista sociolgico, el p o d e r cons t i t uyen te de la m u l -t i tud se hace presente en las redes de c o o p e r a c i n y c o m u n i c a c i n del t rabajo social. La re lacin de lo c o m n c o n la m u l t i t u d , q u e se p r e s e n -taba paradj ica desde e l p u n t o de vista o n t o l g i c o , p o r e l h e c h o de q u e lo c o m n es a l m i s m o t i e m p o p r e c o n d i c i n y resul tado de la p r o d u c -c i n de la mu l t i t ud , aparece ahora , en t r m i n o s sociales y todava ms en t rminos de trabajo, perfectamente exenta de problemas. C o m o h e m o s

    396

    Material reproducido por fines acadmicos, prohibida su reproduccin sin la autorizacin de los titulares de los derechos.

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

  • DEMOCRACIA

    a f i rmado a n t e r i o r m e n t e , h o y se verifica una progresiva t r ans fo rmac in en lo c o m n de las diversas formas de trabajo en toda la economa y a lo largo y a n c h o del m u n d o . Es tamos asist iendo al declive de las d iv i s io-nes antes inquebran tab les en t re los trabajadores agrcolas y los obreros industr ia les , en t r e las clases trabajadoras y los pobres , etc . En su lugar, el carcter cada vez ms c o m n del trabajo en todos los sectores asigna una nueva i m p o r t a n c i a al c o n o c i m i e n t o , a la i n f o r m a c i n , a las re lac iones afectivas, a la c o o p e r a c i n y a la c o m u n i c a c i n . A u n q u e cada fo rma de trabajo sigue s i endo singular e l trabajo agrcola sigue v i n c u l a d o a la t ierra , c o m o el trabajo industr ia l a la m q u i n a , todas ellas desarrol lan bases c o m u n e s , q u e h o y da t i enden a conver t i rse en c o n d i c i n de toda p r o d u c c i n e c o n m i c a , y a su vez, la p r o d u c c i n m i s m a p r o d u c e lo c o -m n : re lac iones c o m u n e s , c o n o c i m i e n t o s c o m u n e s , etc . La p r o d u c c i n basada en la c o o p e r a c i n y la c o m u n i c a c i n p e r m i t e e n t e n d e r c o n t o -tal c l a r idad c m o lo c o m n es a l m i s m o t i e m p o s u p u e s t o p r e v i o y resu l tado: no hay c o o p e r a c i n sin u n a c o m u n a l i d a d exis tente , y e l r e -sul tado de la p r o d u c c i n en c o m n es la c reac in de una nueva c o m u -nalidad. De m a n e r a similar, t a m p o c o p u e d e t ene r lugar l a c o m u n i c a c i n sin u n a base c o m n , y el resul tado de la c o m u n i c a c i n es u n a nueva exp res in c o m n . La p r o d u c c i n de la m u l t i t u d lanza lo c o m n a u n a espiral de crculos v i r tuosos cada vez ms ampl ios . Esta p r o d u c c i n c r e -c iente de lo c o m n no niega en m o d o a lguno la singularidad de las s u b -je t iv idades q u e cons t i tuyen l a m u l t i t u d . D e h e c h o hay u n i n t e r c a m b i o rec proco entre las singularidades y la mul t i tud en su conjunto , que afecta a a m b o s y q u e t i ende a fo rmar un t ipo de m o t o r cons t i tuyente . Tal p r o -d u c c i n c o m n de l a m u l t i t u d implica una fo rma de p o d e r c o n s t i t u -yen te , p o r c u a n t o las propias redes de la p r o d u c c i n coopera t iva des ig-n a n una lgica inst i tucional de la sociedad. A q u r e c o n o c e m o s de n u e v o la i m p o r t a n c i a del h e c h o de q u e en la p r o d u c c i n de la m u l t i t u d t i e n -da a desaparecer la dis t incin ent re lo e c o n m i c o y lo pol t ico, y la p r o -d u c c i n de los b ienes e c o n m i c o s t ienda a ser t a m b i n la p r o d u c c i n de re lac iones sociales y, en l t ima instancia, la p r o d u c c i n de la soc ie -dad m i s m a . La futura es t ructura ins t i tucional de esa nueva soc iedad est i n c o r p o r a d a en las re lac iones afectivas, de c o o p e r a c i n y c o m u n i c a -c i n de la p r o d u c c i n social. En otras palabras, las redes de la p r o d u c -

    397

    Material reproducido por fines acadmicos, prohibida su reproduccin sin la autorizacin de los titulares de los derechos.

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Resaltado

  • MULTITUD

    c i n social p r o p o r c i o n a n u n a lgica inst i tucional capaz de sustentar u n a nueva sociedad. Po r lo tanto , e l trabajo social de la mu l t i t ud c o n d u c e d i -r e c t a m e n t e a la p r o p o s i c i n de la m u l t i t u d c o m o p o d e r cons t i t uyen te .

    D a d o q u e la p r o d u c c i n biopol t ica es e c o n m i c a y pol t ica al m i s -m o t i e m p o , y q u e s ienta las bases d e u n p o d e r c o n s t i t u y e n t e , a h o r a p o d e m o s e n t e n d e r q u e l a d e m o c r a c i a de l a m u l t i t u d no guarda s e m e -j anza c o n la democracia directa segn se en tend a t rad ic iona lmente , en la q u e cada u n o de noso t ros ded icaba pa r t e de su t i e m p o y de su t r a -bajo a vo ta r i n c e s a n t e m e n t e todas y cada u n a de las decis iones p o l t i -cas. R e c o r d e m o s e l i r n i c o c o m e n t a r i o de O s e a r W i l d e acerca de q u e e l p r o b l e m a del social ismo era q u e nos hara p e r d e r demasiadas tardes. La p r o d u c c i n b iopol t ica nos ofrece la posibi l idad de q u e h a g a m o s e l t rabajo po l t i co de crear y m a n t e n e r re laciones sociales en co laborac in u t i l i zando las mismas redes de c o m u n i c a c i n y c o o p e r a c i n de la p r o -d u c c i n social, sin perder las tardes en in terminables reun iones asamblea-rias. La p r o d u c c i n de re laciones sociales, al f in y al cabo , no solo t i ene un va lor e c o n m i c o , s ino q u e t a m b i n e s un trabajo pol t ico . En este s en t ido co inc id i r an la p r o d u c c i n e c o n m i c a y la p r o d u c c i n pol t ica, y las redes colaborativas de la p r o d u c c i n suger i r an un m a r c o de refe-rencia para u n a nueva es t ructura inst i tucional de la sociedad. Esa d e m o -cracia en la q u e t o d o s c r e a m o s y m a n t e n e m o s c o l a b o r a t i v a m e n t e la soc iedad p o r m e d i o de nues t ra p r o d u c c i n b iopol t i ca es a la q u e lla-m a m o s absoluta.

    Has ta aqu h e m o s descr i to l a d e m o c r a c i a de l a m u l t i t u d c o m o p o -sibilidad terica desde las perspectivas ontolgica y sociolgica. Esta pos i -b i l idad se basa en e l desar ro l lo real de nues t ro m u n d o social . La d e -f i n i c i n de d e m o c r a c i a de l a m u l t i t u d y de su p o d e r c o n s t i t u y e n t e requie re t ambin un punto de vista poltico capaz de reuni r en un m o m e n -to y un lugar d e t e r m i n a d o s e l p o d e r c o m n de la m u l t i t u d y su capa-c idad para t o m a r decis iones . Eso no significa q u e l o q u e h e m o s a r g u -m e n t a d o desde los p u n t o s de vista o n t o l g i c o y s o c i o l g i c o sea s i m p l e m e n t e secundar io o irrelevante. U n o de los errores ms graves q u e c o m e t e n los t e r icos de la pol t ica es e l de cons idera r e l p o d e r c o n s t i -t uyen te c o m o un acto p u r a m e n t e pol t ico y separado del ser social exis-t en te , m e r a creatividad i rracional , e l p u n t o oscuro de no se sabe q u e x -

    398

    Material reproducido por fines acadmicos, prohibida su reproduccin sin la autorizacin de los titulares de los derechos.

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Nota adhesiva

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Resaltado

    Usuario7Nota adhesiva

  • DEMOCRACIA

    pres in v io lenta del poder . Car i Schmi t t , c o m o todos los pensadores fas-cistas y reacc ionar ios de los siglos x i x y x x , s i e m p r e t r a t de e x o r -cizar as e l p o d e r cons t i tuyen te , c o n un e s t r e m e c i m i e n t o de m i e d o . Sin e m b a r g o , el p o d e r cons t i tuyen te es ot ra cosa t o t a l m e n t e distinta: es u n a dec is in q u e surge del p roceso o n t o l g i c o y social del trabajo p r o d u c -t ivo; e s u n a fo rma ins t i tuc ional q u e desarrolla un c o n t e n i d o c o m n ; es un desp l iegue de fuerza q u e def iende e l avance h i s t r i co de la e m a n -c ipac in y la l iberac in; es, en r e s u m e n , un ac to de amor .

    No parece que hoy da sea posible e n t e n d e r e l a m o r c o m o c o n c e p t o po l t i co , a u n q u e sea p rec i s amen te u n c o n c e p t o del a m o r l o q u e n e c e -s i tamos para c o m p r e n d e r e l p o d e r cons t i tuyente de la mu l t i t ud . El c o n -c e p t o m o d e r n o del a m o r queda r educ ido , casi en exclusiva, a l m b i t o de la pareja burguesa y a los confines claustrofbicos de la familia n u -clear. E l a m o r se ha conver t ido en un asunto es t r ic tamente pr ivado. N e -c e s i t a m o s u n c o n c e p t o del a m o r ms g e n e r o s o y m e n o s res t r ic t ivo . N e c e s i t a m o s r ecupe ra r la c o n c e p c i n pbl ica y pol t ica del amor , c o -m n a las t r ad ic iones p r e m o d e r n a s . El cr i s t ianismo y el j u d a i s m o , p o r e jemplo , c o n c i b e n e l a m o r c o m o un acto pol t ico q u e const ruye l a m u l -t i tud . A m a r significa e x a c t a m e n t e q u e nuestros e n c u e n t r o s expansivos y con t inuas co l aborac iones nos p r o p o r c i o n a n e l goce . N o hay nada n e -cesa r i amen te metafsico en el a m o r a D i o s de los crist ianos y los j u d o s : t a n t o e l a m o r de D i o s hacia l a h u m a n i d a d c o m o e l a m o r de l a h u m a -n idad p o r D i o s se expresan y e n c a r n a n en e l p royec to po l t i co mate r ia l c o m n de la m u l t i t u d . D e b e m o s r ecupe ra r h o y este sen t ido mate r ia l y po l t i co del a m o r , un a m o r q u e e s tan fuerte c o m o l a m u e r t e . Es to no significa q u e u n o no p u e d a a m a r a su mujer , a su m a d r e y a sus h i -jo s ; significa n i c a m e n t e q u e su a m o r no t e r m i n a ah , s ino q u e sirve de base para nues t ros proyectos pol t icos c o m u n e s y para la c o n s t r u c c i n de u n a nueva soc iedad . Sin ese amor , no s o m o s nada .

    Es te p r o y e c t o pol t i co de la m u l t i t u d , sin e m b a r g o , d e b e hallar un c a m i n o para enfrentarse a las cond i c iones de nuestra realidad c o n t e m -p o r n e a . S u p r o y e c t o d e a m o r p u e d e p a r e c e r fuera d e lugar e n u n m u n d o c o m o e l nues t ro , en d o n d e e l o r d e n g loba l se f u n d a m e n t a y l eg i t ima su p o d e r p o r m e d i o de la guer ra , q u e degrada y suspende t o -dos los m e c a n i s m o s d e m o c r t i c o s . La crisis de la d e m o c r a c i a no se c i r -

    399

    Material reproducido por