Industria Cultural e o Cinema

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O Cinema e a Industria Cultural Como a industria cinematográfica vem sendo usada para forjar ideais e implicitamente ou explicitamente manipular a massa.

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A relação do cinema e da industria cultural.

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O Cinema e a Industria Cultural

Como a industria cinematográfica vem sendo usada para forjar ideais e implicitamente ou explicitamente

manipular a massa.

Uma breve introdução

• O Cinema (do grego: κίνημα - kinema "movimento") é uma técnica desenvolvida a partir de inventos dos irmãos Lumière, no final do século XIX. Essa técnica consiste de um processo onde algumas imagens/fotos sequenciadas criam um aspecto de movimento, dando a impressão de que vários quadros compõe um único filme.• Hoje a indústria cinematográfica(principalmente a

americana) é responsável pelo tráfego de bilhões de dólares no mundo todo, sendo ela uma das grandes dissipadoras de "cultura" de massa, acusada muitas vezes de hegemonizar os costumes e valores de diversas sociedades.

Há algum tempo...

• A invenção dos irmãos Lumière vem sendo um mecanismo de propaganda e adentrou o ciclo de anúncios de novos produtos, marcas, conceitos, padrões de vida, tanto estéticos como de pensamento, enfim, um mar de novas modas vem sendo inseridas graças à participação da industria do cinema na vida das pessoas.• Existem também, movimentos "alternativos" quando se

fala de cinema, como produções independentes, filmes críticos, documentários, roteiros mais reflexivos e menos carregados de ideários de consumo.

Alguns exemplos, mas antes...

• "Um filme de Hollywood já não é mais somente um filme, mas também um item da programação de televisão ou um disco óptico digital. Ele também pode se tornar um álbum com a trilha sonora original ou um videogame, enquanto seus personagens ou logotipos podem ser licenciados para usos em merchandise e parcerias promocionais como, por exemplo, em brinquedos e itens de vestuário e alimentícios. Tudo isso sugere que o filme de Hollywood é hoje um produto disperso e fragmentado, assumindo tantas formas que o filme em si desaparece." (MCDONALD,Paul e WASKO,Janet. 2007, p. 5)

Jud Süss (Alemanha, 1940)

• O filme Jud Süss não tem como intuito a transmissão de princípios consumistas, porém a sua função é de manipulação da massa alemã, que nos anos 40 vivia em plena 2ª G.M. . O filme, criado pelo Ministro da Propaganda do Reich, Joseph Goebbels, foi imensamente disseminado pelo país. Cultivando o ideal nazista, a obra que retratava o povo judeu de forma deturpada, buscou implantar na consciência da população o antissemitismo.• O filme atingiu o incrível número de 20

milhões de espectadores, segundo o governo alemão, um número incrívelmente alto para um país que passava pela guerra.

Homem-Aranha (EUA)

• A série de filmes baseadas em quadrinhos americanos do século passado retratam alguns aspéctos da consciêncientização da massa. A Marvel Comics, a maior empresa de revista em quadrinhos é famosa por criar personagens em sua maioria caucasianos, "bonitões" e de boa índole. Essas características evidenciam alguns valores tipicamente ocidentais, seguindo assim,o idealismo americano. Geralmente os personagens se veêm enfrentando desde soviétes, terroristas e alienigenas até as mais diversas aberrações científicas. Temas estes que remetem muitas vezes à Guerra Fria.

• Os filmes que se baseiam em hq's, normalmente, dão margem para a criação de diversos outros produtos, como brinquedos, séries, clubes, revistas, enfim, toda uma nova cultura acaba se formando em torno das histórias.

"FILMES DISNEY"

• Filmes da Walt Disney são grandemente conhecidos por seus roteiros meigos e fantásticos, que impressionam a todos. Com uma estrutura muito similar em quase todos os filmes, a Disney mantem a sua tradição a quase 100 anos.• Seus primeiros filmes foram: Branca de Neve, Pinóquio,

Bambi, Dumbo, Alô Amigos, entre outros.• Seguindo a lógica capitalista, o intuito da maioria dos filmes

Disney é de mexer com o sentimento do público, sempre com uma moral da história semelhante, as obras seguem uma linguagem simplista e de fácil entendimento, com isso os filmes conquistam a mentalidade popular e o poder de manipulação destes.

A Barbie, um dos principais produtos

materiais cuja Disney é dona, vem sido

fabricada pela Mattel a mais de 50 anos.Com um corpo

delineado e "perfeito", a boneca já teve

diversas versões e quase sempre segue, novamente falando, o padão ocidental: salto

alto, panturrilhas plásticas, coxas

plásticas, barriga fina, peitos duros, dentes branquiíssimos, nariz fino, olhos azulados e

cabelo louro.

O Ken. É uma versão

masculina da Barbie, segue

quase os mesmos

conceitos: sarado,

malhado, olhos claros, etc.

Onde há fumaça, há manipulação.

• Durante a década de 50 até os anos 80, o uso do cigarro e do alcool foi difundido e estimulado pela cultura cinematográfica. Com aspectos de glamour e luxo, o tabagismo foi tratado como um hábito saudavel, pois criava uma sensação de bem-estar e uma padrão estético. Vinculado ao poder, à sensualidade, ao prazer e à fama, o uso destes artigos foram, com o passar dos anos, perdendo espaço para outras manias advindas da indústria cultural. Jovens e adultos sempre foram os alvos da industria, e deve-se a ela uma parcela de culpa no hábito de fumar adquirido por grande parte da população mundial.

Os que nadam contra a maré

• Obstante a todos esses casos , cujo potencial crítico e positivo esta limitado à doutrina do consumo, temos filmes que são feitos para a reflexão e aprofundamento , alguns contam histórias, outros documentam fatos, tem aqueles que ficcionam mas ao mesmo tempo educam, temos os pedagógicos, os subversivos. Existem diversos tipos de obras que vão de contra os valores ditados pela lógica instrumentalizante que, infelizmente, vem sido dada ao cinema.

Chaplin e a modernidade

• Charlie Chaplin soube retratar com brilhantismo, no filme "Tempos Modernos", a situação pela qual passava o homem com o advento da Revolução Industrial. Sem dúvida, a invenção da máquina a vapor foi o primeiro passo para uma transformação assustadora que mais adiante se refletiria na vida do homem. Essa invenção tão significativa para a história da humanidade desencadeou não só uma revolução tecnológica, mas também, uma revolução de hábitos, costumes e valores humanos.

• A busca incessante de acúmulo de bens e valores financeiros pelos homens de negócio, aliada aos benefícios da ciência e da técnica, fez com que tudo se transformasse como num passe de mágica. Repentinamente, o homem deixou de ser artesão para tornar-se operário de fábrica. Isto significou a perda de seu poder (ou direito) sobre o trabalho: ele deixou de ser livre para ser explorado. Como artesão, o homem podia entender todo o processo de fabricação de um produto. Além disso, o artesão tinha a vantagem de trabalhar em sua própria casa, fazendo seu trabalho de acordo com a vontade e os desejos de seus "clientes". O trabalho não era estressante, era recompensador e digno. Poderia-se dizer que o inconveniente era a demora na execução do trabalho pelo artesão, que trabalhava geralmente sozinho.

• Não podemos negar que a Revolução Industrial provocou igualmente mudanças importantes para a sociedade e para o homem. As relações de vida e trabalho das pessoas transformaram-se significativamente. E foram muitas!. Com a descoberta do excedente pelo homem, teve início todo o processo de transformações sociais. A partir desse momento, o homem começou a viver sem fronteiras e sem limites, como se tudo justificasse a obtenção de mais e mais dinheiro. Aliás, o lema, desde então, passou a ser: ter, seja o que for, a qualquer preço.

O Cinema Novo

• É um movimento cinematográfico brasileiro, influenciado pelo neo-realismo italiano, cujo principio estava no rompimento com os valores que estavam sendo propostos pelo cinema do país nas décadas de 30 até 60.• "Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça"• Cacá Diegues, Glauber Rocha, Ruy Guerra, Arnaldo Jabor, são os

principais nomes do cinema moderno. Abordando temas cuja intuito é muito mais filosófico do que de massificação, os filmes introduzem uma outra visão para o espectador, assuntos polêmicos, temídos pelas grandes mídias, pelos governos ditatoriais e pelo próprio consciente coletivo, suas obras são referencia para aqueles que buscam a sétima arte pela arte, pela pura katharsis aristotélica....ou não?!

Glauber Rocha(foto); banner de "deus e o diabo

na terra do sol"; "Deus é Brasileiro";

"Xica da Silva";"Casa de

Areia".

EnFim...

• Podemos observar como a manipulação por parte da industria, seja ela cinematográfica, alimenticia, musical, se faz presente em nossas vidas, no programa infantil de início de manhã, nos outdoors, na propaganda antes de começar um filme no cinema, no brinquedo que nós ganhamos depois de comer um "méquelanchefelis", ao observar os padrões estéticos ditados pela móda, numa infinidade de fatores que se entrelaçam em meio a vida urbana.

• o espectador, que a cada dia torna-se aficionado por novas estrelas e personagens dessa indústria. O que ocorre nesse cinema é que os filmes lançam tendências e chavões para a cultura de massa.• O cinema norte-americano sem dúvida revela os ditames da

sociedade norte-americana. Os filmes evidenciam o caráter nacionalista daquele país, que em grande parte dos filmes, surge o herói norte-americano para salvar o mundo de problemas que na maioria das vezes eles mesmos criaram, mostrando certa arrogância. São vários os filmes que podem ser citados nesse sentido, com a sempre presente figura do presidente dos EUA como o sábio, aquele que vai ditar os caminhos para a salvação da humanidade. Os valores da sociedade norte-americana estão em voga no cinema hollywoodiano, na tentativa de influenciar os povos emergentes, tentando mostrar que são os grandes exemplos para a sociedade mundial. O indivíduo das sociedades hipermodernas passa a olhar o mundo como se fosse cinema, este constituindo as lentes inconscientes pelas quais ele vê a realidade onde vive. O cinema tornou-se formador de um olhar global dirigido às esferas mais diversas da vida contemporânea.

• Criam-se ídolos teen, tornando os atores grandes ferramentas de sucesso e mercado. Fãs gritam histericamente por seus ídolos, querem fazer parte de suas vidas, querem tocar, cheirar e sentir. Os astros, por outro lado, influenciam erroneamente seus fãs, ao envolver-se com bebidas e drogas.

• Um grande representante de sucesso do cinema brasileiro atualmente é Tropa de Elite. Revelando a violência dos policiais cariocas, o Bope em meio às favelas cariocas, o filme usa e abusa dos palavrões e de cenas fortes. Um dos motivos de seu enorme sucesso está nas imagens criadas pelo diretor, que sabe como elas são importantes para conquistar o público. Nota-se, entretanto, que essa mesmo longa foi influenciado pelo estrondoso sucesso de Cidade de Deus (2002), que utiliza como cenário a favela carioca Cidade de Deus e o tráfico de drogas. Os produtores nacionais perceberam que as pessoas estão cada vez mais interessadas pela violência e por discussões que giram em torno dela.

• A sétima arte brasileira hoje não tem medo de mostrar ao mundo a realidade em que se encontra o país. Mas é evidente que ele também influencia o aspecto como a sociedade enxerga a situação apresentada na tela. Após o sucesso do primeiro Tropa de Elite, a imprensa passou a discutir as formas de trabalho do Bope em diversas matérias de jornal. Chavões como “pede pra sair” tornaram-se usados por grande parte da população, o que evidencia também o cinema brasileiro como influenciador de comportamento. Apesar do forte crescimento da televisão, o cinema ainda é um alicerce para a construção de valores para a cultura pós-moderna. As pessoas são aguçadas pelos sons, pelos signos visuais, pela moda.

Referências bibliográficas:

• wikipédia: Cinema Novo; Glauber Rocha; Carlos Diegues; Ruy Guerra; Cinema; Joseph Goebbels; Jud Süss; Marvel Comics.

• http://pt.slideshare.net/suelenmarcelo/guerra-fria-em-quadrinhos• http://www.telabr.com.br/noticias/2014/09/19/industria-cinematografica-injeta-

mais-de-r-19-bilhoes-por-ano-na-economia-do-pais-revela-pesquisa/• http://www.cenacine.com.br/?p=5273• http://50anosdefilmes.com.br/2012/jud-suss-ascensao-e-queda-jud-suss-film-

ohne-gewissen/• http://portacurtas.org.br/filme/?name=manipulacao_de_massa• BUTCHER, Pedro. Cinema brasileiro hoje. São Paulo: Publifolha, 2005 (Folha

Explica).• JAMESON, Fredric. Pós-modernismo. São Paulo: Ática, 2006.• LIPOVETSKY, Gilles; SERROY, Jean. A tela global: mídias culturais e cinema na era

hipermoderna. Porto Alegre: Sulina, 2009.