Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA...

90
1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL Larissa Vasconcellos Da Cas A QUALIDADE DAS HABITAÇÕES SOCIAIS FRENTE À ABNT NBR 15575-1/2013 REFERENTE AOS REQUISITOS DE FUNCIONALIDADE E ACESSIBILIDADE Santa Maria, RS 2017

Transcript of Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA...

Page 1: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Larissa Vasconcellos Da Cas

A QUALIDADE DAS HABITAÇÕES SOCIAIS FRENTE À ABNT NBR 15575-1/2013 REFERENTE AOS REQUISITOS DE FUNCIONALIDADE

E ACESSIBILIDADE

Santa Maria, RS 2017

Page 2: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

2

Larissa Vasconcellos Da Cas

A QUALIDADE DAS HABITAÇÕES SOCIAIS FRENTE À ABNT NBR 15575-1/2013

REFERENTE AOS REQUISITOS DE FUNCIONALIDADE E ACESSIBILIDADE

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Civil, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheira Civil.

Orientadora: Profª. Drª. Larissa Degliuomini Kirchhof

Santa Maria, RS 2017

Page 3: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

3

Larissa Vasconcellos Da Cas

A QUALIDADE DAS HABITAÇÕES SOCIAIS FRENTE À ABNT NBR 15575-1/2013 REFERENTE AOS REQUISITOS DE FUNCIONALIDADE E ACESSIBILIDADE

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Civil, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheira Civil.

Aprovado em 18 de janeiro de 2017:

_______________________________________ Larissa Degliuomini Kirchhof, Dr.ª (UFSM)

(Coordenadora/Orientadora)

________________________________________ Gabriela Meller (UFSM)

________________________________________ Rubens Matheus Corrêa Fagundes (URCAMP)

Santa Maria, RS 2017

Page 4: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

4

AGRADECIMENTOS

Simplesmente agradecer não é o suficiente para demonstrar todo o sentimento de

gratidão que atribuo aos meus pais, Gilson e Vera, que ao longo da minha vida acadêmica,

sempre incentivaram e apoiaram minhas decisões, estimulando a prosseguir em busca da

realização dos meus sonhos, mesmo quando surgiram dificuldades durante o caminho. Por

vocês, sempre terei o maior amor, respeito, carinho e gratidão.

À professora Larissa, pela orientação, confiança e conhecimentos compartilhados,

sempre com paciência e dedicação, tornando possível a conclusão deste trabalho.

Aos meus colegas de graduação, agradeço por todos os momentos compartilhados que

tornaram esta caminhada mais leve e divertida. Em especial às minhas colegas, Ticiana, Ane,

Carine e Paola, que me acolheram quando retornei ao curso de engenharia e sempre foram

minhas companheiras, tornando-se verdadeiras amigas que levarei pro resto da vida.

Principalmente a Ticiana, por todos os momentos compartilhados devido aos trabalhos e

estudos de faculdade.

As minhas queridas amigas do coração, Vitória, Gabriela, Natália, Giuliane e Ruth,

que sempre me apoiaram e incentivaram ao longo da engenharia, fazendo com que eu nunca

desistisse perante aos obstáculos. Em especial ao Matheus, a Gabriela e a Vitória, que tiveram

participação neste trabalho. A vocês, o meu muito obrigada.

Por fim, quero agradecer a todas as pessoas que contribuíram de alguma maneira para

a minha formação como engenheira civil e a realização deste trabalho.

Page 5: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

5

RESUMO

A QUALIDADE DAS HABITAÇÕES SOCIAIS FRENTE À ABNT NBR 15575-1/2013 REFERENTE AOS REQUISITOS DE FUNCIONALIDADE E ACESSIBILIDADE

AUTORA: Larissa Vasconcellos Da Cas ORIENTADORA: Profª. Larissa Degliuomini Kirchhof

O trabalho versa sobre os requisitos de habitabilidade estabelecidos pela NBR 15575 (ABNT,

2013) -Edificações Habitacionais – Desempenho, especificamente sobre os requisitos gerais

de funcionalidade e acessibilidade, verificados em um condomínio horizontal de interesse

social, localizado na cidade de Santa Maria, do Estado do Rio Grande do Sul. Para isso,

aprofundou-se o estudo sobre as habitações de caráter popular, o Programa Minha Casa

Minha Vida, à norma de desempenho e à qualidade da habitação. Destinou-se verificar se

existia correlação entre as exigências normativas de habitabilidade da norma e o grau de

satisfação dos usuários do condomínio horizontal estudado. As análises foram realizadas

aplicando-se o método de Avaliação Pós-Ocupação (APO), por meio de questionário, aos

proprietários das residências do condomínio e verificação do projeto arquitetônico seguida da

inspeção in loco das residências, segundo os requisitos gerais de funcionalidade e

acessibilidade da NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) e NBR 9050 (ABNT, 2015). Os resultados

obtidos mostraram que há correlação entre as exigências normativas de funcionalidade e

acessibilidade, previstas na NBR 15575-1 e o nível de satisfação dos usuários das unidades

habitacionais. Nota-se que a maioria dos itens preconizados pela norma foram atendidos na

fase de projeto das residências, o que de fato não acontece ao se analisar a realidade

construída no local, porém mesmo assim, os usuários que nelas habitam estão satisfeitos com

as características físicas e funcionais de suas casas.

Palavras-chave: NBR 15575-1/2013. Funcionalidade. Acessibilidade. Habitação de Interesse

Social. Programa Minha Casa Minha Vida.

Page 6: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

6

ABSTRACT

THE QUALITY OF SOCIAL HABITATIONS IN RESPECT OF ABNT NBR 15575-1 /

2013 CONCERNING THE REQUIREMENTS OF FUNCTIONALITY AND ACCESSIBILITY

AUTHOR: Larissa Vasconcellos Da Cas ADVISOR: Larissa Degliuomini Kirchhof

The work deals with the habitability requirements established by NBR 15575 (ABNT, 2013) -

Housing Buildings - Performance, specifically on the general requirements of functionality

and accessibility, verified in a horizontal condominium of social interest, located in the city of

Santa Maria, State of Rio Grande do Sul. For this, the study on the housing of popular

character, the My House My Life Program, the standard of performance and the quality of

housing was deepened. The aim was to verify if there was a correlation between the

normative requirements of habitability of the norm and the degree of satisfaction of the users

of the horizontal condominium studied. The analyzes were performed by applying the Post-

Occupancy Assessment (APO) method, through a questionnaire, to the owners of the

condominium residences and verification of the architectural project followed by the on-site

inspection of the residences, according to the general requirements of functionality and

accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The results

showed that there is a correlation between the normative requirements of functionality and

accessibility, provided for in NBR 15575-1 and the level of satisfaction of users of housing

units. It is noteworthy that most of the items recommended by the standard were met in the

residential design phase, which in fact does not happen when analyzing the reality built in the

place, but even so, the users that inhabit them are satisfied with the physical characteristics

and functional aspects of their homes.

Keywords: NBR 15575-1/2013. Functionality. Accessibility. Housing of social interest. My

House My Life Program.

Page 7: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

7

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Esquema da estrutura do trabalho .......................................................................... 18

Figura 02 - Modelo da planilha de medições dos serviços ....................................................... 24

Figura 03 - Esquema da sobreposição dos sistemas da Norma de Desempenho ..................... 28

Figura 04 - Estrutura da Norma de Desempenho ..................................................................... 30

Figura 05 - Desempenho ao longo do tempo ............................................................................ 39

Figura 06 - Localização do Loteamento Leonel Brizola .......................................................... 46

Figura 07 - Vista geral do Loteamento Leonel Brizola ............................................................ 47

Figura 08 - Unidade habitacional do condomínio Leonel Brizola ........................................... 48

Figura 09 - Planta baixa da residência do condomínio horizontal Leonel Brizola................... 49

Figura 10 - Sistema de aquecimento solar da unidade habitacional ......................................... 50

Figura 11 - Equipamentos de lazer, sociais e esportivos .......................................................... 51

Figura 12 - Cozinha da unidade habitacional visitada .............................................................. 66

Figura 13 - Sala de estar da unidade habitacional visitada ....................................................... 67

Figura 14 - Calçada rebaixada presente no condomínio........................................................... 68

Figura 15 - Planta baixa da unidade habitacional adaptada para PCR ..................................... 69

Figura 16 - Verificação das condições da residência quanto ao deslocamento de PCR .......... 70

Figura 17 - Banheiro da unidade habitacional adaptado à PCD ............................................... 71

Figura 18 - Verificação das condições de circulação para PCR no dormitório da residência .. 71

Page 8: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

8

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 - Faixa etária dos proprietários das residências do condomínio Leonel Brizola .... 55

Gráfico 02 - Distribuição do grau de escolaridade dos proprietários do condomínio Leonel

Brizola.................................................................................................................... 56

Gráfico 03 - Renda média mensal das famílias do condomínio Leonel Brizola ...................... 57

Gráfico 04 - Quantidade de pessoas ocupantes em casa residência do condomínio Leonel

Brizola.................................................................................................................... 58

Gráfico 05 - Distribuição de idades do condomínio Leonel Brizola ........................................ 58

Gráfico 06 - Dados sobre a opinião dos proprietários quanto ao tamanho dos cômodos da

residência ............................................................................................................... 59

Gráfico 07 - Dados sobre a opinião dos proprietários quanto à distribuição dos móveis nos

ambientes da residência ......................................................................................... 60

Gráfico 08 - Dados sobre a opinião dos proprietários quanto ao espaço para abrir e fechar

portas e janelas nos ambientes da residência ......................................................... 61

Gráfico 09 - Dados sobre a opinião dos moradores quanto às áreas de convivência e lazer para

as crianças .............................................................................................................. 62

Page 9: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

9

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Confronto entre as abordagens quantitativa e qualitativa na construção de

habitação .............................................................................................................. 27

Tabela 02 - Requisitos do usuário segundo a ISO 6241:1984 .................................................. 33

Tabela 03 - Vida útil de projeto ................................................................................................ 38

Tabela 04 - Móveis e equipamentos-padrão ............................................................................. 41

Tabela 05 - Dimensões mínimas de mobiliário e circulação .................................................... 42

Page 10: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

10

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 - Resumo do mobiliário exigido na NBR 15575-1 e verificação de conformidade 63

Quadro 02 - Resumo das dimensões do mobiliário exigido na NBR 15575-1 e verificação da

conformidade ....................................................................................................... 64

Page 11: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas AsBEA Associação dos Escritórios de Arquitetura APO Avaliação Pós-Ocupação BNH Banco Nacional da Habitação CBIC Câmara Brasileira da Indústria da Construção CEF Caixa Econômica Federal COBRACON Comitê Brasileiro de Construção Civil FAR Fundo de Arrendamento Residencial FINEP Fundo de Financiamento de Estudos de Projetos e Programas IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas ISO International Organization for Standardization OGU Orçamento Geral da União PMCMV Programa Minha Casa Minha Vida PCD Pessoa com Deficiência PCR Pessoa em Cadeira de Rodas PNHU Programa Nacional de Habitação Urbana PNHR Programa Nacional de Habitação Rural PMR Pessoa com Mobilidade Reduzida SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Rio Grande do Sul SINDUSCON Sindicato da Indústria da Construção Civil UHs Unidades Habitacionais VU Vida Útil VUP Vida Útil de Projeto

Page 12: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

12

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 14

1.1 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 15

1.2 OBJETIVOS ............................................................................................................... 16

1.2.1 Objetivo Geral .......................................................................................................... 16

1.2.2 Objetivos específicos................................................................................................. 16

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................... 17

2 HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL ............................................................. 19

2.1 HISTÓRICO DA HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL ................................... 19

2.2 PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA.......................................................... 22

2.2.1 Especificações mínimas do PMCMV ...................................................................... 24

3 DESEMPENHO DAS EDIFICAÇÕES .................................................................. 26

3.1 A IMPORTÂNCIA DO DESEMPENHO DA HABITAÇÃO - NBR 15575/2013 ... 26

3.2 HISTÓRICO ............................................................................................................... 32

3.3 ESTRUTURA DA NBR 15575 ................................................................................. 36

3.3.1 NBR 15575-1 - Funcionalidade e Acessibilidade ................................................... 40

3.3.1.1 Altura mínima de pé-direito ....................................................................................... 41

3.3.1.2 Disponibilidade mínima de espaços para uso e operação da habitação ................... 41

3.3.1.3 Adequação para pessoas com deficiências físicas ou pessoas com mobilidade

reduzida ...................................................................................................................... 44

3.3.1.4 Possibilidade de ampliação da unidade habitacional ............................................... 45

4 METODOLOGIA .................................................................................................... 46

4.1 ESTUDO DE CASO: RESIDENCIAL LEONEL BRIZOLA ................................... 46

4.2 METODOLOGIA DA APLICAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO ........................................ 52

4.3 MODELO ESTATÍSTICO UTILIZADO .................................................................. 53

5 ANÁLISE DE DADOS ............................................................................................. 55

5.1 DADOS SOBRE A FAIXA ETÁRIA DOS PROPRIETÁRIOS ............................... 55

5.2 DADOS SOBRE A ESCOLARIDADE DOS PROPRIETÁRIOS ............................ 56

5.3 DADOS SOBRE A RENDA MÉDIA DAS FAMÍLIAS ........................................... 56

5.4 DADOS SOBRE O TAMANHO DOS CÔMODOS E A DISTRIBUIÇÃO DOS AMBIENTES SOB O PONTO DE VISTA DOS MORADORES ............................ 59

5.5 DADOS SOBRE ÁREAS DE CONVIVÊNCIA E LAZER DO CONDOMÍNIO HORIZONTAL ESTUDADO SOB O PONTO DE VISTA DOS MORADORES .. 61

5.6 PROJETO ARQUITETÔNICO DAS UNIDADES HABITACIONAIS .................. 62

5.6.1 Inspeção in loco da funcionalidade e acessibilidade .............................................. 63

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 73

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 75

APÊNDICE A - AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO APLICADO NO RESIDENCIAL LEONEL BRIZOLA ................................................................... 79

APÊNDICE B – RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS: PARTE 1 ............. 82

APÊNDICE C – RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS: PARTE 2 ............. 83

APÊNDICE D – RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS: PARTE 3 ............. 84

Page 13: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

13

ANEXO A – ESPECIFICAÇÕES MÍNIMAS PARA CASA/SOBRADO DO PMCMV .................................................................................................................... 85

ANEXO B – PROJETO ARQUITETÔNICO DAS UNIDADES HABITACIONAIS DO RESIDENCIAL LEONEL BRIZOLA: PLANTA DE COBERTURA, PLANTA MOBILIADA E PLANTA TÉCNICA ...................... 89

ANEXO C – PROJETO ARQUITETÔNICO DAS UNIDADES HABITACIONAIS DO RESIDENCIAL LEONEL BRIZOLA: CORTES E FACHADAS .............................................................................................................. 90

Page 14: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

14

1 INTRODUÇÃO

Após décadas de baixo investimento em infraestrutura e em habitação, o país

reencontrou o progresso no ramo da construção civil. Segundo a Câmara Brasileira da

Indústria da Construção (CBIC), a indústria da construção brasileira vem modificando seus

parâmetros de qualidade em relação às construções residenciais, devido à evolução

tecnológica, ao crescimento do mercado da construção civil e ao amadurecimento da cadeia

produtiva. Trata-se de uma revolução conceitual sobre os requisitos mínimos de segurança,

conforto e desempenho para todas as edificações residenciais, acarretando em uma melhoria

para os usuários (CBIC, 2013).

O Governo Federal, em parceria com estados, municípios e empresas, tornou

concreto o sonho de muitas famílias brasileiras de adquirir a casa própria, através de projetos

como o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), implementado em 2009. Essa

estratégia governamental fez com que a parcela emergente da classe C pudesse financiar seu

imóvel, através da Caixa Econômica Federal (CEF), e assim adquirir o próprio imóvel,

aquecendo o mercado imobiliário nacional. Isso fez com que grandes incorporadoras e

construtoras tanto nacionais quanto estrangeiras, transformassem essa situação em um

grande nicho de mercado, no qual passaram a implementar loteamentos de interesse social,

com a aquisição de grandes áreas e a consequente construção de edificações em larga escala

(BATAGLIN, 2014).

Aliado às exigências da construção e do mercado, é necessário considerar a

importância da existência de um padrão mínimo habitável que atenda a todas as classes

sociais. Para isso, torna-se imprescindível fixar normas e conceitos no que diz respeito ao

projeto e à construção das habitações residenciais.

O conceito de desempenho nas edificações e seus sistemas vêm sendo estudados há

muito tempo no mundo todo, consolidando-se no meio acadêmico e técnico, na maioria dos

países desenvolvidos e em desenvolvimento. A busca pela racionalização e industrialização

dos sistemas construtivos, bem como a redução de custos e inovação tecnológica, associadas à

necessidade de muitos países de construir em larga escala para suprir déficits habitacionais

crescentes, passa pela discussão de qual desempenho se pretende obter para as edificações ao

longo de uma vida útil esperada (BORGES, 2008).

O resultado disso tornou-se definitivo em julho de 2013, com a implementação da

Norma de Desempenho de Edificações Habitacionais, da Associação Brasileira de Normas

Técnicas (ABNT) – NBR 15575/2013, que estabeleceu requisitos gerais mínimos

Page 15: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

15

relacionados à segurança da edificação e suas partes, bem como à habitabilidade e

sustentabilidade da edificação. A norma apresenta como novidade o conceito de

comportamento em uso de todos os componentes e sistemas das edificações, de modo que a

edificação necessite atender e cumprir os níveis de exigência dos usuários ao longo de sua

vida útil. Dessa maneira, a norma promove o amadurecimento e melhoria da relação de

consumo no mercado imobiliário, na medida em que todos os participantes da produção

habitacional, como projetistas, fornecedores de materiais, construtores, incorporadores e

usuários, tornam-se responsáveis pelo produto especificado e entregue. O resultado final é

uma mudança de cultura na engenharia habitacional e nos processos de criação, edificação e

manutenção, os quais deverão ser mais criteriosos desde concepção, definição e elaboração do

projeto até implicar no produto final.

Dessa forma, a norma busca o disciplinamento das relações entre os elos da cadeia

econômica, a redução das incertezas dos critérios subjetivos (perícias), a instrumentação do

Código de Defesa do Consumidor, o estímulo à redução da concorrência predatória e um

instrumento de diferenciação das empresas. Avaliar o desempenho dos sistemas construtivos

significa um grande avanço para o setor da construção civil, tornando-se assim um caminho

para a evolução de todos os que compõem essa cadeia produtiva (CBIC, 2013).

Um dos requisitos da norma, a habitabilidade, diz respeito às condições como os

indivíduos interagem com uma edificação. Confere à edificação a qualidade de ser habitável,

de modo que leva em conta o desempenho das habitações e o conforto dos usuários.

Parâmetros que permitem aferir tais condições, por exemplo: a estanqueidade à água, ar e

animais; os confortos termoacústico, lumínico, tátil e o antropodinâmico; a saúde, higiene e

qualidade do ar e a funcionalidade e acessibilidade, foco principal deste trabalho.

Visando essa temática, o presente trabalho faz uma revisão teórica da NBR 15575-1

(ABNT, 2013), segundo os requisitos gerais de funcionalidade e acessibilidade. Também será

proposto um estudo de caso em um loteamento de interesse social na cidade de Santa

Maria/RS, no qual foi aplicado um questionário de Avaliação Pós-Ocupação (APO) com

conseqüente análise, segundo os requisitos de habitalidade exigidos pela norma.

1.1 JUSTIFICATIVA

Tendo em vista à importância de se atingir e manter as exigências de conforto e bem-

estar dos usuários dentro das edificações residenciais ao longo do seu uso, somado a criação

Page 16: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

16

de programas de incentivo ao crédito imobiliário para a parcela menos favorecida da

população, por parte do governo federal, torna-se necessário estipular padrões mínimos

habitáveis de desempenho de forma igual para todos, de modo que não favoreça nenhuma

classe social. Surge, assim, a NBR 15575-1 (ABNT, 2013), com o intuito de fixar padrões

mínimos de qualidade no que se refere ao conforto, segurança e desempenho das habitações e

seus componentes, desde a fase de concepção e definição de projeto, passando pela sua

construção e conseqüente comportamento em uso,ao longo de sua vida útil desejada.

A existência de uma norma que avalie o desempenho de uma edificação e trate a

edificação como um produto depois de pronta é vantajosa e relevante, tanto para as

construtoras e incorporadoras como para os usuários, pois o conhecimento dos requisitos e

critérios estipulados pela norma são de extrema importância para quem atua na área da

construção civil. Neste contexto, a habitação de interesse social passa a ser o principal objeto

de estudo visto que representa o padrão mínimo habitável a ser atingido.

O critério para a escolha deste tipo de edificação para estudo (habitações de interesse

social) baseia-se na sua abrangência na cidade de Santa Maria bem como no Brasil como um

todo; na repercussão social; na repetitividade e contemporaneidade do projeto e construção,

não sendo, portanto, um objeto isolado, mas que está em ascensão em todo o país. Elegeu-

se,assim, um condomínio horizontal de caráter social, regido pelo PMCMV, o qual atinge

uma grande parcela da população santa-mariense que, levando em consideração sua renda

familiar, jamais conseguiriam obter uma moradia digna e própria para viver bem.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

O principal objetivo deste trabalho é o de avaliar a qualidade das habitações de um

condomínio de caráter social, localizado na cidade de Santa Maria/RS, baseado na NBR

15575-1 (ABNT, 2013), referente aos requisitos gerais de funcionalidade e acessibilidade.

1.2.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos desta pesquisa são:

i. Verificar a existência de correlação entre as exigências normativas de habitabilidade

da NBR 15575 (ABNT, 2013) e o grau de satisfação dos usuários de um loteamento de

Page 17: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

17

interesse social do PMCMV, por meio da aplicação de questionário, desenvolvido com

base no método de Avaliação Pós-Ocupação (APO);

ii. Comparar o projeto arquitetônico proposto coma inspeção in loco da unidade

habitacional, verificando quanto aos critérios de funcionalidade e acessibilidade da

NBR 15575-1 (ABNT, 2013);

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho se divide em seis capítulos. O primeiro consiste em uma breve introdução a

respeito do assunto que será abordado e discutido neste trabalho.

O segundo capítulo fala sobre a habitação de interesse social como um todo, desde a

sua origem até a sua importância da sua qualidade, descrevendo informações e aspectos do

PMCMV.

No terceiro capítulo são apresentados aspectos referentes à NBR 15575 (ABNT,

2013), bem como seu histórico, a importância da avaliação de desempenho das edificações e

um resumo dos itens de funcionalidade e acessibilidade.

No quarto capítulo é apresentado o estudo de caso referente a um condomínio de

interesse social na cidade de Santa Maria e a metodologia adotada no questionário de APO.

No quinto capítulo será realizada uma análise dos dados obtidos com a aplicação dos

questionários nas habitações, bem como os resultados obtidos com a inspeção in loco, em

relação aos critérios de funcionalidade e acessibilidade da Norma de Desempenho.

No sexto, e último capítulo, são apresentadas as principais conclusões, a partir dos

resultados obtidos. A Figura 01 mostra um esquema da estrutura do trabalho.

Page 18: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

Figura 01 - Esquema da estrutura do trabalho

Esquema da estrutura do trabalho

18

Page 19: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

19

2 HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL

Uma habitação digna é aquela que proporciona ao usuário um espaço adequado,

seguro, com iluminação e ventilação suficientes em prol da saúde e higiene, bem como infra-

estrutura básica e localização adequada em relação ao local de trabalho e aos serviços

essenciais. Sendo assim, a habitação de interesse social está associada diretamente à

necessidade de prover uma moradia urbana e digna aos setores menos favorecidos da

população, atendendo a todas essas necessidades citadas. Tal habitação pode ser provida pelo

setor público ou privado, para fins de venda ou aluguel aos seus moradores (LAY; REIS,

2010).

2.1 HISTÓRICO DA HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL

Segundo Rykwert (2004), a carência de habitações designadas à população de baixa

renda iniciou nas cidades da Inglaterra, para posteriormente ocorrer no restante da Europa. Na

metade do século XIX, como conseqüência da Revolução Industrial, as cidades britânicas já

haviam recebido grande quantidade de pessoas provenientes do meio rural, que se alojavam

em residências alugadas ou mesmo invadidas, muitas densamente ocupadas e em condições

precárias em termos de salubridade e tamanho (RYKWERT, 2004).

O artigo de François Béguin “As maquinarias inglesas do conforto” (BRESCIANI,

1991) discute a importância da introdução do conforto na vida da população carente. Segundo

ele, o conforto vem a ser uma disciplina sedutora que, uma vez oferecida, é capaz de produzir

mudanças nos hábitos e comportamentos da população de baixa renda. Com isso, a imagem

de uma habitação saudável e higiênica foi divulgada pelos setores dominantes como um

agente eficaz na formação e no controle do trabalhador urbano. Ao lado das pesquisas que

apontavam os perigos causados pelas habitações insalubres, médicos e higienistas

consideravam a possibilidade de implantar uma nova gestão na vida do trabalhador de baixa

renda. Desse modo, toda ideia vinculada à necessidade de moralização do trabalhador se

materializa no espaço de casa. As necessidades físicas e biológicas defendidas pelo saber

clínico, com relação ao conforto e bem-estar do homem, serviram de base para a formulação

de um projeto de organização de vida dos trabalhadores (BRESCIANI, 1991; CARPINTERO,

1997).

No Brasil, no final do século XIX, surgiu uma grande campanha de higienização e

moralização das classes mais pobres, visto que a elite brasileira começou a se interessar e

Page 20: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

20

prezar pela saúde e bem estar da população proletária, já que as epidemias originadas nos

aglomerados urbanos pobres se alastravam por toda a cidade. Assim, as moradias dos

trabalhadores sofreram alterações conforme ideais de higiene e economia que, segundo a

legislação da época, não podiam ser instaladas em locais nobres, ou seja, deveriam estar

situadas fora da aglomeração urbana (RUBIN; BOLFE, 2014).

A partir de 1930, a habitação de interesse social surge, no Brasil, como efeito da

demanda de um grande número de habitações, resultantes de migrações acentuadas do meio

rural para as cidades, principalmente em função da industrialização acelerada, assim como do

próprio crescimento significativo da população brasileira. O crescimento urbano acentuado se

manteve nas décadas seguintes, tanto pelo processo de substituição da mão-de-obra escrava

pelo trabalho livre quanto pelo aumento da industrialização, causando um surto urbano e

industrial que acabou modificando a estrutura de muitas cidades brasileiras. Isso resultou na

falta de moradias, provocando a proliferação de cortiços (construções amontoadas alugadas

para população de baixa renda) e habitações autoconstruídas de forma muito precárias, que se

instalavam normalmente nas periferias urbanas, e que, posteriormente, viriam a formar as

favelas (REIS; LAY, 2010). Nessa época, a produção habitacional estava ligada à iniciativa

privada, pois o Estado não possuía grande participação no setor habitacional até o período

Vargas (1930-1945).

Segundo Maricato (1997, p. 22),

As reformas urbanas, realizadas em diversas cidades brasileiras entre o final do século XIX e início do século XX, lançaram as bases de um urbanismo moderno à moda da periferia. Realizavam-se obras de saneamento básico para eliminação das epidemias, ao mesmo tempo em que se promovia o embelezamento paisagístico e eram implantadas as bases legais para um mercado imobiliário de corte capitalista. A população excluída desse processo era expulsa para os morros da cidade.

No período Vargas (1930-1945), chegou-se a conclusão de que a iniciativa privada

não era capaz de enfrentar os problemas da habitação social e, desse modo, a intervenção

pública se fazia necessária. Então, criou-se a ideia de que o Estado era o responsável por

garantir condições dignas de moradia para a população e, para isso, era imprescindível o

investimento em recursos públicos e fundos sociais. Assim, a habitação passou a ser símbolo

da valorização do trabalhador e afirmação de que a política de auxílio aos brasileiros era

efetiva, com o objetivo de viabilizar a casa própria ao trabalhador de baixa renda (RUBIN;

BOLFE, 2014).

Page 21: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

21

Conforme Bonduki (1998, p.12),

[...] o objetivo dos governos desenvolvimentistas era estimular a criação de uma solução habitacional de baixo custo na periferia, visto ser ela conveniente para o modelo de capitalismo que se implantou no país a partir de 1930, por manter baixos os custos de reprodução da força de trabalho e viabilizar o investimento na industrialização do país.

Foi realizado na cidade de São Paulo, em 1931, o I Congresso de Habitação, no qual

foram tratados assuntos como a importância da redução dos custos da moradia, a fim de que a

população mais carente tivesse acesso a terra. Além disso, discutiu-se a questão do

crescimento horizontal das cidades, que provoca altos custos de urbanização e manutenção de

serviços para os cofres públicos, e medidas para combater a especulação e redução de custos

(RUBIN; BOLFE, 2014).

Surge assim, a necessidade de construção de um grande número de habitações de

interesse social para uma parcela expressiva da população, a qual não possuía recursos

financeiros para adquirir uma moradia comercializada pelo setor privado.

Abiko (1995) defende que:

A habitação popular não deve ser entendida meramente como um produto e sim como um processo, uma dimensão física, mas também como resultado de um processo complexo de produção com determinantes políticos, sociais, econômicos, jurídicos, ecológicos e tecnológicos.

Com isso, o autor propõe que a habitação não se restrinja apenas à unidade

habitacional, ou seja, além de conter um espaço confortável, seguro e salubre, é necessário

que esta seja analisada de forma mais abrangente (ABIKO, 1995), isto é:

- Serviços urbanos: atividades desenvolvidas no âmbito urbano, que atendam as

necessidades coletivas de abastecimento de água, coleta de esgotos, distribuição de energia

elétrica, transporte coletivo, entre outros;

- Infraestrutura urbana: incluindo as redes de distribuição de água e coleta de esgotos,

redes de drenagem, redes de distribuição de energia elétrica, comunicações, sistema viário,

entre outros;

- Equipamentos sociais: compreendendo as edificações e instalações destinadas às

atividades relacionadas com educação, saúde, lazer, entre outros.

As intervenções do governo no setor da habitação começaram no Governo Getúlio

Vargas e, desde então até os dias de hoje, foram realizadas várias tentativas por parte do

estado a fim de reduzir o déficit habitacional brasileiro. Dentre as primeiras medidas tem-se: o

Page 22: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

22

Instituto de Aposentadoria e Previdências (1930), a Fundação Casa Popular (1946) e a Lei do

Inquilinato (1942). Em 1964, foi criado o Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e com ele,

como agente operador, o Banco Nacional da Habitação (BNH). Em 1986, com a extinção do

BNH, a CEF se tornou agente operadora da habitação. Deste período até 2003, quando foi

criado o Ministério das Cidades, o controle das políticas habitacionais ficou sobre o comando

dos estados e municípios. Em 2004, foi criado a Política Nacional de Habitação e o Sistema

Nacional de Habitação e, em 2008, o PMCMV, o qual está vigente até o momento e é

discutido neste trabalho (FERREIRA, 2009).

2.2 PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA

Em 2008, o Brasil apresentava um déficit habitacional estimado em cerca de seis

milhões de habitações. Somado a isso, havia uma demanda gerada pela formação de novas

famílias e uma necessidade de urbanizar um número elevado de assentamentos precários,

carentes de infraestrutura, além da deficiente inserção urbana. Desse modo, surge a

necessidade de universalizar o acesso à habitação condigna a todos os cidadãos brasileiros

(PEDRO, 2013).

O PMCMV, lançado em 2009 pelo Governo Federal do Brasil, surgiu com o intuito

de reduzir o déficit habitacional brasileiro, o qual era composto, na sua maioria, por famílias

com rendimento insuficiente para obterem uma habitação íntegra. O programa parte da

premissa que o acesso à moradia regular é condição básica para que famílias de baixa renda

possam superar suas vulnerabilidades sociais e alcançar sua inclusão efetiva na sociedade.

Nas circunstâncias de elevado déficit habitacional na qual o Brasil se encontrava, era

esperado que as respostas às carências quantitativas assumissem maior relevância, pois

possuíam vantagens imediatas para a economia e para a sociedade. Após serem superadas

essas necessidades, há um maior interesse e disponibilidade, por parte da sociedade, para

apostar e investir numa melhoria em termos de qualidade. Com isso, o programa surge com o

desafio de promover a construção de habitação em quantidade, garantindo sua qualidade e

mantendo um custo reduzido (PEDRO, 2013).

O programa foi criado pela Medida Provisória nº 459, de 25 de março de 2009,

regulamentado pelo Decreto nº 6.819, de 13 de abril de 2009 e transformado na Lei nº

11.977, de 7 de julho de 2009, sofrendo alterações posteriores pela Lei 12.424, de 16 de

junho de 2011. Gerido pelo Ministério das Cidades e executado pela CEF, o programa possui

a finalidade de instituir mecanismos de incentivo à produção e aquisição de novas unidades

Page 23: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

23

habitacionais, permitindo, assim, que milhares de famílias brasileiras, com rendimento

reduzido, tenham o acesso à casa própria, gerando mais emprego e renda, por meio do

aumento dos investimentos no ramo da construção civil (PEDRO, 2013).

Segundo Bataglin (2014, p.40),

Os indicadores socioeconômicos do Ministério das Cidades mostram que o PMCMV gerou emprego, renda e tributos nos últimos anos, por meio do desenvolvimento da cadeia produtiva do setor da construção civil. Os números apontam que a cada R$ 1 milhão investidos no PMCMV, o governo federal mantém ativos trinta e dois postos de trabalho. Esse investimento gera uma renda adicional de R$ 774 mil, de forma direta e indireta, na construção civil e demais setores, como agricultura, pesca, entre outros. Com investimento de R$ 193 bilhões, o PMCMV sustentou cerca de 1,3 milhão de postos de trabalho em 2013, o que representa 2,6% da força de trabalho formal da economia brasileira.

O programa tem como prioridade as famílias com rendimento não superior a três

salários mínimos, porém também abrange famílias com rendimento não superior a dez salários

mínimos.

As obras podem iniciar assim que o projeto for aprovado, sendo que, a cada etapa

atingida do cronograma, a empresa deve apresentar uma planilha modelo (Figura 02) de

medição dos serviços executados, para, em seguida, a CEF realizar uma vistoria para

conferir a execução da obra e a qualidade dos serviços. A liberação da verba é feita somente

após a constatação da execução satisfatória dos serviços previstos e atendimento dos

requisitos documentais. Caso ocorram problemas nos itens citados, devem ser feitas as

devidas correções para que a execução da obra possa prosseguir para as etapas seguintes.

Como citado no capítulo anterior, a CEF teve participação efetiva na elaboração do

conjunto normativo NBR 15575 (ABNT, 2013), contribuindo nas comissões de estudo

devido a sua experiência de anos como líder do mercado de financiamento imobiliário, e na

sua implantação, passando a ser agente de incentivo do uso da norma e incluindo-a aos

poucos nos seus programas a plena adoção das exigências desse novo instrumento de

controle da qualidade das edificações.

A CEF, como agente principal da política habitacional do Governo Federal, investe

em vários programas de apoio e desenvolvimento da qualidade em diversas áreas,

especialmente na produção de habitações, infraestrutura, planejamento e desenvolvimento

urbano. Assim, com o apoio do Ministério das Cidades e da CBIC, a CEF estabeleceu um

cronograma de transição para o atendimento da Norma de Desempenho, que iniciou com

uma simples declaração de atendimento, passando pela apresentação de ensaios até chegar

ao atendimento pleno de seus termos, conforme apresentado a seguir.

Page 24: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

24

Figura 02 - Modelo da planilha de medições dos serviços

PLANILHA DE LEVANTAMENTO DE SERVIÇOS EXECUTADOS - EMPREENDIMENTOS

(HABITAÇÃO) Empreendimento: Construtora:

Localização: Resp. técnico:

Proponente: Objeto da medição:

TABELA DE PAGAMENTOS IDENTIFICAÇÃO DO OBJETO DA

MEDIÇÃO MEDIÇÃO

Item e

Discriminação

Valor do Serviço

Incidência

Quant. de Eventos Percentual Executado

Até período No Item Obra

Subitem do Serviço (R$) (%) Eventos Identificação da Medição anterior Período Acumulado Período Acumulado Global

% Período %Global

(R$) Período (R$) Acumulado

TOTAL DO ORÇAMENTO GLOBAL : 0,00 0,00

Os serviços medidos encontram-se efetivamente concluídos, estão em conformidade com os projetos e especificações aprovados e foram executados de acordo com as normas técnicas.

Construtora: Responsável técnico:

Fonte: Bataglin (2014).

2.2.1 Especificações mínimas do PMCMV

Todo o empreendimento construído no âmbito do PMCMV deve cumprir toda a

legislação aplicável ao local em que se implanta, além das condições definidas pela CEF.

Para os empreendimentos destinados a famílias com rendimento não superior a três salários

mínimos, a cartilha da CEF define especificações técnicas, segundo o Programa Nacional de

Habitação Urbana (PNHU).

Para a aprovação de um projeto dentro dos critérios do programa, devem ser

considerados os seguintes aspectos, de uma maneira geral:

a. A viabilidade e adequabilidade do terreno proposto para o empreendimento

(vocação, localização, características topográficas, socioeconômicas e ambientais,

valor, entre outros);

b. A disponibilidade de infraestrutura e equipamentos públicos existentes no entorno;

Page 25: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

25

c. Os custos de produção, tendo como referência os índices da construção civil

divulgados pelo Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção

civil (SINAPI);

d. As especificações mínimas, considerando o programa onde está inserida a proposta,

que pode ser Programa Nacional de Habitação Urbana (PNHU) e Programa

Nacional de Habitação Rural (PNHR);

e. Atendimento das diretrizes dos diversos agentes envolvidos (Prefeitura Municipal,

órgão ambiental, concessionárias de água, esgoto, energia e outros).

Segundo a Portaria N° 465 (2011), o Fundo de Arrendamento Residencial (FAR)

recebe recursos transferidos do Orçamento Geral da União (OGU) para a aquisição e

requalificação de imóveis, viabilizando a construção de Unidades Habitacionais (UHs) que

atendem ao déficit habitacional urbano para famílias com renda mensal de até R$ 1600,00.

A CEF, na qualidade de Agente Gestor do FAR, juntamente com o PNHU, estabelece

especificações técnicas mínimas para apartamentos, casas sobrepostas, village, sobrados e

casas. Neste trabalho, será apresentada somente a tabela referente às casas e sobrados, visto

que o objeto alvo do estudo de caso são residências térreas. A tabela presente no Anexo A

deste trabalho refere-se aos empreendimentos contratados com valor máximo de aquisição

da unidade, de acordo com a o item 8.4 do Anexo da Instrução Normativa N° 45, de 09 de

novembro de 2012.

Page 26: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

26

3 DESEMPENHO DAS EDIFICAÇÕES

Neste capítulo serão apresentados aspectos relacionados ao desempenho das

edificações, bem como à Norma NBR 15575 (ABNT, 2013), dando-se ênfase aos critérios de

“Funcionalidade e Acessibilidade”, referentes à habitalidade da edificação.

3.1 A IMPORTÂNCIA DO DESEMPENHO DA HABITAÇÃO - NBR 15575/2013

A NBR 15575 (ABNT, 2013) é um conjunto de normas regulatórias que, a partir de

2013, começou a ser utilizada em toda a cadeia produtiva da construção civil brasileira.

Definida para atender valores mínimos esperados em relação ao desempenho dos materiais,

aos procedimentos e às condições da habitação ao longo da vida útil de uma edificação, a

norma possui como foco o usuário (consumidor), cujos requisitos traduzem suas

necessidades, sob determinadas condições, durante a vida útil da edificação. Portanto, sua

principal característica é estar voltada ao comportamento global em uso, ou seja, aos efeitos a

serem produzidos pela edificação ao longo do tempo, não prescrevendo como devem ser

construídos nem orientando a escolha do sistema construtivo a ser adotado pelo projetista.

Antes da Norma de Desempenho, praticamente todas as normas da Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) destinadas à construção civil possuíam caráter

somente prescritivo, isto é, uma série de requisitos e critérios exigidos para um produto ou

procedimento específico, estabelecidos pelo seu uso consagrado ao longo do tempo, buscando

atender aos requisitos dos usuários de maneira indireta. Isso faz com que as normas

prescritivas sejam somente quantitativas, referentes aos produtos (partes de uma edificação),

sem a cobrança de resultados gerados por eles. Ao contrário das demais, a Norma de

Desempenho determina as necessidades dos usuários que a construção como um todo deve

atender, exigindo mais que uma prescrição simples. Portanto, ela é tanto qualitativa como

quantitativa e diz respeito ao funcionamento de sistemas inteiros (BATAGLIN, 2014).

Para elucidar a diferença entre as abordagens qualitativas e quantitativas na construção

da habitação, a Tabela 01 apresenta um quadro-resumo, confrontando-as segundo sua

importância no projeto e concepção, explicitando qual o objetivo final de cada uma.

Page 27: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

Tabela 01 - Confronto entre as abordagens quantitativa e qualitativa na construção de

habitação

Fonte: PEDRO (2013).

Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC, 2013),

Desempenho pode ser considerada como

de 157 normas prescritivas existentes, a qual coordena a execução das outras, uma vez que

estabelece critérios mais gerais de funcionamento das habitações. Assim, quando um

fabricante produzir um azulejo ou uma placa de gesso, por exemplo, ele deve seguir as

orientações das normas prescritivas, mas visando e obedecendo aos resultados de desempenho

do produto, uma vez que esses resultados serão fundamentais para o projetista definir o que

será usado na obra. Portanto, a nova norma não modifica nem substitui, mas complementa as

determinações normativas existentes (CBIC, 2013).

A norma possui o objetivo de qu

construção habitacional, estabelecendo uma nova maneira de pensar, especificar e elaborar os

mais variados projetos residenciais, enfatizando a necessidade do conhecimento do

comportamento em uso dos inúm

construtivos que compõem a edificação. Além disso, preocupa

à expectativa de vida útil, ao desempenho, à eficiência, à sustentabilidade e à manutenção

dessas edificações, inserindo, desse modo, o fator qualidade ao edifício entregue aos usuários.

A Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura do Rio Grande do Sul

(AsBEA-RS), publicou, em agosto de 2014, um caderno técnico sobre a Norma de

Desempenho, o qual ilustra claram

demonstra que a norma é o resultado da interação entre cada um dos sistemas especificados

pelos projetistas, o qual resultará no desempenho final obtido na edificação. Os requisitos

Confronto entre as abordagens quantitativa e qualitativa na construção de

ara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC, 2013),

pode ser considerada como a norma-mãe, ou seja, um guia remissivo para mais

de 157 normas prescritivas existentes, a qual coordena a execução das outras, uma vez que

ritérios mais gerais de funcionamento das habitações. Assim, quando um

fabricante produzir um azulejo ou uma placa de gesso, por exemplo, ele deve seguir as

orientações das normas prescritivas, mas visando e obedecendo aos resultados de desempenho

to, uma vez que esses resultados serão fundamentais para o projetista definir o que

será usado na obra. Portanto, a nova norma não modifica nem substitui, mas complementa as

determinações normativas existentes (CBIC, 2013).

ossui o objetivo de quebrar os vários paradigmas na cultura brasileira da

construção habitacional, estabelecendo uma nova maneira de pensar, especificar e elaborar os

mais variados projetos residenciais, enfatizando a necessidade do conhecimento do

comportamento em uso dos inúmeros materiais, componentes, elementos e sistemas

construtivos que compõem a edificação. Além disso, preocupa-se com questões relacionadas

à expectativa de vida útil, ao desempenho, à eficiência, à sustentabilidade e à manutenção

ndo, desse modo, o fator qualidade ao edifício entregue aos usuários.

A Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura do Rio Grande do Sul

RS), publicou, em agosto de 2014, um caderno técnico sobre a Norma de

Desempenho, o qual ilustra claramente a complexidade da norma (Figura 03). O esquema

é o resultado da interação entre cada um dos sistemas especificados

pelos projetistas, o qual resultará no desempenho final obtido na edificação. Os requisitos

27

Confronto entre as abordagens quantitativa e qualitativa na construção de

ara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC, 2013), a Norma de

mãe, ou seja, um guia remissivo para mais

de 157 normas prescritivas existentes, a qual coordena a execução das outras, uma vez que

ritérios mais gerais de funcionamento das habitações. Assim, quando um

fabricante produzir um azulejo ou uma placa de gesso, por exemplo, ele deve seguir as

orientações das normas prescritivas, mas visando e obedecendo aos resultados de desempenho

to, uma vez que esses resultados serão fundamentais para o projetista definir o que

será usado na obra. Portanto, a nova norma não modifica nem substitui, mas complementa as

ebrar os vários paradigmas na cultura brasileira da

construção habitacional, estabelecendo uma nova maneira de pensar, especificar e elaborar os

mais variados projetos residenciais, enfatizando a necessidade do conhecimento do

eros materiais, componentes, elementos e sistemas

se com questões relacionadas

à expectativa de vida útil, ao desempenho, à eficiência, à sustentabilidade e à manutenção

ndo, desse modo, o fator qualidade ao edifício entregue aos usuários.

A Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura do Rio Grande do Sul

RS), publicou, em agosto de 2014, um caderno técnico sobre a Norma de

ente a complexidade da norma (Figura 03). O esquema

é o resultado da interação entre cada um dos sistemas especificados

pelos projetistas, o qual resultará no desempenho final obtido na edificação. Os requisitos

Page 28: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

28

mínimos a serem atendidos dizem respeito à interação dos desempenhos implícitos nas

soluções adotadas, para cada parte da construção.

Figura 03 - Esquema da sobreposição dos sistemas da Norma de Desempenho

Fonte: ASBEA (2014).

Para cada exigência do usuário e condição de exposição da edificação, a norma

apresenta uma sequência de requisitos de desempenho (qualitativos), critérios de desempenho

(quantitativos) e respectivos métodos de avaliação. A relação de dependência entre os

critérios, requisitos e métodos é definida da seguinte forma

(http://www.pauluzzi.com.br/norma-nbr-15575-norma-de-desempenho.php):

Condições de exposição: são as condições externas ou decorrentes do uso a que estará sujeita a edificação ou um de seus sistemas. Podem ser englobadas: condições climáticas e do meio ambiente do local (como umidade, chuvas, temperaturas, ventos, poluição do ar ou do solo, ruído decorrente do tráfego, etc.), condições decorrentes do uso, como esforços e cargas colocadas pelo usuário (por exemplo, cargas de móveis, equipamentos, esforços de abrasão em conseqüência do tráfego intenso sobre um piso, batida de portas, etc.), contato e interação com outros subsistemas ou componentes (por exemplo, interação blocos de alvenaria com as peças de concreto da estrutura).

Page 29: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

29

Requisitos de desempenho:condições que expressam qualitativamente os atributos que a edificação habitacional e seus sistemas devem possuir, a fim de que possam atender aos requisitos do usuário, frente às condições de exposição a que estarão sujeitos ao longo de sua vida útil, como decorrência do local onde serão aplicados (condições de exposição). Critérios de desempenho:especificações quantitativas dos requisitos de desempenho, expressos em termos de quantidades mensuráveis, a fim de que possam ser objetivamente determinados. Ou seja, são os parâmetros que estabelecem os níveis de desempenho aos quais cada requisito deve atender, para fazer frente às condições de exposição. Métodos de avaliação: servem para verificar os requisitos de desempenho previstos na norma, considerando a realização de ensaios laboratoriais, ensaios de tipo, ensaios em campo, inspeções em protótipos ou em campo, simulações computacionais, cálculos analíticos e análise de projetos. Exigências dos usuários: são os requisitos gerais previstos na norma e são divididos em três grandes grupos: o primeiro relativo à segurança, o segundo à habitabilidade e o terceiro à sustentabilidade, cujos fatores são tratados como parte específica, além dos conceitos e definições, bem como as incumbências dos diversos intervenientes que, dada sua importância e relevância, foram tratados anteriormente de forma isolada.

De acordo com ASBEA (2014), a avaliação de desempenho tem a finalidade de

analisar a adequação ao uso de um sistema ou processo, independentemente da solução

adotada, se baseia na investigação sistemática, capaz de obter uma interpretação objetiva

sobre o comportamento de um sistema. Isso requer uma dupla base de conhecimentos,

devendo ser registrada por meio de fotografias, instrumentação, catálogos de produtos e

também de outras formas. A verificação deve ocorrer com base nos métodos de avaliação

ditados pela própria norma, baseando-se nas condições de época do projeto e execução do

empreendimento, executadas por pessoas, empresas ou entidades de reconhecida capacidade

técnica, devendo o relatório ser assinado pelo responsável pela avaliação (ASBEA, 2014).

A Figura 04 ilustra o modelo conceitual da Norma de Desempenho, de acordo com os

critérios, métodos e requisitos discutidos anteriormente.

Page 30: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

Figura 04 - Estrutura da Norma de Desempenho

Fonte: <http://cte.com.br/projetos/2013

Para uma maior compreensão da NBR 15575

ASBEA explica o que significa os requisitos, critérios e métodos de avaliação que aparecem

em todos os itens da norma. Assim:

• Requisitos: caracterdevem atender: o que se quer.• Critérios/premissas: grandes quantitativas que estabelecem padrões e níveis a serem atingidos: valor do que se quer/ condições específicas.• Métodos de avaliação: reanalíticas para mensuração clara do atendimento: como medir.

Segundo a NBR 15575

condições que expressam qualitativamente os atributos que

sistemas devem possuir, a fim de que possam atender aos requisitos do usuário [...]” enquanto

que critérios de desempenho, segundo o item 3.7 da norma, são “[...] especificações

Estrutura da Norma de Desempenho

http://cte.com.br/projetos/2013-04-29-cte-lanca-programa-de-capacitacao-para/

Para uma maior compreensão da NBR 15575 (ABNT, 2013), o caderno técnico do

ASBEA explica o que significa os requisitos, critérios e métodos de avaliação que aparecem

em todos os itens da norma. Assim:

Requisitos: características qualitativas que os materiais, componentes e sistemas devem atender: o que se quer.

Critérios/premissas: grandes quantitativas que estabelecem padrões e níveis a serem atingidos: valor do que se quer/ condições específicas.

Métodos de avaliação: realizados em forma de ensaios, simulações e verificações analíticas para mensuração clara do atendimento: como medir.

Segundo a NBR 15575-1 (ABNT, 2013, p.9), os requisitos de desempenho são “[...]

condições que expressam qualitativamente os atributos que a edificação habitacional e seus

sistemas devem possuir, a fim de que possam atender aos requisitos do usuário [...]” enquanto

que critérios de desempenho, segundo o item 3.7 da norma, são “[...] especificações

30

para/> (2016)

, o caderno técnico do

ASBEA explica o que significa os requisitos, critérios e métodos de avaliação que aparecem

ísticas qualitativas que os materiais, componentes e sistemas

Critérios/premissas: grandes quantitativas que estabelecem padrões e níveis a serem atingidos: valor do que se quer/ condições específicas.

alizados em forma de ensaios, simulações e verificações analíticas para mensuração clara do atendimento: como medir.

2013, p.9), os requisitos de desempenho são “[...]

a edificação habitacional e seus

sistemas devem possuir, a fim de que possam atender aos requisitos do usuário [...]” enquanto

que critérios de desempenho, segundo o item 3.7 da norma, são “[...] especificações

Page 31: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

31

quantitativas dos requisitos de desempenho, expressos em termos de quantidades

mensuráveis, a fim de que possam ser objetivamente determinados [...]”. Nota-se que a ideia

de requisito é qualitativa enquanto que a de critério é quantitativa.

A avaliação do desempenho de uma edificação extrapola as verificações de qualidade

dos materiais e técnicas construtivas empregadas em uma construção. A sua amplitude se dá

pelo fato de serem consideradas exigências dos usuários, assim como, o impacto da edificação

sobre o mesmo (SANTOS FILHO, 2015).

Uma vez que a qualidade é conceituada como adequação ao uso ou satisfação total dos

clientes externos e internos, o foco principal da NBR 15575 (ABNT, 2013) é o usuário final

do bem produzido. Um dos métodos de avaliação que tem servido de instrumento para medir

o grau de satisfação dos usuários é o chamado método de Avaliação Pós-Ocupação (APO).

Segundo Souza (2007),

A APO consiste em uma metodologia que possibilita a identificação do grau de satisfação do cliente final e dos fatores determinantes desse grau de satisfação. Viabiliza-se, assim, a revisão das etapas anteriores ao uso e a adoção de medidas corretivas nos próprios produtos avaliados ou ações preventivas, seja para novos projetos envolvendo todas as etapas do processo de produção.

Desse modo, a APO se refere a uma série de métodos e técnicas que diagnosticam

fatores positivos e negativos do ambiente no decorrer do uso, a partir da análise de fatores

socioeconômicos, de infraestrutura e superestrutura urbanas dos sistemas construtivos,

conforto ambiental, conservação de energia, fatores estéticos, funcionais e comportamentais,

levando em consideração o ponto de vista dos próprios avaliadores, projetistas e usuários.

Distingue-se das avaliações de desempenho tradicionais formuladas nos laboratórios dos

institutos de pesquisa, pois considera fundamental também aferir o atendimento das

necessidades ou o nível de satisfação dos usuários, sem minimizar a importância da avaliação

de desempenho físico ou clássica, fazendo análises, diagnósticos e recomendações a partir dos

objetos de uso, in loco, na escala e tempo reais (ROMÉRO; ORNSTEIN, 2003).

Para a aplicação da APO nas edificações, Roméro e Ornstein (2003, p. 85) julgam

relevantes que existam os seguintes blocos de perguntas:

a) caracterização do entrevistado, abrangendo nome, idade, escolaridade, profissão, renda familiar aproximada, número de integrantes por família, quantidade de membros por faixa etária, endereço, tempo de residência, local anterior de residência e tipo de moradia anterior;

Page 32: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

32

b) caracterização comportamental, que trata da qualidade da moradia anterior em relação à atual, no conjunto habitacional, focalizando a aparência do edifício, das áreas comuns livres, do centro de convivência e do próprio conjunto habitacional.

Outra questão relevante são as diferenças entre projeto concebido e projeto

construído. Sobre essa visão, a APO assume papel ainda mais importante, pois demonstra a

realidade, e não a concepção arquitetônica de forma virtual. Sobre os programas

habitacionais de interesse social, Roméro e Ornstein (2003, p. 27) afirmam que:

[...] têm-se adotado soluções urbanísticas [...] e construtivas repetitivas em larga escala, para atender uma população, via de regra, muito heterogênea, cujo repertório cultural, hábitos, atitudes e crenças são bastantes distintos já no próprio conjunto, e mais ainda em relação aos projetistas. No caso dos fatores positivos, estes devem ser cadastrados e recomendados para futuros projetos semelhantes [...]

A respeito da observação e levantamento in loco das edificações, Malard et al. (2002,

p. 265) explicam que:

A grande vantagem da abordagem fenomenológica é procurar ver e compreender o objeto tal qual ele se apresenta à nossa percepção. Com isso, conseguimos enxergar novos ângulos e perceber situações nunca imaginadas. Nesse aspecto, a abordagem fenomenológica é complementar os procedimentos consagrados nas metodologias de APO, pois, sendo exclusivamente interpretativa, oferece perspectivas avaliativas que as demais metodologias não abarcam.

3.2 HISTÓRICO

A tradução das necessidades dos usuários em requisitos e critérios, os quais possam

ser mensurados de modo objetivo, dentro de determinadas condições de exposição e uso, e

que sejam viáveis técnica e economicamente, dentro da realidade de cada sociedade, região ou

país, sempre foi um dos grandes desafios para a utilização da abordagem de desempenho na

construção civil (BORGES, 2008).

Em 1984, a Norma ISO 6241 (ISO, 1984) - Performance Standards in Building –

Principles for their preparation and factors to be considered (ISO 6241:1984 – Avaliação de

Desempenho em Edifícios) consolidou o conceito de desempenho internacionalmente, pois

instituiu a avaliação do desempenho nas edificações na fase pós-ocupação, permitindo que se

faça um confronto entre a especificação técnica e a satisfação do usuário com o produto final.

A partir dela, vários países elaboraram suas normas referentes à qualidade de produtos e

serviços, adaptando-a para a realidade de cada localidade. A série de normas ISO foi criada

pela Organização Internacional de Padronização, uma entidade internacional de normalização

Page 33: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

33

que lançou, em 1987, as normas da série 9000, voltadas para o Sistema de Qualidade. Estas

normas uniformizaram conceitos e padronizaram modelos para a garantia da qualidade,

fornecendo diretrizes para a implantação da gestão da qualidade nas organizações (SOUZA;

ABIKO, 1997). A Tabela 02 mostra uma lista de requisitos funcionais dos usuários da norma

ISO 6241 (ISO, 1984).

Tabela 02 - Requisitos do usuário segundo a ISO 6241

(continua)

CATEGORIA EXEMPLOS

1. Requisitos de

estabilidade.

Resistência mecânica a ações estáticas e dinâmicas, tanto individualmente

quanto em combinação. Resistência a impactos, ações abusivas intencionais

ou não, ações acidentais, efeitos cíclicos.

2. Requisitos de segurança

contra incêndio.

Riscos de propagação de incêndio. Efeitos psicológicos de fumaça e calor.

Tempo de acionamento de alarme (sistemas de detecção e de alarme). Tempo

de evacuação da edificação (rotas de saída). Tempo de sobrevivência

(compartimentalização do fogo).

3. Requisitos de segurança

em uso.

Segurança relativa a agentes agressivos (proteção contra explosões,

queimaduras, pontos e bordas cortantes, mecanismos móveis, descargas

elétricas, radioatividade, contato ou inalação de substâncias venenosas,

infecção). Segurança durante movimentação e circulação (limitação de

escorregamentos nos pisos,vias não obstruídas, corrimões, etc.). Segurança

contra a entrada indevida de pessoas e/ou animais.

4. Requisitos de vedação. Vedação contra a água (de chuva, de subsolo, de água potável, de águas

servidas, etc.). Vedação de água e de gás. Vedação de poeira e de neve.

5. Requisitos

térmicos e de

umidade.

Controle da temperatura do ar, da radiação térmica, da velocidade do ar e da

umidade relativa (limitação de variação em tempo e no espaço, resposta de

controles). Controles de condensação.

6. Requisitos de pureza do

ar. Ventilação. Controle de odores

Tabela 02 - Requisitos do usuário segundo a ISO 6241

Page 34: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

34

(conclusão)

CATEGORIA EXEMPLOS

7. Requisitos acústicos. Controle de ruídos internos e externos (contínuos e /ou intermitentes).

Inteligibilidade sonora. Tempo de reverberação.

8. Requisitos visuais.

Iluminação natural e artificial (iluminação necessária, estabilidade, contraste

luminoso e proteção contra luz muito forte). Luz solar (insolação).

Possibilidade de escuridão. Aspectos de espaço e de superfícies (cor, textura,

regularidade, nivelamento, verticalidade, horizontalidade, perpendicularidade,

etc.). Contato visual, internamente e com o mundo exterior (encadeamentos e

barreiras referentes à privacidade, proteção contra distorção ótica).

9. Requisitos táteis. Propriedades das superfícies, aspereza, secura, calor, elasticidade.

Proteção contra descargas de elasticidade estática.

10. Requisitos dinâmicos.

Limitação de vibrações e acelerações de todo o conjunto (transientes e

contínuas). Comodidade dos pedestres nas áreas expostas ao vento.

Facilidades de movimentação (inclinação das rampas, disposição dos degraus

de escadas). Margem de manobras (manipulação de portas, janelas, controle

sobre equipamentos, etc.).

11. Requisitos de higiene.

Instalação para cuidados e higiene do corpo humano. Suprimento de água.

Condições de feitura de limpeza. Liberação de águas servidas, materiais

servidos e fumaça.

Limitação de emissão de contaminantes.

12. Requisitos para a

conveniência de espaços

destinados a usos

específicos.

Quantidade, tamanho, geometria, subdivisão e inter-relação de espaços.

Serviços e equipamentos. Condições (capacidade) de mobiliamento e

flexibilidade.

13. Requisitos de

durabilidade.

Conservação (permanência) de desempenho em relação à necessária

vida útil de serviços sujeitos a manutenção regular.

14. Requisitos econômicos. Custos de manutenção, operacionais e de capital. Custos de demolição.

Fonte: BORGES (2010).

Page 35: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

35

No Brasil, a partir da década de 70, com a necessidade de suprir o déficit habitacional

brasileiro, surgiram novos sistemas construtivos como alternativas aos produtos e processos

tradicionais que vinham sendo utilizados, visando à racionalização e industrialização da

construção. De acordo com Gonçalves (2003, p. 43),

Ao mesmo tempo em que surgiam propostas de soluções inovadoras, revelou-se a necessidade de avaliá-las tecnicamente, com base em critérios que permitissem prever o comportamento do edifício durante sua vida útil esperada. A escassez de referências técnicas para esse tipo de avaliação restringiu a utilização dos novos sistemas na escala prevista. Por outro lado, a implementação de tecnologias ainda não suficientemente desenvolvidas ou adaptadas às necessidades nacionais levou, na maioria dos casos, a experiências desastrosas, com graves prejuízos para todos os agentes intervenientes no processo de construção, sendo transferidos aos usuários os problemas de patologia e os altos custos de manutenção e reposição advindos do uso de novos produtos, sem avaliação prévia.

Na tentativa de equacionar o problema da falta de normalização técnica brasileira e,

reconhecendo a necessidade de novas soluções tecnológicas que permitissem a construção de

edifícios em larga escala, o BNH, investiu em pesquisas visando à elaboração de critérios

para avaliar sistemas construtivos inovadores. O documento elaborado pelo Instituto de

Pesquisas Tecnológicas (IPT) para o BNH foi um dos primeiros no Brasil a se basear no

conceito de desempenho para avaliação de sistemas construtivos inovadores para habitação

(IPT, 1981).

A CEF, sucessora do BNH na gestão dos investimentos sociais em habitação,

juntamente com os agentes promotores da habitação, passaram a avaliar, por meio dos

requisitos, critérios e métodos de avaliação de desempenho mencionados anteriormente, as

inovações tecnológicas, aprovando ou não os sistemas construtivos para financiamento. A

CEF e o meio técnico identificaram a necessidade de harmonizar as referências desenvolvidas

até então sobre desempenho, com o intuito de fortalecer ainda mais o processo de avaliação.

Assim, em 1999, a CEF patrocinou, por meio do Fundo de Financiamento de Estudos de

Projetos e Programas (FINEP), a ABNT e o Comitê Brasileiro de Construção Civil

(COBRACON), um projeto para a formulação de uma norma que avaliasse a edificação como

um produto final independentemente do sistema construtivo e materiais empregados, ou seja,

avaliação do comportamento da edificação depois de entregue ao usuário. A coordenação do

projeto ficou a cargo do COBRACON, que juntamente com a colaboração de especialistas de

diversas áreas de conhecimento, iniciaram os estudos e a elaboração dos textos-base de cada

área (GONÇALVES, 2003).

Page 36: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

36

Foi realizada, em 2008, a primeira publicação da norma, válida para edificações

residenciais de até cinco pavimentos, a qual entraria em vigor até 12 de maio de 2010 e teria

um prazo de seis meses, a partir dessa data, para ser estabelecida. No entanto, a norma foi

motivo de muitas contestações, além de que muitos setores da construção desconheciam a

respeito da aplicabilidade da mesma. Diante disso, a norma entrou em vigor em 2008, mas sua

exigência foi postergada pela ABNT de modo que ainda não se aplicava aos

empreendimentos residenciais que estavam sendo projetados e construídos nesse período.

Assim, a comissão de estudos retomou os trabalhos para uma revisão do texto já publicado e

em março de 2012, os estudos foram concluídos, sendo encerrada a análise da consulta

nacional sobre os textos somente em novembro do mesmo ano. Finalmente, em julho de 2013,

a norma NBR 15575 (ABNT, 2013) entrou oficialmente em vigor, agora válida para todas as

edificações residenciais, caracterizada por um conjunto normativo que constitui um

importante marco para a modernização tecnológica das construções brasileiras, trazendo uma

melhoria na qualidade das habitações (BATAGLIN, 2014).

Tem-se assim, um grande avanço técnico e desafio em relação ao desempenho na

construção civil, que é a tradução das necessidades dos usuários em requisitos e critérios, os

quais possam ser mensurados de modo objetivo, dentro de determinadas condições de

exposição e uso, além de viável técnica e economicamente, dentro da realidade de cada

região.

3.3 ESTRUTURA DA NBR 15575

A NBR 15575 (ABNT, 2013a; 2013b; 2013c; 2013d; 2013e; 2013f), a qual ficou

conhecida como Norma de Desempenho, é um conjunto normativo estruturado em seis partes:

- Parte 1: Requisitos gerais;

- Parte 2: Requisitos para os sistemas estruturais;

- Parte 3: Requisitos para os sistemas de pisos;

- Parte 4: Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas;

- Parte 5: Requisitos para os sistemas de coberturas;

- Parte 6: Requisitos para os sistemas hidrossanitários.

Cada parte da norma foi organizada por elementos da construção, percorrendo uma

sequência de exigências relativas à segurança (segurança estrutural, segurança contra ao fogo,

Page 37: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

37

segurança no uso e operação), habitabilidade (estanqueidade, desempenho térmico,

desempenho acústico, desempenho lumínico, saúde, higiene e qualidade do ar, funcionalidade

e acessibilidade, conforto tátil e antropodinâmico) e sustentabilidade (durabilidade,

manutenibilidade e impacto ambiental).

Para todos os critérios incluídos na normativa, foi estabelecido um patamar mínimo de

desempenho, designado pela letra “M”, o qual deve ser obrigatoriamente atingido pelos

diferentes elementos e sistemas de construção. Para alguns critérios (desempenho térmico,

lumínico e acústico) são indicados outros dois níveis de desempenho, sem caráter obrigatório:

intermediário (I) e superior (S). Estes são encontrados no Anexo E (informativo) da norma.

A Parte 1 da Norma, designada Requisitos Gerais, estabelece os requisitos e critérios

de desempenho que se aplicam aos edifícios habitacionais, como um todo integrado, e que

podem ser avaliados de forma isolada para um ou mais sistemas específicos. Os sistemas

foram analisados em termos de desempenho mínimo obrigatório para os requisitos dos

usuários, seguindo as diretrizes da Norma ISO 6241 (ISO, 1984) apresentados na Tabela 02

(ABNT, 2013a).

Para uma melhor compreensão da norma, algumas premissas e conceitos devem ser

esclarecidos, tais como: vida útil (VU), vida útil de projeto (VUP), prazo de garantia

contratual e prazo de garantia legal.

Vida útil: período de tempo em que um edifício e/ou seus sistemas se prestam às atividades para os quais foram projetados e construídos, com atendimento dos níveis de desempenho previstos pela Norma, considerando a periodicidade e a correta execução dos processos de manutenção especificados no respectivo manual de uso, operação e manutenção (ABNT, 2013a p.10). Vida útil de projeto: período estimado de tempo para o qual um sistema é projetado, a fim de atender aos requisitos de desempenho estabelecidos pela Norma, considerando o atendimento aos requisitos das normas aplicáveis, o estágio de conhecimento no momento do projeto e supondo o atendimento da periodicidade e correta execução dos processos de manutenção especificados no respectivo manual de uso, operação e manutenção (ABNT, 2013a p. 10). Prazo de garantia contratual: período de tempo, igual ou superior ao prazo de garantia legal, oferecido voluntariamente pelo fornecedor (incorporador, construtor ou fabricante) na forma de certificado ou termo de garantia ou contrato, para que o consumidor possa reclamar dos vícios aparentes ou defeitos verificados na entrega de seu produto. Este prazo pode ser diferenciado para cada um dos componentes do produto, a critério do fornecedor (ABNT, 2013a p.9). Prazo de garantia legal: período de tempo previsto em lei que o comprador dispõe para reclamar dos vícios (defeitos) verificados na compra de produtos duráveis (ABNT, 2013a p. 9).

Page 38: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

38

Pela Norma de Desempenho, construtor, incorporador e projetista, indiscutivelmente,

responsabilizam-se pelo prazo de garantia oferecido, já que a norma indica o tempo de vida

útil para cada elemento, desde que o programa de manutenção seja seguido. A vida útil de

projeto é definida pelo incorporador e projetista e, segundo a NBR 15575 (ABNT, 2013),

pode ser entendida como uma definição prévia da opção do usuário pela melhor relação

custo global versus tempo de usufruto do bem (o benefício).

A Tabela 03, retirada do anexo C da parte 1 da norma, mostra que, para cada sistema

da edificação, há uma estimativa para a vida útil de projeto, que deve ser adotada visando o

padrão construtivo da edificação.

Tabela 03 - Vida útil de projeto

Sistemas VUP (anos)

Mínimo Intermediário Superior

Estrutura ≥50 ≥63 ≥75

Pisos internos ≥13 ≥17 ≥20

Vedação vertical externa

≥40 ≥50 ≥60

Vedação vertical interna

≥20 ≥25 ≥30

Cobertura ≥20 ≥25 ≥30

Hidrossanitário ≥20 ≥25 ≥30

Fonte: ABNT (2013a).

Segundo a ABNT (2013),

A durabilidade do edifício e de seus sistemas é um requisito econômico do usuário, pois está diretamente associado ao custo global do bem móvel. A durabilidade de um produto se extingue quando ele deixa de atender as funções que lhe foram atribuídas, quer que seja pela degradação que o conduz a um estado insatisfatório de desempenho, quer seja por obsolescência funcional. O período de tempo compreendido entre o inicio de operação ou uso de um produto e o momento em que o seu desempenho deixa de atender aos requisitos do usuário preestabelecidos é denominado vida útil.

Portanto, o termo durabilidade expressa o período de tempo esperado em que um

produto tem potencial de cumprir as funções a que foi destinado, em um patamar de

desempenho igual ou superior àquele predefinido. Para que isso ocorra, há necessidade de

correta utilização, bem como de realização de manutenções periódicas, de acordo com as

Page 39: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

39

recomendações do fornecedor do produto. Dessa maneira, há garantia de atingir a vida útil de

projeto desejada. A Figura 05, extraída do anexo C da parte 1 da norma, mostra a recuperação

do desempenho por ações de manutenção.

Figura 05 - Desempenho ao longo do tempo

Fonte: ABNT (2013a).

A Parte 2 da Norma, denominada Requisitos para os Sistemas Estruturais, explica que

o desempenho estrutural deve ser avaliado segundo o estado limite último (ELU) e o estado

limite de serviço (ELS), estabelecendo limites de estabilidade, resistência, deformações e

fissuração de todas as partes componentes do sistema estrutural das edificações habitacionais

bem como a indicação de métodos para mensurar os impactos que a estrutura deve suportar

(ABNT, 2013b).

Na Parte 3 da Norma, denominada Requisitos para os Sistemas de Pisos, são

instituídos requisitos técnicos de segurança para o usuário, resistência ao escorregamento,

resistência ao fogo, estanqueidade, desempenho acústico e durabilidade para os sistemas de

pisos, estando eles em ambientes internos ou externos (ABNT, 2013c).

A Parte 4 da Norma, denominada Requisitos para os Sistemas de Vedações Verticais

Internas e Externas, abrange estes sistemas de vedações das edificações habitacionais, os

quais podem assumir funções estruturais ou outras funções como estanqueidade à água,

isolação térmica e acústica, capacidade de fixação de peças suspensas, entre outros, mas

integram-se de maneira muito estreita aos demais elementos da construção, recebendo

influências e influenciando o desempenho da edificação. A Norma abrange solicitações de

Page 40: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

40

cargas suspensas, ações transmitidas por impactos nas portas, resistência dos guarda-corpos e

parapeitos, umidade interna e externa (ABNT, 2013d).

Na Parte 5, denominada Requisitos para os Sistemas de Coberturas, a Norma trata da

importância da cobertura na edificação, desde a contribuição para a preservação da saúde dos

usuários até a própria proteção do corpo da construção, interferindo diretamente na

durabilidade dos demais elementos que compõem a edificação. Trata da resistência e

durabilidade, bem como da ação do granizo, deslizamento de componentes e arrancamento

pelo vento, escorregamento de águas pluviais, estanqueidade, absortância térmica, entre

outros (ABNT, 2013e).

Finalmente, a Parte 6, denominada Requisitos para os Sistemas Hidrossanitários,

compreende os sistemas prediais de água fria e de água quente, de esgoto sanitário e

ventilação e ainda os sistemas prediais de águas pluviais (ABNT, 2013f).

A seguir, serão apresentados, de forma detalhada, os critérios da NBR 15575-1

relacionados à “Funcionalidade e Acessibilidade”, os quais são o escopo do presente trabalho

(ABNT, 2013a).

3.3.1 NBR 15575-1 - Funcionalidade e Acessibilidade

Além de todos os aspectos que a Norma abrange envolvendo o desempenho, a

segurança e a durabilidade da estrutura, é necessário também que a habitação apresente

compartimentação adequada com espaços suficientes para a disposição de todos os móveis.

Assim, na Parte 1 da NBR 15575, segundo os aspectos de funcionalidade e acessibilidade, a

Norma estabelece critérios sobre a disponibilidade mínima de espaços da moradia e altura

mínima de pé-direito, regulando também a possibilidade de ampliação de unidades

habitacionais térreas e adequação para pessoas com deficiências físicas ou mobilidade

reduzida (ABNT, 2013a).

Neste item, a Norma esclarece que, para o usuário poder realizar as mais variadas

funções necessárias dentro da moradia, a habitação deve conter planta, volumetria,

interligações e espaços adequados. O método de avaliação deste critério se dá através da

análise de projeto.

Page 41: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

41

3.3.1.1 Altura mínima de pé-direito

Os ambientes da habitação devem apresentar altura mínima de pé-direito compatível

com as necessidades humanas, não podendo ser inferior a 2,50m. Em ambientes como halls,

corredores, instalações sanitárias e despensas, são permitidos que se tenha um pé-direito

reduzido ao mínimo de 2,30m.

Nos tetos inclinados, abobadados, com presença de vigas salientes ou outros, pelo

menos, em 80% do teto, sua distância até o piso deve ser maior ou igual a 2,50m, permitindo-

se nos 20% restantes que o pé-direito livre possa ser igual ou maior que 2,30m.

3.3.1.2 Disponibilidade mínima de espaços para uso e operação da habitação

A Norma determina que a habitação apresente espaços mínimos compatíveis com as

necessidades humanas, como cozinhar, estudar, repousar, entre outros. Portanto, deve-se

prever nos projetos das UHs a disponibilidade de espaço nos cômodos para colocação e

utilização de móveis e equipamentos-padrão, conforme a Tabela 04, cujas dimensões são

apresentadas na Tabela 05.

Tabela 04 - Móveis e equipamentos-padrão

(continua)

Atividades essenciais/Cômodo Móveis e equipamentos-padrão

Dormir/Dormitório de casal Cama de casal + guarda-roupa + criado-mudo (mínimo 1)

Dormir/Dormitório para duas

pessoas (2º dormitório)

Duas camas de solteiro + guarda-roupa + criado-mudo ou mesa

de estudo

Dormir/Dormitório para uma pessoa

(3º dormitório) Cama de solteiro + guarda-roupa + criado-mudo

Estar Sofá de dois ou três lugares + armário/estante + poltrona

Cozinhar Fogão + geladeira + pia de cozinha + armário sobre a pia +

gabinete + apoio para refeição (2 pessoas)

Alimentar/tomar refeições Mesa + quarto cadeiras

Fazer higiene pessoal Lavatório + chuveiro (box) + vaso sanitário

NOTA: no caso de lavabos, não é necessário o chuveiro

Lavar, secar e passar roupas Tanque (externo para unidades habitacionais térreas) + máquina

de lavar roupa

Page 42: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

42

Tabela 05 - Móveis e equipamentos-padrão

(conclusão)

Atividades essenciais/Cômodo Móveis e equipamentos-padrão

Estudar, ler, escrever, costurar,

reparar e guardar objetos diversos Escrivaninha ou mesa + cadeira

Fonte: ABNT (2013a).

Tabela 06 - Dimensões mínimas de mobiliário e circulação

(continua)

Ambiente

Mobiliário

Circulação

(m)

Observações

Móvel ou equipamento

Dimensões (m)

L p

Sala de estar

Sofá de três lugares com

braço 1,70 0,70

Prever espaço

de 0,50m na

frente do

assento, para

sentar,

A largura mínima da sala

de estar deve ser de 2,40 m.

Número mínimo de

assentos determinado pela

quantidade de habitantes da

unidade, considerando o

número de leitos.

Sofá de dois lugares com

braço 1,20 0,70

Poltrona com braço 0,80 0,70

Sofá de três lugares sem

braço 1,50 0,70

Sofá de dois lugares sem

braço 1,00 0,70

Poltrona sem braço 0,50 0,70

Estante/armário para TV 0,80 0,50 0,50 m Espaço para o móvel

obrigatório.

Mesinha de centro ou

cadeira - - - Espaço para o móvel

opcional.

Sala de

estar/jantar

Sala de

jantar/copa

Copa/

cozinha

Mesa redonda para

quatro lugares D=0,95 -

Circulação

mínima de

0,75 m a partir

da borda da

mesa (espaço

para afastar a

cadeira e

levantar).

A largura mínima da sala

de estar/jantar e da sala de

jantar isolada deve ser de

2,40.

Mínimo: uma mesa para

quatro pessoas.

É permitido leiaute com o

lado menor da mesa

encostado na parede, desde

que haja espaço para seu

afastamento, quando da

Mesa redonda para seis

lugares D=1,20 -

Mesa quadrada para

quatro lugares 1,00 1,00

Mesa quadrada para seis

lugares 1,20 1,20

Mesa retangular para

quatro lugares 1,20 0,80

Mesa retangular para seis

lugares 1,50 0,80

Page 43: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

43

Tabela 05 – Dimensões mínimas de mobiliário e circulação

(continuação)

Ambiente

Mobiliário

Circulação

(m)

Observações

Móvel ou equipamento

Dimensões

(m)

L p

Cozinha

Pia 1,20 0,50

Circulação mínima de 0,85 m frontal à pia, fogão e geladeira.

Largura mínima da cozinha: 1,50 m Mínimo: pia, fogão e geladeira e armário.

Fogão 0,55 0,60

Geladeira

0,70

0,70

Armário sob a pia e

gabinete - - -

Espaço obrigatório para móvel.

Apoio para refeição

(duas pessoas) - - -

Espaço opcional para móvel.

Dormitório

casal

(dormitório

principal)

Cama de casal 1,40 1,90 Circulação mínima entre o mobiliário e/ou paredes de 0,50 m

Mínimo: uma cama, dois criados-mudos e um guarda- roupa. É permitido somente um criado-mudo quando o 2º interferir na abertura de portas do guarda-roupa

Criado-mudo 0,50 0,50

Guarda-roupa

1,60

0,50

Dormitório

para duas

pessoas

(2º dormitório)

Camas de solteiro 0,80 1,90 Circulação mínima entre as camas de 0,60 m. Demais circulações mínimo de 0,50 m.

Mínimo: duas camas, um criado-mudo e um guarda- roupa.

Criado-mudo 0,50 0,50

Guarda-roupa

1,50

0,50

Mesa de estudo 0,80 0,60 - Espaço para o móvel opcional

Dormitório

para uma

pessoa

(3º dormitório)

Camas de solteiro 0,80 1,90 Circulação mínima entre o mobiliário e/ou paredes de 0,50 m

Mínimo: uma cama, um guarda-roupa e um criado- mudo.

Criado-mudo 0,50 0,50

Armário 1,20 0,50

Mesa de estudo 0,80 0,60 - Espaço para o móvel opcional

Banheiro

Lavatório 0,39 0,29 Circulação mínima de 0,40 m frontal ao lavatório, vaso e bidê.

Largura mínima do banheiro: 1,10 m, exceto no box.

Mínimo: um lavatório, um vaso e um box.

Lavatório com bancada 0,80 0,55

Vaso sanitário

(caixa acoplada) 0,60 0,70

Page 44: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

44

Tabela 05 – Dimensões mínimas de mobiliário e circulação

(conclusão)

Ambiente

Mobiliário

Circulação

(m)

Observações

Móvel ou equipamento

Dimensões

(m)

L p

Banheiro

Vaso sanitário 0,60 0,60 Circulação

mínima de

0,40 m

frontal ao

lavatório,

Largura mínima do

banheiro: 1,10 m, exceto

no box.

Mínimo: um lavatório, um

Box quadrado 0,80 0,80

Box retangular 0,70 0,90

Bidê 0,60 0,60 - Peça opcional

Área de

serviço

Tanque 0,52 0,53 Circulação

mínima de

0,50 m

frontal ao

tanque e a

máquina de

Mínimo: um tanque e uma

máquina (tanque de no

mínimo 20 L).

Máquina de lavar roupa 0,60 0,65

NOTA 1 Esta norma não estabelece dimensões mínimas de cômodos, deixando aos projetistas a competência de

formatar os ambientes da habitação segundo o mobiliário previsto, evitando conflitos com legislações estaduais

ou municipais que versem sobre dimensões mínimas dos ambientes.

NOTA 2 Em caso de adoção em projeto de móveis opcionais, as dimensões mínimas devem ser obedecidas.

Fonte: ABNT (2013a).

3.3.1.3 Adequação para pessoas com deficiências físicas ou pessoas com mobilidade

reduzida

Toda edificação deve prever o número mínimo de unidades para pessoas com

deficiência física ou mobilidade reduzida, estabelecido na legislação vigente do local, sendo

que essas unidades devem atender aos requisitos da NBR 9050 (ABNT, 2015) –

Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. As áreas privativas

devem receber as adaptações necessárias para essas pessoas nos percentuais previstos na

legislação de cada local. Quanto às áreas de uso comum, estas devem sempre atender às

normas estabelecidas pela NBR 9050, prevendo o acesso a pessoas portadoras de

necessidades especiais (ABNT, 2015).

Page 45: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

45

O projeto deve prever, tanto para as áreas comuns como para as privativas, as

adaptações que, normalmente, referem-se a: substituição de escadas por rampas; acessos e

instalações; limitação de declividades e de espaços a percorrer; largura de corredores e portas;

alturas de peças sanitárias; e disponibilidade de alças e barras de apoio.

3.3.1.4 Possibilidade de ampliação da unidade habitacional

No que diz respeito às UHs térreas e assobradadas, que possuem caráter evolutivo e

previsão de ampliação, a construtora ou incorporadora deve fornecer ao proprietário tanto o

projeto arquitetônico quanto os projetos complementares, anexados ao Manual de uso,

operação e manutenção, recomendando que a ampliação faça uso de recursos regionais e os

mesmos materiais e técnicas construtivas do imóvel original.

Essas ampliações devem ser previstas já no projeto inicial, pelo incorporador ou

construtor, com especificações e detalhes construtivos necessários para ligação ou

continuidade de paredes, pisos, cobertura e instalações prediais, que admitam, no mínimo, a

manutenção dos níveis de desempenho da construção não ampliada, referentes ao

comportamento estrutural, segurança ao fogo, estanqueidade à água, durabilidade e

desempenho térmico e acústico.

Page 46: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

46

4 METODOLOGIA

Neste capítulo serão descritas as características do condomínio horizontal, o qual foi

objeto de estudo deste trabalho, bem como serão apresentados o método utilizado no

levantamento de dados para a aplicação da APO referente aos critérios de habitabilidade das

UHs, relacionados à NBR 15575-1 e o modelo estatístico utilizado para definição do número

de amostras necessárias ao estudo (ABNT, 2013a).

4.1 ESTUDO DE CASO: RESIDENCIAL LEONEL BRIZOLA

O objeto de estudo deste trabalho consiste em um condomínio horizontal de interesse

social, denominado Residencial Leonel Brizola, o qual está localizado na Estrada Municipal

Eduardo Duarte, Bairro Diácono João Luiz Pozzobom, na cidade de Santa Maria, RS. O

parcelamento do solo resultou em um total de 368 lotes, sendo que 362 desses foram

destinados à execução de habitações residenciais e os outros seis restantes ao setor comercial.

A Figura 06 é uma imagem aérea da localização do residencial.

Figura 06 - Localização do Loteamento Leonel Brizola

Fonte: Google earth (2016).

Page 47: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

47

O loteamento faz parte do PMCMV, financiado pela CEF, o qual engloba famílias de

baixa renda que possuem uma renda mensal de até três salários mínimos e/ou que residem em

áreas de risco, todas cadastradas nos programas habitacionais da Prefeitura Municipal de

Santa Maria. O condomínio contou com um investimento de R$ 23 milhões do governo

federal, totalizando R$ 27 milhões com a contrapartida da Prefeitura de Santa Maria. A

prefeitura municipal também providenciou a área para a construção do loteamento, contando

com 362 unidades habitacionais, das quais 14 foram adaptadas para Pessoas com Deficiência

(PCD). Das 14 residências adaptadas, 11 foram entregues a pessoas em cadeira de rodas

(PCR) e pessoas com mobilidade reduzida (PMR), 2 a deficientes auditivos e 1 a um portador

de deficiência visual. Cada moradia do novo residencial custou cerca de R$ 64 mil

(FONTANA, 2016; MINUSSI, 2016).

A empresa responsável pelo projeto e construção do condomínio foi a BK Construções

Ltda, uma empresa que atua no setor da construção civil, situada na cidade de Santa Maria,

RS. As casas foram entregues em abril de 2016 e o projeto estima que o condomínio totalize

uma população de 1.448 moradores. A Figura 07 mostra uma vista geral das habitações

estudadas.

Figura 07 - Vista geral do Loteamento Leonel Brizola

O layout do loteamento se configura através de UHs de um pavimento, conforme

Figura 08, ou seja, casas térreas geminadas, duas a duas, cada uma totalizando uma área de

39,80 m². Por meio de análise da planta baixa do projeto arquitetônico (Figura 09), percebeu-

se que o projeto arquitetônico consiste em uma sala (Área = 10,46m²), uma cozinha (Área =

Page 48: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

48

5,48m²), um banheiro (Área = 4,98m²), um dormitório para casal (Área = 7,56m²), um

dormitório para duas pessoas (Área = 7,56m²) e uma área de serviço externa (Área = 2,30m²).

As residências não são muradas, mas todas possuem estacas para delimitação dos terrenos e

futuras ampliações.

Figura 08 - Unidade habitacional do condomínio Leonel Brizola

Page 49: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

49

Figura 09 - Planta baixa da residência do condomínio horizontal Leonel Brizola

Fonte: Adaptado do Projeto Residencial Leonel Brizola (2014).

Com relação ao processo construtivo, todas as habitações possuem fundação do tipo

radier, paredes de concreto armado com fibras de aço e espessura de 10 cm, paredes duplas

na geminação com espessura de 15 cm, esquadrias externas de chapa de aço dobrada, portas

internas de madeira, cobertura de telhas cerâmicas, forro de PVC e piso cerâmico em todas as

áreas, revestimento de azulejo no banheiro, na cozinha e na área de serviço e sistema de

aquecimento solar para os chuveiros composto de placa de captação de energia solar instalada

Page 50: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

50

sobre o telhado e pelo boiler sob a caixa d’água (Figura 10). O projeto arquitetônico completo

das UHs encontra-se no Anexo B e C deste trabalho.

Figura 10 - Sistema de aquecimento solar da unidade habitacional

No loteamento, foram construídos e doados ao município um centro comunitário, um

campo de futebol e um playground, todos localizados nas áreas verdes do condomínio. Nesse

mesmo terreno, há ainda uma escola de ensino fundamental e uma área de preservação

permanente. Esses equipamentos públicos são de propriedade da Prefeitura Municipal de

Santa Maria, mas destinadas ao uso da associação de moradores do residencial. Infelizmente,

atualmente, os equipamentos de esporte, reunião e lazer se encontram totalmente depredados,

pois foram alvo de vandalismo. A Figura 11 mostra os equipamentos de lazer, sociais e

esportivos do condomínio.

Page 51: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

51

Figura 11 - Equipamentos de lazer, sociais e esportivos

a) Centro comunitário e playground

b) Campo de futebol

c) Escola de ensino fundamental

Page 52: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

52

A APO, aplicada nas habitações do condomínio horizontal estudado, foi sob a forma

de questionário desenvolvida segundo o roteiro adaptado de Roméro e Ornstein (2002, p. 40):

a) obtenção dos projetos arquitetônicos e executivos do condomínio horizontal de

interesse social estudado;

b) visita ao condomínio horizontal estudado, com registro fotográfico;

c) aplicação da APO no loteamento estudado em determinadas moradias;

d) análise comparativa entre satisfação dos usuários (via questionário) e análise de

projeto;

e) análise final de dados e conclusões;

4.2 METODOLOGIA DA APLICAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO

O questionário utilizado (Apêndice A) é uma adequação da APO realizada em

Parmeggiani (2014), pois precisou ser adaptado à realidade local do estudo de caso. Nesta

seção, serão descritos os critérios escolhidos pelo autor para a aplicação do questionário

referente à APO aplicada no condomínio horizontal de interesse social estudado. A fim de

justificar a importância da aplicação do questionário, na qual são descritas parte das perguntas

utilizadas para a avaliação dos mesmos.

Para a montagem da APO definitiva, primeiramente o pesquisador realizou um pré-

teste que se procedeu ao levantamento de dados in loco com questões do tipo fechadas, ou

seja, para cada resposta do usuário havia possibilidade de respostas com conteúdo

previamente estabelecido pelo pesquisador. Assim, a concretização do pré-teste se deu

através de um questionário de múltipla escolha composto por 29 perguntas aos moradores, as

quais eram do tipo absolutas (compostas por sim e não) ou do tipo escala (1 = ótimo, 2 =

bom, 3 = ruim e 4 = péssimo). Após aplicação do pré-teste em três moradias distintas, o

pesquisador achou necessário tornar o enunciado das perguntas mais simples, visto que o

grau de escolaridade e a fluência em leitura da língua portuguesa dos entrevistados eram

baixos.

A APO definitiva implicou em um questionário dividido em três blocos de perguntas.

O primeiro bloco dizia respeito à caracterização do entrevistado, como perguntas referentes à

sua idade, grau de escolaridade, número de ocupantes na sua moradia, renda familiar e tipo de

emprego.

O segundo e terceiro blocos eram compostos por perguntas sobre as dimensões dos

cômodos da habitação e a facilidade de acesso de suas moradias, de áreas comuns e do

Page 53: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

53

condomínio como um todo. Assim, no segundo bloco, o entrevistado foi questionado sobre o

espaço e tamanho perceptivo dos ambientes, bem como o espaço para abrir e fechar portas e

janelas e manusear os mais diversos equipamentos. E no terceiro bloco, o entrevistado devia

qualificar as áreas comuns de convivência para crianças, adultos, idosos e deficientes físicos.

As respostas referentes a esta parte indicaram, ainda que subjetivamente, o grau de satisfação

dos usuários quanto aos quesitos de funcionalidade e acessibilidade da NBR 15575-1 (ABNT,

2013a). Por fim, havia um espaço ao final do questionário para que o entrevistado fizesse

comentários adicionais, se quisesse (PARMEGGIANI, 2014).

Neste trabalho, serão consideradas apenas as famílias com rendimento não superior a

três salários mínimos, as designadas na “Faixa 1” do PMCMV.

4.3 MODELO ESTATÍSTICO UTILIZADO

Para ser possível inferir estatisticamente os resultados deste estudo sobre o

condomínio horizontal estudado, realizou-se um cálculo amostral para a população de 362

unidades habitacionais considerando um erro de 10%. Para isto, o cálculo do tamanho da

amostra foi realizado a partir da Equação 01, a qual é utilizada para uma população finita,

segundo uma estimativa de proporção populacional (LOPES, 2016).

(01)

Onde:

n = tamanho da amostra;

Z = abscissa da normal padrão;

N = tamanho da população;

�̂ = estimativa da verdadeira proporção de um dos níveis da variável escolhida. Quando não

se tem condições de prever o possível valor para p, admitir �̂ = 0,5 obtendo, assim, o maior

tamanho da amostra, admitindo-se constantes os demais elementos;

�� = 1 – �̂;

e = erro amostral, expresso em decimais.

Page 54: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

54

Admitindo-se:

Z = 1,96 (valor tabelado – distribuição normal padrão)

�̂ = 0,5

�� = 0,5

e = 10% = 0,1

A amostra mínima encontrada foi de 128 análises. A amostragem foi realizada de

forma sistemática, uma variação da amostragem aleatória ocasional, para que seja possível ter

uma boa estimativa da média e do total, devido à distribuição uniforme da amostra em toda

população. Para isso, o intervalo encontrado foi uma progressão aritmética de razão três, ou

seja, a cada três casas foi aplicado o questionário. É importante salientar que o questionário

para avaliação foi aplicado por um entrevistador e somente com os proprietários de cada casa,

pois foi através de suas características que eles foram sorteados pelo PMCMV para ganhar a

moradia (LOPES, 2016).

Page 55: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

55

5 ANÁLISE DE DADOS

O método de estudo aplicado nas habitações estudadas consistiu no levantamento de

dados através da aplicação de APO, no levantamento e registro fotográfico in loco das UHs

do loteamento, seguido de análise de projeto arquitetônico baseada nos critérios de

Funcionalidade e Acessibilidade, previstos na NBR 15575-1 (ABNT, 2013a). Assim, nesta

seção, são apresentados e analisados os resultados obtidos após a aplicação do questionário,

por meio do qual se pode determinar o perfil dos moradores do condomínio, bem como a

satisfação deles perante a nova residência.

A APO aplicada no condomínio horizontal de interesse social encontra-se no

Apêndice A deste trabalho e os resultados obtidos nos questionários no Apêndice B, C e D.

5.1 DADOS SOBRE A FAIXA ETÁRIA DOS PROPRIETÁRIOS

Os questionários foram aplicados somente aos proprietários de cada residência, os

quais foram sorteados através do PMCMV. Concluiu-se que a maioria dos proprietários

entrevistados estão na faixa etária compreendida entre os 30 anos e 39 anos, estando por

segundo a faixa etária compreendida entre os 40 anos e 49 anos. Os resultados obtidos,

apresentados no Gráfico 01, mostram que a população predominante do condomínio é de

caráter jovem.

Gráfico 01 - Faixa etária dos proprietários das residências do condomínio Leonel Brizola

Page 56: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

56

5.2 DADOS SOBRE A ESCOLARIDADE DOS PROPRIETÁRIOS

O Gráfico 02 mostra a distribuição da escolaridade dos proprietáriosdo condomínio

Leonel Brizola. O objetivo deste item, juntamente com outras perguntas como a renda

familiar e o número de ocupantes por moradia, foi tentar identificar o fator social relevante no

condomínio horizontal estudado.

Gráfico 02 - Distribuição do grau de escolaridade dos proprietários do condomínio Leonel

Brizola

Assim, concluiu-se que a maioria deles não possui o ensino fundamental completo,

mostrando que o grau de instrução dos entrevistados do condomínio estudado é muito baixo.

Somam-se 63%, o percentual de proprietários que possuem somente o ensino fundamental,

completo e incompleto, sendo que somente 2% dos entrevistados possui ensino superior

completo. Estes dados possuem implicação direta no resultado obtido sobre a renda familiar.

5.3 DADOS SOBRE A RENDA MÉDIA DAS FAMÍLIAS

Os proprietários foram questionados em relação à renda média mensal da família.

Nota-se que, o nível de escolaridade possui influência direta no valor da renda familiar. Os

resultados obtidos podem ser analisados no Gráfico 03, a qual mostra que mais da metade das

famílias ganha em torno de um salário mínimo no mês. Aqueles que responderam a opção

Page 57: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

57

“outra”, omitiram sua resposta ou recebiam um valor muito mais baixo que a de um salário

mínimo, referente à pensão ou bolsa família.

Gráfico 03 - Renda média mensal das famílias do condomínio Leonel Brizola

No mesmo bloco de perguntas, foi perguntado aos entrevistados quais eram as suas

profissões. Devido ao baixo grau de escolaridade, a maioria das profissões exercidas era de

baixa especialização, o que explica a renda média mensal ser de um salário mínimo. As

profissões mais comuns eram as de diarista, servente de pedreiro, pedreiro, cozinheiro,

motoboy, técnicos em serviços gerais, entre outros. Porém, entre os entrevistados, percebeu-se

que muitos proprietários estavam desempregados e outros já eram aposentados.

Outra decorrência do fator de renda é a característica do tamanho e forma da família.

Com isso, verificou-se que, 48% das famílias entrevistadas, ou seja, quase a metade, possuiam

uma média de duas a três pessoas por residência. E que, 32% do restante, possuiam de quatro

a cinco pessoas. O Gráfico 04 apresenta a quantidade de ocupantes em cada casa entrevistada.

Page 58: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

58

Gráfico 4 - Quantidade de pessoas ocupantes em casa residência do condomínio Leonel

Brizola

Da mesma forma, o resultado da APO também mostrou que a distribuição de idades

no condomínio estudado está na faixa dos 22 anos aos 45 anos e que apenas 3% da população

é idosa. Estes resultados podem ser verificados no Gráfico 05.

Gráfico 05 - Distribuição de idades do condomínio Leonel Brizola

Page 59: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

59

5.4 DADOS SOBRE O TAMANHO DOS CÔMODOS E A DISTRIBUIÇÃO DOS

AMBIENTES SOB O PONTO DE VISTA DOS MORADORES

Os dados mostrados neste item referem-se aos resultados obtidos pela aplicação da

segunda parte do questionário, o qual procurava saber o nível de satisfação dos moradores

perante à casa. Desse modo, esse bloco de perguntas mostra dados sobre a opinião dos

usuários quanto à acessibilidade e funcionalidade da residência. O Gráfico 06 apresenta a

satisfação dos moradores quanto ao tamanho dos cômodos.

Gráfico 6 - Dados sobre a opinião dos proprietários quanto ao tamanho dos cômodos da

residência

Nota-se que 57,03% dos entrevistados qualifica sua casa como boa, e quase a maioria

dos restantes qualificam como ótima. Isso mostra o alto nível de satisfação dos moradores que

sentem-se muito contentes com o tamanho da casa, por poder caracterizá-la como própria. Era

de se esperar que a maioria dos proprietários classificasse o tamanho do banheiro como o

melhor e maior ambiente da casa, visto que ele possui dimensões para cadeirantes e, com isso,

torna-se adaptável a qualquer situação. Apesar de uma pequena porcentagem dos proprietários

acharem a casa pequena, devido ao tamanho da família, ou preferirem que ela tivesse um

layout diferente, como por exemplo a cozinha ser separada da sala, eles preferem a casa que

Page 60: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

60

vivem atualmente pois ela trouxe mais conforto, segurança e qualidade de vida à toda família.

O Gráfico 07 mostra os dados sobre a opinião dos moradores quanto à distribuição dos

móveis em todos ambientes da moradia.

Gráfico 7 - Dados sobre a opinião dos proprietários quanto à distribuição dos móveis nos

ambientes da residência

Por meio de análise do Gráfico 07, percebe-se que a maioria dos proprietários não

teve problemas com a distribuição dos móveis no banheiro e mais da metade classificaram,

como boa, a distribuição dos móveis na sala e no quarto. O ambiente que recebeu a pior

classificação foi a cozinha, mas, mesmo assim, mais da metade a classificou como boa. Isso

ocorre pelo fato de não existir uma separação efetiva entre a sala e a cozinha e também,

através da análise em planta da residência, verificou-se que a cozinha perde área devido à

presença da porta do banheiro e da porta que dá acesso à área de serviço, dificultando a

distribuição dos móveis.

O segundo bloco de perguntas também investiga os proprietários quanto ao espaço

para abrir e fechar portas e janelas, se no caso há problemas quanto ao conflito de uso entre

eles e o mobiliário. O Gráfico 08 mostra que a maioria dos proprietários não encontraram essa

dificuldade na casa e se, esta ocorre, é devido à presença de móveis ou equipamentos que não

foram previstos no layout da residência.

Page 61: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

61

Gráfico 08 - Dados sobre a opinião dos proprietários quanto ao espaço para abrir e fechar

portas e janelas nos ambientes da residência

5.5 DADOS SOBRE ÁREAS DE CONVIVÊNCIA E LAZER DO CONDOMÍNIO

HORIZONTAL ESTUDADO SOB O PONTO DE VISTA DOS MORADORES

Sob o ponto de vista dos moradores, as áreas de convivência para as crianças eram

muito boas quando foram entregues ao condomínio (Gráfico 09). Porém, devido ao

vandalismo que afetou o local e pelo fato delas serem abertas a qualquer público, tornaram-se

ociosas.

Page 62: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

62

Gráfico 09 - Dados sobre a opinião dos moradores quanto às áreas de convivência e lazer para

as crianças

Quanto às áreas de convivência e lazer para adultos, idosos e deficientes, a maioria dos

proprietários escolheu a opção “não se aplica” pelo fato de não existir nenhuma área

expecífica para os mesmos. Foi entregue ao condomínio um centro comunitário, mas o

mesmo está quase sempre indisponível, estando aberto somente nos dias em que o Serviço

Nacional de Aprendizagem Industrial do Rio Grande do Sul (SENAI-RS) aplica cursos à

comunidade. Através da APO, muitos moradores mostraram sua insatisfação perante a

inexistência de áreas desse tipo, como academia ao ar livre, espaço com churrasqueira, praça

ou bancos para lazer, entre outros.

5.6 PROJETO ARQUITETÔNICO DAS UNIDADES HABITACIONAIS

Para analisar os requisitos de Funcionalidade e Acessibilidade descritos na NBR

15575-1 (ABNT, 2013a), realizou-se uma análise do projeto das UHs do condomínio

horizontal Leonel Brizola, seguido de uma visita in loco com registro fotográfico. Todas as

362 casas do condomínio possuem o mesmo projeto arquitetônico, a única diferença entre elas

é que algumas delas receberam adaptação com barras de apoio no banheiro para os

proprietários portadores de necessidades especiais. Sendo assim, foram visitadas duas

residências do condomínio, sendo uma delas adaptada para o proprietário cadeirante. Para

uma melhor compreensão do que será discutido neste item, a planta baixa da moradia do

Page 63: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

63

projeto arquitetônico do condomínio, indicando as áreas e dimensões dos ambientes, pode ser

verificada na Figura 09, a qual foi apresentada no Capítulo 4.

5.6.1 Inspeção in loco da funcionalidade e acessibilidade

Neste item, serão analisados no projeto da residência estudada, o item 16 da NBR

15575-1 (ABNT, 2013a) se refere à funcionalidade e acessibilidade da habitação. Desse

modo, os itens 16.1 e 16.2 mencionam a funcionalidade, o item 16.3 a acessibilidade e o item

16.4 a possibilidade de ampliação da unidade habitacional.

O item 16.1 da NBR 15575-1 se refere a altura mínima de pé-direito e exige que ele

seja maior ou igual a 2,50 m. O pé-direito medido in loco é de 2,50 m, constatando sua

conformidade com a norma. Como todos os ambientes possuem o forro de PVC reto, todos

eles possuem a mesma altura de pé-direito.

O item 16.2 da NBR 15575-1 exige disponibilidade mínima de espaços para uso e

operação da habitação, sugerindo mobiliário mínimo a ser projetado para as residências, bem

como as suas dimensões mínimas. Para facilitar a compreensão, foram feitosquadros resumo

das conformidades e não conformidades do projeto da unidade habitacional, em relação à

norma. Os Quadros 1 e 2 apresentam os mobiliários exigidos e dimensões de mobiliário

exigidas na NBR 15575-1, respectivamente.

Quadro 1 - Resumo do mobiliário exigido na NBR 15575-1 e verificação de conformidade

(continua)

Atividades essenciais/ Cômodo Móveis exigidos no anexo F da

NBR 15575-1

Situação encontrada no

condomínio estudado

Dormitório de casal Cama de casal + guarda-roupa +

criado-mudo (mínimo 1) CONFORME

Dormitório para duas pessoas

Duas camas de solteiro + guarda-

roupa + criado-mudo ou mesa de

estudo

CONFORME

Sala de estar Sofá de dois ou três lugares +

armário/estante + poltrona CONFORME

Cozinhar

Fogão + geladeira + pia de cozinha

+ armário sobre a pia + gabinete +

apoio para refeição (2 pessoas)

NÃO CONFORME

Page 64: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

64

Quadro 01 – Resumo do mobiliário exigido na ABNT NBR 15575-1/2013 e verificação de

conformidade

(conclusão)

Atividades essenciais/ Cômodo Móveis exigidos no anexo F da

NBR 15575-1

Situação encontrada no

condomínio estudado

Alimentar/tomar refeições Mesa + quatro cadeiras CONFORME

Fazer higiene pessoal Lavatório + chuveiro (box) + vaso

sanitário CONFORME

Lavar, secar e passar roupas

Tanque (externo para unidades

habitacionais térreas) + máquina de

lavar roupa

CONFORME

Estudar, ler e escrever Escrivaninha ou mesa + cadeira NÃO CONFORME

Quadro 02 - Resumo das dimensões do mobiliário exigido na NBR 15575-1 e verificação da

conformidade

(continua)

Ambiente Móvel ou

equipamento

Dimensões

mínimas exigidas

pela NBR 15575-

1 (m)

Circulação (m)

Situação encontrada

no condomínio

estudado

l p

Sala de estar

Sofá de 2 lugares com

braço

1,20

0,70

Prever espaço de

0,50m na frente

do assento, para

sentar, levantar e

circular

CONFORME

Estante/ armário para

tv 0,80 0,50

0,50 m CONFORME

Sala de jantar Mesa redonda para 4

lugares

D = 0,95

Circulação

mínima de

0,70m envolta da

mesa

NÃO CONFORME

Cozinha

Pia 1,20 0,50

Circulação

mínima de 0,85

m frontal à pia,

fogão e geladeira

CONFORME

Fogão 0,55 0,60 NÃO CONFORME

Geladeira

0,70 0,70

CONFORME

Page 65: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

65

Quadro 02 – Resumo das dimensões do mobiliário exigido na NBR 15575-1 e verificação da

conformidade

(conclusão)

Ambiente Móvel ou

equipamento

Dimensões

mínimas exigidas

pela NBR 15575-

1 (m)

Circulação (m)

Situação encontrada

no condomínio

estudado

l p

Dormitório casal

Cama de casal 1,40 1,90 Circulação

mínima entre o

mobiliário e

paredes de

0,50m

CONFORME

Criado-mudo 0,50 0,50 CONFORME

Guarda-roupa 1,60 0,50 CONFORME

Dormitório para

duas pessoas Camas de solteiro 0,80 1,90

Circulação

mínima entre as

camas de 0,60m.

Demais

circulações de

0,50m

CONFORME

Banheiro

Lavatório 0,39 0,29 Circulação

mínima de

0,40m frontal ao

lavatório e vaso

CONFORME

Vaso sanitário (caixa

acoplada) 0,60 0,70 CONFORME

Box retangular 0,70 0,90 CONFORME

Área de serviço

Tanque 0,52 0,53 Circulação

mínima de

0,50m frontal ao

tanque e

máquina de lavar

CONFORME

Máquina de lavar

roupa 0,60 0,65 CONFORME

Os requisitos levantados nos Quadros 1 e 2 foram obtidos através da análise em planta

da edificação. Como o mobiliário não é entregue aos proprietários no momento da aquisição

da casa, percebeu-se na visita in loco, que na maioria das casas há um layout diferente

daquele proposto em planta no projeto arquitetônico (vide Figura 09). Isso ocorre, na maioria

das vezes, pois o proprietário teve que adequar os móveis que possuía na nova residência e,

com isso, possui uma quantidade maior ou menor de móveis, com dimensões diferentes

daquelas apresentadas em planta. Mas também pode ocorrer pelo fato de o proprietário não

gostar do layout apresentado ou não possuir remuneração suficiente para mobiliar toda a casa.

Page 66: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

66

Isso pode ser visualizado na Figura 12 , a qual mostra a cozinha de uma das residências

visitadas. Esta apresenta um layout diferente do proposto em projeto, indicando o conflito do

móvel com a porta do banheiro. Já a Figura 13 ilustra o lado oposto deste mesmo ambiente,

onde fica a sala, mostrando que o proprietário optou também por modificar o layout, retirando

a mesa de jantar para dar espaço a mais um sofá.

Figura 12 - Cozinha da unidade habitacional visitada

O item 16.3 da NBR 15575-1 faz referência ao quesito da adequação do ambiente às

pessoas com deficiências físicas ou mobilidade reduzida, tratando da acessibilidade a todos os

usuários que habitam ou que podem vir a habitar a casa e o condomínio. Com isso, exige que

a edificação deve prever o número mínimo de unidades para pessoas que possuem qualquer

tipo de deficiência, de acordo com a NBR 9050 (ABNT, 2015). Este percentual deve estar em

conformidade com a legislacao municipal de Santa Maria que estabelece que os

empreendimentos devem contemplar o percentual mínimo de 3% de UHs adaptadas.

Page 67: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

67

Figura 13 - Sala de estar da unidade habitacional visitada

O residencial Leonel Brizola conta com 362 UHs, sendo 14 destas adaptadas para

PCD. Ou seja, 3,87 % do total de residências são acessíveis e destinadas a esse público

específico, contemplando o percentual mínimo exigido pela legislação municipal.

Através da análise do projeto em planta e com a visita in loco, percebeu-se que a

residência e o condomínio são acessíveis aos usuários portadores de necessidades especiais.

Isso se fez notável já que a unidade habitacional não possui nenhum tipo de desnível ou

degrau que necessite ser vencido e também pelo fato de o condomínio possuir calçadas

rebaixadas e acessos mais largos, possibilitando o fácil acesso à moradia e uma boa

circulação. A Figura 14 mostra a calçada rebaixada do condomínio para a acessibilidade dos

usuários.

Page 68: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

68

Figura 14 - Calçada rebaixada presente no condomínio

Um ponto importante a ressaltar a favor da acessibilidade é que, ao analisar a planta

baixa da moradia, nota-se que a área de giro de 360º, com diâmetro de 1,50 m, para a rotação

da cadeira de rodas encontra-se em conformidade com o que determina a NBR 9050 (ABNT,

2015), como mostra a Figura 15.

Page 69: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

69

Figura 15 - Planta baixa da unidade habitacional adaptada para PCR

Fonte: adaptado do Projeto Residencial Leonel Brizola (2014).

Na planta baixa da habitação voltada para PCR, nota-se que as portas possuem um vão

livre de 0,80m de largura e 2,10m de altura em conformidade com o exigido pela norma.

Porém, no deslocamento frontal, quando as portas abrirem no sentido oposto ao deslocamento

do usuário, o espaço livre adjacente à maçaneta é inferior a 0,60m nas portas de acesso do

interior da cozinha e sala ao exterior (Figura 16).

Page 70: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

70

Figura 16 - Verificação das condições da residência quanto ao deslocamento de PCR

Fonte: adaptado do Projeto Residencial Leonel Brizola (2014).

Através da inspeção in loco, visitou-se a residência de um proprietário cadeirante, o

qual não demonstrou insatisfação com o tamanho dos ambientes e/ou dificuldades de

deslocamento e rotação e observou-se que o proprietário modificou o layout, conforme suas

necessidades básicas. A Figura 17, a qual ilustra o banheiro da residência adaptada ao

proprietário PCD, mostra que a porta instalada do ambiente abre para o lado interno, e não

para o lado externo, como mostra o projeto que está em conformidade com a norma. Pode-se

observar também a inexistência de um puxador horizontal na porta no lado interno do

ambiente, de barras de apoio dos lavatórios que podem ser horizontais ou verticais e de barra

de apoio reta horizontal na parede ao fundo da bacia sanitária.

Page 71: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

71

Figura 17 - Banheiro da unidade habitacional adaptado à PCD

a) Vista do box b) Vista do vaso sanitário

No projeto dos dormitórios, constatou-se que a ideia de mobiliário proposta no projeto

arquitetônico foi disposta de forma a obstruir a faixa livre mínima de circulação interna de

0,90 m de largura que a norma exige (Figura 18).

Figura 18 - Verificação das condições de circulação para PCR no dormitório da residência

Fonte: adaptado do Projeto Residencial Leonel Brizola (2014).

Page 72: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

72

Notou-se que todos os interruptores e maçanetas das residências possuem altura,

respectivamente, de 1,10m e 1,08m, estando assim, em conformidade com às exigências de

acessibilidade.

O item 16.4 NBR 15575-1 trata da possibilidade de ampliação das UHs, as quais

devem ser previstas pelo construtor no projeto inicial e devem ser anexadas ao manual de uso,

operação e manuntenção do usuário, juntamente com a especificação dos detalhes

construtivos necessários para realização da mesma. Ao se analisar a planta baixa do projeto,

presente no anexo A deste trabalho, pode-se verificar que o projeto inicial já prevê as

ampliações que podem ser realizadas, especificadas como ampliação 1 e ampliação 2. Foi

analisado também o manual de uso, podendo-se afirmar que tanto o projeto quanto às

especificações necessárias estão descritos no manual entregue ao usuário no momento da

aquisição da casa.

Page 73: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

73

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É notável o grande avanço e desafio que o conceito de desempenho e sua aplicação

trarão para a área da construção civil, que deverá ser acompanhado de um avanço em

tecnologias inovadoras bem como no aperfeiçoamento das existentes, a fim de garantir o

desempenho das edificações através do conforto, da segurança e da sustentabilidade. Desse

modo, nasce um novo jeito de pensar, projetar e construir, na qual engenheiros e arquitetos,

bem como as empresas fornecedoras de materiais de construção civil, terão que se adaptar

para atender as exigências normativas.

A aplicação dos índices da Norma de Desempenho (2013) nas edificações do

Programa Minha Casa Minha Vida será uma boa oportunidade para a melhoria da qualidade

das habitações de interesse social, visto que essas deverão ter um desempenho mínimo

durante sua vida útil, otimizando os custos ao longo do tempo, e promovendo ao usuário, uma

melhoria da qualidade de vida. Sendo assim, o conforto e a qualidade passarão a ser os

principais itens a serem considerados na construção de qualquer habitação, independente de

classe social.

Com a aplicação da Avaliação Pós-Ocupação no residencial Leonel Brizola, pode-se

observar que os usuários possuem um grau de aceitação com suas moradias superior ao grau

de rejeição, representado por um índice de aprovação nas respostas acima de 50% das

questões, qualificadas como ótima ou boa. Por outro lado, através da análise normativa,

verificou-se que nem todas as exigências de funcionalidade e acessibilidade são cumpridas

pelo condomínio. Desse modo, conclui-se que existe correlação entre o grau de satisfação dos

usuários e as exigências de habitabilidade da NBR 15575-1 (ABNT, 2013) quanto aos

parâmetros de funcionalidade e acessibilidade. Isso significa dizer que, a norma classifica que

as residências são boas de serem habitadas em alguns aspectos e que os usuários que moram

no condomínio, devido às suas origens menos favorecidas economicamente, classificam suas

moradias como positivas em relação aos parâmetros de habitabilidade discutidos neste

trabalho, mesmo que existam falhas no projeto e entre projeto e execução.

Conclui-se que, praticamente, todos os itens normativos referentes à funcionalidade e

acessibilidade foram atendidos na fase de concepção do projeto arquitetônico. Porém, ao se

analisar a realidade construída no local, nota-se uma discordância entre projeto e execução no

que se refere à acessibilidade no interior das residências adaptadas aos proprietários com

deficiência. Isso, provavelmente, acontece pela inexistência de fiscalização, tanto por parte da

Page 74: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

74

construtora quanto pela Caixa Econômica Federal, durante a fase de execução das unidades

habitacionais.

A APO mostrou que, as famílias que residem no condomínio horizontal estudado,

moravam anteriormente em outras áreas da cidade, em condições precárias e, na maioria dos

casos, em habitações alugadas ou áreas de invasão. E, por mais que, muitas vezes, a nova

residência se mostrasse pequena em relação ao tamanho da família ou por outro motivo, a

satisfação em adquirir a casa própria e ter um ambiente apropriado para viver em família

ultrapassava qualquer não conformidade ou barreira. A partir dessa premissa, nota-se a

importância que o Programa Minha Casa Minha Vida possui para as classes menos

favorecidas da população brasileira, dando a oportunidade de melhorar a qualidade de vida

através da aquisição da casa própria.

Observa-se que, os requisitos exigidos pela norma referentes à habitabilidade da

edificação envolvem todos os aspectos necessários para a realização de um eficiente projeto

arquitetônico, visando às necessidades básicas dos usuários dentro da habitação.

Portanto, com este estudo, foi possível levantar evidências de atendimento e de não

atendimento aos critérios e requisitos obrigatórios referentes à funcionalidade e acessibilidade

estabelecidos na NBR 15575-1.

Page 75: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

75

REFERÊNCIAS

ABIKO, A. K. Introdução à gestão habitacional. São Paulo: Escola Politécnica da USP, 1995. Texto técnico. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15575-1: Edificações Habitacionais – Desempenho – Parte 1: Requisitos gerais. Rio de Janeiro, 2013a. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15575-2: Edificações Habitacionais – Desempenho – Parte 2: Requisitos para os sistemas estruturais. Rio de Janeiro, 2013b. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15575-3: Edificações Habitacionais – Desempenho – Parte 3: Requisitos para os sistemas de pisos. Rio de Janeiro, 2013c. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15575-4: Edificações Habitacionais – Desempenho – Parte 4: Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas - SVVIE. Rio de Janeiro, 2013d. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15575-5: Edificações Habitacionais – Desempenho – Parte 5: Requisitos para os sistemas de coberturas. Rio de Janeiro, 2013e. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15575-6: Edificações Habitacionais – Desempenho – Parte 6: Requisitos para os sistemas hidrossanitários. Rio de Janeiro, 2013f. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2015. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS ESCRITÓRIOS DE ARQUITETURA RIO GRANDE DO SUL. Caderno técnico ASBEA-RS: norma de desempenho. Associação Riograndense de Escritórios de Arquitetura. Porto Alegre, RS, 2014. BATAGLIN, F. S. Norma De Desempenho E Suas Aplicações: Requisitos Arquitetônicos, Lumínicos, Térmicos e Acústicos. Trabalho de conclusão de curso (Engenharia Civil) – Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, 2014. BONDUKI, Nabil. Origens da habitação social no Brasil: arquitetura moderna, lei do inquilinato e difusão da casa própria. São Paulo, SP: FAPESP, 1998. BORGES, C. A. M. O conceito de desempenho de edificações e a sua importância para o setor da construção civil no Brasil. 2008. 263f. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

Page 76: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

76

BORGES, C. A. O significado de desempenho nas edificações. São Paulo, 2010. Disponível em: http://construcaomercado.pini.com.br/negocios-incorporacao-construcao/103/norma-de-desempenho-o-significado-de-desempenho-nas-edificacoes-282364-1.aspx. Acesso em 15 de out. 2016. BRESCIANI, Maria Stella. As sete portas da cidade. Espaço & Debates. Dossiê Cidade e História. São Paulo: NERU, ano XI, n. 34, 1991. CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO. Desempenho de edificações habitacionais: guia orientativo para atendimento à norma ABNT NBR 15575/2013. Fortaleza, 2013. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. Disponível em: <http://www.caixa.gov.br/voce/habitacao/minha-casa-minha-vida/Paginas/default.aspx>. Acesso em: 28 out. 2016. CARPINTERO, Marisa Varanda Teixeira. A construção de um sonho: os engenheiros-arquitetos e a formulação política habitacional no Brasil (São Paulo:1917/1940). Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1997. FERREIRA, Andresa Rosa. Programas de combate ao déficit habitacional brasileiro. 2009. Trabalho de conclusão de graduação - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009. FONTANA, Mariana. Santa Maria tem 2,9 mil unidades habitacionais entregues.Diário de Santa Maria,Santa Maria, 27 abr. 2016. Disponível em: <http://diariodesantamaria.clicrbs.com.br/rs/economia-politica/noticia/2016/04/santa-maria-tem-2-9-mil-unidades-habitacionais-entregues-5787287.html>. Acesso em: 15 out. 2016. GOOGLE.Google Earth Pro.Disponível em: < https://www.google.com.br/intl/pt-BR/earth/download/gep/agree.html>. Acesso em: 2 nov. 2016. GONÇALVES, O.M.; JOHN, V.M; PICCHI, F.A; SATO, N.M.N. Normas técnicas para avaliação de sistemas construtivos inovadores para habitações. Coletânea Habitare – vol. 3 – Normalização e Certificação na Construção Habitacional. Ed. H. Roman e L.C. Bonin, Porto Alegre, 2003. INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO. Formulação de critérios para avaliação de desempenho de habitações. Relatório técnico n. 16.277. São Paulo, 1981. INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO 6241: Performance Standards in Building – Principles for their preparation and factors to be considered. Lisboa,1984. Instrução normativa nº 45, de 08 de novembro de 2012. Regulamenta a Resolução nº 183/2011 com suas alterações e aditamentos, do Conselho Curador do Fundo de Desenvolvimento Social – CCFDS, que cria o Programa Minha Casa Minha Vida – Entidades, com a utilização dos recursos da União previstos no inciso II do art. 2º da Lei nº 11.977, de 07 de julho de 2009. Brasília, 2012.

Page 77: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

77

LOPES, L.F.D. Métodos Quantitativos. Santa Maria: UFSM, 2016. MALARD, M. L.; CONTI, A.; SOUZA, R. C. F. de.; CAMPOMORI, M. J. L. Avaliação pós-ocupação, participação de usuário e melhoria da qualidade de projetos habitacionais: uma abordagem fenomenológica com o apoio do Estado. In: ABIKO, A. K.; ORNSTEIN, S. W. (Editores). Inserção Urbana e Avaliação Pós-Ocupação (APO) da Habitação de Interesse Social. São Paulo: FAUUSP, 2002. p. 242-267. v. 1. Coletânea Habitare/FINEP. MARICATO, Ermínia. Contribuição para um plano de ação brasileiro. In. BONDUKI, Nabil. Habitat: As práticas bem-sucedidas em habitação, meio ambiente e gestão urbana nas cidades brasileiras. São Paulo, Studio Nobel, 1997. MINUSSI, Fabrício. Com inauguração do Residencial Leonel Brizola, Prefeitura atinge marca de 2.833 casas entregues. Prefeitura Municipal de Santa Maria, Secretaria de Comunicação e Programação Institucional, Santa Maria, 27 abr. 2016. Disponível em: <http://www.santamaria.rs.gov.br/noticias/12787-com-inauguracao-do-residencial-leonel-brizola-prefeitura-atinge-marca-de-2833-casas-entregues>. Acesso em: 10 nov. 2016. NORMA DE DESEMPENHO ABNT NBR 15575. In: PAULUZZI Blocos Cerâmicos. Sapucaia do Sul, 2014. Disponível em:<http://www.pauluzzi.com.br>. Acesso em: 17 set. 2016. PARMEGGIANI, L.B. Habitabilidade Em Edificações Segundo a NBR 15575-1: Funcionalidade, Acessibilidade e Conforto Antropodinâmico. Trabalho de conclusão de curso (Engenharia Civil) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2014. PEDRO, J. Branco. Programa Minha Casa Minha Vida: riscos, oportunidades e recomendações para a melhoria da qualidade arquitetônica e urbanística. Lisboa: LNEC, 2013 PROGRAMA NACIONAL DE HABITAÇÃO URBANA. Disponível em: <http://www.pnhu.com.br/fds-fundo-de-desenvolvimento-social/>. Acesso em: 15 nov. 2016 Projeto Residencial Leonel Brizola. 2014. Santa Maria, RS. Acervo público. REIS, A. T. L.; LAY, M. C. D.O projeto da habitação de interesse social e a sustentabilidade social. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 10, n. 3, p. 99-119, jul.; set. 2010. ROMÉRO, M. A.; ORNSTEIN, S. W. Avaliação Pós-Ocupação: métodos e técnicas aplicados à habitação social. Porto Alegre: ANTAC, 2003. Coleção Habitare. RUBIN, G.; BOLFE, S. O desenvolvimento da habitação social no Brasil. Ciência e Natura, vol. 36, núm. 2, 2014. Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, RS. RYKWERT, J. A Sedução do Lugar: a história e o futuro da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 2004. SANTOS FILHO, V. M.. Norma de desempenho: uma visão da história e de seu atendimento no cenário atual da indústria da construção civil. Revista On-line Especialize. Instituto de Pós-Graduação IPOG. Brasília, 2015.

Page 78: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

78

SOUZA, R.; ABIKO, A. Metodologia para desenvolvimento e implantação de Sistemas de Gestão da Qualidade em empresas construtoras de pequeno e médio porte. (Boletim Técnico da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Construção Civil. BT/PCC/190). São Paulo, 1997.

Page 79: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

79

APÊNDICE A - AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO APLICADO NO RESIDENCIAL

LEONEL BRIZOLA

Residência: _____________

PARTE 1: Características do entrevistado

1. Idade da pessoa que está respondendo ao questionário (anos):

(1) até 19 (2) 20 - 29 (3) 30 - 39 (4) 40 - 49 (5) 50 - 59 (6) 60 ou mais

2. Escolaridade da pessoa que está respondendo ao questionário:

(1) E. Fundamental Incompleto (2) E. Fundamental Completo

(3) E. Médio Incompleto (4) E. Médio Completo

(5) E. Superior Incompleto (6) E. Superior Completo

3. Indique a quantidade de moradores por faixa etária:

(1)____até 6 anos (2)____7 a 13 anos (3)____14 a 21 anos

(4)____22 a 45 anos (5)____46 a 65 anos (6)____66 anos ou mais

4. Número de pessoas ocupantes na sua moradia:

(1) 1 (2) 2 – 3 (3) 4 – 5 (4) 6 – 7 (5) 8 – 9 (6) 10 ou mais

5. Existe algum morador com dificuldade motora? (idoso, cadeirante, ...)

(1) Sim (2) Não

6. Qual o seu emprego?

7. Qual a sua renda familiar (salários mínimos):

(1) até 1 (2) 1 – 3 (3) 3 - 5 (4) 5 - 7 (5) 7 - 10 (6) outra

Page 80: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

80

8. Qual o local de moradia anterior?

(1) mesma área (2) mesmo bairro (3) se outro bairro, qual? (4) outra cidade

9. De que tipo era sua moradia anterior?

(1) casa própria (2) casa alugada (3) apartamento próprio

(4) apartamento alugado (5) outro

10. Você considera esta casa em relação à anterior:

(1) pior (2) igual (3) melhor (4) muito melhor

(5) por quê?

PARTE 2: Moradia e áreas comuns: adequação ao uso

O que você acha do(a): Ótimo Bom Ruim Péssimo

2.1 tamanho da casa? (1) (2) (3) (4)

2.2 tamanho da cozinha? (1) (2) (3) (4)

2.3 tamanho do banheiro? (1) (2) (3) (4)

2.4 tamanho da sala? (1) (2) (3) (4)

2.5 tamanho dos dormitórios? (1) (2) (3) (4)

2.6 tamanho da área de serviço? (1) (2) (3) (4)

2.7 disposição das peças de sua casa? (1) (2) (3) (4)

2.8 espaço para distribuição dos móveis na sala/cozinha?

(1) (2) (3) (4)

2.9 espaço para distribuição dos móveis no quarto?

(1) (2) (3) (4)

2.10 espaço para distribuição dos móveis no banheiro?

(1) (2) (3) (4)

Page 81: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

81

2.11 espaço para abrir e fechar portas e janelas na sala/cozinha?

(1) (2) (3) (4)

2.12 espaço para abrir e fechar portas e janelas no quarto?

(1) (2) (3) (4)

2.13 espaço para abrir e fechar portas e janelas no banheiro?

(1) (2) (3) (4)

2.14 você sente falta de espaço para desenvolver alguma atividade na sua casa?

(1) sim (2) não Qual? _______

2.15 alguém dorme em algum espaço que não seja quarto na sua casa?

(1) sim

(2) não

PARTE 3: Áreas de convivência social

Como você qualifica as áreas de convivência e lazer para:

Ótimo

Bom

Ruim

Péssimo

nsa

3.1 as crianças? (1) (2) (3) (4) (5)

3.2 os adultos? (1) (2) (3) (4) (5)

3.3 os idosos? (1) (2) (3) (4) (5)

3.4 os deficientes físicos? (1) (2) (3) (4) (5)

4. Comentários adicionais do entrevistado.

Agradecemos muito a sua valorosa cooperação!

Duração da aplicação do questionário (em minutos): ________________

Page 82: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

82

APÊNDICE B – RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS: PARTE 1

1. Idade da pessoa que está respondendo ao questionário (anos): N°

Casas 1: até 19 2: 20-29 3: 30-39 4: 40-49 5: 50-59 6: 60 ou

+ 128 2 25 44 27 14 16

2. Escolaridade da pessoa que está respondendo ao questionário: N° Casa 1. EFI 2. EFC 3. EMI 4. EMC 5. ESI 6. ESC

128 55 26 12 26 6 3

3. Indique a quantidade de moradores por faixa etária

N ° casa 1. até 6a 2. 7-13a 3. 14-21a

4.22-45a

5.46-65a

6. +de66a

128 83 70 74 145 51 13

4. Número de pessoas ocupantes na sua moradia:

N° Casa 01:01 2: 2-3 3: 4-5 4: 6-7 5: 8-9 6: 10 ou

+ 128 12 61 41 11 3 0

5. Existe algum morador com dificuldade física? N° Casa 1: Sim 2. Não

128 16 112

7. Qual a sua renda familiar (em salários mínimos)? N° Casa 1. até 1 2. 1-3 3. 3-5 4. 5-7 5. 7-10 6. outra

128 76 45 1 0 0 6

8. Qual o local de moradia anterior?

N° Casa 1.

Mesma 2.

Mesmo 3. Outro bairro 4. Outra cidade área bairro

128 0 2 125 1

9. De que tipo era sua moradia anterior?

N° Casa 1: Casa 2: Casa 3: Apto

4: Apto alugado 5: Outro própria alugada próprio

128 10 104 0 2 12

10. Você considera esta casa em relação a anterior: N° Casa 1: pior 2: igual 3: melhor 4: muito melhor

128 6 7 42 73

Page 83: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

83

APÊNDICE C – RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS: PARTE 2

Respostas

O que você acha do(a):

2.1: Tamanho da casa?

2.2: Tamanho

da cozinha?

2.3: Tamanho

do banheiro?

2.4: Tamanho da sala?

2.5: Tamanho

dos dormitórios?

2.6: Tamanho da área

de serviço?

2.7: Disposição das peças

de sua casa?

Ótimo 34,38% 24,22% 81,25% 25,78% 27,34% 21,88% 23,44%

Bom 57,03% 54,69% 17,97% 57,81% 55% 48,44% 62,50%

Ruim 8,59% 18,75% 0,78% 16,41% 17,19% 24,22% 12,50%

Péssimo 0% 2,34% 0% 0% 0% 5,47% 1,56%

TOTAL 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%

Respostas O que você acha do espaço para distribuição dos móveis:

2.8: na sala?

2.9: no quarto? 2.8: na cozinha? 2.10: no banheiro?

Ótimo 19,53% 18,75% 18,75% 62,50%

Bom 58,59% 56,25% 53,91% 37,50%

Ruim 19,53% 23,44% 25,00% 0%

Péssimo 2,34% 1,56% 2,34% 0%

TOTAL 100% 100% 100% 100%

Respostas O que você acha do espaço para abrir e fechar portas e janelas:

2.11: na sala?

2.12: no quarto? 2.13: na cozinha? 2.13: no banheiro?

Ótimo 32,03% 34,38% 31,25% 36,72%

Bom 58,59% 57,03% 60,16% 60,94%

Ruim 8,59% 7,81% 7,81% 2%

Péssimo 1% 0,78% 1% 0%

TOTAL 100% 100% 100% 100%

Moradia e áreas comuns: adequação ao uso

N° Casa 2.14: Você sente falta de espaço

para desenvolver alguma atividade na sua casa?

2.15: Alguém dorme em algum espaço que nao seja quarto na sua casa?

1. SIM 49,22% 9,38%

2. NÃO 50,78% 90,63%

Page 84: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

84

APÊNDICE D – RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS: PARTE 3

Respostas

PARTE 3: Áreas de convivência social

Como você qualifica as áreas de convivência e lazer para:

3.1: as crianças? 3.2: os adultos? 3.3: os idosos? 3.4: os deficientes físicos?

1 14 15 6 4

2 49 38 14 11

3 30 26 18 21

4 14 6 15 13

5 21 43 75 79

TOTAL 128 128 128 128

Page 85: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

85

ANEXO A – ESPECIFICAÇÕES MÍNIMAS PARA CASA/SOBRADO DO PMCMV

Projeto Casa com sala / 1 dormitório para casal e 1 dormitório para duas pessoas / cozinha / área de serviço (externa) / circulação / banheiro

DIMENSÕES DOS CÔMODOS (Estas especificações não estabelecem área mínima de cômodos, deixando aos projetistas a competência de formatar os ambientes da habitação segundo o mobiliário previsto, evitando conflitos com legislações estaduais ou municipais que versam sobre dimensões mínimas dos ambientes).

Dormitório casal Quantidade mínima de móveis: 1cama (1,40 m x 1,90 m); 1 criado-mudo (0,50 m x 0,50 m); e 1 guarda-roupa (1,60 m x 0,50 m). Circulação mínima entre mobiliário e/ou paredes de 0,50 m.

Dormitório duas pessoas

Quantidade mínima de móveis: 2 camas (0,80 m x 1,90 m); 1 criado-mudo (0,50 m x 0,50 m); e 1 guarda-roupa (1,50 m x 0,50 m). Circulação mínima entre as camas de 0,80 m. Demais circulações mínimo de 0,50m

Cozinha Largura mínima da cozinha: 1,80 m. Quantidade mínima: 1 pia (1,20 m x 0,50 m); fogão (0,55 m x 0,60 m); e geladeira (0,70 m x 0,70 m). Previsão para armário sob a pia e gabinete.

Sala de estar/refeições

Largura mínima sala de estar/refeições: 2,40 m. Quantidade mínima de móveis: sofás com número de assentos igual ao número de leitos; mesa para 4 pessoas; e Estante/Armário TV.

Banheiro

Largura mínima do banheiro: 1,50 m. Quantidade mínima: 1 lavatório sem coluna; 1 vaso sanitário com caixa de descarga acoplada; 1 box com ponto de chuveiro – (0,90 m x 0,95 m) com previsão para instalação de barras de apoio e de banco articulado, desnível máx. 15 mm; Assegurar a área para transferência ao vaso sanitário e ao box.

Área de serviço Quantidade mínima: 1 tanque (0,52 m x 0,53 m) e 1 máquina (0,60 m x 0,65 m).

Em todos os cômodos

Espaço livre de obstáculos em frente as portas de no mínimo 1,20 m. Deve ser possível inscrever, em todos os cômodos, o modulo de manobra sem deslocamento para rotação de 180º definido pela NBR 9050 (1,20 m x 1,50 m), livre de obstáculos.

CARACTERISTICAS GERAIS

Área útil (área interna sem contar área das paredes)

38,00 m²

Pé-direito mínimo 2,30 m nos banheiros e 2,50 m nos demais cômodos.

Cobertura Em telha cerâmica/concreto com forro ou de fibrocimento (espessura mínima de 5mm) com laje, sobre estrutura de madeira ou metálica.

Revestimento interno Massa única, gesso (exceto banheiros, cozinhas ou áreas de serviço) ou concreto regularizado com pintura.

Revestimento externo Massa única ou concreto regularizado para pintura.

Page 86: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

86

Revestimento Áreas Molhadas

Azulejo com altura mínima de 1,50 m em todas as paredes do banheiro, cozinha e área de serviço.

Revestimento areas comuns

Massa única, gesso ou concreto regularizado para pintura.

Portas e ferragens

Portas internas em madeira. Admite-se porta metálica no acesso à unidade. Batente em aço ou madeira desde que possibilite inversão do sentido de abertura das portas. Vão livre de 0,80 m x 2,10 m em todas as portas. Previsão de área de aproximação para abertura das portas (0,60 m interno e 0,30 m externo), maçanetas de alavanca a 1,00 m do piso.

Janelas

Completa, de alumínio para regiões litorâneas ou meios agressivos e de aço para demais regiões. Vão de 1,50 m² nos quartos e 2,00 m² na sala, sendo admissível uma variação de ate 5%.

Pisos Cerâmica esmaltada em toda a unidade, com rodapé, e desnível máximo de 15 mm.

Ampliação da UH Os projetos deverão prever a ampliação das casas.

PINTURAS

Paredes internas Tinta PVA

Paredes áreas molhadas

Tinta acrílica

Paredes externas Tinta acrílica ou textura impermeável.

Tetos Tinta PVA

Esquadrias Em esquadrias de aço, esmalte sobre fundo preparador. Em esquadrias de madeira, esmalte ou verniz

LOUÇAS E METAIS

Lavatório Louça sem coluna e torneira metálica cromada com acionamento por alavanca ou cruzeta. Acabamento de registro da alavanca ou cruzeta.

Vaso sanitário Louça com caixa de descarga acoplada.

Tanque

Capacidade mínima de 20 litros, de concreto pré-moldado, PVC, granilite ou mármore sintético com torneira metálica cromada com acionamento por alavanca ou cruzeta. Acabamento de registro de alavanca ou cruzeta.

Pia cozinha Bancada de 1,20 m x 0,50 m com cuba de granilite ou mármore sintético, torneira metálica cromada. Torneira e acabamento de registro de alavanca ou cruzeta.

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS / TELEFÔNICAS

Número de pontos de tomadas elétricas

2 na sala, 4 na cozinha, 2 na área de serviço, 2 em cada dormitório, 1 tomada no banheiro e mais 1 tomada para chuveiro elétrico (mesmo em caso de aquecimento solar).

Page 87: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

87

Número de pontos diversos

1 ponto de telefone, 1 ponto de antena e 1 ponto de interfone (em condomínios).

Número de circuitos Prever circuitos independentes para chuveiro (dimensionado para a potência usual do mercado local), tomadas e iluminação.

Interfone Instalar sistema de porteiro eletrônico em condomínios.

Geral Tomadas baixas a 0,40 m do piso acabado, interruptores, interfones, campainha e outros a 1,00 m do piso acabado.

DIVERSOS

Reservatório Caixa d’água de 500 litros ou de maior capacidade quando exigido pela concessionária local. Para reservatório elevado de água potável, em condomínio, prever instalação de no mínimo 2 bombas de recalque com manobra simultânea.

Vagas Vagas de garagem conforme definido na legislação municipal.

Cercamento do condomínio

Alambrado com baldrame e altura mínima de 1,80 m no entorno do condomínio.

Proteção da alvenaria externa

Em concreto com largura de 0,50 m ao redor da edificação.

Calçadas para circulação interna no condomínio

Largura mínima de 0,90 m.

Máquina de lavar Prever solução para máquina de lavar roupas (ponto elétrico, hidráulica e de esgoto).

Equipamentos de lazer / uso comunitário

Obrigatório para empreendimentos em condomínio, com 60 UH ou mais, devendo prever recursos de, no mínimo, 1% da soma dos custos de infraestrutura e edificações. Considerando o valor destinado para este item, serão produzidos os equipamentos a seguir especificados, obrigatoriamente nesta ordem: centro comunitário, espaço descoberto para lazer/recreação infantil; e quadra de esportes.

Em condomínio, obrigatória a execução de depósito de lixo e local para armazenamento de correspondência.

TECNOLOGIAS INOVADORAS

Aceitáveis as tecnologias inovadoras testadas e aprovadas conforme a Norma de Desempenho – NBR 15.575 e homologadas pelo SiNAT ou que comprovarem desempenho satisfatório junto à CAIXA.

SUSTENTABILIDADE

Aquecimento solar nas unidades (item obrigatório em todas as regiões). Sistema aprovado pelo INMETRO.

Medição individualizada de água e gás (ou sistema de botijão individualizado).

Page 88: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

88

INFRAESTRUTURA

Pavimentação definitiva, calçadas, guias, sarjetas e sistemas de drenagem.

Sistema de abastecimento de água.

Solução de esgotamento sanitário.

Energia elétrica e iluminação pública.

ACESSIBILIDADE E ADAPTAÇÃO

Áreas de uso comum

Deverá ser garantida a rota acessível em todas as áreas públicas e de uso comum no empreendimento. Orientações disponíveis na Cartilha de Acessibilidade a Edificações e Espaços e Equipamentos Urbanos, elaborado pela CAIXA.

Unidades adaptadas

Disponibilizar unidades adaptadas ao uso por pessoas com deficiência, com mobilidade reduzida e idosos, de acordo com a demanda, com kits específicos devidamente definidos. Na ausência de legislação municipal ou estadual que estabeleça regra especifica, disponibilizar no mínimo 3% das UH.

Fonte: CEF (2016).

Page 89: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

89

ANEXO B – PROJETO ARQUITETÔNICO DAS UNIDADES HABITACIONAIS DO

RESIDENCIAL LEONEL BRIZOLA: PLANTA DE COBERTURA, PLANTA

MOBILIADA E PLANTA TÉCNICA

Page 90: Larissa Vasconcellos Da Cas - UFSMcoral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2016/TCC_LARISSA VASCONCELLOS... · accessibility of NBR 15575-1 (ABNT, 2013a) and NBR 9050 (ABNT, 2015). The

90

ANEXO C – PROJETO ARQUITETÔNICO DAS UNIDADES HABITACIONAIS DO

RESIDENCIAL LEONEL BRIZOLA: CORTES E FACHADAS