Lins/SP 22 de abril de 2004 · Web view2 A HORTA ESCOLAR COMO ESTRATÉGIA INTERDISCIPLINAR DE...
Transcript of Lins/SP 22 de abril de 2004 · Web view2 A HORTA ESCOLAR COMO ESTRATÉGIA INTERDISCIPLINAR DE...
ARTIGO CIENTÍFICO - TCCTURMA PARFOR – 6º SEMESTRE F e P
EDUCAÇÃO AMBIENTAL: HORTA ESCOLARENVIRONMENTAL EDUCATION: SCHOOL VEGETABLE GARDEN
Ana Paula Marques dos Santos – [email protected]
Graduanda em Pedagogia
Profª Ma. Elisete Peixoto de Lima – UNISALESIANO – [email protected]
Profª Esp. Érica Cristiane dos Santos Campaner – UNISALESIANO –
RESUMO
A Educação Ambiental tem como objetivo a construção do conhecimento da natureza, a formação de atitudes e o desenvolvimento de habilidades que resultem em práticas de cidadania para garantir uma sociedade sustentável. Os valores e atitudes construídos na primeira infância determinarão os comportamentos éticos e morais ao longo da vida. Portanto, para que as próximas gerações cuidem do planeta é preciso trabalhar, desde a educação infantil, o estudo da natureza e da interdependência entre o ser humano e o ambiente. A pesquisa foi feita com base no projeto de cultivo de uma horta realizada na Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Maria Aparecida da Silva Elias, modalidade creche, no município de Lins, com alunos de 3 a 4 anos. Através da horta foi possível ampliar o vínculo entre as crianças e o meio ambiente e contribuir para o desenvolvimento de boas práticas alimentares. A escola é o melhor agente para promover a educação alimentar, por esse motivo a educação infantil tem um papel importante no desenvolvimento de bons hábitos alimentares das crianças.
Palavras-chave: Educação ambiental. Educação infantil. Horta escolar. Educação alimentar.
ABSTRACT
Environmental education aims to build knowledge of nature, forming attitudes and skills development that result in citizenship practices to ensure a sustainable society. The values and attitudes constructed in early childhood determine ethical behavior and moral lifelong. Therefore, for the next generations to take care of the planet it takes work, from early childhood education, the study of nature and the interdependence between humans and the environment. The research was based on the project of growing a garden held in Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Maria Aparecida da Silva Elias, mode daycare, In the city of Lins, with 3-4 years
UNISALESIANO Lins – Rua Dom Bosco, 265 – Vila Alta – 16400-505 – Fone (14)3533-5000 – Site: www.unisalesiano.edu.br Página 1
ARTIGO CIENTÍFICO - TCCTURMA PARFOR – 6º SEMESTRE F e P
students. Through the vegetable garden was possible to increase the bond between children and the environment and contribute to the development of good eating habits. The school is the best agent to promote food education, for this reason early childhood education has an important role in the development of good eating habits of children.
Keywords: Environmental education. Childhood education. School vegetable garden. Food literacy.
INTRODUÇÃO
A educação ambiental é uma ferramenta que torna possível a construção de
conhecimentos e habilidades, além de formar atitudes que serão transformadas em
práticas de cidadania auxiliando na garantia de uma sociedade sustentável.
A educação formal e informal deve contribuir para construção da sociedade,
por isso é necessário um trabalho de qualidade sobre educação ambiental com as
crianças para que possam auxiliar na preservação do meio ambiente, para as atuais
e futuras gerações.
Os primeiros anos de vida constituem-se no melhor período para desenvolver
atitudes e valores que construirão a base da personalidade. Nessa fase, os valores e
atitudes desenvolvidos determinarão os comportamentos éticos e morais ao longo
da vida. Portanto, para que as próximas gerações cuidem do planeta é preciso
trabalhar na educação infantil o estudo da natureza e da interdependência entre o
ser humano e o ambiente.
Neste contexto, o cultivo de hortas escolares pode se tornar um rico
instrumento educativo. Experiências de contato com o solo, a descoberta de
diversas formas de vida que ali existem, o encanto com as sementes que brotam
como mágica, o cuidado diário de regar e tirar matinhos, a espera até que a
natureza transforme as sementes em verduras e legumes podem fazer de pequenos
espaços da escola cantos de muito aprendizado, além de proporcionar uma
alimentação saudável às crianças.
O objetivo dessa pesquisa, realizada nos meses de abril e maio de 2012, foi
promover o contato das crianças de 3 a 4 anos da Escola Municipal de Educação UNISALESIANO Lins – Rua Dom Bosco, 265 – Vila Alta – 16400-505 – Fone (14)3533-5000 – Site:
www.unisalesiano.edu.br Página 2
ARTIGO CIENTÍFICO - TCCTURMA PARFOR – 6º SEMESTRE F e P
Infantil (EMEI) Maria Aparecida da Silva Elias, com o meio ambiente, estimulando-as
a cuidar dos vegetais de uma horta escolar e a adquirir bons hábitos alimentares,
levando-as a compreender a importância dos cuidados com os seres vivos.
Para a realização da pesquisa foi utilizado o método de estudo de caso.
1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A educação ambiental tem como objetivo o planejamento contínuo de
construção do conhecimento, de formação de atitudes e do desenvolvimento de
habilidades que resultem em ações sociais positivas e transformadoras e práticas de
cidadania para garantir uma sociedade sustentável.
[...] elemento integrador dos sistemas educativos de que dispõe a sociedade para fazer com que a comunidade tome consciência do fenômeno do desenvolvimento e suas implicações ambientais. Para tanto, deverá servir para transmitir conhecimentos e desenvolver habilidades e atitudes que permitam ao homem atuar eficientemente no processo de manutenção do equilíbrio ambiental, de forma a manter a qualidade de vida condizente com suas necessidades e aspirações. (SEMA apud KRASILCHIK, 2008, p. 191)
Um dos maiores desafios deste século é construir e manter comunidades
sustentáveis, definidas como aquelas capazes de atender às próprias necessidades
sem prejudicar o futuro das próximas gerações. (CAPRA, 2008)
Capra (2008) afirma que a educação para uma vida sustentável deve utilizar
uma pedagogia de compreensão da vida, uma experiência de aprendizagem da
realidade e um currículo que ensine os princípios básicos da ecologia.
A palavra ecologia vem do grego oikos que significa casa. A ecologia estuda o
funcionamento do planeta Terra e as relações entre seus habitantes. Ela vê o mundo
como uma rede de fenômenos interligados em que todos os seres vivos fazem parte
dos ciclos da natureza, pela qual dependem para sobreviver.
Pensar em educação ambiental hoje é pensar numa educação voltada para
aprendizagens significativas. É oferecer perspectivas que originem ideias inovadoras
e possibilitem formar um cidadão crítico e participativo, capaz de tomar decisões e
contribuir para o desenvolvimento das ações humanas ambientalmente corretas.UNISALESIANO Lins – Rua Dom Bosco, 265 – Vila Alta – 16400-505 – Fone (14)3533-5000 – Site:
www.unisalesiano.edu.br Página 3
ARTIGO CIENTÍFICO - TCCTURMA PARFOR – 6º SEMESTRE F e P
1.1 A educação ambiental no contexto da educação infantil
Educar para a sustentabilidade presume instruir o olhar para o exercício da
solidariedade; perceber as ligações do contexto local com o global; do individual com
o coletivo; do sujeito com o planeta; da vida das pessoas com a vida do planeta.
Esse trabalho educativo é indispensável e dificultoso, pois os padrões ocidentais
baseiam-se no incentivo ao consumo exagerado e valorização do material. Por isso
é necessário romper barreiras. (OLIVEIRA; NEVES, 2013)
“A educação tem um papel fundamental na construção da sustentabilidade.
Para tanto, é necessário caminhar em direção a um pensamento verdadeiramente
ecológico.” (OLIVEIRA; NEVES, 2013)
Segundo Capra apud Oliveira; Neves (2013), o pensamento ecológico tem
como base padrões éticos de comportamento, uma nova forma de ver o mundo e,
também, inicia um novo jeito de pensar a educação como promotora da paz e da
sustentabilidade. Assim, estabelecer uma visão do educador e do educando sobre si
mesmos e sobre os outros seres, reconsiderando valores, comportamentos e
atitudes.
É muito difícil mudar os valores dos adultos, já as crianças nascem com
certos valores intactos, ou seja, um sentimento de admiração ou respeito e afinidade
com a natureza. Todas as pessoas possuem essa capacidade, mas ela é mais
acentuada nas crianças. Acredita-se que quando bem sustentada, pode se
transformar em alfabetização ecológica e, como consequência, numa sociedade
mais sustentável. (STONE; BARLOW apud OLIVEIRA; NEVES, 2013)
A educação para uma vida sustentável é baseada no ensino dos princípios básicos da ecologia e no respeito pela natureza, por meio de uma abordagem multidisciplinar baseada na experiência e na participação. Podemos criar sociedades sustentáveis seguindo um modelo de ecossistemas da natureza. Isso inclui experimentar o mundo natural, aprender como a natureza sustenta a vida, conhecer bem o lugar onde vivemos e em que trabalhamos, o alimento que comemos, os ciclos da natureza, tudo isso para aprender a preservar a vida na Terra e querer fazer isso. (OLIVEIRA; NEVES, 2013, p. 76)
UNISALESIANO Lins – Rua Dom Bosco, 265 – Vila Alta – 16400-505 – Fone (14)3533-5000 – Site: www.unisalesiano.edu.br Página 4
ARTIGO CIENTÍFICO - TCCTURMA PARFOR – 6º SEMESTRE F e P
Oliveira; Neves (2013) enfatizam que é possível construir um mundo novo,
onde a educação, a arte e a cultura estejam voltadas à garantia da vida no planeta.
Para isso, é necessário que as teorias a respeito da educação essencial à
atualidade, se transformem em práticas pedagógicas.
De acordo com Craidy; Kaercher (2001), as crianças são seres ativos que, se
tiverem oportunidades, podem se tornar cada vez mais competentes para lidar com
as coisas do mundo. Elas participam das transformações ocorridas nos contextos
culturais e históricos em que vivem e, dessa forma, acabam transformadas pelas
experiências vividas neste mundo dinâmico.
Antunes (2004) revela que a mente infantil forma uma consciência dinâmica
que se transforma rapidamente. Dessa forma, a educação pode transformar as
linhas de um caráter. O que a criança virá a ser quando adulta depende, muito mais
dessa transformação, do que das capacidades mentais inatas.
As recentes pesquisas nas áreas da neurociência e do desenvolvimento
cognitivo conduziram a uma nova visão do processo de aprendizagem em que o
cérebro é visto como um sistema auto-organizado, complexo e altamente adaptativo.
“Graças a interconectividade do cérebro, tudo que acontece a uma criança tem
consequências diretas e indiretas. Corpo e mente, ou cérebro e mente, interagem
profundamente.” (CAPRA, 2008, p. 29)
O cérebro é muito sensível às influências ambientais na primeira infância
porque grande parte da rede neural está se constituindo.
O ambiente é sempre favorável à descoberta. Os espaços destinados a
dialogar, inventar histórias, recortar, colar, folhear, descobrir a terra e mexer na água
são estimulantes.
Deve-se despertar a curiosidade da criança para observar e descobrir os
objetos, pessoas, plantas e animais e suas diferenças e semelhanças, e que elas
possam discutir com os colegas suas descobertas.
Os professores devem criar ambientes e programar passeios com frequência
que promovam experiências diretas com a participação ativa da criança nas
UNISALESIANO Lins – Rua Dom Bosco, 265 – Vila Alta – 16400-505 – Fone (14)3533-5000 – Site: www.unisalesiano.edu.br Página 5
ARTIGO CIENTÍFICO - TCCTURMA PARFOR – 6º SEMESTRE F e P
atividades.
É importante sempre que possível, priorizar atividades ao ar livre onde a
criança pode descobrir seu corpo e seus movimentos e conhecer os elementos da
natureza e a vida que nela está inserida.
De acordo com Antunes (2004), a escola que está inserida no contexto da
realidade dos seus alunos, promove um ensino pleno de particularidades que
nenhum texto pode reproduzir.
Cabe ao professor criar oportunidades para aprendizagens, utilizando
determinadas atividades e restringindo outras. A organização do currículo deve abrir
mão de um ambiente de silêncio e criar situações para que as crianças se tornem
exploradoras.
A inter-relação do homem com a natureza é muito importante em sua vida, e
traz muitos benefícios, tanto emocionais quanto funcionais. Para as crianças, o
contato com as plantas tem impacto ainda maior, de forma que essa interação com a
natureza influencia no desenvolvimento e ajuda no aprendizado. Além de aprender
sobre os recursos naturais e a importância da sua preservação, desenvolve a
percepção e maior atenção aos processos de ensino-aprendizagem. (FEDRIZZI,
2013)
“Os primeiros anos de vida são os mais favoráveis para desenvolver atitudes
e valores que formam a base da personalidade.” (DIDONET, 2008)
Para Didonet (2008), os valores e atitudes adquiridos na primeira infância
traçam um caminho mais firme e estável para a vida. Nessa fase, os valores e
atitudes desenvolvidos determinarão os comportamentos éticos e morais ao longo
da vida. Portanto, para que as próximas gerações cuidem do planeta é preciso
trabalhar na educação infantil o estudo da natureza e da interdependência entre o
ser humano e o ambiente.
2 A HORTA ESCOLAR COMO ESTRATÉGIA INTERDISCIPLINAR DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E ALIMENTAR
UNISALESIANO Lins – Rua Dom Bosco, 265 – Vila Alta – 16400-505 – Fone (14)3533-5000 – Site: www.unisalesiano.edu.br Página 6
ARTIGO CIENTÍFICO - TCCTURMA PARFOR – 6º SEMESTRE F e P
Na última década descobriu-se que um projeto perfeito para trabalhar os
princípios da ecologia é plantar uma horta e utilizá-la como recurso para preparar
refeições na escola.
Capra (2008) salienta que a horta auxilia na conexão das crianças com os
fundamentos da alimentação e da vida, além de integrar e tornar mais interessantes
as atividades na escola.
Além de ampliar o vínculo entre as crianças e o meio ambiente a horta escolar
contribui para o desenvolvimento de boas práticas alimentares que se forem
adquiridas desde os primeiros anos se perpetuará durante toda a vida do indivíduo,
promovendo saúde e qualidade de vida.
A escola é o melhor agente para promover a educação alimentar, pois é na
infância que se estabelecem atitudes e práticas alimentares difíceis de modificar na
idade adulta. Por esse motivo a educação tem um papel importante no
desenvolvimento de bons hábitos alimentares das crianças. A educação alimentar
deve estar no projeto pedagógico da instituição educativa, com o objetivo de
familiarizar as crianças aos alimentos saudáveis. O aumento da preocupação com
alimentação valorizou a educação nutricional voltada às crianças, que estão aptas a
aprender a aceitar e gostar de diversos alimentos, quando estimuladas. A educação
nutricional pretende melhorar os hábitos alimentares em longo prazo, tornando-se
um elemento de sensibilização e reformulação do comportamento alimentar.
(ARAÚJO; FERREIRA; MIRANDA; SAUGLI, 2006)
Maus hábitos alimentares na infância podem causar problemas nutricionais
em curto prazo, que podem comprometer o crescimento e o desenvolvimento da
criança e promover o aparecimento de doenças na fase adulta como hipertensão
arterial e diabetes. (LOUREDO, 2012)
Louredo (2012) afirma que a rotina corrida dos pais é, para muitos
especialistas, uma das principais causas da má alimentação e consequente
sobrepeso dos filhos, pois na correria do dia a dia, utilizam alimentos industrializados
mais fáceis de serem preparados e isso se torna um hábito. São eles que
determinam quais alimentos serão consumidos em casa e fora dela, portanto, é de
UNISALESIANO Lins – Rua Dom Bosco, 265 – Vila Alta – 16400-505 – Fone (14)3533-5000 – Site: www.unisalesiano.edu.br Página 7
ARTIGO CIENTÍFICO - TCCTURMA PARFOR – 6º SEMESTRE F e P
suma importância que tenham hábitos saudáveis e ensinem seus filhos.
Ao cuidar de uma horta, as crianças podem investigar e compreender os
fenômenos que ocorrem durante os ciclos da natureza. Cultivar vegetais e preparar
alimentos são exemplos de um ciclo de trabalho. Plantar, cuidar da horta, colher, e
depois plantar novamente. Esse trabalho facilita o reconhecimento da ordem natural
das coisas, de crescimento e declínio, de nascimento e morte, gerando uma
consciência de como estão incluídos nesses ciclos naturais.
Através desta prática, os alunos aprendem que o ciclo dos alimentos interage
com ciclos maiores como o ciclo da água e das estações.
Na horta aprende-se também que um solo fértil é um solo vivo, com bilhões
de organismos vivos que executam diversas transformações químicas essenciais
para manter a vida na Terra. “Este princípio está incorporado aos métodos
tradicionais de cultivo, que se baseiam em um respeito profundo pela vida.”
(CAPRA, 2008, p. 27)
Para as crianças a horta é um espaço mágico, e dificilmente elas teriam a
oportunidade desse contato com a terra e o crescimento das plantas. Esse tipo de
atividade toca o coração das crianças e se torna importante para elas.
Através da horta é possível perceber que o homem faz parte de um
ecossistema, de um sistema social e cultura própria. Pode-se observar o
crescimento e o desenvolvimento de um organismo, essa compreensão é
fundamental não apenas para a horta, mas também para a educação.
A horta escolar é um instrumento concreto de aprendizagem e traz benefícios
para o desenvolvimento de cada aluno, além de ser uma das melhores maneiras de
tornar as crianças ecologicamente alfabetizadas, capazes de contribuir com um
futuro sustentável.
Segundo Capra (2008), no Centro de Ecoalfabetização da Califórnia,
descobriu-se que aprender na horta escolar, na cozinha, na fazenda ou no rio é
aprender no mundo real em toda a sua plenitude. A alfabetização ecológica vem
sendo ensinada em grande parte das escolas da Califórnia e começa chegar a
outras regiões.
UNISALESIANO Lins – Rua Dom Bosco, 265 – Vila Alta – 16400-505 – Fone (14)3533-5000 – Site: www.unisalesiano.edu.br Página 8
ARTIGO CIENTÍFICO - TCCTURMA PARFOR – 6º SEMESTRE F e P
A nova compreensão do processo de aprendizagem propõe a necessidade de
estratégias de ensino mais adequadas em que o currículo seja integrado e as
disciplinas vistas como recursos a serviço de um objetivo central.
Capra (2008) afirma que uma boa maneira de conseguir essa integração é
abordando a aprendizagem baseada em projetos, que proporciona experiências de
aprendizagem que engajem os estudantes em projetos do mundo real, onde possam
desenvolver suas capacidades e conhecimentos.
Nas escolas de ecoalfabetização é praticada a aprendizagem baseada em
projetos, utilizando como tema principal uma horta escolar ou o projeto de
recuperação de um curso d’água. “Com o passar dos anos, passamos a definir
currículo como os conteúdos e contextos que ajudam o estudante a criar
significados, desenvolver comportamentos e valores e compreender o mundo.”
(CAPRA, 2008, p. 32)
3 PROJETO HORTA ESCOLAR NA EMEI MARIA APARECIDA DA SILVA ELIAS – MODALIDADE CRECHE
Para demonstrar que o cultivo de uma horta escolar é uma experiência
concreta que pode auxiliar crianças na faixa etária de 3 a 4 anos a compreender a
importância da natureza como produtora de alimentos saudáveis e contribuir para
que as mesmas estabeleçam relações entre o meio ambiente e o ciclo vital dos
seres vivos, a pesquisa foi feita com base no projeto de cultivo de uma horta
realizado na EMEI Maria Aparecida da Silva Elias, modalidade creche, no município
de Lins /SP, nos meses de abril e maio de 2012, com as crianças de 3 a 4 anos do
maternal 2.
O objetivo foi ampliar o contato das crianças com o meio ambiente
estimulando-as à cuidar dos vegetais de uma horta escolar, além de:
a) planejar, cultivar e dar manutenção a uma horta escolar na EMEI Maria
Aparecida da Silva Elias, modalidade creche;
b) estimular as crianças a compreender a importância dos cuidados que
UNISALESIANO Lins – Rua Dom Bosco, 265 – Vila Alta – 16400-505 – Fone (14)3533-5000 – Site: www.unisalesiano.edu.br Página 9
ARTIGO CIENTÍFICO - TCCTURMA PARFOR – 6º SEMESTRE F e P
se deve ter com os seres vivos durante seu ciclo vital;
c) incentivar as crianças a adquirir bons hábitos alimentares.
O método utilizado foi de estudo de caso.
A preparação dos canteiros foi feita pelo caseiro da escola num espaço de
terra apropriado. As sementes foram doadas. O dono do estabelecimento em que as
sementes iriam ser compradas, ao saber que seriam para uma horta escolar, fez a
doação por admirar a iniciativa.
Realizou-se uma roda de conversa sobre o assunto e as crianças plantaram
sementes de alface e rúcula, com o auxílio da responsável pela turma.
A rega da horta e limpeza dos canteiros era realizada diariamente pelas
crianças e, dessa forma, elas acompanharam o desenvolvimento das verduras.
A colheita e a higienização das plantas foram feitas e acompanhadas pela
turma, e no almoço puderam degustá-las.
Todo o processo foi registrado por meio de fotos.
Na figura 1, as crianças foram levadas ao local dos canteiros onde se realizou
uma conversa sobre a horta para explicar que elas iriam plantar e cuidar de uma
horta de alface e rúcula e que os vegetais são seres vivos e por isso, necessitam de
cuidados diários, como sol e água. Essa conversa preliminar serve para mostrar as
crianças como a horta está presente no dia a dia delas.
Figura 1: Conversa sobre a horta
UNISALESIANO Lins – Rua Dom Bosco, 265 – Vila Alta – 16400-505 – Fone (14)3533-5000 – Site: www.unisalesiano.edu.br Página 10
ARTIGO CIENTÍFICO - TCCTURMA PARFOR – 6º SEMESTRE F e P
Fonte: Elaborada pela autora, (2012)
A semeadura foi realizada de forma direta, onde as hortaliças são semeadas
diretamente nos canteiros, permanecendo ali até a colheita.
Na figura 2 realizou-se o plantio das sementes. As crianças participaram
ativamente desta etapa, foram abertos pequenos buracos com as mãos, cada um
recebeu um pouco de semente e colocou nos buracos abertos.
Figura 2: Plantio das sementes nos canteiros
Fonte: Elaborada pela autora, (2012)
Todos os dias, ao final da tarde, as crianças eram levadas aos canteiros para
regá-los. A figura 3 retrata esta etapa.
Figura 3: Rega dos canteiros
Fonte: Elaborada pela autora, (2012)
UNISALESIANO Lins – Rua Dom Bosco, 265 – Vila Alta – 16400-505 – Fone (14)3533-5000 – Site: www.unisalesiano.edu.br Página 11
ARTIGO CIENTÍFICO - TCCTURMA PARFOR – 6º SEMESTRE F e P
Quando começou a surgir às mudinhas, as crianças ficaram maravilhadas e
sempre diziam para todos na escola que a alface estava crescendo, entusiasmadas.
A limpeza dos canteiros era feita pelas crianças. A figura 4 retrata as crianças
tirando matinhos e folhas que nasciam e caiam entre as mudas.
Figura 4: Retirada de folhas e matos dos canteiros
Fonte: Elaborada pela autora, (2012)
A colheita das folhas de rúcula precisou ser feita um pouco antes do tempo,
pois estavam estragando após alguns dias de chuva forte, como aconteceu com
alguns pés de alface.
No dia da colheita foi uma alegria, todos queriam ajudar, como ilustra a figura
5.
Figura 5: Colheita da rúcula
Fonte: Elaborada pela autora, (2012)
UNISALESIANO Lins – Rua Dom Bosco, 265 – Vila Alta – 16400-505 – Fone (14)3533-5000 – Site: www.unisalesiano.edu.br Página 12
ARTIGO CIENTÍFICO - TCCTURMA PARFOR – 6º SEMESTRE F e P
Alguns pais relataram que os filhos pediram uma horta em casa para cuidar.
Essa atitude mostra o interesse e a satisfação das crianças em cultivar uma planta.
Após a colheita, as verduras foram levadas para a cozinha, onde a
merendeira fez a higienização com o acompanhamento das crianças, conforme a
figura 6.
Figura 6: Higienização das verduras
Fonte: Elaborada pela autora, (2012)
Na hora do almoço foi uma festa. As crianças ficaram felizes de poderem
comer as verduras que elas próprias ajudaram a plantar e cuidar. Algumas que não
comiam verduras até se arriscaram a experimentar.
Figura 7: Degustação das verduras
Fonte: Elaborada pela autora, (2012)
CONCLUSÃO
Cultivar uma horta na escola é uma atividade concreta de aprendizagem que
UNISALESIANO Lins – Rua Dom Bosco, 265 – Vila Alta – 16400-505 – Fone (14)3533-5000 – Site: www.unisalesiano.edu.br Página 13
ARTIGO CIENTÍFICO - TCCTURMA PARFOR – 6º SEMESTRE F e P
traz benefícios para o desenvolvimento dos alunos da educação infantil.
Através dessa experiência pode-se observar o crescimento e o
desenvolvimento de um organismo, sendo possível perceber que o homem faz parte
de um ecossistema delicado e complexo.
O contato com as plantas proporciona uma interação com a natureza, onde as
crianças irão aprender sobre os recursos naturais e a importância de preservá-los,
além desenvolver a percepção e maior atenção aos processos de ensino-
aprendizagem.
Cuidar de uma horta é uma das melhores maneiras de tornar as crianças
ecologicamente alfabetizadas, capazes de contribuir com um futuro sustentável, pois
amplia o vínculo com o meio ambiente.
É uma forma de contribuir para que adquiram bons hábitos alimentares, já
que elas querem que as verduras cresçam logo para ver o resultado e a maioria se
sente motivada a comer o que foi plantado.
É importante trabalhar atividades como a horta desde a educação infantil, pois
é nos primeiros anos de vida que a criança formará a base da sua personalidade e
os valores adquiridos nesse período serão levados para toda a vida.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, C. Educação infantil: prioridade imprescindível. 4. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2004.
ARAÚJO, L. A.; FERREIRA, T. R. A. S; MIRANDA, A. S; SAUGLI, J. B. Nutrição para a educação infantil. UNEC Centro Universitário de Caratinga, Minas Gerais, 2006. Disponível em: < http://bibliotecadigital.unec.edu.br/ojs/index.php/unec01/article/viewFile/121/40 > Acesso em: 10 jul. 2012
CAPRA, F. Alfabetização ecológica: o desafio para a educação do século 21. In: TRIGUEIRO, A. (Coord.). Meio ambiente no século 21: 21 especialistas falam da questão ambiental nas suas áreas de conhecimento. Campinas: Armazém do Ipê, 2008.
UNISALESIANO Lins – Rua Dom Bosco, 265 – Vila Alta – 16400-505 – Fone (14)3533-5000 – Site: www.unisalesiano.edu.br Página 14
ARTIGO CIENTÍFICO - TCCTURMA PARFOR – 6º SEMESTRE F e P
CRAIDY, C.; KAERCHER, G. E. Educação infantil: pra que te quero? Porto Alegre: Artmed, 2001.
DIDONET, V. Educação infantil para uma sociedade sustentável. Pátio Educação Infantil, Porto Alegre, n. 18, p. 10-13, nov. 2008.
FEDRIZZI, B. Lá fora há muito que aprender. Pátio Educação Infantil, Porto Alegre, n. 34, p. 13, jan./mar. 2013.
KRASILCHIK, M. Prática de ensino de biologia. 4. ed. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2008.
LOUREDO, P. Alimentação infantil. Brasil Escola, São Paulo, [s.d.] Disponível em: < http://www.brasilescola.com/saude-na-escola/conteudo/alimentacao-infantil.htm > Acesso em: 10 jul. 2012.
OLIVEIRA, M. L. C.; NEVES, R. H. C. L. Educação e sustentabilidade. Presença pedagógica, Belo Horizonte, v. 19, n. 109, p. 72-77, jan./fev. 2013.
UNISALESIANO Lins – Rua Dom Bosco, 265 – Vila Alta – 16400-505 – Fone (14)3533-5000 – Site: www.unisalesiano.edu.br Página 15