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Do mercado municipal às grandes empresas, o consumidor acaba sendo o centro de toda compra. Para debater o assunto, a Universidade Positivo realiza debates nos turnos da manhã e noite de hoje para aprofundar o tema. Nesta edição, o LONA discute os avanços do Código de Defesa do Consumidor, o comportamento do consumidor compulsivo, além da nova configuração do consumo no mundo virtual. Código de Defesa do Consumidor completa 20 anos Curitiba, terça-feira, 19 de outubro de 2010 - Ano XII - Número 610 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected] DIÁRIO d o B R A S I L Diego Silva

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JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Do mercado municipal às grandes empresas, o consumidor acaba sendo o centro de toda compra. Paradebater o assunto, a Universidade Positivo realiza debates nos turnos da manhã e noite de hoje paraaprofundar o tema. Nesta edição, o LONA discute os avanços do Código de Defesa do Consumidor, ocomportamento do consumidor compulsivo, além da nova configuração do consumo no mundo virtual.

Código de Defesado Consumidorcompleta 20 anos

Curitiba, terça-feira, 19 de outubro de 2010 - Ano XII - Número 610Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected]

DIÁRIO

do

BRASIL

Diego Silva

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Curitiba, terça-feira, 19 de outubro de 20102

OpiniãoReitor: José Pio Martins.Vice-Reitor: Arno Anto-nio Gnoatto; Pró-Reitorde Graduação: RenatoCasagrande; Pró-Reitorde Planejamento e Ava-liação Institucional: Cos-me Damião Massi; Pró-Reitor de Pós-Gradua-ção e Pesquisa e Pró-Reitor de Extensão: Bru-no Fernandes; Pró-Reitorde Administração: ArnoAntonio Gnoatto; Coor-denador do Curso deJornalismo: Carlos Ale-xandre Gruber de Cas-tro; Professores-orienta-dores: Ana Paula Mira eMarcelo Lima; Editores-chefes : Daniel Castro( c a s t r o l o n a @ g m a i l .com.br), Diego Henriqueda Silva ([email protected]) e NathaliaCavalcante ([email protected]) .

“Formar jornalistas comabrangentes conheci-mentos gerais e huma-nísticos, capacitação téc-nica, espírito criativo eempreendedor, sólidosprincípios éticos e res-ponsabilidade social quecontribuam com seu tra-balho para o enriqueci-mento cultural, social,político e econômico dasociedade”.

O LONA é o jornal-laboratório diário doCurso de Jornalismo daUniversidade Positivo –UPRedação LONA: (41)3317-3044 Rua Pedro V.Parigot de Souza, 5.300 –Conectora 5. CampoComprido. Curitiba-PR- CEP 81280-30. Fone(41) 3317-3000

Expediente

Missão docursode Jornalismo

Jovem não é ligado em política. Também não é para menos. Éum jogo de intrigas, artimanhas e cheio de vilões. Heróis? Não há.Poderia ser apenas mais um folhetim de Balzac, mas se trata daarte ou ciência da organização, direção e administração de naçõesou estados. Uma coisa complicada.

Entender política é como entender economia. Poucas pes-soas sabem de fato sobre o assunto e a maioria – que diz entender- só enrola e não sabe ter uma visão desapaixonada, neutra.

Vale citar o atual segundo turno das eleições presidenciais.De um lado, os apaixonados por Dilma. De outro, os que odeiama petista e idolatram Serra. Não se trata de analisar a melhor pro-posta ou o melhor plano de governo, mas sim de gostar ou odiareste ou aquele candidato.

Willian Bressan

A políticaque

Quem nunca comprou um produto com defeito e teve que ficarhoras no telefone apertando infinitos números, sem resultado? Oserviço de atendimento ao consumidor (SAC) das empresas tem oobjetivo de resolver problemas do consumidor durante 24 horaspor dia.

O que acontece é que o consumidor leva mais tempo esperan-do no telefone do que sendo atendido. Sem contar o número devezes que a pessoa tem que repetir os dados pessoais e é transferi-da para outros setores.

De acordo com a regulamentação desse tipo de serviço, o nú-mero de telefone para entrar em contato com a empresa deve estarvisível no produto e nos documentos de contratação. Além disso,as opções de cancelamento e de reclamações devem ser as primei-ras alternativas durante a ligação, já que são as mais procuradas.

Será quefuncionaAmanda Fernandesaborrece

Na verdade, o que maisaborrece na política são aspessoas que tomam asdores dos seus candidatose fazem de tudo paraelegê-los, defendê-los e,ainda, criticar – de todas asmaneiras – o candidatoadversário.

Sinto saudades dos tempos em que eu estava fora da acade-mia e era apenas um aluno do Ensino Médio. Considero que, na-quela época, realmente eu tinha acesso à informação neutra e ver-dadeira nas aulas de Geopolítica do 3º ano. Meu professor não sedeclarava um apaixonado por este ou aquele candidato, nem diziaser militante do PT ou estar ligado ao PSDB. Assim, era muito maisfácil discernir o que de fato havia sido bom com a política neolibe-ral de Fernando Henrique Cardoso e os pontos positivos dos pri-meiros anos da Era Lula, que ainda não estavam nos livro de His-tória.

Na verdade, o que mais aborrece na política são as pessoasque tomam as dores dos seus candidatos e fazem de tudo para ele-gê-los, defendê-los e, ainda, criticar – de todas as maneiras – o can-didato adversário. Afinal, a política já é um jogo extremamente sujopara os que estão envolvidos diretamente, por que, então, colocar amão no fogo por alguém que você nem conhece pessoalmente?

Política, para ser certa e fazer jus ao seu significado, tem queser sobre propostas, planos de governo, e não sobre pessoas. As-sim, o assunto deixará de aborrecer e fará com que cada vez maispessoas se interessem por esta arte criada pelos gregos.

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Não é apenas por meiodo SAC que oatendimento deixa adesejar. Mesmo noProcon, o serviço podeser lento, e o consumidor,muitas vezes, nãoconsegue resolver oproblema na hora.

Muitas vezes, o consumidor quer apenas cancelar um serviço.Em vez de agilizar este processo, os atendentes são instruídos atentar convencê-lo a continuar cliente; às vezes, propõem uma mu-dança de plano que parece ser melhor, normalmente acompanha-do de um ano de fidelidade.

Não é apenas por meio do SAC que o atendimento deixa a de-sejar. Mesmo no Procon, o serviço pode ser lento, e o consumidor,muitas vezes, não consegue resolver o problema na hora. Ele é en-caminhado para outros setores. Passa tempo nas filas, e nem sem-pre recebe a orientação adequada sobre o que fazer.

O maior problema das empresas que têm como objetivo auxili-ar o consumidor é a falta de profissionais instruídos e que saibamencaminhar o cliente ao setor adequado. Em grande parte, as em-presas não sabem se posicionar sobre o assunto; e o que é pior: oatendimento muitas vezes precisa ser realizado por telefone, obri-gando-o a esperar horas para ser atendido. E ter que ouvir grava-ções tais quais: “O que o senhor deseja?”.

A má qualidade do atendimento ao cliente pode provocar que-da nas vendas e no faturamento da empresa. Isso ocorre não so-mente em caso de um atendimento telefônico malsucedido, mastambém quando o consumidor decide se este produto ou serviço érealmente aquilo que procura.

Além de produzir artigos de qualidade e criar serviços que re-almente atendam as necessidades do consumidor, mudar os pa-drões de atendimento é fundamental para garantir a clientela.

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Grandes Debates

Você provavelmente já ou-viu daquela frase segundo aqual o cliente sempre tem ra-zão. Até 20 anos atrás, apesarde já estar na boca do povo, odito encontrava pouco respal-do nas instâncias jurídicas:não havia nenhuma legislaçãoespecífica que regulasse as re-lações entre o fornecedor deprodutos e serviços com o con-sumidor.

Reclamar de um produtoestragado, do não-cumprimen-to do prazo de entrega de umproduto, de propaganda enga-nosa, até poderia dar resulta-do – mas a demora era gran-de. Na maior parte dos casos,o consumidor lesado desistiade procurar seus direitos.

O surgimento do Código deDefesa do Consumidor, insti-tuído em 11 de setembro de1990, aumentou a “razão” docliente. Ele passou a ter umaproteção institucional, poden-do ter acesso à defesa e a re-clamações de maneira maisefetiva do que ocorria antes.

Num país em que há mui-tas leis que “pegam” e muitasque não “pegam”, o CDC comcerteza “pegou”. Em seus 20anos de vigência, conseguiumelhorar as relações entre cli-entes e fornecedores e contri-buiu muito para o aperfeiçoa-mento de produtos e serviçosbrasileiros — melhorando in-clusive a imagens das empre-sas fora do país.

O CDC “pegou” em boaparte devido ao próprio empe-nho do governo brasileiro, que

Da Redação

CDC apresentouavanço nasrelações deconsumoCódigo de Defesa do Consumidor “pegou” e representa proteção institucional

criou uma série de mecanis-mos de atendimento ao con-sumidor e cidadão. Entre osexemplos estão os Procons –que são administrados pelosgovernos estaduais – e ostribunais destinados ao con-sumidor.

Já as empresas criaramcanais mais diretos com oconsumidor – tais como osSACs (serviços de atendi-mento ao consumidor) e ocontato mais próximo comos clientes – seja por meio depesquisas, seja por publica-ções e internet.

O surgimento do CDC noBrasil tem a ver com a rede-mocratização do país nosanos 1980. Depois de duasdécadas de Ditadura Militar,período em que a participa-ção popular e dos movimen-tos sociais em ações do go-verno era remota e conside-rada subversiva, o país vol-tou a estabelecer legislaçãopara proteger o cidadão. As-sim nasceu o Código, umdos filhos da Constituiçãode 1988 e dos movimentossociais. Sua publicação, noentanto, não agradou a to-dos. Algumas entidadesquestionam a rigidez da le-gislação, tentando escaparde sua jurisdição. Exemplomais forte é o dos bancosque, por meio de uma peque-na guerra jurídica, consegui-ram escapar do Código até2006, quanto o Supremo Tri-bunal Federal determinou asujeição.

Os 20 anos bem-sucedidosdo CDC abriram também umaampla atuação em áreas comoo direito, o jornalismo, a pu-blicidade e a pedagogia. Naárea do direito, a legislaçãopossibilitou o desenvolvimen-to de um campo de atuação dejuízes e advogados.

No jornalismo, o impactofoi grande. Os jornais passa-ram a trazer informações úteissobre os direitos do consumi-dor. Foram criadas seções es-pecíficas nos jornais. Algunsjornalistas que se especializa-ram na área se tornaram fa-mosos – como foi o caso deCelso Russomano, repórter dojornal “Aqui, Agora” que, nosanos 1990, tentava resolverproblemas de consumidoresdescontentes usando, na mai-or parte dos casos, o CDC.Russomano usou a fama parase projetar na política.

No caso da publicidade, oCDC cobrou maior responsa-bilidade dos anunciantes. Nocaso da pedagogia, as rela-ções de compra e venda pas-saram a ser discutidas emsala de aula.

Hoje, além do aparato go-vernamental que regula as re-lações de consumo e usam oCDC, os cidadãos contamcom uma série de órgãos quelhe prestam serviços, taiscomo o Instituto Brasileiro deDefesa do Consumidor(http://www.ibradec.org/) eo o Instituto de Defesa doConsumidor (http://www.idec.org.br).

Direitos doconsumidorsão debatidosna UP

A Universidade Positivopromove nesta terça-feira maisuma edição dos Grandes Deba-tes, organizados pelos cursosde Ciências Humanas e SociaisAplicadas (NCHSA), integran-te do Projeto “Simpósios do Co-nhecimento”, da Pró-Reitoria deGraduação da UniversidadePositivo.

O tema debatido é os 20anos do Código de Defesa doConsumidor (CDC). O debate deideias busca compreender osavanços proporcionados pelocódigo nas suas duas décadasde existência. As mudanças nosanseios dos consumidores mo-dificaram as pautas e questio-namentos recebidos pelo CDC,como mostra esta edição doLONA. Uma das principaismudanças é a inclusão da inter-net como um dos principaispontos de discussão.

O debate conta com a parti-cipação dos cursos de Jornalis-mo, Direito, Publicidade e Pro-paganda e Pedagogia, o quecontribui para as diferentes per-cepções do tema. As quatro áre-as foram influenciadas pelo Có-digo (veja na matéria ao lado).

Além desta edição do LONA,o debate conta com a transmis-são ao vivo pelos veículos de te-levisão e rádio da Rede Teia deJornalismo, TelaUn e RádioTeia respectivamente. Os doispodem ser conferidos no sitejornalismo.up.com.br. O debateacontece em dois momentos. Demanhã, às 7h30, contará com aparticipação de Antonio CarlosEfing, Daphne de Castro Fayad,José Pio Martins e Rafael Bezer-ra. Na edição da noite, às 19hEros Belin de Moura Cordeirosubstitui Antonio Carlos Efing.Os outros participantes perma-necem os mesmos.

Evento acontece em dois momentos e conta com

cobertura da Rede Teia de Jornalismo

Daniel CastroPerfil dos participantes

Antonio Carlos Efing - Temexperiência na área de Direi-to, com ênfase em Direito Ci-vil, atuando principalmentenos seguintes temas: direitodo consumidor, código dedefesa do consumidor,contratos, contratos eletrôni-cos e segurança jurídica noscontratos celebrados viainternet.

Daphne de Castro Fayad -Tem experiência e atuaçãona área de PsicologiaClínica, com ênfase em Psi-canálise. Atualmente, é pro-fessora na UniversidadePositivo, nos cursos de Psi-cologia e Nutrição.

Rafael Bezerra - Tem experi-ência na área de Sociologia,atuando principalmente nosseguintes temas: Cultura eSociabilidade, Sociologia Or-ganizacional, Sociologia daComunicação e Sociologiada Imagem.

Eros Belin de MouraCordeiro - Tem experiênciana área de Direito , comênfase em Direito Privado,atuando principalmente nosseguintes temas: NovoCódigo Civil, DireitoContratual, RevisãoContratual e metodologiacivil-constitucional.

José Pio Martins -Economista, professor,executivo com experiênciaem cargos de direção nosetor privado e no setorpúblico, comentarista daRádio CBN Curitiba, escrevepara a Gazeta do Povo e éreitor da UniversidadePositivo.

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Direitos do consumidor

O PROCON-MIRIM é umprojeto-piloto implantado noDistrito Federal e criado pelaSubsecretaria de Proteção naDefesa do Consumidor – Pro-con em 1996. Visando sempre aeducação das crianças, o proje-to ensina os direitos do consu-midor para as crianças e ado-lescentes com o intuito que elasrepassem aos seus pais. Atual-mente, apenas Belo Horizonte,Campo Largo e o Distrito Fede-ral contam com o projeto.

Há quatro anos, o Pro-con de Campo Largo fez umaparceria com o Procon de BeloHorizonte, tendo a licença decinco anos para desenvolvereste trabalho. O idealizador doprojeto em Minas Gerais forne-ce o material: fôlderes e carti-lhas em forma de histórias emquadrinhos para conscientiza-ção das crianças.

O projeto atende indivi-dualmente cada um, através decartas, telefone e fax. Profissio-nais treinados respondem asdúvidas dos futuros consumi-dores.

Além do atendimento indi-vidual, existe um projeto a serrealizado nas escolas. O ‘’edu-cação para o consumo’’ é feitoatravés de teatros e pequenasaulas. Após cada encenaçãoocorrem debates entre os profis-sionais e os alunos, sendo quecada criança recebe uma cópiado Código de Defesa do Consu-midor, cartilhas e boletins sobreo projeto.

consumir

Em Campo Largo, o pro-jeto é desenvolvido apenas comalunos de quartas séries. Sãoseis meses de curso, uma horapor semana. “As crianças pas-sam a fiscalizar o mercado maispróximo da escola em compa-nhia aos fiscais do Procon Mu-nicipal. Elas analisam proble-mas em embalagens, composi-ção dos produtos e os riscospara a saúde, responsabilidadecom o meio ambiente, entre mui-tas outras coisas”, conta a coor-denadora do projeto, Bernardet-te Oliveira.

Suas principais metas,segundo a cartilha oficial divul-gada, são fortalecer, a curtoprazo, a influência que as crian-ças exercem na hora das com-pras, para que reclamem aosadultos atitudes de um consu-midor consciente (exigências denota fiscal, de qualidade dosprodutos, de ampla pesquisa depreços etc.); e assegurar, a mé-dio prazo, que as crianças eadolescentes estejam conscien-tes de seus direitos de cidada-nia, tornando-se consumidoresmais exigentes.

Os recursos utilizadospelo programa derivam de doa-ções e materiais da Secretaria deGoverno e de Comunicação So-cial do Distrito Federal, sendoque o corpo de funcionários nãoé exclusivo do programa. Os re-cursos utilizados para a encena-ção de peças nas escolas são depropriedade dos próprios técni-cos.

Gabriela JunqueiraJéssica LeiteManoela Militão

paraEducar

Projeto busca educar crianças ensinandoos direitos do consumidor. No Paraná, CampoLargo conta com a iniciativa

Uma das grandes facilida-des que a rede mundial decomputadores trouxe na atualera da informação é o acesso doconsumidor a produtos quenão encontra localmente ouprodutos com preços e condi-ções mais acessíveis oferecidosde qualquer lugar no mundo.

Porém, pelo fato de a inter-net ser um ambiente puramen-te virtual, existem vários pro-blemas e processos específicosa serem considerados antes,durante e após fechar o negó-cio.

A professora de DireitoAnalice Mattos explica queexistem projetos de lei que es-tão tramitando no CongressoNacional, um específico elabo-rado pela OAB em 1999, masque ainda não foi aprovado.Leis específicas ainda não exis-tem, porém na opinião de Ana-lice “O nosso código de defesado consumidor é suficientepara regulamentar a compra naInternet”, visto que podemosaplicar os princípios do que jáexiste definido.

A professora ainda refor-ça que é responsabilidade daempresa que está no ambientevirtual fornecer o maior núme-

ro de dados possíveis a respei-to do produto, pela própria ca-racterística do ambiente virtualque não permite o contato físicocom os objetos.

Para o consumidor queopta por fazer a compra pela in-ternet, Analice aconselha pri-meiro verificar se o fornecedordisponibiliza dados completosda empresa e para contato, comoCNPJ, telefone, e-mail e o que fornecessário para contato imedia-to caso ocorra algum problema.Fora dos problemas que podemocorrer por parte do fornecedor,também é preciso ter cuidadocom problemas inerentes aomeio, como websites clonadosque pedem a senha do usuário.

Apesar dos benefícios deacesso e a comodidade de fazercompras pela Internet, a profes-sora coloca que o ambiente dei-xa o cliente muito vulnerável.Parte pelo cliente não ter o con-tato físico com uma loja e com oproduto, parte pelo fato do cli-ente ter de fornecer dados pes-soais para a empresa sem garan-tias de como esses dados serãomanipulados.

Analice cita como ferra-mentas ideais para a empresa acompra através de cartões de

crédito ou outros serviços quearmazene os dados do compra-dor de forma segura e indireta,garantindo ao consumidor quecertos dados não ficarão emposse da empresa.

Para efetuar cadastros,também existem sistemas de en-criptação de dados – o mais uti-lizado conhecido como chaveSSL – que embaralham as infor-mações do cliente a partir deseu computador até chegar aosservidores da empresa, o quegarante que caso os dados se-jam interceptados no caminhoeles serão ilegíveis.

São muitos os problemasque podem acontecer duranteuma compra virtual. Mas algu-mas vantagens e possibilidadessó existem nesse ambiente. Acomodidade que se tem no meioacaba sendo substituída porum trabalho de pesquisa e pre-venção maior para evitar futu-ros transtornos. Fica a critériodo consumidor colocar todosesses elementos na balançapara decidir que caminho optar.Mas a legislação e a sociedadetrabalham para tornar essa re-alidade que continua crescendoa despeito de quaisquer questi-onamentos e defeitos.

Renato Murakami

O consumidorna internetComo proceder e o que esperar quando se compra na Internet

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Consumo

A compra excessiva decerto objeto é consideradadoença, que a cada dia estáse tornando mais frequentena população. Imelda Mar-cos, a lendária ex-primeira-dama das Filipinas que setornou símbolo de consumis-mo, fez com que essa doençaficasse mais conhecida. Narevolução de 1986, quando oseu marido ditador, Ferdi-nand Marcos, foi deposto, re-volucionários espantaram-seao encontrar em seu armárioum estoque de 3 mil pares decalçado.

A advogada paranaenseAngelita Rise tem mais de se-tenta pares de sapatos no ar-mário – o que é um espantopara quem não é Imelda Mar-cos. Muitos deles permane-cem há meses na caixa e nun-ca foram usados. "Quandome sentia sozinha, ia ao sho-pping fazer compras e, se es-tava feliz, também comprava.Não conseguia me contro-lar", conta Angelita.

Foram necessários quatroanos – e 7 mil reais em dívi-das – para que ela descobris-se que não era uma mulherfútil, mas portadora de umadas chamadas doenças da ci-vilização: a compulsão paraas compras.

Apesar de pouco conheci-do, esse mal, cujo nome cien-tífico é oneomania, afeta 3%da população mundial, se-gundo estimativa da Associ-ação Americana de Psiquia-tria. Angelita conseguiu con-trolar o problema com o au-xílio de terapia e de um me-dicamento para estabilizar ohumor.

Os compradores compul-s ivos costumam adquir irprodutos que nunca vão usare deixam de pagar contas es-senciais por causa dos gas-

tos supérfluos. Cartões decrédito e cheques especiaislhes proporcionam uma sen-sação de poder, tornandouma liquidação irresistível.

As mulheres representamquase 80% dos casos. Os pri-meiros sinais do distúrbiocostumam surgir ainda naadolescência, mas é comuma procura por ajuda só acon-tecer quando as dívidas setornam maiores que a capa-cidade de pagá-las. O trata-mento envolve psicoterapiae, dependendo do caso, me-dicamentos. "No momento doimpulso, essas pessoas per-dem a noção de certo e erra-do", diz a psicóloga SandraSilva.

A compulsão para ascompras, naturalmente, é fa-vorecida pelo incessante in-centivo ao consumo na vidamoderna. Nunca houve tan-to crédito disponível paraquem está disposto a se en-dividar. Os bancos distribu-em cartões e concedem che-ques especiais com liberali-dade. Também nunca houvetanta oferta de produtos, quenão são mais vendidos ape-nas em lojas, mas tambémpela televisão e pela internet.

No caso dos gastadorescompulsivos, esses recursosse transformam numa terrí-vel armadilha. Essas merca-dorias, por sua vez, são subs-tituídas por novos lançamen-tos em velocidade avassala-dora. “Quanto mais consu-mista a sociedade, maior onúmero de gastadores com-pulsivos", diz a psicólogaSandra Silva.

Compradores compulsi-vos sofrem de uma desordemdo impulso. São pessoas quenão conseguem resist ir auma forte pressão internapara comprar alguma coisa.

Qualquer coisa. Frequente-mente, também apresentamoutros comportamentoscompulsivos, como comer oubeber além da conta. Essaspessoas tendem a tomar ati-tudes imediatistas e tempouca capacidade de plane-jamento.

Os grupos de autoajudasão um recurso valioso nocontrole da oneomania. Ins-pirados nos Alcoólicos Anô-nimos (AA), os DevedoresAnônimos (DA) surgiram em1968 nos Estados Unidosjustamente para a judarquem perde o controle deseus gastos e, consequente-mente , de suas dívidas .Hoje, há mais de 500 gruposde Devedores Anônimos es-palhados por dezoito paí-ses. O primeiro grupo brasi-leiro foi criado há seis anos,em São Paulo. Hoje já exis-tem dez, em quatro Estados.Por aqui, não existem esta-tísticas sobre a quantidadede gastadores compulsivos.Mas uma pesquisa da Asso-ciação Nacional de Defesados Consumidores do Siste-ma Financeiro (Andif) com 6mil inadimplentes revela que30% deles se endividaramcomprando produtos supér-fluos.

Doente por

Muitas pessoas compram demais, o que pode ser uma doença

Camila Aragão

sapatos

Vitrines e suasconsequências

Fruto de publicidade ediversos atrativos, o consumocompulsivo atinge milhões de

pessoasJéssica MarcattiPaola Pruchneski

Quanto maisconsumista a

sociedade, mai-or o número de

gastadorescompulsivos"

Sandra Silva,psicóloga

“O consumo está pre-

sente nas diversas esfe-ras da vida econômica,cultural, política e soci-al. Talvez seja utilizadode forma inadequada, fa-zendo com que o cidadãose acostume aos luxosdas modernidades con-sumíveis, causando di-versos problemas exis-tentes como o consumocompulsivo, que atingediversas pessoas.

A publicidade é o pri-meiro objeto de consumo,e reflete em si o tipo deeconomia que existe nasociedade. Atualmente,com a economia do con-sumo, a publicidade des-tina-se a incutir nos con-sumidores a necessidadede se obter os produtos,e a adquirirem maior nú-mero de bens possíveis:“Vi aquele novo modelode celular e me apaixoneipor ele. Tudo bem, já ha-via comprado um, hádois meses, mas aqueleera tão bonito que nãoresisti”, relata a manicu-re Joelma Teixeira.

A psicóloga Ana SuySesarino explica que, emalgumas compras, o queimpera não é a necessi-dade, mas a compulsão eo desejo de gastar. A sa-tisfação e a felicidadeestão muito presentes,porque a alegria da com-pra se esgota rapida-mente e a pessoa logosente necess idade debuscar um novo alívio noconsumo.

O comprador descon-t ro lado sempre quermais, mesmo que comprevárias coisas, está sem-pre infeliz. A vontade decomprar não d iminui

nunca, as dívidas, nãointimidam, e as vitrinessão cada vez mais atra-entes.

A manicure JoelmaTeixeira teve graves pro-blemas por não controlaro desejo de comprar tudoque avistava. Deixandoaté mesmo de pagar umaconta de luz de sua casa,Joelma chegou a f icarsem energia : “Eu nãopercebi que havia come-çado o mês e que preci-sava pagar minha contade luz. Foi por causa des-sa situação que percebique estava sendo muitodescontrolada com mi-nhas compras diárias”,afirma.

Os casos mais gravesde consumo compulsivomarcam desordens emo-cionais ou afetivas. Empessoas com baixa auto-estima, por exemplo, oconsumo sem limites éuma forma de agradar asi mesmas.

A forma de consumocompulsivo é um estadode sofrimento psicológi-co que necessita atençãoe cuidado profissional,pois as pessoas que pos-suem esse mal têm pro-blemas afetivos compen-sados pela compra de-senfreada. Uma forma deajudar é mostrar a com-plexidade do problema.Em geral, é muito difícilde iniciar o tratamento econtinuá-lo. Se o pacien-te apresentar “recaídas”,é possível que se enver-gonhe e não conte ao te-rapeuta e, consequente-mente, interrompa o tra-tamento. Por isso, umarelação de confiança éimprescindível.

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Que o Pato Fu é eficientequando o assunto é fazer re-leituras de músicas de outrosartistas a gente já sabe. QueFernanda Takai, vocalista dabanda, tem um carisma singu-lar, também não é nenhumanovidade. Mas não é que ain-da assim eles conseguem nossurpreender?

Imagine a seguinte situa-ção: você acaba de chegar emcasa, tarde da noite, voltandodo trabalho ou faculdade,quando se depara com umaimensa bagunça em seu quar-to. Seu irmão caçula (ou filho,ou sobrinho, ou quem querque seja o pequeno homicida)parece ter passado o tempotodo em que você esteve forabrincando com absolutamen-te todos os brinquedos que eletem, e agora dorme como umanjo deitado em sua cama. Écarrinho jogado pra um lado,boneco pro outro... Agora vema pergunta: como você reage aessa situação? Opção a) dáuma surra no moleque pra elenão fazer isso de novo, b)mantém-se calmo, arrumatudo e vai dormir, c) dorme nasala e no dia seguinte faz acriança organizar tudo, ou d)fica com vontade de ser crian-ça de novo e começa a brincarcom tudo.

E então? Já decidiu? La-mento lhe informar que seutempo acabou. Enquanto vocêpermanecia de pé em frenteàquela cena pensando no quefazer, 5 pessoas estranhasvindas do além entraram noquarto quase que te atrope-lando, sentaram no meio detoda a bagunça, procuraramqualquer objeto que emitissealgum tipo de som e começa-ram a brincar de fazer músi-

Matheus ChequimEscreve quinzenalmente sobre música,às terças-feiraswww.defenestrando.com.br

Já era de se esperar que a fi-losofia “paz e amor” dos hippi-es encontrasse alguma religião,eventualmente. Foi o que acon-teceu no filme “Jesus Cristo Su-perstar” (Jesus Christ Superstar,1973), que mostra os últimosdias do que parece sero primeiro hippie domundo. O musical deTim Rice e AndrewLloyd Webber foi imor-talizado por Ted Nee-ley (Jesus), Carl Ander-son (Judas) e YvonneElliman (Maria Mada-lena), impecáveis emseus papéis.

Os seguidores deJesus são jovens, can-tam, dançam e estãodispostos a fazer tudo o que ofilho de Deus pedir. Tamanhaadoração pode fazer qualquerum se tornar um tanto arrogan-te, como mostra o filme. Umadas mais famosas cenas, emque Jesus destrói todos os pro-dutos e expulsa todos de umafeira, mostra um Jesus mimadoe presunçoso.

Judas, um homem negro, es-

colha que não tem intenção dedemonstrar preconceito, é quem,realmente, se preocupa com apopularidade de Cristo. A dife-rença simplesmente ilustra ocontraste entre Jesus e o traidorque, muitas vezes, parece mais

O Papa é Pop,

Larissa Coutinho BeffaEscreve quinzenalmente sobre anos 70, àsterç[email protected]

Anos 70

Jesus é Superstarsensato. A razão da traição foi odescontrole de Jesus. Até o finalJudas questiona suas ações, eaté o aconselha a ter aparecidoem um tempo em que a mídia demassa poderia passar sua men-sagem para toda a nação.

A última ceia é, na verdade,um piquenique. Lá, Jesus temuma crise, pois acha que será es-quecido depois de morto, e bri-ga com Judas, que o trairá. Ficatriste porque todos dormem du-rante a noite, ao invés de espe-rar com ele o seu último dia.Reza, perguntando a Deus as ra-zões de sua morte, se ele serámais notado quando morto e

suas palavras terão maissentido.

Ele não ressuscita no fi-nal. O filme mostra apenasum homem que, como outroqualquer, tem medo damorte, se tornou mimadopor causa do excesso deatenção e passava umamensagem de não-violên-cia. O importante aqui, nãoé a religiosidade, mas ascríticas à fama, à guerra e ao

consumismo. O próprio filme éa mensagem; uma mensagemque aquelas pessoas de calçaboca-de-sino, colete e faixa nacabeça entenderam antes. Umamensagem que talvez todos nósdevemos escutar novamente.

Divulgação

Divulgação

ca. E ainda acordaram a cri-ança pra participar.

Essas cinco pessoas po-dem ser Fernanda Takai,John Ulhoa, Ricardo Koctus,Xande Tamietti e Lulu Ca-margo, e o resultado dessegracejo se chama Música deBrinquedo, mais recente tra-balho do Pato Fu, lançado emagosto deste ano. São 12 fai-xas releituras de canções quevão de Zé Ramalho a PaulMcCartney, passando porRita Lee e Elvis Presley, em re-arranjos compostos por pia-nos de brinquedo, saxofonesde plástico, realejos, instru-mentos de musicalização in-fantil, entre outros.

Além de curioso e diverti-do, o álbum inteiro é incrível,a começar pelos arranjos mui-to bem adaptados aos instru-mentos de brinquedo. É sur-preendente, não podia ser di-ferente. A imprevisibilidadedas crianças que cantam aolongo de todo o disco propor-ciona ao ouvinte situaçõesadoráveis, como no refrão deLive and Let die. Ouvir os pe-

queninos falando inglês porsi só já é adorável, mas fazê-los cantar no idioma estran-geiro e gritar hey hey hey! emMy Girl já é jogo baixo. Entreas nacionais, Pelo Interfonesintetiza toda a inocência en-contrada no álbum, enquantoOvelha Negra é como umacriança fazendo pose de adul-to. Desconfio até que Músicade Brinquedo seja capaz deamolecer o coração de qual-quer marmanjo.

O mais legal é que o PatoFu já está se apresentando aovivo com esse projeto peloBrasil afora. Curitiba está naagenda da banda para o dia6 de novembro, mas a curio-sidade em relação ao show debrinquedo vai ficar por maisalgum tempo. O concerto queserá apresentado no dia 6 éreferente à um álbum anteriordo Pato Fu, o "Daqui Pro Fu-turo", e acontecerá na recém-oficializada Virada Culturalcuritibana. O show será nasRuinas de São Francisco e aentrada, gratuita.

defenestrando

Brincando de fazermúsica

Fernanda Takai em apresentação do espetáculo "Música deBrinquedo"

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Curitiba, terça-feira, 19 de outubro de 2010 7

s

Tal e qual uma criança de trêsanos de idade, que vai pela pri-meira vez a um circo, é como po-demos comparar a empolgaçãode Dziga Vertov ao dirigir o fil-me “O homem com a câmera”.Entretanto, diferentemente dacriança inocente, Vertov conse-gue perceber em profundidadea amplitude daquilo com o queestá lidando. Os olhos brilhan-tes do bebê que vê o circo e ficafascinado não são como o olharatento às possibilidades de umareinvenção do modo de fazer ci-nema expostos pelo cineastarusso nesse filme.

A capacidade de compreen-der o leque de opções e experi-mentações que a “emergente”técnica cinematográfica é capazde proporcionar fez com quemVertov pudesse ousar. Por meiode uma narrativa não muito li-near, de ângulos curiosos, efei-tos diversificados, time de ediçãoapurado e muita criatividade, odiretor mostra um novo jeito dever e fazer filmes.

O artigo “O homem com a câ-mera: banco de dados e cine-olho”, de Lev Manovich (comtradução de Sérgio Basbaum),aponta que tal obra de Vertovpode ser compreendida em trêsnúcleos relativamente distintos

e que ao mesmo tempo se relaci-onam entre si. Segundo Mano-vich, existe a história de um ca-meraman filmando o materialpara seu filme; tomadas de umaplatéia assistindo o filme finali-zado numa sala de cinema; e omaterial filmado nas cidadesrussas de Moscou, Kiev e Riga,que mostram o cotidiano de seushabitantes. “Junto com Vertov,percebemos gradualmente oconjunto das possibilidades ofe-recidas pela câmera. A meta deVertov é nos seduzir para a suamaneira de ver e pensar, parafazer-nos partilhar seu entusi-asmo, seu processo gradual dedescoberta da nova linguagemdo filme”, argumenta Manovich.

Não há como assistirmos “Ohomem com uma câmera” e co-locá-lo numa “fôrma de bolo”em termos de linguagem cine-matográfica. O filme é, na ver-dade, uma salada de possibili-dades narrativas, poéticas, esté-ticas, artísticas e técnicas. E, seformos pensar na reação daspessoas que puderam assistir aofilme naquela época teremosuma sensação ampliada de sur-presa. Tratava-se de uma formatotalmente nova de manifestaçãocinematográfica, com diversosrecursos imagéticos até entãonunca vistos [pelo menos não

Uma câmera na mão, ummundaréu de ideias na cabeça, umolho no mundo e outro na lenteDiego Silva

Resenha | Filme “O homem com a câmera”, de Dziga Vertov

num único produto]. Manovichtambém concorda comigo, pelomenos em parte, nesse aspecto.“(...) nunca chega a algo comouma linguagem bem definida.Ao invés, propõe uma indomá-vel e aparentemente inesgotáveldemonstração de técnicas cine-máticas, ou, para usar a lingua-gem contemporânea, "efeitos",como o modo de falar novo tra-zido pelo cinema”, defende.

A meta-linguagem propostapor Vertov foi bastante inovado-ra, pois usou do cinema parafalar de cinema. Por meio desseseu filme pôde mostrar um pou-co, além de uma história conven-cional, o universo dos bastido-res de uma produção cinemato-gráfica. O manuseio da câmera,o tal banco de dados (filmes gra-vados), a operação da máquinaque projeta o filme, a impressãosubjetiva de quem olha para alente da câmera, entre outras to-madas como essas, revelaramcoisas que até então não havi-am sido destacadas ou expostas.

A plasticidade visual comque apresenta o cotidiano daspessoas também é fator intrín-seco de sua obra. Ele traz à tonacomo era o dia na vida de umcidadão comum. Por meio de umritmo progressivo ele vai noscontando um pouco sobre o acor-

dar, ir ao trabalho, executar ta-refas nas fábricas, se locomoverpela cidade, interagir com a so-ciedade e com a família, passeare voltar pra casa. Manovich acre-dita que os métodos e técnicasempregados por Vertov paranarrar sua história de forma di-ferenciada de tudo o que estavaposto cinematograficamente éuma espécie de sedução do es-pectador. “Junto com Vertov,percebemos gradualmente oconjunto das possibilidades ofe-recidas pela câmera”.

Através de O homem com a câ-mera, Vertov deixa bem claro queo cinema proporciona uma lin-guagem própria, que pode estartotalmente desassociada a outraslinguagens como a literatura e adramaturgia. Fazer teatro é dife-rente de fazer cinema.

O feeling criativo para se rea-lizar a montagem/ edição de seufilme é de extrema ruptura comconcepções “quadradinhas”.Cabe ao diretor olhar o mundo,selecionar o que será filmado, re-organizar o material (conteúdosvisuais filmados) e montar umanova realidade; agora mostradasob uma nova ótica capaz de des-pertar inúmeras sensações emquem as assiste.

Ao procurar por conteúdocomplementar, pela internet, me

deparei com uma análise sutil,porém muito pertinente, feitapor Carolina Albuquerque parao Curso de Cinema IAC, em abrilde 2007. Ela enfatiza a fronteiraentre a constante transição domodo de Vertov ver o mundo e omodo como ele o representa pormeio do cinema. “A lembrançadaquele tempo é captada pelacâmera na condição de narra-dor, que por sua vez, se faz fun-cional pela manipulação de umolhar humano, seria uma muta-ção entre o homem e a máquina.Ultrapassa uma lembrança, por-tanto, pois é o homem que esco-lhe onde, o que, como e quandoessas imagens vão se desenvol-ver”, analisa.

Contudo, Vertov foi além doque se poderia esperar, além deproporcionar às pessoas umanova forma de fazer cinema, eletambém se juntou a outros doisque também pensavam como elee escreveu um manifesto. Nadamais coerente. O ser humano temmais é que “fazer barulho” emostrar aos outros o que é ca-paz. Com Vertov, não foi diferen-te. Ele acreditou em seus ideaise por meio de suas ferramentasajudou a construir um pedaci-nho da história. Não é à toa que,em pleno ano 2010, estou aquirefletindo sobre sua obra...

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Design versus arte

Cultura

Desde o mês de ju lhodeste ano, todos os estabe-lecimentos comerciais e deprestação de serviços sãoobrigados a manter em lo-cal visível e de fácil acessoao público o Código de De-fesa do Consumidor. A me-dida atende a Lei Federal nº12.291/10.

S e g u n d o a a d v o g a d aMarta Favreto Paim, chefedo Departamento Jurídicodo Procon-PR, o objetivo dalei é facilitar o acesso dosconsumidores e fornecedo-res de serviços e produtosàs obrigações e direitos es-tabelecidos no Código deDefesa do Consumidor, queno mês de setembro desteano completou 20 anos deexistência. O código foi cri-ado em 11 de setembro de1990, pela Lei nº8078/90,com o objetivo de regula-mentar as relações de con-sumo e garantir aos consu-midores proteção contraabusos. “O conhecimentoda lei com certeza permitea resolução de possíveisconflitos diretamente entreo consumidor e comercian-te, e ainda no estabeleci-mento comercial do fornece-dor” , co loca . De acordocom Marta, o consumidorque se sent ir lesado poruma prática abusiva do for-necedor pode utilizar o Có-digo para questionar a situ-ação e exigir uma condutaadequada à legislação.

A advogada conta queainda não existem dadosestatísticos sobre processosadministrativos realizadospelo descumprimento dalei. A denúncia de bares,lanchonetes, farmácias, clí-nicas e outros estabeleci-mentos que não contam com

o código deve ser feita pelopróprio consumidor. “Po-demos verificar que os con-sumidores estão buscandocada vez mais a informaçãosobre seus direitos e deve-res. As pessoas estão bus-cando auxíl io com maiorfrequência de órgãos de de-fesa do consumidor, como éo caso do Procon”, afirma.A multa para quem deixarde disponibilizar o códigopode chegar a R$ 1.064,10.

Para Prisci la da Silva,proprietária de uma lancho-nete, a medida garante segu-rança para o empresário epara o consumidor. “Desdeo início da medida eu deixeio Código disponível no bal-cão da lanchonete. Assim eu

A exposição “Onde a Água Encontra a Terra”, em cartaz no MuseuOscar Niemayer, reúne fotografias que discutem a relação culturalda humanidade com a água nos dias atuais. Os fotógrafos brasileirosFernando Azevedo, Leonardo Kossay e a americana Carol Armstrongapresentam 53 imagens que relacionam a presença da água com avida humana.

Onde: Museus Oscar NiemayerQuando: Terça a domingo, das 10h às 18hQuanto: R$ 4

Mostra fotográfica

Rodrigo Cintra

Gislaine Silva

Novo CD

A cantora e compositora MelinaMulazani lança seu primeiroálbum-solo, no Teatro Paiol. OCD “Monstro da BarrigaEsburacada de Petipavê” contacom participações de AndréAbujamra e Maurício Pereira, osMulheres Negras. Além dascanções inéditas, o show contatambém com performances dosartistas e projeções.

Onde: Teatro PaiolQuando, Quinta e sexta, às 21Quanto: R$ 15

Parte da programação da Bienal de Design, a mostra “Rico Lins:Uma Gráfica de Fronteira” discute as diferenças entre a arte e odesign. São 80 peças em exposição, entre trabalhos originais ereproduções. Entre os itens há capas das revistas americanas Timese Newsweek; capas de discos e CD’s de vários artistas, como GilbertoGil; capas de livros e obras inéditas.

Onde: Galeria da CaixaQuando: Terça a sábado, 10h as 21h; domingo, 10h às 19hEntrada gratuita

Lei pretende facilitar

acesso ao Código de

Defesa do Consumidor

tenho segurança e o consu-midor a garantia de um pro-duto com qualidade. Nãoposso esquecer que eu tam-bém sou consumidora e cer-tamente vou adquirir outrosprodutos e serviços”, com-pleta a empresária.

O Procon-PR informa quefornecedores, associaçõesdo comércio, de lojistas e deprestadores de serviços eoutras entidades podem bai-xar o Código pela internet,no s i t ewww.procon.pr.gov.br. OCódigo também pode ser en-contrado no portal do Minis-tério da Justiça/Departa-mento de Proteção e Defesado Consumidor ou adquiri-do em livrarias.

Divulgação

Código deve ficar em local visível e defácil acesso ao público nos

estabelecimentos comerciais e emprestadoras de serviços

Gis

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