Marechal Mallet – patrono da Artilharia

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allet nasceu em Dunquerque – França, em 10

junho 1801 e faleceu no Rio de Janeiro em 2

janeiro 1886, depois de 68 anos de devotamento à construção de

sua nova pátria - o Brasil, na paz e na guerra. Seus restos mortais

repousaram por cerca de cerca de 110 anos no São Francisco Xavier

– Caju, jazigo perpétuo 4751. Hoje se encontram em Memorial no

interior do Regimento Mallet em Santa Maria, onde sua memória

será reverenciada em seu bicentenário.

Mallet sublimou as Virtudes Militares de Bravura, Coragem,

Devotamento e Abnegação, como oficial do Exército, em todas as

guerras externas do Império do Brasil: guerra da Cisplatina (1825-

28); guerra contra Oribe e Rosas (1851-52); guerra contra Aguirre

(1864) e guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai (1865-70).

Amargou a injustiça de demissão indevida do Exército, pela

Assembleia Geral, no posto de capitão, em 1831, por ser

estrangeiro, embora tivesse sido 1º cadete, privilégio de brasileiros,

cursado a Escola Militar, no Largo do São Francisco, lutado pela

Independência do Brasil e se consagrado herói, em Passo do

Rosário. Mas, em 1831 lhe exigiram como condição de

permanência um ferimento em ação. Por não possuí-lo, a injustiça

se consumou. Foi reintegrado 20 anos mais tarde, em função de

requerimento que recebeu despacho favorável do Conselho

Superior Militar, em 20 set 1851.

Em 1972 levantamos a sua atuação como Comandante do

Comando das Armas (atual 7a RM) em Recife e publicado em A

Defesa Nacional (n o 641, janeiro /fevereiro 1972).

Costuma-se confundi-lo com seu citado filho Marechal João

Nepomuceno Medeiros Mallet, Ministro da Guerra (1898-1902)

que deu início a Reforma Militar, com a criação do EME e da

Fábrica de Pólvora sem Fumaça em Piquete etc e foi o idealizador

da Fundação Osório , por proposta feita ao Ministro da Guerra

General Hermes da Fonseca e destinada a amparar órfãs se

militares do Exército e Marinha. Personagem abordada pelo

acadêmico da AHIMTB ,Osório Santana Figueiredo em A Terra

dos Marechais (Santa Maria: Ed Pallotti,2000. O Patrono da

Artilharia foi biografado pelo acadêmico emérito da AHIMTB, Cel

J.V Portela Ferreira Alves em Mallet (Rio de Janeiro:

BIBLIEx,1980) e também autor do clássico Seis séculos de

Artilharia (Rio de janeiro: BIBLEX , 1957 esgotado ).

A data de 10 junho 2001 assinala o bicentenário de nascimento em

Dunquerque /França do Ten Gen Emílio Luiz Mallet, atual

patrono da Artilharia.

E nesta data vale lembrar que ele foi alvo da 1ª Comemoração de

aniversário da Batalha de Tuiuti, a maior batalha campal da

América do Sul, onde ele teve papel decisivo na vitória , com o seu

1o Regimento de Artilharia, colocado detrás de um fosso que o

Batalhão de Engenheiros, que integrava a Brigada de Artilharia

,ajudara a cavar. Posição reforçada, a direita pelo 2 o Batalhão de

Artilharia a Pé ao comando do Major Cel Hermes Ernesto da

Fonseca , o pai do futuro Marechal Hermes da Fonseca e a quem

se deve, como integrante do Regimento Mallet ,o traçado da atual

cidade de D. Pedrito, na década de 50 do século XIX.

E a homenagem a Mallet lhe foi prestada na madrugada de 24

maio 1880 ,pela Escola Militar Província do Rio Grande do Sul,

comandada então pelo Cel QUEMA de Artilharia Antônio Tibúrcio

Ferreira de Souza, consagrado herói popular da guerra do

Paraguai de igual forma que o general Osório.

A Escola Militar funcionava na Chácara da Baronesa, local hoje

ocupado por unidade da Brigada Militar do Rio Grande do Sul

.Escola Militar onde haviam estudado entre outros ,os generais

Bento Ribeiro Carneiro Monteiro, chefe do EME que criou a Missão

Indígena da Escola Militar do Realengo 1919-21 , Setembrino de

Carvalho que considero o Pacificador o Século XX, por haver

pacificado a Revolta do Padre Cícero, em 1910, no Ceará : o

Contestado em 1916 ,em Santa Catarina e Paraná e a Revolução

de 23 no Rio Grande do Sul e, Solon Ribeiro ,homem chave ,como

major, na proclamação da República ,no Rio e sogro de Euclides da

Cunha .

O Ten Gen Mallet residia em Porto Alegre a rua Duque de Caxias

atual, para os lados do QG do CMS e a pequena distância da casa

do Marechal José Antônio Corrêa da Câmara e Visconde de

Pelotas, então Ministro da Guerra e antigo aluno da Escola Militar

citada e que mais tarde a transferiría para o Casarão da Várzea.

O Coronel Tibúrcio planejou e executou o seguinte: Dividiu a

Escola em dois grupamentos, um de Artilharia com 4 canhões La

Hitle calibre 4 e um grupamento de Infantaria acompanhado de

banda de música da 3ª RM atual. A Artilharia foi colocada na atual

praça da Matriz, defronte o Palácio do Governo. O Contingente de

Infantaria e oficiais da Escola se colocaram defronte a casa de

Mallet.

Ao toque de alvorada, seguiu-se música militar tocada pela banda

, ao mesmo tempo que teve início a salva de Artilharia em

homenagem a Tuiuti.

No solar de Mallet, surgiu movimentos e logo a porta foi aberta e

os oficiais liderados pelo Cel Tiburcio entraram formaram um

semicírculo na sala.

Decorrido algum tempo Mallet adentrou a sala, acompanhado de

familiares usando um chambre de seda e com um gorro vermelho.

E Tibúrcio usou a palavra evidenciando "o valor, a calma, a

bravura do comandante do 1º Regimento de Artilharia em Tuiuti".

A certa altura entusiasmado e solene falou: "Vós que fostes o ponto

geocêntrico, a chave tática dos acontecimentos de Tuiuti...".

Não completou a oração em razão de Mallet haver ficado tonto,

vacilante e quase cair, o que não aconteceu por ser acudido por

familiares que o sentaram em uma cadeira.

O herói aos 80 anos tivera um espasmo vascular.

Refeito Mallet , Tibúrcio não completou sua oração e jogou-se nos

braços do herói entre aplausos emocionados dos presentes.

E em seguida conduziu o herói Mallet, a uma janela da sala, para

contemplar parte da Escola Militar formada em sua homenagem.

A um sinal de Tibúrcio os corneteiros deram o toque de Vitória.

A banda de música tocou os primeiros acordes do Hino Nacional.

E a ala de tiro deu uma salva de 19 tiros em homenagem a Mallet

e o Contingente de alunos de Infantaria apresentou armas em

continência ao herói.

E assim teria ocorrido a primeira comemoração do aniversário da

batalha de Tuiuti ,no 14º aniversário de sua ocorrência.

E desde então se tornaria uma tradição no Exército.

Poucos dias depois Tibúrcio seria promovido a brigadeiro, aos 43

anos .Foi sogro do General Ernesto Gomes Carneiro , o herói do

cerco da Lapa ,onde conduziu épica resistência contra avanço

federalista ,até tombar ferido mortalmente, depois de retardar por

cerca de um mês os revolucionários, dando tempo para organização

de posições defensivas e ,em especial em Itararé . Gomes Carneiro

é patrono do 7 o BI Mtz de Santa Maria .Um menino neto do

General Tibúrcio e filho de Gomes Carneiro ,em viagem para o

Nordeste em que viajava também D. Pedro II ,foi vítima de um

acidente que lhe amputou as duas pernas ,esmagadas pela

corrente da âncora .O Imperador fez o navio voltar para o Rio ,

para o menino Mário ser atendido pela Santa Casa e receberia de

presente do Imperador as primeiras pernas mecânicas chegadas

ao Brasil .

O General Osório, o comandante da vitoriosa batalha havia

falecido no ano anterior como Ministro da Guerra, sendo assistido

no seu fim , por seu afilhado e oficial de seu Gabinete, o Major João

Nepomuceno Medeiros Mallet , filho do patrono da Artilharia é de

quem falaremos mais adiante .

O Duque de Caxias havia falecido 17 dias antes desta cerimônia,

em 7 maio 1880, na Fazenda Santa Mônica, em Juparanã / Valença

-RJ. A rua da Igreja, onde se situava o solar de Mallet seria

batizada com o nome de Duque de Caxias em reconhecimento por

ele haver presidido 2 vezes a Província do Rio Grande do Sul, e a

pacificado em 1845 e por ela eleito senador e assim a representado

no Senado por cerca de 30 até falecer. E mais ,realizado grande

obra administrativa em Porto Alegre, onde se destacou a criação

do Liceu D. Afonso, em 1846 ,nos moldes do D. Pedro II no Rio e a

criação de uma Enfermaria Militar na Santa Casa de Misericórdia

de Porto Alegre, de que fora Provedor , e da qual resultaria, por

evolução ,o Hospital Central de Porto Alegre ,conforme abordamos

nas obras Porto Alegre –sítios farrapos e a administração de

Caxias( Brasília: EGGCF, 1986) e História da 3a RM 1953-

1999.(Porto Alegre:3a RM/Pallotti,2000.v3).

Vale lembra que Tenente General Emílio Luiz Mallet e Barão do

Itapevi foi consagrado, por Dec. 51424 de 13 mar 1962, patrono da

Arma de Artilharia, em cujo seio se forjou e se firmou com o

honroso título de Artilheiro Símbolo do Brasil, conforme

abordamos em artigo " Mallet o artilheiro símbolo do Brasil" em A

Defesa Nacional (set/out 1975)

Mallet como vimos, teve como ponto culminante e mais glorioso de

sua carreira a frente do 1º Regimento de Artilharia a Cavalo, o

atual Regimento Mallet, na batalha de Tuiuti de 24 maio 1866. Ali

com seu regimento na vanguarda e em posição atrás de um fosso

escavado com auxílio inclusive do Batalhão de Engenheiros e

manobrando com rara habilidade e competência sua "Artilharia -

Revolver", cumpriu sua determinação assim expressa no calor da

luta: "Por aqui eles não passam!". Foi o primeiro a suportar e a

repelir as massas inimigas que a todo o custo pretendiam romper

a posição aliada, o que lhe valeu promoção a coronel por bravura.

E assim narrou com simplicidade este seu heroico feito:

"Este Regimento com 24 bocas de fogo, colocado na vanguarda

sobre o centro do Exército, sustentou triunfalmente e repeliu todas

as colunas do inimigo... Em poucas horas foi varrida a frente do

Exército e o grande número de homens e cavalos mortos atestam

a eficácia de seus fogos."

Ele fizera guerra do Paraguai de fio a pavio, em companhia de

seus três filhos, e na qual, segundo Osório, seu afilhado de

casamento e compadre:

"Nenhum oficial do Exército prestou mais assinalados serviços, do

que o valente comandante da nossa Artilharia".

Como tenente, no comando de duas peças de Artilharia, Mallet

teve atuação marcante na batalha de Passo do Rosário de 20 fev

1827. Na guerra contra Oribe e Rosas (1851-52), como capitão, fez

toda a campanha contra Oribe no comando do 1º Regimento, então

tracionado por bois. Data de então a tradição da unidade chamar-

se "Boi-de-botas", em razão dos bois, de tanto atravessarem

lodaçais, no inverno, darem a impressão de estarem calçando botas

Fonte: www.eb.mil.br