Modulo 14 historia

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Modulo 14 historia Para começar a história E a vida e as durezas da vida invadem a escola. E, sem pedir licença, afetam a sala de professores, as salas de aula e as conversas no pátio ou nos corredores. Às vezes, à miúda, cochichada aqui ou ali; outras, trovejando por cada porta. No vídeo dos quatro da História, você pode observar a preocupação dos professores com uma situação que faz parte da realidade de muitas famílias brasileiras e, portanto, do cotidiano de muitos de nossos alunos. Provavelmente você já se deparou ou vai se deparar com outras tantas histórias parecidas. A proposta deste módulo é discutir a temática dos movimentos político e sociais, refletindo sobre processos históricos similares ao apresentado pelo vídeo. No Módulo 16, discutiremos as formas de participação política, ao trabalharmos com o tema da cidadania. Por ora, vamos ver o que o professor poderia trabalhar com seus alunos sobre essas histórias que se repetem? Melhor, como tratar essas histórias? Terra e poder vida de camponês Para começarmos nossa história, transcrevemos a seguir um fragmento de A. de Tocqueville (1805-1859), sobre a situação de um camponês, às véspera da Revolução Francesa. Peço-lhes imaginarem o camponês francês do século dezoito ou, melhor, aquele que conhecem, pois sempre permanece o mesmo: mudou sua condição, mas não seu estado de espírito. Vejam-no tal como os documentos que citei o descrevem, tão apaixonado pela terra que gasta todas suas economias para comprá-la e a compra a qualquer preço. Para adquiri-la, precisa primeiro pagar um direito não ao governo, mas a outros proprietários da vizinhança que lhe são tão estrangeiros quanto a administração dos negócios públicos e são quase tão impotentes quanto ele. Finalmente a possui: nela sepulta seu coração ao mesmo tempo que suas sementes. Este pedacinho do solo que lhe pertence neste vasto universo enche-o de orgulho e de independência. Surgem entretanto os mesmo vizinhos que o arrancam ao seu campo obrigando-o a ir trabalhar alhures sem salário. Se quiser defender suas sementes contra a caça, fica impedido de fazê-lo pelos mesmos homens e os mesmos esperam-no na travessia do rio para exigir um direito de pedágio. Encontra-os novamente no mercado onde vendem-lhe o direito de vender seus próprios gêneros alimentícios e quando, de volta a casa, quer empregar para seu uso a sobra de seu trigo este trigo que cresceu sob os seus olhos e pelas suas mãos só pode fazê-lo após ter mandado moê-lo no moinho e cozê-lo no forno destes mesmos homens. Uma parte da renda de sua pequena posse é destinadas a dar rendas para eles e essas rendas são imprescindíveis e irresgatáveis. Qualquer coisa que faça sempre encontra no seu caminho esses vizinhos incômodos que perturbam sua alegria, dificultam seu trabalho, comem seus produtos; e quando termina com eles, outros, vestidos de preto [representantes da Igreja], apresentam-se, tiram-lhe a maior parte de sua colheita. Imaginem a condição, as necessidades, o caráter, as paixões deste homem e calculem, se conseguirem, o amontoado de ódio e inveja que se juntou em seu coração. O feudalismo continuou sendo a maior de todas nossas instituições civis quando deixou de ser uma instituição política. Assim reduzida, provocava ainda muito mais ódio e esta verdade permite- nos dizer que ao destruir uma parte das instituições da Idade da Idade Média tornaram cem vez mais odioso o que delas sobrava. (TOCQUEVILLE, A. de. O antigo regime e a revolução. Brasília: UNB,1989. 3. ed. p. 75-76.) Retomando essa história: no passado, como no presente I Como você pôde perceber, o fragmento trata da situação do camponês às vésperas da Revolução Francesa. A base da Revolução foi a revolta do campesinato e da pequena burguesia contra as estruturas de dominação do Antigo Regime, caracterizado pelo absolutismo, os privilégios da nobreza e da Igreja Católica.

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Modulo 14 historia

Para começar a história E a vida e as durezas da vida invadem a escola.

E, sem pedir licença, afetam a sala de professores, as salas de aula e as conversas no pátio ou nos corredores. Às vezes, à miúda, cochichada aqui ou ali; outras, trovejando por cada porta. No vídeo dos quatro da História, você pode observar a preocupação dos professores com uma situação que faz parte da realidade de muitas famílias brasileiras e, portanto, do cotidiano de muitos de nossos alunos. Provavelmente você já se deparou ou vai se deparar com outras tantas histórias parecidas.

A proposta deste módulo é discutir a temática dos movimentos político e sociais, refletindo sobre processos históricos similares ao apresentado pelo vídeo. No Módulo 16, discutiremos as formas de participação política, ao trabalharmos com o tema da cidadania. Por ora, vamos ver o que o professor poderia trabalhar com seus alunos sobre essas histórias que se repetem? Melhor, como tratar essas histórias?

Terra e poder – vida de camponês Para começarmos nossa história, transcrevemos a seguir um fragmento de A. de Tocqueville (1805-1859), sobre a situação de um camponês, às véspera da Revolução Francesa. Peço-lhes imaginarem o camponês francês do século dezoito ou, melhor, aquele que conhecem, pois sempre permanece o mesmo: mudou sua condição, mas não seu estado de espírito. Vejam-no tal como os documentos que citei o descrevem, tão apaixonado pela terra que gasta todas suas economias para comprá-la e a compra a qualquer preço. Para adquiri-la, precisa primeiro pagar um direito não ao governo, mas a outros proprietários da vizinhança que lhe são tão estrangeiros quanto a administração dos negócios públicos e são quase tão impotentes quanto ele. Finalmente a possui: nela sepulta seu coração ao mesmo tempo que suas sementes. Este pedacinho do solo que lhe pertence neste vasto universo enche-o de orgulho e de independência. Surgem entretanto os mesmo vizinhos que o arrancam ao seu campo obrigando-o a ir trabalhar alhures sem salário. Se quiser defender suas sementes contra a caça, fica impedido de fazê-lo pelos mesmos homens e os mesmos esperam-no na travessia do rio para exigir um direito de pedágio. Encontra-os novamente no mercado onde vendem-lhe o direito de vender seus próprios gêneros alimentícios e quando, de volta a casa, quer empregar para seu uso a sobra de seu trigo – este trigo que cresceu sob os seus olhos e pelas suas mãos só pode fazê-lo após ter mandado moê-lo no moinho e cozê-lo no forno destes mesmos homens. Uma parte da renda de sua pequena posse é destinadas a dar rendas para eles e essas rendas são imprescindíveis e irresgatáveis. Qualquer coisa que faça sempre encontra no seu caminho esses vizinhos incômodos que perturbam sua alegria, dificultam seu trabalho, comem seus produtos; e quando termina com eles, outros, vestidos de preto [representantes da Igreja], apresentam-se, tiram-lhe a maior parte de sua colheita. Imaginem a condição, as necessidades, o caráter, as paixões deste homem e calculem, se conseguirem, o amontoado de ódio e inveja que se juntou em seu coração. O feudalismo continuou sendo a maior de todas nossas instituições civis quando deixou de ser uma instituição política. Assim reduzida, provocava ainda muito mais ódio e esta verdade permite-nos dizer que ao destruir uma parte das instituições da Idade da Idade Média tornaram cem vez mais odioso o que delas sobrava. (TOCQUEVILLE, A. de. O antigo regime e a revolução. Brasília: UNB,1989. 3. ed. p. 75-76.)

Retomando essa história: no passado, como no presente I Como você pôde perceber, o fragmento trata da situação do camponês às vésperas da Revolução Francesa.

A base da Revolução foi a revolta do campesinato e da pequena burguesia contra as estruturas de

dominação do Antigo Regime, caracterizado pelo absolutismo, os privilégios da nobreza e da Igreja

Católica.

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Refletindo sobre como iniciarmos uma discussão em sala de aula, propomos uma forma de aproximar a

realidade do camponês retratado, com questões mais próximas de nossos alunos, pensando a relação

camponês francês-camponês ou pequeno proprietário no Brasil. Para iniciar, uma problematização do

fragmento, para posterior levantamento de questões presentes. Que questões poderiam ser feitas sobre o

primeiro caso, o camponês francês?

A situação retratada por Tocqueville contém elementos que ajudam a refletir sobre a realidade brasileira dos dias de hoje. A desigualdade social e a estrutura de dominação vivenciadas pelo camponês francês do século XVIII podem ser usadas para repensar as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores rurais e pequenos produtores brasileiros. A partir do texto é possível discutir com os alunos a situação atual enfrentada pelos trabalhadores rurais e os pequenos proprietários brasileiros discutindo noções como semelhança, diferença, continuidade, ruptura. No caso brasileiro, pode-se discutir a atuação do governo, a luta dos trabalhadores rurais sem terra, os incentivos ou falta de incentivos para financiamento da produção, as dificuldades para a venda dos produtos, o problema dos atravessadores.

Da mesma forma, podemos averiguar as rupturas e continuidades, no que concerne às estruturas de dominação social. Para ajudar a refletir sobre essas questões, leia o texto “Terra e Cidadania”,

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escrito pelo sociólogo Herbert de Sousa, o Betinho. Aproveite para conhecer mais sobre a vida e obra desse importante defensor dos direitos sociais no Brasil. Clique para ler o texto Terra e Cidadania , publicado no site do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas com sede no Rio de Janeiro.

Para ter mais subsídios para discutir sobre a problemática da terra no Brasil, clique e acesse A terra

entre diferentes povos indígenas, um conjunto de fragmentos que tratam da temática entre diferentes povos indígenas. Com eles você poderá acrescentar outras questões a serem trabalhadas com os alunos como, por exemplo:

1. a. Identificar o valor da terra entre os diferentes povos indígenas. 2. b. Identificar mudanças e permanências no valor da terra ocorridas no decorrer dos tempos.

3. Revolução Francesa 4. Um marco importante no desencadeamento dos movimentos político sociais modernos é a

Revolução Francesa de 1789. A partir dela, uma série de definições conceituais e políticas tomaram forma e ajudaram a compor o entendimento sobre o funcionamento das sociedades modernas. Do ponto de vista dos movimentos sociais vamos entender alguns de seus elementos presentes ainda hoje nas sociedades contemporâneas. Clique aqui e veja um dos mais importantes legados da Revolução de 1789: a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

5. 6. A queda da Bastilha. Gravura popular do séc. XVIII

(clique sobre a imagem para ampliar)

1. Observe a imagem abaixo e com base no texto da Declaração, identifique a crítica presente na charge feita à época da

Revolução Francesa, e levante hipóteses sobre as origens dessa crítica.

A mulher em destaque na charge segura um falo, no interior dele lê-se: "Direitos do homem".

(clique aqui para ampliar)

2. Na página do “Alô Escola”, da TV Cultura, encontramos algumas propostas de abordagem pedagógica sobre Canudos. Entre

estas propõe-se: "'Canudos era a nossa Vendeia' (Os sertões - Seção: A Luta, Preliminares, 4º capítulo). Estudar o

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significado dessa expressão." (Disponível em:

http://www.tvcultura.com.br/aloescola/estudosbrasileiros/sertoes/index.htm. Acesso em: 6 jun.). Aproveitando a

proposta formulada pelo site da TV Cultura, discuta o significado da expressão.

A Revolução Francesa, depois da Americana, foi o acontecimento que marcou o fim do Antigo Regime. Os elementos que o caracterizavam: poder centralizado, monarquia, estamentos etc., estavam presentes, em alguma medida, no Brasil do Império, sendo a Independência o acontecimento que, no Brasil, derrubou o Antigo Regime. Quando Euclides da Cunha diz que Canudos foi nossa Vendéia, ele identifica a Independência com a Revolução Francesa, notando que ambas essas revoluções enfrentaram resistência. Em Canudos, como em Vendéia, a resistência tinha um caráter monárquico, embora os franceses de Vendéia desejassem um retorno aos status quo ante, enquanto que os brasileiros em Canudos estavam influenciados pela lenda da volta de Dom Sebastião. O governo republicano realmente tratou Canudos como uma ameça à nova forma de governo, apesar de o grupo liderado por Antônio Conselheiro ter objetivos muito diferentes dos franceses de Vendéia. Outro ponto em comum entre as duas guerras civis era o fato de que os exércitos dos resistentes serem civis sem treinamento, o que não os impediu de causar muitas baixas no outro lado. Ambas os movimentos de resistência fracassaram, tendo encontrado fim em um violento massacre.

Revolução Francesa – apropriações e movimentos sociais À época das comemorações em torno do Bicentenário da Revolução Francesa houve um intenso debate sobre seus legados. Observe a imagem abaixo. Que significados sobre a Revolução estariam nela representados?

Execução de Robespierre e seus amigos (detalhe). Século XVIII

Revolução Francesa, passado e presente Nos últimos anos, durante as comemorações em torno da Revolução

Francesa, tem se tornado comum protestos violentos protagonizados por

aqueles que não desfrutam dos ideais propagados pela Revolução, ou, dos

propalados pelo neoliberalismo, à época do Bicentenário. Sobre esses protestos, veja a

matéria da Folha Online de 14 de junho de 2009, disponível no site do jornal , e elabore

uma atividade para alunos do Ensino Fundamental ou Médio, sobre a relação presente-

passado-presente, levando em conta o tema da Revolução Francesa e a atuação dos

movimentos sociais presentes. Procure utilizar as imagens e textos aqui dispostos sobre a

Revolução Francesa.

Movimentos sociais e políticas públicas

Após as críticas quanto aos significados, apropriações e rumos dados à Revolução Francesa, vamos discutir um pouco a atuação

dos movimentos sociais na definição de políticas públicas? Você conhece a Declaração dos Direitos do Homem da ONU? E a

Carta de Banjul? Até que ponto esses documentos podem ser considerados uma materialização dos anseios dos movimentos

sociais, ou, vão de encontro a eles? Você pode acessar esses dois documentos para conhecê-los melhor. Reflita sobre eles e

participe do Fórum.

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Declaração Universal dos Direitos do Homem Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos (CARTA DE BANJUL)

Manifesto do Partido Comunista Uma referência importante para os movimentos sociais surgiu ao final da primeira metade do século XIX, o

Manifesto do Partido Comunista, escrito por K. Marx e F. Engels. Nele delineiam-se os fundamentos que

nortearam grande parte das lutas sociais dos séculos XIX e XX. Clique aqui para ler alguns trechos do

Manifesto.

No Caderno do Aluno, Ensino Fundamental 7ª série, 8º ano - vol. 3, da Secretaria

de Estado da Educação de 2009, nas páginas 9 e 16, você encontrará um pouco do

contexto das lutas sociais geradas pelas tensões sociopolíticas da segunda metade

do XIX. Há também uma proposta de discussão da obra Germinal, do escritor

francês É. Zola (1840-1902). Valendo-se da literatura, Zola trata das questões

sociais do período a partir da vida de trabalhares franceses de minas de carvão e

suas lutas contra a opressão dos donos das minas e do sistema capitalista.

Caderno do Aluno, Ensino Fundamental, 7ª Série (8º ano), volume 3

A Revolução atingiu um ponto em que ameaça levar à ruína todos os Estados da Europa... O que está em causa não é este ou aquele Estado, mas a Europa em seu conjunto. A invasão francesa é uma repetição daquela das hordas do norte nos séculos V e VI. Ela é mesmo mais grave, pois não se propõe apenas à destruição de todos os monumentos e obras de arte, mas pretende destruir também todos os princípios, confiscar toda propriedade em outros termos, pretende fazer passar a Europa da civilização mais brilhante à mais terrível barbárie... Pais de família e proprietários! Combatei nas mesmas fileiras que os valentes defensores da vossa pátria, do vosso príncipe, da vossa propriedade! (Abril Cultural. Grandes Personagens – História Universal. São Paulo, 2ª. Abril Cultural. 1978. (Vol. 4, p. 108.).)

Lutas sociais para além do Manifesto

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No Brasil, a dinâmica de lutas dos movimentos sociais está no próprio cerne de construção e desenvolvimento da sociedade brasileira. Muitos desses movimentos, organizados ou não, tornaram-se

célebres na luta das camadas sociais menos favorecidas. Retomemos dois desses movimentos: Canudos e a Revolta da Vacina. Mais uma vez convidamos você a percorrer alguns temas e atividades propostos. Siga a sequência a seguir ou delineie seu próprio caminho, mas lembre-se de acessar todas as propostas e configurar suas respostas para as questões colocadas. Ao final, Rendição de Canudos (clique sobre a imagem para ampliar)

Canudos No final do século XIX, o Brasil assistiu a uma das mais dramáticas manifestações populares de sua história. Ela aconteceu em Belo Monte, Bahia, e foi lidera pelo beato Antonio Mendes Maciel, o Antonio Conselheiro. Ao mesmo tempo que crescia sua popularidade e o número de seus seguidores, crescia também o descontentamento do governo, da elite e setores da Igreja Católica contra sua pregação e o que passavam a encarar como uma ameaça a ordem republicana. Clique no ícone a seguir e veja o relato dos historiadores F. Alencar, L. C. Ramalho e M. V. T.

Ribeiro sobre o episódio.

Revolta da Vacina Pensar uma proposta pedagógica para o que foi o movimento ocorrido no Rio de Janeiro, a Revolta da

Vacina de 1904, pode ser feito partindo-se de questões presentes, sobre a temática da saúde pública. Seria

possível propor um paralelo sobre a revolta de 1904 e questões relativas à atual campanha de vacinação

contra o vírus da gripe H1N1, elaborando com os alunos um estudo comparativo entre as duas situações.

Pode-se estruturar uma linha do tempo sobre a História do Brasil que tenha como mote de discussão as

diferentes campanhas de vacinação que ocorrem no país. Clique aqui e veja, por exemplo, o estudo dos

pesquisadores da Casa Oswaldo Cruz, Â. Pôrto e C. F. Pontes, sobre as representações em torno das

campanhas e das vacinas.

Interdisciplinares

Flertando com a Matemática Há a possibilidade da construção de um diálogo interdisciplinar com a Matemática. Para isso, você poderá

valer-se do texto da professora de Matemática e Estatística, M. H. Souza que discute o dado estatístico.

Construindo com a Língua Portuguesa A seguir, você encontrará a mensagem de um leitor (Texto 1: Pela Vacina) criticando a carência de vacinas

contra o H1N1. Aproveite a mensagem para propor um diálogo com a disciplina de Língua Portuguesa.

Atividade – Revolta da Vacina e a H1N1

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Para auxiliá-lo na montagem de uma proposta que parta da relação presente-passado-presente, dois textos: Clique sobre o título para ler o conteúdo.

Terras de remanescentes de quilombolas

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Clique aqui e leia o texto “Remanescentes das comunidades dos quilombos: memória do cativeiro e

políticas de reparação no Brasil”, de Hebe Mattos, publicado originalmente na Revista USP, em dezembro

de 2005.

Atividades

A proposta desta parte do conteúdo é trazer mais um elemento que compõe as disputas territoriais no

Brasil. Novamente, os problemas relativos à estrutura fundiária brasileira serão abordados, focando agora

as comunidades de remanescentes de quilombolas. Podemos aproveitar o texto de H. Mattos para

trabalhar os conceitos de quilombo, remanescentes de

quilombolas e os critérios utilizados hoje para a definição

dessas comunidades e de suas terras.

Clique aqui e veja um roteiro didático possível para discutir

o texto de H. Mattos com os alunos do Ensino Médio usando

o mapa ao lado.

Mapa de quilombos no Brasil

(clique sobre a imagem para ampliar)

Vídeo – Quilombo, Cangume, em Itaóca (SP) Vimos um roteiro possível para discutir o conceito de quilombo com alunos do Ensino Médio. Que tal montar uma proposta para o Ensino Fundamental? Seria possível usar o mesmo mapa e o mesmo roteiro de leitura e problematização usados para o Ensino Médio?

Crie um novo roteiro que possa se valer do mapa e repense as questões que possam ser formuladas para turmas do Ensino Fundamental. Na proposta, utilize o vídeo do programa da TV Cultura sobre o quilombo Cangume, em Itaóca (SP), “Cultura é Currículo”.

A terra entre diferentes povos indígenas Uma questão sempre recorrente, que tradicionalmente tem mobilizado diferentes setores da sociedade,

diz respeito à problemática da terra. É um tema sempre atual e que pode ser discutido em sala de aula.

Uma forma de trabalhá-lo é procurar entender como os diferentes setores ou grupos lidam com ele.

Observemos como três diferentes povos indígenas lidam com a terra.

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Terra e conhecimento indígena da natureza entre a população indígena

Clique no ícone ao lado e veja o que um importante representante indígena, Daniel Munduruku, nos ensina. Observe que o texto é dirigido ao público infantil, o que nos faz pensar as possibilidades de trabalho com o Ensino Fundamental. É importante fazer com que os alunos possam perceber o distanciamento do significado de

terra para a população indígena, enquanto bem coletivo, da noção capitalista de propriedade (bem

adquirido e reafirmado pela posse individual). A abordagem deve ser trabalhada para discutir a diversidade

de uso e significado da terra, apontando para relações opostas as dominantes na sociedade capitalista.

Você poderá usar de vários exemplos para ilustrar a discussão sobre diferentes maneiras de se relacionar

com a terra. No caso dos Munduruku (região do rio Tapajós), por exemplo, as roças são mantidas apenas

por direitos de usufruto. Quando a terra se exaure (depois de dois anos), ela

retorna ao domínio comum. O produto das roças, da caça e da pesca é

considerado, entre os Munduruku, propriedade da pessoa que tem as roças e

que matou os animais, mas esse direito, visto sob o prisma do sistema de

distribuição, perde o valor. Toda a comida que entra na casa é partilhada pela

família extensa e, se houver excedente, este é distribuído por todas as casas

da aldeia.

Considerações de ordem social, ritual ou religiosa pesam igualmente na importância que possui o território para as comunidades indígenas. O estabelecimento de alianças matrimoniais está, muitas vezes, diretamente

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vinculado à disposição espacial dos vários grupos. Entre alguns grupos sul-americanos é desencorajado o casamento entre pessoas da mesma aldeia, o que leva as várias aldeias a se interligarem por laços de casamento interaldeamentos. Essas uniões vêm acompanhadas de uma série de obrigações mútuas, para além da união conjugal.

Entre os Yanomami (norte do Brasil, sul da Venezuela) o espaço entre duas aldeias quaisquer é quase sempre pontilhado ou por antigas roças, ou por abrigos temporários (os tapiris) utilizados por viajantes e acampamentos cortados por trilhas que levam a outras aldeias, antigas roças, ou outros acampamentos. Não raro as conversas giram em torno do território: discute-se sobre a abundância ou escassez deste ou daquele produto, as andanças dos moradores, relatos sobrenaturais, sobre rios e montanhas. Essas conversas, revestidas de linguagem mítico-religiosa, orientam e definem os movimentos espaciais das aldeias, de um sítio para outro.

Entre os Cubeo (Amazônia) a ordenação de grupos residenciais ao longo dos rios obedece a um modelo representado pela gigantesca cobra sucuri: à sua cabeça correspondem os grupos locais mais importantes política e ritualmente (localizados rio abaixo); à sua cauda, os menos importantes (localizados nas cabeceiras dos rios).

Entre os Nhambiquara (MT) a importância do território da aldeia é definida pelo sepultamento de parentes; onde os parentes são enterrados é lugar sagrado, a aldeia é sagrada; onde não há ninguém enterrado não é aldeia, mesmo que ali viva um grupamento. Assim, o território passa a ter um vínculo direto com a memória. Há, portanto, um hiato entre o território da população nacional, a propriedade capitalista e o território indígena.

Finalizando Neste módulo nossos objetivos foram:

refletir sobre os movimentos revolucionários contemporâneos; refletir sobre o liberalismo e socialismo; além das questões pertinentes aos Estados autoritários; refletir sobre a constituição da sociedade contemporânea no âmbito dos processos político e social; problematizar os conflitos na esfera política e social de acontecimentos que marcaram a política

brasileira e mundial no século XX: compreender conceitos historiográficos, política e ideologicamente determinados, enfatizando a

importância do uso de fontes e documentos de natureza variada para o estudo da História.

Referências bibliográficas

Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos (CARTA DE BANJU). www.dhnet.org.br/direitos/sip/africa/ banjul.htm . Acesso em 20/junho/2010.

DARNTON, Robert. O beijo de Lamourette: mídia, cultura e revolução. São Paulo: Cia das Letras, 1990.

Declaração Universal dos Direitos do Homem. www.onu-brasil.org.br/documentos_direitoshumanos.php . Acesso em 20/junho/2010.

MARX, Karl e ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. Petrópolis: Vozes, 1988. MATTOS, H. Remanescentes das comunidades dos quilombos: memória do cativeiro e políticas de

reparação no Brasil. Revista USP. São Paulo: p. 104-111, n. 68, dezembro/fevereiro 2005-2006. MUNDURUKU, D. Coisas de índio – versão infantil. São Paulo: Callis, 2003. MEC, Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais. Projeto Nordeste/ PNUD, 1998. Trad.

Rafael Maxakali. RAMOS, Alcida Rita. Sociedades Indígenas. 5ª edição. Série Princípios. São Paulo: Ática, 1995. RIBEIRO, Darcy. Os índios e a civilização. Petrópolis: Vozes, 1970. SÃO PAULO. Caderno do Aluno – História. Ensino Fundamental. São Paulo: SEE, 2009. SCLIAR, Moacyr [et. Al.] Saúde pública: histórias, políticas e revolta. São Paulo: Scipione, 2002.

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TOCQUEVILLE, A. de. O antigo regime e a revolução. 3ª. ed. Brasília: UNB,1989.

Filmografia

“Danton o processo da revolução”. Direção: Andrzej Wajda. França, 1982. “Guerra de Canudos”. Direção: Sérgio Rezende. Brasil, 1997, 165 min. “Sonhos Tropicais”. Direção: André Sturm. Brasil, 2002, 120 min.

OBJETIVAS 1. Considere as afirmativas a seguir, referentes às semelhanças entre as Revoluções Inglesa, do século XVII, e a Francesa.

I - A ativa participação, em diferentes momentos, dos diggers (“escavadores”) e dos sans-cullotes nas experiências revolucionárias inglesa e francesa, respectivamente, revela que as camadas populares defendiam projetos político-sociais próprios, não se mantendo à margem desses movimentos. II - Um dos legados de ambas as revoluções está relacionado às transformações na estrutura fundiária, já que as grandes propriedades de terra cederam lugar a minifúndios produtivos, que contribuíram para o crescimento da produção agrícola nesses dois países. III - As execuções do rei Carlos I (Londres, 1649) e do rei Luís XVI (Paris, 1793) são marcos simbólicos do fim de uma antiga ordem, uma vez que, pela primeira vez, em suas histórias, governantes foram responsabilizados e condenados por seus atos e decisões políticas. IV - Ambas as revoluções consolidaram regimes democráticos ao estabelecer o voto universal masculino na Inglaterra, pela Declaração de Direitos de 1689, e na França, pela Constituição de 1791.

Somente a afirmativa II está correta.

Todas as afirmativas estão corretas.

Somente as afirmativas II e IV estão corretas.

Somente as afirmativas I, III e IV estão corretas.

Somente as afirmativas I e III estão corretas.

2. Tanto o liberalismo quanto a revolução social, tanto a burguesia quanto, potencialmente, o proletariado, tanto a

democracia (em qualquer de suas versões) quanto a ditadura encontram seus ancestrais na extraordinária década que começou com a convocação dos Estados-Gerais, a Tomada da Bastilha e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. (HOBSBAWM, E. Ecos da Marselhesa. Dois séculos reveem a Revolução Francesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 81.) A partir do texto e dos seus conhecimentos, selecione a alternativa correta.

A Revolução Francesa teve como conseqüência, a derrota da classe burguesa e de seus valores liberais.

Os sans-culottes, que formavam o grupo mais radical da Revolução Francesa, podem ser considerados os ancestrais do proletariado.

A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada na França em 1789, apesar de formalmente democrática, defendia a legitimidade das ditaduras.

A Tomada da Bastilha representou, simbolicamente, a revanche da nobreza frente ao avanço da revolução popular.

Os princípios democráticos inspiraram os países que invadiram a França logo após a revolução de 1789.

3. Sobre a política indigenista do governo brasileiro no século XX, é possível afirmar que ela:

Criou vários serviços de proteção ao silvícola, permitindo que fossem dirigidos pelos próprios grupos indígenas.

Enviou expedições oficiais para contato com grupos indígenas, comandadas por membros da Igreja Católica.

Copiou a política dos Estados Unidos, já que a situação dos indígenas, nos dois países, tem sido muito semelhante.

Preocupou-se com a demarcação de terras indígenas, sem conseguir protegê-las de invasores brancos.

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Concedeu emancipação jurídica aos indígenas, equiparando-os durante todo o período aos cidadãos brancos.

4. O Marquês de Pombal, na Carta Secretíssima ao governador-geral Gomes Freire de Andrada, expôs suas ambições e

intenções de realizar reformas no governo do Brasil (1750-1777): “Como o poder e a riqueza de todos os países consistem principalmente no número e na multiplicação das pessoas que habitam, esse número e multiplicação de pessoas é mais indispensável agora nas fronteiras do Brasil, para suas defesas”. Como não era “humanamente possível” obter essa quantidade de pessoas necessárias do reino ou das ilhas adjacentes (Açores e Madeira) sem converter essas regiões “completamente em desertos”, era essencial abolir “todas as diferenças entre índios e portugueses”, visando atrair os índios das missões uruguaias e encorajar o casamento deles com europeus. A Carta instruía o governador para que mantivesse o controle da Colônia até as missões serem evacuadas e estarem dentro de terras portuguesas. (Carta Secretíssima de Pombal a Gomes Freire de Andrada, Lisboa, 21 set. 1751. apud MAXWELL, K. Marquês de Pombal: paradoxo do iluminismo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. p. 53.) Sobre o tema, considere as seguintes afirmativas: I - As instruções contidas na Carta significaram, na prática, a supressão do domínio religioso jesuítico sobre a fronteira e o fim da proteção dos índios pelos jesuítas. II - A carta atribui às missões a responsabilidade pela dizimação e fuga dos indígenas, que transformaram as fronteiras ao sul com a América espanhola em verdadeiros desertos populacionais. III - Ao abolir “todas as diferenças entre índios e portugueses”, Pombal recomenda a miscigenação como mecanismo para estender o povoamento e o domínio português aos territórios de fronteira sob domínio espanhol. IV - No governo de Pombal, o grande complexo de missões jesuíticas portuguesas e espanholas contribuiu para assegurar o futuro da América portuguesa, por intermédio da imigração europeia em larga escala.

Apenas as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.

Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.

Apenas as afirmativas II e IV são verdadeiras.

Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.

Apenas as afirmativas I, III e IV são verdadeiras.

5. Em relação aos quilombos coloniais brasileiros, podemos afirmar que os mesmos:

Eram habitados exclusivamente por escravos fugidos, constituindo-se em verdadeiros Estados teocráticos.

Dedicavam-se alguns à agricultura, outros à mineração, outros, ainda, ao pastoreio, articulando-se com os núcleos vizinhos através do comércio.

Eram de caráter agrícola, sobrevivendo do que plantavam e do que teciam.

Distinguiam-se pelo isolamento, pela marginalização, sem vínculo algum com os arredores que os cercavam.

Existiram apenas durante o século XVII, tendo Palmares como eixo central.

6. “Não é por acaso que as autoridades brasileiras recebem o aplauso unânime das autoridades internacionais das grandes

potências, pela energia implacável e eficaz de sua política saneadora [...]. O mesmo se dá com a repressão dos movimentos populares de Canudos e do Contestado, que no contexto rural [...] significavam praticamente o mesmo que a Revolta da Vacina no contexto urbano” (SEVCENKO, N. A revolta da vacina: mentes insanas em corpos rebeldes. São Paulo: Brasiliense, 1984.). De acordo com o texto, a Revolta da Vacina, o movimento de Canudos e o do Contestado foram vistos internacionalmente como:

Conservadores, porque ameaçavam o avanço do capital norte-americano no Brasil.

Decorrentes da política sanitarista de Oswaldo Cruz.

Provocados pelo êxodo maciço de populações saídas do campo rumo às cidades logo após a abolição.

Indícios de que a escravidão e o império chegavam ao fim para dar lugar ao trabalho livre e à república.

Retrógrados, pois dificultavam a modernização do país.

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7. “A queda da burguesia e a vitória do proletariado são igualmente inevitáveis. *...+ Os proletários nada têm a perder com ela,

a não ser as próprias cadeias. E têm um mundo a ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos.” Esse trecho, extraído do Manifesto Comunista de Marx e Engels, foi escrito no contexto histórico marcado:

Pelo incremento das contestações populares às diretrizes políticas implantadas pelos regimes autoritários que floresceram na Europa, na primeira metade do século XX.

Pela afirmação dos Estados Unidos como potência imperialista com interesses econômicos e políticos em várias regiões do planeta.

Pelos conflitos entre trabalhadores e patrões que começaram a pontuar os países capitalistas a partir da ocorrência da Revolução Russa.

Pelo acirramento das contradições políticas, econômicas e sociais decorrentes do processo conhecido como Revolução Industrial.

Pelo confronto entre vassalos e suseranos, no momento de ápice da crise do modo de produção feudal e de enfraquecimento da autonomia religiosa.

8. Um professor de História decide usar o filme Germinal para trabalhar a história do movimento operário e da Revolução

Industrial. Um dos itens de discussão que propõe aos alunos é o estudo do contexto histórico retratado pela obra. Sobre esse contexto, os alunos corretamente indicam:

O reacionarismo absolutista dos donos das minas de carvão.

O reacionarismo do Congresso de Viena influenciando as decisões dos patrões.

O ideário iluminista presente na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que marcava as ações dos trabalhadores.

O ideário socialista permeando a luta dos trabalhadores franceses.

O ideário revolucionário francês de 1789 permeando a vida dos trabalhadores das minas de carvão.

9. Durante a Primeira República (1889-1930), houve, na sociedade brasileira, revoltas que, a despeito das diferenças,

expressaram a insatisfação e a crítica de grupos populares quanto aos mecanismos de exclusão social e política e às estratégias de expansão dos interesses oligárquicos, então vigentes. Selecione a afirmativa que identifica corretamente revoltas dessa natureza:

Guerra do Contestado e Revolta da Armada.

Guerra de Canudos e Revolta da Vacina.

Revolta Federalista e Guerra do Contestado.

Revolta da Chibata e Revolta Federalista.

Revolta da Vacina e Revolta da Armada.

10. Representou um movimento com forte apelo popular. Diferentemente de Canudos, no entanto, foi capitaneado pelos

coronéis, sem conter ambiguidades nessa relação com os proprietários locais, como ocorria com outro movimento social contemporâneo. Falamos respectivamente de:

Movimento religioso liderado por Padre Cícero Romão e dos Cangaceiros, liderados por Lampião.

Coluna Prestes e dos Cangaceiros, liderados por Lampião.

Movimento religioso liderado por Padre Cícero Romão da Coluna Prestes.

Dos Cangaceiros, liderados por Lampião e a Coluna Prestes.

Contestado e da Coluna Prestes.