N U N C A A VO LVO O C E A N R AC E F O I TÃO P O RTU G U ...

5
24/10/2017 Nunca a Volvo Ocean Race foi tão portuguesa. De Alicante à conquista dos mares na língua de Camões - Desporto - SAPO 24 http://24.sapo.pt/desporto/artigos/nunca-a-volvo-ocean-race-foi-tao-portuguesa-de-alicante-a-conquista-dos-mares-na-lingua-de-camoes 1/5 NUNCA A VOLVO OCEAN RACE FOI TÃO PORTUGUESA. DE ALICANTE À CONQUISTA DOS MARES NA LÍNGUA DE CAMÕES 23 out 2017 Miguel Morgado Paulo Rascão Sete embarcações saíram de Alicante e estão a dar a volta ao mundo. Os barcos, todos iguais com 20 metros e nove toneladas, passam por Lisboa no nal da semana. 44 anos depois do inicio desta aventura, com estaleiro montado em Lisboa, Portugal está representado com três velejadores e uma equipa com bandeira portuguesa. Que viaja pelo mar e pelo ar. A 13ª edição da Volvo Ocean Race (VOR), a mais longa e difícil prova de circum-navegação por equipas, arrancou ontem de Alicante, Espanha, rumo a Lisboa, onde deverá chegar no nal da semana. A zona ribeirinha e o porto da capital da província com o mesmo nome transformaram-se numa autêntica fortaleza náutica com milhares de amantes da vela a invadirem a zona portuária para verem a saída das sete embarcações que participam nesta aventura que dá a volta ao globo, por mar. Num espetáculo cénico digno de honras olímpicas, antes de entrarem nos novos Volvo Race 65, veleiros todos iguais com 20 metros e nove toneladas, skippers e tripulantes das equipas deslaram entre o público, respondendo ao chamamento do speaker de serviço.

Transcript of N U N C A A VO LVO O C E A N R AC E F O I TÃO P O RTU G U ...

Page 1: N U N C A A VO LVO O C E A N R AC E F O I TÃO P O RTU G U ...

24/10/2017 Nunca a Volvo Ocean Race foi tão portuguesa. De Alicante à conquista dos mares na língua de Camões - Desporto - SAPO 24

http://24.sapo.pt/desporto/artigos/nunca-a-volvo-ocean-race-foi-tao-portuguesa-de-alicante-a-conquista-dos-mares-na-lingua-de-camoes 1/5

NUNCA A VOLVO OCEAN RACE FOI TÃOPORTUGUESA. DE ALICANTE À CONQUISTA DOS

MARES NA LÍNGUA DE CAMÕES23 out 2017

Miguel Morgado

Paulo Rascão

Sete embarcações saíram de Alicante e estão a dar a volta ao mundo. Os barcos,todos iguais com 20 metros e nove toneladas, passam por Lisboa no �nal da semana.44 anos depois do inicio desta aventura, com estaleiro montado em Lisboa, Portugalestá representado com três velejadores e uma equipa com bandeira portuguesa. Queviaja pelo mar e pelo ar.A 13ª edição da Volvo Ocean Race (VOR), a mais longa e difícil prova de circum-navegação porequipas, arrancou ontem de Alicante, Espanha, rumo a Lisboa, onde deverá chegar no �nal dasemana.

A zona ribeirinha e o porto da capital da província com o mesmo nome transformaram-se numaautêntica fortaleza náutica com milhares de amantes da vela a invadirem a zona portuária paraverem a saída das sete embarcações que participam nesta aventura que dá a volta ao globo, pormar.

Num espetáculo cénico digno de honras olímpicas, antes de entrarem nos novos Volvo Race 65,veleiros todos iguais com 20 metros e nove toneladas, skippers e tripulantes das equipasdes�laram entre o público, respondendo ao chamamento do speaker de serviço.

Page 2: N U N C A A VO LVO O C E A N R AC E F O I TÃO P O RTU G U ...

24/10/2017 Nunca a Volvo Ocean Race foi tão portuguesa. De Alicante à conquista dos mares na língua de Camões - Desporto - SAPO 24

http://24.sapo.pt/desporto/artigos/nunca-a-volvo-ocean-race-foi-tao-portuguesa-de-alicante-a-conquista-dos-mares-na-lingua-de-camoes 2/5

Ao todo, 62 velejadores, homens e mulheres do mar que compõem cada uma das tripulações,“marcharam” acompanhados de sete repórteres que seguem a abordo para acompanhar a regataao longo dos 80 mil quilómetros (45 mil milhas náuticas), passando por 11 cidades distribuídaspor 11 países espalhado por cinco continentes.

Uma demonstração de unidade espanhola nas varandas da cidade

Num momento algo conturbado da história de Espanha, com algumas bandeiras espanholaspenduradas nas varandas das habitações próximas da marginal da segunda cidade maisimportante na comunidade de Valência, com inscrições espanholas a deambularem pela “RaceVillage”, o rei emérito espanhol Juan Carlos mergulhou entre a multidão, percorreu todo o pontão edespediu-se da equipa nacional, a Mapfre, capitaneada pelo campeão mundial e olímpico XabiFernández.

Com muita animação à partida da edição 2017-2018 da VOR — bandeiras e camisolas dasdiversas equipas e um momento musical em solo �rme pela voz, à capela, do grupo portuguêsSpell Choir (que viajou com a convite da equipa Turn the Tide on Plastic) —, a saída dos barcos dabaía de Alicante foi ainda acompanhada, por mar, por diversas embarcações de recreio e mironesmais ou menos VIP’s e, pelo ar, por sete aviões da ‘patrulha águia’, que desenharam no céu azul deAlicante as cores encarnada e amarela da bandeira de Espanha.

Foi também para o céu que as atenções se viraram ao anúncio escutado nos altifalantes. Umavião Airbus A330 da transportadora aérea Hi Fly, pintado com as cores da embarcação Turn theTide on Plastic, equipa com bandeira portuguesa e das Nações Unidas que navega com opatrocino da Fundação Mirpuri e da Ocean Family Foundation (OFF), vai passar durante a provauma mensagem de sustentabilidade, preservação e limpeza dos oceanos e luta contra o plástico.

Page 3: N U N C A A VO LVO O C E A N R AC E F O I TÃO P O RTU G U ...

24/10/2017 Nunca a Volvo Ocean Race foi tão portuguesa. De Alicante à conquista dos mares na língua de Camões - Desporto - SAPO 24

http://24.sapo.pt/desporto/artigos/nunca-a-volvo-ocean-race-foi-tao-portuguesa-de-alicante-a-conquista-dos-mares-na-lingua-de-camoes 3/5

Uma portugalidade nunca antes vista em 44 anos da volta ao mundo

O barco com bandeira portuguesa que nasce do investimento da Fundação Mirpuri (organizaçãosem �ns lucrativos do empresário e �lantropo português Paulo Mirpuri, presidente da Fundação eda Mirpuri Investments, que detém a Hi Fly) não é a única demonstração de portugalidade nestaviagem planetária por água.

créditos: Paulo Rascão | MadreMedia

A bordo das embarcações seguem três portugueses, espalhados por duas equipas: BernardoFreitas e Frederico Melo vestindo a causa dos oceanos no barco português, sendo que só oprimeiro saiu a bordo, e ainda António Fontes. Este último inicialmente destacado para aScallywag, primeira equipa de Hong-Kong a participar na Volvo Ocean Race, mas que viria a“saltar” à última hora para holandesa AkzoNobel, após uma história que meteu uma decisão deum tribunal, saída e reintegração do skipper e agradecimentos à mistura.

Com efeito, Simeon Tienpont que tinha sido substituído nos últimos dias por Brad Jackson, foireintroduzido como líder da tripulação por decisão de um tribunal arbitral holandês. Uma decisãoque não caiu bem no seio de parte da tripulação e levou a algumas “saídas” da equipa na viagempara Lisboa. Para colmatar as baixas Tienpont “pescou” o português António Fontes na novatatripulação de Hong-Kong, seguindo com a equipa até Lisboa. “Agradecemos ao dono da equipaSun Hung Kai Scallywag, Seng Huang Lee e ao skipper David Witt por nos emprestar AntónioFontes para esta primeira etapa”, lê-se no site da equipa. Entretanto, outro português, DiogoCayola, integrou a equipa de mar do barco com bandeira holandesa, reencontrando o compatriotana capital portuguesa.

Page 4: N U N C A A VO LVO O C E A N R AC E F O I TÃO P O RTU G U ...

24/10/2017 Nunca a Volvo Ocean Race foi tão portuguesa. De Alicante à conquista dos mares na língua de Camões - Desporto - SAPO 24

http://24.sapo.pt/desporto/artigos/nunca-a-volvo-ocean-race-foi-tao-portuguesa-de-alicante-a-conquista-dos-mares-na-lingua-de-camoes 4/5

O Volvo 65 da equipa chinesa Dongfeng despediu-se de Alicante, onde decorreu uma regata àvista da população, na liderança, depois de uma mudança na rota da etapa inicial decidida pelaorganização e que acrescenta mais um toque de portugalidade à regata. As embarcações vãocontornar Porto Santo e a Madeira — um palco que começa a ganhar peso nos eventos náuticos(recebeu em junho o Extreme Sailing Series) — antes de rumarem a Lisboa e entrarem no rio Tejono �nal da semana, cumprindo uma regata costeira.

Permanecerão na Doca de Pedrouços, local onde estará situada a “Race Village” e onde está abase permanente do boatyard (estaleiro) da VOR, instalado nos antigos armazéns da Docapesca,local onde os sete veleiros que vão dar a volta ao mundo passaram por um re�t (remodelação)antes da prova. Ali permanecerão até à partida para a segunda etapa, que liga Lisboa à Cidade doCabo, na África do Sul, prevista para 5 de novembro.

À beira de completar 44 anos, a mais dura regata à volta do mundo mostra um até agora inéditopeso português e surge também com um toque mais feminino fruto da grande mudançaintroduzida que obriga, pela primeira vez, todas as tripulações a terem pelo menos uma mulher abordo. “Elas” estão espalhadas, mas é a equipa de bandeira portuguesa a elevar uma mulher, DeeCaffari, ao estatuto de skipper e a dar iguais oportunidades aos dois sexos (cinco mulheres ecinco homens), ou não fosse essa também outras das mensagens com que viaja.

O big brother de Alicante. 24 horas, sete dias da semana a acompanhar a volta ao mundo debarco

Como os barcos em pleno mediterrâneo a aproximarem-se do atlântico, tudo é monitorizado apartir de um centro de apoio permanente em Alicante, casa de partida da regata e posto de vigiadurante toda a prova.

Page 5: N U N C A A VO LVO O C E A N R AC E F O I TÃO P O RTU G U ...

24/10/2017 Nunca a Volvo Ocean Race foi tão portuguesa. De Alicante à conquista dos mares na língua de Camões - Desporto - SAPO 24

http://24.sapo.pt/desporto/artigos/nunca-a-volvo-ocean-race-foi-tao-portuguesa-de-alicante-a-conquista-dos-mares-na-lingua-de-camoes 5/5

créditos: Paulo Rascão | MadreMedia

Ali, desde que toda a “cidade itinerante” da VOR se instalou em Alicante até chegar a Haia, naHolanda, em �nais de junho de 2018, as sete embarcações que percorrem 11 etapas em 11países, navegando um total de mais de 80 mil quilómetros (45.000 milhas náuticas) são vigiadaspor uma equipa permanente de “pelo menos três pessoas”, que funciona num regime “24/7”, ouseja, todos os dias, informou fonte o�cial da prova.

Com o mapa mundi das previsões climatéricas e da observação em tempo real de eventuaisacidentes com as embarcações, no centro que é uma espécie de NASA tudo é acompanhado aominuto e é ali que todas as decisões são tomadas, dos resgates, à gestão de crise passando pelatelemedicina aos velejadores caso tal seja necessário.

*Os jornalistas viajaram a convite da Fundação Mirpuri e da equipa Turn the Tide on Plastic