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Índice Introdução ................................................................................ 1 Capítulo I. Enquadramento Teórico ................................................... 3 1.1. Evolução histórica do consumo de álcool (bebidas alcoólicas) ........... 3 1.2. Dependência alcoólica .......................................................... 5 1.3. Motivação ......................................................................... 7 1.4. Sintomas Psicopatológicos.................................................... 10 Capítulo II. Metodologia .............................................................. 12 2.1. Pertinência do Estudo......................................................... 12 2.2. Método .......................................................................... 12 2.2.1. Objetivos, Variáveis e Tipo de Estudo ................................. 12 2.2.2. Instrumentos .............................................................. 13 2.3. Procedimento .................................................................. 17 Capítulo III. Resultados ............................................................... 19 3.1. Análise Descritiva da Amostra ............................................... 19 3.2. Análise Inferencial ............................................................. 23 Capítulo IV. Discussão dos resultados ............................................... 35 Conclusões .............................................................................. 47 Referências Bibliográficas ............................................................ 49 Anexos ................................................................................... 59

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Índice

Introdução ................................................................................ 1

Capítulo I. Enquadramento Teórico ................................................... 3

1.1. Evolução histórica do consumo de álcool (bebidas alcoólicas) ........... 3

1.2. Dependência alcoólica .......................................................... 5

1.3. Motivação ......................................................................... 7

1.4. Sintomas Psicopatológicos.................................................... 10

Capítulo II. Metodologia .............................................................. 12

2.1. Pertinência do Estudo ......................................................... 12

2.2. Método .......................................................................... 12

2.2.1. Objetivos, Variáveis e Tipo de Estudo ................................. 12

2.2.2. Instrumentos .............................................................. 13

2.3. Procedimento .................................................................. 17

Capítulo III. Resultados ............................................................... 19

3.1. Análise Descritiva da Amostra ............................................... 19

3.2. Análise Inferencial ............................................................. 23

Capítulo IV. Discussão dos resultados ............................................... 35

Conclusões .............................................................................. 47

Referências Bibliográficas ............................................................ 49

Anexos ................................................................................... 59

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Introdução

O alcoolismo é entendido como uma doença crónica e considerado um problema de

saúde pública (Edwards, 2005). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2007)

1,7% da população mundial foi diagnosticada com dependência de álcool, sendo que

os danos causados não são limitados apenas aos alcoólicos, mas também aos seus

familiares e amigos (Oliveira, Andretta, Rigoni & Szupszynski, 2008). Ainda, segundo

a OIT (2008) o alcoolismo é um problema de saúde primária, crónico cujo

desenvolvimento e manifestações são influenciados por fatores genéticos,

psicossociais e ambientais. O problema é considerado frequentemente progressivo e

fatal e carateriza-se por um controlo deficiente contínuo ou periódico sobre o

consumo de bebidas alcoólicas, bem como afeta progressivamente o funcionamento

fisiológico social e económico (Wandekoken & Loureiro, 2010).

A designação de alcoolismo pode englobar um conjunto heterogéneo de situações,

nomeadamente o consumo excessivo de álcool ou o uso lesivo, para além da

dependência alcoólica (Neto & Pereira, 2001).

O álcool é uma substância psicotrópica depressora do sistema central nervoso, cujos

efeitos desinibidores podem conduzir a violência, entre outras consequências

(Niewiadomski, 2004).

Segundo a literatura, a aprendizagem social e a existência de antecedentes

familiares com consumo excessivo de álcool são dois fatores preditores do consumo

excessivo na adolescência (Oliveira, Andretta, Rigoni & Szupszynski, 2008).

A disfuncionalidade do comportamento dos indivíduos alcoólicos leva a que

apresentem dificuldades na manutenção da abstinência durante um longo período de

tempo, abandonando o processo de tratamento. Este comportamento parece estar

associado a um conflito motivacional em relação à modificação dos seus problemas

(Oliveira, Laranjeira, Araújo et. al, 2003). Assim, com o objetivo de compreender a

forma como as pessoas mudam foi desenvolvido o Modelo Transteórico de Prochaska

e DiClemente (1986), o qual descreve a prontidão para a mudança bem como os

estágios pelos quais os indivíduos transitam. Este modelo baseia-se no pressuposto de

que a mudança é um processo no qual as pessoas têm diversos níveis de motivação e

de prontidão para mudar (Oliveira, Laranjeira, Araújo et. al, 2003).

O consumo de álcool na sociedade atual é visto de forma positiva o que dificulta o

reconhecimento de alguns padrões de consumo como doença. Assim, hoje assiste-se a

uma sociedade que, por um lado, tolera ou promove o consumo moderado de álcool

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e, por outro lado, discrimina o consumo excessivo e descontrolado (Heckmann et al.,

s.d.).

O presente estudo tem como objetivos avaliar o estágio em que o indivíduo se

encontra, bem como o seu grau de dependência e a presença ou não de sintomas

psicopatológicos. Assim, vamos tentar compreender se a presença de sintomas

psicopatológicos é influencia pela situação económica do sujeito alcoólico e em que

estágio de motivação se encontram os sujeitos. Para uma compreensão aprofundada

do tema começaremos por uma breve história da evolução do álcool bem como todos

os conceitos envolvidos nesta temática, seguindo-se o capítulo da metodologia, onde

serão apresentados os instrumentos utilizados, a amostra e o procedimento, e, por

fim, a discussão e conclusão, onde serão debatidos e refletidos os resultados obtidos.

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Capítulo I. Enquadramento Teórico

1.1. Evolução histórica do consumo de álcool (bebidas alcoólicas)

O álcool é uma substância que acompanha a humanidade desde a sua conceção e

sempre ocupou um lugar privilegiado em todas as culturas como elemento

fundamental nos rituais religiosos e presença constante nas comemorações e festas

de convívio, entre outras (Bessa e Gigliotti, 2004). A curiosidade, desejo de

transcendência, busca da imortalidade, do prazer, da sabedoria são alguns dos

motivos, desde sempre, associados ao desejo por alguma droga (Santos et al., 2004).

Ao longo da história, o álcool tem tido múltiplas funções tais como veículo de

remédios, perfumes, poções mágicas e, principalmente o componente essencial de

bebidas que acompanham os rituais de alimentação dos povos (Bessa e Gigliotti,

2004).

É de salientar que as regiões do Médio Oriente adotaram o vinho como bebida

sagrada. Também o cristianismo incorporou na sua doutrina o caráter de inspiração

divina das bebidas alcoólicas, porém, ao mesmo tempo, condena a embriaguez e o

uso recreativo do vinho e de outras bebidas. Contudo, é uma condenação relativa

uma vez que em diversas passagens bíblicas verifica-se a existência do consumo de

vinho com um caráter positivo. Assim, percebe-se que desde há muito tempo, para as

celebrações especiais a água não era considerada uma bebida à altura, pois o que se

pretendia era um estado de embriaguez que transformasse os indivíduos e os

transportasse para um plano superior de euforia (Rodrigues, 2009; Fernandes 2004).

O álcool é atualmente, em Portugal, uma droga comercializada legalmente, fazendo

parte dos hábitos alimentares da maioria da população. No entanto, esta substância

aparece frequentemente associada a ocasiões onde os relacionamentos sociais se

impõem, de natureza ritual, comemorativa, recreativa, para além de fazer parte dos

estilos de vida ou das identidades de muitos grupos sociais (Balsa, et al., 2007).

A partir da Revolução Industrial o consumo aumento consideravelmente devido à

facilidade de produção e às mudanças sociais inerentes a esta época. O álcool foi

associado a uma forma de fuga face às dificuldades que as pessoas enfrentavam

nessa altura. Os problemas sociais causados por abuso de álcool eram encarados

como uma questão de fraqueza ou imoralidade de certos indivíduos, assim eram

inúmeras as pessoas afetadas por este problema tendo-se tornado um assunto de

interesse público e social (Sousa et al., 2008).

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De acordo com Mello et al. (2001) ao nível de Portugal, a cultura da vinha apresenta

tradições antigas, nas ocasiões festivas, fazendo parte, de forma marcante, da nossa

cultura. Na verdade, na nossa cultura não se consegue pensar em festa sem se

associar a álcool, sendo o consumo de álcool uma prática estruturante da sociedade

(Freyssinet-Dominjon & Wagner, 2006). Em suma, beber em conjunto é um ato social

contagiante, capaz de influenciar todos os indivíduos que decidem e aceitam

consumir em momentos de festa (Negrão, 2004).

De acordo com Balsa (2007), os árabes foram os primeiros a produzir álcool destilado,

o que o levou a generalizar-se para a Europa a partir do século XI (Balsa et. al, 2007).

Até ao século XV, o consumo de álcool não levantaria problemas sendo associado a

conceitos de saúde em algumas sociedades e a rituais religiosos e curativos noutras.

Contudo, será a partir daqui que aumentará o consumo de bebidas alcoólicas e que

começarão a surgir os primeiros casos de intoxicação por álcool (Balsa et. al, 2007).

Posteriormente, no final do século XVIII e princípios do século XIX, desenvolvem-se as

conceções de embriaguez como doença. O alcoolismo é, inicialmente, visto como um

vício e só depois começa a ser utilizado como significado de alcoolismo crónico e

entendido como doença. Estas conceções de embriaguez como doença foram

influenciadas pelos trabalhos de Benjamin Rush (1785) e Thomas Trotter (1804),

sendo este último quem descreveu pela primeira vez Delirium Tremens como um

estado de hiperatividade confusa e desorganizada que se segue normalmente a um

excessivo abuso de bebidas alcoólicas. Assim, o conceito de alcoolismo surge,

apenas, no século XIX, após o aumento da produção e comercialização de álcool

resultante da Revolução Industrial (Balsa et. al, 2007).

Desde então, muitas definições são atribuídas aos termos de alcoolismo e de

alcoólico. Segundo a OMS (1980, p.15) o alcoolismo “não constitui uma entidade

nosológica definida, mas a totalidade dos problemas motivados pelo álcool no

indivíduo, estendendo-se a vários planos e causando perturbações orgânicas e

psíquicas, perturbações da vida familiar, profissional e social, com as repercussões

económicas, legais e morais”; alcoólicos “são bebedores excessivos, cuja

dependência em relação ao álcool se acompanha de perturbações mentais, da saúde

física, da relação com os outros e do seu comportamento social e económico. Devem

submeter-se a tratamento” (Mello et al., 2001, p.15).

Os estudos sobre o processo histórico relacionado ao uso e abuso de substâncias pela

humanidade demonstram uma alteração significativa no seu padrão de uso nos

tempos contemporâneos em relação ao início do século XX, passando-se de um uso

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incutido nos rituais e outras circunstâncias, para um uso indiscriminado caraterizado

por um modo de vida típico das sociedades atuais (Schneider & Lima, 2011).

Em suma, a Europa é, atualmente, o continente onde existe maior consumo de

álcool, sendo que se tem assistido a alterações em termos de padrões de consumo,

dos tipos de bebidas ingeridas e da forma como se ingere (Malta & Moura, 2011).

Contudo, Portugal não foge a esta regra, apresentando mesmo um dos maiores

consumos de álcool per capita a nível mundial, segundo os últimos relatórios da

World Drink Trends (2002, 2005, cit in Balsa et. al, 2007). Este consumo desmedido

leva a 2,5 milhões de mortes por ano em todo o mundo (Wackernah et al., 2014). Em

Portugal estima-se que existam cerca de setecentos e cinquenta mil consumidores

excessivos e seiscentos mil doentes alcoólicos (Marinho, 2008).

1.2. Dependência alcoólica

A abordagem inicial da dependência do álcool assumia um ponto de vista claramente

moralista. Os alcoólicos não “disponham” da força de vontade necessária para

regular o consumo de álcool e os comportamentos daí derivados apareciam como

uma prova irrefutável da sua natureza imoral (Teixeira, 2004). Segundo a literatura o

problema da dependência é o principal aspeto para procurar tratamento (Fontanella

et al., 2008).

O consumo de álcool é descrito por três definições: uso, abuso e dependência. O uso

é caraterizado pelo consumo que o sujeito faça seja episódico ou esporádico. Por

outro lado, o abuso é descrito como o consumo repetido da substância acarretando

uma contínua e significativa dependência física e/ ou social ao próprio sujeito ou a

terceiros (Cardoso et al, 2008). Nos adolescentes o uso de álcool poderá levar ao

abuso ou dependência deste (Clark et al., 1998).

A Síndrome de Dependência do Álcool representa uma disfunção ou inadaptação às

necessidades da vida quotidiana, geralmente causando intensos conflitos aos sujeitos

e repercutindo em todos os ambientes que o consumidor frequenta. Assim, a

dependência de álcool e seus efeitos não prejudicam somente o sujeito que consome

mas, também, todas as pessoas que o rodeiam (Lima et al., 2007). No DSM-IV a

dependência é definida como um conjunto de sintomas cognitivos, comportamentais

e fisiológicos que indicam que o indivíduo continua a consumir uma substância apesar

dos problemas significativos relacionados com o consumo (OIT, 2008).

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A dependência física carateriza-se pelo estado em que o organismo se adaptou a

presença de droga e em que surgem sintomas de abstinência, se o consumo de droga

for interrompido abruptamente (OIT, 2008).

Segundo Adès (2004) foram descritos cinco tipos de alcoolização que caraterizam

uma progressão para a dependência alcoólica. O primeiro contacto com o álcool

acontece nas mais diversas idades, em circunstâncias sociais distintas e os seus

efeitos diferem consoante os sujeitos. Contudo, um grupo restrito pára após o

primeiro contacto, muitas vezes devido a fatores biológicos, religiosos e culturais.

O outro tipo de alcoolização designa-se por estádio “experimental”, no qual o sujeito

aprende a conhecer as diferentes bebidas alcoólicas, a sua capacidade de beber bem

como a sua preferência pelas bebidas. No estádio seguinte, estádio de alcoolização

“integrada”, este é o comportamento adotado por muitos sujeitos em função das

regras sociais e culturais a que o sujeito pertence e, também, de fatores pessoais de

preferência como o gosto, tolerância e meios financeiros. Por outro lado, na

alcoolização excessiva é o estádio que abrange as noções de “consumidores

excessivos” ou “consumidores com problema”, pois demasiado álcool é consumido

excessivas vezes. Por último, o estádio da dependência que é caraterizado pela

habituação psicológica e fisiológica ao álcool. Mesmo neste estádio o consumo

alcoólico não é irreversível e o sujeito dependente pode modificar o seu

comportamento e adotá-lo aos usos sociais do seu meio cultural. No entanto, na

ausência de tratamento e a manutenção do consumo descontrolado poderá evoluir

para complicações mais graves de diversa ordem (Adès & Lejoyeux, 2004).

A alteração do comportamento face ao álcool traduz-se pela adoção de um estilo de

beber diferente da do meio cultural e familiar onde o indivíduo se insere. Assim, o

indivíduo dependente adota um modo de consumo de álcool que não tolera variações

nem reduções. O indivíduo vai ficando cada vez mais dependente, sendo incapaz de

modificar a frequência e a quantidade das suas alcoolizações, sentindo-se forçado a

consumir com regularidade bebidas alcoólicas para garantir uma alcoolemia elevada.

Assim, os indivíduos que apresentam uma dependência sólida começam a consumir

logo de manhã para evitar que surjam sinais de privação após uma noite sem álcool,

sendo que o agravamento da dependência pode traduzir-se pela necessidade de

beber a primeira bebida cada vez mais cedo, de manhã, e, por vezes, logo ao acordar

(Adès & Lejoyeux, 2004).

Em suma, o indivíduo dependente que bebe regular e abundantemente mantém as

mesmas quantidades de álcool independentemente das consequências negativas que

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advenham desse comportamento, sendo que adquire progressivamente uma

resistência aos esforços negativos da sua alcoolização (Adès & Lejoyeux, 2004).

O desejo obsessivo de álcool está associado à perda de controlo de ingestão que se

carateriza pela incapacidade do indivíduo controlar o seu consumo de álcool, ou

seja, a partir do momento em que começa a beber, o indivíduo é confrontado com a

perda de controlo psíquico e comportamental. Nestas alturas, o indivíduo sente uma

espécie de flash ou de efeito de desinibição que bloqueia qualquer possibilidade de

controlo. Este fenómeno explica a frequência de recaídas alcoólicas (Adès &

Lejoyeux, 2004).

Este desejo obsessivo de beber também designado por craving, é um fator

importante na iniciação e manutenção da dependência. O indivíduo sente uma

vontade irreprimível de álcool que pode assaltar o seu espírito como uma obsessão.

No entanto, outros sujeitos continuam à espera que o álcool lhes proporcione euforia

e desinibição, mesmo sabendo que os efeitos são inversos causando depressão e

ansiedade (Adès & Lejoyeux, 2004).

Os sintomas de privação indiciam dependência física do álcool, podendo seguir por

abstinência total ou quando existe uma baixa concentração sanguínea de álcool

(abstinência matinal). Assim, o facto de o indivíduo, ao consumir, moderar os sinais

de abstinência como o tremor ou apenas a inquietação, leva à necessidade de beber,

o que vai reforçar a dependência alcoólica (Adès & Lejoyeux, 2004).

Por último, o elemento caraterístico da dependência alcoólica é o aparecimento da

tolerância, ou seja, o indivíduo habitua-se progressivamente aos efeitos do álcool

acabando por sentir a necessidade de aumentar as doses de álcool para obter os

mesmos efeitos dos primeiros tempos (Adès & Lejoyeux, 2004).

1.3. Motivação

A palavra motivação vem da raiz latina que significa “mover”, como uma tentativa

de compreender o que nos move ou a razão pela qual temos certas atitudes. Assim, o

que é susceptível de mover o indivíduo para um comportamento orientado é a

motivação (Ferreira, 2007). Segundo a literatura, a motivação é um estado de

prontidão ou de ambição para a mudança que pode oscilar de tempos em tempos ou,

mesmo, de uma situação para a outra (Miller & Rollnick, 2001). Assim, pode-se

considerar que a motivação é o primeiro passo em direção a qualquer ação ou

mudança de comportamento, sendo considerada uma dimensão crítica que influencia

os sujeitos a procurar e a cumprir o tratamento, bem como ter sucesso a longo prazo

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na mudança de comportamento. Contudo, o facto de os sujeitos demonstrarem

motivação para a mudança dos seus comportamentos-problemas não significa que

possuam motivação para o tratamento, pois muitos dos sujeitos procuram tratamento

por pressão de outros, o que poderá levar a que não se sintam prontos para a

mudança e, consequentemente, não adiram ao tratamento (DiClemente et. al, 1999).

São várias as dimensões com impacto nos domínios da motivação, nomeadamente

aspetos sociais, pessoais, culturais, determinados tipos de tratamento são alguns dos

fatores que podem influenciar a procura de ajuda (Moos e Moos, cit in Rodrigues &

Teixeira, 2010).

No estudo de Fontanella et al. (s.d., cit in Rodrigues & Teixeira, 2010) verificaram

como fator motivador para a procura de tratamento a síndrome de dependência,

assim o reconhecimento do problema através de sintomatologia e a

consciencialização da relação problemática com a substância revelaram-se fatores

determinantes para a procura de ajuda.

O modelo desenvolvido por Proschaska e DiClemente (1985) designado por Modelo

Transteórico da Mudança, menciona que a motivação pode ser compreendida como o

estado ou o estádio da disposição para a mudança de uma pessoa, sendo esse estado

interno influenciado por fatores externos (Miller & Rollnick, 2001). Segundo os

mesmos autores, as pessoas que lutam contra problemas de dependência, como o

álcool, geralmente chegam ao aconselhamento com motivações incompatíveis e

flutuantes. Este conflito designa-se por ambivalência e permeia com frequência as

primeiras sessões, pois os sujeitos querem e não querem ajuda, concomitantemente

(Miller & Rollnick, 2001).

O modelo transteórico da mudança comportamental desenvolveu-se com base em

intervenções relacionadas com os comportamentos aditivos, diferenciando-se dos

outros modelos pelo seu objetivo de analisar a motivação para a mudança e

compreender como as pessoas mudam como indicação da vontade de adotar um novo

comportamento (Oliveira et. al, 2003).

Proschaska, DiClemente e Nocross (1992) propuseram este modelo que postula que as

mudanças comportamentais se processam pela movimentação entre diferentes

estágios de prontidão para a ação. Estes diferentes estágios de mudança têm uma

dimensão temporal que fornece informações acerca de modificações particulares que

podem ocorrer nas atitudes, intenções e no comportamento (Janeiro, 2007).

No que toca ao processo de mudança, este considera-se como um processo cíclico e

em espiral, permitindo considerar a recaída como parte integrante do processo de

mudança (Janeiro, 2007).

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De acordo com Prochaska, DiClemente e Norcross (1999, cit in Miller & Rollnick,

2001) existem quatro estágios que os indivíduos com comportamentos de

dependência poderão apresentar: pré-contemplação, contemplação, ação e

manutenção. No entanto, é de salientar que os autores referem que estes estágios

não são lineares pois os indivíduos podem regredir ou progredir sem uma sequência

lógica (Oliveira et. al, 2003). Esta noção de estágio remete para a ideia de que a

mudança ocorre ao longo do tempo (Yoshida, 2002). De acordo com Fontanella et al.

(2008) o Modelo Transteórico da Mudança contribui para a passagem de estágio para

estágio, o que subentende a consciencialização do problema e solidificação maior

para a mudança.

Os indivíduos que se encontram no estágio de pré-contemplação (1º estágio) não

pensam em mudar o seu comportamento de dependência, pois eles podem não ver o

comportamento como um problema ou, pelo menos, não acreditam que seja tão

problemático como as outras pessoas (Miller & Rollnick, 2001). Ou seja, neste estágio

não há intenção/motivação de mudança nem mesmo uma crítica a respeito do

conflito envolvendo o comportamento-problema (Oliveira et. al, 2003).

O estágio de contemplação (2º estágio) carateriza-se pela consciencialização de que

existe um problema, no entanto, há uma ambivalência quanto à perspetiva de

mudança (Oliveira et. al, 2003).

No que concerne ao estágio de determinação (3º estágio), o indivíduo aqui já

compreende o problema e procura ajuda de forma a aprender estratégias para

enfrentar o seu comportamento-problema (Miller & Rollnick, 2001).

No que toca ao estágio de acção (4º estágio), os indivíduos escolhem uma estratégia

para a realização de mudança e tomam uma atitude nesse sentido (Oliveira et. al,

2003). Assim, o indivíduo toma uma decisão para parar com um comportamento-

problema ou para iniciar um comportamento positivo (Miller & Rollnick, 2001).

Por fim, no estágio de manutenção (5º estágio) trabalha-se a prevenção de recaída e

a consolidação dos ganhos obtidos durante o estágio de acção (Oliveira et. al, 2003).

Neste estágio, o novo comportamento vai-se desenvolvendo e a ameaça de recaída

ou de voltar aos padrões antigos torna-se menos frequente. No entanto, é de

salientar que a recaída é possível tanto neste estágio como no de acção e, se isso

acontecer, o individuo recomeça novamente (Miller & Rollnick, 2001). Assim, para

cada estágio verificam-se vários desafios para os quais são necessárias estratégias de

coping eficazes (Murta & Tróccoli, 2005).

De acordo com Laranjeira et al. (2005), os pacientes em ambulatório são mais

propensos a acreditar que têm um problema com o álcool e, consequentemente

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necessitam de procurar ajuda a fim de mudar o seu comportamento-problema. No

entanto, estes sujeitos tendem a aprovar as suas crenças cognitivas, o que os leva a

encontrarem-se no estádio de pré-contemplação em relação à sua predisposição para

a mudança (Laranjeira et. al, 2005). Por outro lado, no estudo de Sousa et al. (2013)

com sujeitos alcoólicos hospitalizados, estes autores verificaram que os sujeitos

tendiam a estar no estágio de contemplação, naquela situação.

1.4. Sintomas Psicopatológicos

O álcool está fortemente associado a uma vasta gama de problemas de doenças

mentais, tais como depressão e ansiedade.

Os indivíduos que consumem excessivamente ou, mesmo, dependentes apresentam

frequentemente perturbações psiquiátricas associadas, nomeadamente perturbações

de ansiedade e depressivas (Adès & Lejoyeaux, 2004). No estudo de Trindade &

Correia (s.d.) verificaram que os adolescentes que tiveram baixa auto-estima e níveis

de ansiedade elevados tinham maior probabilidade de se tornarem consumidores

excessivos. Assim, Ribeiro et al. (2002, cit in Ribeiro et al., 2008) identificou duas

tipologias, um seria caraterizado por início tardio, evolução mais lenta, menos

complicações, menos comorbilidades psicopatológicas e, por lado, a segunda

apresentaria predisposição genética, início precoce, evolução mais rápida, mais

comorbilidades psicopatológicas, sintomas mais graves e, consequentemente, pior

prognóstico. Por outro lado, a literatura refere a heterogeneidade que carateriza o

alcoolismo resultante da interação de fatores genéticos, ambientais, psicológicos e

sociais que influenciam o volume e a frequência do álcool consumido e as suas

consequências (Ribeiro et al, 2008). A literatura refere que existe alta prevalência de

co-ocorrência de perturbações psiquiátricas e abuso de substâncias (Barrocas, s.d.).

Segundo a literatura, as perturbações psiquiátricas que mais recorrentemente

aparecem é a depressão, ansiedade, perturbações da personalidade, em especial a

sociopatia, as perturbações do comportamento alimentar, os estados esquizofrénicos

(Adès & Lejoyeaux, 2004).

No estudo de Schneider (2001, cit in Schadé et al, 2004), este observou que os

sujeitos em tratamento alcoólico apresentavam comorbilidades, sendo que a taxa

mais elevada é a perturbação de ansiedade com 42,3%. Por outro lado, a literatura

aponta para níveis altos de comorbilidades de perturbações de ansiedade por uso

excessivo de álcool. Uma explicação para as taxas elevadas de comorbilidades poderá

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ser, por os sujeitos inicialmente consumem álcool para diminuir os níveis de

ansiedade, podendo-se tornar, mais tarde, um consumo persistente e excessivo.

No entanto, segundo a literatura os comportamentos alcoólicos têm implícitas três

variáveis: busca de sensações, caraterísticas ansiosas e depressivas. A busca de

sensações é explicada por caraterísticas ansiosas que, por sua vez, serão explicadas

por caraterísticas depressivas.

Combaluzier (2012) afirma que os estudos relevam que caraterísticas depressivas

conduzem a um efeito de beber devido a problemas psicológicos. Segundo o autor, as

relações entre comportamentos alcoólicos e caraterísticas depressivas em sujeitos

dependentes, revelam que a depressão é a perturbação primária dos

comportamentos alcoólicos que está direta ou indiretamente ligada à perturbação

dos comportamentos alcoólicos mediada pela ansiedade, contudo, por outro lado,

através da interferência de beber devido a problemas psicológicos as caraterísticas

depressivas são induzidas pelos comportamentos alcoólicos e aparecem como

perturbação secundária a problemas relacionados com o álcool (Combaluzier, 2012).

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12

Capítulo II. Metodologia

Introdução

Neste capítulo será apresentada a metodologia utilizada na investigação, incluindo os

objetivos, as hipóteses, o tipo de estudo utilizado e as variáveis presentes na

investigação, assim como, a caraterização da amostra, descrição dos instrumentos

utilizados, procedimento de recolha de dados e tratamento dos mesmos.

2.1. Pertinência do Estudo

Este estudo torna-se pertinente, pois cada vez mais a problemática do álcool está

patente na nossa sociedade atingindo mais adolescentes. Assim, é importante que

não se descurem as investigações ao nível desta problemática.

2.2. Método

2.2.1. Objetivos, Variáveis e Tipo de Estudo

O objetivo geral desta investigação consiste em avaliar o estádio para a mudança em

que o sujeito se encontra, o grau de dependência alcoólica e o número de

internamentos.

Especificamente, este estudo pretende verificar se existe relação significativa entre

os sintomas psicopatológicos e o estádio de motivação. Por outas palavras, os

objetivos específicos são:

Determinar se existem diferentes índices nos sintomas psicopatológicos,

consoante o género, local de residência, situação económica e

ambulatório/internamento.

Descrever as caraterísticas desta amostra.

Analisar o nível de dependência consoante o género.

Avaliar em que estágio de motivação para a mudança os participantes se

encontram.

Relativamente à natureza da investigação, esta pode-se definir como descritiva,

correlacional e comparativa com o objetivo de caraterizar uma amostra de doentes

alcoólicos, assim analisar a correlação entre diversos fatores (Ribeiro, 1999).

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13

2.2.2. Instrumentos

A escolha dos instrumentos baseou-se na natureza dos fenómenos que se pretendiam

estudar, optando-se pelo protocolo constituído pelo Questionário Sociodemográfico

(Anexo I), pelo Sympton Checklist-90-R (Derogatis, 1977; Batista, 1993), pelo

Readiness to Change Questionnaire (Fontes, 1996) e pelo Severity Alcohol

Dependence Questionnaire (Mello, 1999).

Questionário Sociodemográfico

O Questionário Sociodemográfico foi concebido pela equipa de investigação, e é

constituído pelas seguintes variáveis: idade, género (masculino e feminino), estado

civil (resposta aberta), habilitações literárias (sem escolaridade, 1º ciclo, 2º ciclo, 3º

ciclo, ensino secundário, curso técnico-profissional e licenciatura ou superior), meio

onde vive (rural, semi rural e urbano), situação económica (boa, razoável e má),

desintoxicação (sim e não), data de internamento e de alta, número de tratamentos

anteriores, idade da primeira experiência e consumo excessivo e quantidade ingerida

das bebidas (resposta aberta) e presença de antecedentes de dependência alcoólica

na família (sim e não).

Sympton Checklist-90-R (SCL-90-R)

Para averiguar a existência de perturbações psicopatológicas foi utilizado o SCL-90-R

construído por Derogatis (1977) e validado para a população portuguesa por Batista

(1993). Este instrumento é constituído por 90 itens, subdividido em nove dimensões:

somatização, obsessões-compulsões, sensibilidade interpessoal, depressão,

ansiedade, hostilidade, ansiedade fóbica, ideação paranóide e psicoticismo, sendo

que cada item contém uma escala de resposta tipo Likert de 0 (“nunca”) a 4

(“extremamente”).

A dimensão da somatização reflete o mal-estar resultante da perceção do

funcionamento somático. As queixas localizam-se nos sistemas cardiovascular,

gastrointestinal, cefaleias, dores ou desconforto localizado na musculatura ou outros

equivalentes somáticos da ansiedade (Carreira, 2001).

As obsessões-compulsões englobam os pensamentos, impulsos e ações

experimentadas como persistentes e aos quais o indivíduo não consegue resistir.

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Através da dimensão de sensibilidade interpessoal são avaliados sentimentos de

inferioridade e inadequação pessoal, particularmente nas comparações com os

outros, sendo as caraterísticas mais frequentes a auto-depreciação, timidez,

embaraço nas relações com outros e as expectativas negativa relativamente a essas

relações (Carreira, 2001).

Outra dimensão é a depressão que inclui itens que procuram identificar sintomas de

afetos e humor disfórico, sinais de isolamento, perda de interesse, falta de

motivação e diminuição de energia. Nesta escala são contempladas, também, a

perda de objetivos e a ideação auto-destrutiva (Carreira, 2001).

A escala de ansiedade reflete um conjunto de sintomas e comportamentos associados

com a ansiedade, manifesta através de indicadores gerais como agitação,

nervosismo, tensão e sinais cognitivos de ansiedade. Por outro lado, a dimensão de

hostilidade está associada à agressividade é à cólera enquanto estado afetivo

negativo, procura identificar pensamentos, sentimentos e ações caraterísticas as

quais se caraterizam pela irritabilidade e ressentimento (Carreira, 2001).

A ansiedade fóbica é definida como a resposta de medo persistente a um indivíduo,

local, objeto ou situação específica, tem um caráter irracional e é desproporcionada

em relação ao estímulo desencadeante, levando o individuo a adotar

comportamentos de evitação e escape (Carreira, 2001).

A dimensão de ideação paranóide representa o comportamento paranóide,

essencialmente como um modo perturbado de pensamento que se traduz ao nível do

pensamento projetivo, hostilidade, egocentrismo, medo da perda de autonomia e

delírios (Carreira, 2001).

Por último, a escala de psicoticismo fornece um contínuo graduado desde o

isolamento interpessoal ligeira até à evidência da psicose, incluindo indicadores de

isolamento e de estilo de vida esquizóide e sintomas primários de esquizofrenia

(Carreira, 2001).

O SCL-90-R é também constituído por três índices: Índice Global de Sintomas (IGS)

que combina a informação do número de sintomas com a sua intensidade, o Total de

Sintomas Positivos (TSP) que abrange o número de sintomas presentes e o Índice de

Sintomas Positivos (ISP) que é uma medida de intensidade ajustada para o número de

sintomas presentes (Landeiro, 2001).

A tabela 1 mostra as médias e os desvios padrão para cada dimensão do SCL-90-R

para a população normal.

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Tabela 1: Números médios e desvio padrão do SCL-90-R para a população normal

População Normal

SCL-90-R Média DP Valor Limite

Somatização 0,55 0,48 1,03

Obsessões-

Compulsões

0,98 0,53 1,51

Sensibilidade

Interpessoal

0,73 0,54 1,27

Depressão 0,65 0,45 1,10

Ansiedade 0,67 0,48 1,15

Hostilidade 0,79 0,60 1,39

Ansiedade Fóbica 0,29 0,38 0,67

Ideação Paranóide 0,94 0,56 1,50

Psicoticismo 0,40 0,42 0,82

Readiness to Change Questionnaire (RCQ) – Questionário sobre a

Disposição para a Mudança

Como um dos objetivos é avaliar em que estádio para a mudança os participantes se

encontram, torna-se relevante a utilização deste questionário desenvolvido por

Heather e Rollnick (1992,1993) e adaptado para a população portuguesa por Fonte

(1996). Este instrumento foi desenvolvido para avaliar sujeitos dependentes de

álcool, sendo composto por 12 itens que compreendem os estádios de mudança: pré-

contemplação, contemplação e ação. O estádio de manutenção não é contemplado

pelo RCQ, pois muitas das questões abordadas por este questionário não fazem

sentido para sujeitos que se encontram em abstinência (Passos & Castro, 2005).

No que concerne à cotação dos itens, estes variam numa escala de tipo Likert de

cinco pontos, desde “Discordo Total” a “Concordo Total”, sendo atribuída uma

cotação desde -2 a +2, respetivamente. Relativamente à cotação final das

subescalas, esta realiza-se através da média aritmética dos respectivos itens e é

atribuído um estádio em função das subescalas que obtiveram maior pontuação.

Contudo, em caso de empate, o sujeito será situado no estádio mais avançado,

pressupondo que se trata do ponto mais alto de um continuum de mudanças

(Rodrigues, 2009).

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Severity Alcohol Dependence Questionnaire (SADQ)

O SADQ foi construído por Stockwell, Murphy, & Hodgson, em 1983, e validado para a

população portuguesa por Mello, em 1999, com o objetivo de avaliar o grau de

dependência alcoólica. Esta escala é de auto-preenchimento, constituída por 20

itens, sendo divida em cinco subescalas relativas ao consumo excessivo de álcool,

nomeadamente sintomas físicos e psicológicos de privação, craving, consumo de

álcool e extinção de sintomas de privação após abstinência. Estes itens são cotados

entre 0 (“Quase nunca”) a 3 (“Quase sempre”), através dos quais o indivíduo deverá

refletir o seu modo de beber durante as alturas em que bebeu excessivamente ou

durante determinado período de tempo, sendo que pontuações menores ou iguais a

30 revelam um grau de dependência moderado e maiores do que 30 definem-se como

grau de dependência elevado (Pombo, 2012).

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2.3. Procedimento

Para a realização da presente investigação foi solicitada a autorização, foi solicitada

a autorização aos autores dos instrumentos utilizados Sympton Checklist-90-R (SCL-

90-R), Readiness to Change Questionnaire (RCQ) e Severiy Alcohol Dependence

Questionnaire (SADQ), para a utilização dos respetivos instrumentos.

A aplicação dos questionários decorreu num período de 4 meses (entre Janeiro e

Abril) recorrendo-se a uma amostra de conveniência.

A metodologia utilizada foi em consulta, começando pela apresentação da

investigadora, seguindo-se a explicação do objetivo do estudo, referindo que se

tratava de um trabalho para fins académicos no âmbito da dissertação de mestrado

onde se pretendia analisar variáveis sociodemográficas, o estádio de motivação para

a mudança onde o indivíduo de encontra, a presença de sintomas psicopatológicos e

o grau de dependência alcoólica. Aos participantes foi garantida a confidencialidade

e o anonimato dos dados. Reforçou-se a inexistência de resposta corretas ou

incorretas pois o objetivo passava pela resposta mais adequada para a pessoa tendo

em conta a sua situação. Por último, facultava-se dados para posterior contacto para

fornecimento dos resultados encontrados caso fosse do interesse dos participantes.

De seguida, iniciava-se a aplicação dos questionários, estando a investigadora

presente para esclarecimento de eventuais dúvidas. Como os questionários eram de

autoresposta a maioria dos participantes preencheram sozinhos. Finalizava-se o

processo com o agradecimento da colaboração dos participantes na investigação.

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Capítulo III. Resultados

Neste capítulo vão ser apresentados os resultados estatísticos obtidos.

3.1. Análise Descritiva da Amostra

A análise da tabela 2 permite-nos verificar que a amostra global, no somatório de

ambulatório e de internamento, no que diz respeito ao género, é constituída por 55

homens (88,7%) e 7 mulheres (11,3%), verificando-se um total de 62 sujeitos.

Tabela 2: Estatística descritiva da amostra segundo o género

N %

Masculino 55 88,7%

Feminino 7 11,3%

Total 62 100%

No entanto, na tabela 3 podemos verificar que 33 dos homens (60%) se encontram em

ambulatório e 22 (40%) realizaram internamento. Relativamente ao género feminino

constata-se que 3 (42,1%) realizaram internamento e 4 (57,1%) se encontram em

ambulatório.

Tabela 3: Estatística Descritiva do género segundo realização de internamento

Ambulatório Internamento Total

Masculino 33 22 55

Feminino 4 3 7

Total 37 25 62

No que concerne à variável idade, de acordo com a tabela 4, a faixa etária da

amostra varia entre os 33 e os 74 anos, com uma média de M=53,79 e um desvio

padrão de DP=9,419.

Tabela 4: Estatística Descritiva da amostra segundo a idade

N 62

Média 53,79

Desvio Padrão 9,419

Mínimo 33

Máximo 74

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No que concerne ao estado civil, observa-se, na tabela 5 que 39 dos sujeitos são

casados (62,9%), seguindo-se dos solteiros com 17,7% e dos divorciados com 11,3%,

com a mesma frequência os viúvos e união de facto com 3,2% e, por último, noivo

com 1,6%.

Tabela 5: Estatística Descritiva segundo o estado civil

Estado Civil N %

Casado 39 62,9

Solteiro 11 17,7

União de facto 2 3,2

Divorciado 7 11,3

Viúvo 2 3,2

Noivo 1 1,6

Total 62 100

Relativamente à variável do meio em que vive, segundo a tabela 6, podemos verificar

que a 22 dos sujeitos reside em zona semi-rural (38,7%), seguindo-se o rural com 22

sujeitos (35,5%) e, por último, o meio urbano com 16 sujeitos (25,8%).

Tabela 6: Estatística Descritiva da amostra segundo o meio onde vive

N %

Meio Rural 22 38,7

Meio Semi-Rural 24 35,5

Meio Urbano 16 25,8

Total 62 100

A tabela 7 permite-nos verificar que a amostra, no que toca à variável habilitações

literárias 35 dos sujeitos possuem o 1º ciclo (56,5%), 11 dos sujeitos têm o 3º ciclo

(17,7%), 9 sujeitos possuem o 2º ciclo (14,5%), 6 sujeitos completaram o ensino

secundário (9,7), e apenas 1 sujeito (1,6%) concluiu a Licenciatura.

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Tabela 7: Estatística Descritiva da amostra segundo a variável habilitações literárias

N %

1º Ciclo 35 56,5

2º Ciclo 9 14,5

3º Ciclo 11 17,7

Ensino Secundário 6 9,7

Licenciatura 1 1,6

Total 62 100

A tabela 8 refere-se à variável internamento que nos permite observar que 25 dos

sujeitos realizaram internamento (40,3%) e 37 não (59,7%).

Tabela 8: Estatística Descritiva da amostra segundo o internamento

N %

Sim 25 40,3

Não 37 59,7

Total 62 100

Relativamente à situação profissional a tabela 9 mostra que a 22 dos sujeitos estão

desempregados (35,5%), seguindo-se dos reformados com 20 sujeitos (32,3%),

consecutivamente 15 sujeitos trabalham por conta de outrem (14,2%) e, por fim, com

5 trabalham por conta própria (8,1%).

Tabela 9: Estatística Descritiva segundo a variável situação profissional

Situação

Profissional

N %

Desempregado 22 35,5

Reformado 20 32,3

Trabalha por conta

própria

5 8,1

Trabalha por conta

de outrem

15 14,2

Total 62 100

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Quanto à variável duração do internamento em dias, na tabela 10, podemos verificar

que a média é M=11,20 com um desvio padrão de DP=5,447, (saiba-se que o número

mínimo de dias são 7 e o máximo de dias de internamento são 25 dias).

Tabela 10: Estatística Descritiva da amostra segundo a variável duração do internamento

Média 11,20

Desvio Padrão 5,447

Mínimo 7

Máximo 25

No que concerne à variável idade da primeira experiência de consumo constata-se

que, pela tabela 11, a média é M=1,9194, com um desvio padrão de DP=0,27451, o

mínimo situa-se entre os 5 e os 9 anos de idade e o máximo entre 9 e os 28 anos de

idade. Ainda, se verifica, que a idade da primeira experiência de consumo de álcool,

para 57 dos sujeitos, é entre os 9 e os 28 anos de idade (91,9%).

Tabela 11: Estatística Descritiva segundo a idade da primeira experiência de consumo

Idade Frequência % Medida

Descritiva

5-9 5 8,1 M=1,9194

DP=0,27451

9-28 57 91,9

Total 62 100

Relativamente à idade de consumo excessivo verifica-se pela tabela 12, que a média

é de M=26,79, com um desvio padrão de DP=11,474, mínimo 13 e máximo 65 anos.

Tabela 12: Estatística Descritiva segundo a idade de consumo excessivo

Média 26,79

Desvio Padrão 11,474

Mínimo 13

Máximo 65

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Segundo a tabela 13 relativa à existência de antecedentes familiares,

podemos verificar que 46 dos sujeitos (74,2%) tem ou tiveram antecedentes

familiares de histórico de alcoolismo, e 16 sujeitos (25,8%) não tiveram ou

têm antecedentes na família.

Tabela 13: Estatística Descritiva da amostra segundo a variável antecedentes familiares

N %

Sim 46 74,2

Não 16 25,8

Total 62 100

3.2. Análise Inferencial

Para a realização da análise estatística da investigação utilizou-se o programa

informático Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 22.0 para Windows.

Numa primeira fase, procedeu-se ao cálculo da normalidade da distribuição da

amostra através do teste da normalidade de Kolmogorov-Smirnov, que indicou que de

modo geral a amostra não tem uma distribuição normal. Ainda assim, usaram-se

testes paramétricos, dado que uma amostra tende para a normalidade quando tem

um n superior a 30 (Pestana e Gageiro, 2008).

De seguida, efetuou-se uma análise descritiva para a caraterização do RCQ

(disposição para a mudança) e SADQ (dependência alcoólica), envolvendo o cálculo

de medidas percentuais, bem como de medidas de tendência central (média) e de

dispersão (desvio padrão).

Posteriormente utilizou-se o teste t de Student para amostras independentes com a

finalidade de verificar a existência de diferenças estatisticamente significativas nas

subescalas do SCL-90-R em função das variáveis género, situação económica, e

internamento/ambulatório. Para analisar a variância nas pontuações médias das

subescalas do SCL-90-R em função da variável meio (rural, semi-rural e urbano),

utilizou-se a ANOVA Oneway. Efetuando-se, ainda, o teste Post-Hoc de Tukey para

situar as diferenças nas pontuações médias entre os respetivos grupos.

Por fim, realizou-se o coeficiente de correlação de r de Pearson para testar as

associações entre as dimensões do RCQ, SADQ e SCL-90-R.

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Avaliação do estágio de motivação para a mudança e dependência alcoólica

Através da tabela 14, podemos observar que a subescala determinação do RCQ tem a

pontuação mais frequente (n = 30; 48,4%). Por outro lado, na SADQ é na subescala

dependência moderada que se encontram os resultados mais frequentes (n = 48;

77,4%). Ao comparar as pontuações médias dos dois instrumentos, verificamos que a

mais elevada é na RCQ – disposição para a mudança.

Tabela 14: Análise descritiva do RCQ e SADQ

n % M (SD)

RCQ

Pré-contemplação

Contemplação

Determinação

Total

9

23

30

62

14,5

37,1

48,4

100

2,34 (0,723)

SADQ

Dependência moderada

Dependência elevada

Total

48

14

62

77,4

22,6

100

1,23 (0,422)

Sintomas psicopatológicos (SCL-90-R)

Foi realizada a análise das diferenças, relativamente às principais variáveis,

particularmente: variâncias dos sintomas psicopatológicos em função das variáveis

género, situação económica, internamento/ambulatório, para além obviamente dos

resultados nos vários testes.

Na tabela 15 podemos consultar os resultados do Teste t de Student para a variável

género, considerando os resultados, por género nas variáveis do SCL-90-R. Os

resultados revelam que existem diferenças estatisticamente significativas no sintoma

depressão, em função do género (p = 0,025), ou seja, são as mulheres que

apresentam mais sintomas depressivos (M =1,9114; DP=0,9724). O mesmo se verifica

no sintoma obsessão (p = 0,025) com as mulheres a terem as pontuações mais

elevadas (M = 1,557; DP=1,0438), no sintoma fobia (p = 0,005) tendo as mulheres os

valores mais altos (M = 0,7957; DP = 0,9148), e no sintoma culpa (p = 0,041) com as

mulheres a pontuarem novamente mais alto (M = 2,0000; DP = 1,7320).

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Tabela 15: Análise da variância dos sintomas psicopatológicos em função do género

Subescalas Género N M(DP) P

Somatização Masculino

Feminino

55

7

3,0720(16,7594)

1,0843(0,8191)

0,545

Depressão Masculino

Feminino

55

7

1,1638(0,6155)

1,9114(0,9724)

0,025

Obsessão Masculino

Feminino

55

7

1,2036(0,6379)

1,5571(1,0438)

0,005

Sensibilidade

Interpessoal

Masculino

Feminino

55

7

0,8845(0,5933)

1,8100(0,8285)

0,089

Ansiedade Masculino

Feminino

55

7

0,7145(0,5664)

1,2286(0,8440)

0,137

Descontrolo/Passagem

ao ato

Masculino

Feminino

55

7

0,6445(0,6509)

1,2614(0,6998)

0,766

Fobia Masculino

Feminino

55

7

0,424(0,4800)

0,7957(0,9148)

0,005

Ideação Paranóide Masculino

Feminino

55

7

1,0878(0,6459)

1,3329(0,9245)

0,116

Psicose Masculino

Feminino

55

7

0,6800(0,5749)

1,0429(0,6187)

0,592

Apetite Masculino

Feminino

55

7

0,7000(0,7303)

1,0714(0,8864)

0,307

Morte Masculino

Feminino

55

7

0,9455(1,1928)

2,5714(1,2724)

0,719

Sono Masculino

Feminino

55

7

1,3696(0,8026)

2,3314(0,8391)

0,981

Culpa Masculino

Feminino

55

7

0,6364(1,0948)

2,0000(1,7320)

0,041

Global Masculino

Feminino

55

7

78,8545(43,3382)

127,4286(57,7865)

0,107

Nota: p = valor de significância (p < 0,05)

Na tabela 16 observamos os resultados do Teste t de Student para amostras

independentes na variável situação económica, em função dos resultados no SCL-90.

Verificamos que há diferenças estatisticamente significativas no sintoma ansiedade

em função da situação económica (p = 0,038), em específico, a situação económica

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razoável a ter os valores médios mais elevados (M = 0,8700; DP = 0,7363). O mesmo

ocorreu no sintoma fobia (p = 0,019), tendo a situação económica razoável dos

participantes o resultado mais alto (M = 0,5760; DP = 0,6820). Já o sintoma morte

obteve um valor estatisticamente significativo (p = 0,035), com a situação económica

má a alcançar o resultado mais elevado (M = 1,2500; DP = 1,4368).

Tabela 16: Análise da variância dos sintomas psicopatológicos em função da situação económica

Subescalas SCL-90-R Situação econ. n M(DP) P

Somatização Razoável

30

32

0,9400(0,7375)

4,6359(21,9741)

0,071

Depressão Razoável

30

32

1,2767(0,7743)

1,2216(0,6265)

0,439

Obsessão Razoável

30

32

1,3833(0,7348)

1,1125(0,6347)

0,161

Sensibilidade

Interpessoal

Razoável

30

32

0,9630(0,7761)

0,9447(0,6075)

0,207

Ansiedade Razoável

30

32

0,8700(0,7363)

0,6812(0,4741)

0,038

Descontrolo/Passagem

ao ato

Razoável

30

32

0,7337(0,7449)

0,6959(0,6238)

0,427

Fobia Razoável

30

32

0,5760(0,6820)

0,3256(0,3577)

0,019

Ideação Paranóide Razoável

30

32

1,2557(0,6600)

0,9841(0,6781)

0,537

Psicose Razoável

30

32

0,7333(0,6238)

0,7094(0,5584)

0,784

Apetite Razoável

30

32

0,7500(0,7740)

0,7344(0,7403)

0,881

Morte Razoável

30

32

1,0000(1,1447)

1,2500(1,4368)

0,035

Sono Razoável

30

32

1,5997(0,7396)

1,3644(0,9509)

0,069

Culpa Razoável

30

32

0,8333(1,2617)

0,7500(1,2443)

0,934

Global Razoável

30

32

90,500(55,1866)

78,562(38,3455)

0,128

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Estudo da Adesão e Motivação do Tratamento em Doentes Alcoólicos

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Através da tabela 17 podemos verificar os resultados do Teste t de Student para

amostras independentes na situação ambulatório/internamento, em função dos

resultados do SCL-90. Observam-se diferenças estatisticamente significativas no

sintoma somatização em função da situação de ambulatório/internamento (p =

0,020). As diferenças situam-se concretamente na situação de internamento, tendo

os valores médios mais elevados (M = 5,830; SD = 24,837).

Tabela 17: Análise da variância dos sintomas psicopatológicos em função do ambulatório/ internamento

Subescalas SCL-90-R Ambul/Intern n M(DP) p

Somatização Ambulatório

Internamento

37

25

0,832(0,7061)

5,830(24,837)

0,020

Depressão Ambulatório

Internamento

37

25

1,160(0,7221)

1,378(0,6494)

0,480

Obsessão Ambulatório

Internamento

37

25

1,137(0,7076)

1,400(0,6532)

0,660

Sensibilidade

Interpessoal

Ambulatório

Internamento

37

25

0,865(0,6107)

1,084(0,7846)

0,292

Ansiedade Ambulatório

Internamento

37

25

0,654(0,6007)

0,948(0,6110)

0,851

Descontrolo/Passagem

ao ato

Ambulatório

Internamento

37

25

0,642(0,5833)

0,820(0,8024)

0,136

Fobia Ambulatório

Internamento

37

25

0,378(0,5066)

0,547(0,6041)

0,265

Ideação Paranóide Ambulatório

Internamento

37

25

0,999(0,6417)

1,287(0,7062)

0,954

Psicose Ambulatório

Internamento

37

25

0,621(0,5897)

0,868(0,5742)

0,450

Apetite Ambulatório

Internamento

37

25

0,797(0,7769)

0,660(0,7176)

0,608

Morte Ambulatório

Internamento

37

25

1,135(1,2728)

1,120(1,3638)

0,824

Sono Ambulatório

Internamento

37

25

1,567(0,8842)

1,346(0,8135)

0,575

Culpa Ambulatório

Internamento

37

25

0,783(1,2049)

0,800(1,3228)

0,797

Global Ambulatório

Internamento

37

25

77,729(47,0169)

94,120(46,7799)

0,740

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Seguidamente realizámos uma ANOVA de forma a verificar se existem diferenças

estatisticamente significativas nas pontuações médias nos sintomas psicopatológicos

em função do meio onde os participantes vivem.

Podemos constatar, através da análise da ANOVA na tabela 18 que

independentemente do meio rural, semi rural ou urbano não há diferenças

estatisticamente significativas com os sintomas psicopatológicos. Contudo, se

compararmos as médias entre os três grupos nas diferentes subescalas, verificamos

que quem reside em meio urbano apresenta as pontuações mais elevadas.

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Tabela 18: Análise da variância dos sintomas psicopatológicos em função do meio onde residem

Subescalas SCL-90-R Meio N M(DP) p

Somatização Rural

Semi rural

Urbano

Total

22

24

16

62

1,0805(0,87734)

5,8133(25,38990)

0,8288(0,73263)

2,8476(15,78342)

0,508

Depressão Rural

Semi rural

Urbano

Total

22

24

16

62

1,2377(0,72843)

1,1512(0,68776)

1,4081(0,68053)

1,2482(0,69667)

0,526

Obsessão Rural

Semi rural

Urbano

Total

22

24

16

62

1,2682(0,85322)

1,1417(0,49336)

1,3625(0,72652)

1,2435(0,69297)

0,609

Sensibilidade Interpessoal Rural

Semi rural

Urbano

Total

22

24

16

62

0,9300(0,76668)

0,9304(0,77950)

1,0206(0,40847)

0,9535(0,68853)

0,906

Ansiedade Rural

Semi rural

Urbano

Total

22

24

16

62

0,8227(0,74125)

0,6458(0,51918)

0,8937(0,56741)

0,7726(0,61728)

0,419

Descontrolo/Passagem ao ato Rural

Semi rural

Urbano

Total

22

24

16

62

0,7314(0,73128)

0,6188(0,67048)

0,8338(0,64067)

0,7142(0,67969)

0,619

Fobia Rural

Semi rural

Urbano

Total

22

24

16

62

0,5259(0,65443)

0,2738(0,30662)

0,5975(0,63522)

0,4468(0,54964)

0,133

Ideação Paranóide Rural

Semi rural

Urbano

Total

22

24

16

62

0,8936(0,76050)

1,1738(0,70922)

1,3331(0,39955)

1,1155(0,67789)

0,123

Psicose Rural

Semi rural

Urbano

Total

22

24

16

62

0,7364(0,72213)

0,6875(0,55271)

0,7500(0,44272)

0,7210(0,58622)

0,938

Apetite Rural

Semi rural

Urbano

Total

22

24

16

62

0,8182(0,79501)

0,6042(0,65904)

0,8438(0,83104)

0,7419(0,75064)

0,522

Morte Rural

Semi rural

Urbano

Total

22

24

16

62

1,4091(1,36832)

0,8750(1,32902)

1,1250(1,14746)

1,1290(1,29923)

0,385

Sono Rural

Semi rural

Urbano

Total

22

24

16

62

1,4082(0,83499)

1,5421(0,88871)

1,4788(0,88475)

1,4782(0,85655)

0,873

Culpa Rural

Semi rural

Urbano

Total

22

24

16

62

0,6364(1,25529)

0,7500(1,29380)

1,0625(1,18145)

0,7903(1,24317)

0,576

Global Rural

Semi rural

Urbano

Total

22

24

16

62

87,0455(56,81002)

76,0833(41,04919)

93,0000(42,09671)

84,3387(43,23674)

0,518

Relativamente à avaliação das diferenças de distribuição de resultados de variáveis

categoriais utilizou-se o teste Qui Quadrado. Apresentamos de seguida os únicos

resultados que maioritariamente seguem as leges artis no que diz respeito ao

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tratamento estatístico, no campo das Ciências Sociais e Humanas: a saber,

apresentam-se apenas os resultados estatisticamente significativos.

Assim, na tabela 19 verifica-se a distribuição dos sujeitos considerando os dois

valores de dependência moderada e elevada em função do género; verificando-se

que 45 sujeitos masculinos apresentam dependência moderada para 3 sujeitos

femininos que apresentam o mesmo tipo de dependência. Por sua vez, 10 dos

sujeitos masculinos apresentam dependência elevada, para uma razão de 4 sujeitos

femininos com a mesma dependência.

Tais resultados representam um valor de Qui Quadrado de 5,392 com p =0,040.

Tabela 19: Análise da variância da dependência alcoólica em função do género

SADQ

Masculino Feminino Total p Pearson

Dependência

moderada

45 3 48 0,040 5,392

Dependência

elevada

10 4 14

Total 55 7 62

Motivação para a mudança, dependência alcoólica e sintomas psicopatológicos

Sendo o principal objetivo do estudo a avaliação do estádio para a mudança em que o

sujeito se encontra, o grau de dependência alcoólica e desenvolvimento de sintomas

psicopatológicos ao longo do processo de recuperação, testou-se esta associação

utilizando o coeficiente de correlação de Pearson1 (tabela 20).

Os resultados (considerando a amostra global) demonstram que existe uma

correlação significativa negativa / baixa entre a disposição para a mudança e a

psicose (r = -0,276). Verifica-se contudo, que a dependência alcoólica possui uma

correlação estatisticamente significativa moderada com o descontrolo/passagem ao

ato (r = 0,419) e baixa com a morte (r = 0,275).

A depressão (nota: todos os dados deste parágrafo à amostra global) apresenta

correlações significativas moderadas entre a obsessão (r = 0,695),

1 Nas correlações muito baixas, o r situa-se abaixo de 0,19; nas correlações baixas, o r está entre o 0,20 e

0,39, enquanto nas correlações moderadas o r está entre 0,40 e 0,69, considerando alta uma correlação

que se situe entre 0,70 e 0,89; daí se ter utilizado de Pearson e não o de Spearman (Pestana & Gageiro,

2008).

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31

descontrolo/passagem ao ato (r = 0,521), fobia (r = 0,654), ideação suicida (r =

0,614), apetite (r = 0,444), morte (r = 0,451), sono (r = 0,451), culpa (r = 0,637). Já

entre a depressão e a sensibilidade interpessoal (r = 0,777), ansiedade (r = 0,737),

psicose (r = 0,718), e nota global do SCL-90-R (r = 0,900) as correlações são

significativas altas.

Na obsessão (nota: todos os dados deste parágrafo à amostra global) verifica-se que

existem correlações significativas moderadas com a sensibilidade interpessoal (r =

0,520), ansiedade (r = 0,673), descontrolo/passagem ato ato (r = 0,325), fobia (r =

0,669), ideação suicida (r = 0,447), psicose (r = 0,578), morte (r = 0,405). Por outro

lado, as correlações entre a obsessão e culpa (r = 0,416), apetite (r = 0,271), e sono

(r = 0,367) são significativas baixas. Por fim, a correlação entre a obsessão e a nota

global do SCL-90-R (r = 0,791) é significativa e alta.

Quanto à sensibilidade interpessoal (nota: todos os dados deste parágrafo à amostra

global) esta estabelece correlações significativas moderadas com a ansiedade (r =

0,634), descontrolo/passagem ao ato (r = 0,627), fobia (r = 0,465), ideação suicida (r

= 0,584), psicose (r = 0,682), apetite (r = 0,506), morte (r = 0,512), e culpa (r =

0,683). Entre a sensibilidade interpessoal e o sono as correlações são significativas

baixas (r = 0,383), e entre a sensibilidade interpessoal e a nota global do SCL-90-R (r

= 0,804) a correlação é significativa e alta.

A ansiedade (nota: todos os dados deste parágrafo à amostra global) apresenta

correlações significativas moderadas com o descontrolo/passagem ao ato (r = 0,590),

ideação suicida (r = 0,584), apetite (r = 0,489), morte (r = 0,436), sono (r = 0,517), e

culpa (r = 0,479). Por outro lado, existem correlações significativas altas entre a

ansiedade e fobia (r = 0,756), psicose (r = 0,741) e nota global do SCL-90-R (r =

0,892).

Relativamente ao descontrolo/passagem ao ato (nota: todos os dados deste parágrafo

à amostra global), este estabelece correlações significativas baixas entre a fobia

(0,354) e a morte (r = 0,342). Já com a ideação suicida (r = 0,507), psicose (r =

0,454), apetite (r = 0,482), sono (r = 0,465), culpa (r = 0,593) e nota global do SCL-

90-R (r = 0,668) tem correlações significativas moderadas.

Quanto à fobia (nota: todos os dados deste parágrafo à amostra global), esta tem

correlações significativas moderadas entre a ideação suicida (r = 0,461) e a psicose (r

= 0,687). Já entre a ansiedade e apetite (r = 0,310), morte (r = 0,357), sono (r =

0,310), e culpa (r = 0,366) as correlações são significativas baixas. Entre a ansiedade

e a nota global do SCL-90-R (r = 0,761) verifica-se uma correlação significativa alta.

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32

Os sujeitos com fobia social consideram o uso de álcool como um escape para a

situação temida e assim minimizar a ansiedade antecipatória (Terra, 2005).

A ideação suicida (nota: todos os dados deste parágrafo à amostra global) apresenta

correlações significativas moderadas entre a psicose (r = 0,641), sono (r = 0,431) e

nota global do SCL-90-R (r = 0,686). Por outro lado, as correlações entre a ideação

suicida e o apetite (r = 0,299), morte (r = 0,175), e culpa (r = 0,379) são significativas

e baixas.

No que diz respeito à psicose (nota: todos os dados deste parágrafo à amostra

global), esta tem correlações significativas baixas entre o apetite (r = 0,381), sono (r

= 0,348), e culpa (r = 0,386). Enquanto, entre a psicose e morte (r = 0,431) e nota

global do SCL-90-R (r = 0,812) existem correlações significativas altas.

O sintoma apetite (nota: todos os dados deste parágrafo à amostra global) tem

correlações significativas moderadas entre o sono (r = 0,353), culpa (r = 0,424) e nota

global do SCL-90-R (r = 0,550). A morte tem uma correlação significativa baixa com a

culpa (r = 0,261), e uma correlação significativa moderada com a nota global do SCL-

90-R (r = 0,494). Também existem correlações significativas moderadas entre o sono

(r = 0,491) e a culpa, bem como entre o sono e a nota global do SCL-90-R (r = 0,581).

Por fim, há uma correlação significativa moderada entre a culpa e a e nota global do

SCL-90-R (r = 0,622).

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COLOCAR TABELA DE CORRELAÇÕES

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35

Capítulo IV. Discussão dos resultados

Nesta fase do estudo são discutidos os resultados que foram expostos

anteriormente. Para isso, abordaram-se os objetivos definidos, baseando-se

nos resultados dos testes aplicados, resultados estes, que são fruto da

informação estatística decorrente dos inquéritos aplicados e analisados. Neste

seguimento, destacam-se também algumas das variáveis que se revelam mais

pertinentes no âmbito deste estudo.

Conforme se vai discutindo os dados, vão-se delineando algumas conclusões,

com base nos resultados da investigação empírica, bem como se elabora uma

análise critica.

O estudo desenvolvido teve como principais objetivos avaliar o estádio de motivação

para a mudança, o grau de dependência alcoólica e os sintomas psicopatológicos em

sujeitos alcoólicos.

Os dados foram recolhidos por meio de questionário, optando-se pelo protocolo

constituído pelo Questionário Sociodemográfico (Anexo I), pelo Sympton Checklist-

90-R (Derogatis, 1977; Batista, 1993), pelo Readiness to Change Questionnaire

(Fontes, 1996) e pelo Severity Alcohol Dependence Questionnaire (Mello, 1999).

Relativamente à análise descritiva constatamos que a amostra é constituída por 62

sujeitos em regime de ambulatório e internamento, sendo uma amostra heterogénea

com 55 homens (88,7%) e 7 mulheres (11,3%). Apesar de a amostra possuir baixa

percentagem de mulheres, Souza et al. (2008) verificaram que ao longo dos anos

existe um aumento considerável do número de mulheres a recorrerem ao álcool,

sendo as bebidas de eleição as destiladas (Feijão, 2010). Como se verifica no estudo

de Levey et al. (2014) o consumo de bebidas alcoólicas na mulher está a aumentar

consideravelmente. Segundo Silva et al. (2010, cit in Assis et al., 2010) os fatores

demográficos (idade, estado civil, etnia e ocupação), em consonância com outros

aspectos como a predisposição genética, fatores psicológicos e socioculturais,

exercem influência no comportamento das mulheres e contribuem para determinar o

início e o comportamento na evolução do consumo excessivo. Isto poderá explicar o

facto de o consumo entre as mulheres ter aumentado.

Outra conclusão que se pode retirar é que quem adere mais ao tratamento são os

sujeitos do sexo masculino. No estudo de Peixoto et al. (2010), verificaram que os

homens aderiam mais ao tratamento, assim o nosso estudo corrobora a literatura.

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36

No estudo de Nóbrega e Oliveira (2005) verificou-se que as mulheres procuram com

menos frequência tratamento do que os homens, o que leva a que a longo prazo

sofram consequências mais adversas como consequências orgânicas mais graves.

No que diz respeito às idades dos participantes da nossa amostra, verificamos que é

uma população de adultos, uma vez que a maior parte dos sujeitos tem idades

compreendidas entre os 33 e os 74 anos, com uma média de M=53,79, registando-se

assim uma grande diversidade etária.

Quanto ao estado civil dos constituintes da amostra, são os casados que se

apresentam em maior número (62,9%), seguindo-se dos solteiros com 17,7% e dos

divorciados com 11,3%, com a mesma frequência os viúvos e união de facto com 3,2%

e, por último, noivo com 1,6%. A literatura mostra que o consumo excessivo de álcool

afeta de forma adversa o sistema familiar (Lourenço & Teixeira, s.d.), assim o estudo

não corrobora a literatura.

Um número significativo dos participantes do nosso estudo (56.5%) possui o 1.ºciclo,

sendo que o 3º ciclo é representado por 17,7%, o 2º ciclo por 14,5%, o ensino

secundário por apenas 9,7%, e apenas 1,6% concluiu a Licenciatura. O resultado da

pesquisa mostra um público maioritariamente de nível de escolaridade básica, sem

grande grau de instrução. Segundo a literatura, o grau de escolaridade está

relacionado com o consumo excessivo de álcool, sendo que sujeitos com baixa

instrução tendem a consumir maiores quantidades de álcool, como se verifica no

estudo de Guimarães et al. (2010). Assim, o nosso estudo corrobora a literatura, uma

vez que a amostra apresenta baixos níveis de escolaridade. No entanto, há estudos

que comprovam que maior nível de escolaridade leva a maior nível de consumo,

como o estudo de Lima-Costa (2004) que revela que quem consome mais álcool são

sujeitos com um grau elevado de escolaridade, facto que não corrobora o nosso

estudo, uma vez que a maioria da amostra é constituída por pessoas com baixo nível

de escolaridade. Contudo, Hammarberg et al. (2004), verificaram que sujeitos com

níveis de escolaridade baixa têm melhores resultados no tratamento.

Quanto à situação profissional, 35,5% dos sujeitos estão desempregados, seguindo-se

dos reformados com 32,3%, consecutivamente 14,2% dos sujeitos trabalham por conta

de outrem e, por fim, 8,1% trabalham por conta própria. Como refere o estudo de

Grant et al. (2009) a maioria dos dependentes são desempregados. Assim, o nosso

estudo corrobora a literatura uma vez que a amostra é constituída maioritariamente

por desempregados e reformados, talvez por falta de ocupação e mais tempo livre

para o convívio, se possam revelar um grupo de consumo excessivo de álcool pelo

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Estudo da Adesão e Motivação do Tratamento em Doentes Alcoólicos

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facto de poderem passar mais tempo em locais onde o acesso ao álcool seja

facilitado ou, por outro lado, mesmo por pressão social.

Segundo o estudo de Aliane et al. (2006) a terceira maior taxa de absentismo no

emprego referente à população Brasileira é causado pelo abuso excessivo de álcool,

também, no nosso estudo a taxa de desemprego é elevada o que pode ter relação

com o consumo de álcool.

No que respeita ao meio em que vivem, 38,7% reside em zona semi-rural, seguindo-se

o rural com 35,5% e, por último, o meio urbano com 25,8%, sendo esta uma

distribuição homogénea.

No nosso estudo, 60% dos homens estão em regime de ambulatório e 40% realizaram

internamento. Relativamente ao género feminino constata-se que 42,1% realizaram

internamento e 57,1% se encontram em ambulatório.

No que concerne à idade da primeira experiência de consumo constata-se que o

mínimo situa-se entre os 5 e os 9 anos de idade e o máximo entre 9 e os 28 anos de

idade, sendo que a idade da primeira experiência de consumo de álcool para a

maioria dos sujeitos (91,9%) é entre os 9 e os 28 anos de idade. Também Fonseca

(2010) concluiu que os jovens começam a consumir por volta dos 7-8 anos de idade.

Torgal e Ferreira (2010) referiram no seu estudo que o início de consumo foi aos 8

anos. Contudo, todos estes estudos referem que os consumidores são

maioritariamente do género masculino, tal como verificamos também anteriormente

no nosso estudo.

Estes dados confirmam o estudo realizado por Cordeiro e Castillo (2009) em que a

idade de início de consumo varia entre os 5 e os 15 anos, sendo que a maioria dos

consumidores são do género masculino. Outro estudo realizado por Reis et al. (2011),

refere que o início de consumo de álcool começa antes dos 10 anos, apesar de apenas

6% começar a consumir antes desta idade, com um predomínio de consumo no sexo

masculino. Ribeiro et al. (s.d., cit in Rodrigues & Teixeira, 2010) verificaram no seu

estudo, que a idade de início de consumo se situa entre os 4 e os 23 anos, sendo a

média de idades de 17 anos. Os estudos referem que o consumo de álcool possui

consequências mais negativas para os homens comparativamente com as mulheres

(Geisner et al., 2004).

Segundo o estudo de Elbreder et al. (2008) o género feminino obteve como média de

idade para o início de consumo de álcool entre 22,6 e os 24,7 anos de idade e scores

mais elevados para a dependência elevada comparativamente à dependência

moderada.

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Estudo da Adesão e Motivação do Tratamento em Doentes Alcoólicos

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Assim, podemos concluir que o nosso estudo corrobora a literatura verificando-se que

os jovens têm a sua primeira experiencia com o álcool cada vez mais precocemente

(Vinagre & Lima, 2006). Segundo Romano & Rainho (2002) a idade da primeira

experiência é um importante preditor para o consumo posterior.

Segundo Costa et al. (1983, cit in Presley, 2002) os fatores do ambiente universitário

podem afetar o consumo de álcool. Estes autores referem que a resistência à pressão

dos colegas tem mais influência do que a variável de antecedentes pessoais. Assim,

constata-se que os ambientes universitários são uma poderosa influência. Contudo,

esta evidência não corrobora o nosso estudo uma vez que os nossos participantes têm

um nível baixo de escolaridade. Por outro lado, alguns estudos sugerem que o uso

excessivo de álcool está relacionado com o stress nos estudantes (Mobach &

Mascaskill, 2011).

Por outro lado, Ciarlo e Mastroianni (2010) verificaram no seu estudo que o consumo

de bebidas alcoólicas estava relacionado com o modo como os meios de comunicação

transmitem as informações acerca deste tema, pois a publicidade realizada é cada

vez mais criativa e direccionada para o público jovem. Contudo, também os media

influenciam os comportamentos e lançam novas tendências exercendo um papel

importante no desenvolvimento dos jovens.

No estudo de Pechansky et al. (2004) os autores verificaram que para os media e o

grupo de pares o consumo de álcool é favorecido, no entanto os programas de saúde

pública tentam combate-lo.

Segundo Palha (1989, cit in Cabral s.d.) quando se analisa o consumo imoderado em

adolescentes tem que se ter em conta aspetos ligados ao meio em que se inserem,

individuais e relacionados com a própria bebida.

Em suma, o consumo precoce de álcool pelos adolescentes pode estar relacionado

com o meio onde se inserem, a facilidade de acesso às bebidas alcoólicas, a

influência dos pares (Hawkins et al., 1992, cit in Moreira, 2005) e, atualmente, a

influência dos media (Ciarlo & Mastroianni, 2010).

Relativamente à idade de consumo excessivo verifica-se que a média é de M=26,79,

mínimo 13 e máximo 65 anos. Relativamente à idade de consumo excessivo verificou-

se que o consumo vai evoluindo significativamente com a idade sendo o consumo

mais prevalente no sexo feminino, como é o exemplo do estudo Marques et al.

(2013). Um estudo realizado por Fonseca (2010) também verificou que o consumo de

álcool aumenta significativamente com a idade. Por outro lado, a adolescência é uma

fase de desenvolvimento vulnerável a problemas relacionados com o álcool (Zou et

al., 2014), verificamos no nosso estudo que o consumo excessivo de álcool começa

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Estudo da Adesão e Motivação do Tratamento em Doentes Alcoólicos

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nessa idade, o que conduz a problemas na vida adulta além de aumentar

significativamente o risco do indivíduo se tornar um consumidor excessivo ao longo

da vida (Malta et al., 2011).

Segundo a existência de antecedentes familiares e o consumo de álcool,

podemos verificar que 46 dos sujeitos (74,2%) tem ou tiveram antecedentes

familiares de histórico de alcoolismo, e 16 sujeitos (25,8%) não tiveram ou

têm antecedentes na família, sendo que no nosso estudo esta influência dos

familiares não é visível, não se verificando diferenças estatisticamente

significativas entre os antecedentes e a dependência alcoólica. Contudo, esta

conclusão parece um contra senso pois a maioria dos sujeitos refere a

existência de pelo menos um familiar com histórico de alcoolismo.

Um estudo realizado por Kendel et al. (1978, cit in Chalder et al., 2006) verificaram

que 82% dos pais que bebiam também os filhos bebiam, por outro lado 72% das

famílias que estavam abstinentes os filhos também se mantiveram abstinentes. Outro

estudo realizado por Kushner e Sher (1993, cit in Chalder et al., 2006) compararam

os filhos de pais com problemas de álcool com os filhos de pais sem esses problemas

e verificaram que o primeiro grupo tem duas vezes mais probabilidades de

desenvolver sintomas relacionados com uma perturbação de uso de álcool.

Os resultados vão ao encontro do estudo realizado por Ferreira e Torgal (2010)

em que os autores não encontraram relação no consumo de álcool pelos

familiares e a ingestão de bebidas alcoólicas pelos participantes do estudo.

Por sua vez o estudo de Moore (1960, cit in Correia, 1984) refere que 25 a 50%

dos filhos de pais alcoólicos eram, também, alcoólicos, tal como demonstram

os nossos resultados. Segundo outro estudo de Ribeiro et al. (2009) os

antecedentes familiares têm presença significativa no consumo dos

participantes. Outro estudo realizado por Wandekoken et al. (2011) aponta

que o alcoolismo parental (paterno ou materno) é um importante fator de

risco para o desenvolvimento de problemas relacionados com a bebida. Assim,

o presente estudo não corrobora os outros estudos realizados, uma vez que

não foram encontradas diferenças estaticamente significativas entre a

dependência alcoólica e os antecedentes familiares. No estudo de Primo e

Stein (2004) verificaram que a maioria dos sujeitos não apresentava história

de consumo familiar, assim o nosso estudo corrobora com esta hipótese.

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Estudo da Adesão e Motivação do Tratamento em Doentes Alcoólicos

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Em suma, temos que ter em conta a questão dos antecedentes familiares visto

que a influência familiar, poderá, ter um papel bastante forte no

desenvolvimento precoce do início de substâncias, não descurando o grupo de

pares e outras variáveis que poderão estar envolvidas como o meio onde os

indivíduos residem, pois como Nascimento et al., (2000) refere que as

induções do meio familiar, principalmente por parte do pai na infância do

indivíduo ao oferecer alguns goles com o intuito de induzi-lo a “hábitos mais

masculinos”. Como refere Gomide (s.d., cit in Guimarães et al., 2009) a

família é um lugar priveligiado para a educação dos adolescentes

independentemente de passarem a maior parte do tempo com os amigos e na

escola, pois é no seio da família que os padrões e as normas de conduta são

adquiridos.

Através da análise inferencial podemos constatar que relativamente à avaliação do

estágio de motivação para a mudança e dependência alcoólica, constata-se neste

estudo que a subescala determinação do RCQ é a mais frequente; por outro lado, na

SADQ é na subescala dependência moderada que se encontram os resultados mais

frequentes. Logo ao se comparar as pontuações médias dos dois instrumentos,

verificamos que a mais elevada é na RCQ – disposição para a mudança. No estudo de

Grothues et al. (2005) sujeitos com comorbilidades demonstraram maior motivação

para beber e não para a abstinência, assim a motivação poderá estar associada a

outras comorbilidades existentes.

Portanto, no que toca ao estágio de motivação verificou-se que a maioria dos sujeitos

se encontrava no estágio de determinação. Este resultado não corrobora o que a

literatura refere, sendo que Oliveira et al. (2013) no seu estudo verificaram que a

maioria dos participantes se encontrava no estágio de contemplação.

Na análise dos sintomas psicopatológicos (SCL-90-R), foi realizada a análise das

diferenças relativamente aos sintomas psicopatológicos em função das variáveis

género, situação económica, internamento/ambulatório, para além obviamente dos

resultados nos vários testes.

Os sintomas psicopatológicos em função do género revela que existem diferenças

estatisticamente significativas no sintoma depressão, em função do género, ou seja,

são as mulheres que apresentam mais sintomas depressivos. O mesmo se verifica no

sintoma obsessão, fobia e culpa sendo nestes sempre as mulheres a terem as

pontuações mais elevadas. Segundo a literatura o consumo de álcool pode causar

sintomas de depressão e ansiedade (Scheffer et al., 2010; Swendsen, et al., 1998),

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Estudo da Adesão e Motivação do Tratamento em Doentes Alcoólicos

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sendo que o nosso estudo corrobora a literatura, uma vez que se verificou existência

de sintomas psicopatológicos de depressão e ansiedade.

O facto de as mulheres pontuarem mais elevado no sintoma culpa poderá estar

relacionado com o facto de o consumo excessivo ser realizado em menor convívio e

mais culpabilizado com o objetivo de ser ansiolítico e euforizante (Costa & Teixeira,

2005).

De forma complementar, Ping Wu et al. (2006, cit in Vilela et al., 2011)

realizaram um estudo longitudinal com adolescentes e observaram que os

sintomas depressivos e o álcool estão associados, e partilham vários fatores de

risco tais como a psicopatologia parental, exposição a violência e

comportamentos anti sociais.

Ainda, Poulin et al. (2005, cit in Andrade & Argimon, 2008) encontraram uma

maior prevalência de depressão nas mulheres, com 8.6% do que nos homens,

com somente, 2.6%. No que diz respeito ao álcool observou-se que apenas nas

mulheres, este consumo teve como consequência elevada os sintomas

depressivos. Assim, a preexistência de susceptibilidade e interação de fatores

sociais e hormonais servem de base para compreender estes mesmos

resultados (Moos et al., 2006; White, 2000). Um estudo revelou que sujeitos

que sofrem de depressão e ansiedade apresentam valores iguais na nota global

em comparação com sujeitos alcoólicos (Wetterling & Junghanns, 2000).

Outro estudo observou que os sintomas psicopatológicos em função do género, no

estudo de Rabasquinho e Pereira (2007), são as mulheres que apresentam resultados

mais elevados nos sintomas psicopatológicos comparativamente aos homens. Em

outro estudo de Clark et al. (1997), estes autores verificaram que as mulheres

apresentavam mais sintomas depressivos que os homens.

Berenzon et al. (2011), no seu estudo verificaram diferenças estatisticamente

significativas relativamente à dependência alcoólica em função do género, sendo que

quem apresenta pontuações mais elevadas é o género feminino. No estudo de

Santana e Negreiros (2008), estes autores observaram que é o grupo das mulheres

pontuavam índices mais elevados nos sintomas psicopatológicos, mais concretamente

na depressão. No estudo de Jokela e Keltikangas-Jarvinen (2011) verificaram que

sujeitos de baixo nível socioeconómico apresentavam níveis de sintomas depressivos,

assim o nosso estudo corrobora a literatura. Assim, também o presente estudo

corrobora a literatura observando-se que o grupo das mulheres pontua mais elevado

nos diversos sintomas psicopatológicos em comparação com os homens. No entanto,

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Estudo da Adesão e Motivação do Tratamento em Doentes Alcoólicos

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no estudo Costa et al. (2004) verificaram que os homens apresentam sintomas

psicopatológicos superiores às mulheres. O nosso estudo não corrobora o estudo de

Costa et al., uma vez que se verificou sintomas mais elevados nas mulheres.

Por outro lado, os sintomas psicopatológicos em função da situação económica revela

que existem diferenças estatisticamente significativas no sintoma ansiedade em

função da situação económica, em específico, a situação económica razoável a ter os

valores médios mais elevados. No estudo de Koirala et al. (2011) verificaram que a

ansiedade pontuava níveis mais elevados nos sujeitos de classe média, assim o nosso

estudo corrobora a literatura. O mesmo ocorreu no sintoma fobia, tendo a situação

económica razoável dos participantes o resultado mais alto. Já o sintoma morte

obteve um valor estatisticamente significativo com a situação económica má a

alcançar o resultado mais elevado. No estudo de Coutinho e Almeida (1993) as

prevalências mais elevadas são no grupo socioeconómica baixa, o nosso estudo não

corrobora a literatura pois as prevalências são mais incidentes no grupo de situação

socioeconómica razoável.

Contudo, os sintomas psicopatológicos em função do ambulatório/ internamento

registou diferenças estatisticamente significativas no sintoma somatização em função

da situação de ambulatório/internamento. As diferenças situam-se concretamente na

situação de internamento, tendo os valores médios mais elevados.

Segundo Pombo et al. (2008) a depressão e a ansiedade são os sintomas

psicopatológicos que obtêm pontuações mais elevadas em internamento. No estudo

de Argimon et al. (2013) verificou-se que existem sintomas de depressão em sujeitos

que realizam internamento, havendo diferenças estatisticamente significativas nos

níveis de depressão em internamento e em ambulatório. Por outro lado, estes

autores concluíram, ainda, que baixos níveis na depressão estão associados com

sujeitos em ambulatório. Contudo, o nosso estudo vai contrariar o que os estudos

realizados anteriormente referem, pois a subescala de sintomas psicopatológicos que

obteve os scores mais elevados em internamento foi a somatização verificando-se

diferenças estatisticamente significativas. Contudo, também, se constatou que os

níveis de ansiedade e depressão foram mais elevados nos sujeitos de internamento

comparativamente aos sujeitos de ambulatório, não se verificando diferenças

estatisticamente significativas entre os dois grupos de sujeitos.

Verifica-se que existem diferenças estatisticamente significativas nas pontuações

médias nos sintomas psicopatológicos em função do meio onde os participantes

vivem, pois verificamos que quem reside em meio urbano apresenta as pontuações

mais elevadas. Relativamente aos sintomas psicopatológicos em função do meio onde

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Estudo da Adesão e Motivação do Tratamento em Doentes Alcoólicos

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residem, verificou-se no estudo de que são as pessoas que vivem em meio urbano que

apresentam mais sintomas psicopatológicos. Segundo o estudo de Rosando et al.

(2013), os sintomas psicopatológicos são influenciados pelo meio onde os sujeitos

residem.

Verifica-se a distribuição dos sujeitos considerando os dois valores de dependência

moderada e elevada em função do género; verificando-se que 45 sujeitos masculinos

apresentam dependência moderada para 3 sujeitos femininos que apresentam o

mesmo tipo de dependência. Por sua vez, 10 dos sujeitos masculinos apresentam

dependência elevada, para uma razão de 4 sujeitos femininos com a mesma

dependência. No estudo de Monteiro et al. (2011) verificaram que a maioria dos

sujeitos dependentes de álcool são do género masculino.

A grande questão da motivação para a mudança, dependência alcoólica e sintomas

psicopatológicos desempenha um papel de extrema importância neste estudo, pois o

principal objetivo do estudo centra-se assim na avaliação do estádio para a mudança

em que o sujeito se encontra, o grau de dependência alcoólica e desenvolvimento de

sintomas psicopatológicos ao longo do processo de recuperação.

Deste modo, após análise inferencial conclui-se que os resultados demonstram que

existe uma correlação significativa negativa/baixa entre a disposição para a mudança

e a psicose. Verifica-se contudo, que a dependência alcoólica possui uma correlação

estatisticamente significativa moderada com o descontrolo/passagem ao ato e baixa

com a morte.

A depressão apresenta correlações significativas moderadas entre a obsessão,

descontrolo/passagem ao ato, fobia, ideação suicida, apetite, morte, sono, culpa. Já

entre a depressão e a sensibilidade interpessoal, ansiedade, psicose, e nota global do

SCL-90-R as correlações são significativas altas. No estudo de Whitters et al. (1985) a

ideação suicida apresenta valores significativos quando correlacionada com a

depressão.

Na obsessão verifica-se que existem correlações significativas moderadas com a

sensibilidade interpessoal, ansiedade, descontrolo/passagem ato, fobia, ideação

suicida, psicose, morte. Por outro lado, as correlações entre a obsessão e culpa,

apetite, e sono são significativas baixas. Por fim, a correlação entre a obsessão e a

nota global do SCL-90-R é significativa e alta.

Quanto à sensibilidade interpessoal esta estabelece correlações significativas

moderadas com a ansiedade, descontrolo/passagem ao ato, fobia, ideação suicida,

psicose, apetite, morte, e culpa. Entre a sensibilidade interpessoal e o sono as

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Estudo da Adesão e Motivação do Tratamento em Doentes Alcoólicos

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correlações são significativas baixas, e entre a sensibilidade interpessoal e a nota

global do SCL-90-R a correlação é significativa e alta.

A ansiedade apresenta correlações significativas moderadas com o

descontrolo/passagem ao ato, ideação suicida, apetite, morte, sono, e culpa. Por

outro lado, existem correlações significativas altas entre a ansiedade e fobia, psicose

e nota global do SCL-90-R.

Relativamente ao descontrolo/passagem ao ato, este estabelece correlações

significativas baixas entre a fobia e a morte. Já com a ideação suicida, psicose,

apetite, sono, culpa e nota global do SCL-90-R tem correlações significativas

moderadas.

Quanto à fobia, esta tem correlações significativas moderadas entre a ideação

suicida e a psicose. Já entre a ansiedade e apetite, morte, sono, e culpa as

correlações são significativas baixas. Entre a ansiedade e a nota global do SCL-90-R

verifica-se uma correlação significativa alta.

A ideação suicida apresenta correlações significativas moderadas entre a psicose,

sono e nota global do SCL-90-R. Por outro lado, as correlações entre a ideação

suicida e o apetite, morte, e culpa são significativas e baixas. No que diz respeito à

psicose, esta tem correlações significativas baixas entre o apetite, sono, e culpa.

Enquanto, entre a psicose e morte e nota global do SCL-90-R existem correlações

significativas altas. Os alcoólicos dependentes têm um nível mais elevado de ideação

suicida (Vicente et al., 2001). No estudo de Verona et al. (2004) os autores

verificaram que a ideação suicida está relacionada com o suicídio nos sujeitos.

O sintoma apetite tem correlações significativas moderadas entre o sono, culpa e

nota global do SCL-90-R. A morte tem uma correlação significativa baixa com a

culpa, e uma correlação significativa moderada com a nota global do SCL-90-R.

Também existem correlações significativas moderadas entre o sono e a culpa, bem

como entre o sono e a nota global do SCL-90-R. Por fim, há uma correlação

significativa moderada entre a culpa e a nota global do SCL-90-R.

Vários estudos relatam que, para além, dos sintomas psicopatológicos os alcoólicos

têm problemas sociais e legais que poderão contribuir para o aumento do consumo de

álcool e, consequentemente, para comportamentos violentos e agressivos (Baltieri et

al., s.d.).

No estudo de Oliveira et al. (2003) verificou-se existir correlação positiva de

intensidade baixa entre os estágios de motivação nos estágios de motivação para a

mudança, essencialmente no estágio de determinação, e o grau de dependência. Por

outro lado, Oliveira et al. (2003) verificaram que os estágios de motivação, também,

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Estudo da Adesão e Motivação do Tratamento em Doentes Alcoólicos

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poderão estar relacionados com a situação socioeconómica e com outras

caraterísticas sociodemográficas, no entanto no nosso estudo não se verificaram

diferenças estatisticamente significativas.

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Estudo da Adesão e Motivação do Tratamento em Doentes Alcoólicos

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Conclusões

A problemática do consumo excessivo de álcool é cada vez mais comum nos dias de

hoje. Assim, torna-se fundamental continuar ou até mesmo investir mais nesta área

de investigação, uma vez que há poucos estudos numa área que afeta cada vez mais

população.

Assim, este estudo teve como principais objetivos avaliar os sintomas

psicopatológicos, o grau de dependência e o estágio de motivação para a mudança

numa população com comportamento dependente do álcool. De seguida

apresentaremos as principais conclusões.

No nosso estudo verificou-se uma percentagem baixa de mulheres a recorrerem a

ajuda para abandonar o consumo de álcool, no entanto esta poderá ser uma

limitação da investigação uma vez que foi realizada num meio onde há muito estigma

que a mulher consuma bebidas alcoólicas. No entanto os estudos têm referido um

número crescente de mulheres a ingerir álcool, isto poderá estar relacionado com o

papel que a mulher atualmente tem na sociedade tendo-se emancipado em relação

ao homem e, também, por não existir o estigma da sociedade perante a mulher como

antigamente.

Verificou-se no nosso estudo que a idade de início de consumo de álcool dos

participantes era de 5 anos, apesar de a maioria ter iniciado o seu consumo aos 9

anos de idade, mesmo assim uma idade bastante precoce. Este facto poderá estar

associado ao facto de o álcool ser a única substância legalizada em Portugal e de

fácil acesso para os consumidores. Por outro lado, se compararmos o custo do álcool

com o de outras substâncias psicoactivas deparamo-nos que o etanol possui custos

baixíssimos e por isso as pessoas optarem pelo consumo de álcool.

A idade da primeira experiência é um dado curioso e que a sociedade deveria mudar

o que na realidade está mal, pois se a venda de bebidas alcoólicas é proibida a

menores de 16 anos e os estudos revelam que cada vez há mais jovens a iniciarem o

consumo de álcool mais cedo faz-nos pensar como estes jovens têm acesso ao álcool.

Contudo, no que se refere aos dados do nosso estudo os participantes afirmavam que

começaram a trabalhar muito cedo na agricultura com os pais e daí o início precoce

do consumo de álcool, por outro lado, não podemos descurar que a maioria dos

participantes revelaram ter antecedentes de histórico familiar de consumo de álcool

o que pode ser uma variável que influencie a idade de início de álcool apesar de na

presente investigação não se ter revelado significativo.

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Atualmente as pessoas tendem a recorrer ao consumo de álcool não só por este ter

custo mais baixos, como também pela sensação que causa. Quem consome álcool

excessivo fá-lo no sentido de fugir à dor, pois o álcool é um inibidor e depressão do

sistema nervoso e as pessoas sentem que por recorrem a esta substância podem fugir

à sua realidade. Contrariamente quem recorre a outro tipo de substâncias como as

anfetaminas procura a sensação de prazer e não a fuga à dor.

Outra conclusão interessante é a relação de sintomas psicopatológicos e a situação

económica, sendo que a situação económica razoável pontua mais elevado do que a

má. Este facto poderá estar relacionado que as pessoas que vivem com rendimentos

médios se preocupam mais com o dia de amanhã, enquanto que as pessoas com

situação económica poderão estar acomodadas à sua maneira de viver.

Os sintomas psicopatológicos e o meio onde residem estão relacionados

demonstrando que quem reside em meio urbano pontua mais alto, poderá ter a ver

com o facto de as pessoas em meio urbano viverem sob níveis de stress e de

adrenalina mais elevados que as pessoas dos outros meios.

A limitação desta investigação é o facto de a amostra não ser homogénea existindo

mais homens que mulheres.

Estudos futuros devem analisar as diferenças entre grupos clínicos e não clínicos

relativamente homogéneos, sendo interessante estudar a relação do álcool no género

feminino. As investigações deveriam incidir na influência dos sintomas

psicopatológicos no consumo de bebidas alcoólicas.

O estudo sobre dependentes de álcool ainda não está muito estudado, pelo que se

deveria investir mais nestas investigações com, o intuito de diminuir esta prevalência

e de criar medidas de prevenção.

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