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Índice Páginas V. EXECUÇÃO DO ORÇAMENTO DA RECEITA ............................................................. V-1 5.1 - Enquadramento Legal ..................................................................................................... V-1 5.2 - Considerações Gerais ..................................................................................................... V-1 5.3 – Recursos Postos à Disposição do Estado ....................................................................... V-2 5.4 - Análise Comparativa da Receita Cobrada com as Previsões Orçamentais .................... V-5 5.5 – Receitas de Capital ......................................................................................................... V-7 5.5.1 - Alienação de Bens ................................................................................................... V-8 5.5.2 - Receitas de Dividendos ......................................................................................... V-10 5.6– Receitas Próprias de Organismos e Instituições do Estado .......................................... V-12 5.6.1– Receitas Próprias de Organismos e Instituições de Âmbito Provincial ................. V-13 5.6.2– Receitas Próprias de Organismos e Instituições de Âmbito Distrital .................... V-14 5.7 – Receitas Consignadas da Administração Central ........................................................ V-15 5.8 – Análise da Cobrança das Receitas da Administração Central, por Província.............. V-16 5.9 - Análise da Cobrança das Receitas da Administração Provincial ................................. V-17 5.10 – Receita Cobrada através das Execuções Fiscais ........................................................ V-18 5.11 - Benefícios Fiscais ....................................................................................................... V-19 5.12 - Reembolsos do IVA.................................................................................................... V-21 5.13 – Outros Reembolsos de Impostos................................................................................ V-24 5.14 – Resultado das Auditorias ........................................................................................... V-24 5.14.1 - Resumo da Arrecadação do IRPC nas DAF´s Auditadas .................................... V-25 5.14.1.1 - Direcção da Área Fiscal de Lichinga (DAFL).............................................. V-25 5.14.1.2 - IRPC dos Maiores Contribuintes .................................................................. V-25 5.14.1.3 - IRPC dos Fornecedores das Direcções Provinciais de Niassa ..................... V-26 5.14.2 – Benefícios Fiscais ............................................................................................... V-27 5.14.3 - Imposto Sobre o Rendimento de Pessoas Singulares .......................................... V-27 5.14.3.1 - IRPS dos Fornecedores das Direcções Provinciais do Niassa...................... V-28 5.14.4 - Arrecadação do IVA na Direcção de Área Fiscal de Lichinga (DAFL) ............. V-29 5.14.5 – IRPC dos Maiores Contribuintes da Direcção de Área Fiscal de Pemba ........... V-30 5.14.6 - Arrecadação do IVA na Direcção de Área Fiscal de Pemba (DAFP) ................. V-31 5.14.7 - IRPC dos Maiores Contribuintes da Direcção de Área Fiscal do 1.º Bairro Fiscal do Maputo .............................................................................................................................. V-31 5.14.7.1 - Benefícios Fiscais ......................................................................................... V-33 5.14.8 - Arrecadação do IVA na Direcção de Área Fiscal do 1.º Bairro do Maputo ........ V-34 5.14.9 – Resumo das Fiscalizações Tributárias na DAFL ................................................ V-34 5.14.10 – Sectores do Contencioso das DAF´s Auditadas................................................ V-35 5.14.11 - Sectores do Juízo das Execuções Fiscais das DAF´s auditadas ........................ V-37 5.14.11.1 - Análise dos Processos do Sector do Juízo da DAFL .................................. V-37 5.14.11.1.1 - Movimento de Processos Executivos .................................................. V-38 5.14.11.2 - Análise dos Processos do Sector do Juízo da Direcção de Área Fiscal de Pemba (DAFP) .............................................................................................................. V-39 5.14.11.3 - Análise dos Processos no Juízo Privativo das Execuções Fiscais de Maputo (JPEFM) ........................................................................................................................ V-39 5.14.11.3.1 - Débitos Efectuados ao Juízo ................................................................ V-39 5.14.11.3.1.1 – Débitos Efectuados ao Recebedor ............................................... V-40 5.14.11.3.2 - Análise dos Processos instaurados (Dívidas não Fiscais) ................... V-41 5.14.11.3.3- Anulações e Prescrições ....................................................................... V-42

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Índice Páginas V. EXECUÇÃO DO ORÇAMENTO DA RECEITA ............................................................. V-1

5.1 - Enquadramento Legal ..................................................................................................... V-1 5.2 - Considerações Gerais ..................................................................................................... V-1 5.3 – Recursos Postos à Disposição do Estado ....................................................................... V-2 5.4 - Análise Comparativa da Receita Cobrada com as Previsões Orçamentais .................... V-5 5.5 – Receitas de Capital ......................................................................................................... V-7

5.5.1 - Alienação de Bens ................................................................................................... V-8 5.5.2 - Receitas de Dividendos ......................................................................................... V-10

5.6– Receitas Próprias de Organismos e Instituições do Estado .......................................... V-12 5.6.1– Receitas Próprias de Organismos e Instituições de Âmbito Provincial ................. V-13 5.6.2– Receitas Próprias de Organismos e Instituições de Âmbito Distrital .................... V-14

5.7 – Receitas Consignadas da Administração Central ........................................................ V-15 5.8 – Análise da Cobrança das Receitas da Administração Central, por Província .............. V-16 5.9 - Análise da Cobrança das Receitas da Administração Provincial ................................. V-17 5.10 – Receita Cobrada através das Execuções Fiscais ........................................................ V-18 5.11 - Benefícios Fiscais ....................................................................................................... V-19 5.12 - Reembolsos do IVA .................................................................................................... V-21 5.13 – Outros Reembolsos de Impostos ................................................................................ V-24 5.14 – Resultado das Auditorias ........................................................................................... V-24

5.14.1 - Resumo da Arrecadação do IRPC nas DAF´s Auditadas .................................... V-25 5.14.1.1 - Direcção da Área Fiscal de Lichinga (DAFL) .............................................. V-25 5.14.1.2 - IRPC dos Maiores Contribuintes .................................................................. V-25 5.14.1.3 - IRPC dos Fornecedores das Direcções Provinciais de Niassa ..................... V-26

5.14.2 – Benefícios Fiscais ............................................................................................... V-27 5.14.3 - Imposto Sobre o Rendimento de Pessoas Singulares .......................................... V-27

5.14.3.1 - IRPS dos Fornecedores das Direcções Provinciais do Niassa ...................... V-28 5.14.4 - Arrecadação do IVA na Direcção de Área Fiscal de Lichinga (DAFL) ............. V-29 5.14.5 – IRPC dos Maiores Contribuintes da Direcção de Área Fiscal de Pemba ........... V-30 5.14.6 - Arrecadação do IVA na Direcção de Área Fiscal de Pemba (DAFP) ................. V-31 5.14.7 - IRPC dos Maiores Contribuintes da Direcção de Área Fiscal do 1.º Bairro Fiscal do Maputo .............................................................................................................................. V-31

5.14.7.1 - Benefícios Fiscais ......................................................................................... V-33 5.14.8 - Arrecadação do IVA na Direcção de Área Fiscal do 1.º Bairro do Maputo ........ V-34 5.14.9 – Resumo das Fiscalizações Tributárias na DAFL ................................................ V-34 5.14.10 – Sectores do Contencioso das DAF´s Auditadas ................................................ V-35 5.14.11 - Sectores do Juízo das Execuções Fiscais das DAF´s auditadas ........................ V-37

5.14.11.1 - Análise dos Processos do Sector do Juízo da DAFL .................................. V-37 5.14.11.1.1 - Movimento de Processos Executivos .................................................. V-38

5.14.11.2 - Análise dos Processos do Sector do Juízo da Direcção de Área Fiscal de Pemba (DAFP) .............................................................................................................. V-39 5.14.11.3 - Análise dos Processos no Juízo Privativo das Execuções Fiscais de Maputo (JPEFM) ........................................................................................................................ V-39

5.14.11.3.1 - Débitos Efectuados ao Juízo ................................................................ V-39 5.14.11.3.1.1 – Débitos Efectuados ao Recebedor ............................................... V-40

5.14.11.3.2 - Análise dos Processos instaurados (Dívidas não Fiscais) ................... V-41 5.14.11.3.3- Anulações e Prescrições ....................................................................... V-42

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Novembro de 2010

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TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2009

V-1

V. EXECUÇÃO DO ORÇAMENTO DA RECEITA

5.1 - Enquadramento Legal

O Tribunal Administrativo (TA), nos termos do n.º 2 do artigo 2 do regime relativo à organização, funcionamento e processo da 3.ª Secção do TA, aprovado pela Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro (que revogou as Leis n.ºs 13/97, 14/97 e 16/97, todas de 10 de Julho) é o órgão supremo e independente de controlo externo da legalidade e eficiência das receitas e despesas públicas.

A Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, que cria o Sistema de Administração Financeira do Estado (SISTAFE), define, no n.º 1 do artigo 14, a receita pública, como sendo todos os recursos monetários ou em espécie, seja qual for a sua fonte ou natureza, postos à disposição do Estado, com ressalva daqueles em que este seja mero depositário temporário.

Na sequência da execução do Orçamento, o Governo elaborou a Conta Geral do Estado, em que apresenta o resultado do exercício e a avaliação do desempenho dos órgãos e instituições do Estado, nos termos do artigo 45 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro.

Por sua vez, o n.º 1 do artigo 46 do mesmo diploma refere que a Conta Geral do Estado deve ser elaborada com clareza, exactidão e simplicidade, de modo a possibilitar a sua análise económica e financeira e, na alínea a) do artigo 47, está estabelecido que aquela deve conter informação completa relativa às “receitas cobradas e despesas pagas pelo Estado”.

Conforme o preceituado nas alíneas b) e d) do n.º 1 do artigo 48 da Lei do SISTAFE supracitada, a Conta Geral do Estado (CGE) deve apresentar, na sua estrutura, para além de outros documentos básicos, os relativos ao “(...) financiamento global do Orçamento do Estado, com discriminação da situação das fontes de financiamento” e os (...) mapas de Execução Orçamental, comparativos entre as previsões orçamentais e a receita cobrada e daquelas com a despesa liquidada e/paga, segundo a classificação prevista nos n.ºs 1 e 2 do artigo 23 da mesma lei.

Na Conta Geral do Estado em análise, a informação relativa às receitas do Estado, donativos e empréstimos consta dos mapas I e I-1, de maneira agregada.

No Mapa I-5, apresenta-se o Saldo das Recebedorias, tanto da Administração Central como das Províncias.

Os dados sobre os Movimentos dos Conhecimentos de Cobrança e Valores Selados encontram-se nos mapas I-6 e I-7, respectivamente. A receita do Estado prevista e cobrada, segundo a classificação económica e territorial, dos Âmbitos Central, Provincial e Distrital encontra-se espelhada nos mapas II a II-4.

As Receitas Consignadas e Próprias da Administração Central, segundo a classificação orgânica, encontram-se apresentadas nos mapas II-3 e II-4, respectivamente, sendo que o Financiamento do Défice é apresentado nos mapas II-5 e II-6.

5.2 - Considerações Gerais

A Lei n.º 1/2009, de 8 de Janeiro, que aprova o Orçamento do Estado de 2009, estabelece, no seu preâmbulo, que “Na área de receita, o Governo vai envidar esforços conducentes ao aumento da arrecadação, destacando-se a criação de novas áreas fiscais que garantirão a aproximação da Autoridade Tributária aos contribuintes, e a consolidação dos Tribunais Fiscais de Primeira Instância e dos Tribunais Aduaneiros”.

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TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2009

V-2

Em 2009, entrou em vigor o novo Código de Benefícios Fiscais, aprovado pela Lei n.º 4/2009, de 12 de Janeiro.

No exercício em referência, a execução da receita do Estado alcançou, em termos nominais, o montante de 47.564.983 mil Meticais, correspondente a 18,1% do PIB, ultrapassando em 1,9 pontos percentuais o previsto no PARPA II (16,2%).

Tal como em anos anteriores, nas auditorias realizadas com vista à certificação dos dados da CGE de 2009, constatou-se que persiste a falta de uniformidade dos procedimentos na tramitação, para a cobrança coerciva, dos documentos de cobrança emitidos relativamente às dívidas de impostos e multas resultantes das fiscalizações que são realizadas pelos serviços fiscais, apesar de o Governo, no exercício do direito do contraditório, relativamente ao Relatório sobre a Conta Geral do Estado de 2008, ter afirmado que se iniciaria a harmonização em 2010, o que até a data, ainda, não se efectivou.

Ainda no que respeita ao exercício de 2009, à semelhança dos anos anteriores, não ficou patente em que conta são incorporadas as receitas liquidadas e não cobradas, ao abrigo do artigo 33 da Lei do SISTAFE, que preconiza que “Os valores relativos a contribuições e impostos e demais créditos fiscais do Estado, liquidados e não cobrados dentro do exercício financeiro de origem, constituem dívida activa e são incorporados em conta própria, findo o exercício, pela contabilidade pública”.

Para aferição e certificação dos dados da Conta Geral do Estado de 2009, relativos à receita arrecadada, foram realizadas auditorias a organismos do Estado, destacando-se as Direcções das Áreas Fiscais de Lichinga, do 1.º Bairro de Maputo e de Pemba, Juízo Privativo das Execuções Fiscais de Maputo, Ministério dos Recursos Minerais, Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE), Direcção Nacional do Património do Estado (DNPE), Ministério da Indústria e Comércio (MIC), Ministério dos Transportes e Comunicações (MTC), Ministério da Energia e Direcção Provincial dos Transportes e Comunicações de Maputo. Os resultados dessas auditorias foram complementados com a informação recolhida na Direcção Geral de Impostos (DGI) e na Direcção Geral das Alfândegas (DGA).

No ano em apreço, há a salientar que pela primeira vez desde a criação dos Impostos sobre o Rendimento, o relativo às Pessoas Singulares (IRPS) foi inferior ao das Pessoas Colectivas (IRPC), o que pode ter sido motivado pela intensificação das fiscalizações, adopção de nova legislação e a sensibilização da importância do pagamento do imposto.

Por outro lado, à semelhança das contas anteriores, não são apresentados, nesta, como receita de capital e nem constam do Mapa I da CGE, a débito, os reembolsos dos empréstimos concedidos, que, no exercício em apreço, foram de 253.645 mil Meticais.

5.3 – Recursos Postos à Disposição do Estado

No exercício económico de 2009, o total dos recursos colocados à disposição do Estado, constante do Mapa I da CGE 2009, foi de 87.437.504 mil Meticais, dos quais 54,4% (47.564.983 mil Meticais) correspondem à Receita Interna, 0,3% (290.000 mil Meticais), a Créditos Internos, 15,8% (13.811.751 mil Meticais), a Empréstimos Externos e 29,5% (25.770.770 mil Meticais), a Donativos, conforme se apresenta no gráfico a seguir.

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V-3

Gráfico n.º V.1- Recursos Postos à Disposição do Estado

Fonte:Relatório do Governo sobre os Resultados da Execução Orçamental de 2009

Estrutura dos Recursos

54,4%

0,3% 15,8%

29,5%

Receita Interna Créditos Internos Empréstimos Externos Donativos

No Gráfico n.º V.2, a seguir, é apresentada a evolução dos recursos postos à disposição do Estado ao longo do quinquénio 2005-2009. Do mesmo, observa-se que as Receitas Internas registaram uma variação no período 2005 a 2008, de 19,4 pontos percentuais. Em 2009, situaram-se em 54,4%, o que representa um decréscimo de 1,2 pontos percentuais, em relação ao exercício de 2008.

No que diz respeito aos créditos internos, verifica-se que estes, ao longo do quinquénio em análise, reduziram em 28,9 pontos percentuais, representando, em 2009, 0,3% dos recursos à disposição do Estado.

Os empréstimos externos, de 2005 a 2006, cresceram 1,8 pontos percentuais, para decrescerem, sucessivamente, em 2007 e 2008, com pesos de 13,8% e 11,2%, respectivamente e, em 2009, conhecerem um aumento de 4,6 pontos percentuais.

Por seu lado, os donativos registaram um crescimento de 12,1 pontos percentuais, de 2005 a 2008, tendo decrescido, no ano 2009, em 3,2 pontos percentuais, relativamente ao ano anterior.

Gráfico n.º V.2 – Execução das Receitas do Estado 2005 – 2009

2004 2005 2006 2007 2008Donativos 20,1% 20,6% 31,2% 31,9% 32,7%Empréstimos Extern 16,8% 14,0% 15,8% 13,8% 11,2%Créditos Internos 24,9% 29,2% 5,4% 0,0% 0,5%

Receitas Internas 38,3% 36,2% 47,6% 54,3% 55,6%

Fonte: Mapa I da CGE (2005-2009)

20,6%31,2% 31,9% 32,7% 29,5%

15,8% 13,8% 11,2% 15,8%

5,4%

36,2%47,6% 54,3% 55,6% 54,4%

14,0%

29,2%

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

2005 2006 2007 2008 2009

Donativos Empréstimos Externos Créditos Internos Receitas Internas

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V-4

No Gráfico n.º V.2, não é possível visualizar as percentagens (0,5% e 0,3%) relativas aos Créditos Internos nos anos de 2008 e 2009, respectivamente, por se terem situado abaixo de 1%. Em 2007, não houve recursos provenientes dos Créditos Internos.

Com vista a aferir a eficiência da Administração Fiscal, foi elaborado o quadro a seguir, que relaciona as despesas de funcionamento das direcções da Autoridade Tributária (AT) que se dedicam, exclusivamente, à colecta de receitas (DGI e DGA), uma vez que outras direcções que a compõem têm as suas despesas agregadas na AT.

Quadro n.º V.1 - Eficiência da Administração Fiscal

Descrição Fórmula 2006 2007 Var. (%)

2008Var. (%) 2009 Var. (%)

Receitas Fiscais (1) 22.142.115,0 27.965.087,0 26,3 32.415.426,0 15,9 41.761.131,0 28,8Despesas de Funcionamento (2) 714.848 903.410,0 26,4 1.353.342,0 49,8 1.333.453,8 -1,5Grau de Eficiência (1/2) 31,0 31,0 _ 24,0 _ 31,3 -Fonte: CGE (2006-2009)

(Em mil Meticais)

No quadro, verifica-se que o Grau de Eficiência da Administração Fiscal se manteve estacionário em 2006 e 2007, ou seja, nesse período, por cada Metical gasto pela AT, colectaram-se 31, tendo-se verificado uma redução, em 2008, para 24, devido ao maior aumento verificado na variação das despesas de funcionamento (49,8%), quando comparado com o ocorrido nas receitas fiscais (15,9%).

Em 2009, a eficiência da Administração Fiscal situou-se em 31,3 como consequência do aumento das Receitas Fiscais, em 28,8%, acompanhado pela redução das despesas de funcionamento em 1,5%, relativamente ao ano anterior, tendo sido o maior grau de eficiência alcançado no período analisado.

Seguidamente, apresenta-se o Quadro n.º V.2, ilustrando a evolução da arrecadação da receita no quinquénio 2005 – 2009, tanto nominalmente como em termos reais.

Quadro n.º V.2 – Evolução da Receita no Quinquénio

Valor Peso % Valor Peso %

Valor Peso %

Valor Peso %

Valor Peso %

Receitas Fiscais 16,795 80.2 22,142 79.7 27,965 81.1 32,415 82.7 41,761 87.8 22.4Receitas Não Fiscais 1,496 7.1 2,554 9.2 2,457 7.1 2,401 6.1 3,034 6.4 20.9Receitas Consignadas 1,527 7.3 1,767 6.4 2,201 6.4 2,700 6.9 1,055 2.2 -156.0Receitas de Capital 1,124 5.4 1,333 4.8 1,850 5.4 1,674 4.3 1,715 3.6 2.4Total 20,942 100.0 27,797 100.0 34,473 100.0 39,190 100.0 47,565 100.0 17.6PIB 153,041 193,322 201,437 239,249 263,174Índice de Inflação 1.072 1.136 1.082 1.103 1.033Valores Correntes de 2009 29,311 34,248 39,271 40,464 47,565Crescimento da receita em termos reais (%)

- 16.8 14.7 3.0 17.5

Receita/PIB em % 13.7 14.4 17.1 16.4 18.1Fonte: Mapas II da CGE (2005-2009) e Relatório do Governo sobre os Resultados da Execução Orçamental de 2009

(Em milhões de Meticais)

Receita do Estado2006 20072005 Var.

(%) 09/08

2008 2009

Do quadro acima, pode-se concluir que em termos reais, no quinquénio em referência, a taxa de inflação média anual registou decrescimento no período, de 2006 a 2008, passando de 16,8%, em 2006, para 3%, em 2008. Em 2009, aumentou em 14,5 pontos percentuais, em relação a 2008, facto que foi influenciado pelo aumento significativo da receita de 2009 e pela redução da taxa de inflação que se situou abaixo de 5%1.

1 A Taxa de Inflação média é referente ao IPC – Maputo, de 3,25%.

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V-5

Relativamente à evolução da receita em relação ao PIB, à excepção do decréscimo de 0,7 ponto percentual registado em 2008, nota-se, no mesmo quadro, que aquela manteve uma tendência crescente, tendo no exercício em análise, registado o maior valor (18,1%).

5.4 - Análise Comparativa da Receita Cobrada com as Previsões Orçamentais

A realização da Receita do Estado, em termos nominais situou-se em 47.564.983 mil Meticais, correspondentes a 18,1% do PIB, ultrapassando em 1,9 ponto percentual o previsto no PARPA II (16,2%). Esta arrecadação representa um sobrecumprimento de 2,9% da previsão, conforme ilustra-se no Quadro n.º V. 3.

Quadro n.º V.3-Execução das Receitas da Administração Central e Provincial

RECEITA DO ESTADO 46.216.345 47.564.983 100 102,9

RECEITAS DA ADMINISTRAÇÃO CENTRAL 45.429.687 46.984.590 98,8 103,4

Receitas Correntes 43.094.636 45.297.016 95,2 105,1

Receitas Fiscais 39.649.337 41.737.345 87,7 105,3

Impostos sobre o Rendimento 12.385.673 13.726.833 28,9 110,8 Imposto sobre o Rend. de P. Colectivas 6.153.890 7.337.905 15,4 119,2 Imposto sobre o Rend. de P. Singulares 6.181.760 6.341.546 13,3 102,6 Imposto Especial sobre o Jogo 50.023 47.382 0,1 94,7Impostos sobre Bens e Serviços 22.739.754 23.880.177 50,2 105,0 Imposto sobre o Valor Acrescentado 15.815.420 16.974.925 35,7 107,3 Imposto sobre Cons. Esp. Prod. Nacional 1.997.502 1.794.283 3,8 89,8 Imposto sobre Cons. Prod. Importados 1.321.191 973.448 2,0 73,7 Imposto sobre o Comércio Externo 3.605.641 4.137.521 8,7 114,8Outros Impostos 4.523.910 4.130.335 8,7 91,3

Receitas Não Fiscais 2.321.698 2.635.339 5,5 113,5

Taxas Diversas de Serviços 295.384 363.375 0,8 123,0 Outras Receitas Não Fiscais 938.999 935.128 2,0 99,6 Receitas Próprias 1.087.315 1.336.836 2,8 122,9

Receitas Consignadas 1.123.601 924.332 1,9 82,3

Receitas de Capital 2.335.051 1.687.574 3,5 72,3

Alienação de Bens 1.004.156 642.089 1,3 63,9

Receitas de Dividendos 675.640 319.054 0,7 47,2 Outras Receitas de Capital 655.255 726.431 1,5 110,9

RECEITAS DA ADMINISTRAÇÃO PROVINCIAL 786.658 580.393 1,2 73,8Receitas Correntes 755.305 552.712 1,2 73,2Receitas Fiscais 25.701 23.785 0,1 92,5

Outros Impostos 25.701 23.785 0,1 92,5Receitas Não Fiscais 292.093 398.637 0,8 136,5

Taxas Diversas de Serviços 1.823 65.990 0,1 3619,9Outras Receitas Não Fiscais 130.636 161.378 0,3 123,5

Receitas Próprias 159.634 171.269 0,4 107,3Receitas Consignadas 437.511 130.290 0,3 29,8

Receitas de Capital 31.353 27.681 0,1 88,3

Alienação de Bens 31.353 27.681 0,1 88,3Fonte: Mapa II da CGE 2009

(Em mil Meticais)

Designação Previsão Cobrança da CGE

Realização da Receita

Peso (%)

%

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TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2009

V-6

Do total da receita do Estado colectada no presente exercício, 98,8% provém da Administração Central e 1,2% da Administração Provincial, esta, que engloba as receitas da Administração Distrital. Ao nível da Administração Central, as Receitas Fiscais têm maior peso, 87,7%, enquanto na Administração Provincial, essa preponderância é assumida pelas Receitas Não Fiscais, com 0,8%.

Nas Receitas da Administração Central, em que a taxa de execução situou-se em 103,4%, constata-se que as Receitas Fiscais e as Não Fiscais ultrapassaram a meta prevista, atingindo um sobrecumprimento de 5,3% e 13,5%, respectivamente.

De seguida, procede-se à análise do grau de penetrabilidade das Receitas Fiscais, onde, da relação com o PIB, se extrai o Nível de Fiscalidade, que mostra em que medida a tributação acompanha o crescimento económico, ou seja, permite determinar a importância relativa dos fundos que são obrigatoriamente transferidos para o sector público administrativo.

Quadro n.º V.4 - Nível de Fiscalidade

Descrição Fórmula 2005 2006 2007 2008 2009 (2009/08)Receitas Fiscais (1) 16.795 22.142 27.965 32.415 41.761 22,4PIB (2) 153.041 193.322 201.437 239.249 263.174 9,1Nível de Fiscalidade (%) (1/2) 11,0 11,5 13,9 13,5 15,9 14,6Fonte: CGE 2005-2009

(Em milhões de Meticais)

Do quadro, verifica-se que ao longo do quinquénio, a tributação à economia tem vindo a crescer, destacando-se o ano de 2009, em que se registou o nível mais elevado, 15,9%, como resultado do maior crescimento das Receitas Fiscais (22,4%) em relação ao PIB (9,1%) no período em questão. De 2005 a 2007, houve um aumento de 2,9 pontos percentuais para, em 2008, registar-se uma ligeira redução de 0,4 pontos percentuais do Nível de Fiscalidade em relação ao exercício anterior.

Em termos da importância relativa assumida pelos principais tipos de impostos em Moçambique, os Impostos sobre Bens e Serviços continuam a constituir a maior fonte de receita (50,2% do total da receita cobrada), com especial destaque para o IVA, que representa 35,7% da Receita do Estado, conforme ilustra o Quadro n.º V.3. A arrecadação deste imposto registou um aumento de 2,62 pontos percentuais, relativamente ao exercício anterior.

Ainda neste grupo de impostos, no que toca à evolução do IVA, no quinquénio 2005-2009, observa-se, no geral, que a arrecadação, em termos nominais, teve um crescimento de 148,6% no período em questão, sendo, o ano de 2006, o que teve a variação mais acentuada (37,4%), em relação ao ano anterior, como se pode observar do Quadro n.º V.5.

Quadro n.º V.5 - Arrecadação do IVA

IVA 6.829 9.385 37,4 11.314 20,6 12.970 14,6 16.975 148,6 na Importação 4.576 5.687 24,3 4.616 -18,8 7.307 58,3 9.918 116,8 nas Operações

Internas 2.254 3.698 64,1 6.698 81,1 5.662 -15,5 7.057 213,1Fonte: CGE (2005-2009)

Var. (%)

2009 Var. (2009/05)

(Em millhões de Meticais)

Imposto 2005 2006 Var. (%)

2007 Var. (%)

2008

Relativamente às Receitas Fiscais, verifica-se que o Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas (IRPC) excedeu a previsão em 19,2%, o referente às Pessoas Singulares (IRPS) fê-lo em 2,6 %, conforme se constata do Quadro n.º V.3.

2 (35,7%-33,1%) = 2,6

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V-7

Nos dois primeiros anos do quinquénio em apreço, a variação da arrecadação destes impostos foi a taxas crescentes, porém, a partir de 2008, a tendência inverteu-se, passando de 26,6% para 17,1%, uma redução de 9,5 pontos percentuais, conforme se observa no quadro a seguir.

Quadro n.º V.6 – Evolução do IRPC e IRPS

Imposto 2005 2006 Var. (%)

2007 Var. (%)

2008 Var. (%)

2009 Var. (%)

IRPC 1.492.541 2.535.518 69,9 4.364.915 72,2 5.721.516 31,1 7.337.905 28,3IRPS 2.908.884 3.784.358 30,1 4.859.063 28,4 5.957.211 22,6 6.341.546 6,5Total 4.401.425 6.319.876 43,6 9.223.978 46,0 11.678.727 26,6 13.679.451 17,1Fonte: CGE (2005-2009)

(Em mil Meticais)

De destacar, no ano em consideração, que pela primeira vez desde a criação dos Impostos sobre o Rendimento, o IRPS é inferior ao IRPC, o que pode ter sido motivado pela intensificação das fiscalizações, adopção de nova legislação e a sensibilização da importância do pagamento do imposto.

A cobrança de Outros Impostos foi de 4.130.335 mil Meticais, correspondentes a 91,3% da previsão. Todavia, relativamente ao ano anterior, registou-se um aumento de 187,3%, dado que nesse ano, a arrecadação foi de 1.437.577 mil Meticais.

5.5 – Receitas de Capital

No geral, a realização das Receitas de Capital da Administração Central situou-se abaixo do previsto, com excepção das Outras Receitas de Capital, que tiveram uma sobrecumprimento de 10,9%. No que se refere à Administração Provincial, nota-se que as Receitas de Capital se situaram, também, abaixo do previsto (31.352 mil Meticais), com uma realização de 88,3% (27.681 mil Meticais), conforme ilustrado no Quadro n.º V.3.

Com vista a aferir-se a evolução da Receita de Capital ao longo do quinquénio, elaborou-se o Quadro n.º V.7, a seguir apresentado.

Não foi possível efectuar-se a análise comparada de algumas sub-rubricas das Receitas de Capital, por não apresentarem valores, em alguns anos, e pela omissão de algumas rubricas, noutros.

Quadro n.V.7 - Evolução da Receita de Capital no Quinquénio 2005-2009

2005 2006 Var (%) 2007 Var (%) 2008 Var (%) 2009 Var (%) Receitas de Capital 1.123.671 1.333.057 18,6 1.850.071 38,8 1.740.256 -5,9 1.715.255 -1,4 Alienação de Bens - 25.676 0,0 40.023 55,9 69.667 74,1 669.770 861,4 Receita de Dividendos 683.671 731.115 6,9 606.348 -17,1 348.892 -42,5 319.054 -8,6 Outra Receita de Capital 290.000 126.266 -56,5 - -100 - 0,0 726.431 0,0 Receita de Concessões - 450.000 0,0 1.203.700 167,5 1.321.697 9,8 - -100

Fonte: Mapa II das CGE 2005-2009

(Em mil Meticais)

Transferência de Lucro das Empresas Estatais 150.000

No quadro, verifica-se que nos dois primeiros anos do quinquénio em apreço, a variação da arrecadação foi a taxas crescentes, destacando-se o ano de 2007, com 38,8%. Porém, a partir de 2008, observou-se uma variação negativa de 5,9 %, para 1,4%, em 2009.

Relativamente à sub-rubrica Outras Receitas de Capital, constante do Mapa II da CGE de 2009, cujo valor cobrado foi de 726.431 mil Meticais, o Tribunal Administrativo solicitou o detalhe da sua composição, tendo se elaborado, da resposta, o Quadro n.º V.8.

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V-8

No exercício de 2009, o Governo incorporou as Receitas de Concessões na sub-rubrica Outras Receitas de Capital, que antes era uma sub-rubrica separada. Esta alteração no registo e apresentação impossibilita a comparação dos dados da Conta. Deste modo, o TA reitera a necessidade de se rever o classificador vigente, aprovando-se um que integre mais rubricas.

No que concerne a este assunto, o Governo, pronunciando-se em sede do contraditório, afirmou que “está em curso um trabalho visando a actualização do Classificador Económico da Receita”.

No quadro a seguir, apresenta-se o detalhe da sub - rubrica “Outras Receitas de Capital”:

Quadro n.º V.8 - Outras Receitas de Capital

Discriminação ValorHCB 585.070Mcel 37.535MPDC 51.334Coca-Cola 40.003CDN 10.659Valor de Dividendos Transitado do exercício de 2008 1.830

Total 726.431Fonte: Esclarecimentos sobre a CGE de 2009

(Em Mil Meticais)

Como se pode observar no quadro, muitas entidades continuam, ainda, a não encaminhar os montantes devidos no que tange às Receitas de Concessões, uma vez que o Estado concedeu licenças de concessões, como sejam nas áreas das estradas e das telecomunicações.

Nesta última, por exemplo, existe uma autoridade reguladora, que é o Instituto Nacional das Comunicações de Moçambique, órgão que ao abrigo do Decreto n.º 64/2004, de 29 de Dezembro, deve cobrar diversas taxas que não se encontram espelhadas na Conta.

Por outro lado, conforme foi apresentado no ponto 5.2, continuam a não ser objecto de inscrição orçamental e nem constam do Mapa I da CGE, a débito, os reembolsos efectuados em 2009, dos empréstimos concedidos em anos anteriores, no valor de 253.645,1 mil Meticais. Correspondendo os reembolsos à amortização de capital e juros por empréstimos concedidos pelo Estado, que são aplicações financeiras, é entendimento deste Tribunal que os mesmos deveriam ser classificados como receita de capital, independentemente da origem dos fundos com que se concederam os empréstimos.

Relativamente a esta questão, o Governo, em sede do contraditório, referiu que “está em curso um trabalho visando a criação de um classificador específico que permita o registo dos reembolsos e dos juros dos empréstimos concedidos pelo Estado”.

5.5.1 - Alienação de Bens

Relativamente a esta rubrica, foi pedido o detalhe, tanto de nível Central, como do Provincial, dos 669.770 mil Meticais apresentados no Mapa II da CGE de 2009, correspondentes à rubrica “Alienação de Bens”, tendo o Governo apresentado a informação constante do quadro a seguir.

Não é feita menção às Direcções das Áreas Fiscais de Cuamba, Montepuez, Mocímboa da Praia, Angoche, Nacala, Gúruè, Vilanculos, Quissico, Chibuto e as UGC´s da Beira, Nampula, Maputo, por não terem registado qualquer montante.

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V-9

Quadro n.º V.9 – Alienação de Bens

Central Provincial TotalLichinga 223 1.425 1.648Pemba 0 6.005 6.005Nampula 1.971 7.167 9.138Quelimane 5.732 193 5.925Mocuba 587 7 593Chimoio 907 2.270 3.178Tete 665 0 6651.º Bairro Fiscal da Beira 2.560 3.876 6.4362.º Bairro Fiscal da Beira 0 54 54Inhambane 1.325 374 1.700Xai-Xai 3.579 589 4.168Chókwè 15 0 15Manhiça 0 25 25Matola 3.884 1.211 5.0951.º Bairro Fiscal de Maputo 616.780 3.678 620.4582.º Bairro Fiscal de Maputo 4.667 0 4.667Total 642.894 26.876 669.770Fonte: Anexo IV dos Esclarecimentos sobre a CGE de 2009

(Em mil Meticais)

DAF´S/UGC´S Execução do Orçamento

No que respeita à alienação de bens, a DAF do 1.º Bairro de Maputo obteve a maior arrecadação, seguida das DAF’s de Nampula e do 1.º Bairro da Beira, com 620.458 mil Meticais, 9.138 mil Meticais e 6.436 mil Meticais, respectivamente. Registaram menores arrecadações as DAF’s de Chókwè (15 mil Meticais), Manhiça (25 mil Meticais) e do 2.º Bairro da Beira (54 mil Meticais).

Na auditoria efectuada por este Tribunal na Direcção Nacional do Património do Estado, à Conta n.º 221.00000473.519.000.1- MZM- Alienação de Imóveis, relativamente aos créditos, procedeu-se à análise dos movimentos da mesma e dos documentos que lhes servem de suporte, tendo-se constatado o seguinte:

a) não especificação do período a que dizem respeito as receitas transferidas para o Fundo para o Fomento da Habitação, no total de 60.000 mil Meticais, o que não permite certificar se estas transferências foram efectuadas na proporção fixada;

b) o referido valor transferido para a conta titulada pelo FFH, no âmbito do IV Contrato Programa assinado em 04 de Novembro de 2005, com o Governo, não se visualiza, em qualquer dos mapas da CGE de 2009.

Por estas razões não é possível fazer a comparação dos valores em causa, uma vez que são omissos na CGE, constatação esta que vem sendo observada pelo TA.

No que concerne a esta questão, o Governo referiu, em suma, que dada a complexidade dos mecanismos dos pagamentos dos valores da alienação dos imóveis do Estado, a Direcção Nacional do Património do Estado só toma conhecimento da proveniência e do período a que corresponde a receita após a comunicação, nesse sentido, pelas Direcções Provinciais do Plano e Finanças e pelos compradores dos imóveis do Estado.

Assim, torna-se necessário simplificar os mecanismos de pagamento e comunicação da informação, de modo a que as diferentes fases do processo possam ocorrer em tempo útil.

5.5.1.1 - Receitas de Alienação das Participações do Estado

Na auditoria efectuada ao IGEPE, foi apurado o montante de 64.921 mil Meticais, de receitas de alienação das participações do Estado, como se ilustra no quadro seguinte.

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V-10

Quadro n.º V.10 - Receitas de Alienação das Participações do Estado

Estado (90%)

IGEPE (10%)

Total

Venda das Participações - A 41.382 4.429 45.811 70,6

Tata Agro-Industrial, Lda. 4.590 510 5.100 11,1Interfranca 9.188 1.020 10.208 22,3Companhia Industrial da Matola 3.870 430 4.300 9,4CIEDIMA 243 27 270 0,6Hotel Santa Cruz 20.250 2.250 22.500 49,1SEMOC 465 52 517 1,1

Armazéns da ex- Tabaco de Manica 1.260 140 1.400 3,1

Companhia do Búzi a) 1.516 0 1.516 3,3Alienação aos GTT's - B 17.199 1.911 19.110 29,4Cimentos de Moçambique, SA 13.176 1.464 14.640 76,6Millennium bim, SA 243 27 270 1,4EMOSE 3.780 420 4.200 22,0Receita Total- C=A+B 58.581 6.340 64.921 100

Peso em relação a receita total (%) 90,2 9,8 100

Fonte: IGEPE

Peso%

(Em mil Meticais)Valor

Descrição

a) Receita não repartida pelo IGEPE por se tratar de juros vencidos. A receita de 64.921 mil Meticais, indicada no quadro supra, não foi identificada na CGE de 2009, concluindo-se assim, que o Governo continua a ter dificuldade na especificação dos valores da rubrica Alienação de Bens, que deveria conter informação sobre todo o produto decorrente da alienação do património do Estado.

É entendimento deste Tribunal que as receitas resultantes da alienação das participações do Estado deverão, também, constar da rubrica de Alienação de Bens do Mapa II da CGE, o que permitiria maior fiabilidade e/ou clareza dos dados da Conta.

5.5.2 - Receita de Dividendos

Segundo o Mapa-II da CGE de 2009, a Receita de Dividendos do Estado arrecadada totalizou 319.054 mil Meticais. Com vista à certificação dos dados da CGE, o Tribunal Administrativo realizou uma auditoria ao IGEPE, cujos resultados da receita de dividendos constam do Quadro n.º V.11, em que se observa a existência de uma diferença entre o valor de dividendos que cabe ao Estado, apurado na auditoria (67.978 mil Meticais) e o declarado na CGE de 2009 (319.054 mil Meticais), havendo uma discrepância de 251.076 mil Meticais.

O Governo, no exercício do contraditório, afirmou, relativamente à diferença que se observa entre o valor de dividendos, apurado na auditoria ao IGEPE e o declarado na CGE 2009, o seguinte:

a) existem sociedades anónimas participadas pelo Estado, onde o capital social é subscrito pelo Tesouro e pelo IGEPE, das quais fazem parte a Domus e a Stema;

b) existem sociedades anónimas participadas pelo Estado, onde o capital social é subscrito apenas pelo IGEPE, como é o caso da Coca-Cola e da Cervejas de Moçambique;

c) o IGEPE tem mandato para gerir e contabilizar os dividendos provenientes das participações do Tesouro nas sociedades anónimas e das suas próprias participações;

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V-11

d) o IGEPE na sua contabilidade aplica o princípio de especialização de exercício, sendo que contabiliza as receitas no ano em que elas dizem respeito, mesmo que não tenham sido pagas, enquanto o Tesouro contabiliza no momento do pagamento;

e) o Estado contabiliza globalmente os dividendos pagos pelas sociedades cujas participações são geridas pelo IGEPE e os dividendos pagos pelas empresas do Estado.

Como se observa, a afirmação do Governo não esclarece a origem da diferença constatada, persistindo, por isso, a questão levantada.

Refira-se que a Conta Geral do Estado deve individualizar e especificar com clareza, exactidão e simplicidade a natureza dos montantes da rubrica Receita de Dividendos, de modo a permitir a sua análise económica e financeira.

Apresenta-se, a seguir, o quadro que ilustra os dividendos em 2009.

Quadro n.º V.11 - Receita de Dividendos em 2009

Estado IGEPE TOTAL(1) (2) (3)=(1)+(2)

Mozal, SA. - - - Coca-Cola, SA. - 27.863 27.863Stema, SA. 866 1.945 2.811Domus, SA. 117 815 932Cervejas de Moçambique, SA. - 9.800 9.800Mcel - Moçambique Celular, SA. 24.797 10.627 35.425Millennium bim, SA. 34.320 14.708 49.028Ciedima, SA. 39 17 55TDM, SA. - - - Companhia.Moçambicana de Hidrocarbonetos 4.510 1.933 6.443Cimentos de Moçambique 3.330 1.427 4.757Total 67.978 69.136 137.114Fonte: IGEPE

Empresas

(Em mil Meticais)

Adicionalmente, da auditoria efectuada à Direcção Nacional de Tesouro (DNT), apurou-se que na conta Bancária n.º 001748519015-MPF- “Dividendos das Participações do Estado”, o total dos créditos relativos aos dividendos foi de 959.766 mil Meticais, valor que também diverge do reportado na CGE.

Refira-se que esta conta bancária, para além dos dividendos das participações do Estado, integra também os valores relativos a concessões, privatizações e outros créditos não especificados, o que não permite o apuramento do valor real correspondente aos dividendos do Estado, e o cruzamento dos dados.

O Governo, reagindo ao Relatório Preliminar, reiterou esta informação, afirmando que “a conta “Dividendos Participações do Estado” foi assim denominada para contemplar as receitas que o Estado recebe das suas participações. Sendo dividendos uma receita de capital, optou-se por, igualmente, contemplar na conta, as outras receitas de capital como é o caso das receitas de concessões classificadas como “Outras Receitas de Capital”, seguindo o princípio de redução de contas bancárias do Estado”.

Comparando a informação obtida na auditoria ao IGEPE com a dos extractos da conta bancária dos Dividendos das Participações do Estado, constatou-se que:

a) apenas a Moçambique Celular, SA. (Mcel) efectuou pagamentos iguais aos reportados pelo Estado, na referida conta;

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V-12

b) a Coca-Cola, SA. efectuou uma transferência de 40.003 mil Meticais, referentes a dividendos. Este valor é manifestamente superior ao apurado no decurso da auditoria ao IGEPE (27.863 mil Meticais);

Relativamente à Coca-Cola, o Governo afirmou que o montante transferido não diz respeito a dividendos, mas sim, à devolução do montante de suprimentos efectuados pelo Estado, na mesma, aquando da implantação da empresa, estando classificado como “Outras Receitas de Capital” e não como “Dividendos”.

Ainda que se tomem em conta estes esclarecimentos do Governo, sobre esta matéria, em sede do contraditório, a soma das rubricas “ Receita de Dividendos” e “ Outras Receitas de Capital” perfaz 1.045.485 mil Meticais, valor que diverge do da soma obtida dos Créditos dos Dividendos, Concessões e Outras, na Conta dos Dividendos do Estado (943.548 mil Meticais).

c) o IGEPE transferiu 70.989 mil Meticais para a conta bancária de dividendos acima indicada, referentes ao resultado líquido do exercício económico de 2008.

5.6 - Receitas Próprias de Organismos e Instituições do Estado

Segundo o Mapa II-4 da CGE de 2009, as Receitas cobradas por organismos e instituições do Estado totalizaram 1.336.836 mil Meticais, resultantes da sua actividade específica, da administração e alienação do seu património.

No mesmo mapa, o Tribunal Administrativo constatou a incorporação do IGEPE no Ministério da Planificação e Desenvolvimento e do Instituto Superior de Administração Pública (ISAP), no Ministério da Administração Estatal. O Governo, sobre o assunto, esclareceu que aquelas instituições foram incluídas indevidamente. Observa-se, que conforme preceitua o n.º 1 do artigo 46 da Lei que cria o SISTAFE, “A Conta Geral do Estado deve ainda ser elaborada com clareza, exactidão e simplicidade, de modo a possibilitar a sua análise económica e financeira”.

Na conferência dos totais daquele mapa, houve necessidade de se proceder a ajustamentos no mesmo, dado terem-se verificado diferenças nos totais das colunas respeitantes à Previsão e Cobrança, nos montantes de 898 mil Meticais e 1.363 mil Meticais, respectivamente.

Destaca-se, neste exercício, como nos anos anteriores, que a previsão dos valores da receita por arrecadar não é realista, na medida em que persiste a sobrestimação e a subestimação, por parte das instituições do Estado, dos montantes em causa.

Relativamente à previsão das receitas, o Governo referiu, sumariamente, em sede do contraditório, que “(...) introduziu na lei orçamental3 um dispositivo visando motivar os organismos e instituições do Estado a inscrever no Orçamento as respectivas receitas próprias e consignadas, provenientes do excesso de arrecadação e dos saldos transitados”.

Da comparação do total arrecadado com o previsto, resulta um sobrecumprimento de 22,9%, conforme ilustra o Quadro n.º V.12, a seguir apresentado.

3 Lei orçamental de 2010

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V-13

Quadro n.º V.12 – Receitas Próprias de Âmbito Central

Valor Peso %(1) (2) (3) (4)=(2)/(1)

Ministério da Saúde 205.846 278.321 20,8 135,2Ministério das Obras Públicas e Habitação 25.208 62.710 4,7 248,8Ministério da Defesa Nacional 7.000 1.800 0,1 25,7Ministério do Turismo 72.494 31.901 2,4 44,0Ministério dos Transportes e Comunicações 15.242 16.141 1,2 105,9Ministério do Interior 104.010 155.877 11,7 149,9Ministério para Coord. da Acção Ambiental 2.338 0 0,0 0,0Ministério da Educação e Cultura 296.803 499.421 37,4 168,3Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação 112.861 97.010 7,3 86,0Ministério do Trabalho 8.854 769 0,1 8,7Ministério das Finanças 79.683 95.304 7,1 119,6Ministério da Planificação e Desenvolvimento 500 0 0,0 0,0Ministério dos Recursos Minerais 53.191 9.741 0,7 18,3Ministério da Energia 40.933 70.710 5,3 172,7Ministério da Juventude e Desportos 8.000 8.826 0,7 110,3Ministério das Pescas 8.799 5.787 0,4 65,8Ministério da Agricultura 44.655 1.155 0,1 2,6Ministério da Função Pública 900 1.370 0,1 152,2

Total 1.086.417 1.335.473 100 122,9Total da CGE 1.087.315 1.336.836

Diferença 898 1.363Fonte: Mapa II-4 da CGE 2009

(Em mil Meticais)

Designação PrevisãoArrecadação da Receita

Em termos de realização, destaca-se o Ministério das Obras Públicas e Habitação, com 248,8 % de arrecadação em relação ao previsto, seguido dos Ministérios da Energia, da Educação e Cultura, da Função Pública e do Ministério do Interior, com 172,7%, 168,3%, 152,2% e 149,9%, respectivamente.

Ainda do quadro em análise, observa-se que tal como ocorrera no ano anterior, os Ministérios da Educação e Cultura e da Saúde são os que tiveram maior peso do total arrecadado, com 37,4% e 20,8%, respectivamente.

Conforme se observa, dos Quadros n.ºs V.12 e V.14, existem ainda muitas outras instituições públicas com receitas próprias que não constam da CGE de 2009.

5.6.1– Receitas Próprias de Organismos e Instituições de Âmbito Provincial

No Quadro n.º V.12.1 a seguir apresentado, observa-se que, no geral, a cobrança, em mais de metade das províncias, mostrou-se manifestamente superior à previsão.

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V-14

Quadro n.º V.12.1 – Receitas Próprias de Âmbito Provincial

(1) (2) (3) (4)=(2)/(1)Niassa 133 100 0,1 75,2Cabo Delegado 135 464 0,4 343,7Nampula 5.648 856 0,7 15,2Zambézia 3.132 5.190 4,5 165,7Tete 1.961 157 0,1 8,0Manica 140 1.317 1,2 940,7Sofala 30.949 49.523 43,3 160,0Inhambane 16.691 2.756 2,4 16,5Gaza 5.857 20.069 17,6 342,6Maputo 10.064 13.411 11,7 133,3Cidade de Maputo 5.520 20.402 17,9 369,6

TOTAL 80.230 114.245 100,0 142,4

(Em mil Meticais)

Fonte: Mapa II-4 da CGE 2009

ProvínciaPrevisão

Arrecadação

Peso (%)

Valor %

No que se refere à realização, destaca-se a Província de Manica com maior taxa de arrecadação em relação ao valor previsto, com 940,7%, seguida da Cidade de Maputo e Províncias de Cabo Delgado e de Gaza, com 369,6%, 343,7% e 342,6%, respectivamente.

Ao nível provincial, sucede o mesmo em relação à previsão dos valores da receita por arrecadar, conforme foi referido na análise das Receitas Próprias de Âmbito Central.

Quanto à contribuição na arrecadação, o destaque foi para a Província de Sofala, com 43,3%, seguida da Cidade de Maputo (17,9%), Províncias de Gaza (17,6%) e de Maputo (11,7%).

5.6.2– Receitas Próprias de Organismos e Instituições de Âmbito Distrital

No Quadro n.º V.12.2, a seguir, depreende-se que a Província de Gaza é a única cujas cobranças superaram as respectivas previsões, em 62,8%.

Quadro n.º V. 12.2 – Receitas Próprias de Âmbito Distrital

(1) (2) (3) (4)=(2)/(1)

Niassa 4.523 954 1,7 21,1Cabo Delgado 5.108 2.860 5,0 56,0Nampula 15.511 14.296 25,1 92,2Zambézia 8.511 5.554 9,7 65,3Tete 5.800 1.288 2,3 22,2Manica 7.543 6.212 10,9 82,4Sofala 8.665 5.102 8,9 58,9Inhambane 10.016 6.499 11,4 64,9Gaza 5.485 8.927 15,7 162,8Maputo 8.242 5.333 9,4 64,7

TOTAL 79.404 57.025 100,0 71,8Fonte: Mapa II-4 da CGE 2009

(Em mil Meticais)

Distritos das Províncias de

PrevisãoArrecadação

Peso (%)

Valor %

Quanto à participação, as Províncias de Nampula, Gaza e Inhambane, assumem o maior peso na arrecadação, com 25,1%, 15,7% e 11,4%, respectivamente.

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V-15

Tal como no exercício anterior, a Província do Niassa continua a registar os menores níveis de cobrança.

5.7 – Receitas Consignadas da Administração Central

No ano em análise, as receitas consignadas arrecadadas por organismos e instituições do Estado, perfizeram 3.478.834 mil Meticais, correspondentes a 93% do previsto.

Relativamente à percentagem de cobrança no que tange ao previsto, destaca-se o Ministério da Justiça, com 515,2%, o Ministério da Saúde, com 299,2%, o Ministério da Coordenação para Acção Ambiental, 244,9% e o Ministério do Trabalho, com 154,3%.

Quanto à participação das instituições no total cobrado, o Ministério das Obras Públicas e Habitação representa 68,8%, seguido do Ministério das Finanças, do Ministério dos Transportes e Comunicações e do Ministério da Energia, com 8,3%, 6,6% e 4,6%, respectivamente.

Por outro lado, o Ministério dos Recursos Minerais, com uma previsão de 188.700 mil Meticais é a entidade com a menor percentagem de arrecadação, com 10,7%, ou seja 20.245 mil Meticais, conforme o Quadro n.º V.13, a seguir apresentado.

Quadro n.º V.13 – Receitas Consignadas

Previsão CobrançaPeso (%) %

Ministério das Finanças 382.984 289.157 8,3 75,5Ministério da Administração Estatal 2.145 750 0,0 35,0Ministério do Turismo 40.787 41.688 1,2 102,2Ministério da Educação e Cultura 2.505 1.217 0,0 48,6Gabinete da Informação 0 2.165 0,1 _Ministério da Saúde 29.425 88.031 2,5 299,2Ministério das Obras Públicas e Habitação 2.332.453 2.395.012 68,8 102,7Ministério da Agricultura 2.996 971 0,0 32,4Ministério dos Transportes e Comunicações 248.879 228.733 6,6 91,9Ministério dos Recursos Minerais 188.700 20.245 0,6 10,7Ministério da Energia 228.645 161.218 4,6 70,5GPZ 85.355 17.184 0,5 20,1Ministério do Interior 13.400 3.676 0,1 27,4Ministério da Indústria e Comércio 12.719 6.703 0,2 52,7Tribunal Administrativo 14.644 4.200 0,1 28,7Ministério das Pescas 89.491 84.795 2,4 94,8Ministério p/ Coord. da Acção Ambiental 8.662 21.210 0,6 244,9Ministério da Justiça 8.235 42.425 1,2 515,2Ministério da Juventude e Desportos 3.000 0 0,0 0,0Ministério do Trabalho 45.000 69.454 2,0 154,3

Total 3.740.025 3.478.834 100,0 93,0Fonte: Mapa II-3 da CGE 2009

(Em mil Meticais)

InstituiçãoArrecadação da Receita

Contrariamente ao que o Governo refere no Relatório sobre os Resultados da Execução Orçamental de 2009, quanto à inscrição de todas as Receitas Fiscais, bem como das Próprias, das instituições do Estado, na Conta Geral do Estado de 2009, parte daquelas receitas (Próprias), não figura na Conta, o que também é válido em relação às receitas consignadas de algumas entidades, conforme se apresenta a seguir.

Salienta-se que os exemplos que se expõem no Quadro n.º V.14, adiante, são de instituições de Âmbito Central e Provincial auditadas pelo Tribunal Administrativo (TA).

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Quadro n.º V.14 - Instituições que arrecadaram Receita

Entidade Auditada Previsão Arrecadação Previsão ArrecadaçãoMin. Coorden. Acção Ambiental - FUNAB - 110 2.338 0DPAN - 5.808 133 100DPOPHN - 99 133 100MOPH - FFH - 60 - -

Entidade Auditada Previsão Arrecadação Previsão ArrecadaçãoMin. da Energia - Direcção

de Energia (Repartição de

Fiscalização) 600 1.504 - -DPPFN - 306 - -

(Em mil Meticais)Receitas Proprias

Fonte: Resultados de auditorias e Mapas II-3 e II-4 da CGE 2009

nas Auditorias na CGE

Receitas Consignadasna Auditoria na CGE

Durante as auditorias foi constatado que as instituições arrecadam receitas consignadas, mas que as mesmas não são reflectidas na Conta Geral do Estado. Por outro lado, observa-se, no quadro, que o Fundo do Ambiente (FUNAB), a Direcção Provincial da Agricultura do Niassa (DPAN), Direcção de Obras Públicas e Habitação do Niassa (DPOPHN) e Direcção Provincial do Plano e Finanças do Niassa (DPPFN) arrecadaram receitas que não foram objecto de previsão, o que contraria o estabelecido no n.º 2 do artigo 14 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, que cria o SISTAFE.

Do que foi referido, conclui-se que muitas instituições, tanto de Âmbito Central, como Provincial, ainda prestam informação deficiente, o que influi na fiabilidade dos dados constantes na CGE, violando o disposto no n.º 1 do artigo 46 da lei acima referida, segundo o qual a Conta Geral do Estado deve ser elaborada com clareza, exactidão e simplicidade de modo a possibilitar a sua análise económica e financeira.

5.8 – Análise da Cobrança das Receitas da Administração Central, por Província

Neste ponto, procede-se à análise da distribuição da arrecadação das receitas internas de Âmbito Central, cobradas por cada uma das províncias do País, no quinquénio 2005-2009.

O Quadro n.º V.15 a seguir, mostra a distribuição do peso da receita arrecadada pelas províncias ao longo do período, sendo a Cidade de Maputo responsável por 64,4 % do total cobrado em 2009, taxa que diminuiu 15,1 pontos percentuais, quando comparada com a de 2005 (79,5%).

Em termos de arrecadação de receita, à Cidade de Maputo, seguem-se as Províncias de Maputo, Sofala e Nampula, com 19%, 7,2% e 4,1% de cobrança, respectivamente.

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Quadro n.º V.15 – Cobrança das Receitas da Administração Central

Valor Peso% Valor Peso% Valor Peso% Valor Peso% Valor Peso

% Niassa 59.105 0,3 96.148 0,4 109.720 0,3 129.969 0,3 141.288 0,3Cabo Delgado 115.591 0,6 133.749 0,5 174.663 0,5 214.481 0,6 241.580 0,5Nampula 918.750 4,5 1.243.832 4,6 1.562.451 4,6 1.789.575 4,6 1.912.174 4,1Zambézia 224.816 1,1 297.210 1,1 306.544 0,9 330.655 0,9 336.761 0,7Tete 288.777 1,4 324.403 1,2 407.233 1,2 578.170 1,5 740.772 1,6Manica 191.626 0,9 294.247 1,1 357.596 1,0 436.931 1,1 528.981 1,1Sofala 1.488.975 7,2 1.995.227 7,5 2.395.896 7,0 2.673.412 6,9 3.397.057 7,2Inhambane 123.831 0,6 162.413 0,6 182.716 0,5 234.634 0,6 247.937 0,5Gaza 104.702 0,5 142.328 0,5 169.898 0,5 254.228 0,5 230.818 0,5Maputo 691.960 3,4 959.007 3,6 1.220.493 3,6 4.035.278 10,4 8.945.625 19,0Cidade de Maputo 16.349.064 79,5 21.106.131 78,9 27.309.958 79,9 28.144.874 72,5 30.261.600 64,4

Total 20.557.197 100,0 26.754.695 100,0 34.197.168 100,0 38.822.207 100,0 46.984.593 100,0Fonte: Mapa II-1 da CGE (2005-2009)

(Em mil Meticais)2009

Província200820072005 2006

Analisando o total cobrado por província, verifica-se que, em 2009, em termos gerais, houve um aumento na cobrança das receitas, comparativamente ao exercício de 2008, na ordem de 17%4.

5.9 - Análise da Cobrança das Receitas da Administração Provincial

No concernente à cobrança do período 2005 a 2009, a variação acumulada fixou-se em 50,9%, conforme o Quadro n.º V.16, que a seguir se apresenta.

Quadro n.º V.16 – Evolução das Receitas da Administração Provincial

Niassa 6.980 1,8 10.285 2,6 47,3 8.928 3,2 -13,2 12.041 3,3 34,9 12.738 2,2 5,8 82,5Cabo Delgado 8.873 2,3 11.474 2,9 29,3 12.248 4,4 6,7 15.004 4,1 22,5 21.180 3,6 41,2 138,7Nampula 42.423 11,0 39.935 10,0 -5,9 37.609 13,6 -5,8 48.493 13,2 28,9 56.286 9,7 16,1 32,7Zambézia 16.878 4,4 20.609 5,1 22,1 20.938 7,6 1,6 23.918 6,5 14,2 28.733 5,0 20,1 70,2Tete 9.955 2,6 10.070 2,5 1,2 6.998 2,5 -30,5 14.074 3,8 101,1 22.316 3,8 58,6 124,2Manica 11.317 2,9 15.165 3,8 34,0 11.864 4,3 -21,8 22.463 6,1 89,3 97.334 16,8 333,3 760,1Sofala 18.930 4,9 22.526 5,6 19,0 26.728 9,7 18,7 40.169 10,9 50,3 82.971 14,3 106,6 338,3Inhambane 19.659 5,1 18.177 4,5 -7,5 15.042 5,4 -17,2 22.403 6,1 48,9 29.218 5,0 30,4 48,6Gaza 18.627 4,8 19.560 4,9 5,0 19.955 7,2 2,0 26.434 7,2 32,5 49.022 8,4 85,5 163,2Maputo 26.571 6,9 26.888 6,7 1,2 21.505 7,8 -20,0 43.698 11,9 103,2 52.227 9,0 19,5 96,6Cidade de Maputo 204.339 53,1 206.002 51,4 0,8 94.646 34,2 -54,1 99.165 27,0 4,8 128.368 22,1 29,4 -37,2Total 384.552 100,0 400.691 100,0 4,2 276.461 100,0 -31,0 367.862 100,0 33,1 580.393 100,0 57,8 50,9Fonte: Mapa II-2 da CGE (2005–2008)

Var. (%) 2008 Peso%Províncias 2005 Peso% 2006

(Em mil Meticais)

2009 Peso% Var. (%)

Var. 09/05

Var. (%)Peso% Var.

(%) 2007 Peso%

Quanto à cobrança das Receitas da Administração Provincial, ao longo de 2005 – 2009, embora se destaque a Cidade de Maputo, em termos de peso na cobrança, é de referir que a mesma tem estado a baixar ao longo dos 5 anos em referência, tendo, em 2009, o peso mais baixo do quinquénio, 22,1%, depois de ter atingido 53,1%, em 2005. Contrariamente à redução do peso da Cidade do Maputo, outras províncias têm vindo a aumentar o seu peso relativo na cobrança de receitas, nomeadamente Manica, Sofala eTete.

As províncias que mais se destacaram, no aumento da cobrança em cada ano do quinquénio, são as que se seguem:

a) Nampula, Maputo, Inhambane e Sofala, em 2005;

b) Nampula, Maputo, Sofala e Zambézia, em 2006;

c) Nampula, Sofala, Maputo e Zambézia, em 2007; 4 [(45.407.895-38.822.207)/38.822.207)*100=17,%

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V-18

d) Nampula, Maputo, Sofala e Gaza, em 2008;

e) Manica, Sofala, Nampula e Maputo, em 2009.

Em 2009, as Províncias de Manica, Sofala e Gaza, comparativamente ao exercício de 2008, registaram as taxas mais elevadas de crescimento, com 333,3%, 106,6% e 85,5%, respectivamente.

5.10 – Receita Cobrada através das Execuções Fiscais

Os saldos em dívida, apresentados na CGE, conforme o TA tem estado a referir nos seus relatórios, não constituem a totalidade dos existentes para a cobrança coerciva, uma vez que só são debitados aos juízos os conhecimentos de cobrança relativos às multas passadas aos contribuintes faltosos.

O Tribunal Administrativo tem vindo a constatar uma descontinuidade na observância de procedimentos estatuídos no que concerne à cobrança de impostos, sem alternativas suficientemente explicadas aos diferentes intervenientes no processo.

Relativamente a esta questão, o Governo, no documento remetido ao Tribunal Administrativo em 2008, no exercício do contraditório, afirmou que “está em curso um trabalho a nível da Autoridade Tributária para o estabelecimento de procedimentos que visam garantir a harmonização entre o disposto nos Códigos de Impostos em vigor e o disposto no Código das Execuções Fiscais em matéria de tratamento das dívidas tributárias. Os novos procedimentos serão adoptados em 2010”.

Para dar seguimento à resposta acima citada, o Tribunal Administrativo solicitou a indicação do ponto da situação dos novos procedimentos adoptados, tendo o Governo informado que “foram levados a cabo trabalhos de harmonização ao nível dos diversos órgãos da Autoridade Tributária tendo em vista a reintrodução dos conhecimentos de cobrança. No decurso do presente exercício fiscal serão emanadas instruções visando a observância dos respectivos procedimentos”.

Antes da reforma tributária, ora em curso, tanto para os impostos como para as multas não cobradas nos prazos legalmente fixados, eram emitidos, por todas as Direcções de Áreas Fiscais (DAF´s), conhecimentos de cobrança que eram debitados ao recebedor, que os anulava na elaboração do M/27, acompanhado dos conhecimentos que, posteriormente, eram relaxados ao Juízo das Execuções Fiscais, para a cobrança coerciva.

Actualmente, as Direcções de Áreas Fiscais extraem certidões de relaxe e enviam-nas, através de uma nota, directamente ao Juízo das Execuções Fiscais, para a cobrança coerciva, sem passar pelo Recebedor, possuindo estas certidões, nalguns casos, a mesma numeração. Esta situação, conforme vem alertando o TA, tem implicações na quantificação da dívida fiscal, sua contabilização e, principalmente, na responsabilização dos intervenientes.

Por outro lado, o artigo 33 da Lei n.º 9/2002, que cria o SISTAFE, estabelece que “Os valores relativos a contribuições e impostos e demais créditos fiscais do Estado, liquidados e não cobrados dentro do exercício financeiro de origem, constituem dívida activa e são incorporados em conta própria, findo o exercício, pela contabilidade pública”, o que até ao presente não foi cumprido.

Sobre as questões acima arroladas o Governo, em sede do contraditório, informou que “(...) está na fase conclusiva a harmonização dos procedimentos constantes dos Códigos de Impostos e o disposto no Código das Execuções Fiscais, em matéria de tratamento das dívidas tributárias, incluindo a compatibilização com o sistema informático de registo e gestão da receita”.

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TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2009

V-19

Assim, em 31 de Dezembro de 2009, o valor das dívidas ao Estado, resultantes dos documentos debitados aos Recebedores das áreas fiscais e, posteriormente, enviados à cobrança coerciva, ascendia a 1.377.206 mil Meticais, mais 17.991 mil Meticais em relação ao ano anterior, conforme se pode observar no Quadro n.º V.17, a seguir.

Quadro n.º V.17 – Movimento dos Conhecimentos de Cobrança do Orçamento Central

Designação 2005 % 2006 % 2007 % 2008 % 2009 %

Saldo Anterior 1.285.823 _ 1.277.458 _ 1.314.421 _ 1.268.242 _ 1.395.197 _Débitos 268.001 _ 273.529 _ 51.446 _ 401.851 _ 106.244 _Sub-Total 1.553.824 100,0 1.550.987 100,0 1.365.867 100,0 1.670.093 100,0 1.501.441 100,0Cobrados 30.092 1,9 53.402 3,4 20.485 1,5 16.049 1,0 58.888 3,9Anulados 246.274 15,8 183.164 11,8 77.140 5,6 258.847 15,5 65.347 4,4Saldo Final 1.277.458 82,2 1.314.421 84,7 1.268.242 92,9 1.395.197 83,5 1.377.206 91,7Sub-Total 1.553.824 1.550.987 1.365.867 1.670.093 1.501.441Fonte: Mapa I-6 da CGE (2005-2009)

(Em mil Meticais)

Refira-se que no exercício económico anterior, os conhecimentos de cobrança representavam 3,6%5 da Receita Total da Administração Central sendo que, no presente exercício, estes baixaram para 2,9%6, um decréscimo de 0,7 pontos percentuais.

A taxa de cobrança, no exercício em análise, atingiu 3,9%, o que representa uma evolução de 2,9 pontos percentuais comparativamente ao ano de 2008.

Apesar da melhoria verificada na cobrança, em 2009, os índices de cobrança continuam baixos, tornando-se necessário que a Administração Fiscal, neste domínio, envide esforços na aplicação de medidas tendentes a reverter o cenário, conforme vem recomendando o Tribunal Administrativo.

5.11 - Benefícios Fiscais

Nos termos do estabelecido na alínea d) do n.º 2 do artigo 10 do Regimento da 3.ª Secção do Tribunal Administrativo, aprovado pela Lei n.º 16/97, de 10 de Julho, este Tribunal aprecia, em sede do Relatório e do Parecer sobre a Conta Geral do Estado, os “(...) benefícios fiscais, créditos e outras formas de apoio concedidos directa ou indirectamente”.

Por seu turno, o n.º 1 do artigo 2 do Código dos Benefícios Fiscais, aprovado pela Lei n.º 4/2009, de 12 de Janeiro, define como benefícios fiscais “(...) as medidas que impliquem a isenção ou redução do montante a pagar dos impostos em vigor, com o fim de favorecer as actividades de reconhecido interesse público, (...)” os quais são discriminados no n.º 2 do mesmo artigo, como sendo as deduções à matéria colectável, as deduções à colecta, as amortizações e reintegrações aceleradas, o crédito fiscal, a isenção e redução da taxa de impostos e o diferimento do pagamento destes.

No ano de 2009, os Benefícios Fiscais concedidos foram de 7.875 milhões de Meticais, classificados, conforme se ilustra no Quadro n.º V.18.

O Governo refere no Relatório Sobre os Resultados da Execução Orçamental da CGE de 2009 que “os benefícios aduaneiros ascenderam a 3.224 milhões de Meticais contra 2.192 milhões de Meticais em 2008, o que representou um aumento de 29,9% em termos reais, e 21,4% da cobrança dos impostos incidentes sobre as operações de comércio externo em 2009”.

5(1.395.197/38.822.209) *100=3,6% 6(1.377.206/46 984.592) *100=2,9%

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V-20

O Tribunal Administrativo, sobre o assunto, questionou as causas desses aumentos e quais foram os agentes económicos que usufruíram dos mesmos benefícios, tendo o Governo afirmado que “O crescimento dos encargos aduaneiros e IVA deveu-se, fundamentalmente, à aprovação do novo Código de Benefícios Fiscais, através da Lei n.º 4/2009, de 12 de Janeiro, justificado pela necessidade de acomodar outras áreas que no anterior código não eram abrangidas, designadamente, Indústria de Hotelaria e Turismo, Parques de Ciência e Tecnologia, Criação de Infra-estruturas Básicas, Indústria Transformadora e de Montagem, Zonas Económicas Especiais, Agricultura e Pescas”.

Quadro n.º V.18 – Benefícios Fiscais Concedidos

2008 2009Variação %

a)

Imposto Sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas 5.835 4.652 (22,8)

Imposto Sobre o Rendimento de Pessoas Singulares 0,3 0,03 (87,8)

Direitos Aduaneiros 712 1.011 25,4

Imposto Sobre Consumos Específicos - Produtos Importados 188 169 (20,6)

Imposto Sobre Valor Acrescentado (na Importação) 1.292 2.044 39,8

TOTAL 8.027 7.875 (8,4)

Fonte: Quadro da página 38 do Relatório sobre a Execução do Orçamento do Estado em 2009.

ImpostoBenefícios Fiscais

(Em milhões de Meticais)

a) Variação em termos reais com inflacção média de 3,25% e variação cambial média de 13,2%.

Por outro lado, no Pedido de Esclarecimentos sobre a CGE de 2009, foi solicitado ao Governo o detalhe, por direcção de área fiscal e separando as operações do comércio interno das do externo, do montante de 7.875 milhões de Meticais dos benefícios fiscais concedidos durante o ano, tendo o Executivo remetido, a este Tribunal, as informações relativas às operações do comércio interno, do IRPS e IRPC, que ascenderam a 4.652 milhões de Meticais.

Com base na informação recebida, elaborou-se o Quadro n.º V.19, com o detalhe dos benefícios fiscais usufruídos, distribuídos por direcções de áreas fiscais.

Conforme se observa, no Quadro n.º V.19, a seguir, à semelhança do exercício transacto, os Benefícios Fiscais concentram-se, maioritariamente, na Direcção de Área Fiscal da Matola, representando 73,4% do total.

Nesta Direcção, os benefícios concedidos e efectivamente usufruídos atingiram o montante de 3.414.470 mil Meticais, que representam 38,2% do total da receita cobrada em toda a Província de Maputo.

Na relação entre os Benefícios Fiscais concedidos, no âmbito dos Impostos Internos e os montantes arrecadados, nestes mesmos tributos, à Província de Maputo seguem-se a de Tete, a de Sofala, e a Cidade de Maputo com 7,7%, 3,8% e 3,6%, respectivamente.

De forma global, observa-se que o valor referente aos Benefícios Fiscais concedidos no âmbito dos Impostos Internos (4.651.638 mil Meticais) representa 10,3% do total arrecadado por estas direcções, relativamente a esses impostos (45.266.607 mil Meticais).

A Província do Niassa não é indicada no Quadro n.º V.19, por não ter usufruído de qualquer benefício fiscal no presente exercício.

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V-21

Quadro n.º V.19 – Benefícios Fiscais nos Impostos Internos

ValorPeso (%)

(1) (2) (3) (4)=(2)/(1)Cidade de Maputo 28.684.902 1.032.000 22,2 3,6Unidade de Grandes Contribuintes Especial de Maputo 1.022.584 22,0Direcção de Área Fiscal do 1.º Bairro Fiscal de Maputo 3.821 0,1Direcção de Área Fiscal do 2.º Bairro Fiscal de Maputo 5.595 0,1Maputo 8.945.625 3.414.470 73,4 38,2Direcção de Área Fiscal da Matola 3.414.470 73,4Direcção de Área Fiscal de Magude 0 0,0Gaza 230.818 1.502 0,0 0,7Direcção de Área Fiscal de Chibuto 1.502 0,0Inhambane 247.937 73 0,0 0,0Direcção de Área Fiscal de Inhambane 73 0,0Sofala 3.397.057 130.022 2,8 3,8Unidade de Grandes Contribuintes Especial da Beira 128.802 2,8Direcção de Área Fiscal do 1.º Bairro Fiscal da Beira 506 0,0Direcção de Área Fiscal do 2.º Bairro Fiscal da Beira 714 0,0Manica 528.981 6.132 0,1 1,2Direcção de Área Fiscal de Chimoio 6.132 0,1Tete 740.772 57.087 1,2 7,7Direcção de Área Fiscal de Tete 57.087 1,2Zambézia 336.761 2.010 0,0 0,6Direcção de Área Fiscal de Quelimane 1.888 0,0Direcção de Área Fiscal de Mocuba 122 0,0Direcção de Área Fiscal de Gúruè 0 0,0Nampula 1.912.174 7.795 0,2 0,4Unidade de Grandes Contribuintes Especial de Nampula 5.877 0,1Direcção de Área Fiscal de Nampula 0 0,0Direcção de Área Fiscal de Nacala 1.919 0,0Direcção de Área Fiscal de Angoche 0 0,0Cabo Delgado 241.580 546 0,0 0,2Direcção de Área Fiscal de Pemba 546 0,0

Total 45.266.607 4.651.638 100,0 10,3Fonte: Mapa II-1 da CGE 2009 e Anexo III dos Esclarecimentos sobre a CGE de 2009

(Em mil Meticais)

Província/Área FiscalReceita

Cobrada

Benefício FiscalBenefício/ Receita

O Tribunal Administrativo, em sede do Pedido de Esclarecimentos sobre a CGE de 2009, questionou o Governo, relativamente à despesa fiscal do exercício de 2009, correspondente ao valor da receita cessante referente aos mega-projectos. Na resposta, o Governo informou que dos benefícios fiscais concedidos, 3.400.1087 mil Meticais, 43,2% do total são relativos aos mega-projectos.

5.12 - Reembolsos do IVA

Através da Direcção de Controlo de Cobrança, Reembolsos e Benefícios Fiscais (Divisão de Reembolsos do IVA), durante o exercício económico de 2009, foram solicitados 2.364.241 mil Meticais tendo sido pagos, como reembolsos do IVA, 898.847 mil Meticais (38%) que correspondem a 5,3%8 do valor total arrecadado na rubrica. Desse montante, 245.070 mil Meticais são dos pedidos apresentados pelos contribuintes em anos anteriores e 653.775 mil Meticais, respeitam a 2009.

Neste exercício, tal como no transacto, o valor do IVA apresentado nos mapas da receita da CGE é bruto, ou seja, dele não foi deduzido o total dos reembolsos pagos no ano. Também, não foram registados, na execução da despesa, os montantes relativos ao reembolso do IVA, durante 2009.

7 (3400/7.875) *100=43,2%. Os valores dos benefícios foram reduzidos para milhões de Meticais 8 (898.846,8/16.974.926) *100 = 5,3%

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V-22

Os reembolsos do IVA são contabilizados como despesa por via das operações de tesouraria, sendo que, no exercício em apreço, foram adiantados 450.000 mil Meticais que, até ao final de 2009, não tinham sido regularizados, conforme se detalhará no Capítulo VII – Operações de Tesouraria, deste relatório.

A seguir, no Quadro n.º V.20, apresenta-se a informação relativa aos reembolsos do IVA pagos no ano em apreço, por província.

Quadro n.º V.20 – Reembolsos do IVA Pagos em 2009, por Província

Anos Anteriores

2009 TotalAnos

Anteriores e 2009

2009

(1) (2) (3)=(1)+(2) (4) (5) (6)=(4)+(5) (7)=(6)/(3) (8)=(5)/(3)

Cidade de Maputo 3.778.419 5.416.658 9.195.077 104.548 254.487 359.035 3,9 2,8Cabo Delgado 24.960 40.454 65.414 322 3.933 4.255 6,5 6,0Gaza 4.342 64.408 68.750 0 273 273 0,4 0,4Inhambane 9.770 84.400 94.170 1.085 0 1.085 1,2 0,0Manica 195.740 79.512 275.252 0 425 425 0,2 0,2Maputo 3.835.252 602.929 4.438.181 5.382 228.371 233.753 5,3 5,1Nampula 720.845 182.726 903.571 15.473 20.432 35.905 4,0 2,3Niassa 9.747 22.067 31.814 0 0 0 0,0 0,0Sofala 1.155.922 353.713 1.509.635 102.045 119.326 221.371 14,7 7,9Tete 121.652 139.592 261.244 14.591 314 14.905 5,7 0,1Zambézia 61.435 70.383 131.818 3 2.619 2.622 2,0 2,0Sub - total 9.918.085 7.056.841 16.974.926 243.449 630.180 873.629 5,1 3,7Diplomatas 0 0 0 1.621 23.595 25.216 0 0Despesas Bancárias 0 0 0 0 0 2 0 0

Total 9.918.085 7.056.841 16.974.926 245.070 653.775 898.847 5,3 3,9Fonte: Mapa II-1 da CGE 2009, DGA e Divisão de Reembolsos do IVA

(Em mil Meticais)

Província

IVA na Importação

IVA nas Operações Internas

Total do IVA

Reembolsos %

No que concerne à relação entre os montantes reembolsados em 2009 e o total do imposto liquidado no mesmo ano, verifica-se que a Província de Sofala, em termos relativos, foi a que mais reembolsou, com 7,9%, seguida da de Cabo Delgado, com 6%, de Maputo, com 5,1% e a Cidade de Maputo, com 2,8%. Às restantes províncias correspondem à percentagens situadas abaixo de 2,5%, sendo que em Inhambane e Niassa não houve reembolsos relacionados com as liquidações do ano 2009.

A distribuição de reembolsos, relativamente ao total do IVA e por províncias, no exercício em análise, obedece à sequência seguinte: Província de Sofala, com 14,7%, Cabo Delgado, com 6,5%, Zambézia, com 5,7% e Maputo, com 5,3%.

Quanto aos valores absolutos dos montantes totais reembolsados, destaca-se a Cidade de Maputo (239.035 mil Meticais), seguida das Províncias de Maputo (233.753 mil Meticais), de Sofala (221.371 mil Meticais) e de Nampula (35.905 mil Meticais).

Ainda no que tange aos reembolsos do IVA, o Tribunal Administrativo solicitou ao Governo a informação sobre o número de pedidos que deram entrada em 2009 e a indicação dos pagos no decorrer do mesmo exercício. O Governo esclareceu que, no exercício económico em apreço, deram entrada nos Serviços Centrais do IVA 902 processos, tendo sido pagos 478 (53%).

Os números de pedidos de reembolso do IVA de regime normal e de diplomatas, com detalhes dos diferentes estágios, designadamente, a quantidade e valor dos processos i) recebidos, ii) tratados, iii) em análise, iv) autorizados por pagar e v) em despacho, são apresentados no quadro a seguir.

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V-23

Quadro n.º V.21 - Tramitação de Reembolsos de IVA em 2009

Regime normal 477 319 158Diplomatas 425 243 182

Total 902 562 340

Regime normal 2.284.138 1.249.865 1.034.273Diplomatas 80.103 59.950 20.153Total 2.364.241 1.309.815 1.054.426Fonte: elaborado com base na informação da DGI*Tratados = (Indeferidos, suspensos,anulados e pagos)

0,45 161

Fórmula (B/A)

Dias (B/A)*360

0,38 136

Tratados*

Valor (Em mil Meticais)

Transitados para 2010 (B)Processos

Total solicitado em 2009

(A)

Depreende-se, da verificação dos dados relativos aos reembolsos do presente exercício económico, que os processos que transitam para o ano seguinte correspondem a 38% do total das solicitações e 45% do valor global solicitado.

Salienta-se que os reembolsos estão a ser pagos por Operações de Tesouraria, quando deveriam-no ser através de uma verba própria criada para tal, devidamente orçamentada.

A análise efectuada no quadro acima permite concluir que existe uma certa previsibilidade no tratamento dos mesmos, possibilitando, desta maneira, a inscrição, no Orçamento, de montantes mais consentâneos com os efectivamente executados, evitando-se o uso das Operações de Tesouraria, conforme tem referido o TA nos relatórios anteriores.

Ademais, o artigo 18 do Regulamento da Cobrança, Pagamento e do Reembolso do IVA, aprovado pelo Decreto n.º 77/98, de 29 de Dezembro, estabelece que “O Ministro do Plano e Finanças determinará, anualmente, a dotação necessária para o aprovisionamento das contas de depósito a que se refere o artigo anterior9, a sair do Orçamento do Estado, sob proposta da Direcção Nacional de Impostos e Auditoria”.

Os pedidos de reembolso e as restituições de IVA efectuados durante o ano de 2009 e dos anos anteriores, separando as operações internas das externas, por província são apresentados no quadro que se segue.

9 Conta de depósito à ordem dos Serviços Centrais do IVA, actualmente integrados na Divisão de Reembolsos da DGI.

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V-24

Quadro n.º V.22 – Reembolsos do IVA por Sectores de Actividade

De anos Anteriores

Valor Valor Peso (%) Valor Peso

(%)

Moagens 8.002 89.351 13,7 97.354 10,8Estradas e Pontes 29.173 26.519 4,1 55.692 6,2Açucareiras 109 117.324 17,9 117.433 13,1Investidores 67.712 238.599 36,5 306.310 34,1Isenção Completa* 73.367 20.296 3,1 93.663 10,4Exportadores 48.681 115.043 17,6 163.723 18,2Outros 16.405 23.049 3,5 39.454 4,4Sub-Total 243.449 630.180 96 873.629 97,2Diplomatas 1.621 23.595 3,6 25.216 2,8Despesas Bancárias 0 2 2 0,0Total 245.070 653.777 100 898.847 100,0

* Composta por entidades que se dedicam à comercialização de Arroz, Pão (Padarias), Óleos e Sabões, Rações entre outros produtos conforme, o artigo 9 do CIVA.

(Em mil Meticais)

Fonte: Anexo II dos Esclarecimentos sobre a CGE de 2009

Designação2009 Total

Reembolsos pagos em 2009

Constata-se, no Quadro n.º V.22 que, por sectores, os Investidores constituem o grupo que, em termos absolutos, absorveu a maior parte dos reembolsos, com 306.310 mil Meticais, o que representa 34,1% do total reembolsado, seguindo-se os Exportadores, com 163.723 mil Meticais, o equivalente a 18,2%.

Os reembolsos do IVA aos Exportadores representam 2%10 do IVA. Porém, relacionando os reembolsos expurgados dos exportadores com o IVA nas operações internas, estes representam 10%11 do total arrecadado internamente.

5.13 – Outros Reembolsos de Impostos

Relativamente aos outros reembolsos de impostos, o Tribunal Administrativo, à semelhança do exercício anterior, apurou, durante a acção de auditoria realizada à DNCP, que foram efectuados desembolsos para o pagamento do IRPS e de IRPC a favor da Direcção Geral de Impostos, no valor de global de 125.052 mil Meticais, registado no sector 6518 – Outras Despesas Correntes, no âmbito dos programas “EGE-2008-OF06” e “EGE-2008-OF14”.

Adita-se que o valor aludido extraiu-se da análise de uma amostra de 95% do total gasto neste subsector. A referida despesa foi inscrita na verba “160099 – Outras”, pela inexistência de uma outra que melhor se prestasse ao seu registo. Uma vez que os reembolsos destes tributos são resultado do próprio mecanismo de funcionamento dos impostos, torna-se necessária a adequação do classificador, por forma a comportar uma verba específica, para permitir uma análise efectiva da eficiência da Administração Fiscal.

5.14 – Resultado das Auditorias

Tendo em vista a certificação dos dados da CGE 2009 relativos à receita arrecadada, foram realizadas auditorias a várias instituições, sendo de destacar as Direcções das Áreas Fiscais de Lichinga (DAFL), do 1.º Bairro de Maputo (DAF 1.º Bairro) e de Pemba (DAFP) e Juízo

10 (163.723/9.918.085) *100 = 2% 11 (735.124/7.056.841) *100 = 10 %

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V-25

Privativo das Execuções Fiscais de Maputo (JPEFM), cujos resultados principais se apresentam a seguir.

5.14.1 - Resumo da Arrecadação do IRPC nas DAF´s Auditadas

A seguir faz-se o resumo das constatações relevantes levantadas nas DAF´s auditadas sobre o IRPC.

5.14.1.1 - Direcção da Área Fiscal de Lichinga (DAFL)

Esta DAF, em 2009, arrecadou 57.365 mil Meticais de Imposto sobre o Rendimento. Do valor total, 52.967 mil Meticais (92,3%)12 correspondem ao Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRPS) e 4.398 mil Meticais (7,7%), ao IRPC.

5.14.1.2 - IRPC dos Maiores Contribuintes

Neste ponto, a análise da arrecadação do IRPC incidiu sobre 8 contribuintes cujos pagamentos atingiram 3.724 mil Meticais, representando 84,7%13 do valor total arrecadado em IRPC.

Para efeitos de aferição, o Tribunal verificou as Declarações de Rendimento (M/22), os M/39 relativos à Liquidação Definitiva de 2008 dos pagamentos realizados em 2009. Os dados das declarações foram cruzados com a informação constante das Listas de Receitas fornecidas préviamente pela DAFL.

No quadro que se segue, é apresentada a informação, por sectores, dos 3.724 mil Meticais acima.

Quadro n.º V.23 - IRPC Cobrado, por Sector de Actividade, dos Maiores Contribuintes

Pagamento Especial Por

Conta

Retenções na Fonte

Juros Compensat

órios

Valor Peso % Valor Peso % Valor Peso % Valor Valor Valor

Turismo 656 17,6 298 34,6 239 28,3 0 0 119

Agricultura 1.928 51,8 68 7,9 0 0,0 80 1.780 0

Prestação de Serviços 780 20,9 322 37,4 424 50,2 30 0 3

Construção 360 9,7 172

20,0 181

21,5 0 0 7

Total Geral 3.724 100,0 860 100,0 845 100,0 110 1.780 129

Peso Sobre Total do IRPC Pago (%) 100,0 23,1 22,7 3,0 47,8 3,5

Total do IRPC Arrecadado em 2009 4.398

Peso da Amostra (%) 84,7

Fonte: Declarações de Rendimento (M22) e M39

Sector de Actividade

(Em mil Meticais)

Total do IRPC Pago em 2009

IRPC - Liquidação Definitiva 2008

Pagamento Por Conta

No quadro, verifica-se que a Agricultura, com 1.928 mil Meticais, representa 51,8% do total do IRPC arrecadado pelos maiores contribuintes, seguido pelos sectores de Prestação de Serviços (780 mil Meticais), Turismo (656 mil Meticais) e Construção (360 mil Meticais), correspondendo a 20,9%, 17,6% e 9,7%, respectivamente.

Na composição do imposto, nota-se que as Retenções na Fonte fixaram- se em 1.780 mil Meticais, evidenciando-se com o peso de 47,8%. Às Retenções, seguem-se a Liquidação Definitiva, com 860 mil Meticais e os Pagamentos por Conta, com 845 mil Meticais, com os pesos de 23,1% e 22,7%, respectivamente.

12 (52.967/57.364)*100 13 (3.723,6/4.397,8)*100

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V-26

Verificados os processos fornecidos e a restante documentação, constatou-se que os sujeitos passivos SOCIN, Lda. e a ACOL, Lda. não realizaram o pagamento especial por conta de 30 mil Meticais, o mesmo sucedeu com a CHIKWETI FOREST OF NIASSA, SARL, no valor de 10 mil Meticais. Refira-se que a ACOL, Lda. não remeteu à DAFL o M/22 de 2008.

Analisada a lista dos contribuintes faltosos em IRPC, verificou-se que não foram incluídas as dívidas referidas no parágrafo anterior, o que significa que aquelas terão ficado fora do controlo da DAF.

Sobre este assunto o Governo, em sede do contraditório, afirmou que foi instruída a Direcção da Área Fiscal de Lichinga para sanar as irregularidades e que o assunto será objecto de monitoramento contínuo.

Dos factos constatados, conclui-se que na DAFL não se obedeceu ao preceituado na alínea c) do artigo 54 da Lei n.º 15/2002, de 26 de Junho, que estabelece os princípios de organização do Sistema Tributário da República de Moçambique (Lei de Bases), segundo o qual “Os Órgãos da Administração Tributária devem (...) fiscalizar a liquidação e pagamento dos tributos”.

5.14.1.3 - IRPC dos Fornecedores das Direcções Provinciais de Niassa

O TA realizou auditorias às Direcções Provinciais da Agricultura, da Educação e Cultura, da Saúde, das Obras Públicas e Habitação e da Indústria e Comércio, todas do Niassa. Destas direcções, foi seleccionada uma amostra de 21 contribuintes que celebraram contratos de fornecimento de bens e prestação de serviços e empreitadas de obras públicas, com o objectivo de aferir a regularidade fiscal dos mesmos. Daqueles sujeitos passivos, 4 são contribuintes do IRPC e 17 de IRPS.

Da verificação aos processos dos contribuintes, constatou-se que a empresa SOCOL, Lda. não remeteu, à DAFL, o M/22 de 2008 e não procedeu a qualquer pagamento de IRPC, em 2009, não tendo a mesma tomado qualquer medida coerciva.

Reagindo ao relatório preliminar, o Governo afirmou que “ A empresa SOCOL, Lda. apresentou a Declaração Periódica de Rendimentos M/22 de 2008, tendo sido efectuadas liquidações correctivas, de onde resultou matéria colectável de 941.883,64 Meticais e imposto liquidado de 301.402,76 Meticais, já notificados para pagamento. Por não ter sido regularizada a dívida, esta foi relaxada para cobrança coerciva”.

Importa referir que esta informação não foi fornecida durante a auditoria e que as dívidas em causa foram relaxadas para cobrança coerciva em Maio de 2010, após a realização da mesma pelo TA.

A situação descrita acima demonstra que este contribuinte não tinha a situação fiscal regularizada, no exercício em consideração.

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V-27

Quadro n.º V.24 - IRPC dos Fornecedores das Direcções Provinciais do Niassa

Descrição Valor do Contrato

Total do IRPC Pago

em 2009

IRPC - Liquidação Definitiva

2008

Pagamento por Conta

Pagamento Especial por

Conta

Retenções na Fonte

Juros Compensat

órios

Direcção Provincial da Agricultura do Niassa

833,45 419,8 209,6 174,0 30,0 0,0 6,1

Direcção Provincial da Educação e Cultura do Niassa 5.296,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Total 6.129,4 419,8 209,6 174,0 30,0 0,0 6,1Peso Sobre Total do IRPC Pago (%) 100,0 49,9 41,5 7,1 0,0 1,5

4.397,8

9,5Fonte: Declarações de Rendimento M/22Peso da Amostra (%)

(Em mil Meicais)

Total do IRPC Arrecadado em 2009

Até à altura da realização da auditoria, não havia indicação de que os mesmos tivessem declarado as vendas efectuadas às entidades contratantes.

5.14.2 – Benefícios Fiscais

A aferição da situação fiscal dos Contribuintes com Benefícios Fiscais usufruídos em 2009 baseou-se na lista dos Projectos de Investimento Autorizados a nível local, no âmbito dos anteriores códigos (Decreto n.º 12/93, de 21 de Julho e Decreto n.º 16/2002, de 27 de Junho), nos Termos de Autorização, nas declarações M/22 e M/39, ambos de 2008, fornecidos pela DAFL.

A verificação dos benefícios fiscais incidiu sobre processos de 13 sujeitos passivos, tendo-se apurado o seguinte:

a) não constavam dos processos os termos dos contribuintes Fundação Malonda, New Forest Malonda, SA e Malonda Tree Farms;

Relativamente a este assunto, em sede do contraditório, o Governo afirmou que “a DAF de Lichinga não recebeu os Termos de Autorização, daí não constarem da lista dos beneficiários dos incentivos fiscais”.

Sobre este pronunciamento, cabe referir que, contrariamente à afirmação do Governo, a DAF de Lichinga integrou aqueles contribuintes no Mapa de Projectos de Investimentos, tendo-os classificado como Autorizados e em Implementação.

b) os contribuintes, Tenga, Lda., Malonda Tree Farms, Chiconono – Projecto de Reflorestamento e Gloreinvideru, não remeteram os M/22, à DAFL.

O Governo afirmou, essencialmente, no exercício do contraditório, que foram notificados, os contribuintes Tenga, Lda., Malonda Tree Farms, Chiconono – Projecto de Reflorestamento, no mês de Maio, para apresentarem a declaração M/22, tendo sido instruída a DAF de Lichinga para sanar as irregularidades do contribuinte Gloreinvideru, bem como de outros que eventualmente se encontrem na mesma situação.

5.14.3 - Imposto Sobre o Rendimento de Pessoas Singulares

Neste ponto, apresentam-se os resultados da análise referente a receita proveniente do IRPS.

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V-28

5.14.3.1 - IRPS dos Fornecedores das Direcções Provinciais do Niassa

Da aferição da situação fiscal dos fornecedores das Direcções Provinciais de Niassa enquadrados no IRPS, resultou a informação descrita no Quadro n.º V.25.

Observa-se, no quadro, que os fornecedores realizaram, em 2009, pagamentos totais de 748,6 mil Meticais, dos quais 594,4 mil Meticais são referentes à Liquidação Definitiva de IRPS de 2008 e representam 79,4% do total do IRPS da amostra.

Os pagamentos por Conta e Especial por Conta atingiram 130,7 mil Meticais e 20 mil Meticais, respectivamente, com pesos correspondentes a 17,5% e 2,7%. Os juros compensatórios totalizaram 3,5 mil Meticais e o seu peso foi de 0,5%.

Quadro n.º V.25 - IRPS Pago pelos Fornecedores das Direcções Provinciais de Niassa

Valor do Contrato/Pagamento de Serviço

Total do IRPS pago

2009

IRPS-Liquidação Definitiva

2008

Pagamento por Conta

Pagamento Especial por

Conta

Retenções na Fonte

Juros Compensat

órios

Direcção Provincial da Agricultura do Niassa

2.977,3 121,0 109,5 11,3 0,0 0,0 0,2

Direcção Provincial da Educação e Cultura do Niassa

3.807,9 360,6 337,2 0,0 20,0 0,0 3,3

Direcção Provincial da Saúde do Niassa

5.029,50 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Direcção Provincial das Obras Públicas do Niassa

2.768,1 267,0 147,7 119,3 0,0 0,0 0,0

Direcção Provincial da Indústria e Comércio do Niassa

368,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Total Geral 14.950,8 748,6 594,4 130,7 20,0 0,0 3,5Peso Sobre o Total do IRPS Pago (%) 100,0 79,4 17,5 2,7 0,0 0,5

52.967,01,4

Fonte: Declarações de Rendimento e M/19Peso da Amostra (%)Total do IRPC Arrecadado em 2009

(Em mil Meticais)

Da verificação aos processos dos fornecedores, constatou-se o seguinte:

a) a Leila Construções, Lda. tem a pagar duas prestações que totalizam 8 mil Meticais;

b) a Eletro Office, Lda. não pagou duas prestações em atraso de pagamento por conta, no valor de 14,6 mil Meticais;

c) a Millennium Construções de Danilo Montany Varind não remeteu a declaração de rendimento (M10) do exercício de 2008, como também não efectuou qualquer pagamento de IRPS, em 2009. Contudo, celebrou um contrato de prestação de serviços com a Direcção Provincial da Saúde do Niassa, no valor de 2.138 mil Meticais;

d) a Solbatágua/Hidro Construções e Oficina, Lda. ficou por pagar, de Liquidação Definitiva de 2008, 41,3 mil Meticais e Pagamento por Conta de 34 mil Meticais;

e) a Econil Construções, de Mateus Esperança F. Chilala não procedeu a qualquer pagamento de IRPS, em 2009;

f) a Auto-Midas e Lucas Wane Salimo, E.I.14. não remeteram os M/10 de 2008.

E.I.14 - Empresa em nome Individual.

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V-29

Relativamente às constatações acima, o Governo, em resposta ao relatório preliminar, afirmou, em síntese, que as dívidas das empresas Leila Construções, Lda. e da Eletro Office, Lda. já se encontram regularizadas e remeteu os comprovativos dos pagamentos das dívidas, que ocorreram em Maio de 2010.

No que se refere à Solbatágua/Hidro Construções e Oficina, Lda., o Governo remeteu a cópia da Certidão de Relaxe da dívida, emitida em Maio de 2010, para cobrança coerciva. Em relação à situação dos restantes, o Governo afirmou ter sido instruída a DAF de Lichinga para sanar as respectivas irregularidades e de outros contribuintes em situações similares e que a acção será objecto de monitoramento.

As constatações acima descritas demonstram que os mencionados fornecedores, até ao final do exercício em consideração, não tinham a sua situação fiscal devidamente regularizada.

Sobre esta matéria, é de assinalar que a regularidade fiscal é um factor essencial para a contratação com o Estado, conforme estabelece o artigo 18 do Regulamento da Contratação de Empreitada de Obras Públicas, Fornecimento de Bens e Prestação de Serviços ao Estado, aprovado pelo Decreto n.º 54/2005, de 13 de Dezembro, que preceitua que “são elegíveis a concorrer na contratação de empreitada de obras, fornecimento de bens ou prestação de serviços, as pessoas singulares ou colectivas, nacionais ou estrangeiras, que demonstrem possuir qualificações jurídica, económico-financeira e técnica e regularidade fiscal.” Esta última é comprovada através da Certidão de Quitação emitida pela Administração Fiscal, segundo o disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 23 do referido Regulamento, pelo que é necessário que a DAF promova acções de controlo cada vez mais eficientes para que os contribuintes em situação fiscal irregular não se candidatem aos concursos públicos.

Por outro lado, as dívidas apuradas acima não estão reflectidas no mapa dos contribuintes faltosos em IRPS, do Relatório de Actividades da DAF, sendo evidente que ficaram fora do controlo da entidade.

5.14.4 - Arrecadação do IVA na Direcção de Área Fiscal de Lichinga (DAFL)

A DAFL, no presente exercício económico, arrecadou 17.250 mil Meticais, na rubrica do IVA nas Operações Internas. Para cobrar esta receita, a entidade abrange um universo de 336 contribuintes deste imposto.

Com o objectivo de se aferir a situação fiscal, bem como os pagamentos efectuados pelos mesmos, foram analisados 34 processos individuais de sujeitos passivos, sendo 6 relativos aos maiores contribuintes da DAF, 7 dos contribuintes com créditos sistemáticos e um total de 21 Fornecedores de Bens e Serviços ao Estado.

Destes últimos, 5 são fornecedores da Direcção Provincial da Agricultura, 5 da Direcção Provincial da Educação e Cultura, 4 da Direcção Provincial da Saúde, 3 da Direcção Provincial das Obras Públicas e Habitação e 4 da Direcção da Indústria e Comércio, todas do Niassa, como se ilustra no Quadro n.º V.26.

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V-30

Quadro n.º V. 26 – Resumo da Arrecadação do IVA

1 6Maiores Contribuintes da DAFL

- - 109.599 19.607 20.451 15.332 6.058

2 7Contribuintes Com Créditos Sistemáticos

- - 15.768 2.739 8.070 10.167 0

3 5 Fornecedore da DPAN 41.145 4.858 39.792 6.809 6.253 99 627

4 5Fornecedores da DPECN 4.939 9.104 4.173 709 589 1 156

5 4 Fornecedores da DPSN 658 5.030 719 122 80 2 44

6 3 Fornecedores da DPOPH 73.038 2.784 67.035 11.396 11.245 225 541

7 4 DPICN 1.832 368 1.804 307 245 0 62Total 34 - 121.612 22.143 238.890 41.689 46.933 25.826 7.488

17,5 19,6 10,8 3,1

(Em mil Meticais)

N.º de Ordem Quantidade de Processos

Relação

Volume de vendas

declarado em 2009

Valor do Contrato com a

Entidade Pública

Base Tributável

Imposto

Crédito do Imposto

Pagamento efectivo

Participação da Base Tributária (%)Fonte: Declações Periódicas do IVA de 2009

a favor do Contribuinte

a favor do Estado

Da verificação efectuada as declarações periódicas M/A destes contribuintes constatou-se que não estavam inseridas, nos processos individuais de alguns contribuintes, as relativas a alguns meses e os dados foram obtidos a partir dos extractos do Sistema Interino de Cobrança da Receita (SICR).

5.14.5 – IRPC dos Maiores Contribuintes da Direcção de Área Fiscal de Pemba

Nesta DAF, foram analisados os processos de 24 maiores contribuintes subdivididos pelos sectores de actividade da Agricultura, Comércio, Construção, Exploração Florestal, Prestação de Serviços, Turismo e Transporte, cujos pagamentos ascenderam a 9.223 mil Meticais, o que representa 61,7% do IRPC total arrecadado neste imposto, conforme o Quadro n.º V.27 a seguir.

Quadro n.º V.27 - IRPC Cobrado por Sector da DAFP

Valor Peso (%) Valor Peso

(%) Valor Peso (%)

1 Agricultura 1.401 15,2 386 11,9 824 20,5 174 0 16,62 Comércio 5.309 57,6 2.002 61,8 2.341 58,1 629 249 87,8

3 Construção 1.106 12,0 294 9,1 576 14,3 223 0 13,54 Exploração Florestal 487 5,3 53 1,6 29 0,7 50 350 4,65 Prestação de Serviços 207 2,2 162 5,0 33 0,8 0 0 11,76 Turismo 377 4,1 252 7,8 86 2,1 30 0 8,8

7 Transporte 335 3,6 92 2,8 140 3,5 100 0 3,8

9.223 100 3.241 100 4.029 100,0 1.206 599 147

Peso Sobre Total do IRPC Pago (%) 100,0 35,1 43,7 13,1 6,5 1,6

Total do IRPC Arrecadado em 2009 14.947

Peso da Amostra (%) 61,7

Total

Fonte: Declarações de Rendimento (M/22) e M/39 e Listas de Pagamento

N.º de ordem

(Em mil Meticais)

Retenções na Fonte

Juros Compensatórios

Pagamento por Conta Pagamento

Especial por Conta

Total do IRPC Pago

IRPC Liquidação Definitiva 2008

Sector de Actividade

Verificando a composição do IRPC, constata-se, no mesmo quadro, que o Pagamento por Conta que atingiu 4.029 mil Meticais tem a maior representatividade (43,7%). A Liquidação Definitiva, com o valor de 3.241 mil Meticais, participa com o peso de 35,1% e o Pagamento Especial por Conta, com 1.206 mil Meticais, corresponde a 13,1 %, as Retenções na Fonte, no valor de 599

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V-31

mil Meticais, 6,5% de peso e, por último, os Juros de Mora, que somaram 147 mil Meticais, representando 1,6%.

No que tange ao total da arrecadação da receita por sectores de actividade, observa-se que o Comércio evidenciou-se ao registar 5.309 mil Meticais, representando, sobre o total pago, 57,6%. Seguem-se a Agricultura, com 1.401 mil Meticais e Construção, com 1.106 mil Meticais, com os pesos de 15,2% e 12%, respectivamente. A contribuição dos sectores de Exploração Florestal, Turismo, Transporte e Prestação de Serviços foi de 5,3%, 4,1%, 3,6% e 2,2 %, respectivamente.

5.14.6 - Arrecadação do IVA na Direcção de Área Fiscal de Pemba (DAFP)

A DAFP tem inscritos 179 sujeitos passivos do IVA que, no exercício, contribuíram com 35.860 mil Meticais na arrecadação deste imposto.

Por forma a aferir-se o balanço da situação fiscal, bem como os pagamentos efectuados pelos mesmos, foram analisados 56 processos individuais de sujeitos passivos, sendo 34 relativos aos maiores contribuintes da DAF, 15 dos contribuintes com créditos sistemáticos e um total de 7 fornecedores de Bens e Serviços ao Estado.

Destes últimos, 4 são da Direcção Provincial da Educação e Cultura de Cabo Delgado (DPECCD), 2 da Direcção Provincial da Saúde de Cabo Delgado (DPSCD), 1 da Direcção Provincial do Plano e Finanças de Cabo Delgado, como se observa no Quadro n.º V.28.

Quadro n.º V.28 – Resumo da Arrecadação do IVA

a favor do Estado

a favor do Contribuinte

134

Maiores contribuintes da DAFP

- 449.013 77.388 59.896 - 18.626

215

Contribuintes com créditos Sistemáticos

0 229.118 39.453 46.799 15.584 0

3 4 Fornecedores da DPECCD 8.535 8.654 1.778 1.287 54 1

42

Fornecedores da DPSCD 14.279 110 19 19 0 0

5 1 Fornecedores da DPPFCD 1.972 35.636 6.058 5.903 221 0

Total 56 - 24.786 722.531 124.695 113.905 15.859 18.62617,3 15,8 2,2 2,6Participação da Base Tributária (%)

Fonte: Declações Periódicas M/A do IVA de 2009

(Em mil Meticais)

N.º de Ordem

Quantida de Processos

Relação Valor de Contrato

Base Tributável

ImpostoCrédito do

ImpostoPagamento

efectivo

Da conferência efectuada às declarações periódicas M/A destes contribuintes, constatou-se, da amostra, que não estavam inseridas nos processos individuais dos contribuintes, as referentes aos meses de Agosto a Dezembro, tendo os dados sido obtidos com recurso aos extractos do SICR.

5.14.7 - IRPC dos Maiores Contribuintes da Direcção de Área Fiscal do 1.º Bairro Fiscal do Maputo

De acordo com os dados recolhidos do M/46, a DAF do 1.º Bairro, em 2009, arrecadou 1.300.606 mil Meticais de IRPC. Até 31/12/2009, esta tinha 10.763 contribuintes deste imposto, dos quais, segundo a mesma, 7.105 participaram efectivamente na receita cobrada.

A análise da arrecadação de IRPC incidiu sobre uma amostra de 59 contribuintes, de um total de 102 classificados pela DAF do 1.º Bairro, como maiores contribuintes.

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V-32

Foi feita a confrontação dos dados com as listas de guias de pagamento, uma vez que a informação constante do Mapa, relativa aos 102 contribuintes, fornecido pela entidade, apresentava divergências significativas quando comparada com a das guias de pagamento (M/39).

Assim, efectuou-se o somatório do valor da lista de guias de pagamento, para apurar os pagamentos totais de IRPC, tendo sido verificados 57 processos de sujeitos passivos com o total de 507.730 mil Meticais, o que representa 39% do total do IRPC de 2009. Contudo, as guias de pagamento fornecidas e conferidas representam apenas 24,8% do IRPC total.

No Quadro n.º V.29, apresenta-se a o resumo da informação relativa aos pagamentos dos maiores contribuintes.

Quadro n.º V.29 - IRPC dos Maiores Contribuintes

DescriçãoIRPC -

Liquidação Definitiva 2008

Pagamento por Conta

Pagamento Especial por Conta

Retenções na Fonte

Juros Compensató

riosTotal pago

Valor das Listas de Guias de Pagamento

Valores 100.485 96.359 1.319 123.624 549 322.335 514.657Peso (%) 31,2 29,9 0,4 38,4 0,2 100

(Em mil Meticais)

Fonte: Declarações de Rendimento M/22 e M/39 No quadro, verifica-se que dos M/39 analisados, as Retenções na Fonte, com 123.624 mil Meticais, tiveram o maior peso, 38,4%, na arrecadação do IRPC. Em seguida destacam-se a Liquidação Definitiva, com 100.485 mil Meticais, Pagamento por Conta, com 96.359 mil Meticais, representando 31,2% e 29,9%, respectivamente. Os restantes não registam valores significativos.

Refira-se que a DAF do 1.º Bairro, em sede do contraditório, remeteu um anexo afirmando que o mesmo apresentava a forma correcta de visualizar as prestações realizadas por cada contribuinte seleccionado, porém, não foi considerado por este Tribunal, por persistirem divergências no valor referente aos totais pagos, quando comparados com a informação constante das listas de guias de pagamento.

Da verificação aos M/22 de 2008 e às guias M/39, constatou-se que os contribuintes Unitrans - Moçambique, Lda. e Southern Sun Moçambique, Lda., aplicaram taxas reduzidas de 11,2% e 50%, respectivamente, no cálculo do IRPC. A DAF não os tinha listado como autorizados e dos seus processos não constavam os respectivos Termos de Autorização.

A situação acima descrita demonstra que a entidade não possui o seu arquivo devidamente organizado, o que contraria o preceituado no n.º 1 do artigo 90 das Normas de Funcionamento dos Serviços da Administração Pública, aprovadas pelo Decreto n.º 30/2001, de 15 de Outubro, que estabelece que “O arquivo será organizado a nível de serviços (...) de forma a facultar com eficiência, simplicidade e rapidez a obtenção de informação ou consulta”.

Relativamente a este assunto, o Governo, em sede do contraditório, pronunciou-se nos seguintes termos “Devido à reabilitação das instalações onde funciona a DAF do 1.º Bairro de Maputo foram movimentados os processos individuais dos contribuintes, cuja reorganização ainda decorre. No entanto, os contribuintes Unitrans - Moçambique, Lda. e Southern Sun Moçambique, Lda, gozam de redução da taxa de IRPC, conforme o termo de Autorização anexado”.

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V-33

5.14.7.1 - Benefícios Fiscais

A aferição da situação fiscal dos Contribuintes com Benefícios Fiscais usufruídos em 2009, baseou-se na lista dos Projectos de Investimento Autorizados a nível local, no quadro dos anteriores códigos (Decreto n.º 12/93, de 21 de Julho e Decreto n.º16/2002, de 27 de Junho), nos Termos de Autorização, nas declarações de rendimento (M/22) do exercício de 2008 e nas guias de pagamento do IRPC (M/39), todos fornecidos pela DAF.

A DAF do 1.º Bairro do Maputo facultou uma relação da qual foram seleccionados 97 contribuintes classificados como Autorizados e em Implementação. No decurso da auditoria, verificou-se, nos M/22, que mais 4 contribuintes, designadamente, Republic of Mozambique Pipeline Invest., Indústria Nacional de Precisão, Lda., Southern Sun Moçambique, Lda. e Unitrans Moçambique, Lda., deveriam estar integrados naquela relação, uma vez que reportaram benefícios fiscais.

Sobre o assunto, o Governo afirmou que “da relação de controle das empresas que gozam de benefícios fiscais produzida pela DAF do 1.º Bairro de Maputo, consta, por lapso, a designação do nome do Projecto e não da empresa implementadora, designadamente, i) ROMPCO, ao invés da Republic of Mozambique Pipeline Invest, ii) Maputo and Beira Credelec Metering, ao invés de Indústria Nacional de Precisão, Lda., e iii) Holiday Inn Maputo, ao invés de Southern Sun Moçambique, Lda. Relativamente à Unitrans Moçambique, Lda., por lapso, não foi incluída no referido Mapa, cuja situação se encontra regularizada”.

Durante a auditoria, não foram disponibilizados, à verificação, os Termos de Autorização de 24 contribuintes nos quais se incluem os 3 últimos da lista dos 4 acima indicados.

Refira-se que a DAF deveria possuir, no seu arquivo, os documentos relativos aos contribuintes, bem como os Termos de Autorização e/ou outros documentos respeitantes aos benefícios fiscais, conforme se pode aferir do artigo 7 do Código dos Benefícios Fiscais, aprovado pelo Decreto n.º 16/2002, de 27 de Junho.

Ainda, no âmbito da análise da regularidade dos benefícios, constatou-se que 52 contribuintes não procederam à entrega, na DAF, das respectivas declarações de rendimento.

No que tange ao assunto, o Governo afirmou que “apesar das 52 empresas terem efectuado o registo fiscal e serem detentoras do respectivo Termo de Autorização, não há evidências de terem iniciado com a implementação dos respectivos projectos e por não terem sido localizados, nos endereços constantes do registo fiscal, decorrem diligências para a localização e notificação”.

Sobre este pronunciamento, cabe referir que a prestação de informação contabilística, por parte daquelas empresas, permitirá avaliar se de facto as mesmas já iniciaram a implementação dos seus projectos, pelo que o Tribunal reitera a necessidade da sua localização e notificação.

No quadro a seguir, apresenta-se o resumo dos benefícios fiscais no exercício de 2009.

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V-34

Quadro n.º V.30 - Resumo dos Benefícios Fiscais em 2009

Sobre Mat. Col. Positiva

Sobre IRPC -Colecta

Sobre IRPC Pago

88.874 13,6 _ _ 651.649 100,0 _ _ 143.625 22,0 100,0 446 1.113 0,2 0,8 3 122.726 18,8 85,4 381 1.122 0,2 0,8 3

Antes da Aplicação da Taxa 3.058 0,5 2,1 9Depois da Aplicação da Taxa 395 0,1 0,3 1Redução da Taxa 32.415 5,0 22,6 101

35.867 5,5 25,0 111 13.711 2,1 9,5 43 32.231 4,9 22,4 100 21.647 3,3 15,07 67

IRPC - ColectadoPagamento Especial por Conta

(Em mil Meticais)

Designação Valor

Peso %

Matéria Colectável NegativaMatéria Colectável Positiva

Despesa FiscalFonte: Declarações de Rendimento M/22 e M/39

Pagamento por ContaRetencões na Fonte

Total de IRPC a RecuperarIRPC a final efectivamente pago

Benefícios Fiscais

Total dos Benefícios Fiscais

5.14.8 - Arrecadação do IVA na Direcção de Área Fiscal do 1.º Bairro do Maputo

Em 2009, nesta DAF, 11.972 sujeitos passivos contribuíram em termos efectivos para arrecadação do IVA.

Estes sujeitos passivos participaram, conforme a tabela M/46, com 1.707.340 mil Meticais, na rubrica do IVA relativo às Operações Internas.

Neste imposto, foram verificados 65 processos de sujeitos passivos, sendo 40 relativos aos maiores contribuintes da DAF e 25 dos contribuintes com créditos sistemáticos. No Quadro n.º V.31, apresenta-se o resumo da informação fiscal destes contribuintes.

Quadro n.º V.31 – Resumo da Arrecadação do IVA

1 40Maiores Contribuintes da DAF do 1.' Bairro 5.472.565 931.731 423.827 - 520.919

2 25 Contribuintes Com Créditos Sistemáticos 163.544 31.186 40.545 41.018 -

Total 65 - 5.636.109 962.917 464.372 41.018 520.91917,1 8,2 0,7 9,2

Fonte: Declações Periódicas do IVA de 2009

a favor do Estado

a favor do Contribuinte

(Em mil Meticais)

N.º de Ordem

Quantidade de Processos Relação Base Tributável

ImpostoCrédito do

ImpostoPagamento

efectivo

Participação da Base Tributável (%)

Da verificação efectuada às declarações periódicas M/A destes contribuintes, constatou-se que não foram objecto de autenticação pelos sujeitos passivos com a assinatura e carimbo. Verificaram-se, igualmente, inconsistências entre a informação dos modelos preenchidos pelos contribuintes e a dos extractos, o que dificulta o cruzamento da mesma.

5.14.9 – Resumo das Fiscalizações Tributárias na DAFL

Neste ponto, são apresentadas as constatações da auditoria realizada na DAFL, que foram as mais relevantes dos resultados das auditorias efectuadas às Direcções de Áeras Fiscais.

No âmbito das suas atribuições, a DAFL tem realizado acções de fiscalização interna dos diversos modelos apresentados pelos contribuintes e visitas externas aos estabelecimentos

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V-35

comercias dos sujeitos passivos, priorizando os que sistematicamente reportam créditos de imposto.

No exercício em apreço, a DAFL efectuou, com o auxílio de uma brigada de auditoria da Direcção de Auditoria, Fiscalização e Investigação (DAFI), um total de 17 visitas de auditoria e fiscalização tributária aos contribuintes de Lichinga. Destas acções, resultou o apuramento de 11.390 mil Meticais de imposto, sendo 2.626 mil Meticais respeitantes ao IVA sonegado, 5.979 mil Meticais e 1.088 mil Meticais de IRPC e IRPS adicional, respectivamente, conforme se apresenta no Quadro a seguir.

Quadro n.º V.32 – Resumo das Acções de Fiscalização Tributária da DAFL

DAFI DAFL Total DAFI DAFL DAFI (%) DAFL(%)IVA Sonegado 2.626 1.459 4.085 1.189 29,1IRPC Adicional 5.979 66 6.044 66 1,1IRPS Adicional 1.088 172 1.260 0 0,0

9.693 1.697 11.390 1.255 11,0Fonte: Relatório de Actividades de 2009

(Em mil Meticais)

100

65 35

Visitas Efectuadas

Total 17

Imposto Infracções apuradas

Valor Apurado Valores Cobrados

%

11 6

Observa-se no quadro, que o nível de eficiência da DAFL no que respeita às cobranças resultantes de impostos não canalizados para a Administração Fiscal, situa-se abaixo dos 50%, visto que:

a) do total de imposto apurado das auditorias efectuadas (11.399 mil Meticais) foram cobrados, apenas, 1.255 mil Meticais, equivalentes a 11%;

b) no que respeita ao IVA sonegado, (4.085 mil Meticais), foram cobrados 1.189 mil Meticais, correspondentes a 29,1%;

c) em relação ao total do IRPC adicional apurado, 6.044 mil Meticais, deram entrada nos cofres da DAFL 65,9 mil Meticais, correspondentes a 1,1% do valor.

5.14.10 – Sectores do Contencioso das DAF´s Auditadas

Os sectores de Contencioso Tributário são responsáveis pela elaboração dos processos provenientes de outros sectores, resultantes da falta de cumprimento das obrigações fiscais por parte dos contribuintes.

A seguir, apresentam-se algumas constatações relevantes e o ponto da situação dos processos tomados para análise nas DAF´s auditadas (DAF do 1.º Bairro do Maputo, DAF de Lichinga e DAF de Pemba).

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V-36

Quadro n.º V. 33 - Resumo das Amostras dos sectores de Contencioso

Categorias Processos analisados

Findos por

cobrança

%Relaxado

para o Juízo

% Findos por anulação %

Contestado sem mais

autos%

Citados sem mais

autos%

Certidão

Negativa

% Suspensos %

IVA 73 47 64,4 7 9,6 1 1,4 4 5,5 11 15,1 2 2,7 1 1,4IRPS 9 6 66,7 1 11,1 0 0,0 0 0,0 1 11,1 0 0,0 1 11,1Multa 40 31 77,5 2 5,0 0 0,0 0 0,0 7 17,5 0 0,0 0 0,0Sub total 122 84 68,9 10 8,2 1 0,8 4 3,3 19 15,6 2 1,6 2 1,6

DCT/DAFI 3 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0TFM 11 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0Total 136 84 61,8 10 7,4 1 0,7 4 2,9 19 14,0 2 1,5 2 1,5

Categorias Procesos solicitados

Fornecidos

Processos

analisados

Findos por cobrança

%Relaxados

para o Juízo

% Findos por anulação

%

Notificados sem mais autos

%

IVA 23 21 21 5 23,8 7 33,3 2 9,5 7 33,3

CategoriasProcessos

solicitados e analisados

Findos por

cobrança

%Relaxados

para o Juízo

% Enviados a DCT %

Pagamentos em

Prestações%

IVA 17 4 23,5 10 58,8 1 5,9 2 11,8

IRPC 3 1 33,3 2 66,7 0 0,0 0 0,0

Multa 30 8 26,7 17 56,7 2 6,7 3 10,0

Total 50 13 26,0 29 58,0 3 6,0 5 10,0Fonte: Elaboração Própria com base nos Relatórios de Actividade das DAF`s Auditadas.

Direcção de Área Fiscal de Pemba

Direcção de Área Fiscal do 1.º Bairro do Maputo

Direcção de Área Fiscal de Lichinga

O Sector de Contencioso da DAF do 1.º Bairro do Maputo faz o registo dos processos separadamente (Processos Instaurados no Posto de Cobrança da Josina Machel e os da própria DAF do 1.º Bairro do Maputo).

De um universo de 714 Processos instaurados pelo Sector do Contencioso, no ano económico de 2009, seleccionaram-se, para conferência, 136 Processos.

Em termos gerais, nesta DAF, 84 processos foram cobrados, 10 relaxados, 1 anulado, 4 contestados sem desenvolvimento por parte da DAF, 19 citados sem mais desenvolvimentos, 2 não citados, em virtude de os executados não terem sido localizados e 2 foram suspensos.

No tocante a estes aspectos, a DAF, no exercício do contraditório, alegou que os processos não decididos, há mais de 3 meses, se encontravam com os técnicos.

Sobre o pronunciamento da entidade, é de referir que para que seja proferida uma decisão de um processo de dívida, é necessário que se cumpram os prazos legais15 estabelecidos (Vejam-se os prazos contidos no Diploma Legislativo n.º 783, de 18 de Abril de 1942 e no Código de Execuções Fiscais).

No exercício do contraditório, o Governo afirmou que os processos que se encontravam com os técnicos já foram remetidos ao Tribunal Fiscal, tendo anexado a nota de envio n.º

15 30 dias no caso de ter havido reclamação sendo que as decisões deverão ser notificadas aos interessados no prazo de 5 dias (§2 do artigo 7 do Diploma Legislativo 783) ou 48 horas após a contestação (§ 1 e §2 do artigo 10, do mesmo diploma.

Em termos de execução temos os prazos fixados nos artigos 41 (no § único) e 44 do Código das execuções Fiscais aprovado pelo Decreto n.º 38 088, de 12 de Dezembro de 1950.

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199/06/Ctecioso/2010, de 28 de Janeiro e que, no entanto, decorrem acções de capacitação aos funcionários da Autoridade Tributária em matéria de procedimentos em sede de processos de contencioso e de execução fiscal.

Por seu turno, o Sector do Contencioso Fiscal da DAF de Lichinga instaurou 132 processos correspondentes a 6.004 mil Meticais. Deste universo, constituíu-se uma amostra de 23 processos no valor de 5.285 mil Meticais (88%) do total, dos quais foram fornecidos 21.

Nota-se, no quadro, que 33,3% foram notificados sem mais desenvolvimento. O Sector do Contencioso da DAF de Pemba instaurou 510 processos, em 2009, no valor de 38 mil Meticais (19 mil Meticais de imposto e igual valor de multas).

Daquele universo de processos instaurados, foram verificados e analisados 50, correspondentes a 9,8%, sendo que o remanescente (90,2%) é relativo ao Imposto Sobre Veículos (ISV), pago na globalidade.

No geral, da amostra seleccionada nesta DAF, 13 processos findaram por cobrança, 29 foram relaxados, 3 enviados à Direcção do Contencioso Tributário (DCT) e de 5 sujeitos passivos pagam as suas dívidas em prestações não autorizadas. O pagamento não autorizado, em prestações, infringe o disposto nos artigos n.ºs 51 e 30216 do Código das Execuções Fiscais.

5.14.11 - Sectores do Juízo das Execuções Fiscais das DAF´s auditadas

Os sectores de arrecadação de impostos das DAF´s e outras instituições públicas relaxam para o Juízo as certidões de relaxe dos impostos e das multas, depois de vencido o prazo de cobrança voluntária, passando, então, à cobrança coerciva.

5.14.11.1 - Análise dos Processos do Sector do Juízo da DAFL

Segundo o Relatório – Balanço de actividades realizadas o sector do Juízo das Execuções Fiscais da DAFL, no exercício em consideração, instaurou 152 processos, no valor de 20.622,3 mil Meticais.

Dos processos instaurados no sector, referentes ao exercício em análise, seleccionaram-se 37 para a constituição de uma amostra, com vista à verificação da antiguidade processual e à sua legalidade, conforme se alude no Quadro n.º V.34.

Quadro n.º V.34 – Amostra Seleccionada no Juízo (Dívidas Fiscais)

ImpostoProcessos

AnalisadosFindos por Cobrança %

Citados sem mais

autos%

Não Citados %

Penhora efectiva/h

asta%

Penhoras não

efectivas%

Pagamentos em Prestação %

IVA 8 1 12,5 0 0,0 1 12,5 0 0,0 6 75,0 0 0,0IRPC 9 0 0,0 5 55,6 1 11,1 0 0,0 3 33,3 0 0,0IRPS 8 0 0,0 3 37,5 2 25,0 0 0,0 2 25,0 1 12,5Multas/RDV 12 1 8,3 3 25,0 1 8,3 0 0,0 4 33,3 3 25,0Total 37 2 5,4 11 29,7 5 13,5 0 0,0 15 40,5 4 10,8Fonte: Processos dos Contribuintes

Como resultado da verificação efectuada aos processos fornecidos, foi apurado que, no geral, daquela amostra, apenas 2 (5,4%) findaram por cobrança, 11 (29,7%) foram citados sem mais desenvolvimentos, 5 (13,5%) não foram citados para execução, 15 (40,5%) as penhoras não

16 Este artigo não permite a moratória das dívidas por parte do funcionário (este não deve conceder prazo para o pagamento da

dívida já vencida).

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foram efectivadas e, por último, 4 sujeitos passivos (10,8%) pagam as suas dívidas em prestações, preterindo-se os despachos emanados pela DCT.

Paralelamente, analisaram-se as dívidas não fiscais que deram entrada no Juízo desta DAF, que totalizaram 564,8 mil Meticais correspondente a 26 processos, dos quais, seleccionou-se uma amostra de 6, equivalentes a 304,48 mil Meticais, equivalente a 53% daquele valor.

Na totalidade dos processos da amostra, os infractores não foram citados, embora constassem dos respectivos processos os despachos nesse sentido.

Relativamente à preterição de formalidades legais, em sede do contraditório, o Governo reconheceu o facto, tendo instruído a DAFL a observar o estabelecido na lei.

5.14.11.1.1 - Movimento de Processos Executivos

Foram verificados os mapas de Movimentos de Processos Executivos (M/40) inseridos nos Processos de Contabilidade da DAFL, para a certificação do saldos finais e transitados.

Quadro n.º V.35 - Resumo de Movimento de Processos Executivos de 2009

Janeiro 25.616 0 0 0 25.616 324 0 0 324Fevereiro 25.616 0 0 0 25.616 324 0 0 324Março 25.616 9.531 0 0 35.147 324 38 0 362Abril 35.147 134 263 0 35.018 362 2 3 361Maio 35.018 6.145 338 0 40.825 361 47 7 401Junho 40.825 1.823 152 0 42.496 402 180 6 576Julho 42.496 0 0 0 42.496 410 0 0 410Agosto 42.496 0 181 0 42.315 410 0 7 403Setembro 42.315 0 0 0 42.315 403 0 0 403Outubro 42.315 202 0 108 42.409 403 17 0 420Novembro 42.409 117 20 0 42.506 420 6 2 424Dezembro 42.506 1.782 3 0 44.285 424 27 1 450

19.734 956 108 Total anual 317 26Fonte: Processos de contabilidadeTotal anual de Mov.

N.º processos anterioresMeses Saldo

anteriorInstaurado

no mês CobrançaN.º de

processos Instaurados

Cobrados

(Em mil Meticais)

saldo final/m

ês

Anulações/ Julgamentos

em falha

Saldo do mês

Seguinte

Da aferição efectuada aos processos de contabilidade, constatou-se que:

a) no mês Março, no cálculo do saldo final da Contribuição de Segurança Social, apurou-se uma diferença negativa de 4,9 mil Meticais e ainda um erro de passagem do saldo final de Março para Abril.

Em sede do contraditório, o Governo informou que a diferença resulta de erro na escrituração, uma vez que no mês de Março não houve movimento de processos e que o saldo que transita é de 487 mil Meticais e não 482 mil Meticais;

b) ocorreu, no Processo de Contabilidade do mês de Abril, um erro de cálculo do saldo final, pela não inclusão, na soma, de 134 mil Meticais, de processos instaurados no mês. Em sede do contraditório, o Governo refere que corrigiu o saldo final para 35.541 mil Meticais, valor próximo dos 35.566 mil Meticais apurados no decurso da auditoria.

c) no Processo de Contabilidade do mês de Maio, no cálculo respeitante ao saldo final do IRPS, verificou-se uma diferença negativa (valor a menos) de 10 mil Meticais, a qual, segundo o Governo no exercício do contraditório, foi originada por um erro na soma do saldo e que deveria ser considerado 8.610 mil Meticais e não 8.600 mil Meticais.

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V-39

É de referir que a DAFL não exerceu o direito do contraditório dos factos constatados na auditoria em que foram disponibilizados os dados que constam neste Relatório.

O nível de cobrança das dívidas nesta DAF, avaliado com base no movimento executivo, é de 4,8%, que se considera baixo, se atendermos a que esta tem um número considerável de processos executivos não citados e que, quando citados, não se efectivam as penhoras, como referimos no ponto anterior.

5.14.11.2 - Análise dos Processos do Sector do Juízo da Direcção de Área Fiscal de Pemba (DAFP)

Para análise dos processos neste sector solicitou-se a relação dos processos instaurados no ano de 2009, uma vez que os dados referenciados no Relatório de Actividades da DAFP divergiam dos constantes nos registos do Sector do Juízo.

Conjugada a informação fornecida, foram tomados para amostra 89 processos. Os resultados da verificação são apresentados no quadro a seguir. Daquele número, não foram fornecidos 3 processos.

Quadro n.º V.36 - Amostra Tomada no Juízo

Categoria

Processos

Analisados

Findos por

Cobrança%

Citados sem mais

autos%

Não Citados %

Pagtos em Prestação

sem autorização

%Penhoras

não efectivas

%

Pagamento em

Prestação autoriz.

% Anulado %

IVA 1 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 100,0IRPC 6 0 0,0 3 50,0 1 16,7 2 33,3 0 0,0 0 0,0 0 0,0IRPS 1 0 0,0 1 100,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0

Multas/RDV 78 31 39,7 19 24,4 14 17,9 11 14,1 1 1,3 1 1,3 1 1,3Total 86 31 36,0 23 26,7 15 17,4 13 15,1 1 1,2 1 1,2 2 5,5

Fonte: Processos dos Contribuintes

Dos 86 processos aferidos, constatou-se que 31 (36%) findaram por cobrança, de 23 (26,7%), os sujeitos foram citados, sem mais desenvolvimentos, de 15 (17,4%), os sujeitos passivos não foram citados, de 13 (15,1%), os executados pagam as dívidas em prestações sem autorização, de 1 (1,2%), a penhora não foi efectivada, de 1 (1,2%), o contribuinte paga a dívida em prestações autorizadas pela DGI e, por último, 1 (1,2%) o processo foi anulado.

Refira-se que dos processos não citados, 8 estão há mais de 9 meses sem os trâmites subsequentes. Ainda, neste sector, não está sendo cumprido o preceituado no Código das Execuções Fiscais, no que concerne aos prazos de Citação e Execução.

Em sede do contraditório, o Governo reconheceu os factos acima e arguiu que foi instruída a DAFP para a observância do estabelecido na lei.

5.14.11.3 - Análise dos Processos no Juízo Privativo das Execuções Fiscais de Maputo (JPEFM)

5.14.11.3.1 - Débitos Efectuados ao Juízo

Para o Juízo Privativo das Execuções Fiscais de Maputo (JPEFM) continuam sendo remetidos, de forma distinta os documentos de cobrança (sendo por vezes remetidos conhecimentos e por outras certidões de relaxe) não cobrados nas Direcções de Áreas Fiscais do 1.º e 2.° Bairros e da Unidade dos Grandes Contribuintes de Maputo.

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V-40

São também encaminhadas ao Juízo, as Certidões de Dívidas emitidas por outras instituições do Estado, cujo pagamento total não é realizado pelos utentes dos serviços prestados pelas mesmas.

Os débitos efectuados ao Juízo, pelas Direcções de Áreas Fiscais acima indicadas, no exercício económico de 2009, totalizaram 167.83817 mil Meticais. Os débitos de outras instituições somaram 18.175,6 mil Meticais, tramitados no Cartório “0”.

5.14.11.3.1.1 – Débitos Efectuados ao Recebedor

Relativamente aos conhecimentos de cobrança, foram efectuados 394 débitos ao Recebedor, exclusivamente pela DAF do 1.º Bairro, correspondentes a 38.685 mil Meticais. Este valor está incluído no total dos débitos referido nos parágrafos acima.

É de notar que estes débitos não correspondem à totalidade dos que foram efectuados ao JPEFM, uma vez que a parte relativa às certidões de relaxe é debitada directamente à Secretaria.

A seguir, apresentam-se os resultados da conferência feita aos documentos fornecidos sobre o movimento dos conhecimentos e das certidões de relaxe.

Quadro n.º V.37 – Movimento dos Conhecimentos de Cobrança e das Certidões de Relaxe

Conhecimentos de Cobrança 1.224.162 38.685 48.231 2.351 1.212.265

Certidões de Relaxe 0 129.153 22.773 15.464 0Total 1.224.162 167.838 71.004 17.815 1.212.265

Valor % Valor %129.153 22.773 8.775 6,8 15.464 12,0

Fonte: Modelo 9/A, informação consolidada dos cartórios do Juízo

COBRADOS ANULADOS

(Em mil Meticais)

DESCRIÇÃO SALDO INICIAL DÉBITOS SALDO FINAL

Fonte: Relatório de Actividades de 2009; Relação de Processos Findos e Anulados (Certidões de Relaxe)

DÉBITOSCOBRADOS ANULADOS

TotalProc. 2009

De acordo com o Termo de Balanço M/9-A, o Juízo Privativo das Execuções Fiscais de Maputo, no exercício de 2009, teve um movimento dos saldos iniciais e finais não significativo, acontecendo o mesmo nas Anulações.

No exercício em consideração, as anulações de Conhecimentos de Cobrança não registaram níveis significativos em relação aos débitos, tendo-se situado em 6,1%.

Os débitos das certidões de relaxe atingiram 129.15318 mil Meticais e o total dos cobrados foi de 22.77319 mil Meticais.

Refira-se que o total das cobranças relativo aos débitos de 2009 foi de 8.77520 mil Meticais, representando 6,8% de nível de cobrança.

17 167.838 mil Meticais = 18.603 mil Meticais, de multas e 20.082 mil Meticais de IVA relativo ao Débito efectuado pelo 1.º Bairro (Conhecimentos de Cobrança) + 16.117 mil Meticais (Certidões de Relaxe do 1.º Bairro) + 27.055 mil Meticais (Certidões de Relaxe da UGCM) + 85.981 mil Meticais (Certidões de Relaxe do 2.º Bairro). 18 Resultado do somatório de 16.117 mil Meticais (Certidões de Relaxe do 1.º Bairro) + 27.055 mil Meticais (Certidões de Relaxe da UGCM) + 85.981 mil Meticais (Certidões de Relaxe do 2.º Bairro). 19 Receitas Fiscais (67.066) +Operações de Tesouraria (3.938) -Total da Cobrança dos Conhecimentos, Quadro n.º 3,

(48.231)=22.773 mil Meticais. 20 O valor provém do somatório dos dados, fornecidos pelos cartórios, sobre os processos findos por cobrança e instaurados, em 2009.

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No geral e de acordo com o Quadro n.º V.38, dos 144 processos verificados, 36 (25%) findaram por cobrança, 28 (19,4%) foram citados sem mais desenvolvimentos, 12 (8,3%) não foram citados, de 16 (11,1%) os executados não foram localizados, tendo sido emitidas certidões de citação negativa, 5 (3,5%) estão suspensos, aguardando pela anulação por parte das DAF´s, 12 (8,3%) foram anulados, de 16, os sujeitos passivos (11,1%) estão a pagar em prestações devidamente autorizadas, de 5, os contribuintes (3,5%) pagam as suas dívidas em prestações não autorizadas, de 5 (3,5%) foram efectuadas penhoradas dos bens, de 7 (4,9%) não se efectivou a penhora, 2 (1,4%) foram recorridos e indeferidos pelo TA, não tendo sido feito o devido seguimento por parte do JPEFM.

Quadro n.º V.38 – Ponto da situação dos Processos Tomados no Juízo

IVA % IRPC % IRPS % Multas %

Findos por cobrança

3 14,3 4 19,0 26 34,2 3 13,0 36Citados sem mais Autos 8 38,1 7 33,3 7 9,2 6 26,1 28Não Citados 2 9,5 1 4,8 9 11,8 0 0,0 12Citação Negativa 1 4,8 0 0,0 11 14,5 4 17,4 16Suspensos 1 4,8 2 9,5 0 0,0 2 8,7 5Anulados 3 14,3 1 4,8 6 7,9 2 8,7 12Pagamento em Prestações Autorizadas 1 4,8 1 4,8 12 15,8 2 8,7 16Pagamento em Prestações não Autorizadas 2 9,5 2 9,5 0 0,0 1 4,3 5Penhorados sem mais Autos 0 0,0 2 9,5 1 1,3 2 8,7 5Penhoras Efectivadas 0 0,0 1 4,8 6 7,9 0 0,0 7Recursos indeferidos sem Autos 0 0,0 0 0,0 1 1,3 1 4,3 2

Total 21 100 21 100 79 104 23 100 144Fonte: Processos Instaurados analisados

Situação dos Processos

Impostos e Multas Total de Processos

Sobre as situações acima, o Governo referiu, no seu contraditório, estar a debater-se com dificuldades de localização dos executados, sendo que há um esforço no sentido de actualização de endereços dos contribuintes. E, relativamente aos pagamentos parcelares das dívidas, informou que está a proceder nos termos do artigo 213.º do Código das Execuções Fiscais.

5.14.11.3.2 - Análise dos Processos instaurados (Dívidas não Fiscais)

Segundo o relatório de actividades, no presente exercício, o JPEFM recebeu Certidões de Relaxe no valor de 18.175,6 mil Meticais, cujos processos executivos foram tramitados no Cartório “0”.

Do levantamento efectuado neste cartório, resultou um total de 37 processos, sendo 32 no valor de 6.114 mil Meticais e 5 no valor de USD 295.428,06. Da verificação feita aos processos de dívidas não fiscais constatou-se, em termos gerais, que 5 findaram por cobrança, 1 foi citado, sem mais desenvolvimentos, 4 não foram citados desde a instauração dos processos, 1 foi contestado, sem mais progressos, 1 executado efectua pagamentos em prestações autorizadas pela DGI – DCT e, por último, 3 executados pagam as dívidas em prestações, sem autorização.

É de realçar, a este respeito, que a citação é um elemento essencial numa acção judicial (executiva). A falta da mesma torna o processo nulo e de nenhum efeito. O Código das Execuções Fiscais fixa os termos da citação nos artigos 41.º e 55.º, em conjugação com os

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artigos 228.º e seguintes de Código de Processo Civil, sendo que esta deve ser feita imediatamente à instauração do processo.

5.14.11.3.3- Anulações e Prescrições

Durante o ano de 2009, o JPEFM efectuou anulações motivadas por prescrições da dívida e cobrança indevidas.

Desta forma, para a aferição do cumprimento da legalidade, a equipa de auditoria seleccionou a relação de prescrições efectuadas nos meses de Março, Junho, Setembro, e Novembro, em que se registaram os maiores números de prescrições. As dívidas eram relacionadas com Rendas, Multas diversas, Imposto de Reconstrução Nacional, Imposto Complementar, Contribuição Industrial, Imposto Profissional, Contribuição Predial, Imposto de Circulação, Foros, Sucessões e Doações, de1975 à década de 90.

Quanto às anulações, da aferição dos processos instaurados pelos cartórios, verificou-se que dos 12 processos, perfazendo 8.005 mil Meticais, 5 estão suspensos, aguardando os respectivos títulos de anulação.

Os processos com nota de solicitação de anulação da dívida ao juízo foram suspensos e aguardam pelo envio do Título pelas Direcções de Áreas Fiscais e da Unidade de Grandes Contribuintes de Maputo.

As prescrições, no exercício em consideração, segundo os Processos de Contabilidade (registos mensais), foram como a seguir se apresenta.

Mês ValorJaneiro 83Fevereiro 97Março 394Abril 0Maio 46Junho 381Julho 0Agosto 47Setembro 807Outubro 77Novembro 172Dezembro 12Total 2.116Fonte:Processos de Contabilidade

(Em mil Meticais)

Refira-se que as dívidas em causa prescreveram em virtude de ter expirado o período legal (10 anos) de exigibilidade (cobrança). Nos meses de Abril e Julho não foram registados, no exercício em apreço, quaisquer operações de prescrição.

Apesar de existirem vários procedimentos para a captação dos valores em dívidas ao Estado, como é o caso das penhoras de bens ou bancárias, éditos etc., o JPEFM está com um nível de cobrança baixo e um alto grau de prescrições, falta de citação e/ou efectivação da execução, conforme se infere das análises feitas ao longo do relatório.