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Mara Andreia Sousa O Serviço Social no contexto da reabilitação: compreender o processo de reintegração social, familiar e laboral do indivíduo com Lesão Vertebro-Medular Monografia de Estágio do Mestrado em Serviço Social Março/2017

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Mara Andreia Sousa

O Serviço Social no contexto da reabilitação:

compreender o processo de reintegração social,

familiar e laboral do indivíduo com

Lesão Vertebro-Medular

Monografia de Estágio do Mestrado em Serviço Social

Março/2017

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O Serviço Social no contexto da

reabilitação:

compreender o processo de reintegração social,

familiar e laboral do indivíduo com

Lesão Vertebro-Medular

Monografia de estágio do Mestrado em Serviço Social,

apresentada à Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação

da Universidade de Coimbra, pra a obtenção do grau de Mestre

em Serviço Social sob a orientação da Mestre Rosa da Primavera.

Março, 2017

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Agradecimentos

Mais um momento de realização pessoal chega ao fim e cabe-me agradecer às

pessoas que contribuíram para este momento.

Começo por agradecer à instituição, Faculdade de Psicologia e de Ciências da

Educação da Universidade de Coimbra, e seus colaboradores, nomeadamente às

docentes do Mestrado em Serviço Social: Professora Doutora Clara Santos, Mestre

Joana Guerra, Professora Doutora Cristina Albuquerque, Professora Doutora Jaqueline

Marques e por fim a coordenadora do mestrado, Professora Doutora Helena Almeida.

Um especial agradecimento à Mestre Rosa da Primavera pela sua orientação, apoio e

dedicação ao longo desta última fase do mestrado.

Agradeço ainda à instituição onde realizei o estágio de observação, Unidade de

Cuidados Continuados de Convalescença do Hospital José Luciano de Castro em

Anadia, e a toda a equipa que me recebeu e se disponibilizou a ceder toda a informação

necessária a concretização da investigação. Um agradecimento especial a Dr.ª. Ana

Paula Ferreira, Assistente Social da instituição, que se disponibilizou para me receber,

acompanhar e orientar durante o período de estágio.

Cabe ainda agradecer às instituições que se disponibilizaram e permitiram a

recolha de dados, nomeadamente o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão e o

Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro-Rovisco Pais da Tocha.

A todos vós, o meu muito Obrigada!

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Resumo

O presente estudo empírico pretende compreender as dinâmicas alteradas em toda

a estrutura do indivíduo com Lesão Vertebro-Medular (LVM) e a intervenção

dinamizada pelo Serviço Social, considerando os seus limites e potencialidades.

Trata-se de um pesquisa de cariz qualitativo, assente no método de estudo de caso,

cuja unidade de análise é o processo de reintegração social, familiar e laboral do doente

com LVM. Para recolha de dados optou-se pelo grupo focal com base na entrevista

semiestruturada. Os campos de estudo foram a Unidade de Cuidados Continuados de

Convalescença do Hospital José Luciano de Castro em Anadia o Centro de Medicina de

Reabilitação de Alcoitão e o Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro-

Rovisco Pais da Tocha.

Os principais resultados indicam que a lesão vertebro medular representa uma

mudança abrupta na dinâmica pessoal, familiar, laboral e social, nomeadamente a nível

monetário onde se verifica a perda de rendimentos, e a nível da participação social onde

se constata o isolamento social de todo o agregado familiar. Acresce ainda a carência de

respostas sociais adequadas às necessidades dos utentes e o desfasamento entre a

realidade destes e as políticas sociais. Estes factos dificultam o processo de reintegração

social, familiar e laboral materializado pelo Serviço Social e que contribuem para a

situação de exclusão social.

Por fim, conclui-se que Serviço Social, que conhece bem a realidade social e

familiar dos doentes, constitui-se como um defensor, potenciador e criador de novas

políticas sociais e recursos.

Palavras-Chave: Lesão Vertebro-Medular, deficiência, incapacidade, exclusão

social, serviço social.

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Abstract

This empirical study intends to understand the dynamics altered in the whole

structure of the individual with Spinal cord injury (LVM) and the streamlined

intervention by the Social Work, considering its limits and potentialities. It is a

qualitative research, based on the study case method, whose unit of analysis is the

process of social, family and work reintegration of the patient with LVM. For data

collection, the focus group was chosen based on the semi-structured interview.

The fields of study were the Convalescence Continuing Care Unit of the José

Luciano de Castro Hospital in Anadia, the Rehabilitation Medicine Center of Alcoitão

and the Center for Rehabilitation Medicine in the Centro-Rovisco Pais at Tocha, in

Center Region.

The main results indicate that spinal cord injury represents an abrupt change in

personal, family, work and social dynamics, especially at monetary level where income

loss occurs, and at the level of social participation where occurs the social isolation of

the whole household. In addition, there is a lack of adequate social responses to the

needs of the users and the gap between their reality and social policies.

These facts make difficult the process of social, family and labor reintegration

materialized by the Social Services and that contribute to the situation of social

exclusion. Finally, it is concluded that Social Work, which knows well the social and

familiar reality of the patients, constitutes as a defender, enhancer and creator of new

social policies and resources.

Key words: Spinal cord injury, inability, disability, social exclusion, social

work

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Lista de abreviaturas

LVM Lesão Vertebro-Medular

AS Assistente Social

ASIA American spinal injury Association

SS Serviço Social

AVD Atividades de Vida Diária

OMS Organização Mundial de Saúde

CIDID Classificação Internacional das Deficiências, Incapacidades e Desvantagens

CIF Classificação Internacional de Funcionalidade

AM Atestado Médico

RNCCI Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados

SVIP Sistema de Verificação de Incapacidade Permanente

IFSM International Federation of Social Workers

IASSW International Association of Schools of Social Work

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Índice de Quadros

QUADRO 1 - POLÍTICAS SOCIAIS NA SAÚDE / LEGISLAÇÃO .................................................. 26

QUADRO 2 - PRESTAÇÕES SOCIAIS NA SEGURANÇA SOCIAL/ LEGISLAÇÃO ........................... 26

QUADRO 3 - RESPOSTAS SOCIAIS NA SEGURANÇA SOCIAL/ LEGISLAÇÃO ............................. 27

QUADRO 4 - POLÍTICAS SOCIAIS NO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL/ LEGISLAÇÃO . 28

QUADRO 5 - POLÍTICAS DE CRÉDITO HABITAÇÃO .............................................................. 29

QUADRO 6 - POLÍTICAS FISCAIS ........................................................................................ 30

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Índice

Introdução 9

Parte I - Enquadramento teórico ......................................................................... 11

Capítulo 1: LVM 12

1.1. Compreender a LVM ............................................................................ 12

1.2. Incidência da LVM ............................................................................... 13

1.3. Evolução do conceito de Deficiência e incapacidade .......................... 14

1.4 A reabilitação na LVM .......................................................................... 17

Capítulo 2 – A intervenção do Serviço Social, os direitos e as

respostas sociais 18

2.1. A intervenção do Serviço social com doentes vítimas de LVM .......... 18

2.2. As políticas e respostas sociais na deficiência e incapacidade ............ 24

Parte II - Processo de investigação ...................................................................... 31

Capítulo 1 – Objetivos e objeto empíricos 32

1.1. Objetivos empíricos .............................................................................. 32

1.2. Objeto e campo de investigação ........................................................... 32

1.3. Procedimento ético para a inclusão e recolha de dados ....................... 32

1.4. Pertinência do estudo para o Serviço Social ........................................ 33

Capítulo 2 – Metodologia empírica 34

2.1. Natureza da pesquisa ............................................................................ 34

2.2. Procedimentos Metodológicos ............................................................. 35

2.2.1. Tipo de Pesquisa ........................................................................... 35

2.2.2. Técnicas e procedimentos de recolha de dados ........................... 36

2.2.3. Tratamento e análise de dados ..................................................... 37

2.2.4. Constrangimentos e limitações .................................................... 38

Parte III - Análise reflexiva: apresentação e discussão geral dos resultados ... 39

Capítulo I – Apresentação e análise de dados 40

1.1. Apresentação dos resultados................................................................. 40

1.1.1. A visão dos assistentes sociais sobre a LVM .............................. 40

1.1.2. A intervenção do Assistente Social na reabilitação da LVM ...... 42

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1.1.3. Eficácia e eficiência das políticas sociais .................................... 44

1.1.4. Identificar as necessidades do SS para melhor intervir, o futuro

dos utentes com LVM .............................................................................. 46

Capítulo 2 – Discussão dos resultados 47

Conclusão 54

Bibliografia ............................................................................................................ 57

Apêndices ............................................................................................................... 66

Apêndice 1 – Guião de Entrevistas 67

Apêndice 2 – Consentimento Informado 68

Apêndice 3 – Análise de conteúdo 69

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Introdução

A LVM, já com elevada incidência, é um problema recente na sociedade e no

mundo. Este tipo de lesão, com consequências graves ao nível funcional distingue-se da

maioria das deficiências por não se tratar de um problema congénito, cognitivo ou

morfológico, mas sim a consequência de um forte impacto, direto ou indireto, que causa

alterações fisiológicas, com maior ocorrência em adultos em idade ativa devido a

acidentes de viação, violência e quedas. Para além da transformação biológica que a

lesão implica, a dinâmica familiar, laboral e social também sofre alterações e obriga a

uma readaptação e reintegração ao meio.

O processo de readaptação e reintegração ao meio implica a mobilização de vários

profissionais, incluindo o assistente social. Enquanto os diversos profissionais se

dedicam à recuperação da funcionalidade, o Assistente Social preocupa-se com o

processo de reintegração familiar, laboral e social, processo esse que se inicia aquando o

internamento em unidades ou centros de reabilitação. Dotado de conhecimento,

ferramentas e proximidade com o utente, o Assistente Social é aquele que melhor

conhece a realidade social e as necessidades, faz valer os direitos e agiliza a

reintegração familiar, laboral e social do utente junto das entidades competentes e

valências adequadas. Quer isto dizer que o Assistente Social conhece o impacto, os

limites e as potencialidades das políticas sociais enquanto ferramenta e resposta ao

utente, assim como a versatilidade das respostas da comunidade.

Assim, tendo em conta a população com LVM, as incapacidades que esta causa, a

incidência e o conhecimento e proximidade com o utente que o Serviço Social detém,

justifica-se a pertinência do estudo, enquanto contributo para repensar o enquadramento

e futuro de uma problemática com cada vez mais incidência.

Assim, o presente estudo empírico pretende compreender o processo de

intervenção do Assistente Social na reintegração familiar, laboral e social do utente com

lesão vertebro medular, bem como a perceção que têm acerca dos limites e

potencialidades que o cercam. Para tal, recorreu-se a um conjunto de funcionários, dos

quais se destaca a Assistente Social da instituição onde se concretizou o estágio de

observação para a realização desta monografia.

O estágio decorreu na Unidade de Cuidados Continuados de Convalescença do

Hospital José Luciano de Castro em Anadia, no entanto, dada a inexistência de utentes

com LVM, durante o período de estágio, percebeu-se a necessidade de recorrer a outras

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unidades de reabilitação como o Centro de Medicina de Reabilitação, de Alcoitão e o

Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro-Rovisco Pais, da Tocha.

O objetivo primórdio era compreender as vivências dos utentes com LVM, no

entanto, por ausência de utentes com a problemática na unidade de estágio e por

motivos burocráticos e temporais nas restantes unidades, tal não foi possível. Assim, o

presente estudo tem por base a informação recolhida junto das Assistentes Sociais das

respetivas unidades de reabilitação e a sua vasta experiência profissional nesta área.

A presente monografia de estágio é composta por três partes, estruturadas da

seguinte forma: Parte I Enquadramento teórico, Parte II Processo de investigação,

Parte III Análise reflexiva: apresentação e discussão dos dados.

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Parte I

Enquadramento teórico

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Capítulo 1: LVM

1.1. Compreender a LVM

Para compreender a LVM é necessário primeiro perceber o que é a medula e qual

a sua função. Assim, a medula é um “transmissor de impulsos e mensagens do cérebro

para todas as partes do corpo, e vice-versa, mas também um centro nervoso em si

próprio, controlando funções como postura, micção, intestino, função sexual, respiração

e regulação térmica” (Faria, 2006, p. 46). A LVM acontece “quando forças energéticas

externas atingem o corpo, de forma direta ou indireta, podendo causar alterações

estruturais ou fisiológicas dos elementos componentes da coluna vertebral e/ou medula

espinal” (OE, 2009, p.15).

A gravidade da lesão, o prognóstico e a planificação da reabilitação é estabelecida

a partir de critérios neurológicos e funcionais internacionais propostos pela American

Spinal Injury Association (ASIA) (Faria, 2006). Assim, a LVM é genericamente

dividida em duas categorias etiológicas: lesões traumáticas e lesões não traumáticas. As

lesões traumáticas resultam de danos causados por um dado acontecimento como uma

queda ou acidente de viação, as lesões não traumáticas resultam de doenças

degenerativas ou outras patologias (Faria, 2006; Lopes, 2007).

A verificação dos danos da lesão é categorizada ainda em três níveis: nível

funcional, a nível neurológico e extensão da lesão (Biering-Sorensen, et al, 2011; Faria,

2006; Lopes, 2007)

A nível funcional a lesão divide-se em duas categorias: tetraplegia e paraplegia.

Falamos de tetraplegia quando há alterações ou perda motora e /ou sensorial nos

segmentos cervicais devido a danos no tecido nervosos da medula, o que resulta no

comprometimento das funções do tronco, das pernas, dos braços e dos órgãos pélvicos

(Biering-Sorensen, et al, 2011; Faria, 2006; Lopes, 2007). A paraplegia refere-se a

alterações ou perda motora e / ou sensorial nos segmentos torácico, lombar ou sacral da

medula. Ao contrário do que acontece com os membros superiores, dependendo da

lesão, os membros inferiores e os órgãos pélvicos podem estar comprometidos (Biering-

Sorensen, et al, 2011; Faria, 2006; Lopes, 2007).

A nível neurológico, através do exame objetivo com ênfase no sistema nervoso,

procura-se identificar qual o segmento do nervo que conserva a função motora e

sensorial. Quanto à extensão da lesão, esta é classificada em incompleta ou completa. O

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termo incompleto aplica-se quando há preservação de algum nível sensorial e / ou motor

abaixo do nível da lesão que inclui os segmentos sacrais menores. O termo completo

aplica-se quando não há função sensorial e motora abaixo no nível da lesão (Biering-

Sorensen, et al, 2011; Faria, 2006; Lopes, 2007).

Entende-se assim que a LVM é uma condição que acarreta alterações anatómicas

e funcionais, pelo que, a delicadeza da situação exige períodos longos e recorrentes de

internamento devido a complicações secundárias e a cuidados médicos e de reabilitação

prolongados (Lopes, 2007; Andrade, Cunha, Rocha & Roque,2013).

A adaptação à LVM é um processo contínuo e global com o recurso à reabilitação

de forma a corrigir, a conservar, a desenvolver ou a restabelecer as capacidades e

aptidões do indivíduo com deficiência adquirida com o objetivo de este vir a exercer as

atividades de vida diárias (AVD) normalmente ou o mais normal possível. É um

processo que engloba o indivíduo, os profissionais de saúde e a comunidade (OF, 2009).

No que ao indivíduo diz respeito procura-se, através da capacitação, fortalecer

relações sociais, ambientais e pessoais. Quanto aos profissionais competes-lhes gerir e

acompanhar de forma interessada o processo de reabilitação. À comunidade cabe, com

base no discurso inclusivo e na legislação, estar atentos às acessibilidades ambientais e

às necessidades do quotidiano do indivíduo (OF, 2009).

1.2. Incidência da LVM

A Organização Mundial de Saúde (2013) (OMS) refere que em todo o mundo

cerca de 500 000 pessoas sofrem com lesões vertebro-medulares apontando como

causas principais as quedas, a violência e os acidentes de viação. Em termos de

caraterização populacional da LVM, os utentes têm menos de 40 anos, são do sexo

masculino e a principal causa são os acidentes de viação (OMS, 2013; Fehlings, 2014;

National Spinal Cord Injury Statistical Center, 2016; OMS, 2011; CRPG, 2007; Faria,

2006).

Mundialmente, estima-se que morrem entre de 1.2 milhões a 1.4 milhões de

pessoas em acidentes rodoviários, sendo que, entre 20 a 50 milhões são feridos. Apesar

dos números não serem bem documentados, considera-se que a prevalência de

incapacidade após acidente viação varia entre 2% a 87% (OMS, 2011).

Em termos nacionais não existe informação quantitativa sobre a LVM, no entanto,

partindo das causas mais incidentes, no ano de 2015 registaram-se 31.953 acidentes de

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viação com vítimas, dos quais 2.148 são feridos graves (ANSR, 2015). Não se sabe

quantos deste feridos graves resultaram em LVM, no entanto, a Direção Geral da Saúde

(2015), refere que 15% das doenças incapacitantes em indivíduos novos são

perturbações músculo-esqueléticas devido a acidentes domésticos e de viação. Tendo

em conta os acidentes de trabalho, a Autoridade para as Condições de Trabalho (2017),

até Novembro de 2016 registou 200 acidentes graves, dos quais 20 com lesão no

pescoço e costas que inclui a espinha e vértebras, e 18 com lesões múltiplas.

1.3. Evolução do conceito de Deficiência e Incapacidade

A LVM, como é possível perceber a partir da anterior caracterização, traduz-se

em consequências imediatas e permanentes na vida do indivíduo. Para Faria (2006, p.

46) “das várias formas de incapacidade que podem atingir o ser humano, a lesão

medular é sem dúvida uma das mais dramáticas”. Amaral (2009, citado por, SCML,

nd,) acrescente que “uma LVM obriga o doente a se adaptar a uma realidade

completamente nova, com uma série de dificuldades e obstáculos”. Isto porque o utente

com LVM adquire deficiência e incapacidade numa altura da sua vida de maior

atividade social, familiar e laboral.

Assim, importa compreender os conceitos de deficiência e incapacidade e as suas

perspetivas e implicações. Numa perspetiva antropológica e histórica é possível retratar

o conceito de deficiência e incapacidade a partir do modelo moral, médico e social.

A história mostra que a deficiência e a incapacidade sempre levantaram questões

políticas, morais, assim como discriminação e preconceito negativo. Questões que ainda

hoje se assumem como fatores de exclusão e produção de desigualdade social (CRPG,

2007; Fontes, 2016).

Partindo do modelo moral, intimamente relacionado com a religiosidade, este

associa a deficiência e incapacidade ao pecado e a um castigo divino (CRPG, 2007). Já

o modelo médico, predominante até meados do seculo XX, encara a deficiência como a

consequência de uma lesão fisiológica que implica cuidados biomédicos (CRPG, 2007;

Diniz, 2010). As doenças crónicas são excluídas do conceito de deficiência e

incapacidade, considerando apenas os casos mais agudos, pelo que se assiste a uma

desordem de conceitos e à descontinuidade do modelo (Alves, Leite e Machado, 2008).

Posteriormente, no Reino Unido em 1960 pela mão de Paul Hunt, sociólogo com

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deficiência física, surge o modelo social em reação ao modelo médico com o objetivo

de compreender o fenômeno sociológico da deficiência (Diniz, 2010). Nesta perspetiva,

a deficiência não deve ser percebida como uma dificuldade individual mas antes uma

questão social. Assim, a responsabilidade recai sobre a sociedade, na medida em que

esta deverá prever e ajustar-se à deficiência e incapacidade (CRPG, 2007; Diniz, 2010).

É também por esta altura que o conceito de incapacidade ganha outros contornos.

Em 1965 a OMS apresenta o modelo de Saad Nagi, que foi o primeiro sociólogo a

tentar definir e descrever o processo de incapacidade. Para este autor, a incapacidade é

um processo que se divide em quatro estágios: patológico, deficiência, limitações

funcionais e por fim a incapacidade (OMS, 1980; Jette, 1994; Alves, Leite & Machado,

2008).

A patologia é a interrupção do processo físico ou mental, a deficiência são as

alterações da estrutura ou das funções anatómicas, psicológicas ou fisiológicas, as

limitações funcionais é a inabilidade pessoal de desempenhar atividades e tarefas

consideradas usuais, e por fim, a incapacidade é a discrepância entre o desempenho de

um papel específico pelo indivíduo e as expectativas que a sociedade tem em relação a

este (Alves, Leite & Machado, 2008).

Posteriormente o autor acrescenta dois conceitos: incapacidade no desempenho a

nível pessoal e a nível dos papéis sociais, que se dividem em três dimensões: a física,

que se refere às limitações sensório-motor; as emocionais, que se referem à capacidade

psicológica em lidar com o stress da vida e por fim a mental, que se refere à capacidade

racional e intelectual do indivíduo (Alves, Leite & Machado, 2008). Para o autor, a

incapacidade traduz-se na limitação ou inabilidade de desempenhar papéis laborais,

pessoais, familiares e sociais específicos, restrição que têm em conta o contexto e

diferem de pessoa para pessoa.

Em 1980, a OMS apresenta, em paralelo à Classificação Internacional das

Doenças, a International Classification of Impairments, Disabilities and Handicaps, ou

em português a Classificação Internacional das Deficiências, Incapacidades e

Desvantagens (CIDID) desenvolvida pelo Dº. Philip Wood da Universidade de

Manchester, cujo objetivo que se prendia era metodizar a linguagem biomédica em

relação a deficiência e incapacidade (Alves, Leite & Machado, 2008; Diniz, 2010).

Mantendo uma sequência linear com o modelo de Nagi, são conceitos

estruturantes do modelo CIDID, a deficiência, a incapacidade e a desvantagem. A

deficiência é definida como a perda ou anomalia em uma função ou estrutura anatómica,

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a incapacidade é qualquer inabilidade ou restrição decorrente da deficiência, e a

desvantagem uma consequência da deficiência e da incapacidade que limitam o

desempenho de papéis sociais (OMS, 1980; Buchalla & Faria, 2005; Alves, Leite &

Machado, 2008; Diniz, 2010). Apesar da inovação, são mencionadas algumas

fragilidades, como a falta de relação entre as dimensões e o retrocesso ao modelo

médico uma vez que foca os aspetos biológicos e anatómicos e desvaloriza a dimensão

social e ambiental, características do modelo social.

Após várias revisões do CIDID, em maio de 2001 a OMS apresenta a

International Classification of Functioning, Disabilaity and Health, traduzido para

português pelo Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde para a Família de

Classificações Internacionais em Língua Portuguesa como a Classificação Internacional

de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) (Buchalla & Faria, 2005;Alves, Leite &

Machado, 2008; Buchalla & Nubila, 2008; Diniz, 2010)

A partir da CIF a incapacidade ganha uma nova perspetiva deixa de ser uma

consequência da doença e passa a ser uma componente da saúde cujos domínios são a

sociedade, o indivíduo e o corpo (Alves, Leite & Machado, 2008). Não atribui uma

definição universal à incapacidade, mas antes, estabelece um sistema multidimensional

para caracterizar pessoas com incapacidade, a partir da identificação das condições de

saúde, das capacidades e dos limites do indivíduo no seu quotidiano, com base na

sociedade, no corpo e no indivíduo (Buchalla & Faria, 2005; CRPG, 2007).

Assim, a CIF adota o modelo biopsicossocial, defendido por Engel em 1977, cujo

objetivo se prende em perceber o funcionamento humano na interação entre a dimensão

social, psicológica e biológica, tendo em conta que as dimensões, na sua interação

afetam e são afetadas, o que implica uma análise sistémica e interdisciplinar do

funcionamento humano (Buchalla & Faria, 2006; CRPG, 2007). No entanto, esta

proposta não é excluída de críticas. A crítica mais evidente é a contínua centralidade nas

consequências da condição fisiológica, perspetivando os aspetos sociais apenas a partir

de fatores ambientais (Fontes, 2016).

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1.4. A reabilitação na LVM

Como já foi referido a LVM é uma das lesões mais dramáticas, tanto orgânica

como psicológica e apresenta-se como um desafio para o utente e para o corpo clinico, o

que requer uma equipa de reabilitação multiprofissional e uma equipa médica

multidisciplinar, dada a sua complexidade (Faria, 2006).

Defendida pela OMS (2011), a reabilitação é essencial aos indivíduos com

deficiências, pois facilita a independência e a participação social, uma vez que a

reabilitação consiste num “conjunto de medidas que ajudam pessoas com deficiências

ou prestes a adquirir deficiências a terem e manterem uma funcionalidade ideal na

interação com seu ambiente” (OMS, 2011, p. 100). O Livro Branco de Medicina Física

e de Reabilitação na Europa (2009) acrescenta que todos os meios devem ser usados na

plena integração social e na redução do impacto da incapacidade.

Na LVM a reabilitação permite reduzir as sequelas da lesão, melhorar e prolongar

a esperança média de vida com qualidade, assim como facilitar a reintegração social do

doente (Andrade, Cunha, Rocha & Roque, 2013). Tem assim por objetivo potenciar as

competências e capacidades funcionais a partir de uma abordagem abrangente, desde os

aspetos clínicos, aos emocionais, desportivos, lúdicos e sociais (Faria, 2006; Amaro,

Dantas, Laíns, Margalho & Silva, 2012).

No entanto, para além de conhecer a patologia e enquadrar o utente num programa

de reabilitação é necessário conhecer o potencial de progresso do utente (Amaro,

Branco & Moreira, 2009; O Livro Branco de Medicina Física e de Reabilitação na

Europa, 2009). E aqui, a CIF, através de uma avaliação biopsicossocial, permite o

reconhecimento das consequências da lesão e o impacto que esta representa.

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Capítulo 2 – A intervenção do Serviço Social, os direitos e as respostas sociais

2.1. A intervenção do Serviço social com doentes vítimas de LVM

A intervenção do Serviço Social (SS) neste contexto começa com o internamento

no hospital de agudos e posteriormente nas unidades de reabilitação.

O SS cresceu e desenvolveu-se a par dos movimentos hospitalares, do exercício

da medicina e das mudanças contextuais da sociedade (Sobral & Valagão, 2014). No

entanto, só nos anos 90 do século passado, a partir da Lei de Bases da Saúde e à criação

do Rendimento Mínimo Garantido, atualmente denominado de Rendimento Social de

Inserção (medida que visa combater a pobreza e a exclusão), é que o SS sobressai como

profissão, assumindo-se como um dos profissionais que concretizam as medidas e as

políticas sociais (Sobral & Valagão, 2014).

A intervenção inicial do SS começou por se assemelhar à intervenção do modelo

médico, semelhança que se deve ao facto de que ambas as áreas procuram repor a

norma (Robertis, 2011). Se por um lado o clínico, com base nos seus conhecimentos

teóricos e limitados pela investigação, procurava diagnosticar a falha que separa a saúde

da doença e aplicar o antidoto, por outro o SS procurava identificar o problema e tratar a

“doença social” (Robertis, 2011, p.66) através do estabelecimento de tipologias de

diagnóstico e possíveis respostas / soluções de combate ao disfuncionamento ou à

carência social (Robertis, 2011).

O desenvolvimento e as mudanças sociais, as transformações nos diversos

sistemas, e o aumento de políticas sociais, reconfiguraram o campo, o público-alvo,

cada vez mais heterogéneo e com problemáticas mais diversificadas, e os métodos de

intervenção.

As mudanças permitiram que o SS distanciasse a sua prática interventiva do

modelo médico em dois pontos: primeiro, o lugar e poder atribuído ao Serviço Social,

segundo, considerar os aspetos positivos e dinâmicos do indivíduo como prioritários

(Robertis, 2011). No primeiro ponto, a intervenção do Assistente Social (AS) antecede-

se ao diagnóstico social, isto é, a intervenção tem início no primeiro contacto com o

utente e com o seu agregado familiar, onde se procuram estabelecer laços de empatia e

aplicar a escuta ativa (Robertis, 2011). Este primeiro ponto permite ao (AS) descobrir a

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realidade do indivíduo e em conjunto, numa união de cooperação, procurarem soluções.

O segundo ponto, aquele que vinca o distanciamento do modelo médico de intervenção,

traduz-se na valorização das capacidades e do potencial do indivíduo para resolver os

próprios problemas (Robertis, 2011).

O SS desde de julho de 2014 a partir da Assembleia Geral da International

Federation of Social Workers (IFSW) e International Association of Schools of Social

Work (IASSW) em Melborne, é definido como:

… uma profissão de intervenção e uma disciplina académica que promove o

desenvolvimento e a mudança social, a coesão social, o empowerment e a promoção

da Pessoa. Os princípios de justiça social, dos direitos humanos, da responsabilidade

coletiva e do respeito pela diversidade são centrais ao Serviço Social. Sustentado nas

teorias do serviço social, nas ciências sociais, nas humanidades e nos conhecimentos

indígenas, o serviço social relaciona as pessoas com as estruturas sociais para

responder aos desafios da vida e à melhoria do bem-estar social. (APSS, 2015).

A prática do SS abrange a defesa de três gerações de direitos individuais e

coletivos que são interdependentes e se reforçam mutuamente: a primeira refere-se aos

direitos políticos e cívicos como a liberdade; a segunda, que se refere aos direitos

socioeconómicos e culturais como a saúde, educação e habitação, e por fim a terceira,

refere-se ao direito à biodiversidade das espécies e da igualdade intergeracional (APSS,

2015). Neste sentido, Lipsky (1980, citado por, Filho, 2013) refere que os AS são

profissionais de primeira linha, que trabalham diretamente com o indivíduo em

representação do Estado, que transformam as políticas em bens e serviços de forma a

promoverem a mudança social, a resolução de problemas relacionais e reforçar a

emancipação.

Na saúde, a prática profissional desenvolve-se tendo em conta o código de ética,

adotado pela IFSW em conjugação com os objetivos dos cuidados de saúde, ou seja,

prever, promover, reabilitar e recuperar a saúde (Ferreira et al, 2013; Gabinete de

estudos e planeamento da saúde, 1979, citado por, Guadalupe, 2013). E as funções estão

descriminadas na Circular Normativa n.º 8 de 16 de maio de 2002, do Departamento de

Modernização e Recursos da Saúde do Ministério da Saúde, onde se pode ler:

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Identificar e analisar os problemas e as necessidades de apoio social dos utentes,

elaborando o respetivo diagnóstico social

Proceder ao acompanhamento e apoio psicossocial dos utentes e das respetivas famílias,

no quadro dos grupos sociais em que se integram, mediante a prévia elaboração de

planos de intervenção social

Proceder à investigação, estudo e conceção de processos, métodos e técnicas de

intervenção social

Participar na definição, promoção e concretização das políticas de intervenção social a

cargo dos respetivos serviços ou estabelecimentos

Definir, elaborar, executar e avaliar programas e projetos de intervenção comunitária na

área de influência dos respetivos serviços e estabelecimentos

Analisar, selecionar, elaborar e registar informação no âmbito da sua intervenção

profissional e da investigação

Assegurar a continuidade dos cuidados sociais a prestar, em articulação com os

parceiros da comunidade

Envolver e orientar utentes, famílias e grupos no autoconhecimento e procura dos

recursos adequados às suas necessidades

Articular-se com os restantes profissionais do serviço ou estabelecimento para melhor

garantir a qualidade, humanização e eficiência na prestação de cuidados

Relatar, informar e acompanhar, sempre que necessário e de forma sistemática,

situações sociais problemáticas, em especial as relacionadas com crianças, jovens,

idosos, doentes e vítimas de crimes ou de exclusão socia. (Circular Normativa n.º 8,

2002)

No entanto, segundo Amaro (2015) é possível agrupar as funções do AS em

cinco: funções relacionais, funções de acompanhamento, funções de assistência, funções

de dimensão política e por fim funções técnico-operativas e de reflexão.

As funções relacionais prendem-se com a capacidade do AS estabelecer relação

de empatia, de saber ouvir e de compreender e perceber a relação que o indivíduo tem

com o seu meio e estabelecer mediações entre o meio e o indivíduo (Amaro, 2015). As

funções de acompanhamento remetem para “a construção de narrativas e sentidos

comuns”, para a exploração de recursos, cocriação e negociação de projeto de vida, no

fundo trata-se de capacitar e exercer advocacia social junto do indivíduo (Amaro, 2015,

p. 137). As funções de assistência referem-se às necessidades básicas dos indivíduos

respondidas no imediato, de uma forma assistencialista e caritativa. As funções com

dimensão política, apesar dos profissionais ainda não terem conquistado plenamente o

espaço político, trata-se de preparar e influenciar decisões, de analisar criticamente as

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políticas, da interpretação e sugestão de alternativas (Amaro, 2015). Por fim as funções

técnico-operativas e de reflexão que englobam todas as anteriores, trata-se da execução,

do “como fazer”, das funções anteriores, o que remete para o diagnóstico, avaliação,

planeamento, execução, gestão, mas também para a investigação e reflexão da prática

profissional (Amaro, 2015, p. 139).

Atualmente, um dos princípios básicos do Serviço Social na saúde é o “princípio

do indivíduo – em – contexto “ (Sobral & Valagão, 2014, p. 451) tendo em conta a

pessoa, o seu estado de saúde, o tratamento, a reabilitação e os recursos disponíveis no

seu meio social (Sobral & Valagão, 2014). Rege-se por uma ideologia biopsicossocial

da doença e da saúde, o que implica uma avaliação multidimensional das necessidades

do indivíduo, considerando as diversas dimensões (psicológicas, sociais, biológicas e

espirituais) que influenciam e determinam o estado de saúde e bem-estar do indivíduo

(Beder, 2006, citado por, Sobral & Valagão, 2014; Ferreira et al., 2013).

No que toca à LVM ou à deficiência e incapacidade que esta implica, a

intervenção do SS tem como finalidade a integração e a mudança social (Santos, 2010),

sendo os principais objetivos a emancipação e a redução do estigma e da discriminação,

assim como o desenvolvimento de capacidades socias e individuais (APSS, 2015).

Nesta ótica, a intervenção do AS deve-se centrar na motivação das potencialidades dos

indivíduos e nas dinâmicas e elementos positivos que o rodeiam, posicionando-se como

mediador entre pessoas, instituições, grupos e comunidades (Rodriguez, 2011).O que

implica um conhecimento profundo e adequado sobre as políticas e medidas, os

recursos disponíveis e as metodologias de intervenção, o que obriga a uma atualização

constante de saberes (Trullenque, 2010; Amaro, 2015).

Isto significa que o AS deve estar apto a prestar informação e esclarecimento

acerca dos direitos sociais e dos recursos disponíveis na comunidade que servem de

apoio na obtenção de prestações sociais e no tratamento burocrático que os mesmos

exigem (Brashler, 2012).

Os princípios e as funções do SS materializam-se na intervenção do AS, nas

estratégias e modelos de ação que adota. E neste sentido, vários autores procuraram

definir modelos de intervenção com base numa perspetiva sistémica, ou seja, uma visão

global da pessoa e da interação entre sistemas.

Campanini (1991, citado por Fazenda, 2013), aponta o Modelo dos Quatro

Sistemas de Pincus e Minaham como o mais abrangente, isto porque expõe

explicitamente a ideia de que os indivíduos dependem dos diversos sistemas que o

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rodeiam, pelo que, o SS deve de atuar e aproveitar o que de melhor os sistemas podem

oferecer. Os autores deste modelo apontam três tipos de sistemas em que os indivíduos

estão inseridos: os informais compostos pela família, amigos vizinhos, colegas; os

formais compostos pelas associações, sindicatos e grupos comunitários; e os societais

compostos pelas empresas, escolas, hospitais e o estado (Fazenda, 2013). Sistemas em

que o SS intervém de forma integrada.

Já a prática dos AS baseia-se em quatro sistemas: o sistema agente de mudança,

constituído pelas instituições e organizações e pelos AS que nelas trabalham; o sistema

do cliente, que é constituído pelos grupos, comunidades e pessoas que procuram ajuda

junto do sistema agente de mudança; o sistema-alvo, constituído pelas instituições,

grupos, comunidades e pessoas que o AS vai tentar influenciar ou mudar, e por fim, o

sistema de ação, constituídos por grupos, por comunidades, por pessoas e por

instituições com quem o AS, numa relação de cooperação, trabalha (Fazenda, 2013).

A partir de uma relação de colaboração, de negociação e conflito, aplicam-se

metodologias como a avaliação do problema que permite definir o objetivo, a recolha de

informação, o estabelecimento de relação entre sistema e indivíduo, a negociação de

acordos e a influência para a mudança (Fazenda, 2013). Desta forma, os autores

defendem uma abordagem abrangente e integrada em prol da resolução dos problemas

sociais, o que se verifica necessário na saúde.

Por seu turno, Guadalupe (2013) aponta três vertentes de intervenção do Serviço

Social na saúde: i) a intervenção que promove a adaptação à situação, ii) a intervenção

que explora e potencia o suporte social, e por fim, iii) a intervenção que emancipa e

capacita.

O primeiro ponto, a intervenção que promove a adaptação à situação, é uma

intervenção que objetiva a compensação, ou seja, procura minorar as dificuldade e as

necessidades identificadas e previstas tendo em conta o contexto do indivíduo e o

diagnóstico clínico (Guadalupe, 2013). Neste ponto, o Serviço Social procura auxiliar,

motivar e capacitar o indivíduo e a sua família na tomada de decisão face às escolhas

que possam servir de auxílio aos novos desafios que se advinham, assim como, informa

e garante o acesso aos direitos sociais e aos recursos disponíveis (Guadalupe, 2013).

O segundo ponto, a intervenção que explora e potencia o suporte social, visa em

primeiro lugar avaliar e diagnosticar o suporte social formal e informal disponível e

acessível ao indivíduo, isto porque, existindo uma rede de suporte não significa que

responda às carências do indivíduo (Guadalupe, 2013).

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O suporte informal, que na maioria dos casos é a família, que requer atenção

especial por parte do Serviço Social, nomeadamente quando se trata de doentes com

dependência e incapacidade, há necessidade de apoiar (emocionalmente,

instrumentalmente e informativamente) para que esta mantenha a capacidade de cuidar

(Guadalupe, 2011).

A família, que de forma imediata e envolta na relação de parentesco e por

questões morais assume os cuidados a serem prestados, é tida como o suporte mais

importante, o que exige da família capacidade de organização. Nesta perspetiva, é

necessário não só olhar para o doente, mas também para a família e para as relações

informais que servem de suporte no dia-a-dia e em situações de crise (Guadalupe,

2013). No entanto, há que ter em conta que, tal como Gueiros (2010) refere, a

entreajuda em situações de crise, poderá ser insuficiente o que ajudará a vincar as

vulnerabilidades sociais. Neste sentido, e de forma a apoiar os cuidadores informais, há

necessidade de envolver os suportes sociais de retaguarda para que estes representem

um reforço nos cuidados. E também de salientar que a intervenção que emancipa e

capacita, todo o tipo de intervenção deve ter como objetivo a emancipação e capacitação

do indivíduo e da sua rede informal de forma que este consiga tomar as suas próprias

decisões.

Quando surge algo inesperado como a LVM, toda a estrutura familiar fica

abalada, e obrigada a encarar uma nova realidade e com isso, novas exigências. Neste

sentido, a intervenção que emancipa e capacita visa estabelecer relação entre o doente, a

família, os serviços e as políticas sociais (Guadalupe, 2013).

O AS coloca ao dispor o seu saber de forma a facilitar o acesso aos recursos

sociais, que frequentemente são rígidos e limitados (Matias, 2003, citado por,

(Guadalupe, 2013). No entanto, tal como Carvalho (2003) diz, é preciso examinar o

doente a partir das suas competências e atribuir-lhe competências, é uma forma de

desenvolver e recuperar capacidades e gerir o seu quotidiano, desta forma a intervenção

ganha um “carater emancipador para o utente e para a família, porque os coloca no

centro da decisão”.

Podemos concluir que a intervenção do AS na saúde e especificamente no

contexto da LVM procura combinar e focar aspetos individuais e coletivos de forma a

criar laços e relações que sirvam de suporte social ao utente e à família, colocando ao

dispor destes todo o seu saber e recursos.

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24

2.2. As políticas e respostas sociais na deficiência e incapacidade

Como foi referido no ponto 1.3, a generalização do conceito de incapacidade ou

de deficiência pode tornar-se ambígua. A ambiguidade que se deve à diversidade de

incapacidades e de como esta se reflete na vida do indivíduo. Neste sentido, a CIF veio

permitir identificar quais as limitações do indivíduo.

No entanto, questiona-se o presente e o futuro dos indivíduos que subitamente

adquiriram uma incapacidade, como a LVM. Que tipos de apoio social estão

disponíveis para os indivíduos que subitamente veem as suas vidas alteradas?

Ao rever a história e o marco da democracia portuguesa percebe-se que só a partir

da Revolução em 25 de Abril de 1974 se inicia uma preocupação crescente com o

cidadão e com a deficiência e incapacidade, com os seus direitos e deveres assim como

a responsabilização do Estado em apoiar e operacionalizar medidas políticas, sendo

mesmo incluído na Constituição da Republica, onde é possível ler:

Os cidadãos portadores de deficiência física ou mental gozam plenamente dos direitos e estão

sujeitos aos deveres consignados na Constituição, com ressalva do exercício ou do

cumprimento daqueles para os quais se encontrem incapacitados. 2. O Estado obriga-se a

realizar uma política nacional de prevenção e de tratamento, reabilitação e integração dos

cidadãos portadores de deficiência e de apoio às suas famílias, a desenvolver uma pedagogia

que sensibilize a sociedade quanto aos deveres de respeito e solidariedade para com eles e a

assumir o encargo da efetiva realização dos seus direitos, sem prejuízo dos direitos e deveres

dos pais ou tutores. 3. O Estado apoia as organizações de cidadãos portadores de deficiência.

(AR, 2005).

A par da renovação de políticas e a defesa dos direitos dos cidadãos, passa a ficar

consignado também o direito à segurança social, à saúde, à qualidade de vida, entre

outros, bases que defendem a coesão social e que permitem criar respostas no combate

às vulnerabilidades sociais. Neste âmbito, a Segurança Social enquanto sistema estatal

assume um papel fulcral na promoção de coesão e bem-estar social, bem como na

promoção de igualdade e direitos básicos, regendo-se por princípios como a

solidariedade, igualdade, universalidade, inserção social, entre outros (ISS, 2015).

Por sua vez, o SS que sempre manifestou preocupação com a dimensão jurídica e

do direito, é aquele que facilita o acesso aos diretos sociais, papel que se desenvolve a

partir prestação de informação, de orientação e de acompanhamento do indivíduo na

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tomada de decisão e no acesso aos direitos (Robertis, 2011). No entanto, os AS não são

meros facilitadores ou executores de políticas públicas. Lipsky (1980, citado por, Filho,

2013) aponta a proximidade que estes profissionais têm como a realidade e problemas

sociais como uma vantagem sobre os líderes governamentais, dando substancia às

políticas publicas a partir da forma como as aplicam e tomam as decisões, uma vez que

as políticas não são aplicadas conforme são concebidas. No entanto, a vantagem das

políticas publicas é que elas servem de instrumento para o desenvolvimento da ação do

AS.

Numa retrospetiva história, a deficiência e incapacidade surge legislativamente

em 1982, onde, a partir do Decreto-Lei n.º 144/82, de 27 de abril, é criado o Sistema de

Verificação de Incapacidades Permanentes (SVIP), que veio permitir o acesso a

prestações por incapacidade (ISS, 2015).

Até a atualidade, na área da deficiência, várias são as políticas implementadas que

se dividem por vários domínios como a segurança social, a saúde, o emprego, a

educação e formação profissional, a habitação, o trabalho e a fiscalidade.

No entanto, quando se fala de incapacidade é essencial falar do comumente

conhecido Atestado Multiusos (AM), ou seja, Atestado Médico de Incapacidade

Multiusos. Este documento, constituído por lei a partir do Decreto-Lei n.º 202/96, de 23

de outubro, estabelece o regime de avaliação da incapacidade de deficientes,

posteriormente alterado pelo Decreto – Lei n.º 174/97, de 19 de julho e pelo Decreto-

Lei n.º 291/2009, de 12 de Outubro, tem por objetivo limitar o acesso a benefícios

apenas a indivíduos que se enquadrem dentro dos parâmetros previstos na lei.

Para obter o AM é necessário que a pessoa com deficiência e incapacidade ou o

seu representante legal requeira na Delegação de Saúde da sua residência uma Junta

Médica, para que lhe seja atribuído o grau de incapacidade com base no Decreto – Lei

n.º 352/2007, de 23 de outubro, que aprova a Tabela Nacional de Incapacidades por

Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais (ISS, 2008; SNS,2016).

O AM permite o acesso a várias medidas, no entanto a maioria dessas medidas

exigem que o grau de incapacidade seja igual ou superior a 60%, caso contrário, não é

considerado pessoa com deficiência.

Face ao exposto, após pesquisa e levantamento documental, os quadros que se

seguem apresentam as principais políticas sociais e legislativas de apoio à pessoa com

deficiência e incapacidade adequadas aos indivíduos com LVM adquirida em idade

produtiva, nas áreas da Saúde, Segurança Social, Emprego e Formação Profissional,

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26

Habitação e Fiscalidade.

Quadro 1 - Políticas Sociais na Saúde / Legislação

Políticas Sociais Legislação / Descrição

Acompanhamento

familiar em

internamento hospitalar

ou unidade de saúde

Têm direito a acompanhamento familiar em unidade de

saúde ou hospital as crianças, pessoas em situação de

dependência, pessoas com deficiência, pessoas com

doenças incuráveis ou estado avançado ou terminal (Lei

n.º 106/2009 de 14 de setembro)

Isenção das Taxas

Moderadoras

Isenção de pagamento de consultas, exames

complementares de terapêutica e diagnósticos, urgências

hospitalares, os utentes com incapacidade igual ou

superior a 60% (Lei n.º 7-A/2016 de 30 de março)

Rede Nacional de

Cuidados Continuados

Integrados (RNCCI)

A RNCCI procura restaurar, reabilitar e melhorar as

condições de vida a pessoas em situação de dependência

através de apoio social e cuidados de saúde (Decreto- lei

n.º 101/2006 de 6 de junho)

Transporte de Doentes

Têm direito ao transporte os doentes em situação

económica desfavorável e cuja situação clinica o

justifique, como doenças comprovadamente

incapacitantes e acamados. Dependendo da situação

clinica do utente, tem ainda direito a um acompanhante

(Despacho n.º 7861/2011 de 31 de março)

Fonte (elaboração própria): INR (2014); ACSS (2016); SNS (2016 e 2017) ERS (nd)

No que diz respeito à área da Segurança social é possível distinguir dois domínios,

as prestações sociais (Quadro 2) e as respostas sociais (Quadro 3).

Quadro 2 - Prestações Sociais na Segurança Social/ Legislação

Prestações Sociais Legislação/ Descrição

Complemento por

dependência

Destina-se a pensionistas de invalidez, velhice ou de

sobrevivência, que se encontrem em situação de

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dependência. A atribuição realiza-se de acordo com o

grau de dependência (Lei n.º 6/2016 de 17 de março)

Pensão de Invalidez

Destina-se a pessoas em situação de incapacidade

permanente para o trabalho. Dependendo do grau de

incapacidade, pode-se auferir da pensão absoluta ou

relativa (Decreto-lei n.º 167/2013 de 31 de dezembro)

Produtos de Apoio para

pessoas com deficiência ou

incapacidade

Procura financiar produtos de apoio como cadeiras de

rodas, canadianas, almofadas anti úlceras, a pessoas

com deficiência congénita ou adquirida (Lei n.º

38/2004 de 18 de agosto)

Subsídio Mensal Vitalício

Destina-se ao familiar da pessoa com deficiência e

incapacidade, que dadas as circunstâncias fique

impossibilitado de exercer profissão (Decreto-Lei n.º

250/2001 de 21 de setembro)

Subsídio por Assistência de

3ª pessoa

Destina-se a pessoas com deficiência que necessitam

de permanente acompanhamento (Decreto-Lei n.º 133-

B/97 de 30 de abril)

Fonte (elaboração própria): ISS (2014; 2015; 2016 e 2017)

Quadro 3 - Respostas Sociais na Segurança Social/ Legislação

Resposta Social Legislação/ Descrição

Centro de Atendimento,

Acompanhamento e

Reabilitação

Social

Serviço que pretende acompanhar e assegurar o

processo de reabilitação social da pessoa com

deficiência e incapacidade através de serviços de

capacitação e suporte aos cuidadores informais

(Decreto-lei n.º 33/2014 de 4 de março)

Centro de Atividades

Ocupacionais

Destina-se a pessoas com deficiência grave cujo

objetivo é integração social e a valorização pessoal

(despacho n.º 52/90 de 15 de julho)

Estabelecimentos

residenciais (Lar

Residencial e Residência

O lar residencial destina-se a pessoas com deficiência e

incapacidade impossibilitadas de residir no seu

domicílio. A residência Autónoma destina-se a pessoas

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Autónoma) que apesar da deficiência e incapacidade apresentam

capacidade de autonomia adaptada (despacho

normativo n.º 28/2006 de 3 de março)

Serviço de Apoio

Domiciliário

É um serviço que procura prestar apoio no domicílio da

pessoa dependente e incapacitada (Portaria n.º 38/2013

de 30 de janeiro)

Fonte (elaboração própria): ISS (2014; 2015; 2016 e 2017)

Em termos de emprego e formação profissional também é possível apontar

algumas políticas socias que promovem a requalificação e reintegração profissional.

Tais políticas dividem-se em formação e reabilitação profissional. A primeira visa

instruir e requalificar as capacidades das pessoas com deficiência e incapacidades, a

segunda são medidas de ingresso efetivo no mercado de trabalho (IEFP, nd).

Todas as medidas se baseiam no Decreto-Lei n.º 290/2009, de 12 de outubro.

Quadro 4 - Políticas Sociais no Emprego e Formação Profissional/ Legislação

Políticas Sociais Legislação/ Descrição

Qualificação de pessoas

com deficiência e

incapacidade

Certificação profissional

Cursos de formação profissional inicial e contínua

Medida Descrição

Apoio à integração –

Trata-se de um

conjunto de apoios que

facilita a escolha

informada do percurso

profissional tendo em

conta as etapas e os meios

mais convenientes na

promoção da inserção

profissional

Informação, avaliação e

orientação para a

qualificação e o emprego;

Apoio à colocação;

Acompanhamento

pós-colocação;

Adaptação de postos

de trabalho e eliminação de

barreiras arquitetónicas

Emprego Apoiado - Estágios de Inserção -

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29

Reabilitação profissional

Trata-se de apoiar a

atividades socialmente

uteis ou profissionais com

objetivo de desenvolver

competências pessoais,

relacionais e laborais em

regime normal de trabalho

Contratos Emprego-

Inserção;

Emprego Protegido;

Emprego Apoiado em

Mercado Aberto

Marca Entidade

Empregadora Inclusiva

Trata-se do

reconhecimento público de

boas práticas de inclusão

de pessoas com deficiência

e incapacidade

desenvolvidas pelas

entidades empregadoras

Produtos de apoio Trata-se de apoio

financeira para a aquisição

ou modificação de

equipamentos que ajudem

a neutralizar as limitações e

a potenciar a inserção

profissional

Centros de reabilitação

profissional de gestão

participada

Visam garantir as instalações e o funcionamento de

respostas específicas não passíveis de serem

Desenvolvidas por outros sistemas de formação

(Decreto-Lei nº 131/2013 de 11 de Setembro de 2013)

Fonte (elaboração própria): IEFP (nd)

Outras políticas de apoio à pessoa com deficiência e incapacidade estão

relacionadas com o crédito habitação e fiscalidade.

Quadro 5 - Políticas de Crédito Habitação

Política Legislação/ Descrição

Crédito bonificado à Aprova a concessão de crédito habitação a pessoas com

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30

habitação a pessoa com

deficiência

deficiência e incapacidade comprovada igual ou superior

a 60% (Lei nº 64/2014, de 26 de agosto)

Fonte (elaboração própria): INR 2015

Quadro 6 - Políticas Fiscais

Políticas Legislação/ Descrição

Regalias no IRS

Quando a deficiência e incapacidade é igual ou superior

a 60%, o Código de IRS prevê regalias adicionais de

forma a minimizar as despesas extraordinários (código

do imposto sobre IRS)

Imposto sobre Veículos

&

Imposto sobre o Valor

Acrescentado

Segundo o Código de Imposto sobre Veículos, pessoas

com deficiência e incapacidade igual ou superior a 60%

ficam isentas do pagamento de impostos (código de

imposto sobre o valor acrescentado)

Imposto Único de

Circulação

Pessoas com deficiência e incapacidade igual ou

superior a 60% ficam isentas do pagamento de imposto

único de circulação (Lei n.º 22-A/2007 de 29 de junho)

Fonte (elaboração própria): INR 2016

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Parte II

Processo de investigação

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Capítulo 1 – Objetivos e objeto empíricos

1.1. Objetivos empíricos

Num mundo em constantes mudanças e com problemáticas emergentes como a

LVM, o presente estudo empírico pretende identificar e compreender os limites e as

potencialidades do SS no processo de reintegração familiar, laboral e social do utente

com LVM.

Assim o objetivo geral é compreender os limites e desafios que o Serviço Social

enfrenta no processo de reintegração social, laboral e familiar do doente com LVM. Já

os objetivos específicos são:

Compreender a prática profissional do Assistentes Sociais no processo de

reintegração social, familiar e laboral do indivíduo com LVM;

Percecionar as necessidades que os indivíduos com LVM sentem no que

diz respeito ao suporte formal;

Identificar as limitações e os desafios na intervenção do SS.

1.2. Objeto e campo de investigação

O projeto de investigação teve como objeto os profissionais de Serviço Social

elencados à área da deficiência e incapacidade do Centro de Medicina de Reabilitação

da Região Centro-Rovisco Pais da Tocha, Centro de Medicina de Reabilitação de

Alcoitão e a Unidade de Cuidados Continuados de Convalescença do Hospital José

Luciano de Castro em Anadia.

1.3. Procedimento ético para a inclusão e recolha de dados

As AS que participaram na investigação foram contactadas no sentido de solicitar

e verificar a disponibilidade para receber a mestranda e agendado o dia da entrevista,

sendo que foi assinado o consentimento informado (Apêndice 2).

A investigação decorreu sobre o compromisso de manter o anonimato dos

participantes assim como a entrega de exemplares da investigação às instituições.

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1.4. Pertinência do estudo para o Serviço Social

O SS é uma profissão de proximidade o que lhe permite conhecer em primeira

instancia o contexto, as necessidades e as dificuldades que os utentes sentem. Tendo em

conta os poucos dados estatísticos e a caraterização da LVM e as suas implicações,

percebe-se que existe um forte impacto na participação social do utente e que se trata de

um problema emergente, principalmente por se tratar de utentes em idade ativa.

Assim, a pertinência do estudo deve-se à necessidade de compreender a eficácia e

eficiência das respostas e políticas sociais para esta problemática que emerge na

sociedade. A identificação de limites e potencialidades da intervenção do SS permite,

não só aprofundar conhecimento, mas identificar necessidades, criar e promover

respostas.

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Capítulo 2 – Metodologia empírica

2.1. Natureza da pesquisa

Uma vez que se pretende compreender e questionar o quotidiano da prática

profissional dos Assistentes Sociais numa problemática cada vez mais emergente na

sociedade, optou-se por uma metodologia qualitativa.

A metodologia qualitativa enquadra-se especialmente no estudo de fenómenos

sociais, pelo seu carater descritivo e interpretativo (Denzin & Lincoln, 1994, citado por,

Aires, 2015). Como defende Vilelas (2009), os estudos descritivos servem para

aumentar os conhecimentos das características e dimensões de um problema de forma a

obter uma visão mais completa.

Esta abordagem permite perceber a dinâmica entre o mundo real, o objeto de

estudo e os acontecimentos, sendo o seu principal objetivo entender qual a perceção que

os sujeitos têm do seu mundo, tendo em conta as distorções e a disponibilidade para

partilhar as suas vivências (Zanelli, 2002, citado por, Freitas & Jabbour, 2011).

A investigação qualitativa no Serviço Social permite a conjugação de dois

mundos fundamentais à produção de conhecimento, isto é, i) a perceção das

experiencias vivenciadas pelos sujeitos, nomeadamente os beneficiários das políticas,

dos serviços e dos projetos, ii) e o quotidiano como produtor de conhecimento

(Arcoverde, 2013).

Arcoverde (2013) refere que a análise do quotidiano, onde se enquadra a

dimensão política, permite identificar as rotinas e os mecanismos de funcionalidade

assim como as dinâmicas, heterogeneidade e a criatividade na invenção de regras e

processos de intervenção.

Com o objetivo de compreender a prática profissional das AS’s, questionou-se as

profissionais sobre as suas rotinas, métodos e estratégias de intervenção com doentes

com LVM, o que permitiu observar e reter os procedimentos habituais adotados e os

desafios que enfrentam diariamente.

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2.2. Procedimentos Metodológicos

2.2.1. Tipo de Pesquisa

Como método opta-se pelo estudo de caso. Este método permite-nos conhecer o

“porquê” e o “como” de dado acontecimento, nomeadamente quando se pretende

investigar algo em que o investigador tem pouco controle sobre os acontecimentos, o

que é o caso da presente investigação (Yin, 2009).

Fidel (1984, citado por Yin, 2009) define o estudo de caso como um método de

pesquisa de campo, que por sua vez, são investigações de fenómenos onde não há

intervenção significativa do investigador. Becker (1970, citado por, Yin,2009) refere

que o estudo de caso é a análise de um caso particular, afirmando que se pode adquirir

conhecimento confiável a partir da exploração intensiva de um único caso. Que segundo

Coutinho & Chaves (2002), pode ser uma personagem, um grupo, um indivíduo, uma

comunidade ou uma organização.

Podemos assim dizer que este método permite compreender aprofundadamente

determinado fenómeno real, sendo que se enquadra no cumprimento dos objetivos do

presente estudo.

Benbasat, Goldstein & Mead (1987) consideram que um estudo de caso deve

possuir algumas características: a) o fenómeno deve ser observado no seu contexto real;

b) os dados devem ser recolhidos a partir de vários meios; c) deve ser analisada uma ou

mais entidades; d) o fenómeno deve ser estudado aprofundadamente; e) deve permitir a

construção de conhecimento; f) o fenómeno estudado não deve ser alvo de manipulação

ou controlo experimental; g) não há necessidade de antecipar as variáveis dependentes e

independentes; h) os dados dependem do nível de integração do investigador; i) podem

ser feitas mudanças no caso ou na seleção dos métodos de recolha de dados à medida

que o investigador desenvolve novas hipóteses.

Tendo em conta as características mencionadas, o estudo de caso decorreu durante

o período de setembro a dezembro, na Unidade de Cuidados Continuados de

Convalescença do Hospital José Luciano de Castro em Anadia onde se realizou o

estágio de observação. De salientar que durante o período em causa não foi possível o

contacto com utentes com LVM, impossibilitando a observação da prática profissional

junto destes doentes. No entanto, observou-se a prática profissional com utentes em

idade avançada com um grau elevado de dependência física, o que permitiu perceber e

reter os procedimentos, os métodos e a intervenção do SS no seu quotidiano.

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Na ausência de doentes com a patologia em estudo no local de estágio, recorreu-se

a outros centros de reabilitação e questionou-se as AS sobre as práticas, ferramentas e

métodos de intervenção do quotidiano profissional. O que se revelou uma mais-valia,

pois permitiu a comparação de dados e a produção de conhecimento.

No presente estudo deu-se preferência a experiência profissional superior a cinco

anos para que o verbalizado pelas AS’s fosse considerado prática habitual, assim como

o facto de as entrevistas terem ocorrido no local da prática profissional permitiu às AS

justificarem as suas práticas recorrendo a exemplos e experiencias que foram sendo

transcritas e observadas.

Conclui-se assim, que o presente estudo teve em consideração as características de

um estudo de caso segundo os autores Benbasat, Goldstein & Mead (1987).

2.2.2. Técnicas e procedimentos de recolha de dados

Como técnica de recolha de dados opta-se pelo grupo focal, a escolha deve-se à

sua característica de entrevistas grupais, o que promove o debate em torno de um tema

específico, muito usado na pesquisa qualitativa exploratória e em ciências socias (

Backes, Colomé, Erdmann & Lunardi, 2011).

O debate grupal permite explorar os vários pontos de vista e promove a reflexão

crítica sobre um fenómeno social, usando o seu próprio vocabulário, e levanto questões

pertinentes à área social (Backes, Colomé, Erdmann & Lunardi, 2011).

Associado ao grupo focal está a entrevista que é um instrumento comum e de

grande importância na compreensão e estudo do ser humano e das realidades sociais,

pois é a partir das entrevistas que os sujeitos partilham as suas práticas e formas de

pensar (Aires, 2015).

De forma a atingir o objetivo de compreender as dinâmicas profissionais e a sua

consonância com as políticas socias, recorreu-se às notas de campo retiradas no âmbito

do quotidiano do estágio e aplicou-se a entrevista semiestruturada.

A opção pela entrevista semiestruturada deve-se ao facto de esta possibilitar a

construção de um guião (apêndice 1) com questões principais e de respostas abertas

(Aires, 2015) o que permite incluir novas questões de forma a aprofundar a temática

sobre o ajustamento das políticas e respostas sociais na área da deficiência e

incapacidade.

A opção do grupo focal deve-se sobretudo ao escasso tempo para realizar as

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entrevistas e a diversidade das instituições, obrigando a um debate e troca de ideias mais

conciso.

Importa ainda salientar a indispensabilidade da técnica de pesquisa bibliográfica e

documental para o estudo realizado, com o recurso a livros, artigos e documentos

considerados cientificamente relevantes.

2.2.3. Tratamento e análise de dados

A análise de dados é a fase mais complexa da investigação, nomeadamente

tratando-se da análise de discursos, neste caso optou-se pela técnica de análise de

conteúdo.

Segundo Bardin (2009) a análise do conteúdo consiste numa das técnicas de

analise da comunicação, que tem como objetivo descrever o conteúdo de uma

mensagem e para o qual se usa procedimentos sistemáticos. Entende-se então que o

objetivo é compreender o conteúdo explícito e oculto de uma mensagem.

Bauer & Gaskell (2008, citado por Grzybovski & Mozzato, 2011) referem que a

análise de discursos escritos são os mais tradicionais da análise do conteúdo. Flick

(2009) aponta vários tipos de material textual, como as notas de campo, diário de

pesquisa, transcrições, entre outras, em que todas as formas de documentar são

relevantes e adequadas no processo de pesquisa.

Tomando como ponto de partida as etapas definidas por Bardin (2009), para a

análise de conteúdo, este aponta três momentos: 1) pré-análise; 2) exploração do

material e 3) tratamento dos resultados, interpretação e conclusão.

A primeira fase, a pré-análise, trata-se de organizar o material de análise com o

objetivo de sistematizar as ideias. Esta fase divide-se ainda em quatro etapas: leitura de

todos os documentos para análise; triagem dos documentos mais relevantes; formulação

de objetivos e hipóteses; e determinação de indicadores (Brandin, 2009)

A segunda fase, exploração do material, trata-se de definir categorias de análise. É

definida como a fase mais importante da análise do conteúdo, pois definirá a riqueza e

pertinência da pesquisa (Apêndice 3).

A terceira e última fase, tratamento dos resultados, interpretação e conclusão,

trata-se de destacar as informações e interpretações mais importantes, altura em que se

reflete criticamente.

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Tendo em conta o grupo focal e a análise de dados adotada, procurou-se que os

participantes discutissem a temática numa perspetiva interna e externa, contribuindo

assim para repensar as conceções, atitudes, práticas e políticas socias.

2.2.4. Constrangimentos e limitações

Ao longo de todo o processo as dificuldades foram várias, nomeadamente o

aprofundamento teórico da temática e a concretização das entrevistas. A especificidade

do tema revelou-se uma dificuldade uma vez que a informação estatística e documental

em relação à LVM é parca.

A ausência de utentes com LVM na unidade onde se realizou o estágio obrigou a

deslocações. Os pedidos de autorização, o excesso de burocracia e o pouco tempo

disponível para a concretização das entrevistas foram um entrave à participação de

utentes com LVM, pelo que se declinou e optou-se por recolher os dados somente junto

das AS.

Dada a especificidade da LVM, a maioria dos utentes encontram-se nos Centros

de Medicina de Reabilitação que se localizam no norte, centro e sul do país, dada a

relevância, apesar da distância, alargou-se o espectro ao centro de Alcoitão e Tocha, o

que contribuiu para aumentar a amostra.

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Parte III

Análise reflexiva: apresentação e discussão geral dos

resultados

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Capítulo I – Apresentação e análise de dados

1.1. Apresentação dos resultados

Aplicando a análise de conteúdo segundo os parâmetros de Bardin, chegou-se a

quatro categorias: 1) a visão que os assistentes sociais têm da LVM; 2) a intervenção do

Assistente Social na reabilitação da LVM; 3) as políticas sociais e a sua eficácia e

eficiência; e por fim 4) identificar as necessidades do Serviço Social para melhor

intervir e ainda qual a perspetiva deste em relação ao futuro dos utentes com LVM, que

servem de guia para materializar os objetivos propostos.

Estas categorias permitem concretizar os objetivos que foram propostos, ou seja:

com as categorias 1 e 2 pretende-se compreender a prática profissional do AS no

processo de reintegração social, familiar e laboral do indivíduo com LVM, com as

categorias 3e 4 pretende-se identificar os limites e desafios da intervenção do SS, por

fim com a categoria 4 pretende-se ter perceção das necessidades que os indivíduos com

LVM sentem no que diz respeito ao suporte formal.

A primeira categoria pretende perceber qual a visão dos assistentes sociais perante

a LVM. Recorrendo às experiências profissionais das entrevistadas pretende-se

compreender a visão que os AS têm dos doentes com LVM. Já a segunda categoria

tratou de conhecer o quotidiano profissional das assistentes sociais, os seus métodos e

ferramentas de intervenção.

A terceira categoria objetiva compreender a eficácia e eficiência das políticas

socias destinadas à deficiência e incapacidade, ou seja, compreender se as políticas

socias são um apoio à (re)integração social do utente com deficiência e incapacidade

adquirida, e quais os seus limites. Por fim, a quarta categoria pretende-se compreender o

qual a visão dos assistentes sociais perante o regresso à comunidade / futuro do utente e

ainda quais as necessidades do Serviço Social para melhor uma melhor intervenção.

1.1.1. A visão dos assistentes sociais sobre a LVM

Tendo em conta os dados apresentados no enquadramento teórico, percebe-se que

uma LVM acarreta incapacidades motoras graves com implicações negativas ao nível

da autonomia, o que leva a depender de uma terceira pessoa para a realização das

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atividades da vida diária (AVD). Embora a reabilitação física procure devolver

mobilidade, algumas lesões são irreversíveis, permanecendo o treino de mobilidade

constante e o conformismo dos doentes perante a situação.

Na visão das assistentes socias entrevistadas a LVM é um problema de saúde

com “limitações ao nível da mobilidade física, na dinâmica pessoal e familiar” (ENT1)

o que “afeta as capacidades psicológicas” (ENT2), revertendo-se num desafio tanto

para o utente e familiares como para os próprios profissionais envolvidos.

As limitações ao nível da mobilidade carecem de avaliação, pois variam entre

lesão completa e incompleta. No entanto, para o presente estudo, as entrevistadas

orientaram as suas respostas tendo em conta um elevado grau de perda de mobilidade e

de dependência de terceiros para a realização das AVD’s.

Partindo desta perspetiva, para além das limitações que uma LVM implica, as

entrevistadas acrescentam que o diagnóstico representa “ um choque”. Pois é perceber

que, de um momento para o outro, o utente se encontra “ dependente de outra pessoa

para a realização das atividades da vida diária, limitado na atividade”(ENT3).

Em termos de dinâmica pessoal e familiar, uma LVM “limita a atividade

profissional e a participação” (ENT3). Quer isto dizer que o utente, que antes tinha

uma vida social participativa e ativa profissionalmente, de um momento para o outro,

“deixa de ser o suporte económico e passa a ser um fardo” (ENT3). O que se traduz

num problema pessoal e familiar, pois o agregado “passa a viver em torno do utente e

das suas necessidades, abandonando, por vezes, os locais de trabalho em prole do

doente” (ENT2).

O diagnóstico clinico, a perda de mobilidade e a impossibilidade de retrocesso da

situação, a previsão de impossibilidade de regressar à atividade profissional e a

consciência da dependência de um terceiro elemento para realizar as AVD’s, “dificulta

a integração social” (ENT1), o que promove a exclusão social dos indivíduos, levando-

os, por um lado “a um sentimento do fim …. e à resignação”, ou por outro, “a outra

forma de viver, aceitando e lutando” (ENT3).

Nesta primeira categoria, é possível concluir que a visão das assistentes socias

entrevistadas reporta para a ideia de transformação a nível físico, pessoal e familiar. E

que tais transformações têm implicação no processo de reintegração social do utente

que se traduzem em exclusão social a partir da impossibilidade de participar ativamente

na realização de atividades profissionais e sociais.

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1.1.2. A intervenção do Assistente Social na reabilitação

da LVM

A análise dos dados permitiu percebe que embora se trate da área da saúde, os

procedimentos adotados variam ligeiramente de instituição para instituição. No entanto,

a origem dos utentes é comum, isto é, os doentes são encaminhados pelos hospitais de

agudos, pelos médicos de família e/ ou pelos fisiatras.

Como a própria designação indica, os centros de reabilitação, assim como as

unidades de cuidados continuados de convalescença, têm como objetivo proporcionar

ao indivíduo cuidados de saúde de reabilitação, nomeadamente funcional, a partir da

valorização das suas capacidades para a construção de um novo projeto de vida que

inclui a dimensão social, pessoal, familiar e espiritual.

A partir da observação em local de estágio e dos dados obtidos é possível percebe

que o projeto de vida e de reabilitação do doente com LVM é construído com o utente,

com a família e com a equipa multidisciplinar, onde se inclui o Serviço Social, estes

últimos irão trabalhar com o objetivo de preparar o regresso do utente a casa e ao seu

quotidiano.

A intervenção do Serviço Social inicia-se “aquando a entrada do utente procura-

se perceber a dinâmica do utente, da família e quais os apoios que dispõem” (ENT2),

ou seja, “constata-se a realidade e estabelece-se um possível prognóstico” (ENT1). No

fundo, esta primeira análise procura perceber qual o “suporte familiar, económico,

profissional e habitacional” (ENT3) que os utentes dispõem e que estão disponíveis e

podem ser uma mais-valia na reabilitação do doente.

A partir da observação percebe-se que a análise da realidade do utente também

acontece a partir da informação partilhada entre profissionais do sistema de saúde e

instituições da comunidade, o que permite perceber e colmatar eventuais falhas de

comunicação entre utentes/ familiares e AS.

Durante o período de internamento, mais do que conhecer as carências “procura-

se tratar e combater as necessidades” (ENT2) assim como “consciencializar a familiar

ou o cuidador para a realidade do momento e do futuro do doente” (ENT1).

A satisfação das necessidades e a consciencialização dos familiares passa pela

orientação, esclarecimento, encaminhamento e articulação institucional, funções que

cabem ao assistente social e que foram observadas aquando as realização de reuniões

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entre os familiares do doente e os representastes da equipa multidisciplinar, isto é, o

médico e o enfermeiro responsável e o AS.

A orientação passa pela prestação de informação e esclarecimento de dúvidas

relativos a procedimentos legais junto das instituições formais, como por exemplo,

“orientar para solicitar pensão de invalidez e complemento por dependência” (ENT3),

o que obriga “ao Assistente Social a estar sempre informado”(ENT3) sobre os

procedimentos e apoios disponíveis, de forma a orientar os familiares nesse mesmo

sentido, uma vez que, “os apoios a solicitar nas diversas instituições têm de ser

necessariamente por um familiar” (ENT3).

Alguns centros de reabilitação têm projetos próprios a favor dos utentes e seus

familiares, como por exemplo “a realização de conferências de

esclarecimento”(ENT1) que ajudam os familiares a compreenderem a situação e qual a

melhor forma de lidar com os acontecimentos. O ensino ao cuidador é um projeto

comum às três unidades de saúde que procura dotar, capacitar e preparar o cuidador

para o regresso a casa do utente. Assim os cuidadores são “convidados a participar na

reabilitação do utente…. a equipa disponibiliza-se para ensinar ao cuidador a cerca

das rotinas e cuidados a considerar”(ENT1).

O encaminhamento e a articulação institucional permitem ao Serviço Social

procurar apoio externo às necessidades identificadas, isto é, procurar, junto da

comunidade do utente, apoio para suprir as diversas carências tendo sempre por base o

diagnóstico social que identifica a necessidade, como por exemplo recorrer à rede social

local para a “ reconstrução / adaptação” (ENT3) habitacional, solicitar “apoio

domiciliário” (ENT3 e ENT1).

O AS também faz a articulação com as empresas e centros de formação no sentido

de, por um lado, sensibilizar as entidades empregadoras “para a reorganização do posto

de trabalho”(ENT2) isto na tentativa de reintegração profissional, e por outro, com as

entidades formadoras para a “reintegração profissional, através da qualificação /

formação” (ENT3).

Os procedimentos adotados, que variam entre instituições e tempo de

internamento, têm em vista o regresso do utente a casa e a satisfação das suas

necessidades e qualidade de vida, promovendo a reintegração social, familiar e

profissional. No entanto, dado o diagnóstico clínico e a população mais frequente com

LVM (adultos em idade ativa e participativa), as assistentes sociais deparam-se com

desafios acrescidos.

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Os desafios devem-se a ausência de respostas sociais e ao excesso de burocracia

das entidades oficiais.

A ausência de respostas a que as assistentes sociais se referem deve-se à “faixa

etária” (ENT2) dos utentes. A maioria da população com LVM são adultos em idade

ativa e produtiva que adquiriram debilidades motoras. Quando se olha para as respostas

na comunidade facilmente se encontram soluções, como os centros ocupacionais

destinadas a deficiência congénita, cognitiva, ou os lares residenciais “o que obriga a

um encaixe obrigatório por parte dos doentes a respostas destinadas a idosos” (ENT2),

ou seja, não há “respostas sociais adequadas” (ENT1). Esta ausência de respostas

adequadas é um fator a contribuir para a transformação na dinâmica familiar, isto

porque a família vê-se “obrigada a abandonar o posto de trabalho para acompanhar e

cuidar do seu doente” (ENT2).

Quanto à burocracia, apesar de “vivermos na era da informatização” (ENT3),

persiste a necessidade da entrega de documentação em suporte papel, o que contribui e

permanece a “demora na receção de resposta” (ENT3). Para além de ser um transtorno

no posto de trabalho do familiar que assume os cuidados, uma vez que “ para a entrega

de documentos nas instituições oficiais os horários são pouco ágeis” (ENT3), e as

faltas possíveis “circunscrevem-se a 15 dias por ano” (ENT3).

1.1.3. Eficácia e eficiência das políticas sociais

Ao abordar a questão sobre as políticas sociais direcionadas à deficiência,

rapidamente se notou algum desconforto e impotência. Devido ao excesso burocrático

já relatado anteriormente questiona-se a sua acessibilidade, a eficácia e eficiência das

mesmas.

Na opinião das assistentes sociais as “políticas sociais e as necessidades dos

utentes têm de andar de mãos dadas e não é isso que acontece” (ENT3), acrescentando

que as políticas sociais “não são para todos” (ENT2). Reafirmando que os processos

das políticas socias “são muito burocráticos, demorados e exigentes” ENT3 e ENT2).

As políticas sociais a que os utentes com LVM recorrem são a pensão de

invalidez, o complemento por dependência e os produtos de apoio. No entanto, as

assistentes sociais realçam que é necessário que o indivíduo tenha “ uma deficiência e

incapacidade extremamente grave” (ENT2) para ter acesso a determinadas políticas.

Exemplo disso é o acesso á isenção de taxas moderadoras, de impostos e discos para os

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carros que obriga a ter um grau de incapacidade superior a 60% (ENT2). Para ter acesso

a tais benefícios é necessário o utente requerer o atestado multiuso, que por sua vez,

“depende da junta médica, e … difícil de solicitar rapidamente” (ENT3).

Prevalece um esquecimento em relação às famílias que assumem os cuidados e a

responsabilidade em detrimento da ausência de respostas adequadas. Quer isto dizer que

não existem apoios políticos concretos para os cuidadores que abandonam os seus

postos de trabalho em prol do utente (ENT3).

Na opinião das assistentes sociais e decorrente das suas experiências profissionais,

assiste-se a “um desfasamento entre a teoria e a prática”(ENT1) assim como “

insensibilidade social” (ENT1) para as questões voltadas para a deficiência. Esta

(in)diferença social “promove o isolamento e a exclusão social do utente” (ENT1) e da

sua família.

Tendo em conta a dificuldade que os utentes enfrentam para fazer valer os seus

direitos, quando existe uma tentativa de integração nas respostas da comunidade, apesar

de não serem as mais adequadas e de existir uma recusa por parte dos utentes com LVM

(ENT1), uma vez que se destinam “ a idosos ou a utentes com deficiência cognitiva”

(ENT1), como os centros ocupacionais e lares, estes utentes “raramente são aceites”

(ENT1).

A privatização dos serviços da comunidade também se revela um entrave à

integração social do utente e da sua família. Atualmente as mensalidades praticadas

pelas Instituições Particulares de Solidariedade Social assemelham-se às praticadas

pelos lares privados, o que limita o acesso aos doentes com LVM dada a elevada perda

de rendimentos por parte do agregado (ENT2).

Quanto ao enriquecimento curricular a partir da formação profissional, aqui

também de encontram limitações, nomeadamente o facto de “só aceitarem doentes com

autonomia” (ENT1) e ainda a “perda da pensão” (ENT1), o que leva à não aderência

por parte dos utentes, devido ao receio de perderem o rendimento que auferem.

A conjugação de limitações das políticas e das respostas sociais não impedem o

sucesso do regresso a casa, no entanto, promovem a “exclusão psicológica, social e

económica” (ENT1).

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1.1.4. Identificar as necessidades do SS para melhor

intervir, o futuro dos utentes com LVM

Dadas as dificuldades de integração dos utentes em respostas sociais, de

reorganização do posto de trabalho e a perda de rendimentos, as assistentes sociais são

unânimes quanto ao futuro destes utentes, a exclusão e o isolamento social. No entanto,

realçam que esta exclusão depende “da situação familiar, social e apoios de cada

comunidade” (ENT3).

Quer isto dizer que a readaptação e reintegração social depende, em grande

medida, dos meios e apoios disponíveis, assim como do grau de incapacidade e da

capacidade do utente se adaptar a sua nova realidade (ENT1), de serem pró-ativos e

procurarem novas formas de se integrarem (ENT2).

Em termos da profissão de Serviço Social, as entrevistadas referem a necessidade

de haver “um reajustamento das políticas sociais” (ENT2), nomeadamente, “porque

cada vez se encontram mais situações problemáticas e incapacitantes em camadas mais

jovens” (ENT2), acrescentando a necessidade de “respostas na comunidade” (ENT1).

De concluir que as dificuldades que as profissionais sentem no seu quotidiano,

também são sentidas pelos utentes, uma vez que as políticas e as respostas sociais, para

além de serem uma ferramenta do Serviço Social, servem para suprir as necessidades

dos utentes.

Embora o contexto social despromova a integração social, é necessário que tanto

o utente como a família procurarem ser “empreendedores” (ENT2), não só a favor do

bem-estar do doente, mas também de todo o agregado. Realçando que, enquanto seres

sociais, a reintegração social processa-se a partir do envolvimento com os outros, neste

sentido a própria sociedade deverá facilitar todo o processo. Pelo que deveria existir

maior sensibilidade social a favor da inclusão, seja a partir da desconstrução de

barreiras físicas (ENT2), seja a partir da igualdade de oportunidades, abandonando a

ideia cultural do utente como vitima (ENT2).

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Capítulo 2 – Discussão dos resultados

Os resultados obtidos permitem, 1) compreender a prática profissional do

Assistentes Sociais no processo de reintegração social, familiar e laboral do indivíduo

com LVM, 2) Percecionar as necessidades de suporte social formal que os indivíduos

com LVM sentem 3) Identificar os desafios da prática profissional do Serviço Social.

Assim, no cumprimento do primeiro objetivo, o presente estudo empírico permitiu

perceber que a LVM em idade adulta e ativa é uma problemática emergente na

sociedade portuguesa, facto que se verifica pela ausência de dados estatísticos

concretos. No entanto, a conjugação de dados estatísticos a partir de várias fontes,

conforme o ponto 1.2 do enquadramento teórico, permite concluir que se trata de uma

problemática com cada vez mais representatividade na sociedade atual.

A LVM traduz-se em consequências imediatas, permanentes e em cadeia na vida

do indivíduo. Como se percebe a partir do ponto 1.1 do enquadramento teórico e da

descrição das AS’s entrevistadas, a sequela principal e imediata é a nível físico onde se

verifica a perda de mobilidade parcial ou total permanente cuja recuperação é um

desafio para o doente e para o corpo clínico envolvido. Por sua vez, a perda da

mobilidade tem implicações a nível pessoal, familiar, laboral e social.

A nível pessoal as consequências refletem-se na perda de autonomia e na

dependência da terceira pessoa para a realização das AVD’s, que, por sua vez, se

refletem no agregado familiar que assume a responsabilidade assumida dos cuidados e

se organiza em torno das necessidades do doente. Em termos laboral e social, a

experiência das AS’s entrevistadas demonstram dificuldades acrescidas no regresso à

atividade profissional devido ao elevado grau de incapacidade mas também pela

impossibilidade ou falta de oportunidade de reorganização do posto laboral, que se

reflete na participação social do doente a partir de um maior isolamento social,

característico da deficiência e incapacidade.

Apesar do disgnóstico clinico de LVM representar um choque para o doente e

para a família, a reabilitação permite reduzir algumas sequelas, melhorar a qualidade de

vida e a facilitar reintegração social conforme ponto 1.4 do enquadramento teórico.

O objetivo do internamento e da equipa multidisciplinar nos centros e unidades de

reabilitação é repor funcionalidades, restaurar e devolver qualidade de vida ao utente,

promovendo assim a sua autonomia e independência. Neste sentido, recorrendo à CIF,

que tem por base uma análise biopsicossocial, avalia-se o grau da lesão e as

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potencialidades remanescentes, a influência das consequências da lesão no quotidiano

do doente e a capacidade deste lidar com a situação. A partir da avaliação da interação

entre a dimensão social, psicológica e biológica, o projeto de reabilitação é planeado de

forma mais eficiente e eficaz, através da valorização das capacidades remanescentes e o

treino de funções que permitam a autonomia do utente e facilitem a reintegração social.

O SS preocupa-se com a nova realidade social do indivíduo e do seu agregado

familiar, fazendo parte dos seus princípios a justiça social, os direitos humanos, a

responsabilidade coletivas e o respeito pela diversidade, conforme se pode ler na

definição adotada pela IFSW e pela IASSW em 2014 (APSS, 2015). Princípios que se

espelham na sua prática profissional.

Na área da saúde o SS rege a sua prática pela Circular Normativa n.º 8 de 2002, é

com base nestas orientações que se processa a reintegração social, familiar e laboral do

doente com LVM. No entanto, cada instituição desenvolve os seus próprios projetos

como conferências de esclarecimento e ensino ao cuidador. Pois tal como Lipsky (1980)

refere, o facto de o AS ser um dos profissional de primeira linha dá-lhe a oportunidade

de conhecer a realidade social, o que lhe permite identificar as necessidades e intervir

sobre elas.

Em termos práticos, e tendo em conta as três vertentes de intervenção

mencionadas por Guadalupe (2013), a intervenção do SS inicia-se aquando o

internamento do utente com LVM e cujo objetivo é preparar a alta hospital em

consonância com os demais profissionais envolvidos. Significa isto que, durante o

internamento, existe a preocupação em conhecer e manter contacto com o utente e com

o agregado familiar, de forma a entender os seus contextos e necessidades.

Tendo em conta a primeira vertente da autora: intervenção que promove a

adaptação à situação, esta inicia-se com a construção do diagnóstico social que irá

permitir obter informações importantes sobre as necessidades presentes e futuras. No

entanto, o sucesso da construção do diagnóstico social depende da relação que é

estabelecida entre o utente, o familiar e o AS. Tal como Amaro (2015) refere, é

importante que o AS tenha capacidade de ouvir, compreender e perceber, ou seja, é

importante que o AS seja capaz de estabelecer uma relação de empatia para que o utente

e a família se sintam à vontade para expor as emoções e as necessidades eminentes, o

que permite orientar melhor os familiares e os doentes para as respostas sociais mais

adequadas.

A segunda vertente de intervenção prende-se com a exploração de suporte social,

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ou seja, faz parte das funções do AS conhecer as necessidades e potencialidades do

utente e da família. O conhecimento advém da relação de empatia já estabelecida e do

diagnóstico social que, quando aprofundado, permite saber qual o suporte informal e

formal que o utente dispõe. É aqui que a família deve receber maior atenção, pois é

aquele que se dispõe de imediato a cuidar.

A atenção redobrada com a família deve-se ao desgaste físico e emocional que

uma deficiência implica e por isso ser necessário orientar, encaminhar e negociar a

colaboração da rede formal da comunidade de forma a apoiarem o agregado e

produzirem algum alívio e apoio ao cuidador. Nesta etapa o AS desempenha o papel de

mediador institucional, isto é, estabelece contacto com as diversas entidades da

comunidade em prol do utente. Esta prática revela a dependência dos indivíduos sobre

os diversos sistemas que a sociedade dispõe, o que prova a teoria do Modelo dos Quatro

Sistemas defendido por Pincus e Minaham abordado no 2.1 do enquadramento teórico.

Os autores defendem ainda uma abordagem abrangente e integrada em prol da resolução

dos problemas, isto é, recorrer a todos os sistemas formais e informais que possam

servir de apoio ao doente e ao seu cuidador.

Estas duas vertentes de intervenção obrigam a que o AS esteja em constante

atualização de informação em relação às áreas de intervenção, às medidas e recursos

disponíveis tal como Trullenque (2010), Brashler (2012) e Amaro (2015) defendem.

Assim, afirma-se que um AS atualizado e informado é um AS dotado para exercer as

suas funções de forma eficiente e eficaz a favor do utente e da sua família, revelando-se

uma mais-valia, tanto para os que recebem o apoio como para a própria equipa de

intervenção e profissão, pois promove as boas práticas profissionais

Por fim, a intervenção que emancipa e capacita, apesar do AS colocar ao dispor

do utente e da família as suas ferramentas e saberes, é importante que estes sejam

capazes de produzir e buscar respostas e soluções às suas necessidades. Neste sentido, o

AS, enquanto aquele que procura promover a mudança, também procura capacitar e

envolver de forma ativa os intervenientes na tomada de decisões. Esta prática permite,

não só à família, mas também ao utente, ganhar motivação para recuperar o seu

quotidiano, de forma emancipatória a família é colocada no centro das decisões, o que a

obriga a reagir proactivamente.

Com este primeiro objetivo é possível afirmar que a prática do SS é mais do que

um mero cumprimento de obrigações legais, e sim uma prática que favorece a

proatividade do utente e da sua família a partir de uma relação motivacional e de

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empatia, marcada pela capacitação (Esteves, 2007).

Outros aspetos relacionados com a prática profissional no seu quotidiano foram

realçados pelas AS’s e que vão de encontro ao segundo objetivo do presente estudo:

identificar as necessidades de suporte formal que os doentes com LVM em idade adulta

e produtiva sentem. A partir do diagnóstico social e da identificação das necessidades

dos utentes e da família o AS procura informar sobre os direitos e os procedimentos a

tomar em relação às políticas sociais, nomeadamente quanto à entrega de documentação

junto das entidades competentes como a segurança social, local de trabalho e

seguradoras.

Dada a gravidade e implicações de LVM, na maioria dos casos fica evidente,

embora dependa da atividade profissional que exerçam, a impossibilidade de regresso

que implica a perda de rendimento no agregado, o que leva o AS a orientar o utente e

familiares para o exercício dos seus diretos, nomeadamente o pedido da pensão por

invalidez, conforme o quadro n.º 2. No entanto, dada a faixa etária população incidente

o grau de incapacidade e a carreira contributiva poderão impedir que o utente receba a

pensão completa.

A partir da análise dos termos legais da pensão de invalidez, percebe-se que esta

varia entre relativa e absoluta. Na primeira o grau de incapacidade é inferior a 60% e a

carreira contributiva é contabilizada o valor a receber varia entre 264,34€ e 382,46€, na

segunda o grau de incapacidade é superior a 60% e a carreira contributiva não é

contabilizada e no mínimo o utente recebe 382,46€. No entanto, esta ultima, se houver

lugar a pagamento de indeminização por parte de terceiros, existe uma distribuição do

valor mensal, e só posteriormente receberá a pensão de invalidez paga pela segurança

social, exemplo: se o utente receber 10.000€ de indeminização e 500€ mensais de

pensão, só passados 20 meses é que irá receber a pensão de invalidez.

Num agregado familiar com baixos recursos, a perda de rendimento coloca a

família numa situação de vulnerabilidade económica e de exclusão social, uma vez que

a ausência de rendimento não permite ter acesso a todos os bens e serviços.

A responsabilidade dos cuidados assumidos pela família poderão implicar o

abandono do local de trabalho pelo cuidador, o que contribui para agravar a situação de

vulnerabilidade social e económica. Embora seja possível recorrer ao subsídio por

assistência de 3º pessoa ou a complemento por dependência, os valores, que variam

entre 101,68 € e 172,85 €, têm em conta o valor da pensão do utente que não pode ser

superior a 600,00€. De salientar, que a ausência de rendimento e o abandono do local de

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trabalho por parte dos cuidadores, dificulta o pagamento dos serviços de apoio que a

comunidade despõe, conforme o quadro 3. Neste sentido, exige-se atenção redobrada

com a família devido ao desgaste físico e emocional que uma deficiência e incapacidade

implica.

Em termos profissionais, quando a lesão do utente não é completa e prevalecem a

oportunidade de exercer funções profissionais, faz parte das funções do AS orientar e

encaminhar o utente para a requalificação e integração profissional, conforme o quadro

4 do capítulo 2 da primeira parte. No entanto, tendo em conta os dados obtidos, a

frequência dos cursos e a reinserção profissional efetiva demonstram pouco eficiência.

Quanto a reorganização do posto de trabalho, apesar da tentativa de sensibilização por

parte das AS’s junto das entidades empregadoras, estas revelam pouca disponibilidade

para o mesmo acontecer.

Dada a diversidade de necessidades do utente com LVM, nomeadamente a

adaptação habitacional, ajudas técnicas como cadeiras de rodas, quando existe uma

perda de rendimento substancial são difíceis de concretizar. Neste sentido, a AS

articular junto da comunidade apoio comunitário na satisfação das necessidades.

No entanto, verificam-se outro tipo de carências como os cuidados diários e

permanente quando se fala de um LVM completa. Segundo o quadro n.º 3 do capítulo 2

da primeira parte, o AS procura encaminhar para as respostas sociais que existem na

zona de residência, isto é, os lares residenciais, os centros ocupacionais ou mesmo o

apoio domiciliário.

Apesar de serem respostas que existem na comunidade e servirem todos aqueles

que delas precisam, a principal consequência da LVM é a perda de mobilidade. Tendo

em conta a faixa etária dos utentes com LVM as respostas supramencionadas revelam-

se desadequadas. Quer isto dizer que as respostas estão vocacionadas para receber

utentes numa faixa etária mais avançada e utentes com deficiência congénita e

cognitiva, pelo que os utentes de LVM não se sentem enquadrados. A inexistência de

respostas sociais adequadas e a distribuição territorial das mesmas, que segundo Sousa

(2007) têm em conta as iniciativas e as necessidades locais contribuem para o

isolamento e exclusão social.

Outras políticas sociais são abordadas, como os benefícios e isenções fiscais, no

entanto, para ter acesso a estas medidas é necessário que a incapacidade do indivíduo

seja superior a 60%, que segundo as AS é uma percentagem elevada, tendo em conta

que o indivíduo pode ter limitações graves, que transtorne a sua vida e o seu quotidiano,

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no entanto, não atingir os 60% de incapacidade. Neste aspeto, concorda-se com as AS

quando referem que as políticas sociais não são para todos os indivíduos, uma vez que

aqueles que não têm um grau de incapacidade superior os 60% perdem benefícios.

Esta ambiguidade das políticas sociais acaba por colocar em causa os princípios

básicos como a solidariedade, a igualdade, a universalidade e a inserção social, da

Segurança Social, enquanto sistema estatal que assume o papel de promoção de coesão

e bem-estar. Posto isto, percebe-se que os apoios disponíveis aos utentes com LVM

estão longe de satisfazer as suas necessidades, necessidades também sentidas pelo SS no

decorrer da sua prática profissional.

Por fim, o último objetivo do presente estudo, identificar os limites e os desafios

do SS. Face ao exposto percebe-se que estes sentem vários constrangimentos,

começando pelo excesso de burocracia, tanto para os utentes como para os AS, o que

contribui para atrasar a comunicação e agravar as necessidades dos utentes.

Depois, a deficiência e a incapacidade são áreas relativamente recentes das

políticas sociais muito voltadas para a proteção caritativa e assistencialista, com

medidas de curta e longa duração, o que levanta alguns problemas, nomeadamente ao

conhecimento de algumas profissões, como o Serviço Social que concretiza as políticas,

mostrando-se ser um desafio aos profissionais dada os constantes alterações legislativas.

Em termos legislativos, encontram-se políticas assentes em duas perspetivas,

umas procuram compensar e reparar como as pensões, outras procuram incentivar os

utentes a serem pró-ativos, como incentivos à requalificação e à criação do próprio

emprego. No entanto, quando o utente procura ser pró-ativo, defronta-se com diversas

dificuldades de acesso, aqui o AS desempenha funções de ordem política, de

acompanhamento e ainda funções técnico-operativas de reflexão defendidas por Amaro

(2015).

Para além das limitações políticas as parcas respostas sociais na comunidade

também se revelam um desafio à intervenção do AS, pois limitam o desempenho e a

realização profissional, ideia também defendida por Lipsky (1980, citado por, Filho,

2013)

Neste ponto conclui-se que ainda existe um longo percurso a ser desenvolvido,

não só em termos de sociedade mas também em termos profissionais. O Serviço Social,

privilegiado pela proximidade que tem com o seu público-alvo enquanto um dos

profissionais de primeira linha, é conhecedor das suas necessidades e das suas

potencialidades, o que lhe permite, tal como Esteves (2007) defende, delinear

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estratégias que superem as limitações estruturais da ação.

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Conclusão

A investigação constitui uma oportunidade de conhecer, de aprofundar, de compreender

e de solucionar realidades e problemas emergentes na sociedade. É a identificação e o

estudo de um problema social que permite descobrir as necessidades e potenciar

soluções facilitadoras de integração social de um grupo populacional específico. Assim,

o presente estudo teve como objetivo aprofundar, e compreender quais os limites e

desafios que o Serviço Social enfrenta no processo de reintegração social, familiar e

laboral do utente com LVM.

No cumprimento do objetivo proposto foi possível identificar as limitações e

desafios que o SS, o utente e a família enfrentam no processo de reintegração, pois as

restrições revelaram-se serem comuns aos envolvidos. Objetivo que se cumpriu através

da análise e da relação entre a prática profissional do AS, as necessidades dos utentes e

as respostas e políticas sociais que servem de ferramenta ao AS.

Os resultados apontam limitações, como a dificuldade no acesso às políticas e o

seu desfasamento face às necessidades do utente, assim como a parca existência de

respostas adequadas às necessidades dos doentes com LVM.

As respostas sociais na comunidade destinadas à deficiência e incapacidade estão

vocacionadas a indivíduos com deficiência congénita e cognitiva, pelo que existe

constrangimento por parte dos doentes com LVM em frequentar tais respostas, uma vez

que não se sentem enquadrados na resposta e estas não satisfazem as suas necessidades

à exceção do apoio domiciliário. Facto que tem implicações no agregado familiar que

assume a responsabilidade dos cuidados, nomeadamente o abandono do local de

trabalho, que por sua vez contribui para a perda de rendimento, facto que se agrava

quando se trata de agregados com baixos rendimentos.

Em termos das políticas verifica-se um desfasamento entre as políticas sociais e as

necessidades dos doentes, nomeadamente quando se trata de obter o benefício

pecuniário. Quer isto dizer que, dada a faixa etária de maior incidência da LVM, a

carreira contributiva não é representativa, o que, em conjugação com o grau de

incapacidade atribuído, poderá implicar uma reduzida pensão de invalidez. Facto que,

não havendo lugar a indemnização por parte de terceiros, associado à perda de

rendimentos e a baixos recursos, nomeadamente financeiros, poderá implicar a exclusão

social do doente e do agregado familiar.

As dificuldades apresentadas revelam-se um desafio para o utente, para a família

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mas também para o AS, que vive na ambiguidade entre a procura constante de respostas

e soluções e a parca existência das mesmas, o que se revela uma limitação mas também

um desafio, pois permite ao SS se reinventar, isto é, uma vez que os AS têm problemas

concretos mas recurso reduzidos, segundo Lipsky (1980, citado por, Filhos, 2013), este

adapta-se à situação e usa o ilimitado poder, autonomia e liberdade para implementar as

políticas, o que permite um ajustamento à realidade e às necessidades do público-alvo.

O presente estudo procurou contribuir para a identificação de limites e desafios de

uma problemática emergente na sociedade atual, pelo que, ainda muito há a fazer em

termos empíricos e efetivos.

Perante os limites e desafios que o estudo permitiu concluir, seria importante o

aprofundar a temática em termos quantitativos e qualitativos da temática, isto é,

identificar e enumerar as causas da LVM mais frequentes em território nacional. Este

facto permitiria criar uma base de dados que possibilita-se uma intervenção de

prevenção junto do público mais incidente com o objetivo de reduzir as causas e os

efeitos da LVM.

A avaliação da eficácia do processo de reabilitação no processo de reintegração

social, familiar e laboral, isto é, perceber até que ponto o envolvimento de várias

profissionais e serviços é rentabilizado no processo de reintegração social do utente na

sociedade. A compreensão deste facto levantaria a questão sobre a adequação política

das respostas sociais mas também à compreensão da própria sociedade que se quer

inclusiva.

Em termos de respostas sociais é urgente a união e a partilha de informação entre

doentes com o mesmo diagnóstico, facto que possibilitaria a criação de respostas

adequadas e sentidas como necessárias, que servissem de apoio ao utente e à família.

Finaliza-se com a ideia de que, apesar do presente estudo se centralizar na LVM,

as dificuldades apresentadas são comuns a doentes com outras patologias incapacitantes

adquiridas em idade adulta e ativa.

A sociedade atual, no que à deficiência e incapacidade diz respeito, ainda têm um

longo percurso a percorrer, no entanto, cabe ao SS, uma profissão que defende os

direitos humanos, o respeito pela diversidade, a responsabilidade coletiva e promove o

desenvolvimento e a mudança social, o empowerment e a coesão social, fazer jus ao

conhecimento e à relação que tem com o seu público-alvo e participar ativamente na

elaboração e desenvolvimento de políticas sociais mais assertivas e inclusivas. Pois tal

como Esteves (2007) refere, a investigação desenvolvida pelos AS servem para

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compreender e explicar as transformações que ocorrem na sociedade e assim, contribuir

para a implementação de medidas que promovam a mudança.

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Apêndices

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Apêndice 1 – Guião de Entrevistas

Instituição

Nome:

Quantos anos de profissão:

Em que outras áreas do serviço social trabalhou:

Quantos anos ligada à área da reabilitação:

1. Enquanto profissional do Serviço Social, como compreende a lesão vertebro

medular (deficiência / incapacidade motora) em idade produtiva?

2. Qual o procedimento do Serviço Social na reintegração social do utente

desde a entrada? (Quais os meios que dispõe no apoio à reintegração Social?)

3. Quais os desafios que enfrenta no processo reintegração social?

4. Qual a sua perspetiva em relação às políticas socias para a deficiência

(lesão medular) adquirida no apoio à reintegração social? As políticas

sociais satisfazem (são uma mais valia / apoio) as necessidades dos utentes?

5. Que visão tem das respostas da comunidade em relação às necessidades

dos utentes em idade produtiva?

6. Que meios faltam ao Serviço Social para melhor apoiar a reintegração

social?

7. Enquanto profissional de Serviço Social, qual a perspetiva que tem em

relação ao futuro destes utentes?

8. O que é que acha que falta na sociedade para a plena reintegração social

da incapacidade?

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Apêndice 2 – Consentimento Informado

TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO

No âmbito do Mestrado em Serviço Social, dinamizado pela Faculdade de

Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, solicito a sua

colaboração num estudo de caso cujo tema e objetivo é “Compreender o processo de

reintegração social, familiar e laboral do indivíduo com LVM”

Com este estudo empírico pretende-se compreender como o Serviço social no seu

quotidiano processa a reintegração familiar, laboral e social do utente com LVM, assim

como, quais os limites e potencialidades que encontram na sua intervenção.

Tendo em conta que o tema trata de aspetos do foro privado das instituições,

salienta-se que toda a informação será tratada de forma confidencial e anonima.

Ressalvo que os inquiridos podem renunciar a qualquer momento a sua participação,

sem que por tal haja punição.

Agradeço, desde já, a colaboração.

Eu, ____________________________________________________, compreendi

a informação e o objetivo do estudo acima mencionado, tendo-me sido dada a

oportunidade de colocar as questões que julguei oportunas. Por tal, aceito,

voluntariamente, participar e responder a todas as questões.

________________, ________ de ________________ de 201___

Assinatura do investigador:_________________________________

Assinatura do Inquirido: ___________________________________

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Entre. Tópicos principais Sinopse Conclusão

1. Enquanto profissional do Serviço Social, como compreende a lesão vertebro

medular (deficiência / incapacidade motora) em idade produtiva?

ENT 1

Dependendo da lesão,

esta provoca várias

limitações ao nível da

mobilidade física, na

sua dinâmica pessoal e

familiar. A dinâmica

família é completamente

alterada. A família passa

a viver em torno do

doente e das suas

necessidades, vendo-se

obrigado, por vezes, a

abandonar o trabalho.

Limitações

Dinâmica física,

pessoal e familiar

alterada

Transformação

pessoal e familiar

Transformação

pessoal e familiar

Incapacidade

Exclusão social

Conformismo

ENT 2

A LSV afeta as

capacidades motoras e

psicológicas assim

como dificulta a área da

integração social o que

compromete a prática

do Serviço Social.

Mesmo não se tratando

de uma LVM completa,

afeta e dificulta a

integração.

Afeta as

capacidades

motoras e

psicológicas

Dificulta a

integração

Incapacidade

Exclusão social

ENT 3

A incapacidade em

idade produtiva seja por

acidente, seja por

doença é um choque,

ficar dependente de

outra pessoa para a

Dependente nas

avd’s

Limitado

profissional

Restrição na

participação

Aceitação

Resignação

Transformação

pessoal, familiar e

social

Conformismo

Apêndice 3 – Análise de conteúdo

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realização das

atividades de vida

diárias, ficar limitado na

atividade profissional e

outros, com restrições

na participação, deixar

de ser o suporte

económico da família,

passar a ser um fardo

para a namorada (o),

esposa (o), filhos, pais,

é o pior que pode

acontecer. É por um

lado o sentimento do

fim, por outro lado o

início de outra forma de

viver, por vezes

aceitando e lutando,

outras vezes resignando

e adormecendo.

2. Qual o procedimento do Serviço Social na reintegração social do utente desde a

entrada? (Quais os meios que dispõe no apoio à reintegração Social?)

ENT 1

Os doentes são

encaminhados a partir

de consultas com o

médico de família ou

hospital de agudos.

Devido a longa lista de

espera para a primeira

consulta, por norma, os

doentes estão em casa,

ou aqueles mais graves

e urgentes, são

Acolhimento do

utente e família

Conhecer as

necessidades do

utente

Encaminhamento

para respostas

sociais

Articulação com

empresa

(profissão) e

institucional

Acolhimento

Acompanhamento

Diagnóstico

social

Encaminhamento

Articulação

Respostas sociais

Institucionalismo

Acolhimento

Acompanhamento

Diagnóstico

social

Encaminhamento

Articulação

Respostas sociais

Institucionalismo

Esclarecimento

Avaliação

Orientação

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71

encaminhados para a

unidade de

convalescença desde

estejam na lista de

espera para consulta.

No centro não há limite

de internamento, a

duração do

internamento depende

da lesão e da evolução

da reabilitação.

Procedimento:

Acolhimento: a quando

a entrada do utente

procura-se perceber a

dinâmica do utente, a

historia familiar e os

apoios que dispõe.

Tratamento: depois de

conhecer as

necessidades do utente,

procura-se tratar /

combater as

necessidades.

O combate às

necessidades passa pela

articulação e

encaminhamento para

respostas e apoios

sociais (renovar baixas,

juntas médicas, pensão

de invalidez).

Articulação com a

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72

empresa para

reorganização do posto

de trabalho (caso o

doente estivesse a

trabalhar).

Articulação com o

centro de formação do

porto (dependendo dos

casos e das capacidades

do doente) para este

fazer formação.

ENT 2

Os doentes são

encaminhados pelos

hospitais de agudos e

pelos fisiatras.

Procedimento:

Os doentes são

encaminhados a partir

da marcação de

consulta. Aquando a

consulta realiza-se um

primeiro diagnostico

onde se constata a

realidade e se estabelece

um possível

prognóstico. Esta

primeira consulta serve

para avaliar a mais-valia

do internamento.

Posteriormente, no

internamento

concretiza-se uma

reavaliação do caso,

Encaminhamento

Diagnóstico da

realidade

Avaliação da

mais-valia do

internamento e

progressos

Identificar os

riscos

Projetos de vida

Entrevista ao

doente e família /

cuidador

Consciencializar

a família para o

futuro

Articular com a

rede social da

comunidade

Ensino /

esclarecimento

ensino

multidisciplinar

Articular

Encaminhar

Diagnóstico

Respostas sociais

Acolhimento

Esclarecimento

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73

identificam-se os riscos

e traçam-se projetos de

vida. O projeto é

realizado no âmbito de

uma entrevista onde

fazem parte o doente, os

familiares / cuidadores e

a instituição.

Ao longo do

internamento, cujo

prazo é estipulado pelo

médico, são realizadas

avaliações periódicas no

sentido de avaliar o

progresso do doente,

progresso que interfere

no processo de

integração.

No decorrer do tempo

procura-se

consciencializar a

família / cuidador para a

realidade no momento e

no futuro do doente.

Procura-se ainda

articular com a rede

social da comunidade

do doente para que esta

seja um apoio para o

agregado.

A família é convidada a

participar na

reabilitação do doente

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74

assim como, numa

preparação de alta

clinica, a equipa

disponibiliza-se para

ensinar o cuidador a

cerca das rotinas e

cuidados a considerar.

A todos os familiares e

doentes, durante o ano

são realizadas

conferências de

esclarecimentos

multidisciplinares cujo

objetivo é informar.

ENT 3

O procedimento insere-

se nas funções do

serviço social, ou seja, o

estudo, a avaliação, a

orientação e o

encaminhamento.

Um utente com

incapacidade tem como

objetivo principal a sua

recuperação funcional e

em simultâneo a

reintegração familiar,

profissional e social.

Nesta sequencia após o

diagnóstico social, e de

acordo com o grau de

incapacidade do utente,

tendo em conta o

suporte familiar, a

Estudo

Avaliação

Orientação

Encaminhamento

Diagnóstico

social; suporte

familiar,

económico,

profissional e

habitacional

Prestar apoio /

informação

Diagnóstico

social

Avaliação

Encaminhamento

Orientação

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situação económica,

profissional e

habitacional, assim

serão criados os

objetivos para cada

utente:

Ao nível familiar

presta apoio /

informação, no

sentido de ter

conhecimento da

informação que se

dispõe consoante a

doença /

incapacidade.

Neste sentido o

Assistente Social

tem de star

informado para

apoiar, uma vez

que o apoio a

solicitar nas

diversas

instituições tem de

ter necessariamente

um familiar com

disponibilidade. Ao

cuidador informal

deve ser feito o

ensino quanto às

necessidades atuais

do utente,

complementando

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76

com o apoio

domiciliário se

necessário. E

orientar para a

formação /

qualificação tendo

em vista a

reintegração

Economicamente,

após período de

baixa médica e de

avaliação de

necessidades de

outras orientações,

deve-se orientar

para solicitar

pensão de invalidez

e complemento por

dependência.

A nível

habitacional, após

ensino de equipa

multidisciplinar, e

de acordo com a

necessidade de

alterações ou não,

consoante a

situação de

carência económica

deverá orientar-se

para os serviços de

ação social locais

de forma a apoiar a

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reconstrução /

adaptação.

Finalmente a

reintegração

profissional dá-se

através da

qualificação /

formação,

orientando para as

instituições

específicas, centros

de emprego e

outras.

3. Quais os desafios que enfrenta no processo reintegração social?

ENT 1

As unidades da rede de

cuidados continuados

são um grande apoio às

famílias. Isto porque

permite às famílias

realizar obras de

adaptação e o doente

aguarda na unidade

onde tem continuidades

de cuidados,

nomeadamente cuidados

de reabilitação.

Articulam ainda com as

respostas sociais da

comunidade para que

estas sejam um apoio ao

doente.

Não existem respostas

ocupacionais para esta

Não há respostas

adaptadas para o

doente

Ausência de

respostas socias

Ausência de

respostas socias

Transformação

pessoal e familiar

Ausência de

respostas socias

Burocracia

excessiva

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faixa etária. O que

obriga a um encaixa

obrigatório por parte

destes doentes a

respostas destinadas a

idosos.

Dada a gravidade da

situação do doente, para

além da dinâmica

familiar sofrer

alterações abruptas, os

rendimentos também

diminuem uma vez que

existe a perda do

rendimento do utente.

Para além da perda de

rendimentos muitas

famílias vêm-se

obrigadas a abandonar

os postos de trabalho

para acompanhar e

cuidar do seu doente, o

que coloca a família

numa situação de

empobrecimento e

exclusão social. Uma

vez que estes deixam de

poder participar em

algumas atividades por

falta de rendimentos,

mas também por devida

acessos físicos que

persistem e que

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79

contribuem para o

agravamento da

exclusão.

Em termos de formação

e adaptação

profissional, em caso de

recusa por parte do

doente, este vai para

casa, pois não há

respostas para eles.

ENT 2

É um desafio lidar com

as famílias e as suas

constantes mudanças.

Não existem respostas

sociais adequadas às

necessidades destes

utentes, o que obriga a

recorrer a outras

respostas mais

abrangentes como as

camaras e a todas as

instituições que

constituem as redes

socias.

Procura-se ainda

sensibilizar a entidade

empregadora para o

regresso do doente e a

possibilidade de existir

uma readaptação das

funções a serem

desempenhadas.

Constantes

mudanças de

decisões

Não existem

respostas para os

utentes

Ausência de

respostas socias

Transformação

pessoal e familiar

ENT 3 Como já referido o Entraves

burocráticos

Burocracia

excessiva

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suporte familiar /

cuidador informal é o

elemento mais

importante e depende da

sua dinâmica o sucesso

desta reintegração.

A família, pais,

conjugues, filhos e

outros, com a

dificuldade que têm em

faltar ao trabalho para

apoio à família, que se

circunscreve a 15 dias

por ano, limita este

processo de reintegração

social.

Os entraves por

questões burocráticas,

de entrega de

documentos nas

instituições oficiais e

nos horários poucos

ágeis, apesar de

vivermos na era da

informatização,

dificultam o processo de

reintegração, dada a

demora na entrega e na

ressecção de resposta.

4. Qual a sua perspetiva em relação às políticas socias e a deficiência (lesão medular)

adquirida no apoio à reintegração social? As políticas sociais satisfazem (são uma

mais valia / apoio) as necessidades dos utentes?

ENT 1 As políticas sociais não

são para todos. Os

Não são para

todos

Inacessibilidade

política

Burocracia

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critérios de acesso são

exigentes. Para que algo

seja atribuído o

indivíduo tem de ter

uma deficiência e

incapacidade

extremamente grave.

No entanto, as políticas

que existem passa pela

pensão de invalidez,

complemento por

dependência e ajudas

técnicas atribuído pela

segurança social.

O grau de incapacidade

é atribuído por uma

junta médica no centro

de saúde. Esta

incapacidade, desde que

seja acima de 60%, dá

acesso a isenção de

taxas moderadoras,

disco para os carros,

isenção de imposto de

selos.

excessiva

Apoios

ineficientes

Desfasamento

entre prática e

teoria

Inacessibilidade

política

ENT 2

Existe muita burocracia,

o que resulta na

desistência dos

processos.

Os apoios monetários

também são muito

baixos. Onde se verifica

um maior cooperação é

Muita burocracia

Baixos apoios

monetários

Desfasamento

entre prática e

teoria

Burocracia

excessiva

Apoios

ineficientes

Desfasamento

entre prática e

teoria

Page 83: O Serviço Social no contexto da reabilitação de Estágio.pdfA LVM, já com elevada incidência, é um problema recente na sociedade e no mundo. Este tipo de lesão, com consequências

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no apoio aos produtos,

desde que o doente

tenha 60% de

incapacidade ou mais.

Existem muitas políticas

de emprego no entanto a

colocação dos doentes é

difícil. As barreiras

físicas também são um

entrave à integração.

Podemos dizer que

existe um desfasamento

entre a teoria e a prática,

as coisas ainda não são

pensadas na totalidade

para incluir todos, o que

promove o isolamento e

a exclusão social do

doente.

Falta sensibilidade

social.

ENT 3

As políticas sociais e as

necessidades dos utentes

têm que andar de mãos

dadas e não é isso que

acontece

frequentemente.

Falemos por exemplo e

novamente da baixa por

doença após situação de

incapacidade, o facto de

não receber o

vencimento na

Políticas

inadequadas à

prática e às

necessidades

Desfasamento

entre prática e

teoria

Page 84: O Serviço Social no contexto da reabilitação de Estágio.pdfA LVM, já com elevada incidência, é um problema recente na sociedade e no mundo. Este tipo de lesão, com consequências

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totalidade, e neste

período de isenção das

taxas moderadoras,

enquanto não obtiver o

atestado multiusos que

depende da junta

médica, e esta por sua

vez difícil de solicitar

rapidamente.

As ajudas técnicas /

produtos de apoio

atribuídos através da

segurança social,

mediante pedido dos

centros de saúde ou

centros especializados,

em que a situação

económica não é

avaliada e na

eventualidade de não

existir orçamento, o

utente não tem direito e

tem de aguardar meses.

A inexistência de apoio

/ subsídio ao cuidador

informal ou mesmo a

possibilidade de

dispensa temporária do

trabalho, podendo

receber o vencimento.

5. Que visão tem das respostas da comunidade e as necessidades dos utentes em idade

produtiva?

ENT 1 A privatização das

respostas sociais limita

Privatização

limita o acesso

Inacessibilidade

Ausência de

Inacessibilidade

Ausência de

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o acesso. Na atualidade

os valores dos lares

públicos assemelham-se

aos valores privados. O

que complica o acesso

devido à perda de

rendimentos.

Para além de não

existirem mais respostas

sociais de integração.

As respostas disponíveis

na comunidade são

respostas de apoio

(monetário ou bens)

como as autarquias.

Valores elevados

Poucas respostas

respostas

adequadas

respostas

adequadas

ENT 2

Não há respostas

sociais. Podemos falar

dos centros

ocupacionais, no

entanto, os doentes com

LVM raramente são

aceites, e os próprios

doentes não querem ir.

Uma vez que nos

centros ocupacionais

encontram-se idosos e

utentes com deficiências

cognitivas, os doentes

com LVM não se

sentem enquadrados na

resposta, dada a sua

plena consciência

Poucas respostas

socias

Não há respostas

Difícil acesso

Ausência de

respostas

adequadas

Inacessibilidade

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cognitiva.

Neste momento, a

resposta mais adequada

e aceite pelos doentes é

o apoio domiciliário.

Apesar da possibilidade

de formação

profissional, de acesso

cada vez mais difícil

dado só aceitarem

doentes com autonomia,

o regresso ao local de

trabalho continua a ser

uma dificuldade. A

formação levanta ainda

outra questão que é a

perda da pensão.

A perda de rendimento e

a poupa espectativa de

ingresso no mercado de

trabalho revela-se a

conjugação perfeita ao

abandono da ideia de

formação e qualificação

profissional.

Resumido, o utente

acaba por regressar a

casa alvo de exclusão

psicológica, social e

económica.

ENT 3 Ao nível comunitário as

respostas situam-se nas

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que dependem da

segurança social e dos

ser viços de ação social

autárquico que incluem

apoio à habitação, desde

que a habitação seja

própria, o que limita

muito o respetivo apoio

a muitas famílias.

Na saúde, o centro de

saúde possui,

dependente da unidade

de cuidados à

comunidade, a Equipas

de cuidados continuados

integrados da rede

nacional de cuidados

continuados integrados

que presta apoio de

reabilitação no

domicílio.

Quanto à qualificação

profissional, mediante

avaliação existem

algumas instituições de

formação como a APPC

/ Quinta da Conraria, no

entanto de difícil acesso.

6. Que meios faltam ao serviço social para melhor apoiar a reintegração social?

ENT 1

Apoio política. É

urgente haver um

reajuste das políticas

Apoio político Apoio político

Apoio político

Respostas

ajustadas

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socias, principalmente

porque cada vez se

encontra situações

problemáticas e

incapacitantes em

camadas mais jovens.

A faixa etária complica

o acesso às políticas,

uma vez que sendo

muitos jovens, poderão

não ter descontado o

suficiente para poder

usufruir de apoios

políticos.

ENT 2

Faltam respostas na

comunidade, apoios

políticos, apoio aos

cuidadores.

Em termos do serviço

social, falta união

profissional para lutar

pelos direitos dos seus

clientes.

Apoio político

Respostas

ajustadas

Apoio político

Respostas

ajustadas

ENT 3

O serviço social dispõe

dos mesmos meios que

todos os outros

profissionais têm num

serviço como este,

inserido numa unidade

hospitalar, acrescido da

possibilidade do

empréstimo de camas

articuladas para

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situações em que,

temporariamente são

precisas.

Dependendo da forma

como cada profissional

agiliza as situações,

desde o início prepara-

se a alta, assim se terá

menor ou maior

sucesso, uma vez que

são procedimentos

demorados. Incluindo

esclarecimentos sobre o

que vai ser o futuro,

com os diversos

profissionais, a

limitação física, a

continuidade da

reabilitação funcional, o

envolvimento da família

e a aceitação por parte

do utente.

7. Enquanto profissional de Serviço Social, qual a perspetiva que tem quanto ao

futuro destes utentes?

ENT 1

Depende do doente. Os

doentes que aceitam o

problema, são pró-

ativos e procuram a

integração, os que não

aceitam sem vergonha e

medo.

O facto de não haver

respostas socias agrava

Passividade dos

utentes

Ausência de

respostas

Dificuldade de

integração

Exclusão social Exclusão social

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a integração e o estado

de espirito do doente,

assim como toda a

estrutura familiar. A

falta de soluções

promove a passividade

dos doentes.

No entanto, estes devem

ser empreendedores e a

família deverá ajudar, o

que nem sempre

acontece.

ENT 2

De uma forma geral os

doentes com LVM

tentam-se adaptar, no

entanto, o futuro

reserva-lhe o isolamento

social.

Isolamento social Exclusão social

ENT 3

O futuro destes utentes,

depende do grau e tipo

de incapacidade, há

situações de sucesso,

outros nem por isso,

depende da situação

familiar, social e apoios

de cada comunidade

local.

O stress emocional no

cuidador informal

acresce às dificuldades,

em controlar o próprio

tempo, as relações

Desgaste familiar

(in)

adaptabilidade

Exclusão social

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afetivas, as angustias, os

medos, as tristezas, as

responsabilidades,

amarguras, raivas, etc…

pelas constantes

dificuldades podendo

existir o desejo de

acabar com a situação e

colocar o utente numa

instituição – lar.

8. O que é que acha que falta na sociedade para a plena reintegração social da

incapacidade?

ENT 1

A sociedade de facto

tem de se virar para

estas pessoas, não só no

que diz respeito às

barreiras físicas, mas a

uma melhor inclusão.

Enquanto sociedade

vitimizamos estes

doentes, e eles próprios

o fazem também. É uma

questão cultural do

“coitadinho”

Os próprios utentes de

vitimizam colocando

obstáculos à sua própria

inclusão, ou porque não

tem carro (sendo algo

que podem adquirir com

adaptações desde que

tenham meios para tal),

ou porque não

Incluir

Destruir barreiras

Pró atividade do

doente

Sensibilidade

social

Pró atividade do

doente

Sensibilidade

social

Pró atividade do

doente

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conseguem.

No entanto estes

doentes devem adotar

outra postura e não

depender apenas dos

serviços e dos apoios

sociais. Devem de

contribuir para a

sociedade mesmo com

limitações.

ENT 2

Deveria de a ver uma

readaptação mútua e

uma maior sensibilidade

social.

Readaptação

mútua

Sensibilidade

social

Pró atividade do

doente

ENT 3

A plena reintegração

deveria iniciar-se logo

após o acidente ou

doença, de acordo com

cada situação e vontade

do doente, sempre com

uma perspetiva de

incentivo e motivação à

qualificação / formação

profissional.

Assim, podendo o

utente em idade

produtiva, receber a

totalidade de um

rendimento.

Deveria existir uma

prestação social para o

Agilidade social

Agilidade política

Sensibilidade

social

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cuidador informal, já

basta a incapacidade do

doente e a redução de

rendimento.

A avaliação da

incapacidade deveria ser

refeita e agilizada para

que o doente tenha

acesso aos diversos

direitos o mais rápido

possível.