Ocontador 15
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O contador de histórias
São Paulo – 2015
E d e g e r d o H a r d t J u n i o r
O contador de histórias
Copyright © 2015 by Editora Baraúna SE Ltda.
Capa Jacilene Moraes
Diagramação Camila C. Morais
Revisão Priscila Loiola
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
________________________________________________________________H236c
Hardt Junior, Edegerdo O contador de histórias/Edegerdo Hardt Junior- 1. ed. - São Paulo: Baraúna, 2015.
ISBN 978-85-437-0477-7
1. Romance brasileiro. I. Título.
15-26047 CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3________________________________________________________________31/08/2015 31/08/2015
Impresso no BrasilPrinted in Brazil
DIREITOS CEDIDOS PARA ESTAEDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br
Rua da Quitanda, 139 – 3º andarCEP 01012-010 – Centro – São Paulo – SPTel.: 11 3167.4261www.EditoraBarauna.com.br
Todos os direitos reservados.Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem a expressa autorização da Editora e do autor. Caso deseje utilizar esta obra para outros fins, entre em contato com a Editora.
Agradeço de todo coração a paciência que minha esposa e filhos tiveram durante minhas ausências, pois não nasce um livro sem muitas horas de escrita e revisão.
Os caminhos não são fáceis, no entanto, a força não me faltou pelo incentivo que recebi dos três. Quantas ve-zes o cansaço batia forte, e o simples sorriso deles me energizava novamente. Inesquecíveis as ideias e o bom senso de minha esposa, que não tem igual.
Agradeço a educação e principalmente os exemplos que meus pais me presentearam durante minha vida. À dona Cida e ao pai Pep (Presper - póstumo).
Não poderia deixar de agradecer à editora e seus mui-tos profissionais que trabalharam comigo para que o livro chegasse ao leitor com o melhor formato e apresentação.
E não menos importante, agradeço a você, caro lei-tor, pela oportunidade.
A vida ensina muito, principalmente se vivemos com amor no coração.
Dedico este livro às minhas joias raras, com as quais posso diariamente conviver: Patricia, Edegerdo e Edward.
“Paute sua vida pelo simples e não pelo fácil”. EHJ
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O susto
O estacionamento estava lotado e a vaga privilegiada era algo que lhe dava um bom começo de dia, pois pensa-va: “O sol não brilha para todos, mas para os melhores.”
Entrou e todos o observaram. Com seu terno caro e com seu andar largo, o saguão ficou pequeno. Elevador adentro, e as portas se fecharam suavemente.
A repartição estava silenciosa, o que não aparentava normalidade para a redação da rede campeã de audiência na TV livre. As primeiras horas do dia normalmente pu-lulavam de notícias e jornalistas correndo atrás do furo, da matéria certa para o prêmio de imprensa.
Richard se dirigiu para sua sala, à ampla e luxuosa sala do principal âncora, o jornalista que apresentava o jornal do horário nobre da TV. Entrou e a secretária lhe atendeu com expressão de urgência.
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— Senhor Richard! O senhor está sendo esperado na sala da diretoria. Reunião urgente.
Richard olhou para o relógio e viu que ainda não eram oito horas. Estranhou a pressa e o chamado logo pelo começo do expediente. Sem falar um “bom dia”, tomou rumo ao elevador decidido a resolver o grande mistério.
Ao chegar ao último andar, caminhou para a porta da diretoria e foi interceptado pela secretária.
— Por favor, senhor Richard! Queira esperar um momento que vou anunciá-lo.
Ele se fez de surdo e entrou sala adentro.— Bom dia, senhores!O presidente da emissora lhe convidou a sentar:— Por favor, Richard! — apontando a cadeira da
ponta. Richard se deu por satisfeito pensando estar sendo elevado à posição de destaque que tinha direito, pois ele era o principal âncora da emissora, com vários prêmios como jornalista e apresentador do telejornal.
O ar frio do ambiente impregnava na roupa como algo tangível, fruto do ar condicionado, e um arrepio su-biu a coluna do garboso jornalista. Nem o sol no hori-zonte aqueceu o ser, com o vidro a cobrir sua intensidade tal qual nuvem agourenta.
O presidente lhe dirigiu a palavra:— A diretoria tem uma pergunta a lhe fazer, Richard!
— ao que o diretor Johnson ia se levantando: — Por favor, Johnson! Antes, quero mostrar os quadros a Richard.
O diretor sentou a contragosto, e o presidente diri-giu-se aos quadros comparativos e levantou a folha capa.
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— Richard, observe que neste quadro o estudo de audiência aparece enfocado no programa do horário no-bre. O jornal é o principal escopo — uma pausa para Ri-chard, que nem se deslocou da cadeira. — O que aparece é uma acentuada queda de audiência.
O diretor Johnson levantou-se e tomou a palavra abruptamente.
— Vamos ao que interessa! — virou-se para Richard. — A pergunta é retórica, mas vai dizer tudo: quem o senhor apon-taria como substituto para o seu cargo de âncora no jornal?
A palidez tomou o rosto de Richard e logo em seguida o vermelho foi saltando aos olhos. A voz veio rude e alta:
— É assim que a diretoria me agradece por todos esses anos de trabalho? Fiquem sabendo que outros ca-nais ficarão muito agradecidos por um jornalista de meu porte — levantou-se e saiu da sala.
Do lado de fora, a secretária, ao telefone, deu um pulo e foi ao seu encontro.
— Por favor, senhor Richard! O senhor Alberto pe-diu para o senhor ir até sua sala.
Richard parou e percebeu que podia ser um pedido de desculpas do presidente e se dirigiu para lá.
A espera foi curta, e nesses dez minutos, Richard se serviu de um drinque.
Alberto entrou e se aproximou da cadeira em que o ami-go estava sentado, puxou outra e sentou-se de frente para ele.
— Vou ser direto, meu amigo! A diretoria votou sua dispensa imediata. No entanto, posso lhe dar outro cargo.
— Que besteira é essa de outro cargo, Alberto? Vou direto ao canal concorrente e vocês vão ver.
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Alberto apenas colocou a mão sobre o ombro do amigo e relatou:
— Desculpe-me, Richard, você vem plantando e agora vai colher a amargura que depositou pelo caminho — pausou por um minuto. — Se precisar de um amigo, venha me procurar.
Richard estava ao volante e nem percebeu como saiu da emissora. Seu nervosismo tomara conta de sua consci-ência e o fez achar o caminho do canal concorrente.
Pouco depois chegara ao destino, fez-se anunciar e foi conduzido ao andar da presidência. Richard estava na sala do presidente de outro canal que lhe deixou esperan-do nada menos que quatro horas.
Expôs suas exigências de forma astuta e recebeu uma sonora gargalhada.
— Você está acabado, Richard! Por que vou acolher entre os meus a fruta podre?
Saiu dali pior que chegara.O jornalista voltou para casa cabisbaixo. Ele não en-
tendia. A audiência podia ter regredido um pouco. Prova-velmente seria a oferta de canais pagos que vinha crescendo. Ou mesmo os programas apelativos com mulheres peladas.
Ao chegar em casa, passou reto pela empregada e procurou a esposa, sem a encontrar. Retornou nervoso para a cozinha e perguntou ríspido:
— Elvira! Onde se meteu sua patroa?A empregada respondeu prontamente:— A dona Lilian foi ao bazar levar umas peças e já volta.Richard saiu batendo os pés e resmungando.— Pra que esposa minha fica enfurnada nesses bazares?
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Lembranças
Lilian, esposa de Richard, estava no bazar benefi-cente da igreja que ajudava com suas doações e serviço. Ao casar com Richard, um jornalista iniciante, não pôde continuar os estudos para professora infantil. Ela não re-clamou e se esmerou no cuidar da casa. Com a chegada dos filhos, realizou o grande sonho. O chorinho e as ho-ras de cuidar dos pequenos lhe preenchiam o tempo, e mesmo nas noites maldormidas, ela sorria feliz ao ver os olhinhos dos anjos que recebera.
Pena que o marido deliberou crescer financeiramen-te através do status na emissora e deixou a vida em família delegada apenas à mulher, que sentiu o distanciamento crescer. Richard alcançou o cargo de jornalista redator e o salário aumentara; mais horas de trabalho e contatos. Ah! Os contatos somavam horas ao telefone, almoços e janta-