P-497 - O Exército dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

download P-497 - O Exército dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

of 61

Transcript of P-497 - O Exército dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    1/61

    O EXRCITO DOSSERVIDORES DA GUERRA

    AutorH. G. EWERS

    Traduo

    AYRES CARLOS DE SOUZA

    Reviso

    GAETA(De acordo, dentro do possvel, com o Acordo Ortogrfico vlido desde 01/01/2009)

    (P-497)

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    2/61

    Na Terra e nos outros mundos do Imprio Solar os

    calendrios registram meados de julho do ano 3.438. Deste

    modo, Perry Rhodan e seus 8.000 companheiros da Marco

    Polo j permanecem h um ano na NGC 4594 ou Gruelfin, a

    galxia natal dos cappins.

    Neste espao de tempo muita coisa aconteceu tantoem Gruelfin como tambm na galxia da Humanidade. Ali,

    uma frota sinistra, que consiste de dezenas de milhares de

    grandes naves-robs (Coletores) e centenas de milhares de

    unidades pequenas (Vassalos) aproxima-se cada vez mais do

    Sistema Solar.Vascalo, o comandante desta gigantesca frota invasora,

    no se deixa desconcertar nem mesmo com as pesadas baixas

    sofridas afinal de contas, os seus robs no temem a

    morte. E Reginald Bell, Julian Tifflor e Galbraith Deighton,

    os trs homens que comandam a defesa do Sistema Solar, notm mos a medir para executarem a sua difcil tarefa.

    Muita coisa vai depender de poder contar-se, ou no,

    com a ajuda de outros povos galcticos Humanidade

    ameaada. O Coronel Edmond Pontonac, que foi destacado

    como Embaixador Solar, fez tudo que estava ao seu

    alcance, para conseguir moes de apoio Terra.

    Entrementes, enquanto tanto os terranos como tambm

    os invasores takerers esperam por reforos, a luta das duas

    frotas continua com a mesma violncia. Vascalo quer forar

    uma deciso o mais rapidamente possvel.Ele confia no Exrcito dos Servidores da Guerra...

    = = = = = = = Personagens Principais: = = = = = = =

    Reginald Bell O Marechal-de-Estado defende o SistemaSolar.

    Vascalo Comandante dos invasores de Gruelfin.

    Ribald Corello, Balton Wyt e Lesska Lokoshan OSupermutante e seus acompanhantes caam Vascalo.

    Marceile Uma mulher enfrenta o Exrcito dos Servidores daGuerra.

    Capito Tolous Bettron Ferramenta de destruio deMarceile.

    Capita Alea Onandere Comandante de uma estao de

    rastreamento em Tit.Aronte Um servidor da Guerra de Segunda Classe.

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    3/61

    1

    As guerras no so feitas por povos, mas por indivduos mas

    no so conduzidas por indivduos, mas por povos.

    Esta contradio desnuda o absurdo da guerra em si mesma etransforma em consequncia lgica da violao das leis universais o fato

    de que durante a guerra tanto as massas do povo dos atacados como

    tambm as massas do povo dos agressores acabam sofrendo com a

    mesma.

    Elgart Gaisas

    No setor de estibordo da galeria panormica brilha, branco e brilhante, o astro

    normal que os terranos chamam de Vega. Um astro numa galxia estranha, esfarrapada,que no possui nada da ordem de nossa galxia natal. Porm Vega no o destino denossos sessenta mil Coletores. Originalmente ns pretendamos voltar ao espao normal

    junto de um astro normal de nome Sol, a vinte e sete anos-luz terranos de distncia daqui,s que um erro de clculo nos desviou para c.

    Naturalmente os astronavegadores responsveis pelo erro foram executados. Quemno preenche o seu dever para com a Grande Comunidade no tem lugar nestaComunidade, e somente amoleceria a sua perfeio.

    Entrementes as primeiras batalhas tiveram lugar. Contrariando nossa expectativa,no pudemos quebrar a resistncia dos brbaros terranos ainda no. No apenas uma

    questo de tempo, para conseguirmos isto. O desejo do Tachkar lei, e cada lei se realizapor fora de sua existncia. Ns vamos destruir o pseudo-estado destes selvagenssemicivilizados que se dizem terranos e impor, tambm nesta galxia desordenada, as leisdo Tachkar e da Grande Comunidade.

    Eu, Aronte, Servidor da Guerra de Segunda Classe e acompanhante do genial einvencvel Vascalo, vou cumprir meus deveres fiel letra da Proclamao de Bronze,

    para que os povos desta galxia que vivem em ignorncia e barbrie possam participar daluz da ordem perfeita.

    Como so ignorantes e tolas estas pobres criaturas que se levantam contra seusbenfeitores. Mas a sua resistncia insensata e sem sentido, pois naturalmente ns lhes

    levaremos a felicidade mesmo fora. Talvez tenhamos que matar a metade deles, outalvez at mais, mas tudo isso no conta, pois no mximo contribuir para abrir-lhes osolhos.

    O genial Vascalo sujeitos inferiores o chamam de Vascalo, o Torto, porque umamutao da coluna vertebral o impede de caminhar normalmente como um cappin mdio

    mais uma vez demonstrou sua genialidade, transformando sua desvantagem originalnuma vantagem estratgica.

    Nossos pedorastreadores conseguiram rastrear a frequncia de comando de umpedogoniometrador ganjsico, que se encontra num corpo celeste do sistema natalterrano. Entrementes, 130.000 Servidores da Guerra de nossa frota de Coletores

    goniometraram os impulsos individuais-neutrais desse pedogoniometrador. Enquantoestamos amarrando as foras de defesa terranas em Vega, pela presena unicamente denossa frota de Coletores, preparamos a invaso do Sistema Solar. Ns vamos surgir de

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    4/61

    forma to inesperada, que o sistema central dos brbaros cair em nossas mos como umfruto maduro.

    Em meio s minhas reflexes, determinadas por uma alegria antecipada, soa ogongo, chamando a mim e aos outros membros de nossa Comunidade para as salas dealimentao. Ns nos levantamos e nos movimentamos como fluxos de um todo

    ordenado, na direo de nosso destino predeterminado. Depois da refeio os sinais noschamam para as cmaras de equipamentos. Em cada um dos nossos muitos Coletorestranscorre o mesmo processo, na mesma sequncia, de uma perfeio elevada.

    Enquanto nos ajudamos mutuamente a vestirmos os pesados trajes de combate, aSinfonia da Infalibilidade que ressoa de todos os alto-falantes coloca-nos na disposioque precisamos para a execuo de nossa Misso. Os compassos fazem com que nossoscoraes pulsem em unssono, comandando a distribuio hormonal de nossos sistemasendcrinos igualando as atividades bioqumicas de nossos crebros.

    Ns somos um, muitas partes de um todo que, no pensamento e nos sentimentos eno querer, demandam em unssono direo planejada. Como so pobres e lastimveis os

    terranos, que no conhecem nada disso. Eu sinto em mim o impulso irresistvel deobrigar esses indivduos vegetativos a uma feliz unio, a uma massa homognea quesomente conhece A LEI e O OBJETIVO.

    Eu fechei o meu traje de combate e testei os sistemas. Todos funcionam semproblemas. Quando toca o rdio do meu capacete, e uma voz mecnica me chama atVascalo, rapidamente me dirijo para o delegado do Tachkar. Ele me recebe com umsorriso exatamente medido, que acentua ainda mais a simetria ideal da expresso do seurosto.

    Que pureza, que iniciativa e firmeza podem ser pressentidas nestes traos. Oinvencvel Vascalo no conhece as oscilaes que s vezes assaltam os membros menores

    da Comunidade. Sempre que ele reconhece uma meta, ele segue o seu caminhofirmemente, livre de falsos escrpulos e livre da compaixo. Ele elogia quem deve serelogiado, ele mata quando preciso matar e ele cita as leis, que devem ser citadas.

    Eu me ajoelho diante dele, para que ele no precise erguer os olhos para mim, poisVascalo fisicamente menor que um cappin mediano, apesar de seu esprito serincomparavelmente maior e mais forte, com exceo do Tachkar.

    Aronte... diz ele com sua voz cheia e bondosa ...nosso computadorpositrnico de planejamento destinou-o a pilotar minha esfera de comando, logo quealcanarmos o corpo celeste solar, no qual se encontra o pedogoniometrador ganjsico.

    Eu no o contradigo, apesar de no possuirmos, ao que eu saiba, as possibilidades

    tcnicas de levar conosco uma instalao to grande quanto a esfera de comando. Mascomo eu me poderia atrever a querer saber mais do que o infalvel Vascalo? Por isso

    permaneo mudo. A esfera de comando est desmontada... continua Vascalo ...e ser

    transportada pelo Grupo dos Servidores da Guerra de Terceira Classe Ivorun. Logodepois da chegada, o senhor supervisionar a remontagem e em seguida me servir como

    piloto. O senhor ouviu e entendeu? Eu ouvi e entendi respondi, na antiga frmula. timo, e agora retire-se, Aronte disse Vascalo.Silenciosamente, como convm, eu me levanto e saio do recinto, sem demonstrar a

    grande sensao de felicidade que toma conta de mim pela grande honra que me dada.Na sensao de felicidade misturam-se traos de vergonha, porque num arremedo demesquinhez eu confundi, por pouco tempo, a ignorncia quanto ao transporte da esfera de

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    5/61

    comando, com mais saber. Eu vou tentar reparar este desvio da conscincia normal,atravs de um sacrifcio especial.

    Quando eu alcano os Servidores da Guerra do Grupo Ivorun, a esfera de comandoj est desmontada. Os homens amarraram as peas unitrias, em grandes pacotesdisformes, diante do peito, de modo que somente podem parar e andar eretos.

    Glria e Honra Proclamao de Bronze! eu sado os dezoito combatentes. Glria e Honra Proclamao de Bronze! respondem-me eles em coro.Eu examino os seus rostos e verifico que alguns deles se repuxaram em um sorriso

    irnico e zombeteiro. Ser que alguns Servidores da Guerra se teriam desviado da normade conscincia, ainda que inconscientemente? Eu tenho que ajud-los a corrigirem os

    princpios dos desvios. A guerra contra os ignorantes a forma mais elevada do amor. cito eu,

    utilizando-me de um discurso do primeiro Tachkar da Grande-Gruelfin.O rosto de Ivorun torna-se impenetrvel. Somente os seus olhos negros me revelam

    que os seus pensamentos ainda no se ajustaram norma.

    Isto verdade. diz ele, e baixa os olhos. Mas o senhor tem certeza,Servidor da Guerra de Segunda Classe Aronte, que os terranos tambm chegaro a estacompreenso?

    Quem mata os incompreensivos, acelera nos sobreviventes o processo deassimilao da verdade. citei eu mais uma vez. Servidor da Guerra de TerceiraClasse Ivorun, o senhor deveria reorganizar o seu pensamento, antes que a dvida nainfalibilidade de nossas leis possa envenenar a sua conscincia!

    Todos ns somos leais servidores das leis, do Tachkar e do seu delegadoVascalo. intervm um membro do grupo Ivorun. Ele empalidecera, pois certamentereconheceu o quanto Ivorun estava prximo a desenvolver uma tendncia danosa.

    Mas... continua ele ...os terranos, na sua ignorncia, opuseram uma forteresistncia, e muitos dos nossos Vassalos foram derrubados. No seria melhor esperarpela chegada da segunda frota de Coletores, e somente ento golpear com a fora reunidade um total de 1,8 milho de pedotransferidores?

    Ivorun limpou a garganta e olhou penetrantemente aquele sacrlego. Esta uma crtica que eu no posso permitir! diz ele, cortante. Vascalo

    deve saber por que no espera pela segunda frota, e no cabe a ns duvidarmos de suasdecises.

    Correto. eu reforo o seu processo de lavagem cerebral positiva. UmServidor da Guerra precisa ter confiana absoluta no comando, que somente pode ser

    infalvel, uma vez que confia absolutamente nas leis e nas proclamaes. Eu reconheo o meu erro detestvel. diz o Servidor da Guerra. O meu

    processo mental desviou-se da linha das normas de conscincia e eu agradeo ao senhor,Servidor da Guerra de Segunda Classe Aronte, por ter-me trazido de volta ao caminhocerto. Eu me comprometo total disposio para o combate e para o total sacrifcio deminha pessoa na luta iminente.

    Eu sinto como sou tomado pelo orgulho, do orgulho pelos frutos do meu trabalhoeducativo. Ao mesmo tempo estou orgulhoso por nossa ordem, que no perfeccionismo dainiciao se manifesta dia aps dia.

    E ento ecoam os poderosos sinais que nos chamam para a Misso. A luz muda, do

    calmo e constante verde para um alado rosa avermelhado. J estamos indo, j estamos indo!

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    6/61

    * * *

    Marceile ergueu os olhos do console arredondado do intercomunicador-dakkar,quando o alto-falante da escotilha blindada zuniu, e uma placa luminosa, amarelada, porcima da mesma, brilhou em curtos intervalos.

    A corretora-de-biotransferncias h mais de duzentos mil anos, membro docomando takerer, que deveria realizar na Terra um bioprograma criminoso, combatenteda resistncia contra os Planos do seu prprio povo e hoje ntima do Ganjo Ovaron ealiada dos terranos ligou o sistema de controle.

    Num pequeno cubo de trivdeo apareceram as imagens de trs figuras curiosas.Uma das figuras mal se diferenciava, fisicamente, de um homem normal nascido na

    Terra. Tratava-se de Balton Wyt, ex-livre-mercador e hoje em dia agente da Contra--Espionagem Solar, um homem alto com cabelos ruivos, cor de cobre, que lhe iam at osombros.

    Balton Wyt era telecineta.A segunda figura era, em relao com o terrano, um ano, cujo traje de combate

    fora executado especialmente. Tratava-se de Lesska Lokoshan, av do Major PatulliLokoshan. Lesska tinha, tal como o seu neto, um rosto estreito, de traos acentuados, deum moreno dourado, com um nariz adunco, pelos verdes no corpo, olhos azuis e uma vozde baixo profundo. Somente o seu crnio ao contrrio de Patulli era totalmentecalvo.

    A terceira figura mal podia ser reconhecida, uma vez que ela se encontrava nointerior de um rob de transporte cnico, de dois metros de altura. As poucas forasfsicas de Ribald Corello e o seu crnio excessivamente grande no lhe permitiam umamovimentao normal. Suas foras psquicas, entretanto, faziam dele um supermutante.

    Marceile sorriu e acionou o mecanismo de abertura. A escotilha blindada deslizoupara o teto.Primeiramente Corello, dentro do seu rob de transporte, pairou para dentro,

    seguido lepidamente pelo kamashita Lokoshan e por fim Balton Wyt entrou no recintodo intercomunicador-dakkar, fleumtico e com uma indiferena penetrante, que era umtrao saliente do seu temperamento.

    Eu a sado, Miss Marceile, encantador sonho de todas as criaturas masculinas! gritou Ribald Corello pelo amplificador sonoro do seu rob de transporte. Meucorao est aos seus ps. Eu gostaria que se decidisse a fazer um contrato matrimonialcomigo.

    Marceile enrubesceu ligeiramente. Ela naturalmente sabia que o supermutanteexagerava, mas ela j reconhecera a algum tempo que ele o fazia apenas para esconder ossentimentos mais profundos que nutria por ela. Ribald Corello provavelmente seria acriatura mais feliz do Universo, se ela se decidisse a aceitar a sua corte. Mas apesar de

    jamais t-lo visto como uma monstruosidade, sendo-lhe muito simptica, ela sabia quejamais poderia corresponder aos seus sentimentos. Alm do mais ela amava, ainda queinconscientemente, o filho de Rhodan, Mike.

    Lessa Lokoshan curvou-se, o que parecia realmente bastante engraado com o trajede combate, relativamente informe.

    Eu a sado, deusa resplandecente, brilho da galxia! gritou o kamashita. O

    Marechal-Solar Deighton nos manda para sabermos dos seus desejos. Saudaes! disse Balton Wyt, de poucas palavras, escondendo a custo umbocejo.

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    7/61

    O seu olhar exprimia um tdio profundo, porm depois de algum tempo umadiminuta fasca apareceu nos seus olhos. At mesmo um fleumtico como ele no podiaesquivar-se totalmente dos encantos de Marceile.

    Marceile riu. Eu acho simptico que me visitem. disse ela, em perfeito Intercosmo.

    Posso oferecer-lhes um caf? Os seus tcnicos de aprovisionamento terranos atinstalaram um automtico de bebidas neste recinto, e ele fornece realmente um caf quese pode tomar.

    Obrigado! disse Corello, pairou com o seu rob at o automtico, e digitoucom um dos braos do rob, um caneco de caf. A parte dianteira do recipiente globularassentado sobre o cone abriu-se, e cuidadosamente o mutante levou o caneco boca.

    Lessa Lokoshan tambm se serviu. Somente Balton Wyt no se mexeu do lugar, eleera comodista demais para isso.

    Marceile levantou-se, foi at o automtico e digitou dois canecos de caf. Um delesela levou a Wyt, e o outro foi tomado por ela mesma.

    Os senhores podem comunicar ao Marechal-Solar Deighton que eu no tenhodesejos especiais. declarou ela. A ligao-dakkar por intercomunicador comOvaron funciona sem problemas. Eu acabo de passar as ltimas informaes recebidassobre a zona de combate de Vega. Este aparelho de alta perfeio tcnica, e em caso denecessidade eu at poderia passar meus comunicados atravs da ajuda de um processoque vocs terranos chamam de cdigo Morse.

    E como est o pedogoniometrador da estao? perguntou Corello.Marceile ficou sria. Ela naturalmente no dividia o receio de Galbraith Deighton

    de que o pedogoniometrador de Ovaron na estao Tit pudesse ser usado abusivamentepelos pedotransferidores takerer, mas naturalmente sempre havia um certo risco em

    deixar-se ligado o aparelho em recepo. Est tudo em ordem. respondeu ela, ativando um sistema de monitores.Numa grande tela de vdeo podia-se ver um gigantesco pavilho de pedra. O

    pedogoniometrador fusiforme, com a ajuda do qual Marceile vencera a distncia quaseinimaginvel entre a galxia do Sombrero e a Via-Lctea, brilhava luz forte dailuminao.

    Em volta do fuso metlico, haviam sido postados soldados astronautas terranos, empesados uniformes de combate. Pequenos canhes portteis energticos e projetores deescudos protetores encontravam-se prontos para entrarem em ao, se fosse necessrio.

    Seis telas de vdeo menores mostravam as seis cmaras rochosas que se agrupavam

    em redor do pavilho do goniometrador. Aqui tambm se encontravam, sentados, de pou deitados, soldados astronautas terranos, de prontido. O Marechal-Solar tinhadestacado um total de quatro mil e seiscentos homens para garantir o pedogoniometrador.

    Sim, ao que parece est tudo em ordem. confirmou Ribald Corello. Mesmoassim, eu preferiria que a senhorita no precisasse ficar aqui na estao.

    Cada um de ns tem uma tarefa determinada. respondeu a moa cappin. Aminha de manter uma ligao pelo intercomunicador-dakkar com Ovaron. Alm disso,eu estou aguardando um mensageiro especial do Ganjo, e preciso fazer tudo para que eleseja bem recebido aqui.

    um jovem? perguntou Corello.

    Marceile reconheceu o que se escondia por trs desta pergunta, e ficou embaraada. Eu no sei Corello, e isto, alis, completamente sem importncia.O supermutante respirou fundo.

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    8/61

    Tem razo, Miss Marceile. Mesmo assim eu gostaria de ficar do seu lado, Rainhado Universo. Infelizmente recebemos ordens para nos reapresentarmos ao Marechal-de--Estado Deighton novamente no mximo at s 13:00 horas, tempo-standard.

    Ele olhou para o crongrafo na parte inferior da parte esfrica. J eram 12:33:41horas, tempo-standard, e o dia era 10 de julho do ano 3.438.

    Temos que partir novamente. Pense um pouco, se quer fazer um contrato decasamento comigo, Miss Marceile. Eu poderia colocar aos seus ps os tesouros maislindos do Universo.

    Lesska Lokoshan olhou surpreso para Corello. Em que, alis, consistem os mais lindos tesouros do Universo, Corello?O supermutante pareceu no ter ouvido a pergunta. Repentinamente ele partiu,

    pairou para a escotilha e acenou ambos os braos do rob em despedida.Lesska Lokoshan correu atrs dele.Quando a escotilha blindada tinha se aberto novamente, kamashita virou-se e disse:

    Acorde, Balton! Pegarwhisky!

    Com uma velocidade que dificilmente se poderia esperar do telecineta, Balton Wytgirou sobre si mesmo, os olhos muito abertos, e suspirando decepcionado, quandoreconheceu que Lesska o fizera de idiota.

    Espere s! disse ele.Ele saiu arrastando os ps atrs de Corello e Lokoshan, que j se encontravam do

    lado de fora, no corredor. Antes de passar atravs da eclusa, ele mexeu preguiosamenteos dedos enluvados de sua mo direita, numa saudao de despedida.

    Marceile sorriu e sentou-se novamente atrs do dakkar-intercomunicador.L fora; ao ar livre, os trs homens subiram no planador com o qual haviam vindo.

    Os sis atmicos distribuam claridade e calor, e neste momento estavam ligados em

    distribuio mxima. Uma brisa morna soprava atravs dos vales dos Montes Akalos,movimentando as folhas das palmeiras gigantea, e bafejando os rostos de Lokoshan eWyt. Corello tinha fechado novamente a cpula esfrica do seu rob de transporte, ocorpo raqutico somente podia resistir de passagem, temperatura de 37 grauscentgrados, do seu sistema de climatizao fechado.

    Lesska escudou os olhos contra o sol atmico visvel daqui, e examinou a curvaturaazul-escura do cu sem nuvens. Ele respirou fundo aquele ar temperado. Tit era um

    paraso ou quase um paraso, desde que a lua de Saturno tinha recebido uma atmosferaartificial de oxignio e seus seis sis atmicos que forneciam luz e calor. Somente svezes mexiam-se as foras naturais deste mundo, bio-hostis, deixando fluir quantidades

    formidveis de gases de metano, atravs de fendas antiqussimas, vindas de craterasprofundas onde eles se armazenavam em gigantescas cavernas. Ento os habitantesfugiam para dentro dos seus capacetes, fechando as eclusas de gases, ou semovimentavam em trajes de proteo atravs de um mundo repentinamente hostil.

    A vegetao havia sido imunizada em grande parte atravs de transformaesgenricas, contra as influncias de curto prazo do metano e do amonaco. De umatransformao correspondente de pessoas, havia-se desistido.

    Lesska Lokoshan ativou o propulsor antigravitacional do planador especial e pilotouo objeto voador para a via de trfego mais prxima. Neste dia havia pouco trfego,geralmente eram pesados planadores de carga, que encontravam os trs homens. O

    Marechal-Solar Galbraith mandara dar alerta prvio para toda a lua Tit.Logo o planador corria a grande velocidade sobre colches antigravitacionais

    sibilantes, ao longo da larga tangente, que tocava os subrbios de Lievenstein,

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    9/61

    atravessando uma zona de aclimatizao para plantas extraterrestres, na qual a cidadeaparecia com as cpulas da estao de controle solar Einstein IV, parecendo gigantescasverrugas enegrecidas, que sobressaam no horizonte.

    Pouco menos de meia hora mais tarde, o planador entrou num desvio que levavapara noroeste. A vegetao ficou mais rala, aqui e ali montes de lixo beiravam a estrada.

    De um desfiladeiro sobressaam as antenas giratrias de uma estao de vigilncia. Aquiera zona militar proibida, e adiante via-se, no horizonte, o Monte Dallwerth. Aliencontrava-se o complexo de cpulas, no qual Galbraith Deighton instalara o seuquartel--general. Ali tambm ficava o objetivo de Corello, Wyt e Lokoshan.

    No departamento de carga, o rob de transporte de Corello fez um barulho, quandoLesska entrou em alta velocidade num vale de distribuio. Bem alto no cu singravam assilhuetas cinzentas de grandes pssaros. O kamashita de repente sentiu um desconfortoinexplicvel. Parecia-lhe que uma mo gigantesca, escura, se estendia para Tit...

    * * *

    No mesmo momento...O Capito Tolous Bettron, comandante do Comando de Vigilncia da Estao

    Ovaron, encontrava-se diante da Capit Alea Onandere. Alea Onandere era chefe daestao de rastreamento da lua de Saturno, Tit. Junto com Bettron ela repassou osdiagramas de rastreamento que haviam sido compilados dentro das ltimas seis horas.

    Tolous Bettron tinha que fazer muita fora para no ficar olhando fixamente apenaspara Alea. Mesmo assim, ele se pegava constantemente olhando a sua figura esguia asformas arredondadas do seu corpo flexvel, a sua pele morena, mais parecendo veludo, oseu lindo cabelo encaracolado negro e os seus dentes brilhantes.

    Alea Onandere notou o que se passava e reagiu com um cintilar irnico nos seus

    olhos negros. Por favor, preste ateno aos diagramas, capito! admoestou ela.Bettron sentiu que o sangue lhe subia, quente, ao rosto. Mais uma vez ele teve

    conscincia de suas insuficincias fsicas. Mais uma vez ficou-lhe claro que ele no terianenhuma chance com uma criatura to privilegiada pela natureza como era Alea. O seurosto era marcadamente feio, com uma pele frouxa, acinzentada. O maxilar superiorsaliente e os grandes dentes tortos emprestavam-lhe algo de grotesco, ele sofria de lceraestomacal e de um fgado cronicamente inchado, ambas as coisas sequelas de umainfeco viral que ele adquirira h ano e meio atrs num planeta pantanoso.

    Sim, claro! disse ele, consciente de sua culpa, e limpando as palmas das mos

    suadas no seu traje de combate.E notou que os seus dedos tremiam.Ele suspirou.Os olhos de Alea escureceram ainda mais. Com a intuio certa da mulher vivida,

    ela notou que o Capito Bettron estava apaixonado por ela, mas tambm sabia que esteamor no se realizaria. Uma espcie de instinto maternal cresceu dentro dela. Por curtoespao de tempo ela procurou em si mesma indicaes que lhe pudessem tornar possvelresponder ao amor de Bettron. Mas nenhuma voz oculta respondeu. Ela podia prezar ocapito como excelente e valente oficial de confiana, mas isso era tudo.

    Ela desejou poder deixar isso claro a Bettron, mas sabia que uma tentativa dessas

    faria com que ele acreditasse que os seus sentimentos tinham encontrado ressonncia,ampliando suas esperanas imensamente.

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    10/61

    Por isso ela respirou aliviada quando o exame dos diagramas de rastreamento foiinterrompido pela entrada do oficial operador de rdio, Tenente Hooldrich Shibe.

    Shibe, um rapaz alto, mas que caminhava sempre um pouco curvado, de pele plidae orelhas grandes, salientes, correu os olhos entre a Capit Onandere e o Capito Bettron.Seus olhos cinzentos brilhavam midos.

    Cus! pensou Alea. Mais um admirador, e ainda por cima um admiradorque tem cimes de Tolous Bettron. O que deseja, tenente? perguntou ela, propositadamente fria.As orelhas de Shibe ficaram vermelhas.

    Uma mensagem de hiperrdio, capit. disse ele. Para o Capito Bettron. Ele puxou os ombros para trs e esperou at que Bettron o olhasse. O Marechal-de--Estado Bell, capito.

    A figura de Bettron empertigou-se, instintivamente. Num instante estarei de volta, capit Onandere. disse ele, esperanoso. Isso no vai ser necessrio. disse Alea, brusca. Os ltimos diagramas no

    tm qualquer coisa de especial. Da sala de rdio o senhor poder voar de voltadiretamente para a sua unidade.Bettron sentiu o seu estmago se crispar dolorosamente. A figura de Alea

    desvaneceu-se diante dos seus olhos, mas logo ele se tinha novamente sob controle. Entendido. disse ele, mecanicamente, virou-se e caminhou para a escotilha,

    passando pelo Tenente Hooldrich Shibe, que mais uma vez sorriu ansioso para Alea edepois o seguiu, curvado para a frente.

    Na sala de hiperrdio da Estao Central de Rastreamentos reinava um grandemovimento. Duas telas de controle mostravam as imagens do Marechal-de-EstadoReginald Bell e o Marechal-Solar Deighton, que conversavam, atravs de um canal de

    ligao da rede de videofones. A nitidez das imagens do Setor Vega era de excelentequalidade, o que, alis, no era de espantar, considerando-se a exgua distncia de apenasvinte e sete anos-luz.

    O Tenente Shibe ligou o canal de comunicao e disse: Marechal-de-Estado, o Capito Bettron est sua disposio.Reginald Bell deu a entender com os olhos que havia compreendido.

    Ns permaneceremos como j o discutimos, Deighton. disse ele. E no seesquea: a maior vigilncia possvel! O reagrupamento da frota de Coletores takerer,naturalmente foi avaliada como normal pelo computador biopositrnico da Intersolar,mas minha experincia me diz que se trata apenas de uma manobra de despistamento. At

    breve!A tela do monitor com a imagem de Deighton apagou-se, em contrapartida a

    imagem de Bell foi transferida para a grande tela do hipercomunicador.O Capito Tolous Bettron tomou posio de sentido. Ele sabia que Bell agora o

    estava vendo. Marechal-de-Estado, eu...Reginald Bell fez um gesto de impacincia.

    Nada de formalidades, capito. o seguinte: o Marechal-Solar Deighton e euestamos contando com o fato de que os takerers iro tentar meter-se na frequncia decomando do pedogoniometrador da antiga estao de Ovaron. Eu lhe ordeno a mais

    elevada prontido de alerta. Deixe claro aos seus homens que eles tero que lutar, senecessrio, at o fim. O senhor ainda tem perguntas?

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    11/61

    No, Sir. respondeu Bettron. O senhor pode confiar em ns, Sir. Aqui nopassar nenhum takerer.

    O rosto de Reginald Bell ficou impenetrvel. Parecia que o Marechal-de-Estadoainda queria dizer alguma coisa, mas depois ele apenas saudou acenando e interrompeu aligao.

    Tolous Bettron ainda olhou para o cubo de trivdeo apagado por um instante, depoisgirou sobre si mesmo e deixou a sala de radiocomunicaes.Esquecidos estavam os exames dos diagramas de rastreamento, esquecida tambm

    estava a Capit Alea Onandere. O capito Bettron apenas pensava ainda no seu dever, eno tinha outro desejo a no ser o de estar o mais rapidamente possvel junto dos seushomens na antiga estao de Ovaron.

    O seu planador esperava do lado de fora da estao de rastreamento e rdio, emcima de uma plataforma. O piloto ativou o mecanismo de abertura, quando viu o seusuperior saindo rapidamente do edifcio.

    Bettron deixou-se cair na sua poltrona e ordenou:

    Para a Estao Ovaron. Rpido!A porta do planador fechou-se com um rudo de arranhar, depois o veculo subiuverticalmente aos cus. Os propulsores de cada lado da popa arrancaram e o planador foiatirado para a frente, na direo dos Montes Akalos.

    Lentamente o Capito Bettron acalmou-se novamente. A forte impresso que aspalavras de Bell tiveram sobre ele, empalideceu um pouco. Tolous ganhou de volta acapacidade de examinar sobriamente os seus arredores. Bem fundo, l embaixo, ele viuos montes de lixo, que em tempos idos tinham estado cobertos de gelo seco, quando Titainda possura uma atmosfera rala de metano com traos de amonaco e hidrognio. Umacratera muito antiga cuspia uma nuvem fina de gs de metano, no o bastante para fazer

    com que os aparelhos sensores, instalados por toda a parte, dessem alarma de metano,mas o suficiente para lembrar da constante ameaa, sob a qual pairava a colnia terranaem Tit.

    No horizonte, ao leste, boiava no cu, como um muro de luz plida, um pedao dosistema de anis de Saturno, eclipsado da estridente claridade dos sis atmicos,gigantescas bolas de plasma comprimidas por campos de fora, nas quais o processo defuso naturalmente se mantinha corretamente.

    Tolous Bettron refletia.O homem tinha conquistado Tit, transformara-a, e fizera dela uma colnia

    florescente. Era inconcebvel que ele desistiria desse paraso algum dia ainda que

    fosse um paraso com uma pequena mcula.Instintivamente Bettron tocou a pequena faixa de platina que rodeava a sua testa.

    Esta faixa, chamada de faixa-dakkar, entrementes era usada por muitos milhes de sereshumanos. Ela impedia, com sua radiao, que os seus portadores fossem assumidos por

    pedotransferidores. Cada pessoa em uma posio que de algum modo tivesse relao coma segurana, em reas militares, econmicas e polticas, usava esta faixa-dakkar.

    No. murmurou Bettron, confiante eles nada podero nos fazer, noimporta o que empreendero.

    Como, por favor, Sir? perguntou o piloto. , no nada. retrucou Tolous Bettron.

    O planador neste momento sobrevoava os desfiladeiros do norte dos MontesAkalos, e depois desceu mais fundo, para dentro do vale acentuado, em cuja extremidadeficava a entrada principal da antiga estao secreta de Ovaron, novamente liberada.

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    12/61

    De repente o intercomunicador de bordo chamou.Bettron ativou o aparelho e viu no monitor o rosto do seu lugar-tenente.

    Atividade no pedogoniometrador, Sir. avisou o homem. Aparentementeest chegando o emissrio de Ovaron, esperado por Marceile.

    Eu estarei a embaixo ainda em tempo. respondeu o capito e quis desligar.

    No ltimo instante o seu dedo pairou por cima da tecla de comutao. Do sistemade alto-falantes do telecomunicador saam rudos indefinveis e ento a boca do lugar--tenente de Bettron abriu-se num grito:

    Take...!O grito foi interrompido. Na tela apareceram descargas estridentes, depois ela

    apagou-se e enegreceu.Tanto o Capito Tolous Bettron como tambm o piloto do planador tinham

    compreendido o que acontecera no pedogoniometrador. Enquanto o piloto mais uma vezacelerava, mergulhando numa velocidade louca no desfiladeiro, Bettron ativou o seuaparelho de pulso, passando na frequncia de alarme, a notcia ao Marechal-Solar

    Deighton, de que pedotransferidores takerer estavam saindo do pedogoniometrador.Logo em seguida o planador pousou, com seus colches antigravitacionaissobrecarregados, diante do portal principal. O Capito Bettron fechou o seu capaceteglobular e correu na direo do portal aberto.

    Na Estao Ovaron as Sirenes de alarme uivavam, rostos plidos olhavam para forade escotilhas abertas, gritos ecoavam atravs dos corredores. Abafado por inmeras

    paredes de ao espessas e muros de pedra, rugia o rudo de uma batalha que aumentavade violncia, a cada segundo.

    Bettron ligou o aparelho de voo e o escudo energtico e voou atravs do sistema decorredores da estao. Quando alcanou a entrada para o pavilho do pedogoniometrador,

    teve que desligar os microfones externos do seu traje de combate, para no ser atordoadopelas inmeras descargas energticas, que faziam um barulho ensurdecedor.No telecomunicador de capacete, que estava ligado na frequncia do seu Comando

    de Vigilncia, ecoavam os gritos dos feridos e o estertorar dos moribundos.Diante dos olhos de Bettron um soldado do seu comando literalmente queimou

    atingido pelos tiros de trs armas pesadas de raios energticos. O capito disparou numdos atacantes com sua pesada arma de impulsos, vendo ao mesmo tempo que dasaberturas do pedogoniometrador saam hordas de takerers aos borbotes, lanando-seimediatamente luta.

    Em frente, ao contra-ataque! gritou Tolous. Faam os takerers recuarem!

    Ele entrou no largo pavilho rochoso, atirou e atirou, sendo ofuscado pelasinmeras descargas que se quebravam em cima do seu escudo protetor. Em volta dele osseus homens se dissolviam literalmente na tempestade de raios dos atacantes. Cada vezmais takerers saam de dentro do pedogoniometrador. A superioridade numrica e aviolncia do ataque esmagavam o Comando de Vigilncia, forando-o a recuar, e mesmoassim dizimando-o.

    Tolous Bettron reconheceu que a luta estava decidida a favor dos takerers. Mesmoassim continuou lutando como um louco.

    Os takerers formaram-se para o golpe decisivo. O seu fogo de raios difusos faziacom que o ao e as rochas do pavilho ficassem incandescentes, fundindo-os, e causando

    baixas terrveis entre os defensores, fazendo com que um ltimo contra-ataquedesesperado fosse abortado logo depois de poucos metros de conquista do terreno.

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    13/61

    Apesar das circunstncias extraordinrias uma mistura de dio e medo oCapito Bettron reconheceu, com sua mente treinada, que o pavilho com o

    pedogoniometrador no podia mais ser defendido. Ele ordenou a retirada para o sistemade corredores mais prximo, para ali formar uma nova linha de defesa.

    Os restos do Comando de Vigilncia afastaram-se lutando do adversrio, cujo

    nmero aumentava a cada segundo. Um impacto direto fez com que o escudo energticode Bettron comeasse a bruxulear, e atirou o capito para trs, pela fora do impacto.Junto dele o escudo protetor de um soldado ruiu. O homem dissolveu-se, no instanteseguinte, sob o fogo concentrado de duas armas energticas.

    O Capito Bettron dava suas ordens como um autmato. Ele conseguiu formar umabarreira defensiva antes que os takerers se tivessem formado para um novo ataque. Destavez o ataque ruiu, sob violento fogo defensivo.

    Porm Tolous Bettron sabia que isto significava apenas um adiamento do fim.Todos eles s podiam esperar viver por tempo suficiente para segurar os takerers at achegada de reforos, dentro da Estao Ovaron...

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    14/61

    2

    Meu corao rejubila.A surpresa no poderia ter sido mais completa. Eu contara em encontrar mortos primeira onda de ataque dos Servidores da Guerra. Todos ns tnhamos contado comisso, mesmo eles, estes heroicos servidores da razo.

    Porm quando eu cheguei ao pedogoniometrador com a segunda onda de atacantes,ainda vivia mais da metade dos primeiros combatentes. Os terranos, talvez emconsequncia de um mal-entendido, devem ter reconhecido s tarde demais que o seu

    pedogoniometrador trabalhava para o lado da verdade.Eu reconheo que o nosso Plano, o Plano de Vascalo, era bom. Nossos comandos de

    choque procedem de modo objetivo, tendo destrudo a maior parte das armas pesadas

    inimigas e projetores de escudos protetores, com seus ataques violentos. Cada vez maisondas de atacantes vm pelo pedogoniometrador. Muitos Servidores da Guerra tombam.Os seus nomes certamente sero fundidos em bronze nas placas que anunciaro a nossaluta e nossa vitria.

    Os homens do Grupo Ivorun esto comigo. Ns ainda no participamos da luta, poisnossa tarefa importante demais, para que possamos p-la em perigo, expondo-nos aos

    perigos da luta.Ns recuamos para uma cmara rochosa, na qual esto cados os despojos de

    inimigos mortos, e iniciamos a remontagem da Esfera de Comando.Eu tenho que admirar mais uma vez a genial prudncia de Vascalo. Ele resistiu ao

    impulso de colocar-se testa dos seus Servidores da Guerra contra o inimigo. A sua vida preciosa demais para a Comunidade, para que ele a deixe em perigo por isso, mesmoquerendo aumentar o seu renome no campo de batalha. Ele somente chegar pelo

    pedogoniometrador, depois que ns decidirmos a nosso favor, a primeira fase docombate.

    Eu pairo no meu traje de combate para a abertura da cmara rochosa e observo asituao. Os brbaros so empurrados para trs e sofrem pesadas baixas. Certo, tambmos nossos Servidores da Guerra sofrem perdas, mas estes homens morrem pela nicaverdade e com isso ganham a glria imortal.

    Na sua insensatez, os terranos se defendem com uma violncia que seria digna de

    uma causa justa. Eles parecem no entender que ns os matamos apenas para que a suacatica pseudo ordem social possa reflorescer na nossa Grande Comunidade. Porm a suaresistncia no poder nos deter, , maravilhoso como nossos Servidores da Guerra

    procedem exatamente de acordo com o Plano de Vascalo, como eles se fundem numanica massa, que obedece apenas a um s crebro, o crebro do invencvel Vascalo.

    Ali, num esforo formidvel, nossos homens fazem os terranos recuarem para forado pavilho rochoso, empurrando-os para o sistema de corredores prximos! Asdescargas trovejantes aumentam num crescendo glorioso, para um sinal que anuncia avitria.

    Mas o que isso?

    Nossos heris recuam, retrocedem diante da resistncia de uma tropa bastantesuperior em nmeros. Suas fileiras so dizimadas, balanam, ruem sobre si mesmas.

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    15/61

    Onde fica a disciplina planejada? Que atavismo toma conta do domnio sobre os nossosServidores da Guerra?

    Pelo grande Valosar, finalmente os chefes e subchefes admoestam aquela hordaesquecida dos seus deveres, simplesmente executando alguns deles, exemplarmente. Issofortalece o moral de combate de nossos heris, e eles mais uma vez se jogam ao ataque.

    Os terranos tentam novamente det-los. Mas o que que eles tm para opor a umatropa cujo moral superior se documenta de modo sem igual com a admoestao paternalde armas energticas, prontas para atirar, s suas costas?

    Entrementes o nosso nmero cresceu de tal modo que o pavilho rochoso e ascmaras vizinhas e galerias no conseguem mais receber as massas. Este o ponto emque a segunda fase do Plano ter que ser realizada.

    Mquinas de furar desintegradoras vo moendo silenciosamente atravs da rocha,erguendo formidveis bandeiras de gases moleculares em torvelinho, que se acumula por

    baixo do teto do pavilho, e lentamente causam uma elevao da presso.Entrementes o Grupo Ivorun acabou de montar a Esfera de Comando. Trs homens

    trabalham no seu interior, para efetuar as ligaes dos aparelhos de propulso,aprovisionamento e defesa, nos reatores de fuso especiais. Nuvens esverdeadas de gasesmoleculares envolvem a Esfera, de maneira que temos que ativar nossos aparelhos deviso infravermelha. uma viso fascinante.

    A primeira tropa de perfurao anuncia a sua sada ao ar livre. Imediatamenteformam-se os comandos de ao com seus equipamentos especiais. As microbombasatmicas do tamanho de um punho brilham nos seus cintures. um momento sublimequando o primeiro comando de ao entra na galeria. A procisso lembrainvoluntariamente a parada anual em honra do Grande Plano.

    E agora tambm as tropas de perfurao dois e trs anunciam a sua chegada ao ar

    livre. Enquanto nossos Servidores da Guerra lutam penetrando cada vez maisprofundamente na base de apoio, enquanto milhares os seguem, comando de ao atrsde comando de ao deixam o pavilho. Entretanto, os que esto aqui dentro nodiminuem, pois ininterruptamente chegam novos Servidores da Guerra atravs do

    pedogoniometrador. J esto aqui mais de oitenta mil homens, conforme anuncia o oficialdo controle.

    E ento nos chegam finalmente notcias de fora. At agora ns no sabamos ondetnhamos sado. Agora j podemos fazer uma ideia. Uma curiosidade do sistema natalterrano, permite-nos uma rpida tomada de posio. Ns nos encontramos numa luarelativamente grande do sexto planeta do Sol, um gigante com um sistema de anis, ao

    qual os terranos deram o nome de Saturno. Pouco depois chega a localizao exata. Nsestamos numa lua chamada Tit.

    E isso bom assim, pois se tivssemos sado na prpria Terra, nos primeiroscrticos llalags, teramos uma parada difcil. Aqui em Tit entretanto parece que somente

    poucas foras terranas esto estacionadas, e como a nossa frota de Coletores amarra afrota natal solar no Sistema Vega, estas foras diminutas no podem contar com umaajuda eficiente vinda de fora. Se eles fossem sensatos, desistiriam de sua resistncia.Porm quem que pode esperar uma tal medida de juzo dessas criaturas semicivilizadas,emocionalmente guiadas?

    Cem mil Servidores da Guerra chegaram, avisa o oficial de controle. Um grande

    nmero. Tudo movimento um movimento muito bem pensado, planejado. As massascorrem atravs dos sistemas de corredores e atravs das galerias perfuradas, queentrementes aumentaram para quatorze.

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    16/61

    O Grupo Ivorun deixou a Esfera de Comando pronta para entrar em ao. Eu elogioos homens, apontando para a realizao ideal do seu planejamento e agradeo-lhes peladisciplina com que montaram o posto voador de comando de Vascalo. Depois eu osmando ao coordenador, que lhes d uma tarefa de combate. Conscientes do dever, eles se

    juntam a um comando de ao.

    Eu entro na Esfera de Comando, ativo todos os sistemas e depois me ligo sdiversas frequncias dos grupos dos comandos de ao. E ento fico sabendo que doiscomandos conseguiram destruir as instalaes de aprovisionamento de uma cidade

    prxima. Dois outros comandos executam um ataque simulado a um gigantescocomplexo de cpulas, cuja radiao difusa indica a criao de formidveis forasatmicas, bem como funes de comando muito fortes. Uma segunda tropa deverutilizar-se do ataque simulado, penetrando no complexo por baixo, para destru-lo com acolocao de algumas bombas atmicas de tempo. Cento e vinte mil Servidores daGuerra, entrementes, chegaram pelo pedogoniometrador. Eu me preparo para a recepodo invencvel Vascalo. Ele, o bondoso executor da vontade do nosso Tachkar, ser um

    dos ltimos homens da primeira frota de invaso a chegar. Depois disso, exatamenteconforme planejado, chegar o segundo exrcito com suas armas pesadas canhesduplicadores, blindados voadores e canhes energticos. Eu sei, alm disso, que Vascaloespera por uma segunda frota de Coletores. Ela dar o golpe decisivo contra o SistemaSolar, enquanto ns aqui em Tit formamos a cabea-de-ponte e a primeira frota deColetores amarra a frota natal terrana.

    Eu no duvido que dentro de poucos dias de tempo-takerer, todos os planetassolares ficaro libertados do flagelo da individualismo e da falta de lgica. Vascaloextirpar todo o danoso e inservvel, e comear um programa educacional, no fim doqual milhes de terranos escolhidos desabrocharo para a Grande Comunidade.

    Inquietao no pavilho. Gritos de jbilo ecoam na frequncia do rdio de capacete.E ento a voz do coordenador ordena o silncio para em seguida comunicar ao invencvelVascalo a realizao planejada de nossas tarefas de combate.

    Vascalo paira por cima da massa, o seu rosto radiante virado para o portal, que levapara dentro da base de apoio inimiga. Ele, o Grande, o nico, no se deixa irritar pelaviso dos mortos. Ele sada os heris, agradece ao coordenador, e exige que nunca seesmorea no cumprimento do dever.

    Depois ele paira para a sua esfera de comando. Eu fao o meu relatrio e tomo lugarno assento do piloto. Ele me ordena para guiar para dentro do sistema de corredores da

    base de apoio, que entrementes foi limpo dos restos do comando de vigilncia terrano.

    Eu ativo o mecanismo de fechamento da esfera. Soberbo, eleva-se o nosso veculo epaira por cima das cabeas dos Servidores da Guerra, atravs do portal e para dentro doscorredores.

    * * *

    Marceile levantou-se de sua poltrona em formato de concha, quando o alarme ecooupela base de apoio. Perplexa, ela olhou para os monitores ainda funcionando, quemostravam o pavilho do pedogoniometrador e as cmaras rochosas anexas.

    Incapaz de se mexer, estarrecida de horror, a garota cappin viu que das aberturas dopedogoniometrador brotavam enormes massas de takerers fortemente armados,

    imediatamente abrindo fogo sobre os homens do Comando de Vigilncia terrano.

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    17/61

    Ela no conseguia entender, que os terranos, apesar de sua resistncia heroicativessem que recuar. Evidentemente eles tinham hesitado alguns segundos demais, antesde reagirem.

    Quando finalmente o Capito Tolous Bettron chegou, parecia que as coisasmudariam. O aparecimento do seu comandante deu aos soldados terranos nova confiana

    e novo impulso. Mas logo os terranos foram literalmente esmagados pela superioridadenumrica do inimigo. O seu contra-ataque fracassou, com perdas terrveis.Marceile ainda conseguiu ver que as cmaras rochosas com as tropas terranas de

    prontido eram colocadas sob fogo cerrado e os sobreviventes se retiravam do pavilho,depois os monitores se apagaram.

    A falha da transmisso de udio e vdeo fez com que o estarrecimento de Marceileterminasse abruptamente. Mesmo assim a garota cappin no estava em situao de pensarclaramente. A derrota do Comando de Vigilncia terrano a tinha abalado profundamente.

    Cheia de pnico ela saiu correndo da sala-dakkar, ficou andando alguns minutossem destino e planejamento pelos corredores e finalmente alcanou a Seo de

    Emergncia com os seus hangares tubulares.De modo totalmente automtico, sem a interferncia de sua mente, ela abriu um doshangares, sentou-se num dos planadores ali parados e ativou o automtico de emergncia.

    A escotilha exterior subiu para o teto, e um formidvel impulso atirou o veculopara fora. Os propulsores se ligaram automaticamente e a programao de emergnciaativou a rotina de comando. O planador varreu para fora, para a atmosfera, e seusaparelhos de rastreamento se ativeram ao destino programado no chip de comando.Depois de algumas oscilaes o veculo atirou-se diretamente na direo do espaoportomais prximo.

    Neste momento Marceile conseguiu livrar-se das garras do pnico. Um violento

    acesso de choro a sacudiu toda, depois a enorme tenso aliviou lentamente.Marceile limpou as lgrimas dos olhos e olhou para os controles. Ela viu que aprogramao de emergncia e a rotina computadorizada do planador a levariam aoespaoporto mais prximo.

    Este, entretanto, no era o seu objetivo. Ela no queria abandonar Tit, mas impedirque os takerers inundassem a lua de Saturno. Certamente e, no entanto, muitos milharesde takerers deviam ter chegado pelo pedogoniometrador takerer como ela, masexecutores da vontade de um sistema calamitoso.

    Marceile desligou a programao de emergncia e desativou a rotina pr--programada de comando. Depois disso verificou a sua posio, virou o planador, e

    correu a quatro mil metros de altura por cima dos Montes Akalos. Suas mos tremiam,mas ainda assim ela desistiu de uma programao da rota e da comutao para oautomtico de comando.

    O sistema de controle do veculo vrias vezes teve que compensar suas manobras depilotagem exageradas. Com isso os movimentos irracionais ficavam limitados a ummnimo. Com escudo protetor ativado e a toda velocidade os impulsores atiravam o

    planador pelos cus, deixando atrs de si um tubo flamejante de molculas de arionizadas.

    Depois de cerca de dez minutos Marceile levou o veculo mais para baixo.Entrementes ela tinha dominado o tremor do seu corpo. Rapidamente cresceram os

    contornos caractersticos dos Montes Dallwerth, por baixo do planador. Marceile sabiaque no podia voar diretamente para o aquartelamento do Marechal-Solar Deighton. Ochefe da Contra-Espionagem Solar tinha-se envolvido numa teia de instalaes

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    18/61

    defensivas automticas como uma lagarta no seu casulo. Mas para a cpula de presso, naqual Ribald Corello com seu vigilante instintivo Lesska Lokoshan e o telecineta BaltonWyt estavam alojados, ela podia voar diretamente.

    Sim, ali ela estava em segurana, ali ela estaria protegida. Sob a proteo dosupermutante nada poderia acontecer-lhe. De repente Marceile sorriu. Ela ativou o

    transmissor de cdigo, entrou na rea de interdio militar e pousou perto da cpula depresso de Corello, apesar de jamais ter estado ali.Ela desligou os sistemas do seu veculo, desembarcou e encaminhou-se para a

    cpula, cujos portes de eclusa se abriram diante dela.Balton Wyt veio ao seu encontro, dentro da eclusa interna. O rosto do ex-livre-

    -mercador estava plido, e os ossos da face sobressaam sob a pele esticada. Venha, Miss Marceile! murmurou Wyt. Corello j se recuperou, conforme

    a senhorita certamente deve ter notado.A garota cappin no estranhou a desacostumada falao de Wyt, mas sim sua

    observao.

    O que que eu deveria ter notado? perguntou ela.No instante seguinte ela sabia o que era. No ltimo trecho do seu voo ela no sesentira apenas tranquilizada, mas curiosamente abrigada, como uma criana que sente oamor dos seus pais. E ela dirigira o seu planador para a base de apoio de Corello, apesarde s conhecer aproximadamente a sua localizao.

    Ele me influenciou, no ?Balton Wyt fez que sim.

    Infelizmente Corello se encontrava justamente numa psicocrise, quando oanncio do alarme do Capito Bettron foi recebido. Lokoshan teve que fazer uso de todoo espectro de suas capacidades extraordinrias, para estabilizar novamente a psique de

    Corello. Em seguida Corello a goniometrou, assumindo-a atravs de hipnossugesto.Tantas palavras coerentes Balton Wyt s tinha falado muito raramente em sua vida.Mas isso no chamou absolutamente a ateno de Marceile. Ela sentiu que o espritomutado de Corello a liberava e lutou mais uma vez contra o pnico. Wyt apoiou-a econduziu-a a um grande recinto com inmeras conexes e telas de vdeo.

    Ribald Corello estava pairando no se rob de transporte diante de um console decontroles, e virou-o quando notou a entrada de Marceile. O rosto do supermutante estavadesfigurado e molhado de suor. Os seus grandes olhos brilhavam.

    Eu fiquei contente que a senhorita pde escapar, Miss Marceile. disse ele. Na Estao Ovaron parece que se desencadeou um inferno. A julgar pelos impulsos

    mentais dos sobreviventes do Comando de Vigilncia, os pedotransferidores takerersparece que j ocuparam a maior parte da estao.

    Marceile estava diante dele, desesperada. Eu no deveria ter fugido, deveria ter lutado. , eu me envergonho tanto!

    Enquanto os seus homens morriam, eu... No! disse Corello. Ele no ativara o modulador sonoro do seu rob de

    transporte, por isso a sua voz soou estridente e infantil. A senhorita no teriaalcanado nada, a no ser a sua morte.

    Ele virou-se mais uma vez, estendeu um dos braos do rob, fez uma ligao notelecomunicador e disse:

    Eu estou tentando obter uma ligao com o Marechal-Solar Deighton.

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    19/61

    No demorou nem trs segundos, quando uma grande tela de vdeo acendeu-se eGalbraith Deighton apareceu, apenas com a parte superior do seu corpo. O rosto do chefeda Contra-Espionagem Solar estava plido, mas os seus traos pareciam controlados.

    Eu estou contente em v-la com Corello. disse Deighton. O que sabe arespeito dos acontecimentos na antiga estao de Ovaron?

    Marceile relatou o que vira atravs de intercomunicador-dakkar e concluiu: O Comando de Vigilncia no teve nenhuma chance. Ele foi esmagado pelasuperioridade numrica dos takerers e aniquilado. Eu acredito que entrementes no vivamais ningum do Comando de Vigilncia.

    Deighton anuiu. At poucas excees, feridos, que foram tomados por mortos, pelos invasores.

    Mas, o que ainda pior: os takerers perfuraram a rocha e lanaram comandos de ao. Hpoucos minutos as instalaes de abastecimento de Lievenstein City voaram pelos ares.Neste instante a estao de controle solar Einstein IV est sendo atacada por duas tropasde comando. Eu enviei imediatamente alguns destacamentos de soldados, para interceptar

    outros comandos, mas receio que nossas foras sejam fracas demais, para poderemoferecer uma resistncia sria.Ele interrompeu-se, ao notar que Marceile no mais o escutava.A garota cappin sorria estranhamente.

    Desculpe-me por no prestar ateno. disse ela, baixinho, mas com voz firme. Eu no sei o que o senhor relatou, a no ser que na estao ainda vivem alguns denossos homens. Eu vou tentar assumir um deles.

    Mas isso loucura. retrucou Deighton. Logo que um dos feridos se mexer,os takerers o mataro. A senhorita talvez no tenha tempo para escapar.

    Ele sacudiu a cabea, ao notar que Marceile mais uma vez no o escutara.

    Marceile concentrou-se e tentou goniometrar os impulsos individuais de umsobrevivente. Ela j tinha um Plano. O pedogoniometrador precisava ser destrudo, paraque os invasores no recebessem mais constantes reforos. Agora ela precisava somenteainda de um homem dentro da estao que no usasse uma faixa-dakkar, que noestivesse gravemente ferido e que se encontrasse cado nas proximidades do pavilho dogoniometrador. Alm disso, ele tinha que estar de posse de algumas microbombasatmicas.

    Para ela estava claro que a probabilidade de encontrar todos estes fatores juntos, eraextremamente pequena. Somente oficiais dispunham de microbombas atmicas, e osoficiais basicamente usavam a faixa-dakkar. Marceile apenas podia esperar assumir um

    soldado que no estivesse cado distante demais de um oficial tombado. De repente elaestremeceu.

    Ela topara com a frequncia individual de um terrano, que ela conhecia muito bem,a frequncia individual do Capito Tolous Bettron.

    E ela tinha notado que a faixa-dakkar de Bettron no funcionava mais.Mas Tolous Bettron vivia e ele, como comandante do Comando de Vigilncia do

    pedogoniometrador, naturalmente possua o equipamento especial, ao qual tambmpertenciam trs microbombas atmicas.

    Marceile no hesitou um instante. Ela no podia determinar a gravidade doferimento de Bettron, antes de assumi-lo. Portanto era possvel que ele viesse a morrer

    dentro dos prximos minutos.Por sorte a sua frequncia individual lhe era familiar!

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    20/61

    Ela concentrou-se, criou o contato-ubsef necessrio e penetrou rpida como umraio no crebro de Bettron. O seu prprio corpo derreteu-se numa massa semelhante auma medusa, saindo pelas aberturas do uniforme e espalhando-se, tremendo, pelo cho.

    Na economia energtica bioqumica de Bettron pulsava uma fasca fraca. O capitoestava inconsciente. Marceile no teve problemas para estimular as clulas cerebrais e

    estabelecer o seu esprito. No momento seguinte ela sentiu uma dor cortante, e um fortetamborilar no crnio no crnio de Bettron, que agora lhe pertencia.O Capito Tolous Bettron devia ter recebido um tiro de raspo na cabea. Isso

    tambm explicava a falta de funcionamento de sua faixa-dakkar. Provavelmente ela foradestruda pelo tiro de raspo.

    Marceile abriu os olhos de Bettron e olhou em torno, cautelosamente. Ela estavadeitada num nicho do corredor e bem perto dela ou seja, dele centenas e centenasde takerers pesadamente armados seguiam com a maior pressa. Ela viu os homens apenascomo sombras indistintas, pois pesadas nuvens de gases moleculares esverdeados e

    brilhantes enchiam os corredores.

    Assustada, Marceile levou a mo ao rosto de Bettron e respirou com seuspulmes, quando seus dedos tocaram a mscara de emergncia contra gases. Sem ela ocapito teria morrido asfixiado pelo gs, pois o seu capacete globular estava semiaberto.

    Se eu pelo menos soubesse a que distncia estou do pavilho!No muito longe, Miss Marceile. A sua presena tinha arrancado Bettron de

    sua inconscincia. O que pretende fazer?Ela declarou-lhe o que pretendia e ficou sabendo por ele que existia um estreito

    tnel de ligao ao pedogoniometrador, que os takerers no usavam. O tnel comeavana parede traseira do nicho.

    Marceile guiou o corpo de Bettron e abriu a escotilha que levava ao tnel estreito.

    Houve um rudo mascante quando as bordas da placa de ao deslizaram para fora damoldura. Marceile olhou assustada para trs, porm nenhum takerer tinha notado algumacoisa.

    Ela tocou as cargas ovais de termoton no cinturo de Bettron, depois enfiou-sesilenciosamente para dentro do tnel sem luz. Marceile teve que empregar uma fora devontade sobre-humana para poder trepar por cima dos corpos de terranos cados. Ela semovimentava para a frente de gatinhas, meio louca de dor e de horror.

    A escotilha que ficava defronte tinha sido destruda por tiros, no decorrer das lutas.Por trs dela Marceile reconheceu luz clara e novamente nuvens pesadas de gasesmoleculares. Quando ela atingiu a abertura, alguns aparelhos de suco comearam a

    trabalhar com um rudo ensurdecedor. As nuvens de gs se diluram e repentinamenteMarceile viu para alm de um corredor largo o portal e atrs do mesmo um recorte do

    pavilho rochoso no qual se encontrava o antigo pedogoniometrador de Ovaron.Ela tirou as trs bombas do cinturo de Bettron e verificou a ignio de tempo.Rpido! pensou o Capito Bettron. A cada segundo chegam mais centenas

    de takerers!Marceile estremeceu. Depois ela colocou as ignies em dez minutos de retardo,

    sem mesmo olhar. Ela avaliou a distncia at o pavilho do goniometrador e decidiu rolaras bombas o mais perto possvel do portal. Isso no chamaria a ateno dos takerers emmeio quela tremenda confuso.

    Quando ela rolou a primeira bomba, no portal surgiu uma grande esferabrilhantemente dourada, pairou para o corredor e saiu do seu ngulo de viso. Marceilerolou a segunda e depois a terceira bomba.

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    21/61

    Depois ela virou-se e esgueirou-se de volta por aquele caminho horroroso. Elesteriam que ter se afastado no mnimo at o seu ponto de partida, antes que o processo decombusto nuclear tivesse incio.

    Mal ela tinha tido este pensamento, o mundo a sua volta rua num inferno, quetransformou as paredes em fuso fervente.

    O Capito Tolous Bettron voou contra uma parede fundida, incandescente,morrendo antes que o seu esprito agastado pudesse perceber o que estava acontecendo.A constante-ubsef de Marceile voejou por ali, impotente, quando a sua mente-

    -anfitri morreu, arrancou-se e foi catapultada numa noite profunda.

    * * *

    Ribald Corello deu um grito horripilante. O seu rob de transporte abriu-se e omutante ano saiu de dentro dele, tropeando de pernas duras.

    Lesska Lokoshan olhou para Corello sem entender, e s ento notou o louco brilhoiridescente que saa do pseudocorpo de Marceile. A substncia gelatinosa ondulava para

    cima e para baixo, como se estivesse submetida a uma tempestade.Balton Wyt parou de amassar nervosamente os seus dedos. Os seus olhos ficaram

    esbugalhados. Um som estertorante saiu de sua garganta quando a substncia dopseudocorpo de Marceile perdeu a sua forma gelatinosa, saindo totalmente das aberturasde sua roupa.

    Corello recuou dois passos cambaleantes, ia ao cho, mas foi sustentado porLokoshan, antes que pudesse quebrar a cabea, batendo no solo.

    Wyt! gritou o kamashita.Balton Wyt entendeu o que Lokoshan queria dizer e mobilizou suas reservas de

    fora. Ele ativou o setor mutado de seu crebro, concentrou-se na substncia corprea de

    Marceile, e juntou-a telecineticamente, para que as clulas no perdessem o contato entresi.

    O pseudocorpo j no brilhava mais to fortemente. Lesska Lokoshan levou Corellode volta ao seu rob de transporte, falando-lhe com muita calma. O supermutante estava

    banhado de suor, e era sacudido por tremores convulsivos.Balton Wyt continuou segurando a massa do pseudocorpo de Marceile no seu

    conjunto. Ele tinha se controlado novamente e pde raciocinar sobre a causa queocasionara a estranha conduta da aglomerao celular.

    Na realidade somente poderia haver uma s razo. Provavelmente o corpo anfitriode Marceile tinha morrido de maneira to surpreendentemente rpida, que a moa cappin

    no pudera mais recolher em tempo a sua constante-ubsef.O telecineta no notou que estava chorando. Ele era totalmente dominado pela dor

    por Marceile e pela vontade de ficar do seu lado pelo tempo necessrio, at que tivessecerteza sobre a sua morte.

    Pois a morte era-lhe certa, caso ela no pudesse deixar o corpo do seu anfitrio atempo. Balton Wyt sabia que neste caso um pedotransferidor morria junto com a suavtima. Ele caiu de joelhos sem tirar os olhos do pseudocorpo.

    Lentamente Ribald Corello se restabeleceu. Os tremores convulsivos do seu corpopararam, o olhar dos seus olhos clareou.

    Lesska Lokoshan deu um passo para o lado, para que o supermutante pudesse ver o

    pseudocorpo de Marceile. O senhor pode ajud-la, Ribald? perguntou ele, insistente.

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    22/61

    Eu no sei. respondeu Corello. Alguma coisa com a sua constante-ubsefno est certa.

    Mas ela voltou? perguntou o kamashita, esperanoso. Provavelmente. E agora deixe-me em paz, Lesska. Eu tenho que me concentrar.

    A sua voz baixou para um murmrio quase inaudvel. Totalmente confusa. Vamos

    ver se eu...Depois de meio minuto formaram-se estrangulamentos no corpo gelatinosopulsante. Formaram-se os contornos de um corpo humanide: membros, o torso, pescoo,crnio, rosto. Claramente o corpo de uma criatura feminina.

    Os trs homens observavam o corpo de Marceile que se completava, sem se daremconta de sua nudez. Somente quando o processo terminara, e Balton correu para a moacappin para ampar-la, todos os trs se deram conta disto.

    O telecineta parou como se tivesse corrido contra uma parede.Ribald Corello engoliu em seco, depois virou-se, hesitante.Somente o kamashita continuou calmo. Naturalmente ele tambm viu que Marceile

    estava completamente nua diante deles, mas para ele era natural, pois a beleza era umpresente da natureza, que se absorvia, para mais tarde poder-se lembrar da mesma. Osusto de Balton ao recuar o deixou indignado, pois com isso Marceile quase cara.

    No ltimo instante, Lesska pulou at ela, amparando-a com seus braos.Neste instante tambm Wyt controlou-se novamente. Ele correu at uma sala anexa,

    voltou com um cobertor, empurrou Lokoshan para trs, e enrolou Marceile no mesmo. Sujeito desavergonhado! murmurou ele ao kamashita. assim que voc

    trata uma dama?!Lesska Lokoshan olhou-o sem entender, antes de lembrar-se que os terranos tinham

    certos tabus que no se conhecia em Kamash.

    O senhor quase a deixou cair. disse ele, com firmeza. Depois olhou nos olhosmuito abertos de Marceile. Ol, Miss Marceile! Como vai?As plpebras de Marceile piscaram, depois ela fixou-o com os olhos.

    Marceile...? disse ela, baixinho. Ela deve ter estado dentro de mim, antesde eu morrer. Onde estou?

    Na base de apoio de Corello. respondeu Lesska. E a senhorita Marceile,ou meus olhos no prestam mais para nada.

    Marceile sacudiu a cabea. Eu sou o Capito Tolous Bettron.De repente ela enrijeceu, seus olhos se fecharam. Parecia que ela estava escutando o

    que se passava dentro de si. verdade? murmurou ela. Eu no sou o Capito Bettron, mas Marceile?Lesska Lokoshan deu-se conta de que Ribald Corello fazia uso de suas foras

    hipnossugestivas, para pr em ordem o esprito evidentemente confuso de Marceile. Elevirou-se, quando a escotilha deslizou para o lado, abrindo-se, e Galbraith Deighton entrouna cpula acompanhado de dois soldados astronautas.

    H dez minutos estou tentando uma ligao com o senhor...! gritou ele, eestacou ao ver Marceile.

    A garota cappin abriu os olhos. Com uma vagarosidade pouco natural ela levou oolhar para Deighton. De repente o seu corpo se inteiriou e o cobertor teria cado, se

    Balton Wyt no o segurasse.Sir... disse Marceile, com um tremor na voz ...Capito Bettron se apresenta

    de volta de sua Misso. O pedogoniometrador no existe mais. Eu morri e...

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    23/61

    Os seus olhos se fecharam, o seu corpo ficou mole, e ela suspirou. Balton tomou-anos seus braos fortes e carregou-a para uma poltrona.

    Ela perdeu a conscincia, Sir. declarou Corello.De repente o mutante deu um soluo seco e levou ambas as mos ao rosto.

    O que que o senhor tem? perguntou Galbraith Deighton. Marceile parece

    estar sofrendo das sequelas de um forte choque. Nossa estao de rastreamento informouque dentro da velha base de apoio de Ovaron ocorreu uma combusto nuclear retardada.Desde ento no medimos mais quaisquer impulsos de rdio do pedogoniometrador.Marceile evidentemente pde destru-lo. Isso corta todas as reservas que os invasoresainda poderiam obter. Entretanto, mesmo assim, eles ainda so capazes de causar grandesdanos em Tit, antes de recebermos apoio.

    Corello tirou as mos do rosto e disse, hesitante: O seu... esprito... foi danificado. Ela... abandonou... o Capito Bettron... tarde

    demais. Eu no posso... ajud-la.O seu olhar fixou-se no vazio.

    Eu compreendo. disse Deighton. Ns vamos transport-la, logo quepossvel, para a Clnica Para-Psi de Mimas.Ribald Corello voltou de sua excurso psquica, sacudiu a cabea e retrucou:

    Em Mimas tambm no podero ajud-la, Marechal-Solar. Se que existe ajuda,esta somente existir em Tahun. No Medo-Center da USO, pelo que eu sei,desenvolveram uma espcie de neuro-uterador com a ajuda do qual restituram acriaturas humanides, que tinham perdido uma metade de seus crebros, a faculdade deraciocinar normalmente, fazendo com que a metade do crebro restante tomasse a si todasas funes do agora inexistente. Entrementes, verificou-se que com este processo tambmera possvel curar os casos mais difceis de destruio de personalidade.

    O senhor acredita que Marceile sofreu uma destruio de personalidade? Os seus sintomas apontam para isso. Sem dvida Marceile totalmenteMarceile, mas ela acredita ser o Capito Bettron. Eu suponho que antes dele morrer, elaquis salvar a sua constante-ubsef da volatilizao, e com isto identificou-se muitofortemente com ele. A isso acrescentou-se um choque provavelmente provocado por umaseparao muito tardia do corpo de Bettron.

    Galbraith Deighton parecia abalado, ao olhar para a garota cappin. Vamos fazer tudo para ajud-la. declarou ele. Eu vou mandar coloc-la em

    segurana por medo-robs, e os senhores devero ajudar-me na luta contra os takerers. Ns iremos, logo que Marceile estiver em segurana.

    O Marechal-Solar anuiu, ligou seu telecomunicador de capacete e pediu doismedo--robs do seu quartel-general, e tambm um planador-ambulncia. Depois elevirou-se e abandonou a cpula.

    Lesska Lokoshan seguiu-o e ficou olhando enquanto ele embarcava no blindadoareo com seus acompanhantes. O kamashita protegeu os olhos com a mo aberta contraos raios do sol artificial, para poder olhar atrs do blindado. Em algum lugar ao sul,ouvia-se o rumorejar do trovo de vrias exploses, um claro muito forte curvou-se nohorizonte e ruiu lentamente sobre si mesmo.

    De repente escureceu.Os sis artificiais tinham se apagado!

    O kamashita ficou parado sem saber o que fazer. Lentamente os seus olhos seadaptaram, e reconheceram o brilho apagado do arco dos anis de Saturno, com seuscontornos esmaecidos e cinzentos.

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    24/61

    Ergueu-se um vento, que se tornou mais forte, uivando em torno da cpula depresso de Corello. distncia ecoou o uivar de uma Sirene, cada vez mais rudoschegavam, at que o ar estremeceu com o subir e descer daqueles rudos estridentes.Grossos pingos de chuva caram do cu cinzento, e de repente caiu uma chuva torrencial.

    Lesska Lokoshan fechou seu capacete de presso e ficou olhando, imvel, como a

    chuva se transformava em neve. Quando a tempestade de neve lhe tirou a viso, ele tevecerteza de como aquilo prosseguiria.Ele virou-se e tropeou na direo em que devia estar a cpula de Corello...

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    25/61

    3

    Algo terrvel aconteceu.Ainda h pouco o Grande Vascalo e eu pairvamos majestosamente atravs doscorredores na Esfera de Comando, e agora temos que fugir para salvar a nossa vida.

    Eu piloto a Esfera por entre paredes derretendo-se e ruindo sobre si mesmas,naturalmente com o escudo de alta energia ativado. Diante de ns se desmanchamServidores da Guerra dentro de formidveis descargas, causadas com o choque de nossoescudo de proteo, com os escudos muito mais fracos dos seus trajes de combate. Mas osalvamento de Vascalo tem prioridade: medido na sua importncia, o sacrifcio de algunsServidores da Guerra uma bagatela.

    Estranhamente, eu percebo em Vascalo traos de irracionalidade. Ele, o gnio, grita

    comigo, quer me afastar dos controles de comando. Eu me defendo de seus ataques comas costas e com o ombro direito, afinal de contas eu no posso proceder ofensivamentecontra ele. Provavelmente eu no tenho condies de avaliar consequentemente asreaes de um gnio. Isso naturalmente no de minha competncia. Mesmo assim eume sinto desagradavelmente tocado. Eu tenho que me controlar, tenho que guardar maisdisciplina.

    Finalmente a sada!

    Ns a atravessamos em alta velocidade, subimos muito alto nos ares, enquanto atrsde ns toda a estao destruda num inferno atmico. Rochedos ficam incandescentes,derretem. Rios de lava se atiram no desfiladeiro. A superfcie do plat que fica acima da

    estao se abre numa fenda enorme, uma bolha de fogo sobe arredondada, seguida docaracterstico cogumelo de vapor e fumaa da exploso nuclear. Muitos milhares denossos heris encontram a morte naquele fogo que tudo devora.

    O pior, entretanto que perdemos o pedogoniometrador, e com ele a perspectiva dereforos.

    De qualquer modo a vida do insubstituvel Vascalo est salva, e eu sinto umagrande satisfao por isso.

    Mas este sentimento no dura muito. O que aconteceu terrvel demais para quepossamos jamais esquec-lo. O Grande Plano foi ferido, e isso pela ao de um brbaro,que realmente no podia estar em situao de avaliar as consequncias de sua ao.

    Um dos soldados astronautas terranos, que ns pensvamos estar morto, deve ter seesgueirado at o pavilho do pedogoniometrador, para ali traioeiramente dar ignio emalgumas microbombas atmicas. Eu no consigo entender como isso pde acontecer.

    Isto no foi consequncia do Plano, pois o mesmo naturalmente infalvel.Diversos fatores agiram em conjunto, isto entrementes me ficou claro. Apesar de tudo emmim se erguer contra o fato de ter que confessar isso, o fato principal deve ter sido umafalha cappnica.

    O segundo fator chama-se falta de disciplina.Nossos Servidores da Guerra so bastante treinados e foram ensinados sabendo que

    as criaturas declaradas inimigas precisam ser mortas por eles. Eles no poderiam ter

    deixado para trs qualquer terrano, de cuja morte no estivessem convencidos. Mesmoassim, isso aconteceu. No menos terrvel que os Servidores da Guerra que vieramdepois no notaram o inimigo que se esgueirava por ali, de modo que ele pde colocar as

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    26/61

    suas bombas, apesar dos sistemas de corredores da estao estarem cheios de nossoshomens.

    O que fazer? escutei-me perguntar.Vascalo voltou-me o seu rosto. Como no se podia esperar de outro modo, ele

    novamente a prpria calma, testemunhando o seu autocontrole e confiana. Por que afinal

    eu perguntei o que aconteceria agora? Vascalo o sabe, os seus olhos me revelam isto. O Plano foi prejudicado. respondeu ele minha pergunta totalmenteinjustificada, comprovando mais uma vez a sua grandiosidade. Ns vamos sane-lo,Aronte.

    , essa lgica genial! Naturalmente a resposta to lgica como uma equaomatemtica. O Plano foi ferido, consequentemente ele ser saneado.

    Vascalo sorri. o sorriso de um cappin que j se encontra numa escala mais elevada da evoluo

    que transcorre normalmente. Nenhum desses sentimentos atvicos, que s vezes seexpressam no sorriso de um cappin em escala mais inferior, pode ser visto no sorriso de

    Vascalo. Em contrapartida ele expressa com ele apenas o resultado sem emoes de umclculo matemtico. Diga-nos o que precisamos fazer, Vascalo! pedi eu.Ele olha os sistemas de reproduo tica, depois para o pedotransportador. Eu

    tambm olho para ali e sinto um calafrio na espinha. O pedotransferidor registrou duaspedotransferncias, alguns llargs antes da exploso, e uma, um tanto divergente na suaestrutura, logo em seguida.

    Eu no posso evitar de tirar a nica concluso possvel disso, apesar da mesma nome parecer menos terrvel que o prejuzo do Plano. Um cappin pedotransferiu, e no no

    pedogoniometrador o que teria dado um diagrama bem diferente mas numa criatura

    vivente, provavelmente para dentro de um terrano ferido dentro da estao.Este cappin, que o seu nome seja apagado para sempre, deve ter guiado o corpo doterrano assumido para as proximidades do pedogoniometrador, deve ter utilizado suasmicrobombas, para destruir o pedogoniometrador. inconcebvel, mas s pode teracontecido assim.

    Mas por qu? Por que um cappin coloca-se contra a nica Comunidade verdadeirade cappins? Por que um cappin fere um plano que afinal s tem como objetivo afelicidade de um povo desviado, semicivilizado?

    Vascalo nada disse a este respeito. Ele virou o rosto do registro do monstruoso, parao que precisa girar todo o seu corpo. Girar a cabea no lhe possvel devido enorme

    corcova ao longo de toda a sua coluna vertebral, que o tornou um pedoautocratainstintivo.

    A mo de Vascalo liga a aparelhagem de rdio na frequncia permanente que podeser ouvida por todos os Servidores da Guerra.

    Servidores da Guerra... comea ele, ento ...honrados executores doGrande Plano. O inimigo brbaro destruiu o pedogoniometrador, e deste modotemporariamente cortou nossas reservas. O Plano foi prejudicado, mas de sua natureza,de sua particularidade especfica, matematicamente calculvel, que ele dever serexecutado contra todas as resistncias.

    Ele elevou a voz s um pouco.

    Ns, as ferramentas do Grande Plano, temos a tarefa de novamente endireitar adiminuta flexo para uma linha reta. Lancem este corpo celeste que os terranos chamamde Tit no caos, matem cada terrano, destruam suas casas, empreguem as leis do Terror

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    27/61

    Positivo! Faam o Sistema Solar tremer, e nossas frotas aparecero felizes e vitoriosasacima de todos os planetas para terminar o Plano! Que viva o Grande Plano, viva oTachkar, e viva a Verdade!

    Ele desligou e virou-se um pouco no seu assento. Que esses idiotas lutem, ns por enquanto vamos ficar fora das aes de

    combate. declarou ele. A sua morte pelo menos sepultar o moral dos terranos, poisantes de morrerem eles apagaro toda a vida em Tit.Eu no respondi a isso, pois no sou capaz de uma resposta. Este Vascalo, que ainda

    h pouco blasfemava contra o Grande Plano, ainda o mesmo Vascalo que desenvolveuo Grande Plano? Poder ele, porque um gnio, descontar, com um cinismoindescritvel, a vida de cento e trinta mil Servidores da Guerra? Com isto ele no pe em

    jogo a Perfeio da Equao?Eu fao a Esfera de Comando subir um pouco mais para poder observar melhor a

    partida dos Servidores da Guerra. um quadro maravilhoso, como eles se espalham comseus trajes de combate, juntando-se em grupos, e depois saindo voando em alta

    velocidade em todas as direes. Mas desta vez eu no consigo sentir nenhumafelicidade. As palavras cnicas de Vascalo partiram alguma coisa dentro de mim. Aronte!Vascalo falou o meu nome com uma voz cortante, que at agora nunca usara antes

    comigo. Obedecendo velha disciplina, eu viro minha cabea e olho dentro dos seus friosolhos azuis.

    Estou escutando. O senhor obedece apenas s minhas ordens, Aronte! Os seus sentimentos e os

    fusos das leis, o senhor no dever observar. Eu sou a sua lei! Pilote a esfera para aquelamontanha ali... ele apontou para a tela de imagem, que mostrava o cume de um vulco

    extinto, coberto de neve ...e pare bem perto, acima do cume. Dali podemos observar erastrear o que nossos combatentes conseguem.Eu obedeci. Mesmo assim eu sei que nunca mais vou ver Vascalo, como o via h

    pouco tempo atrs: como um heri resplandecente, um gnio e vitorioso, executordestemido do Grande Plano.

    Dentro de mim se passam coisas estranhas. A dvida da perfeio de Vascalopropaga-se para o Grande Plano mesmo, pois este Plano tem origem nele, que medesvendou a sua imperfeio. Como que este Plano pode ser bom, se o planejador nod valor verdade absoluta?

    Mas se o Plano ruim, ento aqueles que ns queremos obrigar para a sua

    felicidade, no devem ser bons? No estamos, talvez, cometendo um grave erro, lutandocontra eles?

    Meus pensamentos giram e giram, procuram pelo reconhecimento de que eles estono caminho errado, mas quanto mais eu reflito, mais confusa fica a minha cabea.

    No h soluo!

    O transmissor chama, ligando-se automaticamente na frequncia do interlocutor.Pelo menos nossa tcnica trabalha sem mcula.

    Dezoito comandos relatam que esto se preparando para o ataque a seis estaes decontroles solares, e perguntam se devem destruir as instalaes.

    Destruio total! ordena Vascalo, intransigente.

    Sinto frio, apesar de estar quente dentro da Esfera de Comando. Lentamente eupiloto nosso veculo na direo do cume, paro o mesmo bem pouco acima dele, enquantocada vez mais relatrios vm chegando. Pequenos grupos de soldados astronautas

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    28/61

    terranos fazem frente a nossas unidades por toda parte, sendo aniquiladossistematicamente. A tripulao de uma ultranave de combate terrana, que evidentementeest pousada no espaoporto de Tit com as mquinas danificadas, abandonou a sua nave,e ataca nossos comandos de ao com blindados voadores e a p. Este um perigo quedeve ser levado a srio, porm Vascalo no manda qualquer reforo aos nossos

    Servidores da Guerra atacados. Ao contrrio, ele ordena que cada grupo ter que resolversuas prprias dificuldades.Em algum lugar atrs das montanhas ergue-se um brilho muito claro, como se fosse

    um sol, e depois acaba ruindo sobre si mesmo, estremecendo. Pouco depois chega anotcia da execuo dos grupos que atacaram uma estao de controle solar. Pouco maistarde seguem-se os comunicados de execuo dos outros grupos.

    Est escuro. De golpe, a clara luz artificial do dia apagou-se. Sinto frio. Um golpede vento acerta a Esfera de Comando fazendo-a oscilar, antes dos aparelhos decompensao entrarem em ao, para estabiliz-la.

    Numa das telas de vdeo eu vejo um setor do fantstico sistema de anis que rodeia

    o planeta do qual Tit uma lua. Outras telas de imagens mostram as estrelas at agorainvisveis, mas logo pesadas massas de nuvens se interpem. Caem as primeiras gotas dechuva, o vento aumenta de intensidade. De repente formidveis massas de gua caem docu. Eu religo os sistemas de observao para reflexo de sensores.

    Lentamente a chuva que cai se transforma em neve, molhada e lamacenta aprincpio, depois granulada. O vento transforma-se em furaco, que corre furioso euivando em torno do pico da montanha, colocando as massas de neve em loucas rotaes.Eu compreendo que a vida neste corpo celeste est condenada morte. A sua distncia dosol deste sistema grande demais para que a radiao do mesmo possa manter aatmosfera em estado gasoso. Depois que os sis atmicos artificiais se apagaram, os

    componentes gaseiformes da atmosfera pouco a pouco passaro ao estado lquido edepois ao estado de agregado firme, caindo sobre a superfcie, e puxando o Cosmo atrsde si.

    De repente h uma coisa no meu esprito, tateia nas circunvolues do meu crebro,e desaparece novamente. No instante seguinte, Vascalo estremece violentamente, joga

    para trs a parte superior do seu corpo e grita como um animal.Alguma coisa ou algum tenta agarr-lo com foras parapsquicas ou

    paramecnicas, isso eu posso compreender. Temos que sair daqui, a razo nos ordenaisto.

    Sem esperar pelas ordens de Vascalo, eu guio a Esfera de Comando para longe do

    seu lugar exposto, profundamente para dentro dos desfiladeiros e vales da montanha. Opnico toma conta de mim, enquanto tenho que ver Vascalo se atirando de um lado para ooutro. Eu levo a esfera velozmente atravs de um desfiladeiro, enquanto o furaco ruge etroveja, varrendo adiante de si quantidades enormes de cristais de gelo.

    Depois de algum tempo Vascalo como que desmorona em cima de sua cadeira. Eusuponho que a terrvel influncia foi quebrada, mas continuo consequentemente a fuga.

    No final do desfiladeiro chegamos a uma plancie. Diante de ns ardem emlabaredas altas os edifcios incendiados. Os microfones externos transmitem alm douivar do tufo o sibilar e o fervilhar dos cristais de gelo, que evaporam em quantidadesgigantescas nos incndios. As chamas ruem sobre si mesmas, nuvens de vapor se

    levantam e so rasgadas pelo tufo.Mais para trs relampejam inmeras descargas energticas, bolhas de fogo se

    expandem, esferas de energia correm velozmente atravs da escurido. Eu ligo o rdio e

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    29/61

    procuro a frequncia do comando de ao que ali evidentemente est enredado numa lutaterrvel com os terranos. Quando eu a encontro, quase ensurdeo com a confuso demuitas vozes ao mesmo tempo. A ordem, um dos mais importantes pressupostos paraconseguir-se uma vitria, parece ter rudo totalmente.

    Quem, nesta situao, me d o direito de continuar obedecendo ordem de Vascalo,

    de ficar longe dos combates? Eu, como Servidor da Guerra de Segunda Classe, tenho odever de correr em auxlio dos membros acossados e obedientes da Comunidade.Eu aumento a velocidade e levo a Esfera para onde o combate est mais violento...

    * * *

    Alea Onandere e Hooldrich Shibe pousaram na borda norte de Lievenstein City,quando os sis atmicos por cima de Tit se apagaram. De um momento para outro, tudomergulhou na escurido.

    Alea oscilou alguns segundos sob o assalto de sentimentos caticos. Ela voara juntocom cento e vinte homens e mulheres da estao de rastreamento, para Lievenstein City,

    para ajudar os habitantes, depois que uma unidade de comando takerer tinha mandadopelos ares o complexo de abastecimento da cidade. E agora, de repete, tudo estavadiferente. A Capit Onandere sabia que a atmosfera de oxignio de Tit, criada e mantidaartificialmente, dentro de pouco tempo viria abaixo em forma de chuva. A lua de Saturnose transformaria num inferno sem ar, gelado, no qual qualquer criatura desprotegidamorreria.

    Nesta situao ainda seria realmente possvel oferecer ajuda, que merecesse estenome? Qualquer ajuda no serviria apenas para prolongar as torturas dos necessitados deajuda, sem preencher as esperanas que ela despertaria?

    Porm esta dvida, esta indeciso, no demorou muito. Alea reconheceu que

    ningum tinha o direito de abandonar os seus prximos, ameaados de morte. Aocontrrio, era preciso lutar at o ltimo flego, para a manuteno da vida.

    Ela ampliou o alcance de transmisso do seu telecomunicador de capacete, e disse: Aqui fala a Capit Onandere. Ouam todos! Ns formamos grupos de dois, que

    se distribuem pelos edifcios, explicando a situao aos habitantes e reunindo grupos, quevo para os parques, tombando as rvores moribundas e levando a madeira para dentrodas casas! Em seguida fechem os edifcios hermeticamente, instalem lareiras, cuidandoda sada da fumaa, e digam s pessoas que elas tero que resistir at que chegue ajuda.

    Isso no era uma mentira, pois antes que Alea Onandere partisse da estao derastreamento, ela recebera uma comunicao, de que o Marechal Solar Tifflor tinha

    tomado o rumo de Tit, com uma formao da frota natal, devendo chegar na prximahora e meia, acima da lua de Saturno.

    Naturalmente Alea no disse que a diviso de desembarque dos astronautasprimeiramente teria que ser usada contra os invasores takerers e dificilmente poderiaocupar-se da populao ameaada. Pelo menos por algumas horas, talvez at por um diainteiro, a populao civil teria que ajudar-se sozinha, e nem todos poderiam aguentartanto tempo.

    Ela vigiou a formao dos grupos de dois e depois voltou-se com Hooldrich Shibepara o edifcio mais prximo. Ainda antes que eles alcanassem a porta, ergueu-se umvento. Logo em seguida caram as primeiras gotas de chuva.

    A porta estava trancada. Meio metro diante dela estava sentado um cachorro de raaindefinida, sobre suas patas traseiras, tremendo terrivelmente e uivando baixinho.

  • 7/30/2019 P-497 - O Exrcito dos Servidores da Guerra - H. G. Ewers

    30/61

    Alea ficou furiosa com a falta de considerao das pessoas que mantinham umanimal domstico em Tit, apesar das erupes quase dirias de gs metano e gsamonaco, somente poderem dar-lhe uma perspectiva de vida muito pequena.

    A ideia das erupes a fez sentir um calafrio. Se os takerers conseguissem destruirtambm as inmeras estaes transformadoras, que at agora tinham purificado a

    atmosfera correntemente de metano e de amonaco, na superfcie da lua de Saturno logose formariam nuvens de metano, e neve de amonaco rodopiaria pelas ruas das cidades.Ela pegou o cachorro nos braos. Entrementes Hooldrich Shibe girou a manivela da

    porta. Uma vez que o abastecimento energtico da cidade tinha sido destrudo,naturalmente nenhum automtico eletrnico funcionava mais nas portas. Era uma sorteque em Tit existia uma lei que determinava que todas as portas externas de edifciostinham que ter tambm instalaes de abertura de emergncia.

    O cachorro uivava de fazer d, quando a chuva se transformou numa tromba d'gua.O Tenente Shibe abriu a porta e Alea correu para dentro do escuro corredor do edifcio.Ela ligou o holofote do peito do seu traje de combate e olhou em torno. Atrs dela Shibe

    fechou a porta novamente. Tambm ele ligou o seu holofote de peito.Havia um silncio total no corredor de entrada do edifcio. Dos apartamentos maisacima no vinha nenhum som. Nenhuma mquina trabalhava. A casa j estava deserta.