Partidos Políticos, Ideologia e Política Social na A.L. 1980-1999

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    INTRODUO

    O mapa poltico da Amrica Latina passa por profundas transfor-maes. Aps as eleies de Hugo Chvez, na Venezuela (2000 e2006), de Luiz Incio Lula da Silva, no Brasil (2002 e 2006), do casalKirchner, na Argentina (2003 e 2007), de Tabar Vazquez, no Uruguai(2004), de Evo Morales, na Bolvia (2005), e de Michelle Bachelet, noChile (2006), podemos notar uma guinada esquerda do espectroideolgico da regio. Nos pases andinos, a populao indgena, par-cela marginalizada da vida poltica ao longo de dcadas, ganha desta-quenapautadediscusso.Anovaagendapolticaquecomeaasefor-talecer na Amrica Latina se apresenta como alternativa quela atento predominante, pautada na reforma estrutural, pr-mercado, eprope uma maior ateno aos temas do crescimento econmico e da

    diminuio da pobreza e da desigualdade social. Diante dessa novarealidade, estaria o continente latino-americano passando por umaonda vermelha?

    A discusso sobre distino ideolgica entre partidos polticos, ou en-tre governos, se pensarmos de forma mais geral, no recente. Grande

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    * Agradeo a Octavio Amorim Neto e a Acir Almeida a leitura precisa e os inestimveis

    comentrios. Agradeo tambm as valiosas sugestes dos pareceristas annimos darevista DADOS, fundamentais para o aperfeioamento do presente artigo.

    DADOS Revista de Cincias Sociais, Rio de Janeiro, Vol. 51, no 3, 2008, pp. 647 a 686.

    Partidos Polticos, Ideologia e Poltic a Social naAmrica Latina: 1980-1999*

    Cristiane Batista

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    partedasanlisesderesultadosdepolticaspblicasincluiemsuasin-vestigaes o impacto da inclinao ideolgica do governo e da foradesse governo no Legislativo sobre a implementao de tais polticas.

    O principal objetivo desses estudos descobrir se a posio do gover-no no espectro ideolgico e sua composio no Legislativo majorit-ria ou minoritria influenciam as linhas de polticas pblicas adota-das por ele.

    A existncia de diferena ideolgica entre partidos polticos bastantequestionada pela literatura. Parte dela sustenta que partidos de es-querda, considerados pro-welfare, quando no governo, gastam mais doque partidos de direita em polticas sociais. Segundo essa literatura,

    em pases governados por partidos de esquerda, os gastos com bem-estar social so mais elevados, ao passo que pases governados porpartidos de direita tm os gastos nessas reas reduzidos (Hicks eSwank, 1984). Estudos direcionados ao contexto norte-americano ates-tam que existe diferena entre a conduo de polticas macroeconmi-cas e fiscais desempenhadas por governos democratas e aquelas exe-cutadas por governos republicanos (Alesina e Rosenthal, 1995; Tufte,1978). Contudo, outra vertente da literatura argumenta que partidospolticos fazem diferena, mas apenas moderadamente. Ou seja, mu-danas na composio partidria do governo no esto associadas amudanas instantneas na orientao das polticas (Blais, Blake eDion, 1993).

    O debate em torno da relevncia da ideologia e dos partidos polticostomou dimenses ainda maiores na dcada de 1980, com o advento daglobalizao. Afinal, o intenso processo de internacionalizao dosmercados, dos sistemas produtivos e da tendncia unificao mone-

    tria, ao qual aderiram os pases do continente americano em respostacrisedopetrleodadcadaanterior,resultouemumaperdadaauto-nomia dos Estados nacionais e, conseqentemente, da diferena pro-gramtica entre partidos polticos? Parte da literatura que investiga osefeitos da globalizao sobre as polticas pblicas afirma que sim, aabertura comercial prejudicou a autonomia nacional e as alternativasde esquerda para o livre mercado. De acordo com essa vertente de in-vestigao, no contexto globalizado, pases governados por partidos esquerda do espectro ideolgico tm sua economia desorganizada,

    pois, ao contrrio de pases dominados por partidos mais direita, con-vivem com taxas mais elevadas de inflao e de desemprego (Kitschelt,1994; Piven, 1991; Iversen, 1996; Swenson, 1991; Scharpf, 1988).

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    Por outro lado, diferente linha de investigao postula que a relaoentre a fora poltica de partidos de esquerda e as polticas econmicasdecunhosocialdemocratanofoienfraquecidapelaglobalizao,ape-

    sar das mudanas impostas por esta (Garrett, 1998; Boix, 1997). A glo-balizao, ao contrrio, aumentou os incentivos polticos para que par-tidos de esquerda promovessem a redistribuio da riqueza e do risco,almdeaesdirecionadasparapobresetrabalhadoresafimdeprote-g-los da insegurana causada pela maior exposio competio en-tre mercados (Garrett, 1998).

    Amaioriadosestudosquesepropemainvestigaroimpactodagloba -lizao nas polticas pblicas se restringe, em geral, ao contexto euro-

    peu ou, em menor grau, ao contexto norte-americano. Para o contextolatino-americano, constata-se em algumas anlises dos efeitos da glo-balizao sobre a execuo de polticas pblicas que a maior exposio competio internacional prejudicou os investimentos na rea sociale que, alm disso, o impacto das variveis domsticas como tipo deregime e ideologia do governo sobre o gasto social ocorre indepen-dentemente do efeito da globalizao (Kaufman e Segura-Ubiergo,2001)1. Outros autores, ao investigar se a integrao econmica afe-tou a poltica de bem-estar social nos pases da regio, observam quediferentes indicadores de abertura comercial promovem resultadosdistintos, e que, portanto, a afirmao de que a globalizao reduziuos investimentos na rea social no conclusiva (Avelino, Brown eHunter, 2005)2.

    Neste artigo, busco verificar se houve, no perodo inicial do processodeaberturacomercial(meadosdadcadade1980einciodadcadade1990), variao nas polticas pblicas adotadas pelos pases da regio

    e, em caso positivo, identificar os determinantes dessa variao. Comopudemos perceber, uma varivel interveniente recorrente nas anlisesde polticas pblicas diz respeito inclinao ideolgica dos partidospolticosqueocupamopoder.OvisideolgicodosgovernosdaAm-rica Latina, afinal, significativo a ponto de interferir no direciona-mento das polticas pblicas adotadas por eles em pleno processo deabertura comercial? Meu esforo neste estudo , portanto, tentar iden-tificar a relao entre ideologia do governo e polticas pblicas em umperodonoqualaautonomiadospasesnaregiofoipostaemxeque.

    Em virtude da forte relao existente na literatura entre esquerda e ge-rao de poltica de bem-estar social, utilizo como indicador de polti-

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    caspblicasogastopblicosocial,maisespecificamenteogastopbli-co em educao e sade. Procuro identificar que atributos dos gover-nos latino-americanos afetam o gasto social desempenhado por eles no

    perodo auge da abertura comercial, no deixando de considerar va-riveis socioeconmicas tambm presentes na literatura pertinente.

    Este artigo est estruturado em trs sees. Na primeira seo, subdi-vidida em duas partes, apresentada a reviso da literatura a respeitodos determinantes polticos e econmicos do gasto social na Europa,nos Estados Unidos e na Amrica Latina. Na segunda, encontram-se aelaborao das hipteses de trabalho e a metodologia utilizada paraanlise do contexto latino-americano, assim como os testes estatsti-

    cos, tendo como unidade de anlise quatorze pases da regio. Final-mente, na ltima seo, so oferecidas as principais concluses desteestudo.

    OS DETERMINANTES POLTICOS DAS POLTICAS PBLICASNA AMRICA LATINA

    Parte das pesquisas aplicadas ao continente latino-americano que sepropem a investigar o impacto das instituies domsticas sobre po-lticas pblicas concentra suas anlises no dficit fiscal e no gasto p-blico dos pases da regio (Alesina et alii, 1999; Jones, Sanguinetti eTommasi, 1999; Meja Acosta e Coppedge, 2001; Amorim Neto e Borsani,2004; Hallerberg e Marier, 2004). Uma varivel recorrente nesses estu-dos se refere ao perfil ideolgico dos governos. Afinal, partidos polti-cospodemserideologicamentedistintos?Aspolticaspblicasprodu-zidas por governos de esquerda so diferentes das polticas pblicasproduzidas por governos de direita? Os principais achados dessas

    anlises apontam para o fato de que os desempenhos econmico, pol-tico e social dos pases desenvolvidos e/ou em desenvolvimento po-dem estar, sim, associados globalizao, mas no apenas. Correlacio-nam-se tambm com o perfil ideolgico do governo e com sua coesopartidria no Legislativo.

    A proposta do presente estudo investigar se, na Amrica Latina, a au-tonomia dos Estados nacionais foi prejudicada pelo advento da globa-lizao, ocasionando homogeneizao do padro de polticas pblicas

    adotadas por eles, ou se, ao contrrio, possvel identificar uma varia-o de tais polticas em funo da poltica e da economia domsticas,como o perfil ideolgico do Executivo, bem como sua composio no

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    Legislativo. Afinal, podemos dizer que a ideologia dos partidos no po-der fator determinante de poltica em pleno processo de abertura co-mercial? Partidos polticos fazem ou fizeram diferena para a execuo

    de polticas pblicas nas dcadas de 1980 e 1990, perodo no qual teveincio o processo de abertura comercial? Essas so as principais ques-tes propostas neste artigo.

    A Importncia da Ideologia e dos Partidos Polticos naImplementao de Polticas Pblicas

    Como dito anteriormente, h, hoje, para o contexto latino-americano,uma diversidade de estudos que investigam o impacto das instituies

    polticas domsticas sobre o gasto pblico e o dficit fiscal (Alesina etalii,1999;Jones,SanguinettieTommasi,1999;MejaAcostaeCoppedge,2001; Amorim Neto e Borsani, 2004; Hallerberg e Marier, 2004). Contu-do,boapartedessasanlisesatribuipoucaimportnciaestruturains-titucionaleaopadrodegovernanavigentenaregio.Estudorecentepara a Amrica Latina, desenvolvido por Meja Acosta e Coppedge(2001), constitui uma exceo. Ao analisar os determinantes polticosda disciplina fiscal latino-americana, os autores defendem que esta de-pendedavontadedosgovernos;sendoassim,incorporamanliseas-

    pectos institucionais e polticos especficos dos pases da regio. Sus-tentam, contudo, que os efeitos das variveis institucionais sobre a dis-ciplina fiscal (gasto pblico e dficit), como tamanho do partido do pre-sidente, nmero efetivo de partidos, disciplina partidria, distnciaideolgica entre presidentes e legislaturas e polarizao ideolgica dosistema partidrio, so maiores quando tais variveis so interagidas.

    Assim como Meja Acosta e Coppedge (ibidem), Amorim Neto e Borsa-ni (2004), em estudo sobre os determinantes polticos do gasto pblico

    edodficitfiscalnaAmricaLatina,verificamqueoefeitodealgumasvariveis polticas sobre o gasto e o dficit maior quando interagidascomoutrasvariveis.Ostesteseconomtricosdesenvolvidospelosau-tores indicam que a interao da fora legislativa do presidente, daestabilidade ministerial e da ideologia do gabinete que vai determinaro nvel do gasto dos pases da regio. Segundo o estudo desenvolvidoporAmorimNetoeBorsani(ibidem),ascaractersticaspolticasdosgo-vernos latino-americanos influenciam significativamente tanto em

    seu gasto pblico quanto em seu comportamento fiscal.Nessa mesma linha de anlise, Huber, Mustillo e Stephens (2004), bus-cando verificar os efeitos de variveis econmicas, demogrficas e po-

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    lticas sobre o gasto pblico em educao, sade e seguridade e bem-estar social, constatam que os determinantes do gasto em educaoe sade so diferentes dos determinantes do gasto em seguridade e

    bem-estar social. As variveis que influenciam positivamente o gastoem educao e sade so abertura comercial, populao com at 16anos e partidos de esquerda; as queinfluenciam negativamente, dficitepontosdeveto.Issoquerdizerque,quantomaioresaaberturacomer-cialeaproporodepessoasemidadeescolar,equantomaisesquer-da do espectro ideolgico est o governo, maior o gasto em educao esade.Poroutrolado,quantomaioresodficiteaincidnciadepontosdeveto,menorogastonaquelasreas.Josdeterminantesdogastoemseguridade e bem-estar social so populao com mais de 65 anos, go-

    vernosdedireitaedficitpblico;asduasprimeirasvariveisinfluen-ciando positivamente e a ltima negativamente. Ou seja, quanto maioraproporodepessoascommaisde65anosequantomaisdireitadoespectro ideolgico est o governo, maior o gasto em seguridade ebem-estar social, ao passo que, quanto maior o dficit, menor o gastonessas reas.

    Outra varivel fundamental para entendermos o processo de formula-o de polticas pblicas na Amrica Latina, em funo do sistema pre-

    sidencialista, a varivel natureza do governo. Ou seja, a composiopartidria do Executivo no Legislativo. Vejamos o porqu dessa afir-mao na seo seguinte.

    A Importncia da Natureza do Governo para a Anliseda Amrica Latina

    Grande parte dos estudos sobre a relao entre partidos e polticas p-

    blicas tem como referncia as democracias parlamentaristas da Euro-pa, nas quais encontramos partidos disciplinados, governo dependen-te da confiana parlamentar e aprovao de agenda governamentalcomo condies para a continuidade do partido ou a coalizo do parti-donopoder.AanliseparaaAmricaLatina,entretanto,nodevedei-xardeconsiderarasespecificidadesdosistemapresidencialistapredo-minante na regio, altamente fragmentado em alguns pases e, porconseqncia, com maiores dificuldades em formar maioria no Con-gresso Nacional, o que, teoricamente, dificulta a aprovao de polti-

    cas pblicas em virtude da ampliao dos pontos de veto. Seguindoesse raciocnio, a eficincia nos governos presidencialistas latino-ame-ricanos seria prejudicada pela maior dificuldadeem obteno de apoio

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    partidrio para aprovao de polticas pblicas, preservando, no limi-te, o status quo.

    A anlise das polticas pblicas dos pases da Amrica Latina deveconsiderar no s os partidos que apiam o Executivo mas tambm acomposiopartidriadominantenoLegislativo(AlesinaeRosenthal,1995). Disso decorre que a relao entre partido poltico e polticas p-blicas s pode ser entendida nessa regio quando se acrescenta ex-plicao a possibilidade de ocorrncia de governos divididos, ou seja,um Executivo apoiado por tendncias ideolgicas distintas da ten-dncia ideolgica dos partidos majoritrios no Legislativo3. natu-ral imaginar que, quando Executivo e Legislativo so dominados por

    tendncias ideolgicas conflitantes, a variao nas polticas pbli-cas menor do que quando os partidos que apiam o governo e domi-nam o Legislativo convergem para a mesma tendncia programtica(Tsebelis, 1995).

    Tendo como base a contribuio de Meja Acosta e Coppedge (2001),cuja eficincia foi comprovada e adotada por Amorim Neto e Borsani(2004), de acordo com a qual o efeito de determinadas variveis polti-cas sobre polticas pblicas potencializado quando algumas dessas

    variveis so interagidas, duas variveis polticas de grande relevn-ciaparaosobjetivosdesteestudoserointeragidas.Soelas:ideologiado governo e fora legislativa do governo. A inteno observar se, emmandatos nos quais encontramos governos de esquerda com maioriaparlamentar, os gastos em educao e sade so mais elevados do quenosdemaisgovernos,sobretudonaquelesdedireita 4.Aelaboraodashiptesesdetrabalhoeametodologiautilizadaparaanlisedaspolti-cas pblicas nos pases da Amrica Latina, assim como a descrio das

    variveis incorporadas aos modelos estatsticos, todas elas inspira-das na literatura pertinente vista nos pargrafos anteriores, sero tra-tadas na seo seguinte.

    MODELO ESTATSTICO E TESTES ECONOMTRICOS

    Com base na teoria segundo a qual governos de esquerda buscam umperfil mais universalista e redistributivo para suas polticas, enquantogovernos de direita se preocupam mais com a estabilidade econmica

    via reduo da inflao, a proposio que norteia a hiptese principaldesteestudo: quanto mais esquerda do espectro ideolgico est o governo,maior o nvel do gasto em educao e sade5. Contudo, sendo o sistema de

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    governo predominante na Amrica Latina o presidencialista, faz-senecessrio incluir na anlise no s a inclinao ideolgica do Executi-vo, mas tambm sua composio no Legislativo. Os sistemas partid-

    rios latino-americanos so, em alguns pases da regio, altamente frag-mentados, o que exige a formao de coalizes para garantir a gover-nabilidade. Assim, espera-se que, quanto maior a correlao de forasdo governo no Legislativo, menores os pagamentos colaterais a seremdistribudos para a formao de maiorias que apiem as propostas doExecutivo, facilitando a implementao de polticas pblicas (Alesinae Rosenthal, 1995; Fiorina, 1996; Tsebelis, 1995)6.

    Diante de tal suposio e com base nos estudos de Meja Acosta eCoppedge(2001)eAmorimNetoeBorsani(2004),segundoosquaisal-guns indicadores tm impacto nas polticas pblicas de forma interati-va, e no linear, proponho a seguinte hiptese de trabalho: o nvel dogasto em educao e sade maior em governos de esquerda majoritrios em

    comparao a governos de direita (divididos ou unificados).

    A expectativa que o gasto social seja maior em governos de esquerda

    majoritrios, porque, com base na teoria vista nas sees anteriores,governos que contam com maioria legislativa encontram mais faci-lidade em implementar uma agenda de polticas que, espera-se, sejacondizente com seu perfil ideolgico do que governos minoritrios,nos quais negociaes e acordos colaterais se fazem necessrios. Dadaa necessidade de busca permanente de apoio, governos minoritriosprecisam negociar constantemente com partidos ideologicamente maisafastados e, muitas vezes, em troca desse apoio poltico, aprovar polti-cas de menor identidade ideolgica.

    No intuito de avaliar a influncia das variveis polticas sobre os gas-tos sociais dos pases latino-americanos durante o perodo compreen-dido entre 1980 e 1999, proponho um modelo de anlise que inclui va-riveis relacionadas ideologia do governo (governos de esquerda, decentro e de direita7) e sua composio legislativa (governos majorit-rio, de esquerda majoritrio e de centro majoritrio). As variveis so-cioeconmicas (populao urbana, dependncia demogrfica8,Produ-

    toInternoBrutoPIB per capita,inflao,desemprego,aberturacomer-cial e gasto pblico total GPT) sero includas como controle nosmodelos. Veja a especificao do Modelo 1 a seguir:

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    Modelo 1

    GSi,t = b0 + b1lgPIBit + b2lgInflait + b3Des it + b4PPPbasit + b5Expendit +b6Depdemoit + b7PopUrbit + b8Esq it + b9Cen it + b10Gabuniit +b11EsqxGabuniit + b12CenxGabuniit

    Em que:

    GS =gastoemeducaoesadecomo%doPIBecomo%dogastop-blico total.lgPIB = PIB per capita em sua funo logartmica do pas i no ano t.lgInfla =variaoanualdainflaoemsuafunologartmicadopas ino ano t.Des = variao do desemprego em proporo da fora de trabalho totaldo pas i no ano t.PPPbas = exportao + importao / PPP no pas i no ano t.Expend = gasto total em relao ao PIB do pas i no ano t.Depdemo =%dedependentessobreapopulaoeconomicamenteativado pas i no ano t.PopUrb = % da populao urbana do pas i no ano t.Esq = dummy para governos de esquerda.

    Cen = dummy para governos de centro.Gabuni = dummy para governos com maioria legislativa.EsqxGabuni = produto das variveis Esq e Gabuni.CenxGabuni = produto das variveis Cen e Gabuni.i = pases (1, 2, 3, ..., 14).t = 1980, 1988, 1989, ..., 1999.

    A varivel a ser explicada, gasto social (GS)9, diz respeito soma dasporcentagens do gasto em educao e sade tanto como porcentagem

    do gasto pblico total quanto como porcentagem do PIB. Assim, o mo-deloeconomtricoserestimadoduasvezes,umautilizandooprimei-ro indicador de gasto social (em proporo ao gasto pblico total) e ou-traosegundoindicadordegastosocial(emproporoaoPIBdopas).

    Buscando o melhor aproveitamento das anlises dos dados estatsti-cos, proponho desagregar o gasto social em educao e sade, nova-mente como porcentagem do gasto pblico total e como porcentagemdo PIB, e reestimar os modelos. Esse procedimento vai gerar um resul-

    tado final de seis conjuntos de estimativa. Ou seja, o primeiro modelo aser estimado ter como varivel dependente a soma do gasto em edu-cao e sade como porcentagem do gasto pblico total; no segundo

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    modelo, a varivel dependente corresponder soma do gasto emeducao e sade como porcentagem do PIB; no terceiro e no quartomodelos, ao gasto em educao como porcentagem do gasto pblicototal e como porcentagem do PIB, respectivamente; no quinto e no sex-to,aogastoemsadecomoporcentagemdogastopblicototalecomoporcentagem do PIB.

    Nomeuobjetivonesteartigodefinirdeantemoomelhorindicadorde gasto social, se agregado, se desagregado, se como porcentagem doPIB ou se em proporo ao gasto pblico total. Na literatura que anali-sa o gasto pblico social, observam-se pequenas alteraes nos resulta-dos dependendo do indicador utilizado. Em Kaufman e Segura-Ubiergo(2001), por exemplo, vemos que cada uma das trs categorias de gastosocial agregado, educao e sade influenciada por diferentesconjuntos de fatores polticos e econmicos. Em Avelino, Brown eHunter (2005), tambm podemos encontrar diferena nos resultadosquando os dados so tratados de forma agregada e quando so trata-dos de forma desagregada.

    As variveis de controle de natureza econmica includas nos modeloseconomtricos so: PIB per capita em sua forma logartmica (lgPIB)10;inflao, tambm em sua forma logartmica (lgInfla)11; desemprego(Des)12; abertura comercial (PPPbas)13; e gasto pblico total (Expend)14.A varivel referente abertura comercial foi includa no modelo parapermitir a verificao do efeito da globalizao no gasto social.

    J as variveis de controle de natureza demogrfica so: dependnciademogrfica (Depdemo)15, que representa a porcentagem de dependen-tes (populao idosa e populao em idade escolar) sobre a populaoeconomicamente ativa; e populao urbana (PopUrb)16.DeacordocomHuber, Mustillo e Stephens (2004), a populao em idade escolar in-

    fluencia positivamente o gasto em educao/sade, e a populao commaisde65anostemimpactopositivosobreseguridade/bem-estarsocial.

    Finalmente, as variveis explicativas de natureza poltica, fundamen-tais para o teste de hiptese do trabalho, so: esquerda (Esq),queassu-me valor 1 quando o governo de esquerda e 0, caso contrrio; centro(Cen), que assume valor 1 quando o governo de centro e 0, caso con-trrio; natureza do governo (Gabuni)17, que assume valor 1 quando ogabinete do Executivo majoritrio na Cmara dos Deputados e 0

    quando minoritrio; esquerda unificada (EsqxGabuni), uma intera-o das variveis esquerda e natureza do governo; e centro unifi-cado (CenxGabuni), uma interao das variveis centro e natureza

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    do governo18. Os indicadores de ideologia do governo tiveram comobase a classificao de Michael Coppedge (1997)19, mas foram extra-dos da base de dados de Hugo Borsani elaborada para sua publicaode 200320. Nesse estudo, Borsani classifica os governos de centro-es-querda como de esquerda e os de centro-direita como de direita, con-densando assim as cinco classificaes de Coppedge (1997) (direita,centro-direita, centro, centro-esquerda e esquerda) em trs (esquerda,centro e direita). A incluso dessas variveis permite testar a hiptesede trabalho segundo a qual governos de esquerda majoritrios inves-tem mais no social do que os demais governos. A varivel Gabuni, porexcluso de todas as demais combinaes de ideologia e de naturezado governo governos de esquerda minoritrio, de centro minoritrio,

    de direita minoritrio (base comparativa), de esquerda majoritrio e decentro majoritrio , representa a varivel correspondente a governode direita majoritrio.

    Os sinais esperados para os coeficientes das variveis explicativas en-contram-se no Quadro 1 a seguir:

    Quadro 1

    Sinais dos Coeficientes das Variveis Explicativas

    Varivel Explicativa Sinal Esperado

    lgPIB +

    lgInfla -

    Des +

    PPPbas ?

    Expend +

    Depdemo +

    PopUrb +

    Esq +

    Cen +

    Gabuni -

    EsqxGabuni +

    CenxGabuni +

    Elaborao da autora.

    Para teste de robustez, um segundo modelo (Modelo 2) ser estimado,

    oquetambmvaigerarumresultadofinaldeseisconjuntosdeestima-tivagastosocialagregado(educao+sade),emeducaoeemsa-de,tantocomrelaoaogastopblicototalquantocomrelaoaoPIB.

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    Nesse modelo, sero excludas as variveis que no apresentaram sig-nificncia estatstica no Modelo 1. Alm disso, ser includa a varivelreferente estabilidade ministerial (Gabestab). O objetivo da incluso

    dessa varivel verificar como se comporta o gasto social diante de umgabinete ministerial estvel21. Segundo os achados de Amorim Neto eBorsani (2004), a estabilidade ministerial, entre outros fatores, comogovernos de direita e presidentes com partidos fortes, mais propensaa reduzir o gasto pblico e promover equilbrio fiscal. Neste artigo, oobjetivo verificar os efeitos de variveis polticas sobre o gasto socialespecificamente, e no sobre o gasto pblico em geral. Assim, o sinalnegativoesperadoporAmorimNetoeBorsani(ibidem)paraavarivel,no caso da anlise do gasto pblico e do dficit fiscal, pode, para a

    anlise do gasto social, ser alterado.

    A metodologia adotada no presente estudo para teste de hiptese aanlise economtrica de painel, tambm conhecida como sries agre-gadas22.Essetipodeanlisepermiteconsiderarconcomitantementeasdimenses espao (pas) e tempo (ano)23. Graas utilizao conjuntaentre informao temporal e unidades individuais, os problemas decorrelao de variveis omitidas com as explicativas so menores do

    que aqueles encontrados em bases de dados apenas temporais, tam-bm chamadas de time series. Seguindo a sugesto de Beck e Katz(1995), o modelo se baseia em uma estrutura auto-regressiva comumpara todos os pases ( fixed effects), em contraposio a uma estruturadiferenteparacadaum(random effects).Deacordocomosautores,asu-perioridade desse tipo de modelagem est no fato de, dessa forma, serpossvel capturar o efeito das especificidades de cada unidade deanlise eventualmente omitidas no modelo, mas que podem estarrelacionadas s variveis explicativas.

    Na estimativa dos parmetros do modelo, seguiu-se o mtodo panelcorrected standard error (OLS com erro padro corrigido), sugerido porBeck e Katz (ibidem) para anlises de painel de dimenses similares sdeste artigo. Uma discusso presente na literatura refere-se utiliza-o do lag da varivel dependente (ibidem; Achen, 2000; Wawro, 2002).Enquanto Beck e Katz (1995) defendem que a incluso de valores defa-sados da varivel dependente contribui para o controle de problemas

    de autocorrelao24, Achen (2000) e Wawro (2002) so contrrios a esseprocedimento. Achen argumenta que a auto-regressividade distorceos resultados na medida em que superdimensiona o poder explicativo

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    da varivel, ofuscando os efeitos de outras variveis explicativas e/ouprovocando inverso de sinais.

    O debate tcnico sobre qual a melhor forma de especificao do mo-delonoestesgotado.Cabeaosadeptosdaeconometriaoptarporumdeles.Paraefeitodesteartigo,seradotadaasegundaposio,ouseja,a de no incluso de valores defasados da varivel dependente no mo-delo. Entendo que tal recurso pertinente quando o modelo no preveventual correlao serial dos dados. No entanto, neste artigo, paradissipar tal problema, utilizo como recurso estatstico a correlaoauto-regressiva de primeira ordem AR1, que tambm pressupe umaautocorrelao comum a todos os pases. Penso que o uso concomitan-

    te do valor defasado da varivel dependente e da correlao AR1 re-dundante, uma vez que ambos procuram dar conta do mesmo proble-ma: correlao serial25.

    Os primeiros resultados referentes aos modelos que associam gasto so-cial com as demais variveis independentes econmicas, demogrfi-cas e polticas podem ser vistos na Tabela 1.

    OsresultadosdaregressodoModelo1,cujopoderpreditivode97%(R2 ajustado), expostos na Tabela 1 (gasto social como porcentagem dogasto pblico total), revelam que, entre as variveis socioeconmicas,aquelasqueapresentaramrelevnciaestatsticaesinaispositivos,con-forme previsto, foram: dependncia demogrfica (Depdemo) e popula-o urbana (PopUrb), ambas no nvel de significncia de 1%. Isso querdizer que, quanto maiores os nveis da dependncia demogrfica e dapopulao urbana, maior o gasto social. Com relao s variveis pol-

    ticas, observou-se que aquelas referentes a governos de esquerda e decentro minoritrios (Esq e Cen) e aquela referente natureza do gover-no (Gabuni) apresentaram um nvel de significncia estatstica de 5%(com exceo da varivel referente a governos de centro minoritrios,cujo nvel de significncia estatstica foi de 10%) e sinais negativos.Isso quer dizer que o nvel do gasto social tende a diminuir em gover-nosdeesquerdaedecentrominoritriosetambmemgovernosdedi-reita majoritrios (lembrando que, por excluso de todas as demaiscombinaes de ideologia e de natureza do governo, a varivel Gabuni

    representa a varivel referente a governo de direita majoritrio), secomparados a governos de direita minoritrios (categoria de basecomparativa).

    Partidos Polticos, Ideologia e Poltica Social na Amrica Latina: 1980-1999

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    Cristiane Batista

    Tabela 1

    Determinantes do Gasto Social (% GPT) na Amrica Latina: 1980-1999

    Variveis Modelo(1)

    Modelo(2)

    lgPIB -4,43

    (5,36)

    lgInfla -0,27

    (0,39)

    Des 0,03

    (0,17)

    PPPbas 5,37e-13

    (1,17e-12)

    Expend_PIB 0,06(0,20)

    Depdemo 0,78***

    (0,25)

    0,33**

    (0,13)

    PopUrb 1,60e-06***

    (5,03e-07)

    3,47e-07***

    (1,32e-07)

    Esq -3,02**

    (1,42)

    -3,03**

    (1,52)

    Cen -5,84*

    (3,36)

    -3,57

    (2,59)

    Gabuni -6,02**

    (2,75)

    -4,02**

    (2,00)

    EsqxGabuni 10,95***

    (3,21)

    8,95***

    (2,68)

    CenxGabuni 7,02**

    (3,28)

    5,83*

    (3,13)

    Gabestab 2,92*

    (1,76)R2 ajustado 0,97 0,95

    R2 (efeitos fixos) 0,95 0,94

    Pr (efeitos fixos pas = 0) > chi2 0,000 0,000

    Rho 0,32 0,41

    Esq |gabuni = 1 7,94***

    (3,05)

    5,93**

    (2,94)

    N 116 130

    Erro padro entre parnteses; * p < 0,1; ** p < 0,05; *** p < 0,01.

    Elaborao da autora.

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    Corroborando a hiptese do trabalho, os testes economtricos revelamque, no nvel de significncia de 1%, governos de esquerda com maio-ria legislativa gastam 10,9 pontos percentuais a mais em poltica social

    do que governos de direita minoritrios. Para verificar quanto do gas-to social aumenta em governos de esquerda em comparao a todos osdemais governos, somaram-se os coeficientes das variveis referentesa governo de esquerda dividido (Esq) e a governo de esquerda unifica-do (EsqxGabuni). O resultado do teste (Esq |gabuni = 1) mostra que, nonvel de significncia estatstica de 1%, governos de esquerdamajoritrios gastam aproximadamente oito pontos percentuais a maisno social do que os demais governos.

    O Modelo 2, que exclui as variveis que no apresentaram significn-ciaestatsticanoModelo1e,almdisso,incluiavarivelquetestaain-fluncia da estabilidade ministerial sobre o gasto social (Gabestab),manteve, em sua maioria, os nveis de significncia estatstica e os si-nais das variveis presentes no Modelo 1 (o nvel de significncia esta-tsticadavarivelcorrespondentedependnciademocrticareduziude 1% para 5%). A varivel includa no Modelo 2 para verificar o efeitoda estabilidade ministerial sobre o gasto social (Gabestab) apresentousignificncia estatstica no nvel de 10% e sinal positivo, em dissonn-cia com as previses de Amorim Neto e Borsani (2004), segundo asquais a estabilidade ministerial tende a contribuir para a reduo dogasto pblico e promover o equilbrio fiscal. Os autores, entretanto,no fazem predies sobre o efeito de tal varivel sobre o gasto social,que constitui a proposta deste artigo.

    NoModelo2,otestequeverificouquantoamaisgovernosdeesquerdainvestem no social (Esq |gabuni = 1) apresentou significncia estatsti-

    ca no nvel de 5%, um pouco menor do que o nvel de significncia darespectiva varivel no Modelo 1 (1%), e sinal positivo. Nesse caso, ostestesrevelaramqueogastosocialemproporoaogastopblicototal quase seis pontos percentuais maior do que nos demais governos. Opoder preditivo do modelo de 95%.

    Emsuma,osresultadosdosModelos1e2(gastosocialagregadocomoporcentagem do gasto pblico total) corroboram a hiptese deste arti-go,segundoaqualgovernosdeesquerdamajoritriosgastammaisem

    poltica social do que governos de direita, no caso, de direita minorit-rios.Almdisso,indicamqueosdeterminantesdogastosocialempro -poro ao gasto pblico total so: dependncia demogrfica (relao

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    direta); populao urbana (relao direta); governos de esquerda mi-noritrios (relao inversa); governos de direita unificados (relao in-versa); e governos de centro majoritrios (relao direta). Dito de outra

    forma, o gasto social aumenta em governos de esquerda majoritrios(um pouco mais do que em governos de centro majoritrios) e pro-poro que aumentam o grau de dependncia demogrfica e a popula-o urbana. Por outro lado, diminui em governos de esquerda minori-trios e em governos de direita majoritrios. A varivel referente abertura comercial, medida pelo PPP, no apresentou significncia es-tatsticaemnenhumdosdoismodelos;porm,osinalfoipositivo,con-forme atestado por Avelino, Brown e Hunter (2005).

    Vejamos agora, na Tabela 2, os resultados dos testes estatsticos quan-do se utiliza como indicador de gasto social o gasto agregado (educa-o + sade) em proporo ao PIB.

    Os resultados da Tabela 2 revelam que, entre as variveis econmicas,trs aparecem como estatisticamente significativas e com sinais deacordo com o previsto. So elas: PIB per capita (lgPIB), no nvel de 10%de significncia estatstica e sinal positivo mas apenas no Modelo 1 ;inflao (lgInfla), no nvel de 1% e sinal negativo; e gasto pblico total(Expend), tambm no nvel de 1% e sinal positivo. Isso significa que ogasto social aumenta medida que aumentam o PIB (relao fraca) eogastopblicodopas,ediminuideacordocomoaumentodainflao.Entre as variveis demogrficas, a nica que apresentou significnciaestatstica e sinal positivo nos dois modelos corresponde dependnciademogrfica. Significa dizer que o gasto social aumenta conforme au-menta o nvel de dependncia demogrfica do pas. A varivel referente populao urbana no apresentou relevncia estatstica.

    Nessa anlise, mais uma vez a hiptese de trabalho comprovada. Osresultados indicam que, no nvel de significncia estatstica de 1%, go-vernos de esquerda majoritrios investem 1,6 ponto percentual a maisno social do que governos de direita minoritrios (categoria de basecomparativa).Otestequeverificaquantoamaisgovernosdeesquerdagastam em poltica social (Esq |gabuni = 1) apresentou significnciaestatstica, ainda que no nvel baixo (10%), apenas no Modelo 1, mas osinal foi positivo em ambos os modelos, indicando que o nvel do gasto

    social em governos de esquerda tende a ser 0,8 ponto percentual maiorquandocomparadoaosdemaisgovernos.Dessavez,onveldesignifi -cncia estatstica da varivel que mede a influncia de governos de di-

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    Partidos Polticos, Ideologia e Poltica Social na Amrica Latina: 1980-1999

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    Tabela 2

    Determinantes do Gasto Social (% PIB) na Amrica Latina: 1980-1999

    Variveis Modelo(1)

    Modelo(2)

    lgPIB 1,77*

    (0,95)

    1,03

    (0,90)

    lgInfla -0,26***

    (0,84)

    -0,19***

    (0,07)

    Des 0,01

    (0,03)

    PPPbas 8,46e-14

    (1,62e-13)

    Expend 2,41e-13***(3,77e-14)

    2,39e-13***(3,72e-14)

    Depdemo 0,23***

    (0,04)

    0,19***

    (0,03)

    PopUrb 2,83e-08

    (9,31e-08)

    Esq -0,70***

    (0,26)

    -0,94***

    (0,27)

    Cen -1,13*

    (0,66)

    -0,66

    (0,59)Gabuni -1,43***

    (0,43)

    -1,02***

    (0,38)

    EsqxGabuni 1,56***

    (0,52)

    1,36***

    (0,50)

    CenxGabuni 1,44**

    (0,67)

    1,12*

    (0,66)

    Gabestab 0,52*

    (0,30)

    R2 ajustado 0,98 0,98

    R2 (efeitos fixos) 0,92 0,92

    Pr (efeitos fixos pas = 0) > chi2 0,000 0,000

    Rho 0,37 0,37

    Esq |gabuni = 1 0,86*

    (0,47)

    0,42

    (0,48)

    N 116 122

    Erro padro entre parnteses; * p < 0,1; ** p < 0,05; *** p < 0,01.

    Elaborao da autora.

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    reita majoritrios (Gabuni)sobreogastosocialfoimaisexpressivo,1%,alm de o sinal ser negativo, indicando que o investimento na rea menor em governos de direita majoritrios perante os governos de

    direita minoritrios.Assim como na anlise que utiliza o gasto social como porcentagem dogasto pblico total (Tabela 1), os resultados revelam que governos deesquerda sem maioria legislativa investem menos em educao e sa-de.Umapossvelrespostaparaesseachadoanaturalfraquezapolti-ca de governos minoritrios, o que obviamente afeta sua capacidadede implementao da agenda programtica de polticas. Em governosminoritrios, o objetivo principal dos partidos de oposio dificultar

    a execuo do programa do governo em exerccio a fim de inviabilizarsuareeleio.Sendoaspolticassociaisaprioridadedegovernosdees-querda (atendendo linha conceitual defendida neste artigo), natu-ral que uma maioria de oposio crie obstculos para a realizao detal programa.

    Em suma, os dados expostos na Tabela 2 revelam que as variveis in-tervenientesdogastosocialemproporoaoPIBso:PIB per capita (re-lao direta, mas fraca); inflao (relao inversa); gasto pblico total

    (relao direta); dependncia demogrfica (relao direta); governosdeesquerdaminoritrios(relaoinversa);governosdecentrominori-trios (relao inversa e fraca); governos de direita majoritrios (rela-o inversa); governos de esquerda majoritrios (relao direta); e go-vernosdecentromajoritrios(relaodireta,masrelativamentefraca).Novamente a varivel que verifica o efeito da estabilidade ministerialsobreogastosocial(Gabestab) apresentou sinal positivo e significnciaestatstica, ainda que em um nvel baixo, 10%.

    NasTabelas1e2,vimoscomoogastosocialagregado,tantocomopor-centagem do gasto pblico total quanto como porcentagem do PIB, secomporta na presena de variveis polticas e socioeconmicas. Veja-mos agora o comportamento do gasto social ao desagregarmos o gastoem educao e sade em proporo ao gasto pblico total.

    Os resultados da Tabela 3, que apresenta a anlise do gasto em educa-o como porcentagem do gasto pblico total, revelam que, assimcomo na anlise do gasto social agregado, que tem como parmetro

    tambm o gasto pblico total, entre as variveis socioeconmicas, ape-nas as variveis referentes dependncia demogrfica e populaourbana revelaram-se estatisticamente significativas: a primeira no n-

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    Tabela 3

    Determinantes do Gasto em Educao (% GPT) na Amrica Latina: 1980-1999

    Variveis Modelo(1)

    Modelo(2)

    lgPIB -1,32

    (2,99)

    lgInfla -0,29

    (0,19)

    Des 0,03

    (0,09)

    PPPbas 1,01e-13

    (5,37e-13)

    Expend_PIB 0,00(0,10)

    Depdemo 0,36***

    (0,12)

    0,25***

    (0,08)

    PopUrb 4,48e-07*

    (2,49e-07)

    1,67e-07***

    (5,07e-08)

    Esq -0,75

    (0,76)

    -1,14

    (0,78)

    Cen -1,68

    (1,55)

    Gabuni -2,03

    (1,25)

    -0,60

    (0,54)

    EsqxGabuni 3,42**

    (1,46)

    2,68***

    (1,00)

    CenxGabuni 2,37

    (1,52)

    Gabestab 1,15

    (0,77)

    R2 ajustado 0,97 0,96

    R2 (efeitos fixos) 0,94 0,94

    Pr (efeitos fixos pas = 0) > chi2 0,000 0,000

    Rho 0,34 0,41

    Esq |gabuni = 1 2,68**

    (1,32)

    1,54

    (1,08)

    N 116 130

    Erro padro entre parnteses; * p < 0,1; ** p < 0,05; *** p < 0,01.

    Elaborao da autora.

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    vel de 1% nos dois modelos; a segunda, 10% no Modelo 1 e 1% no Mo-delo 2, mantendo sempre o sinal positivo. Ou seja, os resultados da Ta-bela 3 confirmam os achados das Tabelas 1 e 2, segundo os quais quan-

    to maior a dependncia demogrfica do pas, maior seu nvel de gastosocial, nesse caso especfico, de gasto em educao.

    Entre as variveis polticas, apenas a varivel referente a governos deesquerda majoritrios apresentou-se estatisticamente significativa, nonvel de 5% no Modelo 1 e de 1% no Modelo 2. O resultado mostra quegovernos de esquerda com maioria legislativa gastam aproximada-mente trs pontos percentuais a mais em educao do que governos dedireitaminoritrios,oquecorroboramaisumavezahiptesedefendi-

    da neste artigo. Nesse modelo, nenhuma varivel econmica se reve-lou estatisticamente significativa.

    O teste que verifica quanto a mais governos de esquerda gastam empoltica social (Esq |gabuni = 1) apresentou significncia estatstica,de 5%, apenas no Modelo 1 e manteve o sinal positivo, revelando queesses governos investem aproximadamente trs pontos percentuais amais na rea do que os demais governos.

    Em sntese, de acordo com os resultados alcanados, expostos na Tabe-la 3, as variveis que exercem influncia sobre o gasto em educaocomo porcentagem do gasto pblico total so: dependncia demogr-fica (relao direta); populao urbana (relao direta); e governos deesquerda majoritrios (relao direta). Dessa vez, a varivel Gabestabno apresentou significncia estatstica em nenhum nvel, mas o sinalpermaneceu positivo.

    Vejamos, na Tabela 4, como se comporta o gasto em educao em rela-

    o ao PIB.

    Os resultados expostos na Tabela 4 revelam que, diferentemente dequando o gasto em educao tem como parmetro o gasto pblico to-tal, duas variveis econmicas apresentam significncia estatstica nonvel de 1%: inflao (em sua forma logartmica) e gasto pblico total.Ou seja, os testes economtricos revelam que o gasto em educao emproporo ao PIB tende a diminuir conforme aumenta a inflao e acrescer de acordo com o aumento do gasto pblico total. Entre as vari-

    veis demogrficas, apenas a varivel referente ao nvel de dependn-cia demogrfica apresentou significncia estatstica (1%) e sinal positi-vo, tanto no Modelo 1 quanto no Modelo 2. Os resultados da Tabela 4

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    Tabela 4

    Determinantes do Gasto em Educao (% PIB) na Amrica Latina: 1980-1999

    Variveis Modelo(1)

    Modelo(2)

    lgPIB 0,93

    (0,62)

    lgInfla -0,19***

    (0,05)

    -0,17***

    (0,04)

    Des 0,00

    (0,02)

    PPPbas -5,05e-14

    (8,47e-14)

    Expend 1,19e-13***(2,88e-14)

    1,02e-13***(2,27e-14)

    Depdemo 0,11***

    (0,03)

    0,11***

    (0,02)

    PopUrb -6,38e-08

    (6,13e-08)

    Esq -0,36**

    (0,18)

    -0,60***

    (0,20)

    Cen -0,50

    (0,41)

    -0,25

    (0,36)Gabuni -0,69***

    (0,21)

    -0,49***

    (0,19)

    EsqxGabuni 0,58**

    (0,29)

    0,60**

    (0,30)

    CenxGabuni 0,71*

    (0,40)

    0,56

    (0,39)

    Gabestab 0,12

    (0,17)

    R2 ajustado 0,97 0,97

    R2 (efeitos fixos) 0,90 0,90

    Pr (efeitos fixos pas = 0) > chi2 0,000 0,000

    Rho 0,44 0,43

    Esq |gabuni = 1 0,22

    (0,22)

    -0,00

    (0,25)

    N 116 122

    Erro padro entre parnteses; * p < 0,1; ** p < 0,05; *** p < 0,01.

    Elaborao da autora.

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    confirmam, portanto, os achados das tabelas anteriores, segundo osquais quanto maior a dependncia demogrfica do pas, maior o gastoem educao. A varivel referente populao urbana no apresentou

    significncia estatstica.Maisumavezahiptesedesteestudocorroborada.Osresultadosmos-tram que, no nvel de significncia estatstica de 5%, governos de es-querdamajoritrios(Gabuni)investemaproximadamente0,6pontoper-centual a mais em educao do que governos de direita minoritrios.Por sua vez, o teste que verifica quanto a mais governos de esquerdagastam em poltica social (Esq |gabuni = 1) emrelao a todos osdemaisgovernos no apresentou significncia estatstica em nenhum dos dois

    modelos, tendo apresentado ainda sinal negativo no Modelo 2.Sumarizando, no que diz respeito ao gasto em educao como porcen-tagem do PIB, as variveis intervenientes so: inflao (relao inver-sa); gasto pblico total (relao direta); dependncia demogrfica (re-lao direta); governos de esquerda minoritrios (relao inversa); go-vernos de direita majoritrios, testados pela varivel Gabuni (relaoinversa); e governos de esquerda majoritrios (relao direta). Assimcomonaanlisedogastoemeducaocomoporcentagemdogastop-

    blico total (Tabela 3), a varivel referente estabilidade do gabinete(Gabestab), includa em teste de robustez apenas no Modelo 2, noapresentou significncia estatstica em nenhum nvel. O sinal da vari-vel, porm, manteve-se positivo.

    Quanto ao gasto pblico em sade, tanto como porcentagem do gastopblico total quanto como porcentagem do PIB, os resultados podemser vistos, respectivamente, nas Tabelas 5 e 6.

    Os resultados da anlise do gasto em sade em relao ao gasto pbli-co total, expostos na Tabela 5, revelam que, assim como na anlise dogasto em educao como porcentagem do gasto pblico total, nenhu-ma varivel econmica apresentou significncia estatstica; porm, aocontrrio da tabela anterior, manteve o sinal positivo da varivel refe-rente abertura comercial (PPPbas). Entre as variveis demogrficas,ambas mostraram-se relevantes e com sinais positivos, mas apenas noModelo1.Aprimeiravariveldemogrfica(Depdemo)apresenta-sees-tatisticamente significativa no nvel de 5%; a segunda (PopUrb), no n-

    vel de 1%. Tais resultados permitem concluir que o gasto em sade,quandoponderadopelogastopblicototal,aumentadeacordocomosnveis de dependncia demogrfica e da populao urbana.

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    Tabela 5

    Determinantes do Gasto em Sade (% GPT) na Amrica Latina: 1980-1999

    Variveis Modelo(1)

    Modelo(2)

    lgPIB -3,13

    (3,18)

    lgInfla -0,07

    (0,22)

    Des -0,01

    (0,09)

    PPPbas 2,95e-13

    (5,75e-13)

    Expend_PIB 0,02(0,13)

    Depdemo 0,34**

    (0,18)

    0,04

    (0,11)

    PopUrb 9,93e-07***

    (3,34e-07)

    1,31e-07

    (1,15e-07)

    Esq -1,94**

    (0,88)

    -1,51

    (0,96)

    Cen -3,13

    (2,22)

    -1,44

    (1,91)Gabuni -3,07*

    (1,73)

    -1,39

    (1,43)

    EsqxGabuni 5,82***

    (2,01)

    3,54**

    (1,68)

    CenxGabuni 3,69*

    (2,16)

    2,28

    (2,28)

    Gabestab 1,78*

    (1,00)

    R2 ajustado 0,92 0,88

    R2 (efeitos fixos) 0,88 0,88

    Pr (efeitos fixos pas = 0) > chi2 0,000 0,000

    Rho 0,45 0,57

    Esq |gabuni = 1 3,88**

    (1,97)

    2,03

    (1,88)

    N 116 130

    Erro padro entre parnteses; * p < 0,1; ** p < 0,05; *** p < 0,01.

    Elaborao da autora.

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    Mais uma vez a hiptese deste estudo foi corroborada. Os resultadosrevelamque,nonveldesignificnciaestatsticade1%,noModelo1,ede5%,noModelo2,ogastoemsadecomoporcentagemdogastop-

    blico total maior em governos de esquerda majoritrios. A varivelreferente estabilidade ministerial (Gabestab), assim como nos mode-los que utilizaram como indicador de gasto social o gasto em educaoe sade (gasto agregado) como porcentagem do gasto pblico total ecomo porcentagem do PIB, apresentou nvel de significncia de 10% esinal positivo. Isso quer dizer que o gasto social agregado e o gasto emsade em proporo ao gasto pblico total, especificamente, tendem aaumentar quanto maior for a estabilidade do gabinete presidencial.Nos testes realizados por Amorim Neto e Borsani (2004), o sinal da

    varivel foi negativo. No entanto, a varivel dependente no era gastosocial, mas gasto pblico.

    O resultado do teste realizado para verificar quanto a mais governosde esquerda gastam em poltica social (Esq |gabuni = 1) apresentousignificncia estatstica de 10% e sinal positivo esperado, mas apenasno Modelo 1. Cabe lembrar que esse teste soma os coeficientes das va-riveis referentes a governos de esquerda minoritrios e a governos deesquerdamajoritrios,ouseja,mostraquantoamaisgovernosdeincli-

    nao ideolgica de esquerda investem, nesse caso especfico, em pol-tica de sade. O resultado desse teste, para a estimativa expressa noModelo 1, da Tabela 5, mostra que o gasto em sade em proporo aogasto pblico total aumenta aproximadamente quatro pontos percen-tuais em governos de esquerda.

    Emsntese,asvariveisqueexerceminflunciasobreogastoemsadecomo porcentagem do gasto pblico total so: dependncia demogr-fica (relao direta, ainda que fraca e apenas no Modelo 1); populaourbana (relao direta, mas tambm somente no Modelo 1); governosde esquerda minoritrios (relao inversa, somente no Modelo 1); go-vernos de esquerda majoritrios (relao direta); governos de centromajoritrios (relao direta, mas fraca e apenas no Modelo 1); e estabi-lidade ministerial (relao direta), no nvel de significncia estatsticade 10%.

    Por ltimo, vejamos, na Tabela 6, como se comporta o gasto em sadequando ponderado pelo PIB nacional.

    As estimativas dos Modelos 1 e 2, expressas na Tabela 6 (gasto em sa-de como porcentagem do PIB), revelam que, diferentemente das esti-

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    Tabela 6

    Determinantes do Gasto em Sade (% PIB) na Amrica Latina: 1980-1999

    Variveis Modelo

    (1)

    Modelo

    (2)lgPIB 0,75

    (0,56)

    lgInfla -0,07

    (0,04)

    Des -0,01

    (0,02)

    PPPbas 1,28e-13

    (9,17e-14)

    Expend 1,22e-13***(1,99e-14)

    1,44e-13***(2,22e-14)

    Depdemo 0,11***

    (0,02)

    0,10***

    (0,02)

    PopUrb 8,83e-08*

    (5,06e-08)

    3,56e-08*

    (2,06e-08)

    Esq -0,31**

    (0,14)

    -0,37**

    (0,15)

    Cen -0,60

    (0,42)

    -0,33

    (0,39)

    Gabuni -0,69**

    (0,29)

    -0,49*

    (0,26)

    EsqxGabuni 0,91***

    (0,34)

    0,63**

    (0,30)

    CenxGabuni 0,69*

    (0,41)

    0,54

    (0,45)

    Gabuni 0,45**

    (0,18)R2 ajustado 0,97 0,96

    R2 (efeitos fixos) 0,89 0,89

    Pr (efeitos fixos pas = 0) > chi2 0,000 0,000

    Rho 0,38 0,50

    Esq |gabuni = 1 0,59*

    (0,33)

    0,26

    (0,32)

    N 116 127

    Erro padro entre parnteses; * p < 0,1; ** p < 0,05; *** p < 0,01.

    Elaborao da autora.

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    mativas que tm como varivel dependente o gasto em sade comoporcentagemdogastopblicototal(Tabela5),quandonenhumavari-vel econmica apresentou significncia estatstica, dessa vez a va-

    rivel referente ao gasto pblico total aparece com nvel de significn-cia estatstica de 1% nos dois modelos e sinal positivo. Isso significaque o gasto em sade aumenta de acordo com o aumento do gasto p-blico federal. Mais uma vez a varivel referente abertura comercial(PPPbas) no revelou significncia estatstica, ainda que o sinal fossepositivo. Entre as variveis demogrficas, aquelas referentes tanto dependncia demogrfica quanto populao urbana aparecem comopositivasesignificativasnosdoismodelos;aprimeiranonvelde1%ea segunda no de 10%.

    Nesse teste, novamente a hiptese de trabalho comprovada. A vari-vel referente a governos de esquerda majoritrios mostra-se significa-tiva no nvel de 1% no Modelo 1 e de 5% no Modelo 2. O sinal continuapositivo, mostrando que governos de esquerda com maioria legislati-vagastammaisemsade(emrelaoaoPIB,nocaso)doquegovernosde direita minoritrios (categoria de base comparativa). Por sua vez, ostestes indicam que governos de esquerda sem maioria legislativa in-vestem em torno de 0,3 ponto percentual a menos (no nvel de signifi-

    cncia estatstica de 5%). Com relao influncia da estabilidade mi-nisterial sobre o gasto em sade, a varivel correspondente (Gabestab)apresentou significncia estatstica no nvel de 5% e sinal positivo, oque significa que, quanto maior a estabilidade do gabinete, maior ogasto na rea.

    O resultado do teste que verifica quanto a mais governos de esquerdagastam em poltica social (Esq |gabuni = 1) revelou significncia esta-tsticadavarivelnonvelde10%,masapenasnoModelo1,esinalpo-sitivo, conforme o esperado.

    Em suma, as variveis intervenientes do gasto em sade como porcen-tagem do PIB so: gasto pblico total (relao direta); dependncia de-mogrfica (relao direta); populao urbana (relao direta), aindaque em nvel baixo de significncia estatstica (10%); governos de es-querda minoritrios (relao inversa); governos de direita majorit-rios(relaoinversa);governosdeesquerdamajoritrios(relaodire-ta); e estabilidade ministerial (relao direta).

    Caberessaltarqueavarivelreferenteadesempregonosereveloues-tatisticamente significativa em nenhuma estimativa, ou seja, tal indi-

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    cador no apresenta qualquer influncia sobre o gasto social, nemagregado, nem desagregado.

    CONSIDERAES FINAIS

    Este artigo teve por objetivo investigar, por meio da anlise estatstica,se a ideologia dos partidos governativos na Amrica Latina afeta as po-lticas sociais, em um contexto de globalizao sob o qual, segundo a li-teratura, os Estados nacionais perderiam sua autonomia decisria. Aprincipal hiptese testada nos modelos economtricos afirma que go-vernos de esquerda majoritrios investem mais, ceteris paribus, em pol-tica social do que os demais governos, sobretudo aqueles de direita. Os

    principais achados das anlises economtricas corroboraram a hipte-se principal deste estudo. A anlise economtrica mostra ainda que,dependendo do indicador de gasto social utilizado agregado, desa-gregado, em relao ao gasto pblico total e em relao ao PIB , os re-sultados podem sofrer alteraes sobretudo no que diz respeito a va-riveis de natureza econmica.

    Como j mencionado em pargrafos anteriores, neste artigo, no hou-ve a inteno de discutir problemas de mensurao da varivel depen-

    dente. Portanto, no se travou aqui uma discusso mais aprofundadasobre o melhor indicador para gasto social. O presente estudo confir-ma o que observado na literatura que analisa o gasto pblico social,ou seja, pequenas alteraes nos resultados dependendo do indicadorutilizado.

    A principal contribuio deste texto est em revelar, de maneira siste-mtica e rigorosa, que, em primeiro lugar, a abertura comercial inicia-da na Amrica Latina durante a dcada de 1980 no prejudicou a auto-

    nomia dos Estados nacionais da regio. Ao contrrio, observa-se noperodo uma grande variao nas polticas pblicas, em especial naspolticas sociais dos pases. Alm disso, os testes mostram que os prin-cipais determinantes dessas variaes atendem a caractersticas do-msticas, como a ideologia e o apoio legislativo do governo, e sofremmenos influncia de fatores de natureza econmica.

    Emsegundolugar,ateoriasegundoaqualinexisteumadistinoideo-lgicaentrepartidospolticos,emespecialnaAmricaLatina,porcau-

    sadeumasriedefatoreshistricoseinstitucionais,contestadanesteartigo. As anlises estatsticas desenvolvidas aqui mostram que existediferena programtica entre governos de esquerda e de direita e que

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    essa diferena claramente percebida na anlise do gasto social. Maisdo que isso: dada a alta fragmentao de alguns sistemas partidrioslatino-americanos, as relaes entre o Executivo e o Legislativo alte-

    ram os resultados de polticas governamentais. Por exemplo, os dadosrevelam que o gasto social aumenta em governos de esquerda majori-trios, mas diminui em governos de esquerda minoritrios. O fato deesses governos no contarem com uma maioria legislativa comprome-teaexecuodeumdosprincipaisitensdesuaagendaprogramtica.

    Cumpre registrar que os testes so referentes a um determinado pero-do da histria recente durante o qual muito se contestou a relevnciada ideologia dos partidos governativos. Contudo, estimulam a discus-

    so sobre a importncia dos partidos polticos no contexto atual degrandes transformaes para a Amrica Latina. Nos anos 2000, verifi-ca-se uma profunda modificao no mapa poltico latino-americano,com eleies de candidatos de inclinao de esquerda e execuo depolticas claramente voltadas para a parcela da populao menos favo-recida. Basta observar o programa Bolsa Famlia, no Brasil, que garan-tiu, em grande medida, a reeleio do presidente Luiz Incio Lula daSilvaem2006,comamplamaioriadevotos.Caberafuturaspesquisasreplicar os testes aqui feitos com dados relativos dcada atual26.

    (Recebido para publicao em fevereiro de 2007)(Verso definitiva em maio de 2008)

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    NOTAS

    1. Kaufman e Segura-Ubiergo (2001) no encontraram nenhuma evidncia de que a ex-panso comercial estimula investimentos em sade e educao, mas, por outro lado,

    encontraram evidncias de que ela reduz os investimentos em seguridade social.2. Medidaem relao ao Produto Interno Bruto PIBcorrente, a abertura comercial tem

    impacto negativo sobre o gasto social. Contudo, se a medida for por meio do Poderde Compra Partidrio (Purchasing Power Parity) PPP, o impacto positivo, aindaqueno significativo, sobre o gasto social agregado.Ao desagregar os dados de gastosocialemsade,educaoeseguridadesocial,nota-seumaassociaopositivaesig-nificativa sobre os gastos em educao e seguridade social.

    3. Para exemplo dessa linha de anlise, ver Fiorina (1996).

    4. As categorias relativas a governos de centro (minoritrios e majoritrios) sero in-cludas nos modelos estatsticos para efeito da anlise economtrica. Contudo, ne-nhuma considerao a respeito de tais governos, ou seja, sobre o impacto de gover-nos de centro na variao do gasto social ser feita neste artigo, dada a ausncia naliteratura sobre as prioridades polticas desses governos.

    5. Dado que governos so controlados por partidos polticos, quando, no texto, se falaem governos de esquerda, por exemplo, esto relacionados a governos controladospor partidos de esquerda.

    6. Na anlise para a Amrica Latina, ser observada apenas a composio partidria daCmara dos Deputados nos casos de pases bicamerais.

    7. Corresponde categoria de base comparativa.

    8. Porcentagem de dependentes sobre a populao economicamente ativa.9. Os dados de gasto social como porcentagem do PIB foram gentilmente cedidos por

    George Avelino (Fundao Getulio Vargas FGV-SP). So os mesmos utilizados emAvelino, Brown e Hunter (2005). J os dados de gasto social como porcentagem dogasto pblico total foram construdos a partir da base de dados sobre gasto social daDivisin de Desarrollo Social de la Comisin Econmica para Amrica Latina y elCaribe Cepal.

    10. Os dados foram extrados do World Development Indicators, do Banco Mundial (TheWorld Bank, 2001).

    11. Variao anual. Os dados foram extrados do World Development Indicators,doBancoMundial (The World Bank, 2001).

    12. O indicadorrepresentaa porcentagem da fora de trabalho total extrada da Cepal.

    13. O indicador representa a soma da exportao e da importao sobre o PPP, cujos da-dos foram extrados do World Development Indicators (The World Bank, 2001).

    14. Extrado do World Development Indicators (The World Bank, 2001). Quando a variveldependente medida pelo gasto pblico total, a varivel Expend representa o gastototal como porcentagem do PIB. Quando medida pelo PIB, representa o gasto cor-rente anual.

    15. Os dados foram extrados do World Development Indicators (The World Bank, 2005).

    16. Em nmero absoluto, dados extrados do World Development Indicators (The WorldBank, 2001).

    17. Os dados dessa varivel me foram gentilmente cedidos porOctavio AmorimNeto.

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    18. Para a anlise da Amrica Latina, por falta de informao sobre a composio do ga-binete ministerial em El Salvador, Guatemala, Honduras e Repblica Dominicana, aclassificao ideolgica nesses pases corresponde do partido do presidente e in-formao referente natureza do governo se o partido do presidente conta com a

    maioria das cadeiras da Cmara dos Deputados.19. Emseuartigo,Coppedge(1997)separaossistemaspartidrioslatino-americanosem

    blocos, observando seu desempenho em cada eleio. O autor examina quatro indi-cadores que caracterizam o sistema partidrio: posio esquerda-direita; polariza-o esquerda-direita; volatilidade dos blocos ajustados; nmero de blocos efetivos.A posio esquerda-direita mede a distncia mdia dos partidos de esquerda e de di-reita em cada eleio. A polarizao esquerda-direita mede a disperso dos votos deesquerda e de direita em relao ao centro. A volatilidade dos blocos ajustados medea diferena de votos de partidos de esquerda e de direita de uma eleio para outra.Para a realizao do teste, aos partidos de esquerda foi atribudo valor -1; aos de

    centro-esquerda, valor -0,5; aos de centro, valor 0; aos de centro-direita, valor 0,5; eaos partidos de direita atribuiu-se valor 1.

    20. Os dados dessa varivel me foram gentilmente cedidos por Hugo Borsani.

    21. Mdia da estabilidade ministerial por ano. Ou seja, durao mdia, em dias, da per-manncia de todos os ministros nomeados pelo governo em um dado ano divididapor 365. De acordo com esse indicador, a estabilidade ministerial pode variar entreum mnimo de 0,003 (= 1/365; situao extrema em que cada ministro permaneceapenasum dia nocargo) e ummximode 1 (quando permanece os365 diasdo ano).

    22. Em ingls, pooled time series cross-section analysis.

    23. Os dados foram ordenados por pas, ou seja, a segunda observao da base (anual) a observao do pas codificado com o nmero 1 (Argentina) no segundo perodo(ano). A observao seguinte correspondente ao pas i no perodo t a observaocorrespondente ao pas i no perodo t + 1. A ltima observao do pas i seguidapela primeira observao do pas i + 1. No foram includas variveis dummies paraano a fim de no criar problemas de perda de graus de liberdade, o que prejudica apreciso do modelo.

    24. A incluso de um valor defasado (auto-regressivo) da varivel dependente implicaqueovalordessavarivelnoano t estejasendoexplicado,emparte,pelovalordessavarivel no ano anterior (t 1) (Beck e Katz, 1995).

    25. Na escolha dos modelos economtricos, optou-se pelo modelo mais recorrente nacincia poltica nas anlises similares s do presente artigo.

    26. Uma interessante observao de um dos pareceristas, segundo o qual parte dos pa-ses da Amrica Latina rompeu o monoplio da representao pelos partidos polti -cos e, especialmente, os governos que se dizem de esquerda conquistaram o poderpormeiodemovimentosno-partidrios,comoocorreucomHugoChvez,naVene-zuela,e,maisrecentemente,comEvoMorales,naBolvia,decertaformanoafetaoargumento central deste texto. O que o estudo mostra que, no perodo em anlise(anos 1980 e 1990), existem variaes importantes entre partidos polticos e polticas

    pblicas. No contexto atual latino-americano, observa-se um fenmeno social com-plexo que repercutiu na poltica e redefiniu a natureza do conflito poltico, reconfi-gurando todo o sistema partidrio. Na Bolvia, por exemplo, Evo Morales eleitopelo Movimiento al Socialismo MAS, que s no nome se trata de um movimento.

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    Na verdade, o MAS um partido com representao legislativa e que aos poucos foiconsolidando sua fora no sistema partidrio boliviano. Na Venezuela de Hugo Ch-vez, de fato o Movimiento Quinta Repblica MQR passa a ter hegemonia em mea-dos dos anos 1990, mas atualmente todo o bloco chavista se concentra em torno do

    Partido Socialista unificado, o que, mais uma vez, aponta para o interesse de, pormeio de partidos, institucionalizar o conflito nesse pas.

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    ANEXO

    ESTATSTICAS DESCRITIVAS DAS VARIVEISDEPENDENTES E INDEPENDENTES

    Tabela 1

    Gasto Social na Amrica Latina: 1980-1999

    Gasto Social % GPT

    Pases Mdia Desvio Padro Mnimo Mximo

    Argentina 26,07 2,54 21,37 28,85Bolvia 27,54 6,68 18,09 35,05Brasil 15,80 2,88 11,75 21,85Chile 25,18 2,39 21,26 28,02Colmbia 18,94 3,00 15,23 24,50Costa Rica 32,76 10,92 20,96 50,10El Salvador 18,43 4,54 12,71 26,81Equador 23,88 2,76 18,26 28,89Guatemala 23,51 2,29 18,40 26,57Honduras 28,79 2,06 25,91 31,36Peru 19,64 2,32 13,33 24,86Repblica Dominicana 21,77 2,85 16,92 25,76Uruguai 20,08 1,01 17,66 21,23Venezuela 21,40 2,38 14,25 24,97

    Elaborao da autora.

    Tabela 2

    Gasto Social na Amrica Latina: 1980-1999

    Gasto Social % PIB

    Pases Mdia Desvio Padro Mnimo Mximo

    Argentina 8,17 0,85 7,00 9,70Bolvia 7,23 2,07 4,00 9,40

    Brasil 3,63 0,75 2,60 4,80Chile 5,54 0,71 4,50 6,80Colmbia 5,59 1,58 4,20 8,80Costa Rica 9,93 1,39 8,40 13,60El Salvador 4,02 0,63 3,10 5,50Equador 5,98 1,12 4,10 7,50Guatemala 2,93 0,51 2,40 3,80Honduras 6,68 0,52 5,80 7,60Peru 3,26 0,67 2,00 4,40Repblica Dominicana 3,09 0,62 1,90 4,40

    Uruguai 5,81 0,41 5,10 6,30Venezuela 5,79 1,41 3,10 8,60

    Elaborao da autora.

    Partidos Polticos, Ideologia e Poltica Social na Amrica Latina: 1980-1999

    679

  • 8/6/2019 Partidos Polticos, Ideologia e Poltica Social na A.L. 1980-1999

    34/40

    Tabela 3

    Gasto em Educao na Amrica Latina: 1980-1999

    Gasto em Educao % GPT

    Pases Mdia Desvio Padro Mnimo MximoArgentina 12,40 1,36 10,05 14,57

    Bolvia 18,11 3,70 12,61 22,17

    Brasil 5,27 1,03 3,91 7,08

    Chile 14,04 1,64 11,92 16,43

    Colmbia 12,76 1,27 11,10 14,84

    Costa Rica 14,14 4,14 9,37 21,79

    El Salvador 11,38 3,17 7,88 17,17

    Equador 16,02 2,29 10,00 19,49

    Guatemala 15,06 1,77 10,79 17,42Honduras 18,05 1,17 16,25 20,00

    Peru 13,87 2,12 10,30 19,21

    Repblica Dominicana 13,75 2,60 9,85 17,14

    Uruguai 9,46 0,78 8,51 10,68

    Venezuela 15,70 1,88 10,73 18,50

    Elaborao da autora.

    Tabela 4

    Gasto em Educao na Amrica Latina: 1980-1999

    Gasto em Educao % PIB

    Pases Mdia Desvio Padro Mnimo Mximo

    Argentina 3,89 0,48 3,30 4,90

    Bolvia 4,04 1,57 1,40 6,20

    Brasil 1,22 0,29 0,80 1,70

    Chile 3,09 0,48 2,50 4,00

    Colmbia 3,68 0,59 3,10 5,00Costa Rica 4,46 0,57 3,70 6,20

    El Salvador 2,48 0,46 1,90 3,50

    Equador 4,19 0,95 2,60 5,60

    Guatemala 1,88 0,33 1,40 2,40

    Honduras 4,29 0,33 3,90 4,90

    Peru 2,29 0,56 1,30 3,40

    Repblica Dominicana 1,91 0,45 1,10 2,90

    Uruguai 2,77 0,34 2,30 3,40

    Venezuela 4,26 1,13 2,30 6,50

    Elaborao da autora.

    680

    Cristiane Batista

  • 8/6/2019 Partidos Polticos, Ideologia e Poltica Social na A.L. 1980-1999

    35/40

    Tabela 5

    Gasto em Sade na Amrica Latina: 1980-1999

    Gasto em Sade % GPT

    Pases Mdia Desvio Padro Mnimo MximoArgentina 13,67 1,32 11,32 15,41

    Bolvia 9,42 3,09 4,69 12,88

    Brasil 10,53 2,02 7,70 14,82

    Chile 11,14 0,87 9,34 11,81

    Colmbia 6,18 2,77 3,59 12,33

    Costa Rica 18,63 6,91 11,21 29,17

    El Salvador 7,05 1,67 4,61 9,65

    Equador 7,86 2,03 6,19 12,81

    Guatemala 8,45 0,66 7,61 10,13Honduras 10,74 1,41 8,64 13,04

    Peru 5,77 1,22 3,03 7,58

    Repblica Dominicana 8,02 0,86 6,27 9,48

    Uruguai 10,62 1,04 8,67 21,23

    Venezuela 5,70 0,93 3,51 7,76

    Elaborao da autora.

    Tabela 6

    Gasto em Sade na Amrica Latina: 1980-1999

    Gasto em Sade % PIB

    Pases Mdia Desvio Padro Mnimo Mximo

    Argentina 4,28 0,40 3,70 5,00

    Bolvia 2,48 0,90 1,10 3,40

    Brasil 2,42 0,50 1,70 3,20

    Chile 2,45 0,24 2,00 2,80

    Colmbia 1,91 1,08 1,10 4,10

    Costa Rica 5,48 0,91 4,50 7,40El Salvador 1,54 0,29 1,20 2,00

    Equador 1,79 0,21 1,40 2,20

    Guatemala 1,05 0,19 0,80 1,40

    Honduras 2,38 0,30 1,90 3,00

    Peru 0,97 0,22 0,60 1,30

    Repblica Dominicana 1,14 0,22 0,80 1,50

    Uruguai 3,05 0,29 2,60 3,50

    Venezuela 1,54 0,33 0,80 2,10

    Elaborao da autora.

    Partidos Polticos, Ideologia e Poltica Social na Amrica Latina: 1980-1999

    681

  • 8/6/2019 Partidos Polticos, Ideologia e Poltica Social na A.L. 1980-1999

    36/40

    Tabela 7

    PIB per capita na Amrica Latina: 1980-1999

    PIB per capita (constant 1995 US$)

    Pases Mdia Desvio Padro Mnimo MximoArgentina 7.125,28 803,55 5781,90 8.473,60

    Bolvia 870,23 60,61 794,11 972,24

    Brasil 4.284,73 187,94 3.984,30 4.564,60

    Chile 4.383,90 713,54 3.282,60 5.246,60

    Colmbia 2.105,71 215,12 1.834,60 2.438,60

    Costa Rica 3.115,78 385,26 2.634,40 3.994,20

    El Salvador 1.486,16 168,63 1.314,30 1.752,20

    Equador 1.513,01 53,11 1.386,60 1.584,40

    Guatemala 1.413,77 80,83 1.299,20 1.545,40Honduras 693,53 17,19 665,29 722,65

    Peru 2.268,34 250,76 1.866,60 2.682,90

    Repblica Dominicana 1.471,22 167,05 1.326,80 1.916,40

    Uruguai 5.358,95 690,40 4.157,50 6.460,90

    Venezuela 3.541,53 190,62 3.213,40 3.991,20

    Elaborao da autora.

    Tabela 8

    ndice de Inflao na Amrica Latina: 1980-1999

    Inflao (anual %)

    Pases Mdia Desvio Padro Mnimo Mximo

    Argentina 443,87 874,07 -2,00 3.057,60

    Bolvia 26,82 58,69 2,79 230,10

    Brasil 719,75 883,71 3,91 2.509,50

    Chile 9,88 7,17 1,71 21,24

    Colmbia 23,80 6,83 12,52 45,36Costa Rica 22,28 16,24 10,15 84,17

    El Salvador 12,42 7,78 0,53 33,29

    Equador 36,67 15,42 14,35 70,78

    Guatemala 15,80 12,53 5,20 41,46

    Honduras 12,86 8,97 2,83 28,89

    Peru 598,40 1647,82 3,85 6.837,00

    Repblica Dominicana 17,96 17,73 3,51 58,25

    Uruguai 54,94 31,29 4,82 106,84

    Venezuela 33,11 28,82 -1,20 115,52

    Elaborao da autora.

    682

    Cristiane Batista

  • 8/6/2019 Partidos Polticos, Ideologia e Poltica Social na A.L. 1980-1999

    37/40

    Tabela 9

    Desemprego na Amrica Latina: 1980-1999

    Desemprego (% da fora de trabalho total)

    Pases Mdia Desvio Padro Mnimo MximoArgentina 9,09 4,22 4,40 16,30Bolvia 6,30 2,55 3,10 11,60Brasil 5,09 1,80 2,40 7,80Chile 5,38 0,86 4,40 7,20Colmbia 10,52 2,16 7,60 15,00Costa Rica 5,85 1,63 3,80 9,40El Salvador 9,56 3,04 7,50 16,90Equador 8,03 1,91 5,70 11,50Guatemala

    Honduras 7,04 3,13 3,20 12,10Peru 7,95 1,70 4,80 10,90Repblica Dominicana 14,09 4,81 8,00 20,30Uruguai 9,79 1,51 8,00 13,10Venezuela 9,51 2,20 5,90 13,10

    Elaborao da autora.

    Tabela 10

    ndice de Abertura Comercial na Amrica Latina: 1980-1999

    PPPbas (Exportao + Importao / PPP)(constant 1995 US$)

    Pases Mdia Desvio Padro Mnimo Mximo

    Argentina 255381725119,48 596132775319,03 43585714285,71 2051710000000,00

    Bolvia 5357241585,66 667323458,20 4317322834,65 6743456790,12

    Brasil 774307938507,61 1552279321210,36 159407407407,41 4293450000000,00

    Chile 24056795271,92 3159603471,16 19953146313,98 28539724811,36

    Colmbia 167817620851,14 122456319751,62 42371551426,51 476415662650,60

    Costa Rica 17675660152,94 12943621763,59 9008556238,58 62693843594,01

    El Salvador 9833813165,11 2586226598,38 6898010204,08 16090714285,71

    Equador 1025928782,05 1261954312,00 25333425,47 4022882693,32

    Guatemala 611994002,41 150397298,98 483653846,15 868809523,81

    Honduras 2089326004,02 815682595,52 759652509,65 3172164948,45

    Peru 52177245292,50 64907749964,29 24485430463,58 234487500000,00

    RepblicaDominicana 37186170071,46 30503163486,29 9983762886,60 99875000000,00

    Uruguai 437561818,81 649481910,41 29477955,67 2051850000,00

    Venezuela 16423326820,28 13848717759,79 674294670,85 39368635437,88

    Elaborao da autora.

    Partidos Polticos, Ideologia e Poltica Social na Amrica Latina: 1980-1999

    683

  • 8/6/2019 Partidos Polticos, Ideologia e Poltica Social na A.L. 1980-1999

    38/40

    Tabela 11

    Gasto Pblico Total na Amrica Latina (% PIB): 1980-1999

    Gasto Pblico Total (% PIB)

    Pases Mdia Desvio Padro Mnimo MximoArgentina 13,73 2,53 9,42 17,68Bolvia 19,05 4,16 12,42 24,03Brasil 29,84 4,77 24,36 37,25Chile 21,33 1,18 19,85 24,00Colmbia 14,42 1,71 11,53 18,75Costa Rica 20,27 2,42 14,62 24,35El Salvador 15,69 0,86 15,08 16,29Equador 14,81 1,01 13,13 16,20Guatemala

    Honduras Peru 17,99 1,28 11,08 20,63Repblica Dominicana 14,71 1,89 11,08 17,34Uruguai 27,43 3,28 23,35 32,58Venezuela 20,26 2,05 16,86 25,23

    Elaborao da autora.

    Tabela 12

    Gasto Pblico Total na Amrica Latina (corrente): 1980-1999

    Gasto Pblico CorrentePases Mdia Desvio Padro Mnimo Mximo

    Argentina 20162492660,00 19583226243,55 88500,00 45930000000,00

    Bolvia 5298721428,57 3554001484,61 1010000000,00 11167000000,00

    Brasil 30622411123,22 70134889889,29 127,75 213480000000,00

    Chile 4953170000000,00 2153123873739,43 1884500000000,00 8237000000000,00

    Colmbia 6602800000000,00 8598306745241,37 211200000000,00 28536000000000,00

    Costa Rica 257768000000,00 288778415463,99 10370000000,00 966890000000,00

    El Salvador 16795500000,00 1383807970,78 15817000000,00 17774000000,00Equador 1207401466666,67 1760534243239,41 41698000000,00 5717000000000,00

    Guatemala

    Honduras

    Peru 9673381108,47 12376941791,63 1943,00 34168000000,00

    RepblicaDominicana 12175768421,05 12802516326,40 1077200000,00 39419000000,00

    Uruguai 24149360000,00 28099583891,06 118410000,00 76079000000,00

    Venezuela 2253529150000,00 3819719295375,49 55819000000,00 12096000000000,00

    Elaborao da autora.

    684

    Cristiane Batista

  • 8/6/2019 Partidos Polticos, Ideologia e Poltica Social na A.L. 1980-1999

    39/40

    Tabela 13

    Dependncia Demogrfica na Amrica Latina: 1980-1999

    % Dependentes sobre Populao Economicamente Ativa

    Pases Mdia Desvio Padro Mnimo MximoArgentina 0,64 0,02 0,60 0,65Bolvia 0,81 0,02 0,78 0,84Brasil 0,61 0,05 0,53 0,69Chile 0,56 0,01 0,55 0,57Colmbia 0,69 0,06 0,60 0,80Costa Rica 0,68 0,04 0,61 0,74El Salvador 0,80 0,08 0,68 0,91Equador 0,76 0,08 0,63 0,88Guatemala 0,94 0,03 0,87 0,97

    Honduras 0,92 0,05 0,83 0,98Peru 0,73 0,06 0,64 0,83Repblica Dominicana 0,70 0,07 0,61 0,83Uruguai 0,60 0,00 0,60 0,60Venezuela 0,71 0,04 0,63 0,78

    Elaborao da autora.

    Tabela 14

    Populao Urbana na Amrica Latina: 1980-1999

    Populao Urbana (Total)Pases Mdia Desvio Padro Mnimo Mximo

    Argentina 28946062,5 2407449,175 25201000 32776000

    Bolvia 4037864,286 626588,7556 3099600 5037400

    Brasil 116027933,3 12817888,62 95603000 135580000

    Chile 11879400 647840,0351 10911000 12831000

    Colmbia 24129500 3831137,23 18178000 30523000

    Costa Rica 1349950 225693,6757 984400 1708400

    El Salvador 2345129,412 277530,991 1986800 2848000Equador 5683710 1320367,759 3741700 7980900

    Guatemala 3623535,714 440372,9549 3004400 4377700

    Honduras 2188088,889 603428,5385 1371800 3263700

    Peru 14873157,89 2080385,842 11556000 18272000

    Repblica Dominicana 4097700 792307,2298 2877000 5409100

    Uruguai 2812473,333 126776,5608 2623800 3016200

    Venezuela 16151750 2692531,383 11982000 20535000

    Elaborao da autora.

    Partidos Polticos, Ideologia e Poltica Social na Amrica Latina: 1980-1999

    685

  • 8/6/2019 Partidos Polticos, Ideologia e Poltica Social na A.L. 1980-1999

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    ABSTRACTPolitical Parties, Ideology, and Social Policy in Latin America: 1980-1999

    The objective of this article was to investigate whether the ideology ofgoverning parties in Latin America affects social policies, in a context ofglobalizationunderwhich,accordingtotheliterature,nationalstateshavelosttheirdecision-makingautonomy.Thearticlesmainhypothesisisthatallelseremaining equal governments with a leftist majority invest more in socialpolicies than other governments, especially those with a rightist majority. Themethodology used to test the hypothesis was econometric analysis of paneldata, also known as pooled time series/cross-section analysis. Estimation ofthe models parameters used the panel corrected standard error methodsuggested by Beck and Katz for the analysis of panels with similar dimensions

    to those of the current study. The principal findings of the econometricanalyses corroborated the articles main hypothesis, according to whichgovernments with a leftist majority invest more in the social area.

    Key words: social policies; Latin America; pooled time series

    RSUMPartis Politiques, Idologie et Politique Sociale en Amrique Latine:1980-1999

    Dans cet article, on cherche savoir si, en Amrique latine, lidologie despartis au gouvernement touche les politiques sociales, dans un contexte demondialisation o, selon la littrature, les tats nationaux ont perdu leurautonomie de dcision. Lhypothse principale est que, dans des conditionsidentiques, les gouvernements de gauche majoritaires soccupent davantagede politique socialequeles autres gouvernements, surtout ceux de droite. On autilis comme mthodologie lanalyse conomtrique de panel, appele aussisriesagrges(pooledtimeseriescrosssectionanalysis).Pourvaluerlesparamtres du modle, on a considr la mthode OLS avec erreur-typecorrige, tel que le suggrent Beck et Katz pour des analyses de panel auxdimensions semblables celles de cette tude. Les principaux rsultats desanalyses conomtriques confirment que les gouvernements majoritaires de

    gauche investissent plus dans le domaine social.

    Cristiane Batista