Programa de Saneamento Básico e Cidadania

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Programa de Saneamento Básico e Cidadania Considerações Gerais Dia Inter Americano da Água Plano de Ação para o 10 Aniversario e Institucionalização da iniciativa Trabalho elaborado pela jornalista Cecy Oliveira Hirano Para a Organização Pan Americana da Saúde Divisão de Saúde e Ambiente Washington – abril/2001 AIDIS CWWA OEA OPAS/OMS

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Programa de Saneamento Básico e Cidadania

Considerações Gerais

Dia Inter Americano da Água

Plano de Ação para o 10°° Aniversario eInstitucionalização da iniciativa

Trabalho elaborado pela jornalista Cecy Oliveira HiranoPara a Organização Pan Americana da Saúde

Divisão de Saúde e AmbienteWashington – abril/2001

AIDIS CWWA OEA OPAS/OMS

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Programa de Saneamento Básico e Cidadania

Considerações Gerais

Sumário

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Considerações gerais

1. Os paradigmas para um novo Século – Pan-americanismo e eqüidade .. 1

2. Desenvolvimento Sustentável e desigualdades............................................. 3

3. O despertar da cidadania ....................................................................................... 6

4. Articulação e complementaridade....................................................................... 6

5. Ponto comum: mobilização das comunidades ............................................... 7

Plano de Ação para os Dez Anos do Dia Interamericano da Água

e Institucionalização da Iniciativa

1. Introdução e antecedentes .................................................................................... 9

2. A Importância da água em termos sociais, econômicos e de saúdepública.......................................................................................................................11

2.1 Principais dados da água no continente americano...........................112.2 Custo da água – uso nas atividades econômicas, reuso, turismo..162.3 Água na transmissão/prevenção de doenças.......................................182.4 Papel das comunidades – mobilização .................................................20

3 As potencialidades da iniciativa e sua relação com outras celebraçõesmundiais

3.1 Água – commodity do século .................................................................213.1 Dez anos de celebração - pontos fortes e debilidades ...................213.2 Ampliação dos enfoques ..........................................................................223.3 Dia, semana, mês da água – um ano de atividades .........................223.4 Enfoque água nas demais celebrações mundiais .............................23

4 Principais interessados na celebração..........................................................23

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5 Plano de trabalho para os próximos 2 anos .................................................24

5.1 Organização .................................................................................................245.2 Vinculação com os 100 anos da OPS....................................................24

6. Calendário de eventos propostos......................................................................25

7. Programa de trabalho para a realização do Plano .......................................26

7.1 Providências de articulação, coordenação e delegação .................267.2 Providências de produção .......................................................................277.3 Estratégias de comunicação ...................................................................29

8. Orçamento inicial para as ações.......................................................................29

9. Anexos.......................................................................................................................32

Anexo 1 – Visões da Água no Continente Americano..................................33 Anexo 2 - Atividades relacionadas com os dias internacionais...............36 Anexo 3 - Atividades relacionadas com os 100 anos da OPAS ...............41 Anexo 4 - Atividades relacionadas com os 10 anos da iniciativa ...........44 Anexo 5 - Atividades relacionadas com o Congresso da Aidis ................46 Anexo 6 – Notas ilustrativas.................................................................................48

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1. Os paradigmas para um novo Século – Pan-americanismo eeqüidade

O século XXI está começando sob o signo de um alerta mundial a respeito dasituação dos recursos naturais - a água em particular – e da influência decisivada interação homem-natureza sobre a vida e saúde humana e do próprioplaneta. E de um movimento de povos e países para a conscientização sobre anecessidade de um manejo adequado dessas reservas que são um patrimôniocomum da humanidade e como tal devem ser gerenciadas.

A Declaração do Milênio, adotada pelo comando das Nações Unidas, em NovaIorque, mostra um fortalecimento do compromisso com o meio ambiente ereconhece a correlação entre o respeito à natureza e a paz mundial, conformemanifestação feita pelo diretor executivo do Programa das Nações Unidas parao Meio Ambiente, (Pnuma), Klaus Toepfer.

"Somente através do respeito à natureza e de esforços compartilhados para omanejo adequado dos recursos naturais e preservação das espécies nóspoderemos garantir as riquezas naturais da Terra para as futuras gerações"declarou Toepfer. Ele destacou a importância da informação, dos alertas, domonitoramento e da avaliação para atuar preventivamente. Conforme a visão doPnuma o desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza continuamsendo os principais desafios da humanidade.

É também neste início de século que se completam os 100 anos de atuação daOrganização Pan-americana da Saúde (OPAS) nas Américas. As marcas maissignificativas dessa trajetória centenária foram aquelas em que as premissas seassentaram sobre a base da cooperação entre os povos americanos buscandoidentificar os traços culturais e geográficos comuns e fortalecendo o pan-americanismo sem que isto significasse sectarismo ou segregação. Antes temsido uma solidariedade de onde emerge a busca da eqüidade – a igualdade deoportunidades de acesso aos equipamentos e bens. Mas principalmente oacesso ao principal alicerce para a construção da cidadania: o direito àinformação.

Sobre esse direito fundamental vale a pena mencionar o Programa deInformação para Todos, em andamento, e que busca incrementar o acesso dapopulação do continente à informação. Entre os objetivos da proposta doPrograma Informação para Todos (http://www.unesco.org/webworld/future)estão: encorajar o acesso público aos centros de informação e promover aformação de redes de informação em âmbito regional, nacional e internacional.Um dos seus pressupostos é de que:

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"A informação e o conhecimento são bens públicosglobais e essenciais para o avanço da educação, daciência e da cultura e ferramentas essenciais parapromover a diminuição da distãncia entre o nível deinformação dos pobres e dos ricos".

Portanto os conceitos-chaves sob os quais se inicia o novo século são odesenvolvimento sustentável, a erradicação da pobreza, o direito aoacesso à informação e a busca da equidade

Ao se refletir sobre o conceito de desenvolvimento humano, como sendo odireito a uma vida saudável e longa e ao acesso às informações e aos recursosque possibilitem melhorar suas condições de vida percebe-se que as açõesnecessárias para auxiliar os povos na busca desse desenvolvimento sãoaquelas baseadas na co-gestão e cooperação intra e internacionais.

Com base no acervo de ações desenvolvidas pela OPAS sob os alicerces doacesso à informação e participação comunitária o desafio para o novo milênio éfortalecer esses pilares e fazê-los ainda mais presentes na tarefa de construirum continente mais saudável. Isto inclui todos os conceitos-chaves acimarelacionados, ou seja, direito de acesso à informação e aos bens e serviçospara todos e ao desenvolvimento sustentável que promova a erradicação dapobreza e preserve os recursos naturais para uso das presentes e futurasgerações.

Tendo como fio condutor o reconhecimento de que existe um vínculoindissolúvel entre a ação humana sobre a natureza e desta sobre os seres vivose o próprio homem ganham importância as atividades relacionadas à saúdeambiental, em particular aquelas abarcadas sob a denominação de saneamentobásico: o abastecimento de água, a coleta e tratamento dos esgotos, adisposição adequada dos resíduos sólidos, a drenagem urbana, o controle dosvetores, complementadas pelas que se direcionam à minimização dasvulnerabilidades aos desastres naturais e situações geradas pelos extremosclimáticos (falta ou excesso de chuvas, etc.).

Embora a atuação da OPAS seja centrada no continente americano não se podedeixar de ter em conta as metas estabelecidas pelo Conselho Mundial da Águade que até 2025 toda a população obtenha acesso à água limpa; de que água esolo tenham manejo integrado com a participação da comunidade; de que acooperação internacional deve ser a base principalmente em baciashidrográficas compartilhadas; da valorização adequada, em termos dereconhecimento dos custos dos serviços de coleta, tratamento e distribuiçãode água e do reconhecimento de que o mundo enfrenta uma situação de crise.

Estando como pano de fundo a percepção dessa interação e desses vínculoscoloca-se diante do continente o desafio de buscar a harmonia e integração

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entre as políticas e programas, especialmente aqueles voltados para melhorar aqualidade de vida de suas populações.

2. Desenvolvimento Sustentável e Desigualdades

Em uma palestra, feita durante o Seminário de Informação sobre Água, queaconteceu em Miami (Estados Unidos), de 3 a 5 de novembro de 2000, o vice-presidente do Conselho Mundial da Água, William J. Cosgrave lembrando osdados que revelam um aumento de seis vezes na demanda pela água enquantoo crescimento da população foi de três vezes, durante o século XX, perguntou:"Isto é sustentável?"

Há pouco tempo, como contribuição ao evento de grande significado na históriada conscientização do Homem sobre a importância do meio ambiente, o relatórioBrundtland ofereceu à Conferência Eco 92 e ao mundo uma reflexãocondensada em duas palavras: desenvolvimento sustentável.

A partir deste marco o conceito de desenvolvimento sustentável vem setornando cada vez mais presente na acepção que sugere um futuro comum paraa espécie humana, em que a sustentabilidade seja a capacidade das atuaisgerações de atender as suas necessidades sem comprometer o atendimentodas necessidades das gerações futuras.

Mas o significado de sustentabilidade tem a ver também com a distribuiçãoeqüitativa dos benefícios resultantes do desenvolvimento. Não poderá sersustentável o desenvolvimento que deixa uma parcela das comunidades alijadasdo acesso a equipamentos e serviços ou que privilegia uma região ou segmentoem detrimento de outros.

Não será sustentável também o progresso que não seja construído com aparticipação cidadã e tendo como pressupostos a cooperação entre os povos ea gestão compartilhada dos recursos e ecossistemas, cujas fronteiras nãoconhecem nem respeitam limites políticos ou geográficos impostos peloshomens.

Vale lembrar que “em seu sentido mais amplo, a estratégia do desenvolvimentosustentável visa a promover a harmonia entre os seres humanos e entre ahumanidade e a natureza” (“Nosso Futuro Comum”, Comissão Mundial sobreMeio Ambiente e Desenvolvimento. Rio de Janeiro : Editora da FundaçãoGetúlio Vargas, 1988, p.70).

Desigualdades

Em um pronunciamento feito durante o Congresso da AssociaçãoInteramericana de Engenharia Sanitária e Ambiental (Aidis), realizado em Porto

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Alegre ( Brasil), em dezembro de 2000, o diretor da OPAS, George Alleyene,lembrou as desigualdades entre os países pobres e os ricos e entre regiões deum mesmo país em que à pobreza se somam as más condições sanitárias e ofato de que, muitas vezes, essas populações carentes são, paradoxalmente, asque pagam mais caro pelos bens e serviços essenciais e as últimas a teremacesso a eles.

Segundo os dados do Informe 2000 da OPAS a cobertura de água é de 83% dapopulação no continente americano enquanto na América Latina e Caribe, cujapopulação é de 497 milhões de habitantes, a cobertura é de 85%, sendo 93%correspondente à área urbana e 61% à área rural. Os serviços de esgotamentosanitário cobrem 79% dessa população mas com a ressalva de que 31% sãoatendidos com sistemas de fossa. Os 21% sem acesso representam 103milhões de pessoas, sendo 31 milhões nas áreas urbanas e 50%, ou metade dapopulação rural latino-americana e caribenha.

O levantamento feito no Informe sobre Desigualdades en el Acceso y Uso de losServicios de Agua Potable (OPAS/2001) de América Latina y Caribe, quedetalhou as condições de saneamento em 11 países da América Latina eCaribe, mostrou que a par dos problemas de segmentos da população semacesso à água e serviços de saneamento, há deficiências relacionadas aoabastecimento intermitente, a estações de tratamento ineficientes e redes commanutenção precária, o que facilita a contaminação.

Além disso em alguns países o controle e a vigilância deixam a desejar. Todosos 11 países pesquisados (Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, ElSalvador, Jamaica, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru) apresentam umamarcada desigualdade entre as zonas urbanas e rurais em relação ao serviçoscom conexão domiciliar. Essa mesma proporção se observa entre os extratosmais ricos e os mais pobres. Outra constatação é que quando se comparampopulações urbanas e rurais com o mesmo nível de renda ou gasto per capita,sempre as primeiras têm melhor acesso à água.

Outro fator que acentua essa desigualdade é que ao se estudar a proporção querepresenta o gasto com água em relação ao orçamento familiar se observa queem todos os países são as famílias mais pobres as que destinam maiorpercentual de seu orçamento ao consumo da água. Se for levado em conta quecom maior freqüência a água que recebem é de menor qualidade e que àsvezes é preciso despender maior tempo e esforço na sua obtenção, conclui-seque este gasto é ainda maior entre os pobres.

As informações permitem constatar, também, que em todos os paísespesquisados os casos de diarréia são mais freqüentes em famílias que nãocontam com serviços de água e que, por sua vez, pertencem em maiorproporção aos segmentos mais pobres dos respectivos países.

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No que diz respeito às demais interfaces do saneamento básico, como serviçosde esgotamento sanitário e disposição de resíduos, a situação é ainda maisprecária, bastando mencionar que a cobertura de serviços de esgotos sanitáriosna América Latina e Caribe chega a 79% da população mas somente 49% dapopulação (241 milhões de pessoas) estão conectadas a redes convencionaisde esgoto sanitário e que apenas 13,7% do esgoto coletado recebe tratamento.

Em relação aos resíduos sólidos, as informações do Diagnóstico Municipal sobreManejo de Resíduos Sólidos na América Latina, realizado pela OPAS/BID em1997, indicam um per capita crescente de geração de resíduos. Bastamencionar que em 40 anos a média evoluiu de 200 gramas/habitante/dia paraquase 1.000 gramas/habitante dia. Os dados eram de geração de 330 miltoneladas/dia para uma população urbana de 360 milhões de habitantes.Igualmente nesse segmento os problemas se acentuam nos pequenos centros,onde a coleta e a destinação são precárias, grande parte indo parar nos rios.Enquanto isto, nas grandes cidades escasseiam as áreas disponíveis para adisposição adequada e as municipalidades não dispõem de recursos financeirospara investir sozinhas nessa área. A essas dificuldades se somam a falta deprogramas voltados para os resíduos perigosos, como o lixo hospitalar,industrial e agrícola que, não raro, são dispostos em conjunto com os resíduosdomésticos.

Esse conjunto de carências sanitárias contribui para exacerbar os efeitos defenômenos climáticos comuns no continente, como tempestades tropicais einundações, especialmente sobre as populações mais pobres que habitamzonas periféricas criando uma vulnerabilidade sanitária que dificulta orompimento do círculo da pobreza e subdesenvolvimento. Por outro lado, comomenciona o estudo sobre desigualdade de acesso, a falta de sistemas eficientesde esgotamento sanitário e drenagem “significa ignorar o princípio das barreirasmúltiplas – onde são igualmente importantes o abastecimento, o esgotamentosanitário e a proteção dos corpos d’água. Este conceito foi o que permitiu aospaíses avançados um maior êxito no controle das doenças de origem hídrica

Com um déficit não somente quantitativo – mas também qualitativo – a vencerfica mais evidente a necessidade de que as ações a serem empreendidas pelasagências de fomento e cooperação, entre as quais está a OPAS, busquem oabrigo de uma articulação integradora e interajam entre si buscando aotimização de custos e pessoal e a maximização de resultados.

Essa ação comum é indispensável para que se trabalhe na transmissão de umconceito abrangente de saúde junto às comunidades na qual a participação eatitude pró-ativa das populações sejam o elo principal da auto-sustentabilidadedas iniciativas. A percepção de que têm um papel importante a desempenharnessa busca de melhores condições de vida e saúde – na qual as redes técnicasrepresentam um dos instrumentos - torna as comunidades mais atuantes,

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responsáveis e comprometidas com a recuperação, manutenção e preservaçãodessas redes e por extensão guardiãs dos resultados daí advindos.

3. O despertar da cidadania

Como resultado de um trabalho que se assentou nos últimos 30 anos do séculoXX de ampliação de informações e sua disseminação e do trabalho persistentede agências como a própria Organização Pan-americana da Saúde, na busca demobilização das comunidades e sua “apropriação” dos bens, serviços eatividades relacionadas à manutenção da saúde e busca de uma melhorqualidade de vida, emerge neste novo século no continente americano umaforma de atuação centrada na participação cidadã.

Os ventos reformistas que sopraram no continente e a própria democratização -empreendida em praticamente todos os países - trouxeram à discussão e àprática uma redefinição de papéis dos setores e esferas de governo, dasentidades governamentais e não-governamentais, onde ganhou ênfase oestímulo à participação das organizações sociais.

Ao mesmo tempo a região passou a valorizar o fato de que é depositária de umadas maiores diversidades biológicas do planeta, de 46% das florestas tropicais e31% dos recursos hídricos superficiais do mundo. Reconhecer, estudar,valorizar, defender e gerir sustentavelmente este patrimônio começa a seafigurar como a única opção viável do continente para alcançar o progresso e odesenvolvimento

Nessa conjuntura favorável à adoção de medidas que reforcem a cooperaçãointersetorial, com vistas a melhorar o desempenho e a eficácia das políticaspúblicas, a evitar o desperdício decorrente da duplicação de esforços e aotimizar o uso de recursos escassos multiplicaram-se os programas e projetosem que o componente participação comunitária ganhou ênfase. São osorçamentos participativos, os projetos de municípios, casas e escolas saudáveis,os ecoclubes, e a própria celebração do Dia Interamericano da Água, como umaproposta em que a comunidade deve desempenhar o papel multiplicadorprincipal.

4. Articulação e complementaridade

Pela estreita correlação que guardam entre si e com a manutenção da saúde eda qualidade de vida as diversas interfaces do saneamento básico devem sedesenvolver harmonizadamente. A captação e o tratamento da água para oabastecimento não são um ato isolado em si mesmo. É necessário que osmananciais estejam em boas condições, que seu entorno esteja preservado. Aodesempenhar sua função de atender às necessidades básicas do ser humano a

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água cumpre um ciclo que a transforma em esgoto doméstico, que necessita serafastado e tratado e devolvido novamente à natureza em condições de nãointerferir na qualidade ambiental. Igual cuidado precisa ser dedicado ao corretoequacionamento da disposição dos resíduos sólidos e das águas pluviais sobpena de ao se dirigirem ou retornarem aos mananciais comprometerem suautilização.O que a experiência tem demonstrado é que a gestão integrada dos recursosnaturais baseada na resposta e participação das comunidades é a melhorestratégia de administração não apenas das águas, mas também do conjuntodos recursos naturais, e dos seus efeitos sobre a qualidade de vida. Tendo emvista que o componente água está presente e é fator preponderante emqualquer ramo da área ambiental é desejável que exista articulação ecomplementariedade entre todas as iniciativas sejam elas voltadas para aspráticas saudáveis (municípios, escola, local de trabalho, casa), lixo e cidadania,Dia Interamericano da Água, ecoclubes, atenção primária ambiental, etc.

5. Ponto comum: mobilização das comunidades

Em vários programas em andamento na Organização Pan-americana da Saúdetem aparecido com destaque o envolvimento necessário das comunidades comouma estratégia para promover a sua própria sustentabilidade. Cada uma dessasatividades estabeleceu suas próprias redes de ação, seu calendário de eventos,seus sistemas de distribuição da informação, suas formas de feedback e nempoderia ser diferente.

É preciso no entanto que se busque potencializar esses instrumentos de modoa que ao mesmo tempo se fortaleçam e ampliem e complementem suas ações.

Será saudável uma escola, município ou casa em que o cuidado e a valorizaçãoda água não estejam presente?

Terá sucesso uma iniciativa de ecoclube em que não haja o uso racional daágua e os cuidados com sua preservação?

Um programa para um Dia Interamericano de Resíduos Sólidos terá sucesso senão se preocupar em esclarecer que os corpos d’água não são lata de lixo? Quenão fale da vulnerabilidade aos desastres, do controle de vetores?

Será eficiente uma celebração sobre a água que não recomende a atenção coma casa, a escola, a cidade ou o lixo?

Poderá uma proposta de município saudável se desenvolver plenamente se oshabitantes da cidade não compreenderem a necessidade de uma interaçãoharmoniosa entre homem-natureza?

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É importante lembrar que a Carta Pan-Americana sobre Saúde e Ambiente noDesenvolvimento Humano Sustentável recomenda a integração depreocupações e de recursos setoriais e o desenvolvimento de modelos de ação,sistemas de informação e recursos humanos capazes de abordar os problemasdo desenvolvimento de forma sistêmica, interdisciplinar e intersetorial, em todosos níveis da organização social. Destaca, também, a necessidade de seremimplementados mecanismos para promover a participação, uma cidadaniainformada e responsável, e o controle social em nível local.

Pelo visto as palavras a serem mais ouvidas, ditas e escritas nesse novo séculodeverão ser integrar, compartilhar, cooperar, participar. E a meta principal aser buscada em todos os projetos, ações e atividades: a igualdade deoportunidades de acesso a bens e serviços disponíveis para a comunidade.

Diante do exposto se encaminha à reflexão a proposta de um Programa deSaneamento Básico e Cidadania ao abrigo do qual se integrarão todas asatividades que tenham entre si o traço comum de impulso à atuação cidadã ecujas temáticas estejam em áreas correlacionadas, como resíduos sólidos,saneamento e águas residuais, água potável e recursos hídricos, a habitação eseu entorno.

O objetivo imediato é o fortalecimento e valorização das ações e ainstrumentalização para uma advocacia setorial que auxilie a meta de superaras iniqüidade, promover o pan-americanismo, melhorando a saúde e a qualidadede vida tanto nas cidades como nas áreas rurais.

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Plano de Ação para os Dez Anos do Dia Interamericano da Água

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Plano para os Dez Anos do Dia Interamericano da Água

e a Institucionalização da Iniciativa

1 Introdução e antecedentes

O ano de 2002 assinala o 100° ano de atividades da OPAS e o 10° aniversáriode instituição da celebração do Dia Interamericano da Água no continenteamericano. Dois eventos significativos marcando uma trajetória de trabalhovoltada para a promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida dos povosdas Américas.

O manejo da água tem ocupado um papel preponderante - por ser ela própria aessência da vida. - na busca da saúde e melhores condições dedesenvolvimento, em igualdade de condições de acesso aos serviços eequipamentos desencadeadores dessa construção de um continente saudável.

À marcante atuação da OPAS na área do Saneamento Ambiental das Américasneste 100 anos somou-se o esforço de levar a informação à comunidade e asua mobilização para um movimento de defesa e preservação dos recursoshídricos e a sua importância para a saúde, consubstanciado na celebração doDia Interamericano da Água, criado oficialmente em 1992, durante o CongressoInteramericano de Engenharia Sanitária e Ambiental, em Havana (Cuba).

O pressuposto sob o qual se assenta a proposta do Dia Interamericano daÁgua é de que na área do Saneamento Ambiental a comunidadedesempenha um papel fundamental para o êxito de qualquer programa. Eladeve se apropriar dos equipamentos e serviços compreendendo suasfunções e a cadeia de interações entre homem e natureza.

Na história do Saneamento no mundo são inúmeros os exemplos de que oaliado mais forte para o sucesso de qualquer programa é uma comunidadeinformada, consciente e participativa. Alijá-la de qualquer projeto é o caminhomais curto para a sua insustentabilidade.

Tendo em vista a necessidade mobilizar as comunidades em torno de uma“celebração da água” as atividades desenvolvidas em torno do DiaInteramericano da Água tiveram como característica peculiar a ênfase adisseminação da informação como uma ferramenta essencial para buscar aadesão espontânea e vigorosa das comunidades. E ao mesmo tempo,enfatizando a estreita relação entre a água e a boa saúde, a necessidade de seu

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uso adequado e o papel da atuação comunitária baseada na premissa maior dapreservação ambiental: pensar globalmente, agir localmente.

Cada um dos temas sob os quais se centraram as celebrações ressalta umaspecto marcante e ao mesmo tempo complementa os enfoquesanteriores. Foram eles:1993 – Água é vida e saúde – ênfase nos riscos da contaminação das águasrecreacionais costeiras;1994 - Água e Meio Ambiente – ênfase: águas subterrâneas, saúde eingestão de água contaminada, prevenção da contaminação das fontes daágua potável.1995 – Água – um patrimônio a preservar - ênfase: administraçãocompartilhada dos recursos hídricos.1996 – Água – valiosa como a via. Cuide-a! – ênfase: participação dacomunidade.1997 - Qualidade da água potável e saúde – ênfase: qualidade da água edoenças de origem e veiculação hídrica.1998 – Participemos todos para termos água limpa – ênfase: qualidade daágua e participação de todos para ser ter água segura1999 – O direito à água para todas as crianças - ênfase: direito das crianças àágua limpa como um direito humano à saúde.2000 – Água – cada gota conta. Usemos com sabedoria – ênfase: importânciae valorização da água.

Rede MundialA Agência Alemã de Cooperação Internacional (GTZ) está estruturando emassociação com Os Parceiros Mundiais da Água (Water Global Partnership) umsite global (www.globwinet.org) com o objetivo de facilitar o acesso à informação.A missão é promover os 4 princípios da Conferência de Dublin na integração dosrecursos hídricos:q Água é um recurso finito e vulnerável e essencial à vida;q O manejo da água deve ser baseado na participação dos usuários,

planejadores e elaboradores das políticas;q As mulheres têm um papel fundamental a desempenhar no manejo e

proteção da água;q A água tem valor em todos os usos competitivos e deve ser reconhecida

como um bem econômico.

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2. A Importância da água em termos sociais, econômicos e desaúde pública

Nos últimos anos não têm faltado previsões sombrias sobre o futuro dahumanidade no que diz respeito a água, já apelidada de ouro azul do séculoXXI. A mais ameaçadora é a de que ela estará no centro das disputas podendoaté desencadear conflitos. Mas essa não é, certamente, a tese defendida peloganhador do Prêmio Estocolmo da Água 2000, Kader Asmal. Para ele a “águatem que ser o instrumento da paz e não da guerra”. E ela deverá ser a molapropulsora para ensinar os povos do mundo a compartilharem os recursosescassos e a atuarem em conjunto pela preservação e recuperação demananciais ameaçados ou comprometidos pela degradação.

Somente o fato de que a sua presença é condição indispensável para a vida fazdela uma verdadeira commoditie que começa a ganhar importância econômica àmedida que se torna escassa e cara. Sendo a própria essência da vida – o fetoestá envolvido em uma bolsa d’água e seu próprio corpo é 70% água – sua faltaou má qualidade estão na base de 70 a 80% das internações hospitalares. Étambém um dos principais insumos para a maior parte das atividadeseconômicas e recreacionais, incluindo a agricultura, o turismo, os esportes, etc.,além de um percentual significativo das vias de transporte.

2.1 Principais dados da água no continente americano

Embora o continente americano possua grandes reservas de água (cerca de31% da água doce disponível no mundo) esses recursos não estão distribuídosde forma a contemplar as regiões como maior demanda e concentraçãopopulacional. Tomando apenas o caso do Brasil a constatação é de que quase90% das reservas hídricas nacionais estão concentradas nas regiões Norte eCentro-Oeste, cuja demanda hídrica é de menos de 10% e onde vive somente14,5% da população brasileira.

Aproximadamente 60% da população da América Latina e Caribe concentram-seem 20% do território, que por sua vez concentra apenas 5% dos recursoshídricos da região.

Outro país em que esse contraste é ainda mais evidente é o México, que tem75% de sua população vivendo no planalto central, enquanto as zonas costeirasdetêm 80% dos mananciais superficiais.

Os países com menor disponibilidade hídrica per capita são: Haiti (1.383m3/ano/hab.), Peru (1.613 m3/ano/hab.), Cuba (3.104 m3/ano/hab.) e ElSalvador (3.141 m3/ano/hab.). O México, Haiti, República Dominicana, Jamaica

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e Trinidad e Tobago, além do Peru, Cuba e El Salvador correm risco de stresshídrico.

Gráfico do PHI que está na Águaonline

Água subterrânea no MéxicoA cidade do México, com população de aproximadamente 15 milhões dehabitantes depende de fontes subterrâneas para suprir 80% da água queconsome. O excessivo bombeamento do aqüífero ocasionou o afundamento deterras – cujo exemplo mais marcante é o do terreno sob o qual está erguida aCatedral do México - diminuição dos níveis de água e deterioração de suaqualidade.

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Não bastasse essa distribuição desigual dos mananciais, justamente as áreasde maior demanda por água – seja porque concentram grandes contingentespopulacionais ou intensa atividade econômica - têm grande parte de seusrecursos hídricos comprometidos pela poluição de origem doméstica e/ouindustrial e agrícola. Cidades como São Paulo, uma das principais metrópolesdo continente, enfrentam rodízio de abastecimento por causa da escassez dechuvas e falta de alimentação de seus pontos de captação.

Nos Estados Unidos da América um grande programa ambiental - estimado emUS$ 7,8 bilhões - procura restaurar e recuperar algumas das funções originaisdos Everglades da Flórida e garantir as reservas de água doce e a manutençãodas atividades turísticas que atraem 1 milhão de pessoas anualmente. Nestemesmo país os episódios de racionamento de água não são incomuns, além dasua degradação.

Até mesmo a água subterrânea não está imune a esse contágio, sendosignificativo o exemplo da cidade de San Diego, na Califórnia, cujas fontessubterrâneas foram contaminadas por vazamentos de postos de gasolina Acrescente utilização da água subterrânea para abastecimento – 50% dascidades da América Latina e Caribe, 34% da demanda do México e ¼ dapopulação norte-americana utilizam essas fontes, grande parte delas em áreasrurais – está tornando esses mananciais suscetíveis de contaminação. O perigomaior vem da disposição de efluentes e resíduos sólidos e agrícolas nãotratados no solo, do bombeamento excessivo e posterior abandono de poços,além das contaminações por vazamento de combustível e por cemitérios.

Texas inicia campanha de uso racional da águaUma campanha de uso racional da água, que está mobilizando autoridades, líderescomunitários e de moradores, foi lançada no início deste mês em todo o Estado doTexas, nos Estados Unidos. Diante da constatação de que uma grande parte dosreservatórios estão com níveis muito baixos os dirigentes da Comissão deDesenvolvimento da Água do Estado já elaboraram uma lista de alerta em que 118sistemas de abastecimento foram relacionados como na iminência de escassez. Noano passado apenas um sistema esteve nestas condições.Revista Águaonline – edição 12 – 21 a 27/06/2000.

Nos Estados Unidos até 1995 foram registrados mais de 250 mil casos decontaminação devido a derramamentos de tanques subterrâneos de gasolina emais de 97.000 necessitaram de técnicas de remediação.

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Os especialistas já vêm advertindo há muito tempo que a perfuração excessivade poços, especialmente em regiões litorâneas, pode provocar a salinização dosmananciais subterrâneos. O fenômeno, denominado intrusão salina, podeinviabilizar o uso da água doce mesmo a vários quilômetros do local ondeocorreu. No relatório apresentado pelos pesquisadores do WorldWatchInstitute são citados os casos de Manila, Flórida, Chipre, e Jacarta, onde a águado mar penetrou no aqüífero tornando a água imprópria para o consumo.

Outro efeito danoso para as condições das águas superficiais e subterrâneas é oresíduo de remédios e seus efeitos na cadeia alimentar e por extensão, aosseres humanos. O especialista norte-americano Louis B. Fournier, da StarEnvironmental Inc pergunta qual o efeito dos resíduos do Viagra ou do Prozacnos organismos aquáticos? Segundo ele “a maior parte das substâncias quesão ingeridas pelos homens e animais passam por significativas mudançasquímicas no trajeto pelo interior do corpo onde sofrem a ação dos compostosorgânicos. Saliva, ácidos estomacais e outras enzimas decompõem osalimentos e os remédios, menos aqueles que vão diretamente para a correntesangüínea. De lá circulam pelo corpo onde são utilizados de várias formas ouenviados para o fígado para serem destruídos ou transformados em outrosmateriais, como amônia ou uréia, carreadas para a urina.

Ele adverte que “como está havendo um aumento populacional e como osesgotos tratados inadequadamente, ou não tratados, entram no ecossistema, hácada vez mais chances de que aconteçam esses impactos adversos na flora efauna – e por efeito de cadeia alimentar, novamente ao homem. Especialmentelevando-se em conta que as agências governamentais e companhiasfarmacêuticas, que avaliam os impactos dos novos remédios e drogas,raramente consideram os efeitos secundários além do organismo primário".

Embora a conservação de aqüíferos não tenha recebido grande atenção nocontinente americano o panorama parece estar mudando uma vez que uma dasprincipais reservas subterrâneas da região – o Aqüífero Guarani, no Cone Sul –está sendo objeto de um trabalho conjunto de pesquisa envolvendo Argentina,Brasil, Paraguai e Uruguai no que pode se configurar como o primeiro programade gerenciamento conjunto de um manancial subterrâneo transfronteiriço nomundo.

A infiltração de arsênico em águas subterrâneas vem sendo detectada em váriaspartes do mundo, havendo 18 países em situação de risco, entre eles Argentina,Chile, Estados Unidos, Índia, Japão, México, Mongólia, Polônia e Taiwan. Segundoos especialistas a principal fonte de contaminação da água subterrânea por arsênicoocorre devido à liberação desse composto a partir das formações rochosas da Terra.Ou em campos agrícolas que utilizam inseticidas, rodenticidas e dissecantes deplantas.

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Saneamento ainda é deficiente na América Latina

O relatório sobre as condições globais de saneamento apresentado durante oSimpósio regional sobre Água e Saneamento no Novo Milênio – Os Antigos e osNovos Desafios e as Oportunidades, promovido pela Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) em Porto Alegre, (Brasil) de 1º a 3 de dezembro de2000, revelou que ainda é deficiente a cobertura de água e esgoto nasAméricas. Dos 790 milhões de habitantes das três Américas 95,64% dispõem deabastecimento de água e 59,08% são servidos com esgotamento sanitário. Osdados debatidos pelos especialistas revelam também que 15,4% - ou mais de 76milhões de pessoas - não são abastecidos com água de qualidade adequada.

Na América Latina e Caribe, cuja população é de 497 milhões, a cobertura totalde água beneficia a 85% dos habitantes. Já no que se refere a esgoto asituação é mais deficiente: somente 48,61% - 241 milhões de habitantes – estãoconectados a sistemas convencionais de esgoto enquanto outros 151 milhõescontam com sistemas de fossas. Os que não contam com condiçõesconsideradas mínimas de afastamento dos dejetos somam 37 milhões naszonas urbanas e 67 milhões nas áreas rurais (mais 50% da população rural). Odado mais grave conforme ressaltaram vários dos palestrantes do Simpósioé que somente 13,7% dos esgotos coletados recebem tratamento.

Projeto conjunto para o AqüíferoO Banco Mundial está apostando no Programa do Aqüífero Guarani quepoderá se tornar um modelo de gestão compartilhada de um manancialsubterrâneo. Uma proposta da Universidade Federal do Paraná (Brasil), quepretendia realizar um estudo científico e de utilização econômica sobre oaqüífero, evoluiu para um projeto reunindo os quatro países do Mercosuluma vez que o manancial está presente em parte do território da Argentina,Brasil, Paraguai e Uruguai.

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A Visão do ContinenteDentro das atividades desenvolvidas na Conferência de Haia (março/2000)foram apresentadas as Visões da Água dos Continentes, relatando os principaisproblemas e desafios a serem enfrentados neste início de século, pelos povos epaíses do continente americano. Os detalhes sobre as Visões do Canadá,América do Norte, Caribe e América do Sul estão no Anexo 1.

2.2 Custo da água – uso nas atividades econômicas, reuso,turismo

A indisponibilidade de mananciais com volume e qualidade suficiente paraabastecer as cada vez mais sedentas cidades do continente americano estádeixando os custos de operação dos sistemas de tratamento de água cada vezmais elevados, contribuindo, por sua vez para tornar ainda mais longo o trajetoem direção à universalização do atendimento e à eqüidade, pressupostosbásicos da atuação da Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) nasAméricas.

Em alguns centros urbanos da América Latina e Caribe a água captada nosmananciais de superfície apresenta tal grau de degradação que exigetratamentos mais sofisticados - e caros - como acontece em Caracas e Lima,mas também em cidades menores,.

Com este panorama de escassez – qualitativa e quantitativa – e tendo quecontinuarem a crescer para que suas populações alcancem uma melhorqualidade de vida os países vêm buscando formas de suprir suas necessidadesde abastecimento.

De um lado desenvolvem-se aceleradamente as tratativas em direção à gestãodas águas, com seus mecanismos como cobrança pelo uso, instituições deorganismos de bacias e participação mais ampla da população. De outro,buscam-se alternativas como o reuso, especialmente pela área industrial que,diante da perspectiva de commoditização da água trata de se adequar à novarealidade em que o custo desse insumo pode inviabilizar a produtividade eviabilidade de seu negócio.

Embora alguns países já venham utilizando o reuso da água nas atividadesagrícolas, como é o caso do Chile, onde parte das águas residuais urbanas eindustriais de sua capital (Santiago) são utilizadas para irrigação - há exemplostambém no Peru e México - a tendência é que se expanda o reuso industrial.Um grande impulso a esse iniciativa se deve a uma atuação bastante eficientedos Centros Nacionais de Tecnologias Limpas (CNTLs) implantados nocontinente por incentivo do Programa das Nações Unidas para oDesenvolvimento (Unido). Essa prática pode representar uma saída para esseimpasse especialmente se for levado em conta que agricultura e indústriarespondem por mais de 80% do uso da água na América Latina.

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A fábrica da Fiat Automóveis, sediada em Minas Gerais (Brasil), está reciclando100% da água utilizada em seu processo industrial o que contribui sobremaneirapara controlar a demanda e ao mesmo reduzir o impacto de despejos nosmananciais do entorno.

Como exemplo da importância da água como insumo na indústria a tabelaabaixo exemplifica as quantidades necessárias por produto fabricado.

Consumo de água por produto fabricadoTipo de indústria Consumo (m3)

Refinação de petróleo 290 / barril refinadoTêxtil 1.000 / ton. tecidoCouros e curtumes 55 / ton. couroPapel 250 / ton. papelLaticínios 2 / ton. de produto

Um outro ramos econômico em expansão no continente é o ecoturismo, cujaviabilização como importante gerador de divisas externas pode representar aopção mais promissora para as vulneráveis economias continentais dos temposde globalização.

Por isso cresce a demanda das comunidades por sistemas de tratamento deesgotos domésticos e industriais tendo em vista a necessidade de preservaçãodas zonas costeiras e grandes ecossistemas aquáticos, como os lagos andinose o Pantanal, as zonas coralinas do Caribe e os pantanais e grandes lagos naAmérica do Norte.

São cada vez mais comuns os programas que buscam integrar ações deconservação e preservação ambiental com o turismo, onde a manutenção daqualidade da água é um fator de valorização econômica.

O Caribe é uma das principais rotas do turismo no mundo. Dados de 1996indicam 12 milhões de turistas/ano para visitas e outros 5 milhões em cruzeiros.Naquele ano o percentual de geração da atividade já representava 25% do PNBe empregando 22% da força de trabalho. A expectativa de expansão era de70% com a possibilidade de geração de 2,2 milhões de empregos.

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2.3 Água na transmissão/prevenção de doenças

Para a garantia de que água seja um elemento fundamental na promoção dasaúde e bem-estar das populações é preciso prever não somente a qualidade,mas também a regularidade em quantidades adequadas à satisfação dasnecessidades humanas. Em estudos relacionando quantidade de águaconsumida e incidência de diarréias foram encontradas ligações positivas namaioria dos casos.

As estatísticas internacionais apontam que cerca de 80% da doenças e mais de30% das mortes em países em desenvolvimento são causadas pelo consumo deágua contaminada. Mas não é somente como veículo de transmissão dedoenças que a água tem importância no que diz respeito à promoção da saúde.As alterações climáticas e ambientais, os desflorestamentos, as inundações eoutros fenômenos meteorológicos ou até mesmo mudanças de correntesmigratórias por criação ou extinção de pólos econômicos influenciamdecisivamente o comportamento dos vetores podendo exacerbar ou criarvulnerabilidades. O mesmo acontece em relação a despejos oriundos deatividades industriais, extrativas ou agrícolas ou de esgotos domésticos semtratamento ou disposição inadequada de resíduos sólidos.

O aumento da desertificação e seca representam uma séria ameaça para asaúde humana segundo expressou a Organização Mundial da Saúde na 4ªConferência das Partes da Convenção da ONU de Combate à Desertificação(UNCCD), que aconteceu em Bonn, Alemanha, nos dias 11 e 12 de dezembrode 2000. "Como as mudanças ambientais vêm cada vez mais influenciando asaúde humana numa escala global e sem precedentes nós estamos cada vezmais convictos das conseqüências da seca e da desertificação, como aquelasprovocadas pela má nutrição e a fome, pelas doenças de origem e veiculaçãohídrica, outras doenças infecciosas e respiratórias, e ferimentos provocados pelofogo," disse o Dr. Roberto Bertollini, Diretor da Divisão de Suporte Técnico eDesenvolvimento Estratégico do Escritório Europeu da OMS. Apesar denecessidade de mais pesquisas há evidência suficiente de que a desertificaçãoe a seca e as alterações climáticas influenciadas pelo aquecimento do planeta,causam dano à saúde. Elas também estão diretamente relacionadas com apobreza, escassez de água e alimentos, conflitos, migrações em massa, elimitado acesso aos cuidados da saúde" acrescentou Hama Arba Diallo,secretário-executivo da UNCCD.

Os efeitos da desertificação, seca e pobreza podem incluir deficiência deenergia protéica intra-uterina causando retardo e ausência de vários nutrientes -como o ferro e a vitamina A - infecções, cegueira e anemia. A desertificação e aderrubada e superexploração de florestas reduziram drasticamente aquantidade de suplemento alimentar obtido na natureza que representa umcomplemento importante na dieta de famílias inteiras. Por outro lado, mudanças

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na biodiversidade local podem pôr em risco a medicina caseira tradicional quedesempenha um importante papel em praticamente todos os continentes.

Outra conseqüência das secas é o aumento da vulnerabilidade das florestas aincêndios, freqüentemente resultando em poluição do ar que pode afetartambém os países vizinhos e tornar agudas as doenças respiratórias emcrianças e adultos. "Atualmente, há instrumentos para prevenir e controlar asprincipais causas de morte, através de medidas como a vacinação,abastecimento de água segura, suplemento alimentar, acesso à educação e aoscuidados médicos" afirma Diallo acrescentando que estas medidas só serãoefetivas se aplicadas nas regiões desérticas e sujeitas às estiagens juntamentecom programas de combate à desertificação. A UNCCD está enfatizando adimensão global da desertificação e clamando por esforços mundiais parapromover o desenvolvimento sustentável, especialmente nas regiões desérticasdo planeta.

A exposição aos contaminantes na tenra idade pode prejudicar odesenvolvimento do organismo das crianças, dizem os cientistas. E nem mesmoos fetos, no útero, estão a salvo do efeito tóxico de substâncias como o alumínioe o etanol. De acordo com a OMS uma criança morre a cada 8 segundos dedoenças de origem ou veiculação hídrica. A cada ano mais de 5 milhões depessoas adoecem devido à ingestão de água contaminada, poluição do ar eesgotos não tratados.

As ameaças ambientais à saúde infantil foram também o tema de um simpósioorganizado pela Comissão para a Cooperação Ambiental da América do Norte(CCA), em Toronto (Canadá). Destacados especialistas, provenientes de toda aregião, reuniram os mais recentes estudos científicos sobre uma gama defatores ambientais que afetam a saúde infantil, desde a contaminaçãoatmosférica até os elementos que provocam transtornos endócrinos, como ospraguicidas contidos nos alimentos ou os contaminantes presentes naatmosfera. Um dos estudos, feito pelo Dr. Barry Commoner, fundador de umcentro de pesquisa ecológica e que trabalha atualmente no Queens College, deNova York, mostra a entrada das dioxinas na cadeia alimentar através dadeposição atmosférica, da adsorção pelas plantas e do consumo pelo gado.Esta é uma das principais rotas de exposição às dioxinas, especialmente paraas crianças e bebês.

Os especialistas confirmam que na fase de crescimento as crianças respirammais ar, consomem mais comida e bebem mais água do que os adultos o queaumenta sua exposição aos contaminantes. Eles concluíram que umambiente saudável para as crianças, possivelmente os seres maisvulneráveis e sensíveis, significa um ambiente saudável para todos osseres vivos.

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2.4 – Papel das comunidades - mobilização

Como foi ressaltado anteriormente cresce no continente americano a percepçãoentre as comunidades da importância de sua participação na construção dosdesenvolvimento dos países e do continente. Já existe também um razoávelconhecimento a cerca das vulnerabilidades dos recursos hídricos, da escassez emá distribuição e da situação de crescente degradação e dos fatores quecontribuem para essa deterioração. Entre esses, a falta de tratamento dosresíduos sólidos e líquidos.

Já existe, igualmente, entre grande parte das comunidades, a consciência deque o acesso à água em qualidade e quantidades adequadas é um dospressupostos básicos da saúde. Delinea-se também a percepção de que esse éum direito elementar de todos os seres humanos mas que é preciso atuar maisparticipativamente no sentido de assegurá-los a todos, indistintamente.

O crescimento, expansão e fortalecimento das entidades comunitárias e dedefesa de direitos individuais e coletivos, organismos mistos de bacias (ONGsambientais, centros de defesa do consumidor, comitês de bacias, varasespeciais de defesa de interesses difusos, procuradorias de defesa comunitária,etc.) no continente está consolidando as bases institucionais para garantir aparticipação não somente consultiva, mas também deliberativa em programas eprojetos da área ambiental.

As audiências públicas para análise de EIA/Rimas deixaram de se constituir emmeras formalidades burocráticas para se transformarem em verdadeirosembates em defesa de posições, não raro se constituindo em baluartes dacidadania e provocando mudanças radicais em projetos. Um exemplosignificativo é o que vem sendo dado por comunidades do mundo inteiro, eabrangendo também as do continente americano, reunidas sob o Movimentocontra as Barragens.

Essa nova estratégia de gestão compartilhada no que se refere aos assuntosambientais – nos quais a água aparece como elemento integrador - surge comoa melhor arma para conter o aumento da degradação e promover uma gestãosustentável dos recursos naturais do continente. Destaca-se nesse sentido omodelo de gestão dos recursos hídricos por bacias hidrográficas que possibilitaa participação de diferentes atores, de maneira descentralizada, mas holísticaenglobando todos os recursos naturais, como fauna, flora, recursos florestais,solos e atividades potencialmente poluidoras. São exemplos significativos dessaproposta os organismos de bacias nos Estados Unidos, México e Brasil.

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3. As potencialidades da iniciativa e sua relação com outrascelebrações mundiais

Diante do exposto ganha evidência a importância de propostas como a do DiaInteramericano da Água que tem condições de trabalhar com a comunidade asdiversas interfaces de seu uso, valor e necessidade de proteção.

3.1 Água – commodity do século

A partir da regulação do setor, a água entrará no mercado de commodities. Éimportante diferenciar o termo commodity tradicional de commodity ambiental.Quando se utiliza o termo "ambiental" entende-se que estas commodities têmcaracterísticas diferentes das mercadorias que são comercializadas emmercados organizados, como bolsas ou no mercado de balcão. A diferençaprincipal é que para ser uma commodity ambiental, é necessário a adequaçãoàs normas e regras exigidas do mercado ambiental.Assim sendo, no caso da água, deve-se assegurar a gestão comunitária e aparticipação da sociedade na sua preservação e no abastecimento básico.Todas essas exigências visam assegurar a água como um patrimônio público e,sendo assim, um assunto que atinge a própria soberania nacional. Asresponsabilidades frente à racionalização no consumo da água estão em todasas esferas sociais. No que se refere ao poder público, é notório que menos de10% das municipalidades latino-americanas e do Caribe estão realmentepreocupadas com os efluentes em nível de redução da poluição hídrica etratando convenientemente o esgoto das cidades.Dentro do conceito de commodity os países devem conceber formas depromover o bem-estar humano sem aceitar que seu capital natural seja usadoou degradado. Já está em discussão entre todas nações a visão da água paraos próximos 25 anos e seus possíveis cenários, na qual se discute as condiçõespara o acesso à água limpa e suficiente, forçando a importância da água comorecurso estratégico e como a commodity do próximo século.

3.2 Dez anos de celebração - pontos fortes e debilidades

No balanço realizado no painel que analisou as celebrações do DiaInteramericano da Água, durante o Congresso da Aidis em Porto Alegre, aconstatação foi de que a iniciativa foi bem aceita na maioria dos países e queem alguns deles mostrou um excepcional poder de mobilização comunitária.

Concluiu-se também pela necessidade de institucionalização e defortalecimento de parcerias com instituições permanentes - como universidadese comitês de bacias – para que a continuidade da celebração seja garantida,sem sofrer interrupções ocasionadas por mudanças de dirigentes políticosquando os órgãos coordenadores se localizam em instâncias governamentaislocais, estaduais ou federais.

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Além dos comitês de bacias e universidades o painel promoveu o debate emtorno da participação dos parlamentos – locais, estaduais ou provinciais efederais. Por iniciativa da Comissão Parlamentar do Mercosul – que reúne osparlamentos da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai – foi aprovada uma moçãopara que no âmbito de abrangência deste mercado comum sejam incentivadasas participações dos parlamentos nas atividades relacionadas com o DiaInteramericano da Água.

Entre as reivindicações dos participantes para a expansão e melhoria dapreparação da celebração está a solicitação de que os materiais e propostas detema anual se façam com a maior antecedência possível permitindo um melhorplanejamento das atividades.

3.3 Ampliação dos enfoques

A água não é somente um insumo indispensável para a sobrevivência dos seresvivos, para a manutenção dos ciclos biológicos, geológicos e químicos, quegarantem o equilíbrio dos ecossistemas, mas também um recurso estratégicopara o desenvolvimento econômico, e uma fonte de beleza e harmoniapaisagística. Como uma das principais fontes geradoras de energia para ocontinente deve ser devidamente valorizada também por esse segmento.

Embora o centro das atenções do Dia Interamericano da Água seja o papelpreponderante da água na manutenção da saúde e qualidade de vida daspopulações, os enfoques de seu valor econômico, de seu valor estratégico, desua eventual commoditização devem também ser destacados nas celebrações.Os diversos usuários devem participar das celebrações enfatizando amultiplicidade de utilizações.

“A área da saúde depende de um meio ambiente saudável, inclusive daexistência de um abastecimento seguro de água, de serviços de saneamento(...). Atenção especial deve ser dedicada à segurança dos alimentos, dando-seprioridade à eliminação da contaminação alimentar; a políticas abrangentes esustentáveis de abastecimento de água, que garantam água potável segura eum saneamento que impeça tanto a contaminação microbiana como química(...)”. (Agenda 21 - Capítulo 6 – 6.3).

3.4 Dia, semana, mês da água – um ano de atividades.

A prática obtida na continuidade das atividades do DIAA induziram algunspaíses a ampliar as atividades relacionadas à celebração para uma Semana(como já vem acontecendo em vários deles) até um mês da Água, como foicelebrado no Peru.

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Estas propostas se baseiam no fato de que a multiplicidade de enfoques nosquais se pode desdobrar a atenção a água inviabilizam um dia apenas decelebrações.

Nas recomendações constantes dos Guias para a Cooperação Entre os Sóciosda Iniciativa do DIAA já está sugerida a atenção a outros eventos do ano, comoDia Mundial do Meio Ambiente, Dia dos Pantanais, etc. como datas para serelembrar a importância da água. É também enfatizada a necessidade de que oplanejamento e a execução das atividades se estendam durante todo o anocomo forma de manter e ampliar a mobilização a partir de um calendário anualde celebração.

A esta mesma constatação chegaram os promotores do Dia Mundial da Águaque nos materiais distribuídos em 2001 enfatizaram a necessidade de estendera celebração ao longo do ano, como forma de manter a comunidade semprealerta.

3.5 Enfoque água nas demais celebrações mundiais

Como forma ampliar o acesso das comunidades a informações sobre água sesugere que sejam realizadas atividades relacionadas ao tema em datascomemorativas internacionais, destacando o papel que a água representa. Asugestão completa, justificativa e enfoques estão no Anexo 2.

4. Principais interessados na celebração

A idéia básica do Dia Interamericano da Água é que todos os segmentosdeveriam ter interesse na preservação. Na prática porém se verifica que,paradoxalmente, aqueles que mais contribuem para a sua degradação são osmenos preocupados com essa questão, como é o caso do setor agrícola. Essesdevem ser incessantemente buscados para participar.

As melhores respostas têm sidos dadas pelos setores públicos e privadosrelacionados com as várias interfaces do saneamento: água, esgotos, resíduos,etc. e a área educacional. O setor privado está aderindo gradativamente sendosignificativas algumas participações de empresas que vêm adotando a práticade tecnologias limpas. Vale mencionar a expressiva participação da empresapetrolífera Petrobras, através de sua subsidiário Refap – agora um empresabinacional argentino-brasileira – nas atividades do DIAA coordenando o Mutirãode Limpeza do Rio dos Sinos.

As ONGs ambientalistas têm tido uma forte atuação, assim como os comitês debacias que vêem no DIAA uma excelente oportunidade para debater com ascomunidades os principais problemas relacionados à defesa dos mananciais.

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5. Plano de trabalho para os próximos 2 anos

5.1 Organização

Por se revestir de um caráter de marco conceitual da celebração as atividadesde 2002 deverão receber maior cuidado, atenção e planejamento. Levando-seem conta as festividades dos 100 anos da OPAS e a proposta de aproveitaroutras celebrações anuais para destacar o tema ÁGUA as atividades deverão seestender por praticamente todo o ano sendo necessária a preparação prévia deum acervo de materiais e informações que possam ser disseminadas nessasocasiões promovendo a necessária articulação e potencialização de esforços.

Principais entidades a serem contatadas e como

• Grupo de Coordenação Internacional e Grupos de CoordenaçãoNacionaisRecomenda-se a estruturação definitiva e efetiva implantação dos Grupos deCoordenação Nacionais, com fixação de planos de ação, cronogramas detrabalhos e prazos de cumprimento das tarefas.

• O papel dos sócios da iniciativaRecomenda-se que todos os sócios da iniciativa empenhem os melhoresesforços para que a celebração dos 10 anos ajude na consolidação daproposta.

5.2 Vinculação com os 100 anos da OPAS

Parte substancial das atividades do DIAA em 2002 deverá estar vinculada àsatividades já estruturadas dos 100 anos. As sugestões de atividades – anexo 3 –visam destacar o papel do tema água na promoção e programas empreendidospela OPAS nos 100 anos.Para fazer face a esta demanda deverão ser produzidos informes e notícias quevinculem a questão água à manutenção e prevenção da saúde.

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6. Calendário de eventos propostos

Uma das partes importantes da celebração dos 10 anos da iniciativa é aprogramação de eventos destinados a expandir e fixar a proposta prevendo-se ainterligação com outras datas internacionais, com a comemoração dos 100 anosda OPAS e com atividades integradoras dos sócios, como os CongressosInteramericanos de Engenharia Sanitária e Ambiental promovidos pelaAssociação Interamericana de Engenharia Sanitária e Ambiental (Aidis) e daAssociação Caribenha de Água e Esgoto (CWWA). É importante também que aproposta do DIAA possa integrar as agendas relacionadas com outras interfacesdo saneamento, como as referentes a resíduos sólidos, recursos hídricos,atenção primária ambiental, ecoclubes, municípios, escolas, locais de trabalho ehabitação saudáveis.

Nos anexos 2,3,4 e 5 são sugeridas várias atividades inter-relacionadas com osdias internacionais, com os 100 anos da OPAS , com os 10 anos da iniciativa ecom o Congresso da Aidis. Essa mesma agenda de sugestões pode serdivulgada para os promotores dos demais projetos da área de Saneamento.

Esse eventos têm componentes preferenciais que guardam estreita relação comas duas linhas básicas que se afiguram como fundamentais para atuação dasagências de cooperação neste novo milênio: o maior acesso das comunidadesà informação que possibilite, amplie e incentive a participação cidadã nas gestãodos recursos naturais – a água entre eles – permitindo que o continente caminheem direção ao desenvolvimento sustentável.

Ao promover a difusão de dados sobre a situação dos recursos hídricos, o cicloda água, as carências e vulnerabilidades, sua importância e relação com amanutenção da saúde e qualidade de vida e como insumo da maioria dasatividades econômicas, as celebrações do Dia Interamericano da Águacontribuem decisivamente para aumentar a consciência ambiental dascomunidades.

Na medida em que as celebrações envolvam eventos com visibilidade pública adisseminação das informações se fará com mais amplitude. Como lembra oespecialista colombiano Bernardo Toro, ao falar sobre mobilização, asmensagens se fixam com mais facilidade à medida que as pessoas percebemque outras pessoas, em outros lugares, estão fazendo a mesma coisa. É esta arazão porque se busca uma mensagem única para cada ano e que seja repetidaem todos os lugares e por todos os meios.

A sugestão dos eventos está descrita em detalhes nos seguintes anexos:

• Atividades relacionadas com os dias internacionais.(Anexo 2)• Atividades relacionadas com os 100 anos da OPAS (Anexo 3)• Atividades relacionadas com os 10 anos da iniciativa (anexo 4)

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• Atividades relacionadas com o Congresso da Aidis (anexo5)

7. Programa de trabalho para a realização do Plano

O programa de trabalho para a execução do Plano foi dividido em três itensdetalhados a seguir: providências de articulação, coordenação e delegação:providências na área de produção e providências na área de divulgação. Essadivisão se justifica uma vez que a proposta de potencialização das atividades doDia Interamericano da Água repousa sobre a base da parceria e participação,ficando as tarefas relacionadas com a programação e viabilização de eventos eatividades específicas a cargo das entidades parceiras. As responsabilidadesda OPAS, Aidis e CWWW, sócias da iniciativa, são de coordenação, produçãode materiais básicos e divulgação.

7.1- Providências de articulação, coordenação e delegação

• Atividades de articulação e coordenação1. Articulação entre o Grupo de Coordenação Internacional e os Grupos de

Coordenação Nacionais e entre esses e os sócios da iniciativa;2. Produção do material básico para distribuição, tanto o relacionado com o

tema 2002 – poster, cartilha básica para o aluno e o professor - como osdestinados aos kits de informação para a imprensa;

3. Articulação para obtenção das declarações de autoridades internacionaissobre o enfoque água – conforme sugerido no Calendário de EventosPropostos

4. Coordenação, em conjunto com os organismos específicos da Aidis, daprogramação destinada a ressaltar os 10 anos da iniciativa sugerida para oCongresso de 2002;

5. Coordenação e execução do processo de criação e outorga da medalha deAmigo da Água;

6. Articulação com as demais iniciativas da OPAS para inclusão dos enfoquesda água nas atividades a serem desenvolvidas em seus calendáriosespecíficos;

7. Articulação com os órgãos da OPAS responsáveis pela distribuição de kits emateriais informativos para inclusão dos materiais relativos ao enfoque água.

8. Coordenação do processo de escolha da logomarca do Dia Interamericanoda Água;

9. Articulação com os demais organismos internacionais com atuação nocontinente americano – OEA, Rede Interamericana de Recursos Hídricos, etcpara parceria e divulgação das informações relacionadas com o DIAA;

• Atividades de delegação

1. Elaboração de programação no país;

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2. Adaptação, impressão e distribuição dos kits relacionados ao DIAA2002 noâmbito do país.;

3. Adaptação e inserção de dados do país nos kits de material informativo paraa imprensa e sua distribuição no país;

4. Elaboração de fontes para entrevistas no país e envio aos principaisveículos;

5. Identificação e sugestão dos heróis identificados com o componente água decada país;

6. Inclusão do componente água – tratamento, preservação, etc. – nas feiras eatividades programadas nos países;

7. Inclusão do componente água na manutenção da saúde nas declaraçõesoficiais no país;

8. Articulação com os promotores de eventos dos 100 anos no país paraaproveitamento do material informativo sobre água e saúde;

9. Articulação com os grupos de coordenação nacionais para inclusão doelemento água na saúde nos posters, displays e materiais nacionais alusivosaos 100 anos.

7.2 - Providências na área de produção

Uma das primeiras providências é a confecção de um folheto básico contendoas informações principais sobre a iniciativa, para ampla divulgação e distribuiçãoem eventos e com endereços e referências que remetam os interessados acontatos com o objetivo de ampliar a abrangência do movimento. Sãonecessários também vídeos, spots e outros recursos audiovisuais que facilitem adisseminação da proposta.

Como parte da estratégia de difusão de informações a celebração do DIAAproduziu nestes dez anos uma série de publicações que compõem um acervoconsiderável de conceitos-chaves, em linguagem decodificada e de fácilentendimento pelo grande público. Essas informações se constituem em umexcelente ponto de partida e deverão se melhor disponibilizadas e tornadasacessíveis, especialmente por meios eletrônicos.

Cada um dos slogans utilizados representa um enfoque que deve sernovamente reforçado e lembrado. Recuperar e atualizar essas informações é oprimeiro passo na tarefa de produzir os materiais básicos necessários parasubsidiar as várias propostas de divulgação.

Outra providência é estabelecer uma rede de informações com representantespor país para atualização e retroalimentação dos dados. Estes dados devem seconstituir no pano de fundo de mensagens e histórias para o público e a mídia.

Os textos básicos deverão servir como arcabouço para que em cada país sejamfeitas as adequações que reflitam as características nacionais mantendo efortalecendo o vínculo do pan-americanismo. Sempre que possível as

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Plano de Ação para os Dez Anos do Dia Interamericano da Água

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associações devem ser feitas com ecossistemas semelhantes continentais demodo a possibilitar que as populações conheçam e identifiquem o patrimônioambiental das Américas e percebam as inter-relações e interdependências entreeles. Este aspecto é particularmente importante no que se relaciona comecossistemas compartilhados por mais de um país, como são os casos debacias hidrográficas transfronteiriças, florestas tropicais, etc.

Modelos bem sucedidos de estratégias de mobilização devem se tornar “cases”a serem explorados na mídia e disseminados entre os países como forma deincentivar a criatividade das populações.

Outro componente importante é utilização do rico patrimônio cultural e folclóricodo continente associando-o com práticas de preservação. Comunidadesindígenas, por exemplo, guardam um traço comum de identidade mesmovivendo em latitudes diferentes. A preservação e valorização da herançacultural e histórica dos povos reforça o sentimento patriótico e por extensãodesperta o orgulho pelos bens nacionais, o território, o idioma e seus recursosnaturais.

Por isso se recomenda a elaboração de materiais que reforcem e valorizemesses aspectos, como publicações com lendas, histórias e brincadeiras infantis,canções, literatura folclórica e outras manifestações artísticas. Como o próprionome diz o Dia Interamericano da Água deve ser essencialmente umacelebração.

Seria desejável a criação de uma logomarca para o Dia Interamericano da Águaque pudesse ser facilmente reconhecida e funcionasse como um elementointegrador e catalizador. Não se recomenda para essa tarefa a utilização deconcursos sendo preferível uma licitação internacional que poderia ser elaprópria um instrumento de marketing e uma oportunidade para promover aparceria com grandes empresas continentais que poderiam aportar recursospara essa atividade beneficiando-se da publicidade positiva que a iniciativa podegerar.

As sugestões do tipo “50 maneiras de celebrar a água” - uma prática que vemsendo adotada desde o início da celebração, através dos materiais produzidospelo Cepis – são extremamente úteis para os promotores dos eventos. Por issose recomenda que nos congressos e eventos internacionais dos sócios sejamdisponibilizados espaços para mostras e troca de informações sobre esteaspecto.

Também integram o elenco de tarefas de produção as relacionadas com acoordenação necessária para a posta em marcha das sugestões contidas nocalendário de eventos propostos, como: livro de histórias e brincadeiras infantis,CD com músicas sobre a água, agenda sobre água, etc.

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Plano de Ação para os Dez Anos do Dia Interamericano da Água

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7.3 - Providências na área de divulgação - Estratégias decomunicação

As estratégias de comunicação aqui referidas são as indicadas para seremseguidas pelo Grupo de Coordenação Internacional que deve ser o centralizadordas informações básicas relacionadas com a iniciativa, sendo o revisor técnicodos conceitos e orientações, podendo essa atividades contar com oindispensável apoio do Cepis que vem prestando uma colaboração relevante.

A tarefa primordial é identificar as redes formais e meios de disseminação deinformações já existentes nas diversas instâncias de atuação dos sócios, comosejam: homepages, listas de discussões, boletins, newsletters, assessorias deimprensa e relações públicas , etc.

Catalogar e estabelecer a rotina de distribuição de notícias e informaçõesatravés dessas redes e meios é o passo seguinte. Essa alimentação deve sercontínua e obedecer a uma periodicidade que crie nos receptores dainformação o hábito de procurá-las naquele meio e naquele lapso de tempo(semanal, quinzenal, etc).

À medida em que os materiais oriundos das atividades de produção estejamdisponíveis é preciso estabelecer as estratégias de distribuição lembrando queuma parte deve ser reservada para os órgãos de imprensa. É recomendável queseja tarefa do Grupo de Coordenação Internacional – até mesmo pelaimportância das instituições nele representadas – a distribuição desse materialpara uma lista dos principais veículos de comunicação do continenteassegurando que todos tenham o acesso na mesma data e nas mesmascondições. Essa tarefa pode ser grandemente facilitada porque existeminúmeras redes de jornalistas jornalistas ambientais e a maioria delas secomunicam entre si.

8. Orçamento inicial para as ações

1. Necessidades em termos de pessoal:• Uma grande parte das propostas envolvem tarefas da área de Comunicação

que precisam ser coordenadas por pessoal especializado, nãonecessariamente sediado em Washington. Seria interessante ver quais asrepresentações que dispõem desse tipo de profissional e qual o apoio queseria possível obter deles. Com as facilidades eletrônicas disponíveis grandeparte do trabalho pode ser feito à distância. O ideal seria ter uma ou duascoordenações que pudessem periodicamente ter encontros de trabalhocom a coordenação de Washington para revisão de tarefas, etc. Esse doiscoordenadores seriam encarregados inicialmente, tendo em vista o resultadoda reunião de Porto Rico, de elaborar miniprojetos específicos para asprincipais propostas aprovadas e as formas de viabilização dos recursos.

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Plano de Ação para os Dez Anos do Dia Interamericano da Água

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Montante necessário para a contratação dos coordenadores deComunicação: US$ ….

2. Produção do material básico para distribuição, tanto o relacionado com otema 2002 – poster, cartilha básica para o aluno e o professor - como osdestinados aos kits de informação para a imprensa;

Essa tarefa de elaboração dos materiais básicos do ano é desenvolvidanormalmente pelo Cepis. Tendo em vista os dez anos da celebração serecomenda que sejam estudadas outras fórmulas de disseminação dasinformações constantes do poster e cartilha básica tendo em vista a maiordivulgação prevista. Estudar a possibilidade de confeccionar em CD eformato eletrônico que permita a fácil reprodução e distribuição.

3. Coordenação e execução do processo de criação e outorga da medalha deAmigo da Água;Essa tarefa envolve a elaboração de um miniprojeto que contemple umregulamento para a concessão da medalha, o design, o cerimonial e adivulgação da premiação.

4. Articulação com as demais iniciativas da OPAS para inclusão dos enfoquesda água nas atividades a serem desenvolvidas em seus calendáriosespecíficos; articulação com os órgãos da OPAS responsáveis peladistribuição de kits e materiais informativos para inclusão dos materiaisrelativos ao enfoque água.Essa tarefa, no que diz respeito ao levantamento e preparação dos dadosbásicos desses enfoques pode ficar a cargo dos coordenadores deComunicação. As articulações são tarefas da coordenação do DIAA eWashington e dos assessores ambientais nas representações.

5. Coordenação do processo de escolha da logomarca do Dia Interamericanoda Água;Pode ser elaborado um miniprojeto para essa proposta inclusive prevendouma licitação que contemple várias agências de publicidade que possam atémesmo se tornarem parceiras da iniciativa reduzindo seus custos comoparte de sua contribuição para difusão da mensagem. Pode também serbuscado um patrocínio de uma instituição continental ( BID, BIRD, etc)

6. Articulação com os demais organismos internacionais com atuação nocontinente americano – OEA, Rede Interamericana de Recursos Hídricos, etcpara parceria e divulgação das informações relacionadas com o DIAA;As tarefas de articulação das parcerias são típicas da coordenaçãointernacional. As de retroalimentação de dados e divulgação de informaçõessão específicas de profissionais da comunicação.

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Plano de Ação para os Dez Anos do Dia Interamericano da Água

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7. Lançamento de Publicação sobre os Dez anos da Iniciativa no Congresso daAidis;Para essa tarefa pode ser elaborado um miniprojeto pois abrange umtrabalho de pesquisa de recuperação das informações e ressaltarexperiências desenvolvidas em vários países. São tarefas típicas deprofissionais da área de Comunicação, com supervisão da coordenaçãointernacional.

8. Lançamento de CD de músicas dos países latino-americanos tendo comotema Água. Show com grupos musicais cujas músicas estejam no CD;Essa é uma proposta para miniprojeto e contratação de empresaespecializada. É facilmente vendável para patrocínio pois pode se constituirem um projeto conjunto com empresas.

9. Lançamento de coletânea de contos e brincadeiras infantis em torno da águacoletados entre o folclore e a cultura interamericana;Para essa tarefa pode ser elaborado um miniprojeto pois abrange umtrabalho de pesquisa de recuperação das informações em vários países.São tarefas típicas de profissionais da área de Comunicação, comsupervisão da coordenação internacional.

10. Lançamento da Agenda da Água (relativa ao ano 2003) para venda edistribuição em escolas contendo a cada dia informações sobre água;Essa é uma proposta para miniprojeto e contratação de empresaespecializada. É facilmente vendável para patrocínio pois pode se constituirem um projeto conjunto com empresas.

11. Enfoque do prêmio de Jornalismo da Aidis para 2002-4 na água esaneamento tendo em vista ser 2003 o Ano Internacional da Água; Mostra demateriais, vídeos e posters de DIAAs nos países nos anos anteriores;Convite a um jornalista de cada país para acompanhar o Congresso da Aidise debater a importância da imprensa na disseminação de informações sobreágua;

Estas tarefas caberão essencialmente ao setor de Comunicação da Aidis,com o apoio do Grupo de Coordenação Internacional.

12. Reunião dos articuladores do DIAA em cada país para troca de experiênciase sugestões e articulação para as comemorações do Ano Internacional daÁgua (2003);

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9. Anexos

Anexo 1 - Visões da Água no Continente Americano

Anexo 2 - Atividades relacionadas com os dias internacionais.

Anexo 3 - Atividades relacionadas com os 100 anos da OPAS

Anexo 4 - Atividades relacionadas com os 10 anos da iniciativa

Anexo 5 - Atividades relacionadas com o Congresso da Aidis

Anexo 6 – Notas ilustrativas

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Anexo 1A Visão do Continente

Dentro das atividades desenvolvidas na Conferência de Haia (março/2000)foram apresentadas as Visões da Água dos Continentes, relatando os principaisproblemas e desafios a serem enfrentados neste início de século, pelos povos epaíses do continente americano.

Visão da Água - Canadá

O Canadá detém 9% dos recursos de água doce do planeta e busca uma gestãoque contemple as seguintes diretrizes:q Manejo integrado, água e solo;q Valorização da água reconhecendo sua importância econômica, social,

cultural e ambiental;q Aumento da consciência pública e comunitária sobre a importância da água;q Estímulo à exportação da água virtual, representada pela capacidade

canadense de exportar alimentos e outras commodities de valor agregado;q Incentivo a tecnologias de uso racional, dessalinização e reuso da água.

Visão da Água – América do Norte

A característica dessa parte do continente é a diversidade de condiçõesclimáticas, ecossistemas e recursos hídricos disponíveis. Entre os desafiospropostos estão:q Reconhecer a necessidade de adoção de práticas sustentáveis na gestão da

água;q Incorporar os valores econômico, social e ambiental da água nas decisões

visando à eqüidade, eficiência e sustentabilidade;q Reconhecer que a saúde humana - e do planeta - está diretamente ligada

com a qualidade da água e com a prevenção da poluição, medida muito maisbarata do que a despoluição;

q Necessidade de reformas em instituições, treinamento de professores e trocade informações e educação da comunidade.

Visão da Água – América Central

No documento apresentado durante a Conferência de Haia (março/2000) osprincipais problemas relacionados com a água na América Central são:q Distribuição desigual dos recursos hídricos em relação às concentrações

populacionais;q 75% dos efluentes não são tratados;

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Anexo 1q Cerca de 20 milhões de pessoas consomem água sem controle de

qualidade;q Entre 25 e 50% do lixo é despejado diretamente nos córregos;q Informação escassa sobre as fontes subterrâneas;q Uso sem controle de fertilizantes e pesticidas;q Extensiva erosão do solo e desflorestamento;q Vulnerabilidade a desastres naturais, secas e enchentes.

Dois importantes estudos estão em andamento com recomendações sobremedidas a serem implementadas na região:

q Plano Integrado de Manejo da Água no Istmo da América Central eq Bases para Políticas e Estratégias de Manejo Integrado dos Recursos

Hídricos da América Central.

Os governos reconhecem a necessidade de conservar e proteger os recursoshídricos, valorizar os diversos usos, inclusive o do próprio ecossistema e que épreciso aumentar o treinamento e a participação pública nas decisões.

Visão da Água - Caribe

Na maioria da ilhas o equilíbrio entre a oferta e demanda está a ponto de seromper existindo conflitos latentes entre os usos para a agricultura, turismo,indústria e abastecimento nas áreas urbanas. Entre os maiores problemasambientais estão a poluição da água, mau uso do solo e disposição inadequadados resíduos.

Entre as ações-chave recomendadas estão:q Encorajar ao aumento da consciência pública sobre meio ambiente através

da educação;q Melhorar a capacidade de atuação das entidades de gestão das águas;q Integrar a gestão da água, solo e zonas costeiras;q Incrementar a participação da lideranças nas decisões.

Visão da América do Sul

Esta região do continente detém 12% das terras do planeta e 28% dos recursoshídricos, mas existe distribuição desigual o que resulta em que 23% do territórioseja de áreas áridas ou semi-áridas. Mais de 60% da população vive em tornodas principais bacias transfronteiriças o que configura a necessidade deordenamento para a distribuição entre os diversos usuários. Talvez o maiordesafio para o futuro da água na América do Sul seja degradação ambientalresultante da falta de legislação, regulação e tratamento de esgotos.

Entre as metas propostas estão:

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Anexo 1q Prover acesso à água segura para todos;q Reconhecer a água como um pilar do desenvolvimento regional;q Integrar o manejo dos recursos sob a base do uso sustentável ;q Incorporar os valores econômico, social e ambiental da água nas decisões

visando à eqüidade, eficiência e sustentabilidade.Entre as estratégias previstas para a região estão:q Adotar o manejo integrado para melhorar a eficiência de uso e promover o

uso coordenado das bacias transfronteiriças;q Considerar os valores econômico, social e ambiental da água para melhorar

a eqüidade de acesso;q Proteger quantitativa e qualitativamente os recursos hídricos da poluição e

minimizar os problemas que ocorrem;q Incrementar a capacidade de fortalecimento da comunidade e das

instituições através do treinamento, educação e disseminação deinformações.

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Anexo 2Enfoque água nas demais celebrações

mundiais

Como forma de ampliar o acesso das comunidades às informações sobre a águase sugere que sejam realizadas atividades relacionadas ao tema em datascomemorativas internacionais, destacando o seu papel como elementointegrador.

Fevereiro

v Dia dos Pantanais – água e ecossistemas (02/02)

Um ecologista ao falar entusiasmado da importância da preservação dospantanais deu a seguinte definição: eles são o útero do planeta, pois são lugaresde reprodução de milhares de espécies. Além disso refrescam o clima e regulamos regimes dos rios: retêm a água na época das cheias e liberam durante aestiagem. No continente americano os pantanais sofreram uma enorme reduçãopor uma avaliação equivocada de sua função. O exemplo mais significativo é odos Everglades, da Flórida. Atualmente estão sendo investido US$ 7 bilhõespara sua recuperação e restabelecimento de algumas das funções perdidas.

Atividades sugeridas:q Distribuição de material para a imprensa sobre a importância dos pantanais,

principais exemplos latino-americanos, o caso dos Everglades. IniciativaPantanal-Everglades (EPI) de cooperação Estados Unidos-Brasil;

q Promoção de um evento envolvendo atividades conjuntas Dia do Pantanal-Dia Interamericano da Água

q Elaboração e distribuição de artigos aos principais jornais do continentesobre a Importância dos Pantanais e seu significado na regulação do clima eregime dos rios.

Março

v Dia da Mulher – o papel da mulher na preservação da água ( 08/03)

É de fundamental importância a participação da mulher na gestão da água umavez que em muitos lugares a tarefa de prover o abastecimento da família estáentregue à mulher. Ressaltar no Dia Internacional da Mulher a participaçãofeminina no gerenciamento dos assuntos relacionados com a água. A começarpela diretora geral da OMS.

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Anexo 2Sugestões de atividades:q Preparar material para a imprensa sobre o papel da mulher no mundo da

água. Destacar a figura da dona de casa que gasta um terço de seu dia paraprovidenciar o suprimento familiar; da educadora que forma as novasgerações no respeito à água; da diretora geral da OMS que coordena umexército de técnicos e especialistas preocupados com essa questão.Encontrar um mulher que seja presidente de uma companhia de saneamentoe outra que gerencie um poço comunitário. Selecionar uma redação de umamenina em que na linguagem infantil seja dito como a água é importantepara sua família.

q Aproveitar a data para homenagear mulheres que têm-se destacado navalorização da água e oferecer a medalha de Amiga da Água, relativa aos10 anos do DIAA. Cada país poderá ter a sua cerimônia de homenagem àsmulheres nessa data.

q Nessa data divulgar uma mensagem da diretora da OMS sobre O papel damulher na gestão da água especialmente dirigida às mulheres do continente.

v Dia Mundial da Água – a água na preservação da vida noplaneta (22/03)

Aproveitar o Dia Mundial da Água para lançar nesta data a proposta deconsiderar esse o Dia da Água Limpa. No continente destacar nos materiais deimprensa a tecnologia disponível para recuperação e preservação da água.Mostrar os mananciais em boa e/ou má situação. Valorizar o patrimônioambiental representado pelos recursos hídricos do continente.Atividades sugeridas:q Realizar feiras que mostrem como a tecnologia ajuda a recuperar a água

contaminada;q Distribuir material contabilizando a pujança da indústria da água;q Aproveitar a ocasião para homenagear as empresas que se preocupam com

a economia da água;q Fazer parceria com os Centro de Tecnologias Limpas, da Unido e mostrar o

trabalho que está sendo desenvolvido nessa área visando à adequação dosprocessos industriais para diminuição do consumo e/ou recuperação daágua;

q Difundir formas de economizar água em prédios e edifícios;q Divulgar tecnologias de reuso da água;q Fazer parcerias para que as empresas que já utilizam o reuso e fazem

economia direcionem seus anúncios nessa data para ressaltar o cuidadocom a água.

q Promover visitas a mananciais e prestar homenagens a eles (abraços ao rio,eventos culturais nas margens, etc.).

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Anexo 2Abril

v Dia Mundial da Saúde – água e saúde (07/04)

Ressaltar dentro das comemorações a importância da água na manutenção dasaúde. Divulgar as principais doenças transmitidas pela água e a situação docontinente. Divulgar os estudos da OPS sobre iniqüidade.Atividades sugeridas:q Promover o lançamento da publicação com contos, histórias e brincadeiras

infantis em torno da água e distribuir na ala infantil dos hospitais e emclínicas de atendimento infantil;

q Destacar na imprensa as estatísticas sobre mortalidade infantil e doençastransmitidas pela água e pelo meio ambiente contaminado que afetamcrianças;

q Divulgar nos principais jornais as doenças causadas pela água não tratada ecomo prevenir;

q Mostrar a situação do continente comparando os dados de mortalidadeinfantil com o acesso à água;

q Em parceria com as indústrias de cloro e outras tecnologias mostrar adesinfecção da água;

q Divulgar programas de pesquisa – como o Prosab – em busca de alternativasde baixo custo para tratamento da água e do esgoto.

q Nas feiras de saúde destacar os processos de tratamento de água e esgoto.q Promover eventos integrados com os movimentos de Município Saudável.

v Dia da Terra – água e solo – parceria indissolúvel ( 22/04)

Mostrar a importância da parceria água e solo. Destacar a necessidade depreservação das condições dos mananciais e o papel da irrigação na produçãode alimentos.Atividades sugeridas:q Preparar material para a imprensa sobre a água como insumo na produção

de alimentos;q Mostrar as várias formas de poluição dos lençóis freáticos e a necessidade

de cuidados para preservação dos mananciais subterrâneos;q Nos países integrantes do Mercosul incentivar a divulgação do Aqüífero

Guarani e promover eventos em estâncias hidrominerais, ressaltando aimportância de preservação das fontes subterrâneas.

q Estabelecer o elo de ligação entre a correta disposição dos resíduosagrícolas e a saúde dos mananciais.

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Anexo 2Junho

v Dia Mundial do Meio Ambiente – O Meio Ambiente e osecossistemas aquáticos (05/06)

Aproveitar as atividades relacionadas com a comemoração do Dia Mundial doMeio Ambiente para destacar o papel da água na manutenção e equilíbrio dosecossistemas aquáticos.

Atividades sugeridasq Divulgar na imprensa informações relacionadas com os principais

ecossistemas aquáticos do continente, suas belezas e fragilidades;q Lançar concursos de reportagem tendo como tema A Importância da Água

para o Meio Ambiente propondo a entrega dos prêmios no DIAA;q Abordar os aspectos relacionados com o Ciclo Hidrológico e a importância da

interação água-meio ambiente.q Promover evento conjuntos com os Ecoclubes ressaltando a importância do

ciclo hidrológico.

Outubrov Dia Mundial do Habitat – água e esgoto (02/10)

Difundir a integração dos enfoques entre a habitação e o saneamento.

Atividades sugeridas:q Divulgar informações relacionadas com a coleta e tratamento de esgotos

informando a comunidade sobre os mecanismos e processos de tratamento;q Destacar a situação do continente no que diz respeito à coleta e tratamento

de esgotos;q Destacar no continente a importância do tratamento de esgoto para a

melhoria das condições de habitabilidade das cidadesq Destacar em feiras e exposições que se promovam sobre habitação o correto

equacionamento do ciclo da água.q Divulgar informações sobre economia de água em prédios e edifícios e

recirculação.q Conveniar com empresas que fabricam equipamentos economizadores para

que dêem ênfase a esses aspectos em suas propagandas.

v Dia Internacional da Prevenção dos Desastres Naturais –02/10

Aproveitar a data para informar às comunidades e aos meios de comunicaçãosobre as causas e conseqüências ambientais de desastres naturaisrelacionadas com o ciclo da água.

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Anexo 2Atividades sugeridasq Promover treinamentos da comunidade para equacionar os problemas de

abastecimento emergencial de água;q Divulgar e orientar sobre as necessidades diárias de consumo da água e

alertar sobre os problemas de sua falta ou intermitência;q Referir os problemas de epidemias relacionadas à circulação de águas

servidas e aos vazamentos de depósitos de lixo;q Informar sobre o ciclo dos principais vetores das doenças de origem e

veiculação hídrica.

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Anexo 3Dia Interamericano da Água-100 anos da

OPAS

Como forma de destacar o enfoque água nas comemorações dos 100 anos daOPAS são sugeridas as seguintes atividades:

1) Heróis: incluir entre os premiados pessoas que tenham dado contribuiçõessignificativas na área de água e saneamento

Critérios:• Contribuição substancial ao saneamento• Exemplo de atitude• Entidade respeitável na área• Notável pesquisador• Pessoa que dedicou esforço e tempo em prol da causa• Político dedicado à causa.

2) Atividades com a mídia – incluir e destacar o tema água nos enfoques deprevenção e manutenção da saúde. Conferência no início de 2002 vai lançaros 100 anos. Material deve estar pronto em dez /2001.

3) Destacar a importância da água nas preocupações da OPAS para o próximocentenário. Divulgar declarações de mandatários sobre o tema.

4) Ressaltar o tema água em mostras, materiais, etc. que se relacionem com asaúde ( atenção ter material disponível com antecedência para esses usos).

5) Elaborar uma lista de fontes por país que possam conceder entrevistas eserem contatados para falar sobre o Tema Água e saúde.

6) Ressaltar a importância da água na manutenção da saúde na DeclaraçãoOficial do Dia da OPS ( vai haver um Dia?).

7) Elaborar um resumo das iniciativas relacionadas com a água nos 100 anosda OPS ( cólera, Tc). Destacar a contribuição social, científica e tecnológicada OPS na evolução das questões relacionadas com a água.

8) Produzir materiais ( folhetos, vídeos, spots) relacionados com os cuidadosda água e sua relação com a manutenção da saúde e que possam seraproveitados nas iniciativas dos 100 anos da OPAS.

9) Incluir o elemento água nos posters, displays comemorativos aos 100 anosda OPAS

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Anexo 310) Montar um acervo fotográfico – e disponibilizar as fotos para a mídia -

mostrando as várias faces dos cuidados com a água na manutenção dasaúde. As fotos podem ilustrar matérias e homepages relativas aos 100 anosda OPAS. Mostrar também as belezas e as feiúras dos mananciais latino-americanos ressaltando a importância de sua recuperação, manutenção.

11) Produzir uma agenda ( para uso como agenda ) comemorativa aos 100 anosda OPAS com enfoque na importância da água. Fazer um material básicoque pode ser adaptado à realidade de cada país, com enfoques locais eapoio de entidades e empresas locais. A cada dia ou semana colocar frases,dados, cuidados. A cada transição de mês ilustrar com desperdícios,maneiras de conservar, usos da água, importância, etc.

12) Criar uma medalha de amigo da água (pode ser pessoa, empresa,entidade, cidade, Estado, país), em forma de gota de cristal, para presentearautoridades e distinguidos que tenham desempenhado papel importante noque se refere a questões de água nas comemorações dos 100 anos daOPAS. Seria o equivalente ao campeão.

Pré-requisitos• sem droga ou álcool• esportista• celebridade nacional ( artista, etc)

13) Estimular os países a incluírem atividades no DIAA em seus calendárioscomo parte das comemorações dos 100 anos da OPAS.

14) Sugerir que o enfoque água e saúde seja destacado nos concursosjornalísticos que serão realizados em comemoração aos 100 anos. Osconcursos vão ser lançados em janeiro e o resultado deve sair em maio.

15) Destacar a importância da água nas ilustrações de camisetas, bonés, etc.que venham a ser confeccionados em comemoração aos 100 anos. Ex: “Nãobeba com estranhos” - elementos estranhos e que contaminam a água sãoresponsáveis por 70% das internações hospitalares em todo o mundo.

16) Incluir competições aquáticas - ressaltando a importância da água - emfestividades programadas para os 100 anos.

17) Incluir músicas relacionadas com a água – ou mesmo concertos inteiros commúsicas tendo essa temática – em atividades comemorativas aos 100 anos.Destacar esse enfoque na apresentação dos concertos informando sobre aágua na manutenção da saúde.

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Anexo 318) Coletar e imprimir pequenos relatórios sobre a situação do saneamento

básico em cada país e que possam integrar kits comemorativos aos 100anos.

19) Pesquisar a existência de jogos, contos e brincadeiras infantis relacionadascom a água que sejam utilizadas nos países latino-americanos e reproduziralguns para distribuir em hospitais e clínicas infantis. Produzir historinhascom “vilões da água” mostrando as doenças que causam e como prevenir.

20) Incluir demonstrações sobre tratamento de água em feiras que sejampromovidas em comemoração aos 100 anos.

21) Programar uma atividade para a data de aniversário da OPAS – 2 dedezembro - em que sejam premiados com a medalha de Amigo da Água asanitaristas que tenham dado contribuição importante para a área deSaneamento.

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Anexo 4Atividades para assinalar os dez anos da

celebração

1. Criação de uma logomarca para o Dia Interamericano da Água que possibiliteo fortalecimento da idéia e seja facilmente identificável em todo o continente.

2. Lançamento, a cada mês, no evento de cada país, de uma declaração deuma autoridade internacional e de uma autoridade nacional sobre aImportância da Água e do DIAA. Preferencialmente deve ser o presidente dopaís, o presidente do Congresso ou do Poder Judiciário ou umapersonalidade de destaque: prêmio nobel, escritor famoso, artistareconhecido, esportista de destaque. Entre as autoridades internacionais:secretário da ONU, OEA, OMS,OPAS, BID, Pnuma, Unido, Unicef, Unesco,BIRD.

3. Promoção de evento sobre o Aqüífero Guarani, em colaboração com oBanco Mundial, para ressaltar a importância da cooperação em baciastransfronteiriças. Ver outros locais onde há bacias compartilhadas e proporevento semelhante. Não limitar o evento à participação de técnicos. Prever aparticipação da mídia e ter uma parte cultural aberta ao público do país quesediar o evento. Providenciar a colocação de uma maquete nas capitais decada país mostrando o aqüífero e sua importância. Distribuir materialinformativo para o público sobre a água subterrânea e suas fragilidades.Fazer o mesmo com os demais mananciais compartilhados.

4. Ocupação de espaços na mídia de cada país, através da articulação comentidades e empresas para cedência de espaços pagos. A proposta é que naSemana da Água, em todos os países, a água ocupe grandes espaçoseditoriais e de propaganda na imprensa.

5. Produção de um material que possa ser utilizado em igrejas, citandopassagens bíblicas, para ampliar a informação sobre água para acomunidade. Destacar a simbologia da pureza da água (batismo) com anecessidade de preservação.

6. Incentivo a busca de parcerias variadas que facilitem a disseminação dasmensagens: estádios de futebol, beisebol e outros esportes. Utilização dosheróis esportivos para que possam dar declarações sobre a importância dapreservação da água, especialmente de esportes olímpicos aquáticos.

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Anexo 47. Incentivo a parcerias com setores geradores de energia hidroelétrica para

atividades conjuntas em torno do tema água.

8. Potencialização dos recursos disponíveis na página Web do DIAA e estímuloà formação de links com outras páginas relacionadas e também com veículosde comunicação eletrônica. Distribuição quinzenal de informações relativasàs atividades do DIAA aos sócios da iniciativa, através da lista dediscussões, e para os principais veículos de comunicação, a partir de agostode 2001 e até dezembro de 2002.

9. Produção de um folheto básico que detalhe a proposta principal do DIAApara distribuição nos principais eventos relacionados com água esaneamento no hemisfério: congressos, fóruns e seminários de projeçãomultinacional.

10. Busca de parcerias com outras agências de cooperação e fomento dohemisfério (OEA, BID, BIRD e outras da área de recursos hídricos) paraincentivo à disseminação da proposta do DIAA como uma estratégia demobilização das comunidades para defesa dos mananciais.

11. Articulação com organismos de bacias regionais, nacionais e internacionaispara disseminação da proposta do DIAA

12. Estabelecimento de uma rede de universidades, sob a coordenação daUniversidade do Vale do Rio dos Sinos – que apresentou a proposta nopainel sobre a Semana, para o desenvolvimento de atividades conjuntasdestinadas a levar o enfoque água para todos os centros de conhecimento.

13. Estimular a participação dos parlamentos no debate do tema água e nainstitucionalização do Dia Interamericano da Água, através de legislaçõeslocais, provinciais e/ou estaduais e federais.

14. Estimular a realização de atividades transnacionais nas bacias internacionaiscompartilhadas .

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Anexo 5Eventos a serem desenvolvidos no

Congresso da Aidis

Sendo o Congresso da Aidis um grande evento do ano de 2002 deverácentralizar uma programação que enalteça a iniciativa e ajude a suaconsolidação. Com esse objetivo são propostas as seguintes atividades técnicase de marketing:

1. Sessão plenária – 100 anos de saneamento e ambiente nas Américas –logros, dificuldades e perspectivas

2. Painéis temáticos

• Saneamiento e Salud – La importância de la participación de los Mediosde Comunicación en la disseminación de la información

• Dicsa: Ambiente y Salud –elementos claves del desarollo sustenible• Diagua: Cultura del agua. Participación comunitaria. Abocacia setorial.

DIAA• Diase : Tratamiento de esgoto: O desafio do novo milênio• Dica: O ar que respiramos: Fatores ambientais e desenvolvimento• Dicei: O profissional do passado e os desafio do milênio. O papel da

universidade na formação ambiental dos profissionais• Diede: La vulnerabilidad de la región a los desastres naturales. La

preparación de las comunidades.• Digeca: El desafio de la calidad e equidad em los servicios de

saneamiento.• Disar: Saneamiento rural: Los câmbios continentales, desafios e

intersetorialidad• Disep: La información e el Sisam – herramientas de gestión empresarial• Dircos: Regulación y control y la universalización de acesso a los

servicios• Dirsa: Residuo: um desafio que se acumula. La participación de la

comunidad

3. Homenagem à Aidis por meio século de parceria.

4. Lançamento do livro: 100 anos de saneamento ambiental nas Américas –as Origens da OPAS

5. Lançamento de Publicação Mobilizando as Américas pela Água - DezAnos do Dia Interamericano da Água no Congresso da Aidis;

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Anexo 56. Lançamento de CD – As Américas Cantam a Água - de músicas dos países

americanos tendo como tema Água. Show com grupos musicais cujasmúsicas estejam no CD;

7. Lançamento de coletânea de contos e brincadeiras infantis em torno da águacoletados entre o folclore e a cultura interamericana: A Água no Folclore ena Literatura Interamericana.

8. Lançamento da Agenda da Água (relativa ao ano 2003) para venda edistribuição em escolas contendo a cada dia informações sobre água;

9. Enfoque do prêmio de jornalismo da Aidis para 2002-4 na água esaneamento tendo em vista ser 2003 o Ano Internacional da Água;

10. Mostra de materiais, vídeos e posters de DIAAs nos países nos anosanteriores;

11. Convite a um jornalista de cada país para acompanhar o Congresso da Aidise debater a importância da imprensa na disseminação de informações sobreágua;

12. Reunião dos articuladores do DIAA em cada país para troca de experiênciase sugestões e articulação para as comemorações do Ano Internacional daÁgua (2003);

13. Entrega de medalhas de amigo da água para as personalidades destacadasentre os sócios da iniciativa que tenham tido atuação destacada nadisseminação da proposta do DIAA.

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Anexo 6Notas ilustrativas

1. Programa do Aqüífero Guarani pode servir de modelomundial

“O Banco Mundial está apostando no Programa do Aqüífero Guarani que poderáse tornar um modelo de gestão compartilhada de um manancial subterrâneo.Este é, segundo o consultor do Banco Mundial, o engenheiro sanitarista LuizCorrêa Noronha, que vem acompanhando as tratativas desde o início, umprojeto inédito no mundo. Noronha informa que o projeto teve origem em umaproposta da Universidade Federal do Paraná, apresentada ao Banco Mundial,ao mesmo tempo em que Governos da Região endereçavam propostasemelhante à Organização dos Estados Americanos (OEA); a proposta daUniversidade que pretendia realizar um estudo científico e de utilizaçãoeconômica sobre o aqüífero evoluiu para um projeto reunindo os quatropaíses do Mercosul uma vez que o manancial está presente em parte doterritório do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

Em fevereiro deste ano, na reunião em Foz do Iguaçu, os países confirmaram ointeresse e houve comum acordo quanto ao conceito do futuro projeto. Ascaracterísticas do Aqüífero Guarani - possivelmente a maior reserva subterrâneado mundo com 90% da água potável - fazem dele um manancial para usosdiversos, desde o abastecimento às populações, como já acontece em muitascidades brasileiras e uruguaias, turismo termal - como as termas de Salto, noUruguai -, irrigação, uso industrial (substituindo com vantagem o uso de energiapara aquecimento de água pois ela atinge de 40° a 60° em determinadospontos) e até mesmo para minimizar os efeitos de geadas, tão comuns nosEstados do sul do Brasil e no Uruguai e Argentina.Embora grande parte do aqüífero ainda permaneça sem utilização, nos pontosde afloramento, onde se obtém água a profundidades menores, já tem sidodetectada poluição pontual, como a oriunda de um lixão, entre as cidades deSantana do Livramento ( Brasil) e Rivera (Uruguai). Outro risco é a perfuraçãode poços de grandes vazões muito próximos um do outro o que pode ocasionara queda de rendimento, como já foi registrado em cidades limítrofes daArgentina e Uruguai. Segundo Luiz Noronha já está havendo uma conscientização das autoridadessobre a importância do Aqüífero Guarani para o futuro dos quatro países. Tantoassim que o governador da Província de Entre Rios (Argentina), Sérgio Montiel,decidiu proibir qualquer perfuração de poços na região até que sejam obtidasmais informações sobre o funcionamento e a dimensão do aqüífero, bem comoos potenciais de uso e suas fragilidades. O consultor do Banco Mundial lembraque "poço mal feito é o pior perigo que ronda os mananciais subterrâneos". Umapeculiaridade do aqüífero é que ele não passa pelo subsolo de nenhuma grande

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Anexo 6capital do Mercosul, exceção feita à cidade de Campo Grande, no Mato Grosso

do Sul.“Com uma área de 1.200.000 quilômetros quadrados - igual à da França,Inglaterra e Espanha, juntas – este depósito subterrâneo de água percorre umaregião habitada por mais de 15 milhões de pessoas. O volume deágua armazenada - 40.000 km3 - pode abastecer a uma população de até 360milhões de habitantes, tomando-se por base um consumo per capita de 300litros por dia. Amostras da água fóssil em alguns pontos e determinadasprofundidades desse manancial, submetidas a teste de carbono14, revelaramque a água estava sendo filtrada e purificada através dos mecanismos deautodepuração biogeoquímica há pelo menos 10 mil anos.A maior parte (2/3) do aqüífero está no subsolo brasileiro nos Estados doMato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Paraná,Santa Catarina e Rio Grande do Sul. As recargas deste manancial subterrâneoocorrem quando a água da chuva entra pelos seus pontos de afloramento, amaioria deles situada no Brasil, Paraguai e Uruguai.

Desde a antigüidade o homem tem usado a água subterrânea para suasnecessidades de abastecimento como um manancial de cuja pureza ninguém

duvidava. A sabedoria dos mais velhos já nos ensinava que a "água depoço é pura, fresquinha e tem um sabor como nenhuma outra". E ainda hoje

muita gente prefere pagar muito mais caro por um copo de água mineral,extraída de fontes do subsolo, julgando que assim estará consumindo um

produto de qualidade incontestável. Estas "verdades" começam a sofrercontestações a partir dos dados divulgados pelo WorldWatch Institute na

edição jan/fev 2000 de sua revista em que é apresentado um relatório sobre asegurança dos lençóis freáticos. O autor do trabalho, o pesquisador PayalSampat, diz que "diferente do que muita gente pensa as águas de nossas

fontes e poços já revelam traços de poluição. E nesses mananciais, ao contráriodos rios, a poluição é geralmente irreversível". E explica que enquanto num rio

de superfície a taxa de recarga é de 20 dias em média, nos lençóis subterrâneospode chegar a 1.400 anos. Assim, para recompor aquela reserva

retirada são necessários séculos, o que significa que um poço exauridoraramente tem condições de ser recomposto. O mesmo vale para os poluentes

que vão se acumulando. Em uma frase que tem que nos levar a refletir oespecialista do WorldWatch Institute diz: "Se continuarmos a esburacar a Terra- esperando que engula nosso lixo e ao mesmo tempo nos forneça água pura -

poderemos estar brincando com conseqüências que ninguém deseja".Payal Sampal informa em seu relatório que mais de 1,5 bilhão de pessoas

dependem hoje da água subterrânea nos cinco continentes sendo que mais de90% da população rural depende desses mananciais. Ele conta que na Índia o

número de poços perfurados saltou de 3.000 em 1960 para 6 milhões em 1990 eem Bangladesh foram mais de 1 milhão, 70% dos quais estão contaminados

com arsênico natural. Uma das explicações para esta contaminação, descritapor Sampal, é a de que o excesso de bombeamento cause a entrada de

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Anexo 6oxigênio atmosférico no aqüífero, oxidando os segmentos de pirita de ferro eprovocando a dissolução do arsênico. Uma outra hipótese, divulgada narevista Nature, atribui o fenômeno a uma ação dos fosfatos do escoamento defertilizantes sobre os microorganismos do solo ajudando a liberar o arsênico dossedimentos.Ao mesmo tempo em que se acentua essa dependência dos mananciaissubterrâneos para a irrigação, indústria ou abastecimento começam a aparecersinais da poluição originada há mais de 40 anos em várias partes do mundo. Oestudo do WorldWatch Institute menciona o caso de Weldon Spring, no Missouri(EUA), onde durante a II Guerra Mundial foi estabelecida uma fábrica de TNT doExército, posteriormente abandonada. Esta fábrica deixou uma plumade contaminação que se espalhou para outras partes do aqüífero a váriosquilômetros de distância.Outra ameaça aos lençóis freáticos é o vazamento de gasolina que segundo opesquisador foi constatado pelo órgão ambiental norte-americano em mais100.000 postos em 1998.Outros contaminantes que persistem por décadas são os pesticidas usados naagricultura e os fertilizantes a base de nitrogênio. Neste caso particular, segundoSampal, a formação de nitritos em altas concentrações na água podeocasionar a doença conhecida como síndrome do bebê azul.Os especialistas já vêm advertindo há muito tempo que a perfuração excessivade poços, especialmente em regiões litorâneas, pode provocar a salinização dosmananciais subterrâneos. O fenômeno, denominado intrusão salina, podeinviabilizar o uso da água doce mesmo a vários quilômetros do local ondeocorreu. No relatório apresentado pelos pesquisadores do WorldWatchInstitute são citados os casos de Manila, Flórida, Chipre, e Jacarta, onde a águado mar penetrou no aqüífero tornando a água imprópria para o consumo.A matéria da revista World-Watch mostra também o importante papel que osaqüíferos desempenham como abastecedores dos cursos d'água superficiais.Pesquisas feitas em 54 córregos de várias partes dos Estados Unidos revelaramque grande parte da vazão vinha das fontes subterrâneas. Diz Payal Sapat que"a água subterrânea é a base da contribuição do Mississipi, do Niger, doYangtze e de muitos outros grandes rios mundiais. Os banhados e pântanos,habitats importantes para aves e peixes, nutrem-se normalmente de águasubterrânea".Revista Águaonline – edição 12 – 21 a 27/06/2000.

2. Reuso da água - uma alternativa viável - Prof. IvanildoHespanholNas regiões áridas e semi-áridas, a água se tornou um fator limitante para odesenvolvimento urbano, industrial e agrícola. Planejadores e entidadesgestoras de recursos hídricos, procuram, continuamente, novas fontes derecursos para complementar a pequena disponibilidade hídrica ainda existente.

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Anexo 6No polígono das secas do Nordeste, a dimensão do problema é ressaltada porum anseio, que já existe há 75 anos, para a transposição do Rio São Francisco,visando ao atendimento da demanda dos estados não riparianos, da regiãosemi-árida, situados ao norte e a leste de sua bacia de drenagem.

A Bacia do Alto Tietê, por exemplo, que abriga uma população superior a 15milhões de habitantes e um dos maiores complexos industriais do mundo,dispõe, pela sua condição característica de manancial de cabeceira,vazões insuficientes para a demanda da Região Metropolitana de São Paulo emunicípios circunvizinhos. Esta condição, tem levado à busca incessante derecursos hídricos complementares de bacias vizinhas, que trazem, comoconseqüência direta, aumentos consideráveis de custo, além dos evidentesproblemas legais e político-institucionais associados. Esta prática tende a setornar cada vez mais restritiva, face à conscientização popular, arregimentaçãode entidades de classe e ao desenvolvimento institucional dos comitês de baciasafetadas pela perda de recursos hídricos valiosos.

Usos IndustriaisOs custos elevados da água industrial, associados às demandas crescentes,têm levado as indústrias a avaliar as possibilidades internas de reuso e aconsiderar ofertas das companhia de saneamento para a compra de efluentestratados, a preços inferiores aos da água potável dos sistemas públicos deabastecimento. A "água de utilidade" produzida através de tratamento deefluentes secundários e distribuída por adutoras que servem um agrupamentosignificativo de indústrias, se constitui, atualmente, em um grande atrativo paraabastecimento industrial a custos razoáveis.Em algumas áreas da região metropolitana de São Paulo o custo da água postaà disposição da indústria está em torno de RS$ 8,00 o metro cúbico, enquanto aágua de utilidades apresenta um custo marginal por metro cúbico pouco superiora R$ 2,00. Dentro do critério de estabelecer prioridades para usos que jápossuam demanda imediata e que não exijam níveis elevados de tratamento, érecomendável concentrar a fase inicial do programa de reuso industrial, emtorres de resfriamento. Esgotos domésticos tratados têm sido amplamenteutilizados como água de resfriamento em sistemas com e sem recirculação.Embora corresponda a apenas 17% da demanda de água não potável pelasindústrias, o uso de efluentes secundários tratados, em sistemas deresfriamento, tem a vantagem de requerer qualidade independente do tipode indústria, e a de atender, ainda, a outros usos menos restritivos, tais comolavagem de pisos e equipamentos, e como água de processo em indústriasmecânicas e metalúrgicas. Além disso, a qualidade de água adequada pararesfriamento de sistemas semi-abertos, é compatível com outros usos urbanos,não potáveis, tais como irrigação de parques e jardins, lavagem de vias públicas,construção civil, formação de lagos para algumas modalidades de recreação epara efeitos paisagísticos.

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Anexo 6

3. La biodiversidad en busca del mercado mundial

LIMA, abr 20001 (IPS) La rica biodiversidad de Perú puede ampliar lacapacidad exportadora del país, si logra desarrollar una adecuada estrategia deproducción y comercialización, aseguran expertos. Perú es considerado por losexpertos uno de los países con mayor diversidad de especies de flora, de faunay de microorganismos y, por consiguiente, en diversidad de recursosgenéticos. El economista Percy Aquino explicó que para lograr esa metacomercial y "convertir a la biodiversidad en una herramienta de desarrolloeconómico y social hay que acceder a la tecnología adecuada". Ello se puedeconseguir a través de "la asociación con entidades y empresas extranjeras quetienen recursos e importante participación en el mercado internacional", indicó.Aquino aclaró que esa asociación "debe realizarse dentro de pautas deprotección a nuestros derechos nacionales, así como los de las comunidadesnativas, cuyo conocimiento ancestral suele servir de base a la prospección". Alrespecto, el presidente del Instituto Peruano de Plantas Medicinales, José LuisSilva, demanda del gobierno y del Congreso normas que exijan un mayor valoragregado a la exportación de ese tipo de vegetales. "El mercado mundial deproductos basados en plantas medicinales alcanza a 7.000 millones de dólaresanuales, pero la exportación peruana en ese rubro es de sólo dos millones dedólares al año, que representa apenas 0,03 por ciento de ese comercio", detalló.Silva comentó que existe una extracción depredadora y una exportación sincontrol de semillas, por lo cual recomendó la contratación de empresasinternacionales certificadoras para combatir la falsificación y proteger la imagende los productos. En tanto, la Comisión Nacional de Medio Ambiente (Conam),con respaldo de ambientalistas y científicos, estudia un plan llamado "Estrategiade fomento del uso sustentable de los recursos biológicos para el logro de losprincipios del Convenio de Diversidad Biológica y el Desarrollo"."Para hacer factible el manejo sustentable de la diversidad biológica debemoscomprender, no sólo los beneficios económicos potenciales del materialgenético, sino también las condiciones necesarias para desarrollar un eficiente yatractivo mercado de la bioprospección", afirmó Elena Espinoza, del Conam.Espinoza admitió que la información en el país sobre estos recursos esinsuficiente para determinar su valor actual o potencial. "Los mecanismos denegociación no están bien desarrollados, se necesita información y capacidad denegociación comercial, así como financiamiento para ello", añadió.También Antonio Brack Egg, investigador peruano que trabaja en la UniversidadJulius Maximiliam de Wurzburg, Alemania, cree que los recursos genéticos dePerú están absolutamente subutilizados". Brack Egg, doctor en cienciasnaturales, hace 40 años que estudia las especies autóctonas de la selvaamazónica peruana, lapso en el cual ha publicado nueve libros y decenas deartículos de investigación en revistas científicas internacionales, y es el autor del"Diccionario Enciclopédico de Plantas Utiles del Perú".

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Anexo 6El científico, descendiente de colonos alemanes que se instalaron en un valle dela selva central peruana, reconoce que obtuvo la mayor parte de información enconversaciones con curanderos y ancianos de las diversas etnias amazónicas.

Precisó que la población aborigen utiliza cerca de 4.400 especies nativas, de lascuales unas mil son alimentos, unas 1.400 son plantas medicinales y el restosirve de colorante, abono, afrodisíacos y para otros usos. Por su parte, elabogado y ambientalista Jorge Caillaux apuntó que "la ventaja de Perú de seruna de las naciones de mayor riqueza en biodiversidad es un excelente punto departida", pero debe ampararse en "los convenios internacionales que protegenel interés de los países originadores de la biodiversidad". Caillaux, directivo de laSociedad Peruana de Derecho Ambiental, indicó que "los convenios establecenel marco de interacción entre los países industrializados y las naciones endesarrollo, cuyos recursos de biodiversidad son explotados por las(compañías) transnacionales farmacéuticas". Algunos productos, como lasplantas llamadas "uña de gato" y "maca", son explotados por laboratorioseuropeos y asiáticos sin pagar patente alguna a Perú ni a la comunidadindígena, que descubrió y reveló sus virtudes medicinales. La corteza de la uñade gato contiene un poderoso regenerador de la inmunidad, que se ha empleacon éxito en ciertos tipos de cáncer y para combatir o atenuar algunas de lasenfermedades que facilita el síndrome de inmunodeficiencia adquirida (sida).Las posibilidades de la exportación de productos biogenéticos han sidoincorporadas a algunas plataformas políticas, como es el caso del plan dereducción del desempleo en Perú diseñado por el Frente IndependienteMoralizador (FIM).

4. Qualidade e vulnerabilidade da água no Delta de SanJoaquin, Califórnia

Apesar de uma parte substancial das precipitações da Califórnia caírem aonorte de Sacramento-Delta do San Joaquin, durante o inverno e a primavera, amaior parte do uso dessas águas ocorre ao sul do delta, durante o verão e ooutono. Assim, os governos federal e estadual construíram reservatórios deestoque, ao norte do delta, e canais, ao sul, para levar água onde e quando énecessária. Essa transferência de água, de grande porte, torna possível apoiar,simultaneamente, uma população de quase 30 milhões de pessoas e centenasde milhares de hectares de agricultura irrigada em um estado que é, em suamaior parte, um deserto.Esses orgânicos naturais, contendo precursores de DBP, são lavados dos solosricos em húmus orgânico que recobrem muitas das ilhas do delta e podemafetar, desfavoravelmente, o abastecimento de água potável na Califórnia. Aschuvas pesadas que aí caíram, em janeiro de 1997, geraram bancos de lama aoredor de diversas ilhas no outono, inundando-as. A liberação do carbonoorgânico dissolvido dos solos ricos em húmus para as águas das cheias deve ter

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Anexo 6aumentado a quantidade de precursores de DBP liberados, no suprimento deágua divergida do delta.As plantas de tratamento preferem evitar a formação de DBP, usando águascom baixas concentrações de precursores de orgânicos naturais, mas é aindapequeno o conhecimento de quais compostos são mais reativos e o quantoeficientemente medi-los.Esse estudo caracterizará os tipos de compostos orgânicos, agindo comoprecursores de DBP no Delta do San Joaquin, e pesquisarão e realizarão testes,com um método barato, que detectará sua presença. Tal método é de grandeinteresse e, potencialmente, uma grande economia, para as estações detratamento de água nos EUA.

5. Água subterrânea vulnerávelDesde a antigüidade o homem tem usado a água subterrânea para suasnecessidades de abastecimento como um manancial de cuja pureza ninguémduvidava. A sabedoria dos mais velhos já nos ensinava que a "água depoço é pura, fresquinha e tem um sabor como nenhuma outra". E ainda hojemuita gente prefere pagar muito mais caro por um copo de água mineral,extraída de fontes do subsolo, julgando que assim estará consumindo umproduto de qualidade incontestável.Estas "verdades" começam a sofrer contestações a partir dos dados divulgadospelo WorldWatch Institute na edição jan/fev 2000 de sua revista em que éapresentado um relatório sobre a segurança dos lençóis freáticos. O autor dotrabalho, o pesquisador Payal Sampat, diz que "diferente do que muita gentepensa as águas de nossas fontes e poços já revelam traços de poluição. Enesses mananciais, ao contrário dos rios, a poluição é geralmente irreversível".E explica que enquanto num rio de superfície a taxa de recarga é de 20 dias emmédia, nos lençóis subterrâneos pode chegar a 1.400 anos. Assim, pararecompor aquela reserva retirada são necessários séculos, o que significa queum poço exaurido raramente tem condições de ser recomposto. O mesmo valepara os poluentes que vão se acumulando. Em uma frase que tem que nos levara refletir o especialista do WorldWatch Institute diz: "Se continuarmos aesburacar a Terra - esperando que engula nosso lixo e ao mesmo tempo nosforneça água pura - poderemos estar brincando com conseqüências queninguém deseja".Payal Sampal informa em seu relatório que mais de 1,5 bilhão de pessoasdependem hoje da água subterrânea nos cinco continentes sendo que mais de90% da população rural depende desses mananciais. Ele conta que na Índia onúmero de poços perfurados saltou de 3.000 em 1960 para 6 milhões em 1990 eem Bangladesh foram mais de 1 milhão, 70% dos quais estão contaminadoscom arsênico natural. Uma das explicações para esta contaminação, descritapor Sampal, é a de que o excesso de bombeamento cause a entrada deoxigênio atmosférico no aqüífero, oxidando os segmentos de pirita de ferro eprovocando a dissolução do arsênico. Uma outra hipótese, divulgada narevista Nature, atribui o fenômeno a uma ação dos fosfatas do escoamento de

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Anexo 6fertilizantes sobre os microorganismos do solo ajudando a liberar o arsênico dossedimentos.Ao mesmo tempo em que se acentua essa dependência dos mananciaissubterrâneos para a irrigação, indústria ou abastecimento começam a aparecersinais da poluição originada há mais de 40 anos em várias partes do mundo. Oestudo do WorldWatch Institute menciona o caso de Weldon Spring, no Missouri(EUA), onde durante a II Guerra Mundial foi estabelecida uma fábrica de TNT doExército, posteriormente abandonada. Esta fábrica deixou uma plumade contaminação que se espalhou para outras partes do aqüífero a váriosquilômetros de distância.

6. Ameaças à água subterrâneaOutra ameaça aos lençóis freáticos é o vazamento de gasolina que segundo opesquisador foi constatado pelo órgão ambiental norte-americano em mais100.000 postos em1998. Outros contaminantes que persistem por décadas sãoos pesticidas usados na agricultura e os fertilizantes a base de nitrogênio. Nestecaso particular, segundo Sampal, a formação de nitritos em altas concentraçõesna água pode ocasionar a doença conhecida como síndrome do bebê azul.Os especialistas já vêm advertindo há muito tempo que a perfuração excessivade poços, especialmente em regiões litorâneas, pode provocar a salinização dosmananciais subterrâneos. O fenômeno, denominado intrusão salina, podeinviabilizar o uso da água doce mesmo a vários quilômetros do local ondeocorreu. No relatório apresentado pelos pesquisadores do WorldWatchInstitute são citados os casos de Manila, Flórida, Chipre, e Jacarta, onde a águado mar penetrou no aqüífero tornando a água imprópria para o consumo.A matéria da revista World-Watch mostra também o importante papel que osaqüíferos desempenham como abastecedores dos cursos d'água superficiais.Pesquisas feitas em 54 córregos de várias partes dos Estados Unidos revelaramque grande parte da vazão vinha das fontes subterrâneas. Diz Payal Sapat que"a água subterrânea é a base da contribuição do Mississipi, do Niger, doYangtze e de muitos outros grandes rios mundiais. Os banhados e pântanos,habitats importantes para aves e peixes, nutrem-se normalmente de águasubterrânea".

7. Contaminação por vazamentos de gasolinaBiorremediação natural pode ser a solução para reduzir o impacto ambientalcausado por vazamentos de gasolina que atingem os mananciais subterrâneosde água. As pesquisas, que vêm sendo realizadas desde 1994, pelo Laboratóriode Remediação de Águas Subterrâneas, do Departamento de EngenhariaSanitária e Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina(UFSC), têm o apoio de especialistas do Centro de Pesquisas da Petrobrás(Cenpes). Segundo o coordenador do grupo, professor Henry Xavier Corseuil,a particularidade da gasolina brasileira (que tem adição de 24% de álcool), jádesperta atenção no exterior uma vez que outros países poderão passar a usaresta mistura, principalmente depois das controvérsias sobre o uso de aditivos

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Anexo 6como o MTBE. O trabalho conta com resultados de seis dissertações demestrado e de duas teses de doutorado em andamento, além de umexperimento de campo inédito no país: a simulação e o monitoramento de umvazamento controlado. Os testes de campo estão garantindo aospesquisadores dados concretos sobre os processos de deslocamento edesaparecimento natural da 'pluma' de combustível no subsolo. O objetivo doestudo é comprovar a viabilidade da biorremediação natural como um suporteobrigatório na tomada de decisão para redução do impacto ambiental causadopor derramamentos oriundos de postos de gasolina.Corseuil afirma que a degradação do combustível ocorre naturalmente, e se esteprocesso for quantificado adequadamente, em muitos casos, podem serevitados grandes investimentos na aplicação de tecnologias corretivas.Ação da natureza"No solo há microorganismos que, ao se alimentarem, se encarregam deremover os contaminantes da área afetada pela gasolina", explica o professor.Mas para que se obtenha benefícios da biorremediação natural, énecessário um conhecimento profundo dos processos que envolvem otransporte dos contaminantes e a degradação do combustível no subsolo - o quedepende de estudos particulares de cada local. Entre as vantagens dessatecnologia estão: a completa transformação dos contaminantes em produtosinócuos, a menor produção, geração ou transferência de resíduos de uma fasepara a outra e o uso combinado com outras medidas de remediação.

8. Poluição dos cemitériosOs cemitérios podem representar perigo ambiental nunca imaginado pelamaioria das pessoas. O problema envolve as substâncias liberadas peloscorpos em decomposição. A exemplo de todo o País, os cemitérios públicos deGoiás podem apresentar problemas hidrogeoambientais, ou seja, contaminaçãodas águas subterrâneas (lençóis freáticos) pelo necrochorume, líquido eliminadopelos corpos no primeiro ano do sepultamento. O alerta é do geólogo paulistaLezíro Marques Silva, que pesquisa o assunto desde 1970. Para sua pesquisa,que virou tese a ser apresentada no próximo ano, o professor percorreu 600cemitérios municipais e particulares em todo o País e encontrou um quadropreocupante. "Em cerca de 75% dos cemitérios públicos há problemas decontaminação e, nos particulares, o índice é de 25%", afirmou o professor,salientando que não há preocupação das autoridades com essa questão .Entre os problemas mais comuns destacados pelo pesquisador estão apresença de túmulos malfeitos, com alvenaria rejuntada de forma inadequada emanutenção precária. Deficiências que, aliadas à má localização, podem fazerdos cemitérios fontes altamente poluidoras das águas subterrâneas, alerta.Segundo o pesquisador, o cadáver de um adulto, pesando cerca de 70 quilos,produz cerca de 30 litros de necrochorume em seu processo de decomposição.Esse líquido é composto por 60% de água, 30% de sais minerais e 10% desubstâncias orgânicas, entre as quais algumas bastante tóxicas, como aputrefina e a cadaverina: um meio ideal para a proliferação de microorganismos

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Anexo 6responsáveis pela transmissão de doenças infectocontagiosas, entre elas ahepatite e a poliomieliteEm razão da sua característica especial, esses microorganismos podemproliferar num raio superior a 400 metros do cemitério. Silva explica que onecrochorume é facilmente absorvido pela água e, por isso, a contaminação éproblemática, principalmente, nos locais onde o abastecimento se dá por poçosou cisternas."Além da contaminação, a má localização dos cemitérios é outro complicador: anão-decomposição dos corpos, com a ocorrência de fenômenos como asaponificação (o corpo não se decompõe), nos locais onde o terreno é úmido, ea mumificação, em locais de solo arenoso, obrigam à expansão da área o queganha contorno dramático nas grandes cidades. "O ideal, segundo o geólogoJamilo José Thomé Filho, é o respeito a critérios para a instalação doscemitérios, como a topografia do terreno, que precisa ser plano; a geologia e otipo de solo, que deve ser pouco permeável; a distância mínima dos recursoshídricos, longe de áreas sujeitas à inundação e distância mínima de 3 metros dolençol freático. Segundo ele o tratamento dos efluentes faz diminuir o risco decontaminação .