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PROJECTO DE FERRO DA BAOBAB, TETE, MOÇAMBIQUE LEVANTAMENTO DE BASE DE ECOLOGIA AQUÁTICA E QUALIDADE DA ÁGUA SUPERFICIAL Preparado para: Preparado pela: Capitol Resources Lda (Membro do Grupo Baobab) Coastal and Environmental Services (Pty) Ltd Mozambique, Limitada Rua Fernão Melo e Castro 261 Bairro da Sommerschield Maputo, Telefone: +258 21486404 Website: www.baobabresources.com Endereço: Rua do Jardim N.112, 2 andar esquerdo, Bairro do Jardim Maputo, Moçambique +258 82 413 6038 Website: www.cesnet.co.za Moçambique Moçambique Dezembro, 2014

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PROJECTO DE FERRO DA BAOBAB, TETE, MOÇAMBIQUE

LEVANTAMENTO DE BASE DE ECOLOGIA AQUÁTICA E QUALIDADE DA ÁGUA SUPERFICIAL

Preparado para:

Preparado pela:

Capitol Resources Lda (Membro do Grupo Baobab)

Coastal and Environmental Services (Pty) Ltd Mozambique, Limitada

Rua Fernão Melo e Castro 261

Bairro da Sommerschield Maputo,

Telefone: +258 21486404

Website: www.baobabresources.com

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Dezembro, 2014

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O presente relatório deve ser citado da seguinte forma: Coastal & Environmental Services, Dezembro de 2014: Projecto de Ferro da Baobab: Levantamento de base de ecologia aquática e qualidade da água superficial, CES, East London. .

Revisão do Relatório pela CES e Cronograma de rastreamento Título do Documento

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Levantamento de Base de Ecologia Aquática e Águas Superficiais – Dezembro de 2014

Coastal & Environmental Services (Pty) Ltd Projeto de minério de ferro Tete i

SUMÁRIO EXECUTIVO Introdução A Baobab Resources Plc (Baobab) é uma empresa listada da AIM com um portfólio de propriedades minerais na República de Moçambique. O activo mais importante da empresa é o Projecto de magnetite-ilmenite (ferro) de Tete, localizado na Província de Tete em Moçambique. A Capitol Resources Limitada (Capitol Resources), uma subsidiária da Baobab Resources, propõe-se a desenvolver o Projecto de Ferro de Tete, que está localizado nos distritos de Chiúta e Moatize, a 30 km a norte da Cidade de Tete. A Capitol Resources concentrar-se-a inicialmente nos depósitos de Tenge-Ruoni (Planícies de Ruoni, Ruoni Norte, Ruoni Sul e Tenge) que se inserem dentro do conjunto de prospecto conhecido como Grupo Massamba. Esta é uma área de mineralização que contém magnetite, titânio e vanádio e será utilizada para a produção de ferro-gusa. Para subsidiar a Avaliação de Impacto Ecológico Aquático para o projecto proposto foi recomendado um levantamento detalhado da ecologia aquática dos rios e córregos dentro e ao redor da área do projecto. Os dados desses levantamentos irão ajudar a aumentar a compreensão da variação natural na composição da comunidade de diferentes componentes da ecologia aquática em toda a área do projecto. O primeiro relatório de base forneceu uma visão geral inicial dos resultados obtidos durante o levantamento da estação chuvosa realizado entre os dias 7 e 15 de Março de 2013. O segundo relatório consolidou as conclusões do relatório de base inicial, pela inclusão dos resultados obtidos no levantamento da estação seca realizado entre os dias 13 e 20 de Setembro de 2013. Foi realizado um segundo levantamento na estação chuvosa em Março de 2014, e o segundo levantamento da estação seca foi realizada entre 15 e 19 de Setembro de 2014. Termos de Referência Os seguintes termos de referência aplicam-se a esta avaliação (com base nos Termos de Referência fornecidos pela CES para a Capitol Resources para a Proposta do Levantamento Ecológico para a Estação Chuvosa):

a) Estabelecer o estágio de base do estado ecológico e saúde geral do Rio Revuboé em termos de: • Espécies indicadoras de Invertebrados • Química da água (metais, nutrientes, parâmetros físicos e medições de campo)

b) Determinar a importância ecológica do sistema fluvial e definir limites de indicadores mínimos para o monitoramento da qualidade da água

c) Identificar actividades a montante que estão a ter impacto actualmente na saúde ecológica do rio Revuboé.

d) Determinar se a descarga de águas no rio Revuboé é adequada. De modo a alcançar os termos de referência deve-se realizar um mínimo de levantamentos em dois locais (um na base do fluxo do nível do rio, e um no fluxo mais elevado do nível do rio). Isso irá garantir que o impacto da sazonalidade é adequadamente apreendido e abordado. Resultados Os resultados das análises laboratoriais de qualidade da água são apresentados nas Tabelas 6-1 e 6-2, abaixo. Muito pouco se pode inferir a partir dos resultados nesta fase, uma vez que representam apenas quatro amostras discretas dentro de um período de 24 meses. È necessário um monitoramento a longo prazo de base da qualidade da água, de modo a descrever com precisão a qualidade físico-química da água predominante na área.

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Em termos dos padrões de água potável do MICOA, e os padrões de água doce da ANZECC, a qualidade da água na área é muito boa. Na maioria dos casos onde o resultado medido excedeu o valor de referência, as excedências podem ser atribuídas a aumentos sazonais de, entre outros, escoamento de sedimentos. Não foram observadas fontes de poluição antropogénicas significativas. Embora os valores de referência para qualidade de água doce de outras jurisdições possa fornecer alguns critérios adequados às condições de Moçambique recomenda-se que a Capitol inicie um programa de monitoramento de qualidade da água a longo prazo. Directrizes para Qualidade de Água Doce e Marinha da Australiana e Nova Zelândia (ANZECC 2000) recomendaM 24 valores mensais por cada local de referência.) Isso permitirá o desenvolvimento de uma base de dados de base da qualidade de água específica do local. Esta base de dados pode então ser usada para fornecer uma directriz-alvo para a qualidade de água específica para o local da Baobab. O monitoramento da qualidade da água posterior ao início das operações de mineração pode, então, ser comparado com a directriz desenvolvida a partir do programa de monitoramento de base. Como é provável que haja sempre flutuação natural na qualidade da água do ambiente, é importante estabelecer um mecanismo para identificar quando um parâmetro está altamente fora do normal, mais do que ligeiramente elevado. A CES recomenda que uma abordagem a considerar seriam os valores da mediana e percentis associados da excedência dos dados de monitoramento, como recomendado no ANZECC (2000), desde o início do programa de monitoramento de base. Foram colhidos macroinvertebrados aquáticos usando o protocolo padrão de Sistema de Pontuação Sul-Africano/ South African Scoring System (SASS5) conforme descrito na Secção 4.4. A lista dos macroinvertebrados aquáticos colhidos durante os levantamentos é apresentada na Tabela 6-4. Em termos da metodologia SASS existem três principais índices calculados, nomeadamente, a Pontuação SASS, o Número do taxa, e a Pontuação Média por Táxon (ASPT). O índice ASPT é calculado dividindo a Pontuação SASS pelo Número de Taxa identificados, . Este índice fornece uma medida fiável da saúde de um rio. A Tabela 6-4 mostra a ASPT calculada para cada um dos pontos amostrados. O Rio Revuboé tem a maior ASPT, em grande parte devido as duas categorias de taxa 11 - 15, enquanto o Rio Ncacame teve o maior número de taxa, mas a maioria esteve no intervalo mais baixo e mais tolerante a poluição. O número da taxa de macroinvertebrados aquáticos variou de 23 no local do rio Ncacame a 9 no local do Rio Nhambia (Tabela 6-2). No geral, e com base na ASPT, a área pode ser classificada como BOA nos termos da Tabela 4-1.

Resumo das estatísticas descritivas globais de invertebrados aquáticos.

Local No. de taxa Pontuação SASS

ASPT

Rio Nhambia 9 47 5.2

Rio Tshissi 18 94 5.2

Rio Ncacame 23 145 6.3

Rio Revuboè (u/s) 13 89 6.8

Rio Revuboe (u/s) 16 116 7.3

Controlo do Córrego 15 70 4.7

Rio Ncondezi (u/s) 15 87 5.8

Rio Ncondezi (d/s) 14 73 5.2

GLOBAL 39 248 6.4

A contribuição percentual de taxa EPT por local foi calculada e é apresentada na Tabela 6-3. O número da taxa EPT variou de 2 no local do Rio Nhambia A 7 no local ajusante do Rio Revuboé, contribuindo quase 50% do conjunto de invertebrados geral naquele local (Tabela 6-3). A alta contribuição percentual (> 30%) do taxa EPT para o conjunto geral de invertebrados nos locais do

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Rio Revuboé indica que a integridade biótica permanece elevada dentro do rio, apesar dos impactos do desmatamento da zona ripariana e sedimentação associada do rio.

Resumo da contribuição do taxa EPT para a riqueza do táxon em cada local.

Local No de taxa No de taxa EPT % EPT Rio Nhambia 9 2 22.2

Rio Tshissi 18 5 27.8

Rio Ncacame 23 5 21.7

Rio Revuboè (u/s) 13 6 46.2

Rio Revuboe (u/s) 16 7 43.8

Controlo do Córrego 15 2 13.3

Rio Ncondezi (u/s) 15 5 33.3

Rio Ncondezi (d/s) 14 4 28.6

GLOBAL 39 11 28.2

Outra evidência da boa qualidade do rio Revuboé foi a presença de três taxa conhecidos por serem intolerantes a poluição - todos contribuem para a alta pontuação de EPT%. Foram identificados nas amostras do Rio Revuboé o táxon plecopteran, os taxa Perlidae e Ephemeropteran, Oligoneuridae e Heptageniidae; e todos estavam, de facto, presentes em relativa abundância. Estado actual dos ecossistemas fluviais dentro e ao redor da área do projecto. Chegou-se as seguintes conclusões com base no levantamento de base dos ecossistemas aquáticos:

As análises da qualidade da água In situ e físico-químicas indicaram que no geral a qualidade da água é BOA;

A contribuição da percentagem elevada (> 30%) de Ephemeroptera, Trichoptera e Plecoptera (taxa EPT) para o conjunto geral de invertebrados no local do Rio Revuboé indica que a integridade biótica permanece elevada neste local, apesar dos impactos do desmatamentoda zona ripariana e aumento da carga de sedimentos;

Foram identificados um total de 39 táxons no local do projecto e arredores, com uma ASPT de 6.4. A ASPT indica uma classificação BOA em termos de ecologia aquática.

Foram identificados um total de 4 impactos negativos (Tabela 8.1) e com mitigação, dois impactos foram determinados como tendo BAIXA significância e 2 de significância MODERADA. Um impacto, o de efeito cumulativo da captação de água a longo prazo a partir do Rio Revuboé, é desconhecido nesta fase. A potencial natureza da operação a longo prazo significa que é essencial que o desenvolvedor adira as exigências legislativas nacionais e as melhores práticas internacionais no que diz respeito à gestão dos recursos hídricos naturais. Resumo dos impactos ambientais em relação a água para a actividade de mineração.

Impacto

Efeito Risco ou

Probabilidade Significância

Geral Escala

Temporal Escala Espacial

Gravidade do Impacto

Questão 1: Qualidade da Água

Impact o1.1: Sedimentação e elevadas turbidez nos rios

Sem Mitigação

Médio prazo Regional Grave Pode ocorrer ALTA

Com Mitigação

Curto prazo Localzado Ligeiro Pode ocorrer MODERADA

Impacto 1.2: Poluição dos recursos hídricos (excluíndo DAM)

Sem Mitigação

Médio prazo Regional Grave Pode ocorrer MODERADA

Com Mitigação

Curto prazo Localizado Ligeiro Pode ocorrer BAIXA

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Impacto

Efeito Risco ou

Probabilidade Significância

Geral Escala

Temporal Escala Espacial

Gravidade do Impacto

Impacto 1.3: Contaminação dos recursos hídrico por Drenagem Ácida de Mina (DAM)

Sem Mitigação

Longo prazo Regional Grave Pode ocorrer ALTA

Com Mitigação

Curto prazo Localizado Ligeiro Pode ocorrer MODERADA/

BAIXA

Impacto

Efeito Risco ou

Probabilidade Significância

Geral EscalaTempora

l Escala Spatial

Gravidade do Impacto

Questão 2: Modificação do Habitat

Impacto 2.1: Perturbação das funções ecológicas

Sem Mitigação

Longo prazo Regional Grave Provável ALTA

Com Mitigação

Curto prazo Localizado Ligeiro Pode ocorrer BAIXA

Questão 3: Impactos Cumulativos

Sem Mitigação

Desconhecido Desconhecido Desconhecido Desconhecido Desconhecida

Com Mitigação

Desconhecido Desconhecido Desconhecido Desconhecido Desconhecida

Recomendações Recomenda-se que seja implementado um programa de monitoramento mais detalhado de base das águas superficial e subterrânea de forma a fornecer uma descrição específica do local da qualidade da água predominante antes do início das actividades mineiras. Os resultados de um programa desta natureza constituiriam a base de uma directriz de qualidade da água específica do projecto contra a qual podem ser comparadas as avaliações de qualidade da água realizadas durante a construção e operação da mina. No mínimo, o programa deve ter como objectivo avaliar os componentes físico-químicos, da qualidade das águas superficial e subterrânea, numa base mensal. Recomenda-se igualmente o biomonitoramento da ecologia aquática em uma base bianual (duas vezes por ano), uma vez que esta forma de monitoramento, muitas vezes, indicará um problema mais rápida e definitivamente do que os resultados das análises físico-químicas individualmente.

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TABELA DE CONTEÚDOS 1 INTRODUÇÃO E DESCRIÇÃO DO PROJECTO .................................................................... 1

1.1 Descrição do projecto ...................................................................................................... 1 1.2 Termos de Refefência ..................................................................................................... 1 1.3 Revisão dos Termos de Referência do estudo ................................................................ 2 1.4 Invertebrados aquáticos como indicadores de saúde do rio ............................................ 3

1.4.1 Habitat de Invertebrados Aquáticos ............................................................................. 4 2 LEGISLAÇÃO, POLÍTICAS E DIRECTRIZES ........................................................................ 5

2.1 União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN):Estatutos e Regulamentos 5 2.2 Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD) ............................................................... 5 2.3 Princípios do Equador relevantes para o presente estudo ............................................... 5 2.4 Padrões de Desempenho da Corporação Internacional Financeira (IFC) relevantes para a Avaliação da Ecologia Aquática e Qualidade das Águas Superficiais ...................................... 6

A Constituição da República de Moçambique(1990) ............................................................... 6 2.5 A Lei de Águas (Lei 16/91 de 1991)................................................................................. 6 2.6 Política Naciona de Águas (1995) ................................................................................... 7 2.7 Decreto nº 18/2004, de 2 de Junho. O Regulamento sobre os padrões de qualidade ambiental e de Emissão de Efluentes ......................................................................................... 7

3 DESCRIÇÃO BIOFÍSICA ...................................................................................................... 10 3.1 Clima ............................................................................................................................. 10 3.2 Geologia e relevo .......................................................................................................... 11 3.3 A Ecorregião do Baixo Zambeze ................................................................................... 12 3.4 A Bacia do Rio Revuboé ................................................................................................ 13

3.4.1 Rios sazonais/efémeros............................................................................................. 13 3.4.2 Motores de Mudança Ecológica na Bacia Hidrográfica .............................................. 14

3.5 Invertebrados Aquáticos ................................................................................................ 14 3.5.1 Qualidade da Água .................................................................................................... 15

3.6 Serviços Ecossistémicos ............................................................................................... 16 4 METODOLOGIA ................................................................................................................... 18

4.1 Levantamento no local................................................................................................... 18 4.1.1 Qualidade da Água e Invertebrados Aquático ............................................................ 18

4.2 Metas e Objectivos ........................................................................................................ 19 4.3 Qualidade das Águas .................................................................................................... 19

4.3.1 Colheita de Amostras ................................................................................................ 19 4.3.2 Colheita de Dados no Terreno para Qualidade de Água ............................................ 20 4.3.3 Análises Laboratoriais ............................................................................................... 20 4.3.4 Análise de dados ....................................................................................................... 21 4.3.5 Padrões Internacionais .............................................................................................. 21

4.4 Invertebrados Aquáticos ................................................................................................ 22 4.4.1 Colheita de amostras ................................................................................................. 22 4.4.2 Identificação .............................................................................................................. 22 4.4.3 Avaliação do Actual Estado Ecológico ....................................................................... 22 4.4.4 Avaliação qualitativa de integridade biótica baseado em Ephemeroptera, Plecoptera e riqueza taxa Trichoptera ........................................................................................................ 22

4.5 Pressupostos e Limitações ............................................................................................ 23 5 DESCRIÇÃO DO LOCAL ..................................................................................................... 24

5.1 Descrição geral ............................................................................................................. 24 5.2 Rio Mussumbudze ......................................................................................................... 24 5.3 Rio Nhambia e seus afluentes ....................................................................................... 25

5.3.1 Local do Curso Superior do Rio Nhambia .................................................................. 25 5.3.2 Local do Rio Tshissi ................................................................................................... 26 5.3.3 Local do Rio Ncacame ............................................................................................... 27

5.4 Rio Ncondezi ................................................................................................................. 29 5.4.1 Curso Superir do Rio Ncondezi.................................................................................. 29 5.4.2 Curso Inferior do Rio Ncondezi .................................................................................. 30

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5.5 Rio Revuboé .................................................................................................................. 31 6 RESULTADOSS ................................................................................................................... 33

6.1 Qualidade das Águas .................................................................................................... 33 6.1.1 Padrões do MICOA .................................................................................................... 33 Monitoramento a longo prazo da qualidade da água ....................................................... 33

6.2 Invertebrados Aquáticos ................................................................................................ 43 6.2.1 Comparação da sensibilidade dos Invertebrados Aquáticos ...................................... 44

7 AVALIAÇÃO DOS POTENCIAIS IMPACTOS AMBIENTAIS ............................................... 48 7.1 Estado actual do meio ambiente .................................................................................... 48 7.2 Avaliação dos Impactos ................................................................................................. 48

7.2.1 Questão 1: Qualidade da Água .................................................................................. 48 7.2.2 Questão 2: Modificação do Habitat ............................................................................ 51 7.2.3 Questão 3: Impactos Cumulativos ............................................................................. 52

8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................................... 54 8.1 Estado actual dos ecossistemas fluviais dentro e ao redor da área do projecto. ........... 54 8.2 Avaliação dos Impactos ................................................................................................. 54 8.3 Recomendações............................................................................................................ 55

9 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 56

LISTA DE FIGURAS Figura 3.1: Histórico de precipitação média mensal em Tete, entre 1978 e 2013 (Dados do Instituto Nacional

de Meteorologia - Delegação Provincial de Meteorologia de Tete) ........................................................ 10 Figura 3-2: Perfil da elevação do local de estudo ........................................................................................... 12 Figura 3-3: Rios dentro e ao redor da area do projecto. ................................................................................. 14 Figure 4-1: Pontos de amostragem da qualidade da água e Invertebrados Aquáticos. ................................. 19 Figura 5.1: Os locais de realização do levantamento visual/habitat estão indicados pelos blocos roxos. ..... 24 Figura 6-2: Sensibilidade dos Táxones por local de amostragem. ................................................................. 45

LISTA DE TABELAS Tabela 1-1: Importância Ecológica e Categorias de Sensibilidade ................................................................... 2 Tabela 3-1: Estado do conhecimento sobre os principais grupos de invertebrados na bacia do Zambeze ... 15 Tabela 3-2: Parâmetros de qualidade da água medidos para o Rio Revubuoé (Golder, 2009). .................... 16 Tabela 3-3: Serviços ambientais prestados pelos ecossistemas fluviais ........................................................ 16 Tabela 4-1: Local de amostragem da qualidade da Água............................................................................... 18 Tabela 4-2: Limites da categoria de referência padrão para o SASS. ............................................................ 22 Tabela 5-1: Parâmetros de quaidade da água medidos no local do Rio Nhambia ......................................... 26 Tabela 5-2: Parâmetros de quaidade da água medidos no local do Rio Tshissi ............................................ 26 Tabela 5-3: Parâmetros de qualidade da água medidos no local do Rio Ncacame ....................................... 27 Tabela 5-4: Parâmetros de qualidade da água medidos no local do Rio Ncondezi ....................................... 29 Tabela 5-5: Parâmetros de qualidade da água medidos no local Curso inferior do Rio Ncondezi ................. 30 Tabela 5-6: Parâmetros de qualidade da água medidos a partir da parte superior do Rio Revuboé (ponto de

travessia) ................................................................................................................................................. 31 Tabela 5-7: Parâmetros de qualidade da água medidos na parte inferior do Rio Revuboé (acima da

confluência do Nhambia .......................................................................................................................... 31 Tabela 6-1a: Resultados físicos-químicos da qualidade da água (padrões de água potável do MICOA). .... 35 Table 6-1b: Resultados Físicos-químicos da qualidade da água (padrões da água potável do MICOA) ...... 37 Tabela 6-2a: Resultados físico-químico da qualidade da água ( Padrões de água doce da ANZECC). ....... 39 Tabela 6-2: Resumo das estatísticas descritivas gerais dos invertebrados aquáticos. .................................. 43 Tabela 6-3: Resumo da contribuição dos táxones EPT para a riqueza do táxon em cada local. ................... 43 Tabela 6-4: Lista de famílias de invertebrados aquáticos identificados. ......................................................... 46

LISTA DE ILUSTRAÇÕES Ilustração 3-1: Topografia geral do local de estudo ........................................................................................ 11 Ilustração 4-1: Equipamento de amostragem no local e frascos de amostras ............................................... 20 Ilustração 5-1: Rio Mussumbudze a jusante da travessia da rodovia ............................................................. 25

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Ilustração 5-2: Rio Mussumbudze a montante da travessia da rodovia ......................................................... 25 Ilustração 5-3: Foz do Rio Mussumbudze, na confluência com o Rio Revuboe.. ........................................... 25 Ilustração 5-4: Amostra do curso superior do Rio Nhambia (Levantamento da estação CHUVOSA). ........ 26 Ilustração 5-5: Amostra do curso superior do Rio Nhambia (Levantamento da estação SECA).................... 26 Ilustração 5-6: A montante da travessia da estrada sobre o Rio Tshissi (Estação CHUVOSA). .................... 27 Ilustração 5-7: A jusante da travessia da estrada sobre o Rio Tshissi (Estação CHUVOSA). ....................... 27 Ilustração 5-8: A montante da travessia da estrada sobre o Rio Tshissi (Estação SECA). ............................ 27 Ilustração 5-9: A jusante da travessia da estrada sobre o Rio Tshissi (Estação SECA). ............................... 27 Ilustração 5-10: A jusante do Rio Ncacame na travessia da estrada (Estação CHUVOSA).. ........................ 28 Ilustração 5-11: Placa 5-11: A jusante do Rio Ncacame na travessia da estrada (Estação SECA). .............. 28 Ilustração 5-12 : Vista a montante do local da travessia. .............................................................................. 29 Ilustração 5-13: Vista a jusante do local da travessia. ................................................................................... 29 Ilustração 5-14: Leito rochoso construído para a travessia de viaturas ......................................................... 30 Ilustração 5-15: A jusante da travessia da estrada do Rio Ncondezi (Estação SECA – vista superior). ....... 31 Ilustração 5-16: A jusante do Rio Ncondezi, travessia da estrada do (Estação SECA – vista inferior). ........ 31 Ilustração 5-17: Placa 5-17: A montante do Rio Revuboé na área do projecto. ............................................. 32 Ilustração 5-18: A montante do Rio Revuboé na área do projecto. Vista da zona ribeirinha predominada por

capim ....................................................................................................................................................... 32 Ilustração 5-19 e 5-20: Rio Revuboe. Visto a partir do Rio Nhambia, na confluência da fronteira sul do local..

................................................................................................................................................................. 32 Ilustração 6-1Efemérida de partas de escova (Oligoneuridae) (Barber-James, 2000). .................................. 44 Ilustração 6-2: : Moscas-de-água (Perlidae) (Villet, 2000). ............................................................................. 44 Ilustração 6-3: Efemérida de cabeça achatada (Heptageniidae) (Villet, 2000). .............................................. 44

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LISTA DE ABREVIATURAS

AIM Australian Institute of Management

AMD Drenagem Ácida das Minas

ANZECC Australian and New Zealand Environment and Conservation Council (Conselho de Conservação e Meio Ambiente da Austrália e Nova Zelândia)

ARA Administração Regional de Águas

ASPT Pontuação Média por Táxon

BMWP Grupo de Trabalho de Acompanhamento Biológico

CBD Convenção sobre Diversidade Biológica

DFID Departamento para o Desenvolvimento Internacional

EIS Importância e sensibilidade ecológica

EMP Plano de gestão ambiental

EPT Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera

FAO Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura

IFC Internacional Finance Corporation (Corporação Financeira Internacional)

IISD Instituto Internacional Para o Desenvolvimento Sustentável

IUCN União para a Conservação da Natureza

LTV O Valor desencadeador de longo prazo

LZE Ecorregião do Baixo Zambeze

MICOA Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental

PS Padrões de Desempenho

RZMP Plano de Gestão da Zona Ripária

SADC Comunidade para o Desenvolvimento da Africa Austral

SANAS SANAS (Sistema Nacional de Acreditação da África do Sul)

SASS5 Sistema de Pontuação Sul Africano Versão 5

SIC Pedras na correnteza

SOOC Pedras fora da correnteza

STV O Valor desencadeador de curto prazo

TSF Instalação de armazenamento de rejeitos

UNEP Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

UNFCCC Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas

USEPA United States Environmental Protection Agency (Agência de Protecção do Ambiente dos Estados Unidos da América)

WRD Depósitos de resíduos de rocha

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1 INTRODUÇÃO E DESCRIÇÃO DO PROJECTO

1.1 Descrição do projecto A Baobab Resources Plc (Baobab) é uma empresa listada no AIM com um portfólio de propriedades minerais na República de Moçambique. O activo mais importante da empresa é o Projecto de magnetite-ilmenite (ferro) de Tete, localizado na Província de Tete em Moçambique. A Capitol Resources Limitada (Capitol Resources), uma subsidiária da Baobab Resources, propõe-se a desenvolver o Projecto de Ferro de Tete, que está localizado nos distritos de Chiúta e Moatize, a 30 km a norte da Cidade de Tete. A Capitol Resources se concentrar-se-a inicialmente nos depósitos de Tenge-Ruoni (Planícies de Ruoni, Ruoni Norte, Ruoni Sul e Tenge) que se inserem dentro do conjunto do prospecto conhecido como Grupo Massamba. Esta é uma área de mineralização que contém magnetite, titânio e vanádio e será utilizada para a produção de ferro-gusa. Este projecto encontra-se ainda na fase de viabilidade, com a ocorrência extensiva de perfurações para confirmar a extensão e a qualidade do recurso. Contudo, o estudo de escopo realizado pela Coffey Mining indicou que o projecto tem probabilidade de ser viável. A mina incluirá mineração a céu aberto, processamento e transporte de ferro-gusa a partir da do prospecto de Tenge, apenas nesta fase. O ferro será exportado a partir dos portos da Beira ou de Nacala. Este projceto requererá a construção de infraestruturas como estradas de acesso, linhas de energia, instalações de processamento e oficinas, condutas de abastecimento de água e acampamentos para alojamento. Foram determinadas as rotas de linha de energia, estradas de transporte e rotas alternativas de linha férrea, e propõe-se que todas recaiam dentro de um corredor com 50m de largura a partir das actividades de mineração à Moatize. O abastecimento de água a partir de fontes superficiais e/ou subterrâneas está ainda em estudo. Para subsidiar a Avaliação de Impacto Ecológico Aquático para o projecto proposto recomendou-se que se fizesse um levantamento detalhado da ecologia aquática dos rios e córregos dentro e ao redor da área do projecto no Relatório de Escopo preparado pela Coffey Mining. Os dados desses levantamentos irão ajudar a aumentar a compreensão da variação natural na composição da comunidade de diferentes componentes da ecologia aquática em toda a área do projecto A maioria dos grupos de organismos aquáticos presentes dentro dos sistemas dinâmicos, tais como aqueles na área do projecto, podem apresentar considerável variação sazonal e anual em abundância e composição da comunidade. Por conseguinte, propôs-se uma amostragem sazonal para avaliar esses padrões. Os dados desses levantamentos foram analisados e interpretados em relação à informação obtida a partir da modelagem hidrodinâmica e do transporte de sedimentos para realizar uma avaliação dos potenciais impactos do projecto na ecologia aquática do ambiente dentro do projecto e arredores. O primeiro relatório de base forneceu uma visão geral inicial dos resultados obtidos durante o levantamento da estação chuvosa realizado entre os dias 7 e 15 de Março de 2013. O segundo relatório consolidou as conclusões do relatório de base inicial, pela inclusão dos resultados obtidos no levantamento da estação seca realizado entre os dias 13 e 20 de Setembro de 2013.

1.2 Termos de Refefência Os seguintes termos de referência aplicam-se a esta avaliação (com base nos Termos de Referência fornecidos pela CES para a Capitol Resources):

a) Estabelecer o estágio da linha de base do estado ecológico e saúde geral do Rio Revuboé em termos de: • Espécies indicadoras de Invertebrados • Química da água (metais, nutrientes, parâmetros físicos e medições de campo)

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b) Determinar a importância ecológica do sistema fluvial e definir limites de indicadores mínimos para o monitoramento da qualidade da água

c) Identificar actividades a montante que estão a ter impacto actualmente na saúde ecológica do rio Revuboé.

d) Determinar se a descarga de águas no rio Revuboé é apropriada.

1.3 Revisão dos Termos de Referência do estudo Os seguintes termos de referência aplicam-se a esta avaliação (com base nos termos de referência fornecido pela CES à Capitol Resources para a Proposta do Levantamento Ecológico para a Estação Chuvosa):

a) Estabelecer o estágio de base do estado ecológico e saúde geral do Rio Revuboé em termos de: • Espécies indicadoras de Invertebrados • Química da água (metais, nutrientes, parâmetros físicos e medições de campo)

Vide a Secção 6 do presente relatório

b) Determinar a importância ecológica do sistema fluvial e definir limites de

indicadores mínimos para o monitoramento da qualidade da água

A importância ecológica de um rio é uma expressão da sua importância para a manutenção da diversidade biológica e funcionamento ecológico em escalas locais e mais amplas. A sensibilidade ecológica (ou fragilidade) refere-se a capacidade do sistema para resistir a perturbação e a sua capacidade de se recuperar da mesma, assim que tiver ocorrido (resiliência) (Resh et al, 1988;. Milner 1994). Ambas as componentes, bióticas e abióticas, do sistema são levadas em consideração na avaliação da importância ecológica e sensibilidade (EIS). Como este relatório abrange apenas duas componentes (uma biótica e um abiótica) do sistema, uma estimativa de confiança muito Baixa da EIS é indicada como MODERADA. A Tabela 1-1 indica as categorias de EIS, conforme definido pelo Departamento Sul-Africano de Assuntos Hídricos, e fornece uma descrição geral do tipo de sistema que possa ser considerado como pertencente a cada categoria.

Tabela 1-1: Importância Ecológica e Categorias de Sensibilidade

Importância Ecológica e Categorias de Sensibilidade

Descrição Geral

Muito alta

Sistemas fluviais que são considerados como sendo únicos a nível nacional ou até mesmo internacional, com base na biodiversidade única (diversidade de habitats, diversidade de espécies, espécies únicas, espécies raras e as ameaçadas de extinção). Estes rios (em termos de biota e habitat) são geralmente muito sensíveis a modificações de fluxo e não têm nenhuma ou apenas pequena capacidade para uso.

Alta

Sistemas fluviais que são considerados como sendo únicos a escala nacional, devido à biodiversidade (diversidade de habitats, diversidade de espécies, espécies únicas, espécies raras e as ameaçadas de extinção). Estes rios (em termos de biota e habitat) podem ser sensíveis a alterações de fluxo, mas em alguns casos, podem ter uma capacidade substancial para uso.

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Moderada

Sistemas fluviais que são considerados como sendo únicos a escala provincial ou local, devido à biodiversidade (diversidade de habitats, diversidade de espécies, espécies únicas, espécies raras e as ameaçadas de extinção). Estes rios (em termos de biota e habitat) geralmente não são muito sensíveis a modificações de fluxo e muitas vezes têm uma capacidade substancial para uso.

Baixa/marginal

Sistemas fluviais que não são únicos em nenhuma escala. Estes rios (em termos de biota e habitat) geralmente não são muito sensíveis a modificações de fluxo e, geralmente, têm uma capacidade substancial para uso.

Limites de indicadores mínimos para o monitoramento da qualidade da água não podem ser definidos com base nas duas amostras obtidas até ao momento. O início e a conclusão de, pelo menos, um ano de um programa de monitoramento de base da qualidade da água irão fornecer uma análise da qualidade da água em uma base mensal, no mínimo, permitiria que fossem definidos os limites indicadores.

c) Identificar as actividades a montante que estão actualmente a ter impacto na saúde

ecológica do Rio Revuboé. Além da agricultura de subsistência ao longo das margens do rio e utilização da água para fins domésticos como a pesca, banho, lavar roupa, etc., o Rio Revuboé a montante da área do projecto não é em grande parte impactado por actividades humanas.

d) Determinar se a descarga de águas no Rio Revuboé é apropriada. Detalhes da qualidade da água são fornecidos no Capítulo 5. Qualquer água descarregada nos rios, incluindo águas pluviais das áreas de mineração deve, no mínimo, atender às normas relevantes mais rigorosas de qualidade de água para descargas de efluentes especificadas pelo Governo de Moçambique e as Directrizes relevantes de Ambiente, Saúde e Segurança da IFC. Atender a essas normas pode exigir o pré-tratamento adequado à natureza do efluente, e medidas para minimizar o conteúdo de sedimentos, antes da descarga, e manter os padrões exigirá o estabelecimento e implementação de um programa de monitoramento de qualidade da água.

1.4 Invertebrados aquáticos como indicadores de saúde do rio Em todo o mundo, macroinvertebrados têm sido utilizados com sucesso na avaliação da integridade biológica de ecossistemas de rios (Rosenberg e Resh, 1993; Barbour et al., 1996). Além de formarem uma componente essencial do ecossistema ribeirinho, essas comunidades dão uma boa indicação do regime de caudais em vigor e da qualidade da água em um rio (O'Keefe e Dickens, 2000). Os macroinvertebrados aquáticos cumprem uma série de funções vitais em um ecossistema ribeirinho; eles são importantes processadores de matéria orgânica, e são uma valiosa fonte de alimento para organismos maiores, dentro e fora do sistema (O'Keefe e Dickens, 2000). A fim de manter essa funcionalidade vital eles requerem contributos regulares de nutrientes e de sedimentos, bem como de água corrente. Existem quatro principais componentes de um sistema de córregos que determinam a produtividade e estrutura da comunidade dentro de um sistema fluvial. Estes são o regime de fluxo, a estrutura física do habitat, a qualidade da água e entradas de energia da bacia hidrográfica (por exemplo, nutrientes). Como tal, a distribuição de uma população de macroinvertebrados aquáticos é governada pela sobreposição óptima entre o modo de existência (ou hábitos) e as condições físicas e ambientais que formam um habitat.

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Um sistema fluvial específico apoiará o conjunto único de espécies adaptadas às condições de fluxo prevalentes que determinam a temperatura, transporte de sedimentos e fluxo de nutrientes. Uma redução ou aumento em qualquer uma dessas condições de fluxo pode levar a mudanças na estrutura da comunidade dentro do sistema, tais como a perda de uma determinada espécie ou um aumento da população em outras. As mudanças também podem fornecer condições para espécies novas ou já escassas florescerem. 1.4.1 Habitat de Invertebrados Aquáticos Habitat aquático refere-se ao ambiente dentro do rio criado pela interacção da estrutura física do canal e o regime de fluxo, e é temporal e espacialmente variável. No contexto do presente estudo, o habitat é definido como "qualquer combinação de velocidade, profundidade, substrato (leito de rocha, godo, vegetação, areia, cascalho, lama), características físico-químicas (tais como a composição química, turbidez, concentração de oxigénio, temperatura) e características biológicas (fontes de alimento e predadores) que irão prover ao organismo com as suas necessidades de cada estágio específico da vida em um momento e local específico "(Thirion, 2007).

No geral, os biótipos invertebrados podem ser agrupados nas seguintes categorias::

Pedras na correnteza (SIC)

Pedras fora da correnteza (SOOC)

Vegetação aquática (dentro e fora da correnteza)

Vegetação marginal (dentro e fora da correnteza)

Cascalho, areia e lama. Variações sazonais no habitat ecológico podem levar a variações na distribuição e abundância dos macroinvertebrados aquáticos. As variações nos níveis de água e velocidades do fluxo irão também resultar em diferenças no perímetro molhado, condições hidráulicas e disponibilidade de biótopo dentro de um habitat particular. Por exemplo, uma corrida em condições de alto fluxo pode tornar-se em cascata em condições de baixo fluxo, resultando em águas mais rasas, perímetro molhado reduzido, o aumento da velocidade e fluxo mais turbulento. A temperatura da água, muitas vezes varia de acordo com as estações do ano e como uma sugestão de ciclo de vida irá influenciar a taxa de desenvolvimento, períodos reprodutivos e período de aparecimento de muitos organismos. As temperaturas extremas podem também excluir completamente determinados taxa devido à sua intolerância a esses altos e baixos (Hawkins et al., 1997).

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2 LEGISLAÇÃO, POLÍTICAS E DIRECTRIZES

2.1 União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN):Estatutos e Regulamentos

O objectivo da IUCN é "influenciar, encorajar e apoiar sociedades de todo o mundo a conservar a integridade e diversidade da natureza e assegurar que todo uso dos recursos naturais seja equitativo e ecologicamente sustentável." (IUCN, Acessada a: 20/04 / 2013) Para atingir este objectivo, a IUCN implementa programas, administrados pelo Congresso Mundial de Conservação, na forma de inúmeras actividades, tais como:

Pesquisar espécies e funções do ecossistema e assegurar a utilização sustentável, equitativa e ecológica dos recursos naturais;

Determinar a diversidade biológica, identificar ameaças e as áreas prioritárias de conservação;

Desenvolver boas práticas de conservação e uso sustentável de espécies e ecossistemas; e

Desenvolver ferramentas para efectiva reabilitação, mitigação ou compensação.

2.2 Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD) Os objectivos da CBD abordam questões de conservação, uso sustentável e repartição justa/equitativa dos benefícios dos recursos naturais. A CBD incentiva o uso da "Abordagem ecossistémica", que é baseada na aplicação de metodologias científicas focadas em níveis de organização biológica, incluindo processos, funções e interacções entre organismos e o ambiente (CBD, acessado a: 20/04/2013). Os níveis são extensivos para se referir a qualquer unidade ecológica funcional em qualquer escala. A CBD salienta que a gestão adaptativa é necessária para os ecossistemas complexos e dinâmicos. As respostas do ecossistema aos impactos não são lineares e muitas vezes são atrasadas, resultando em eventos reactivos não previstos. A gestão deve ser adaptável a fim de responder a esses eventos através da incorporação de uma abordagem de "lições aprendidas" e considerações frequentes de "causa e efeito". A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climáticas (UNFCCC), a que Moçambique é signatário, reconhece a CBD e seus objectivos

2.3 Princípios do Equador relevantes para o presente estudo Os Princípios do Equador foram derivados como um conjunto de requisitos que devem ser preenchidos de forma a que os credores financiem capitais de risco (http://www.equator-principles.com/). Estes princípios destinam-se a garantir que as questões sociais e ambientais são abordadas, que todas as considerações são tidas em conta, as políticas e padrões são mantidas, e que todos esses elementos são exaustivamente abordados. Isto inclui a identificação e mitigação de todos impactos negativos. Os princípios relevantes para o Estudo da Biodiversidade e Ecologia incluem:

Princípio 1: Revisão e Categorização: Um projecto é classificado na magnitude de seus potenciais riscos e impactos ambientais e sociais, usando o critério de triagem da Corporação Financeira Internacional (IFC).

Princípio 2: Avaliação Ambiental e Social: O presente estudo e o Relatório de Impacto Ambiental estão em conformidade com este princípio.

Princípio 3: Padrões Ambientais e Sociais Aplicáveis: Comparar com os padrões da IFC e os padrões Ambiental, de Saúde e Segurança do Banco Mundial e determinar o cumprimento ou justificar desvios. Nota: Não existe actualmente nenhum padrão da IFC para qualidade da água recebida.

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Princípio 4: Sistema de Gestão Ambiental e Social e Plano de Acção dos Princípios de Equador: O Relatório de Avaliação de Impacto Ambiental e Social e estudos especializados devem subsidiar o Plano de Gestão Ambiental e Social que irá abranger todas as medidas de mitigação sugeridas pela Avaliação de Impacto Ambiental e Social.

2.4 Padrões de Desempenho da Corporação Internacional Financeira (IFC) relevantes para a Avaliação da Ecologia Aquática e Qualidade das Águas Superficiais

Os seguintes Padrões de Desempenho (PD) aplicam-se à avaliação dos potenciais impactos sobre a ecologia aquática e qualidade das águas superficiais:

1. PD 1: Avaliação e Gestão de Riscos e Impactos Ambiental e Social

Identificar e avaliar os impactos ambientais, riscos e oportunidades na área de influência do projecto;

Evitar, ou quando a prevenção não for possível, minimizar, mitigar ou compensar os impactos adversos sobre o ambiente natural;

Promover a melhoria do desempenho do ambiente das empresas através da utilização eficaz dos sistemas de gestão.

2. PD 3: Eficiência de Recursos e Prevenção da Poluição

Evitar ou minimizar impactos negativos na saúde humana e no ambiente, evitando ou minimizando a poluição que advém das actividades do projecto.

3. PD 4: Saúde e Segurança da Comunidade

Prever e evitar impactos negativos na saúde e segurança da Comunidade Afectada durante a vida do projecto, tanto de circunstâncias de rotina como de não rotina.

Prever e evitar impactos negativos sobre a biodiversidade ou sobre os serviços do ecossistema em que os meios de subsistência das Comunidades Afectadas pelo projecto são dependentes.

4. PD 6: Conservação da Natureza & Gestão Sustentável dos Recursos Naturais Vivos

Objectivos e requisitos para evitar, minimizar ou compensar riscos e impactos

Proteger e conservar a biodiversidade

Manter os benefícios dos serviços do ecossistema

Promover a gestão e utilização sustentável dos recursos naturais vivos por meio da adopção de práticas que integrem as necessidades de conservação e prioridades de desenvolvimento.

A Constituição da República de Moçambique(1990) A Constituição de Moçambique (como emendada em 2004) é a lei dominante suprema do país e qualquer acto ou conduta incompatível com ela é inválida e não terá força de lei. Esta define o direito de todos os cidadãos a viver em um ambiente natural equilibrado e a sua obrigação de protegê-lo. A Constituição aborda questões relativas à protecção do ambiente e qualidade de vida de todos nos artigos 45, 81, 90, 98, 102 e 117. O Artigo 90, que faz parte do capítulo V (direitos e deveres económico, social e cultural) do Título III (Direitos, deveres e liberdades fundamentais), dá ao povo de Moçambique, o direito de viver em um ambiente equilibrado livre de contaminação. Além disso, o Estado é obrigado a promover iniciativas que garantam o equilíbrio ecológico e preservação do meio ambiente; e implementar políticas para prevenir e controlar a poluição e integrar objectivos ambientais em todas políticas do sector público para garantir aos cidadãos o direito de viver em um meio ambiente equilibrado dentro de um quadro de desenvolvimento sustentável (Artigo 117 da Constituição).

2.5 A Lei de Águas (Lei 16/91 de 1991) A Lei de Águas de Moçambique é baseada em uma abordagem de bacia hidrográfica para a

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gestão de água (Organização para a Alimentação e Agricultura; FAO 2005a). A Lei de Águas fornece a base para as reformas dentro do sector de águas e delineia a estrutura institucional e os princípios e políticas para a gestão de águas em Moçambique (DFID 1999; SADC 2003c).

A Lei da Águas foi concebida para criar um sistema participativo e descentralizado de gestão de águas no interior do país.

A utilização de água é classificada como de uso comum e uso privado. Uso comum é gratuito e isento de licenciamento e tem por objectivo atender as necessidades de água domésticas e pessoais, incluindo agricultura de pequena escala (DFID 1999). O uso privado é dado por concessão ou através da lei.

O Artigo 18 da Lei de Águas dá a jurisdição da gestão de águas as Autoridades Regionais de Águas (Administração Regional de Águas - ARA), que foram estabelecidas com base nas bacias hidrográficas (DFID 1999). As ARAs mantéem a autonomia financeira e organizacional, mas reportam à Direcção Nacional de Águas.

Foram estabelecidas cinco autoridades regionais de gestão de águas (DFID 1999):

ARA Sul (do Sul), que cobre a fronteira sul do país até a bacia do rio Save

ARA Centro (Centro), que inclui a bacia do rio Save até a bacia do rio Zambeze

ARA Zambeze que compõe-se da bacia do rio Zambeze e, portanto, é responsável pelas águas na área do projecto (Rio Revuboé)

ARA Centro Norte (Norte-Centro), que abrange a região da bacia do rio Zambeze até ao rio Lúrio

ARA Norte (Norte), que consiste na bacia do rio Lúrio até a fronteira do norte do país. As ARAs são responsáveis pela recolha de informações hidrológicas, controlo dos sistemas de irrigação, e recolha das taxas de água.

2.6 Política Naciona de Águas (1995) A Política Nacional de Águas de Moçambique delineia estratégias específicas para as principais áreas de abastecimento de água urbano e peri-urbano, abastecimento de água rural, saneamento e gestão integrada dos recursos hídricos (2003c SADC). A Política Nacional de Água visa descentralizar a gestão de recursos hídricos para entidades autónomas a nível das bacias e províncias. De acordo com a política, o Governo define prioridades, directrizes e níveis mínimos de prestação de serviços, mas não presta serviços (DFID, 1999). A gestão integrada da água é promovida na política como forma de optimizar os benefícios para as comunidades, ao mesmo tempo, considerando os impactos ambientais e a sustentabilidade dos recursos ao longo do tempo.

2.7 Decreto nº 18/2004, de 2 de Junho. O Regulamento sobre os padrões de qualidade ambiental e de Emissão de Efluentes

O objectivo deste regulamento é de estabelecer os padrões de qualidade ambiental e de emissão de efluentes. As normas destinam-se a assegurar o controlo e manutenção dos níveis admissíveis de emissões de poluentes para o ambiente. As normas aplicam-se a todas actividades públicas e privadas que possam, directa ou indirectamente ter impacto no meio ambiente. O Capítulo III trata de questões de qualidade da água; dividindo os parâmetros para definir a qualidade da água em 5 categorias:

Água para consumo humano;

Água para agricultura e pecuária;

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Água para piscicultura;

Água para recreação;

Água para fins de processamento de alimentos. A primeira categoria, de água para consumo humano, é relevante para a presente proposta, uma vez que muitas pessoas, tanto a montante como a jusante do local da Capital Resources utilizam o Rio Revuboé como fonte de água potável. Os parâmetros de qualidade da água estabelecidos no presente regulamento para esta categoria tem sido utilizados na análise das amostras de água colhidas durante o decurso deste estudo, e são referidos como "Padrões de água potável do Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA) " . O Artigo 16 do capítulo III aborda a descarga de poluentes ou efluentes industriais líquidos, e estabelece o seguinte no que diz respeito ao cumprimento das normas:

Efluentes industriais devem ser adequadamente tratados antes da descarga, a fim de assegurar que o efluente final cumpre com os padrões de descarga estabelecidos no Anexo III do Regulamento.

A localização do ponto de descarga deve ser escolhida de tal maneira que não deve haver nenhuma alteração na qualidade da água do ambiente receptor, o que pode impedir a utilização da água a jusante pelos utilizadores.

A descarga de efluentes domésticos deve cumprir com as normas definidas no Anexo IV do presente regulamento, e quando a descarga ocorrer no mar, deve também ser aplicado o Anexo V do regulamento.

Os valores associados com os vários parâmetros podem ser reduzidos de acordo com a sensibilidade e utilização proposta do recurso hídrico receptor, particularmente quando o recurso de recebimento é um lago, lago raso ou baía, com troca de água mínima.

O Anexo III do regulamento estipula parâmetros de descarga de efluentes gerados pelas seguintes indústrias:

Produção de Alumínio

Indústria de Cervejas

Indústria de Cimento

Produção e mineração de carvão

Produção de Refrigerantes

Indústria de Lacticinios

Processamento de material de fundição

Processamento de Legumes e Frutas

Indústria Electrónica (aparelhos eléctricos e produção de aparelhos similares)

Indústria de Vidro

Processamento de Ferro e Aço

Processamento de Carnes

Produção de Fertilizantes (Fosfatos)

Indústria de Fertilizantes (nitratos)

Indústria Petroquímica

Indústria Farmacêutica

Indústria de Petróleo

Indústria Gráfica

Indústria de Papel e Celulose

Indústria de Curtumes

Indústria têxtil

Estação Termoeléctrica

Indústria de Óleos Vegetais

Indústria de Conservação e Preservação de Madeira

Produção de baterias para automóveis

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Indústria Química Variada

Processamento de Minerais e Metalurgia

Plásticos e sintéticos similares

Manufactura de Borracha

Sabões e Detergentes

Oficinas e Estações de Serviço

Processamento de Alimentos Se forem propostas descargas para o rio Revuboé para o presente projecto, é provável que um ou mais dos padrões de efluentes possam ser aplicados às descargas da Capitol Resources. Neste momento, não há informação disponível sobre o volume ou qualidade da descarga potencialmente emanado do desenvolvimento.

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3 DESCRIÇÃO BIOFÍSICA A área de estudo situa-se dentro da Província de Tete ao longo do Rio Revuboé, a 30 km a norte da cidade de Tete. O Rio Revuboé é um afluente do Rio Zambeze; o maior rio da África Oriental e que responde por 67% do total de descarga dos rios de Moçambique (Jorge da Silva, 1982 citado por MICOA, 2003).

3.1 Clima A área do projecto é considerada como tendo um clima tropical de savana (www.maputo.climatemps.com) que recebe a maioria dos seus 627 mm anuais de chuva nos meses quentes de verão (Novembro à Março). Abril à Outubro é normalmente conhecido como estação seca (devido às quantidades limitadas de chuva). Potenciais inundações são prováveis de ocorrer na área entre Dezembro e Fevereiro. Dados históricos mostram que a precipitação média mensal é de, no máximo, 167 mm em Janeiro (Figura 3.1), enquanto que níveis de precipitação tão baixos quanto 1 mm (Agosto) são observados durante a estação seca. O número médio de dias de chuva/chuviscos em um mês no período da estação chuvosa é de aproximadamente 10,5 dias (www.myweather2.com). A precipitação mensal para o ano de 2013, variou entre 61 mm e 285 mm no período chuvoso e entre 0 mm e 148 mm na estação seca. Não há distinção entre os meses quentes e frios em Tete, uma vez que as temperaturas médias ao longo de todo o ano é de 27 ° C. Outubro e Novembro são geralmente os meses mais quentes, com a média de temperaturas máximas de 36º C. Em contraste, os meses mais frios ocorrem entre Junho e Agosto, com uma média de temperatura mínima de 18°C. A humidade é maior durante os meses de verão (aproximadamente 68%) e a menor durante os meses mais frios (aproximadamente 47%). O local do projecto não observa altas velocidades de vento embora quando o vento sopra seja na direcção sul-este.

Figura 3.1: Histórico de precipitação média mensal em Tete, entre 1978 e 2013 (Dados do Instituto Nacional de Meteorologia - Delegação Provincial de Meteorologia de Tete)

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3.2 Geologia e relevo O projecto está localizado em um amplo vale, perto da planície de inundação do Rio Revuboé (Ilustração 3-1). A topografia da área é geralmente plana, com a excepção das colinas de Tenge-Ruoni, que incluem o Monte Tenge, Ruoni Norte e Ruoni Sul (Figura 3-2). O Rio Revuboé atravessa de norte a sul o proposto local da mina proposta.

Ilustração 3-1: Topografia geral do local de estudo

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Figura 3-2: Perfil da elevação do local de estudo

A geologia por debaixo do local de estudo é característica da Suite de Tete, que forma um corpo alongado, sub-horizontal similar a uma folha que é de cerca de 6 000 km2 de extensão (Westerhof et. Al., 2008). Este se estende 150 km do Este para Oeste e 60 km no sentido norte-sul e tem uma espessura desconhecida. A massa de rocha intrusiva está debaixo de um platô dissecado que é coberto por blocos e pedregulhos no lugar (Westerhof et. Al., 2008). Os tipos de rochas mais comuns são o gabro, com o leucogabro, norite e anortosite subordinado. Estes são tipos de rochas ígneas que se formam quando o magma debaixo da superfície da terra está preso e esfria. Bandas ou lentes compostas principalmente de óxidos de ferro-titânio são encontradas como ocorrendo neste lugar (Westerhof et. Al., 2008).

3.3 A Ecorregião do Baixo Zambeze Uma ecorregião é definida como “uma grande área de terra ou água contendo um conjunto distinto de comunidades e espécies naturais (planta e animal)… cujo limite aproxima-se da sua extensão original antes de grande mudança no uso da terra” (Thieme et al., 2005). A Bacia do Rio Zambeze engloba oito ecorregiões aquáticas. O actual projecto encontra-se dentro da Ecorregião do Baixo Zambeze (LZE), que é classificada como uma savana – ecossistema ribeirinho de floresta seca. Esta ecorregião tem uma prioridade de conservação de classe IV e é de importância nacional como um ecossistema em perigo. A LZE estende-se da Barragem de Cahora Bassa até a Costa, abrangendo o Baixo do Rio Shire, e está na sua maioria dentro das fronteiras de Moçambique (Abell et al., 2008). Biologicamente a ecorregião é uma encruzilhada entre o Médio Zambeze, os rios costeiros do Este, a região de Malawi, e de espécies marinhas e salobras. Estima-se que as espécies da água doce para a ecorregião incluem 94 peixes(na sua maioria moradores da planície de inundação) ,

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73 pássaros aquáticos, 19-28 anfíbios, muitos répteis, 221 moluscos, 25 libélulas, e 84 espécies de plantas de zonas húmidas.

3.4 A Bacia do Rio Revuboé A área do projecto está localizada na área da bacia do rio Revuboé. Esta bacia estende-se a montante do local do projecto, no sentido norte em direcção à fronteira com o Malawi onde é conhecida como a Bacia do Baixo Zambeze à Esquerda do Rio Zambeze. Esta bacia inclui todos os afluentes do Rio Zambeze a norte do Rio Zambeze, a sul do Lago Malawi, e a jusante da Barragem de Cahora Bassa, e cobre uma área de aproximadamente 103 450km2. A área da bacia hidrográfica do Rio Revuboé cobre aproximadamente 15 500km2, e enquadra-se dentro de uma área de alta pluviosidade, com a maioria da chuva caindo entre os meses de Dezembro e Março. A estimativa de escoamento médio anual da bacia do Revuboé é 95m3/s, com máximo do fluxo médio mensal a ocorrer durante Fevereiro e Março, a seguir o período de pico de chuvas sobre a bacia (Beilfuss, 2005). As médias máximas do fluxo mensal são acima de 725m3/s em Fevereiro, com o fluxo mínimo mensal a ocorrer no final da estação seca, em Outubro (Beilfuss & dos Santos, 2001). A descarga máxima de inundação registada durante o período de registo foi de 2 375m3/s com a estimativa de retorno de cheias de um período de 20 anos sendo de apoximadamente 1 800m3/s (Beilfuss & dos Santos, 2001). As linhas de drenagem na área naturalmente observam elevados fluxos de água por curtos períodos do ano, durante o verão, seguido de baixa/nenhum fluxo para o resto do ano. Os canais activos são bem definidos e sistemas têm uma capacidade de transporte de sedimentos moderada a alta. A alta pluviosidade e o declive moderado a íngreme da bacia resultam em cargas de sedimentos naturalmente elevados. A maioria dos córregos na área exibem zonas ribeirinhas bem diferenciadas, indicando fluxo sub-superficial em todo o ano. Ambos rios Zambeze e Revuboé são grandes, perenes, de baixo gradiente e sistemas maduros com cursos de planícies de inundação. O Rio Revuboé flui na direcção norte-sul, e corta o depósito de Tenge-Ruoni (Figura 3-3), e desagua no rio Zambeze na cidade de Tete.

3.4.1 Rios sazonais/efémeros Oeste do Rio Revuboè O Rio Mussumbudze flui na direcção sul-leste, e junta-se ao rio Revuboè no ponto imediatamente a norte da fronteira norte do local do projecto, e é um exemplo de rio sazonal na área.

O Rio Nhambia flui em uma direcção suI-Este, antes de virar a leste e juntar-se ao rio Revuboé logo a sul da área do projecto. Semelhante ao Mussumbudze, o fluxo no curso superior do rio havia reduzido para piscinas isoladas com pequenas áreas de fluxo interligando estas piscinas. Os cursos inferiores do rio mais perto da confluência com o Revuboé, ainda estavam a fluir durante os levantamentos das épocas chuvosa e seca.

Tanto os Rios Mussumbudze como o Nhambia são de natureza aluviais, com leitos de areia grossa. No entanto; estes diferem significativamente na contribuição que os afluentes oferecem para os volumes de fluxo no curso inferior do rio. Considerando que o Mussumbudze não tem entradas de fluxo significativa dos afluentes, o Nhambia flui fortemente no curso inferior, como resultado da contribuição de dois afluentes menores, os Rios Ncacame e o Tshissi.

Os Rios Ncacame e Tshissi fluem na direcção leste e juntam-se ao Rio Nhambia no ponto ou perto do deste onde o Nhambia muda o curso de sul-leste para um sentido de fluxo leste. Estes dois rios têm características semelhantes a de um córrego típico de montanha ou de zona de nascente (Gerber e Gabriel, 2002):

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Água limpa e flui com rapidez;

Leito composto de pedras e pedregulhos com muito pouca terra solta;

Margens do rio ladeadas por árvores de grande porte, com ramos que fazem sombra ao córrego uma grande parte do dia, e

Vegetação Ripariana formada por plantas que crescem sobre ou perto da margem do rio. Este do Rio Revuboé Mais a jusante da área do projecto, o Rio Ncondezi junta-se ao Rio Revuboé a partir do leste. Este rio estava inacessível durante o levantamento da estação chuvosa, e continuava a fluir fortemente durante o levantamento da estação seca. Semelhante aos Rios Mussumbudze e Nhambia, o Rio Ncondezi é largo, com banco de areia. Grandes extensões de vegetação Ripariana ao longo de ambas margens do rio estão ainda intactas, com perturbação predominantemente localizada nas proximidades das travessias dos rios.

Figura 3-3: Rios dentro e ao redor da area do projecto.

3.4.2 Motores de Mudança Ecológica na Bacia Hidrográfica

A urbanização, mudanças hidrológicas a montante, a pesca e as actividades agrícolas formais e informais, em grande parte actuam como motores de mudança ecológica nas bacias vizinhas. No entanto, espera-se que haja um aumento previsto da actividade mineira para contribuir de forma mais agressiva na alteração dos motores abióticos de mudança ecológica, e estes incluem, mudanças geomorfológicas, hidrológicas e de qualidade de água.

3.5 Invertebrados Aquáticos A diversidade de habitats aquáticos presentes na área de estudo é susceptível de suportar uma similaridade diversa de conjuntos de macroinvertebrados. Um estudo anterior realizado por Golder (2009) identificou 22 táxons, incluindo membros das ordens Ephemeroptera, Plecoptera e

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Trichoptera. Estas ordens contém taxa que são considerados como sendo sensíveis à poluição. A presença destes grupos intolerante a poluição são uma indicação de boa qualidade da água, mas o mais importante será a abundância, como estes irão indicar tanto a qualidade da água como a qualidade do habitat e a disponibilidade. A base de dados da IUCN listou 121 espécies de libélula (Odonata) que poderiam potencialmente ocorrer na área do projecto, todas estas estão listadas como de Menor Interesse (IUCN, 2013). A IUCN listou mais de 20 espécies de moluscos que podem ocorrer na área do projecto; 19 das quais estão listadas como de Menor interesse, e 1 como Dado Deficiente devido às incertezas que cercam a taxonomia das espécies. Como observado na Fase de Escopo, as informações necessárias para compilar uma lista de espécies de macroinvertebrados que se espera que ocorram na área de estudo são limitadas. A tabela abaixo (Tabela 3-1) indica o estado do conhecimento sobre os principais invertebrados na Bacia do Zambeze, onde 3 é moderado a bom, e 1 sendo nenhum/praticamente nenhum (Marshall, 2000). De particular interesse é a quase total falta de informação disponível sobre os principais invertebrados da Bacia do Baixo Zambeze. São necessários levantamentos de base, como o aqui reportado para estabelecer com mais precisão a linha de base dos conjuntos de macroinvertebrados que podem ser impactados pela actividade de mineração proposta. Tabela 3-1: Estado do conhecimento sobre os principais grupos de invertebrados na bacia do Zambeze

(1 = nenhum/praticamente nenhum, 2 = muito pobre à pobre, 3 = moderado à bom).

3.5.1 Qualidade da Água São limitadas as informações sobre a qualidade da água relacionada aos rios associados na área de estudo. No estudo realizado por Golder (2009) sobre o Rio Revuboé, as medições registadas indicaram que a qualidade da água foi relativamente boa. A Tabela 3-2 indica os intervalos de medição para vários parâmetros por Golder (2009).

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Tabela 3-2: Parâmetros de qualidade da água medidos para o Rio Revubuoé (Golder, 2009).

Parâmetro Máximo Mínimo

pH 7.3 9.2

Conductividade Eléctrica (mS/m)

0.13 0.24

Total de sólidos dissolvidos (mg/l)

84.5 156

Oxigénio dissolvido (mg/l) 2.9 10.6

Temperatura (°C) 18.6 33.5

3.6 Serviços Ecossistémicos Do ponto de vista socioeconómico, os ecossistemas fornecem recursos necessários para o bem-estar material e meios de subsistência e proporcionam benefícios de saúde e culturais para as pessoas que os utilizam. Estas funções são consideradas como sendo serviços ecossistémicos, que a IFC (PS6, 2012) definem como "os benefícios que as pessoas, incluindo empresas, obtêm dos ecossistemas". Os serviços ecossistémicos representam os beneficios que os seres humanos obtêm dos ecossistemas. Estes serviços estão directa e indirectamente na natureza, alguns facilmente reconhecíveis e outros mais subtis. E, o bem-estar humano é fundamentalmente dependente de todos esses serviços. Mudanças nesses serviços podem afectar a humanidade, às vezes drasticamente, com impactos negativos na segurança, materiais básicos para a saúde humana e bem-estar, e para a manutenção das relações sociais e culturais. Os serviços dos ecossistemas foram divididos em quatro categorias (UNEP, 2009). Serviços de Provisão incluem produtos ou mercadorias obtidos dos ecossistemas, como água doce, alimentos e madeira; serviços de Regulamento incluem funções do ecossistema, tais como controlo de enchentes e Regulamento do clima; Serviços culturais incluem benefícios não materiais, tais como recreação (desporto, caça, pesca), utilização espiritual, religiosa e estética, o património cultural, e um "sentido de lugar"; e serviços de apoio que incluem processos fundamentais como o ciclo de nutrientes e produção primária no apoio das três categorias acima. O Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (IISD) identificou 10 serviços ecossistémicos amplos que estão sob ameaça em Moçambique (UNEP, 2005). Estes incluem a manutenção da biodiversidade, produção de alimentos, abastecimento de água, fontes de energia, Regulamento de inundações, alimentação adequada, água potável, energia para se aquecer e cozinhar, capacidade de ganhar meios de subsistência e vulnerabilidade a enchentes e secas. Em Tete, a província onde está localizado o projecto, a biodiversidade, a provisão de alimentos, abastecimento de água e combustível têm sido identificados como os serviços dos ecossistemas que estão perturbados. Ecossistemas fluviais proporcionam inúmeros bens e serviços ecológicos e sociais (Costanza et al 1997). Os ecossistemas que se encontram em um estado natural oferecem mais serviços e retêm mais funcionalidades do que os sistemas que sofreram impactos em termos antropogénicos. O estado em grande parte natural dos rios da região implica que a funcionalidade do ecossistema aquático ainda é alto, e que o rio principal e zona riparia associada, planícies de inundação, zonas húmidas e afluentes são passíveis de fornecer alto grau de serviços e utilidades. Os potenciais serviços dos ecossistemas fornecidos pelo ambiente aquático estão listadas na Tabela 3-3. Tabela 3-3: Serviços ambientais prestados pelos ecossistemas fluviais

Serviços ecossistémicos

Funções do Ecossistema Funções Específicas

Regulamento da Perturbação/Resiliência dos Ecossistemas

Regulamento das flutuações ambientais episódicas e grandes

Controlo de cheias, recuperação da seca

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Serviços ecossistémicos

Funções do Ecossistema Funções Específicas

Regulamento e abastecimento de água/transporte hidrológico / Regulamento da qualidade da água

Fornecimento e Regulamento do fluxo de água, quantidade e qualidade das águas

Fornecimento de água para os serviços ecossistémicos, uso agrícola e familiar em quantidade e qualidade suficientes

Abastecimento e Regulamento de Sedimentos

Regulamento do fornecimento de sedimentos para jusante

Manutenção das características geomorfológicas, tais como bancos de areia e bancos de areia rasos

Controlo de Erosão Retenção de solo dentro de um ecossistema

Prevenção de perda de solo pela cobertura com vegetação ripária e retenção do solo

Formação de solos Processos de formação do solo Intemprismo das rochas pela água e acúmulo de matéria orgânica nos rios.

Ciclo de nutrientes Armazenamento, reciclagem, captura e processamento de nutrientes

Fixação de nitrogénio e do ciclo de nitrogénio através das cadeias alimentares aquáticas intactas

Tratamento de resíduos Recuperação de nutrientes, remoção e estratificação do excesso de nutrientes

Estratificação de resíduos, desintoxicação da poluição

Regulação da dinâmica da cadeia alimentar/ Controlo Biológico

Regulação das populações de animais e plantas

Controlo de cima/baixo. Controlo de predadores de espécies de presas, manutenção do equilíbrio populacional

Refugia Habitat para populações residentes e migratórias

Viveiros, habitat para peixes e pássaros migratórios, habitats regionais para espécies, habitat para espécies sensíveis e raras.

Produção de alimentos Produção primária de matéria-prima

Produção de peixes e plantas para consumo local

Matéria-prima A produção primária de matérias-primas

Produção de material de artesanato, material de construção civil e forragens

Manutenção dos recursos genéticos

Materiais e produtos biológicos únicos

Fluxo de genes

Cultura Prover oportunidades para utilização não comerciais

Valores estéticos, espirituais, intrínsecos e científicos dos ecossistemas

Regulamento do Fluxo de Carbono

Regulação da composição química da atmosfera

Fixação de carbono, produção de oxigénio e ozónio

Manutenção da conectividade longitudinal e lateral

Prestação de conectividade migratória para espécies aquáticas e terrestres

Manutenção da biodiversidade aquática e terrestre

Qualquer alteração a morfologia, hidrologia e regime hidráulico de um sistema fluvial pode resultar em mudanças na qualidade dos serviços do ecossistemas indicados na Tabela 3-1. Embora o impacto mais óbvio seja observado a uma escala local, a extensão do impacto não irá permanecer localizada, mas será sentido em um gradiente de impacto ao longo do comprimento do sistema. O grau em que os potenciais impactos terão impacto nos serviços ecossistémicos dependerá tanto da natureza do impacto como da natureza do curso de água receptor, tornando a quantificação de perdas dos serviços do ecossistema particularmente difícil.

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4 METODOLOGIA

4.1 Levantamento no local A área do projecto foi visitada entre 07 e 15 de Março de 2013 (período chuvoso), e novamente de 13 à 20 de Setembro de 2013 (período seco). Inicialmente, fez-se o levantamento da área geral de carro, de forma a avaliar a acessibilidade dos vários cursos de água. Esta informação inicial foi utilizada para determinar os locais que seriam visitados e fazer-se o levantamento mais extensivo (Figura 4-1 e na Tabela 4-1). O segundo levantamento da estação chuvosa foi realizado entre os dias 10 e 16 de Abril de 2014 e o segundo levantamento da estação seca foi realizado entre 15 e 19 de Setembro de 2014. As amostras de qualidade da água, assim como os levantamentos de invertebrados aquáticos só poderiam ser realizados quando a água estivesse presente nos diferentes locais (Tabela 4.1). 4.1.1 Qualidade da Água e Invertebrados Aquático Estação Chuvosa 1 (W1) As amostras de qualidade da água foram colhidas em cinco locais situados a montante e a jusante da área do projecto. Retirou-se amostras de três afluentes do rio Revuboé; os rios Nhambia, Tshissi e Ncacame. O Rio Mussumbudze estava seco na altura da visita ao local. Fez-se amostras do Rio Revuboé a montante e a jusante da área do projecto. Estação Seca (D) Amostras de qualidade da água foram colhidas em cinco locais situados a montante e a jusante da área do projecto. Os afluentes a oeste do Rio Revuboé onde foram colhidas amostras na estação chuvosa estavam secos, por isso não foi possivel realizar a amostragem (rios Nhambia, Tshissi e Ncacame). Fez-se a amostragem do Rio Revuboé a montante e a jusante da área do projecto. Os locais do rio a leste do Rio Revuboé estavam acessíveis durante a estação seca, por isso foram colhidas duas amostras no Rio Ncondezi. Fez-se também a amostragem de um local de controlo localizado a oeste do rio Revuboé. Estação Chuvosa 2 (W2) Foram colhidas amostras de qualidade da água em oito locais situados a montante e a jusante do da área do projecto. Fez-se a amostragem de três afluentes do rio Revuboé; os rios Nhambia, Tshissi e Ncacame. Fez-se a amostragem do Rio Revuboé a montante e a jusante da área do projecto. Os locais do rio a leste do Rio Revuboé estavam acessíveis, de modo que foram colhidas duas amostras no rio Ncondezi. Fez-se também a amostragem de um local de controlo localizado a oeste do rio Revuboé. Estação Seca 2 (D2) Foram colhidas amostras de qualidade da água em cinco locais situados a montante e a jusante do da área do projecto. Os afluentes a oeste do Rio Revuboé que se colheram amostras na estação chuvosa estavam secos, por isso não foi possível realizar a amostragem (rios Nhambia, Tshissi e Ncacame). Colheu-se amostras do Rio Revuboé a montante e a jusante da área do projecto. Os locais do rio a leste do Rio Revuboé estavam acessíveis durante a estação seca, por isso foram colhidas duas amostras no Rio Ncondezi (a montante e a jusante). Fez-se a amostragem de um local de controlo situado a oeste do rio Revuboé, não afectado pela actividade do projecto. Tabela 4-1: Local de amostragem da qualidade da Água

Nome do Local da Amostra Latitude Longitude

Nhambia Superior 15° 36.954'S 33° 40.073'E

Tshissi 15° 41.135'S 33° 40.375'E

Ncacame 15° 42.210'S 33° 39.798'E

Revuboe Superior 15° 42.845'S 33° 46.497'E

Baixo Revuboé (na confluência de 15° 44.703'S 33° 45.665'E

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Nhambia)

Ncondezi Superior 15° 49.547'S 33° 58.916'E

Baixo Ncondezi 15° 52.142'S 33° 50.227'E

Controlo do Córrego 15° 47.557'S 33° 33.947'E

Mussumbudze 15° 39.363'S 33° 43.676'E

Figure 4-1: Pontos de amostragem da qualidade da água e Invertebrados Aquáticos.

4.2 Metas e Objectivos As principais metas da visita ao local eram:

Obter uma compreensão clara das conexões entre os sistemas fluviais no local

Obter dados físico-químicos nos rios, directa e indirectamente afectados pelo projecto de mineração proposto,

Obter dados sobre a ecologia aquática dos rios directa e indirectamente afectados pelo projecto de mineração proposto,

A informação obtida durante a visita ao local foi depois usada para discutir aspectos dos Termos de Referência definidos na secção 1.1.

4.3 Qualidade das Águas 4.3.1 Colheita de Amostras Foram fornecidos pelo laboratório frascos não usados para colheita de amostras. As amostras foram mantidas refrigeradas, tanto quanto possível, antes de serem enviadas para o laboratório para análise.

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4.3.2 Colheita de Dados no Terreno para Qualidade de Água Foram retiradas medições físico-químicas in situ da qualidade da água na superfície usando um Sistema YSI 556 Multi-Probe, que compreende YSI 556-02 registador portátil multi-parâmetro e YSI 5563-10 cabo e sonda (Ilustração 4-1) capaz de medir (com uma breve explicação):

Temperatura

pH - soluções aquosas a 25ºC com um pH inferior a 7 são consideradas ácidas, enquanto que aquelas com um pH maior que 7 são consideradas básicas (alcalinas). O pH de 7.00 é considerado neutro a 25 ° C, porque neste pH a concentração de iões hidrónio (H3O +) é aproximadamente igual à concentração de iões hidróxido (OH-), em água pura. Mudanças no pH podem ter efeitos graves na biota aquática, devido a alterações no equilíbrio iónicos e osmótico dos organismos, bem como resultar em mudanças na disponibilidade de substâncias tóxicas, como alumínio e amoníaco.

Oxigénio Dissolvido (OD) o teor é uma medida da quantidade de oxigénio gasoso (O2) dissolvido em água, que é vital para a sobrevivência de organismos aquáticos. O oxigénio é transferido para a água por difusão do ar circundante, por aeração (movimento rápido), e como um produto de desperdício de fotossíntese

Ilustração 4-1: Equipamento de amostragem no local e frascos de amostras

4.3.3 Análises Laboratoriais As amostras de água foram transportadas para Talbot Laboratories na África do Sul para análise. Este laboratório é acreditado pelo SANAS (Sistema Nacional de Acreditação da África do Sul). Foram analisados os seguintes parâmetros:

Parâmetro Unidades

Amónia mg N/l

Demanda Química de Oxigénio (total)

mg O2/l

Condutividade a 25 °C mS/m

Cianeto μg CN/l

Alumínio dissolvido mg Al/l

Registador Multi-parâmetro

Temperatura, pH, EC, salinidade, TDS, DO e sensores ORP

Frascos de amostras

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Arsénico dissolvido mg As/l

Cádmio dissolvido mg Cd/l

Cálcio dissolvido mg Ca/l

Cobre dissolvido mg Cu/l

Ferro dissolvido mg Fe/l

Chumbo dissolvido mg Zn/l

Magnésio dissolvido mg Mg/l

Manganês dissolvido mg Mn/l

Mercúrio dissolvido mg Hg/l

Níquel dissolvido mg Ni/l

Zinco dissolvido mg Zn/l

Cromo hexavalente mg Cr/l

Nitrato/Nitrito mg N/l

Nitrito mg N/l

Óleo & graxa mg/l

ortofosfato mg P/l

Potássio mg K/l

Sulfato mg SO4/l

Sulfureto mg S2/l

Sólidos suspensos a 105°C mg/l

Turbidez NTU

E. coli colónias por 100 ml

BTEX

Total de Hidrocarbonetos de petróleo

4.3.4 Análise de dados Os dados de qualidade da água foram medidos para fornecerem os níveis de base dos vários parâmetros e para determinar os tipos de condições que são encontradas na área. Estes resultados foram comparados com os pdrões do MICOA, bem como com os da ANZECC. Note-se que esta foi uma e única colheita de amostras de água por estação, e é, portanto, muito limitada em termos de que conclusões podem ser extraídas a partir dos resultados. 4.3.5 Padrões Internacionais O IFC não publicou directrizes de qualidade de água para sistemas de água doce, mas existem directrizes abrangentes/critérios publicados dos Estados Unidos (US EPA 2009) e Austrália/Nova Zelândia (Conselho de Conservação e Ambiente da Austrália e Nova Zelândia; ANZECC 2000), e alguns dos critérios podem ser adequadas às condições de Moçambique. As directrizes da ANZECC são bastante rígidas e incluem um grande número de parâmetros. Neste momento, não havendo nenhuma directriz específica de Moçambique disponível, foram escolhidas as directrizes da ANZECC especificamente devido a sua rigorosidade. A Tabela 6-2 compara os resultados da qualidade da água para os critérios da ANZECC. Por favor observe: LTV: O valor de desencadeador de longo prazo (LTV) é a concentração máxima (mg/l) de contaminantes na água que pode ser tolerada assumindo 100 anos. STV: O valor desencadeador de curto prazo (STV) é a concentração máxima (mg/l) de contaminantes na água que pode ser tolerada por um período de tempo mais curto (20 anos). O único constituinte que excedeu o limite da ANZECC foi o fósforo. Como discutido acima, este deve mais provavelmente ser resultado do uso de água nos arredores dos locais de amostragem

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de água. Como visto nas amostras dos levantamentos anteriores, os resultados do segundo levantamento da estação chuvosa caem quase completamente dentro dos limites das directrizes da ANZECC.

4.4 Invertebrados Aquáticos 4.4.1 Colheita de amostras Foram colhidas amostras de todos os biótopos disponíveis usando o método padrão do Sistema Sul-Africano de Pontuação Versão 5 (SASS5). O método de colheita SASS5 está descrito na totalidade em Dickens e Graham, 2002, e foi especificamente desenhado para ser compatível com os protocolos internacionais de acreditação desta natureza. O método SASS5 é uma adaptação às condições Sul-Africanas do método Britânico de Grupo de Trabalho de Acompanhamento Biológico (BMWP). Assumiu-se que as condições em Moçambique estariam em conformidade, em grande parte, às encontradas na África do Sul. O método SASS5 incorpora todos os biótipos, disponíveis em um local, e fornece uma indicação da integridade da comunidade de macro-invertebrados pelo registo da presença de famílias de macro-invertebrados no local. Cada táxon é atribuído uma pontuação com base no seu nível de tolerância para a saúde geral do sistema fluvial (Dickens e Graham, 2002). Em uma tentativa de capturar todas as famílias de macro-invertebrados presentes num local, foram colhidas amostras em triplicado dentro de cada biótopo. As amostras individuais foram depois reunidas e classificadas como uma única amostra para efeitos de identificação. 4.4.2 Identificação Todos os invertebrados visíveis foram escolhidos a partir de uma bandeja e transferidos para um frasco contendo 70% de etanol. A recolha continuou até que não houvesse novo indivíduo escolhido por um período de dois minutos. Vários guias de campo e chaves taxonômicas foram utilizados para identificar os macro-invertebrados dentro de cada amostra a nível familiar. 4.4.3 Avaliação do Actual Estado Ecológico Muito pouca informação está disponível sobre a diversidade de invertebrados em Moçambique. Esta falta de dados torna difícil compilar um "estado de referência", para avaliar o actual estado ecológico dos rios. Como tal, propõe-se que o controlo da linha de base forneça o "estado de referência" em que todos biomonitoramentos subsequentes sejam avaliados. O processo de Determinação de Reserva Ecológica Sul-Africano definiu categorias de Referência padrão para uso na classificação da qualidade da ecologia aquática, como indicado na Tabela 4-2. Tabela 4-2: Limites da categoria de referência padrão para o SASS.

Limite da Classe Intervalo da Pontuação da ASPT

Natural 7

Bom 6

Razoável 5

Pobre <5

4.4.4 Avaliação qualitativa de integridade biótica baseado em Ephemeroptera, Plecoptera e riqueza taxa Trichoptera

Foi aplicada a abordagem da Agência de Protecção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) para a avaliação qualitativa da integridade biótica de um córrego para os locais de amostragem. O objectivo de Taxa de Riqueza Métrica Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera (EPT) é fornecer uma base para futuras bio-avaliações rápidas. Os taxas EPT são considerados sensíveis à

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poluição (Barbour et al, 1999), e como tal o nível de degradação em um local pode ser determinado através da avaliação da presença dos táxones Ephemeroptera (efeméridas), Trichoptera (moscas-de-água) e Plecoptera (perlópteros). Alta riqueza de taxa EPT indicaria pouca ou nenhuma degradação, enquanto uma baixa riqueza de taxa EPT indicaria um alto nível de degradação do site.

4.5 Pressupostos e Limitações Poucos são os dados sobre as espécies aquáticas em Moçambique, particularmente para os sistemas permanentes de pequeno porte. Portanto, era necessário assumir que inúmeras espécies de Interesse especial, raras e sob ameaça de extinção e são espécies não descritas, e ocorrem, possivelmente, dentro da área de estudo. Uma única amostra, em cada local, não fornece dados suficientes para uma avaliação precisa e de alta confiança sobre a qualidade do meio aquático. Os dados físico-quuímicos da qualidade da água colhida fornecem apenas u da qualidade da águas na área de estudo, assim poucas inferências foram retiradas a partir destes dados .

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5 DESCRIÇÃO DO LOCAL

5.1 Descrição geral Fez-se o levantamento da área do projecto e das secções de opções de estrada de transporte, identificadas pela Coffey Mining. A cobertura vegetal geral e as características florais/habitat importantes, são discutidas abaixo. A Figura 5. 1 indica os locais estudados.

Figura 5.1: Os locais de realização do levantamento visual/habitat estão indicados pelos blocos roxos.

5.2 Rio Mussumbudze O Rio Mussumbudze (Ilustração 5-1 a 5-3) junta-se ao Rio Revuboé no norte da área do projecto. No momento do levantamento na época chuvosa, não havia fluxo de água no rio. O leito do rio estava arenoso, com o que parecia ser uma quantidade significativa de sedimentos depositados sobre o leito da rocha. Este local não foi profundamente estudado.

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Ilustração 5-1: Rio Mussumbudze a jusante da travessia da rodovia

Ilustração 5-2: Rio Mussumbudze a montante da travessia da rodovia

Ilustração 5-3: Foz do Rio Mussumbudze, na confluência com o Rio Revuboe.. O crocodilo no primeiro plano foi observado no mesmo local em várias ocasiões.

5.3 Rio Nhambia e seus afluentes 5.3.1 Local do Curso Superior do Rio Nhambia Este local está a aproximadamente 20 km a montante da confluência do Rio Nhambia com o Rio Revuboe. De igual modo, está também a mais de 15 km a montante das confluências dos Rios Tshissi e Ncacame com o Rio Nhambia. Á semelhança do Rio Mussumbudze, o Rio Nhambia (Ilustrações 5-4 e 5-5) parece ter um leito arenoso na extensão acima das confluências com os dois rios menores acima mencionados. Foi observada uma estrutura semelhante do leito do rio a cerca de 4 km a jusante deste local de amostragem, onde a estrada para o campo de exploração cruza o rio. O rio neste ponto, estava completamente seco. Ainda era possível visualizar evidências de recentes inundações ao longo das margens do rio. Estas incluem detritos de vegetação e erosão das margens. A Tabela 5-1 indica os parâmetros de qualidade da água medidos no local.

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Tabela 5-1: Parâmetros de quaidade da água medidos no local do Rio Nhambia

Parâmetro Medição W1 D W2 D2

DO (mg/l) 4.61 Sem Água

6.8 Sem Água pH 6.21 9.21

Temperatura (°C) 28.73 29.2

Ilustração 5-4: Amostra do curso superior do Rio Nhambia (Levantamento da estação CHUVOSA).

Ilustração 5-5: Amostra do curso superior do Rio Nhambia (Levantamento da estação SECA).

5.3.2 Local do Rio Tshissi O Rio Tshissi (Placas 5-6 a 5-9) junta-se ao Rio Nhambi a, aproximadamente 10 km a montante da confluência do Rio Nhambia com o Rio Revuboé. O local da amostrageml, situa-se a cerca de 3. 5 km a montante da confluência dos Rios Nhambia e Tshissi. O fluxo no rio estava já bastante lento após a estação chuvosa, mas as evidências de fluxos de alta velocidade eram ainda visíveis nos caudais do rio como, por exemplo, detritos de vegetação arrastados até ao rio, pelas fortes correntes das águas. A vegetação ribeirinha estava densa. A Tabela 5-2 indica os parâmetros de qualidade da água medidos no local Tabela 5-2: Parâmetros de quaidade da água medidos no local do Rio Tshissi

Parâmetro Medição W1 D W2 D2

DO (mg/l) 7.86 Sem Água

6.89 Sem água pH 7.21 10.93

Temperatura (°C) 24.31 23.39

O fluxo lento no córrego contribuiu para a falta de diversidade de habitat. Além disso, o nível baixo de água fez com que muito pouca vegetação marginal fosse acessível aos invertebrados.

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Ilustração 5-6: A montante da travessia da estrada sobre o Rio Tshissi (Estação CHUVOSA).

Ilustração 5-7: A jusante da travessia da estrada sobre o Rio Tshissi (Estação CHUVOSA).

Ilustração 5-8: A montante da travessia da estrada sobre o Rio Tshissi (Estação SECA).

Ilustração 5-9: A jusante da travessia da estrada sobre o Rio Tshissi (Estação SECA).

5.3.3 Local do Rio Ncacame O Rio Ncacame (Ilustrações 5-10 e 5-11), junta-se ao Rio Nhambia, a aproximadamente 8 km a montante da confluência do Rio Nhambia com o Rio Revuboé. O local de amostragem é a cerca de 4 km a montante da confluência dos Rios Nhambia e Ncacame. A Tabela 5-3 indica os parâmetros de qualidade da água medidos no local. Tabela 5-3: Parâmetros de qualidade da água medidos no local do Rio Ncacame

Parâmentro Medição W1 D W2 D2

DO (mg/l) 7.93 Sem Água

6.82 Sem Água pH 7.72 9.22

Temperatura (°C) 24.21 23.52

Apenas uma pequena porção do potencial habitat do caudal estava inundada no momento do levantamento. O leito rochoso do rio poderia fornecer excelente diversidade de habitat com maiores taxas de fluxo e níveis de água. Ao nível ilustrado na Ilustração 5-10, uma pequena quantidade de vegetação marginal proporcionar habitat, enquanto a maioria provém das águas rasas, com fluxo relativamente veloz sobre o leito rochoso.

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Ilustração 5-10: A jusante do Rio Ncacame na travessia da estrada (Estação CHUVOSA)..

Ilustração 5-11: Placa 5-11: A jusante do Rio Ncacame na travessia da estrada (Estação SECA).

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5.4 Rio Ncondezi O Rio Ncondezi junta-se ao Rio Revuboé a aproximadamente 17 km a jusante do limite do projecto. O principal impacto do projecto neste rio, será a construção de uma ponte como parte da estrada de transporte. Foram propostos três potenciais locais de travessia, e estes estão ligados às rotas de estrada de transporte alternativas. Fez-se a amostragem do Rio em dois locais durante o levantamento da estação seca; um na opção proposta mais a norte da travessia da estrada de transporte e o outro, abaixo da opção proposta mais a sul da travessia da estrada de transporte. O acesso à esta parte da área do projecto não foi possível durante a estação chuvosa.. 5.4.1 Curso Superir do Rio Ncondezi Os principais impactos no local da amostragem incluíam uma travessia de rio movimentado, uso doméstico do rio para tomar banho e lavar a roupa e a prática de agricultura de subsistência em planícies de inundação (Ilustrações 5-12 a 5-14). Mais adiante a montante e a jusante do local, a vegetação Ripariana parecia estar intacta. O leito rochoso construído e usado para a travessia do rio por viaturas, fornecia o único habitat no caudal, além do material arenoso do leito do rio e estavam presentes pequenas porções de caniço (Phragmites sp.) que proporcionavam um habitat de vegetação marginal. A Tabela 5-4 indica os parâmetros de qualidade da água medidos no local. Tabela 5-4: Parâmetros de qualidade da água medidos no local do Rio Ncondezi

Parâmentro Medição W1 D W2 D2

DO (mg/l) Sem Água

9.21 7.74 8.8

pH 7.64 7.58 8.01

Temperatura (°C) 25.53 26.8 25.36

Ilustração 5-12 : Vista a montante do local da travessia.

Ilustração 5-13: Vista a jusante do local da travessia.

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5.4.2 Curso Inferior do Rio Ncondezi A parte inferior localiza-se a aproximadamente 1 km a jusante de um local de travessia. O rio estava extenso e raso no local da amostragem, com a maioria da vegetação ribeirinha intacta (Ilustrações 5-15 e 16-5). Estavam presentes porções significativa de leitos rochosos, cascalho e lama, mas não se encontravam inundados no momento, o que era uma indicação de que o habitat aquático na estação chuvosa é relativamente abundante no local. A Tabela 5-6 indica os parâmetros de qualidade da água medidos no local. Tabela 5-5: Parâmetros de qualidade da água medidos no local Curso inferior do Rio Ncondezi

Parâmentro Medição W1 D W2 D2

DO (mg/l) Sem

Amostra

8.74 8.52 8.32

pH 7.55 7.81 8.13

Temperature (°C) 26.12 24.3 28.4

Apenas uma pequena porção do caudal do potencial habitat estava inundado na altura do levantamento.

Ilustração 5-14: Leito rochoso construído para a travessia de viaturas

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Ilustração 5-15: A jusante da travessia da estrada do Rio Ncondezi (Estação SECA – vista superior).

Ilustração 5-16: A jusante do Rio Ncondezi, travessia da estrada do (Estação SECA – vista inferior).

5.5 Rio Revuboé Fez-se a amostragem do Rio Revuboé (Ilustrações 5-18 à 5-20) em dois locais; um no limite norte da área do projecto e outro no limite do sul do local do projecto. A zona Ripariana longa de grande parte do Revuboe dentro da área do projecto (e em grandes extensões fora da área do projecto) foi desbravada de forma que as comunidades locais pudessem plantar culturas nas áreas de terra nas áreas das planícies de inundação. Este desbravamento irá contribuir significativamente para as cargas de sedimentos transportadas pelo rio. A vegetação marginal consistia principalmente de capim e caniço. Aproximadamente duas semanas antes da primeira visita ao local na estacão chuvosa, uma mulher idosa foi levada por um crocodilo enquanto cartava água no rio no local a montante do limite norte do projecto. Na sequência deste incidente, a população local ficou extremamente cautelosa ao se movimentar junto às margens do rio. Os crocodilos foram localizados em numerosas ocasiões durante o levantamento de peixes a montante e a jusante da área do projecto. As amostras de qualidade da água foram extraídas a montante da área do projecto e no local do limite sul, a montante da confluência com o Rio Nhambia. As Tabelas 5-6 e 5-7 indicam os parâmetros de qualidade da água medidos no local. Tabela 5-6: Parâmetros de qualidade da água medidos a partir da parte superior do Rio Revuboé (ponto de travessia)

Parâmentro Medição W1 D W2 D2

DO (mg/l) Sem

Amostra

7.46 7.2 7.4

pH 7.13 8.24 7.57

Temperatura (°C) 22.38 23.42 22.37

Tabela 5-7: Parâmetros de qualidade da água medidos na parte inferior do Rio Revuboé (acima da confluência do Nhambia

Parâmetro Medição W1 D W2 D2

DO (mg/l) Sem Amostra

7.99 7.55 8.31

pH 7.86 7.59 7.92

Temperatura (°C) 25.55 24.1 24.81

Os níveis elevados das água no rio impediram a amostragem de habitats de pedras e outros. O acesso à vegetação marginal foi limitado a uma única área que foi considerada segura na altura. O desbravamento quase completo da zona ribeirinha, resultou também na erosão dos bancos de areia do rio em muitas áreas.

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Ilustração 5-17: Placa 5-17: A montante do Rio Revuboé na área do projecto.

Ilustração 5-18: A montante do Rio Revuboé na área do projecto. Vista da zona ribeirinha predominada por capim

Ilustração 5-19 e 5-20: Rio Revuboe. Visto a partir do Rio Nhambia, na confluência da fronteira sul do local..

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6 RESULTADOSS

6.1 Qualidade das Águas 6.1.1 Padrões do MICOA Os resultados das análises laboratoriais da qualidade da água são apresentados nas Tabelas 6-1 e 6-2 abaixo. Pouco pode ser inferido a partir dos resultados nesta fase, tendo em conta que estes representam, apenas, duas amostras distintas em um período de doze meses. É necessário um monitoramento a longo prazo da linha de base da qualidade das águas, de forma a descrever com precisão a qualidade físico-química da água predominante na área. Actualmente, Moçambique não possui padrões de qualidade de águas para sistemas de água doce; isto é, directrizes-alvo de qualidade de água do ambiente, tais como os publicados pelo Departamento de Recursos Hídricos na África do Sul. No entanto, a legislação Moçambicana, exige que “devem ser padronizados os parâmetros que definem a qualidade da água para o domínio público, com base nas suas categorias, tendo em consideração o objectivo final da sua utilização...”. As categorias incluem (a) o consumo humano, (b) água para agricultura e pecuária, (c) água para fins de piscicultura, (d) água para fins de recreação e (e) água para processamento de bebidas e alimentos. A Tabela 6-1 compara os resultados da qualidade da água para os padrões do MICOA, para a categoria de (a) consumo humano (Diploma Ministerial de 18/2004), uma vez que esta é a utilização que mais combina com o actual uso da água na área. Os resultados do primeiro levantamento da estação chuvosa, indicam que na sua maioria, a qualidade da água dos sistemas ao redor e dentro da área do projecto, está em conformidade com os limites do MICOA. Os resultados da elevada turbidez e da condutividade eléctrica em alguns sistemas (por exemplo, os Rios Ncacame e Revuboé), são de se esperar, como parte da sazonalidade desses sistemas. As fortes chuvas teriam lavado os sedimentos das terras vizinhas para os córregos e rios, causando directamente estes resultados elevados. Os cursos superiores dos Rios Tshissi e Nhambia, exibiam níveis elevados de fosfato; Isto pode ser resultado do tipo de água usado nas imediações da área da amostra. O uso de sabão e detergentes para tomar banho e lavar a roupa, eleva os níveis de fosfato e outros constituintes na água. Novamente, os resultados da estação seca, indicam boa qualidade de água. A elevada condutividade eléctrica no Rio Revuboe e, em especial, no Controlo do córrego, são novamente resultado da sazonalidade. Os baixos níveis de águas no sistema, irão resultar em um aumento na concentração de sólidos dissolvidos que ocorrem naturalmente na água. Um exemplo extremo disto, é o Controlo do córrego, onde o córrego por si só foi reduzido para pequenas lagoas conectadas por córregos muito rasos. Os resultados da segunda estação chuvosa, em grande parte, repetiram os da primeira estação chuvosa, com alguns locais a exibirem elevada turbidez provenientes da deposição de sedimentos através de fortes chuvas. Esta carga maior de sedimentos é a causa mais provável dos níveis elevados do fósforo, cálcio e da condutividade eléctrica observada em alguns córregos. Esta informação pode ser de relevância para o projecto à luz dos requisitos para aplicar à concessão de captação de água e permissão para descarga de efluentes nos termos da seguinte legislação Moçambicana:

Resolução n º 46/2007, de 30 de Outubro – Política de Águas – Revisão da Política Nacional de Águas; Estratégia Nacional de Gestão de Recursos Hídricos (2007);

Resolução n º 43/2007, de 30 de Outubro – Regulamento de Licença e Concessão de Águas.

Monitoramento a longo prazo da qualidade da água Na ausência de quaisquer directrizes adequadas publicadas, recomenda-se que a Capitol Resources inicie um programa de monitoramento da qualidade da água a longo prazo: A ANZECC

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2000 recomenda dois anos de amostragem mensal. Isto permitirá o desenvolvimento de uma base de dados da linha de base da qualidade de água específica do local. Esta base de dados, poderá ser usada para fornecer uma directriz-alvo de qualidade da água específica para o local da Capitol: A ANZECC (2000) fornece directrizes sobre como critérios adequados podem ser derivados de dados de monitoramento. O monitoramento da qualidade da água logo após o início das operações de mineração, pode ser comparado, a posterior, com as directrizes desenvolvidas a partir da linha de base do programa de monitoramento. Uma vez que é, sempre, provável que haja flutuações naturais na qualidade da água do ambiente, é importante estabelecer um mecanismo para identificar quando é que um parâmetro está elevado fora do normal, e não quando está ligeiramente elevado. A CES recomenda que seja considerada uma abordagem de valores medianos e os percentís associados de excedência dos dados de monitoramento, segundo recomendado pela ANZECC (2000), desde os dados iniciais da linha de base do programa de monitoramento

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Tabela 6-1a: Resultados físicos-químicos da qualidade da água (padrões de água potável do MICOA).

Parâmetro Unidade MICOA Rio Tshissi Rio Ncacame Curso Superior do Revuboe

Curso Inferior do Revuboe na confluência com o Rio Nhambia

W1 D W2 D2 W1 D W2 D2 W1 D W2 D2 W1 D W2 D2

Alumínio dissolvido* mg/l 0.2 0.002

Sem

Água

0.031

Sem

Água

0.002

Sem

Água

<0.001

Sem

Água

0.003 0.001 0.016 <0.001 0.005 0.002 0.014 <0.001

Amônia (NH3) mg/l 0.14 0.11 <0.08 0.09 0.11 <0.08 0.1 <0.08 <0.08 <0.08 <0.08 0.14

Amónio (NH4) mg/l 1.5 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Antimónio mg/l 0.02 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Arsénico Dissolvido* mg/l 0.01 0.001 <0.001 0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001

Bário mg/l 0.7 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Bromo mg/l 0.3 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Cádmio Dissolvido* mg/l 0.003 <0.001 <0.01 <0.001 <0.01 <0.001 <0.001 <0.01 <0.001 <0.001 <0.001 <0.01 <0.001

Demanda Química de Oxigénio (total) mg/l 20 <20 24 <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20

Cálcio mg/l 50 21 16 27 58 13 15 12 16 12 16 13 16

Cloreto mg/l 250 ND <5 ND 39 ND <5 <5 ND ND <5 <5 ND

Cloro mg/l 0.5 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Crómio Hexavalente mg/l 0.05 ND 0.0021 ND 0.0049 ND <0.0008 <0.0008 <0.0008 ND <0.0008 <0.000

8 <0.0008

Organismos Coliformes MPN/100ml 0 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Cor mg Pt/l

Descritivo ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Cobre Dissolvido* mg/l 1 <0.001 0.01 <0.001 <0.01 <0.001 <0.001 <0.01 <0.01 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001

Cianeto* mg/l 0.07 <0.02 <20 <0.02 <20 <0.02 <0.02 <20 <20 <0.02 <0.02 <20 <20

Condutividade Eléctrica (Condutividade a 25 °C)

mS/m @ 25

oC

20 15 18 68 87 13 22 14 19 18 22 15 19

Sais Dissolvidos mg/l 1000 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Fluoreto mg/l 1.5 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Rigidez mg CaCO3/1 500 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Ferro Dissolvido mg/l 1.5 0.002 0.01 0.002 0.01 0.002 <0.001 0.04 0.01 0.005 <0.001 0.05 0.01

Chumbo Dissolvido mg/l 0.01 <0.001 <0.05 <0.001 <0.05 <0.001 <0.05 <0.05 <0.05 0.008 <0.05 <0.05 <0.05

Dissolved Magnesium mg/l 50 10 4.6 49 49 10 7.1 4.7 7 <1 7.1 5.1 7.1

Manganésio Dissolvido mg/l 0.1 ND <0.02 ND <0.02 ND <0.02 <0.02 <0.02 ND <0.02 <0.02 <0.02

Mercúrio Dissolvido* mg/l 0.001 ND <0.001 ND <0.001 ND <0.001 <0.001 <0.001 ND <0.001 <0.001 <0.001

Molibdéno mg/l 0.07 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Níquel Dissolvido mg/l 0.02 ND <0.07 ND <0.07 ND <0.07 <0.07 <0.07 ND <0.07 <0.07 <0.07

Nitrato mg/l 50 ND 0.15 ND 0.09 ND <0.01 0.06 0.07 ND <0.01 0.05 0.1

Nitrito mg/l 3 ND 0.15 ND 0.09 ND <0.01 0.06 <0.01 ND <0.01 0.05 <0.01

Odor Descritivo ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

pH 6.5 to 8.5 ND 7.4 ND 7.8 ND 7.5 7.6 7.57 ND 7.6 7.5 7.92

Fósforo (P) mg/l 0.1 ND 0.56 ND 0.178 ND 0.008 0.019 0.007 ND 0.013 <0.002 0.006

Selênio mg/l 0.1 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Sódio mg/l 200 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Carbono Orgânico Solúvel mg/l 2.5 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Sulfato mg/l 250 ND 5.85 ND 3.57 ND 3.98 2.91 1.29 ND 4.22 3.98 1.44

Sólidos Totais em Suspensão (Sólidos em Suspensão a 105°C)

mg/l 1000 ND 30 ND 40 ND <10 35 <10 ND <10 121 <10

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Turbidez NTU 5 ND 18.2 ND 8 ND 2.2 22 1.8 ND 2.8 40 0.9

Zinco Dissolvido mg/l 3 ND 0.01 ND 0.01 ND 0.01 0.01 0.01 ND <0.01 0.01 0.01

Aceitável e dentro das especificações de água potável.

Acima das especificação de água potável. Requer uma resolução imediata.

ND Não Determinado. O parâmetro deve ser incluído planos de monitoramento futuros.

Abaixo do limite de detecção do parâmetro de medição. Recomenda-se uma revisão de forma a acomodar os valores abaixo dos padrões exigidos.

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Table 6-1b: Resultados Físicos-químicos da qualidade da água (padrões da água potável do MICOA)

Parâmetro Unidade MICOA Curso Superior do Ncondezi Curso Inferior do Ncondezi

Curso Superior do Rio Nhambia

Controlo do Fluxo

W1 D W2 D2 W1 D W2 D2 W1 D W2 D2 W1 D W2 D2

Alumínio dissolvido* mg/l 0.2

No s

am

ple

0.002 0.019 0.001

Sem

am

ostra

<0.001 0.003 0.0111

Sem

am

ostra

<0.001 0.006

Sem

am

ostra

Sem

am

ostra

e

0.001 0.009 <0.001

Amônia (NH3) mg/l <0.08 <0.08 (0.12) <0.08 0.16 <0.08 <0.08 <0.08 <0.08 0.13 <0.08

Amónio (NH4) mg/l 1.5 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Antimónio mg/l 0.02 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Arsênico Dissolvido* mg/l 0.01 <0.001 <0.001 <0.001 0.002 0.001 <0.001 <0.001 0.0019 <0.001 <0.001 0.00179

Bário mg/l 0.7 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Bromo mg/l 0.3 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Cádmio Dissolvido* mg/l 0.003 <0.001 <0.01 <0.001 <0.001 <0.01 <0.001 <0.001 <0.01 <0.001 <0.01 <0.001

Carência Química de Oxigénio (total) mg/l <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20

Cálcio mg/l 50 10 11 10 9.1 9.7 11 52 72 11 11 76

Cloreto mg/l 250 <5 <5 ND ND <5 ND 20 18 <5 <5 ND

Cloro mg/l 0.5 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Crómio Hexavalente mg/l 0.05 <0.0008 <0.0008 <0.0008 ND <0.0008 <0.0008 <0.0008 <0.0008 <0.0008 0.0012 <0.0008

Organismos Coliformes MPN/100ml 0 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Cor mg Pt/l Descritivo ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Cobre Dissolvido* mg/l 1 <0.001 <0.01 <0.01 <0.001 <0.01 <0.01 <0.001 <0.01 <0.001 <0.01 <0.01

Cianeto* mg/l 0.07 <0.02 <0.02 <0.02 <0.02 <0.02 <0.02 <0.02 <0.02 <0.02 <0.02 <0.02

Condutividade Eléctrica (Condutividade a 25 °C) mS/m @

25oC

20 15 13 13 15 13 14 79 78 16 13 87

Sais Dissolvidos mg/l 1000 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Fluoreto mg/l 1.5 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Rigidez mg

CaCO3/1 500 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Ferro Dissolvido mg/l 1.5 <0.01 0.11 <0.01 0.015 0.015 0.01 <0.01 <0.01 <0.01 0.07 0.01

Chumbo Dissolvido mg/l 0.01 <0.05 <0.05 <0.05 <0.001 <0.05 <0.05 <0.05 <0.05 <0.05 <0.05 <0.05

Dissolved Magnesium mg/l 50 4 4.2 4.1 3.4 2.5 4.5 40 42 4.7 4 49

Manganésio Dissolvido mg/l 0.1 <0.02 <0.02 <0.02 ND <0.02 <0.02 <0.02 <0.02 <0.02 <0.02 <0.02

Mercúrio Dissolvido* mg/l 0.001 <0.001 <0.001 <0.001 ND <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001

Molibdéno mg/l 0.07 ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Níquel Dissolvido mg/l 0.02 <0.07 <0.07 <0.07 ND <0.07 <0.07 <0.07 <0.07 <0.07 <0.07 <0.07

Nitrato mg/l 50 <0.01 0.05 0.04 ND 0.15 0.08 <0.01 1.49 <0.01 0.06 0.02

Nitrito mg/l 3 <0.01 0.05 <0.01 ND 0.15 <0.01 <0.01 1.49 <0.01 0.06 <0.01

Odor Descritivo ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

pH 6.5 to 8.5 7.6 7.5 8.01 ND 7.6 8.13 7.7 7.4 7.7 7.6 7.33

Fósforo (P) mg/l 0.1 0.029 0.017 0.039 ND 0.307 (0.034) 0.02 0.026 0.035 0.023 (0.025)

Selênio mg/l 0.1 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Sódio mg/l 200 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Carbono Orgânico Solúvel mg/l 2.5 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Sulfato mg/l 250 3.34 3.87 0.64 ND 2.28 0.46 3.28 5.06 3.53 3.27 1.56

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Sólidos Totais em Suspensão (Sólidos em Suspensão a 105°C)

mg/l 1000 <10 55 <10 ND <10 <10 <10 186 <10 53 <10

Turvação NTU 5 3.2 57 2.1 ND 5 1.8 0.7 41 1.9 32 1.2

Zinco Dissolvido mg/l 3 <0.01 <0.01 <0.01 ND 0.01 <0.01 <0.01 0.01 <0.02 <0.01 <0.01

Aceitável e dentro das especificações para a água potável.

Acima das especificação para a água potável. Requer uma resolução imediata.

ND Não Determinado. O parâmetro deve ser incluído nos próximos planos de monitoramento.

Abaixo do limite de detecção para o parâmetro avaliado. Recomenda-se uma revisão de forma a acomodar os valores abaixo dos padrões exigidos.

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Tabela 6-2a: Resultados físico-químico da qualidade da água ( Padrões de água doce da ANZECC).

Parâmetro Unidade ANZECC Rio Tshissi Rio Ncacame Curso Superior do Revuboe

Cuurso Inferior do Revuboe na confluência com o Rio Nhambia

STV LTV W1 D W2 D2 W1 D W2 D2 W1 D W2 D2 W1 D W2 D2

Alumínio mg/l 5 20 0.002

Sem

Água

0.031

No W

ate

r

0.002

No W

ate

r

<0.001

Sem

água

0.003 0.00148 0.016 <0.001 0.005 0.00197 0.014 <0.001

Amoníaco mg N/l 0.14 0.11 <0.08 0.09 0.11 0.08 0.1 <0.08 <0.08 <0.08 <0.08 0.14

Arsenic mg/l 0.1 2 0.001 <0.001 0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001

BTEX μg/l ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Benzene μg/l ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Berílio mg/l 0.1 0.5 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Boro mg/l 0.5 0.5 to

15 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Cádmio mg/l 0.01 0.05 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001

Calico mg Ca/l 21 16 27 58 13 15 12 16 12 16 13 16

Carência Química do Oxigénio (total)

mg O2/l 20 <20 24 <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20

Cloreto mg Cl/l ND <5 ND 39 ND <5 <5 ND ND <5 <5 ND

Crómio VI mg/l 0.1 1 <0.0008 0.0021 <0.0008 0.0049 <0.0008 <0.0008 <0.0008 <0.0008 <0.0008 <0.0008 <0.0008 <0.0008

Cobalto mg/l 0.05 0.1 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Condutividade a 25°C

mS/m 15 18 68 87 13 22 14 19 18 22 15 19

Cobre mg/l 0.2 5 <0.01 <0.01 <0.01 <0.01 <0.01 <0.01 <0.01 <0.01 <0.01 <0.01 <0.01 <0.01

Cianeto* μg CN/l <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20

E. coli cfu/ml ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Etilbenzeno μg/l ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Fluoreto mg/l 1 2 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Ferro mg/l 0.2 10 0.002 0.01 0.002 <0.01 0.002 <0.01 0.04 <0.01 0.005 <0.01 0.05 <0.01

Chumbo mg/l 2 5 <0.001 <0.05 <0.001 <0.05 <0.001 <0.05 <0.05 <0.05 0.008 <0.05 <0.05 <0.05

Lítio mg/l 2.5 2.5 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Magnésio mg/l 10 4.6 49 49 10 7.1 4.7 7 <1 7.1 5.1 7.1

Manganésio mg/l 0.2 10 <0.001 <0.02 <0.001 <0.02 <0.001 <0.02 <0.02 <0.02 <0.001 <0.02 <0.02 <0.02

Mercúrio mg/l 0.002 0.002 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001

Molibdênio mg/l 0.01 0.05 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Naftaleno μg/l ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Níquel mg/l 0.2 2 <0.001 <0.07 <0.001 <0.07 <0.001 <0.07 <0.07 <0.07 <0.001 <0.07 <0.07 <0.07

Nitrato/ Nitrito mg/l ND 0.15 ND 0.09 ND <0.01 0.06 0.07 ND <0.01 0.05 0.10

Nitrito* mg/l ND ND ND ND ND ND ND <0.01 ND ND ND 0.01

Nitrogénio mg/l 5 25 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Óleo & Lubrificante *

mg/l ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Fósforo mg/l 0.05 0.8 ND -0.56 ND 0.178 ND 0.008 0.019 0.007 ND 0.013 <0.002 0.006

Potássio mg/l ND 5 ND 3.4 ND 1.2 1.2 1 ND 1.1 1.4 1.1

Selenium mg/l 0.02 0.05 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Sulfato mg/l ND 5.85 ND 3.57 ND 3.98 2.91 1.29 ND 4.22 3.98 1.44

Sulfureto* mg/l ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

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Sólidos em Suspensão a 105°C

mg/l ND 30 ND 40 ND <10 35 <10 ND <10 121 <10

Toluene μg/l ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Classe TPH /C10 - C28 (classe do diesel)

mg/l ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Classe TPH /C6 - C10 (classe da gasolina)

μg/l ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Turbidez NTU ND 18.2 ND 8 ND 2.2 22 1.8 ND 2.8 40 0.9

Urânio mg/l 0.01 0.1 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Vanádio mg/l 0.1 0.5 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

pH pH units 6 9 ND 7.4 ND 7.8 ND 7.5 7.6 7.6 ND 7.6 7.5 7.9

Xilenos μg/l ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Zinco mg/l 2 5 <0.001 0.01 <0.001 <0.01 <0.001 0.01 0.01 0.01 <0.001 <0.01 0.01 0.01

Abaixo de STV

Acima de STV mas abaixo de LTV. Requer a implementação das medidas de mitigação.

Acima de LTV. Requer uma resolução imediata.

ND Não Determinado. O parâmetro teria de ser incluído nos planos de monitoramento fuuturos.

Os Valores-alvo estavam abaixo dos limites de detecção. Recomenda-se uma revisão de forma a acomodar os valores abaixo dos padrões exigidos..

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Tabela 6-2b: Resultados físico-químico da qualidade da água ( Padrões de água doce da ANZECC).

Parâmetro Unidade ANZECC Parte Superior do Rio Nhambia Parte Superior do Ncondezi Parte Inferior do Ncondezi Controlo do Fluxo

STV LTV W1 D W2 D2 W1 D W2 D2 W1 D W2 D2 W1 D W2 D2

Alumínio mg/l 5 20 <0.001

No w

ate

r

0.0028

Sem

am

ostra

Sem

am

ostra

2.3 0.019 0.001

Sem

am

ostra

0.00147 0.009 0.0111

Sem

am

ostra

<0.001 0.006 <0.001

Amoníaco mg N/l <0.08 0.16 <0.08 <0.08 0.12 <0.08 0.13 <0.08 <0.08 <0.08 <0.08

Arsenic mg/l 0.1 2 ND 0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 0.0019 0.0018 0.00179

BTEX μg/l ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Benzene μg/l 0.002 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Berílio mg/l 0.1 0.5 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Boro mg/l 0.5 0.5 to 15 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Cádmio mg/l 0.01 0.05 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001

Calico mg Ca/l <20 9.7 10 11 10 11 11 11 52 72 76

Carência Química do Oxigénio (total)

mg O2/l 9.1 <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20 <20

Cloreto mg Cl/l ND <5 <5 <5 ND <5 <5 ND 20 18 ND

Crómio VI mg/l 0.1 1 ND <0.0008 <0.0008 <0.0008 <0.0008

<0.0008 0.0012 <0.0008 <0.0008 <0.0008 <0.0008

Cobalto mg/l 0.05 0.1 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Condutividade a 25°C

mS/m ND 13 15 13 13

16 13 14

79 78 87

Cobre mg/l 0.2 5 <0.001 <0.01 <0.001 <0.01 <0.01 <0.001 <0.01 <0.01 <0.001 <0.01 <0.01

Cianeto* μg CN/l <0.02 <20 <20 <20 <0.02 <20 <20 <20 <20 <20 <0.02

E. coli cfu/ml ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Etilbenzeno μg/l ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Fluoreto mg/l 1 2 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Ferro mg/l 0.2 10 ND <0.01 <0.01 0.11 <0.01 <0.01 0.07 0.01 <0.01 <0.01 0.01

Chumbo mg/l 2 5 ND <0.05 <0.05 <0.05 <0.05 <0.05 <0.05 <0.05 <0.05 <0.05 <0.05

Lítio mg/l 2.5 2.5 0.015 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Magnésio mg/l <0.001 2.5 4 4.2 4.1

4.7 4 4.5

40 42 49

Manganésio mg/l 0.2 10 3.4 <0.02 <0.02 <0.02 <0.02 <0.02 <0.02 <0.02 <0.02 <0.02 <0.02

Mercúrio mg/l 0.002 0.002 ND <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001 <0.001

Molibdênio mg/l 0.01 0.05 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Naftaleno μg/l ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Níquel mg/l 0.2 2 ND <0.07 <0.07 <0.07 <0.07 <0.07 <0.07 <0.07 <0.07 <0.07 <0.07

Nitrato/ Nitrito mg/l ND 0.06 <0.01 0.05 0.04 <0.01 0.06 (0.08) <0.01 1.49 (0.02)

Nitrito* mg/l ND ND ND ND <0.01 ND ND <0.01 ND ND <0.01

Nitrogénio mg/l 5 25 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Óleo & Lubrificante *

mg/l ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Fósforo mg/l 0.05 0.8 ND <10 0.029 0.017 0.039 0.035 0.023 0.034 0.02 0.026 (0.025)

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Levantamento de Base de Ecologia Aquática e Águas Superficiais – Dezembro de 2014

Coastal & Environmental Services (Pty) Ltd Projeto de minério de ferro Tete 42

Abaixo de STV Acima de STV mas abaixo de LTV. Requer a implementação das medidas de mitigação. Acima de LTV. Requer uma resolução imediata.

ND Não Determinado.. Os Valores-alvo estavam abaixo dos limites de detecção. abaixo dos padrões exigidos..

Potássio mg/l ND 2.6 0.8 1.1 0.9 0.9 1.2 0.9 0.7 1 1

Selenium mg/l 0.02 0.05 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Sulfato mg/l ND 2.28 3.34 3.87 0.64 3.53 3.27 0.46 3.28 5.06 1.56

Sulfureto* mg/l ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Sólidos em Suspensão a 105°C

mg/l ND <10 <10 55 <10 <10 53 <10 <10 186 <10

Toluene μg/l ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Classe TPH /C10 - C28 (classe do diesel)

mg/l ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Classe TPH /C6 - C10 (classe da gasolina)

μg/l ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Turvação NTU ND 5 3.2 57 2.1 1.9 32 1.8 0.7 41 1.2

Urânio mg/l 0.01 0.1 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Vanádio mg/l 0.1 0.5 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

pH pH units 6 9 ND 7.6 7.6 7.5 ND 7.7 7.6 ND 7.7 7.4 ND

Xilenos μg/l ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND

Zinco mg/l 2 5 ND 0.01 <0.01 <0.01 <0.01 <0.02 <0.01 0.01 <0.01 0.01 0.01

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6.2 Invertebrados Aquáticos Os Macroinvertebrados aquáticos foram colhidos usando o protocolo padrão SASS5, conforme descrito na secção 4.4, acima. Na Tabela 6-4, é fornecida uma lista dos macroinvertebrados aquáticos, colhidos durante os levantamentos. O número de táxons dos macroinvertebrados aquáticos, variou de 23 no Rio Ncacame à 9 no Rio Nhambia (Tabela 6-2). Em termos da metodologia SASS, existem três principais índices calculados, nomeadamente, a Pontuação SASS, o Número de Táxons e a Pontuação Média por Táxon (CMPT/ASPT). Calcula-se a ASPT dividindo a Pontuação SASS pelo Nùmero de Taxa identificado. Este índice fornece uma medida fiável da saúde de um rio. A Tabela 6-2 mostra o ASPT calculado para cada um dos locais amostrados. O Rio Revuboe apresenta a maior ASPT, fundamentalmente devido aos dois táxons de categoria 11 – 15, enquanto o Rio Ncacame apresentou o maior número de taxa, mas a maioria destes estava no intervalo mais baixo e mais tolerante a poluição (vide a Figura 6-2). No geral e com base na ASPT, a área pode ser classificada como BOA em termos da Tabela 4-1. Tabela 6-2: Resumo das estatísticas descritivas gerais dos invertebrados aquáticos.

Local N°. de

Táxones Pontuação

SASS ASPT

Rio Nhambia 9 47 5.2

Rio Tshissi 18 94 5.2

Rio Ncacame 23 145 6.3

Rio Revuboe (u/s) 13 89 6.8

Rio Revuboe (u/s) 16 116 7.3

Controlo do Córrego 15 70 4.7

Rio Ncondezi (u/s) 15 87 5.8

Rio Ncondezi (d/s) 14 73 5.2

GLOBAL 39 248 6.4

A contribuição percentual dos táxones EPT por local foi calculada e está ilustrada na Tabela 6-3. O número de táxons EPT variou de 2 no Rio Nhambia à 7 a jusante do Rio Revuboé, contribuindo com quase 50% do conjunto geral de invertebrados naquele local (Tabela 6-3). A elevada contribuição percentual (> 30%) de táxons EPT no conjunto geral de invertebrados no Rio Revuboe, indica que a integridade biótica permanece elevada dentro do rio, apesar dos impactos do desbravamento da zona ripariana e da sedimentação associada do rio. Tabela 6-3: Resumo da contribuição dos táxones EPT para a riqueza do táxon em cada local.

Local N° de Táxons

N° de táxons EPT

% EPT

Rio Nhambia 9 2 22.2

Rio Tshissi 18 5 27.8

Rio Ncacame 23 5 21.7

Rio Revuboe (u/s) 13 6 46.2

Rio Revuboe (d/s) 16 7 43.8

Controlo de Córrego 15 2 13.3

Rio Ncondezi (u/s) 15 5 33.3

Rio Ncondezi (d/s) 14 4 28.6

GLOBAL 39 11 28.2

Outra evidencia de boa qualidade do Rio Revuboe, foi a presença de três táxons conhecidos como sendo intolerantes à poluição – todos contribuíam para a elevada pontuação percentual do EPT. Foram identificados nas amostras do Rio Revuboe os Táxones plecopteran, Perlidae (Ilustração 6-2) e o taxa Ephemeropteran, Oligoneuridae (Placa 6 - 1) e o Heptageniidae (Ilustração 6-3); todos estavam, efectivamente presentes de forma relativamente abundante.

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Ilustração 6-1Efemérida de partas de escova (Oligoneuridae) (Barber-James, 2000).

Ilustração 6-2: : Moscas-de-água (Perlidae) (Villet, 2000).

Ilustração 6-3: Efemérida de cabeça achatada (Heptageniidae) (Villet, 2000).

6.2.1 Comparação da sensibilidade dos Invertebrados Aquáticos De modo a classificar a importância de táxones específicos dentro de uma comunidade de forma que a expressar a sensibilidade da comunidade a poluição e/ou a degradação do habitat, o SASS5 incorpora uma escala de 1 a 15. De maneira geral, a escala pode ser dividida da seguinte forma:

1 – 5: Altamente tolerante à poluição

6 – 10: Moderadamente tolerante à poluição

11 – 15: Muito pouco tolerante à poluição. A Figura 6-2 indica a sensibilidade “espalhada” a nível dos locais de amostra. Apenas os Rios Ncacame, Revuboe e Ncondezi, obtiveram táxons na categoria 11 – 15.

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Figura 6-2: Sensibilidade dos Táxones por local de amostragem. Legenda:

Rio Tsissi Rio Revuboé Rio Nhambia Rio Ncacame

Controlo do Córrego Rio Revuboé d/s Rio Ncondezi u/s Rio Ncondezi d/s

Oligoneuriidae (15/15) Os Oligoneuridae, ou efemérida de partas de escova habitam nas áreas arenosas, em rios de fluxo veloz e pontuam 15 dos 15 possíveis no SASS5, indicando que estes são altamente intolerantes à poluição (Gerber e Gabriel, 2002). Não há actualmente nenhum membro de Oligoneuridae presente na Lista Vermelha da IUCN. Heptageniidae (13/15) Os Heptageniidae, ou efemérida de cabeça achatada, preferem habitats de pedras ou de madeira submersa, em córregos de fluxo moderado a rápido. De acordo com Boonsong e Brasch (2013), os Heptageniidae são frequentemente usados como indicadores de perturbações antropogénicas, porque estes são relativamente intolerantes à poluição e são indicadores sensíveis da poluição orgânica e metálica. Perlidae (12/15) Devido aos seus altos níveis de endemismo e dependência de condições ambientais pristinos, os Moscas-de-água (Plecoptera) são geralmente considerados como vulneráveis. Actualmente, os plecoptera não estão listados na Lista Vermelha da IUCN, mas devido ao intervalo de distribuição muito estreito de muitas espécies, o estado pode ser considerado como em Ameaça de Extinção (Stevens e Picker, 2003). Os Perlidae preferem habitar em áreas debaixo das pedras ou entre folhas mortas nos córregos de fluxo veloz (Gerber e Gabriel, 2002).

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Em termos do sistema de Pontuação SASS5, os Perlidae marcam 12 dos 15 pontos potenciais, onde 15 é extremamente intolerante à poluição. Tabela 6-4: Lista de famílias de invertebrados aquáticos identificados.

Rio

Nh

am

bia

Rio

Tsh

issi

Rio

Ncac

am

e

Rio

Revu

bo

e

(u/s

) R

io

Revu

bo

e

(d/s

)

Co

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olo

do

Flu

xo

Rio

Nco

nd

ezi

(u/s

) R

io

Nco

nd

ezi

(d/s

) Á

rea d

o

Pro

jecto

da

Bao

bab

Táxons

Plecoptera

Perlidae x x

x

x

Emphemeroptera

Baetidae x x x x x x x x x

Caenidae

x

x x

x

Heptageniidae

x

x

x

Leptophlebiidae x x x

x

Oligoneuridae

x x

x

Tricorythidae

x x x

x

Odonata

Caloptergidae

x x

x

Coenagrionidae x x x x x x x x x

Aeshnidae

x

x

Corduliidae

x

x x

Gomphidae x x x x x x x x x

Libellulidae

x x

x

x x

Lepidoptera

Crambidae x

x

x

Hemiptera

Belostomatidae

x x x x x x x x

Corixidae

x x

x

Gerridae x x x x

x

Naucoridae x x x

x x x x x

Nepidae x

x

Notonectidae x x

x

x

Pleidae x

x

Veliidae x

x x

x x

Trichoptera

Hydropsychidae x x

x x x

Philopotamidae x

x x

Cased caddis

Hydroptilidae x

x

Leptoceridae x x x x

x x x

Coleoptera

Dytiscidae x x

x x x

x

Elmidae x x x

x

x

Gyrinidae x x x

x

x

Diptera

Athericidae x

x

x

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Rio

Nh

am

bia

Rio

Tsh

issi

Rio

Ncac

am

e

Rio

Revu

bo

e

(u/s

) R

io

Revu

bo

e

(d/s

)

Co

ntr

olo

do

Flu

xo

Rio

Nco

nd

ezi

(u/s

) R

io

Nco

nd

ezi

(d/s

) Á

rea d

o

Pro

jecto

da

Bao

bab

Táxons

Ceratopogonidae x

x x

Chironomidae x x

x x x x

Simuliidae x

x

Tabanidae

x x x

Tipulidae

x

x

Gastropoda

Lymnaeidae

x

x

Planorbinae

x

x

Thiaridae

x

x

Pelecypoda

Unionidae

x

x

Pontuação SASS 47 94 145 89 116 70 87 73 248

N°. de Táxon 9 18 23 13 16 15 15 14 39

ASPT 5.2 5.2 6.3 6.8 7.3 4.7 5.8 5.2 6.4

% EPT 22.2 27.8 21.7 46.2 43.8 13.3 33.3 28.6 28.2

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7 AVALIAÇÃO DOS POTENCIAIS IMPACTOS AMBIENTAIS Este capítulo aborda questões relacionadas com a ecologia aquática e os impactos que foram identificados como resultado do projecto. Devido à mobilidade dos contaminantes na água, a escala espacial de todos os impactos identificados foi determinada como sendo regional. As escalas de avaliação de impacto utilizadas para a avaliação podem ser encontradas no documento ESIA.

7.1 Estado actual do meio ambiente Os principais rios da região, os Rios Revuboé e Ncondezi estão, actualmente, em um estado relativamente inalterado. Não foi observada nenhuma evidência a montante de impacto humano; Isso inclui modificações na hidrologia do rio por captação ou formação de reservatórios tais como barragens. Os rios sofrem impactos principalmente pela agricultura de pequena escala, com o desbravamento das áreas ribeirinhas, em alguns casos, e com a construção de travessias sobre os rios, que são predominantemente “vaus” informais. Estes impactos resultaram na erosão parcial do solo nas imediações das actividades, e no aumento geral do fluxo de sedimentos dentro dos rios. Apesar disso, os rios mantêm uma funcionalidade significante do ecossistema e estão aptos a suportar uma ampla diversidade de espécies da fauna aquática.

7.2 Avaliação dos Impactos Esta secção tenta descrever e avaliar a significância dos potenciais impactos individuais associados às actividades de mineração propostas, nos habitats aquáticos na Área de Estudo. Sempre que possível, são recomendadas as medidas de mitigação. 7.2.1 Questão 1: Qualidade da Água Impacto 1.1: Sedimentação e elevada turbidez nos rios

Causa e comentário Os solos expostos podem resultar em vários impactos tais como erosão, produção de sedimentos e perda de solo superficial. Potenciais impactos na qualidade da água, podem resultar da erosão e da acumulação de sedimentos e detritos orgânicos nos cursos de água, aumento de carga de nutrientes (por exemplo, da erosão) e das mudanças nos níveis de temperatura e fluxos dos rios, que podem afectar populações da biota de peixes e aquática. Estas actividades podem impactar na qualidade da água, resultando na perda da diversidade do habitat aquático existente. O desbravamento da vegetação resulta em solos mais propensos à erosão. Isso ocorre porque existem poucas estruturas de estabilização dentro dos solos, tais como os sistemas de raizes e cobertura de plantas, para conter a água e assegurar o solo. Isso resulta em um aumento líquido do escoamento das águas superficiais, o que pode levar à erosão excessiva. Um impacto secundário ligado a este é a perda do solo superficial. O solo superficial é fundamental para o crescimento para o crescimento com sucesso das plantas e deve ser conservado em todos os momentos. Uma vez perdido, a restauração do solo superficial torna-se extremamente difícil. O aumento da erosão pode levar ao aumento da sedimentação dos cursos de água onde o escoamento superficial flui. A sedimentação pode ter graves impactos negativos sobre os ambientes aquáticos vizinhos, incluindo o aumento da turbidez (que diminui a penetração da luz na água, reduzindo assim a actividade fotossintética na coluna da água), redução da concentração de oxigénio na coluna de água e no ambiente bentónico, o abafamento da biota bentónica, resultando desta feita, em perdas de alimentos e na destruição de locais de desova. Isto pode trazer graves impactos negativos a longo prazo nos habitats aquáticos. Medidas de mitigaçãos

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Desenvolver e implementar um Plano de Gestão da Zona Ripariana (RZMP). As Zonas riparianas são normalmente estabelecidas na fronteira de massas de água e servem para proteger e fornecer uma zona de segurança para as massas de água tais com lagos, rios navegáveis (perenes/intermitentes) e córregos não-navegáveis.

Desenvolver e implementar um Plano de Monitoramento de Águas Superficiais e Subterrâneas, que irá incorporar, tanto as medidas qualitativas como as quantitativas das águas.

Impedir ou limitar as perturbação dos recursos hídricos durante a fase de planificação.

Os recursos hídricos devem ser protegidos através da implementação das Directrizes recomendadas, que constam na secção de Qualidade de Águas das Directrizes Gerais de Ambiente Saúde e Segurança do IFC (2007).

O desbravamento de terra só deve ocorrer na estação seca ou no final da estação chuvosa. Caso tal não seja possível, devem ser construídas bermas temporárias adequadas antes do desbravamento, de modo a conter quaisquer solos que possam ser desgastados por chuvas torrenciais. Estes solos devem ser reabilitados cedo quanto possível, para evitar o ingresso destes nos cursos de água vizinhos.

As infraestruturas do local tais como estradas e cercas, devem ser alinhadas com as linhas de drenagem natural para minimizar erosão adicional.

Estabelecimento de sistemas de drenagem superficial que não permitam a formação de pequenos lagos/charcos nos campos e não resultem no aumento das taxas de fluxo.

As coberturas vegetais máximas, devem ser mantidas fora das áreas de campo, particularmente nas áreas ribeirinhas, para actuarem como armadilhas de silte.

As linhas de drenagem natural não devem ser obstruídas nem sofrer interferências.

A erosão deve ser monitorada em todo local e onde algumas indicações iniciais de erosão forem detectadas, medidas correctivas adequadas devem ser tomadas de imediato.

Os locais de armazenamento de rejeitos e despejo de estéril devem estar posicionados longe das linhas de drenagem ou de rios, e as melhores práticas industriais, em termos da concepção, de operações e métodos de manutenção, devem ser consideradas.

As águas das minas e superficiais, provenientes do escoamento das áreas de mineração, devem ser retidas em lagoas de sedimentação, antes das águas superficiais limpas (se não contaminadas) serem autorizadas a circular nas linhas ou rios de drenagem adjacentes.

As águas contaminadas provenientes do processamento de plantas, devem ser armazenadas em um reservatório de armazenamento específico e reencaminhadas ao processo de reticulação de água, juntamente com as águas flutuantes ou filtradas provenientes da Instalação de Armazenamento de Rejeitos.

Declaração de Significância Pode ocorrer um impacto associado ao desbravamento da vegetação existente no local. Devido à mobilidade dos contaminantes na água, seus impactos podem ser de importância para a região. Sem mitigação a significância foi considerada ALTA e com mitigação foi considerada MODERADA.

Impacto

Efeito Risco ou

Probabilidade Significância

Geral Escala

Temporal Escala Espacial

Gravidade do Impacto

Questão 1: Qualidade da Água

Impacto 1.1: Sedimentação e elevada turbidez nos rios

Sem Mitigação

Médio-prazo Regional Grave Pode ocorrer ALTA

Com Mitigação

Curto-prazo Localizado Ligeiro Pode ocorrer MODERADA

Impacto 1.2: Contaminação por pouluentes diferentes de minério

Causa e comentário

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Materiais perigosos e poluentes químicos (e. g. hidrocarbonetos provenientes de máquinas e veículos, reagentes de flutuação, cimento não polimerizado, tintas, fluidos obturadores, etc.) associados às actividades de mineração e construção, bem como aos detergentes e sabão de lavagem, efluentes domésticos maltratados, provenientes do campo de minas, o uso das zonas ribeirinhas pelos trabalhadores das minas para a prática de abluções, etc. , podem poluir tanto as águas subterrâneas como as superficiais. Esses poluentes podem ser prejudiciais para a biota aquática e podem ter um impacto negativo sobre a qualidade da água potável para as comunidades e sobre as águas dos rios dedicados à pecuária.

Mitigação

Implementação de uma gestão rigorosa sobre os produtos químicos perigosos.

Prevenção de derrames de hidrocarbonetos a partir de máquinas e veículos, através do uso de tabuleiros de gotejamento e de áreas reservadas para o estacionamento durante a noite. Isto deve incluir qualquer área de trabalho prevista para os projectos. Além disso, as áreas de trabalho devem ser equipadas com filtros e reservatórios de óleo para garantir que nenhuma água e/ou hidrocarbonetos contaminados escapem.

Os efluentes domésticos provenientes dos campos de minas, devem ser cuidados em áreas de tratamento de águas residuais e, os efluentes finais devem ser de alta qualidade e aplicados na irrigação ou para fins de mineração.

Todas as águas de escoamento contaminadas provenientes das áreas de minas, devem ser contidas e tratadas antes da devida descarga.

Uma medida eficaz de mitigação está prontamente disponível através de um plano rigoroso de gestão ambiental implementado (EMP), para todas as fases do projecto.

Declaração de Significância Sem mitigação, as operações de mineração, podem causar um risco de médio prazo de poluição química, resultando em impactos graves, a médio prazo, de significância moderada na área de estudo. Com as medidas de mitigação apropriadas, este impacto pode ser reduzido para uma significância baixa.

Impacto

Efeito Risco ou

Probabilidade Significância

Total Escala

Temporal Escala Espacial

Gravidade do Impacto

Questão 1: Qualidade da Água

Impacto 1.2: Poluição de recursos hídricos (excluindo AMD)

Sem Mitigação

Médio-prazo Regional Grave Pode ocorrer MODERADA

Com Mitigação

Curto-prazo Localizado Ligeiro Pode ocorrer BAIXA

Impacto 1.3: Contaminação dos recursos hídricos por Drenagem Ácida de Minas (DAM)

Cause e Comentário O depósito de minérios a ser escavado e processado, que irá culminar nas instalações de armazenamento de rejeitos (TSF) bem como no depósito de estéril (WRDs), pode gerar a drenagem ácida de minas (DAM). A contaminação a partir do vanádio presente nos minérios extraídos também constitui uma possibilidade.

Durante as fases de construção e operação envolvendo a movimentação de terras em larga escala, relativas aos locais de mineração, grandes áreas dos minérios serão expostas às chuvas e, assim, o escoamento destas áreas poderia incluir um baixo pH DAM. Isto pode incluir as águas contaminadas das lagoas de contenção, dos locais TSF e a partir dos locais WRD, etc. Uma catástrofe radical (inundações, terramoto) poderia causar falhas na barragem ou no aterro, criando condições para que os efluentes da mina, fossem arrastados para dentro de um rio próximo. A

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DAM, caracterizada por baixo pH e altas concentrações de ferro ferroso, metais pesados, e sulfato, poderia contaminar as linhas de drenagem adjacentes, bem como as águas subterrâneas, e causar um impacto negativo na biota aquática do Rio Revuboe, e ao mesmo tempo, constituir um perigo à saúde das comunidades a jusante do local da mina. A formação de DAM é biologicamente catalisada e uma vez iniciada, pode persistir por décadas, se não tratada.

A menos que alguns programas adequados de prevenção e manutenção a longo prazo sejam colocados em prática, as águas contaminadas pela DAM provenientes das barragens de contenção, dos locais TSF e dos antigos locais WRD, podem infiltrar-se nas águas subterrâneas ou verter sobre alguns ‘poços’ antigos de minas e migrar para um sistema do rio adjacente.

Mitigação

Toda água contaminada pelos depósitos de minérios das operações de mineração e dos locais WRD, deve ser retida e bombeada para os TSF ou para um reservatório de processamento de água.

Todas as águas de baixo pH devem ser tratadas adequadamente antes da sua descarga.

Todos os efluentes da mina devem ser submetidos à análises químicas regulares, incluindo as concentrações de vanádio.

As melhores práticas industriais relacionadas com a prevenção da poluição proveniente dos TSFs e WRDs, devem ser rigorosamente implementadas de forma a garantir uma contenção plena e um tratamento eficaz dos resíduos de escoamento contaminados, em paralelo como as práticas de gestão de antipoluição, durante as operações de mineração e durante o desmantelamento/encerramento.

Implementação das actividade de manutenção e monitoramento a longo prazo, de locais WRD e TSF antigos.

Declaração de Significância Se as medidas apropriadas de mitigação não forem tomadas, haverá, provavelmente, graves impactos, de elevada significância, a longo prazo, devido à contaminação das águas superficiais pela DAM (e, possivelmente, pelo vanádio), durante a fase operacional e mesmo após o encerramento. A área afectada irá incluir tanto a Área de Estudo e potencialmente muitos quilómetros a jusante do Rio Revuboe, o principal local da drenagem do rio. Com a mitigação apropriada, este impacto potencial poderia ser reduzido a uma importância moderada ou mesmo baixa.

Impacto

Efeito Risco ou

Probabilidade Significância

Geral Escala

Temporal Escala Espacial

Gravidade do Impacto

Questão 1: Qualidade da Água

Impact 1.3: Contaminação dos recursos hídricos através da drenagem ácida das minas (DAM)

Sem Mitigação

Médio-prazo Regional Grave Pode ocorrer ALTA

Com Mitigação

Curto-prazo Localizado Ligeiro Pode ocorrer MODERADA/

BAIXA

7.2.2 Questão 2: Modificação do Habitat Impacto 2.1: Perturbação das funções ecológicas Causa e comentário Durante as fases de construção e operação, as terraplanagens associadas a mineração poderiam alterar a topografia natural. Isto poderia destruir as linhas de drenagem e/ou alterar os padrões de fluxo natural dentro da área do projecto e assim alterar a drenagem para córregos e linhas de drenagem que levam ao rio Revuboé. Além disso, a redução do lençol freático durante o desaguamento dos poços da mina, poderia reduzir a componente de base do fluxo de correntes

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no Rio Revuboé. Isto pode ser importante durante a estação seca, com impactos negativos sobre a biota dos caudais e sobre a vegetação ribeirinha. Medidas de mitigação

Onde apropriado, os escombros e detritos devem ser armazenados acima da marca mais elevada de água, para impedir que os materiais entrem nos rios e dambos durante as actividades de manutenção. Esta actividade NUNCA deve ser descartada em cursos rios/córregos ou em zonas ribeirinhas.

Evitar a exposição e a compactação do solo de forma a proteger os campos de vegetação, evitando ao máximo a circulação de equipamentos pesados (camiões e tractores), nas proximidades do nível máximo da maré alta, nos casos de áreas de fluxos perenes, excepto nas vias rodoviárias ou nas travessias dos rios.

Minimizar o número e a extensão das travessias dos rios para a circulação de veículos à beira das zonas ribeirinhas. Onde as travessias forem necessárias, as melhores práticas internacionais quanto ao uso de pontes, vaus preparados, canos e valas de escoamento, devem ser adoptadas. As medidas recomendadas para as travessias nos rios, devem incluir o seguinte:

o Minimizar a circulação de veículos sobre fluxos perenes e intermitentes e em áreas de escoamento. Onde a travessia for necessária, uma abordagem eficaz quanto ao melhor ângulo de localização deve ser aplicada, em paralelo com o uso de pontes, vaus, canos e valas de escoamento e outras técnicas, de forma a minimizar os impactos sobre os leitos dos rios, fluxos de água, e sobre a qualidade da água.

o As estruturas de travessia tais como pontes, bueiros e vaus, devem ser concebidas de forma a suportar fluxos máximos de tempestades de alta intensidade e garantir que a circulação de espécies aquáticas não seja prejudicada.

o O movimento de veículos sobre os leitos fluviais não preparados, deve ser evitado. Se a travessia for necessária, melhor optar por um leito contendo rochas duras.

o A drenagem de estradas deve ser desviada para a vegetação e não para as correntes de água.

o Abordagens relacionadas com a passagem de nível, devem ser estabilizadas de forma agregada, para evitar o aumento de entrada de sedimentos nos fluxos.

Declaração de Significância A prevenção directa de impactos negativos para os recursos hídricos e manutenção de zonas riparias é fundamental para proteger a qualidade e quantidade da água, para além das florestas terrestres e dos habitats aquáticos associados. O impacto associado com a operação e gestão da mina pode ocorrer e este estava determinado para ser regional. Sem mitigação a significância foi considerada ALTA e com mitigação, a mesma foi considerada BAIXA.

Impacto Efeito

Risco ou Probabilidade

Significância Total

Escala Temporal

Escala Espacial Gravidade do

Impacto

Questão 2: Modificação do Habitat

Impacto 2.1: Interrupção da função ecológica

Sem Mitigação

Médio-prazo Regional Grave Provável ALTA

Com Mitigação

Curto-prazo Localizado Ligeiro Pode ocorrer BAIXA

7.2.3 Questão 3: Impactos Cumulativos Impacto 3.1: Perda da biodiversidade aquática devido ao efeito sinérgico dos impactos acima mencionados

Qualidade da Água

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Em termos de poluição do Rio Revuboe localizado adjacente e a jusante da mina, os impactos cumulativos na qualidade da água, associados às várias operações de mineração e ao influxo de candidatos à trabalho no local de captação, poderiam todos combinar para agravar os impactos individuais. Estes impactos individuais incluem o aumento da sedimentação e turbidez, poluição proveniente de produtos químicos ou de substâncias perigosas usadas na mineração e originárias da drenagem ácida de minas, proveniente do minério de ferro.

Impacto

Efeito Risco ou

Probabilidade Significância

Geral Escala

Temporal Escala Espacial

Gravidade do Impacto

Questão 3: Impactos Cumulativos

Sem Mitigação

Desconhecido Desconhecido Desconhecido Desconhecido Desconhecido

Com Mitigação

Desconhecido Desconhecido Desconhecido Desconhecido Desconhecido

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8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

8.1 Estado actual dos ecossistemas fluviais dentro e ao redor da área do projecto.

Chegou-se as seguintes conclusões com base no levantamento da linha de base dos ecossistemas aquáticos:

As análises da qualidade da água in situ e físico-químicas indicaram que no geral a qualidade da água como sendo BOA;

A contribuição da percentagem elevada (> 30%) de Ephemeroptera, Trichoptera e Plecoptera (taxa EPT) para o conjunto geral de invertebrados no local do Rio Revuboé indica que a integridade biótica permanece elevada neste local, apesar dos impactos da compensação da zona ripária e aumento da carga de sedimentos;

Foram identificados um total de 39 táxones no local do projecto e arredores, com uma ASPT de 6.4. A ASPT indica uma classificação BOA em termos de ecologia aquática.

8.2 Avaliação dos Impactos Foram identificados um total de 4 impactos negativos (Tabela 8.1) e com mitigação, dois impactos foram determinados como tendo BAIXA significância e 2 de significância MODERADA. Um impacto, o de efeito cumulativo da captação de água a longo prazo a partir do Rio Revuboé, é desconhecido nesta fase. A potencial natureza da operação a longo prazo significa que é essencial que o desenvolvedor adira as exigências legislativas nacionais e as melhores práticas internacionais no que diz respeito à gestão dos recursos hídricos naturais. Tabela 8.1: Resumo da água em relação aos impactos ambientais da actividade de mineração.

Impacto

Efeito Risco ou

Probabilidade Significância

Geral Escala

Temporal Escala Espacial

Gravidade do Impacto

Questão 1: Qualidade da Água

Impacto 1.1: Sedimentação e elevada turbidez nos rios

Sem Mitigação

Médio-prazo Regional Grave Pode ocorrer ALTA

Com Mitigação

Curto-prazo Localizado Ligeiro Pode ocorrer MODERADA

Impacto 1.2: Poluição dos recursos hídricos (excluindo o DAM)

Sem Mitigação

Médio-prazo Regional Grave Pode ocorrer MODERADA

Com Mitigação

Curto-prazo Localizado Ligeiro Pode ocorrer BAIXA

Impact 1.3: Contaminação dos recursos hídricos por Drenagem Ácida das Minas (DAM)

Sem Mitigação

Médio-prazo Regional Grave Pode ocorrer ALTA

Com Mitigação

Curto-prazo Localizado Ligeiro Pode ocorrer MODERADA/

BAIXA

Questão 2: Modificação do Habitat

Impacto 2.1: Perturbação das funções ecológicas

Sem Mitigação

Médio prazo Regional Grave Provável ALTA

Com Mitigação

Curto prazo Localizado Ligeiro Pode ocorrer BAIXA

Questão 3: Impactos cumulativos

Sem Mitigação

Desconhecido Desconhecidos Desconhecidos Desconhecidos Desconhecidos

Com Mitigação

Desconhecido Desconhecidos Desconhecidos Desconhecidos Desconhecidos

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8.3 Recomendações Recomenda-se que seja implementado um programa de monitoramento de base das águas superficiais e subterrâneas a longo prazo, contínuo e mais detalhado, de forma a fornecer uma descrição específica da qualidade da água predominante no local, antes do início das actividades mineiras. Os resultados desse programa, formariam a base de directrizes de qualidade de água específicas para o projecto, com as quais as avaliações da qualidade da água, realizadas durante a construção e operação da mina possam ser comparadas. O programa deve procurar avaliar os constituintes físicos-químicos tanto da qualidade das águas superficiais, como, em uma base mensal durante a fase de construção, bem como durante o primeiro ano de operação. Durante o período remanescente da fase operacional, o programa de monitoramento deve ser flexível. Com base nos dados colhidos, alguns parâmetros podem ser desnecessários fazer a testagem, e podem portanto, ser excluídos do monitoramento ou os parâmetros podem ser sujeitos a um monitoramento trimestral durante o período remanescente da fase de operações. O biomonitoramento da ecologia aquática também é recomendado, bianualmente (duas vezes por ano), uma vez que esta forma de monitoramento muitas vezes indica o problema de forma mais rápida e definitivamente melhor que os resultados da análise físico-químico por si só. O programa de monitoramento será detalhado não PGAS.

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9 REFERÊNCIAS Abell, R., Thieme, M.L., Revenga, C., Bryer, M., Kottelat, M., Bogutskaya, N., Coad, B., Mandrak, N., Balderas, S.C., Bussing, W., Stiassny, M.L.J., Skelton, P., Allen, G.R., Unmack, P., Naseka, A., Rebecca, N.G., Sindorf, N., Robertson, J., Armijo, E., Higgins, J.V., Heibel, T.J., Wikramanayake, E., Olson, D., Lopez, H.L. Reis, R.E., Lundberg, J.G., Sabaj Perez, M.H. and Petry, P. (2008) Freshwater Ecoregions of the World: A New Map of Biogeographic Units for Freshwater Biodiversity Conservation. Bioscience 58(5): 403-414. ANZECC 2000: Australian and New Zealand Guidelines for Fresh and Marine Water Quality, Australian and New Zealand Environment and Conservation Council, Agriculture and Resource Management Council of Australia and New Zealand, October 2000. http://www.mincos.gov.au/publications/australian_and_new_zealand_guidelines_for_fresh_and_marine_water_quality Barbour, M.T., Gerritsen, J., Griffith, G.E., Frydenborg, R., McCarron, E., White, J.S. and Bastian, M.L. (1996) A framework for biological criteria for Florida streams using benthic macroinvertebrates. Journal of the North American Benthological Society, 15(2): 185-211. Climatedata.eu. Available: www.Climatedata.eu. Accessed: 15/04/2013. Coffey (2012) Environmental Scoping Report Tete Iron Project. Australia Convention on Biological Diversity. Available: http://www.cbd.int/convention/articles/?a=cbd-01. Accessed: 20/04/2013 Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora (CITES). Available: http://www.cites.org/. Accessed: 19.04.2013 Department for International Development (DFID). 1999. Water Law, Water Rights andWater Supply (Africa). Mozambique – Study Country Report. DICKENS, C.W.S. and GRAHAM, P.M. (2002) The South African Scoring System (SASS), Version 5, Rapid bioassessment method for rivers. African Journal of Aquatic Science, 27: 1-10. Equator Principals. Available: http://www.equator-principles.com/. Accessed: 20.04. 2013 Food and Agriculture Organisation (FAO). 2005a. Aquastat Mozambique. Accessed at: http://www.fao.org/nr/water/aquastat/countries/mozambique/index.stm. Accessed on: May 18, 2010. Gerber, A. and Gabriel, M.J.M. (2002). Aquatic Invertebrates of South African Rivers Field Guide. Institute for Water Quality Studies. Department of Water Affairs and Forestry. GOLDER. (2009) Environmental Impact Assessment (EIA) Riversdale Mocambique limitada Benga Mineral Title Area Benga Coal Project. Final Environmental Impact Statement Report. Project No.: 10570. Hawkins, C.P., Hogue, J.N., Decker, L.M. and Feminella, J.W. (1997) Channel morphology, water temperature, and assemblage structure of stream insects. Journal of the North American Benthological Society 16(4): 728-749. IUCN (2013). Red List of Threatened Species. IUCN Species Survival Commission, Cambridge Available: http://www.iucnredlist.org/ (Accessed 20/04/2013). Marshall, B. (2000) Review of Aquatic Invertebrates. In: Timberlake, J. Zambezi Basin Wetlands Volume II, Biodiversity Foundation for Africa.

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