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PT ECB EZB EKT BCE EKP RELATÓRIO ANUAL 2002 BANCO CENTRAL EUROPEU RELATÓRIO ANUAL 2002 BANCO CENTRAL EUROPEU

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R E L AT Ó R I OA N UA L

2002

B A N C O C E N T R A L E U R O P E U

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BCE • Re la tó r io Anua l • 2002II

© Banco Central Europeu, 2003

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Tradução elaborada pelo Banco de Portugal, com excepção do Capítulo XIV (Contas Anuais),

efectuada pelo BCE.

Todos os direitos reservados.

A reprodução para fins pedagógicos e não comerciais é permitida desde que a fonte esteja identificada.

A data limite dos dados incluídos neste Relatório foi 28 de Fevereiro de 2003.

ISSN 1561-4549 (impresso)

ISSN 1725-292X (online)

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IIIBCE • Re la tó r io Anua l • 2002

Prefácio 2

Capítulo I

Evolução económica e política monetária

1 Análise geral: decisões de política monetária em 2002 8

2 Evolução monetária e financeira 142.1 Evolução monetária 142.2 Mercados financeiros 20

3 Evolução dos preços 39

4 Evolução do produto, da procura e do mercado de trabalho 48

5 Evolução orçamental 56

6 Enquadramento macroeconómico mundial, taxas de câmbio e balançade pagamentos 60

Capítulo II

Operações dos bancos centrais

1 Execução da política monetária 761.1 Análise geral 761.2 Gestão de liquidez 771.3 Operações de mercado aberto 781.4 Facilidades permanentes 801.5 Reservas mínimas 811.6 Activos elegíveis 811.7 Actividade no mercado monetário 84

2 Operações cambiais e gestão das reservas externas e fundos própriosdo BCE 852.1 Operações cambiais 852.2 Gestão das reservas externas 852.3 Gestão dos fundos próprios 862.4 Organização da gestão das reservas externas e dos fundos próprios do BCE 87

Capítulo III

Gestão de risco

1 Análise geral 90

2 Operações de política 90

Índice

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BCE • Re la tó r io Anua l • 2002IV

3 Quadro de gestão de risco das operações de política 91

4 Operações de investimento 93

5 Quadro de gestão de risco para as operações de investimento 93

Capítulo IV

Evolução económica nos outros países da União Europeia 98

Capítulo V

Cooperação europeia e internacional

1 Questões europeias 1081.1 Aplicação do Pacto de Estabilidade e Crescimento 1091.2 Propostas para reforçar a coordenação de política económica e uniformizar

os processos de coordenação de política 1111.3 A Convenção sobre o Futuro da Europa 1121.4 Reforma do mercado financeiro 113

2 Cooperação internacional 1142.1 Supervisão multilateral e bilateral das políticas macroeconómicas 1142.2 Acompanhamento da evolução dos mercados financeiros mundiais 1152.3 Relações com o FMI e fóruns relacionados 1162.4 Cooperação com regiões vizinhas da UE 1172.5 Cooperação com a região Ásia-Pacífico e a América Latina 119

Capítulo VI

Alargamento da União Europeia

1 Introdução 124

2 Questões de política económica, jurídica e institucional 1252.1 Convergência real 1252.2 Convergência legal e institucional 1272.3 Convergência nominal 1272.4 Estratégias cambial e de política monetária 1292.5 Evolução do sector financeiro 1302.6 Conclusões 131

3 Preparativos para a adesão 1313.1 Preparativos dos órgãos de decisão e comités do SEBC 1313.2 Capital subscrito do BCE e limite dos activos de reserva 1323.3 Plano Director 1333.4 Avaliação da infra-estrutura dos sistemas de pagamentos e de liquidação

de títulos nos países em vias de adesão 133

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VBCE • Re la tó r io Anua l • 2002

3.5 Acordo de Confidencialidade com os bancos centrais dos países em viasde adesão 134

3.6 Cooperação no domínio do controlo da contrafacção de notas 1343.7 Cooperação entre bancos centrais 134

Capítulo VII

Produção e emissão de notas

1 A introdução das notas e moedas de euros e a evolução da circulação 1381.1 Fornecimento prévio e subfornecimento prévio de notas e moedas de euros

em 2001 1381.2 Introdução das notas e moedas de euros durante o período de transição

para o euro fiduciário em 2002 1381.3 Evolução da quantidade de notas e moedas de euros em circulação durante

o resto de 2002 1391.4 Recolha das antigas denominações do euro 140

2 Produção de notas e moedas de euros 1402.1 Produção de notas de euros 1402.2 Gestão de stocks e fixação do Stock Estratégico do Eurosistema 1412.3 Apoio na produção de moedas de euros 142

3 Políticas comuns do Eurosistema para o tratamento de numerário 1423.1 Política de comissões do Eurosistema e abordagem comum ao horário de

funcionamento e regras de débito/crédito para os serviços em numerárioaos balcões dos BCN 142

3.2 Fixação de termos de referência para a utilização de máquinas de depósito,escolha e levantamento na área do euro 143

4 Protecção das notas de euros contra a contrafacção 143

Capítulo VIII

Sistemas de pagamentos e de liquidação de títulos

1 Operações dos sistemas de pagamentos e de liquidação do Eurosistema 1491.1 O sistema TARGET 1491.2 O modelo de banco central correspondente 151

2 Questões gerais da superintendência dos sistemas de pagamentos 152

3 Sistemas de pagamentos de grande montante 1533.1 Evolução noutros sistemas de pagamentos de grande montante em euros 1533.2 Liquidação em Contínuo – (Continuous Linked Settlement – CLS) 153

4 Serviços de pagamentos de retalho 154

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BCE • Re la tó r io Anua l • 2002VI

5 Sistemas de compensação e de liquidação de títulos 1565.1 Avaliação dos sistemas de liquidação de títulos 1565.2 Consolidação da infra-estrutura de títulos europeia 1565.3 Cooperação com o Comité das Autoridades de Regulamentação dos Mercados

Europeus de Valores Mobiliários (CESR) 157

6 Outras actividades 157

Capítulo IX

Estabilidade financeira e supervisão

1 Estrutura, actuação e riscos no sector bancário 160

2 Acordos para a estabilidade financeira e prudencial 163

3 Regulamentação bancária e financeira 166

Capítulo X

Enquadramento estatístico

1 Introdução 172

2 Estatísticas monetárias e bancárias e estatísticas sobre os mercadosfinanceiros 172

3 Estatísticas da balança de pagamentos, das reservas internacionais e daposição de investimento internacional, e taxas de câmbio efectivas 174

4 Contas financeiras 175

5 Estatísticas das finanças públicas 175

6 Estatísticas económicas gerais 175

7 Cooperação com a Comissão Europeia e instituições internacionais 176

Capítulo XI

Outras atribuições e actividades

1 Funções consultivas 180

2 Cumprimento das proibições de financiamento monetário e de acessoprivilegiado 182

3 A gestão das operações activas e passivas efectuadas pela ComunidadeEuropeia 183

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VIIBCE • Re la tó r io Anua l • 2002

Capítulo XII

Comunicação externa e responsabilização

1 Actividades e política de comunicação do BCE 1861.1 Actividades de comunicação 1861.2 Questões de comunicação importantes em 2002 187

2 Troca de informação e opiniões com o Parlamento Europeu 1882.1 Análise geral das relações entre o BCE e o Parlamento Europeu 1882.2 Opiniões do BCE sobre questões específicas abordadas nas reuniões com

o Parlamento Europeu 189

Capítulo XIII

O quadro institucional do Eurosistema e do Sistema Europeu de Bancos Centrais

1 O Eurosistema e o Sistema Europeu de Bancos Centrais 195

2 Os órgãos de decisão do BCE 1962.1 O Conselho do BCE 1962.2 A Comissão Executiva 1992.3 O Conselho Geral 200

3 A organização do BCE 2023.1 Gestão 2023.2 Gestão de Recursos Humanos 2033.3 Organograma do BCE 2053.4 Instalações do BCE 206

4 Diálogo Social do SEBC 206

5 Comités do SEBC 206

Capítulo XIV

Contas anuais do BCE e Balanço Consolidado do Eurosistema 2002

1 Balanço em 31 de Dezembro de 2002 210

2 Conta de resultados do exercício findo em 31 de Dezembro de 2002 212

3 Políticas contabilísticas 213

4 Notas ao Balanço 217

5 Notas à Conta de Resultados 222

6 Relatório de Auditoria 226

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BCE • Re la tó r io Anua l • 2002VIII

7 Nota sobre a distribuição dos lucros 227

8 Balanço consolidado do Eurosistema em 31 de Dezembro de 2002 228

Instrumentos legais adoptados pelo Banco Central Europeu em 2002 231

Documentos publicados pelo Banco Central Europeu 233

Anexos

Cronologia da política monetária 248Glossário 250

Lista de caixas, quadros e gráficos

Caixas

1 Experiências relacionadas com o impacto sobre a volatilidade do mercado monetárioda decisão do Conselho do BCE de mudar para mensal a frequência das avaliaçõesda orientação de política monetária 13Gráfico: Estrutura de prazos da volatilidade das taxas de juro 13

2 Aumento significativo da volatilidade no mercado bolsista na área do euro em 2002 28Gráfico A: Dimensão anual média da variação diária absoluta do índice Dow Jones

EURO STOXX, 1992-2002 28Gráfico B: Índice Dow Jones EURO STOXX e volatilidade implícita inversa no

mercado bolsista, 1998-2002 293 Determinação das taxas de juro activas dos bancos na área do euro 37

Gráfico: Crédito bancário às empresas e diferenciais de obrigações na área do euro 384 Efeitos da introdução das notas e moedas de euros sobre os preços no consumidor 42

Gráfico A: Preços cobrados por restaurantes e cafés 43Gráfico B: Preços cobrados por cabeleireiros 43Gráfico C: Percepção da inflação, inflação esperada e inflação medida pelo

IHPC global 445 Progressos limitados nas reformas estruturais nos mercados do produto e de

trabalho da área do euro 546 Finanças públicas e estabilização económica 597 Evolução dos desequilíbrios nos EUA 62

Gráfico A: Balança corrente e posição de investimento internacional líquida dos EUA 62Gráfico B: Empréstimos das famílias 62Gráfico C: Dívida das famílias 63

8 Tendências na actividade internacional de fusões e aquisições de 1990 a 2002 69Gráfico A: Valor total das transacções de fusões e aquisições 70Gráfico B: Localização das transacções de fusões e aquisições da área do euro e EUA 70Gráfico C: Transacções bilaterais de fusões e aquisições área do euro-EUA 71Gráfico D: Investimento em fusões e aquisições por sector, 1997-2002 71Gráfico E: Fusões e aquisições bilaterais área do euro-EUA na indústria de alta

tecnologia 72

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IXBCE • Re la tó r io Anua l • 2002

9 Consulta pública sobre medidas destinadas a aumentar a eficiência do quadrooperacional de política monetária 79

10 Procedimentos de consulta em 2002 180(a) Consultas de Estados-Membros 180(b) Consultas de instituições europeias 182

11 Campanha de Informação Euro 2002 187

Quadros

1 Componentes do M3 172 Contrapartidas do M3 193 Quotas sectoriais de saldos de títulos de dívida denominados em euros emitidos por

residentes na área do euro 214 Financiamento da dívida dos sectores não financeiros da área do euro 225 Empréstimos de IFM às famílias e às sociedades não financeiras 256 Evolução de preços e de custos na área do euro 407 Composição do crescimento do PIB real na área do euro 488 Produção industrial na área do euro 529 Evolução do mercado de trabalho na área do euro 5310 Posições orçamentais na área do euro 5611 Indicadores macroeconómicos para a Dinamarca 9812 Indicadores macroeconómicos para a Suécia 10213 Indicadores macroeconómicos para o Reino Unido 10414 Taxas de crescimento médias anuais do PIB real 12515 Dados-chave dos países em vias de adesão 12616 Inflação média do período medida pelo IHPC 12817 Estratégias monetárias e cambiais nos países em vias de adesão 12918 Distribuição da produção de notas de euros em 2002 14119 Tráfego de pagamentos no TARGET 14920 Tráfego máximo no TARGET em 2002 149

Gráficos

1 Taxas de juro do BCE e taxas do mercado monetário 82 Crescimento do M3 e valor de referência 153 Medidas dos desvios monetários nominal e real 164 Movimentos no M3 e contrapartidas 185 Saldos de títulos de dívida denominados em euros emitidos por residentes na

área do euro 206 Financiamento da dívida dos sectores não financeiros da área do euro 237 Rácio da dívida em relação ao PIB dos sectores não financeiros da área do euro 248(a) Índices de cotações de acções na área do euro, Estados Unidos e Japão 268(b) Volatilidade implícita do mercado bolsista na área do euro, Estados Unidos e Japão 269 Taxas de juro de curto prazo na área do euro e a inclinação da curva de

rendimentos do mercado monetário 3110 Taxas de futuros da EURIBOR a três meses e volatilidade implícita nas opções de

futuros da EURIBOR a três meses 31

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BCE • Re la tó r io Anua l • 2002X

11(a) Taxas de rendibilidade das obrigações de dívida pública de longo prazo na área doeuro, Estados Unidos e Japão 33

11(b) Diferencial das taxas de rendibilidade das obrigações de dívida pública de longoprazo entre os Estados Unidos e a área do euro 33

12 Taxa de juro real e taxa de inflação implícita calculada para o IHPC da área do euro 3413 Taxas de juro de curto prazo da banca a retalho e uma taxa de mercado

equivalente 3614 Taxas de juro de longo prazo da banca a retalho e uma taxa de mercado

equivalente 3615 Contribuições das subcomponentes para a inflação medida pelo IHPC da área

do euro 4116 Desagregação da inflação medida pelo IHPC na área do euro por componente 4117 Desagregação dos preços da produção industrial para a área do euro 4618 Custos unitários do trabalho, remuneração por trabalhador e produtividade do

trabalho na área do euro 4719 Contribuições para o crescimento trimestral do PIB real na área do euro 4920 Indicadores de confiança na área do euro 5021 Exportações de bens e produção industrial na área do euro 5122 Desemprego na área do euro 5323 Taxas de câmbio efectivas nominais e reais do euro 6624 Balança corrente e transacções de bens na área do euro 6725 Volumes do comércio extra-área do euro 6726 Índices de valor unitário do comércio extra-área do euro 6827 Fluxos de investimento líquido directo e de carteira, em conjunto, na área do euro 6828 Factores de liquidez e utilização das facilidades permanentes na área do euro

em 2002 7729 Activos elegíveis da Lista 1 para operações de crédito do Eurosistema 8230 Utilização de garantias em operações de crédito do Eurosistema 8431 Indicadores económicos e financeiros para os países da UE não participantes

na área do euro e para a área do euro 9932 Taxas de câmbio bilaterais das moedas dos países da UE não participantes na área

do euro face ao euro 10033 Notas de euros em circulação em 2002 13934 Notas em circulação entre 2000 e 2002 14035 Garantias transfronteiras em percentagem do total das garantias fornecidas ao

Eurosistema 152

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XIBCE • Re la tó r io Anua l • 2002

Abreviaturas

Países

BE BélgicaDK DinamarcaDE AlemanhaGR GréciaES EspanhaFR FrançaIE IrlandaIT ItáliaLU LuxemburgoNL Países BaixosAT ÁustriaPT PortugalFI FinlândiaSE SuéciaUK Reino UnidoJP JapãoEUA Estados Unidos

Outras

BCE Banco Central EuropeuBCN bancos centrais nacionaisBPI Banco de Pagamentos Internacionaisc.i.f. cost, insurance and freight at the importer’s borderCTCI 3.ª Rev. Classificação Tipo do Comércio Internacional (3.ª revisão)CUTIT Custos Unitários do Trabalho na Indústria TransformadoraECU Unidade de Conta EuropeiaEUR euroFMI Fundo Monetário Internacionalf.o.b. free on board at the exporter’s borderIFM instituições financeiras monetáriasIHPC Índice Harmonizado de Preços no ConsumidorIME Instituto Monetário EuropeuIPC Índice de Preços no ConsumidorIPP Índice de Preços no ProdutorMBP5 Manual da Balança de Pagamentos do FMI (5.ª edição)NACE Rev. I Classificação estatística das actividades económicas na União EuropeiaOIT Organização Internacional do TrabalhoPIB produto interno brutoSEBC Sistema Europeu de Bancos CentraisSEC 95 Sistema Europeu de Contas 1995TCE taxa de câmbio efectivaUE União Europeia

De acordo com a prática corrente na Comunidade, a listagem dos países da UEconstantes no presente Relatório é feita segundo a ordem alfabética dos nomesdos países nas línguas nacionais.

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BCE • Re la tó r io Anua l • 2002XII

Legendas das fotografias incluídas no Relatório Anual de 2002

1 A Festa do Euro, em 18 de Janeiro de 2002 – celebrando a introdução da moeda 6única.

2 Conferência de imprensa após a reunião externa do Conselho do BCE, 74em Maastricht, em 7 de Fevereiro de 2002, para assinalar o décimo aniversárioda assinatura do Tratado de Maastricht.O Presidente Duisenberg anuncia que cessará as suas funções em 2003.Edifício dos Estados-Gerais da província do Limburgo, em Maastricht, onde serealizou a reunião.

3 Willem F. Duisenberg, Presidente do BCE, recebe o Prémio Internacional 88Carlos Magno de Aachen, de 2002, atribuído ao euro, na cerimónia realizada naCâmara Municipal Histórica de Aachen.

4 Jovens visitam o BCE em 13 de Maio de 2002. 96

5 O anterior e o actual Vice-Presidentes do BCE, Christian Noyer (esquerda) 106e Lucas Papademos.Recepção de despedida em honra do Vice-Presidente Christian Noyer, em 28 de Maiode 2002.

6 O escritor neerlandês Harry Mulisch, lendo uma passagem do seu último livro, 122durante os Dias da Cultura Neerlandesa, em Setembro de 2002.Apresentação sobre o arquitecto espanhol Antoni Gaudí, durante os Dias da CulturaEspanhola, em Maio de 2002.

7 Exposição fotográfica do BCE, intitulada “A Produção do €uro”, no Banco de 136España, em Madrid e Barcelona, no Verão de 2002.

8 Abertura da Escola Europeia, Frankfurt, em 5 de Setembro de 2002. 146

9 Reunião do Conselho do BCE na Eurotower, em 26 de Setembro de 2002. 158

10 Stand do Eurosistema na feira de serviços financeiros Sibos 2002, realizada de 17030 de Setembro a 4 de Outubro, em Genebra.

11 Segunda Conferência do BCE sobre Banca Central, realizada em Frankfurt, 178em 24 e 25 de Outubro de 2002.

12 O júri do concurso internacional de arquitectura para as novas instalações do 184BCE visita o novo local em Frankfurt, o Grossmarkthalle.Reunião inicial do júri, em 30 e 31 de Outubro de 2002.

13 Exposição fotográfica do BCE, intitulada “A Produção do €uro”, na sede do 192Banco Nacional da Polónia, em Varsóvia, de 2 de Dezembro de 2002 a 15 deJaneiro de 2003.Eugenio Domingo Solans, Membro da Comissão Executiva do BCE, e LeszekBalcerowicz, Presidente do Banco Nacional da Polónia, inauguram a exposição.

14 “Arte Contemporânea de Portugal”, no BCE, em 4 de Dezembro de 2002. 208Vítor Constâncio, Governador do Banco de Portugal, e Lucas Papademos,Vice-Presidente do BCE, inauguram a exposição.

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Prefácio

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 20022

Em muitos aspectos, 2002 foi mais um anohistórico no processo de integração europeia.O primeiro grande acontecimento foi aintrodução com êxito das notas e moedasdenominadas em euros em 1 de Janeiro, queconstituiu a última etapa da conclusão daUnião Económica e Monetária (UEM). Comoa transição para o euro fiduciário foi umprocesso complexo, ambicioso e inédito, asua rapidez e o seu êxito só puderamser concretizados devido à preparaçãosistemática e à coordenação de todas aspartes envolvidas. Assim, foi fundamental oestreito envolvimento do sector bancário, dasempresas de transporte de valores, dosretalhistas e da indústria das máquinas queoperam com numerário – assim como dasinstituições da União Europeia (UE), doEurosistema e das autoridades nacionais –desde uma fase inicial. A transição tambémexigiu grande esforço a nível organizativo,logístico, técnico e económico por parte detodos os indivíduos envolvidos na utilizaçãoe no manuseamento de notas e moedas. Mas,acima de tudo, o sucesso da transição para oeuro fiduciário dependeu da atitude favorávele da rápida aceitação por todos os cidadãos.Actualmente, os 300 milhões de cidadãos daárea do euro já aceitaram em pleno a sua

nova moeda, reforçando a ideia de umaEuropa mais integrada.

O segundo acontecimento-chave de 2002 foia decisão tomada em Dezembro, a nível dosChefes de Estado ou de Governo da UE, depermitir que dez novos países adiram à UEem 2004, embora esta decisão ainda aguarderatificação. A dimensão histórica destealargamento tem três vertentes. Primeiro,marca claramente o fim das clivagens do pós--guerra na Europa e, como tal, reveste-se deum profundo significado político. Segundo,esta onda de alargamento é a maior queocorrerá na UE. Por último, como a maiorparte dos futuros Estados-Membros ainda seencontra num processo de transição paraverdadeiras economias de mercado, asdisparidades são muito maiores do queaquando dos anteriores alargamentos. Destemodo, quer os actuais quer os futurosEstados-Membros enfrentam um grandedesafio.

A rapidez da adopção do euro pelos novosEstados-Membros – depois da sua adesão àUE – dependerá da rapidez do cumprimentodos critérios de convergência para a entradana área do euro. As diferenças nodesenvolvimento económico entre os novosEstados-Membros podem significar que nemtodos os países irão adoptar o euro emsimultâneo. Não obstante, uma dasprioridades-chave do Eurosistema consisteem ter em funcionamento, a partir de 2004, ainfra-estrutura técnica e institucional para umSistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC)alargado, de acordo com o calendário dealargamento da UE. No âmbito dospreparativos de alargamento, o Conselho doBanco Central Europeu (BCE) também emitiuuma recomendação sobre o ajustamento dassuas modalidades de votação, de acordo comas respectivas disposições do Tratado de Nice.Além disso, o Eurosistema já mantém estreitoscontactos com os bancos centrais dos paísesem vias de adesão e acompanhará de formacrescente a evolução económica, financeira,institucional e jurídica nestes países. Assim,este Relatório Anual inclui um capítulo especialsobre o processo de alargamento.

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3BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

A condução da política monetária em 2002caracterizou-se por um elevado grau deincerteza acerca das perspectivas económicas.A inflação média, medida pelo ÍndiceHarmonizado de Preços no Consumidor(IHPC), situou-se em 2.2%, ou seja, um valorligeiramente inferior ao registado em 2001(2.4%), mas ainda um pouco acima dos níveiscompatíveis com a definição de estabilidadede preços dada pelo BCE. A taxa decrescimento anual média do agregadomonetário largo M3 aumentou para um valorsuperior a 7%, face a 5½% em 2001,excedendo consideravelmente o valor dereferência de 4½%. Esta evolução resultouda elevada volatilidade nos mercadosfinanceiros e reflectiu amplamente aspreferências dos investidores por activoslíquidos de curto prazo e por activosfinanceiros com menor grau de risco.Reflectiu igualmente as taxas de jurorelativamente baixas na área do euro em2002. O forte crescimento monetário levoua uma maior acumulação de liquidez na áreado euro do que a necessária para financiarum crescimento não inflacionista sustentávela mais longo prazo. Em termos gerais,contudo, face ao ritmo relativamentemoderado da actividade económica econsiderando que alguns dos ajustamentosde carteira, que privilegiaram o M3, poderãoter tido apenas natureza temporária, aevolução monetária em 2002 não foi vistacomo apontando para riscos para aestabilidade de preços. Esta avaliação foiconfirmada pelo crescimento relativamentemoderado do crédito em 2002.

Para nosso desapontamento, em 2002, ocrescimento económico na área do euro foiinferior ao esperado, levando a umcrescimento do PIB, em termos reais,relativamente baixo, mas ainda positivo,de 0.8%, face a 1.4% em 2001. As fracascondições económicas mantiveram-se, comdiversos factores a contribuírem para umnível de incerteza invulgarmente elevado:tensões geopolíticas e respectivo impactosobre os preços do petróleo e a confiança,evolução adversa no mercado financeiro(que, contudo, não ameaçou a estabilidade

financeira na área do euro) e persistênciade desequilíbrios mundiais. Neste contexto,e dado o fortalecimento gradual do euroem 2002 e no início de 2003, as pressõesascendentes sobre a inflação atenuaram-se,particularmente na segunda metade desteperíodo. Esta situação levou o Conselho doBCE a reduzir as taxas directoras do BCE em50 pontos base em Dezembro de 2002, enovamente em 25 pontos base em Março de2003.

Apesar destas condições económicasmoderadas, a taxa de inflação na área doeuro manteve-se relativamente elevada.Contudo, os preços foram impulsionadosem 2002 por vários factores temporáriosou pontuais: efeitos de base, aumentosnos impostos indirectos e condiçõesmeteorológicas adversas. Além disso, ossalários continuaram a subir, apesar doaumento do desemprego, um factor queaponta para a persistência de rigidezestrutural nos mercados de trabalho.

É reconhecido que alguns dos aumentos dospreços observados em 2002, em alguns paísesda área do euro, estiveram associados àtransição para o euro fiduciário. Contudo, oimpacto percebido da transição para o eurofiduciário sobre a inflação foi muito maior doque o impacto efectivo. Os consumidorestendem a notar mais os aumentos dos preçosdos bens e serviços adquiridos frequentementedo que os aumentos relativamentemoderados, ou até as descidas, dos preçosdos produtos não adquiridos frequentemente,que representam uma percentagem maior noorçamento de uma família. Além disso,pressões ascendentes, coincidentes masindependentes, sobre os preços, como as queresultaram das condições meteorológicasadversas observadas no Inverno de 2001/02,foram erradamente associadas à transiçãopara o euro fiduciário. O efeito globalmuito modesto da transição para o eurofiduciário sobre os aumentos dos preçosdeverá ser temporário. Na verdade, espera--se que a introdução do euro ajude a manteraumentos reduzidos dos preços a médioprazo, uma vez que a nova moeda aumentou

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a transparência transfronteiras dos preços naárea do euro, intensificando, assim, aconcorrência.

No início de 2003, as perspectivas acerca daestabilidade de preços a médio prazoparecem bastante favoráveis, desde que aevolução salarial se mantenha moderada.Além disso, ainda se aplica uma das principaismensagens de 2002, nomeadamente, a de queo ritmo das reformas estruturais deve seracelerado. Isto deve-se ao facto de que maiorflexibilidade dos mercados do trabalho e doproduto leva a ajustamentos mais rápidos dospreços (facilitando assim o trabalho dosdecisores da política monetária) e, maisgenericamente, a aumentos mais baixos dospreços.

Apesar das difíceis circunstâncias em que ocorrea formulação da política monetária, o nível baixodas expectativas de inflação a longo prazo e osprémios de risco actualmente existentes nosmercados obrigacionistas podem sugerir que osagentes económicos têm confiança nacapacidade do BCE de manter a estabilidade depreços a médio prazo. Dada a incertezaeconómica, a estratégia de política monetáriado BCE continuou a fornecer um quadro dereferência muito útil quer para o Conselho doBCE (na tomada de decisões adequadas depolítica monetária) quer para os mercadosfinanceiros e agentes económicos (orientandoas suas expectativas sobre a actuação da políticamonetária).

As incertezas em torno da evolução económicaem 2002 sublinharam a importância de umquadro de política macroeconómica orientadapara a estabilidade, actuando como sinal para osagentes económicos. No campo da políticamonetária, o quadro orientado para aestabilidade atribui ao BCE o objectivoprimordial de manutenção da estabilidade depreços, independentemente de terceiros. Napolítica orçamental, o Tratado que institui aComunidade Europeia e o Pacto de Estabilidadee Crescimento servem de âncora para asexpectativas dos agentes económicos. Estequadro conceptual foi também confirmado pelaConvenção Europeia, que está actualmente a

trabalhar no projecto do “Tratado que institui aConstituição da Europa”, em preparação para apróxima Conferência Intergovernamental. Aadopção desta Constituição será um passoimportante para a Europa, reforçando o quadroda UEM.

A evolução orçamental na área do euro foi,em geral, desapontante em 2002. O déficeorçamental médio aumentou para 2.2% doPIB, face a 1.6% em 2001. A maior parte dospaíses não cumpriu os objectivos orçamentaisestabelecidos nos respectivos programas deestabilidade. O Conselho ECOFIN declarou,em Novembro de 2002 e Janeiro de 2003,respectivamente, que Portugal e a Alemanhatinham défices excessivos. O ECOFINtambém adoptou uma recomendação, emJaneiro de 2003, emitindo um alerta rápido àFrança, para tentar impedir a ocorrência deum défice excessivo. Em 2002, o déficeorçamental em França excedeu o valor dereferência de 3% para o rácio do défice emrelação ao PIB, estipulado no Tratado.

Ao contrário do que é frequentementeafirmado, o Pacto de Estabilidade e Crescimentonão é um colete de forças que obriga os paísesa prosseguir políticas orçamentais pró-cíclicas.Pelo contrário, desde que os países alcancemuma posição orçamental a médio prazo próximodo equilíbrio ou excedentária, o Pacto concedeflexibilidade para a plena actuação dosestabilizadores automáticos. Os países queactualmente lutam para conseguir pôr emordem a situação orçamental não reduziramsuficientemente os seus défices orçamentais nosúltimos anos, quando as condições económicaseram relativamente favoráveis. Os países queobservaram as regras do Pacto de Estabilidadee Crescimento enfrentam agora menoresdificuldades orçamentais e beneficiam da boaactuação dos estabilizadores automáticos. A fimde remediar os actuais desequilíbriosorçamentais, os países que registam um déficepróximo de ou superior a 3% do PIB devem pôrem prática medidas de consolidação orçamentalque fomentam o crescimento, de modo a que asua política orçamental cumpra os requisitos doPacto de Estabilidade e Crescimento.

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Este Relatório Anual sintetiza as actividadesdo BCE, do Eurosistema e do SEBC em 2002e apresenta uma análise geral da evoluçãomonetária, económica e financeira na área doeuro em 2002 e no início de 2003. O BCEtinha 1 105 funcionários no final de 2002,face a 1 043 em 2001. O número defuncionários deverá aumentar para 1 263.5em 2003, em particular, para responder àsnecessidades do alargamento do SEBC. Em2002, o BCE celebrou um acordo com aCâmara de Frankfurt visando a aquisição deum terreno destinado à construção deinstalações próprias; posteriormente abriu umconcurso internacional de arquitectura parao desenvolvimento do projecto para asinstalações definitivas do BCE. Quando asnovas instalações ficarem concluídas, o BCEpoderá concentrar todos os seus funcionáriosno mesmo local, deixando de recorrer aespaços alugados, em edifícios separados,como acontece actualmente.

Este é o último prefácio do Relatório Anualdo BCE por mim assinado. Tenho muitoorgulho em ter sido o primeiro Presidentedo BCE e em ter tido o privilégio e a honrade acompanhar os primeiros anos deformação do BCE e do Eurosistema, incluindoacontecimentos históricos como o início daterceira fase da UEM e a introdução das notase moedas de euros. Gostaria de agradecer atodos os meus colegas da ComissãoExecutiva, do Conselho do BCE e doConselho Geral a sua proveitosa colaboração

ao longo dos últimos cinco anos. Estouigualmente muito grato aos Membros doParlamento Europeu e, em particular, à suaComissão dos Assuntos Económicos eMonetários, ao Conselho Europeu, aoConselho ECOFIN e à Comissão Europeia. Enão menos importante, gostaria de agradeceraos funcionários do BCE e dos bancoscentrais nacionais do Eurosistema o seucontínuo apoio e empenho para tornar aintrodução do euro e o funcionamento daUnião Monetária um sucesso. Estouimensamente orgulhoso de ter tido aoportunidade de trabalhar com eles nesteprojecto histórico único. Mas, sobretudo,gostaria de agradecer aos cidadãos da Europapor confiarem no euro e no seu guardião.Posso assegurar-vos que, quer no presentequer no futuro, o BCE realizará todos osesforços para responder às expectativas doscidadãos europeus e continuará a manter opoder de compra da nossa moeda, embenefício de todos.

Frankfurt, Março de 2003

Willem F. Duisenberg

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A Festa do Euro, em 18 de Janeiro de 2002 – celebrando a introdução da moeda única

Janeiro de 2002

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Capítulo 1

Evolução económica

e política monetária

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Gráfico 1Taxas de juro do BCE e taxas do mercado monetário(percentagens por ano; dados diários)

Fonte: BCE.Nota: A taxa para as operações principais de refinanciamento é a aplicável a leilões de taxa fixa para operações liquidadas até 28 deJunho de 2000. Após aquela data, a taxa reflecte a taxa mínima de proposta aplicável a leilões de taxa variável.

taxa da facilidade permanente de cedência de liquideztaxa da facilidade permanente de depósitotaxa das operações principais de refinanciamento/mínima de propostataxa de juro overnight (EONIA)taxa marginal nas operações principais de refinanciamento

1999 2000 2001 20021.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

5.0

5.5

6.0

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

5.0

5.5

6.0

1 Análise geral: decisões de política monetária em 2002

A conjuntura em que a política monetária sedesenrolou em 2002 foi de considerávelincerteza. Os sinais relativos às pressõesinflacionistas a médio prazo foram por vezescontraditórios e sujeitos a alterações. Nasequência do abrandamento da actividadeeconómica ao longo de 2001, ainda agravadopelos choques negativos para a confiança,relacionados com os ataques terroristas nosEstados Unidos em Setembro desse ano, oinício de 2002 assistiu a uma recuperaçãomoderada do crescimento do PIB real na áreado euro. No entanto, à medida que o anodecorria, a recuperação perdeu dinamismo,afectada pela renovada turbulência nosmercados financeiros e por tensõesgeopolíticas com consequências para ospreços do petróleo e para a confiança. Nogeral, prevê-se que o crescimento anual doPIB real na área do euro se situe 0.8% em2002, face a 1.4% em 2001.

Apesar do ritmo moderado da recuperaçãoeconómica, a inflação medida pelo IHPC em2002 abrandou apenas moderadamente, de

2.4% em 2001, em média, para 2.2% em 2002,permanecendo assim ligeiramente acima dolimite superior da definição de estabilidadede preços do BCE. Na primeira metade doano, factores temporários – como condiçõesmeteorológicas desfavoráveis que afectaramos preços dos produtos alimentares –contribuíram para taxas de inflação maiselevadas e outros elementos, como aevolução monetária e salarial, deram origema preocupações relativas à manutenção daestabilidade de preços na área do euro amédio prazo. Posteriormente, no decurso doano, um aumento significativo dos preços dopetróleo introduziu algumas pressõesascendentes sobre os preços no consumidor,mas outros factores relacionados com amanutenção de um ritmo moderado decrescimento económico, bem como com asignificativa apreciação do euro, contribuírampara atenuar os riscos inflacionistas.

Dados estes factores compensatórios,durante a maior parte de 2002 o Conselhodo BCE manteve a taxa mínima de proposta

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da operação principal de refinanciamento doBCE inalterada em 3.25%. Contudo, uma vezque a fragilidade da actividade económica nãose dissipou entre persistentes tensõesgeopolíticas, e dada a apreciação sustentadado euro, as pressões inflacionistas pareceramter diminuído. Consequentemente, oConselho do BCE decidiu reduzir as taxas dejuro directoras do BCE em 50 pontos baseem Dezembro de 2002 e, de novo, em25 pontos base em Março de 2003 (verGráfico 1).

As decisões de política monetária tomadasem 2002 e no início de 2003 deverão seranalisadas à luz da significativa redução dastaxas de juro directoras do BCE (num totalde 150 pontos base, tendo a taxa dasoperações principais de refinanciamento sidoreduzida para 3.25%, em 8 de Novembro de2001) decidida pelo Conselho do BCE em2001. Em 2001, e principalmente após osataques terroristas em Setembro desse ano,a evidência disponível indicou que oabrandamento da actividade económica naárea do euro deveria durar mais e ser maispronunciado do que o anteriormenteesperado, contribuindo assim para acontenção das pressões ascendentes sobreos preços. Ao mesmo tempo, verificou-seuma atenuação progressiva do impacto deanteriores choques ascendentes sobre ospreços, resultantes dos aumentos dos preçosdo petróleo, da depreciação do euro em 1999e 2000 e dos aumentos dos preços dosbens alimentares no início de 2001. Em geral,estes factores apontaram para pressõesinflacionistas mais fracas a médio prazo e, emconjunto com o abrandamento da actividadeeconómica, previu-se que apoiassem amoderação salarial. Esta avaliação não foicontrariada pela análise resultante dos dadosmonetários. O crescimento monetáriofortaleceu-se na segunda metade de 2001,em particular após os ataques terroristas,mas reflectindo em larga medida osajustamentos de carteira por parte dosinvestidores privados, passando de acções eoutros activos financeiros de mais longoprazo para activos de curto prazo maislíquidos e relativamente seguros incluídos no

M3. Além disso, o crescimento anual docrédito ao sector privado continuou a descer.

Nos primeiros meses de 2002, começandocom a análise ao abrigo do primeiro pilar daestratégia de política monetária do BCE, ocrescimento do M3 moderou-se um pouco,na sequência dos grandes ajustamentos decarteira verificados no Outono de 2001. Noentanto, esta moderação prosseguiu a umritmo muito lento, tendo cessado no segundotrimestre de 2002, quando se registou umfortalecimento considerável da procura deM1. Para além da persistência da incertezanos mercados bolsistas, os baixos custos deoportunidade de detenção de moeda deverãoter determinado a expansão monetáriadurante este período. Ainda no início de2002, a taxa de crescimento dos empréstimosao sector privado continuou a descer, apesarde parecer ter estabilizado no segundotrimestre do ano. Nessa altura, tornou-semotivo de preocupação o facto de o nível deliquidez disponível na área do euro sersignificativamente superior ao necessário parafinanciar um crescimento económicosustentado não inflacionista.

Passando à análise ao abrigo do segundo pilarna primeira metade de 2002, a informaçãodisponível no início de 2002 confirmou asexpectativas anteriores do Conselho do BCErelativamente às perspectivas económicaspara a área do euro. A evidência disponívelnos primeiros meses do ano começou aindicar que o valor mínimo da actividadeeconómica poderá ter sido atingido no finalde 2001 e que uma recuperação deveria tertido lugar no decurso de 2002. A incertezaface à conjuntura mundial deveria terdiminuído ligeiramente. Na área do euro, ocrescimento trimestral em cadeia do PIB realpassou a positivo no primeiro trimestredo ano e os dados dos inquéritos começarama indicar que poderia estar em cursoum fortalecimento da actividade económica.A expectativa de uma recuperação económicafoi apoiada pela ausência de quaisquerdesequilíbrios significativos na área do eurosusceptíveis de exigir um processo deajustamento moroso. Nesta conjuntura, as

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taxas de juro baixas e os efeitos positivossobre o rendimento disponível realresultantes das descidas esperadas da inflaçãodeverão ter favorecido o crescimento daprocura interna.

As projecções elaboradas por especialistasdo Eurosistema, bem como as previsões deorganizações internacionais e de instituiçõesprivadas, esboçaram um cenário globalmentesemelhante na Primavera de 2002. Aexpectativa geral apontava para umcrescimento do PIB real na área do euro denovo em linha com a tendência decrescimento potencial no decurso desse anoe para a estabilização nesses níveis em 2003.A expectativa de uma recuperação económicarelativamente estável estava ainda em linhacom as expectativas dos mercadosfinanceiros, como incorporadas nas taxas derendibilidade das obrigações. Apesar destasexpectativas, o padrão preciso darecuperação económica manteve-se incerto,sobretudo num contexto de aumentossubstanciais dos preços do petróleo e dedesequilíbrios macroeconómicos no resto domundo.

Relativamente à inflação dos preços noconsumidor, as taxas de inflação homólogaseram relativamente elevadas no início de 2002,partindo de um nível de 2.7% em Janeiro. A taxade inflação medida pelo IHPC também seapresentou algo errática no início de 2002,devido sobretudo a factores excepcionais e decurta duração: condições meteorológicasdesfavoráveis, que conduziram a preços maiselevados dos produtos alimentares, impostosindirectos mais elevados e efeitos de baseadversos da evolução dos preços dos produtosenergéticos no início de 2001. O impacto globalda transição para o euro fiduciário sobre o níveldos preços foi considerado reduzido, nãoobstante algum impacto ascendente sobre ospreços, em particular de determinados serviços.As taxas de crescimento homólogas do IHPCdesceram progressivamente após os primeirosmeses do ano, devido sobretudo a efeitos debase. Contudo, esta descida decorreu a umritmo relativamente lento, ficando parcialmentea dever-se a aumentos dos preços do petróleo

no início de 2002. Ao mesmo tempo, era motivode preocupação o facto de a inflação excluindoas componentes mais voláteis, produtosenergéticos e produtos alimentares nãotransformados, se manter persistentementeelevada, reflectindo em particular a evoluçãodos preços dos serviços. Além do mais,as tendências dos salários não eramtranquilizadoras. Em geral, a evolução da inflaçãoera portanto um pouco menos favorável doque o previsto no final de 2001.

Neste enquadramento, nos primeiros mesesde 2002, o Conselho do BCE ficou cada vezmais preocupado com a possibilidade de aevolução monetária, as tendências dossalários e a elevada persistência de inflaçãodos preços dos serviços poderem implicarriscos ascendentes para a estabilidade depreços a médio prazo. No entanto, aapreciação do euro, iniciada na Primavera,atenuou os riscos no sentido ascendente paraa estabilidade de preços. Além do mais, umfactor importante que determinou a avaliaçãoda política monetária nessa altura prendeu--se com o facto de as perspectivas económicasestarem ainda sujeitas a incerteza. Dado quealguns factores apontaram para pressõesinflacionistas crescentes, apesar da incertezaque ainda rodeava o fortalecimento essencialdo crescimento económico (o qual, porsua vez, poderia também afectarfundamentalmente as perspectivas para aestabilidade de preços), o Conselho do BCEfoi de opinião que a informação disponívelnessa altura transmitia sinais inconclusivosrelativamente ao balanço de riscos para aestabilidade de preços a médio prazo.

Na segunda metade de 2002, as preocupaçõesrelativas às perspectivas económicasagravaram-se, reflectindo-se no desempenhonegativo dos mercados financeiros. As novasquedas abruptas dos preços nos mercadosbolsistas mundiais durante o Verãoreforçaram a tendência descendente emcurso nesses mercados desde os máximoshistóricos do início de 2000. Apesar dasobrevalorização das acções ser sempre difícilde avaliar com precisão, as descidas nomercado bolsista resultaram em parte da

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correcção de excessos passados. Foramcausadas por factores como o aumento daincerteza do mercado relativa à fiabilidade dainformação contabilística financeira, lucrosempresariais mais fracos do que o esperadoe o aumento gradual das tensões geopolíticas,atendendo também às suas consequênciaspara os preços do petróleo. A evidênciadisponível sugere que apesar do significativoaumento das detenções de acções porfamílias da área do euro com início no finalda década de 90, os efeitos directos dasvariações do mercado bolsista sobre asdespesas de consumo são tipicamente maisfracos na área do euro do que nas outraseconomias principais. No entanto, o facto dea descida no mercado bolsista ser de naturezaglobal aumentou a probabilidade de aeconomia da área do euro ser afectada porligações internacionais. Além disso, aturbulência dos mercados bolsistas tornou aangariação de fundos nos mercados de títulosmais dispendiosa para as empresas. Estasdescidas foram ainda acompanhadas por umaumento do diferencial (spread) para ofinanciamento por obrigações para asempresas da área do euro, especialmentepara as de baixa notação. Para além daincerteza nos mercados financeiros, apersistência de grandes desequilíbriosmacroeconómicos fora da área do eurocontinuou a pesar sobre o clima de incertezaprevalecente na área do euro e no mundoem geral.

Estes factores reflectiram-se nos indicadoresprospectivos. Após uma melhoria contínua atémeados de 2002, os indicadores de confiança eos dados dos inquéritos sugeriram que umanova aceleração da actividade económica nesseano era pouco provável. Além disso, as tensõesgeopolíticas aumentaram na segunda metade de2002, conduzindo a uma subida acentuada dospreços do petróleo. A recuperação económicada economia da área do euro e mundial deveriaportanto progredir mais lentamente na segundametade de 2002 do que o esperado no início doano. Nestas circunstâncias, e em linha com umaavaliação semelhante por parte das instituiçõespúblicas e privadas, bem como com as

projecções elaboradas por especialistas doEurosistema, o Conselho do BCE diminuiugradualmente as suas expectativas para ocrescimento económico durante o resto doano e os primeiros meses de 2003.Consequentemente, um aumento das taxas decrescimento do PIB real deverá verificar-seapenas no decurso de 2003. Os dados sobre aactividade económica, disponibilizados nasegunda metade de 2002 e no início de 2003confirmaram que o crescimento económicotinha, de facto, permanecido muito fraco.

Relativamente à evolução dos preços, ainflação medida pelo IHPC, na segundametade do ano, manteve-se na ordem dos2%, o limite superior da definição deestabilidade de preços do BCE. Além do mais,a inflação medida pelo IHPC excluindo asrubricas mais voláteis, os preços dosprodutos energéticos e dos produtosalimentares não transformados, permaneceurelativamente elevada, na ordem dos 2½%,reflectindo em particular o forte dinamismodos preços dos serviços, o que, por sua vez,se reflectiu – pelo menos em parte – natendência ascendente dos aumentos dossalários nominais que persistiu até ao início2002. No geral, o facto de a inflação dospreços no consumidor ter permanecidonesses níveis sugeriu que a rigidez estruturalpresente na área do euro poderá terdificultado o ajustamento adequado dossalários e dos preços num contexto de fracocrescimento económico.

Contudo, numa análise prospectiva, amoderada actividade económica foi vistacomo factor de limitação dos potenciaisriscos ascendentes para a estabilidade depreços. Apesar de os riscos relacionados comos salários não terem desaparecido, foramconsiderados menos susceptíveis dematerialização desde que o enquadramentoeconómico não se alterasse substancialmente.O nível mais elevado do euro na segundametade de 2002 e nos primeiros meses de2003, comparado com a primeira metade de2002, deverá ter contribuído para reduzir denovo as pressões inflacionistas.

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A avaliação das implicações para a estabilidadede preços da evolução monetária foi maiscomplexa na segunda metade de 2002. Apesarde o crescimento monetário ter permanecidoforte após o Verão, os factores subjacentesàs tendências monetárias deveriam seravaliados com cautela. Por um lado, acontinuação do fortalecimento do cres-cimento monetário foi, em larga medida,desencadeada pela turbulência nos mercadosbolsistas, que aumentou a atracção dosinvestidores para activos líquidos e segurosincluídos no M3. Por outro lado, foi umaconsequência dos baixos custos deoportunidade de detenção de moeda, dadoque o nível reduzido das taxas de juroprevalecentes na área do euro tendia aestimular a expansão monetária, reflectindo--se em particular num aumento significativodo agregado estreito M1. Numa perspectivaa longo prazo, o forte crescimento monetáriona área do euro continuou preocupante, umavez que estava disponível mais liquidez doque a necessária para financiar umcrescimento não inflacionista sustentável. Noentanto, o Conselho do BCE considerou queo risco deste excesso de liquidez se traduzirem pressões inflacionistas era reduzido numcontexto de crescimento económicomoderado. Esta avaliação foi apoiada pelamoderação do crescimento homólogo dosempréstimos ao sector privado, em particularàs sociedades não financeiras.

Em geral, reflectindo o fraco crescimentoeconómico e a apreciação do euro, aevidência a partir do Outono de 2002começou progressivamente a apontar parauma atenuação das pressões inflacionistas.Apesar de as tensões nos mercadospetrolíferos terem dificultado a previsão daevolução da inflação a curto prazo, estaanálise conduziu à avaliação de uma melhoriadas perspectivas para a inflação cair paravalores abaixo dos 2% no decurso de 2003,permanecendo em linha com a estabilidadede preços a partir daí. Consequentemente, o

Conselho do BCE decidiu reduzir as taxas dejuro directoras do BCE em 50 pontos base,na reunião realizada a 5 de Dezembro de2002, e de novo em 25 pontos base em 6 deMarço de 2003. A taxa mínima de propostadas operações principais de refinanciamentoatingiu assim 2.50%, um nível muito baixopor padrões históricos. Previu-se que estasdecisões de reduzir as taxas de jurodirectoras do BCE contribuíssem paracompensar de algum modo os vários factorescom efeitos adversos sobre a actividadeeconómica, contribuindo assim para apreservação da estabilidade de preços amédio prazo.

Na reunião realizada a 5 de Dezembro, oConselho do BCE também reviu o valor dereferência para o crescimento monetário, oqual desempenha um papel importante aoabrigo do segundo pilar da estratégia depolítica monetária do BCE. Decidiu manter ovalor inalterado, a uma taxa de crescimentohomóloga de 4½% para o agregado largo M3.Esta decisão teve por base o facto de aevidência continuar a apoiar os pressupostosque constituíram a base para calcular o valorde referência desde Dezembro de 1998,nomeadamente os relativos à tendência decrescimento do produto potencial de 2-2½%por ano e a uma descida tendencial davelocidade de circulação do M3 de ½-1% porano na área do euro. Em Dezembro de 2002,o Conselho do BCE reafirmou que o valorde referência é um conceito de médio prazo,que se deve ter em mente quando se comparaa evolução em curso do M3 com o valor dereferência. Na verdade, a experiência dosdois últimos anos sugere que os movimentosde curto prazo do M3 não têmnecessariamente implicações na futuraevolução dos preços, e que os desvios do M3do valor de referência devem ser analisadosem conjunção com outros indicadores reaise financeiros, por forma a seremcompreendidas as suas implicações para aestabilidade de preços.

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Caixa 1Experiências relacionadas com o impacto sobre a volatilidade do mercadomonetário da decisão do Conselho do BCE de mudar para mensal a frequência dasavaliações da orientação de política monetária

Na reunião realizada a 8 de Novembro de 2001, o Conselho do BCE decidiu que a partir dessa data, como

regra, avaliaria a orientação da política monetária do BCE apenas na primeira reunião do mês e, normalmente,

tomaria as decisões relativas à taxa de juro apenas nessa reunião. Um dos objectivos desta decisão consistiu

em contribuir para a estabilização dos mercados financeiros. Apesar de as decisões de política monetária do

BCE terem em geral sido previsíveis desde o início da Terceira Fase da União Económica e Monetária1, a

incerteza do mercado envolvia por vezes o momento exacto e a magnitude dessas decisões. A elevada

frequência das reuniões deverá ter contribuído para essa incerteza. A este respeito, considerou-se que mudar

para mensal a frequência das decisões de política monetária também contribuiria para a estabilização do

comportamento de licitação das contrapartes nas operações de refinanciamento regulares. Com menos

oportunidades para os mercados se centrarem nas variações das taxas de juro, haverá obviamente menos

incentivos para comportamentos especulativos e, assim, as taxas de juro das operações de leilão do BCE

tornar-se-ão menos voláteis.

1 Pérez-Quirós e Sicilia (2002), “Is the European Central Bank (and the United States Federal Reserve) predictable?”,Documento de Trabalho do BCE N.º 192. Ver ainda Gaspar, Pérez-Quirós e Sicilia (2001), “The ECB monetary policystrategy and the money market”, International Journal of Finance and Economics 6, 2001, pp. 325-342.

Fonte: BCE.Nota: Interpolação do desvio padrão da taxa EONIA e das taxas de swap da EONIA a duas semanas, três, seis e doze meses.

Estrutura de prazos da volatilidade das taxas de juro(desvio padrão para o período especificado de variações diárias dos níveis das taxas de juro do mercado monetário na área doeuro; pontos percentuais)

de 4 de Janeiro de 1999 a 8 de Novembro de 2001de 9 de Novembro de 2001 a 28 de Fevereiro de 2003

EONIA

prazodoze mesesseis mesestrês meses

0.00

0.02

0.04

0.06

0.08

0.10

0.12

0.14

0.16

Neste enquadramento, a presente caixa verifica se as taxas de juro do mercado se tornaram mais estáveis desde

a alteração da frequência das reuniões de política monetária, incidindo sobre taxas de juro do mercado

monetário nas maturidades muito curtas, dado que deverão ser estas as mais afectadas pela redução da

frequência das reuniões de política monetária. Contudo, esta análise não é fácil de realizar, visto ser difícil

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 200214

2 Evolução monetária e financeira

2.1 Evolução monetária

Crescimento do M3 manteve-se forte aolongo de 2002

A taxa de crescimento homóloga média doagregado monetário largo M3 aumentou para7.4% em 2002, face a 5.5% em 2001. Nasequência de um reforço substancial nosegundo semestre de 2001, o crescimentohomólogo do M3 registou uma ligeiramoderação nos primeiros meses de 2002,estabilizando posteriormente em torno de7% (ver Gráfico 2). Embora a média móvel detrês meses das taxas de crescimentohomólogas do M3 também tenha registadouma ligeira queda no decurso de 2002, aolongo do ano excedeu consideravelmente ovalor de referência de 4½%.

O forte crescimento monetário observadoem 2002 continuou a reflectir, em largamedida, a evolução nos mercados financeiros.À semelhança do observado no segundosemestre de 2001, os investidores do sectornão monetário demonstraram umapreferência acentuada por activos líquidos eseguros, em resposta à queda dos preços dasacções e à elevada volatilidade nos mercados

financeiros. Na sequência do retorno ànormalidade nos mercados bolsistas mundiaisno final de 2001 e no início de 2002 –indicado pela ligeira recuperação dos preçosdas acções e pela queda acentuada navolatilidade implícita no mercado bolsista – adinâmica de curto prazo do M3 enfraqueceuligeiramente nos primeiros meses de 2002.No entanto, posteriormente, no contexto denova quedas dos preços das acções e demaior volatilidade no mercado bolsista, osinvestidores do sector não monetáriovoltaram a mostrar forte preferência poractivos líquidos e seguros. Embora, ao longodos meses de Verão, tenham sido investidosfundos quer em instrumentos do M3 querem activos remunerados a mais longo prazo,em detrimento de acções, mais tarde osfundos parecem ter sido novamentecanalizados para activos de curto prazoincluídos no M3, reflectindo a menorinclinação da curva de rendimentos e a maiorvolatilidade nos mercados obrigacionistas. Emlinha com esta evolução, a dinâmica a maiscurto prazo do M3 registou um reforçoconsiderável no final do ano.

Contudo, os ajustamentos de carteira não foramo único factor subjacente à forte dinâmica

controlar todos os outros elementos que poderão potencialmente afectar a volatilidade das referidas taxas do

mercado monetário, incluindo a frequência das variações das taxas de juro directoras do BCE.

Em princípio, será de esperar que a frequência reduzida das reuniões de política monetária baixe a volatilidade

das taxas de mercado monetário sobretudo nas maturidades mais curtas. Ao mesmo tempo, não se pode

esperar que a mudança para reuniões mensais de política monetária tenha qualquer influência nos prazos mais

longos da curva do mercado monetário, que tende mais a assinalar o grau de incerteza macroeconómica.

O gráfico anterior mostra o padrão de volatilidade das taxas de juro do mercado monetário diárias até um ano

entre 4 de Janeiro de 1999 e 8 de Novembro de 2001 e a partir de 9 de Novembro de 2001. A volatilidade das

taxas de juro a um ano após a mudança para reuniões mensais de política monetária é semelhante à

volatilidade no período anterior, o que indica que a incerteza geral não mudou muito nos períodos que se

seguiram à decisão de mudar para reuniões mensais de política monetária. Contudo, a volatilidade das taxas de

juro de mais curto prazo foi significativamente reduzida após a mudança da frequência das reuniões de política

monetária. Embora seja difícil chegar a conclusões definitivas após apenas um ano, a descida da volatilidade

poderá indicar que a incerteza relativa ao momento das decisões de política monetária foi de facto reduzida em

conjunção com a decisão de realizar reuniões de política monetária com menor frequência.

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15BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

monetária em 2002. É provável que ocrescimento do M3 também tenha resultado donível baixo das taxas de juro de curto prazo e,por conseguinte, custos de oportunidaderelativamente baixos respeitantes à detenção,em particular, das componentes mais líquidasdo M3. Esta situação reflectiu-se no aumentogradual da taxa de crescimento homóloga doagregado monetário estreito M1 para 8.8% noquarto trimestre de 2002, face a 5.5% notrimestre homólogo de 2001.

Este período prolongado de fortecrescimento monetário deu origem àacumulação de mais liquidez na área do eurodo que a necessária para financiar umcrescimento sustentável não inflacionista. Estefacto é ilustrado por indicadores de liquidezexcedentária. No Gráfico 3, a medida dodesvio monetário nominal é definida como adiferença entre o nível do M3 observado e onível do M3 implicado pelo contínuocrescimento monetário consistente com ovalor de referência de 4½% desde Dezembrode 1998 (considerado o período de base).Além disso, a medida do desvio monetário

Gráfico 2Crescimento do M3 e valor de referência(dados corrigidos de efeitos de sazonalidade e de calendário)

Fonte: BCE.

M3 (taxa de crescimento homóloga)M3 (média móvel de três meses centrada da taxa de crescimento homóloga)valor de referência (41/2%)M3 (taxa de crescimento a seis meses anualizada)

T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 1999 2000 2001 2002

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

8.0

9.0

10.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

8.0

9.0

10.0

real é definida como a diferença entre o níveldo M3 observado, deflacionado pelo IHPC,e o nível do M3 em termos reais, implicadopelo crescimento monetário nominalconsistente com o valor de referência de4½% e um nível da inflação consistente coma definição de estabilidade de preços dadapelo BCE, considerando também Dezembrode 1998 como o período de base1. Depois deter descido ligeiramente durante os primeirosmeses de 2002, tanto o desvio monetárionominal como o real aumentaramgradualmente e, no final de 2002, atingiram oseu nível mais elevado desde o início daTerceira Fase da União Económica eMonetária (UEM).

Esta forte dinâmica monetária em 2002 resultouprincipalmente da evolução do M1 e dos

1 Na interpretação dos desvios monetários nominal e real, deveser tomado em consideração que a escolha do período de base,de certa forma, é arbitrária. Assim, os níveis destas medidas sãomenos informativos do que as variações desses níveis (ver oartigo intitulado “Enquadramento e ferramentas de análisemonetária”, na edição de Maio de 2001, do Boletim Mensal doBCE).

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 200216

instrumentos negociáveis (ver Quadro 1). NoM1, observou-se uma forte recuperação da taxade crescimento homóloga da circulaçãomonetária. Depois do seu nível ter caído quaseum terço no período que antecedeu a transiçãopara o euro fiduciário em 2001, os agenteseconómicos reconstituíram relativamentedepressa as respectivas detenções de moedaem 2002. Isto reflectiu principalmente a inversãode ajustamentos anteriores para depósitos àordem e outros depósitos de curto prazoincluídos no M3, em detrimento da moeda, mastambém uma recuperação na procura de notasdenominadas em euros por não residentes naárea do euro, como sugerido por dados dabalança de pagamentos da área do euro. Devidoà inversão de anteriores ajustamentos emdetrimento da moeda, a taxa de crescimentohomóloga dos depósitos à ordem desceuligeiramente ao longo de 2002, mas manteve-serelativamente elevada. Como referido atrás, aevolução no conjunto do M1 parecia reflectirprincipalmente os baixos custos deoportunidade de detenção de moeda edepósitos à ordem. Além disso, a turbulência

nos mercados financeiros levou também,provavelmente, a um aumento da procura deactivos muito líquidos, particularmente nosegundo semestre do ano.

Contrariamente, a taxa de crescimentohomóloga dos depósitos de curto prazo,excepto depósitos à ordem desceu para 4.9%no último trimestre de 2002, face a 5.9% notrimestre homólogo de 2001. Esta queda ficouprincipalmente a dever-se à evolução dosdepósitos de curto prazo (isto é, depósitos aprazo até dois anos), a qual foi parcialmentecompensada por um crescimento homólogomais forte dos depósitos de poupança decurto prazo (isto é, depósitos com pré-avisoaté três meses). O nível comparativamentebaixo do diferencial da taxa de retalho entreambos os tipos de depósito de curto prazoparece ter tornado relativamente atractiva adetenção de depósitos de poupança de curtoprazo. A queda da taxa de crescimentohomóloga do total dos depósitos de curtoprazo, excepto depósitos à ordem, pode, emparte, também ter estado relacionada com a

Gráfico 3Medidas dos desvios monetários nominal e real(em percentagem do saldo do M3; médias móveis de três meses centradas)

Fonte: BCE.1) Desvio do nível do M3 observado face ao nível consistente com o crescimento monetário ao valor de referência, tomando

Dezembro de 1998 como período de base.2) Desvio monetário nominal menos o desvio dos preços no consumidor face a um nível compatível com a definição de estabilidade

de preços, tomando Dezembro de 1998 como período de base.

desvio monetário nominal 1)

desvio monetário real 2)

T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 1999 2000 2001 2002

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

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17BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

inversão de ajustamentos, que privilegiaram adetenção de moeda, na sequência da transiçãopara o euro fiduciário.

Apesar de ter caído ao longo de 2002, a taxade crescimento homóloga dos instrumentosnegociáveis manteve-se relativamenteelevada, situando-se em 8.4% no últimotrimestre de 2002. Além disso, assistiu-se aum reforço da dinâmica a mais curto prazono segundo semestre de 2002, sugerindonovos ajustamentos de carteira no sentidodo M3 no contexto de grande incerteza nosmercados financeiros. No que respeita aosinstrumentos negociáveis, o crescimento dasacções e unidades de participação em fundosdo mercado monetário foi particularmenteforte em 2002. Estes instrumentos sãofrequentemente utilizados para “estacionar”fundos em períodos de turbulência nosmercados financeiros.

O crescimento monetário também semanteve forte em Janeiro de 2003, devidoaos ajustamentos de carteira em curso e aosníveis baixos das taxas de juro de curto prazo.A média de três meses das taxas de

crescimento homólogas do M3 aumentou de6.9% no período de Outubro a Dezembro de2002 para 7.1% no período de Novembro de2002 a Janeiro de 2003.

Abrandamento continuado no crescimentodo crédito ao sector privado

O Gráfico 4 apresenta uma análise geral dosmovimentos no M3 e contrapartidas nobalanço consolidado das IFM em 2002. Emtermos gerais, o forte crescimento no M3 foiacompanhado pela descida do crescimentono total do crédito concedido por IFM aresidentes na área do euro, pelo aumento docrescimento das responsabilidades financeirasa mais longo prazo (excluindo capital ereservas) de IFM e por maioresdisponibilidades líquidas sobre o exterior dosector das IFM da área do euro.

Analisando estes desenvolvimentos commaior pormenor e começando pela evoluçãodo crédito, a taxa de crescimento anual médiado total do crédito concedido por IFM aresidentes na área do euro desceu para 4.5%

Quadro 1Componentes do M3(taxas de variação homólogas (%); médias anuais e trimestrais)

Fonte: BCE.1) Incluindo títulos do mercado monetário.

2001 2002 2001 2002 2002 2002 2002 2003T4 T1 T2 T3 T4 Jan.

Corrigido de efeitos de sazonalidade e de calendário

M1 3.6 7.3 5.5 6.2 6.6 7.6 8.8 9.8do qual: circulação monetária -7.6 -11.8 -18.6 -28.0 -19.9 -7.7 12.9 34.6do qual: depósitos à ordem 5.9 10.7 10.4 13.0 11.7 10.3 8.2 6.6

M2 – M1 (= outros depósitos de curto prazo) 4.8 5.9 5.9 6.7 6.4 5.5 4.9 4.0

M2 4.2 6.5 5.7 6.5 6.5 6.5 6.7 6.7M3 – M2 (= instrumentos negociáveis) 14.2 12.3 20.6 15.9 14.0 11.6 8.4 11.0

M3 5.5 7.4 7.7 7.8 7.5 7.2 7.0 7.4

Não corrigido de efeitos de sazonalidade e de calendário

Circulação monetária -7.7 -11.6 -18.4 -27.9 -19.7 -7.7 12.9 35.2

Depósitos à ordem 5.9 10.8 10.1 13.0 11.7 10.4 8.3 6.1

Depósitos a prazo até dois anos 11.9 2.3 7.3 3.6 2.9 1.4 1.3 0.6

Depósitos com pré-aviso até três meses -0.5 8.8 5.0 9.1 9.4 8.9 7.7 6.9

Acordos de recompra 18.6 3.0 19.5 4.6 2.3 2.9 2.3 11.9

Acções/unidades de participação em fundosdo mercado monetário 13.9 23.6 25.5 29.5 25.1 22.4 18.6 17.2

Títulos do mercado monetário e títulosde dívida até dois anos 1) 9.3 -2.2 11.5 1.6 3.9 -4.3 -9.2 -8.3

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 200218

em 2002, face a 5.4% em 2001. Esta evoluçãoresultou de uma queda significativa da taxade crescimento anual do crédito ao sectorprivado, enquanto a taxa de crescimentoanual do crédito às administrações públicaspassou a registar um valor positivo em 2002(ver Quadro 2).

A queda da taxa de crescimento homólogado crédito ao sector privado reflectiu aevolução nos empréstimos concedidos porIFM, cuja taxa de crescimento homóloga caiupara 4.8% no último trimestre de 2002, face a6.5% no trimestre homólogo de 2001. Emtermos da evolução sectorial, a taxa decrescimento homóloga dos empréstimosconcedidos por IFM a sociedades nãofinanceiras caiu significativamente, reflectindoem parte a actividade mais reduzida de fusõese aquisições, enquanto a taxa de crescimentohomóloga dos empréstimos às famíliasaumentou ligeiramente. (Para maispormenores sobre a evolução dosempréstimos por sector, ver a subsecçãosobre a evolução do financiamento da dívida

dos sectores não financeiros da área do euro,na Secção 2.2.).

Em geral, em 2002, a taxa de crescimentomédia dos empréstimos ao sector privado,em termos reais, situou-se ligeiramenteabaixo da sua média de longo prazo desde1980. Contudo, a dinâmica dos empréstimosnão pareceu particularmente fraca,considerando o contexto de crescimentoeconómico moderado e a elevada incertezaeconómica. Por conseguinte, os dados sobreo crescimento dos empréstimos não parecemapontar para quaisquer restrições de créditogeneralizadas na área do euro. Em simultâneo,não é de excluir que em alguns países, as IFMtenham adoptado um comportamento maiscauteloso na concessão de créditorelativamente a alguns sectores da economia.

Por último, o aumento do crescimento docrédito às administrações públicas reflectiuas acrescidas necessidades de financiamentodas administrações públicas na área do euro,em parte, devido à menor receita orçamental

Gráfico 4Movimentos no M3 e contrapartidas(fluxos anuais, fim de período; EUR mil milhões; dados não corrigidos de efeitos de sazonalidade e de calendário)

Fonte: BCE.M3 = 1 + 2 + 3 – 4 + 5

M3 responsabilidades financeiras a mais

longo prazo (excluindo capital e reservas) (4)

crédito ao sector privado

(1)

crédito às administrações

públicas (2)

disponibilidades líquidas sobre o exterior (3)

outras contrapartidas(incluindo capital

e reservas)(5)

T4 2001T1 2002T2 2002T3 2002T4 2002

-200

-100

0

100

200

300

400

500

-200

-100

0

100

200

300

400

500

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19BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

Quadro 2Contrapartidas do M3(taxas de variação homólogas (%); médias anuais e trimestrais; dados não corrigidos de efeitos de sazonalidade e de calendário)

2001 2002 2001 2002 2002 2002 2002 2003T4 T1 T2 T3 T4 Jan.

Responsabilidades financeiras a mais longo prazo(excluindo capital e reservas) 3.0 4.4 2.9 3.1 4.0 5.1 5.2 5.7

Depósitos a prazo superior a dois anos -0.2 1.4 -0.2 0.2 0.9 1.9 2.6 2.6

Depósitos com pré-aviso superior a três meses 3.8 -11.2 -5.7 -11.5 -13.2 -11.1 -9.0 -5.3

Títulos de dívida com prazo superior a dois anos 5.4 7.8 5.9 6.5 7.7 8.8 8.1 8.7

Crédito a residentes na área do euro 5.4 4.5 5.2 5.1 4.5 4.2 4.1 4.2

Crédito às administrações públicas -4.0 1.6 -0.7 1.7 1.8 1.1 1.9 1.8

Títulos excepto acções -6.2 3.5 -0.7 3.5 3.8 2.5 4.1 3.5

Empréstimos -1.0 -1.0 -0.8 -0.8 -0.9 -0.9 -1.2 -0.8

Crédito a outros residentes na área do euro 8.3 5.3 6.9 6.1 5.2 5.0 4.8 4.8

Títulos excepto acções 22.6 12.5 23.8 22.3 14.8 7.5 6.9 9.1

Acções e outras participações 7.2 0.7 3.2 2.1 -3.5 1.0 3.3 0.4

Empréstimos 7.8 5.3 6.5 5.7 5.6 5.3 4.8 5.0

Fonte: BCE.

num contexto de fraco crescimentoeconómico.

Analisando as outras contrapartidas do M3,a taxa de crescimento homóloga dasresponsabilidades financeiras a mais longoprazo (excluindo capital e reservas) das IFMaumentou significativamente nos primeirostrês trimestres de 2002. Inicialmente, estasituação pode ter reflectido a maiorinclinação da curva de rendimentos até àPrimavera de 2002, mas posteriormente,também o novo aumento da incerteza nosmercados bolsistas mundiais. No últimotrimestre de 2002, a taxa de crescimentohomóloga das responsabilidades financeiras amais longo prazo (excluindo capital ereservas) das IFM manteve-se em geralestável, sugerindo que o impacto provenientedos desenvolvimentos no mercado bolsistatinha sido compensado pelos efeitos da quedadas taxas de juro de longo prazo e,possivelmente, também por um aumento davolatilidade no mercado obrigacionista.

Por último, os fluxos de doze meses nasdisponibilidades líquidas sobre o exterior dosector das IFM da área do euro continuarama aumentar de forma considerável no decursode 2002. No período de doze meses atéDezembro de 2002, as disponibilidadeslíquidas sobre o exterior das IFM da área do

euro aumentaram €164 mil milhões,enquanto no período de doze meses atéDezembro de 2001, as disponibilidadeslíquidas sobre o exterior das IFM semantiveram geralmente estáveis. Estamelhoria significativa na posição dasdisponibilidades líquidas sobre o exterior dasIFM da área do euro reflectiu quer umamelhoria substancial do saldo da balançacorrente da área do euro, quer entradaslíquidas na área do euro de investimentodirecto e de carteira em conjunto. Estasúltimas entradas líquidas ficaram sobretudo adever-se ao fraco investimento de carteirapor residentes na área do euro em títulos departicipação no capital estrangeiros e emtítulos de dívida.

Em suma, o crescimento homólogo do M3manteve o seu dinamismo em 2002, dandoorigem à acumulação de mais liquidez do quea necessária ao financiamento de umcrescimento sustentável não inflacionista naárea do euro. Embora nos primeiros mesesde 2002 tenha havido alguns sinais de ligeiramoderação no crescimento monetáriorelacionada com a lenta inversão deanteriores ajustamentos de carteira, estesdesenvolvimentos não foram confirmadosposteriormente. Ao invés, mais tarde, novosajustamentos de carteira deram lugar a umnovo aumento nas medidas do excesso de

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 200220

liquidez. Este elevado excesso de liquidez foiconsiderado um risco potencial para aestabilidade de preços a médio prazo, casonão seja corrigido ao longo do tempo.Contudo, dado o fraco crescimentoeconómico em 2002, o risco do excesso deliquidez acumulado se traduzir em pressõesinflacionistas foi considerado diminuto, umaavaliação que prevaleceu, em particular, nosegundo semestre de 2002. A moderaçãocontínua na taxa de crescimento homólogados empréstimos ao sector privado sustentouesta avaliação.

2.2 Mercados financeiros

Menor crescimento da emissão de títulos dedívida

Em 2002, o mercado de títulos de dívidaemitidos por residentes na área do eurocontinuou a crescer, embora a um ritmo maislento do que em 2001. O saldo de títulos dedívida aumentou 6.4% entre o final de 2001 eo final de 2002, o que compara com 7.1% em2001. O crescimento homólogo do saldo detítulos de curto prazo aumentou de 4.1% nofinal de 2001 para 12.0% no final de 2002,

embora, durante o ano, tenha caído para umvalor de apenas 0.2% em Abril, antes derecuperar nos últimos meses do ano.Entretanto, verificou-se uma descida na taxade crescimento do saldo de títulos de dívidade longo prazo para 5.8% em 2002, face a7.4% no ano anterior.

A actividade de emissão em 2002 registouum contraste entre uma descida no sectorprivado e uma subida no sector dasadministrações públicas, reflectindo, entreoutros factores, as diferenças nasnecessidades de financiamento destessectores num período de fraco crescimentoeconómico.

O crescimento homólogo do saldo total detítulos de dívida emitidos pelas administraçõespúblicas aumentou de 3.4% no final de 2001para 5.0% no final de 2002, tendo tanto aadministração central como os outrossubsectores das administrações públicasacelerado o ritmo da actividade de emissão(ver Gráfico 5). O saldo de títulos de dívidados outros subsectores das administraçõespúblicas, que compreende essencialmente asadministrações local e regional, cresceu 27.4%em 2002, face a 24.0% no final de 2001,

Gráfico 5Saldos de títulos de dívida denominados em euros emitidos por residentesna área do euro(taxas de variação homólogas (%))

Fonte: BCE.

instituições financeiras monetáriassociedades financeiras não monetáriassociedades não financeirasadministrações públicas

1999 2000 2001 20020

10

20

30

40

50

60

70

0

10

20

30

40

50

60

70

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21BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

reflectindo uma evolução orçamental menosfavorável e as acrescidas necessidades definanciamento daí resultantes por partedesses sectores das administrações públicas.

No sector privado, o crescimento homólogodo total do saldo de títulos de dívida emitidospor IFM desceu ligeiramente de 5.5% no finalde 2001, para 4.6% no final de 2002. Estaredução da actividade de emissão pode terreflectido menores necessidades definanciamento das IFM, devidas à fracaprocura de empréstimos por parte do sectorprivado não financeiro, num contexto deabrandamento da actividade económica,combinado com a continuação de fortesentradas de depósitos para IFM.

No que respeita ao sector privado nãomonetário, a taxa de crescimento homólogado saldo de títulos de dívida denominadosem euros emitidos por sociedades nãofinanceiras desceu consideravelmente para3.7% no final de 2002, face a 19.3% no finalde 2001. O saldo de títulos de dívida emitidospor sociedades financeiras não monetáriascresceu 26.8% em 2002, o que compara com45.1% no final de 2001. A continuação doforte crescimento do ritmo da actividade deemissão neste sector pode ter reflectido, emparte, um ajustamento que privilegiou aemissão indirecta através de veículos detitularização localizados no sector empresarialfinanceiro não monetário, em detrimento daemissão directa pelo sector empresarial nãofinanceiro. A acrescida actividade de emissãoatravés deste canal pode reflectir o facto deesta fonte de financiamento estruturadogeralmente beneficiar de uma elevada notaçãode crédito. Não obstante, o crescimentoglobal mais lento do saldo de títulos de dívidaemitidos pelo sector privado não monetárioocorreu num contexto de reduzidasnecessidades de tesouraria e de crescentespreocupações dos investidores acerca dorisco de crédito. Estas reflectiram-se numadeterioração das condições de financiamentodas empresas, com os diferenciais (spreads)das obrigações de empresas no limite inferiordo espectro de qualidade do crédito aregistarem um alargamento considerável,

atingindo níveis relativamente elevados aolongo de 2002, em comparação com anosanteriores. No decurso do ano, as reduçõesnas notações de crédito de empresas àsquais tinha sido atribuída a classificação“investment-grade” também tenderam aaumentar. Isto significou que os custos definanciamento nos mercados de obrigaçõesde empresas que desceram no espectro dequalidade – que se tornaram “anjos caídos”(fallen angels), depois de terem perdido aclassificação “investment-grade” – crescerammais do que o alargamento verificado nosdiferenciais (spreads).

Ainda que a taxa de crescimento do saldo detítulos de dívida denominados em euros tenhadescido consideravelmente, as condições definanciamento das empresas não registaramuma grande deterioração. A actividade deemissão de títulos de dívida manteve-sebastante sustentada. Além disso, no querespeita aos títulos de dívida comclassificação “investment grade”, verificou-seuma melhoria nos custos de financiamentoglobais, uma vez que o alargamento dosdiferenciais das obrigações de dívida públicafoi mais do que compensado pelas quedas nastaxas de rendibilidade das obrigações dedívida pública de longo prazo (ver Gráfico11(a)). Em geral, o mercado de obrigações

Quadro 3Quotas sectoriais de saldos de títulos dedívida denominados em euros emitidospor residentes na área do euro(em percentagens; fim de período)

1998 1999 2000 2001 2002

IFM 35.8 37.0 37.4 36.5 36.1

Sociedades do sectornão monetário 7.1 8.5 9.7 11.6 12.5

Sociedades financeirasnão monetárias 2.3 3.3 4.0 5.3 6.3Sociedades nãofinanceiras 4.8 5.2 5.7 6.3 6.2

Administrações públicas 57.1 54.5 52.9 51.9 51.4

Administração central 55.4 52.9 51.2 50.0 49.1Outras administrações públicas 1.7 1.6 1.7 1.9 2.3

Fonte: BCE.Nota: A partir de 1 de Janeiro de 2001, os dados da área doeuro incluem a Grécia.

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 200222

das empresas denominado em euros mostrouum grau elevado de resistência.

A fraca actividade de emissão do sectorprivado teve subjacente uma descida nocrescimento dos saldos de títulos de dívidade curto prazo. Quando confrontados com adescida generalizada das notações atribuídas,como referido atrás, alguns emitentesconsideraram que as condições no mercadoeram mais fáceis para a emissão de títulos delongo prazo do que de curto prazo, uma vezque alguns investidores não compram títulosde curto prazo com classificação inferior adeterminadas notações de crédito.

Apesar da queda das taxas de crescimento, aproporção de títulos de dívida emitidos querpor sociedades financeiras não monetárias

quer por sociedades não financeiras no totaldas emissões de residentes aumentouligeiramente no final de 2002, situando-seem 12.5%, face a 11.6% no final de 2001(ver Quadro 3). Reflectindo esta pequenaalteração, os pesos das IFM e dos sectoresdas administrações públicas no total de títulosde dívida denominados em euros também semantiveram quase inalterados em 36.1% e51.4%, respectivamente, no final de 2002. Emtermos quer dos saldos quer da emissãoglobal, estes dois sectores em conjuntocontinuaram a dominar o mercado de títulosno que respeita à dívida denominada emeuros.

A percentagem das emissões brutas porresidentes na área do euro de títulos de dívidadenominados em euros nas suas emissões

Saldo em Taxas de crescimento homólogas (fim de período) 3)

percentagem dofinanciamento da 1999 2000 2001 2002 2002 2002 2002

dívida (do sector) 2) T1 T2 T3 T4 4)

Total 100 6.3 7.2 5.4 5.4 5.1 4.7 4 ¼

do qual: financiamento da dívida de curto prazo 17.8 5.3 11.0 5.4 3.0 1.6 0.8 1 ½

do qual: financiamento da dívida de longo prazo 82.2 6.6 6.4 5.4 5.9 5.9 5.6 5

Famílias 5) 27.1 10.7 7.4 5.7 5.7 5.9 6.1 6

do qual: financiamento da dívida de curto prazo 8.1 9.0 6.3 -0.7 -0.6 1.1 1.2 2 ¼

do qual: financiamento da dívida de longo prazo 91.9 10.8 7.5 6.3 6.3 6.4 6.6 6 ¼

Sociedades não financeiras 33.3 8.6 14.3 8.3 6.4 5.6 4.2 3 ¾

do qual: financiamento da dívida de curto prazo 30.6 10.9 20.2 5.0 1.0 -2.9 -3.4 -2 ¼

do qual: financiamento da dívida de longo prazo 69.4 7.6 11.7 9.9 9.2 10.0 8.0 6 ¾

Administrações públicas 39.6 2.3 1.8 2.9 4.3 4.0 4.2 3 ½

do qual: financiamento da dívida de curto prazo 13.8 -4.6 -2.8 9.2 8.9 11.6 9.7 9

do qual: financiamento da dívida de longo prazo 86.2 3.4 2.5 2.0 3.6 2.8 3.3 2 ¾

Fonte: BCE.Nota: A maioria das categorias de responsabilidades no SEC 95 é coberta pelos dados trimestrais sobre financiamento dos sectoresnão financeiros da área do euro. Não são ainda incluídos derivados financeiros, empréstimos concedidos pelas administraçõespúblicas e sociedades não financeiras, acções não cotadas, outras participações e outros montantes a pagar. Tal aplica-se também aempréstimos concedidos por bancos no exterior. Para mais pormenores, ver as notas ao Quadro 6.1 na secção “Estatísticas da áreado euro” do Boletim Mensal do BCE.1) O financiamento da dívida inclui empréstimos, títulos de dívida emitidos, reservas de fundos de pensões de sociedades não

financeiras e depósitos no passivo da administração central. O financiamento da dívida de curto prazo, isto é, com prazooriginal até um ano, inclui empréstimos de curto prazo, títulos de dívida de curto prazo emitidos e depósitos no passivo daadministração central.

2) No final do terceiro trimestre de 2002. Financiamento total da dívida de curto prazo e longo prazo e financiamento da dívida porsector em percentagem do financiamento da dívida total. Financiamento da dívida de curto prazo e longo prazo por sector empercentagem do financiamento da dívida por sector. Os valores podem não corresponder exactamente devido a arredondamentos.

3) As taxas de crescimento homólogas são calculadas como o rácio entre o montante acumulado de financiamento da dívida nosúltimos quatro trimestres e o stock inicial.

4) Os valores para o trimestre mais recente foram estimados com base em transacções, tal como apresentadas em estatísticasmonetárias e bancárias e em estatísticas de emissões de títulos.

5) Incluindo instituições sem fim lucrativo ao serviço das famílias.

Quadro 4Financiamento da dívida dos sectores não financeiros da área do euro 1)

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totais brutas em todas as moedas manteve-se estável em cerca de 93% em 2002. Ocrescimento homólogo dos títulos de dívidanão denominados em euros emitidos porresidentes na área do euro também semanteve geralmente estável em 11.3% em2002. Desde o início da Terceira Fase daUEM, o aumento da emissão por residentesna área do euro de títulos de dívidadenominados em moeda estrangeira tem sidosistematicamente mais forte do que a suaemissão em euros. Este facto pode estarligado à crescente internacionalização dosmercados de capitais, que tem encorajado amaior diversificação de moedas por parte dosemitentes de títulos de dívida da área doeuro (ver Caixa 2 intitulada “Melhoriasrecentes nas estatísticas de emissões detítulos”, na página 15, da edição de Janeiro de2003 do Boletim Mensal do BCE). O eurocontinuou a ser uma moeda atractiva para osemitentes internacionais. A taxa de crescimentodo saldo de títulos de dívida denominados emeuros emitidos por não residentes na área doeuro foi de cerca de 12.9% em 2002, face a17.5% no final de 2001.

Evolução divergente no financiamento dadívida dos sectores não financeiros da áreado euro

Acompanhando a evolução dos empréstimosconcedidos por IFM e da actividade deemissão de títulos de dívida, a taxa decrescimento homóloga do financiamento dadívida dos sectores não financeiros da áreado euro desceu ao longo de 2002, de 5.4%no último trimestre de 2001, para cerca de4¼% no quarto trimestre (ver Quadro 4).Esta ligeira tendência descendente reflectiu adescida continuada do crescimento homólogodo financiamento da dívida das sociedadesnão financeiras, enquanto a taxa decrescimento homóloga do financiamento dadívida das famílias e das administraçõespúblicas aumentou ligeiramente face ao últimotrimestre de 2001 (ver Gráfico 6).

Após uma descida prolongada entre oterceiro trimestre de 1999 e o primeiro

trimestre de 2002, a taxa de crescimentohomóloga do financiamento da dívida dasfamílias aumentou ligeiramente, para um valorpróximo de 6% no quarto trimestre de 2002.Em particular, o financiamento da dívida delongo prazo das famílias (isto é, com prazooriginal superior a um ano) continuou aexpandir-se a um ritmo elevado, reflectindoem larga medida o forte crescimento dosempréstimos para aquisição de habitaçãoconcedidos por IFM da área do euro (verQuadro 5). Por seu turno, isto ficou a dever--se aos níveis historicamente baixos das taxasde juro das hipotecas e à continuação dosfortes aumentos dos preços da habitação emalguns países da área do euro. Emconsequência do robusto crescimento dofinanciamento total da dívida das famílias, orácio da dívida das famílias em relação ao PIBaumentou ligeiramente em 2002, tendoatingido cerca de 51% no último trimestre doano (ver Gráfico 7).

A taxa de crescimento homóloga dofinanciamento da dívida das sociedades nãofinanceiras desceu para um valor ligeiramenteinferior a 4% no quarto trimestre de 2002,face a 8.3% no trimestre homólogo de 2001.No primeiro semestre de 2002, esta quedareflectiu principalmente a forte descida da

Gráfico 6Financiamento da dívida dos sectoresnão financeiros da área do euro(taxas de variação homólogas (%))

Fonte: BCE.Nota: Para mais pormenores, ver Quadro 4.

1999 2000 2001 2002

famíliassociedades não financeirasadministrações públicas

0.0

2.0

4.0

6.0

8.0

10.0

12.0

14.0

16.0

0.0

2.0

4.0

6.0

8.0

10.0

12.0

14.0

16.0

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taxa de variação homóloga dos empréstimosa curto prazo (isto é, com prazo original atéum ano). Em particular, as sociedades nãofinanceiras reduziram os seus empréstimos acurto prazo concedidos por IFM da área doeuro, os quais representam cerca de 75% dosaldo da respectiva dívida de curto prazo.A taxa de crescimento homóloga dofinanciamento da dívida de longo prazo dassociedades não financeiras manteve-sebastante forte neste período. No segundosemestre de 2002, pelo contrário, a taxa decrescimento homóloga do financiamento dadívida de longo prazo das sociedades nãofinanceiras também desceu, para cerca de6¾% no ultimo trimestre de 2002, face a10.0% no segundo. Esta descida resultou deuma evolução semelhante quer nosempréstimos a longo prazo quer na emissãode títulos de dívida de longo prazo. De ummodo geral, o rácio da dívida das sociedadesnão financeiras em relação ao PIBpraticamente estabilizou, mantendo-seligeiramente acima de 62% em 2002 (verGráfico 7).

Gráfico 7Rácio da dívida em relação ao PIB dossectores não financeiros da área do euro(em percentagens)

Fonte: BCE.Nota: Para mais pormenores, ver Quadro 4. Comparado com ascontas financeiras anuais, o rácio da dívida em relação ao PIBcom base nas contas financeiras trimestrais é ligeiramenteinferior, sobretudo devido ao facto de não se incluírem osempréstimos concedidos por sectores não financeiros e porbancos fora da área do euro.

famíliassociedades não financeirasadministrações públicas

40.0

45.0

50.0

55.0

60.0

65.0

70.0

75.0

80.0

85.0

40.0

45.0

50.0

55.0

60.0

65.0

70.0

75.0

80.0

85.0

1998 1999 2000 2001 2002

A moderação do crescimento do financiamentoda dívida das sociedades não financeiras reflectiua significativa menor actividade de fusões eaquisições e a reduzida actividade deinvestimento real, no contexto da fraca procuraagregada e de baixos lucros empresariais. Alémdisso, as sociedades não financeiras podem tersentido necessidade de melhorar as suasposições de balanço e reduzir os respectivosníveis da dívida. Por último, não é de excluirque em alguns países da área do euro, as IFMtenham adoptado um comportamento maiscauteloso na concessão de empréstimos emresposta à diminuição da rentabilidade dasempresas e às quedas no valor dos activosfinanceiros das sociedades não financeiras.

A taxa de crescimento homóloga dofinanciamento da dívida das administraçõespúblicas oscilou em torno de 4% em 2002,face a 2.9% no último trimestre de 2001.Este aumento reflectiu acrescidasnecessidades de financiamento orçamentais,no contexto de um crescimento económicopersistentemente moderado na área do euro.A taxa de crescimento homóloga da dívidade curto prazo das administrações públicasmanteve-se elevada, embora tenha descidoligeiramente na segunda metade do ano,enquanto a taxa de crescimento homólogado financiamento da dívida de longo prazooscilou em torno de apenas 3%. Esta situaçãopode indicar que as administrações públicasaproveitaram o nível baixo das taxas de jurode curto prazo para satisfazer necessidadesde financiamento adicionais.

Preços das acções voltaram a descer face aum nível elevado de incerteza em 2002

Continuando a correcção, iniciada em Marçode 2000, os preços mundiais das acçõesdesceram ao longo de 2002, pelo terceiroano consecutivo. No final de 2002, os preçosdas acções tinham voltado aos níveis registadospela última vez após a crise financeira doOutono de 1998 (ver Gráfico 8 (a)). A quedados preços das acções foi acompanhada porum nível excepcionalmente elevado deincerteza, medida pela volatilidade implícita

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no mercado bolsista, nomeadamente noperíodo entre meados de Maio e o início deOutubro (ver Gráfico 8 (b) e Caixa 2).

Em termos gerais, os índices alargados dosmercados bolsistas nos Estados Unidos, Japãoe na área do euro seguiram padrõessemelhantes em 2002, embora os preços dasacções japonesas tenham sido, por vezes,impulsionados essencialmente por factoresdomésticos. No início de 2002, os índicesde referência dos preços das acçõesapresentaram-se relativamente estáveis e avolatilidade implícita situou-se em níveismoderados, com os participantes no mercadoa esperarem, de um modo geral, umarecuperação económica gradual e constante.Contudo, entre meados de Maio e o final deJulho, os preços das acções ficaram sujeitos auma pressão descendente significativa, a qualfoi, em parte, desencadeada pelo aumentodas preocupações acerca da fiabilidade dosdados financeiro-contabilísticos divulgadospelas empresas. Este facto também levou avolatilidade até níveis tão elevados como osregistados após os ataques terroristas nosEstados Unidos em 11 de Setembro de 2001.Além disso, as informações apresentandolucros empresariais mais baixos do que o

esperado e a deterioração das perspectivaseconómicas mundiais contribuíram para aqueda dos preços das acções e para oaumento da volatilidade.

No final de Julho e durante a maior parte deAgosto, os preços das acções recuperaramtemporariamente nos Estados Unidos e naárea do euro, o que parece ter reflectidoprincipalmente o alívio entre os participantesno mercado resultante do facto de asirregularidades contabilísticas, apesar de tudo,não serem tão generalizadas comoanteriormente temido. Contudo, ao longo deSetembro, a redução do optimismo acercadas perspectivas económicas mundiais, assimcomo um aumento dos alertas sobre oslucros, afectaram negativamente os preçosdas acções e todos os principais índicesregistaram quedas abruptas para os níveismais baixos do ano no início de Outubro. Noquarto trimestre de 2002, os mercadosbolsistas recuperaram mais uma vez.O aumento do preço das acções, que foimuito forte em Outubro e bastante maismoderado em Novembro, antes de serinvertido ligeiramente em Dezembro, ocorreuno contexto de informações sobre os lucrosempresariais melhores do que o esperado e

Fonte: BCE.Nota: Para mais pormenores, ver as notas ao Quadro 2.5 na secção “Estatísticas da área do euro” do Boletim Mensal e respectivasnotas técnicas.1) No final do terceiro trimestre de 2002. Empréstimos por sector em percentagem do total de empréstimos de IFM ao sector

privado não financeiro (excluindo instituições sem fim lucrativo ao serviço das famílias); desagregação por prazos e porobjectivo em percentagem de empréstimos de IFM ao sector correspondente. Os valores podem não corresponder exactamentedevido a arredondamentos.

2) Em linha com a definição de famílias do SEC 95, ou seja, excluindo instituições sem fim lucrativo ao serviço das famílias.3) As definições de crédito ao consumo e de crédito para aquisição de habitação não são totalmente consistentes em toda a área do

euro.

Quadro 5Empréstimos de IFM às famílias e às sociedades não financeiras(fim de período; dados não corrigidos de efeitos de sazonalidade e de calendário)

Saldo em Taxas de crescimento homólogas% do 1999 2000 2001 2002 2002 2002 2002total 1) T1 T2 T3 T4

Famílias 2) 52.5 10.7 7.4 5.2 5.4 5.7 5.9 5.8

Crédito ao consumo 3) 15.8 7.5 7.8 3.0 3.7 3.0 3.2 3.7

Crédito para aquisição de habitação 3) 66.4 12.2 8.5 6.9 7.3 7.8 7.8 7.6

Outro crédito 17.8 8.8 3.6 1.7 0.4 0.9 1.7 1.5

Sociedades não financeiras 47.5 6.9 10.9 6.2 5.0 4.4 3.5 3.5

Até 1 ano 33.2 5.9 12.8 2.1 -1.6 -3.1 -2.6 -1.6

Superior a 1 ano 66.8 7.5 9.9 8.6 8.8 8.8 6.9 6.3

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 200226

de alguma melhoria nas expectativas decrescimento económico, especialmente nosEstados Unidos.

No geral, os preços das acções na área doeuro, medidos pelo índice Dow Jones EUROSTOXX Alargado, caíram 35% em 2002. NosEstados Unidos, os preços das acções,medidos pelo índice Standard & Poor’s 500,desceram 23% entre o final de 2001 e o finalde 2002, enquanto, no Japão, o índiceNikkei 225 perdeu 19% durante o mesmoperíodo. Durante a segunda metade do ano,a volatilidade implícita no mercado bolsistamanteve-se relativamente elevada na áreado euro face aos Estados Unidos e Japão.

A queda significativa dos preços das acções daárea do euro contribuiu para a redução dosrácios preço-ganho (price-earnings ratios – P/E)das empresas da área do euro para níveispróximo das médias históricas. Contrariamente,

nos Estados Unidos os referidos ráciosmantiveram-se ligeiramente acima das médiashistóricas no início de 2003.

Nos Estados Unidos, a divulgação de lucrosempresariais menores do que o esperado e arecuperação hesitante da actividade económicadesencadearam uma tendência descendente nospreços das acções. Além disso, diversos casosde irregularidades contabilísticas deram origema preocupações acerca da fiabilidade dos dadosrelativos aos lucros empresariais. Em particularno final de Junho, a WorldCom, uma empresade telecomunicações, divulgou a maiorrectificação (em baixa) de lucros da históriaempresarial dos Estados Unidos, levando a umaqueda abrupta dos preços das acções e a umaumento simultâneo da volatilidade no mercado.Estes acontecimentos levaram a Comissão doMercado de Valores Mobiliários a exigir que osresponsáveis financeiros das principais empresasdos Estados Unidos declarassem sob a sua honra

Gráfico 8

(a) Índices de cotações de acções na áreado euro, Estados Unidos e Japão(1 de Janeiro de 1998 = 100; dados diários)

Fonte: Reuters.Nota: Índice Dow Jones EURO STOXX alargado (cotação deacções) para a área do euro, Standard and Poor’s 500 para osEstados Unidos e Nikkei 225 para o Japão. A partir de 1 deJaneiro de 2001, os dados da área do euro incluem a Grécia.

(b) Volatilidade implícita do mercadobolsista na área do euro, Estados Unidose Japão(percentagens por ano; média móvel de dez dias de dados diários)

Fonte: Bloomberg.Nota: As séries sobre a volatilidade implícita reflectem o desviopadrão esperado das variações em percentagem das cotaçõesdas acções ao longo de um período até três meses, como implícitonos preços de opções de índices de cotações de acções. Osíndices de acções aos quais as volatilidades implícitas se referemsão o Dow Jones EURO STOXX 50 para a área do euro, oStandard & Poor’s 500 para os Estados Unidos e o Nikkei 225para o Japão. Até 1999, a volatilidade implícita da área do eurotem por base dados sintéticos utilizando as séries nacionaissobre a volatilidade implícita disponíveis.

área do euroEstados UnidosJapão

área do euroEstados UnidosJapão

1998 1999 2000 2001 200240

60

80

100

120

140

160

180

200

220

40

60

80

100

120

140

160

180

200

220

1998 1999 2000 2001 200210

20

30

40

50

60

10

20

30

40

50

60

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(na maior parte dos casos, antes de 14 deAgosto de 2002) que as respectivasdemonstrações financeiras eram rigorosas, como objectivo de reduzir as preocupações acercadas irregularidades contabilísticas. Como nosdois anos anteriores, a magnitude da queda dospreços das acções dos Estados Unidos em 2002foi particularmente pronunciada no sector datecnologia, tendo o índice Nasdaq Compósitoregistado uma queda global de 32% em 2002.

No Japão, os preços das acções subiram aolongo da primeira metade do ano, em parte,devido às novas medidas introduzidas pelogoverno para tornar mais rígidos osregulamentos sobre a venda a descoberto deacções. Posteriormente, a partir do terceirotrimestre, os factores mundiais parecem ter--se tornado, contudo, os mais importantes,tendo a elevada incerteza levado os fluxos decarteira a uma “fuga para a segurança”,privilegiando o mercado obrigacionista ebaixando os preços das acções. A pressãodescendente continuou na parte final do ano,embora alguns dos outros principaismercados bolsistas tenham recuperado, àmedida que os factores domésticos, incluindoas crescentes preocupações do mercadoacerca da fragilidade financeira e a resoluçãodo problema do crédito bancário mal parado,tenham voltado a pesar sobre os preços dasacções japonesas. Em 14 de Novembro, oíndice Nikkei 225 atingiu o seu valor maisbaixo em 19 anos.

Na área do euro, os preços das acções foramfortemente influenciados pelas oscilações nosmercados bolsistas nos Estados Unidos.Contudo, o ajustamento descendente na áreado euro foi mais acentuado e registou-se numcontexto de incerteza excepcionalmenteelevada, medida pela volatilidade implícitaderivada das opções incluídas no índice DowJones EURO STOXX 50. Embora osprincipais factores a desencadear aturbulência nos mercados bolsistas da áreado euro pareçam ter sido uma repercussãoda descoberta de irregularidadescontabilísticas em grandes empresas dosEstados Unidos e a continuada incerteza emtorno do vigor e data da recuperação

económica mundial, a queda do preço dasacções na área do euro reflectiu tambémdiversos factores domésticos. Entre estes, éde salientar o comportamento económico eperspectivas relativamente fracas para aeconomia da área do euro face à economiados EUA. Em segundo lugar, o facto de astaxas de rendibilidade das obrigações dedívida pública de longo prazo, quedesempenham um papel crucial no cálculo dofactor de desconto das acções, terem umaqueda maior nos Estados Unidos do que naárea do euro ao longo de 2002, pode tersuportado em maior escala o mercadoaccionista dos EUA.

No que respeita à desagregação sectorial, aqueda geral nos mercados bolsistas da áreado euro ficou principalmente a dever-se àdescida significativa dos preços das acçõesnos sectores da tecnologia, telecomunicaçõese financeiro, os quais caíram 52%, 36%e 36%, respectivamente, em 2002.Considerados em conjunto, estes trêssectores contribuíram para mais de metadeda queda total do índice alargado em 2002.Esta descida nos preços das acções dasempresas baseadas na tecnologia e nasempresas de telecomunicações parece terreflectido, em parte, a correcção em cursoface aos altos níveis observados no final dadécada de 90, à medida que os participantesno mercado continuaram a rever em baixa asrespectivas expectativas de lucros. Alémdisso, as crescentes preocupações acerca doalto nível de endividamento das empresas detelecomunicações tendeu a ampliar a quedados preços das acções neste sector. Nosector financeiro, a queda acentuada dosmercados accionistas ao longo do segundo eterceiro trimestres teve um impacto negativona rentabilidade de alguns bancos e nosbalanços das companhias de seguros comexposições relativamente elevadas àsvariações nos preços das acções. O sectordos seguros foi também afectadonegativamente por perdas resultantes dedesastres naturais.

A queda significativa dos preços das acçõesem 2002, além das verificadas nos dois anos

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 200228

Gráfico A: Dimensão anual média da variação diária absoluta do índice Dow Jones EUROSTOXX, 1992-2002(%)

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

média1992-2002: 0.8%

Caixa 2Aumento significativo da volatilidade no mercado bolsista na área do euro em 2002

Os preços das acções na área do euro experimentaram grandes oscilações ao longo de 2002. Além de desceram

significativamente, as variações diárias nos índices alargados dos preços das acções em 2002 foram, em geral,

acentuadamente mais elevadas, em média, do que em anos anteriores (ver Gráfico A). Embora o valor médio

das variações diárias absolutas no índice Dow Jones EURO STOXX Alargado tenha tendido a aumentar nos

últimos anos, atingiu uma média homóloga de 1.5% em 2002, ou seja, quase o dobro do valor de cerca de

0.8%, no período 1992-2002. Esta caixa identifica alguns dos factores mundiais e específicos da área do euro

que podem ajudar a explicar a turbulência pronunciada nos mercados bolsistas, reflectida na elevada volatilidade

dos preços das acções na área do euro em 2002.

Volatilidade implícita persistentemente elevada em 2002

O grau de turbulência nos mercados bolsistas é muitas vezes calculado a partir da volatilidade implícita das

opções sobre os índices de preços das acções, que – em certa medida – contêm informação sobre a opinião geral

dos participantes no mercado acerca da incerteza em torno das perspectivas de curto prazo sobre os preços das

acções. Analisada quer numa perspectiva histórica da área do euro, quer entre países, a incerteza do mercado

bolsista, como indicado pela volatilidade implícita nos mercados bolsistas da área do euro, foi excepcionalmente

elevada em 2002, situando-se em média em 35%, o que compara com uma média de 27% desde 1998, tendo

também excedido os níveis registados quer nos Estados Unidos quer no Japão em 2002 (ver Gráfico 8 (b)).

Factores mundiais e domésticos contribuíram para a maior volatilidade

No início de 2002, as condições nos mercados accionistas mundiais tornaram-se gradualmente menos voláteis à

medida que os mercados iam regressando à normalidade depois dos acontecimentos de 11 de Setembro de 2001.

Contudo, depois de meados de Maio, uma série de efeitos adversos levou ao aumento da incerteza acerca das

possíveis tendências futuras nos mercados financeiros e levou ao aumento da volatilidade na maior parte dos

principais mercados bolsistas. Alguns dos factores que deram origem a esta evolução, tais como as preocupações

acerca das irregularidades contabilísticas e da fiabilidade dos dados sobre os lucros empresariais, riscos

geopolíticos e revisões em baixa das previsões sobre o crescimento económico, tiveram natureza mundial.

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29BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

1 Ver, por exemplo, Black, F. (1976), “Studies of Stock Price Volatility Changes”, Resultados da reunião da “AmericanStatistical Association”.

Gráfico B: Índice Dow Jones EURO STOXX e volatilidade implícita inversa no mercadobolsista, 1998-2002

1998 1999 2000 2001 2002175

225

275

325

375

425

475 0

10

20

30

40

50

60

Dow Jones EURO STOXX (escala da esquerda)volatilidade implícita inversa (escala da direita)

volatilidade implícita média(1998-2002: 27.4%)

Outros factores mais específicos da área do euro podem explicar, em parte, o motivo pelo qual a incerteza foi

especialmente elevada nesta região em 2002. Primeiro, a volatilidade no mercado bolsista tende muitas vezes

a ser mais elevada quando os preços das acções estão em queda do que quando estão a subir (ver Gráfico B).

Esta situação é tipicamente explicada por um “efeito de endividamento”, pelo que – como o nível da dívida de

uma empresa é fixo no curto prazo – a queda do preço de uma acção tende a aumentar o rácio da dívida/acções

das empresas, isto é, o endividamento1. Um aumento no endividamento de uma empresa reduz o seu

amortecedor de capital para flutuações na receita e, por conseguinte, os seus lucros futuros tendem a ser mais

incertos. Em consequência, o preço da acção torna-se mais volátil. Como a queda dos preços das acções na

área do euro em 2002 foi mais acentuada do que noutros mercados, o nível global da volatilidade nos preços

das acções na área do euro foi, portanto, acentuado em comparação com outras regiões económicas. Além

disso, o sector das telecomunicações tinha-se tornado altamente endividado nos últimos anos, principalmente

devido às aquisições de licenças de UMTS, como tal, reforçando o efeito de endividamento.

Acresce que, em resultado de avultadas perdas com as acções, muitos bancos e companhias de seguros

europeus reequilibraram as respectivas carteiras, ajustando em baixa os pesos das acções ao longo de 2002.

Estes ajustamentos consideráveis de fundos dos mercados bolsistas para outros segmentos dos mercados de

capitais (nomeadamente, mercados obrigacionistas) num período relativamente curto parecem ter contribuído

para a maior volatilidade nos mercados bolsistas da área do euro.

Outro factor explicativo subjacente à volatilidade relativamente elevada nos mercados bolsistas da área do

euro poderá ser atribuído ao facto de a queda dos preços das acções em 2002 ter sido mais generalizada do que

noutros mercados principais, implicando uma maior correlação positiva entre sectores. Isto pode ter originado

um maior nível de volatilidade do índice geral do mercado bolsista.

Em suma, embora os factores mundiais pareçam ter desencadeado um aumento da volatilidade no mercado

bolsista da área do euro, revelando algumas fraquezas e vulnerabilidades estruturais, específicas a alguns

sectores da área do euro, a queda nos mercados bolsistas mundiais teve um impacto ampliado na área do euro.

Em consequência, as variações nos preços das acções da área do euro, particularmente no segundo semestre de

2002, foram inéditas em termos da experiência histórica recente.

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 200230

anteriores, parece ter tido algumasconsequências negativas para a economia daárea do euro. Existem basicamente quatrocanais através dos quais o mercado bolsistapode ter um impacto directo sobre aactividade económica: efeitos de riquezasobre o consumo privado, efeitos do custodo capital sobre o investimento das empresase efeitos dos balanços e da confiança quersobre o consumo quer sobre o investimento.Contudo, a importância do impacto exactode cada canal individualmente consideradosobre a actividade económica é difícil dedeterminar (ver também a Caixa 3 no BoletimMensal do BCE de Setembro de 2002). Nãoobstante, a evidência empírica disponível,ainda que escassa, sugere que os efeitosdirectos da evolução do mercado bolsistasobre a actividade económica na áreado euro, ainda que perceptíveis, sãosignificativamente mais limitados do que osobservados na economia dos EUA, onde adetenção de acções é mais generalizada doque na área do euro. Todavia, o facto de aqueda no mercado bolsista ser de naturezamundial aumentou a probabilidade daeconomia da área do euro ser afectadaatravés das ligações económicasinternacionais.

No período compreendido entre o final de2002 e 28 de Fevereiro de 2003, os preçosdas acções na área do euro, medidos peloíndice Dow Jones EURO STOXX, e nosEstados Unidos, medidos pelo índice Standard& Poor’s 500, continuaram a tendência dedescida dos últimos três anos, caindo 9%e 4%, respectivamente. Em simultâneo, aincerteza, medida pela volatilidade implícitano mercado bolsista, aumentou nos doisprimeiros meses de 2003. Dois factoresparecem ter contribuído para estas condiçõesnos mercados accionistas. Primeiro, emgeral, a evolução no mercado bolsistaparece ter reflectido principalmente asactuais preocupações acerca das tensõesgeopolíticas. Segundo, os sinais vindos dosdados económicos e dos valores relativosaos lucros empresariais divulgados forambastante contraditórios, dando origem aincertezas entre os participantes no mercado

acerca das perspectivas a curto prazo sobreos lucros empresariais.

Descida global nas taxas de juro domercado monetário ao longo de 2002

As taxas de juro do mercado monetárioaumentaram nos primeiros cinco meses de2002, continuando a tendência iniciada nofinal de 2001. Em meados de Maio, estatendência parou e as taxas de juro domercado monetário desceram gradualmenteao longo do segundo semestre de 2002.A evolução das taxas de juro domercado monetário reflectiu expectativas dosparticipantes no mercado relativamente àstaxas de juro de curto prazo do mercadomonetário no futuro. Nos primeiros cincomeses de 2002, os participantes no mercadoesperavam um aumento futuro das taxas dejuro de curto prazo. Estas expectativas foramsendo ajustadas em baixa gradualmente,em linha com as expectativas sobre asperspectivas económicas e a inflação, e porfim, no último trimestre do ano, osparticipantes no mercado esperavam umadescida futura das taxas de juro de curtoprazo do mercado monetário, prevendoamplamente a redução de 50 pontos basenas taxas de juro directoras do BCE, decididana reunião de 5 de Dezembro de 2002 doConselho do BCE, que foi a única alteraçãoocorrida nesse ano. No final de 2002,a inclinação da curva de rendimentos domercado monetário, medida pela diferençaentre a taxa EURIBOR a doze meses e a ummês, foi ligeiramente negativa.

Passando a uma análise mais pormenorizada,durante os últimos meses de 2001, as taxasde juro do mercado monetário desceramsignificativamente, sobretudo após osacontecimentos de 11 de Setembro e dasubsequente redução das taxas de jurodirectoras do BCE, à medida que segeneralizaram as expectativas de uma descidadas pressões inflacionistas, resultantes dadeterioração das perspectivas sobre aeconomia mundial. Contudo, por volta dovirar do ano, este movimento começou a ser

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31BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

invertido, à medida que o pessimismodiminuía e as expectativas do mercadomudavam gradualmente no sentido de umarecuperação económica e surgiam riscosascendentes para a estabilidade de preços.Assim, entre o final de 2001 e meados deMaio de 2002, houve uma subida das taxas dejuro do mercado monetário. O aumento dastaxas de juro do mercado monetário foi maispronunciado nos prazos mais longos (verGráfico 9). Em consequência, a inclinação dacurva de rendimentos do mercadomonetário, que era praticamente horizontalno início de 2002, teve um aumentosubstancial nos primeiros meses do ano eatingiu cerca de 70 pontos base em meadosde Maio.

As variações na trajectória futura esperadapara as taxas de juro de curto prazo domercado monetário neste período foramtambém evidentes na evolução da EURIBORa três meses implícita nos contratos defuturos que se vencem em 2002 e no início

Gráfico 9Taxas de juro de curto prazo na área doeuro e a inclinação da curva derendimentos do mercado monetário(percentagens por ano; pontos percentuais; dados diários)

Fonte: Reuters.

EURIBOR a um mês (escala da esquerda)EURIBOR a três meses (escala da esquerda)EURIBOR a doze meses (escala da esquerda)diferencial entre a EURIBOR a doze meses e a EURIBOR a um mês (escala da direita)

20022001

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

-0.6-0.30.00.30.60.9

de 2003, as quais aumentaram cerca de 100pontos base entre o final de 2001 e meadosde Maio 2002. No mesmo período, aincerteza atribuída pelos participantes nomercado às taxas de juro de curto prazo nofuturo, medida pela volatilidade implícitaresultante das opções de contratos defuturos sobre a EURIBOR a três meses,manteve-se, em geral, estável em níveisrelativamente baixos (ver Gráfico 10).

A tendência ascendente das taxas de juro domercado monetário durante os primeiroscinco meses de 2002 teve uma inversão nofinal de Maio, tendo as taxas registado umadescida gradual até ao final do ano. Entre ofim de Maio e o início de Setembro, a curvade rendimentos do mercado monetário,medida pela diferença entre a EURIBOR adoze meses e a um mês, ficou praticamentehorizontal na sequência da queda das taxasde juro do mercado monetário nos prazosmais longos. Em simultâneo, a incerteza no

Gráfico 10Taxas de futuros da EURIBOR a trêsmeses e volatilidade implícita nas opçõesde futuros da EURIBOR a três meses(percentagens por ano; pontos base; dados diários)

futuros da EURIBOR a três meses com vencimento em Dezembro de 2002 (escala da esquerda)futuros da EURIBOR a três meses com vencimento em Março de 2003 (escala da esquerda)volatilidade implícita com um prazo constante de seis meses até ao vencimento (escala da direita)

2001 20022.4

2.8

3.2

3.6

4.0

4.4

4.8

50.0

60.0

70.0

80.0

90.0

100.0

110.0

Fontes: Bloomberg, Reuters e cálculos do BCE.

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 200232

mercado aumentou significativamente. Emmeados de Setembro, a curva de rendimentosdo mercado monetário inverteu-segradualmente, acompanhada por uma reduçãosignificativa da volatilidade implícita, à medidaque se fortaleciam as expectativas de umaredução das taxas de juro directoras do BCE.

No final de 2002, a EURIBOR a um mês e adoze meses situava-se em 2.90% e 2.75%,respectivamente, ou seja, 43 e 59 pontosbase abaixo do valor registado no final de2001, e a volatilidade implícita tinha voltadoaos anteriores níveis baixos. Nos primeirosdois meses de 2003, as taxas do mercadomonetário e as taxas EURIBOR dos contratosde futuros voltaram a cair.

Ao longo de 2002, o nível da taxa de juroovernight, medida pela EONIA, reflectiu opadrão da taxa mínima de proposta aplicadaàs operações principais de refinanciamentodo Eurosistema. A volatilidade da EONIA foi,em geral, baixa e confinada ao fim dosperíodos de manutenção de reservas, quandose torna activa a manutenção de reservasmínimas pelo sistema bancário. Além disso, aEONIA registou um ligeiro crescimentotendencial no último dia do período demanutenção de reservas de cada mês, emresposta ao desejo das instituições financeirasde ajustarem os respectivos balanços nessesdias. Como em anos anteriores, esta situaçãoverificou-se sobretudo no virar do ano. Noinício de Janeiro de 2002, a EONIA manteve--se um tanto acima da taxa mínima deproposta. Tal deveu-se a condições deliquidez relativamente restritivas, causadaspela transição para o euro fiduciário, dada aprocura mais forte do que o esperado denotas denominadas em euros e o retornomais lento do que o esperado de notasnacionais através das instituições de créditopara os bancos centrais nacionais. Nestasituação, o Eurosistema realizou duasoperações ocasionais de regularização noinício de Janeiro de 2002 para ceder liquidezàs contrapartes. Estas operaçõescontribuíram para o regresso a condiçõesnormais no mercado e a EONIA voltou adescer gradualmente, estabilizando num nível

ligeiramente superior ao da taxa mínima deproposta. Foi também realizada umaoperação ocasional de regularização em18 de Dezembro de 2002 para ceder liquidezàs contrapartes, na sequência da sublicitaçãona operação principal de refinanciamentorealizada em 17 de Dezembro e de condiçõesde liquidez restritivas (ver Capítulo 2).

Taxas de rendibilidade das obrigações delongo prazo atingiram níveis baixos em2002, reflectindo em parte ajustamentos decarteira que privilegiaram a “fuga para asegurança”

Depois de registarem uma pequena variaçãoem 2001, as taxas de rendibilidade dasobrigações de dívida pública na área do euroe nos Estados Unidos desceram ao longo de2002. A maior parte da queda ocorreu entremeados de Maio e o início de Outubro e oprincipal factor que influenciou a evoluçãodo mercado obrigacionista durante esteperíodo terá sido a turbulência nos mercadosbolsistas, que levou a ajustamentos decarteira no sentido da fuga para a segurançaprivilegiando os mercados obrigacionistas. Emsuma, as taxas de rendibilidade das obrigaçõesde dívida pública de longo prazo da área doeuro e dos Estados Unidos desceram 90 e130 pontos base, respectivamente, em 2002,situando-se em cerca de 4.3% e 3.8% no finaldo ano (ver Gráfico 11 (a)). As quedas maispronunciadas nas taxas de rendibilidade dasobrigações de dívida pública dos EUAtraduziram-se num valor negativo para odiferencial entre as taxas de rendibilidade dasobrigações a dez anos dos EUA e da área doeuro durante a maior parte de 2002, depoisde terem oscilado em torno de zero ao longode 2001 (ver Gráfico 11 (b)).

Nos Estados Unidos, as taxas de rendibilidadedas obrigações de dívida pública subiramligeiramente nos primeiros meses de 2002, àmedida que os participantes no mercado setornavam mais optimistas acerca dasperspectivas de crescimento, seguindo-se aopessimismo que tinha prevalecido nasequência dos acontecimentos de 11 de

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Setembro de 2001. Esta reavaliação resultoudos cortes na taxa dos fundos federais, aqual caiu para 1.75% no início de 2002, ouseja, o seu nível mais baixo desde 1961.Posteriormente, como os participantes nomercado pareciam vislumbrar melhoresperspectivas de crescimento económico, ainclinação da curva de rendimentosaumentou, em parte, devido às taxas derendibilidade das obrigações de longo prazo.Houve igualmente algumas indicações nosprimeiros meses do ano de que asexpectativas de inflação a longo prazo dosparticipantes no mercado tinham aumentado.Isto reflectiu-se, por exemplo, num aumentoda taxa de inflação implícita (break-eveninflation rate), medida pela diferença entre astaxas de rendibilidade das obrigações dedívida pública nominais a dez anos dos EUA eas das obrigações indexadas a dez anosemitidas pelo Tesouro norte-americano.

área do euroEstados UnidosJapão

1998 1999 2000 2001 2002-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

1998 1999 2000 2001 20020.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

Gráfico 11

(a) Taxas de rendibilidade dasobrigações de dívida pública de longoprazo na área do euro, Estados Unidos eJapão(percentagens por ano; dados diários)

(b) Diferencial das taxas de rendibilidadedas obrigações de dívida pública delongo prazo entre os Estados Unidos e aárea do euro(percentagens por ano; dados diários)

Fonte: Reuters.Nota: As taxas referem-se a obrigações a 10 anos ou à maturidade disponível mais próxima. A partir de 1 de Janeiro de 2001, osdados da área do euro incluem a Grécia.

As expectativas de crescimento optimistasentre os participantes no mercadodesapareceram posteriormente, após meadosde Maio, e as taxas de rendibilidade dasobrigações caíram quando se verificou umajustamento no sentido da “fuga para asegurança” privilegiando os mercadosobrigacionistas em detrimento dos bolsistas,a qual foi, em parte, desencadeada peladescoberta de uma série de irregularidadescontabilísticas em empresas dos EUA. Ascrescentes tensões no Médio Oriente e osdados económicos piores do que o esperadotambém contribuíram para a queda das taxasde rendibilidade das obrigações. Além disso,as estratégias de cobertura das agênciasimobiliárias dos EUA podem ter ampliado atendência descendente que, no início deOutubro, levou as taxas de rendibilidade dasobrigações nominais a dez anos para os seusníveis mais baixos desde 1958. Depois demeados de Outubro, as taxas de rendibilidadedas obrigações voltaram a subir à medida

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 200234

que diminuíam as tensões no mercadoaccionista e os investidores voltavam acolocar fundos no mercado bolsista, numcontexto em que os dados macroeconómicose sobre os lucros empresariais suscitaramoptimismo acerca das perspectivas decrescimento no futuro. A decisão do Comitéde Operações de Mercado Aberto da ReservaFederal de baixar a taxa dos fundos federaisem 50 pontos base, para 1.25%, em 6 deNovembro, reavivou esse optimismo.

No Japão, a evolução das taxas derendibilidade das obrigações de dívida públicade longo prazo foi, em grande parte,independente da evolução mundial em 2002.Depois de terem permanecido relativamenteestáveis durante o primeiro semestre de2002, em níveis próximo de 1.4%, as taxas derendibilidade das obrigações a dez anosdesceram de forma mais ou menos contínua,situando-se em cerca de 0.9% no final de2002. As preocupações do mercado acercadas perspectivas económicas e do sistemabancário doméstico assim como osajustamentos de carteira que privilegiaram afuga para a segurança para mercadosobrigacionistas em detrimento dos mercadosbolsistas contribuíram para a queda das taxasde rendibilidade das obrigações de longoprazo durante o ano.

Na área do euro, a evolução no mercadoobrigacionista acompanhou, amplamente, ados Estados Unidos durante 2002, embora aqueda global das taxas de rendibilidade dasobrigações da área do euro tenha sido menospronunciada. Tal como nos Estados Unidos,nos primeiros meses de 2002, osparticipantes no mercado tornaram-segradualmente mais optimistas acerca dasperspectivas de crescimento, o que levou auma ligeira subida das taxas de rendibilidadedas obrigações de longo prazo. Emsimultâneo, aumentaram as expectativas deinflação a longo prazo entre os participantesno mercado. Reflectindo esta situação, a taxade inflação implícita, calculada como adiferença entre as taxas de rendibilidade dasobrigações nominais a dez anos e as taxas derendibilidade das obrigações indexadas a dez

anos (indexadas ao IHPC da área do euroexcluindo o tabaco), aumentou cerca de 30pontos base entre o final de Dezembro 2001e meados de Maio 2002 (ver Gráfico 12).

Ainda no decurso do ano, a divulgação de dadosmacroeconómicos menos favoráveis, assimcomo a queda dos preços das acções,contribuíram para menores expectativas decrescimento económico entre os participantesno mercado. O reaparecimento de pessimismoacerca das perspectivas de crescimento exerceupressão descendente sobre as taxas derendibilidade das obrigações a dez anos da áreado euro entre meados de Maio e Outubro,levando a uma menor inclinação da curva derendimentos, enquanto as taxas de rendibilidadedas obrigações a dez anos indexadas e a taxa deinflação implícita, que lhe está associada, tambémdesceram. A pressão descendente sobre as taxasde rendibilidade também resultou dosescândalos contabilísticos em empresas dosEUA, que levaram os participantes no mercadoa questionarem o comportamento dos lucrossubjacentes na área do euro. Esta situação fezaumentar os prémios de risco exigidos pelos

Gráfico 12Taxa de juro real e taxa de inflaçãoimplícita calculada para o IHPC da áreado euro(em percentagens; dados diários)

taxa de inflação implícita da área do eurotaxa de rendibilidade real das obrigações da área do euro

T1 T2 T3 T4 T12002 2003

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

Fontes: Reuters, Tesouro francês e ISMA.Nota: As taxas de rendibilidade reais das obrigações da área doeuro são calculadas a partir dos preços de mercado dasobrigações francesas indexadas ao IHPC da área do euro(excluindo preços do tabaco) e que se vencem em 2012. Osmétodos utilizados para calcular a taxa de inflação implícitaforam descritos na página 16 da edição de Fevereiro de 2002 doBoletim Mensal.

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35BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

investidores pela detenção de acções e levou auma “fuga para a segurança” que privilegiou osmercados obrigacionistas em detrimento dosmercados bolsistas. Em simultâneo, a incertezados participantes no mercado acerca dosmovimentos futuros das taxas de rendibilidadedas obrigações da área do euro tambémaumentou, o que se reflectiu no crescimento davolatilidade implícita no mercado obrigacionista.A partir de Outubro, contrastando com aevolução nos Estados Unidos, onde as taxas derendibilidade das obrigações aumentaram, astaxas de rendibilidade das obrigações na áreado euro mostraram uma tendência pouco clara,numa conjuntura de sinais contraditóriosprovenientes das divulgações de dadoseconómicos.

Nos mercados de obrigações de empresas,quer da área do euro quer dos EstadosUnidos, os diferenciais entre as taxas derendibilidade das obrigações a longo prazoemitidas por empresas com notação BBB e astaxas de rendibilidade das obrigações dedívida pública com prazos comparáveisestiveram sujeitas a oscilações relativamentegrandes ao longo de 2002, reflectindo aevolução na volatilidade implícita no mercadobolsista. Em particular, os diferenciais nãoseguiram qualquer tendência clara durante osprimeiros meses de 2002, num contexto decrescente optimismo entre os participantesno mercado acerca das perspectivaseconómicas, quer para área do euro querpara os Estados Unidos. Contudo,posteriormente, os diferenciais dasobrigações de empresas registaram umalargamento quando os participantes nomercado ficaram preocupados acerca dafiabilidade dos dados financeiros divulgadospor empresas, particularmente nos EstadosUnidos, mas também na área do euro.Contudo, à medida que estas preocupaçõespareciam desvanecer-se no último trimestrede 2002, os diferenciais das obrigações deempresas voltaram a estreitar-se nas duaseconomias, retornando a níveis próximos dosregistados no início do ano, em parte, devidoa uma certa estabilização nos mercadosbolsistas.

No início de 2003, as taxas de rendibilidadedas obrigações de longo prazo na área doeuro, em geral, continuaram a descer, emboraas taxas de rendibilidade das obrigaçõespouco tenham variado nos Estados Unidos.Entre o fim de Dezembro de 2002 e 28 deFevereiro de 2003, as taxas de rendibilidadedas obrigações de dívida pública a dez anosna área do euro caíram cerca de 30 pontosbase para 4.0%, enquanto as taxas derendibilidade das obrigações do Tesouro adez anos dos EUA desceram apenasligeiramente durante o mesmo período. Emconsequência, o diferencial entre as taxas derendibilidade das obrigações de dívida públicaa dez anos nos Estados Unidos e na área doeuro reduziu-se 20 pontos base para -20pontos base em 28 de Fevereiro de 2003.

Taxas de juro da banca a retalho tiveramuma descida global em 2002

As taxas de juro de curto prazo da banca aretalho caíram em 2002, num contexto delimitadas flutuações das taxas de juro domercado monetário. Entre o final de 2001 eo final de 2002, as taxas de juro a três mesesdo mercado monetário desceram 40 pontosbase. No mesmo período, as taxas dosdepósitos à ordem e dos depósitos depoupança de curto prazo (depósitos com pré--aviso até três meses) desceram cerca de 10pontos base, enquanto a taxa dos depósitosa prazo até um ano desceram quase 30pontos base, em linha com a repercussãotipicamente fraca das taxas do mercado sobreestas taxas. No que respeita às taxas activasde curto prazo, as taxas de retalho dosempréstimos às empresas com prazo até umano tiveram uma descida quase igual à dastaxas de juro a três meses do mercadomonetário (ver Gráfico 13).

As taxas de juro de longo prazo da banca aretalho aumentaram de forma constante atéMaio de 2002 e caíram posteriormente,acabando, em geral, o ano em níveisinferiores aos registados no final de 2001(ver Gráfico 14). Estes padrões reflectiramamplamente os movimentos das taxas de juro

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 200236

Gráfico 13Taxas de juro de curto prazo da banca a retalho e uma taxa de mercado equivalente(percentagens por ano; médias mensais)

Fontes: BCE e Reuters.Nota: A partir de 1 de Janeiro de 2001, os dados incluem a Grécia.

taxa a três meses do mercado monetárioempréstimos a empresas com prazo até um anodepósitos a prazo até um anodepósitos com pré-aviso até três mesesdepósitos à ordem

1998 1999 2000 2001 20020.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

8.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

8.0

Fontes: BCE e Reuters.Nota: A partir de 1 de Janeiro de 2001, os dados incluem a Grécia.

Gráfico 14Taxas de juro de longo prazo da banca a retalho e uma taxa de mercado equivalente(percentagens por ano; médias mensais)

taxas de rendibilidade das obrigações de dívida pública a cinco anosempréstimos às famílias para aquisição de habitaçãodepósitos a prazo superior a dois anosempréstimos a empresas com prazo superior a um ano

1998 1999 2000 2001 20023.0

3.5

4.0

4.5

5.0

5.5

6.0

6.5

7.0

3.0

3.5

4.0

4.5

5.0

5.5

6.0

6.5

7.0

do mercado. A taxa de rendibilidade dasobrigações de dívida pública a cinco anos, àsquais as taxas de juro de longo prazo dabanca a retalho estão mais estreitamenteligadas, primeiro aumentou quase 60 pontosbase entre o final de 2001 e Maio de 2002,tendo descido posteriormente quase 130

pontos base até ao final de 2002.Comparativamente, a taxa dos depósitos delongo prazo (depósitos com prazo superior adois anos) e a taxa dos empréstimos àsfamílias para aquisição de habitação, primeiroaumentou cerca de 30 pontos base, antes devoltar a descer cerca de 70 pontos base

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37BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

durante o mesmo período. Os movimentosmais reduzidos das taxas de juro de longoprazo da banca a retalho reflectiram osdesfasamentos habituais no processo derepercussão das taxas de juro do mercado.

No período a seguir a Maio de 2002 houveum ajustamento bastante mais lento dealgumas taxas activas de longo prazo,nomeadamente para empresas, o qualacompanhou as descidas das taxas de juro domercado. Esta evolução pode ter estadoligada às crescentes preocupações acerca dacapacidade de endividamento, num cenáriode aumento das taxas de falência. Comomostra a Caixa 3, o crescente risco decrédito, indicado pelo alargamento dosdiferenciais das obrigações de empresas, étipicamente associado aos diferenciais maiselevados das taxas activas em relação às taxasdo mercado. Em particular, o diferencial

entre as taxas de rendibilidade das obrigaçõesde empresas com notação BBB e dasobrigações de dívida pública com prazocomparável aumentou de cerca de 190pontos base para cerca de 220 pontos baseentre Maio e Dezembro, tendo sidoalcançado um valor máximo deaproximadamente 260 pontos base emOutubro.

Na sequência da redução das taxas de jurodirectoras do BCE no início de Dezembro de2002 e das posteriores quedas das taxas dejuro do mercado monetário, as taxas de juroa retalho dos depósitos bancários de curtoprazo desceram ligeiramente em Janeiro de2003, embora as taxas activas de curto prazopouco tenham variado. As taxas de juro delongo prazo da banca a retalho continuarama tendência iniciada depois de Maio de 2002,voltando a descer em Janeiro de 2003.

Caixa 3Determinação das taxas de juro activas dos bancos na área do euro

Na determinação das taxas de juro activas dos bancos vários factores podem desempenhar um papel, tais

como, o custo administrativo da mudança efectiva das taxas de juro dos bancos e as relações banco-cliente.

Características específicas dos bancos, tais como a interacção entre rentabilidade bancária e condições de

refinanciamento, podem também desempenhar um papel importante para determinar as taxas activas dos

bancos1. Esta caixa analisa três factores determinantes das taxas activas dos bancos. Primeiro, as taxas activas

dos bancos tendem a ser influenciadas pela evolução dos mercados monetários e de capitais, ou porque os

bancos se refinanciam nesses mercados ou porque a maior parte das suas taxas de depósito devem, a fim de

atrair fundos, reflectir as tendências nesses mercados. Em consequência, existe tipicamente uma estreita

relação entre as taxas de juro activas dos bancos e as taxas de juro do mercado com prazos comparáveis. Por

exemplo, a taxa de juro dos empréstimos às famílias para aquisição de habitação tem historicamente

acompanhado a tendência das taxas de rendibilidade das obrigações de dívida pública a cinco anos (ver

Gráfico 14). O segundo factor determinante das taxas activas dos bancos aqui considerado é o grau de

prevalência das forças concorrenciais existente nos diferentes segmentos do mercado de crédito dos bancos.

Os bancos têm que fixar as taxas em níveis competitivos a fim de atrair os clientes e o seu poder para

influenciar as taxas depende muito da existência de fontes alternativas de financiamento para os clientes dos

bancos. O terceiro factor considerado é a exposição (esperada) de um banco ao risco de crédito quando

concede um empréstimo.

Dificuldade de ajustamento a curto prazo das taxas activas dos bancos à evolução da taxa de juro domercado

Os movimentos da taxa de juro nos mercados monetários e noutros mercados financeiros, que constituem as

principais fontes de financiamento baseadas no mercado para as IFM concederem posteriormente empréstimos,

1 M. A. Weth, (2002), “The pass-through from market interest rates to bank lending rates in Germany”, Documento de Discussão11/02, Centro de Estudos Económicos do Deutsche Bundesbank.

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 200238

são um factor determinante das taxas activas dos bancos. A experiência do passado tem mostrado que as taxas

activas dos bancos na área do euro tendem a reagir com atraso à evolução da taxa de juro do mercado2.

A proporção de uma variação na taxa de juro do mercado que é transmitida dentro de um mês às taxas activas

dos bancos é, muitas vezes, inferior a 50%. Contudo, a longo prazo, as taxas activas dos bancos geralmente

têm um ajustamento de um-para-um à evolução da taxa de juro do mercado. É igualmente interessante

salientar que a velocidade a que as taxas activas dos bancos na área do euro acabam por se ajustar às variações

nas taxas de juro parece ter aumentado depois do lançamento da moeda única. A única excepção encontra-se

provavelmente relacionada com a velocidade de ajustamento da taxa de juro do crédito ao consumo, em

relação à qual a taxa activa dos bancos continua a reagir com bastante rigidez à evolução do mercado.

2 G. de Bondt, (2002), “Retail bank interest rate pass-through: new evidence at the euro area level”, Documento de Trabalho doBCE N.º 136; F. Heinemann e M. Schüler, (2002), “Integration benefits on EU retail credit markets – evidence from interestrate pass-through”, Zentrum für Europäische Wirtschaftsforschung; e S. Kleimeier e H. Sander, (2002), “Consumer credit ratesin the eurozone: evidence on the emergence of a single retail banking market”, European Credit Research Institute, Relatório 2.

3 BCE, (2002), “Report on Financial Structures”.

Mercados mais competitivos nos últimos anos

A prevalência de forças de concorrência na maior parte dos segmentos do mercado do crédito bancário

aumentou nos últimos anos, tanto na óptica de oferta como da procura. Esta tendência para uma concorrência

mais intensa pode constituir um dos factores subjacentes ao aumento observado na velocidade de ajustamento

das taxas activas dos bancos às variações nas taxas de juro do mercado, que constituem uma aproximação

grosseira aos custos marginais de financiamento dos empréstimos bancários desde 1999. No que respeita à

oferta, a restruturação em curso no sector bancário parece ter levado a uma maior eficiência nos mercados

bancários e à fixação de preços mais competitivos. Além disso, não obstante a descida firme do número de

instituições de crédito, começaram a operar no mercado de crédito bancário a retalho novos intervenientes

(estrangeiros). Os bancos da área do euro também enfrentam uma concorrência crescente proveniente de

outros intermediários financeiros, tais como companhias de seguros e fundos de pensões3.

Crédito bancário às empresas e diferenciais de obrigações na área do euro(pontos base; médias mensais)

Fontes: Bloomberg, BCE e Reuters.Nota: Os diferenciais de obrigações de empresas são calculados como a diferença entre as taxas de rendibilidade das obrigaçõesde empresas de sete a dez anos e as taxas de rendibilidade das obrigações de dívida pública de sete a dez anos.

1999 2001 2002 20032000

diferencial entre a taxa de juro dos empréstimos a empresas com prazo superior a um ano e a taxa de rendibilidade das obrigações de dívida pública a dois anosdiferencial de obrigações de longo prazo de empresas com notação BBB

0

50

100

150

200

250

300

0

50

100

150

200

250

300

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39BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

Passando à análise da procura, existem igualmente indicações de que a concorrência aumentou à medida que

os clientes bancários se tornaram mais sensíveis às taxas de juro dos empréstimos bancários comparativamente

com as cobradas por outros bancos e pelos mercados financeiros. Esta situação pode estar relacionada com a

maior estabilidade das taxas de juro nominais numa conjuntura de estabilidade de preços, o que facilita a

comparação de preços entre os diferentes fornecedores e um aumento da disponibilidade de fontes de

financiamento alternativas não bancárias, pelo menos para algumas empresas. Por exemplo, os mercados de

papel comercial e de obrigações de empresas na área do euro tornaram-se mais profundos e líquidos nos

últimos anos. Obviamente, como indicado atrás, a concorrência pode diferir consideravelmente entre os

diferentes segmentos do mercado do crédito bancário. Embora a concorrência pareça ser relativamente

elevada no que respeita às hipotecas das famílias, o mercado do crédito ao consumo não garantido parece ser

menos competitivo.

Crescentes preocupações com o risco de crédito em 2002

O nível e as oscilações no diferencial entre as taxas activas dos bancos e as taxas de juro de mercado

comparáveis são também determinadas por considerações de risco de crédito. Como o gráfico anterior ilustra,

desde 2000, o diferencial entre a taxa de juro dos empréstimos a longo prazo às empresas e a taxa de juro de

mercado com um prazo comparável tem acompanhado mais ou menos de perto o diferencial entre as taxas de

rendibilidade das obrigações de longo prazo de empresas com notação BBB e as obrigações de dívida pública

com prazo comparável. O último diferencial pode dar uma indicação do grau de risco de crédito empresarial

existente, como considerado pelos participantes no mercado de obrigações de empresas. O gráfico anterior

sugere igualmente que as preocupações acerca do risco de crédito aumentaram em 2002, como ilustrado pelo

alargamento do diferencial entre a taxa de juro dos empréstimos às empresas superiores a um ano e a taxa de

rendibilidade das obrigações de dívida pública a dois anos.

Todos os determinantes, atrás mencionados, das taxas activas dos bancos parecem ter tido algum papel em

2002. Embora as taxas activas dos bancos na área do euro se tenham ajustado em 2002 à evolução das taxas de

juro do mercado, é claro que, entre outros factores, a velocidade e o grau de repercussão têm sido afectados

por crescentes preocupações acerca do risco de crédito em certos segmentos do mercado de crédito.

3 Evolução dos preços

Inflação média anual em 2002 ligeiramenteinferior à registada em 2001

A taxa de inflação média anual medida peloIHPC em 2002 situou-se em 2.2%, isto é, 0.2pontos percentuais abaixo da registada em 2001(ver Quadro 6). Entretanto, para o mesmoperíodo, o aumento médio do IHPC excluindoprodutos alimentares não transformados eprodutos energéticos subiu de 2.0% para2.5%. Deste modo, a descida da taxa de inflaçãomédia medida pelo IHPC em 2002 é explicadapor aumentos anuais mais baixos das suascomponentes mais voláteis, isto é, produtosalimentares não transformados e produtosenergéticos. Em Janeiro de 2003, as taxasde variação homólogas do IHPC e do

IHPC excluindo produtos alimentares nãotransformados e produtos energéticosdesceram para 2.2% e 2.0%, respectivamente,isto é, 0.1 e 0.2 pontos percentuais abaixodo seu nível em Dezembro de 2002.

Evolução da inflação global em 2002reflectiu principalmente movimentos decurto prazo nos preços dos produtosalimentares não transformados e produtosenergéticos

A inflação global medida pelo IHPC na áreado euro foi bastante irregular em 2002,reflectindo principalmente movimentos decurto prazo nas suas componentes mais

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 200240

voláteis. Após uma subida acentuada emJaneiro de 2002, a inflação medida pelo IHPCdesceu até Junho, quando começou a subirnovamente, atingindo 2.3% em Dezembro de2002 (ver Gráfico 15). A subida da inflaçãoem Janeiro de 2002 reflectiu vários factores,tais como a subida dos preços dos produtosalimentares não transformados e produtosenergéticos, efeitos de base e aumentos natributação indirecta e nos preçosadministrados. Em particular, condiçõesatmosféricas adversas exerceram pressãoascendente sobre os preços dos vegetais eda fruta. Pelo contrário, nos meses seguintes,os preços dos produtos alimentares nãotransformados foram o principal factor quecontribuiu para a descida da taxa anual deinflação visto que os efeitos relacionados com

as condições meteorológicas começaram adesaparecer. Além disso, as pressõesinflacionistas resultantes dos preços da carnedesceram durante este período, enquanto osefeitos ascendentes sobre os preçosassociados aos casos de doenças animais(febre aftosa e BSE) voltaram a atenuar-se.

Os preços dos produtos energéticos tambémcontribuíram ligeiramente para esta descidada inflação durante o primeiro semestre de2002. No entanto, no segundo semestre doano, os preços dos produtos energéticosconstituíram o principal factor subjacente aoaumento da inflação global, reflectindo nãosó os efeitos de base como também umaligeira pressão ascendente sobre os preçosmundiais do petróleo no final do ano.

2000 2001 2002 2001 2001 2001 2001 2002 2002 2002 2002 2002 2003T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4 Dez. Jan.

Índice Harmonizadode Preços no Consumidor(IHPC) e suas componentes

Índice global 2.1 2.4 2.2 2.1 3.0 2.4 2.2 2.5 2.1 2.1 2.3 2.3 2.2

do qual:

Bens 2.5 2.3 1.6 2.1 3.2 2.2 1.6 2.1 1.4 1.3 1.8 1.9 1.6

Produtos alimentares 1.4 4.4 3.1 3.2 4.9 5.1 4.7 4.9 2.9 2.3 2.3 2.2 1.4

Transformados 1.2 2.8 3.1 1.8 2.6 3.3 3.4 3.5 3.2 3.0 2.7 2.7 2.8

Não transformados 1.8 7.0 3.1 5.3 8.3 7.8 6.6 7.0 2.4 1.4 1.7 1.4 -0.6

Produtos industriais 3.0 1.2 0.9 1.5 2.4 0.8 0.2 0.8 0.7 0.8 1.5 1.7 1.8

Não energéticos 0.5 0.9 1.4 0.2 1.2 0.8 1.5 1.7 1.6 1.3 1.2 1.2 0.6

Energéticos 13.1 2.3 -0.6 6.6 6.8 0.8 -4.3 -2.1 -2.3 -0.7 2.8 3.8 6.0

Serviços 1.5 2.7 3.1 2.2 2.6 2.7 3.0 3.1 3.1 3.3 3.1 3.0 2.8

Outros indicadores de preços e de custos

Preços da produção industrial 1) 5.5 2.2 -0.1 4.5 3.6 1.5 -0.8 -0.8 -0.8 -0.1 1.2 1.5 .

Custos unitários do trabalho 2) 1.3 2.6 . 2.1 2.7 2.5 3.3 3.5 2.4 2.0 . - -

Produtividade do trabalho 2) 1.3 0.0 . 0.4 0.0 0.1 -0.4 -0.4 0.2 0.6 . - -

Remuneração por trabalhador 2) 2.6 2.7 . 2.5 2.8 2.6 2.9 3.1 2.6 2.6 . - -

Custos horários totaisdo trabalho 3) 3.3 3.4 . 3.4 3.0 3.7 3.4 3.9 3.5 3.6 . - -

Preços do petróleo (€ p/ barril)4) 31.0 27.8 26.5 28.4 31.7 29.0 22.4 24.6 27.8 27.2 26.5 27.1 28.3

Preços das matérias-primas 5) 16.7 -7.6 -1.7 -0.8 -3.0 -10.5 -15.6 -3.6 -5.5 -1.6 4.4 2.1 -2.3

Fontes: Eurostat, dados nacionais, International Petroleum Exchange, HWWA (Instituto de Economia Internacional de Hamburgo) ecálculos do BCE.Nota: Para períodos anteriores a 2001, os dados do IHPC não incluem a Grécia. Os outros indicadores de preços e de custos incluema Grécia para períodos anteriores a 2001.1) Excluindo a construção.2) Conjunto da economia.3) Conjunto da economia (excluindo agricultura, administração pública, educação, saúde e outros serviços).4) Brent Blend (com entrega a um mês). Em ECU até Dezembro de 1998.5) Excluindo produtos energéticos. Em euros.

Quadro 6Evolução de preços e de custos na área do euro(taxas de variação homólogas (%), salvo indicação em contrário)

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41BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

Inflação medida pelo IHPC excluindo assuas componentes mais voláteis revelou-sepersistente em 2002

Apesar das condições de procura relativamentemoderadas na área do euro, a descida da taxade variação homóloga do IHPC excluindo ascomponentes mais voláteis, isto é, produtosalimentares não transformados e produtosenergéticos, foi bastante limitada em 2002. Estaevolução esteve parcialmente relacionada comos efeitos indirectos dos choques passados dospreços do petróleo e dos produtos alimentarese a depreciação anterior da taxa de câmbiodo euro. Além disso, para determinadascomponentes individuais (principalmenteserviços) a nível desagregado, foram registadassubidas de preços, que poderão estar associadas

à introdução das notas e moedas de euros (verCaixa 4). Não obstante estes factores, a taxa devariação homóloga persistentemente elevada,particularmente dos preços dos serviços,também poderá ser explicada por factores maisfundamentais tais como a evolução dos custosunitários do trabalho.

A taxa de variação homóloga dos preços dosserviços situou-se em ou acima de 2.9% aolongo do ano (ver Gráfico 16), com umaumento médio de 3.1% em 2002, face a 2.7%em 2001. As outras componentes principaisdo IHPC excluindo as suas rubricas maisvoláteis, nomeadamente os preços dosprodutos alimentares transformados e dosprodutos industriais não energéticos, também

Gráfico 16Desagregação da inflação medida peloIHPC na área do euro por componente(taxas de variação homólogas (%); dados mensais)

IHPC globalprodutos alimentares transformadosprodutos alimentares não transformadosprodutos industriais não energéticosprodutos energéticosserviços

1997 1998 1999 2000 2001 2002-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

14

16

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Fonte: Eurostat.Nota: Para períodos anteriores a 2001, os dados do IHPC nãoincluem a Grécia.

Gráfico 15Contribuições das subcomponentes paraa inflação medida pelo IHPC da área doeuro(contribuições anuais em pontos percentuais; dados mensais)

Fonte: Eurostat.

T1 T2 T3 T42001 2002

serviçosprodutos industriais não energéticosprodutos alimentares transformadosprodutos alimentares não transformadosprodutos energéticosíndice global

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 200242

Caixa 4Efeitos da introdução das notas e moedas de euros sobre os preços no consumidor

Já passou mais de um ano desde que, em 1 de Janeiro de 2002, foram introduzidas as notas e moedas de euros

e todos os preços na área do euro foram convertidos para euros. Em muitos países da área do euro os

consumidores consideraram que esta transição provocou subidas de preços significativas. Esta caixa resume

os indícios referentes aos efeitos da transição para o euro fiduciário sobre os preços e analisa as possíveis

razões pelas quais os consumidores consideraram que o euro era uma fonte de pressão sobre os preços.

Afirma-se que os efeitos serão essencialmente transitórios e que, durante um período mais longo, a maior

transparência dos preços transfronteiras aumentará a concorrência e conterá as pressões sobre os preços.

Alguns preços parecem ter sido fortemente afectados pela transição para o euro fiduciário, mas oimpacto global foi mais limitado

Foram seguidas várias abordagens diferentes aquando da avaliação dos efeitos da transição dos preços das

antigas denominações nacionais do euro para o euro: análises da evolução dos preços agregados, estudos de

algumas séries de preços básicas para bens e serviços seleccionados, e inquéritos sobre as estratégias de

fixação de preços pelas empresas durante a transição. As diferenças entre estas abordagens dificultam a

comparação dos resultados. Além disso, os resultados devem ser utilizados apenas como uma indicação geral

do efeito global, visto que é muito difícil isolar os efeitos puros da transição para o euro fiduciário de outras

fontes de pressão sobre os preços, tais como um aumento dos impostos indirectos, preços administrados,

salários ou preços das importações. Não obstante esta advertência, a maior parte destes estudos chegaram

à mesma conclusão principal: a introdução do euro não provocou aumentos de preços generalizados.

Por exemplo, um estudo do Eurostat, divulgado em Julho de 2002, com base em dados do IHPC da área do

euro para seis meses, sugeriu que o impacto da introdução das notas e moedas de euros sobre a inflação da área

do euro no primeiro semestre de 2002 provavelmente se situou num intervalo de 0.0 a 0.2 pontos percentuais.

O impacto ascendente sobre os preços pode dever-se a uma transferência de custos relacionados com a

transição para o euro fiduciário das empresas para os consumidores ou a um conjunto de variações de preços.

Além disso, as empresas podem ter arredondado para novos e atractivos preços em euros ou tentado aumentar

as suas margens de lucro1.

O impacto da transição pode ter variado entre países, por exemplo, em França estima-se que o efeito sobre o

IPC nacional se situou em 0.2 pontos percentuais, enquanto nos Países Baixos possivelmente conduziu a um

aumento de 0.6 pontos percentuais da inflação do IPC2. As diferenças entre países podem estar relacionadas

com diferentes graus de concorrência nos mercados locais (também relacionada com a importância relativa

dos pequenos face aos grandes retalhistas), e com as variações da situação da procura nos respectivos países.

A partir dos dados disponíveis, parece que os efeitos de preços ficaram principalmente concentrados em áreas

específicas do sector dos serviços, o que também foi notado por muitos consumidores. Em particular, os

preços cobrados por rubricas de serviços, tais como serviços de restaurantes e cafés, cabeleireiros e limpeza a

seco, parecem ter aumentado significativamente em todos os países da área do euro após a introdução do euro

fiduciário. As subidas dos preços de algumas destas rubricas do IHPC foram excepcionalmente fortes ao longo

de 2002, em comparação com a evolução média em anos anteriores. Em Janeiro de 2002, por exemplo,

o aumento mensal em cadeia dos preços cobrados por restaurantes e cafés na área do euro, com um peso de

6.7% no IHPC da área do euro em 2002, foi mais de três vezes superior ao aumento médio no mesmo mês

durante o período de 1996-2001 (ver Gráfico A). Registaram-se movimentos de preços semelhantes no sector

dos cabeleireiros (peso no IHPC de 1.1%, ver Gráfico B) e em outras rubricas dos serviços. Para a maior parte

1 Para uma explicação mais exaustiva destes efeitos de preços, ver Caixa 3 do Relatório Anual de 2001 do BCE.2 Ver “The short-term impact on prices of the euro cash changeover”, Banque de France Bulletin Digest, Setembro de 2002

e “Getting used to the euro”, Boletim Trimestral do De Nederlandsche Bank, Setembro de 2002.

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43BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

destas rubricas, os aumentos de preços na área do euro também foram bastante elevados em comparação com

os dos países da UE fora da área do euro. Embora teoricamente os aumentos de preços mencionados também

possam ficar a dever-se a razões que não a transição, é difícil atribuí-los a outros factores.

No geral, os preços de bens, que representam cerca de 60% das despesas de consumo privado na área do euro,

não parecem ter sido grandemente afectados pela transição. Porém, a transição pode ter conduzido a aumentos

dos preços de alguns “bens de menor valor”, que são frequentemente comprados por famílias, tais como

produtos de panificação e jornais. Devido ao seu reduzido preço, qualquer efeito de arredondamento pode ser

muito significativo em termos de variações em percentagem. Pelo contrário, para bens de maior valor, em

particular bens de consumo duradouros, parece haver uma tendência para o arredondamento por defeito dos

preços, relacionada com o progresso técnico e uma concorrência muito forte nestes mercados.

Embora a dinâmica dos preços das rubricas aparentemente afectadas pela transição para o euro fiduciário se

tenha mantido forte durante vários meses em 2002, parece ter geralmente voltado ao normal ou até enfraquecido

nos últimos meses. Tal sugere que o efeito sobre a inflação será apenas temporário, embora possam existir

outros efeitos visto que o ajustamento a novos preços atractivos em euros parece ainda não ter terminado3.

Além disso, poderá ser previsível alguma persistência em países onde ainda ocorram formas de indexação de

salários. A longo prazo, não se deverão registar efeitos permanentes logo que o comportamento do consumo se

tenha adaptado à nova estrutura de preços. Pelo contrário, espera-se que o euro tenha um efeito limitativo

sobre os aumentos de preços, visto que imprimirá maior transparência de preços e concorrência na área do

euro. Além disso, estes benefícios serão permanentes.

Aumento da percepção da inflação pelos consumidores

As conclusões empíricas sobre os efeitos da transição estão em forte contraste com a impressão global dos

consumidores da área do euro. De acordo com o Eurobarómetro da Comissão Europeia de Novembro de 2002,

mais de 80% dos consumidores da área do euro pensam que a conversão de preços para euros esteve

relacionada com os aumentos de preços significativos. Tal reflecte-se num aumento significativo do indicador

da Comissão Europeia da percepção da inflação, tendo início em Janeiro de 2002 e continuando ao longo do

ano (ver Gráfico C). Esta evolução, que foi comum na maior parte dos países da área do euro, divergiu

fortemente da inflação medida pelo IHPC observada, que caiu no mesmo período, conduzindo ao aumento do

desvio entre a percepção da inflação e a inflação observada.

3 Ver, por exemplo, “Consumer prices and the transaction from Deutsche Mark to euro”, Boletim Mensal do DeutscheBundesbank, Julho de 2002.

Gráfico A: Preços cobrados porrestaurantes e cafés(variação mensal em percentagem)

Gráfico B: Preços cobrados porcabeleireiros(variação mensal em percentagem)

Fonte: Eurostat e cálculos do BCE.

Dez. Jan. Fev. Mar. Abr.Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.

2002média 1996-2001

2002média 1996-2001

Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 200244

Uma explicação para o desvio entre a percepção e a evolução observada pode ser o facto de os consumidores

atribuírem uma grande importância à evolução dos preços de bens e serviços específicos que compram com

maior frequência, estando porém menos informados sobre a evolução dos preços dos “bens de maior valor”,

como por exemplo os bens duradouros, que são comprados com menor frequência. Há alguma evidência de

que, em alguns casos, a transição dos preços nacionais para os preços em euros esteve realmente relacionada

com elevados aumentos de preços, facto que foi alvo da atenção dos meios de comunicação social e dos

consumidores. Os preços de alguns produtos comprados numa base diária, como por exemplo os vegetais,

também aumentaram significativamente no início de 2002. Embora outros factores que não a transição para o

euro fiduciário, tais como condições meteorológicas adversas, expliquem, em larga medida, estes aumentos de

preços, o público também parece ter associado estes aumentos à transição para o euro fiduciário. Embora as

taxas de variação homóloga de muitos destes produtos tenham começado a descer no segundo trimestre de

2002, o indicador da percepção da inflação continuou a aumentar.

Deste modo, permanece a questão da forma de explicar a persistência do desvio entre a percepção da inflação

e a inflação observada. Um possível factor parece ser a falta de familiaridade dos consumidores relativamente

aos preços em euros. Quando se compara os novos preços em euros com os preços nas antigas denominações

nacionais do euro, os cálculos práticos também podem ser relevantes para a compreensão das percepções da

inflação em alguns países. Além disso, há evidência de que a diversidade dos preços para um único produto

aumentou significativamente após a transição para o euro fiduciário. Este maior número de preços diferentes

pode ter dado origem a alguma confusão entre os consumidores, que possivelmente precisam de mais tempo

para se adaptarem aos novos padrões de fixação de preços4. No geral, embora muitos factores possam servir

para explicar a manutenção da elevada taxa da percepção da inflação, a maioria deles sugeriria que se trata

apenas de um fenómeno temporário, o que também é indicado pela descida significativa das expectativas de

inflação durante a maior parte de 2002 (ver também Gráfico C).

4 Ver, por exemplo, “The adaptation of prices to the changeover to the euro”, Nationale Bank van België/Banque Nationale deBelgique, www.nbb.be.

Gráfico C: Percepção da inflação, inflação esperada e inflação medida pelo IHPC global(saldo de respostas extremas e taxas de variação homólogas (%); dados mensais)

Fontes: Inquéritos da Comissão Europeia às Empresas e Consumidores e Eurostat.Notas: Os indicadores da Comissão Europeia da percepção da inflação e da inflação esperada assumem a forma de estatísticasde saldos, não podendo ser directamente relacionados com a magnitude da taxa de inflação observada. Para períodos anterioresa 2001, os dados do IHPC não incluem a Grécia.

IHPC global (escala da direita)

percepção da inflação (escala da esquerda)inflação esperada (escala da esquerda)

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002-10

0

10

20

30

40

50

60

70

0

1

2

3

4

5

6

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45BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

No geral, embora os consumidores tenham assinalado aumentos de preços extremos no contexto da transição

para o euro fiduciário, estes parecem ter sido principalmente excepções de uma importância global muito

limitada. Neste contexto, os consumidores desempenham um papel importante ao assinalar a sua relutância

em comprar alguns bens específicos que considerem ter sido claramente objecto de aumentos de preços

injustificados. Além disso, os bens e serviços afectados pela transição apenas representam uma percentagem

relativamente reduzida do cabaz global de bens e serviços do IHPC. Consequentemente, apenas uma parte

bastante limitada da inflação medida pelo IHPC na área do euro poderia ser atribuída à transição para o euro

fiduciário em 2002. Estes efeitos sobre a inflação medida pelo IHPC serão essencialmente transitórios e a

maior transparência de preços transfronteiras decorrente da transição para o euro deverá, ao longo de um

maior período de tempo, aumentar a concorrência e conter as pressões sobre os preços.

subiram, em média, a um ritmo maisacelerado em 2002 do que em 2001. Porém,em contraste com os preços dos serviços, astaxas de crescimento homólogas destascomponentes desceram em 2002. Destemodo, a persistência da inflação anual medidapelo IHPC excluindo produtos alimentaresnão transformados e produtos energéticosficou a dever-se principalmente aos preçosdos serviços.

Diferenciais de inflação entre os países daárea do euro praticamente inalterados em2002

A evolução da inflação em cada país daárea do euro variou ligeiramente em 2002,reflectindo, nomeadamente, o impactodiferenciado dos choques de preços dosprodutos energéticos e dos produtosalimentares na evolução dos custos unitáriosdo trabalho e das variações dos preçosadministrados e impostos indirectos. Porém,no geral, a dispersão manteve-se praticamenteinalterada em 2002 em comparação com2001.

Percepções da inflação passada subiram,enquanto as expectativas de inflação dosconsumidores caíram

Não obstante a descida da taxa de inflaçãoobservada em 2002, as percepções do públicoem geral quanto à inflação passadaaumentaram ao longo do ano. Por exemplo,o indicador da Comissão Europeia da

percepção da inflação nos últimos 12 mesesseguiu uma tendência ascendente constante(ver Gráfico C da Caixa 4). Consequentemente,a diferença entre a inflação observada e apercepção da inflação atingiu níveis semprecedentes. Parece que os níveis elevadosda percepção da inflação estão de algummodo associados às subidas dos preços derubricas específicas, principalmente serviços,em parte como resultado da introdução dasnotas e moedas de euros. (A Caixa 4 mostraem maior pormenor os efeitos da transiçãopara o euro fiduciário sobre os preços.)

Pelo contrário, as expectativas de inflação dosconsumidores desceram durante a maior partede 2002, o que sugere que os consumidoresesperavam que a maior parte das subidas dospreços que ocorreram ao longo do ano fossemtransitórias. Tal é consistente com a ideia deque a taxa de inflação homóloga foi afectadapor vários factores pontuais – desde aumentosdos impostos indirectos a efeitos de base – aolongo de 2002. É de notar que, em Fevereiro de2003, o indicador de percepção da inflaçãoregistou uma descida significativa. Porém, é cedodemais para avaliar se esta queda representauma quebra duradoura do movimentoascendente observado nesta medida ao longodo ano passado.

Preços em fases anteriores da cadeia deprodução mantiveram-se moderados em2002

Em média, o índice de preços da produçãoindustrial (excluindo construção) desceu 0.1%

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em 2002, em comparação com um aumentode 2.2% em 2001. Esta descida é explicadaprincipalmente pela evolução da componenteprodutos energéticos, e em menor medida,pela evolução das componentes bensintermédios e bens de consumo (ver Gráfico17). A taxa de crescimento média anual dospreços no produtor excluindo produtosenergéticos e construção desceu para 0.6%,face a 1.8% em 2001. A evolução moderadados preços em fases anteriores da cadeia deprodução reflecte parcialmente os aumentosapenas reduzidos dos preços das importaçõescomo resultado da apreciação do euro em2002. Além disso, as condições de procuramantiveram-se relativamente fracas aolongo do ano, o que por sua vez impediuas empresas industriais de aumentarem ospreços.

produtos energéticos (escala da esquerda)indústria excluindo construção (escala da direita)bens intermédios (escala da direita)bens de investimento (escala da direita)bens de consumo (escala da direita)

1997 1998 1999 2000 2001 2002-12

-8

-4

0

4

8

12

16

20

24

-4

-2

0

2

4

6

8

Gráfico 17Desagregação dos preços da produçãoindustrial para a área do euro(taxas de variação homólogas (%); dados mensais)

Fonte: Eurostat.Nota: Os dados referem-se ao Euro 12 (incluindo períodosanteriores a 2001).

A componente dos produtos energéticos dospreços da produção industrial desceu 2.4%em 2002, em comparação com um aumentode 2.8% em 2001. Embora os preços médiosdo petróleo em dólares dos EUA se tenhammantido praticamente inalterados em 2002em comparação com o ano anterior, quandomedidos em euros desceram cerca de 5%.A queda dos preços no produtor dosprodutos energéticos em 2002 foi, destemodo, quase totalmente explicada pelo reforçodo euro face ao dólar dos EUA. A descidadas taxas de variação homólogas dos preçosdos bens intermédios e dos bens de consumotambém contribuiu para a diminuição dainflação global dos preços no produtor. Adescida da inflação dos preços no consumidorreflectiu menores aumentos de preços dosbens duradouros e não duradouros. A subidamédia anual dos preços dos bens deinvestimento em 2002 situou-se em 1.0%, istoé, manteve-se inalterada face a 2001.

Crescimento anual da remuneração portrabalhador praticamente inalterado em2002, não obstante a fragilidade domercado de trabalho

Desde 1999 tem-se registado um movimentoascendente gradual das taxas de crescimentoda quase totalidade dos indicadores salariaise dos custos do trabalho da área do euro.Este movimento ascendente continuou em2001 e no início de 2002, apesar doenfraquecimento da actividade económica edo aumento do desemprego.

A taxa de crescimento homóloga daremuneração por trabalhador atingiu em média2.8% durante os primeiros três trimestres de2002, isto é, ligeiramente acima do seu nível em2001 (ver Gráfico 18). Além disso, os aumentoshomólogos dos custos horários totais dotrabalho e dos rendimentos mensais brutosforam mais elevados durante os primeiros trêstrimestres de 2002 do que em 2001. Porém, osdados nacionais disponíveis não assinalam acontinuação da aceleração dos custos dotrabalho no final de 2002, uma ideia que éconfirmada pela evolução da taxa de

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47BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

Gráfico 18Custos unitários do trabalho,remuneração por trabalhador eprodutividade do trabalho na área doeuro(taxas de variação homólogas (%); dados trimestrais)

custos unitários do trabalhoremuneração por trabalhadorprodutividade do trabalho

1997 1998 1999 2000 2001 2002-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

Fonte: Eurostat.Nota: Os dados referem-se ao Euro 12 (incluindo períodosanteriores a 2001); conjunto da economia.

crescimento homóloga dos acordos salariais,que desceu durante o segundo semestre de2002.

Em comparação com o ano anterior, ocrescimento homólogo da produtividade dotrabalho foi ligeiramente superior, em média,durante os primeiros três trimestres de2002, embora se tenha mantido num nívelreduzido. O crescimento da produtividadedo trabalho, reflectindo movimentos cíclicos,recuperou nos segundo e terceiro trimestresde 2002, após dois trimestres de crescimentohomólogo negativo. Como resultado, ocrescimento dos custos unitários do trabalhopara o conjunto da economia da área doeuro desceu de 3.5%, em termos homólogos,no primeiro trimestre, para 2.4% no segundoe para 2.0% no terceiro. A evolução dasmargens de lucro, medida aproximadamentepelo desvio entre as taxas de crescimentohomólogas do deflator do PIB e os custosunitários do trabalho, indica que oabrandamento da actividade teve algumimpacto negativo sobre os lucros. Porém, arecuperação cíclica do crescimento daprodutividade observada em 2002 reduziu ocrescimento dos custos unitários do trabalhoe, consequentemente, as pressõesdescendentes sobre as margens de lucro.

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 200248

4 Evolução do produto, da procura e do mercado de trabalho

Actividade económica moderada em 2002

Não obstante sinais positivos no início do ano,continuaram a prevalecer condições económicasfracas em 2002. A recuperação incipiente noinício de 2002 não ganhou dinamismo e as taxasde crescimento trimestrais do PIB em termosreais mantiveram-se ao longo do ano em níveisinferiores aos consistentes com o crescimentopotencial da área do euro. No último trimestredo ano, surgiram novos sinais de fraqueza,enquanto o crescimento do PIB real em termostrimestrais desceu para um nível baixo. No geral,o crescimento médio anual do PIB em termosreais desceu para 0.8% em 2002, face a 1.4% em2001, reflectindo o efeito de repercussãonegativo de 2001, em conjunto com taxas decrescimento trimestrais moderadas ao longo de2002 (ver Quadro 7).

Num contexto de crescimento lentoprolongado desde o final de 2000, quecontribuiu para uma contracção significativada formação de capital, a capacidadeprodutiva disponível manteve-se modesta em2002. Em média, a taxa de utilização dacapacidade no sector da indústriatransformadora em 2002 situou-se próximoda sua média de longo prazo, enquanto ataxa de desemprego subiu apenasligeiramente e manteve-se abaixo do nívelregistado em 2000.

O baixo crescimento económico registadoem 2002 ficou a dever-se a uma concentraçãode choques adversos que contribuíram parao aumento da incerteza e para a redução dasexpectativas de uma recuperação rápida.As tensões geopolíticas, que afectaram

Taxas homólogas 1) Taxas trimestrais 2)

2000 2001 2002 2001 2002 2002 2002 2002 2001 2002 2002 2002 2002T4 T1 T2 T3 T4 T4 T1 T2 T3 T4

Produto interno bruto real 3.5 1.4 0.8 0.5 0.3 0.6 0.9 1.3 -0.2 0.4 0.3 0.4 0.2

do qual:

Procura interna 2.9 0.9 0.2 0.0 -0.2 -0.1 0.4 0.8 0.0 0.0 0.2 0.2 0.4

Consumo privado 2.5 1.8 0.6 1.6 0.5 0.4 0.6 1.0 0.0 -0.2 0.4 0.4 0.4

Consumo público 2.0 2.1 2.5 1.6 2.0 2.6 2.7 2.6 0.6 0.7 0.9 0.3 0.5

Formação bruta de capital fixo 4.9 -0.6 -2.5 -2.5 -2.5 -3.2 -2.6 -1.8 -0.9 -0.2 -1.3 -0.2 -0.1

Variações de existências 3), 4) 0.0 -0.4 -0.1 -0.7 -0.3 -0.2 0.0 0.1 0.0 0.0 0.1 0.0 0.1

Exportações líquidas 3) 0.6 0.5 0.6 0.5 0.5 0.8 0.5 0.5 -0.2 0.4 0.1 0.2 -0.2

Exportações 5) 12.6 2.8 1.2 -2.8 -2.4 0.6 2.7 4.1 -1.2 0.2 1.7 2.1 0.0

Importações 5) 11.3 1.5 -0.3 -4.1 -3.9 -1.5 1.5 3.0 -0.8 -1.0 1.5 1.8 0.6

Valor acrescentado bruto real

do qual:

Indústria excl. construção 4.0 1.1 0.2 -1.5 -1.8 0.1 0.7 1.7 -1.3 0.9 0.6 0.5 -0.4

Construção 2.4 -0.6 -1.5 -0.6 -0.6 -1.6 -1.8 -2.0 0.0 -0.7 -1.0 -0.1 -0.2

Serviços relacionadoscom o mercado 6) 4.8 2.6 1.3 1.7 1.3 1.2 1.2 1.5 0.1 0.3 0.5 0.3 0.4

Quadro 7Composição do crescimento do PIB real na área do euro(variações em percentagem, salvo indicação em contrário; dados corrigidos de sazonalidade)

Fontes: Eurostat e cálculos do BCE.1) Variação em percentagem face ao período homólogo do ano anterior.2) Variação em percentagem face ao trimestre anterior.3) Como contribuição para o crescimento do PIB real; em pontos percentuais.4) Incluindo aquisições líquidas de cessões de objectos de valor.5) As exportações e as importações cobrem os bens e serviços e incluem o comércio intra-área do euro. O comércio intra-área do

euro não se compensa completamente relativamente aos valores de importação e exportação utilizados nas contas nacionais.Consequentemente, estes dados não são totalmente comparáveis aos da balança de pagamentos.

6) Inclui comércio, transportes, comunicações e serviços financeiros e comerciais.

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49BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

adversamente os preços do petróleo e aconfiança, a queda acentuada das cotaçõesde acções e a persistência de desequilíbriosglobais, contribuíram para a atenuação dodinamismo da actividade económica ao longodo ano.

Numa conjuntura económica fraca, aimplementação das reformas estruturaisplaneadas é importante, visto que deveráaumentar a confiança no futuro crescimentoeconómico e do emprego. Neste sentido, aCaixa 5 analisa o progresso efectuado ao nívelda agenda de reformas da UE.

Menor contributo da procura internatraduziu-se em novo abrandamento docrescimento anual do PIB real em 2002

Em comparação com 2001, o menorcrescimento médio anual do PIB real em 2002ficou a dever-se a um menor contributo daprocura interna para a actividade económica.A moderação da procura interna foi causadapor uma redução significativa das despesasde investimento, apenas parcialmentecompensada por um crescimento moderadodo consumo privado.

A formação bruta de capital fixo desceu, emmédia, 2.5% em 2002, registando umacontracção pelo segundo ano consecutivo(ver Quadro 7). A descida do investimentopode estar associada a vários factores. Emprimeiro lugar, as perspectivas de umarecuperação robusta na área do eurodiminuíram ao longo do ano, levando asempresas a corrigir em baixa os seus planosde investimento. Em segundo lugar, arendibilidade do sector empresarial foiadversamente afectada pelo abrandamentoeconómico. O comportamento de fixaçãodos preços, orientado para a manutençãodas quotas nos mercados de exportaçãoenquanto o euro registava uma apreciação,também pode ter exercido uma pressãodescendente sobre os lucros empresariais.Em terceiro lugar, as quedas acentuadas dascotações de acções em 2002 implicaram oaumento dos custos de mobilização de novas

Gráfico 19Contribuições para o crescimentotrimestral do PIB real na área do euro(contribuições trimestrais em pontos percentuais; dados corrigidosde sazonalidade)

procura internaexportações líquidasPIB real 1)

2000 2001 2002-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

Fontes: Eurostat e cálculos do BCE.1) Variação em percentagem face ao trimestre anterior.

participações no capital de empresas, o quepor sua vez pode ter afectado negativamenteas despesas de investimento. Em quarto lugar,o aumento dos diferenciais das obrigaçõesde empresas e dos diferenciais da taxa activade retalho de longo prazo poderá tambémter implicado a limitação das condições definanciamento não obstante taxas de jurobaixas (ver Caixa 3). Por último, o menorcrescimento do rendimento real das famíliase a maior incerteza também tiveram umimpacto negativo sobre o investimento nahabitação. O investimento na habitaçãodeverá ter descido cerca de 2% em 2002.

Em 2002, o consumo privado foinegativamente afectado por condiçõeseconómicas fracas. No geral, o consumoprivado registou um aumento de 0.6% emmédia neste ano (ver Quadro 7). Maisespecificamente, o rendimento disponível realdas famílias deverá ter registado um aumentomenos significativo em 2002 do que em 2001,principalmente devido a um menorcrescimento do emprego. O impacto do

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 200250

menor crescimento do emprego sobre orendimento foi parcialmente compensado porum ligeiro aumento do crescimento dossalários reais em 2002, principalmentedevido a uma ligeira descida da inflação.O contributo das transferências públicaslíquidas, impostos e contribuições sociais parao crescimento do rendimento das famíliasdeverá ter-se mantido relativamenteinalterado em 2002, face a 2001.

O rácio de poupança das famílias deverá teraumentado em 2002. No início de 2002 oaumento do rácio de poupança esteveassociado com os acontecimentos de 11 deSetembro de 2001 e, em menor medida, coma transição para o euro fiduciário, que deuorigem a um aumento da percepção dainflação por parte dos consumidores (verCaixa 4) e a uma redução da vontade dasfamílias em efectuar grandes aquisições.Numa fase posterior de 2002, a quedaacentuada dos preços das acções exerceuuma maior pressão ascendente sobre o rácio

Gráfico 20Indicadores de confiança na área do euro(saldos de respostas extremas)

1998 1999 2000 2001 2002

confiança dos consumidores (escala da esquerda)confiança na indústria (escala da esquerda)confiança nos serviços (escala da direita)

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

-35

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

Fonte: Inquéritos da Comissão Europeia às Empresas eConsumidores.Nota: Todos os dados são corrigidos de sazonalidade. Os dadosapresentados são calculados como desvios face à média doperíodo desde Janeiro de 1985 para a confiança dos consumidorese na indústria, e desde Abril de 1995 para a confiança nos serviços.

de poupança ao reduzir a riqueza das famíliase ao afectar adversamente a confiança(ver Gráfico 20). Porém, o impacto negativoda queda dos preços das acções sobre osganhos líquidos das famílias poderá ter sidoparcialmente compensado por aumentos nospreços dos edifícios residenciais em algumaspartes da área do euro. Além disso, tensõesgeopolíticas elevadas e a deterioração gradualdas condições do mercado de trabalhotambém podem ter conduzido as famílias aaumentarem as poupanças por motivos deprecaução.

Variações de existências não contribuírampara o crescimento do PIB real em 2002,enquanto as exportações líquidascontribuíram positivamente

Após um contributo fortemente negativo dasvariações de existências em 2001, os stocksnão contribuíram, em média, para ocrescimento do PIB real em 2002. Umamelhoria das expectativas das empresas noinício do ano pôs fim a um período longo dediminuição de existências. No entanto, nosegundo semestre do ano, o ritmodecepcionante da actividade económicaconduziu as empresas a ajustar no sentidodescendente os respectivos níveis desejadosde stocks, impedindo assim as variações deexistências de contribuírem significativamentepara o crescimento do PIB.

Em 2002, o crescimento médio anual dasimportações e exportações reais de bens eserviços (incluindo o comércio intra-área doeuro) registou uma nova descida, para -0.3%e 1.2%, respectivamente, reflectindoparcialmente a contracção acentuada dosvolumes de transacções no segundo semestrede 2001, dando origem a um significativoefeito de repercussão negativo sobre 2002.Porém, foi observada uma retoma nosvolumes de transacções por volta de meadosdo ano. As exportações ganharam dinamismo,suportadas por um aumento da procuramundial. As importações também sefortaleceram por volta de meados de 2002.No último trimestre do ano, o crescimento

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51BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

quer das importações quer das exportaçõesenfraqueceu, enquanto o contributo docomércio líquido se tornou negativo. Emmédia em 2002, o contributo líquido dasexportações para a actividade económica foisignificativo, devido à contracção dos volumesde importação.

Sector dos serviços permaneceu o principalfactor impulsionador da actividadeeconómica em 2002

Com base nos dados das contas nacionais, ovalor acrescentado na indústria excluindoconstrução registou um ligeiro aumento, de0.2%, em 2002. O fraco crescimento em 2002ficou a dever-se principalmente ao efeito derepercussão negativo de 2001, enquanto aactividade na indústria recuperou no primeirosemestre do ano (ver Quadro 7). De acordocom dados da produção industrial, arecuperação no início do ano foi iniciada pelaprodução de bens intermédios (ver Quadro 8),em conjunto com a inflexão no ciclo dasexistências e na procura externa (ver Gráfico21). No segundo semestre de 2002, a actividadeindustrial perdeu algum dinamismo, reflectindoa deterioração da evolução económica actual efutura, embora as taxas de crescimentohomólogas tenham continuado a aumentardevido a efeitos de base favoráveis decorrentesde uma baixa actividade no segundo semestrede 2001.

A produção no sector da construção, medidapelo valor acrescentado real, registou umacontracção de 1.5% em 2002. Oenfraquecimento da actividade de construçãoficou a dever-se em grande parte àcontinuação da evolução adversa registadana Alemanha. A deterioração do climaeconómico global na área do euro e umaelevada incerteza também foram factoresimportantes.

Pelo contrário, o valor acrescentado no sectordos serviços continuou a crescer em 2002,embora a um ritmo mais lento do que em2001. A actividade dos serviços relacionadoscom o mercado registou um aumento de 1.3%

Gráfico 21Exportações de bens e produçãoindustrial na área do euro(volumes, taxas de variação homólogas (%))

1997 1998 1999 2000 2001 2002

exportações intra-área do euroexportações extra-área do europrodução industrial excluindo construção

-8

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

-8

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Fontes: Eurostat e cálculos do BCE.Nota: Os dados apresentados são calculados a partir de médiasmóveis de três meses centradas.

(ver Quadro 7), permanecendo o principalfactor impulsionador do crescimento económicoglobal em 2002. As taxas de crescimentotrimestral do valor acrescentado neste sectormantiveram-se praticamente inalteradas aolongo do ano.

Diminuição do grau de dispersão das taxasde crescimento do PIB real nos países daárea do euro em 2002

O grau de dispersão das taxas de crescimentodo PIB real nos países da área do euro desceuem 2002. O diferencial entre os dois paísescom as taxas de crescimento mais elevada emais baixa caiu para 4.1 pontos percentuais,face a 5.0 pontos percentuais em 2001. Ocrescimento médio anual do PIB real desceuem todos os países da área do euro, exceptona Finlândia. O enfraquecimento observadoem 2002 implicou baixas taxas decrescimento médias anuais do PIB real em

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 200252

vários países. De facto, um grupo de paísespraticamente não registou qualquer subidado PIB real em 2002.

Novo abrandamento do crescimento doemprego em 2002

O impacto do abrandamento económicotransmitiu-se gradualmente aos mercados detrabalho em 2002 e as taxas de crescimentoem termos trimestrais em cadeia do empregototal tornaram-se negativas no segundosemestre do ano. Com base em dadosnacionais disponíveis, o crescimento doemprego total deverá ter-se situado em 0.4%em 2002, face a 1.4% no ano anterior. Emcomparação com abrandamentos económicospassados na década de 90, o crescimento doemprego na área do euro continuourelativamente resistente em grande parte de2002. Tal poderá ser explicado em parte pelofacto de, no início de 2002, muitas empresasesperarem que o abrandamento fosse decurta duração. Porém, tendo em conta que aactividade permaneceu fraca, a situação nomercado de trabalho enfraqueceu no segundosemestre do ano (ver Quadro 9).

Taxas homólogas 1) Taxas trimestrais 2)

2000 2001 2002 2001 2002 2002 2002 2002 2001 2002 2002 2002 2002T4 T1 T2 T3 T4 T4 T1 T2 T3 T4

Total indústria excl. construção 5.5 0.4 -0.7 -3.6 -2.7 -0.6 -0.5 0.9 -1.8 0.6 0.6 -0.1 -0.1

por grandes agrupamentos industriais:

Total da indústria excl.construção e produtos energéticos 6.0 0.2 -0.9 -4.7 -3.2 -0.9 -0.8 1.2 -2.3 0.9 0.5 0.0 -0.2

Bens intermédios 5.9 -0.8 0.3 -6.0 -2.1 0.3 0.7 2.3 -2.6 2.3 0.7 0.2 -0.9

Bens de investimento 9.4 1.3 -2.6 -4.9 -6.7 -2.7 -1.9 1.0 -2.5 -0.6 0.8 0.2 0.3

Bens de consumo 2.2 0.4 -1.0 -2.6 -1.2 -0.9 -1.9 -0.1 -2.0 0.3 0.2 -0.5 -0.1

Duradouros 6.5 -2.5 -4.9 -7.4 -6.7 -5.8 -3.9 -3.0 -3.7 -0.5 -0.9 0.6 -2.4

Não duradouros 1.4 1.0 -0.2 -1.5 -0.1 0.1 -1.5 0.5 -1.7 0.5 0.4 -0.6 0.3

Produtos energéticos 1.9 1.2 0.7 3.5 1.2 2.1 0.7 -1.0 1.9 -1.6 1.1 -0.5 0.2

Indústria transformadora 5.9 0.2 -1.0 -4.6 -3.4 -1.0 -0.7 1.2 -2.3 0.8 0.6 0.0 -0.2

Quadro 8Produção industrial na área do euro(variações em percentagem)

Fontes: Eurostat e cálculos do BCE.1) Variação em percentagem face ao período homólogo do ano anterior calculada utilizando dados corrigidos de variações do

número de dias úteis.2) Variação em percentagem face ao trimestre anterior calculada utilizando dados corrigidos de sazonalidade e de dias úteis.

No que se refere à evolução sectorial em2002, o crescimento homólogo do empregofoi negativo nos sectores industriais (isto é,construção e indústria excluindo construção),enquanto a criação líquida de emprego semanteve no sector dos serviços. Porém, oemprego no sector dos serviços registou umabrandamento acentuado em comparaçãocom 2001. Em particular, no sector dosserviços financeiros e empresariais, oprincipal factor impulsionador da criaçãolíquida de emprego no sector dos serviçosnos últimos anos, o crescimento do empregoem 2002 foi menos de metade do nívelregistado em 2001. Outros serviçosrelacionados com o mercado (isto é, serviçoscomerciais, de transportes e decomunicações) também registaram umabrandamento significativo, embora menospronunciado, do crescimento do emprego.

Aumento gradual do desemprego em 2002

Em linha com o abrandamento docrescimento do emprego, a taxa dedesemprego harmonizada da área do euroaumentou gradualmente em 2002 para umamédia de 8.3% para o conjunto do ano, istoé, 0.3 pontos percentuais acima do valor

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53BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

Variações homólogas Variações trimestrais

1999 2000 2001 2002 2001 2002 2002 2002 2002 2001 2002 2002 2002 2002T4 T1 T2 T3 T4 T4 T1 T2 T3 T4

População activa 0.9 1.0 0.9 . 0.7 0.8 0.8 0.7 . 0.3 0.2 0.2 0.1 .

Emprego 1.8 2.1 1.4 . 0.9 0.7 0.5 0.3 . 0.2 0.1 0.0 -0.1 .

Agricultura 1) -2.4 -1.6 -0.8 . -1.6 -2.3 -1.9 -1.9 . -0.5 -0.4 -0.2 -0.9 .

Indústria 2) 0.3 0.9 0.3 . -0.4 -1.0 -1.0 -1.2 . -0.2 -0.4 -0.2 -0.4 .

– excl. construção -0.2 0.6 0.3 . -0.5 -1.1 -1.1 -1.2 . -0.2 -0.4 -0.2 -0.4 .

– construção 2.0 1.7 0.3 . -0.2 -0.6 -0.7 -1.3 . -0.2 -0.3 -0.1 -0.7 .

Serviços 3) 2.7 2.9 2.0 . 1.6 1.6 1.3 1.0 . 0.4 0.3 0.1 0.2 .

Taxas de desemprego 4)

Total 9.4 8.5 8.0 8.3 8.0 8.1 8.2 8.3 8.5 - - - - -

Idade < a 25 anos 18.5 16.6 15.6 16.1 15.7 15.8 16.1 16.2 16.3 - - - - -

Idade ≥ a 25 anos 8.2 7.4 7.0 7.3 7.0 7.1 7.2 7.3 7.4 - - - - -

Quadro 9Evolução do mercado de trabalho na área do euro(taxas de variação homólogas (%) e percentagens)

Fontes: Dados nacionais e cálculos do BCE para os dados relativos à população activa; Eurostat para os dados relativos ao empregoe ao desemprego.1) Inclui também pescas, caça e silvicultura.2) Inclui indústria transformadora, mineira, extractiva, construção e fornecimento de electricidade, gás e água.3) Exclui órgãos e organizações extraterritoriais.4) Percentagem da população activa em conformidade com recomendações da OIT.

registado em 2001 (ver Gráfico 22). Apósquatro anos consecutivos de queda, onúmero de desempregados na área do euro

Gráfico 22Desemprego na área do euro(dados mensais; corrigidos de sazonalidade)

1994 1996 1998 2000 2002-1.5

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

7.5

8.0

8.5

9.0

9.5

10.0

10.5

11.0

11.5

variação homóloga em milhões (escala da esquerda) 1)

% da população activa (escala da direita)

Fonte: Eurostat.Nota: Os dados referem-se ao Euro 12 (incluindo períodosanteriores a 2001).1) Variações homólogas não corrigidas de sazonalidade.

aumentou para uma média de 11.4 milhõesem 2002.

Todos os escalões etários e ambos os sexosparecem ter sido afectados pelo aumento dodesemprego. A taxa de desemprego dos jovensaumentou para 16.1% em 2002, isto é,0.5 pontos percentuais acima do nível de 2001,enquanto a taxa de desemprego dos indivíduoscom idade igual ou superior a 25 anos subiu de7.0% em 2001 para 7.3% em 2002. O desvioentre as taxas de desemprego dos gruposetários mais jovens e mais velhos manteve-seassim praticamente inalterado em 2002, face a2001. Além disso, embora tanto homens comomulheres tenham sido afectados pelo aumentodo desemprego, o diferencial entre as taxas dedesemprego médias dos homens (7.2% em2002) e das mulheres (9.8% em 2002) continuoua reduzir-se gradualmente ao longo do ano. Talsugere que os grupos que são tradicionalmentemais fortemente afectados pela deterioraçãodo mercado de trabalho (nomeadamente, osjovens e as mulheres) não parecem ter sofridorelativamente mais com esta desaceleraçãoeconómica, particularmente quando comparadocom os abrandamentos registados na década de90. O aumento do desemprego foi comum àmaioria dos países da área do euro e o grau de

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 200254

dispersão entre os países da área do euromanteve-se praticamente inalterado.

Por último, o crescimento da população activa(isto é, a soma de todos os empregados edesempregados) deverá ter registado umligeiro abrandamento em 2002. Tal reflecte ofraco crescimento prolongado da actividadee o aumento do desemprego, que tendeu adesencorajar o ingresso na população activa.

Em suma, embora o crescimento do empregona área do euro se tenha mantidorelativamente resistente até ao segundo

semestre de 2002, registou-se umadeterioração gradual dos mercados detrabalho, reflectindo principalmente oimpacto desfasado da actividade económicamais fraca. Esta evolução faz incidir particularatenção sobre a necessidade de aplicaresforços contínuos na realização de reformasdo mercado de trabalho e na orientação daevolução salarial, no sentido de suportar ocrescimento do emprego de modo a obterum melhor desempenho do mercado detrabalho e atenuar melhor o efeito dosabrandamentos cíclicos (ver Caixa 5).

Caixa 5Progressos limitados nas reformas estruturais nos mercados do produto e detrabalho da área do euro

As reformas estruturais nos mercados do produto e de trabalho aumentam o potencial do crescimento

económico e facilitam o ajustamento a variações económicas. Em Março de 2000, o Conselho Europeu de

Lisboa reconheceu a importância da modernização do quadro regulamentar e apresentou uma agenda de

reformas ambiciosa com o objectivo de tornar, até 2010, a União Europeia a economia mais competitiva e

dinâmica baseada no conhecimento a nível mundial. Desde então, a conjuntura económica enfraqueceu

consideravelmente. Uma acção determinada no sentido de implementar a “agenda de Lisboa” tornou-se ainda

mais importante de modo a reforçar a confiança económica e melhorar o enquadramento para o crescimento

da actividade económica e do emprego. Neste contexto, esta caixa procede a uma breve análise dos progressos

efectuados na implementação da agenda de reformas da UE nos últimos anos e, em particular, em 2002. Esta

avaliação está globalmente em linha com a opinião da Comissão Europeia apresentada no seu relatório

relativo à implementação das Orientações Gerais de Política Económica (OGPE) de 2002.

O funcionamento dos mercados do produto é acompanhado e avaliado no âmbito do processo de Cardiff,

enquanto a reforma do mercado de trabalho é avaliada no âmbito do processo do Luxemburgo. Ambos os

processos assentam em exames nacionais das reformas e fornecem elementos para as OGPE, que definem as

prioridades de política fundamentais para várias áreas da política económica. As recomendações de política

para cada Estado-Membro da UE são obtidas com base nestas prioridades (ver o Capítulo V)1 .

Na área dos mercados de trabalho, as OGPE de 2002 sublinham a necessidade de: (i) adaptar os regimes de

tributação e de benefícios de modo a tornar compensador trabalhar e encorajar a procura de emprego;

(ii) melhorar a eficiência e a eficácia das políticas activas do mercado de trabalho; (iii) eliminar os obstáculos

à mobilidade geográfica dentro e entre os Estados-Membros; (iv) facilitar a mobilidade ocupacional;

(v) promover uma organização laboral mais flexível e rever a legislação relativa aos contratos de trabalho;

e (vi) eliminar as barreiras à participação da população activa feminina.

Vários países deram início ou continuaram a aplicar medidas para tornar compensador trabalhar ou para

reduzir as contribuições das entidades patronais para a segurança social. Além disso, prosseguiram os esforços

no sentido de melhorar o processo de procura de emprego ao aumentar a eficiência dos serviços prestados

pelas agências de emprego e ao aplicar requisitos de procura de emprego mais rigorosos. Vários países

1 Recomendação do Conselho de 21 de Junho de 2002 relativa às orientações gerais das políticas económicas dos Estados--Membros e da Comunidade.

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55BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

prosseguiram os esforços no sentido de aumentar a flexibilidade da organização laboral. Porém, muitas

reformas do mercado de trabalho foram pouco (ou nada) desenvolvidas. Neste particular, por exemplo, não

houve uma promoção suficiente de reformas abrangentes nos sistemas de pensões e reformas antecipadas com

o objectivo de aumentar a participação dos trabalhadores mais velhos que fazem parte da população activa e as

reformas dos regulamentos relativos à protecção do emprego para melhorar a mobilidade do trabalho receberam

pouca atenção. No geral, o ritmo da reforma do mercado de trabalho em 2002 parece ter abrandado na maioria

dos países da área do euro em comparação com anos anteriores.

A agenda de reformas estruturais para os mercados do produto abrange uma vasta gama de áreas, das quais

se destacaram as seguintes nas OGPE para 2002: (i) implementar totalmente o Mercado Interno; (ii) assegurar

uma concorrência eficiente; e (iii) acelerar as reformas nas indústrias de rede. Ainda existem algumas

barreiras significativas ao funcionamento do Mercado Interno, particularmente nos mercados de serviços.

Muitas destas barreiras parecem dever-se a regulamentos nacionais, por exemplo, procedimentos

administrativos para o estabelecimento de filiais noutros países da área do euro ou a utilização de poderes de

apreciação pelas autoridades locais. Após uma década de melhorias contínuas, a descida da percentagem da

legislação do Mercado Interno da UE que os Estados-Membros ainda não transpuseram para a legislação

nacional parou em 2002. Este “défice de transposição” nos países da área do euro subiu de 2.2% em Outubro

de 2001 para 2.4% em Outubro de 2002.

No que refere ao reforço da concorrência, alguns países da área do euro tomaram medidas no sentido de

aumentar os poderes das suas autoridades reguladoras e de concorrência. Outro instrumento que pode ser

utilizado para diminuir distorções na concorrência é a redução das ajudas estatais. Embora a tendência geral

aponte no sentido de uma redução das ajudas estatais, estas ainda desempenham um papel significativo em

determinados sectores, tais como os transportes ferroviários e aéreos. Continuaram a ser implementadas

reformas regulamentares nas indústrias de rede, embora em diferentes graus consoante os países e as indústrias.

Os efeitos das reformas nestes sectores anteriormente protegidos tornaram-se visíveis nas reduções de preços

em alguns destes sectores, em particular nas telecomunicações. Esta evolução continuou em 2002, embora

a um ritmo mais lento.

Em suma, foram observados alguns progressos na redução da rigidez estrutural dos mercados de trabalho e do

produto em 2002. Porém, a abordagem adoptada por muitos países parece ter assumido a forma de medidas

parciais, mais do que esforços acrescidos no sentido de reformas abrangentes. Tendo em conta que

é necessário algum tempo para que as reformas estruturais produzam a totalidade dos seus benefícios,

a abordagem lenta e parcial da maioria dos Estados-Membros às reformas estruturais tornará cada vez mais

difícil a concretização dos objectivos estratégicos estabelecidos na agenda de Lisboa. Além disso, a falta de

determinação para implementar reformas abrangentes também pode ser a razão subjacente ao nível de

confiança baixo numa recuperação económica rápida. Tal torna mais importantes maiores esforços na área das

reformas estruturais.

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5 Evolução orçamental

Deterioração dos saldos orçamentais em2002 devido sobretudo ao abrandamentoeconómico

Pelo segundo ano consecutivo, os saldosorçamentais na área do euro deterioraram-seem 2002. Os últimos dados disponíveis doEurostat evidenciam um défice médio de 2.2%do PIB, face a 1.6% em 2001 (ver Quadro 10).A acentuada deterioração, para um nível médionão observado desde 1998, ficou sobretudo adever-se à fragilidade da actividade económica,que afectou os resultados orçamentais através

dos estabilizadores automáticos e à evoluçãoadversa das receitas em alguns países. Para alémdisso, as significativas revisões estatísticas dosvalores do défice de 2001, derrapagens nadespesa e alterações fiscais tiveram um impactonegativo sobre os saldos orçamentais de 2002em alguns países. A maioria dos países nãoconseguiu cumprir os saldos orçamentaisdefinidos nos programas de estabilidadeapresentados no final de 2001. Estes objectivosnão foram alcançados por uma margemsubstancial, 1.3% do PIB, em média.

Saldo orçamental das administrações públicas

1999 2000 2001 2002

Área do euro -1.3 -1.0 -1.6 -2.2

Bélgica -0.5 0.1 0.3 0.0

Alemanha -1.5 -1.4 -2.8 -3.6

Grécia -1.8 -1.9 -1.9 -1.2

Espanha -1.2 -0.9 -0.1 -0.1

França -1.8 -1.4 -1.6 -3.2

Irlanda 2.3 4.3 1.1 -0.3

Itália -1.7 -1.8 -2.6 -2.3

Luxemburgo 3.5 6.1 6.4 2.6

Países Baixos 0.7 1.5 0.1 -1.1

Áustria -2.3 -1.9 0.3 -0.6

Portugal -2.8 -3.2 -4.2 -2.7

Finlândia 2.0 6.9 5.1 4.7

Dívida bruta das administrações públicas

1999 2000 2001 2002

Área do euro 72.7 70.2 69.2 69.1

Bélgica 114.9 109.6 108.5 105.4

Alemanha 61.2 60.2 59.5 60.8

Grécia 105.1 106.2 107.0 104.9

Espanha 63.1 60.5 56.9 54.0

França 58.5 57.2 56.8 59.1

Irlanda 49.3 39.3 36.8 34.0

Itália 114.9 110.6 109.5 106.7

Luxemburgo 6.0 5.6 5.6 5.7

Países Baixos 63.1 55.8 52.8 52.6

Áustria 67.5 66.8 67.3 67.9

Portugal 54.3 53.3 55.6 58.0

Finlândia 47.0 44.5 43.8 42.7

Quadro 10Posições orçamentais na área do euro(em percentagem do PIB)

Fontes: Eurostat e BCE para os agregados da área do euro.Nota: Os dados baseiam-se no SEC 95 e incluem informação disponível até 17 de Março de 2003. Os saldos orçamentais excluem asreceitas da venda de licenças de UMTS.

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57BCE • Re la tó r io Anua l • 2002

A evolução orçamental foi especialmenteadversa nos países que já registavamdesequilíbrios orçamentais significativos em2001. A Alemanha registou um déficebastante acima do valor de referência de 3%do PIB em 2002. Excluindo receitas de UMTS,a França registou um rácio do défice de 3.2%,enquanto os rácios em Itália e Portugal nãoforam muito inferiores. Em Novembro de 2002,o Conselho ECOFIN decidiu da existência deum défice excessivo em Portugal em 2001,e em Janeiro de 2003, decidiu da existênciade um défice excessivo na Alemanha em 2002,requerendo a aplicação de medidas para pôrfim a essa situação. Ainda em Janeiro de2003, o Conselho ECOFIN emitiu umarecomendação de alerta rápido para a França.No total, nove países registaram défices em2002, face a seis no ano anterior. Apenas aBélgica, o Luxemburgo e a Finlândia atingiramorçamentos equilibrados ou excedentários.

O rácio da despesa pública em relação aoPIB da área do euro parou de diminuir em2002, pela primeira vez desde 1993. O rácioaumentou cerca de 0.5 pontos percentuais,reflectindo, nomeadamente, despesasrelacionadas com o desemprego maiselevadas devido à fraca conjunturaeconómica. Apesar de ser evidente algumexcesso de despesas em categorias específicascomo os cuidados com a saúde, não foiperceptível uma derrapagem generalizada faceaos objectivos da despesa. A despesa comjuros em percentagem do PIB registouapenas uma pequena descida em 2002.O crescimento lento das receitas fiscais em2002 ficou sobretudo a dever-se à fragilidadeda actividade económica, visto não teremsido introduzidas grandes reformas fiscais.Os consideráveis cortes nos impostosimplementados nos anos anteriores, bemcomo os efeitos negativos relacionados coma evolução dos lucros e dos preços dosactivos, constituíram outros factores deredução do crescimento das receitas fiscais.

O rácio médio da dívida da área do eurodiminuiu, em 2002, 0.1 pontos percentuais,para 69.1% do PIB. Os ajustamentos défice--dívida, que não têm efeito sobre o défice,

mas têm impacto sobre a dívida bruta dasadministrações públicas, diminuíram oendividamento público em 0.2 pontospercentuais do PIB. Na Grécia e Finlândia,este factor contribuiu significativamente paraabrandar o ritmo de redução do rácio dadívida pública. Na Bélgica, Grécia e Itália,o rácio da dívida bruta das administraçõespúblicas permaneceu acima dos 100% do PIB.Os rácios da dívida aumentaram em três dosquatro países que registam défices elevados.Em Itália, a descida do rácio da dívida resultousobretudo de uma operação financeira queproduziu um substancial efeito pontual.

A orientação orçamental na área do euro,medida pela variação dos excedentesprimários corrigidos do ciclo, de acordo comos dados da Comissão Europeia, tornou-seligeiramente menos restritiva em 2002, talcomo em 2001. O relaxamento foi evidentena maioria dos países, tendo resultado, emgeral, de quebras nas receitas, mas em algunspaíses o forte crescimento da despesadesempenhou um papel primordial. A orien-tação orçamental foi objecto de contençãoapenas em Espanha, nos Países Baixos e emPortugal.

Posições orçamentais sólidas devemmanter-se uma prioridade absoluta

De acordo com os programas de estabilidadeapresentados no final de 2002 e no início de2003, o défice da área do euro deverá descer0.4 pontos percentuais em 2003, para 1.8%do PIB. Apenas a Áustria ainda não tinhaapresentado um programa de estabilidadeactualizado até ao final de Fevereiro de 2003.Os efeitos positivos da contenção da despesae a continuação da queda dos encargos comjuros deverão compensar os efeitos negativosde modestas taxas de crescimentoeconómico e alguns cortes nos impostosplaneados. Em alguns países, a melhoria dasprevisões orçamentais decorre ainda daprevisão de uma forte recuperaçãoeconómica em 2003. Os défices na Alemanha,França e Portugal deverão descer, masmanter-se próximo dos 3% do PIB em 2003.

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 200258

Prevêem-se situações orçamentais deequilíbrio para a Bélgica e a Espanha,enquanto na Finlândia se prevê umacontinuação da situação orçamentalexcedentária. Os outros países membrosesperam registar défices reduzidos amoderados em 2003. Em 2004, o déficeorçamental médio da área do euro deverádescer para 1.1% do PIB, para o quecontribuirá uma recuperação económicacontinuada e a consolidação orçamental nospaíses com défices elevados.

O saldo primário corrigido do ciclo da áreado euro deverá registar uma melhoria decerca de 0.5% do PIB em 2003, e grossomodo, uma melhoria equivalente em 2004,com base nos cálculos dos programas deestabilidade. O rácio médio da despesapública da área do euro deverá retomar atrajectória descendente, com moderadasreduções nos impostos previstas para 2003.Os riscos para estas perspectivas orçamentaisadvêm de uma conjuntura macroeconómicamais desfavorável, derrapagens na despesa enovos cortes nos impostos.

Em 7 de Outubro de 2002, o Eurogrupoacordou uma estratégia orçamental para ospaíses com desequilíbrios orçamentaisremanescentes. Concluiu que esses paísestêm de prosseguir uma melhoria contínua dosaldo subjacente (ou seja, o saldo líquido deefeitos cíclicos e, consideradas caso a caso,de medidas pontuais) de pelo menos 0.5% doPIB por ano. Os países com défice excessivosdeverão registar uma maior consolidação.Todos os ministros, excepto um,concordaram que esta estratégia deverá serjá implementada nos orçamentos de 2003.Além disso, chegaram a consenso quanto àtrajectória de ajustamento, que deverábasear-se em pressupostos económicosrealistas e medidas bem especificadas.

Dos países com desequilíbrios deficitáriosremanescentes, Grécia, França e Itália nãodeverão cumprir os requisitos mínimos deconsolidação em 2003. Por outro lado, prevê--se que Alemanha e Portugal reduzam osrespectivos défices subjacentes em pelo

menos 0.5% do PIB, como necessário em vistado elevado nível dos respectivos défices,através de medidas angariadoras de receitase da contenção de despesas. A Áustriaapresentou um novo desequilíbrio orçamentalem 2002.

Os países que já atingiram posiçõesorçamentais sólidas deverão assegurar quenão serão introduzidos novos desequilíbrios.O funcionamento livre dos estabilizadoresautomáticos é adequado quer em períodosde abrandamento quer em períodos deexpansão. No entanto, alguns desses paísesassistiram ao retorno de défices nãonegligenciáveis em 2002, o que salienta aimportância da manutenção de margens desegurança orçamental, especialmente em faceda sensibilidade das posições orçamentais amudanças repentinas na conjunturaeconómica.

O cumprimento das regras orçamentaisdo Pacto de Estabilidade e Crescimento éconducente à estabilidade económica e, comotal, constitui um complemento necessário deuma política monetária orientada para aestabilidade de preços. Para além disso, aconsecução e a preservação de posiçõesorçamentais sólidas proporciona algumamargem de manobra para lidar com osdesafios orçamentais que o envelhecimentoda população deverá colocar.

Progressos limitados na reforma estruturaldas finanças públicas

As actuais condições económicas salientammais uma vez a necessidade de reformaestrutural das finanças públicas. Apesar de osbenefícios totais da reforma só poderem sercolhidos a médio prazo, reformas das finançaspúblicas na actual conjuntura fortaleceriam aconfiança, apoiando também o crescimentoeconómico a curto prazo, em especial seforem parte integrante de uma estratégia dereforma abrangente, que combine contençãoda despesa com reduções dos impostose consolidação orçamental. A disciplinaorçamental não só apoia a confiança ao

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assegurar a sustentabilidade das finançaspúblicas, como permite o livre funcionamentodos estabilizadores automáticos (ver Caixa 6).

As reformas estruturais do lado da despesasão particularmente urgentes. Os elementosa analisar incluem a provisão de bens eserviços públicos necessários para aumentaro produto potencial, e medidas para reduziros desincentivos ao trabalho gerados pelossistemas de apoio ao rendimento. Asreformas fiscais também desempenham umpapel essencial na melhoria do funcionamentodo mercado de trabalho. Em vista dasimplicações orçamentais do envelhecimentodas populações, reformas da despesa efiscais bem concebidas são cruciais paraaumentar a eficiência e promover ocrescimento económico, reduzir osdesequilíbrios orçamentais, assegurar asustentabilidade das finanças públicas a maislongo prazo e reduzir a carga fiscal implícitasobre as gerações futuras.

Não está a decorrer qualquer redução ourestruturação considerável da despesa nosentido de promover o crescimento, asreformas fiscais em 2002 foram limitadas emcomparação com anos anteriores e asreduções dos impostos previstas para ospróximos anos abrangidos pelos programasde estabilidade são graduais. Relativamenteao envelhecimento da população, foramrealizados poucos progressos na aplicaçãode medidas que contribuam para asustentabilidade das finanças públicas amais longo prazo. As reformas de pensõesforam, quando muito, parciais. A introduçãoe a expansão dos sistemas de pensõesde capitalização em paralelo, e comocomplemento, da reforma dos sistemas derepartição está a prosseguir a um ritmo muitolento. Em geral, os progressos relativos aopapel de promoção do crescimento dasfinanças públicas têm sido limitados.

Caixa 6Finanças públicas e estabilização económica

As finanças públicas podem apoiar a estabilidade económica de várias maneiras. Primeiro, finanças públicas

sustentáveis são primordiais para assegurar a estabilidade a longo prazo, dado que níveis insustentáveis da

dívida e do défice prejudicam o crescimento, acabando por forçar os países a envolverem-se em ajustamentos

de larga escala perturbadores. Segundo, a política orçamental pode contribuir para a estabilidade a curto prazo,

atenuando as flutuações cíclicas. Na ausência de qualquer intervenção governamental, o orçamento reage

automaticamente às flutuações económicas, exercendo um influência estabilizadora. O cumprimento do

quadro orçamental da UE preserva quer o papel estabilizador quer a sustentabilidade das finanças públicas

a longo prazo.

Estabilização orçamental automática através das despesas e receitas públicas

Os estabilizadores orçamentais automáticos resultam de determinadas características da tributação e das

transferências sociais, bem como da resistência das principais componentes da despesa pública face às

flutuações económicas. As receitas fiscais evoluem mais ou menos em proporção com a actividade económica,

evidenciando dinamismo nos períodos de expansão e moderação nos períodos de abrandamento. Com excepção

das despesas relacionadas com o desemprego, a maior parte da despesa pública é consignada nos orçamentos

anuais e, em geral, não é afectada pelas flutuações cíclicas. A procura total, e logo, a actividade económica, é

apoiada durante um abrandamento, uma vez que um crescimento económico mais fraco conduz a impostos

mais baixos para as famílias e as empresas. Os benefícios totais do funcionamento dos estabilizadores

automáticos só podem ser colhidos se as finanças públicas forem sustentáveis. Caso contrário, os agentes

económicos ajustam o seu comportamento em antecipação das medidas orçamentais futuras.

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Política orçamental discricionária normalmente não é adequada à gestão da procura a curto prazo

No passado, as tentativas de gestão da procura agregada através de políticas orçamentais discricionárias têm

sido generalizadas, mas muitas vezes contraproducentes. As medidas discricionárias sofrem de desfasamentos

de aplicação e são difíceis de inverter, pelo que conduzem frequentemente a políticas orçamentais

pró-cíclicas. Pelo contrário, os estabilizadores automáticos proporcionam ajustamentos atempados, simétricos

e previsíveis, uma vez que estão directamente ligados à estrutura da economia. As políticas discricionárias são

sobretudo necessárias para a prossecução da consolidação orçamental e de alterações da estrutura das finanças

públicas.

O quadro orçamental da UE: sustentabilidade e estabilização

A consecução e preservação de finanças públicas sustentáveis e o papel de estabilização das políticas

orçamentais são os principais objectivos do quadro orçamental da UE. As disposições do Tratado obrigam os

Estados-Membros a evitar défices orçamentais excessivos (Artigo 104.º) acima do valor de referência de

3% do PIB para o défice e de 60% para o rácio da dívida, excepto se forem aplicáveis condições específicas.

O Pacto de Estabilidade e Crescimento assegura o papel de estabilização das finanças públicas neste quadro de

disciplina orçamental. Ao abrigo do Pacto, os países comprometeram-se a manter uma situação orçamental

próximo do equilíbrio ou excedentária a médio prazo, por forma a que os saldos orçamentais possam flutuar

com o ciclo económico sem o risco de um défice excessivo. Para evitar uma política pró-cíclica inadequada,

os valores de referência poderão não ser cumpridos, sem resultar num procedimento relativo aos défices

excessivos, no caso de uma recessão grave ou em circunstâncias excepcionais fora do controlo do governo.

6 Enquadramento macroeconómico mundial, taxas de câmbio ebalança de pagamentos

Recuperação da economia mundialcontinuou fraca

Na sequência da desaceleração em 2001, aeconomia mundial começou a recuperar aum ritmo moderado no início de 2002. Emtermos anuais, o crescimento do PIB realmundial deverá ter aumentado para 3.1% em2002, face a 2.3% em 2001.

O desempenho económico a nível mundialvariou muito. As principais forças motrizessubjacentes à recuperação foram a resistênciada procura das famílias nos Estados Unidos,uma recuperação nos países da Ásia exceptoo Japão, motivada sobretudo pelasexportações, e um crescimento relativamentesustentado nos países em vias de adesãoà UE. No entanto, no decurso de 2002a recuperação mundial perdeu vigor emrelação às expectativas iniciais e a suasustentabilidade tornou-se mais incerta. Asperspectivas económicas mundiais foram

particularmente afectadas pela volatilidadedos mercados financeiros, reflectindo novosajustamentos descendentes nas valorizaçõesdos mercados bolsistas, bem como oaumento das tensões geopolíticas.

A recuperação nos Estados Unidos foi maisfraca do que o previsto, e os desequilíbriospersistiram, sobretudo no sector das famíliase na balança corrente. No Japão, umaincipiente e modesta expansão abrandou nosegundo semestre do ano, num contexto deenfraquecimento do crescimento da procuraexterna. Contudo, uma procura internaresistente nos países da Ásia excepto oJapão apoiou o crescimento mundial nosegundo semestre de 2002, compensandoparcialmente o impacto do menor dinamismoda economia dos EUA e da fraca actividadeno Japão.

Nos Estados Unidos, o crescimento do PIBatingiu 2.4% em 2002, o que compara com

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apenas 0.3% em 2001, ano em que a economiaregistou uma contracção nos três primeirostrimestres. Em linha com a recuperação, aprodutividade no sector empresarial nãoagrícola cresceu rapidamente em 2002. Aresistência da despesa das famílias, com basenum crescimento robusto do consumoprivado e do investimento residencial, foi umimpulsionador principal do crescimento doPIB em 2002. Em termos anuais, o consumoprivado registou um considerável crescimentode 3.1% no conjunto do ano, apesar de terabrandado no quarto trimestre. O consumode bens duradouros – e, em particular, deveículos automóveis e acessórios – contribuiusubstancialmente para o crescimento do PIBno Verão, dinamizado pelos incentivos aofinanciamento a retalho. O efeito dos cortesnos impostos constituiu um factor importantede apoio à despesa das famílias,impulsionando o crescimento do rendimentodisponível para 5.9% em 2002. Outroelemento de apoio foi um mercado dahabitação forte, com o investimentoresidencial a beneficiar de taxas hipotecáriasem níveis historicamente baixos,compensando de algum modo os efeitosriqueza negativos associados à descidaacumulada dos preços das acções. Apesar darobustez do crescimento do consumo,verificou-se um aumento do rácio depoupança em 2002, para 3.9% do rendimentodisponível, face a 2.3% em 2001, o que podereflectir o aumento da incerteza causado pelaturbulência nos mercados financeiros e oprogressivo agravamento das perspectivas deemprego.

O investimento empresarial, por outro lado,contraiu-se de novo em 2002, em linha comuma rendibilidade das empresas relativamentebaixa e algumas preocupações acerca dacorrupção nas empresas. O crescimento doconsumo público e do investimento públicopermaneceu forte ao longo de 2002, enquantoo contributo das existências para o crescimentofoi ligeiramente positivo para o conjunto doano. Relativamente ao comércio, o crescimentodos volumes das importações ultrapassouconsideravelmente o das exportações durantea maior parte de 2002. Desse modo, o défice da

balança corrente expandiu-se para quase 5% doPIB para o ano. Neste contexto, alguns dosdesequilíbrios internos verificados nos EstadosUnidos no final da década de 90 aindasubsistiram, enquanto o desequilíbrio face aoresto do mundo continuou a deteriorar-se(ver Caixa 7).

A inflação dos preços no consumidor nosEstados Unidos permaneceu relativamentemoderada em 2002, enquanto a inflação dospreços no produtor foi negativa a maior partedo ano. Apesar de um aumento estável dospreços do petróleo, as pressões inflacionistasinternas mantiveram-se em geral moderadasno decurso de 2002, devido a baixas taxas deutilização da capacidade produtiva e ao fortecrescimento da produtividade. A inflação,medida pelos índices de preços noconsumidor e no produtor, caiu para 1.6% e-1.3%, respectivamente, em 2002, face a 2.8%e 2.0% em 2001. Excluindo os produtosalimentares e os produtos energéticos, ainflação dos preços no consumidor situou-seem 2.3% em 2002, face a 2.7% em 2001,enquanto a inflação dos preços no produtorexcluindo produtos alimentares e produtosenergéticos caiu de 1.4% em 2001 para 0.1%em 2002. As taxas de juro mantiveram-se emmínimos históricos em 2002. O Comité deOperações de Mercado Aberto (Federal OpenMarket Committee (FOMC)) do Sistema daReserva Federal reduziu o objectivo da taxados fundos federais em 50 pontos base emNovembro de 2002, para 1.25%, após umaredução acumulada de 425 pontos base em2001. Na sequência desta medida, o FOMCalterou a sua avaliação do enviesamentode “fraco” para “equilibrado”. A políticaorçamental foi marcadamente expansionistaem 2002, com o saldo orçamental federal adeslocar-se de um excedente de 1.3% do PIBno ano orçamental de 2001 para um déficede 1.5% do PIB no ano orçamental de 2002.Tal resultou sobretudo de medidas orçamentaisdiscricionárias – em particular a aplicação decortes nos impostos consagrada na legislaçãoem meados de 2001 e de pacotes de incentivosaprovados em Março de 2002 – e, em menorescala, da resposta automática do orçamentoao ciclo económico.

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Caixa 7Evolução dos desequilíbrios nos EUA

A acumulação de desequilíbrios no sector das famílias e da balança corrente constituiu uma característica

essencial do período de crescimento sustentado nos Estados Unidos na segunda metade da década de 90. A

forte procura interna, que constituiu a principal força motriz do ciclo passado nos Estados Unidos, evoluiu à

custa de um aumento da acumulação de dívida, a nível quer das famílias quer nacional. Estes desequilíbrios

não foram corrigidos durante a recessão em 2001, devendo portanto tornar-se um fardo na recuperação.

Nos últimos dez anos, a extraordinária expansão da economia dos EUA tem sido acompanhada por um défice

crescente da balança corrente (de 0.8% do PIB em 1992 para 3.9% em 2001 e cerca de 5% em 2002).

Contrariamente às experiências passadas, a balança corrente dos EUA não registou melhorias significativas na

sequência do abrandamento económico em 2001. Na verdade, aumentou de novo em 2002, após um período

curto de ligeira melhoria no decurso de 2001. A estrutura de financiamento do défice da balança corrente dos

EUA mudou significativamente nos últimos anos. Enquanto em 1999 e 2000 as entradas estavam concentradas

na aquisição de activos privados, designadamente títulos de participação no capital, a partir de 2001 as

preferências dos investidores voltaram-se de forma crescente para obrigações de dívida pública, com

implicações para a sustentabilidade do défice da balança corrente, uma vez que – ao contrário dos títulos de

participação no capital – a emissão de obrigações gera obrigatoriedade de reembolso. As responsabilidades

líquidas na posição de investimento internacional situaram-se em cerca de 25% do PIB em 2001 (ver

Gráfico A).

O prolongado défice da balança corrente também aumentou significativamente a dependência dos Estados

Unidos de entradas de capital avultadas e contínuas. É de notar que nos últimos dois anos os Estados Unidos se

tornaram quase totalmente dependentes de entradas do mercado obrigacionista, uma vez que as entradas

líquidas de investimento directo estrangeiro (IDE) e de investimento de carteira em títulos de participação no

capital diminuiu significativamente. A estrutura de financiamento também pode ter impacto sobre o ritmo de

uma possível correcção do défice corrente. De facto, enquanto o financiamento de obrigações gera um fluxo

de reembolsos pré-determinado, as transferências de rendimentos associadas ao IDE dependem em larga

medida da evolução económica.

Fonte: Governo Federal dos EUA.

Gráfico A: Balança corrente e posiçãode investimento internacional líquidados EUA(em percentagem do PIB)

Fonte: Bureau of Economic Analysis.

1985 1990 1995 2000-25

-20

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

25

-5

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5

balança corrente (escala da direita)

posição de investimento internacional a preços de mercado (escala da esquerda)

1992 1994 1996 1998 20003

4

5

6

7

8

9

3

4

5

6

7

8

9

Gráfico B: Empréstimos das famílias(em percentagem do consumo)

Fonte: Governo Federal dos EUA.

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63BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

Fonte: Governo Federal dos EUA.

Gráfico C: Dívida das famílias(em percentagem do PIB)

1985 1990 1995 20000

10

20

30

40

50

60

70

0

10

20

30

40

50

60

70

hipotecas da habitaçãocrédito ao consumo

O aumento da dívida externa dos EUA foi agravado

pelo endividamento interno mais elevado, relacionado

sobretudo com a dívida das famílias. Entre 1997 e

2001, o endividamento anual das famílias nos Estados

Unidos registou um crescimento mais forte do que o

PIB nominal. Duplicou de cerca de USD 300 mil

milhões (3.6% do PIB) para USD 600 mil milhões

(5.7% do PIB), atingindo assim novos níveis

históricos, também em termos reais. Apesar de o

endividamento das famílias ter desempenhado um

papel primordial na resistência do consumo, em

especial no decurso de 2001, o respectivo lado

negativo consistiu num acentuado aumento da dívida

das famílias dos EUA, para cerca de 70% do PIB em

2001 (ver Gráficos B e C). O nível da dívida para

uma família “média” dos EUA situa-se actualmente

próximo do respectivo rendimento disponível anual,

compreendendo cerca de 75% de dívida hipotecária e

de 25% de crédito ao consumo.

Consequentemente, o encargo das famílias com o serviço da dívida, definido como o rácio dos pagamentos da

dívida exigidos às famílias (encargos com juros e amortização da dívida) em relação ao respectivo rendimento

pessoal disponível, subiu consideravelmente nos últimos anos. Atingiu cerca de 14% no terceiro trimestre de

2002, não obstante a forte descida das taxas de juro, retomando o máximo cíclico anterior atingido em meados

da década de 80. O endividamento mais elevado – em conjunto com a descida dos preços dos activos

financeiros – também contribui para a descida da riqueza líquida das famílias (incluindo activos financeiros

e imobiliários) em termos de rendimento disponível, que caiu de um máximo de mais de 600% no final de

1999 para 365% no terceiro trimestre de 2002.

Em conclusão, os desequilíbrios internos e externos não foram substancialmente reduzidos no decurso do

recente abrandamento na economia dos EUA. Em particular, o défice da balança corrente em percentagem do

PIB deteriorou-se em 2002 em quase 1 ponto percentual em relação a 2001. Além disso, o forte aumento do

endividamento das famílias e a descida da riqueza líquida das famílias nos Estados Unidos no decurso dos

últimos dois anos aumentou as preocupações acerca da força e robustez da recuperação. A dimensão do

endividamento interno e externo aumentou significativamente a vulnerabilidade da economia dos Estados

Unidos a choques, tais como uma diminuição da confiança dos investidores ou um súbito agravamento das

perspectivas de crescimento. As preocupações acerca da sustentabilidade destes desequilíbrios também se

acentuaram devido ao reaparecimento de um défice orçamental a partir de 2001.

No Japão, a economia registou uma ligeirarecuperação apoiada pela procura externadurante a primeira metade de 2002.Um aumento robusto das exportações,nomeadamente para as economias emer-gentes da Ásia, traduziu-se numa retomaconsiderável da produção industrial. Porém,o ritmo de expansão económica abrandou nasegunda metade do ano, à medida que ocrescimento da procura externa se moderoue as incertezas geopolíticas aumentaram.

Consequentemente, o crescimento dasexportações perdeu o dinamismo e ocontributo do comércio externo para ocrescimento do PIB tornou-se negativo noterceiro trimestre, recuperando, contudo, noquarto trimestre. Ao longo do ano, asdespesas de investimento privadopermaneceram relativamente fracas,reflectindo parcialmente a continuação deproblemas de balanço e de excesso decapacidade no sector empresarial, assim como

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preocupações acerca das perspectivaseconómicas. Em geral, a economia registouuma expansão de 0.3% em 2002.

As pressões deflacionistas prosseguiram aolongo de 2002, com o IPC a descer em média0.9%. Neste contexto, o Banco do Japãoaumentou o intervalo do objectivo para osaldo das contas correntes detidas no Bancodo Japão em JPY 5 biliões, para JPY 15-20biliões. Para além disso, subiu o respectivomontante de aquisições mensais a títulodefinitivo de obrigações de dívida pública delongo prazo para JPY 1.2 biliões. Além disso,tendo em vista facilitar a resolução doproblema do crédito mal parado e assegurara estabilidade financeira, em 11 de Outubro,o Banco do Japão publicou uma delineaçãoconcreta do plano de compra de acções,envolvendo compras no montante deJPY 2 biliões de acções ao preço do mercadodos bancos comerciais cujas detenções deacções excedam o respectivo capital daLista 1. No final de Outubro, foi anunciadoum novo plano governamental para combatero problema do crédito mal parado. O planotem por objectivo reduzir o rácio dosempréstimos improdutivos dos principaisbancos até ao final do ano orçamental de2004. Pretende ainda a intensificação daavaliação dos activos dos bancos e a análiseda necessidade de um novo quadro parainjecção de fundos públicos nas instituiçõesfinanceiras. Além disso, prevê a criação deuma nova instituição que terá por mandatorevitalizar os mutuários viáveis. Quanto àpolítica orçamental, no início de 2003, oParlamento japonês aprovou um orçamentosuplementar para o ano orçamental de 2002,o qual prevê uma despesa adicional nomontante de JPY 2.5 biliões, reforçando osistema de protecção social para osdesempregados e dando apoio às pequenas emédias empresas.

Nos países da Ásia excepto o Japão, arecuperação económica em 2002 foi maisforte do que inicialmente previsto, o quereflectiu dois factores fundamentais. Primeiro,a procura externa, incluindo a procura deprodutos das tecnologias de informação e

comunicação, foi mais resistente do que oesperado. Além disso, o crescimento doproduto foi mais forte do que o esperado naChina, o que alimentou o aumento daabsorção das exportações regionais. Segundo,a procura interna recuperou em diferentesgraus nos diferentes países da região. Emgeral, condições do mercado de trabalho maisfavoráveis e o aumento do rendimentodisponível, reflectindo repercussões positivasdo sector externo, em conjunção comprocura acumulada por parte das famílias emedidas de política favoráveis, contribuírampara impulsionar a procura interna.

No seio da região, a China e a Coreia do Sulregistaram as taxas de crescimento anuaisdo PIB mais elevadas em 2002, de 8% ecerca de 6%, respectivamente, reflectindo ocrescimento generalizado. No outro lado doespectro, Hong Kong RAE e Singapura, apesarde recuperarem das taxas de crescimentonegativas em 2001, continuaram a registarum crescimento lento, de 2.3% e 2.2%,respectivamente em 2002, exacerbado pelofraco consumo privado. As pressõesdeflacionistas na China e em Hong Kong RAEpersistiram, reflectindo, entre outras coisas,factores estruturais na China e pressõespara uniformização dos factores em HongKong RAE devido à integração com a China.A deflação em Singapura e Taiwan reflectiuexcesso de capacidade, apesar de evidenciarsinais de dissipação no final de 2002.

Nos países em vias de adesão à UE, a diminuiçãodo crescimento no decurso de 2002 foi limitada.Não obstante o considerável impacto doabrandamento mundial sobre a procura externa,a procura interna e particularmente o consumoprivado permaneceram sustentados na maioriados países. No entanto, vários paísesapresentaram uma deterioração global darespectiva posição orçamental, que reflectiuapenas parcialmente condições cíclicas menosfavoráveis. A conjugação de desvios do produtonegativos, políticas monetárias prudentes, bemcomo a apreciação da maioria das moedas dospaíses em vias de adesão face ao euro, tambémcontribuiu para a desaceleração das pressõesinflacionistas (ver Capítulo VI).

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Na Turquia, o crescimento do produtoretomou em 2002, na sequência de umaprofunda recessão e da crise financeira doano anterior. A recuperação foi inicialmentemotivada pelo sector externo, que beneficioude grandes ganhos de competitividadeassociados à forte depreciação da lira,enquanto o crescimento do consumo privadose tornou moderadamente positivo apartir do segundo trimestre de 2002.O enfraquecimento da lira, porém, foi umfactor importante para o aumento do rácioda dívida externa e uma explosão temporáriadas pressões inflacionistas, que se atenuaramno decurso do ano. Numa base homóloga, ainflação dos preços no consumidor registouuma queda de 73% em Janeiro de 2002 para30% em Dezembro, abaixo do objectivo deinflação de final de ano do banco central de35%.

A economia russa continuou a crescer a umritmo relativamente sustentado pelo terceiroano consecutivo, tendo o crescimento doPIB real registado apenas um ligeiroenfraquecimento, de 5% em 2001 para 4.3%em 2002. O crescimento do consumopermaneceu dinâmico e a procura deinvestimento, sustentada pelos elevadospreços do petróleo, desacelerou maspermaneceu positiva. As pressõesinflacionistas atenuaram-se ligeiramente,caindo de 18.6% em 2001 para cerca de 15%no último ano. O excedente da balançacorrente continuou a diminuir no decurso de2002, uma vez que a recuperação docrescimento das importações excedeulargamente a das exportações.

Na América Latina, o crescimento positivodo produto nos dois maiores países (Brasil eMéxico) contrastou com o agravamento dacrise económica na Argentina. Em geral, veioa verificar-se que o referido agravamento foimuito mais acentuado do que inicialmenteprevisto, tornando negativo o crescimentoreal do produto da região. O PIB real daArgentina registou uma contracção de doisdígitos no meio de significativas restriçõesaos fluxos financeiros, que pesaramfortemente sobre a procura interna. Estas

restrições de financiamento resultaram, anível interno, de um congelamento dosdepósitos bancários e, a nível externo, doactual incumprimento das obrigações dedívida pública detidas por investidoresprivados anunciado no final de Dezembro de2001. No Brasil, a economia foi sujeita a umasignificativa turbulência financeira, emresposta ao aumento da dívida pública e àspreocupações de mercado relacionadas coma situação política do país. No entanto, aeconomia evidenciou uma resistênciaconsiderável à turbulência financeira. Aeconomia do México recuperou ligeiramentedo acentuado abrandamento registado em2001, com o apoio da evolução globalmentepositiva nos Estados Unidos, da continuaçãodos elevados preços do petróleo e doenfraquecimento do peso. A recuperaçãoeconómica permitiu a estabilização dascondições do mercado de trabalho, tendo ataxa de desemprego terminado o ano abaixode 3%.

Os preços do petróleo bruto Brentaumentaram ligeiramente de uma médiade USD 24.4 por barril em 2001 paraUSD 25.0 em 2002. Registaram-se aumentossubstanciais dos preços entre Dezembro de2002 e Fevereiro de 2003, tendo o preçoatingido USD 33.7 em 28 Fevereiro de 2003.O recente aumento resultou de váriosfactores, incluindo a procura mundial maisforte, existências limitadas de petróleo brutoe produtos refinados e o agravamento dastensões geopolíticas. Os preços das matérias--primas não petrolíferas também subiram,particularmente em resultado dos cortes naprodução de produtos alimentares emreacção aos preços mais baixos do anoanterior.

Euro registou uma apreciação face àsprincipais moedas em 2002

Após um período de relativa estabilidade noprimeiro trimestre de 2002, o euro registouuma apreciação efectiva nominal significativa,atingido níveis bastante superiores à suamédia em 2001 (ver Gráfico 23). Esta

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 200266

evolução ocorreu num contexto de maiorincerteza acerca das perspectivas decrescimento nas principais áreas económicasdo mundo, assim como de acentuadasdescidas nos mercados accionistas mundiais.Em termos gerais, no final de 2002, a taxa decâmbio efectiva nominal do euro situava-sequase 6½% acima do valor registado no iníciodo ano e quase 9% acima do seu nível médioem 2001. Em 28 de Fevereiro de 2003 , datade fecho da informação contida nesteRelatório Anual, a taxa de câmbio efectivanominal do euro tinha registado umaapreciação de 8.3% face à média em 2002. Astaxas de câmbio efectivas reais do euro, quesão corrigidas dos diferenciais de preços ecustos do trabalho entre a área do euro e ospaíses seus parceiros, seguiram de muitoperto o índice nominal (ver Gráfico 23). Asligeiras diferenças reflectem principalmente adiferente evolução dos preços e dos custosdo trabalho entre a área do euro e algunsdos seus principais parceiros comerciais,particularmente o Japão.

Depois de ter permanecido geralmente estávelface ao euro no final de 2001 e no início de

2002, o dólar dos EUA depreciou-se de formamuito acentuada em relação à moeda únicade Abril até ao fim de Julho de 2002. Adeterioração das perspectivas de crescimentopara a economia dos EUA pode ter sido umfactor subjacente à descida bastantegeneralizada do dólar dos EUA. As pressõessobre o dólar foram intensificadas pelaspreocupações do mercado acerca documprimento nos Estados Unidos dosprincípios contabilísticos empresariais. Apósum período posterior de relativa estabilidadenum nível bastante elevado, o dólar voltou adepreciar-se face ao euro na parte final doano. Esta evolução esteve associada a umacombinação de factores: o alargamento dodiferencial negativo da taxa de juro face àárea do euro, preocupações de mercadoacerca do desequilíbrio da balança correntenos EUA, o aparecimento de um déficeorçamental nos EUA e incerteza acerca dasperspectivas de crescimento económico nosEUA. As crescentes tensões geopolíticasforam também apontadas pelos analistas domercado como um factor que pesou sobre amoeda norte-americana. No fim de 2002,o euro era cotado a USD 1.05, ou seja, 16%acima do valor registado no início do ano epouco mais de 17% acima da sua média em2001. Em 28 de Fevereiro de 2003, o euroera cotado a USD 1.08, ou seja, 14% acima dasua média em 2002.

Depois de se ter depreciado face ao eurodurante os últimos meses de 2001, o ienejaponês manteve-se relativamente estáveldurante a maior parte de 2002. No últimotrimestre desse ano, o iene depreciou-se,reflectindo, em parte, a incerteza acercadas perspectivas de crescimento em algunsdos principais mercados de destino dasexportações do Japão e devido apreocupações de mercado acerca daresolução dos problemas do sector financeirono Japão. Por sua vez, esta situação contribuiupara uma revisão em baixa da avaliaçãoefectuada pelas autoridades japonesas dasperspectivas económicas domésticas. Em31 de Dezembro, o euro era cotado aJPY 124.39, ou seja, 4.1% acima do valorregistado no início do ano e 14½% acima do

Gráfico 23Taxas de câmbio efectivas nominais ereais do euro 1)

(dados mensais/trimestrais; índice: 1999 T1 = 100)

Fonte: BCE.1) Um movimento do índice no sentido ascendente representa

uma apreciação do euro. As últimas observações referentesa dados mensais são de Fevereiro de 2003. Para a TCEreal com base nos CUTIT, a última observação refere-se aoterceiro trimestre de 2002, baseando-se parcialmente emestimativas.

1994 1996 1998 2000 200280

85

90

95

100

105

110

115

80

85

90

95

100

105

110

115

nominalreal, IPCreal, IPPreal, CUTIT

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67BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

Gráfico 24Balança corrente e transacções de bensna área do euro(EUR mil milhões; dados corrigidos de sazonalidade)

Fonte: BCE.Nota: Os dados referem-se ao Euro 12. Os saldos sãoacumulados num período de 12 meses. As exportações eimportações de bens são valores mensais.

balança corrente (escala da esquerda)balança de bens (escala da esquerda)exportações de bens (escala da direita)importações de bens (escala da direita)

1999 2000 2001 2002-80-60-40-20

020406080

100120140

50

60

70

80

90

100

seu nível médio em 2001. Em 28 de Fevereirode 2003, o euro era cotado a JPY 127.32, ouseja, 7.8% acima da média em 2002.

No final de 2001, o franco suíço apreciou-seface a todas as principais moedas, incluindo oeuro, após os ataques terroristas nos EstadosUnidos em 11 de Setembro de 2001. Duranteos três primeiros trimestres de 2002, amoeda suíça manteve-se geralmente estávelem relação ao euro, tendo registado umaforte apreciação face ao dólar dos EUA. Naparte final do ano, o franco suíço voltou afortalecer face a todas as principais moedas,num cenário de renovada aversão global aorisco. No final de 2002, o euro era cotado aCHF 1.45, ou seja, 2.1% mais fraco do que noinício do ano e 3.9% abaixo do seu nívelmédio em 2001. Em 28 de Fevereiro de 2003,o euro era cotado a CHF 1.46, mantendo-sequase inalterado face à sua média em 2002.

Balança corrente passou a registar umexcedente em 2002

A balança corrente da área do euro registouum excedente de €62.1 mil milhões em 2002,face a um défice de €13.8 mil milhões em2001 (todos os dados são relativos ao euro12). Um aumento substancial no excedentede bens, de €75.8 para €132.7 mil milhões(ver Gráfico 24), foi o principal factorsubjacente a esta evolução. Os défices derendimentos e transferências correntesmantiveram-se praticamente inalterados. Oaumento do excedente de bens resultouprincipalmente de uma descida significativado valor das importações combinada com umpequeno aumento das exportações.

A queda no valor das importações de bensem 2002 face ao ano anterior esteverelacionada com a evolução quer dos volumesquer dos preços das importações (verGráficos 25 e 26). Primeiro, os preços dasimportações foram mais baixos em 2002,devido sobretudo à apreciação significativado euro ao longo do ano. Segundo, ao longode 2002, os volumes das importaçõesmantiveram-se praticamente inalterados e

Gráfico 25Volumes do comércio extra-área doeuro 1)

(índice: 2000 = 100; dados corrigidos de sazonalidade; médiamóvel de três meses)

importaçõesexportações

1999 2000 2001 200270

75

80

85

90

95

100

105

110

70

75

80

85

90

95

100

105

110

Fontes: Eurostat e cálculos do BCE com base em dados doEurostat.1) As últimas observações referem-se a Novembro de 2002

e baseiam-se parcialmente em estimativas.

abaixo do seu nível em 2001, em respostaà procura moderada na área do euro.A redução da despesa em algumas categoriasde produtos intensivas em importações,nomeadamente bens de investimento, parece

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 200268

Gráfico 26Índices de valor unitário do comércioextra-área do euro 1)

(índice: 2000 = 100; dados corrigidos de sazonalidade; médiamóvel de três meses)

importaçõesexportações

1999 2000 2001 200270

75

80

85

90

95

100

105

110

70

75

80

85

90

95

100

105

110

Fontes: Eurostat e cálculos do BCE com base em dados doEurostat.1) As últimas observações referem-se a Novembro de 2002

e baseiam-se parcialmente em estimativas.

ter sido o principal factor a contribuir paraessa evolução.

O pequeno aumento no valor dasexportações de bens entre 2001 e 2002esteve associado a um crescimento dosvolumes das exportações, que acompanhou arecuperação da procura externa em 2002.Contudo, o aumento em termos de volumenão foi totalmente reflectido em termos devalor, uma vez que os preços das exportaçõesextra-área do euro caíram (medidos pelosíndices de valor unitário), não sendo deexcluir que os exportadores da área do eurotenham reduzido as suas margens de lucropara compensar a queda da competitividaderesultante da apreciação do euro.

Entradas líquidas de investimento líquidodirecto e de carteira em conjunto em 2002

O investimento líquido directo e de carteiraem conjunto passou de saídas líquidas nomontante de €63.4 mil milhões em 2001,para entradas líquidas no valor de €29.4 milmilhões em 2002 (ver Gráfico 27). Estaalteração, em parte, ficou a dever-se à

acentuada redução das saídas líquidas deinvestimento directo entre 2001 (€101.5 milmilhões) e 2002 (€21.0 mil milhões),reflectindo largamente a queda substancial naactividade de fusões e aquisições (verCaixa 8 para uma análise pormenorizada daevolução da actividade de fusões e aquisiçõesnos últimos anos). Além disso, as entradaslíquidas de investimento de carteira na áreado euro aumentaram em 2002, totalizando€50.4 mil milhões, num contexto de descidasacentuadas na valorização dos mercadosbolsistas mundiais e de grandes quedasassociadas no investimento da área doeuro em títulos de participação no capitalestrangeiros e no investimento externo emtítulos da área do euro. Os residentes naárea do euro reduziram igualmente o seuinvestimento em títulos de dívida no estrangeiro,enquanto os fluxos para títulos de dívida daárea do euro, resultantes de aquisições por nãoresidentes, aumentaram significativamente.

Uma das características principais da contafinanceira em 2002 consistiu numa mudançaglobal nos fluxos de carteira, que deixaramde estar fundamentalmente relacionados coma evolução dos fluxos de acções, comoaconteceu na maior parte de 2001 e no início

Gráfico 27Fluxos de investimento líquido directo ede carteira, em conjunto, na área doeuro(EUR mil milhões, dados acumulados)

Jan. Mar. Maio Jul. Set. Nov.Fev. Abr. Jun. Ago. Out. Dez.

20012002

-160

-140

-120

-100

-80

-60

-40

-20

0

20

40

-160

-140

-120

-100

-80

-60

-40

-20

0

20

40

Fonte: BCE.Nota: Um valor positivo (negativo) indica uma entrada (saída)líquida.

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69BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

de 2002, sendo determinados, de formacrescente, por fluxos de títulos de dívida.Entre os títulos de dívida, a área do euroregistou entradas líquidas de obrigações eoutros títulos de dívida (€21.0 mil milhões) esaídas líquidas reduzidas de instrumentos domercado monetário (€9.7 mil milhões) em2002. O abrandamento económico mundial eas fortes quedas nos preços das acçõespoderão ter contribuído para essa evolução.Convém salientar que o investimentotransfronteiras em instrumentos do mercadomonetário decorreu, possivelmente, daacrescida incerteza no sector empresarialmundial. Em particular, os residentes na áreado euro investiram €55.6 mil milhões eminstrumentos do mercado monetárioestrangeiro, face a €20.7 mil milhões em2001, enquanto os investidores estrangeiros

Caixa 8Tendências na actividade internacional de fusões e aquisições de 1990 a 2002

No final da década de 90 e nos primeiros anos da presente década, observou-se uma grande expansão na

actividade de fusões e aquisições (F&A), em particular, entre empresas europeias e dos Estados Unidos. As

transacções envolvendo F&A, embora tenham caído substancialmente após o pico registado em 2000-2001,

tornaram-se uma característica muito importante das economias norte-americana e europeia, sendo que uma

grande parte dessa actividade ocorreu nos sectores da tecnologia e das telecomunicações. Esta caixa tem o

objectivo de salientar algumas das principais características das tendências recentes e, em particular, analisar a

actividade bilateral de F&A entre a área do euro e os Estados Unidos.

Tendências na dimensão e direcção das transacções envolvendo F&A

A actividade de F&A por bruto1 na área do euro e nos Estados Unidos aumentou de €281 mil milhões em

1990 para um valor máximo superior a €2 900 mil milhões em 2000, caindo para €673 mil milhões em 2002.

As empresas mais activas nas transacções envolvendo F&A foram, de longe, as dos Estados Unidos, as quais,

em termos brutos, participaram em transacções cujo valor rondou €1 800 mil milhões, considerando apenas

2000 (ver Gráfico A). O aumento das F&A na área do euro foi também forte na década de 90, mas menos

notável do que nos Estados Unidos e no Reino Unido. No período em que foram atingidos os valores máximos

de F&A, ou seja, entre 1997 e 2002, as empresas da área do euro participaram em transacções envolvendo

F&A cujo valor excedeu €3 000 mil milhões, ou 6.9% do PIB da área do euro. Pelo contrário, as empresas dos

EUA registaram transacções envolvendo F&A no valor de cerca de €6 400 mil milhões, ou seja, 11% do PIB

dos EUA, e as empresas do Reino Unido registaram cerca de €2 000 mil milhões, ou 22.5% do PIB do Reino

Unido.

Comparando o aumento no número com o aumento no valor das transacções envolvendo F&A é possível

observar que este último acelerou mais fortemente nos últimos anos. Isto indica que a dimensão média das

transacções envolvendo F&A se tornou substancialmente maior. De facto, o valor médio de transacções de

investiram €45.9 mil milhões eminstrumentos do mercado monetário da áreado euro, face a €4.5 mil milhões no anoanterior.

Em termos gerais, em 2002, a balança depagamentos da área do euro apresentou acombinação de um excedente da balançacorrente e de significativas entradas líquidasde investimento directo e de carteira emconjunto. Uma contrapartida dessas entradaslíquidas foram as operações de curto prazode IFM da área do euro (excluindo oEurosistema) com saídas líquidas de €159.4mil milhões. Em consequência, a posiçãolíquida sobre o exterior das IFM da área doeuro (excluindo o Eurosistema) passou deresponsabilidades líquidas no final de 2001para disponibilidades líquidas no final de 2002.

1 A actividade de F&A por bruto inclui transacções nas quais as empresas de um dado país ou são o comprador ou o objecto dacompra. Os dados relativos a F&A são da responsabilidade da Thomson Financial.

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 200270

F&A que envolveram empresas da área do euro aumentou de €20 milhões no período de 1990 a 1996 para

€90 milhões entre 1997 e 2002. Embora o valor médio das transacções de F&A que envolveram empresas dos

Estados Unidos e do Reino Unido também tenha aumentado, mantendo-se substancialmente acima do da área

do euro, o crescimento em percentagem do valor médio das transacções envolvendo F&A na área do euro

excedeu o dos Estados Unidos e do Reino Unido.

A análise da direcção dos fluxos de F&A revela que a percentagem das transacções estrangeiras de F&A no

valor total das transacções aumentou, em geral, ao longo da década de 90 na área do euro e manteve-se estável

nos Estados Unidos. Uma diferença-chave entre os Estados Unidos e a área do euro foi a percentagem muito

mais elevada da actividade doméstica em relação à transfronteiras de F&A nos Estados Unidos. Ao contrário,

as empresas da área do euro estiveram muito mais envolvidas em F&A com empresas estrangeiras do que as

empresas dos Estados Unidos, tanto em termos absolutos como em termos relativos (ver Gráfico B).

Embora pareça existir alguma coincidência entre o início da Terceira Fase da UEM e o aumento da actividade

de F&A na área do euro, é difícil dissociar este de outros factores, tais como a harmonização jurídica, os

progressos na tecnologia de informação e a desregulamentação e liberalização de alguns sectores e mercados.

Transacções bilaterais de F&A entre a área do euro e os Estados Unidos

Os fluxos bilaterais de F&A entre a área do euro e os Estados Unidos têm revelado diferenças acentuadas nos

últimos anos. O investimento em F&A por empresas da área do euro nos Estados Unidos e de empresas dos

Estados Unidos na área do euro situou-se em níveis semelhantes na primeira metade da década de 90. A partir

de 1996, o investimento em F&A por empresas da área do euro nos Estados Unidos aumentou

significativamente, mais do que quintuplicando entre esse ano e 2000, enquanto os fluxos de F&A na direcção

oposta aumentaram apenas moderadamente (ver Gráfico C). Isto revela uma clara assimetria nos fluxos de

F&A entre a área do euro e os Estados Unidos. O rápido crescimento económico e da produtividade na

segunda metade da década de 90 nos Estados Unidos e a grande expansão do seu mercado bolsista, em

particular, no sector da tecnologia, deverão ter contribuído para a atractividade das empresas dos EUA.

Gráfico A: Valor total das transacções defusões e aquisições(EUR mil milhões)

Fontes: Thomson Financial e cálculos do BCE.

Gráfico B: Localização das transacções defusões e aquisições da área do euro e EUA(em percentagem do total)

Fontes: Thomson Financial e cálculos do BCE.

1990 1992 1994 1996 1998 2000 20020

250

500

750

1 000

1 250

1 500

1 750

2 000

0

250

500

750

1 000

1 250

1 500

1 750

2 000

Reino UnidoEstados Unidosárea do euro

1990 1992 1994 1996 1998 2000 20020

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

internas Estados Unidosinternas área do euroestrangeiras Estados Unidosestrangeiras área do euro

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71BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

Gráfico C: Transacções bilaterais de fusõese aquisições área do euro-EUA(EUR mil milhões)

Fontes: Thomson Financial e cálculos do BCE.

1990 1992 1994 1996 1998 2000 20020

20

40

60

80

100

120

0

20

40

60

80

100

120

área do euro para Estados UnidosEstados Unidos para área do euro

Relativamente à composição sectorial, 58% do

investimento dos EUA em F&A foi canalizado para

empresas do sector transformador da área do euro,

uma percentagem muito superior à proporção do

investimento da área do euro em F&A no sector

transformador dos EUA, 36% (ver Gráfico D).

Contrastando com esta situação, as empresas da área

do euro investiram uma percentagem muito maior

em empresas do sector financeiro dos EUA (25%) do

que as empresas dos EUA em empresas do sector

financeiro da área do euro (10%). No sector da alta

tecnologia2, o aumento acentuado da actividade de

F&A no final da década de 90 e em 2000 ficou

largamente a dever-se à grande expansão tecnológica.

Entre 1995 e 2000, as transacções de F&A neste

sector registaram um crescimento exponencial

quer nos Estados Unidos quer na área do euro.

A actividade de F&A da área do euro no sector da

alta tecnologia aumentou de cerca de 10% do total da

actividade de F&A da área do euro, na primeira metade da década de 90, para 50% em 2000. Como a

valorização das acções no sector da tecnologia diminuiu a partir de 2000, esta percentagem reduziu-se

drasticamente, atingindo um valor inferior a 10% do total das transacções nos primeiros nove meses de 2002.

A actividade de F&A por parte de empresas dos EUA não só é substancialmente superior à das empresas da

área do euro, como também a percentagem de transacções de F&A no sector da alta tecnologia foi, durante

a maior parte do período, significativamente mais elevada nos Estados Unidos do que na área do euro.

As empresas da área do euro investiram fortemente no sector da tecnologia dos EUA, com o objectivo de

adquirir conhecimentos técnicos e acesso ao mercado. O Gráfico E mostra que o investimento em F&A da

área do euro em empresas de alta tecnologia dos EUA aumentou acentuadamente até 2000, enquanto

o investimento em F&A dos EUA em empresas de alta tecnologia da área do euro aumentou apenas

2 O sector da alta tecnologia, de acordo com a definição da base de dados de F&A da Thomson Financial, é constituídoprincipalmente por vários subsectores da indústria transformadora e serviços.

Gráfico D: Investimento em fusões e aquisições por sector, 1997-2002

Fontes: Thomson Financial e cálculos do BCE.

25%

financeiro

29%

serviços

36%indústria transformadora

7%

comércio2% recursos naturais

0% outros

investimento em fusões e aquisições da área do euro nos Estados Unidos (% do total)

10%

financeiro

29% serviços

58%indústria

transformadora

2% comércio1% recursos naturais

0% outros

investimento em fusões e aquisições dos Estados Unidos na área do euro (% do total)

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 200272

Gráfico E: Fusões e aquisições bilateraisárea do euro-EUA na indústria de altatecnologia(EUR mil milhões)

Fontes: Thomson Financial e cálculos do BCE.

1990 1992 1994 1996 1998 2000 20020

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

área do euro para Estados UnidosEstados Unidos para área do euro

moderadamente. Sobrepondo-se, em parte, à indústria

da alta tecnologia, o subsector das telecomunicações3

registou um crescimento particularmente forte na

actividade de F&A no final da década de 90. De

facto, o valor das operações que envolveram

empresas da área do euro aumentou de um valor

inferior a €50 mil milhões, por ano, antes de 1998,

para um valor superior a €300 mil milhões em 19994.

É de salientar que a actividade de F&A no sub-

sector das telecomunicações foi principalmente

impulsionada por empresas da área do euro. Além

disso, o peso de transacções de telecomunicações no

investimento total em F&A da área do euro subiu de

um valor inferior a 10%, antes de 1998, para um

valor superior a 50%, em 1999. Ao invés, o aumento

da importância do subsector das telecomunicações

foi muito menos significativo para os Estados Unidos,

onde as transacções de F&A em telecomunicações

atingiram um valor de apenas cerca de 20% do total

da actividade em 1999.

Em termos gerais, a análise da composição sectorial e dos fluxos bilaterais revela que a expansão de F&A do

final da década de 90 e nos últimos anos foi principalmente impulsionada pelas aquisições de empresas de

tecnologia e telecomunicações, quer por empresas europeias quer norte-americanas. Depois do valor máximo

atingido em 2000, a actividade de F&A diminuiu substancialmente, voltando para níveis comparáveis aos

registados em meados da década de 90. Esta descida foi particularmente forte nos sectores da alta tecnologia,

quer da área do euro quer dos Estados Unidos.

3 Parte do subsector das telecomunicações, de acordo com a definição da base de dados de F&A da Thomson Financial, estáincluído no sector da alta tecnologia.

4 A aquisição pela Vodafone da Mannesmann representa uma grande percentagem do valor de F&A neste sector em 1999.Contudo, a actividade de F&A aumentou significativamente mesmo quando esta grande transacção é excluída.

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73BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

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Edifício dos Estados-Gerais da província doLimburgo, em Maastricht, onde se realizou a reunião

Conferência de imprensa após a reunião externa do Conselho do BCE, em Maastricht, em 7 de Fevereiro de2002, para assinalar o décimo aniversário da assinatura do Tratado de Maastricht. O Presidente Duisenberganuncia que cessará as suas funções em 2003

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Capítulo II

Operações dos bancos centrais

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 200276

1 Execução da política monetária

1.1 Análise geral

O quadro operacional para a execução dapolítica monetária única funcionou de formaeficaz em 2002. Os principais elementos doquadro operacional – operações de mercadoaberto, facilidades permanentes e reservasmínimas, assim como a execução eadministração descentralizadas das operaçõespor parte dos BCN – permaneceraminalterados1.

As operações principais de refinanciamento(OPR), com frequência semanal enormalmente um prazo de duas semanas,disponibilizam a maior parte dorefinanciamento ao sector bancário edesempenham um papel crucial na orientaçãodas condições de liquidez e sinalização daorientação da política monetária. OEurosistema conduz também operações derefinanciamento de prazo alargado (ORPA),uma vez por mês, com prazo de três meses,que, no entanto, não são usadas para sinalizara orientação da política monetária. Alémdestas operações de mercado abertoregulares, o Eurosistema conduziu trêsoperações ocasionais de regularização em2002 para resolver situações inesperadas nascondições de liquidez.

As duas facilidades permanentes disponibilizadaspelo Eurosistema, nomeadamente, a facilidadepermanente de cedência de liquidez e afacilidade permanente de depósito, cedem eabsorvem liquidez pelo prazo overnight,sinalizam a orientação da política monetáriae estabelecem um limite superior e inferiorpara a taxa de juro do mercado overnight.

Para além de realizar operações de mercadoaberto e de disponibilizar as facilidadespermanentes, o Eurosistema obriga asinstituições de crédito a deter reservasmínimas, num montante equivalente a 2% dedeterminadas responsabilidades de curtoprazo. O objectivo das reservas mínimas, quesão totalmente remuneradas, consiste emestabilizar as taxas de juro de curto prazo do

mercado monetário e alargar o déficeestrutural de liquidez do sistema bancárioface ao Eurosistema. A cláusula de média,que permite às contrapartes cumprir asrespectivas reservas mínimas em média aolongo de um período de manutenção dereservas mínimas de um mês, contribui paraa estabilização destas taxas de curto prazoao atenuar o impacto de choques de liquideztemporários. Assim, o Eurosistema pode,normalmente, limitar as suas operações demercado aberto a OPR e ORPA regulares.

O quadro de política monetária doEurosistema permite a participação de umagrande variedade de contrapartes nasoperações de política monetária. Todas asinstituições de crédito que se encontramsujeitas a reservas mínimas podem, emprincípio, aceder às facilidades permanentese às operações de mercado aberto realizadasatravés de leilões normais. Neste particular,a Directiva relativa à moeda electrónica2, quetinha de ser implementada pelos Estados--Membros até 27 de Abril de 2002, alterou adefinição de instituições de crédito que seencontram sujeitas a reservas mínimas, demodo a incluir igualmente as instituições demoeda electrónica.

Além dos critérios gerais de elegibilidade, ascontrapartes devem igualmente satisfazertodos os critérios operacionais especificadosnos acordos contratuais ou regulamentaresaplicados pelos BCN da área do euro, demodo a assegurar a condução eficaz dasoperações de política monetária. No finalde 2002, 3 245 das 6 926 instituições decrédito da área do euro sujeitas a reservasmínimas acederam à facilidade permanentede depósito e 2 867 à facilidade permanentede cedência de liquidez. Embora 2 320

1 O documento intitulado “A Política Monetária Única na TerceiraFase: Documentação geral sobre os instrumentos eprocedimentos de política monetária no Eurosistema”, de Abrilde 2002, contém uma descrição pormenorizada do quadrooperacional.

2 Directiva 2000/46/CE do Parlamento Europeu e do Conselho,de 18 de Setembro de 2000 relativa ao acesso à actividade dasinstituições de moeda electrónica e ao seu exercício, bem comoà sua supervisão prudencial.

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Gráfico 28Factores de liquidez e utilização das facilidades permanentes na área do euro em 2002(EUR mil milhões)

Fonte: BCE.

contas à ordemfactores autónomosreservas mínimas

facilidade permanente de cedência de liquidezfacilidade permanente de depósito

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170

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170

190

Factores de liquidez

-10

-5

0

5

10

-10

-5

0

5

1023 de Dezembro: 18.7

Facilidades permanentes

Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.

instituições de crédito fossem elegíveis paraparticipar em operações de mercado abertobaseadas em leilões normais, apenas 763apresentaram efectivamente propostas emuma ou mais OPR e 400 em uma ou maisORPA. Um grupo seleccionado de 141instituições de crédito era elegível paraoperações ocasionais de regularização. Emcomparação com a situação no final de 2001,o número total de instituições de créditosujeitas a reservas mínimas teve uma reduçãode 293, em resultado da continuação daconsolidação do sector bancário.

1.2 Gestão de liquidez

A gestão de liquidez do Eurosistemadesempenha um papel importante naexecução da política monetária única. Tempor base uma avaliação das necessidades deliquidez do sistema bancário, que resultamdas reservas mínimas, reservas excedentárias(definidas neste âmbito como as detençõesmédias em conta corrente durante o períodode manutenção menos as reservas mínimas)e factores autónomos. Estes referem-se àsrubricas dos balanços dos bancos centrais

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 200278

que não se encontram sob o controlo directodo banco central, como por exemplo, notasem circulação, depósitos da administraçãopública e disponibilidades líquidas sobre oexterior.

Embora os montantes das reservas mínimase das reservas excedentárias sejamnormalmente conhecidos com um graurelativamente elevado de precisão, osfactores autónomos são mais voláteis e maisdifíceis de prever para as contrapartes. Assim,o BCE publica semanalmente uma previsãodo montante médio dos factores autónomos,que se destina a ajudar as contrapartes apreparar as respectivas propostas para asoperações de mercado aberto. Em 2002, oerro absoluto médio dessas previsõesrelativamente aos montantes registados foide €1.8 mil milhões. Em 2001, o valorcorrespondente foi de €1.9 mil milhões.

Em geral, em 2002, o factor autónomo maisvolátil, e também mais difícil de prever, voltoua ser os depósitos da administração públicanos BCN. Contudo, depois da transição parao euro fiduciário em Janeiro de 2002, tambémforam sentidas dificuldades na previsão dasnotas em circulação. De facto, a procura dasnotas novas de euros foi mais forte do que oesperado pelo Eurosistema, enquanto,simultaneamente, as antigas notas nacionaisforam devolvidas um pouco mais lentamentedo que o previsto. Em consequência, emJaneiro de 2002 os erros nas previsões doEurosistema relativamente ao número totalde notas em circulação foram cerca de quatrovezes superiores à média. Para satisfazer aprocura inesperada de liquidez, que resultoudo aumento temporário na procura de notas,o Eurosistema realizou duas operações deregularização ocasional para cedência deliquidez. Além disso, o BCE disponibilizou,excepcionalmente, actualizações maisfrequentes das previsões publicadas sobre osfactores autónomos, a fim de alertar osparticipantes no mercado para a evoluçãoinvulgar das condições de liquidez. Em Marçode 2002, os erros de previsão das notas emcirculação tinham voltado ao normal.

Não obstante a avaliação geralmente positivado funcionamento do seu quadro operacionaldesde a introdução do euro em 1999, emOutubro de 2002 o Eurosistema lançou umaconsulta pública relativa a medidas técnicasdestinadas a melhorar a eficiência do quadrooperacional (ver Caixa 9).

1.3 Operações de mercado aberto

Em 2002, o Eurosistema realizou 53 OPRcom um volume médio de colocação de€67 mil milhões, cedendo 71% do volumetotal de refinanciamento. Estas operaçõesforam conduzidas sob a forma de leilõesde taxa variável com uma taxa mínimade proposta, tendo sido aplicado oprocedimento de leilão de taxa múltipla(“americano”). De acordo com esteprocedimento, as propostas superiores à taxade colocação marginal (a proposta mais baixaaceite) são satisfeitas na totalidade à taxa dejuro proposta, enquanto as propostas à taxamarginal são colocadas através de rateio. Emresultado do leilão de taxa variável e doprocedimento de leilão de taxa múltipla, astaxas de colocação (isto é, a taxa marginal ea taxa média ponderada) são normalmentemais elevadas do que a taxa mínima deproposta. Reflectindo a ausência de fortesexpectativas de aumento das taxas de juroem 2002, o diferencial médio entre a taxamarginal e a taxa mínima de propostamanteve-se algo reduzido, em 4.8 pontosbase. Além disso, tal como no ano anterior,o diferencial médio entre a taxa médiaponderada e a taxa marginal situou-se em1.4 pontos base, confirmando a continuaçãode um elevado grau de confiança e deprecisão entre as contrapartes na previsãodos volumes de colocação e das taxas.

O número médio de contrapartes queparticiparam nas OPR, em 2002, desceu 25%,para 307, embora o montante total licitadose tenha mantido, em média, quase duasvezes o dobro dos montantes colocados.Não existem sinais de que o menor númerode bancos que obtêm directamenterefinanciamento do Eurosistema tenha

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Caixa 9Consulta pública sobre medidas destinadas a aumentar a eficiência do quadrooperacional de política monetária

Em 7 de Outubro de 2002, o Eurosistema lançou uma consulta pública à comunidade bancária da área do euro,

relativa às medidas técnicas destinadas a melhorar a eficiência do quadro operacional da política monetária.

As três medidas propostas na consulta pública foram as seguintes:

(1) alteração do calendário do período de manutenção de reservas, de forma que este tenha sempre início no dia

da liquidação da OPR que se segue à reunião do Conselho do BCE para a qual está agendada a avaliação da

política monetária. Além disso, regra geral, a introdução de possíveis alterações nas taxas das facilidades

permanentes ocorre em simultâneo com o início de um novo período de manutenção de reservas;

(2) redução do prazo das OPR de duas semanas para uma semana; e

(3) suspensão das ORPA.

A alteração do calendário do período de manutenção de reservas destina-se a dar resposta a duas questões:

primeiro, reduzir o impacto das expectativas acerca das taxas de juro no comportamento de licitação das

contrapartes nas OPR e segundo, reduzir a probabilidade do período de manutenção de reservas ter início e

termo num dia de encerramento do TARGET, o que pode criar custos para os bancos na regularização da sua

gestão de liquidez através das facilidades permanentes.

A redução do prazo das OPR é uma medida complementar, que impedirá a sobreposição de uma OPR de um

período de manutenção de reservas com o seguinte e ser assim afectada por expectativas acerca das taxas de

juro para os períodos de manutenção de reservas futuros.

A suspensão proposta das ORPA destinava-se a promover a implementação flexível da política monetária.

A redução do interesse nestas operações tinha levantado a dúvida se elas ainda preenchiam o papel para o qual

foram criadas.

As respostas à consulta pública vieram de um vasto conjunto de instituições de crédito da área do euro, em

termos quer de localização quer de dimensão. Embora, em geral, se tenham mostrado favoráveis às duas

primeiras propostas, revelaram que as ORPA continuam a satisfazer as necessidades de gestão de liquidez de

muitas contrapartes do Eurosistema. Assim, a maior parte das respostas foi contra a terceira proposta.

O Conselho do BCE decidiu, em Janeiro de 2003, alterar o calendário do período de manutenção de reservas

e reduzir o prazo das OPR no primeiro trimestre de 2004. Contudo, o Conselho do BCE decidiu não suspender

as ORPA.

causado problemas ao sistema bancário daárea do euro no que respeita à afectação deliquidez do banco central entre os bancos.De facto, a concorrência por liquidez nasOPR, assim como no mercado overnight,mantém-se num nível elevado. A diminui-ção da participação em OPR resultaprovavelmente da consolidação em curso nosector bancário da área do euro, do aumento

da concentração das actividades de gestão detesouraria no seio dos grupos bancários e damaior eficiência do mercado monetário, quepode ter reduzido o número de contrapartesque pretendem obter liquidez directamentedo Eurosistema.

Além das OPR, o Eurosistema também realizaORPA, numa base regular. Estas são

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operações reversíveis de cedência de liquidez,com uma frequência mensal e um prazo detrês meses. Em média, ao longo do ano, asORPA disponibilizaram cerca de 29% dovolume total de refinanciamento. Aocontrário das OPR, as ORPA não são, emgeral, realizadas com a intenção de orientar asituação de liquidez ou sinalizar a orientaçãoda política monetária. Assim, foram realizadassob a forma de verdadeiros leilões de taxavariável, com volumes de colocação pré--anunciados, sendo aplicado o procedimentode leilão de taxa múltipla (“americano”).Enquanto o volume de colocação pré--anunciado ascendeu a €20 mil milhõesno primeiro semestre de 2002, o Conselhodo BCE decidiu em 10 de Julho de 2002reduzi-lo para €15 mil milhões no segundosemestre do ano. O número médio de bancosparticipantes em ORPA caiu para 186 em2002, representando uma descida de 17% facea 2001, principalmente pelas mesmas razõesatrás apontadas para as OPR.

Nas ORPA, a dispersão das propostas foigeralmente mais elevada do que nas OPR,sobretudo devido à ausência de uma taxamínima de proposta e ao prazo mais alargado.Em média, ao longo do ano, a taxa médiaponderada excedeu a taxa marginal em 1.9pontos base, face a 2.7 pontos base em 2001.O rácio de cobertura de propostas situou-seem média em 2.1, apesar da queda no númerode contrapartes participantes.

Como referido atrás, o Eurosistema conduziuduas operações ocasionais de regularizaçãode liquidez em 4 e 10 de Janeiro de 2002,destinadas a satisfazer a procura de liquidezsuperior à esperada causada pela transiçãopara o euro fiduciário. Estas operaçõesreversíveis overnight foram realizadas sob aforma de leilões de taxa variável, com umataxa mínima de proposta de 3.25%, ou seja, amesma taxa das OPR que as precederam. Naprimeira operação, foi colocado um montantede €25 mil milhões e participaram 61 bancos.Na segunda, foi colocado um montante de€40 mil milhões e participaram 63 bancos.As taxas marginal e média ponderadasituaram-se em 3.30% e 3.32%,

respectivamente, no primeiro leilão rápido,tendo descido para 3.28% e 3.30% nosegundo.

Além disso, em 18 de Dezembro, foiconduzida uma operação ocasional deregularização para cedência de liquidez comprazo de seis dias, sob a forma de leilão detaxa variável, com uma taxa mínima deproposta de 2.75%. Foram apresentadaspropostas por 50 contrapartes e foi colocadoum montante de €10 mil milhões, a uma taxamarginal de 2.80% e uma taxa médiaponderada de 2.82%. Esta operação destinou--se a reduzir a escassez de liquidez resultantedo facto das contrapartes, na última OPR doperíodo de manutenção de reservas, colocadano dia anterior, terem licitado abaixo dasnecessidades para cumprirem as reservasmínimas. Contudo, o montante colocado, quenão compensou integralmente a escassez deliquidez, tomou também em consideração oobjectivo do BCE de conservar os incentivospara as contrapartes efectuarem propostassuficientes nas OPR.

1.4 Facilidades permanentes

Existem normalmente duas razões pelas quaisas instituições de crédito recorrem àsfacilidades permanentes. Primeiro, se ocorrerum desequilíbrio de liquidez agregado, osistema bancário no seu conjunto temescassez ou excesso de liquidez relativamenteàs reservas mínimas agregadas. Caso essaescassez ou excesso de liquidez surjam apósa colocação da última OPR do período demanutenção, devem ser compensados pelorecurso agregado à facilidade permanente decedência de liquidez ou à facilidadepermanente de depósito. É de salientar queesses desequilíbrios agregados explicam osaumentos no painel inferior do Gráfico 28.Segundo, fluxos inesperados de pagamentosentre os bancos a nível individual no final dodia, quando o mercado monetário deixou deser líquido, podem levar ao recurso individualàs facilidades permanentes. Esse recurso podeocorrer em qualquer ocasião durante operíodo de manutenção se os fluxos de

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liquidez inesperados, por qualquer razão, nãopuderem ser automaticamente regularizadosatravés da cláusula de média das reservasmínimas.

Em 2002, verificou-se uma redução nautilização quer agregada quer individual dasfacilidades permanentes. A utilização dafacilidade permanente de cedência de liquideze da facilidade permanente de depósito foi,respectivamente, 32% e 64% menor do queem 2001. A diminuição da utilização agregadadas facilidades permanentes pode seressencialmente atribuída ao facto de apenaster havido uma situação, relativamentenegligenciável, de sublicitação em 2002, mastambém à melhoria da previsão dasnecessidades de liquidez do Eurosistema.A utilização individual das facilidadespermanentes tem vindo a diminuir gradualmentedesde o início de 1999, atingindo uma médiadiária de €0.1 mil milhões em 2002. Estaevolução reflecte provavelmente uma maioreficiência das contrapartes no que respeita àgestão de liquidez.

1.5 Reservas mínimas

O nível médio das reservas mínimas agregadaspara as instituições de crédito na área doeuro totalizou €129.9 mil milhões em 2002.Apesar de representar um aumento de€5.9 mil milhões face a 2001, verificou-seuma tendência global descendente ao longodo ano. O requisito de reserva agregadomais elevado foi de €131.7 mil milhõesno período de manutenção terminado em23 de Fevereiro de 2002 e o mais baixode €127.7 mil milhões no período demanutenção terminado em 23 de Outubro. Abase de incidência média mensal, que seencontra sujeita a um rácio de reserva de 2%,aumentou 3.5% face a 2001, ou seja, umataxa de crescimento significativamente maisbaixa do que a observada em anos anteriores.

Das 6 926 instituições de crédito que seencontravam sujeitas a reservas mínimas nofinal de 2002, 4 432 cumpriram os requisitosdirectamente, enquanto as outras os

cumpriram indirectamente através de umintermediário. As detenções em contacorrente dos bancos flutuaram entre€109.1 mil milhões e €161.7 mil milhões aolongo do ano, indicando que sempre existiuum amplo amortecedor contra retiradasinesperadas de liquidez (ver a parte superiordo painel do Gráfico 28). Principalmentedevido à cláusula de média das reservasmínimas, a volatilidade da EONIA (euroovernight index average) continuou a ser baixaem 2002. O desvio padrão das suas variaçõesdiárias foi de apenas 12 pontos base, que éum valor muito baixo face aos padrõesinternacionais, e tendo em consideração afrequência muito reduzida das operaçõesocasionais de regularização. Em 2001, o valorcorrespondente situava-se em 15 pontosbase. Em consequência, as duas principaisfunções das reservas mínimas, nomeadamentea estabilização das taxas de juro do mercadomonetário e o alargamento do déficeestrutural de liquidez do sector bancário,foram realizadas com êxito em 2002.

Ao longo de 2002, foram comunicados, emmédia, 28 casos de incumprimento dereservas mínimas por período de manutençãode reservas, correspondendo a umincumprimento médio diário de €10.5milhões. Metade dos referidos casos deincumprimento foram apenas em montantesnegligenciáveis, tendo sido aplicadas sançõesinferiores a €500. No entanto, verificaram-se também várias infracções bastantevolumosas e, durante o ano, 13 casos levarama multas num montante superior a €10 000.A maioria das instituições de crédito em faltareconheceu os erros, enquanto dezinstituições levantaram objecções queexigiram uma decisão por parte da ComissãoExecutiva do BCE.

1.6 Activos elegíveis

De acordo com os Estatutos do SEBC, todasas operações de crédito do Eurosistemadeverão estar cobertas por garantiasadequadas. O quadro de garantias doEurosistema foi concebido por forma a evitar

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que o Eurosistema incorra em perdas nassuas operações de política monetária e desistemas de pagamentos (ver tambémCapítulo III sobre medidas de controlo derisco), a assegurar um tratamento igual dascontrapartes e a melhorar a eficiênciaoperacional. São aplicados critérios deelegibilidade comuns relativamente àsgarantias aceites nas operações de créditorealizadas pelo Eurosistema. Em simultâneo,é prestada a devida atenção às diferenças depráticas e estruturas financeiras dos bancoscentrais em toda a área do euro e ànecessidade de assegurar suficientedisponibilidade de garantias adequadas nasoperações de crédito do Eurosistema. Oartigo 102.º do Tratado que institui aComunidade Europeia, proíbe o acessoprivilegiado às instituições financeiras porparte das instituições do sector público; nãopoderá, portanto, ser feita discriminação noquadro das garantias com base no estatutode sector público ou privado dos emitentes.

A fim de tomar em consideração as diferençasna estrutura financeira dos países da área do

euro, os activos elegíveis para as operaçõesde crédito do Eurosistema incluem umnúmero elevado de diferentes instrumentos.É feita uma distinção entre duas categoriasde activos elegíveis, referidas como activosda “Lista 1” e da “Lista 2”. Esta distinção nãotem implicações na respectiva elegibilidadepara os vários tipos de operações de políticamonetária do Eurosistema, excepto quenormalmente os activos da Lista 2 não sãoutilizados pelo Eurosistema em transacçõesdefinitivas (actualmente não realizadas). Osactivos da Lista 1 são constituídos porinstrumentos de dívida negociáveis quepreenchem os critérios de elegibilidadeuniformes especificados pelo BCE. Os activosda Lista 2 são activos com importânciaparticular para os mercados financeiros esistemas bancários nacionais, para os quaissão estabelecidos critérios de elegibilidadepelos BCN em conformidade com os critériosde elegibilidade mínima. Os critérios deelegibilidade nacionais específicos dos activosda Lista 2 encontram-se sujeitos à aprovaçãodo BCE. Os activos da Lista 2 podem serinstrumentos de dívida negociáveis ou não

Gráfico 29Activos elegíveis da Lista 1 para operações de crédito do Eurosistema(dados em fim de mês; EUR mil milhões)

Fonte: BCE.

empresasinstituições de créditoadministração pública

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1999 2000 2001 2002Mar. Jun. Set. Dez. Mar. Jun. Set. Dez. Mar. Jun. Set. Dez. Mar. Jun. Set. Dez.

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negociáveis ou podem ser títulos departicipação.

Uma parte significativa dos activos da Lista 1(que inclui apenas instrumentos de dívida) éconstituída por obrigações da administraçãopública (isto é, activos emitidos pelaadministração central, estadual e local e porfundos da segurança social) e por títulos dotipo “Pfandbrief” emitidos por instituiçõesde crédito e garantidos por hipotecasimobiliárias ou pela dívida do sector público.Em conjunto, os títulos de dívida pública e ostítulos do tipo “Pfandbrief” constituem a fontemais abundante de activos elegíveis (verGráfico 29). Outros tipos de activos incluídosna Lista 1 são títulos emitidos por instituiçõesinternacionais e supranacionais e títulos dosector privado (isto é, obrigações nãogarantidas emitidas por instituições decrédito, obrigações emitidas por empresas etítulos garantidos por activos excepto títulosdo tipo “Pfandbrief”). Em particular, asobrigações emitidas por empresas registaramum aumento assinalável a partir de 1999.Além de títulos negociáveis, a Lista 2 éconstituída por instrumentos de dívida nãonegociáveis, tais como, empréstimosbancários, letras e notas promissóriascobertas por hipoteca.

O montante total dos activos da Lista 1elegíveis como garantia para as operações decrédito do Eurosistema totalizou €6 900 milmilhões no final de 2002, face a €6 600 milmilhões no final de 2001. O montante totalde activos transaccionáveis da Lista 2 desceude €340 milhões em 2001 para €265 milhõesem 2002, principalmente devido à evoluçãodo mercado accionista3. Em termos gerais,os activos da Lista 1 representaram umaproporção crescente dos activos elegíveis(96% no final de 2002).

O montante total de activos depositado pelascontrapartes como garantia das operaçõesde crédito do Eurosistema ascendia a €700mil milhões no final de 2002, face a €720 milmilhões no final de 2001. Em geral, apercentagem de instrumentos de dívidaemitidos por instituições de crédito no total

3 Os saldos de instrumentos de dívida são apresentados emvalores nominais enquanto os títulos de participação sãoavaliados a preços de mercado.

manteve-se estável, em 52%, tal como em2001. Foi observada uma trajectóriasemelhante, se bem que a um nível inferior,no que respeita à percentagem de obrigaçõesde empresas, enquanto a percentagem deemissões pelo sector público diminuiu. Apercentagem de empréstimos bancáriosnão transaccionáveis tem-se mantidorelativamente estável, em cerca de 4% detodos os activos depositados durante osúltimos quatro anos.

As contrapartes do Eurosistema podemutilizar activos elegíveis numa basetransfronteiras, isto é, podem obter fundosdo BCN do país no qual se encontramestabelecidas, utilizando activos localizadosem outro país da área do euro. De modo apermitir a utilização transfronteiras degarantias em todos os tipos de operações decedência de liquidez do Eurosistema,encontram-se disponíveis o modelo de bancocentral correspondente (MBCC) e as ligaçõesentre os sistemas de liquidação de títulos(SLT), que têm sido positivamente avaliadosde acordo com os padrões do Eurosistema.O MBCC pode ser utilizado para todos osactivos elegíveis, incluindo activos nãotransaccionáveis ou activos da Lista 2 comliquidez restrita e características especiais,que não podem ser transferidos através deum SLT (ver Capítulo VII). A percentagemdas garantias transfronteiras nas garantiastotais depositadas para operações de créditodo Eurosistema tem vindo a aumentarsubstancialmente, de 9% em Abril de 1999para 33% no final de 2002 (ver Gráfico 30).Este aumento envolve todos os tipos deactivos, em especial os emitidos porinstituições de crédito e por empresas. Agestão e publicação da lista completa deactivos elegíveis para as operações de créditodo Eurosistema é efectuada de formacentralizada pelo BCE, onde se encontratambém a Base de Dados dos ActivosElegíveis. Os BCN remetem informações aoBCE sobre os activos elegíveis emitidos nos

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Gráfico 30Utilização de garantias em operações de crédito do Eurosistema(dados em fim de mês; EUR mil milhões)

Fonte: BCE.

activos nacionais da Lista 1activos transfronteiras da Lista 1activos transaccionáveis nacionais da Lista 2activos não transaccionáveis nacionais da Lista 2

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0

1999 2000 2001 2002Mar. Jun. Set. Dez. Mar. Jun. Set. Dez. Mar. Jun. Set. Dez. Mar. Jun. Set. Dez.

respectivos mercados nacionais. Os activossó são considerados elegíveis para asoperações de crédito do Eurosistema quandoaparecem na lista publicada pelo BCE. DesdeJunho de 2002, o BCE tem vindo a coligirdiariamente dados, disponibilizando-os nasecção “MFIs and Eligible assets”, na sua páginana Internet. Os interessados podem tambémsolicitar as actualizações ou a lista completade activos elegíveis em formato electrónico.O novo procedimento de actualizaçãoaumentou a qualidade, eficácia e fiabilidadedo serviço prestado às contrapartes peloEurosistema.

1.7 Actividade no mercado monetário

A introdução do euro conduziu à criação deum mercado monetário amplo, líquido eintegrado em toda a área do euro,particularmente nos segmentos do créditosem garantia (por exemplo, crédito semgarantia e swaps cambiais). Em 2002, foramigualmente realizados progressos no segmento

do crédito garantido (por exemplo, para asoperações de reporte e títulos de curto prazo),o segmento do mercado monetário que temtido o maior atraso até à data.

O mercado das operações de reporte doeuro tem evoluído em termos quer dedimensão quer de estrutura, tornando-senuma alternativa sólida aos empréstimos nãogarantidos ou à emissão de títulos de curtoprazo. A utilização de operações de reportepara obter financiamento tem-se difundido aum vasto leque de participantes no mercadofinanceiro. A maioria das operações dereporte são realizadas tendo por baseobrigações soberanas, mas tem-se verificadouma diversificação do tipo das garantias.Existe igualmente uma tendência generalizadapara a aceitação de um cabaz mais alargadode obrigações soberanas nas operações dereporte de “garantias gerais”, reforçada pelolançamento do índice EUREPO em Março de2002, que é um referencial para o mercadode operações de reporte de “garantias gerais”do euro. No entanto, apesar dos

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4 “The Euro Money Market Study 2001”, Dezembro de 2002.

consideráveis progressos realizados, aintegração dos mercados de reporte nacionaisnum mercado unificado é ainda um processolento e complexo.

No segmento dos títulos de curto prazo, quese caracteriza por um menor grau dedesenvolvimento e integração, foi lançadauma iniciativa pelo ACI-STEP (Short-termEuropean Paper Task Force), instituído pelaACI – Associação dos Mercados Financeiros,para melhorar a situação actual. Este grupode acção já efectuou diversas recomendações.Em nome da ACI, o BCE efectuou umaconsulta pública sobre o modo como osmercados de títulos de curto prazo europeuspoderiam ficar mais integrados, cujosresultados serão divulgados em 2003.

O terceiro relatório do SEBC sobre aestrutura e o funcionamento do mercado

monetário do euro4, baseado em dadoscompilados pelos bancos em 2001, revelouque o crescimento global da actividade nomercado monetário prosseguiu, embora auma taxa inferior à dos anos anteriores. Noque respeita ao segmento não garantido, osdados não indicaram uma tendência clara nomovimento, mas confirmaram que aactividade se concentrou no segmentoovernight e em prazos até um ano. Nosegmento garantido, o crescimento dovolume de transacções prosseguiu em 2001.Nos segmentos dos derivados de balcão, ocrescimento mais rápido foi registado pelataxa de juro dos swaps e dos swaps cruzados.Por último, a actividade relativa às taxas dejuro dos futuros, opções e títulos de curtoprazo denominados em euros aumentousignificativamente.

2 Operações cambiais e gestão das reservas externas e fundospróprios do BCE

2.1 Operações cambiais

Em 2002, o BCE não realizou nenhumaintervenção no mercado cambial por suainiciativa. No entanto, em 28 de Junho, oBCE realizou operações no mercado cambialem nome do Banco do Japão, ao abrigo doacordo de representação entre estainstituição e o BCE, actuando como agentedo Ministério das Finanças japonês.

O acordo permanente entre o BCE e o FundoMonetário Internacional (FMI) para facilitar oinício das transacções de direitos de saqueespeciais (DSE) pelo FMI em nome do BCEcom outros detentores de DSE, foi accionadouma vez em 2002.

2.2 Gestão das reservas externas

O objectivo da gestão das reservas externasdo BCE consiste em garantir que, emqualquer momento, o BCE dispõe de ummontante de recursos líquidos suficiente para

qualquer intervenção cambial, sempre que equando o Conselho do BCE decidir que talse torna necessário. A liquidez e a segurançasão, assim, os requisitos básicos para oinvestimento das reservas externas do BCE.Sujeitas a estas restrições, as reservasexternas do BCE são geridas de forma amaximizar o seu rendimento.

No final de 2002, os activos líquidos dereserva externa do BCE ascendiam a €43.2mil milhões, face a €46.8 mil milhões nofinal de 2001. Esta alteração reflecteprincipalmente a apreciação do euro em 2002.O BCE pode exigir novas contribuições emactivos de reserva externa dos BCN da áreado euro, nas condições definidas na legislaçãosecundária da Comunidade Europeia (isto é,Regulamento (CE) N.º 1010/2000 doConselho, de 8 de Maio de 2000 relativo anovas contribuições em activos de reservaexigidos pelo Banco Central Europeu).

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As reservas externas do BCE são geridas deforma descentralizada pelos BCN da área doeuro, com base em linhas orientadoras doinvestimento e num referencial estratégicoestabelecidos pelo Conselho do BCE, bemcomo num referencial táctico decidido pelaComissão Executiva. Além da composição pordivisas, o BCE define quatro parâmetros--chave para o investimento das suas reservasexternas: primeiro, um referencial deinvestimento a dois níveis (ou seja, umreferencial estratégico e outro táctico) paracada moeda; segundo, desvios permitidos facea esses referenciais em termos de risco detaxa de juro; terceiro, uma lista deinstrumentos e operações elegíveis; e, quarto,limites à exposição ao risco de crédito (verCapítulo III). Os BCN utilizam a margem demanobra proporcionada pelas bandas dedesvio e os limites de risco para maximizar orendimento das suas carteiras relativamenteao referencial táctico, sujeitos aoacompanhamento do BCE. Na condução daactividade de investimento do BCE, os BCNactuam em nome do BCE, de forma delegada,de modo a que as contrapartes do BCEpossam distinguir as operações efectuadaspelos BCN em nome do BCE, das efectuadaspelos BCN em seu nome próprio.

O Conselho do BCE definiu a composiçãopor divisas das reservas externas do BCE,que consistem principalmente em dólares dosEUA, mas também em ienes japoneses, ouroe DSE. A composição por divisas tem porbase estudos sobre a afectação óptima pormoeda e as necessidades operacionais futuras,sendo que o Conselho do BCE a pode alterarse e quando considerar adequado. Os activosem ouro do BCE continuam a não ser geridosde forma activa, em linha com o Acordo entreBancos Centrais sobre o Ouro, de 26 deSetembro de 1999. Este acordo estipula,nomeadamente, que os signatários nãoaumentarão a sua actividade no crédito,contratos de futuros e mercados de opçõesem ouro.

Os BCN gerem as reservas externas do BCEde acordo com as Orientações e Instruçõesdo BCE. Além disso, gerem as suas próprias

reservas cambiais da forma que consideramadequada. As suas operações em moedaestrangeira estão sujeitas, acima de certoslimites, a notificação ou aprovação do BCE,de modo a assegurar consistência com apolítica monetária do BCE.

Desde o seu lançamento, este quadro temfuncionado de forma satisfatória, sendopermanentemente prosseguidos trabalhoscom o objectivo de melhorar as técnicas degestão de risco e de carteira. Foi concluídacom êxito no primeiro trimestre de 2002, aintrodução do mercado monetário e defuturos de obrigações para a gestão dasreservas externas, em linha com oalargamento progressivo do conjunto deinstrumentos de investimento e paramelhorar a eficiência da tomada de posições.

O BCE publica mensalmente na sua página naInternet, com o desfasamento de um mês,dados sobre as reservas internacionais e aliquidez em moeda estrangeira, quer para oBCE quer para o Eurosistema, emconformidade com o Padrão Especial deDivulgação de Dados (Special DataDissemination Standard) do FMI. Estapublicação complementa a informaçãodisponibilizada na situação financeiraconsolidada do Eurosistema, publicadasemanalmente na página do BCE na Internet.

2.3 Gestão dos fundos próprios

O capital do BCE tem como principalobjectivo funcionar como fundo de reservapara fazer face a perdas eventuais. Além disso,a gestão dos fundos próprios do BCE deveráter como objectivo gerar receitas acima dataxa média ponderada de colocação nas OPRa longo prazo.

No final de 2002, a carteira de fundospróprios do BCE ascendia a €5.6 mil milhões,face a €4.8 mil milhões no final de 2001. Estamudança reflecte, em parte, a transferênciade uma parcela do lucro operacional total doBCE em 2001 para o fundo de reserva geral,que constitui uma parte dos fundos próprios.

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Além do aumento no fundo de reserva geral,a variação no montante da carteira de fundospróprios ao longo de 2002 também reflectiuas receitas de juros e a variação no valor demercado dos activos da carteira.

Os órgãos de decisão do BCE determinamquatro parâmetros-chave para o investimentodos seus fundos próprios nos mercadosobrigacionistas europeus: primeiro, umreferencial estratégico de investimento;segundo, um desvio permitido face a essereferencial em termos de risco de taxa dejuro; terceiro, uma lista de instrumentos eoperações elegíveis; e, quatro, limites àexposição ao risco de crédito. O BCE utilizaentão a margem de manobra proporcionadapelas bandas de desvio e os limites de riscopara maximizar o rendimento da carteira defundos próprios.

Em face do seu objectivo e dos parâmetros--chave atrás referidos, os fundos própriossão sobretudo investidos em obrigações dedívida pública da área do euro e em algumasoutras obrigações garantidas, com elevadanotação. Determinados futuros de obrigaçõese operações directas de crédito de títulos daárea do euro tornaram-se também elegíveisem 1999, tendo sido implementado em 2001um programa de empréstimo automático detítulos para fundos próprios. Além disso, oBCE, em 2002, continuou a diversificar osseus investimentos de rendimento fixo,canalizando-os para emitentes não soberanosde elevada qualidade, com o objectivo demelhorar o perfil de risco/rendimento dacarteira de fundos próprios.

2.4 Organização da gestão das reservasexternas e dos fundos próprios doBCE

Em Dezembro de 2001, as actividades degestão de carteira do BCE foram parcialmentereorganizadas pela Comissão Executiva, comefeito a partir de 1 de Janeiro de 2002. Asactividades de gestão das reservas externas edos fundos próprios do BCE passaram a estarconcentradas numa única Divisão, com oobjectivo de maximizar as sinergias entreestas duas áreas e reforçar a “muralha daChina” (Chinese wall) entre operações depolítica monetária e actividades deinvestimento.

Para além do reforço da “muralha da China”,foram postos em prática novosprocedimentos para assegurar que asactividades de investimento do BCE nãointerferem com a sua política monetária.Primeiro, não existem transacções activas demoeda estrangeira e, segundo, os fundospróprios do BCE são geridos numa base semi--passiva, de modo a evitar quaisquer sinaisque possam erradamente ser interpretadoscomo estando relacionados com a políticamonetária, especialmente se estiveremenvolvidas transacções do mercadomonetário.

Além da melhoria introduzida na estruturaorganizativa, referida atrás, estão em cursotrabalhos destinados a aumentar a eficiênciadas actividades de gestão de carteira do BCE,por exemplo, através da introdução deplataformas para transacções electrónicas.As funcionalidades do sistema TI da gestãode carteira também foram novamentemelhoradas, especialmente na área da gestãode garantias.

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Aachen, 9 de Maio de 2002

Willem F. Duisenberg, Presidente do BCE, recebe o Prémio Internacional Carlos Magno deAachen, de 2002, atribuído ao euro, na cerimónia realizada na Câmara Municipal Histórica deAachen

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Capítulo III

Gestão de risco

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1 Análise geral

O BCE possui um quadro de gestão de riscopara a medição, acompanhamento e reportede todos os riscos resultantes das operaçõesfinanceiras e de política incorridos peloBCE directamente ou pelos 12 BCN doEurosistema em nome do BCE. A função degestão de risco do BCE é responsável pelaintegração de todo o processo de políticas,procedimentos e sistemas que o BCE tem emfuncionamento para gerir estes riscos.

O quadro de gestão de risco do BCE incidesobre duas áreas principais: operações depolítica e operações de investimento. Aprimeira área incide sobre o risco associadoàs operações de política monetária e dossistemas de pagamentos do Eurosistema(principalmente através da cedência deliquidez intradiária via sistema TARGET). Asegunda incide sobre os riscos associados à

gestão dos activos de reserva externa e dosfundos próprios do BCE.

Para evitar conflitos de interesse, e em linhacom as melhores práticas, o processo demedição, acompanhamento e reporte de riscono BCE é associado a uma linha directa dereporte à Comissão Executiva, separada dasfunções sujeitas a risco.

O quadro de gestão de risco do BCEfuncionou de forma eficiente em 2002,continuando o desempenho positivo globalregistado deste o início da União Monetária.Este sucesso reflecte o compromisso do BCEde construir e manter uma cultura de gestãode risco forte e pró-activa, essencial para asua reputação e credibilidade a longo prazo.

2 Operações de política

Nas operações de política (isto é, operaçõesde política monetária e de crédito dossistemas de pagamentos), o Eurosistemaincorre num risco quando uma contrapartenuma transacção não está em posição decumprir as suas obrigações de crédito. Esterisco de crédito é atenuado pela exigência degarantias adequadas para assegurar o créditoconcedido. Embora a constituição de garantiaspara o crédito minimize o risco de perdafinanceira por incumprimento da contraparte,não o elimina completamente. A constituiçãode garantias transforma o risco de créditoem riscos de mercado ou de liquidez ou, poroutras palavras, o risco de executar asgarantias com perdas, depois de oscilaçõesadversas do mercado ou de umacontecimento relacionado com a liquidez. Oquadro de gestão de risco em funcionamentopretende gerir de forma eficiente ospotenciais riscos de mercado e de liquidez aque o Eurosistema poderá estar exposto naexecução da garantia de uma contraparte emincumprimento numa operação de política.

O quadro também sublinha de formaveemente a avaliação da qualidade do créditodas garantias elegíveis para operações depolítica, por esta ser essencial para atenuar orisco de crédito. Todos os activos utilizadoscomo garantias elegíveis nas operações decrédito do Eurosistema têm de cumprircertos critérios comuns, como definido noquadro de garantias. Um importante critériode elegibilidade estabelece que os activosutilizados como garantia nas operações decrédito do Eurosistema têm de cumprirelevados padrões de crédito. A função degestão de risco do BCE é responsável pelaavaliação e acompanhamento das diferentesfontes de informação de risco de créditoutilizadas pelo Eurosistema na avaliação dospadrões de crédito utilizados para conferirelegibilidade aos activos financeiros. Alémdisso, é responsável pelo aconselhamentosobre o nível mínimo exigido para a qualidadedo crédito das novas classes de activos queocasionalmente são propostas para inclusãono fundo de garantia elegível do Eurosistema.

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Devido às diferenças existentes entre osEstados-Membros no que respeita à estruturafinanceira, e para efeitos internos doEurosistema, é feita uma distinção entre asduas categorias de activos elegíveis para as

operações de crédito do Eurosistema. Estasduas categorias são referidas como activosda “Lista 1” e da “Lista 2” (ver Capítulo II).

3 Quadro de gestão de risco das operações de política

O quadro para a gestão dos riscos associadosàs operações de política do Eurosistema temtrês componentes principais, nomeadamenteo controlo de risco das garantias, osprincípios de valorização e a avaliação dorisco de crédito das garantias.

Controlo de risco das garantias

Tanto os activos da Lista 1 como os da Lista2 estão sujeitos a medidas de controlo derisco. Estas são aplicadas aos activosutilizados como garantia nas operações decrédito do Eurosistema de modo a protegê--lo contra o risco de perdas financeiras se asgarantias tiverem de ser executadas devidoao incumprimento de uma contraparte. Aoexecutar as garantias, o Eurosistema recuperaa liquidez cedida, sendo nesta situação queincorre nos riscos de mercado e de liquidezassociados às garantias. Para controlar estesriscos, o Eurosistema continuou a ter à suadisposição, em 2002, margens iniciais,margens de avaliação, margens de variação,limites em relação a emitentes/devedores ougarantes, bem como garantias adicionais,tendo utilizado as três primeiras ferramentasao longo do período.

A fim de obter um nível adequado de controlode risco, é feita, de acordo com as melhorespráticas de mercado, uma avaliação deparâmetros como a evolução de preçospresente e potencial e as volatilidades depreços relacionadas. São utilizadas medidasdo valor em risco para calcular as margensde avaliação necessárias para reflectir a perdamáxima de valor de mercado que, em termoshistóricos, poderia ser provocada porgarantias para um determinado nível deconfiança estatística ao longo de um certo

período. As medidas adicionais utilizadas paracalibrar as margens de avaliação incluemtestes retrospectivos e testes de esforço.

O Eurosistema aplica as margens de avaliaçãode acordo com o tipo de activo, prazoresidual e estrutura do cupão. As margens deavaliação são aplicadas deduzindo umadeterminada percentagem ao valor demercado do activo. São aplicadas margensiniciais ao montante de crédito e são obtidosvalores de cobertura adicionais simétricos,ou margens de variação, sempre que asgarantias não cumpram os requisitos degarantia. Os valores de cobertura adicionaispodem ser cumpridos quer através dacedência de activos adicionais, quer por meiode pagamentos em numerário.

Em 2002, foram utilizados novamente trêsgrupos de margens de avaliação para os activosda Lista 1: instrumentos de taxa fixa, de taxavariável e de taxa variável inversa. As margensde avaliação aplicadas aos activos da Lista 2reflectem os riscos específicos associados aesses activos e são, pelo menos, tão rigorosascomo as margens aplicadas aos activos daLista 1. As margens iniciais e as margens deavaliação são aplicadas aos activos da Lista 2 deforma idêntica aos activos da Lista 1. Existemquatro grupos diferentes de margens deavaliação para os activos da Lista 2, reflectindodiferenças nas suas características intrínsecase liquidez. Em 2002 levou-se a cabo aincorporação do risco de liquidez nas margensde avaliação dos activos da Lista 1.

Princípios de valorização

Os activos utilizados como garantia estãosujeitos a uma valorização diária e os BCN

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procedem ao cálculo do valor requerido aosactivos subjacentes numa base diária,considerando os princípios de valorizaçãoexigidos pelo Eurosistema.

Relativamente aos activos transaccionáveis daLista 1 e da Lista 2, é seleccionado ummercado de referência único como fonte depreços, o que define o preço maisrepresentativo no mercado de referência.Esta fonte do preço de referência é utilizadapara valorizar as garantias seguindo umaabordagem “a preços de mercado”. Se forcotado mais do que um preço, será utilizadoo preço mais baixo. Para os activos nãotransaccionáveis da Lista 2 ou para os activostransaccionáveis que não são transaccionadosnormalmente, pelo que não é possível acotação a preços de mercado, foi adoptadauma estratégia “a preços de modelo” combase no valor actualizado dos fluxos derendimentos futuros. O desconto tem porbase uma curva adequada de cupão zero, equaisquer diferenças no risco de crédito entreos emitentes são explicitamente consideradasatravés de diferenciais (spreads) no crédito.Em 2002 deu-se início ao reforço dosmétodos de valorização de modo a satisfazera necessidade de valorização diária degarantias utilizando valorizações representativas.Neste futuro sistema de valorização, prestar--se-á especial atenção à melhoria dos métodosde valorização teórica e à realização deverificações para assegurar uma valorizaçãorepresentativa aquando da utilização de preçosde mercado.

Avaliação do risco de crédito

Os activos utilizados como garantia nasoperações de crédito do Eurosistema devemcumprir elevados padrões de crédito. Sãoexigidas garantias com uma elevada qualidadede crédito para atenuar o risco de créditodecorrente da cedência de liquidez peloEurosistema a uma contraparte. Quando seconsidera que as garantias não implicamqualquer risco de incumprimento (porexemplo, as obrigações de dívida pública), aconstituição de garantias é uma forma de

transformar o risco de crédito em risco demercado (com a gestão com controlos derisco como acima descrito), dado que acontraparte em risco de incumprimentofornece um activo desprovido deste tipo derisco para garantir a sua posição. Mesmoquando as próprias garantias são passíveis deincumprimento (como as obrigações deempresas), o risco de crédito é fortementeatenuado se a qualidade de crédito dasobrigações for suficientemente elevada.

Na avaliação do padrão de risco dosinstrumentos de dívida, o BCE considera,nomeadamente, as notações de créditodisponibilizadas pelas agências de notação e ospróprios sistemas de avaliação de crédito dosBCN, bem como determinados critériosinstitucionais, a fim de assegurar uma protecçãoparticularmente elevada dos detentores,incluindo garantias. O Eurosistema não aceitacomo activos subjacentes os instrumentos dedívida emitidos ou garantidos pela contraparte,ou por qualquer outra entidade com a qual acontraparte tenha estreitas ligações. A qualidadede crédito dos activos elegíveis éconstantemente controlada a fim de verificarque é equivalente pelo menos ao nível mínimode solidez financeira especificado peloEurosistema.

O BCE actua como o responsável pelaavaliação a nível do Eurosistema no que dizrespeito à análise da elegibilidade dasempresas de notação que classificam asgarantias. O BCE aplica diversos critérios noprocesso de avaliação, no qual a independênciae a credibilidade são elementos-chave. O BCEacompanha igualmente a avaliação efectuadapelos sistemas de avaliação de crédito dos BCN,e, ocasionalmente, pelas empresas de notaçãonacionais que classificam activos nacionais daLista 2. Em 2002, o BCE continuou o esforçode melhoria da comparabilidade dasdiferentes fontes de avaliação do créditoutilizadas para classificar as garantias e aanálise de novas fontes de informação sobrea avaliação de crédito, seguindo o impactoprevisível das propostas do Comité deBasileia relativamente ao novo Acordo deCapital de Basileia.

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4 Operações de investimento

O BCE tem dois tipos de investimento:primeiro, uma carteira de reservas compostapor activos em reservas externas, ouro edireitos de saque especiais (DSE) e segundo,uma carteira de investimento em euros(os “fundos próprios” do BCE). Nestasactividades de investimento, o BCE encontra--se exposto a um conjunto de riscos. Nasoperações de investimento, o BCE incorreem riscos de mercado decorrentes demovimentos adversos das taxas de juro, dastaxas de câmbio e de outros preços deactivos, como ouro. Além disso, o BCEencontra-se exposto ao risco de liquidez. Orisco de liquidez é uma consideraçãofundamental para a carteira de activos emreservas externas, sendo que um dos seusobjectivos primordiais é a disponibilidade deactivos altamente líquidos para a utilizaçãopotencial numa intervenção nos mercadoscambiais. Por último, os investimentos doBCE encontram-se expostos ao risco decrédito. O quadro de controlo de risco doBCE para as operações de investimentoestabelece as políticas, sistemas e ferramentaspara a gestão destes riscos.

Os activos em reservas externas sãodenominados em dólares dos EUA e ienes

japoneses, sendo geridos activamente pelosBCN do Eurosistema em nome do BCE. Oprincipal objectivo da detenção desta carteiratem a ver com a sua potencial utilização numaintervenção nos mercados cambiais. Asposições em ouro não são objecto de umagestão activa, em conformidade com oAcordo entre Bancos Centrais sobre o Ourode 26 de Setembro de 1999.

Os “fundos próprios” do BCE (ou seja, acarteira doméstica) são geridos por umaequipa de gestores de carteira no BCE. Estesinvestimentos são concebidos para fornecerao BCE uma reserva para fazer face apossíveis perdas e gerar ganhos a longo prazosobre os fundos investidos acima da taxamédia das operações principais derefinanciamento do BCE.

A solidez financeira e a reputação do BCEdependem da gestão adequada da carteira deinvestimento. Está em funcionamento umaestrutura de gestão de risco independente daunidade “sujeita a riscos”. A independênciada função de gestão de risco é inerente àestrutura organizativa do BCE.

5 Quadro de gestão de risco para as operações de investimento

O quadro para a gestão dos riscos associadosàs operações de investimento do BCEtem três componentes inter-relacionadas,nomeadamente as medidas de gestão de risco,a análise do desempenho do investimento eo quadro analítico de afectação de activos.

Medidas de gestão de risco e cumprimento

Como o BCE se encontra exposto ao riscode mercado, de crédito e de liquidez, aexposição a estes riscos e o cumprimentodos parâmetros de risco são acompanhadosnuma base diária. Este acompanhamentoindependente é inerente ao quadro de

investimento. As principais medidas de riscode mercado observadas são a duraçãomodificada e o Valor em Risco. Ocumprimento de um conjunto de limites dacontraparte e da classe de activos faz partedo sistema de gestão de risco de crédito doBCE. Todas as contrapartes elegíveis têm decumprir critérios de notação mínimos esatisfazer certas restrições operacionais. Operfil de liquidez dos investimentos é tambémobjecto de acompanhamento diário. Todosos activos elegíveis têm de cumprir oscritérios de liquidez acordados. Estão emvigor procedimentos claros para o reporte etratamento de quaisquer incumprimentos doquadro.

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Em 2002 continuaram os esforços para acriação de uma plataforma de TI abrangentepara reunir todas as aplicações de gestão derisco e complementar o actual sistema dotesouro. Por último, como o universo deinvestimento se alargou para o BCE e, deacordo com os desenvolvimentos do sectorde gestão de activos, iniciaram-se os trabalhospara o estabelecimento e atribuição de limitesde valor em risco relativos aos gestores decarteira. A entrada em funcionamento desteconceito implicará novas exigências tantopara os gestores de risco como para osgestores de carteira.

Análise do desempenho do investimento

A medição e análise do desempenho constituiuma grande parte do trabalho de gestão derisco. O desempenho mensal é calculado paratodas as carteiras. Além disso, preparam-serelatórios de desempenho anuais e semestraisanalíticos e mais pormenorizados, os quaissão apresentados ao Conselho do BCE.

As fontes de desempenho relativas aosreferenciais de investimento são tambémidentificadas e fornecem, em retorno,informações úteis aos gestores de carteira.A agregação destes dados durante períodosmais longos permite tirar conclusões maispormenorizadas. Esta análise pode tambémser útil para os decisores de política aquandoda decisão sobre qualquer modificação doquadro de investimento. A utilização de váriasclasses de activos e diferentes posições decrédito nas carteiras é igualmente analisadade modo a aprofundar a compreensão dodesempenho. Estão em curso trabalhos sobre

novas melhorias e um aperfeiçoamento dosistema de atribuição de desempenho, o queenriquecerá a análise ex post do desempenhoe permitirá aos decisores de política reflectirsobre tendências e padrões claros.

Quadro analítico para a afectação deactivos

Este quadro de afectação de activos é a pedraangular do processo de investimento do BCE.A incidência principal faz-se sobre umaafectação óptima por moeda dos activos emreservas externas e uma afectação óptima deactivos por cada carteira de moeda. Todosestes factores se reflectem em referenciaisestratégicos, os quais são concebidos parareflectir as preferências de longo prazo risco/rendimento do BCE. Os referenciais sãocruciais para o desempenho de investimentodo BCE, uma vez que são os principaisfactores determinantes dos rendimentosobtidos.

O objectivo da afectação de activos é maximizaros rendimentos, sujeito a restriçõespreviamente acordadas. Consideráveis recursossão dedicados ao desenvolvimento dametodologia utilizada no processo de afectaçãode activos. Para a análise de 2002, um modeloeconométrico construído para o efeito foiutilizado para calcular os rendimentos esperadosdas classes de activos para utilização noexercício de optimização. Dada a importânciado exercício de afectação de activos para oBCE, a metodologia encontra-se sujeita arevisões periódicas, procurando-se melhoriascontínuas.

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Jovens visitam o BCE

13 de Maio de 2002

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Capítulo IV

Evolução económica

nos outros países da

União Europeia

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 200298

O Eurosistema e os BCN dos países da UE nãoparticipantes colaboram estreitamente noâmbito do Conselho Geral do BCE, com oobjectivo de contribuir para a manutenção daestabilidade de preços no conjunto da UE. Aanálise regular das condições macroeconómicas,bem como das políticas monetária e cambial, éparte integrante do exercício de coordenaçãoentre o Eurosistema e os três BCN queactualmente não participam na políticamonetária única. Embora estes BCN conduzamas suas políticas monetárias em diferentesenquadramentos institucionais e operacionais,o objectivo primordial da política monetária éem todos eles a manutenção da estabilidade depreços.

Dinamarca

A economia dinamarquesa registou umamelhoria moderada em 2002, com umcrescimento do PIB real de 1.6%, face a 1.4%

em 2001 (ver Quadro 11). O crescimento doPIB real em 2002 foi motivado sobretudo pelaprocura interna, nomeadamente pelo consumoprivado, que aumentou em linha com o maiorrendimento disponível real. O pacote Whitsunde 1998, um pacote de reforma fiscal concebidoprincipalmente para aumentar a poupançaprivada, foi implementado em pleno em 2002. Aevolução dos preços da habitação em termosreais não teve um impacto significativo noconsumo privado, enquanto a descida dospreços das acções teve um limitado efeitoriqueza negativo. O investimento fixo, emparticular em transportes e máquinas, e oconsumo público também contribuíram para ocrescimento durante o ano. Embora ocontributo das exportações líquidas para ocrescimento do PIB real tenha registado umamoderação em 2002, é de realçar a continuaçãodo dinamismo das exportações no contexto dafragilidade da procura mundial. A taxa dedesemprego manteve-se baixa, em 4.5%.

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2002 2002 2002 2002T1 T2 T3 T4

PIB real 3.0 2.5 2.6 2.8 1.4 1.6 1.2 3.0 1.1 0.9

Contribuição para o crescimento do PIB real: 1)

Procura interna real incluindo existências 4.6 3.9 0.1 1.9 0.7 1.0 0.8 1.5 1.1 0.8

Exportações líquidas -1.7 -1.4 2.6 0.9 0.7 0.5 0.5 1.6 -0.0 0.1

IHPC 1.9 1.3 2.1 2.7 2.3 2.4 2.5 2.1 2.4 2.7

Remuneração por trabalhador 3.2 3.3 3.6 3.5 5.0 3.4 4.5 3.4 2.8 3.1

Custos unitários do trabalho,conjunto da economia 1.8 2.5 2.4 1.7 3.4 1.1 2.3 0.5 0.9 0.8

Deflator das importações (bens e serviços) 2.2 -2.5 -2.4 9.6 2.5 -0.6 1.4 -1.7 -1.3 -0.9

Balança corrente e nova balança de capital(% do PIB) 2) 0.5 -0.9 2.4 1.5 3.1 2.9 2.7 3.3 3.8 1.8

Total do emprego 1.3 1.6 1.2 0.9 -0.3 -0.7 -0.9 0.1 -0.8 -1.4

Taxa de desemprego (% da população activa) 5.3 4.9 4.8 4.4 4.3 4.5 4.3 4.4 4.6 4.7

Saldo orçamental (% do PIB) 3), 4) 0.4 1.1 3.3 2.6 2.8 1.9 . . . .

Dívida bruta consolidada (% do PIB) 3) 61.2 56.2 53.0 47.4 45.4 45.2 . . . .

Taxa de juro a três meses (% por ano) 5) 3.7 4.1 3.3 4.9 4.6 3.5 3.6 3.7 3.5 3.2

Taxa de rendibilidade das obrigaçõesde dívida pública a dez anos (% por ano) 5) 6.3 4.9 4.9 5.6 5.1 5.1 5.2 5.4 4.9 4.7

Taxa de câmbio em relação ao ECU ou euro 5), 6) 7.48 7.50 7.44 7.45 7.45 7.43 7.43 7.43 7.43 7.43

Fontes: Eurostat, Comissão Europeia, dados nacionais e cálculos do BCE.1) Pontos percentuais.2) Os valores trimestrais não são corrigidos de sazonalidade nem de dias úteis.3) Em conformidade com a definição do Tratado de Maastricht.4) Saldo orçamental (+/-) das administrações públicas.5) Média dos valores do período.6) Unidades de moeda nacional por ECU até ao final de 1998; após aquela data, por euros.

Quadro 11Indicadores macroeconómicos para a Dinamarca(taxas de variação homólogas (%), salvo indicação em contrário)

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99BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

Gráfico 31Indicadores económicos e financeiros para os países da UE não participantes na áreado euro e para a área do euro

Fontes: BCE e Eurostat.1) Para os países não participantes na área do euro: taxas interbancárias a três meses; para a área do euro: EURIBOR a três

meses.2) Taxas de rendibilidade das obrigações de dívida pública de longo prazo, obrigações a 10 anos ou maturidade disponível mais

próxima.

área do euroDinamarcaSuéciaReino Unido

Crescimento do PIB real (taxas de variação homólogas (%))

área do euroDinamarcaSuéciaReino Unido

Inflação medida pelo IHPC(taxas de variação homólogas (%))

DinamarcaSuéciaReino Unido

Diferencial das taxas de juro de curto prazo face à área do euro 1)

(em pontos base)

DinamarcaSuéciaReino Unido

Diferencial das taxas de juro de longo prazo face à área do euro 2)

(em pontos base)

1999 2000 2001 2002-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

5.0

5.5

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

4.5

5.0

5.5

1999 2000 2001 2002-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

1999 2000 2001 2002-120

-80

-40

0

40

80

120

160

200

240

280

320

-120

-80

-40

0

40

80

120

160

200

240

280

320

1999 2000 2001 2002-40

-20

0

20

40

60

80

-40

-20

0

20

40

60

80

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002100

Coroa dinamarquesa

Libra esterlina

DKK/EUR

GBP/EUR

Coroa suecaSEK/EUR

Taxa central face ao euro anunciada em 31 de Dezembro de 1998: 7.46038.

1999 2000 2001 20026.33

6.78

7.22

7.67

8.12

8.56

6.33

6.78

7.22

7.67

8.12

8.56

1999 2000 2001 20027.66

8.20

8.74

9.28

9.82

10.36

7.66

8.20

8.74

9.28

9.82

10.36

1999 2000 2001 20020.55

0.57

0.59

0.62

0.64

0.67

0.69

0.71

0.74

0.55

0.57

0.59

0.62

0.64

0.67

0.69

0.71

0.74

Gráfico 32Taxas de câmbio bilaterais das moedas dos países da UE não participantes na área doeuro face ao euro

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101BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

No contexto de um mercado de trabalhorestritivo e preços mais elevados dosprodutos energéticos, a inflação medida peloIHPC continuou a situar-se em cerca de 2.4%durante a maior parte do ano, à excepção deum pico em Novembro, em que atingiu 2.8%.A inflação homóloga média medida pelo IHPCsituou-se acima da inflação da área do euro,sobretudo devido a um aumento dos preçosda educação e outros serviços (ver Gráfico31). O aumento da oferta de trabalhocontinua a ser importante para a atenuaçãodas pressões salariais, embora os aumentosdos custos unitários do trabalho tenhamregistado uma moderação face a 2001, emlarga medida devido à recuperação daprodutividade do trabalho. A evolução dastaxas de câmbio efectivas reais indica que acompetitividade da Dinamarca em relação àárea do euro se manteve globalmente estávelem 2002.

As finanças públicas mantiveram-se sólidas em2002. O excedente das administraçõespúblicas situou-se em 1.9% do PIB, ou seja,1 ponto percentual abaixo do valor registadono ano anterior. Cerca de metade destadescida reflecte um efeito contabilístico dareforma das pensões. Além disso, as receitasdos impostos sobre o rendimento das pessoascolectivas registaram uma queda moderada.A dívida pública continuou a descerligeiramente, de 45.4% do PIB em 2001 para45.2% em 2002. O suplemento ao Programade Convergência actualizado da Dinamarcafixou os excedentes orçamentais previstospara 2003 e 2004 em 1.9% e 2.4% do PIB,respectivamente. O saldo para 2003 é 0.2pontos percentuais abaixo do previsto naactualização anterior, em grande parte devidoa revisões estatísticas e um desemprego maiselevado. Prevê-se uma redução do rácio dadívida bruta para 42.1% do PIB em 2003 e39.2% em 2004.

Actualmente, a Dinamarca é o único país queparticipa no MTC II. Continua a prosseguiruma política de taxa de câmbio fixa face aoeuro, mantendo uma banda de flutuação

estreita de ±2.25% em torno da sua taxacentral no MTC II de DKK 7.46038 face aoeuro. A evolução das taxas de juro directorase de curto prazo do mercado deverá, emprimeiro lugar, ser analisada no contexto dasdecisões relativas às taxas de juro do BCE eda evolução da taxa de câmbio da coroa faceao euro. A coroa dinamarquesa manteve-semuito próximo da paridade central noMTC II durante 2002, num nível ligeiramentemais forte do que a sua taxa central (verGráfico 32). Em 29 de Agosto, a coroa atingiuDKK 7 424, o nível mais forte do ano faceao euro. As reservas cambiais aumentarampara o seu nível mais elevado no terceirotrimestre de 2002, diminuindo ligeiramenteperto do final do ano. Uma razão para arobustez recente da coroa resulta da vendade acções estrangeiras por fundos de pensõesdinamarqueses, de forma a reduzir osrespectivos níveis de risco globais, face àsdescidas dos preços mundiais das acções.

Em 2002, o Danmarks Nationalbank procedeua quatro reduções da sua taxa de cedência deliquidez, o que resultou numa diminuição para20 pontos base do diferencial face à taxamínima de proposta das operações principaisde refinanciamento do BCE. Face a umaentrada substancial de capital estrangeiro,o Danmarks Nationalbank reduziu a sua taxade cedência de liquidez em 0.05 pontospercentuais, de 3.60% para 3.45%, em 1 deFevereiro, 9 de Agosto e 30 de Agosto. Em5 de Dezembro, esta taxa foi reduzida em0.5 pontos percentuais, em linha com umaredução da mesma magnitude da taxa de jurodirectora do BCE, para 2.95%. As taxas dejuro de curto prazo na Dinamarca desceramdurante 2002, ligeiramente mais do que naárea do euro, reduzindo o diferencial entreas taxas de curto prazo do mercado daDinamarca e da área do euro para cerca de10 pontos base em Dezembro (ver Gráfico31). As taxas de rendibilidade das obrigaçõesde longo prazo flutuaram em torno de umamédia de 5.1%, enquanto o diferencial face àárea do euro aumentou para próximo de 20pontos base posteriormente nesse ano.

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002102

Suécia

Em 2002, o crescimento do PIB real na Suéciaaumentou, num contexto de abrandamentomundial e fragilidade dos mercadosfinanceiros (ver Gráfico 31). O PIB realcresceu 1.9%, face a 1.1% em 2001 (verQuadro 12). O crescimento do PIB real foisustentado sobretudo pelas exportaçõeslíquidas na primeira metade de 2002. Ocrescimento das exportações, que sefortaleceu no final de 2001 e início de 2002,abrandou ao longo do ano, em reflexo dafraca recuperação a nível mundial. Nãoobstante, devido ao crescimento mais fracodas importações, a contribuição dasexportações líquidas para o crescimentofortaleceu-se no conjunto do ano. Na segundametade de 2002, o consumo privadorecuperou bem, apesar da descida significativano mercado bolsista no Verão. Este factopode ser explicado sobretudo por um

rendimento disponível real mais elevado emvirtude dos cortes nos impostos, taxas dejuro baixas, preços mais elevados dahabitação e um menor nível de desemprego.O consumo público e o investimento públicotambém aumentaram consideravelmente nasegunda metade do ano. Contudo, oinvestimento privado e a actividade industrialmantiveram-se em geral moderados ao longodo ano. As variações de existênciasresultaram num ligeiro contributo negativopara o crescimento do PIB real no conjuntode 2002. O crescimento do emprego registouuma moderação significativa, embora tenhapermanecido relativamente elevado nossectores público e da construção. O númerototal de horas trabalhadas diminuiu,reflectindo em parte um rápido aumento dasfaltas ao trabalho por motivo de doença.A taxa de desemprego manteve-se próximode 5% ao longo do ano.

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2002 2002 2002 2002T1 T2 T3 T4

PIB real 2.4 3.6 4.6 4.4 1.1 1.9 0.8 3.1 2.4 1.3

Contribuição para o crescimento do PIB real: 1)

Procura interna real incluindo existências 1.0 3.9 3.0 3.4 0.0 0.6 -1.9 0.5 1.8 2.0

Exportações líquidas 1.4 -0.3 1.5 0.9 1.1 1.3 2.7 2.7 0.5 -0.6

IHPC 1.8 1.0 0.6 1.3 2.7 2.0 2.9 1.9 1.5 1.6

Remuneração por trabalhador 4.7 2.6 1.2 7.0 5.0 3.9 5.1 3.6 3.7 3.1

Custos unitários do trabalho, conjunto da economia 0.9 0.5 -1.1 5.0 5.8 2.1 4.7 0.8 1.4 1.7

Deflator das importações (bens e serviços) 0.7 -0.5 1.1 4.5 4.7 0.4 2.0 0.4 -0.1 -0.7

Balança corrente e nova balança de capital(% do PIB) 2) . 3.6 2.6 3.8 3.8 4.2 5.5 5.3 4.1 1.8

Total do emprego -1.1 1.5 2.2 2.2 2.0 0.1 0.2 0.1 -0.0 0.0

Taxa de desemprego (% da população activa) 9.9 8.2 6.7 5.6 4.9 4.9 4.9 4.9 4.9 5.1

Saldo orçamental (% do PIB) 3), 4) -1.5 1.9 1.5 3.4 4.5 1.2 . . . .

Dívida bruta consolidada (% do PIB) 3) 73.1 70.5 62.7 52.8 54.4 52.4 . . . .

Taxa de juro a três meses (% por ano) 5) 4.4 4.4 3.3 4.1 4.1 4.3 4.0 4.5 4.4 4.1

Taxa de rendibilidade das obrigaçõesde dívida pública a dez anos (% por ano) 5) 6.6 5.0 5.0 5.4 5.1 5.3 5.4 5.6 5.2 5.0

Taxa de câmbio em relação ao ECU ou euro 5), 6) 8.65 8.91 8.81 8.45 9.25 9.16 9.16 9.16 9.23 9.10

Quadro 12Indicadores macroeconómicos para a Suécia(taxas de variação homólogas (%), salvo indicação em contrário)

Fontes: Eurostat, Comissão Europeia, dados nacionais e cálculos do BCE.1) Pontos percentuais.2) Os valores trimestrais não são corrigidos de sazonalidade nem de dias úteis.3) Em conformidade com a definição do Tratado de Maastricht.4) Saldo orçamental (+/-) das administrações públicas.5) Média dos valores do período.6) Unidades de moeda nacional por ECU até ao final de 1998; após aquela data, por euros.

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103BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

As taxas de inflação homólogas medidas peloIHPC, IPC e UND1X1, continuaram amoderar-se em 2002 (ver Gráfico 31), o quereflectiu quer efeitos de base associados aaumentos dos preços em 2001, quer umadiminuição das pressões sobre os custos. Ainflação média anual medida pelo IHPC foi de2.0% em 2002, face a 2.7% em 2001, enquantoo IPC aumentou 2.4%, em comparação com2.6% em 20012. O crescimento dos custosunitários do trabalho abrandou para 2.1%,face a 5.8% em 2001, em grande parte devidoà recuperação da produtividade do trabalho.

O excedente orçamental das administraçõespúblicas diminuiu drasticamente, de 4.5% doPIB em 2001 para 1.2% do PIB em 2002.Cortes nos impostos de aproximadamente1% do PIB, alguns aumentos da despesa e osefeitos orçamentais do crescimento do PIBabaixo da tendência contribuíram para estadescida, assim como a ausência de efeitos derepercussão positivos de anos anteriores, osquais tinham afectado de modo significativo aexecução orçamental em 2001. O rácio dadívida em relação ao PIB reduziu-se de 54.4%em 2001 para 52.4% em 2002. O Programade Convergência actualizado da Suécia fixouos excedentes orçamentais previstos para2003 e 2004 em 1.5% e 1.6% do PIB,respectivamente. Este excedente ainda estáde acordo com a regra orçamental da Suéciade manter um excedente de cerca de 2% aolongo do ciclo económico devido aexcedentes mais elevados em anos anteriores.No entanto, a última fase da reforma dosimpostos sobre o rendimento foi diferida porforma a evitar menores excedentes. Prevê-seque o rácio da dívida em relação ao PIB caiapara 50.9% em 2003 e para 49.3% em 2004.

O Sveriges Riksbank funciona ao abrigo deum regime de taxa de câmbio flexível. Apolítica monetária tem um objectivo explícitopara a inflação de um aumento de 2% no IPC,com uma margem de tolerância de ±1 pontopercentual. O Sveriges Riksbank aumentou ataxa dos acordos de recompra em 0.25

1 O UND1X é definido como o IPC excluindo despesas compagamento de juros e efeitos directos da alteração de impostosindirectos e subsídios. Na Suécia, o IPC global é a variávelobjectivo da política monetária. Dado que a previsão foi afectadapor factores transitórios nos últimos anos, os decisores de políticamonetária basearam-se, na prática, numa avaliação do UND1X.

2 A razão subjacente à maior diferença entre o IPC e o IHPC naSuécia é a introdução de um preço limite para os serviços depuericultura, incluído no IHPC mas não no IPC, a partir de 1 deJaneiro de 2002, que reduz a inflação medida pelo IHPC emcerca de 0.4 pontos percentuais.

pontos percentuais em 19 de Março e 26 deAbril de 2002, para 4.25%, no contexto deuma utilização de recursos relativamenteelevada e perspectivas favoráveis derecuperação a nível mundial, o que aumentouo risco de se ultrapassar o objectivo de 2%para a inflação. No entanto, no Outono, nasequência de quedas acentuadas nosmercados bolsistas, uma maior incertezaquanto à recuperação mundial e umaactividade industrial deprimida, o SverigesRiksbank baixou a taxa dos acordos derecompra em 0.25 pontos percentuais em 15de Novembro e 5 de Dezembro de 2002,devido ao risco acrescido de a inflação futurase situar abaixo do objectivo. Em reflexodestas alterações da taxa de juro oficial, odiferencial entre as taxas de juro de curtoprazo do mercado na Suécia e na área doeuro continuou a aumentar no primeirosemestre de 2002, para cerca de 100 pontosbase, mantendo-se globalmente estável nosegundo (ver Gráfico 31). As taxas de jurode longo prazo estiveram de acordo com aevolução nos mercados obrigacionistasinternacionais no decurso do ano e odiferencial relativamente à área do euroregistou um ligeiro alargamento, para cercade 50 pontos base no final de 2002. A coroa,que flutuou em torno de aproximadamenteSEK 9 e SEK 9.5 por euro em 2002,foi afectada periodicamente pordesenvolvimentos nos mercados financeirose pela especulação relativamente à adopçãodo euro pela Suécia (ver Gráfico 32). A coroaterminou o ano cerca de 1.5% mais forte emrelação ao euro do que no início de 2002.

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002104

Reino Unido

Na sequência de um abrandamento acentuadoda economia mundial, o crescimento médiodo PIB real no Reino Unido abrandou para1.6% em 2002, face a 2.0% em 2001 (verQuadro 13). No entanto, após uma taxa decrescimento moderada no início de 2002, aeconomia do Reino Unido cresceu a taxasmais significativas no resto do ano, tendo oconsumo privado e a despesa pública comoprincipais factores impulsionadores.

Quando comparado com o ano anterior, ocrescimento do consumo real das famíliaspermaneceu globalmente estável em 3.9% em2002, apesar de um abrandamento docrescimento do rendimento disponível reale da descida dos preços das acções.O crescimento do consumo privadopermaneceu dinâmico devido à aceleraçãode ganhos nos preços da habitação,

à continuação dos aumentos no emprego e auma vigorosa expansão do crédito. Ocrescimento do produto também foi apoiadopor uma aceleração do consumo público,de 2.3% em 2001 para 4.2% em 2002,globalmente de acordo com os objectivos doGoverno para a despesa. A formação brutade capital fixo registou uma queda de 4.5%, oque compara com um aumento de 0.8%em 2001. A fragilidade da confiança nasperspectivas da procura externa e umaumento do custo do capital associado aquedas nos mercados bolsistas internacionaisdeverão ter reduzido os incentivos dasempresas para aumentar as despesas decapital. A queda do investimento empresarialfoi parcialmente compensada por umaaceleração do investimento público,reflectindo os planos para a melhoria docapital do sector público. Pelo sétimo anoconsecutivo, as exportações líquidas deramum contributo negativo (1.0 ponto

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2002 2002 2002 2002T1 T2 T3 T4

PIB real 3.4 2.9 2.4 3.1 2.0 1.6 1.0 1.3 2.0 2.1

Contribuição para o crescimento do PIB real: 1)

Procura interna real incluindo existências 4.0 5.1 3.8 4.1 2.6 2.6 2.6 1.9 2.6 3.1

Exportações líquidas -0.5 -2.2 -1.4 -1.1 -0.6 -1.0 -1.6 -0.6 -0.7 -1.0

IHPC 1.8 1.6 1.3 0.8 1.2 1.3 1.5 0.9 1.1 1.6

Remuneração por trabalhador 4.3 5.3 4.0 4.7 5.2 . 2.8 3.2 . .

Custos unitários do trabalho, conjunto da economia 2.8 3.5 3.1 2.9 4.0 . 2.4 2.6 . .

Deflator das importações (bens e serviços) -7.1 -6.2 -2.5 0.7 -0.1 . -3.6 -2.8 -1.3 .

Balança corrente e nova balança de capital(% do PIB) 2) -0.1 -0.5 -2.1 -1.8 -1.5 . -0.5 -1.9 -0.2 .

Total do emprego 2.0 1.2 1.5 1.3 0.8 . 0.6 0.8 . .

Taxa de desemprego (% da população activa) 6.9 6.2 5.9 5.4 5.0 . 5.1 5.1 5.2 .

Saldo orçamental (% do PIB) 3), 4) -2.2 0.2 1.1 1.6 0.8 -1.4 . . . .

Dívida bruta consolidada (% do PIB) 3) 50.8 47.7 45.1 42.1 39.0 38.6 . . . .

Taxa de juro a três meses (% por ano) 5) 6.8 7.3 5.4 6.1 5.0 4.0 4.0 4.1 3.9 3.9

Taxa de rendibilidade das obrigaçõesde dívida pública a dez anos (% por ano) 6) 7.1 5.6 5.0 5.3 5.0 4.9 5.1 5.3 4.7 4.5

Taxa de câmbio em relação ao ECU ou euro 7) 0.69 0.67 0.66 0.61 0.62 0.63 0.61 0.63 0.64 0.64

Quadro 13Indicadores macroeconómicos para o Reino Unido(taxas de variação homólogas (%), salvo indicação em contrário)

Fontes: Eurostat, Comissão Europeia, dados nacionais e cálculos do BCE.1) Pontos percentuais.2) Os valores trimestrais não são corrigidozs de sazonalidade nem de dias úteis.3) Estimativas de anos de calendário. Em conformidade com a definição do Tratado de Maastricht.4) Estimativas de anos de calendário. Saldo orçamental (+/-) das administrações públicas.5) Média dos valores do período. Depósitos interbancários a três meses em libras esterlinas.6) Média dos valores do período. Fonte: BPI.7) Média dos valores do período. Unidades de moeda nacional por ECU até ao final de 1998; após aquela data, por euros.

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3 O IPRX é definido como o Índice de Preços a Retalho, excluindoo pagamento de juros de hipotecas.

percentual) em 2002 para o crescimento doPIB real. As exportações caíram 1.4%, apósum aumento de 0.9% em 2001. Contudo, acomposição do crescimento da procuraagregada continuou a limitar o crescimento dasimportações, que abrandou para 1.2% em 2002.

O panorama geral do mercado de trabalhomanteve-se globalmente estável, com a taxade desemprego a subir para 5.2% em 2002.O emprego total continuou a subir a umataxa semelhante à de 2001, apoiado por umforte aumento do número de postos detrabalho no sector público. O abrandamentocíclico em 2001 e início de 2002 parece terafectado o mercado de trabalho através deuma redução do número de horas trabalhadase de um abrandamento do crescimento daremuneração por trabalhador.

A inflação medida pelo IPRX manteve-se abaixodo objectivo do Governo de 2.5% durante quasetodo o ano, a uma taxa média de 2.2%, ou seja,globalmente semelhante ao ano anterior 3.Porém, a inflação medida pelo IPRX aumentoupara um valor acima do objectivo em Novembroe Dezembro, em consequência de aumentosdos preços do petróleo e da componente custosda habitação. A inflação medida pelo IHPC, quese situou, em média, em 1.3% ao longo do ano,foi consideravelmente menor do que a inflaçãomedida pelo IPRX, em parte devido ao facto deos custos da habitação, componente do IPRXque registou um forte aumento, não seremincluídos no IHPC. A divergência entre aevolução dos preços de bens e serviços voltoua aumentar em 2002. Registou-se uma retomados aumentos dos preços dos serviços,enquanto a fraca procura e a forte concorrêncianos mercados internacionais continuaram aexercer pressões descendentes sobre os preçosnos sectores mais expostos dos bens. Aomesmo tempo, o crescimento homólogo doscustos unitários do trabalho no conjunto daeconomia manteve-se globalmente estável, emmédia, relativamente ao ano anterior. Emtermos globais, as pressões sobre os custosterão permanecido bastante contidas.

Na sequência da melhoria significativa doorçamento das administrações públicas nos anos

anteriores, o excedente começou a diminuir,para 0.8% do PIB em 2001, voltando a cair paraum défice de 1.4% do PIB em 2002. Esta descidaresultou de um aumento significativo da despesapública, o que contribuiu para uma orientaçãoorçamental expansionista e uma forte quedanas receitas dos impostos directos. As receitasdos impostos sobre as empresas, em particular,foram menores do que o previsto,especialmente no sector dos serviçosfinanceiros. O rácio da dívida em relação ao PIBdesceu ligeiramente, de 39% em 2001 para38.6% em 2002. O Programa de Convergênciaactualizado tem como objectivo um déficeorçamental de 1.8% e 2.2% do PIB em 2002/03e 2003/04, respectivamente. Espera-se umaligeira subida do rácio da dívida bruta, de 37.9%do PIB em 2002/03 para 38.8% em 2003/04.

O Bank of England conduz a políticamonetária no contexto de um regime de taxade câmbio flexível com um objectivo explícitopara a inflação, fixado pelo Governo comoum aumento anual do IPRX de 2.5%. Em 2002,a taxa oficial dos acordos de recompramanteve-se inalterada em 4.0%. Em Fevereirode 2003, foi reduzida para 3.75%. O di-ferencial das taxas de juro de curto prazoface à área do euro flutuou em torno de 60pontos base ao longo de 2002, aumentandoligeiramente em Dezembro, depois de o BCEter procedido ao corte das taxas de jurodirectoras (ver Gráfico 31). As taxas derendibilidade das obrigações de dívida públicaa dez anos flutuaram em torno do seu nívelem 2001, terminando o ano ligeiramenteacima do nível da área do euro. A taxa decâmbio da libra esterlina depreciou-seligeiramente face ao euro durante o ano (verGráfico 32). A depreciação inicial da libraesterlina face ao euro em Maio e Junho,possivelmente associada à especulação emtorno da adopção do euro pelo Reino Unidoe a uma acentuada apreciação do euro faceao dólar dos EUA nessa altura, foiparcialmente invertida durante o terceirotrimestre, embora tenha registado uma novadepreciação no último trimestre do ano.

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Recepção de despedida em honra doVice-Presidente Christian Noyer, em28 de Maio de 2002

O anterior e o actual Vice-Presidentes doBCE, Christian Noyer (esquerda)

e Lucas Papademos

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Capítulo V

Cooperação

europeia e internacional

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1 Questões europeias

Em 2002, o BCE continuou a manter ocontacto regular com as instituições e osórgãos relevantes da Comunidade1. Osrepresentantes do BCE participaram emreuniões do Conselho ECOFIN quando sediscutiram questões relacionadas com asatribuições e objectivos do SEBC. Em 2002,estas questões trataram da estabilidade,regulamentação e supervisão financeiras e daaplicação do Pacto de Estabilidade eCrescimento (PEC). Ao mesmo tempo, oPresidente do Conselho ECOFIN fez uso doseu direito de participar em reuniões doConselho do BCE em diversas ocasiões.Neste contexto, convém referir que durantea segunda metade de 2002, em que aPresidência do Conselho da UE foi daresponsabilidade da Dinamarca, Estado--Membro que beneficia de uma derrogação, oPresidente do Eurogrupo participou nasreuniões do Conselho do BCE, em nome doPresidente do Conselho ECOFIN. Nestasreuniões participou ainda um membro daComissão Europeia.

O Presidente do BCE e os governadores dosBCN foram ainda convidados para as duasreuniões informais do Conselho ECOFIN, quetiveram lugar em Oviedo (Espanha) e emCopenhaga (Dinamarca), em Abril e Setembrode 2002, respectivamente. Ambas as reuniõesenvolveram discussões relacionadas comintegração do mercado, estabilidade,regulamentação e supervisão financeiras anível europeu. Além disso, a reunião emOviedo proporcionou aos participantes umaoportunidade para trocar opiniões sobreassuntos como a governação de empresas eas questões financeiras internacionais. Areunião informal do Conselho ECOFIN emCopenhaga centrou se, designadamente, emquestões de alargamento e arquitecturafinanceira internacional.

De acordo com a prática anterior, o BCEparticipou em reuniões do Eurogrupo numabase regular. A participação nessas reuniõesproporciona ao BCE a oportunidade demanter um diálogo de política aberto e

informal com os Ministros das Finanças dospaíses da área do euro e o Comissárioresponsável pelos Assuntos Económicos eMonetários. As discussões no Eurogrupocontinuaram a centrar-se nas perspectivaseconómicas globais para a área do euro e naevolução orçamental em cada país da área doeuro. O Eurogrupo deu também particularrelevo, em especial na primeira metade de2002, a um acompanhamento regular dosprogressos da transição para as notas emoedas de euros. Além disso, continuou adiscutir os progressos das necessáriasreformas estruturais.

Para além das relações a nível político acimadescritas, o BCE continuou a participar nasreuniões do Comité Económico e Financeiro(CEF) e do Comité de Política Económica(CPE), em que também participaram os BCN.Enquanto membro destes comités, queprocedem a análises e prestam consultadoriaao Conselho ECOFIN e ao Eurogrupo, o BCEpôde contribuir com a sua competênciatécnica para os vários procedimentos depolítica económica e exercícios de supervisãomultilateral. Neste sentido, o BCE parti-cipou, nomeadamente, na elaboração dasOrientações Gerais de Política Económica(OGPE) e na avaliação dos programas deestabilidade e convergência dos Estados--Membros. Além disso, o BCE contribuiu parao vasto conjunto de outras actividades destescomités, incluindo o aperfeiçoamento deferramentas e métodos analíticos e oexercício de análise abrangente por país doCPE. Dado que este comité se centrasobretudo na reforma estrutural, dandoorigem ao relatório anual do CPE sobrereforma estrutural, a contribuição para estetrabalho proporciona ao BCE não só umapercepção útil do processo de reformaestrutural, como também a oportunidade departilhar as suas ideias com os Estados--Membros.

1 As relações do BCE com o Parlamento Europeu são tratadas emseparado no Capítulo XII.

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O BCE também continuou a participar nasreuniões bianuais do Diálogo Macroeconómico,a nível técnico e político. Em conformidade como mandato conferido pelo Conselho Europeude Colónia, os representantes dos EstadosMembros, da Comissão Europeia, do BCE, debancos centrais não pertencentes à área doeuro e dos parceiros sociais a nível da UEdiscutiram as perspectivas económicas e osdesafios de política relacionados. O DiálogoMacroeconómico continuou, por conseguinte,a permitir um intercâmbio de ideias confidenciale a fomentar a confiança entre os participantes.

De entre o leque alargado de tópicos tratadospelas instituições e órgãos europeus com osquais o BCE mantém relações estreitas,realçam-se os seguintes pela sua importânciaeconómica e institucional.

1.1 Aplicação do Pacto de Estabilidadee Crescimento

Num contexto de agravamento da evolução edas perspectivas orçamentais, o ano de 2002constituiu um teste para a aplicação do PEC.

Em 2001, tanto a Alemanha como Portugalnão cumpriram, por uma larga margem, osrespectivos objectivos do saldo dasadministrações públicas, como definidos nosrespectivos programas de estabilidade.Percepcionando um risco de déficesexcessivos nestes países, em 30 de Janeiro de2002, a Comissão emitiu Recomendaçõespara Recomendações do Conselho, tendo emvista dar alertas rápidos à Alemanha e aPortugal. Ao fazê-lo, a Comissão iniciou, pelaprimeira vez, o procedimento de alerta rápidoprevisto no Regulamento do Conselho (CE)N.º 1466/97 relativo ao reforço da supervisãodas situações orçamentais e à supervisão ecoordenação das políticas económicas. Emresposta, tanto a Alemanha como Portugalassumiram firmemente o compromissopolítico de tomar as medidas necessárias paraevitar o não cumprimento do valor dereferência de 3% do PIB e atingir situaçõesorçamentais próximo do equilíbrio até 2004.À luz destes compromissos, o Conselho

ECOFIN, na reunião realizada a 12 deFevereiro, considerou que os Governosalemão e português tinham respondidoeficazmente às preocupações expressas pelaComissão nas suas recomendações e decidiuencerrar os dois procedimentos.

Em 21 de Junho de 2002, o Conselho adoptoua sua Recomendação para as OrientaçõesGerais de Política Económica das PolíticasEconómicas dos Estados-Membros e daComunidade. Relativamente às políticasorçamentais, as OGPE solicitam aos Estados--Membros que ainda não tenham atingidosituações orçamentais próximo do equilíbrioou excedentárias para as atingir o mais tardaraté 2004. Em linha com a prática normal,as Recomendações incluídas nas OGPEbaseavam-se em pressupostos subjacentespara a evolução futura das principais variáveiseconómicas enunciados nas PrevisõesEconómicas da Primavera da Comissão. Noentanto, nos meses seguintes, a evoluçãoeconómica acabou por se agravar bastantemais do que o previsto. Consequentemente,para os Estados-Membros que permaneciamcom desequilíbrios orçamentais, a consecuçãode situações orçamentais próximo doequilíbrio ou excedentárias o mais tardar até2004 deixara de ser realista, em face daorientação de política prevalecente e dasprevisões macroeconómicas. Os ministros dasfinanças da área do euro, o Presidente doBCE, o Presidente da Comissão e oComissário para os Assuntos Económicos eMonetários discutiram as implicações destamatéria na reunião do Eurogrupo realizada a7 de Outubro. Após a reunião, emitiram umadeclaração do Eurogrupo relativa à evoluçãoorçamental na área do euro, em que osministros das finanças da área do euroreafirmaram o seu compromisso perante aobrigação do Tratado de evitar déficesexcessivos e o objectivo do PEC de atingir emanter situações orçamentais próximo doequilíbrio ou excedentárias ao longo do cicloeconómico. Além disso, o Eurogrupocorroborou a iniciativa da Comissão de queos países que ainda não tenham atingido esseobjectivo terão de prosseguir ajustamentoscontínuos do saldo orçamental subjacente de

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pelo menos 0.5% do PIB por ano. Todos osministros, excepto um, concordaram que esteajustamento deverá ter início em 2003.

O agravamento das perspectivas orçamentaisdurante o Verão e o início do Outonotambém deu origem a um aceso debatepúblico sobre as regras e a aplicação do PEC.Neste contexto, em 24 de Outubro de 2002,o Conselho do BCE emitiu uma declaraçãopública relativa ao PEC, na qual sublinhavaque as dificuldades orçamentais em algunsEstados-Membros tinham surgido não emresultado de regras inflexíveis, mas da faltade vontade por parte destes Estados--Membros em honrar o seu compromisso derespeitar as regras e da sua incapacidade deutilizar as anteriores condições favoráveis,de maior crescimento, para melhorarsubstancialmente as respectivas posiçõesorçamentais. Além disso, o Conselho do BCEdeixou claro o seu apoio à iniciativa daComissão de que todos os países comdesequilíbrios orçamentais remanescentesdeverão comprometer-se a implementar umaestratégia de consolidação orçamental clara,incluindo uma trajectória de ajustamentocredível com uma correcção contínua dosaldo orçamental subjacente de pelo menos0.5% do PIB por ano.

Durante o Verão veio ainda a conhecimentoque as finanças públicas portuguesas seencontravam numa situação bastante maisgrave do que fora comunicado quer quandoo Conselho discutiu o alerta rápido a Portugalquer posteriormente durante os preparativosdas OGPE. No contexto da comunicação dosníveis do défice e da dívida, de 1 de Setembro,o Governo português apresentou por fim umdéfice das administrações públicas de 4.1%do PIB para 2001, bastante acima do valor dereferência de 3% do PIB. Nesta situação, aComissão emitiu um procedimento relativoaos défices excessivos, como disposto noartigo 104.º do Tratado e mais especificadono Regulamento do Conselho (CE) N.º 1467/97. Seguindo os trâmites previstos nesteprocedimento, o Conselho ECOFIN adoptouuma Decisão relativa à existência de umdéfice excessivo em Portugal e uma

Recomendação a Portugal com vista a pôrfim à situação de défice orçamental excessivo.Nesta última, o Conselho recomendou,nomeadamente, que o Governo portuguêscorrigisse a situação do défice excessivo omais rápido possível. O Conselho estabeleceua data limite de 31 de Dezembro de 2002para o Governo português tomar as medidasnecessárias para pôr fim ao défice excessivo.Além disso, o Conselho recomendou que oGoverno português adoptasse e aplicasse asmedidas orçamentais necessárias paraassegurar que o défice orçamental em 2003estivesse reduzido para um valor inferior a3% do PIB e que o rácio da dívida públicafosse mantido abaixo do valor de referênciade 60% do PIB.

Em 13 de Novembro, a Comissão publicou asPrevisões Económicas do Outono de 2002,as quais previram um défice orçamental de3.8% do PIB para a Alemanha em 2002 e de2.7% para a França, subindo para 2.9% em2003. Neste contexto, a Comissão iniciouem 19 de Novembro um procedimentorelativo aos défices excessivos, ao abrigo doartigo 104.º do Tratado, publicando umrelatório sobre a situação orçamental naAlemanha. No mesmo dia, a Comissão emitiuainda uma Recomendação para umaRecomendação do Conselho para a França,tendo em vista dar um alerta rápido paraevitar a ocorrência de um défice excessivo.

Em 21 de Janeiro de 2003, o Conselho ECOFINadoptou a Decisão relativa à existência de umdéfice excessivo na Alemanha e emitiu umaRecomendação para a Alemanha tendo em vistapôr fim ao défice excessivo. Na última, oConselho recomendou, nomeadamente, que oGoverno alemão pusesse fim ao défice excessivoo mais rápido possível. Com esta finalidade, asautoridades alemãs deverão aplicar as medidascorrectivas previstas nos planos orçamentaispara 2003. O Conselho estabeleceu a data limitede 21 de Maio de 2003 para a aplicação destasmedidas. Ainda em 21 de Janeiro, o ConselhoECOFIN emitiu uma Recomendação tendo emvista dar um alerta rápido à França com afinalidade de evitar a ocorrência de um déficeexcessivo.

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1.2 Propostas para reforçar acoordenação de política económicae uniformizar os processos decoordenação de política

Na reunião realizada em Barcelona, a 15 e 16de Março de 2002, o Conselho Europeuapelou a novos progressos na coordenaçãode políticas económicas. Com esta finalidade,os Chefes de Estado ou de Governoconvidaram a Comissão a apresentarpropostas para reforçar a coordenação depolítica económica a tempo do ConselhoEuropeu da Primavera de 2003. Além disso,aconselhou o Conselho e a Comissão auniformizar o processo de coordenação depolítica relevante, sublinhando a acção deimplementação, em detrimento da preparaçãoanual de orientações.

Em 3 de Setembro, a Comissão emitiu umaComunicação apresentando propostas parauniformizar os ciclos anuais de coordenaçãode política económica e de emprego. Em 3 deDezembro, o Conselho adoptou um relatórioque aprovava em linhas gerais as propostasda Comissão. As recomendações da Comissãoe do Conselho para a uniformização dos ciclosde coordenação de política económica e deemprego incluem o seguinte. Primeiro, deveráhaver maior incidência no médio prazo, comrevisões totais das OGPE e das Orientaçõespara o Emprego e recomendações a teremlugar apenas de três em três anos, e nãoanualmente, como no presente. Segundo,deverá haver uma maior incidência noacompanhamento anual da implementação dasorientações. Terceiro, deverá existir um cicloúnico de coordenação de política, de acordocom o qual o Conselho Europeu da Primaverareverá a implementação de políticas e daráorientações políticas gerais, na sequência dasquais será elaborado um “Pacote deOrientações”, abrangendo quer as OGPEquer as Orientações para o Emprego erecomendações. Além disso, no futuro, osvários relatórios apresentados pelos Estados--Membros ao abrigo dos processos doLuxemburgo e de Cardiff deverão sersincronizados, tendo em vista uniformizar asobrigações de reporte dos Estados-Membros

e evitar sobreposições e duplicações. Paraesse fim, os relatórios de implementaçãonacional serão apresentados sob a forma depacote todos os Outonos. Contudo, osprogramas de estabilidade e convergência dosEstados-Membros deverão ser mantidos emseparado, em virtude da sua ligação aos ciclosorçamentais nacionais.

Em 27 de Novembro, a Comissão respondeuao pedido do Conselho Europeu de Barcelonade propostas para reforçar a coordenação depolítica económica emitindo uma Comunicaçãopara o Conselho e o Parlamento Europeu sobreo reforço da coordenação de políticasorçamentais. Nesta Comunicação, a Comissãoapresentou as cinco propostas seguintes para amelhoria da interpretação do PEC, todas compossibilidade de aplicação no quadro jurídicoexistente, na opinião da Comissão. Primeira, osobjectivos orçamentais deverão ser formuladospor forma a dar mais atenção ao cicloeconómico. Para este fim, o requisito “próximodo equilíbrio ou excedentário” do PEC deveráser definido em termos de saldo subjacente(definido pela Comissão como o saldoorçamental líquido de efeitos transitórios e, emparticular, de efeitos de flutuações cíclicas).A observância do valor de referência de 3% doPIB continuará, no entanto, a ser acompanhadaem termos nominais. Segunda, deverá sersolicitado aos Estados-Membros cujosorçamentos ainda estão longe de estar próximodo equilíbrio ou excedentários que atinjam umamelhoria anual da situação orçamentalsubjacente de pelo menos 0.5% do PIB por ano.Esta proposta está em linha com a declaraçãodo Eurogrupo, de 7 de Outubro (ver acima).Terceira, deverão ser evitadas políticasorçamentais pró-cíclicas durante asrecuperações económicas. Quarta, sobdeterminadas condições específicas, e desde queo valor de referência de 3% do PIB não sejaposto em causa, poderão ser autorizadosligeiros desvios do requisito próximo doequilíbrio ou excedentário. O único propósitodesses desvios será permitir aos Estados--Membros o financiamento de reformasestruturais, tendo em vista o aumento doemprego e do crescimento potencial e oconsequente reforço da situação orçamental

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subjacente a médio prazo. E quinta, deverá seratribuído mais peso à avaliação dos rácios dedívida pública no processo de supervisãoorçamental. Para além destas propostas, aComissão destacou ainda um programa,constituído por quatro pontos, de medidas paraassegurar a sua aplicação efectiva. Primeiro, nopróximo Conselho Europeu da Primavera, osEstados-Membros deverão reafirmar o seucompromisso político para com o PEC numa“Resolução para reforçar a coordenação daspolíticas orçamentais”. Segundo, tendo em vistaa melhoria da qualidade e oportunidade dasestatísticas das finanças públicas, o ConselhoECOFIN deverá adoptar um “Código demelhores práticas relativo ao reporte de dadosorçamentais”. Terceiro, os procedimentos decumprimento do PEC deverão tornar-se maiseficazes, em particular clarificando com maiorprecisão as circunstâncias em que estesprocedimentos serão iniciados. E quarto, aabertura e a transparência deverão melhorar acomunicação das políticas orçamentais.

Na declaração subsequente à reunião doConselho do BCE realizada a 5 de Dezembro,o Presidente do BCE declarou que aComunicação da Comissão relativa aoreforço da coordenação de políticasorçamentais constitui um bom ponto departida para a reconstrução da confiança noquadro orçamental. Além disso, o Presidentedo BCE reiterou o total apoio do Conselhodo BCE ao objectivo principal da Comissão,nomeadamente a melhoria da aplicação doPEC no conjunto do quadro de regrasexistente.

1.3 A Convenção sobre o Futuro daEuropa

Na reunião de Laeken, em Dezembro de2001, o Conselho Europeu adoptou a“Declaração sobre o Futuro da UniãoEuropeia” (também conhecida pela“Declaração de Laeken”), a qual identificouos desafios para uma União que se encontranuma “encruzilhada, num momento crucialda sua existência”. Em face destes desafios, epara assegurar uma preparação “tão ampla e

transparente quanto possível” da próximaConferência Intergovernamental, o ConselhoEuropeu decidiu instituir uma Convençãosobre o Futuro da Europa, cujo mandatoconsiste em debater os problemas essenciaiscolocados pelo futuro desenvolvimento daUE, analisar as diferentes soluções possíveise simplificar e reorganizar os tratadosexistentes, potencialmente a caminho de umaConstituição para os cidadãos europeus.

A Convenção, que iniciou as suasdeliberações em Fevereiro de 2002 e se prevêdê por finalizado o seu trabalho até ao Verãode 2003, reúne os representantes dosgovernos nacionais, os parlamentos nacionais,o Parlamento Europeu e a Comissão. Ospaíses em vias de adesão estão representadosdo mesmo modo que os Estados-Membrosactuais. Numa fase inicial das suasdeliberações, os membros da Convençãomanifestaram o seu acordo com a propostado Presidente Giscard d’Estaing de elaborarum “Tratado que institui a Constituição daEuropa”. Este texto, cujo objectivo consisteem simplificar, uniformizar e reforçar a basejurídica e constitucional da Europa, deveráser apresentado para adopção à ConferênciaIntergovernamental a realizar em 2003.

Em Maio de 2002, na cerimónia de entregado Prémio Internacional Carlos Magno 2002de Aachen, atribuído ao euro, o Presidentedo BCE expressou a opinião de que aConvenção, se for bem sucedida, contribuirápara complementar a constituição económicaexistente com estruturas e processos eficazese transparentes.

Em Junho de 2002, no âmbito mais alargadoda Convenção, foi estabelecido um Grupo deTrabalho sobre a Governação Económica. OGrupo de Trabalho discutiu o quadro dagovernação económica, política monetária,políticas económicas e questões institucionais.Em Setembro de 2002, o Presidente do BCEassistiu a uma audição deste Grupo deTrabalho, comunicando a sua opinião sobre omodo como os assuntos monetários eeconómicos poderiam ser contemplados nofuturo tratado constitucional. Expressou a

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opinião de que o actual quadro para agovernação económica é sólido e capaz deenfrentar os desafios futuros. Além disso,aconselhou a Convenção a preservar aessência deste quadro e, em particular, osprincípios monetários do Tratado,nomeadamente a independência do bancocentral e o objectivo primordial demanutenção da estabilidade de preços. Estesprincípios, como pilares fundamentais daconstituição monetária da UE, deverãoocupar um lugar de destaque no futurotratado constitucional.

Em Outubro de 2002, o Grupo de Trabalhoemitiu o seu relatório, no qual recomendavaa manutenção da estrutura actual degovernação económica, afirmando, destemodo, que a política monetária na área doeuro é da exclusiva competência do BCE.O relatório expressava ainda a opinião deque as atribuições, os mandatos e osestatutos do BCE deverão manter-seinalterados, não devendo ser afectadospor quaisquer novas disposições doTratado. Durante a discussão do relatório noPlenário da Convenção, em 7 de Novembro,a maioria esmagadora dos membros daConvenção manifestou o seu apoio a estasrecomendações do Grupo de Trabalho.

O BCE acompanha de perto a Convenção econsidera que a adopção de um “TratadoConstitucional da Europa” virá complementare apoiar o sucesso da União Económica eMonetária.

1.4 Reforma do mercado financeiro

Tendo em vista usufruir em pleno dosbenefícios da moeda única, tem vindo a serprestada maior atenção à remoção dosobstáculos que subsistem para o surgimentode um verdadeiro mercado único de serviçosfinanceiros. Em 2002 foram tomadas novasmedidas importantes nesse sentido a nível daUE: adopção de nova legislação e discussãoexaustiva de procedimentos para a elaboraçãoe aplicação de regulamentos.

O Conselho Europeu de Barcelona (Março de2002) confirmou que a aplicação total até 2005do Plano de Acção para os Serviços Financeiros(Financial Services Action Plan (FSAP)) constituiuma prioridade no sentido de ultrapassar asimperfeições que subsistem no mercadoeuropeu dos serviços financeiros. Lançado em1999, o FSAP proporciona uma orientação paraas medidas a tomar na área dos mercadosfinanceiros. Os progressos realizados sãorevistos regularmente pela Comissão Europeia,assistida pelo Grupo de Política dos ServiçosFinanceiros, em que o BCE está representado.Apesar de sublinhar que a Comissão deveráadoptar medidas no FSAP até meados de 2004para cumprir a data limite de 2005, o sétimoRelatório Intercalar sobre a aplicação do FSAP,emitido em Dezembro de 2002, considera queforam realizados progressos. Das 42 medidasconstantes do Plano de Acção original, tinhamsido adoptadas 31 até ao final de 2002, incluindoas Directivas relativas às garantias e àcomercialização à distância de serviçosfinanceiros, bem como o Regulamento relativoàs normas internacionais de contabilidade(international accounting standards (IAS)). Restamapenas quatro propostas legislativas porparte da Comissão, designadamente a revisãodo quadro de adequação de fundos própriospara os bancos e as sociedades de investimento.Em resposta a uma maior evolução dosmercados desde o lançamento do FSAP,foram ainda elaboradas cinco novas medidas,incluindo a Comunicação sobre Compensaçãoe Liquidação.

Além disso, foram realizados novosprogressos em 2002 no sentido deproporcionar à UE estruturas para aregulamentação, supervisão e estabilidadefinanceiras capazes de fazer face àsnecessidades de um contexto financeiro emrápida mutação. Para este fim, em 3 deDezembro de 2002, o Conselho ECOFIN, nasequência de uma alargada consulta pública,aprovou um relatório contendo algumaspropostas concretas. O relatório sugere queo “quadro Lamfalussy” interinstitucional,adoptado na área dos títulos, deveráestender-se a todos os sectores financeiros.Propõe o estabelecimento de três novos

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comités regulamentares (“nível 2”) parabancos, conglomerados financeiros e pensõese seguros, e dois novos comités de supervisão(“nível 3”) para bancos e para pensões eseguros. O relatório sugere ainda que umGrupo de Política dos Serviços Financeirosreconfigurado, sob a presidência de umEstado-Membro, preste conselhos de políticasobre questões do mercado financeiro e queassista o CEF na preparação das discussõesdo Conselho ECOFIN sobre questões de

estabilidade financeira. O Conselho ECOFINconvidou a Comissão a estabelecer oscomités de nível 2 e 3 logo que possível.Neste contexto, dependendo de um acordocom o Parlamento Europeu sobre a delegaçãode poderes para os comités de nível 2 para aadopção das medidas de aplicação, estesdeverão, inicialmente, ser instituídos apenascom capacidade consultiva (ver o Capítulo IXpara mais pormenores).

2 Cooperação internacional

Em 2002, o BCE e os BCN continuaram aparticipar nas actividades monetárias,financeiras e económicas das instituições efóruns internacionais. Os acordos práticospara a representação e cooperaçãointernacionais do BCE, como descritos noRelatório Anual do BCE de 1999,permaneceram globalmente inalterados. Noseio da UE, foi reforçada a coordenaçãorelativa às questões macroeconómicas efinanceiras internacionais, nomeadamenteno contexto das actividades regulares doCEF, bem como através da melhoria dointercâmbio de informação com osAdministradores do FMI representantes dosEstados-Membros da UE e o Observador doBCE.

2.1 Supervisão multilateral e bilateraldas políticas macroeconómicas

O BCE e os BCN continuaram a participarnas análises regulares pelos pares (supervisãomultilateral) e nas análises das instituiçõesinternacionais (supervisão bilateral) sobre aevolução e as políticas monetárias,económicas e financeiras.

Supervisão multilateral

O BCE participou no intercâmbio deinformação e de opiniões com outrosdecisores de política em várias instituições efóruns multilaterais. O Presidente do BCE,

em conjunto com o Presidente do Eurogrupo,representou a área do euro nas sessões dosministros das finanças do G7 e nas reuniõesdos governadores dos bancos centraisdedicadas às questões de supervisão e dataxa de câmbio. O Presidente do BCEtambém participou em discussões sobre oestado da economia mundial noutros fórunsinformais, como as reuniões dosgovernadores do G10 e as dos ministros egovernadores do G10 e do G20. OObservador do BCE participou nas análisesregulares do Conselho de Administração doFMI sobre a economia mundial e a evoluçãodos mercados e nas discussões do Conselhode Administração do FMI acerca dasperspectivas económicas mundiais. Finalmente,o BCE e os BCN participaram no Comité dePolítica Económica da Organização para aCooperação e Desenvolvimento Económico(OCDE), que discutiu as perspectivas mundiaisde curto prazo e os requisitos de política dofuturo próximo, contribuindo assim para apreparação das Perspectivas Económicas daOCDE. O BCE e os BCN participaram aindanas reuniões dos subcomités e grupos detrabalho do CPE.

Supervisão bilateral

O BCE contribuiu para as análises bilateraisdas políticas monetária, financeira eeconómica da área do euro por parte do FMIe da OCDE. Em 2002, os especialistas do FMIelaboraram dois relatórios ao abrigo do

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Artigo IV sobre as políticas monetária ecambial da área do euro, quecomplementaram as consultas nacionais. Estesrelatórios basearam-se, nomeadamente, nasdiscussões entre uma missão de especialistasdo FMI e o BCE. O primeiro relatório foiposto em circulação para informação aoConselho de Administração do FMI, em Abrilde 2002. O segundo relatório foi discutidopelo Conselho de Administração do FMI epublicado em Outubro de 2002, juntamentecom uma nota de informação ao público quesintetizava a avaliação deste Conselho e adeclaração do administrador representantedo país que então detinha a Presidência doConselho da UE, em nome das autoridadesda área do euro. Os Administradores do FMIfelicitaram as autoridades da área do europela bem sucedida e harmoniosa transiçãopara o euro fiduciário. Realçaram que em2002 o crescimento tinha sido mais fraco e ainflação mais elevada do que o esperado, emresultado de choques não previstos e dacontinuação da elevada vulnerabilidade àevolução externa, apesar de o conjunto daárea do euro ser muito menos aberto do queos seus membros individuais antes da UniãoMonetária. Prevêem uma progressivarecuperação económica e a permanência designificativos riscos descendentes.

A OCDE publicou uma Análise Económica daÁrea do Euro (Economic Survey of the EuroArea), em Julho de 2002, que se baseou,nomeadamente, no trabalho de uma missãode especialistas da OCDE para o BCE. Aanálise foi concluída pelo Comité de Examedas Situações Económicas e dos Problemasde Desenvolvimento da OCDE, em que oPresidente do Eurogrupo, a ComissãoEuropeia e o BCE representaramconjuntamente a UE. A análise realçou que aactual recuperação económica deverá ganharprogressivamente dinamismo. Quanto àpolítica monetária, a análise avaliou a recenteevolução dos preços na área do euro econcluiu que o facto de a taxa de inflaçãomédia ter sido superior a 2% desde 2000 sedeve a uma série de choques inflacionistasadversos. A persistência da inflaçãorelativamente elevada em alguns países da

área do euro foi considerada um desafio queexige mais flexibilidade nos mercados detrabalho e do produto e uma maiorintegração dos mercados financeiros.

2.2 Acompanhamento da evolução dosmercados financeiros mundiais

Estabilidade dos mercados financeirosmundiais

O SEBC continuou a dedicar especial atençãoao trabalho levado a cabo nas instituições efóruns financeiros internacionais que tratamda evolução dos mercados financeirosmundiais. Em particular, o BCE e os BCNparticiparam no acompanhamento regular daevolução financeira realizado pelo Fórum deEstabilidade Financeira (Financial StabilityForum (FSF)), o Comité sobre o SistemaFinanceiro Global (CSFG), com base no BPI,e o Comité dos Mercados Financeiros daOCDE. O Observador do BCE participounas discussões do Conselho de Administraçãodo FMI sobre os Global Financial StabilityReports (Relatórios da Estabilidade FinanceiraMundial) trimestrais, que substituíramos International Capital Markets Reports(Relatórios dos Mercados de CapitaisInternacionais) anuais e as análises trimestraisdo Financiamento dos Mercados Emergentes.Aquando da elaboração de um destesrelatórios, uma delegação do FMI visitou oBCE para discutir as actuais condições dosmercados financeiros europeus e a evoluçãotendente à integração dos mercadosfinanceiros na UE.

Iniciativas específicas para reforçar aestabilidade financeira

O BCE participou no trabalho das instituições efóruns internacionais sobre aspectos específicosdo funcionamento dos mercados financeirosinternacionais. Várias instituições e fóruns,incluindo o FSF, analisaram as implicações depolítica das falências de grandes empresas, emtermos de divulgação, governação de empresas,práticas contabilísticas e de auditoria, bem como

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de dinâmica do mercado financeiro. Acomunidade internacional também continuou aanalisar e aplicar medidas contra obranqueamento de capitais e o financiamentodo terrorismo. Nesse contexto, o FMIdesenvolveu uma metodologia de avaliação documprimento por parte de cada país dospadrões acordados internacionalmente nessasmatérias.

O BCE participou no trabalho do FSF, queanalisou, nomeadamente, a adopção depadrões internacionais por parte dos centrosfinanceiros offshore, os progressos realizadosem relação às respectivas recomendaçõesrelacionadas com as instituições com elevadonível de endividamento e as práticas detransparência no sector dos resseguros. Oscomités que funcionam sob os auspícios dosgovernadores dos bancos centrais dos paísesdo G10 também discutiram questõesfinanceiras específicas. O Comité de Basileiade Supervisão Bancária prosseguiu o seutrabalho de revisão do quadro de adequaçãode fundos próprios (o Capítulo IX apresentauma discussão desta revisão). O BCEparticipou na análise por parte do CSFG dasimplicações financeiras dos padrões definanciamento utilizados para as inovações TI,a evolução dos mecanismos de transferênciados riscos de crédito e as estruturas deincentivo da gestão de activos institucional.O BCE também esteve envolvido nasactividades do Comité sobre Sistemas dePagamento e de Liquidação (CSPL), presididopor um membro da Comissão Executiva doBCE (o Capítulo VIII apresenta uma discussãodestas actividades). Finalmente, o BCEparticipou nas reuniões regulares do Comitédos Mercados, que substitui o Comité sobreOuro e Reservas Externas.

2.3 Relações com o FMI e fórunsrelacionados

O SEBC contribuiu para a análise em cursosobre a arquitectura do sistema económico efinanceiro internacional. Estas contribuiçõesforam efectuadas quer através do trabalho anível europeu, onde a coordenação relativa

às questões do FMI foi intensificada, emparticular no CEF, quer através daparticipação directa nas instituições e fórunsinternacionais relevantes.

Solidez das políticas económicas nacionais

O SEBC tem estado particularmenteinteressado no trabalho do FMI relativo àsformas de promover a estabilidade do sistemaeconómico e financeiro mundial. Prestou-separticular atenção ao papel de supervisão doFMI enquanto mecanismo de prevenção decrises. No contexto da análise bianual desupervisão, o FMI aprovou algumas medidastendentes à melhoria da incidência e daqualidade da supervisão, aperfeiçoando oimpacto do seu aconselhamento de política ereforçando o papel da supervisão nos paísescom os quais acordou um programafinanceiro.

O FMI continuou a envidar esforços parapromover a estabilidade dos sistemasfinanceiros nacionais e a aplicação de padrõese códigos internacionalmente acordados.Em particular, o FMI – em conjunto com oBanco Mundial – continuou a efectuaravaliações do cumprimento dos padrões ecódigos e da solidez dos sistemas financeirosnacionais no contexto dos Relatórios sobreo Cumprimento de Padrões e Códigos(Reports on the Observance of Standardsand Codes (ROSCs)) e dos Programas deAvaliação do Sector Financeiro (FinancialSector Assessment Programmes (FSAP)). OBCE apoiou estes esforços disponibilizandotécnicos para as missões dos FSAP.

Gestão de crises financeiras

O FMI também continuou o seu trabalhorelativo às formas de promover a resoluçãoorganizada das crises financeiras. Nadiscussão destas questões, o SEBC continuoua salientar a necessidade de regras clarassobre as responsabilidades respectivas dossectores privado e público na resolução dascrises.

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O FMI realizou uma análise da sua política deacesso, ou seja, o enquadramento paradeterminar o nível de assistência financeira aum país membro com dificuldades na balançade pagamentos. Os limites normais de acesso,determinados em termos de quotas dospaíses membros, foram consideradosadequados. Além do mais, o Conselho deAdministração do FMI está a clarificar ascondições e a reforçar os procedimentos deacesso acima dos limites normais emcircunstâncias excepcionais. O SEBC é deopinião que aderir a uma política de acessomais claramente definida facilitará acoordenação entre todas as partes envolvidas,ao alinhar melhor os incentivos dosdevedores soberanos e dos credores privadoscom a capacidade da comunidadeinternacional de resolver crises financeiras.

Prosseguiu o debate sobre os procedimentostendentes a facilitar as restruturaçõesexpeditas e organizadas das dívidas soberanas.O SEBC considerou que são desejáveis novosprogressos relativamente às três abordagenscomplementares para a consecução de umprocesso organizado de restruturação. Aprimeira abordagem, contratual, consiste emintroduzir nos contratos de dívida pública asdesignadas “cláusulas de acção colectiva”, quepodem contribuir para ultrapassar osproblemas de coordenação dos credores. OBCE participou no trabalho realizado sob aégide dos ministros das finanças e dosgovernadores dos bancos centrais do G10para promover o desenvolvimento dedisposições contratuais adequadas, as quaisforam também discutidas com representantesdo sector privado. Além disso, a comunidadeinternacional está a analisar medidas paraencorajar a inclusão dessas cláusulas emcontratos de obrigações soberanas. A esterespeito, os Estados-Membros da UEconcordaram em dar o exemplocomprometendo-se a incluir cláusulas emobrigações emitidas pelas administraçõescentrais da UE ao abrigo da legislação dejurisdições estrangeiras.

A segunda abordagem, estatutária, consistena criação de um quadro jurídico

internacional para a restruturação da dívidapública, conhecido como o “Mecanismo deRestruturação da Dívida Soberana”(“Sovereign Debt Restructuring Mechanism”(SDRM)). A comunidade internacionalorganizou várias discussões sobre a possívelcobertura e modalidades desse quadro. Oquadro proposto permitirá a um devedorsoberano e a uma maioria qualificada decredores celebrar um acordo derestruturação que se tornará vinculativo paraos detentores de todos os títulos de dívidaabrangidos pelo quadro.

A terceira abordagem, não estatutária, quepoderá ser incluída num código de boaconduta para a restruturação da dívida,consiste na utilização de mecanismosinformais para promover a resoluçãoorganizada de crises, incluindo moratóriasunilaterais e a política de concessão decrédito a países com pagamentos em mora.Especificamente, os países devedores poderãodecidir, em circunstâncias excepcionais,suspender temporariamente os pagamentos acredores privados externos e, assim, incorrerem pagamentos em mora com esses credores(moratórias unilaterais). O FMI poderáconceder apoio financeiro a países compagamentos em mora, mas apenas se foremcumpridos alguns critérios bem definidos(concessão de crédito a países compagamentos em mora).

2.4 Cooperação com regiões vizinhasda UE

O BCE também mantém relações com osbancos centrais das regiões vizinhas daUE e acompanha questões monetáriasinternacionais de relevância para o BCE quese levantam nessas regiões. Para além dos 12países em vias de adesão à UE contempladosno Capítulo VI, estas regiões abrangem aComunidade de Estados Independentes (CEI)europeus, incluindo a Rússia, a Turquia (umpaís candidato que ainda não iniciounegociações para a entrada na UE), os BalcãsOcidentais, o Médio Oriente e África.

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Em contraste com as relações com os bancoscentrais dos países em vias de adesão, asrelações com bancos centrais de outrasregiões vizinhas da UE não foramdesenvolvidas de acordo com umenquadramento único, tendo assumido formasdiferentes, com incidência nas questões deinteresse comum específicas de cada país.Neste contexto, é de salientar que para amaioria dos países das regiões, as ligaçõesinstitucionais, comerciais e financeiras com aárea do euro são altamente relevantes:praticamente todos estes países estãoassociados à UE através de acordos regionais,cujo objectivo é, em particular, liberalizar omovimento de bens (e em alguns casos decapitais e serviços) entre a UE e os paísesenvolvidos. Em alguns casos, os acordostambém incluem cláusulas específicasrelativamente ao sector financeiro. Alémdisso, em termos económicos, a área do euroé o maior parceiro comercial da maioriadestes países, bem como a principal fonte decrédito internacional, investimento directoestrangeiro (incluindo no sistema bancário) eajuda oficial ao desenvolvimento.

Desenvolveram-se, em especial, relaçõesbilaterais com o Banco Central da Turquia,com o qual o BCE estabeleceu um diálogo depolítica ao mais alto nível, incluindo reuniõesanuais a nível de Administração. Foi tambémmelhorada a cooperação com o BancoCentral da Rússia, devido, designadamente, aimportantes reformas da respectiva estratégiae instrumentos de política monetária. O BCEdesenvolveu contactos com os bancoscentrais dos países dos Balcãs Ocidentais, aregião fora da área do euro maisdirectamente afectada pela transição para oeuro fiduciário, e com os bancos centrais devários países mediterrânicos (Egipto, Israel,Marrocos e Tunísia). Além disso, o BCEparticipou em eventos organizados nas duaszonas CFA2 em África, por ocasião do 40.ºaniversário do Banque Centrale des Etats del’Afrique de l’Ouest (BCEAO) e do 30.ºaniversário do Banque des Etats de l’AfriqueCentrale (BEAC). O BCE desenvolveurelações com o Instituto Monetário da ÁfricaOcidental, em Acra, Gana, um organismo

2 “Communauté Financière de l’Afrique”, na África Ocidental e“Coopération Financière Africaine”, na África Central.

3 Barém, Kuwait, Omã, Catar, Arábia Saudita e Emirados ÁrabesUnidos.

criado no início de 2001 pelos Países da ÁfricaOcidental de Língua Oficial Inglesa sob aliderança do Gana e da Nigéria, por forma acriar uma nova zona monetária, em paralelocom a zona do franco CFA. Em 2002, ospaíses participantes estabeleceram ummecanismo de taxa de câmbio regional. OBCE também estabeleceu contactos com oConselho de Cooperação do Golfo (CCG).Os seis países que constituem o CCG3

declararam a sua intenção de lançar umamoeda única em 2010 e adoptaram umaligação cambial comum no final de 2002,como primeiro passo para a unificaçãomonetária. O Secretariado Geral do CCG eo BCE organizaram um seminário conjuntoem Riade sobre a integração monetária naárea do euro e na região do Golfo, emOutubro de 2002. Finalmente, o BCE deucontinuidade às reuniões regulares com osbancos centrais da Islândia, da Noruega e daSuíça.

A utilização do euro nas regiões vizinhasda UE

Apesar de a utilização do euro não estargeneralizada nos acordos cambiais com a áreado euro no seu conjunto e de o BCE ser daopinião de que não deve influenciaractivamente o papel internacional do euro,este desempenha um papel importante paravários países. Nos Balcãs Ocidentais, emparticular, todos os países excepto a Albâniaancoram as respectivas moedas ao euro; naverdade, a Bósnia e Herzegovina ligam arespectiva moeda ao euro ao abrigo de umacordo cambial, enquanto a Croácia, a AntigaRepública Jugoslava da Macedónia e aJugoslávia gerem as respectivas taxas decâmbio face ao euro. No Mediterrâneo,Marrocos e a Tunísia atribuem um papelimportante ao euro na condução das políticascambiais, embora as autoridades estejam adebater uma transição para políticas cambiais

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mais flexíveis. Nas duas zonas monetárias queutilizam o franco CFA, o euro substituiu ofranco francês enquanto moeda âncora.

Em vários países vizinhos, os particularesutilizam o euro como moeda paralela, sob aforma de numerário ou de depósitosbancários denominados em euros. Dos€25 mil milhões enviados para destinos forada área do euro até Agosto de 2002, estima--se que pelo menos um quinto circule nosBalcãs, onde as notas de euros são utilizadascomo reserva de valor e como meio depagamento para os pagamentos de grandemontante. A região dos Balcãs tambémapresenta um elevado grau de substituiçãode activos, com os depósitos denominadosem euros a representarem, por exemplo, 80%do total dos depósitos na Jugoslávia, 70%na Croácia e 50% na Bósnia e Herzegovinano final de 2001. O nível de substituição demoeda e de activos permanece elevado,apesar dos progressos significativos naestabilização monetária e financeira nosúltimos anos. O Kosovo e Montenegro sãocasos especiais em termos de utilização doeuro fiduciário: são territórios cujas entidadespolíticas adoptaram o euro como moedaoficial.

2.5 Cooperação com a regiãoÁsia-Pacífico e a América Latina

A experiência europeia com a integraçãoeconómica, financeira e monetária temtambém suscitado interesse entre os paísesasiáticos e da América Latina nos últimosanos. Neste contexto, tem sidofrequentemente solicitado ao BCE quepartilhe a sua experiência no âmbito dasvárias iniciativas com o objectivo de incentivara cooperação regional nas duas regiões. OBCE, por sua vez, tem seguido de perto aevolução económica nessas regiões ereforçado as suas relações bilaterais com asautoridades locais, em especial os bancoscentrais.

Cooperação regional na Ásia e no Pacífico

A Reunião Ásia-Europa (Asia-Europe Meeting(ASEM)) – um fórum importante para acooperação entre os Estados-Membros da UE eos dez países da Ásia Oriental – proporcionadesde 1996 um contexto único para ointercâmbio de informação e o fomento dodiálogo de política. Em 5 e 6 de Julho de 2002, oVice-Presidente do BCE participou na QuartaReunião de Ministros das Finanças da ASEM emCopenhaga, onde fez uma apresentação sobreo papel internacional do euro, com particularincidência sobre a sua utilização quer na ÁsiaOriental quer nas regiões vizinhas da UE. Nospreparativos para essa reunião, o BCE organizouum seminário ao mais alto nível sobre“Cooperação económica, financeira e monetáriaregional: as experiências europeia e asiática”,que teve lugar em Frankfurt, a 15 e 16 de Abrilde 2002. Neste seminário – realizado no âmbitodo Projecto de Investigação Kobe baseado naASEM, que promove actividades de investigaçãotransregionais – técnicos dos ministérios dasfinanças, dos bancos centrais, agênciasgovernamentais, organizações financeirasinternacionais e académicos da ASEM trocaramopiniões sobre três questões gerais derelevância para a cooperação regional na Ásia ena Europa. Primeira, o seminário focou oâmbito, a sequência e os requisitos básicos paraa cooperação económica regional. Foi dadoespecial ênfase ao comércio e ao investimentodirecto estrangeiro. Segunda, foi abordada acooperação financeira regional, em particular aeficácia, solidez, liberalização e integração dosmercados financeiros asiático e europeu. Nestecontexto, teve lugar um debate mais específicosobre as iniciativas para reforçar a cooperaçãofinanceira na Ásia, na sequência da crise de1997-98. Terceira, os participantes discutiramestratégias possíveis para a cooperação daspolíticas monetárias e da taxa de câmbio entreos países que já envidam esforços decooperação regional, com incidência nas liçõesa retirar da experiência europeia.

As relações bilaterais implicaram,designadamente, várias visitas a paísesasiáticos. Por exemplo, em Fevereiro de 2002,uma delegação do BCE, incluindo o

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Presidente e um membro da ComissãoExecutiva, visitou a China. Na sequência desteacontecimento, em Setembro de 2002, o BCEconcluiu um Acordo de Cooperação com oBanco Popular da China com o intuito defomentar a cooperação bilateral entre as duasinstituições. Neste contexto, o Banco Popularda China decidiu estabelecer um escritóriode representação em Frankfurt, cujacerimónia de abertura teve lugar emDezembro.

Cooperação regional na América Latina

No contexto de uma iniciativa conjunta doBCE e do Banco de España, teve lugar emMadrid, a 23 e 24 de Maio de 2002, umseminário ao mais alto nível dos bancoscentrais do Eurosistema e da América Latina.Foi realizado um encontro de trabalhopreparatório a nível técnico no BCE emFrankfurt, a 21 e 22 de Março de 2002. Oobjectivo do seminário consistiu na melhoriado diálogo de política entre os bancoscentrais do Eurosistema e da América Latinae na partilha de opiniões sobre questões deinteresse comum. As discussões centraram--se em três tópicos: integração regional na

América Latina e Europa, políticas monetáriae da taxa de câmbio e questões do sectorfinanceiro.

O processo de integração europeia foiconsiderado de relevância política para ospaíses da América Latina, apesar de aexperiência da UE não poder fornecer umplano para novos progressos a nível dacooperação regional, dadas as diferenças dascondições iniciais entre as duas áreas. Nãoobstante, uma lição a retirar da experiênciada UE, eventualmente aplicável, estárelacionada com a supervisão regionalmultilateral como meio de promover políticasmacroeconómicas orientadas para aestabilidade e melhores práticas noutras áreasde política relevantes. Quanto ao segundotópico, a discussão centrou-se nas condiçõespara políticas monetárias bem sucedidas eorientadas para a estabilidade, como políticasorçamentais e estruturais sólidas, apoioinstitucional e a necessidade de ter em contaa evolução e as expectativas para a taxade câmbio. Finalmente, os participantesdiscutiram políticas e instrumentos para oaumento da estabilidade e solidez dossistemas financeiros nacionais nos países daAmérica Latina.

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Apresentação sobre o arquitectoespanhol Antoni Gaudí, durante os Diasda Cultura Espanhola, em Maio de 2002

O escritor neerlandês Harry Mulisch,lendo uma passagem do seu último livro,durante os Dias da Cultura Neerlandesa,

em Setembro de 2002

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Capítulo VI

Alargamento da

União Europeia

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1 Introdução

O Conselho Europeu de Copenhaga de 12 e13 de Dezembro de 2002 terminou com umacordo histórico sobre o alargamento da UE.Dez países – República Checa, Estónia,Chipre, Letónia, Lituânia, Hungria, Malta,Polónia, Eslovénia e Eslováquia – foramconvidados a aderir à UE em 1 de Maio de2004. Após a assinatura do Tratado deAdesão na Primavera de 2003, este deveráser ratificado por todos os Estados-Membrose pelos dez países acima referidos, quepretendem realizar referendos nacionaissobre esta questão. A dois outros países – aBulgária e a Roménia – foi dada a perspectivade se tornarem membros no início de 2007.Aquando da adesão, os países aderirão àUnião Económica e Monetária (UEM) com oestatuto de “países que beneficiam de umaderrogação” e os respectivos bancos centraistornar-se-ão parte integrante do SEBC. Logoque tenham alcançado uma convergênciasustentável, avaliada de acordo com osprocedimentos estabelecidos no Tratado,com base nos critérios de Maastricht, ospaíses adoptarão também o euro e os seusbancos centrais farão parte integrante doEurosistema, que compreende o BCE e osBCN da área do euro.

Embora não formalmente associado àsnegociações de adesão, o Eurosistema estáenvolvido no processo de adesão nas áreasda sua competência, tendo o seuenvolvimento a forma de um diálogopermanente, que compreende dimensões depolítica e técnicas, com o objectivo de apoiaros preparativos de adesão ao SEBC, e numafase posterior, ao Eurosistema, pelos bancoscentrais dos países em vias de adesão. Estediálogo cobre questões de política económica,jurídica e institucional de relevo para osbancos centrais. Além disso, envolveactividades de cooperação técnica com osbancos centrais dos países em vias de adesão

em áreas como sistemas de pagamentos,questões jurídicas e estatísticas.

Além disso, o Eurosistema tem estadoenvolvido no “Diálogo Económico” entre aUE e os países em vias de adesão,estabelecido pelo Conselho Europeu emDezembro de 2000 e coordenado pelaComissão Europeia. O Diálogo Económicotem lugar duas vezes por ano a nívelministerial e do Comité Económico eFinanceiro (CEF). Este diálogo tem doisobjectivos: primeiro, apoiar o processo deadesão através de uma troca de opiniõessobre questões de política macroeconómicae estabilidade financeira na fase de pré-adesãoe, segundo, familiarizar os países em vias deadesão com os procedimentos de supervisãomultilateral da UE, a que ficarão sujeitosquando aderirem à UE.

Neste contexto, o Eurosistema temacompanhado de perto as questões de políticaeconómica, jurídica e institucional nos paísesem vias de adesão, com particular incidênciasobre a evolução macroeconómica, asestratégias cambiais e de política monetária ea evolução do sector financeiro. Além disso,o BCE iniciou preparativos a fim de asseguraro alargamento organizado do SEBC e, numafase posterior, do Eurosistema. Estes incluemas recomendações do BCE relativas aoajustamento das modalidades de votação noConselho do BCE e o lançamento de umPlano Director destinado a preparar o BCEpara o alargamento. Este capítulo apresentauma visão geral destas questões. É de salientarque este capítulo não deverá prejudicar aavaliação da convergência a preparar peloBCE, nos termos do n.º 2 do artigo 122.º doTratado, quando os países em vias de adesãoaderirem à UE, tendo em vista a possíveladopção do euro.

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2 Questões de política económica, jurídica e institucional

A maioria dos países em vias de adesãoalcançaram progressos significativos aolongo da última década na transiçãopara verdadeiras economias de mercadoe na consolidação da estabilidademacroeconómica. Mais recentemente, oprocesso de adesão à UE tem sido, elemesmo, um factor para ancorar as políticas epromover uma maior estabilidade em toda aregião. A este respeito, as questões maisrelevantes para o Eurosistema são asseguintes: (i) convergência real, (ii)convergência legal e institucional, (iii)convergência nominal, (iv) estratégiascambiais e de política monetária, e (v)evolução do sector financeiro. Estas questõessão sucintamente descritas nesta secção.

2.1 Convergência real

O crescimento do PIB real teve umcomportamento bastante favorável na maioriados países em vias de adesão em 2002, nãoobstante um enfraquecimento da conjunturade crescimento internacional. O ritmo deexpansão económica, embora tenhadesacelerado em alguns países na EuropaCentral e de Leste, devido em parte aoenfraquecimento da actividade económica

noutras regiões, manteve-se forte nos Estadosdo Báltico, apoiado em parte pelocrescimento robusto da economia russa.Como resultado, a trajectória de crescimentosustentado observada em praticamente todosos países em vias de adesão desde 2000prosseguiu em 2002, sendo o crescimento doPIB estimado em cerca de 2.3%, em média,para o ano (ver Quadro 14). No geral, aresistência dos países em vias de adesão aoabrandamento económico mundial tem sidoapoiada por uma forte procura interna, emparte estimulada por políticas orçamentaismenos restritivas e pela crescente confiançana estabilização macroeconómica já alcançada.

Porém, o grau de convergência dorendimento real com a área do euro, ou seja,a convergência dos níveis de rendimento percapita, manteve-se limitado para o conjuntodos países em vias de adesão. Assim, continuaa existir um desvio considerável entre o PIBmédio per capita nos países em vias de adesãoe na área do euro. Em média, o PIB per capitanos países em vias de adesão, em termos deparidade do poder de compra, situa-se emcerca de 44% do da área do euro, sendo estevalor ainda mais baixo quando sãoconsideradas as taxas de câmbio actuais.Como resultado, em comparação com a

Bulgária Chipre R. Checa Estónia Hungria Letónia Lituânia

1999 2.3 4.8 0.5 -0.6 4.2 2.8 -3.9

2000 5.4 5.2 3.3 7.1 5.2 6.8 3.8

2001 4.0 4.1 3.3 5.0 3.7 7.7 5.9

2002 4.0 2.2 2.2 4.5 3.4 5.0 5.0

1999-2002 3.9 4.1 2.3 4.0 4.1 5.6 2.7

Malta Polónia Roménia Eslováquia Eslovénia Todos 1) Área do euro

1999 4.1 4.1 -1.2 1.3 5.2 2.6 2.8

2000 6.1 4.0 1.8 2.2 4.6 4.0 3.5

2001 -0.8 1.0 5.3 3.3 2.9 2.7 1.4

2002 1.9 0.8 4.2 3.9 2.6 2.3 0.8

1999-2002 2.8 2.4 2.5 2.7 3.8 2.9 2.1

Fonts: Eurostat.1) Ponderado pelo PIB nominal em 1999.

Quadro 14Taxas de crescimento médias anuais do PIB real(em percentagens)

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dimensão do conjunto da sua população(cerca de 35% da população da área do euro),o peso económico dos países em vias deadesão continua a ser relativamente pequeno(cerca de 7% do PIB da área do euro). Adimensão do desvio, em combinação comdiferenciais de crescimento limitados, sugereque o processo de convergência real deveráprosseguir muito depois da adesão à UE.

No entanto, o conceito de convergência realrelevante para a integração no MercadoÚnico e, numa fase posterior, na área doeuro, implica mais do que a convergência dosníveis de rendimento. Em particular, passapor avaliar se os países em vias de adesãoprocederam a ajustamentos das suasestruturas económicas, por forma a torná--las mais de acordo com as da área do euro,e alcançaram uma integração económica maisforte dentro da área do euro. Felizmente, ospaíses em vias de adesão têm realizadoprogressos significativos nestas áreas. Porexemplo, em termos de percentagem do PIBda agricultura, indústria e serviços, a estruturaeconómica dos países em vias de adesão está

a tornar-se mais semelhante à da área doeuro. Em particular, o sector agrícola reduziu--se para cerca de 5% do PIB, em comparaçãocom cerca de 2% na área do euro, enquantoo sector industrial representa 26% do PIB,ligeiramente mais do que na área do euro(ver Quadro 15). Desde o início da transição,os países em vias de adesão redireccionaramtambém o seu comércio para a área do euro,que passou a ser o seu principal parceirocomercial. De facto, a maioria dos países emvias de adesão apresentam um peso docomércio com a área do euro que comparacom o dos actuais Estados-Membros da UE.

Apesar desta evolução, são necessários novosprogressos nas reformas estruturais paracompletar a transição e promover ocrescimento económico e a convergência. Emparticular, os países em vias de adesãodeverão continuar a liberalizar os preços,melhorar a administração de empresas e oclima de investimento, fomentar práticas denegócio sólidas e consolidar a estabilidadefinanceira. Além disso, o aumento dodesemprego verificado nos últimos anos

População PIB nominal PIB per PIB per Percentagem Percentagem Taxa de Exportações(milhões) (EUR mil capita 1) capita (% da da da desemprego para a

milhões) (EUR) média da área indústria agricultura (média do área dodo euro) 1) no PIB 2) no PIB 2) período) euro

(%) (%) (% total exportações)

Bulgária 8.0 15.2 6 506 28 23.0 13.8 19.3 51.5

Chipre 0.8 10.2 16 355 71 12.9 4.0 4.3 18.5

República Checa 10.3 63.3 13 521 59 32.8 4.2 8.1 61.7

Estónia 1.4 6.2 9 995 43 22.7 5.8 12.2 41.5

Hungria 10.2 57.8 11 839 51 27.1 4.3 5.6 68.6

Letónia 2.4 8.5 7 719 33 18.7 4.7 12.1 30.2

Lituânia 3.5 13.4 9 834 43 27.5 7.0 16.1 25.8

Malta 0.4 4.0 12 825 56 24.5 2.4 4.5 35.1

Polónia 38.6 204.1 9 127 40 24.1 3.8 18.1 59.0

Roménia 22.4 44.4 5 868 25 28.5 14.6 8.0 62.0

Eslováquia 5.4 22.8 10 885 47 27.5 4.6 19.6 56.2

Eslovénia 2.0 21.7 16 014 69 30.3 3.3 6.4 58.0

Todos 3) 105.2 471.6 10 255 44 26.2 5.4 13.1 57.6

Área do euro 306.6 6 827.7 23 090 100 22.3 2.4 8.0 50.4

Quadro 15Dados-chave dos países em vias de adesão(2001)

Fontes: Comissão Europeia, Eurostat e FMI.1) Em paridades de poder de compra.2) Os dados da Bulgária referem-se a 2000.3) As colunas 3 a 8 são ponderadas pelo PIB nominal em 2001.

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justifica a reforma do mercado de trabalhoem alguns países. Por último, as trajectóriasde consolidação orçamental previstas poralguns dos países exigirão medidas orçamentaisconsideráveis num futuro próximo.

2.2 Convergência legal e institucional

A convergência real deverá ser acompanhadapor reformas legais e institucionais, uma vezque estas últimas são factores-chave para asperspectivas de crescimento a médio prazodos países em vias de adesão. Em particular,as reformas legais e institucionais exigem oestabelecimento de instituições adequadas ea adopção das melhores práticas e padrõesinternacionais em diversas áreas (porexemplo, administração de empresas,legislação financeira). Felizmente, os paísesem vias de adesão têm realizado progressosconsideráveis neste sentido. Por exemplo, osindicadores de transição fornecidos peloBanco Europeu de Reconstrução eDesenvolvimento (BERD) mostram que ospaíses em vias de adesão adoptaram reformassignificativas na privatização e restruturaçãode empresas, sistemas de mercado ecomerciais e instituições financeiras.

No que se refere à convergência legal einstitucional, o Eurosistema tem um interesseespecial na adopção e aplicação atempadas doacervo comunitário nos países em vias deadesão nas suas áreas de competência. Estasáreas abrangem, em particular, a independênciados bancos centrais e outra legislação nodomínio financeiro. Na sequência do pedidopor parte dos governadores dos bancos centraisdos futuros Estados-Membros, e em estreitacooperação com estes últimos, o Eurosistemaanalisou cuidadosamente o nível anual decumprimento dos requisitos estipulados noTratado por parte dos países em vias de adesão.

Quanto à independência dos bancos centrais,os estatutos dos 12 países em vias de adesãoforam avaliados com base nos critériosestabelecidos nos relatórios de convergêncialegal preparados pelo IME e pelo BCE –nomeadamente a independência institucional,

pessoal, funcional e financeira – e à luzdos pareceres adoptados pelo BCE, emcircunstâncias em que o IME e o BCE foramconsultados sobre projectos de legislaçãonacional nas suas áreas de competência e, emparticular, sobre projectos de estatutos dosBCN dos Estados-Membros da UE. Estespareceres contribuíram para o processo, deacordo com o qual os países em vias deadesão procederam a uma revisão das leisorgânicas dos seus bancos centrais de modoa cumprir os requisitos estipulados noTratado, estabelecendo assim os fundamentospara instituições independentes.

Os bancos centrais e as instituições decrédito terão de operar num contexto legalsólido. Uma vez que o acervo comunitáriotem um impacto geral sobre o sectorfinanceiro e sobre as actividades dos bancoscentrais, os novos Estados-Membros deverãocumpri-lo a partir da data de adesão. Poresta razão, o Eurosistema incidiu tambémsobre a legislação na área financeira –nomeadamente no âmbito da liberdade demovimentos de capitais, regulamentos dosmercados financeiros, garantias, sistemas depagamentos, insolvência e notas.

Esta análise geral tem constituído uminstrumento precioso para os bancos centraisdos países em vias de adesão, no que respeitaao seu papel, a nível nacional, no processo deadesão. Esta análise cumpriu também oobjectivo de apoiar a Comissão Europeia noprocesso de adesão, fortalecendo ainda maisa análise aprofundada das questões relativasà independência dos bancos centrais.

2.3 Convergência nominal

Durante a última década, os progressos nadesinflação nos países em vias de adesão têmsido significativos. De facto, a inflação desceude taxas de dois dígitos ou de hiperinflação paraníveis relativamente baixos, favorecida pelosucesso da aplicação de programas daestabilização macroeconómica. O processo dadesinflação prosseguiu em 2002 e, no final doano, a taxa de inflação média nos países em vias

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de adesão era ligeiramente superior à da áreado euro (ver Quadro 16). Porém, algunsfactores específicos – contenção nos preçosdos produtos alimentares, atrasos imprevistosna desregulamentação dos preços e a apreciaçãodas moedas – contribuíram para o processo dedesinflação em alguns países em vias de adesão.A manutenção de taxas de inflação baixascontinua a ser essencial para a consolidação deuma conjuntura económica de estabilidade depreços, tendo também em vista o objectivoúltimo de adopção do euro e, por conseguinte,a necessidade de cumprir os critérios deMaastricht.

No entanto, alcançar taxas de inflação baixascontinua a ser um desafio, uma vez que diversosfactores poderão contribuir para a existênciade diferenciais de inflação entre os paísesem vias de adesão e a área do euro. Algunsdestes factores, tais como a liberalização edesregulamentação de preços em curso, estãorelacionados com o processo de transição. Alémdisso, o mais elevado crescimento daprodutividade no sector dos transaccionáveisdo que no sector dos não transaccionáveis nospaíses em vias de adesão poderá conduzir auma subida dos preços relativos dos não

transaccionáveis e a uma inflação de algum modosuperior, um fenómeno frequentementereferido como “o efeito Balassa-Samuelson”.Embora a maioria dos estudos empíricos indiqueque, até à data, apenas uma percentagemlimitada dos diferenciais de inflação face à áreado euro se deve ao efeito Balassa-Samuelson,alguns sinais sugerem que este efeito se verificanestes países1. Além disso, o significado desteefeito poderá aumentar nos próximos anos seo crescimento da produtividade no sector dostransaccionáveis acelerar, apoiado, nomeada-mente, pela adesão à UE. Para além destesfactores, um significativo crescimento nominaldos salários devido, por exemplo, areivindicações salariais insatisfeitas, expectativasde inflação inflexíveis ou indexação salarialretrospectiva, poderá contribuir para pressõesinflacionistas. Por último, as derrapagensorçamentais recentemente registadas em algunspaíses em vias de adesão poderão colocartambém em risco os progressos de estabilizaçãoe os ganhos de desinflação realizados comesforço.

1 Benes, J. e outros (2002), “On the estimated size of the Balassa-Samuelson effect in five Central and Eastern Europeancountries”, editado por M. A. Kovács. Banco Nacional da Hungria,Documento de Trabalho n.º 2002/5.

Quadro 16Inflação média do período medida pelo IHPC(em percentagens)

Bulgária Chipre R. Checa Estónia Hungria Letónia Lituânia

1999 2.6 1.1 1.8 3.1 10.0 2.1 0.7

2000 10.3 4.9 3.9 3.9 10.0 2.6 0.9

2001 7.4 2.0 4.5 5.6 9.1 2.5 1.3

T1 2002 8.2 2.2 3.4 4.4 6.2 3.3 2.7

T2 2002 7.1 2.2 2.0 4.2 5.4 2.0 0.6

T3 2002 4.6 3.8 0.3 2.9 4.5 1.0 -0.6

T4 2002 3.4 2.9 0.1 2.9 4.8 1.6 -0.9

Malta 1) Polónia Roménia Eslováquia Eslovénia Todos 2) Área do euro

1999 2.1 7.2 45.8 10.4 6.1 9.8 1.1

2000 2.4 10.1 45.7 12.2 8.9 11.9 2.1

2001 2.9 5.3 34.5 7.0 8.6 8.5 2.4

T1 2002 3.8 3.5 27.0 4.6 7.9 6.4 2.5

T2 2002 2.4 1.9 24.3 3.0 7.6 5.0 2.1

T3 2002 1.5 1.4 21.4 2.5 7.4 4.0 2.1

T4 2002 1.1 1.0 18.4 3.1 6.9 3.5 2.3

Fontes: Eurostat e fontes nacionais.1) IPC.2) Ponderado pelo PIB nominal em 1999.

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2.4 Estratégias cambial e de políticamonetária

Os países em vias de adesão poderão emgeral ser considerados pequenas economiasabertas, com um elevado grau de integraçãona área do euro. Neste contexto, a escolhada estratégia cambial é essencial, dado queproporciona o enquadramento no qual apolítica monetária poderá continuar a serorientada no sentido da estabilidade depreços, enquanto a convergência real poderáprosseguir sem ser prejudicada pormovimentos cambiais indevidos.

Nos últimos anos, o euro adquiriuimportância como a principal moeda de

referência nos países em vias de adesão. Ossinais mais recentes provêm da Lituânia, que,em Fevereiro de 2002, passou a sua ligaçãocambial ao dólar dos EUA para o euro, e deMalta, que, em Agosto de 2002, decidiuaumentar a ponderação do euro no seu cabazde moedas para 70%. Os países prosseguemainda diferentes estratégias cambiais,abrangendo todo o espectro desde fundos deestabilização cambial até câmbios flutuantes.A escolha de estratégias de política monetáriatambém difere bastante (ver Quadro 17).Enquanto os países com regimes de taxa decâmbio fixa (Bulgária, Estónia, Letónia,Lituânia e Malta) orientam, obviamente, a suapolítica monetária para um objectivo cambial,outros países funcionam completamente no

Estratégia cambial 1) Moeda Características

Fundo de estabilização cambial

Bulgária Fundo de estabilização cambial Lev da Bulgária Introduzido em 1997ligado ao euro

Estónia Fundo de estabilização cambial Coroa estónia Introduzido em 1992ligado ao euro

Lituânia Fundo de estabilização cambial Litas da Lituânia Introduzido em 1994; ligação cambialligado ao euro passa do dólar dos EUA para o euro em

Fevereiro de 2002

Ligação cambial fixa convencional

Letónia Ligação cambial aos DSE Lats da Letónia Banda cambial ±1%

Malta Ligação cambial a um cabaz Lira maltesa Cabaz de moedas (euro, dólar dos EUA,libra esterlina): banda cambial ±0.25%

Acompanhamento unilateral do MTC II

Chipre Ligação cambial ao euro, com Libra cipriotabandas de flutuação de ± 15%

Hungria Ligação cambial ao euro, com Forint da Hungria Regime cambial em conjunto com estab.bandas de flutuação de ± 15% de objectivos p/ inflação:

2.5-4.5% até ao final de 2003

Flutuação controlada 2)

Roménia Flutuação controlada Leu romeno Cabaz de moedas (dólar dos EUA, euro)utilizado informalmente como referência

Eslováquia Flutuação controlada Coroa eslovaca

Eslovénia Flutuação controlada Tolar da Eslovénia Papel proeminente dos agregados monetários;o euro é utilizado informalmente como moedade referência

Flutuação independente 2)

República Checa Câmbio flutuante Coroa checa Estab. de objectivos p/ inflação: 2%-4%até ao final de 2005

Polónia Câmbio flutuante Zloti da Polónia Estab. de objectivos p/ inflação: 3% (comtolerância de ±1 ponto percentual) até aofinal de 2003

Quadro 17Estratégias monetárias e cambiais nos países em vias de adesão

Fontes: FMI e bancos centrais nacionais.1) Com base no Relatório Anual do FMI sobre Regimes Cambiais e Restrições Cambiais, 2001.2) Classificação do FMI.

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quadro de um objectivo para a inflação(Polónia e República Checa), flutuaçãocontrolada (Eslováquia) ou com um regimecambial que mantém uma ligação unilateralao euro com uma banda de flutuação de ±15%(Chipre e Hungria). Por último, alguns paísesincluem também com importância agregadosmonetários na sua estratégia de políticamonetária (Roménia e Eslovénia).

Em geral, as políticas monetária e cambialdos países em vias de adesão deram umcontributo significativo para a estabilidademacroeconómica e para a desinflação, criandoassim as condições para o crescimentoeconómico sustentável. Porém, a maioria dospaíses enfrentou desafios, dado que a gestãoda política cambial teve de fazer face aosriscos para a competitividade externa, acrescentes e voláteis fluxos de capitais e àfixação e cumprimento de objectivos deinflação nas economias em que a taxa decâmbio determina, em larga escala, ascondições da política monetária. Além disso,como em todas as economias, a gestão dapolítica cambial implica a manutenção de umequilíbrio adequado entre as políticasmonetária, orçamental e estrutural.

Tendo em vista a necessidade de avançar comos preparativos para a plena participação naUEM, a gestão do processo até à adopçãofinal do euro coloca ainda diversos desafiosimportantes. É provável que excessivasflutuações cambiais face ao euro prejudiquemas relações comerciais e financeiras com aárea, podendo ser nocivas à evolução de umaeconomia interna estável. No entanto, taxasde câmbio fixas poderão colocar maioresdesafios relativamente às reformasnecessárias para um maior alinhamento entreas estruturas económicas dos países em viasde adesão e as dos países da área do euro.Os países têm vindo a reagir de formadiferente a este compromisso, dando origema uma diversidade significativa nos actuaisregimes cambiais. Alguns países em vias deadesão terão de ajustar os seus regimescambiais de forma a torná-los compatíveiscom o MTC II, antes de poderem participarneste acordo. Aquando da adesão à UE, será

necessário fazer escolhas importantesrelativamente ao calendário de entrada emodalidades de participação no MTC II, deacordo com o objectivo delineado naresolução do Conselho Europeu sobre oMTC II. Estas escolhas de política sãoprincipalmente da responsabilidade dos paísesem causa e deverão estar em linha com osrequisitos estipulados no Tratado, tais comoa obrigação de tratar a política cambial comouma questão de interesse comum. Embora oMTC II, em última análise, desempenhe umpapel nos critérios de convergência paraadesão ao euro, visto que a participaçãonaquele mecanismo por um período de pelomenos dois anos é uma das condições préviaspara a adesão ao euro, o seu papel primordialconsiste em apoiar os membros do MTC II aorientar as suas políticas no sentido daestabilidade e a fomentar a convergência.

2.5 Evolução do sector financeiro

Em parte por razões históricas, o sectorfinanceiro nos países em vias de adesão élargamente dominado pelo sector bancário,enquanto outras componentes do sectorfinanceiro tenderam a permanecer menosdesenvolvidas. Do ponto de vista do BCE,reforçar o sector financeiro é importante porduas razões principais. Em primeiro lugar, aestrutura e o funcionamento do sectorfinanceiro tem implicações importantes paraa evolução macroeconómica. Em particular,sectores financeiros sólidos contribuirão paraapoiar reformas estruturais no sector real daeconomia. Os sectores financeiros podem,por conseguinte, conduzir a um maiorcrescimento do produto potencial e àconvergência do rendimento real com a áreado euro. Em segundo lugar, a estabilidadefinanceira nos países em vias de adesão éessencial para a condução tranquila da políticamonetária numa área do euro alargada.O enfraquecimento do sector financeirocolocará, sem dúvida, desafios significativos àcondução da política monetária, bem como àcredibilidade dos bancos centrais e respectivaprossecução da estabilidade de preços.

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Felizmente, ao longo dos últimos anos, foramalcançados progressos significativos emtermos da restruturação e consolidação dosector financeiro. O sector bancário foiconsideravelmente reforçado através daprivatização em larga escala dos bancosestatais e de uma grande abertura ainvestidores estrangeiros. Este processoconduziu a uma maior integração na UE,devido a um envolvimento significativo debancos dos países da UE, e aumentousignificativamente a eficiência. Porém, atransformação dos sistemas financeiros estálonge de concluída, dado o grau bastantebaixo de intermediação financeira. Talreflecte-se, principalmente, no rácio dosactivos bancários em relação ao PIB (cercade um quarto do da área do euro) e docrédito interno em relação ao PIB (cerca deum terço do da área do euro). Além disso,em alguns países, o sector bancário continuaa sofrer de uma proporção significativa decrédito mal parado e é prejudicado na suaactividade de crédito pela fragilidade daadministração de empresas e por quadrosjurídicos não muito eficazes.

2.6 Conclusões

Após alguns anos difíceis de gestãomacroeconómica no início do período de

transição, o estabelecimento de instituiçõese os projectos de política avançaram osuficiente para que os países em vias deadesão possam estar em posição de alcançara estabilidade macroeconómica. Apesar doabrandamento mundial, a evolução económicamanteve-se em geral positiva na maioria dospaíses em 2002. Os diferenciais decrescimento face à área do euro forammantidos ou mesmo alargados, e osprogressos de desinflação foram notáveis.Escolhas adequadas de estratégias de políticamonetária e cambial contribuíram para estaevolução. Contudo, permanecem algunsdesafios: o crescimento económico e areforma jurídica e institucional deverãomanter o dinamismo de forma a acelerar oprocesso de convergência do rendimentoreal, os ganhos na desinflação deverãoconsolidar-se, permitindo a continuação daliberalização dos preços, e os sectoresfinanceiros deverão ser mais reforçados. Aescolha das estratégias de política monetáriae cambial até à adopção final do euro colocatambém um verdadeiro desafio. Emboradevam ser evitadas elevadas flutuaçõescambiais face ao euro, é desejável algum graude ajustamento da taxa de câmbio, de modoa permitir as novas reformas ainda necessáriaspara a plena participação na UEM.

3 Preparativos para a adesão

3.1 Preparativos dos órgãos de decisãoe comités do SEBC

O Conselho Geral do BCE

Em Setembro de 2002, o Conselho Geral doBCE decidiu convidar os governadores dosbancos centrais dos países em vias de adesão aassistir às suas reuniões na qualidade deobservadores após a assinatura do Tratado deAdesão. Esta decisão, que está de acordo com aabordagem adoptada pelo Conselho do IME em1994 relativamente aos governadores dosbancos centrais da Áustria, Noruega, Finlândiae Suécia, destina-se a proporcionar aos

governadores dos bancos centrais dos paísesem vias de adesão a oportunidade de sefamiliarizarem com questões e métodos detrabalho relevantes do SEBC, melhorando a suaintegração como membros do Conselho Geraldo BCE em 2004.

Os comités do SEBC

No sentido de apoiar a integração tranquilados bancos centrais dos países em vias deadesão no SEBC, o Conselho do BCE decidiutambém, a partir da assinatura do Tratado deAdesão, conceder o estatuto de observador

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nos comités do SEBC a especialistas dosbancos centrais dos países em vias de adesão,sempre que os comités se reunam nacomposição do SEBC.

O Conselho do BCE

A adesão de novos Estados-Membros à áreado euro conduzirá a uma expansão substancialdo Conselho do BCE, órgão de decisãosupremo do Eurosistema. A fim de assegurartomadas de decisão eficientes e atempadasapós o alargamento, o Tratado de Nice prevêuma “cláusula de habilitação” que permiteum ajustamento das modalidades de votaçãono Conselho do BCE (artigo 10.º-2 dosEstatutos do SEBC) sob a forma de umnovo parágrafo 6 do artigo 10.º (intitulado“o Conselho do BCE”) dos Estatutos. Nostermos desta cláusula de habilitação, o artigo10.º-2 dos Estatutos pode ser alterado atravésde uma decisão unânime do Conselho da UE,reunido na composição de Chefes de Estadoou de Governo, quer com base numarecomendação do BCE aprovada porunanimidade, e após consulta ao ParlamentoEuropeu e à Comissão Europeia; quer combase numa recomendação da Comissão, apósconsulta ao BCE e ao Parlamento Europeu.As alterações acordadas serão depoisrecomendadas aos Estados-Membros pararatificação, em conformidade com osrespectivos requisitos constitucionais. Numadeclaração anexa à Acta Final da ConferênciaIntergovernamental de preparação doTratado de Nice, os governos dos Estados--Membros expressaram as suas expectativasde que uma recomendação no sentido doartigo 10.º-6 fosse apresentada o maisbrevemente possível após a entrada em vigordo Tratado. Ao longo do último ano, oConselho do BCE discutiu amplamente asopções possíveis para um ajustamento dassuas modalidades de votação, tendo chegadoa acordo, por unanimidade, da revisão doartigo 10.º-2 dos Estatutos, a qual foiapresentada ao Conselho da UE sob a formade recomendação do BCE (BCE/2003/1) emFevereiro de 2003. (A substância destarecomendação de modalidades de votação no

Conselho do BCE é explicada em pormenorno Capítulo XIII.)

3.2 Capital subscrito do BCE e limitedos activos de reserva

No contexto do alargamento, o Conselho doBCE e o Conselho Geral do BCE tambémabordaram a questão dos ajustamentosascendentes do capital subscrito do BCE edo tecto para as transferências iniciais deactivos de reserva dos BCN para o BCE. Talfoi necessário porque, ao abrigo das regrasactuais, o BCE teria sido forçado, após oalargamento do SEBC, a reembolsar os actuaismembros do SEBC de um montantesignificativo do respectivo capital. Além disso,sem quaisquer ajustamentos, o BCE teria tidoainda de retransferir os activos de reservaaquando da adopção do euro pelos novosEstados-Membros. Estes resultados teriamsido particularmente inadequados numa alturaem que o alargamento deverá aumentar asactividades operacionais do BCE e os custosrelacionados.

Mais especificamente, em conformidade comos Estatutos do SEBC, todos os BCN queparticipam no SEBC subscrevem actualmente€5 000 milhões do capital do BCE, de acordocom uma tabela de subscrição que reflecteos pesos dos respectivos países na populaçãoe no PIB da Comunidade. No sentido deproporcionar aos novos BCN umaponderação na tabela de subscrição do capitalao aderirem ao SEBC, as ponderações dosBCN que já participam diminuiriaminevitavelmente. Uma vez que foi decidido,ao abrigo dos actuais acordos do BCErelativos à liquidação do capital subscrito,que os BCN do Eurosistema deverão realizarna totalidade as respectivas quotas subscritas,enquanto os BCN dos Estados-Membros queainda não adoptaram o euro terão de pagarapenas 5% da respectiva quota subscrita, oajustamento das ponderações na tabela desubscrição de capital na sequência da adesãodos novos BCN conduzirá, em termosglobais, a uma redução do montante globaldo capital realizado.

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Enquanto este efeito se teria materializadoimediatamente aquando da adesão dos novosEstados-Membros à UE e dos respectivosBCN ao SEBC, as distorções relativamenteàs transferências de reservas externas teriamocorrido mais tarde aquando da adopção doeuro pelos novos Estados-Membros.Actualmente, o tecto para as transferênciasiniciais dos activos de reserva para o BCEsitua-se em €50 000 milhões e os BCN daárea do euro transferiram reservas externaspara o BCE na proporção da respectiva tabelade subscrição do capital. Por conseguinte, nosentido de permitir, ao abrigo do actual tecto,transferências futuras proporcionais deactivos de reserva pelos BCN de todos osfuturos países membros da área do euro, oBCE teria tido que retransferir as reservasexternas para os actuais BCN da área doeuro.

No sentido de evitar esses resultadosadversos do alargamento, os órgãos dedecisão do BCE sugeriram à ComissãoEuropeia tomar as medidas necessárias parauma alteração técnica adequada dos Estatutosdo SEBC. Em Outubro de 2002, o ConselhoECOFIN aprovou as conclusões querecomendavam, através do Tratado deAdesão, a introdução de um novo parágrafono artigo 49.º dos Estatutos. Este novoparágrafo determinaria que o capital subscritodo BCE e o tecto para as transferênciasiniciais de activos de reserva pelos BCNfossem aumentados aquando da adesão denovos Estados-Membros. Estes aumentosserão automáticos e proporcionais ao pesodo BCN dos novos Estados-Membros natabela de subscrição de capital alargada.

3.3 Plano Director

O alargamento do SEBC requer uma análisede muitas das atribuições do BCE e das infra--estruturas do SEBC, por forma a permitir aambas entidades levar a cabo as suasresponsabilidades e atingir os seus objectivos.

O BCE começou a desenvolver um PlanoDirector de Adesão, que funcionará como

um instrumento de orientação para oplaneamento, implementação e acompanha-mento das actividades do BCE em todas asáreas funcionais em preparação para oalargamento do SEBC e, numa fase posterior,do Eurosistema. O Plano Director inspira-seno Plano Director do IME, que elaborou oquadro organizacional e logístico necessárioao desempenho das atribuições do SEBC naTerceira Fase da UEM.

Muitos dos projectos de infra-estruturas, querequerem períodos de tempo relativamentelongos, estão adiantados. Além disso, o BCEjá tomou medidas para familiarizar os bancoscentrais dos países em vias de adesão com oquadro do SEBC, e para os auxiliar nospreparativos para a respectiva integração noSEBC.

As actividades do Plano Director, que serãointensificadas no decurso de 2003,assegurarão que todas as questões relevantessejam consideradas a tempo de permitir umaintegração harmoniosa dos bancos centraisdos novos Estados-Membros no quadro doSEBC, sem afectar a integridade operacionalglobal dos sistemas do SEBC.

3.4 Avaliação da infra-estrutura dossistemas de pagamentos e deliquidação de títulos nos países emvias de adesão

Em 2002, o BCE, em estreita colaboraçãocom os BCN e os bancos centrais dos paísesem vias de adesão, fez uma avaliação dasegurança e eficiência da infra-estrutura dossistemas de pagamentos e dos sistemas decompensação e de liquidação de títulos edas funções de supervisão relacionadas nos12 países em vias de adesão. A avaliaçãoenvolveu discussões in loco com os bancoscentrais, outras autoridades nacionaisrelevantes, operadores do sistema eparticipantes no mercado dos países em viasde adesão, incidindo mais sobre questõesrelacionadas com o alargamento da UE doque com os requisitos da área do euro. Foiprestada particular atenção a aspectos como

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a utilização dos vários instrumentos depagamento, a adequação das infra-estruturasde mercado e dos sistemas de transferênciasde fundos e dos sistemas de compensação ede liquidação de títulos mais relevantes emfuncionamento ou em construção nosrespectivos países. Incidiu ainda sobre o graude automatização e normalização, o grau detitularização e adequação de garantias, o papeldo banco central e a respectiva competência,capacidade e objectivos de supervisão.

Apesar de haver ainda lugar a melhorias emtodos os países em vias de adesão, a avaliaçãoconcluiu que as respectivas infra-estruturasdos sistemas de pagamentos e dos sistemasde compensação e de liquidação de títulosnão apresentam problemas suficientementegraves para criar obstáculos à adesão à UE.O BCE proporcionou, a todos os bancoscentrais dos países em vias de adesão,recomendações quer gerais quer específicasa cada país relativas às questões a melhorar.As conclusões globais e as recomendaçõesdo exercício de avaliação foram tambémcomunicadas à Comissão Europeia para o seurelatório intitulado “Towards the enlargedUnion strategy Paper and Report of the EuropeanCommission on the progress towards accessionby each of the candidate countries”, publicadoem Outubro de 2002.

3.5 Acordo de Confidencialidade comos bancos centrais dos países emvias de adesão

Em face do novo alargamento da UE e daresultante colaboração cada vez mais estreitaentre o SEBC e os bancos centrais dos novosEstados-Membros, surgiu a necessidade decelebrar um acordo fundamental relativo aointercâmbio de informação confidencial entreo SEBC e os bancos centrais dos paísesem vias de adesão. Esse Acordo deConfidencialidade tem vindo a ser negociadoentre o SEBC e os 12 bancos centrais dospaíses em vias de adesão e complementatodos os acordos separados existentes entreo BCE e determinados bancos centrais dospaíses em vias de adesão. O seu objectivo

consiste em assegurar que as partes observemos padrões mínimos comuns para otratamento da informação confidencial. Oacordo aplica-se não só a documentos, mas,em geral, a toda a informação trocada entreo SEBC e os bancos centrais dos países emvias de adesão, sendo de especial relevância,dado que os bancos centrais dos dezprimeiros novos Estados-Membros serãoconvidados a aderir aos comités do SEBCcomo observadores, após terem assinado oTratado de Adesão.

3.6 Cooperação no domínio do controloda contrafacção de notas

Relativamente ao início da entrada emfuncionamento do Centro de Análise deContrafacções e do Sistema de Controlo deContrafacções do BCE, o BCE tambémcolaborou com os bancos centrais dos paísesem vias de adesão no sentido de prevenir edetectar contrafacções. Neste particular, oBCE avaliou os bancos centrais dos países emvias de adesão tendo em vista identificar osque têm um papel claro nos respectivos paísesna investigação e análise da contrafacção denotas. Com base nesta análise, foramidentificados cinco bancos centrais dos paísesem vias de adesão como possíveis primeiroscandidatos para essa colaboração inicial,tendo sido elaborado um acordo padrãorelativo à colaboração. O BCE tenciona, emúltima instância, estabelecer essa colaboraçãocom todos os bancos centrais dos países emvias de adesão.

3.7 Cooperação entre bancos centrais

Em 2002, o BCE e os BCN da área do eurocontinuaram a assistir os bancos centrais dospaíses em vias de adesão nos respectivospreparativos técnicos para uma integraçãoharmoniosa no SEBC e, numa fase posterior,no Eurosistema. Em particular, a assistênciatem sido prestada através da familiarizaçãodos bancos centrais dos países em vias deadesão com o quadro operacional e funcionaldo SEBC e do Eurosistema e do apoio a nível

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técnico em vários campos fundamentaisda banca central. Consequentemente, acolaboração a nível dos bancos centrais entreo Eurosistema e os bancos centrais dos paísesem vias de adesão continuou intensa em 2002.

Em 2002, foram realizadas mais de 300actividades a nível da colaboração dos bancoscentrais, aumentando o número total deactividades de colaboração técnica desde ofinal de 1999 para cerca de 1 000. Desde1999, tem sido prestada assistência técnicano domínio dos sistemas de pagamentos,convergência legal e outras questõesrelacionadas com o quadro jurídico do SEBC,políticas e análise económicas, estatísticas,política monetária e respectivo quadrooperacional, política cambial, supervisão,

normas contabilísticas, notas de euros,auditoria interna, tecnologia de informação eliberalização da balança de capital. A referidaassistência tem assumido a forma deseminários e encontros de trabalho deespecialistas, visitas bilaterais a nível técnico,consultas ao mais alto nível, cursos deformação, estágios e actividades específicasde assistência técnica. Em alguns casos,especialistas dos bancos centrais dos paísesem vias de adesão elaboraram análisesconjuntas, designadamente sobre a evoluçãodos preparativos jurídicos para a adesão àUE, sistemas de pagamentos e liquidação detítulos, sectores financeiros e vários aspectosdo enquadramento estatístico nos países emvias de adesão.

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Verão de 2002

Exposição fotográfica do BCE, intitulada “A Produçãodo €uro”, no Banco de España, em Madrid eBarcelona

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Capítulo VII

Produção e emissão

de notas

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1 A introdução das notas e moedas de euros e a evolução dacirculação

As notas de euros são emitidas pelo BCE epelos BCN da área do euro. Em 1 de Janeirode 2002, entraram em circulação nos12 Estados-Membros participantes as notase moedas de euros, a nova moeda para maisde 300 milhões de cidadãos europeus,substituindo assim as notas e moedas dasantigas denominações nacionais do euro.Graças aos extensos trabalhos preparatóriosde todos os profissionais envolvidos e aosseus consideráveis esforços, em particulardurante o período de transição para o eurofiduciário em Janeiro e Fevereiro de 2002, aintrodução das notas e moedas comunsdecorreu sem problemas. O sucesso destaoperação única deveu-se também à recepçãofavorável por parte do público em geral, queaceitou de imediato as notas e moedas deeuros no início de 2002.

1.1 Fornecimento prévio esubfornecimento prévio de notas emoedas de euros em 2001

Dois factores importantes contribuíram paraa transição harmoniosa para o euro,nomeadamente o fornecimento prévio àsinstituições de crédito de elevados volumesde notas e moedas de euros e osubfornecimento prévio por parte dasinstituições de crédito aos retalhistas de uma“massa crítica” de notas e moedas duranteos últimos quatro meses de 2001. De umponto de vista logístico, estas operaçõespodem ser consideradas essenciais para ocumprimento de um dos principais objectivosdo cenário da transição, ou seja, que a maiorparte das transacções em numerário fosseefectuada em euros até meados de Janeiro de2002. No geral, os BCN da área do euroforneceram 6.4 mil milhões de notas de euros,com um valor facial de cerca de €133 milmilhões, a instituições de crédito localizadasquer dentro quer fora da área do euro. Assim,os principais intervenientes na transição parao euro fiduciário estavam muito bempreparados para a introdução física das notas

e moedas de euros a partir de Janeiro de2002. Dado que as notas de baixadenominação eram especialmente necessáriaspara efeitos de pagamentos, o fornecimentoprévio cobriu, em termos de volume, cercade 80% das necessidades dessas notas durantea transição. Em paralelo, antes do lançamento,cerca de 38 mil milhões de moedas de eurosforam previamente distribuídos às instituiçõesde crédito e retalhistas e, de forma limitada,foram também distribuídas a cidadãos da áreado euro, sob a forma de kits iniciais demoedas, o que cobriu 97% das necessidadestotais de moedas para a transição, em termosde volume.

1.2 Introdução das notas e moedas deeuros durante o período detransição para o euro fiduciárioem 2002

Além dos volumes de fornecimento prévioacima mencionados, o Eurosistema emitiuainda 1.7 mil milhões de notas de euros comum valor facial de €67 mil milhões ao longoda primeira metade de Janeiro de 2002. Em15 de Janeiro de 2002, o número de notas deeuros em circulação (incluindo as notas emcaixa nas IFM) atingiu um máximo de 8.1 milmilhões. Posteriormente, apesar do contínuocrescimento em valor, o número de notas deeuros em circulação caiu 7.5% para 7.5 milmilhões em 1 de Março de 2002, quando asnotas de euros se tornaram a única moedacom curso legal na área do euro. Tal poderáser explicado pelo facto de, nas duasprimeiras semanas de Janeiro, se terverificado uma procura bastante elevada, pormotivos de precaução, de notas de baixadenominação (em particular notas de €5 e€10) por parte das instituições de crédito edo sector retalhista, a fim de facilitar ostrocos. Esta possível explicação é confirmadapela diminuição em 34% do número de notasde €5 e em 17% do número de notas de€10 em circulação entre meados de Janeiroe o final de Fevereiro, enquanto a procura de

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todas as restantes denominações de notascontinuava a crescer ao longo deste período.

Em termos de valor, as notas de euros emcirculação continuaram a aumentar de formaacentuada durante o período de transição dedois meses, com uma subida de 86% de€133 mil milhões no início de Janeiro para€247 mil milhões no final de Fevereiro. Nestadata, as notas de euros em circulaçãocorrespondiam já a 86.5% do valor total denotas de euros e nacionais em circulação.

Devido ao elevado volume de moedas deeuros fornecido previamente aos bancos eoutros grupos profissionais alvo, com umvalor facial de €12.4 mil milhões, o númerode moedas de euros em circulação aumentouapenas 2.6% durante as duas primeirassemanas do período de transição. Tal comosucedeu com as notas de euros, o número demoedas de euros em circulação atingiu o seunível máximo em 15 de Janeiro de 2002, com38.6 mil milhões de moedas, no valor de€12.6 mil milhões (excluindo as reservasdetidas pelos BCN). A partir de meados deJaneiro de 2002, o número de moedas deeuros em circulação começou a diminuirligeiramente e, no final do período de duplacirculação, encontravam-se em circulação35.8 mil milhões de moedas de euros. Ovalor das moedas de euros em circulaçãodesceu 8.2% entre meados de Janeiro e ofinal de Fevereiro para €11.5 mil milhões.

1.3 Evolução da quantidade de notas emoedas de euros em circulaçãodurante o resto de 2002

A ligeira diminuição do número de notas deeuros em circulação durou até Abril de 2002,tendo sido atingido um nível mínimo de7.2 mil milhões. O número de notas de eurosem circulação tinha registado uma subidamoderada de 13.8% para 8.2 mil milhões atéao final de 2002. O valor das notas de eurosem circulação continuou a aumentar, subindo45.3% entre Março e Dezembro de 2002para €359 mil milhões. Esta evolução podedever-se principalmente à forte procura denotas de elevado valor, em particular €500 e€200. Considerando as restantes notas dasanteriores denominações nacionais do euroainda não resgatadas no final de 2002, onúmero total de notas em circulação ascendiaa 97.8% do valor total de notas nacionais emcirculação no final de 2000.

De forma idêntica à tendência observada paraas notas de euros, o número de moedas deeuros em circulação desceu ligeiramente atéAbril de 2002, alcançando um nível mínimode 34.7 mil milhões com um valor facial de€11 mil milhões. Após aquela data, o númerode moedas de euros em circulação aumentoumoderadamente para 40.0 mil milhões,atingindo um valor de €12.4 mil milhões nofinal de Dezembro.

Gráfico 33Notas de euros em circulação em 2002(milhões)

€50€20€10€5

€500€200€100

2 500

2 000

1 500

1 000

500

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2 500

2 000

1 500

1 000

500

800700600500400300200100

0

80070060050040030020010000

Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.2002

Jan. Fev. Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.2002

Fonte: BCE.

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002140

1.4 Recolha das antigas denominaçõesdo euro

A circulação de notas das antigas denominaçõesnacionais do euro manteve-se relativamentenormal até meados de 2001, quando aaproximação da transição para o euro fiduciáriodeu origem a um repatriamento significativodestas notas, que acelerou de formaconsiderável a partir do início do período defornecimento prévio em Setembro de 2001.Uma percentagem significativa destas consistiaem notas de denominações mais elevadas. Emtermos de valor, as notas das denominaçõesnacionais em circulação caíram 29%, de€380 mil milhões para €270 mil milhões aolongo de 2001. Em termos de volume, o númerode antigas denominações nacionais do euroem circulação desceu de 11. 7 mil milhões para

9.6 mil milhões no mesmo período. Nos doisprimeiros meses de 2002, foi retirado decirculação um total de 6.7 mil milhões denotas nacionais, ou seja, 70% do número deantigas denominações nacionais do euro emcirculação no final de 2001. Durante esteperíodo, entre 4% e 6% do valor remanescentedas notas nacionais em circulação foi recolhidodiariamente pelos BCN, o que resultou emdescidas acentuadas de €178 mil milhões emJaneiro e €58 mil milhões em Fevereiro novalor das notas das anteriores denominaçõesnacionais do euro em circulação. Durante orestante período de 2002, o ritmo de recolhadas antigas denominações nacionais abrandousignificativamente. No final do ano, o valor dasnotas das antigas denominações nacionais aindanão resgatadas era de €13.3 mil milhões.

2 Produção de notas e moedas de euros

2.1 Produção de notas de euros

Após a introdução bem sucedida das notasde euros, o Eurosistema realizou uma análisegeral dos padrões, métodos e procedimentosutilizados para a sua produção, com oobjectivo de melhorar quer a sua qualidadequer a eficiência do processo de produçãogeral. Esta análise tomou em consideração aexperiência adquirida nos locais de produçãoe incorporou também as reacções do públicoem geral, dos bancos e de outros utilizadoresde notas. As novas técnicas e processos

disponíveis para a produção e controlo dequalidade foram também avaliados eadoptados para os programas de produçãoseguintes, tendo como resultado melhorespadrões de qualidade nos locais de produção.Além disso, foi colocada maior ênfase nagestão global, com base em padrõesindustriais, de questões de saúde, segurançae ambientais relacionadas com a produção eutilização de notas. Foram ainda revistos osdiversos materiais utilizados na produção denotas de euros.

Gráfico 34Notas em circulação entre 2000 e 2002(EUR mil milhões)

0

100

200

300

400

Jan.2000 2001 2002 2000 2001 2002Jun. Nov. Abr. Set. Fev. Jul. Dez. Jan. Jun. Nov. Abr. Set. Fev. Jul. Dez.

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200

300

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notas nacionaisnotas de euros notas nacionais e de euros

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100

200

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0

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200

300

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Quadro 18Distribuição da produção de notas deeuros em 2002

Denominação Quantidade Valor BCN(milhões (EUR responsáveisde notas) milhões) pela produção

€5 1 131 5 655 FR, NL, AT,PT

€10 1 045 10 450 DE, GR, IE

€20 1 555 31 100 ES, FR, IT, FI

€50 742 37 100 BE, ES, NL

€100 307 30 700 IT, LU

Total 4 780 115 005

Este processo de persistente melhoriacontinuará a ser aplicado no futuro a todosos programas de produção das séries de notasquer actuais quer futuras. Foram definidosalguns padrões de qualidade novos emelhorados para a produção de notas em2003.

Em Abril de 2001, o Conselho do BCE decidiuque, nos anos seguintes, a produção de notasde euros decorreria em conformidade comum cenário de produção descentralizado comacordos de produção. Isto significa que cadaBCN da área do euro é responsável por umpequeno número de denominações, atravésde acordos de produção de uma percentagemque lhe é atribuída do fornecimento total denotas de euros. Estes acordos de produçãocontribuem para assegurar o fornecimentode notas de qualidade consistente, reduzindoo número de locais de produção para cadadenominação e permitindo ao Eurosistemabeneficiar de economias de escala naprodução de notas.

A necessária troca de notas recém-impressasentre BCN é realizada sem haver lugar apagamentos. Em 2002, foram melhorados osprocedimentos de aceitação, controlo efiscalização da produção de notas de euros.

A produção total necessária para 2002ascendeu a 4.8 mil milhões de notas. Estasnotas destinaram-se a cobrir qualqueraumento na circulação e a substituir notasque deixam de estar em condições decirculação e ainda a assegurar que os BCN

dispõem de stocks logísticos suficientes pararesponder a quaisquer pedidos de notas,mesmo nos picos sazonais de procura.

Os stocks logísticos de notas de €200 e €500resultantes da produção de lançamento foramconsiderados suficientes para cobrir asnecessidades de 2002. O Quadro 18apresenta uma visão geral da distribuição daprodução pelos BCN.

2.2 Gestão de stocks e fixação do StockEstratégico do Eurosistema

Foi considerada necessária uma maiorcoordenação não só na produção de notasde euros, mas também no domínio da emissãode notas de euros, o que teve comoresultado, nomeadamente, um acordo sobreum quadro para a gestão de stocks logísticosno Eurosistema.

Além disso, o Conselho do BCE tomoudecisões relacionadas com a produção denotas e outros acordos para a fixação de umStock Estratégico do Eurosistema (EurosystemStrategic Stock (ESS)). Este stock destina-se aser utilizado em circunstâncias em que osstocks logísticos existentes no Eurosistemasejam insuficientes para fazer face a umaumento inesperado na procura de notas deeuros ou quando se verificar uma súbitainterrupção no fornecimento de notas deeuros. O Stock Estratégico do Eurosistema éconstituído por 30% do valor total de notasde euros em circulação, detido nas trêsdenominações mais elevadas, e 20% donúmero de notas de euros em circulaçãonas denominações mais baixas, detido emnotas dessas denominações. Assim, o StockEstratégico do Eurosistema inclui actualmentecerca de 1.74 mil milhões de notas.

A parte não utilizada do Stock de ReservaCentral, estabelecido com o objectivo decobrir os riscos de escassez de notas duranteo período de transição para o euro fiduciário,foi transferida para o Stock Estratégico doEurosistema. Uma outra parte deste Stockserá produzida em 2003, juntamente com as

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notas para as necessidades logísticas dosBCN.

2.3 Apoio na produção de moedas deeuros

Os Estados-Membros são responsáveis pelaprodução de moedas de euros. O BCE actuacomo avaliador independente da qualidade

das moedas. Apoiou a introdução emanutenção de um sistema de gestão dequalidade comum nas casas da moeda queproduzem moedas de euros. Em 2002, aprodução prosseguiu a uma taxa reduzida. Aqualidade das moedas foi continuamenteavaliada através de relatórios de qualidademensais, fiscalizações de qualidade e avaliaçãode amostras de moedas retiradas daprodução.

3 Políticas comuns do Eurosistema para o tratamentode numerário

A introdução das notas e moedas de euroscolocou desafios aos BCN da área do euro,que têm tradições e práticas nacionaisdiferentes no que se refere à logística e aosserviços relacionados com numerário. OConselho do BCE sublinhou em diversasocasiões a importância da igualdade nascondições de concorrência para os serviçosligados ao numerário e tomou várias medidascom o objectivo de promover um contextoconcorrencial justo nesta área.

3.1 Política de comissões doEurosistema e abordagem comumao horário de funcionamento eregras de débito/crédito para osserviços em numerário aos balcõesdos BCN

A partir de 1 de Março de 2002, foi adoptadauma política comum de comissões doEurosistema para as transacções emnumerário de clientes profissionais nosbalcões dos BCN, que define vários níveis deserviços:

• serviços gratuitos: trata-se de serviçosbásicos fornecidos por todos os BCN,considerando o seu papel único comofornecedor de numerário à economia; e

• serviços pagos: trata-se de serviçosadicionais que os BCN podem decidiroferecer. Nesse caso, será necessário

pagar uma comissão por esses serviçosopcionais, tendo em conta que estespodem ser também proporcionados porterceiros.

O Conselho do BCE definiu também umaabordagem comum para o horário defuncionamento e regras de crédito/débitopara os serviços em numerário aos balcõesdos BCN. As medidas que se seguemprocuram alcançar o objectivo de promovera igualdade nas condições de concorrência:

• Os BCN deverão oferecer a possibilidadede depósito e levantamento de notas emoedas durante um período diário mínimode seis horas (a duração deste períododeverá ser definida a nível nacional) empelo menos alguns balcões.

• O débito/crédito de transacções emnumerário dentro do horário acimamencionado deverá ser efectuado nomomento do levantamento/depósito físicoaos balcões dos BCN.

• Os BCN poderão também aplicar medidasrelacionadas com o seu papel e atribuiçõesespecíficos nos respectivos países (porexemplo, horário de funcionamentoalargado para os serviços relacionados comnumerário, ou o débito/crédito posterior,que, em termos de custos para terceiros,tem o mesmo efeito que horário defuncionamento alargado).

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3.2 Fixação de termos de referênciapara a utilização de máquinas dedepósito, escolha e levantamentona área do euro

Como medida adicional, foi acordada umaabordagem comum para a utilização demáquinas de depósito, escolha e levantamentona área do euro. Estas máquinas são unidadesisoladas operadas pelo cliente, que têmcapacidade para receber, processar eredistribuir notas. Este processo totalmenteautomatizado deixou de requerer oprocessamento manual adicional de notas ediminui o ciclo de processamento donumerário, reduzindo assim significativamenteos custos com o tratamento de numerário.

Numa ronda de discussões sobre as máquinasde depósito, escolha e levantamento com as

associações europeias do sector do crédito ecom os fabricantes destas máquinas, foramdiscutidos os aspectos organizacionais etécnicos da sua utilização. Posteriormente, oConselho do BCE aprovou os termos dereferência do Eurosistema para a utilizaçãodas máquinas de depósito, escolha elevantamento pelas instituições de crédito eoutras partes da área do euro queintervenham na escolha e distribuição denotas. Os principais elementos destes termosde referência são os critérios para aautenticação de notas genuínas e os requisitosde escolha de acordo com a qualidade dasnotas, tendo como objectivo manter fora decirculação notas falsas ou suspeitas ou notasque já não estejam em condições adequadasde circulação, por exemplo notasdeterioradas ou sujas.

4 Protecção das notas de euros contra a contrafacção

Embora as contrafacções nunca tenham,historicamente, ultrapassado umapercentagem muito pequena do número denotas em circulação na actual área do euro, oEurosistema mostra-se contudo empenhadona protecção das notas de euros contra acontrafacção, com base nos padrões maiselevados possível. As notas de euros foramprojectadas e desenvolvidas de forma aassegurar que, em termos de protecçãocontra a contrafacção, se encontrem entre asmais sofisticadas no mundo. Além disso, oEurosistema lançou uma ampla campanha deinformação sobre o desenho e ascaracterísticas de segurança das notas deeuros, dirigida quer ao grande público queraos caixas profissionais. A campanha foi bemrecebida, a julgar pelos resultados de uminquérito conduzido em 2002 e pelo númerode visitas à página da campanha de informaçãona Internet. A eficácia dos preparativos paraa introdução do euro fiduciário foi tambémconfirmada pelo facto de o número de notasde euros falsas registado em 2002 ter sidoapenas cerca de um quarto do número decontrafacções das antigas denominaçõesnacionais do euro em 2001.

Em 2002, o Eurosistema estabeleceu umCentro de Análise de Contrafacções quecoordena a introdução de informaçãoestatística e técnica sobre as notas de eurosfalsas dos Centros de Análise Nacionais dosBCN em toda a UE numa base de dadosabrangente no BCE. O número decontrafacções registado em 2002 ascendeu a167 118. Estas distribuíram-se da seguinteforma entre as denominações:

€5 €10 €20 €50

Quantidade 1 039 3 108 14 845 136 133

Percentagem 0.6 1.9 8.9 81.4

€100 €200 €500 Total

Quantidade 10 307 1 525 161 167 118

Percentagem 6.2 0.9 0.1 100

Como se pode observar de imediato, onúmero de contrafacções de notas de €50foi particularmente elevado, o que reflecte ofacto de a contrafacção desta denominaçãoproporcionar um compromisso entre amaximização do valor ganho e a minimização

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da probabilidade de observação cuidadosa porparte do público.

Quanto à distribuição ao longo do tempo,tem-se verificado claramente que o númerode contrafacções revela flutuações sazonais,com picos durante as épocas de férias. Estepadrão normal não foi identificável em 2002.Na primeira metade do ano, o número decontrafacções registadas foi particularmentebaixo, uma vez que as notas de euros eramainda encaradas como uma novidade,encontrando-se sob observação cuidadosapor parte do público, não sendo portantoprovável a sua contrafacção. Verificou-se umaumento das contrafacções registadas nasegunda metade de 2002, apesar de os níveis,em termos históricos, terem permanecidorelativamente baixos.

A qualidade das contrafacções foi tambémgeralmente fraca. Embora tenham sidoutilizadas algumas técnicas inventivas, nãoforam descobertas contrafacções que nãopudessem ser detectadas com base no teste“aspecto-toque-inclinação”, recomendadopelo Eurosistema para o reconhecimento denotas de euros genuínas. O Eurosistema,porém, continua a acompanhar a evolução daindústria gráfica e a avaliar as ameaças queesta evolução possa colocar em termos decontrafacções de elevada qualidade. De facto,desenvolvimentos recentes na tecnologialevaram o Eurosistema, como muitas outrasautoridades de emissão de notas, a investirde forma substancial na investigação edesenvolvimento (I&D). As notas de euroscontêm já diversas características desegurança, todas destinadas quer a tornarmais difícil a sua contrafacção quer a tornaras notas falsas fáceis de detectar.

Os esforços de I&D do Eurosistema incidemagora firmemente nas actividades quemantêm a integridade das notas de eurosface à ameaça da contrafacção; estãodireccionados para os fundamentos técnicosdos futuros desenhos de notas e para amelhoria das actuais características desegurança. Estes trabalhos são vitais parafazer face às exigências que incidirão sobreas notas de euros no futuro. O Eurosistemaacompanha cuidadosamente a evolução naárea da contrafacção de notas de euros etomará as contra-acções adequadas, sempreque necessário.

O Eurosistema também continuou a dar oseu contributo para a cooperaçãointernacional sobre a dissuasão dacontrafacção em 2002. Em Abril, acomunidade internacional identificou umanecessidade de recursos adicionais paraapoiar os testes e a aplicação de tecnologiade dissuasão de contrafacções. O BCEcomeçou a estudar a possibilidade de albergaruma unidade técnica em Frankfurt e em Junhoo Conselho do BCE chegou a acordo sobreo estabelecimento do Centro Internacionalde Dissuasão de Contrafacção (InternationalCounterfeit Deterrence Centre (ICDC)), quefuncionará com pessoal do BCE e comresponsáveis de outras autoridades deemissão. O ICDC é o ponto de contactotécnico internacional para as autoridades deemissão e outras partes envolvidas na áreada dissuasão da contrafacção, realizandoainda testes de avaliação para verificar adissuasão em equipamento de reproduçãoseleccionado e funciona como um ponto dereferência técnica. Os pormenores finaissobre o estabelecimento e financiamento doICDC foram acordados em Dezembro de2002.

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Abertura da Escola Europeia, Frankfurt

5 de Setembro de 2002

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Capítulo VIII

Sistemas de pagamentos

e de liquidação de títulos

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Análise geral

O Eurosistema tem a atribuição de promovero bom funcionamento dos sistemas depagamentos e de liquidação através daprestação de serviços de pagamentos e deliquidação de títulos, assim como de efectuara superintendência dos sistemas depagamentos e de liquidação do euro, actuandocomo um catalisador da mudança.

Em termos operacionais, o sistema deTransferências Automáticas Transeuropeiasde Liquidações pelos Valores Brutos emTempo Real (TARGET) funcionou semproblemas e com êxito em 2002, com umaumento de dois dígitos nas transacções emtermos quer de volume, quer de valor. Aolongo do ano em análise, o Conselho do BCEtomou decisões estratégicas relativas aofuturo do TARGET e à ligação a este sistemados países em vias de adesão. O TARGET2será concebido na sequência de uma consultaaos seus utilizadores.

No que respeita ao envolvimento operacionaldo Eurosistema na área dos títulos, o Modelode Banco Central Correspondente (MBCC),concebido como uma solução provisória quepermite a utilização transfronteiras degarantias, continua a ser a principalferramenta com esta finalidade, e serámelhorado no futuro. A Secção 1.6 doCapítulo II, que trata dos activos elegíveis,apresenta a evolução em 2002, no querespeita à utilização de garantias para asoperações de crédito intradiário do TARGETe de política monetária.

Na condução e no desenvolvimento dasuperintendência, todos os sistemas depagamentos sistemicamente importantesoperando em euros são avaliados com basenos “Princípios Fundamentais para Sistemasde Pagamentos Sistemicamente Importantes”(“Core Principles for Systemically Important

Payment Systems”, Banco de PagamentosInternacionais, Basileia, Janeiro de 2001), queforam adoptados como os padrões mínimospelo Conselho do BCE em Fevereiro de 2001.Além disso, foram realizadas consultaspúblicas sobre padrões de superintendênciapara sistemas de pagamentos de retalhooperando em euros e sobre objectivos desegurança de sistemas de moeda electrónica.Com a entrada em funcionamento do sistemade Liquidação em Contínuo (Continuous LinkedSettlement – CLS) em Setembro de 2002, oBCE passou a actuar como agente deliquidação dos pagamentos CLS em euros dosbancos e como co-superintendente, sendo oSistema da Reserva Federal o responsávelmáximo pela superintendência.

No que respeita aos pagamentos de retalho,o Eurosistema, actuando como catalisador damudança, apoiou as iniciativas do sectorbancário no sentido de estabelecer uma áreaúnica de pagamentos em euros. Esta iniciativadestina-se a permitir que os cidadãoseuropeus efectuem pagamentos na área doeuro de uma forma tão segura, rápida eeficiente como no seu próprio país.

Na área dos sistemas de compensação e deliquidação de títulos, prosseguiu a avaliaçãodos sistemas de liquidação de títulos (SLT)elegíveis para a liquidação de garantias paraas operações de crédito do Eurosistema,tendo sido acompanhado de perto o processode integração e de consolidação dosmercados de títulos. Com o objectivo dedesenvolver padrões europeus para asactividades de compensação e de liquidação,com base em recomendações acordadas anível internacional, prosseguiu a colaboraçãocom o Comité das Autoridades deRegulamentação dos Mercados Europeus deValores Mobiliários.

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1 Operações dos sistemas de pagamentos e de liquidação doEurosistema

1.1 O sistema TARGET

O TARGET é uma parte fundamental domercado monetário integrado do euro o qual,por sua vez, constitui uma condição préviapara a condução eficiente da políticamonetária única. Em conformidade, oTARGET continuou a cumprir os seus outrosdois objectivos principais, nomeadamente, oaumento da eficiência dos pagamentostransfronteiras em euros e a disponibilizaçãode um mecanismo fiável e seguro para aliquidação de pagamentos transfronteiras edomésticos de grande montante.

Em 2002, o TARGET processou, em termosde valor, quase 85% do total dos pagamentosde grande montante em euros (o quecompara com quase 75% em 2001). Esteaumento deve-se, nomeadamente, àconsolidação em curso no mercado, de que éexemplo o encerramento do sistema híbridoEuro Access Frankfurt (EAF), quando oDeutsche Bundesbank implementou o sistemaRTGSplus. O aumento contínuo do tráfegotransfronteiras no TARGET indica igualmenteo papel cada vez menor que o modelo debanco correspondente tem tido na área doeuro desde a introdução do euro. Em 2002,o TARGET tem 1 560 participantes directos,2 328 participantes indirectos e o número debancos e sucursais contactáveis em todo omundo ascendeu a aproximadamente 40 000.

Operações no TARGET

Em 2002, foi processada uma média diária de253 016 pagamentos no TARGET (querdomésticos quer transfronteiras), num valortotal de €1 552 mil milhões. Este montante éequivalente a um aumento de 20% em termosde volume e 19% em termos de valor face a2001.

Do tráfego total do TARGET em 2002, otráfego transfronteiras representava 31% emtermos de valor, o que compara com 39% em

2001, permanecendo em 21% em termos devolume. Do tráfego transfronteiras doTARGET, 96% em termos de valor e 54% emtermos de volume foram pagamentosinterbancários, sendo o remanescentepagamentos transfronteiras de clientes. Ovalor médio dos pagamentos interbancáriostransfronteiras foi de €15.9 milhões, face a€17.7 milhões em 2001, e o valor médio dospagamentos transfronteiras de clientes foi de€0.8 milhões, face a €1.0 milhões em 2001.Os Quadros 19 e 20 apresentam maisinformações, nomeadamente, sobre os diasde tráfego máximo.

Quadro 20Tráfego máximo no TARGET em 2002

Volume valor data

Global 371 758 28 Jun.

Doméstico 289 706 28 Jun.

Transfronteiras 82 079 29 Nov.

Valor (EUR mil milhões)

Global 2 172 28 Jun.

Doméstico 1 489 28 Jun.

Transfronteiras 689 29 Nov.

Quadro 19Tráfego de pagamentos no TARGET *)

Volume 2001 2002 Variação, %

GlobalTotal 53 663 478 64 519 000 20Média diária 211 274 253 016 20

DomésticoTotal 42 164 099 50 785 315 20Média diária 166 000 199 158 20

TransfronteirasTotal 11 499 379 13 733 685 19Média diária 45 273 53 858 19

Valor (EUR milmilhões) 2001 2002 Variação, %

GlobalTotal 329 992 395 635 20Média diária 1 299 1 552 19

DomésticoTotal 201 389 271 914 35Média diária 793 1 066 34

TransfronteirasTotal 128 603 123 721 -4Média diária 506 485 -4

*) 254 dias de funcionamento em 2001; 255 em 2002.

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Tal como em 2001, os participantes noTARGET submeteram cedo os respectivospagamentos, tendo sido liquidado até às13 horas, mais de 50% do movimento diárioe quase 75% do volume transfronteiras. Oarranque das operações CLS em Setembrode 2002 encorajou este padrão, uma vez queos pagamentos CLS em euros têm que serefectuados entre as 7 horas e as 12 horas. Aapresentação atempada contribui de formasignificativa para o bom funcionamento doTARGET e para a redução do risco debloqueamentos no sistema de pagamentos emcaso de tensões de liquidez no final do dia.

O calendário de longo prazo dos dias deencerramento do TARGET foi aplicado pelaprimeira vez em 2002. Até indicação emcontrário, todo o TARGET, incluindo todosos RTGS (sistemas de liquidação por brutoem tempo real – SLBTR) nacionais, estarãofechados nos dias de encerramento doTARGET. A aplicação do calendário de longoprazo contribuiu para evitar incertezas nosmercados financeiros resultantes dasvariações de calendário de anos anteriores.

Em 18 de Novembro de 2002, começou aser utilizada com êxito a versão actualizadado TARGET. Esta actualização consistiuprincipalmente numa manutenção do softwaree na validação do Número Internacional deConta Bancária (International Bank AccountNumber – IBAN) para pagamentos de clientes.A utilização do IBAN é uma condição préviae um passo em frente no processamentodirecto de pagamentos de clientes.

Em 27 de Novembro de 2002, o Conselhodo BCE aprovou um novo quadro de políticade compensação dos clientes do TARGETem caso de mau funcionamento do mesmo.O novo regime de compensação baseia-senas práticas existentes no mercado e destina--se a compensar certos prejuízos de modorápido e normalizado.

Disponibilidade do TARGET

A disponibilidade do TARGET continuou amelhorar, tendo atingido 99.77% em 2002.O número de incidentes relacionados com aindisponibilidade do sistema continuou adiminuir, tendo sido registada uma reduçãode 6%, face a 2001. As medidas decontingência do TARGET foram melhoradasem 2002 com o objectivo de aumentar a suaeficiência e dar resposta aos requisitos dospagamentos sistemicamente importantes e àsnecessidades das operações CLS, e face àslições aprendidas com os acontecimentos de11 de Setembro de 2001. A realização detestes alargados e a primeira experiência aovivo revelaram a utilidade de medidas decontingência aperfeiçoadas.

Relações com os utilizadores do TARGET

Em 2002, o BCE e os BCN mantiveram odiálogo com os utilizadores do TARGET.Como no ano anterior, foram realizadasreuniões regulares com os grupos deutilizadores nacionais do TARGET, enquantoa nível do SEBC foram realizadas duasreuniões do Grupo de Contacto sobreEstratégias de Pagamentos em Euros(COGEPS). Além disso, tiveram lugar no BCEduas reuniões conjuntas do Grupo deTrabalho para a Gestão do TARGET(TMWG), constituído por representantes doSEBC, e do Grupo de Trabalho do TARGET,constituído por representantes do sectorbancário europeu, com o objectivo deintensificar o diálogo sobre as questõesoperacionais do TARGET a nível europeu. Arelação de proximidade com os utilizadoresgarante que as suas necessidades sãodevidamente tomadas em consideração erespondidas de forma adequada peloEurosistema.

Processo de adesão

Em 24 de Outubro de 2002, o Conselho doBCE decidiu que os bancos centrais dos paísesem vias de adesão terão a possibilidade – mas

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não a obrigação – de se ligarem ao TARGETquando os respectivos países aderirem à UE.Estão a ser preparadas e discutidas com osbancos centrais dos países em vias de adesãodiversas opções respeitantes a essas ligações,incluindo cenários destinados a evitar anecessidade de plataformas individuais dosSLBTR do euro.

TARGET2

Também em 24 de Outubro de 2002, oConselho do BCE tomou uma decisãoestratégica sobre a orientação da novageração do sistema TARGET (TARGET2). Oprincipal objectivo do Eurosistema consisteem garantir que o TARGET evolui no sentidode ser um sistema que: (i) satisfaça melhor asnecessidades dos clientes, proporcionando--lhes um nível de serviços amplamenteharmonizado; (ii) garanta a eficiência decustos; e (iii) esteja preparado para a rápidaadaptação à evolução futura, incluindo oalargamento da UE e do Eurosistema.Paralelamente, os BCN continuarão a serresponsáveis pelas contas e pelas relaçõescom as instituições de crédito.

O TARGET2, que não deverá ficar operacionalantes da segunda metade desta década, será umsistema de plataformas múltiplas, constituídopor plataformas individuais e por uma“plataforma partilhável”. Esta será umaplataforma TI partilhada por vários bancoscentrais que desistam voluntariamente das suasplataformas individuais. No final de um períodode três anos subsequente ao início dofuncionamento do TARGET2, avaliar-se-á se aplataforma partilhável única consegue satisfazeras necessidades de todos os bancos centrais erespectivas comunidades bancárias que nãopretendam manter uma plataforma individual.Por fim, poderá ser tomada a decisão deconstruir plataformas partilháveis adicionaisnuma fase posterior do desenvolvimento doTARGET2. Tal como o actual sistema TARGET,o TARGET2 será um sistema destinado aliquidar predominantemente pagamentos degrande montante em euros, sistemicamenterelevantes, em moeda do banco central. Além

disso, tal como no presente, estará aberto apagamentos que os utilizadores desejemprocessar em tempo real em moeda do bancocentral. O TARGET2 terá um nível de serviçosmuito mais harmonizado do que o actualsistema. Os serviços de base do TARGET2, queincluem os serviços e as funções oferecidos portodas as componentes do TARGET2, terão umaestrutura única de preços para todo o TARGETpara as suas transacções domésticas etransfronteiras. A estrutura única de preços paratodo o TARGET será baseada num sistemaSLBTR de referência, definido como aquele queapresente o custo médio mais baixo portransacção. Os BCN podem oferecer serviçosadicionais, cujos preços são fixados em separadoe de forma independente por cada BCN. Em 16de Dezembro de 2002, foi lançada uma consultapública sobre “TARGET2 – Princípios eEstrutura”.

1.2 O modelo de banco centralcorrespondente

O MBCC permite a utilização transfronteirasde garantias pelas contrapartes em operaçõesde política monetária e em operações de créditointradiário. Foi implementado em 1998 comouma solução provisória até o mercadodesenvolver alternativas. Em 2002, o MBCCcontinuou a ser a principal ferramenta para atransferência transfronteiras de garantias parao Eurosistema. O montante de garantiasapresentadas através do MBCC aumentou de€157 mil milhões no final de 2001 para €194mil milhões no final de 2002.

Apenas em casos raros, as contrapartesapresentaram garantias transfronteirasatravés da alternativa ao MBCC, isto é, asligações elegíveis entre os SLT. O Gráfico 35mostra a evolução da utilização de garantiastransfronteiras através do MBCC e as ligaçõesem percentagem do total das garantiasfornecidas ao Eurosistema.

Na sequência de pedidos das contrapartespara manter o MBCC, acelerar o seu tempode processamento e prolongar o horário defuncionamento, o Conselho do BCE decidiu

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manter em funcionamento o MBCC a médioprazo, permitindo a introdução de novasmelhorias. A este respeito, foi decidido anível do Eurosistema, introduzir umreferencial horário de uma hora1 para osprocedimentos internos nos BCN a partir de2004. Em qualquer caso, alguns BCNcomeçaram já em 2002 a automatizar algunsprocedimentos na implementação de umanova geração de mensagens SWIFT. Alémdisso, o Eurosistema também mantevediscussões com os bancos de custódiaenvolvidos no MBCC, com o objectivo deestabelecer um código de conduta para osbancos de custódia que processamtransacções do MBCC.

2 Questões gerais da superintendência dos sistemas de pagamentos

Em 2002, as actividades de superintendênciado Eurosistema destinaram-se a assegurar ocumprimento contínuo por parte dossistemas de pagamentos sistemicamenteimportantes dos padrões de superintendênciaexistentes e a desenvolver padrões desuperintendência para os sistemas depagamentos de retalho. Ao longo de 2002, oEurosistema iniciou a avaliação de todos ossistemas de pagamentos sistemicamenteimportantes na área do euro tendo em contaos “Princípios Fundamentais para Sistemas dePagamentos Sistemicamente Importantes”2.Este procedimento incluiu a avaliaçãoindividual das componentes nacionais doTARGET. A avaliação do TARGET no seutodo foi efectuada pelo FMI em 2001. O BCEdisponibilizará informações sobre esteexercício de avaliação no decurso de 2003.

Em Janeiro de 2003, o Conselho do BCE decidiuque a superintendência e as responsabilidadesoperacionais relativas ao TARGET devem serseparadas entre cada BCN e o BCE, nummínimo, a nível especializado.

Em 8 de Julho de 2002 foi lançada uma consultapública sobre “Padrões de superintendênciapara sistemas de pagamentos de retalhooperando em euros”. Este documento considera

as implicações dos “Princípios Fundamentaispara Sistemas de Pagamentos SistemicamenteImportantes” para os sistemas de pagamentosde retalho. Embora os sistemas de pagamentossistemicamente importantes tenham de cumpriros dez Princípios Fundamentais, o documentode consulta considera que seis desses PrincípiosFundamentais são tão importantes que devemtambém ser aplicados aos sistemas depagamentos de retalho consideradosimportantes. As respostas à consulta foramgeralmente positivas. A abordagem apresentadacongregou, de um modo geral, amplo apoio. Oscomentadores apreciaram a transparência dasintenções do Eurosistema no que respeita àsuperintendência dos sistemas de pagamentosde retalho. Contudo, também salientaram que aaplicação dos Princípios Fundamentais aossistemas de pagamentos de retalho nos paísesda UE deverá basear-se em critériosharmonizados. Os comentários, que forampublicados na página do BCE na Internet, serãoavaliados para determinar possíveis implicaçõespara a orientação das políticas.

1 Trinta minutos para o banco central de origem e trinta minutospara o banco central correspondente.

2 “Princípios Fundamentais para Sistemas de PagamentosSistemicamente Importantes”, Banco de PagamentosInternacionais, Basileia, Janeiro de 2001.

Gráfico 35Garantias transfronteiras empercentagem do total das garantiasfornecidas ao Eurosistema(em %)

30

25

20

15

10

5

0

30

25

20

15

10

5

01999 2000 2001 2002

ligaçõesMBCC

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153BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

Em 19 de Março de 2002, foi divulgado paracomentário público o relatório intitulado“Electronic Money Systems Security Objectives”(EMSSO) (“Objectivos de Segurança deSistemas de Moeda Electrónica”). Esterelatório contém uma lista dos objectivos desegurança para os sistemas de moedaelectrónica. Esses objectivos de segurançafocam a fiabilidade global e a segurançatécnica dos sistemas de moeda electrónica, afim de aumentar a confiança do público nessessistemas, criar condições de igualdade paraos diferentes esquemas e facilitar a suainteroperacionalidade. A abordagem geral foibem acolhida e os comentários recebidos

3 As moedas actualmente liquidadas são: dólar dos EUA, euro,iene japonês, libra esterlina, franco suíço, dólar canadiano edólar australiano.

4 Para mais informações, ver “CLS – objectivo, concepção eimplicações”, BCE, Frankfurt, Boletim Mensal de Janeiro de2003.

5 “Report of the Committee on Interbank Netting Schemes of theCentral Banks of the Group of Ten Countries”, Banco dePagamentos Internacionais, Novembro de 1990.

estão a ser considerados. Em Fevereiro de2003, foi publicada uma versão actualizadadeste relatório.

Além disso, o Eurosistema, em conjunto comos BCN dos Estados-Membros que ainda nãoadoptaram o euro, está a realizar esforçospara identificar o âmbito e a evolução daactividade em euros dos bancoscorrespondentes. Isto tem em vista aobtenção de informações sobre a evoluçãodos pagamentos em euros no seu todo e nãoapenas nos sistemas interbancáriosestabelecidos.

3 Sistemas de pagamentos de grande montante

3.1 Evolução noutros sistemas depagamentos de grande montanteem euros

Os quatro sistemas de liquidação pelosvalores líquidos de grande montante queoperam em euros – o Euro Clearing systemda Associação Bancária do Euro (EURO 1), oParis Net Settlement (PNS) em França, oServicio de Pagos Interbancarios (SPI) emEspanha e o Pankkien On-line Pikasiirrot jaSekit-järjestelmä (POPS) na Finlândia –continuaram a funcionar sem problemas em2002.

Em 2002, o maior desses sistemas, oEURO 1, processou cerca de 134 900transacções por dia, com um valor médiodiário de €188 mil milhões. O segundomaior, o PNS, processou cerca de 29 700transacções por dia, com um valor médiodiário de €78 mil milhões. Os quatro sistemasem conjunto processaram aproximadamentedois terços do volume e um sexto do valordas transacções processadas através doTARGET.

Em linha com as tendências recentes, onúmero de pagamentos de clientes voltou aaumentar em todos os sistemas. Contudo,como estes são tipicamente pagamentos depequeno montante, a dimensão média dos

pagamentos diminuiu e o valor global dospagamentos processados reduziu-se cerca de10%.

3.2 Liquidação em Contínuo(Continuous Linked Settlement – CLS)

Em 9 de Setembro de 2002, entrou emfuncionamento o CLS, que é um sistemadestinado a liquidar transacções cambiais3.O sistema CLS elimina em grande parteo risco de liquidação cambial, liquidandoas respectivas transacções numa basepagamento-contra-pagamento4. O BCEdesempenha uma função dupla no querespeita ao CLS: está envolvido na suasuperintendência e presta serviços deliquidação.

A superintendência do sistema CLS éefectuada em conformidade com o quadro decooperação definido no Relatório Lamfalussy5.O Sistema da Reserva Federal é o responsávelmáximo pela superintendência. Antes do

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início do sistema CLS, os bancos centrais demoedas que são actualmente liquidadas nosistema CLS avaliaram em conjunto os riscosde incluírem as respectivas moedas noreferido sistema. Neste exercício, o BCEconcluiu que, em geral, as transacçõescambiais em euros seriam liquidadas de formasegura e eficiente, não devendo dar origem ariscos desnecessários para o mercadomonetário do euro e para os sistemas depagamentos em euros. O BCE aprovou ainclusão do euro no sistema CLS. Todos osoutros bancos centrais envolvidos chegaram auma conclusão semelhante relativamente àsrespectivas moedas e a Reserva Federal aprovouo início do funcionamento do sistema.

Em Julho de 2002, com o objectivo deassegurar o carácter definitivo legal deliquidação no sistema CLS, o Bank of Englanddesignou o sistema CLS (cujas regras sãoregulamentadas pelo direito inglês) ao abrigodos regulamentos do Reino Unido queimplementam a Directiva relativa ao carácterdefinitivo da liquidação na UE.

Na liquidação das respectivas transacções nosistema CLS, os bancos colocam fundos nassuas contas CLS, na sua moeda, através doSLBTR respectivo. Relativamente ao euro, oBCE abriu uma conta para o sistema CLS etodos os pagamentos de e para o sistema todos

os pagamentos de e para o sistema CLSsão processados através do mecanismo depagamentos do BCE (EPM) e, consequentemente,através do TARGET. Considerando a urgênciados pagamentos do sistema CLS, o Eurosistemamelhorou os seus acordos de contingência demodo a mitigar o risco de falhas operacionais.Foram realizados com êxito repetidos testes decontingência em ambiente real junto dacomunidade bancária em 2001 e 2002.

Em Dezembro de 2002, a liquidação diária devalores no sistema CLS atingiu USD 268 milmilhões. Segundo as estimativas, este valor serápouco mais de 22% superior ao movimentototal no mercado cambial. A seguir ao dólar dosEUA, que detém uma percentagem de 47%, oeuro é a moeda mais liquidada no sistema CLS(26%). O impacto da liquidez sobre os mercadosdo euro foi limitado, uma vez que ospagamentos diários foram de apenas €5.2 milmilhões, em média, e a retenção média deliquidez na conta do BCE no sistema CLSdurante a manhã (7h00 às 12h00) foi de apenascerca de €0.8 mil milhões. O sistema CLS temrevelado desde o início boa estabilidadeoperacional. No Verão de 2003, o sistema CLStenciona adicionar as seguintes moedas: coroasueca, coroa norueguesa, coroa dinamarquesae dólar de Singapura, seguindo-se ainda nocorrente ano o dólar neozelandês e o dólar deHong Kong.

4 Serviços de pagamentos de retalho

Desde a introdução das notas e moedas deeuros e da transição das estruturas depagamento para o euro em 1 de Janeiro de2002, a atenção e procura do público têm-seconcentrado na evolução da área única depagamentos em euros. O Eurosistema tem oobjectivo de tornar a área do euro numaárea de pagamentos de retalho altamentecompetitiva, que dá aos seus cidadãos meiose instrumentos de pagamento eficientes eseguros. Assim, o Eurosistema continuou aorientar as suas políticas de pagamentos deretalho tendo esse objectivo em vista. OEurosistema pode decidir actuar comocatalisador da mudança, utilizar as suas

competências de superintendência eenvolver-se em termos operacionais. OEurosistema prosseguiu estes objectivos emestreita cooperação e diálogo com aComissão Europeia e o sector bancárioeuropeu.

No final de 2001, o Parlamento Europeu e oConselho adoptaram o Regulamento (CE)No. 2560/2001 relativo aos pagamentostransfronteiras em euros. Em conformidadecom o disposto neste Regulamento, os bancossão obrigados a cobrar encargos porpagamentos transfronteiras até um montantede €12 500 (€50 000 a partir de 1 de Janeiro

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de 2006), a um nível igual aos cobrados porpagamentos domésticos correspondentes. EmJulho de 2002, este Regulamento entrou emvigor para os pagamentos com cartão elevantamentos em caixas automáticos,entrando em vigor para as transferênciasbancárias transfronteiras em 1 de Julho de2003.

O Eurosistema, enquanto catalisador damudança, tenta facilitar a resposta por partedo sector bancário ao novo quadroestabelecido no Regulamento. O objectivoconsiste em fomentar a cooperação entrebancos no estabelecimento de uma estruturade gestão, padrões e práticas empresariais ede uma infra-estrutura que permitirá aosbancos efectuar pagamentos de retalho naárea do euro de forma eficiente e segura.Antes da adopção do Regulamento, emNovembro de 2001, o BCE apresentou aoConselho ECOFIN um relatório intitulado“Towards an integrated infrastructure forcredit transfers in euro” (“Objectivos a cumprirpara a obtenção de uma infra-estruturaintegrada para as transferências de créditoem euros”), descrevendo um “percurso deorientação” para tornar as transferênciasbancárias transfronteiras tão eficientes comoas domésticas. O BCE solicitou aosparticipantes no mercado que tomassem ainiciativa decidindo sobre uma estrutura degestão que seria vinculativa para os bancose que considerassem uma opção de infra--estrutura possível (uma câmara decompensação automática (ACH) pan--europeia ou uma câmara de compensaçãoautomática com ligação) que permitiriaum processamento mais eficiente dastransferências bancárias transfronteiras.

Em 2002, o sector bancário da UE efectuouprogressos nesta direcção. Foi criado oConselho de Pagamentos Europeu (EuropeanPayments Council – EPC) e lançado um projectode âmbito alargado para a área única depagamentos em euros que se destina a permitiraos cidadãos efectuar qualquer pagamento naárea única de pagamentos em euros de ummodo tão fácil e económico como no seu paísde origem. O Eurosistema apoiou fortemente

este projecto e o BCE tem estatuto deobservador em diferentes grupos de trabalhodo EPC. Neste contexto, é de salientar que aAssociação Bancária do Euro (ABE) está adesenvolver uma câmara de compensaçãoautomática para as transferências interbancáriasem euros, designada STEP2, que deverá iniciar asua actividade em meados de 2003. Assim, oSTEP2 será provavelmente o primeiro prestadorde serviços de uma câmara de compensaçãoautomática pan-europeia, em conformidade comas definições do Conselho de PagamentosEuropeu. O BCE avaliará regularmente osprogressos das iniciativas para uma área únicade pagamentos em euros, mantendo o públicoinformado sobre as suas conclusões.

O BCE também efectuou comentários sobrea consulta pública da Comissão Europeiarelativa à concepção de um novo quadrolegal para os pagamentos de retalho na UE(“A possible legal framework for the SinglePayment Area in the Internal Market”, MARKT/208/2001 – Rev. 1). O Eurosistema tencionaacompanhar de forma contínua os progressosrealizados no sector bancário e aperfeiçoar asua estratégia à luz desses progressos.

A utilização crescente das novas tecnologias decomunicação e a necessidade de mecanismosde pagamento específicos para o comércioelectrónico levaram a uma série dedesenvolvimentos nos pagamentos electrónicos.O BCE organizou uma conferência intitulada“Pagamentos electrónicos na Europa” em 19 deNovembro de 2002, na qual o mercado e osrepresentantes académicos apresentaram osseus pontos de vista sobre os desenvolvimentosactuais nos pagamentos electrónicos. Alémdisso, o documento intitulado “E-payments inEurope – the Eurosystem’s perspective” (BCE,Setembro de 2002) foi publicado paracomentários públicos e debate na conferência.

Neste contexto, o BCE também decidiu, emconcordância com a Comissão Europeia,assumir a responsabilidade pelo Observatóriodos Sistemas de Pagamentos Electrónicos(ePSO), que tinha terminado enquantoprojecto da Comissão Europeia.

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5 Sistemas de compensação e de liquidação de títulos

O SEBC tem interesse geral no bomfuncionamento dos sistemas de compensaçãoe de liquidação de títulos. Na verdade, oseu mau funcionamento pode pôr em perigoa boa execução da política monetária eo bom funcionamento dos sistemas depagamentos. As falhas nos SLT podempropagar-se automaticamente aos sistemasde pagamentos devido à existência demecanismos de entrega-contra-pagamentopara a transferência de títulos e pagamentosem numerário. De igual modo, a incapacidadede compensação pelas contrapartes centraispode impedir a liquidação de transacções detítulos.

O Eurosistema desempenha dois papéis.Primeiro, o Conselho do BCE avalia ocumprimento de padrões específicos porparte dos SLT. Esses padrões foramestabelecidos em 1998, com vista a impedirque o Eurosistema incorra em riscos naexecução de operações de crédito. Segundo,o Eurosistema acompanha a integração e oprocesso de consolidação em curso no campoda compensação e da liquidação de títulos.

Além disso, o SEBC coopera com outrasautoridades responsáveis pela regulamentaçãoe superintendência dos sistemas decompensação e de liquidação de títulos a níveleuropeu.

Em 2002, o BCE também efectuoucomentários à consulta pública da ComissãoEuropeia relativa à Comunicação sobrecompensação e liquidação.

5.1 Avaliação dos sistemas de liquidaçãode títulos

Em 29 de Agosto de 2002, o Conselho doBCE actualizou a avaliação dos SLT elegíveispara a liquidação de garantias nas operaçõesde crédito do Eurosistema.

O Eurosistema reconheceu que os SLTtinham continuado a efectuar esforços para

melhorar o cumprimento dos padrões. A esterespeito, o SCLV/AIAF (Espanha), SCLBarcelona (Espanha), BOGS (Grécia) e Crest(Reino Unido) introduziram a liquidação emtempo real através de entrega-contra--pagamento em moeda do banco central.

Também foi referido que os requisitos doEurosistema dependem do facto de os BCNutilizarem um sistema de garantia global ouum sistema de garantias individuais para aliquidação de títulos nas operações decrédito. Em princípio, os padrões exigemfacilidades de entrega-contra-pagamento, demodo a impedir o risco do capital. Contudo,nos países onde são utilizados os sistemas degarantia global, é efectuado o penhor dostítulos ao banco central, numa base deentrega sem pagamento. Considerou-se queaqueles bancos centrais não incorrem emrisco do capital, uma vez que é efectuado openhor dos títulos antes da concessão docrédito, sendo apenas resgatados apósreembolso do crédito. Em qualquer caso, amaioria dos SLT nesses países oferecefacilidades de entrega-contra-pagamento paraas operações do mercado.

Além disso, esta avaliação centrou-se, emparticular, nas medidas destinadas a assegurara continuidade das operações. Confirmou queos SLT elegíveis têm implementadosprocedimentos adequados que permitem aretoma de operações em caso de desastre.Os SLT estavam a aumentar a frequência dostestes das respectivas medidas de salvaguarda.

5.2 Consolidação da infra-estrutura detítulos europeia

O Eurosistema tem grande interesse naintegração da infra-estrutura dos títulos anível europeu. O processo de consolidaçãodo sector da liquidação de títulos europeucontinuou a evoluir em 2002, na sequênciada consolidação doméstica em Itália e Espanhae da aquisição do SLT luxemburguês pelaentidade proprietária do SLT alemão, a qual

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deu origem ao Grupo Clearstream. Em 19 deSetembro de 2002, a fusão entre o Euroclear,a operar em França, Países Baixos e Bélgica eo Crest (Reino Unido) tornou-se efectiva. Ogrupo Euroclear deverá adoptar um motorde liquidação único e comum em 2005.

5.3 Cooperação com o Comité dasAutoridades de Regulamentaçãodos Mercados Europeus de ValoresMobiliários (CESR)

Na sequência de uma decisão do Conselhodo BCE e do órgão de decisão do CESR, em2001, um Grupo de Trabalho constituído porrepresentantes do SEBC e do CESR e por umobservador da Comissão Europeia continuoua operar no campo dos SLT e dascontrapartes centrais. O objectivo dotrabalho conjunto consiste em desenvolverpadrões europeus para as actividades de

compensação e liquidação baseados nasRecomendações relativas aos Sistemas deLiquidação de Títulos (Banco de PagamentosInternacionais, Basileia, Novembro de 2001).

Neste domínio, em 15 de Março de 2002, osórgãos de decisão do BCE e do CESRlançaram uma consulta pública sobre: anatureza, objecto e objectivos dos padrões;potenciais destinatários; condições de acessoaos sistemas; riscos e fraquezas; ciclos deliquidação; e questões relacionadas com aestrutura dos mercados. Em geral, as partesconsultadas acolheram bem a iniciativa sobreos padrões comuns a nível europeu esalientaram a necessidade de coordenação deforma a garantir uma aplicação uniforme dosnovos padrões. O Grupo de Trabalhocontinuou a discutir propostas para ospadrões, encontrando-se prevista novaconsulta pública para 2003.

6 Outras actividades

Em Julho de 2002, o BCE divulgou apublicação intitulada “Payment and securitiessettlement systems in the European Union:Addendum incorporating 2000 figures”, tambémconhecida por “Livro Azul”. Esta publicaçãoconstitui uma actualização estatística face àde 2001.

Em Agosto de 2002, foi divulgada a segundaedição da publicação intitulada “Payment andsecurities settlement systems in accessioncountries” (também conhecida por “Livro Azul

sobre os países em vias de adesão”). Estapublicação descreve a situação existente emcada um dos 12 países em 2001 e contémigualmente dados relativos ao período 1997–2001.

Além disso, em Agosto de 2002, teve lugarno BCE um seminário de três dias, destinadoa representantes dos bancos centrais,subordinado ao tema “Sistemas dePagamentos e de Liquidação”.

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Reunião do Conselho do BCE, na Eurotower,em 26 de Setembro de 2002

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Capítulo IX

Estabilidade financeira

e supervisão

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1 Estrutura, actuação e riscos no sector bancário

O acompanhamento da evolução do sectorbancário numa perspectiva da UE e de toda aárea do euro foi aperfeiçoado ao longo de2002. Uma parte significativa desta actividadefoi conduzida sob os auspícios do Comité deSupervisão Bancária do SEBC (CSB) e tevepor base duas linhas principais. A primeiralinha consiste numa análise anual dosdesenvolvimentos estruturais no sectorbancário. Os resultados desta análise – queaborda os desenvolvimentos estruturaisrelevantes para os bancos centrais eautoridades de supervisão e que tem tambémpor base um conjunto de indicadoresestatísticos estruturais recentementeestabelecido – foram publicados pela primeiravez em 20021. Neste contexto, o CSBcontinuou também a avaliar diversas questõesnuma base ad hoc, incluindo a evolução doperfil e gestão de liquidez dos bancos nonovo contexto, após a introdução do euro2.A segunda linha refere-se a uma análiseregular macroprudencial da estabilidade dosector bancário. As condições e riscos paraa estabilidade bancária são acompanhadosnuma base sistemática, sendo apresentadauma avaliação formal, duas vezes por ano,aos órgãos de decisão do BCE. Prosseguiramos trabalhos sobre metodologias para aavaliação da exposição dos bancos ao riscode crédito face a diferentes sectores e paraa realização de análises de testes de esforçoe sobre a melhoria da qualidade e âmbitoda informação disponível ao nível da UE.Entre as várias questões abordadas, dereferir a exposição dos bancos aos riscos decontágio transfronteiras. Além dos trabalhosdesenvolvidos pelo CSB, foram tambémrealizados trabalhos a nível interno no âmbitodo Eurosistema, por forma a melhorar aanálise de questões de estabilidade financeiranuma perspectiva global.

Desenvolvimentos estruturais

Dois desenvolvimentos principais no sectorbancário da UE em 2002 merecem atençãoespecial: em primeiro lugar, os esforços de

reorganização dos bancos em resposta acrescentes pressões custos-rendimentos e,em segundo lugar, um rápido aumento dautilização de instrumentos de transferênciade risco de crédito (derivados de crédito eprodutos de titularização).

Devido quer a perdas de rendimentos, nasequência de alterações adversas no contextodo mercado financeiro e económico em 2001e 2002, quer a uma maior concorrência, osbancos da UE têm estado sob crescentespressões no sentido de reduzir os custos.Muitos bancos têm enfrentado uma quebrasignificativa, que teve início em 2001 e seintensificou em 2002, em algumas das novaslinhas de negócio introduzidas no final dadécada de 90 (tais como banca privada, bancade investimento e gestão de activos).Diversos bancos da UE iniciaram assimamplos programas de restruturaçãodestinados a reduzir os custos (incluindocustos com pessoal), uniformizar aorganização e centrar de novo as actividadesnas áreas de negócio essenciais. Apesar doscrescentes esforços de racionalização, osrácios entre custos e rendimentos dos bancosda UE aumentaram em 2001. Contudo, osbancos com activos superiores a €100 milmilhões conseguiram reduzir os seus ráciosna primeira metade de 2002. Os crescentesesforços por parte dos bancos deverãocomeçar a mostrar melhorias de eficiênciamais tangíveis a médio prazo. A expansão dautilização de produtos de transferência derisco de crédito e, em especial, dos derivadosde crédito, intensificou-se em 2002. Osderivados de crédito são o segmento maisrecente e com crescimento mais rápido dosector dos derivados. Apesar dos crescentesincumprimentos, prevê-se que o seucrescimento prossiga muito rapidamente. Deacordo com um recente inquérito realizadopela Associação Internacional de Swaps e

1 Ver BCE “Structural analysis of the EU banking sector”,Novembro de 2002.

2 Ver BCE “Developments in banks’ liquidity profile andmanagement”, Maio de 2002.

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Derivados (ISDA), o saldo nocional global dovolume de transacções em derivados decrédito registado no inquérito ascendia a€900 mil milhões no final de 2001, do qualcerca de 35% corresponde aos bancos da UE.

A maturidade do mercado de transferênciade risco de crédito poderá favorecer umaafectação de riscos mais eficiente entrebancos e outras instituições financeiras (emespecial companhias de seguros). Asinstituições financeiras terão tambémcapacidade para fixar preços e gerir o riscode crédito de forma mais rigorosa. Porém,poderão registar-se preocupações deestabilidade financeira acrescidas, resultantesde uma distribuição do risco de créditoentre as instituições financeiras que se tornemenos transparente para os mercados esupervisores. A venda por motivos deprotecção está, de forma significativa,concentrada em alguns bancos e companhiasde seguros. Estes instrumentos poderãotambém aumentar o risco de contágio decompanhias de seguros aos bancos, bemcomo expor os bancos a riscos legais eoperacionais significativos. A dimensão exactade risco transferido dependerá, em largamedida, de cláusulas contratuais específicas.

O aumento das transacções de risco decrédito tem sido acompanhado porprogressos nos sistemas internos de avaliaçãodo risco de crédito, em antecipação do NovoAcordo de Basileia (ver a secção final destecapítulo). Isto permitiu aos bancos melhoraro alinhamento da fixação de preços docrédito com o risco subjacente e aperfeiçoara sua afectação interna de capital. Os bancostêm também alcançado progressos naavaliação e controlo dos riscos operacionais,em parte pelo menos como resposta àinclusão desses riscos no Novo Acordo deBasileia. Por último, a integração, aprofunda-mento e melhor liquidez dos mercadosmonetários em euros, a introdução de novastecnologias de pagamentos e as inovaçõesfinanceiras melhoraram a capacidade dosbancos para gerir o risco de liquidez. Por seulado, o risco de escassez de liquidez emsituações de perturbação nos mercados tem

aumentado, à medida que os bancos setornam mais dependentes dos mercados detítulos. O sector bancário começou adesenvolver métodos quantitativos maisavançados para a gestão do risco de liquidez(por exemplo, modelos de liquidez emrisco), no entanto, essa área encontra-seainda numa fase de desenvolvimentorelativamente preliminar.

Algumas das tendências sublinhadas noRelatório Anual de 2001 persistiram. Osbancos continuaram a expandir-se na EuropaCentral e de Leste, que ainda ofereceoportunidades de crescimento significativas.Verificou-se de novo alguma expansãotransfronteiras na UE como resultado defusões e aquisições e do estabelecimento desucursais e filiais, embora o ritmo deexpansão tenha diminuído significativamenteno final de 2001 e em 2002. Confrontadoscom condições de mercado mais difíceis, osbancos adoptaram uma abordagem maiscautelosa aos riscos relacionados com fusõese aquisições, o que se reflectiu na clararedução de grandes fusões bancárias a níveldoméstico e transfronteiras. Entre os bancosmais pequenos que prosseguem objectivosde racionalização de custos, o ritmo deconsolidação interna manteve-se elevado.

Desde a introdução do euro, a integração nosector bancário tem prosseguido de formairregular, variando consoante as áreas deactividade bancária3. No que se refere aactividades relacionadas com o mercado porgrosso e de capitais, os mercados nacionaisanteriormente segmentados com base nasmoedas (por exemplo, subscrição de títulos)transformaram-se já, em larga medida, nummercado integrado de toda a área do euro.A forte concorrência fomentada pela entradade instituições financeiras internacionaisreduziu substancialmente o papel dominantedos intermediários nacionais e reduziu ascomissões de subscrição. A estrutura aindafragmentada das transacções transfronteiras

3 Para mais informações, ver o Documento de Trabalho OcasionalN.o 6 do BCE, “Banking integration in the euro area”, Dezembrode 2002.

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de compensação e de liquidação de títulosrepresenta um grande obstáculo atransacções transfronteiras e à prestação deserviços de gestão de activos associados.O processo de integração tem sidonitidamente mais lento no sector a retalho, oque se deve à natureza local tradicionalmenteforte destas actividades. Existem porémcrescentes ligações entre os mercadosnacionais. Em particular, o envolvimentoexterno em termos de estruturas depropriedade nos sistemas bancários nacionaisé já significativo (mais de 20% em termos decapital bancário no conjunto da UE).

Desempenho e riscos

A rentabilidade dos bancos da UE registouum enfraquecimento em 2001, e de novo naprimeira metade de 2002, em grande partedevido às crescentes provisões para perdascom empréstimos e às reduções nosrendimentos excluindo receitas de juros,reflectindo condições mais fracas nosmercados económicos e financeiros. Após adedução de impostos e de rubricasextraordinárias, a rendibilidade agregada doscapitais próprios dos bancos da UE desceupara 10.1% em 2001, de 12.4% em 2000,embora este nível de rentabilidade estejaainda em linha com os níveis médiosobservados no período de 1995-994.A alteração na distribuição foi ainda maispronunciada: o número e percentagemde activos de bancos com uma rendibilidadedos capitais próprios (ROE) inferior a 5%aumentou significativamente, enquanto oconjunto de bancos com rentabilidade muitoelevada (ROE superior a 20%) se reduziu deforma acentuada. O ritmo de descida darentabilidade dos principais grupos bancáriosacelerou em 2002.

As provisões para perdas com empréstimosaumentaram significativamente na primeirametade de 2002 nos principais gruposbancários para os quais se encontramdisponíveis dados trimestrais (e de novo noterceiro trimestre), à medida que osempréstimos improdutivos começavam a

acumular-se mais rapidamente. Nos gruposbancários com activos superiores a €100 milmilhões, o rácio entre as provisões paraperdas com empréstimos e os lucros (antesda dedução de provisões) aumentou 25% naprimeira metade de 2002. Tal reflectiu amaior frequência de falências no sectorempresarial em diversos países da UE e adeterioração da qualidade de alguns activosinternacionais. Os rendimentos de muitosbancos de grande dimensão têm sidoparticularmente prejudicados pela diminuiçãonos rendimentos da banca de investimento,que tem sofrido devido ao enfraquecimentodo mercado de capitais primário e secundárioe à actividade de restruturação empresarial.Como consequência da turbulência nosmercados financeiros, as empresas tenderama reduzir o financiamento com recurso aacções e obrigações e as operações derestruturação empresarial. Os lucros da bancade investimento acabaram por representaruma elevada percentagem dos lucros dosprincipais bancos nos finais da década de90 e em 2000. A turbulência nos mercadosfinanceiros reduziu também a atractividadedo investimento em títulos e em fundos deinvestimento, diminuindo assim osrendimentos dos bancos provenientesda gestão de activos e de actividadesrelacionadas com transacções.

No geral, a turbulência nos mercadosfinanceiros afectou os bancos mais em termosde redução de rendimentos do que deexposição a riscos de crédito e de mercado,uma vez que as detenções de participaçõesdirectas pelos bancos são tipicamentereduzidas (em termos agregados, cerca de4% do balanço consolidado total dos bancosda UE). Para muitos bancos de grandedimensão, o recente processo de diversi-ficação não produziu os benefícios desejados,dado que diversas actividades bancárias –incluindo internacionais – podem ter sofridoem simultâneo. Os bancos que incidiram

4 Os dados referidos nesta secção são coligidos pelo Comité deSupervisão Bancária. Cobrem aproximadamente 99% do sectordas instituições de crédito da UE em termos de activos totaispara o exercício de 2001.

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sobre a banca a retalho e que têm um fortesistema de franchising em mercadosdomésticos foram os que revelaram o melhorcomportamento em 2001 e 2002.

Dados os níveis de capital em certa medidaainda pouco afectados e as melhores técnicasde gestão de risco, os bancos têm conseguidoenfrentar bem os choques no seu ambienteoperacional. O rácio de capital total agregadodos bancos da UE manteve-se em cerca de12.0%, ou seja, bastante acima do mínimoregulamentar. Em algumas áreas, no entanto,em que o abrandamento das condições cíclicase dos mercados financeiros reduziu ainda maisa já baixa rentabilidade estrutural, o sectorbancário tem sido forçado a efectuarajustamentos estruturais. A resistência do sectorbancário tem sido apoiada pela ausência dedesequilíbrios substanciais nos sectores

empresariais e dos particulares na UE. Noentanto, a incerteza nos mercados accionistastem limitado as possibilidades de redução doselevados níveis de dívida em algumas áreas dosector empresarial, nomeadamente os sectoresdas Telecomunicações, dos Meios deComunicação Social e das Tecnologias (TMT).

Em resumo, o sector bancário da UE temrevelado uma resistência notável à evoluçãodesfavorável em 2001 e 2002 e tem aindapotencial para enfrentar novos choques.Contudo, é necessária uma vigilância especialpor parte dos bancos e supervisores a fim deassegurar que são mantidos amortecedoresde capitais adequados num contexto dedecrescente rentabilidade e de algumaspreocupações relativas à qualidade dosactivos.

2 Acordos para a estabilidade financeira e prudencial

A discussão sobre a adequação dos acordosinstitucionais para a estabilidade financeira aonível da UE prosseguiu em 2002,impulsionada, nomeadamente, pelos trabalhosdesenvolvidos no Comité Económico eFinanceiro (CEF) (ver Capítulo V). A super-visão continua a ser da responsabilidadenacional, de acordo com o princípio dasubsidariedade. Os trabalhos do CEF5, noentanto, tornaram claro que a cooperaçãodeveria ser significativamente melhorada a fimde fazer face à crescente integração dosmercados financeiros. A atenção do CEFincidiu também sobre as políticas necessáriaspara apoiar os progressos na integração dosmercados financeiros na UE. O “Report onFinancial Integration” (Relatório sobreIntegração Financeira), aprovado em Abril de2002, salientou os potenciais benefícios demercados financeiros totalmente integradospara as economias da UE e identificoudiversas medidas a tomar nas áreasregulamentar e de supervisão a fim dealcançar este objectivo. Em particular, orelatório recomendou iniciativas de políticadestinadas a remover distorções e obstáculosdecorrentes da adopção e aplicação

inconsistente de regulamentos financeiros naUE. Estas conclusões estiveram de acordocom as conclusões de um relatório do sector,preparado no contexto da Mesa Redondasobre Serviços Financeiros Europeus6, quetambém apelaram para uma maiorharmonização das regras de protecção dosinvestidores, para a consistência dos manuaisnacionais e para a convergência das práticasde supervisão.

O relatório do CEF deu origem a uma análiseabrangente dos acordos de regulamentaçãofinanceira, supervisão e estabilidade ao nívelda UE, tendo em vista melhorar a eficáciadas estruturas de cooperação, tendo sidoaprovada pelo Conselho ECOFIN emDezembro de 2002. A este respeito, o CEFfoi mandatado pelo Conselho ECOFIN pararealizar essa análise. O relatório do CEF

5 Este foi o resultado do “Report on Financial Stability” do CEF,publicado em Abril de 2000, e aperfeiçoado no ano seguinte,com referência à gestão de crises financeiras.

6 F. Heinemann e M. Jopp, “The Benefits of a Working EuropeanRetail Market for Financial Services”, Relatório apresentado naMesa Redonda de Serviços Financeiros Europeus, editora daUnião Europeia, 2002.

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sobre “Os Acordos para a RegulamentaçãoFinanceira, a Supervisão e a Estabilidade aonível Europeu” constituiu uma propostaabrangente no sentido de remodelar asestruturas de cooperação. Em particular, orelatório recomendava o alargamento a todosos sectores financeiros da abordagem“Lamfalussy”, já adoptada na área dos valoresmobiliários. Isso implicaria a adopção de umprocesso regulamentar mais flexível, deixandoa questão das medidas de adopção técnicaspara os comités reguladores, compostospor representantes dos Estados-Membrosnomeados pelos respectivos ministros, deacordo com modelos nacionais, com o apoiode comités de supervisão. Estes últimosseriam também mandatados para prosseguiruma aplicação mais consistente das Directivasda CE nos Estados-Membros e tentar alcançara convergência das práticas de supervisão.Os novos acordos propostos deveriam serorganizados de acordo com linhas sectoriais,com comités reguladores e de supervisãopara a banca, valores mobiliários e OICVM, eseguros e pensões. Deveria ser tambémcriado um comité regulador especial paraos conglomerados financeiros. Um Grupode Política dos Assuntos Financeirosreestruturado (redenominado Comité deServiços Financeiros, CSF) deverá prestaraconselhamento e supervisão em questõesrelacionadas com os mercados financeirospara benefício do Conselho ECOFIN. O CEFdeverá ser o fórum responsável pelapreparação das discussões do ECOFIN sobreestabilidade financeira, sendo, com esseobjectivo, apoiado pelo CSF. Nas novasestruturas propostas, é também reconhecidoum papel ao CSB do SEBC. Em primeiro lugar,a análise estrutural e macroprudencialconduzida no âmbito do CSB contribuirá paraas discussões ao nível da UE sobre questõesde estabilidade financeira. Em segundo lugar,os trabalhos concluídos ao nível do CSB nosentido de preparar uma compreensãocomum entre os bancos centrais e ossupervisores bancários em diversas áreas deinteresse comum poderão também funcionarcomo ponto de referência nas novasestruturas, na troca de informaçãoconfidencial.

As principais questões resultantes doprocesso de consulta pública que se seguiu àaprovação de uma versão preliminar dorelatório do CEF pelo Conselho ECOFINforam, primeiro, a relevância de um equilíbrioinstitucional no novo processo regulamentare, segundo, a necessidade de procedimentosde consulta mais formais e transparentes comas partes interessadas sobre os projectos deregulamentos. De uma perspectiva dosbancos centrais, três pontos têm importânciaprimordial. O primeiro está relacionado coma participação de todos os bancos centrais,incluindo os que não detêm responsabilidadesde supervisão directas, nas estruturas decoordenação da supervisão bancária. Tal éessencial para a promoção da estabilidadefinanceira, dado que os bancos incorporamum determinado risco sistémico potencial, eque as tensões no sector bancário têmimplicações imediatas nas infra-estruturasde pagamentos e na gestão de liquidez.O segundo ponto está relacionado com aparticipação de especialistas técnicos noscomités reguladores, a fim de evitar atransferência de toda a carga de trabalhotécnico relativo aos projectos deregulamentação para os comités desupervisão, cuja atenção pode ser desviadapelas suas importantes tarefas na área daspráticas de supervisão. O terceiro pontoestá relacionado com a necessidade de umaforte âncora técnica nos trabalhos sobreestabilidade financeira, reconhecendo osesforços desenvolvidos no seio do CSB e deoutras estruturas do SEBC para oacompanhamento das vulnerabilidades dosistema financeiro na UE.

Foram estabelecidos dois importantesacordos multilaterais no início de 2003, sobos auspícios do CSB. Em primeiro lugar, umMemorando de Acordo sobre a cooperaçãoentre os bancos centrais e as autoridades desupervisão em situações de crise. Este acordoestabelece princípios destinados a melhoraras actuais práticas de cooperação e a trocade informação ente as duas autoridades emsituações de crise. Em segundo lugar, umMemorando de Acordo entre sete bancoscentrais da UE (Áustria, Bélgica, França,

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Alemanha, Itália, Portugal e Espanha)responsáveis pela gestão de uma central derisco de crédito. Este acordo permitirá aabertura da central numa base transfronteiras.

Com o objectivo de proporcionar um melhorapoio aos esforços desenvolvidos ao nível daUE, o BCE constituiu também uma novaDirecção de Estabilidade e SupervisãoFinanceiras. Em estreita cooperação com asrestantes área do BCE envolvidas, a novaDirecção procurará proporcionar uma análiseabrangente das questões de estabilidadefinanceira relevantes para a área do euro eseguirá de perto os desenvolvimentos naregulamentação financeira, supervisão eoutras áreas de política de serviçosfinanceiros.

Quanto aos acordos institucionais para aregulamentação e supervisão financeiras nosEstados-Membros, são de salientar os seguintesdesenvolvimentos em 2002. Na Áustria, aAutoridade dos Mercados Financeiros iniciou asua actividade em Abril de 2002, na qualidadede autoridade de supervisão responsável portodos os sectores financeiros. O envolvimentodo banco central foi melhorado. De facto, obanco central está estreitamente envolvido noprocesso de supervisão, em especial eminspecções no local relacionadas com riscos decrédito e de mercado, sendo tambémresponsável pelo processamento de toda ainformação reportada pelos bancos. Na Bélgica,o relacionamento institucional entre o bancocentral, a banca e a comissão de valoresmobiliários, e as autoridades de supervisão deseguros foi também reforçado em termos deestruturas de administração; os membros doconselho de administração do banco centralserão membros do conselho das autoridadesde supervisão e o novo Comité de EstabilidadeFinanceira presidido pelo governador do bancocentral será responsável pela coordenação dasupervisão do sector financeiro. O objectivodesta reforma é, nomeadamente, explorarsinergias em áreas de interesse comum, taiscomo a estabilidade financeira, através de umconjunto comum de recursos. Na Alemanha, arecente autoridade de supervisão (que abrange

os sectores bancário, dos valores mobiliários edos seguros) iniciou a sua actividade em Maiode 2002, enquanto aumentava o envolvimentodo Deutsche Bundesbank na supervisãoprudencial. Na Finlândia, o quadro operacionalda Autoridade de Supervisão Financeira estáactualmente a ser alvo de revisão a fim demelhorar a sua funcionalidade. Em França, foiapresentada uma proposta de legislaçãodestinada a estabelecer uma nova autoridade,a Autoridade dos Mercados Financeiros,responsável pela regulamentação e supervisãodos mercados de valores mobiliários. EstaAutoridade dos Mercados Financeiros reuniráas funções do comité da bolsa de valores e doconselho de mercados financeiros, com oobjectivo de uniformizar o quadro institucionalpara a regulamentação e supervisão de valoresmobiliários. Na Irlanda, o processo legislativoprosseguiu com o intuito de estabelecer aAutoridade Reguladora dos Serviços FinanceirosIrlandesa, que funcionará como uma parteconstituinte, embora autónoma, de um bancocentral restruturado, o Banco Central eAutoridade de Serviços Financeiros da Irlanda.A nova autoridade reguladora será responsávelpela regulamentação e supervisão de todos ossectores financeiros, incluindo questõesprudenciais e relacionadas com o consumidor.Nos Países Baixos, prosseguiram os trabalhosde adopção da reforma institucional com basenuma distinção funcional entre supervisãoprudencial e a condução de questõesempresariais. Enquanto uma autoridadeseparada supervisiona a conduta das empresas,o banco central e a instituição de supervisãodos seguros e fundos de pensões sãoresponsáveis pela supervisão prudencial. Foiestabelecida uma cooperação mais estreitaentre os dois supervisores prudenciais.Nos Conselhos de cada uma das instituiçõestêm assento representantes da outra e, emDezembro de 2002, foi proposta aos ministrosda tutela a sua total integração. No geral, aevolução acima referida levou a umaconsolidação do número de autoridades desupervisão bem como a uma revisão e, emmuitos casos, a uma melhoria do envolvimentodos bancos centrais na supervisão prudencial.

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3 Regulamentação bancária e financeira

Na área da regulamentação bancária, a revisãodo enquadramento de capital continuou a ser aprincipal questão quer a nível internacional, quera nível da UE em 2002. A nível internacional, oComité de Basileia de Supervisão Bancária(CBSB) intensificou os seus esforços no sentidode melhorar e aperfeiçoar os principaiselementos dos três pilares do enquadramentoproposto, nomeadamente as reservas mínimas,o processo de análise da supervisão e a disciplinade mercado. Em Julho de 2002, o CBSB chegoua acordo quanto ao número de questõesimportantes relacionadas com a finalização doNovo Acordo de Basileia. Este Acordoincorpora, nomeadamente: um tratamentoespecífico da exposição dos bancos às pequenase médias empresas (PME); a realização pelosbancos de testes de esforço conservadores aosriscos de crédito, ao abrigo do segundo pilar,adoptando a abordagem baseada em notaçõesinternas; o estreitamento do desvio entre aabordagem avançada e a abordagem fundamentalbaseadas em notações internas; um tratamentomais flexível do capital do primeiro pilar para osriscos operacionais; e a imposição transitóriade um limite mínimo único de capital, com baseno capital calculado ao abrigo do actual Acordo.Além disso, o CBSB confirmou um calendáriorevisto para a finalização do Acordo, esperando--se a publicação do documento consultivo final(terceiro) para consulta pública no segundotrimestre de 2003, enquanto o Novo Acordode Basileia será finalizado no quarto trimestrede 2003, entrando em vigor no final de 2006.Em Outubro de 2002, o CBSB lançou o terceiroe definitivo Estudo de Impacto Quantitativo,com o objectivo de efectuar uma análisepormenorizada do impacto das novas regras deBasileia antes do lançamento do terceirodocumento de consulta. Os resultados doterceiro Estudo de Impacto Quantitativo estãoprevistos para o início do Verão de 2003. OGrupo de Aplicação do Acordo (AccordImplementation Group), uma subestrutura doCBSB mandatada para resolver questõesrelacionadas com a sua aplicação, entrou emfuncionamento em 2002.

Ao nível da UE, a Comissão Europeia, emparalelo com o CBSB, desenvolveu trabalhosna reforma do enquadramento de capitalregulamentar para bancos e sociedades deinvestimento. Em Novembro de 2002, aComissão iniciou um diálogo de pré-consultasobre esta matéria (o “Diálogo Estrutural”)com o sector dos serviços financeiros eoutros interessados. Como base para estediálogo, foram publicados uma notainformativa e um documento de trabalho queestabelecem a actual posição da Comissãoquanto ao novo enquadramento da UE daadequação de capitais para bancos esociedades de investimento. A Comissãopretende publicar um terceiro documento deconsulta no início do Verão de 2003, ou seja,pouco depois do terceiro documento deconsulta do CBSB, para consulta formal aonível da UE. Espera-se que, posteriormente,no terceiro trimestre de 2004, a Comissãovenha a emitir uma proposta de Directivasobre o capital regulamentar para asinstituições de crédito e sociedades deinvestimento, alterando as disposições da UEexistentes. Prevê-se que o novo quadroregulamentar entre em vigor em simultâneocom o Novo Acordo de Basileia, ou seja, nofinal de 2006.

Em resposta a um pedido do ConselhoEuropeu de Barcelona de Março de 2002, aComissão Europeia será também responsávelpela realização de um estudo sobreas possíveis consequências do novo enquadra-mento de capital para todos os sectores daeconomia europeia, com particular incidênciasobre as PME. A conclusão do estudo estáprevista até ao Outono de 2003.

O BCE, que continua a fornecer dados parao processo de tomada de decisão nesta área,principalmente através da sua participaçãonos comités relevantes, com estatuto deobservador, mantém o seu apoio à linhade orientação da reforma regulamentardesenvolvida até à data. Nomeadamente, oBCE acolheu com agrado a introdução dostestes de esforço de acordo com o segundo

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pilar para os bancos que adoptarem aabordagem baseada em notações internas; emconjugação com a adopção de uma curva derendimentos ponderada pelo risco maisachatada para o crédito empresarial(acordada pelo CBSB em Novembro de2001), tal deverá contribuir para um menorgrau de flutuação das reservas mínimasao longo do ciclo económico. Depoisde devidamente concluído, o novo enquadra-mento será fundamental no fortalecimentoda estabilidade financeira. Quanto às questõesespecíficas da UE, reveste-se de considerávelimportância assegurar um tratamentoadequado para os riscos dos bancos face àsPME e garantir igualdade de tratamento paraos bancos de pequena e média dimensão epara as sociedades de investimento, cujasreservas mínimas deverão ser proporcionaisao seu perfil de risco específico. Além disso,a convergência das práticas de supervisão étambém considerada importante e tornar-se--á uma atribuição essencial do comité desupervisão bancária do terceiro nível.

Na área da regulamentação financeira, foramalcançados progressos na adopção dasmedidas comunitárias previstas no Plano deAcção para os Serviços Financeiros (FSAP).Em particular, os objectivos prioritáriosestabelecidos no Conselho Europeu deBarcelona, tais como a Directiva relativaaos Conglomerados Financeiros, a Directivarelativa aos Abusos de Mercado e oRegulamento sobre as Normas Internacionaisde Contabilidade foram praticamente todosatingidos em 2002. Os progressos legislativosforam acompanhados por uma crescenteconsciencialização dos potenciais benefíciosde uma maior integração dos mercadosfinanceiros (ver Capítulo V). Na área daregulamentação sobre valores mobiliários, ostrabalhos têm progredido no âmbito do“quadro Lamfalussy”, proposto pelo Comitéde Sábios sobre a Regulamentação dosMercados Europeus de Valores Mobiliários.A Directiva relativa aos Abusos de Mercadofoi a primeira a apresentar uma distinçãoentre os princípios do quadro (legislaçãodo nível 1) e a aplicação dos pormenorestécnicos (regulamentos do nível 2) e a

atribuir um papel de comitologia à adopçãode regulamentos do nível 2 ao ComitéEuropeu de Valores Mobiliários. Além disso,as propostas de Directivas da Comissãorelativas a Prospectos e, em particular,de revisão da Directiva relativa aos Serviçosde Investimento dependem largamente daviabilidade dos procedimentos regulamentaresdo tipo Lamfalussy. O recente Comitédas Autoridades de Regulamentação dosMercados Europeus de Valores Mobiliários(Committee of European Securities Regulators,CESR) iniciou também, a pedido da Comissão,trabalhos técnicos sobre a aplicação demedidas para as Directivas relativas aosAbusos de Mercado e aos Prospectos. O BCEparticipa, na qualidade de observador, noGrupo de Política dos Serviços Financeiros,que acompanha os progressos alcançados naadopção do Plano de Acção para os ServiçosFinanceiros. Além disso, de acordo com assuas atribuições estatutárias, o BCE éconsultado sobre propostas de Directivas naárea da regulamentação financeira, como nocaso das propostas acima mencionadas.

O combate ao branqueamento de capitais e aofinanciamento do terrorismo continuou a seruma questão prioritária em 2002. Houve trêsdesenvolvimentos principais nesta área.Primeiro, muitos países estiveram activamenteenvolvidos no processo de adopção dasoito Recomendações Especiais contra ofinanciamento do terrorismo propostas peloGrupo de Acção Financeira Internacional(GAFI). Neste contexto, o GAFI desenvolveuesforços consideráveis no sentido de apresentaruma interpretação pormenorizada destespadrões. Segundo, o GAFI iniciou uma revisãodas suas 40 Recomendações contra obranqueamento de capitais. Esta revisão incide,nomeadamente, sobre a identificação e o devidoacompanhamento de clientes, apresentação deinformações, regulamentação e supervisão detransacções suspeitas, veículos das empresas enegócios e profissões não financeiras. Terceiro,o FMI, o Banco Mundial e o GAFI desenvolveramuma metodologia comum para a avaliação documprimento das 40 Recomendações do GAFIpor parte dos países. Os padrões do GAFI serãoanexados aos padrões e códigos que orientam

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as actividades de supervisão do FMI e do BancoMundial, tais como a preparação de Relatóriossobre o Cumprimento de Padrões e Códigos ea aplicação dos Programas de Avaliação doSector Financeiro. O BCE participa no GAFI naqualidade de observador.

Na área contabilística, o Comité de NormasInternacionais de Contabilidade (InternationalAccounting Standards Board (IASB)) iniciou amodernização e actualização das NormasInternacionais de Contabilidade (normas IAS)actuais, bem como dos principais projectosdestinados à convergência com os PrincípiosContabilísticos Geralmente Aceites dos EUA(Generally Accepted Accounting Principles). Nestecontexto, o IASB emitiu propostas para anorma IAS 32 sobre a divulgação e apresentaçãode instrumentos financeiros e para a normaIAS 39 sobre o reconhecimento e mediçãode instrumentos financeiros. Está em estudoo possível alargamento da utilização dacontabilização pelo justo valor ao abrigo danorma IAS 39. Em Novembro de 2001, oBCE emitiu um Parecer sobre a aplicaçãoda contabilização pelo justo valor no sectorbancário7. Quanto à evolução na UE, oRegulamento (CE) N.º 1606/2002 doParlamento Europeu e do Conselho de 19 deJulho de 2002 estabelece que as empresascotadas deverão aplicar “normas contabilísticasinternacionais”8 a partir de 2005 para efeitos daelaboração das respectivas demonstraçõesfinanceiras consolidadas. O Regulamento temcomo objectivo harmonizar as informaçõesfinanceiras a fim de assegurar um elevado

grau de transparência e comparabilidade dasdeclarações financeiras. Foi criado um novoComité de Regulamentação Contabilística(Accounting Regulatory Committee (ARC)) paraapoiar a Comissão na adopção do(s)padrão(ões) aplicável(eis) ao abrigo desteRegulamento. O BCE foi convidado a assistir àsreuniões do ARC com o estatuto deobservador.

Relativamente a questões relacionadas coma administração de empresas, na sequênciado relatório do Grupo de Alto Nível deEspecialistas em Legislação Empresarial (HighLevel Group of Company Law Experts) sobreum moderno quadro regulamentar para aadministração de empresas na Europa, aComissão iniciou trabalhos sobre um planode acção para a aplicação das recomendaçõesdo Grupo. O BCE dará o seu contributo parao desenvolvimento deste plano de acçãoatravés da sua participação nos fórunsrelevantes da UE em que o plano sejadiscutido.

7 Ver BCE “Fair value accounting in the banking sector: ECBcomments on the ‘Draft standard and basis for conclusions –financial instruments and similar items‘“ emitido pelo FinancialInstruments Joint Working Group of Standard Setters, 8 deNovembro de 2001.

8 Nos termos do Artigo 2.º do Regulamento, por “normasinternacionais de contabilidade” entende-se as InternationalAccounting Standards – IAS (normas internacionais decontabilidade – NIC), as International Financial ReportingStandards – IFRS (normas internacionais de informaçãofinanceira – NIIF) e interpretações conexas (interpretações doSIC-IFRIC), as alterações subsequentes a essas normas einterpretações conexas e as futuras normas e interpretaçõesconexas emitidas ou adoptadas pelo Comité de NormasInternacionais de Contabilidade (IASB).

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Stand do Eurosistema na feira de serviços financeiros Sibos 2002,realizada em Genebra

30 de Setembro a 4 de Outubro de 2002

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Capítulo X

Enquadramento

estatístico

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1 Introdução

Em 2002, a disponibilização de estatísticasdecorreu sem problemas, com novasmelhorias em termos de qualidade edisponibilidade. São esperadas novasmelhorias importantes, após a introdução dosnovos Regulamentos sobre o balançoconsolidado do sector das IFM e estatísticasdas taxas de juro praticadas pelas IFM, aOrientação relativa às contas financeirastrimestrais e de outros diplomas legais queestão em preparação. Todo este trabalho foifeito em estreita cooperação com os BCN,que recolhem os dados dos agentes queprestam informações estatísticas e ostransmitem ao BCE, o qual, por sua vez,produz os agregados da área do euro.

Foram envidados esforços no sentido dereforçar a coordenação de modo a melhorara disponibilidade e o prazo de reporte dedados mensais e trimestrais consistentes ecomparáveis a nível internacional. Foramigualmente tomadas iniciativas no sentido dedesenvolver um enquadramento estatísticoabrangente das contas trimestrais financeirase não financeiras, de modo a melhorar aconsistência entre diferentes estatísticas. Em

2002, o BCE realizou a sua primeiraConferência sobre Estatísticas e tambémorganizou seminários envolvendo utilizadoresde dados, em particular, sobre a correcçãode sazonalidade e estatísticas dos mercadosfinanceiros.

O Eurosistema procura dar resposta ànecessidade de obtenção de estatísticasfiáveis, abrangentes e de elevada qualidade,de modo a minimizar o esforço de prestaçãode informação das instituições. Desta forma,o BCE recorre sempre que possível aestatísticas já existentes. Os novos requisitosestatísticos passam por um processo deanálise dos méritos e custos envolvendoagentes que prestam informação estatística.Em 2002, foi aperfeiçoado o procedimentoformal de avaliação dos benefícios e custosde novas estatísticas.

O Eurosistema prestou ajuda aos países emvias de adesão no que se refere aodesenvolvimento de estatísticas de elevadaqualidade, nomeadamente, através daorganização de vários seminários sobre tiposespecíficos de estatísticas (ver o Capítulo VI).

2 Estatísticas monetárias e bancárias e estatísticas sobre osmercados financeiros

O fornecimento regular de estatísticasmonetárias e bancárias e estatísticas sobreos mercados financeiros decorreu de acordocom o calendário.

As instituições financeiras monetárias (IFM)comunicam dados relativos ao balanço numabase mensal e trimestral de modo a cumpriros requisitos estatísticos que foramestabelecidos no início da UEM. A “Lista dasIFM para fins estatísticos” é actualizadamensalmente e é publicada na página do BCEna Internet. O seu objectivo é manter aconsistência na aplicação da definição de IFMem toda a área do euro e UE.

Em 2002, o BCE e os BCN aplicaram recursossignificativos à implementação do Regulamentodo BCE relativo ao balanço consolidado dosector das IFM (BCE/2001/13), adoptado peloConselho do BCE em Novembro de 2001. Osnovos requisitos estão a ser implementados emestreita cooperação com as instituições decrédito e suas associações. Tendo este fim emvista, foram publicadas em Novembro de 2002as Notas de Orientação ao RegulamentoBCE/2001/13 relativo às estatísticas do balançodas IFM. No início de 2003, foram apresentados,pela primeira vez, dados em conformidade como novo Regulamento. As principais melhoriasdas estatísticas do balanço das IFM estãorelacionadas com uma informação mensal maispormenorizada sobre empréstimos e depósitos

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e com novas estatísticas sobre ajustamentos dereavaliação aplicados a títulos e empréstimos.A informação mais pormenorizada refere-se àdisponibilidade de desagregações por tipo deinstrumento, prazo à data de emissão e sectordas contrapartes das rubricas do balanço dasIFM. Os ajustamentos de reavaliação melhorarãosignificativamente o cálculo dos fluxos numabase mensal. Além disso, os ajustamentospoderão ter o seu próprio conteúdo informativoe enriquecer a análise dos agregados monetáriose das contrapartes (por exemplo, write-offs/write-downs de empréstimos).

Do mesmo modo, o BCE e os BCN aplicaramrecursos significativos à implementação donovo Regulamento do BCE relativo àsestatísticas das taxas de juro praticadas pelasIFM (BCE/2001/18), adoptado pelo Conselhodo BCE em Dezembro de 2001. Estasestatísticas proporcionarão dados globais,pormenorizados e harmonizados sobreas taxas de juro, que melhorarãoconsideravelmente a análise da transmissãoda política monetária e a análise monetáriaem si. Também são necessárias para aavaliação da estabilidade financeira. No total,são compilados 45 indicadores relativos aosstocks e a novas operações. As novasestatísticas das taxas de juro praticadas pelasIFM serão fornecidas ao BCE até ao 19.º diaútil após o termo do mês de referência.O ano de 2003 é considerado um períodode adaptação. Neste sentido, também énecessário salientar que foi desenvolvido uminquérito aos bancos sobre o mercado decrédito, realizado pelo Eurosistema paracomplementar as estatísticas das taxas dejuro.

Em Novembro de 2002, o Conselho do BCEadoptou um Regulamento (BCE/2002/8)relativo à disponibilização de estatísticasmensais dos titulares de acções/unidades departicipação em fundos do mercadomonetário, desagregadas por residência dotitular. O objectivo desta alteração aoRegulamento BCE/2001/13 é melhorar aestabilidade a longo prazo e a qualidade dosdados relativos aos titulares das acções/unidades de participação em fundos do

mercado monetário, que já são utilizados nocálculo do M3.

À luz da decisão de utilizar taxas decrescimento a doze meses, calculadas a partirde dados corrigidos de sazonalidade, para acomparação do crescimento do M3 com ovalor de referência, também foram envidadosesforços para assegurar que estas estatísticasmantivessem um elevado padrão dequalidade. Os ajustamentos dos fluxos forammelhorados através de uma dedução maisrigorosa das variações cambiais (afectando asrubricas não denominadas em euros nosbalanços das IFM) e a sua aplicação foialargada para cobrir os dados trimestrais maispormenorizados. Tal permite o cálculocorrecto das taxas de crescimento de, porexemplo, detenções sectoriais de depósitosjunto de e empréstimos concedidos por IFM.

Também foram desenvolvidos novosindicadores de modo a avaliar a estabilidadefinanceira e a evolução estrutural do sectorbancário.

Em Janeiro de 2003, o BCE publicou, pelaprimeira vez, estatísticas das instituiçõesfinanceiras não monetárias (exceptosociedades de seguros e fundos de pensões).As estatísticas mostram os saldos de fundosde investimento da área do euro de fim detrimestre desagregados por política deinvestimento (acções, obrigações, mistos,imobiliários e outros fundos de investimento)e por restrições, caso existam, à comprade unidades de participação/acções defundos (fundos destinados ao público emgeral e fundos destinados a investidoresespecializados). Estas estatísticas ainda nãoestão totalmente harmonizadas em toda aárea do euro, embora os BCN já tenhamtomado medidas para tornar as suascontribuições nacionais o mais consistentespossível. Nesta base, podem ser compiladosagregados da área do euro de qualidadeaceitável.

O Eurosistema também abordou algumasquestões referentes ao impacto da transiçãopara o euro fiduciário sobre as apresentações

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da desagregação nacional das estatísticas dobalanço das IFM, subjacentes às estatísticasmonetárias.

As estatísticas de emissões de títulos forammelhoradas. A implementação de um novométodo de cálculo, separando o crescimentodas transacções das reavaliações,reclassificações e outras alterações nãorelacionadas com transacções, deu origem ataxas de crescimento mais rigorosas e

consistentes. Além disso, em Janeiro de 2003,o BCE, com base nos preparativos do BCE edos BCN, deu início à publicação regular denovas estatísticas mensais dos saldos deacções cotadas, desagregadas por sector doemitente.

Por seu lado, o BCE continuou a desenvolvermetodologias comuns para calcularindicadores estatísticos comparáveis da áreado euro para os mercados financeiros.

3 Estatísticas da balança de pagamentos, das reservasinternacionais e da posição de investimento internacional,e taxas de câmbio efectivas

A compilação e publicação dos dados dabalança de pagamentos da área do euro numabase mensal e trimestral, dos dados daposição de investimento internacional numabase anual e da posição de reservasinternacionais do Eurosistema numa basemensal decorreu de forma eficiente ao longode 2002.

Em Novembro de 2002, registou-se umamelhoria significativa, com o BCE a publicardados da posição de investimento internacionalpara posições de fim de ano de 1999 a 2001,mostrando as posições credora e devedorada área do euro em separado, quandoanteriormente apenas eram disponibilizadasposições líquidas. As variações na posição deinvestimento internacional entre os finais deano são parcialmente explicadas pelos fluxos dabalança de pagamentos durante o ano. Alémdisso, os dados dos saldos reflectem efeitos devalorização com origem nas variações dospreços dos activos e das taxas de câmbio, bemcomo em outras alterações (por exemplo, write-offs, reclassificações) não relacionadas comfluxos. Deste modo, a melhoria acimamencionada aperfeiçoa consideravelmente oconteúdo informativo e o valor analítico dasestatísticas da posição de investimentointernacional da área do euro.

À semelhança de anos anteriores, oEurosistema tem empreendido esforços nosentido de melhorar a qualidade e

disponibilidade dos dados. Um dos principaisdesafios reside no investimento de carteira.Em Junho de 2002, o BCE publicou umrelatório definindo medidas possíveis a seremtomadas ao nível nacional de modo amelhorar os sistemas de recolha de dadossobre o investimento de carteira. O BCE, emconjunto com os BCN, está a desenvolveruma base de dados de títulos centralizada,com o objectivo de melhorar a qualidade dosdados sobre o investimento de carteira.O BCE também contribuiu significativamentepara o trabalho, ao nível europeu, dedefinição dos critérios e dos indicadoresoperacionais de avaliação da qualidade dasestatísticas da balança de pagamentos eoutras estatísticas relacionadas. Foramtomadas outras medidas no sentido demelhorar a consistência entre os dados sobrea balança de pagamentos e outros dadosrelacionados, por um lado, e entre os dadosmonetários e bancários e o sector do restodo mundo nas contas nacionais, por outro.

Em 2002, foram consideradas as alteraçõespropostas à Orientação do BCE 2000/4, queestabelece o enquadramento jurídico para acompilação das estatísticas da balança depagamentos, das reservas internacionais e daposição de investimento internacional da áreado euro. Está planeada uma actualização destaOrientação para o primeiro trimestre de2003.

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Em Novembro de 2002, foi divulgada umaversão actualizada da publicação anual“European Union balance of payments/international investment position statisticalmethods” (Métodos estatísticos da balançade pagamentos/posição de investimentointernacional da União Europeia). Estapublicação disponibiliza informação sobre asmetodologias estatísticas aplicadas nosEstados-Membros para compilar estatísticas

da balança de pagamentos e da posição deinvestimento internacional e, como tal,melhora a transparência da compilação deestatísticas da área do euro.

O BCE publica, desde Outubro de 1999,dados sobre as taxas de câmbio efectivasnominais e reais do euro, tendo tambémdisponibilizado dados para a avaliação dopapel internacional do euro.

4 Contas financeiras

Não foram registados problemas nadisponibilização regular de dados trimestraisrelativos a contas financeiras para os sectoresnão financeiros da área do euro, publicadospela primeira vez em Maio de 2001. AOrientação do BCE relativa às exigências deinformação estatística em matéria de contasfinanceiras trimestrais, adoptada pelo Conselhodo BCE em Novembro de 2002, assegurará acontinuação da disponibilização regular dascontas financeiras trimestrais no Eurosistema.A Orientação engloba necessidades de dadosactuais para a compilação das Contas Financeiras

da União Monetária e as exigências de prestaçãode informação para dados nacionais,especialmente no que se refere às sociedadesde seguros e fundos de pensões, que serãodisponibilizados em breve. A nova Orientaçãoentrou em vigor em Novembro de 2002.

Foram introduzidas novas melhorias nasestatísticas das contas financeiras, sendoassegurada a consistência entre a balança decapital e as contas financeiras. Além disso, foiabordado o tratamento estatístico das notasnão devolvidas.

5 Estatísticas das finanças públicas

À semelhança de anos anteriores, o BCEpublicou dados anuais relativos às receitas edespesas das administrações públicas na áreado euro. Os dados também disponibilizaminformações pormenorizadas sobre a dívida dasadministrações públicas e uma análise dadiferença entre os défices das administraçõespúblicas e variação da dívida das administrações

públicas. Em 2002, a transmissão destes dadosanuais decorreu sem dificuldades. Está a serpreparada uma Orientação do BCE relativa àsexigências de informação estatística e aosprocedimentos para a troca de informaçãoestatística na área das estatísticas das finançaspúblicas.

6 Estatísticas económicas gerais

As estatísticas económicas gerais que cobrempreços e custos, contas nacionais, mercadosde trabalho e um amplo conjunto de outrosdados económicos suportam a estratégia depolítica monetária do BCE. O BCE e aComissão Europeia (que detém a principalresponsabilidade por estas estatísticas aonível europeu) colaboraram estreitamente no

acompanhamento da implementação do Planode Acção relativo aos Requisitos Estatísticosda UEM apresentado ao Conselho ECOFINem Setembro de 2000. No seguimento doPlano de Acção da UEM e de outrasiniciativas, foram introduzidas melhorias nasestatísticas económicas gerais ao nívelnacional e europeu, mas ainda há muito a

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fazer. Uma Comunicação emitida pelaComissão Europeia em Novembro de 2002descrevia pormenorizadamente o progressorealizado no sentido de melhorar asmetodologias para as estatísticas eindicadores da área do euro, e tinha porobjectivo um maior avanço. À semelhança deanos anteriores, o BCE também contribuiupara um novo Relatório de Progresso das

Exigências de Informação na UEM, que revêos progressos realizados e os requisitos à luzdo Plano de Acção da UEM e que foientretanto adoptado pelo Conselho ECOFIN.

Além disso, o BCE sublinhou a necessidadede novas melhorias da comparabilidademundial das estatísticas.

7 Cooperação com a Comissão Europeia e instituiçõesinternacionais

A nível europeu, a partilha acordada deresponsabilidades estatísticas entre o BCE ea Comissão Europeia (Eurostat) funcionoubem em 2002, à semelhança dos anosanteriores. Está em preparação umaactualização do Memorando de Acordo sobreas Estatísticas Económicas e Financeiras entreo BCE e o Eurostat. O BCE trabalha de pertocom a Comissão Europeia, em parte atravésdo Comité de Estatísticas Monetárias,Financeiras e de Balança de Pagamentos(CMFB), que inclui representantes doEurostat, dos institutos nacionais deestatística, do BCE e dos BCN. O BCE

acolheu favoravelmente a adopção de umnovo regulamento interno para que o CMFBpossa dar resposta às consultas relacionadascom o procedimento relativo aos déficesexcessivos.

O BCE está também em estreito contactocom o BPI, o FMI e a OCDE no que se referea questões estatísticas. O BCE, emcooperação com instituições da ComunidadeEuropeia e organismos internacionais,contribui para a definição dos actuais padrõesestatísticos internacionais e promove a suaadopção.

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Segunda Conferência do BCE sobre Banca Central, realizada em Frankfurt

24 e 25 de Outubro de 2002

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Capítulo XI

Outras atribuições

e actividades

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I Funções consultivas

O BCE, de acordo com o disposto no n.º 4do artigo 105.º do Tratado e no artigo 4.ºdos Estatutos do SEBC, deverá ser consultadopela instituição da Comunidade relevante oupelas autoridades nacionais competentes1,conforme o caso, sobre qualquer propostade legislação comunitária ou nacional, nodomínio das suas atribuições.

Os limites e condições que se aplicam àsconsultas a efectuar ao BCE pelas autoridadesnacionais sobre propostas de legislaçãoencontram-se fixados na Decisão doConselho 98/415/CE de 29 de Junho de 1998.Os n.ºs 1 e 2 do artigo 2.º desta Decisãopormenorizam as áreas específicas em queo BCE será consultado, nomeadamentesobre qualquer projecto de disposição legalrelativo a:

• questões monetárias;• meios de pagamento;• bancos centrais nacionais;• recolha, tratamento e divulgação de

estatísticas monetárias, financeiras,bancárias e relativas aos sistemas depagamentos e às balanças de pagamentos;

• sistemas de pagamento e de liquidação; e• normas aplicáveis às instituições

financeiras, na medida em que influenciem

significativamente a estabilidade dasinstituições e dos mercados financeiros.

Para além disso, o BCE deverá ser consultadopelas autoridades dos Estados-Membros nãopertencentes à área do euro 2 sobre qualquerprojecto de disposição legal relativo ainstrumentos de política monetária.

No total, em 2002, iniciaram-se 32 consultas,das quais 30 foram iniciadas por Estados--Membros e duas pelo Conselho da UniãoEuropeia. Destas 32 consultas, nove estiveramrelacionadas com meios de pagamento, setecom estatísticas e 11 envolveram regrasque poderiam influenciar a estabilidade dasinstituições financeiras e dos mercados.

Para uma panorâmica global das Opiniões doBCE, consulte a página do BCE na Internet(www.ecb.int). Além disso, a caixa seguinteapresenta uma lista das consultas iniciadasem 2002.

1 Em conformidade com o Protocolo relativo a certas disposiçõesrelacionadas com o Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlandado Norte anexo ao Tratado, o n.º 4 do artigo 105.º do Tratado eo artigo 4.º dos Estatutos do SEBC não se aplicam ao ReinoUnido. Por conseguinte, a obrigação de consultar o BCE não seestende às autoridades nacionais do Reino Unido.

2 À excepção do Reino Unido (ver nota anterior).

N.º 2 Origem Assunto

CON/2002/1 Finlândia Revisão da Lei das Instituições de Crédito de modo a incluir o dinheiroelectrónico.

CON/2002/2 Alemanha Alteração do Regulamento relativo ao Comércio Externo e aos Pagamentosno que respeita à recolha, compilação e distribuição de estatísticasmonetárias, financeiras, bancárias, de sistemas de pagamentos e da balançade pagamentos.

Caixa 10Procedimentos de consulta em 2002

(a) Consultas de Estados-Membros1

1 Em Setembro de 2002, o Conselho do BCE aprovou alterações aos procedimentos de divulgação relativos às Opiniões do BCEemitidas a pedido de autoridades nacionais. Por conseguinte, as Opiniões do BCE serão, em regra, publicadas na página doBCE na Internet seis meses após a data de adopção. Para as Opiniões do BCE de importância política, será mantida a práticacorrente, isto é, a publicação imediata na página do BCE na Internet. O Conselho do BCE também aprovou a publicação napágina do BCE na Internet de Opiniões do BCE e Opiniões do IME anteriormente adoptadas. Em ambos os casos, asautoridades nacionais relevantes serão informadas nesse sentido.

2 As consultas encontram-se numeradas de acordo com a ordem em que são adoptadas pelo Conselho do BCE.

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CON/2002/3 Bélgica Compilação das estatísticas da balança de pagamentos e da posição deinvestimento internacional da Bélgica.

CON/2002/4 Dinamarca Alteração da Lei relativa ao branqueamento de capitais com o objectivo deimpedir o financiamento do terrorismo.

CON/2002/5 Países Baixos Transposição para a Lei das Sanções da lei internacional relativa ao combateao terrorismo e cumprimento de sanções financeiras.

CON/2002/6 França Revogação do estatuto de curso legal das notas e moedas denominadas emfrancos franceses.

CON/2002/7 Irlanda Alteração da Lei da União Económica e Monetária no que respeita àsdisposições para pagamento ao Tesouro da Irlanda pelo Central Bank ofIreland como receitas líquidas da emissão de moeda.

CON/2002/8 Dinamarca Alteração da Lei da Transacção de Títulos no que respeita às garantias e àclarificação de determinadas competências relativamente a bolsas, protecçãode dados e utilização de informação privilegiada.

CON/2002/9 França Alterações ao Decreto relativo às relações financeiras com países estrangeirosno que respeita às estatísticas da balança de pagamentos e da posição deinvestimento internacional.

CON/2002/10 Dinamarca Alteração da Lei dos Serviços Financeiros e outras leis financeiras, no querespeita à supervisão dos fundos de pensões de empresas, às melhorespráticas para os operadores de títulos, etc.

CON/2002/12 Finlândia Autoridade do Ministério das Finanças da Finlândia para emitir moedascomemorativas com curso legal na Finlândia.

CON/2002/13 Bélgica Introdução de uma supervisão prudencial abrangente do sector financeiro edos serviços financeiros, bem como normas específicas no que respeita aosmercados secundários de instrumentos financeiros.

CON/2002/14 Espanha Pagamento dos lucros do Banco de España ao Tesouro.

CON/2002/15 Finlândia Arredondamento até aos cinco cêntimos mais próximos dos pagamentosdenominados em euros e efectuados através de um cartão bancário ou outroscartões de pagamento.

CON/2002/16 Irlanda Projecto de Lei do Central Bank of Ireland e da Autoridade de ServiçosFinanceiros, 2002.

CON/2002/17 Luxemburgo Regulamento relativo à designação das autoridades nacionais competentesno que respeita à falsificação.

CON/2002/18 Bélgica Clarificação da relação específica entre o quadro institucional do NationaleBank van België/Banque Nationale de Belgique e as normas gerais relativasàs sociedades anónimas de responsabilidade limitada.

CON/2002/19 Áustria Implementação das “Recomendações Especiais do GAFI” relativas aobranqueamento de capitais e ao combate do financiamento do terrorismo.

CON/2002/20 Áustria Alterações das taxas de juro básica e de referência.

CON/2002/21 Suécia Alterações relativas à recolha de estatísticas da balança de pagamentos e aocritério de liquidez de títulos utilizados em operações de política monetáriabem como à subcontratação proposta de algumas partes deste processo.

CON/2002/22 Suécia Proposta estabelecendo uma Auditoria Nacional pelo Parlamento da Suécia,incluindo alterações à Lei do Sveriges Riksbank.

CON/2002/23 Finlândia Revisão da Lei relativa à Autoridade de Supervisão Financeira, incluindométodos operacionais revistos e novos poderes no que se refere a sanções.

CON/2002/24 Bélgica Prevenção contra a utilização do sistema financeiro para fins debranqueamento de capitais.

CON/2002/26 Grécia Protecção legal das notas de euros.

N.º 3 Origem Assunto

3 As consultas encontram-se numeradas de acordo com a ordem em que são adoptadas pelo Conselho do BCE.

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CON/2002/27 Finlândia Lei dos Poderes de Emergência relativa à regulamentação dos mercadosfinanceiros finlandeses em condições de emergência.

CON/2002/28 Suécia Sveriges Riksbank e a publicação de condições de juros.

CON/2002/29 Suécia Introdução de um novo sistema baseado em inquéritos para a recolha deestatísticas da balança de pagamentos.

CON/2002/30 Itália Disposições relativas à conversão de obrigações ao abrigo da Lei N.º 483/93que afectam o balanço da Banca d’Italia.

CON/2002/31 Itália Disposições da Lei do Orçamento de 2003 relativas a notas e moedas.

CON/2002/32 França Projecto de lei sobre segurança financeira.

(b) Consultas de instituições europeias5

N.º 4 Origem Assunto Publicação

CON/2002/11 Conselho Recomendação relativa à nomeação do Vice-Presidente JO L 101da UE da Comissão Executiva do Banco Central Europeu. 14.4.2002,

p. 17

CON/2002/25 Conselho Regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho no JO C 253,da UE que respeita aos prazos de transmissão dos principais 22.10.2002,

agregados das contas nacionais, às derrogações nesta p. 14área e à transmissão de dados sobre o emprego emtermos de horas trabalhadas.

N.º 4 Origem Assunto

4 As consultas encontram-se numeradas de acordo com a ordem em que são adoptadas pelo Conselho do BCE.5 Publicadas na página do BCE na Internet.

2 Cumprimento das proibições de financiamento monetário e deacesso privilegiado

Nos termos da alínea d) do artigo 237.º doTratado, o BCE tem a função de acompanharo cumprimento por parte dos 15 BCN da UEe pelo BCE das respectivas obrigaçõesestipuladas nos artigos 101.º e 102.º doTratado e nos Regulamentos (CE) N.ºs 3603/93 e 3604/93 do Conselho. Esta função é daresponsabilidade do Conselho Geral do BCE.O artigo 101.º proíbe a concessão de créditossob a forma de descobertos ou sob qualqueroutra forma pelo BCE ou pelos BCN embenefício de governos e instituições ouorganismos da Comunidade, bem como acompra directa de títulos de dívida a essasentidades. O artigo 102.º proíbe quaisquermedidas, não baseadas em considerações deordem prudencial, que possibilitem o acessoprivilegiado às instituições financeiras porparte dos governos e instituições ouorganismos da Comunidade. A par doConselho Geral, a Comissão Europeia

acompanha o cumprimento por parte dosEstados-Membros das disposições atrásreferidas.

O Conselho Geral acompanha igualmente acompra, pelos bancos centrais da UE, emmercado secundário de títulos de dívidaemitidos quer pelo sector público nacional,quer pelo sector público de outros Estados--Membros. Nos termos dos considerandos doRegulamento (CE) N.º 3603/93 do Conselho,a aquisição de títulos de dívida do sectorpúblico no mercado secundário não deveservir para iludir o objectivo visado no artigo101.º do Tratado. Tais aquisições não sedeverão tornar uma forma de financiamentomonetário indirecto ao sector público.

Relativamente a 2002, o Conselho Geralencontrou três casos de não cumprimentodos requisitos do Tratado acima referidos e

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dos Regulamentos do Conselho associadospor BCN dos Estados-Membros. Em todosestes casos, a quantidade de moedas detidaspelos BCN e creditadas ao sector público,após a transição para o euro fiduciário,excedeu o limite de 10% de moedas emcirculação nos termos do artigo 6.º doRegulamento do Conselho (CE) N.º 3603/93.

No caso da Grécia, o limite foi excedido nosprimeiros três meses de 2002, enquanto nocaso da França e da Finlândia, o problemaocorreu ao longo do ano e ainda não tinhasido solucionado no final de 2002. OConselho Geral solicitou a estes dois últimosbancos centrais que tomassem medidasimediatas para corrigir a situação.

3 A gestão das operações activas e passivas efectuadas pelaComunidade Europeia

Nos termos do n.º 2 do artigo 123.º doTratado e do artigo 9.º do Regulamento (CE)n.º 332/2002 do Conselho, de 18 de Fevereirode 2002 (que substitui o artigo 2.º doRegulamento (CEE) n.º 1969/88 do Conselho,de 24 de Junho de 1988), o BCE continuou aser responsável pela gestão das operações

activas e passivas efectuadas pela ComunidadeEuropeia ao abrigo do mecanismo de apoiofinanceiro a médio prazo. Durante 2002,porém, o BCE não realizou essas atribuiçõesadministrativas, visto que não havia qualquersaldo por liquidar no final de 2001 e nãotiveram início novas operações durante o ano.

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Reunião inicial do júri, em 30 e 31 de Outubro de 2002

O júri do concurso internacional dearquitectura para as novas instalações do

BCE visita o novo local em Frankfurt,o Grossmarkthalle

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Capítulo XII

Comunicação externa

e responsabilização

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002186

I Actividades e política de comunicação do BCE

1.1 Actividades de comunicação

É indispensável que um banco centraldisponha de uma comunicação externaeficiente e apropriada. O BCE, recorrendo auma variedade de instrumentos decomunicação – em cooperação estreitacom os BCN do Eurosistema – procuracontinuamente reforçar o conhecimento porparte do público europeu das suasatribuições, da sua estratégia e das decisõescom base nessa estratégia. Em 2002, foramtomadas medidas para melhorar a eficácia dascomunicações externas. Paralelamente, éimportante manter a continuidade eestabilidade das actividades de comunicaçãode modo a aumentar a familiaridade dopúblico com o enquadramento da políticamonetária e outras questões relacionadascom os bancos centrais na área do euro.

Os primeiros meses do ano foram dominadospela Campanha de Informação Euro 2002,implicando um esforço de comunicaçãoextraordinário no qual o Eurosistema ajudouos cidadãos da área do euro a conhecerem asua nova moeda (ver a Caixa 12). No que serefere à comunicação relativamente a outrasquestões, o BCE utilizou o seu conjuntohabitual de instrumentos de comunicação:comunicados, conferências de imprensa,publicações periódicas (Relatório Anual eBoletim Mensal), discursos públicos eentrevistas realizadas pelos membros dosórgãos de decisão do BCE, bem comobrochuras e outras publicações impressas.Esta grande variedade de instrumentospermite ao BCE chegar a muitas audiênciasdiferentes, de académicos a especialistasbancários passando por representantes dosmeios de comunicação, estudantes e opúblico em geral.

Além disso, o BCE contribui para adisseminação de resultados de pesquisas nocampo da pesquisa monetária e económicageral ao publicar Documentos de Trabalho eDocumentos Ocasionais e ao organizarconferências académicas, seminários e

encontros de trabalho. Em 2002, os principaiseventos deste tipo foram o semináriorealizado no contexto da Reunião Ásia--Europa em Abril, o seminário dos BancosCentrais do Eurosistema e da América Latina,em Maio, a Segunda Conferência do BCEsobre Banca Central 2002 sobre “Atransformação do sistema financeiroeuropeu”, em Outubro, e o seminário aomais alto nível sobre o processo de adesão àUE, em Dezembro.

Uma outra actividade de comunicação é arecepção de grupos de visitantes nasinstalações do BCE. Esta é uma oportunidade,em particular para os estudantes, para tomarconhecimento em primeira mão dasactividades do BCE. Em 2002, mais de 9 000visitantes foram recebidos no BCE, e desde oseu início em 1998 o BCE recebeu mais de40 000 visitantes.

Um factor fundamental em muitas destasactividades de comunicação é a página doBCE na Internet (www.ecb.int), que dá acessoa todos os documentos publicados pelo BCE.A frequência das visitas à página da Internetbem como a utilização das linhas directas decorreio electrónico mantiveram-se elevadasem 2002. A página da Internet também actuoucomo plataforma para o lançamento deconsultas públicas.

As consultas públicas foram utilizadas comgrande frequência na qualidade de novoinstrumento em 2002, tendo o BCE iniciadoum total de seis procedimentos de consultapública. As partes interessadas foramconvidadas a enviar os seus comentários aoBCE ou aos BCN. Quer o BCE, quer os BCNutilizaram as suas páginas na Internet para asconsultas. Os temas das consultas públicasincluíram os sistemas de pagamento e oquadro operacional de política monetária.

A cooperação com os BCN é crucial na áreadas comunicações e é um pré-requisito parao aproveitamento óptimo dos recursosdistribuídos para estes fins dentro do SEBC. No

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processo de coordenação, coloca-se especialênfase nos esforços para assegurar umacomunicação “a uma só voz” sobre a políticamonetária única na área do euro. Igualimportância tem a capacidade do SEBC paraabordar várias audiências regionais e nacionaisnas suas próprias línguas e contextos.

O BCE continua a procurar formas demelhorar a utilidade dos instrumentosexistentes. Como parte destes esforços, oBCE realizou um inquérito no Outono de2002 sobre o universo de leitores do seuBoletim Mensal. Na mesma linha, foi lançadoum projecto para melhorar o aspecto gráficodesta publicação.

1.2 Questões de comunicaçãoimportantes em 2002

É possível identificar algumas questões correntescomo sendo as mais importantes para acomunicação do Eurosistema em 2002. Estas

questões são analisadas pormenorizadamentenos respectivos capítulos deste Relatório Anual.Porém, também são brevemente mencionadasem seguida de modo a apresentar uma análisegeral do desafio de comunicação enfrentadopelo Eurosistema em 2002.

Em relação a algumas destas questões o BCEactuou de forma pró-activa, com o objectivode aumentar o conhecimento do públicosobre questões relativas às áreas decompetência do BCE. Para outras, o BCErespondeu a pedidos de informação por partedos meios de comunicação social, de gruposespecializados ou do público em geral.

Algumas das questões de comunicação maisimportantes em 2002 foram:

• A orientação da política monetária (ver oCapítulo I).

• A introdução das notas e moedas de eurosem 1 de Janeiro de 2002. A Campanha deInformação Euro 2002 foi concluída com

Caixa 11 Campanha de Informação Euro 2002

O Eurosistema lançou a Campanha de Informação Euro 2002 no início de 2001. O objectivo da campanha foi

familiarizar o público com a nova moeda e as modalidades da transição para as notas e moedas de euros. De

muitas formas, esta foi uma campanha sem precedentes. Aplicou o mesmo conceito e estrutura criativos em

toda a área do euro nas 11 línguas comunitárias oficiais. A campanha também procurou alcançar uma

audiência fora da área do euro. Foi estabelecido um orçamento de €80 milhões para o desenvolvimento e

implementação da campanha. Além disso, os BCN tomaram medidas complementares ao nível nacional e, em

alguns casos, internacional.

A estratégia da campanha baseou-se em cinco princípios fundamentais: cooperação com multiplicadores,

feedback sobre necessidades de informação através de pesquisa, interacção entre os níveis europeu e nacional,

uma abordagem multimédia e uma abordagem multidisciplinar (por exemplo, relações públicas, marketing

directo, publicidade e comunicação de marketing).

A campanha dos meios de comunicação social beneficiou de várias parcerias com outros meios de comunicação

e de posições preferenciais em blocos (para a televisão e a rádio) e revistas. O objectivo da campanha dos

meios de comunicação social foi assim atingido, nomeadamente tendo 80% da população visto cada anúncio

de televisão 2,5 vezes. Em alguns países, a campanha chegou a 90% da população.

No geral, a campanha de informação cumpriu extremamente bem os seus objectivos. Um programa de

pesquisa quantitativa executado em várias fases – a última das quais em Fevereiro de 2002 – demonstrou que o

conhecimento do aspecto gráfico das notas de euros e das suas características de segurança aumentou

gradualmente durante a campanha, tendo alcançado um nível satisfatório em todos os países no momento em

que as notas e moedas de euros entraram em circulação.

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êxito no segundo trimestre de 2002 (ver aCaixa 11).

• O papel do Eurosistema no processo deadesão à UE (ver o Capítulo VI).

• Operações de política monetária (ver oCapítulo II).

• Discussões de questões de supervisão eestabilidade financeira ao nível europeu einternacional (ver os Capítulos V e IX).

• A estrutura dos mercados financeiros naárea do euro (ver os Capítulos V e IX).

• Questões organizacionais do BCE, emparticular o lançamento de um concursointernacional de planeamento urbano econcepção arquitectónica das futurasinstalações do BCE (ver o Capítulo XIII).

• A opinião do Conselho do BCE sobre oPacto de Estabilidade e Crescimento (vero Capítulo I).

2 Troca de informação e opiniões com o Parlamento Europeu

2.1 Análise geral das relações entre oBCE e o Parlamento Europeu

Em 2002, o BCE continuou as suas trocasregulares de opiniões com o ParlamentoEuropeu, em linha com o disposto no n.º 3do artigo 113.º do Tratado. À semelhançados anos anteriores, o principal fórum paraestas trocas de opiniões foram as audiçõestrimestrais do Presidente do BCE perante aComissão dos Assuntos Económicos eMonetários. Durante estas audições, oPresidente comunicou as decisões tomadaspelo Conselho do BCE relativamente àpolítica monetária e a outras áreas dacompetência do BCE e, posteriormente,respondeu a questões colocadas pelosmembros da Comissão. O Presidente tambémapresentou o Relatório Anual de 2001 doBCE na sessão plenária do ParlamentoEuropeu, que realizou um debate geral eaprovou uma resolução.

Para além das audiências trimestrais aoPresidente do BCE, a Comissão dos AssuntosEconómicos e Monetários também convidououtros membros da Comissão Executiva paratrocar ideias sobre várias questões. Àsemelhança dos anos anteriores, o Vice--Presidente apresentou o Relatório Anual de2001 do BCE à Comissão. O Sr. Issing foiconvidado a trocar opiniões sobre aconjuntura económica e o projecto deOrientações Gerais de Política Económica,enquanto o Sr. Padoa-Schioppa participounuma audiência sobre a supervisão financeirana UE, onde explicou as opiniões do BCE

relativamente às estruturas da UE dedicadasà regulamentação, supervisão e estabilidadefinanceiras. Além disso, o Sr. Padoa-Schioppafoi convidado pela Comissão para umaaudiência sobre a evolução e novasperspectivas para a união económicaeuropeia.

Além destas reuniões públicas, uma delegaçãode membros da Comissão dos AssuntosEconómicos e Monetários visitou o BCE paradiscussões informais sobre várias questõescom os membros da Comissão Executiva.

Por último, o Parlamento Europeu decidiualterar o seu Regulamento Interno de modoa estabelecer um procedimento interno peloqual todos os Deputados, através doPresidente da Comissão dos AssuntosEconómicos e Monetários, poderão submeterquestões por escrito ao Banco CentralEuropeu. As perguntas são posteriormentepublicadas, com a respectiva resposta doBCE, no Jornal Oficial das ComunidadesEuropeias1. Apesar de nem o Tratado nem osEstatutos do SEBC conterem disposições ouobrigações neste sentido, o BCE concordouem responder voluntariamente a essasquestões, desde que estejam relacionadascom o cumprimento do mandato do BCE, àsemelhança do que já tinha acontecido nopassado. Paralelamente, o BCE sublinhou quetal não deve reduzir a importância das

1 O Jornal Oficial das Comunidades Europeias tornou-se o JornalOficial da União Europeia a partir da entrada em vigor doTratado de Nice.

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audições regulares, onde devem continuara ser discutidas as principais questõesreferentes às decisões de política do BCE.Na página do BCE na Internet são publicadasas respostas por escrito às questõessubmetidas pelos Deputados do ParlamentoEuropeu durante as audições ao Presidente.

2.2 Opiniões do BCE sobre questõesespecíficas abordadas nas reuniõescom o Parlamento Europeu

As várias trocas de opiniões entre oParlamento Europeu e o BCE cobriram umavasta gama de questões. Embora a avaliaçãoda evolução económica e monetária e acondução da política monetária do BCEtenham figurado entre os principais pontosfocados, os Deputados também submeteramquestões relativamente às outras atribuiçõesque são conferidas pelo Tratado aoEurosistema.

O Parlamento Europeu abordou algumasdestas questões na sua resolução sobre oRelatório Anual de 2001 do BCE, adoptadana sua sessão plenária em 3 de Julho. Assecções seguintes apresentam algumas dasprincipais questões abordadas nesta resoluçãoe relembram as opiniões do BCE.

A transição para o euro fiduciário

Em 1 de Janeiro de 2002, a moeda única tornou--se uma realidade tangível. Nesse dia, as notas emoedas de euros adquiriram curso legal emtoda a área do euro e, deste modo, tornaram--se um símbolo visível da identidade europeia.O BCE informou extensivamente o ParlamentoEuropeu sobre a preparação e implementaçãodeste acontecimento histórico e, na suaresolução sobre o Relatório Anual de 2001 doBCE, o Parlamento Europeu felicitou oEurosistema pela sua “brilhante implementaçãoda transição para o euro”.

Porém, embora o Parlamento Europeusublinhe que o euro deverá ter um impactopositivo sobre a evolução dos preços no

consumidor ao estimular a concorrência,criticou práticas abusivas de arredondamentoque foram detectadas em alguns casos (emparticular no sector dos serviços).

Desde 2001, o BCE e os BCN do Eurosistematêm acompanhado e analisado de pertopossíveis efeitos sobre a evolução dospreços decorrentes da transição para oeuro fiduciário. Durante as suas váriascomparências perante o Parlamento Europeu,o Presidente explicou que, embora apercepção dos consumidores possa ter sidodiferente, os efeitos da transição para o eurofiduciário sobre a inflação foram de factomuito limitados (ver Capítulo I).

Responsabilização e transparência do BCE

Outra questão que foi abordada durante estastrocas de opiniões foi a responsabilização doBCE. Na sua resolução sobre o RelatórioAnual de 2001 do BCE, o Parlamento Europeusugeriu que sejam publicadas actas resumidasdos argumentos debatidos em cada reuniãodo Conselho do BCE pouco tempo depois dasua reunião seguinte. Além disso, propôs queessas actas resumidas indiquem, de formaanónima, uma relação dos votos expressose quaisquer opiniões discordantes dosmembros do Conselho do BCE.

Em resposta a estas sugestões, o Presidenteexplicou que nas conferências de imprensaextensas que decorrem imediatamente apósa primeira reunião do Conselho do BCE decada mês, durante a qual são normalmentetomadas decisões de política monetária, bemcomo no seu Boletim Mensal, o BCEdisponibiliza uma explicação aprofundada dasrazões que sustentam as decisões doConselho do BCE. Deste modo, aargumentação do Conselho do BCE édivulgada ao público numa fase bastante maisadiantada do que sucederia no caso de actasadoptadas formalmente.

Além disso, o Presidente explicou que o BCEvai além dos já rigorosos requisitos deprestação de informação fixados no Tratado,

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e que através dos instrumentos decomunicação abrangentes (ver Secção 1 destecapítulo) que já são utilizados, o BCE obtevepadrões muito elevados quer em termos detransparência, quer de responsabilização.Além disso, a opção de não publicarresultados pormenorizados é consistente como Tratado, que estipula que o teor dosdebates do Conselho do BCE é confidencial,embora o Conselho possa decidir tornarpúblico o resultado das suas deliberações.

No que se refere às sugestões relativamenteà divulgação de informação sobre os votos eas opiniões individuais dos membros doConselho do BCE, deve-se ter em conta queo BCE opera uma política monetária única aonível da área do euro. Neste contexto, umprocedimento através do qual fossempublicados os votos e as opiniões individuais(ainda que de forma anónima) poderiaprovocar uma pressão indevida no sentidode um desvio de uma perspectiva da área doeuro. Além disso, o Conselho do BCE actuacomo um órgão colegial e é colectivamenteresponsável pelas suas decisões. Deste modo,o BCE não considera que a adopção dessassugestões seja justificável e manterá a suapolítica de apresentar os argumentosrelevantes de uma forma clara, rápida econsistente de modo a disponibilizar ainformação necessária à compreensão dacondução da política monetária.

Por último, pode-se acrescentar que osrequisitos de prestação de informação doBCE, de acordo com o disposto no Tratado,são praticamente idênticos aos de outrosbancos centrais importantes. As práticas eprocedimentos estabelecidos ao longo dotempo para o cumprimento das obrigaçõesde responsabilização do BCE também podemser considerados favoráveis quandocomparados internacionalmente, emparticular as suas relações activas com oParlamento Europeu2.

Papel das projecções macroeconómicaselaboradas por especialistas do Eurosistemae sugestões para publicação de umaapreciação de cada país da área do euro

A resolução do Parlamento Europeu sobre oRelatório Anual de 2001 do BCE tambémabordou a questão das projecçõesmacroeconómicas elaboradas por especialistasdo Eurosistema. Mais especificamente, oParlamento Europeu sugeriu que estasprojecções apresentem valores precisos, e nãoapenas intervalos, e que sejam explicitamenteaprovadas pelo Conselho do BCE, podendo osseus membros expressar a sua discordância deforma anónima. Além disso, sugeriu que o BCEdeveria publicar anualmente uma apreciação paísa país das tendências económicas nos Estados--Membros da área do euro.

O Presidente sublinhou que as projecçõesmacroeconómicas elaboradas porespecialistas do Eurosistema são umaimportante contribuição técnica para asdeliberações do Conselho do BCE, visto queajudam a resumir e avaliar de formaconsistente as implicações de um conjuntoalargado de informações sobre a inflaçãofutura. Apesar disto, estas projecções nãotêm um papel totalmente abrangente noprocesso da formulação de política monetária,mas constituem um dado, entre outros, paraavaliar os riscos para a estabilidade de preçosà luz do segundo pilar. As projecções são oresultado da competência dos especialistasdo Eurosistema e, para bem da transparência,devem ser mantidas separadas da análise edo parecer final do Conselho do BCErelativamente à avaliação global dos riscospara a estabilidade de preços. Os intervalosutilizados nas projecções reflectem acomplexidade e incertezas do exercício deprojecção e, principalmente, a própriaeconomia.

No que se refere às sugestões de que o BCEdeveria publicar anualmente apreciações

2 Para mais pormenores sobre estas questões, ver os artigos naedição de Novembro de 2002 do Boletim Mensal do BCEintitulados “A responsabilização do BCE” e “Transparência napolítica monetária do BCE”.

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económicas país a país, até à data a afectaçãode atribuições no Eurosistema não revelouqualquer necessidade de adopção de semelhanteprática. A evolução macroeconómica eestrutural nos países-membros individuais é,evidentemente, acompanhada no Eurosistemade modo a aumentar o conhecimento geralsobre as condições económicas observadasna área do euro. Neste sentido, os BCNdo Eurosistema acompanham e analisamregularmente esta evolução nos seus respectivospaíses. Paralelamente, tendo em conta a suamissão, é necessário que o BCE se centre naevolução da área do euro quando produz a suaanálise da política monetária.

Políticas orçamentais e o Pacto deEstabilidade e Crescimento

Outras questões frequentemente abordadasdurante as trocas de opiniões entre oParlamento Europeu e o BCE foram aspolíticas orçamentais e a evolução dasposições orçamentais nos Estados-Membros.Neste contexto, os membros da Comissãotambém exprimiram as suas opiniões quantoao Pacto de Estabilidade e Crescimento e asugestões para modificar as suas disposições.

O Presidente aproveitou a ocasião das suasaudiências para sublinhar a opinião doConselho do BCE de que o actual quadroorçamental, conforme disposto no Tratado eposteriormente desenvolvido pelo Pacto deEstabilidade e Crescimento, alcançou oequilíbrio entre disciplina e flexibilidade.

O Pacto de Estabilidade e Crescimento, aoestabelecer um objectivo de médio prazo deposições orçamentais próximas do equilíbrioou excedentárias, garante que as políticasorçamentais manterão a sustentabilidadedas finanças públicas, disponibilizandosimultaneamente a flexibilidade suficiente paraque os estabilizadores automáticos orçamentaisoperem. Além disso, um quadro institucionalcredível e aplicável para a condução das políticasorçamentais nos países da área do euro é umcomplemento necessário para uma políticamonetária orientada para a estabilidade depreços (ver os Capítulos I e V).

Políticas orçamentais sólidas que fomentem aestabilidade macroeconómica conduzem aocrescimento do emprego e do PIB real. O cumprimento integral das disposições doTratado e do Pacto de Estabilidade eCrescimento é, deste modo, do interesse decada Estado-Membro. Os Estados-Membrosonde ainda subsistam desequilíbrios devementão comprometer-se com uma claraestratégia de consolidação de modo a atingir,no mais curto espaço de tempo possível, osobjectivos acordados ao abrigo do Pacto deEstabilidade e Crescimento. Na sua resoluçãosobre o Relatório Anual de 2001 do BCE, oParlamento Europeu também sublinhou queo Pacto de Estabilidade e Crescimento é umelemento essencial da credibilidade da áreado euro e que conquistar uma posiçãoorçamental equilibrada é uma condição préviapara permitir que os estabilizadoresautomáticos funcionem integralmente.

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Eugenio Domingo Solans, Membro da Comissão Executiva do BCE, e LeszekBalcerowicz, Presidente do Banco Nacional da Polónia, inauguram a exposição

Exposição fotográfica do BCE, intitulada “A Produção do €uro”, na sede do BancoNacional da Polónia, em Varsóvia, de 2 de

Dezembro de 2002 a 15 de Janeiro de 2003

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Capítulo XIII

O quadro institucional

do Eurosistema

e do Sistema Europeu

de Bancos Centrais

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1 O Eurosistema e o Sistema Europeu de Bancos Centrais

O Sistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC)é constituído pelo Banco Central Europeu (BCE)e pelos bancos centrais nacionais (BCN) dos 15Estados-Membros da UE, ou seja, inclui os trêsBCN dos Estados-Membros que não adoptaramainda o euro. Com o objectivo de promover atransparência e facilitar a compreensão daestrutura dos bancos centrais na área do euro,o Conselho do BCE adoptou o termo“Eurosistema”, que inclui o BCE e os BCN dosEstados-Membros que adoptaram o euro.Enquanto existirem Estados-Membros que nãotenham ainda adoptado o euro, será necessáriofazer uma distinção entre o Eurosistema e oSEBC.

O BCE, ao abrigo do direito públicointernacional, tem personalidade jurídica. Foiestabelecido como núcleo do Eurosistema e doSEBC e assegura a realização das respectivasatribuições quer através das suas própriasactividades, quer através dos BCN. Embora atomada de decisões no Eurosistema e no SEBC

seja centralizada, o BCE, na tomada de decisõessobre a forma como as referidas atribuiçõesdeverão ser desenvolvidas, rege-se peloprincípio da descentralização, nos termos dosEstatutos do SEBC.

Cada BCN tem personalidade jurídica nostermos da legislação nacional do respectivopaís. Os BCN da área do euro, que fazemparte integrante do Eurosistema, realizam asatribuições que competem ao Eurosistema,de acordo com os regulamentosestabelecidos pelos órgãos de decisão doBCE. Os BCN também contribuem para ostrabalhos do SEBC através da sua participaçãonos diversos Comités do SEBC (ver Secção 5do presente capítulo). Podem exercerfunções que não são consideradas funçõesdo Eurosistema, sob a sua própriaresponsabilidade, salvo se o Conselho do BCEfor de opinião que tais funções interferemcom os objectivos e atribuições doEurosistema.

EUROSISTEMA

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Banco Central Europeu (BCE)

Nationale Bank van België/Banque Nationale de Belgique

Deutsche Bundesbank

Banco da Grécia

Banco de España

Banque de France

Central Bank of Ireland

DanmarksNationalbank

Banca d’Italia

Banque centrale duLuxembourg

De Nederlandsche Bank

Oesterreichische Nationalbank

Banco de Portugal

Suomen Pankki – Finlands Bank

Sveriges Riksbank

Bank of England

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Co

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Conselho Comissãodo BCE Executiva

Conselho Comissãodo BCE Executiva

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2 Os órgãos de decisão do BCE

O Eurosistema e o SEBC são dirigidos pelosórgãos de decisão do BCE: o Conselho doBCE e a Comissão Executiva. O ConselhoGeral é constituído como um terceiro órgãode decisão do BCE, desde que existam, eenquanto existirem, Estados-Membros quenão tenham ainda adoptado o euro. Ofuncionamento dos órgãos de decisão éregulamentado pelo Tratado que institui aComunidade Europeia, os Estatutos do SEBCe os Regulamentos Internos relevantes1.

2.1 O Conselho do BCE

O Conselho do BCE é composto pelosmembros da Comissão Executiva e pelosGovernadores dos BCN dos Estados--Membros que adoptaram o euro. Nos termosdo Tratado, as suas principais atribuições são:

• adoptar as orientações e tomar as decisõesnecessárias ao desempenho das atribuiçõescometidas ao Eurosistema; e

• definir a política monetária da área doeuro, incluindo, quando apropriado, asdecisões respeitantes a objectivosmonetários intermédios, taxas de jurobásicas e aprovisionamento de reservas noEurosistema, estabelecendo as orientaçõesnecessárias à respectiva execução.

O Conselho do BCE reúne, regra geral, duasvezes por mês nas instalações do BCE emFrankfurt, na Alemanha. Realiza uma análiseaprofundada da evolução monetária eeconómica e toma, em específico na primeirareunião do mês, decisões relacionadas,enquanto a segunda reunião se concentranormalmente em questões relativas a outrasatribuições e responsabilidades do BCE e doEurosistema. Em 2002 realizou-se umareunião através de teleconferência e duasreuniões fora de Frankfurt: uma, realizada emMaastricht, teve como anfitrião o DeNederlandsche Bank, e a outra, noLuxemburgo, teve como anfitrião o Banquecentrale du Luxembourg.

Quando tomam decisões sobre políticamonetária e sobre outras atribuições doEurosistema, os membros do Conselho doBCE não actuam como representantesnacionais, mas na qualidade de membrostotalmente independentes. Esta actuaçãoreflecte-se no princípio “um membro, umvoto” aplicado no Conselho.

Em Dezembro de 2002, o Conselho do BCEdecidiu unanimemente os conteúdos daproposta relativa ao futuro ajustamento dosseus mecanismos de votação. Este tipo deajustamento tornar-se-á necessário para queo Conselho do BCE mantenha a capacidadede tomada de decisões atempada e eficientenuma área do euro alargada. A proposta foifeita em conformidade com a “cláusula dehabilitação” do BCE constante do Tratado deNice (ver Capítulo VI). Após a entrada emvigor do Tratado de Nice a 1 de Fevereiro de2003, o BCE adoptou formalmente umaRecomendação relativa ao ajustamento dosmecanismos de votação no Conselho do BCE.

De acordo com a Recomendação, todos osmembros do Conselho do BCE continuarãoa participar nas reuniões e nas deliberações atítulo pessoal e independente. No entanto, onúmero de governadores de BCN comdireito de voto não deverá ultrapassar os 15.Os 15 direitos de voto serão partilhadospelos governadores, que deles disporãorotativamente, segundo regras pré--estabelecidas. Os seis membros daComissão Executiva continuarão a dispor dedireito de voto permanente. De modo agarantir que, em qualquer momento, os

1 Os vários Regulamentos Internos foram publicados no JornalOficial das Comunidades Europeias. Ver Regulamento Internodo Banco Central Europeu, JO L 125, 19.5.1999, p. 34 e L 314,8.12.1999, p. 32; Regulamento Interno do Conselho Geral doBCE, JO L 75, 20.3.1999, p. 36 e L 156, 23.6.1999, p. 52;Decisão do Banco Central Europeu de 12 de Outubro de 1999relativa ao regulamento interno da Comissão Executiva do BancoCentral Europeu (BCE/1999/7), JO L 314, 8.12.1999, p. 34.À excepção do último, estes regulamentos foram reproduzidosna publicação do BCE “Compendium: Colectânea deinstrumentos jurídicos, Junho de 1998 – Dezembro de 2001”(Março de 2002), também disponível na página do BCE naInternet.

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governadores com direito a voto pertençama países-membros que, considerados emconjunto, sejam representativos de toda aeconomia da área do euro, os governadoresexercerão os respectivos direitos de votocom diferentes frequências. Contudo, estadistinção entre governadores aplicar-se-iaexclusivamente à determinação prévia dafrequência com que cada um deles terá direitoa voto. O princípio “um membro, um voto”continuaria a vigorar em relação a todos osgovernadores com direito a voto emdeterminada altura.

Os governadores dos BCN serão distribuídospor diferentes grupos, com base numaclassificação por dimensão relativa daseconomias dos respectivos países-membros.O sistema de rotatividade terá início com

dois grupos assim que o número de países daárea do euro seja superior a 15. Quandoforem 22 os países da área do euro, entra emfuncionamento um sistema de rotatividadecom base em três grupos. Este sistema serárobusto e automático, uma vez que adimensão dos grupos e a periodicidade davotação dos governadores dos BCN serãoajustadas ao longo do tempo, por forma aacomodar qualquer sequência do alargamentoda área do euro até 27 países-membros, ouseja, os actuais Estados-Membros da UE e os12 países em vias de adesão enumerados naDeclaração respeitante ao alargamento daUnião Europeia, anexa ao Tratado de Nice.O Conselho do BCE, deliberando por umamaioria de dois terços dos seus membros,definirá disposições precisas de aplicação.

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002198

O Conselho do BCE

Willem F. Duisenberg Presidente do BCEChristian Noyer (até 31 de Maio de 2002) Vice-Presidente do BCELucas D. Papademos (a partir de 1 de Junho de 2002) Vice-Presidente do BCEJaime Caruana Governador do Banco de EspañaVítor Constâncio Governador do Banco de PortugalEugenio Domingo Solans Membro da Comissão Executiva do BCEAntonio Fazio Governador da Banca d’ItaliaNicholas Garganas (a partir de 1 de Junho de 2002) Governador do Banco da GréciaSirkka Hämäläinen Membro da Comissão Executiva do BCEJohn Hurley (a partir de 11 de Março de 2002) Governador do Central Bank of IrelandOtmar Issing Membro da Comissão Executiva do BCEKlaus Liebscher Governador do Oesterreichische NationalbankYves Mersch Governador do Banque centrale du LuxembourgMaurice O’Connell (até 10 de Março de 2002) Governador do Central Bank of IrelandTommaso Padoa-Schioppa Membro da Comissão Executiva do BCELucas D. Papademos (até 31 de Maio de 2002) Governador do Banco da GréciaGuy Quaden Governador do Nationale Bank van België/

Banque Nationale de BelgiqueJean-Claude Trichet Governador do Banque de FranceMatti Vanhala Governador do Suomen Pankki – Finlands BankNout Wellink Presidente do De Nederlandsche BankErnst Welteke Presidente do Deutsche Bundesbank

Fila de trás (da esquerda para a direita): Vítor Constâncio, Jean-Claude Trichet, Nicholas Garganas, Guy Quaden, Matti Vanhala,Klaus Liebscher, Ernst Welteke, Yves Mersch, John Hurley, Jaime Caruana, Antonio Fazio, Nout Wellink

Fila da frente (da esquerda para a direita): Tommaso Padoa-Schioppa, Otmar Issing, Lucas D. Papademos, Willem F. Duisenberg,Sirkka Hämäläinen, Eugenio Domingo Solans

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Fila de trás (da esquerda para a direita): Eugenio Domingo Solans, Otmar Issing, Tommaso Padoa-SchioppaFila da frente (da esquerda para a direita): Lucas D. Papademos, Willem F. Duisenberg, Sirkka Hämäläinen

Willem F. Duisenberg Presidente do BCEChristian Noyer (até 31 de Maio de 2002) Vice-Presidente do BCELucas D. Papademos (a partir de 1 de Junho de 2002) Vice-Presidente do BCEEugenio Domingo Solans Membro da Comissão Executiva do BCESirkka Hämäläinen Membro da Comissão Executiva do BCEOtmar Issing Membro da Comissão Executiva do BCETommaso Padoa-Schioppa Membro da Comissão Executiva do BCE

2.2 A Comissão Executiva

A Comissão Executiva é composta peloPresidente, pelo Vice-Presidente e por quatrooutros membros, nomeados, de comumacordo, pelos governos dos Estados-Membrosque adoptaram o euro a nível de chefes deEstado ou de Governo. As principaisresponsabilidades da Comissão Executiva,que, em regra, se reúne com uma frequênciasemanal, são:

• preparar as reuniões do Conselho do BCE;

• executar a política monetária na área doeuro de acordo com as orientações edecisões estabelecidas pelo Conselho e,para tal, dar as instruções necessárias aosBCN da área do euro;

• gerir as actividades correntes do BCE; e

• exercer determinados poderes que lhetenham sido delegados pelo Conselho,incluindo os de natureza regulamentar.

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2.3 O Conselho Geral

O Conselho Geral é composto peloPresidente e pelo Vice-Presidente do BCE epelos governadores dos 15 BCN da UE. OConselho Geral desempenha as atribuiçõesque o BCE assumiu do Instituto MonetárioEuropeu, as quais, devido ao facto de nemtodos os Estados-Membros terem adoptadoo euro, devem ainda ser desempenhadas pelo

BCE. Em 2002, o Conselho Geral reuniu cincovezes. Uma destas reuniões foi realizadaatravés de teleconferência. O Conselho Geraldecidiu que, logo que o Tratado de Adesãotenha sido assinado com os países candidatosà UE relevantes, os respectivos governadoresdos bancos centrais serão convidados aparticipar nas reuniões do Conselho Geralna qualidade de observadores.

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O Conselho Geral

Willem F. Duisenberg Presidente do BCEChristian Noyer (até 31 de Maio de 2002) Vice-Presidente do BCELucas D. Papademos (a partir de 1 de Junho de 2002) Vice-Presidente do BCEBodil Nyboe Andersen Governadora do Danmarks NationalbankUrban Bäckström (até 31 de Dezembro de 2002) Governador do Sveriges RiksbankJaime Caruana Governador do Banco de EspañaVítor Constâncio Governador do Banco de PortugalAntonio Fazio Governador da Banca d’ItaliaNicholas Garganas (a partir de 1 de Junho de 2002) Governador do Banco da GréciaEdward A. J. George Governador do Bank of EnglandLars Heikensten (a partir de 1 de Janeiro de 2002) Governador do Sveriges RiksbankJohn Hurley (a partir de 11 de Março de 2002) Governador do Central Bank of IrelandKlaus Liebscher Governador do Oesterreichische NationalbankYves Mersch Governador do Banque centrale du LuxembourgMaurice O’Connell (até 10 de Março de 2002) Governador do Central Bank of IrelandLucas D. Papademos (até 31 de Maio de 2002) Governador do Banco da GréciaGuy Quaden Governador do Nationale Bank van België/

Banque Nationale de BelgiqueJean-Claude Trichet Governador do Banque de FranceMatti Vanhala Governador do Suomen Pankki – Finlands BankNout Wellink Presidente do De Nederlandsche BankErnst Welteke Presidente do Deutsche Bundesbank

Fila de trás (da esquerda para a direita): Nicholas Garganas, Guy Quaden, Matti Vanhala, Klaus Liebscher, Ernst Welteke,Yves Mersch, Edward A. J. George, John Hurley, Jaime Caruana, Nout Wellink, Antonio Fazio

Fila da frente (da esquerda para a direita): Vítor Constâncio, Jean-Claude Trichet, Lucas D. Papademos, Willem F. Duisenberg,Bodil Nyboe Andersen, Urban Bäckström

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3 A organização do BCE

3.1 Gestão

Além dos órgãos de decisão descritos naSecção 2, a gestão/administração do BCEinclui ainda o controlo interno e externo avários níveis.

Os Estatutos do SEBC prevêem,nomeadamente, a existência de um auditorexterno, que verifica as contas anuais do BCE(artigo 27.º-1 dos Estatutos do SEBC), e doTribunal Europeu de Contas, que examina aeficácia operacional da gestão do BCE (artigo27.º-2).

A Direcção de Auditoria Interna efectuamissões de auditoria, sob a responsabilidadeda Comissão Executiva. O seu mandato édefinido pela Carta de Auditoria do BCE2.Além disso, o Comité de Auditores Internosé responsável por missões de auditoria sob omandato do Conselho do BCE, com o fim deassegurar a auditoria de projectos e sistemasoperacionais conjuntos a nível do SEBC.

A estrutura de controlo interno do BCE tempor base uma abordagem funcional, segundoa qual cada unidade organizativa (Divisão,Direcção ou Direcção-Geral) é responsávelpelo seu próprio controlo e eficácia internos.No desempenho desta atribuição, as unidadesorganizativas põem em prática um conjuntode procedimentos operacionais de controlona respectiva área de responsabilidade. Porexemplo, encontra-se em funcionamento umsistema de “muralhas da China” na Direcção--Geral de Operações. Além destes controlos,a Direcção de Planeamento e Controlo e aDivisão de Gestão de Risco aconselham efazem propostas à Comissão Executiva sobrequestões específicas de controlo, que afectamtoda a organização.

Em Maio de 2002, os membros do Conselhodo BCE acordaram num Código de Condutapróprio, que reflecte a sua responsabilidadepela preservação da integridade e dareputação do Eurosistema assim como pelamanutenção da eficácia das suas operações3.

O Conselho do BCE nomeou um consultor,para fornecer linhas de orientação em algunsaspectos da conduta profissional. Este códigocomplementa o Código de Conduta do BancoCentral Europeu, que fornece linhas deorientação e estabelece critérios dereferência para o pessoal do BCE e osmembros da Comissão Executiva, que sãoincentivados a manter padrões elevados deética profissional no cumprimento das suasfunções4.

O BCE tem regras pormenorizadas destinadasa evitar a utilização abusiva de informaçõessensíveis relativas aos mercados financeiros(“regras sobre as operações de iniciados”).Aos membros do pessoal do BCE e daComissão Executiva fica expressamentevedado tirarem partido, directa ouindirectamente, da informação privilegiada aque tenham acesso através da realização deactividades financeiras privadas, por conta erisco próprios ou de terceiros5. Um consultorde ética nomeado pela Comissão Executivaassegurará a interpretação consistente destasregras.

A autoridade do BCE em matéria orçamentalé o Conselho do BCE, o qual aprova oorçamento do BCE com base numa propostada Comissão Executiva. O Comité deOrçamento, estabelecido ao abrigo do artigo15.º do Regulamento Interno do BCE,composto por representantes dos bancoscentrais do Eurosistema e presidido por LiamBarron, coadjuva o Conselho do BCE nasquestões relacionadas com o orçamento doBCE.

2 Ver a Carta de Auditoria do BCE na página do BCE na Internet.3 Ver o Código de Conduta dos membros do Conselho do Banco

Central Europeu, JO C 123, 24.5.2002, p. 9 e a página do BCEna Internet.

4 Ver o Código de Conduta do Banco Central Europeu adoptadoem conformidade com o n.º 3 do artigo 11.º do RegulamentoInterno do Banco Central Europeu, JO C 76, 8.3.2001, p. 12 e apágina do BCE na Internet.

5 Ver Parte 1.2 das regras aplicáveis ao pessoal do BCE,respeitante às normas de conduta e segredo profissionais,JO C 236, 22.8.2001, p. 13 e a página do BCE na Internet.

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203BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

Com o objectivo de juntar os esforços dasinstituições das Comunidades Europeias e dosEstados-Membros no combate à fraude ea outras actividades ilegais, os níveisinicialmente existentes de controlo do BCEforam reforçados com um Comité Antifraudeindependente estabelecido com base naDecisão do BCE relativa à prevenção dafraude6. O Comité Antifraude, que se reuniuduas vezes em 2002, é regularmenteinformado pela Direcção de Auditoria Internasobre todas as questões relacionadas com ocumprimento das suas atribuições. OConselho do BCE decidiu prolongar osmandatos iniciais de três anos dos actuaismembros do Comité.

3.2 Gestão de Recursos Humanos

Evolução do pessoal

No final de 2002, o número de funcionáriosdo BCE era de 1 109 (1 105.5 equivalentes atempo inteiro), face a 1 043 em 2001, comum total de 1 172.5 postos de trabalhoorçamentados (posições equivalentes a tempointeiro). O orçamento para o pessoal para2003 foi fixado num máximo de 1 263.5posições equivalentes a tempo inteiro, o querepresenta um aumento de 7.8% ao longo de2002.

Em 2002 o BCE proporcionou estágios a 135estudantes e diplomados, na sua maioria daárea de economia, com uma duração médiade quatro meses. Além disso, 44 membrosdo pessoal dos bancos centrais da UE e dospaíses em vias de adesão trabalharam no BCEdurante períodos de aproximadamentequatro meses, em média.

No âmbito do Programa de InvestigadoresConvidados, que se centra em projectos deinvestigação específicos de alto nível nocampo da política monetária, em 2002 foramrecebidos 20 investigadores convidados. OPrograma de Estudos de Investigação paraLicenciados, que se destina a estudantesinvestigadores de elevado talento numa faseavançada de preparação do seu

doutoramento, contou com 12 participantespor um período médio de três meses.

O Programa de Experiência Profissional noExterior foi introduzido em Janeiro de 2003, epermitirá ao pessoal do BCE obterexperiência profissional em bancos centraisdentro e fora do SEBC ou em organizaçõeseuropeias ou internacionais, fomentandoassim os laços entre o BCE e as suascontrapartes.

Políticas de recursos humanos

O método através do qual os salários dopessoal do BCE são objecto de correcçãoanual – a Correcção Salarial Geral – foi revisto,e uma nova metodologia entrou em vigor apartir de 1 de Julho de 2002. O elementoprincipal da nova metodologia, que seráaplicada durante três anos, continuou a ser acorrecção salarial de acordo com uma médiaponderada das tabelas salariais num grupo deorganizações que servem de base decomparação, incluindo agora, para além dosBCN e do Banco de PagamentosInternacionais, certas instituições interna-cionais e supranacionais com base na Europa.

O BCE nomeou um Consultor Socialindependente para o aconselhamentoconfidencial dos membros do pessoal sobrequestões relacionadas com o trabalho e paramediar conflitos interpessoais no local detrabalho. O BCE também nomeou umConsultor para a Igualdade de Oportunidadesindependente para o aconselhamento sobrequestões relativas à igualdade deoportunidades num sentido mais lato, isto é,no que respeita ao sexo, nacionalidade, idade,etc.

6 Ver a Decisão do Banco Central Europeu de 7 de Outubro de1999, relativa à prevenção da fraude (BCE/1999/5),JO L 291, 13.11.1999, p. 36. Em conformidade com estaDecisão, o Regulamento Interno do Banco Central Europeufoi alterado através de uma nova alínea a) do artigo 9.º, verJO L 314, 8.12.1999, p. 32.

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002204

Infantários e Escola Europeia

As instalações do infantário do BCE foramalargadas, com o acréscimo de um segundoedifício permanente, oferecendo agora umtotal de 123 vagas, sobretudo para criançascom idades compreendidas entre três mesese três anos. No entanto, tendo em conta acontinuação da elevada procura de vagas, ospreparativos para a aquisição de um terceiroedifício já começaram.

A Escola Europeia de Frankfurt abriu emSetembro de 2002 para o seu primeiro anolectivo, com cinco classes no nível básico eduas classes no nível pré-escolar. Depois deum período inicial acomodados eminstalações provisórias, os alunos mudarampara o novo edifício escolar no início de 2003.A escola terá quatro secções de línguas:inglês, francês, alemão e italiano.

Relações de pessoal

De acordo com as suas Condições deEmprego, o BCE consulta o Comité dePessoal eleito nas questões relativas aodesenvolvimento das respectivas políticas derecursos humanos, incluindo também oSindicato interno do Pessoal do BancoCentral Europeu (Union of the Staff of theEuropean Central Bank (USE)) nas discussõesrelativas a alterações das condições deemprego.

O pedido de reconhecimento do USE e deum sindicato externo (OrganizaçãoInternacional e Europeia de Serviços Públicos,International and European Public ServicesOrganisation, IPSO) como parceiros nanegociação de acordos colectivos de trabalhofoi considerada inadmissível pelo Tribunal dePrimeira Instância. O recurso interposto pelaIPSO no Tribunal Europeu de Justiça foiposteriormente retirado.

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Divisões: � Juristes-Linguistes � Serviços Linguísticos � Secretariado � Tradução

Divisões: � Estatísticas de Balança de Pagamentos e de Reservas Externas � Estatísticas Económicas e Financeiras Gerais � Estatísticas Monetárias e Bancárias � Sistemas de Informação Estatística Divisões: � Emissão de Notas de Banco

� Impressão de Notas de Banco

Divisões: � Publicações Oficiais e Biblioteca � Imprensa e Informação � Protocolo e Conferências

Divisões: � Modelos Econométricos � Estudos Económicos Gerais

Divisões: � Orçamento e Projectos � Planificação Organizativa

Divisões: � Política de Sistemas de Pagamentos � Política de Sistemas de Liquidação de Títulos � TARGET

Divisões: � Direito Financeiro � Direito Institucional

Divisões: � Instituições e Fóruns da UE � Regiões Vizinhas da UE � Relações Multilaterais, Ásia/Pacífico e Américas

Divisões: � Processamento de Operações � Sala de Operações � Investimento � Análise de Operações � Sistemas de Gestão de Carteiras de Títulos � Gestão de Riscos1

Divisões: � Auditoria do BCE � Auditoria do SEBC

Divisões: � Estabilidade Financeira � Supervisão Financeira

Divisão: � Políticas OrçamentaisDirecção de Evolução Económica:Wolfgang SchillDivisões: � Evolução Macroeconómica na Área do Euro � Países da UE � Evolução Externa

Divisões: � Serviços Administrativos � Instalações � Serviços de Segurança e TransporteDirecção de Finanças Internas: Ian IngramDivisões: � Contabilidade � Informações Financeiras e Política ContabilísticaDirecção de Recursos Humanos: Berend van BaakDivisões: � Remunerações e Relações com o Pessoal � Recrutamento e Desenvolvimento de Recursos Humanos

Divisões: � Apoio a Aplicações Informáticas Específicas � Segurança dos Sistemas Informáticos � Desenvolvimento de Sistemas Informáticos � Infra-estruturas Informáticas e Suporte de Sistemas � Operações Informáticas e Serviço ao Cliente � Planificação dos Sistemas Informáticos e Grandes Projectos

Direcção de Política Monetária:Hans-Joachim KlöckersDivisões: � Mercados de Capitais e Estrutura Financeira � Orientação de Política Monetária � Estratégia de Política Monetária

Comissão Executiva

1 Em questões específicas responde directamente perante a Comissão Executiva.2 Foi criada uma Unidade Antifraude dentro da Direcção de Auditoria Interna que responde, através do Director de Auditoria Interna, perante o Comité Antifraude criado de acordo com o estabelecido pela Decisão do Banco Central Europeu relativa à prevenção da fraude (BCE/1995/5), de 7 de Outubro de 1999.

Direcção de Auditoria Interna2

Michèle Caparello

Direcção-Geralde EstatísticaSteven Keuning

Direcção-Geralde Administração

Gerald Grisse

Direcção de Notas de BancoAntti Heinonen

Direcção-Geral de Economia

Gert Jan HogewegAdjuntos: Philippe Moutot,

Wolfgang Schill

Direcçãode ComunicaçãoManfred J. Körber

Direcção-Geral deRelações Internacionais

e EuropeiasPierre van der Haegen

Adjunto: Georges Pineau

Direcção-Geral de Sistemasde Pagamentos

Jean-Michel GodeffroyAdjunto: Koenraad de Geest

Direcção-Geralde Estudos Económicos

Vítor GasparAdjunto: Ignazio Angeloni

Direcção-Geral de Secretariado e

Serviços LinguísticosFrank Moss

Direcção-Geralde Operações

Francesco PapadiaAdjuntos: Paul Mercier,

Werner Studener

Direcção-Geral de Serviços JurídicosAntonio Sáinz de Vicuña

Direcção-Geral deSistemas de Informação

Jim EtheringtonAdjunto: Christian Boersch

Direcção deEstabilidade e

Supervisão FinanceirasMauro Grande

Representação permanente do BCE em Washington, D.C.

J. Onno de Beaufort Wijnholds

Direcção dePlaneamento e Controlo

Klaus Gressenbauer

Consultores daComissão Executiva

Coordenador: Olaf Sleijpen

Fila da frente: Presidente: Willem F. Duisenberg (centro); Vice-Presidente: Lucas Papademos (esquerda); Sirkka HämäläinenFila de trás (da esquerda para a direita): Eugenio Domingo Solans; Otmar Issing; Tommaso Padoa-Schioppa

Comissão Executiva

3.3 Organograma do BCE

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002206

3.4 Instalações do BCE

Encontrando-se actualmente em edifíciosalugados, o BCE pretende mandar construir

novas instalações. Para este efeito, adquiriu umterreno à Câmara de Frankfurt, tendo lançadoum concurso internacional de arquitectura parao desenvolvimento deste local.

4 Diálogo Social do SEBC

Realizaram-se duas reuniões do DiálogoSocial do SEBC em 2002. Tal como emanos anteriores, discutiram-se questõesrelacionadas com notas de banco, sistemasde pagamentos e supervisão prudencial. Asopiniões das federações de sindicatoseuropeus e dos 31 representantes dostrabalhadores participantes no Diálogo foram

transmitidas ao Conselho do BCE e aoConselho Geral. Foi aceite uma proposta dastrês federações de sindicatos europeus, paraa inclusão de representantes dostrabalhadores dos bancos centrais dos paísesem vias de adesão com estatuto deobservadores, a qual entrará em vigor a partirda assinatura do Tratado de Adesão.

5 Comités do SEBC

Os Comités do SEBC continuaram adesempenhar um papel importante na execuçãodas atribuições do Eurosistema/SEBC. A pedidodo Conselho do BCE e da Comissão Executiva,os Comités do SEBC deram apoio em matériaespecífica da sua competência e facilitaram oprocesso de decisão. A participação nos Comitésé normalmente restrita a representantes dosbancos centrais do Eurosistema. Contudo, osBCN dos Estados-Membros que não adoptaram

ainda o euro participam nas reuniões dosComités do SEBC, sempre que são discutidasmatérias específicas da competência doConselho Geral. Sempre que adequado, podemser convidados outros organismos competentes,como autoridades de supervisão nacionais, nocaso do Comité de Supervisão Bancária.Actualmente, existem 12 Comités do SEBC,todos estabelecidos ao abrigo do artigo 9.º doRegulamento Interno do BCE.

Comités do SEBC e seus Presidentes

Comité de Estatísticas(STC)

Steven Keuning

Comité dos Sistemas de Pagamento e Liquidação(PSSC)

Jean-Michel Godeffroy

Comité de Política Monetária(MPC)

Gert Jan Hogeweg

Comité de Operações de Mercado(MOC)

Francesco Papadia

Comité de Questões Jurídicas(LEGCO)

Antonio Sáinz de Vicuña

Comité de Relações Internacionais(IRC)

Hervé Hannoun

Comité de Auditores Internos(IAC)

Michèle Caparello

Comité de Tecnologias de Informação(ITC)

Jim Etherington

Comité de Comunicações Externas(ECCO)

Manfred J. Körber

Comité de Notas de Banco(BANCO)

Antti Heinonen

Comité de Supervisão Bancária(BSC)

Edgar Meister

Comité de Questões Contabilísticas e RendimentoMonetário (AMICO)

Ian Ingram

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207BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

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Vítor Constâncio, Governador do Banco de Portugal, e Lucas Papademos,Vice-Presidente doBCE, inauguram a exposição

“Arte Contemporânea de Portugal”,no BCE, em 4 de Dezembro de 2002

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Capítulo XIV

C o ntas anua i s

do BCE

e B a l a n ç o C o n s o l i d a d o

d o E u r o s i s t e m a

2 0 0 2

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002210

Balanço em 31 de Dezembro de 2002

Activo Nota 2002 2001€ €

Ouro e ouro a receber 1 8 058 187 254 7 766 265 040

Activos sobre não residentes na área do eurodenominados em moeda estrangeira 2

Fundo Monetário Internacional 164 788 323 72 074 161Depósitos e investimentos em títulos, empréstimosao exterior e outros activos externos 37 152 511 287 41 162 620 238

37 316 299 610 41 234 694 399

Activos sobre residentes na área do eurodenominados em moeda estrangeira 2 3 047 976 497 3 636 568 460

Activos sobre não residentes na área doeuro denominados em euros 3

Depósitos, investimentos em títulos eempréstimos 183 237 923 391 170 869

Títulos emitidos por residentes na área doeuro denominados em euros 4 0 0

Activos intra-Eurosistema 5Activos relacionados com a repartição dasnotas de euro no Eurosistema 28 681 074 010 0Outros activos sobre o Eurosistema (líquidos) 5 468 478 796 9 697 303 920

34 149 552 806 9 697 303 920Outros activos 6

Activos imobilizados corpóreos e incorpóreos 112 624 758 100 585 654Outros activos financeiros 5 529 030 465 4 516 504 313Acréscimos e diferimentos 1 260 718 561 620 508 777Contas diversas e de regularização 609 968 394 97 569 394

7 512 342 178 5 335 168 138

Total do activo 90 267 596 268 68 061 170 826

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211BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

Passivo Nota 2002 2001€ €

Notas em circulação 7 28 681 074 010 0

Responsabilidades para com outrasentidades da área do euro denominadasem euros 8 1 036 000 000 1 022 000 000

Responsabilidades para com não residentesna área do euro denominadas em euros 9 227 805 777 271 375 580

Responsabilidades para com residentesna área do euro denominadas em moedaestrangeira 10 0 17 192 783

Responsabilidades para com não residentesna área do euro denominadas em moedaestrangeira 10

Depósitos e outras responsabilidades 5 192 380 656 5 840 349 099

Responsabilidades intra-Eurosistema 11Responsabilidades equivalentes à transferênciade reservas externas 40 497 150 000 40 497 150 000

Outras responsabilidades 12Acréscimos e diferimentos 1 417 939 194 1 759 319 678Contas diversas e de regularização 75 191 137 94 122 190

1 493 130 331 1 853 441 868

Provisões 13 2 644 780 685 2 803 216 269

Contas de reavaliação 14 4 404 834 096 9 429 002 830

Capital e reservas 15Capital 4 097 229 250 4 097 229 250Reservas 772 757 209 408 393 225

4 869 986 459 4 505 622 475

Lucro do exercício 1 220 454 254 1 821 819 922

Total do passivo 90 267 596 268 68 061 170 826

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002212

Conta de resultados do exercício findo em 31 de Dezembro de 2002

Nota 2002 2001€ €

Juros e outros proveitos equiparados de activosde reserva externa 990 618 897 1 707 431 459Juros e outros proveitos equiparados decorrentesda repartição das notas de euro no Eurosistema 726 917 226 0Outros juros e proveitos equiparados 1 965 003 344 2 271 293 068Juros e outros proveitos equiparados 3 682 539 467 3 978 724 527Remuneração dos activos dos BCN relacionadoscom os activos de reserva externa transferidos (1 140 963 789) (1 509 312 118)Outros juros e custos equiparados (1 547 042 623) (1 698 022 587)Juros e outros custos equiparados (2 688 006 412) (3 207 334 705)

Resultado líquido de juros e de custos e deproveitos equiparados 19 994 533 055 771 389 822

Resultados realizados em operações financeiras 20 735 425 388 1 351 881 733Prejuízos não realizados em operações financeiras 21 (276 955 036) (109 023 392)Transferência para/de provisões para riscos detaxa de câmbio e preços 154 000 000 109 023 392

Resultado líquido de operações financeiras,menos-valias e provisões para riscos 612 470 352 1 351 881 733

Resultado líquido de comissões e de outroscustos e proveitos bancários 22 (227 158) 298 120

Outros proveitos e ganhos 23 3 744 153 1 393 851

Total de proveitos e ganhos 1 610 520 402 2 124 963 526

Custos com pessoal 24 & 25 (120 003 344) (97 288 818)

Custos administrativos 26 (133 966 576) (185 712 394)

Amortização de imobilizado corpóreo e incorpóreo (17 738 206) (20 142 392)

Custos de produção de notas 27 (118 358 022) 0

Resultado do exercício 1 220 454 254 1 821 819 922

Frankfurt am Main, 11 de Março de 2003

BANCO CENTRAL EUROPEU

Willem F. DuisenbergPresidente

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213BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

Políticas contabilísticas1

Forma e apresentação dasdemonstrações financeiras

As demonstrações financeiras do Banco CentralEuropeu (BCE) foram preparadas parareproduzirem de forma apropriada a situaçãofinanceira do BCE e os resultados das suasoperações. Foram elaboradas de acordo comas políticas contabilísticas, referidas a seguir,consideradas pelo Conselho do BCE comoadequadas à função de banco central. Estaspolíticas são compatíveis com o disposto noartigo 26.º-4 dos Estatutos do SEBC, que requera harmonização das regras a aplicar às operaçõescontabilísticas e à prestação de informação, nocontexto do Eurosistema.

Princípios contabilísticos

Foram aplicados os seguintes princípioscontabilísticos: transparência e realidadeeconómica, prudência, materialidade,especialização de exercícios, continuidade,consistência, comparabilidade e reconhecimentode acontecimentos posteriores à data dobalanço.

Bases de apresentação

A preparação das contas seguiu o princípio docusto histórico, tendo, porém, sido modificadasde modo a incluirem a valorização a preços demercado dos títulos transaccionáveis, do ouroe dos outros activos e passivos patrimoniais eextrapatrimoniais denominados em moedaestrangeira. As transacções com activos epassivos financeiros são contabilizadas na datada respectiva liquidação.

Ouro, activos e passivos em moedaestrangeira

Os activos e passivos em moeda estrangeirasão convertidos em euros à taxa de câmbioem vigor na data do balanço. Os custos eproveitos são convertidos à taxa de câmbio

1 As políticas contabilísticas do BCE encontram-se especificadasna Decisão do Banco Central Europeu de 5 de Dezembro de2002 (BCE/2002/11), JO L 58, de 03.03.2003, p. 38-59.Esta Decisão entrou em vigor em 1 de Janeiro de 2003, masaplica-se igualmente à elaboração do balanço anual e da contade resultados do BCE para o exercício findo em 31 de Dezembrode 2002. As revisões das políticas contabilísticas referentes aanos anteriores não são significativas.

em vigor na data da transacção. A reavaliaçãodos activos e passivos em moeda estrangeiraé efectuada moeda a moeda, incluindo asoperações patrimoniais e extrapatrimoniais.

A reavaliação para o preço de mercado dosactivos e passivos em moeda estrangeira étratada separadamente da reavaliação cambialdos mesmos.

No que se refere ao ouro, não é feitaqualquer distinção entre a reavaliação apreços de mercado e a reavaliaçãocambial. Em alternativa, é efectuada umaúnica valorização com base no preço emeuros por onça de ouro fino, o qual é obtidoa partir da taxa de câmbio do euro face aodólar dos EUA, em 31 de Dezembro de 2002.

Títulos

Todos os títulos de dívida negociáveis eoutros activos semelhantes são valorizadosa preços médios de mercado em vigor àdata do balanço. Para o exercício queterminou em 31 de Dezembro de 2002, foramutilizados os preços médios de mercado dodia 30 de Dezembro de 2002. Os títulos nãonegociáveis são valorizados a preço de custo.

Reconhecimento de resultados

Os proveitos e custos são reconhecidos noperíodo em que são obtidos ou incorridos.Os ganhos e perdas realizados são levados àconta de resultados. Para cálculo do custo deaquisição de cada tipo de activo é utilizado ocusto médio ponderado, com base no métododo “custo líquido diário”. Na eventualidadede, no final do exercício, se verificar uma

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002214

perda não realizada em qualquer activo, oseu custo médio de aquisição é reduzidopassando a igualar a taxa de câmbioe/ou o preço de mercado em vigor no finaldo exercício.

Os ganhos não realizados não sãoreconhecidos como proveitos, sendotransferidos directamente para uma conta dereavaliação.

As perdas não realizadas são levadas à contade resultados caso excedam os ganhos dereavaliação anteriores registados na conta dereavaliação correspondente. As perdas nãorealizadas em qualquer título, moeda ou ouronão são compensadas com ganhos nãorealizados em outros títulos, moedas ou ouro.

Os prémios ou os descontos sobre títulosadquiridos são calculados e apresentados comouma parte dos juros, sendo amortizados aolongo do prazo residual desses activos.

Operações reversíveis

Operações reversíveis realizadas ao abrigode acordos de recompra são registadas nobalanço como depósitos com garantia. Obalanço apresenta os depósitos e o valor dostítulos utilizados como garantia. Os títuloscedidos sob este tipo de acordo continuamregistados no balanço do BCE e são tratadoscomo se continuassem a fazer parte dacarteira de onde foram cedidos. Os acordosque envolvam títulos denominados em moedaestrangeira não têm qualquer efeito sobre ocusto médio da posição dessa moeda.

Operações reversíveis realizadas ao abrigode acordos de revenda são registados noactivo como empréstimos com garantia, pelovalor do empréstimo. Os títulos adquiridossob este tipo de acordo não são reavaliados.

As operações reversíveis (incluindo asoperações de cedência de títulos) realizadasmediante um programa automático decedência de títulos são registadas no balançoapenas quando a garantia seja prestada sob a

forma de numerário durante o prazo daoperação. Em 2002, o BCE não recebeuqualquer garantia sob a forma de numeráriodurante o prazo de operações desta natureza.

Instrumentos extrapatrimoniais

Os instrumentos de moeda, nomeadamente asoperações cambiais a prazo, as componentes aprazo de swaps cambiais e outros instrumentosmonetários que impliquem a troca entre duasmoedas estrangeiras numa data futura sãoincluídos na posição cambial dessa moedapara efeitos de cálculo dos resultadoscambiais. Os instrumentos de taxa de juro sãoreavaliados operação a operação. Os futuros detaxas de juro são registados em contasextrapatrimoniais na data de contratação. Asoscilações diárias das margens de variação sãoregistadas em balanço. As perdas não realizadaslevadas à conta de resultados no final doexercício não são revertidas em anossubsequentes por contrapartida de ganhos nãorealizados, a menos que a posição seja fechadaou a operação seja liquidada.

Acontecimentos posteriores à data dobalanço

O activo e o passivo são ajustados em funçãodas ocorrências verificadas depois da datade encerramento do balanço anual e da dataem que o Conselho do BCE aprova asdemonstrações financeiras, desde que estasafectem materialmente a situação do activo edo passivo à data do balanço.

Posições intra-SEBC

As transacções intra-SEBC são transacçõestransfronteiras que ocorrem entre doisbancos centrais da UE. Estas transacções sãoprincipalmente processadas através doTARGET2, dando origem a saldos bilateraisnas contas dos bancos centrais da UE ligados

2 O TARGET é o Sistema de Transferências AutomáticasTranseuropeias de Liquidações pelos Valores Brutos em TempoReal (ver também Capítulo VIII).

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215BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

ao TARGET. Estes saldos bilaterais sãocompensados diariamente por novação como BCE, ficando cada BCN com uma únicaposição de saldo bilateral apenas face ao BCE.Nas demonstrações financeiras do BCE, estesaldo representa a posição activa ou passivalíquida de cada BCN face ao resto do SEBC.

Os saldos intra-SEBC dos BCN da área do eurojunto do BCE (excepto os que se referem aocapital do BCE e as posições resultantes datransferência de activos de reserva externa parao BCE) são considerados como activos ouresponsabilidades intra-Eurosistema, sendoapresentados no balanço do BCE como umaúnica posição credora ou devedora líquida.

Os saldos intra-SEBC resultantes darepartição de notas de euro no Eurosistemasão incluídos como uma única posição activana rubrica “Activos relacionados com arepartição das notas de euro no Eurosistema”(ver “Notas em circulação” nas notas sobreas políticas contabilísticas).

Os saldos intra-SEBC dos BCN nãoparticipantes na área do euro junto do BCE sãoapresentados na rubrica “Responsabilidadespara com não residentes na área do eurodenominadas em euros”.

Tratamento do imobilizado corpóreoe incorpóreo

Activos imobilizados corpóreos, com excepçãode terrenos, são valorizados ao custode aquisição, deduzido das respectivasamortizações acumuladas. Os terrenos sãovalorizados a preços de custo. As amortizaçõessão calculadas de acordo com um esquemalinear, com início no trimestre seguinte àaquisição e estendendo-se pelo período de vidaesperado para esse activo, nomeadamente:

• Computadores, outro equipamentoinformático e veículos: quatro anos;

• Equipamento, mobiliário e instalações: dezanos;

• Custos com edifícios e obras: vinte e cincoanos.

No caso dos custos com edifícios e obrasrelacionadas com as actuais instalações doBCE, o período de amortização foi reduzido,de modo a assegurar que estes activos sejamamortizados na totalidade até ao final de2008, data em que está planeada a mudançado BCE para a sede definitiva. Esta alteraçãoirá afectar as contas anuais, sobretudo a partirde 2003.

Os activos fixos de custo inferior a €10 000são totalmente amortizados no ano deaquisição.

Plano de reformas do BCE

O BCE dispõe de um sistema de pensõescom contribuições definidas. Os activos dofundo de pensões, que existem apenas paraque possam ser concedidos benefícios aosparticipantes no plano e aos seusdependentes, estão incluídos nos outrosactivos do BCE e estão identificadosseparadamente. Os resultados provenientesda reavaliação dos activos do fundo depensões são reconhecidos como proveitos ecustos do plano de reformas no ano em queocorrem. Os benefícios a pagar através daconta principal, resultantes das contribuiçõesdo BCE, dispõem de garantias mínimas quesuportam o plano de benefícios estabelecido.

Notas em circulação

O BCE e os 12 BCN da área do euro, quecompõem o Eurosistema, passaram a emitirnotas de euro a partir de 1 de Janeiro de20023. A repartição do valor total de notasde euro em circulação é feita no último diaútil de cada mês, de acordo com a tabela derepartição de notas de banco4.

3 Decisão do BCE de 6 de Dezembro de 2001 relativa à emissãode notas de euro (BCE/2001/15), JO L 337, 20.12.2001,p. 52-54.

4 “Tabela de repartição de notas de banco”: indica aspercentagens que resultam de se levar em conta a participaçãodo BCE no total da emissão de notas de euro e de se aplicar atabela de repartição do capital subscrito à participação dos BCNnesse total.

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002216

Ao BCE foi atribuída uma participação de 8%do valor total das notas de euro emcirculação, registada na rubrica do passivo“Notas em circulação”. A participação doBCE no total das notas de euro emitidas égarantida por créditos sobre os BCN. Estescréditos, que vencem juros5, são apresentadossob a rubrica “Activos intra-Eurosistema”:“Activos relacionados com a repartição denotas de euro no Eurosistema” (ver “Saldosintra-SEBC” nas notas sobre as políticascontabilísticas). As receitas provenientes dejuros destes activos são incluídos na rubrica“Resultado líquido de juros e de custos eproveitos equiparados”. O Conselho do BCEdecidiu que estes proveitos serão distribuídosseparadamente pelos BCN, sob a forma deuma distribuição intercalar dos dividendos6. Adistribuição será feita na totalidade, a não serque o lucro líquido do BCE relativo aoexercício seja inferior aos proveitosreferentes às notas de euro em circulação e asua distribuição sujeita a qualquer decisão queo Conselho do BCE venha a tomar parareduzir esses proveitos por forma a cobrir oscustos incorridos pelo BCE relacionados coma emissão e tratamento das notas de euro.Para 2002, foi efectuada uma distribuiçãointercalar no segundo dia útil de 2003. Apartir de 2003, as distribuições intercalaresserão realizadas após o final de cadatrimestre.

Outras questões

Tendo em consideração o papel do BCEcomo banco central, a Comissão Executiva éde opinião que a publicação de umademonstração dos fluxos de caixa nãofornece aos leitores das demonstraçõesfinanceiras qualquer informação adicionalrelevante.

Em conformidade com o disposto no artigo27.º dos Estatutos do SEBC, e com base numarecomendação do Conselho do BCE, oConselho da União Europeia aprovou anomeação da PricewaterhouseCoopers GmbHna qualidade de auditores externos do BCEpara o exercício findo em 31 de Dezembrode 2002.

5 Decisão do BCE de 6 de Dezembro de 2001 relativa à repartiçãodos proveitos monetários dos bancos centrais nacionaisdos Estados-Membros participantes a partir do exercício de2002 (BCE/2001/16), JO L 337, 20.12.2001, p. 55-61.

6 Decisão do BCE de 21 de Novembro de 2002 relativa àdistribuição, pelos bancos centrais nacionais dos Estados--Membros participantes, dos proveitos do Banco Central Europeureferentes às notas de euro em circulação (BCE/2002/9),JO L323/49, 28.11.2002, p. 49-50.

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217BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

Notas ao Balanço

1 Ouro e ouro a receber

O BCE detém 24.7 milhões de onças de ourofino (em 2001: 24.7 milhões de onças). Nãoforam efectuadas transacções em ouro em 2002.Os movimentos no balanço devem-se aoprocesso de reavaliação trimestral (ver “Ouro,activos e passivos em moeda estrangeira” nasnotas sobre as políticas contabilísticas).

2 Activos sobre não residentes naárea do euro e residentes na área doeuro denominados em moedaestrangeira

Fundo Monetário Internacional

Este activo representa os Direitos de SaqueEspeciais (DSE) detidos pelo BCE em 31 deDezembro de 2002. Resulta de um acordobidireccional para a compra e venda de DSEcom o Fundo Monetário Internacional (FMI),segundo o qual o FMI está autorizado aefectuar, em nome do BCE, vendas e comprasde DSE contra euros, dentro de um limitemáximo e mínimo, determinado em funçãodos montantes detidos. O DSE é definidocom base num cabaz de moedas. O seu valorcorresponde à soma ponderada das taxas decâmbio das quatro moedas mais importantes(euro, iene japonês, libra esterlina e dólardos EUA). Para efeitos contabilísticos, os DSEsão considerados um activo em moedaestrangeira (ver “Ouro, activos e passivosem moeda estrangeira” nas notas sobre aspolíticas contabilísticas).

Depósitos e investimentos em títulos, empréstimosao exterior e outros activos externosActivos sobre residentes na área do eurodenominados em moeda estrangeira

Estes activos consistem em depósitos embancos estrangeiros, empréstimosdenominados em moeda estrangeira einvestimentos em títulos, denominados emdólares dos EUA e ienes japoneses.

3 Activos sobre não residentes naárea do euro denominados emeuros

Em 31 de Dezembro de 2002, estes activosconsistiam em depósitos bancários ementidades não residentes na área do euro.

4 Títulos emitidos por residentes naárea do euro denominados emeuros

Todos os títulos emitidos por residentes naárea do euro denominados em euros detidospelo BCE constituem uma contrapartidadirecta do capital e reservas do BCE. O BCEdecidiu reclassificar estes activos como umportefólio dedicado, tendo estes passado aser registados na rubrica “Outros activosfinanceiros”. O balanço comparável em 31 deDezembro de 2001 foi ajustado emconformidade.

5 Activos intra-Eurosistema

Activos relacionados com a repartição das notas deeuro no Eurosistema

Esta rubrica consiste nos activos do BCEsobre os BCN da área do euro relacionadoscom a repartição de notas de euro noEurosistema (ver “Notas em circulação” nasnotas sobre as políticas contabilísticas).

Outros activos sobre o Eurosistema (líquidos)

Esta rubrica consiste nos saldos no sistemaTARGET dos BCN da área do euro face aoBCE e inclui as distribuições intercalaresdos proveitos do BCE referentes a notas(ver “Notas em circulação” e “Posiçõesintra-SEBC” nas notas sobre as políticascontabilísticas).

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002218

6 Outros activos

Activos imobilizados corpóreos e incorpóreos

Em 31 de Dezembro de 2002, estes activoseram constituídos pelas seguintes rubricasprincipais:

2002 2001€ €

A haver de BCNda área do eurorelacionados como TARGET 56 546 091 330 66 908 187 928

Devidos a BCNda área do eurorelacionados como TARGET (50 471 612 534) (57 210 884 008)

Devidos a BCNda área do eurorelacionados coma distribuiçãointercalar dosproveitos do BCEreferentes a notas (606 000 000) 0

Posição líquida 5 468 478 796 9 697 303 920

Valor de Valor debalanço balanço

líquido em líquido em31 Dez. 2002 31 Dez. 2001

€ €

Terrenos e edifícios 51 496 140 39 288 068

Computadores 33 522 388 28 703 744

Equipamento, mobiliário,instalações e veículosmotorizados 2 575 083 4 492 005

Imobilizações em curso 9 092 185 8 077 125

Outras imobilizaçõescorpóreas 15 938 962 20 024 712

Total 112 624 758 100 585 654

O aumento significativo na rubrica “Terrenose edifícios” está relacionado com os custosrelativos aos dois edifícios em que seencontra instalado o BCE: a Eurotower e oEurotheum.

Outros activos financeiros

Os elementos mais importantes desta rubricasão os seguintes:

(a) Títulos emitidos por residentes na áreado euro denominados em euros, no valorde €5.4 mil milhões (2001: €4.4 milmilhões – ver nota 4).

(b) Carteiras de investimento relacionadascom o fundo de pensões do BCE,avaliadas em €61.9 milhões (2001: €53.9milhões). Os activos detidos representamo investimento das contribuiçõesacumuladas do BCE e do respectivopessoal para o fundo, à data de 31 deDezembro de 2002, e são geridos poruma sociedade gestora de fundos externa.As contribuições regulares do BCE e dosparticipantes no plano têm sido investidasnuma base mensal. Os activos do fundode pensões não são fungíveis comoutros activos financeiros do BCE e orendimento líquido desses activos nãoconstitui um proveito do BCE, sendoreinvestido nos fundos respectivosaté ao pagamento dos benefícios. Avalorização dos activos detidos pelo fundofoi efectuada pela sociedade gestora defundos externa, com base nos preços demercado no final do exercício.

(c) 3 000 acções do Banco de PagamentosInternacionais, registadas ao custo deaquisição de €38.5 milhões.

Acréscimos e diferimentos

Esta rubrica inclui os juros corridos, nomontante de €727 milhões, dos activos doBCE relacionados com a repartição de notasde euro no Eurosistema (ver “Notas emcirculação” nas notas sobre as políticascontabilísticas). O saldo remanescentecorresponde principalmente a juros corridosde títulos e de outros activos financeiros.

Contas diversas e de regularização

O aumento observado nesta rubrica em 2002deve-se sobretudo à distribuição intercalarcorrida dos proveitos do BCE referentes anotas (ver “Notas em circulação” nas notassobre as políticas contabilísticas e a nota 5).

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219BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

Tabela de repartiçãodo capital

% €

Nationale Bank van België/Banque Nationalede Belgique 2.8658 1 432 900 000

Deutsche Bundesbank 24.4935 12 246 750 000

Banco da Grécia 2.0564 1 028 200 000

Banco de España 8.8935 4 446 750 000

Banque de France 16.8337 8 416 850 000

Central Bank of Ireland 0.8496 424 800 000

Banca d’Italia 14.8950 7 447 500 000

Banque centraledu Luxembourg 0.1492 74 600 000

De Nederlandsche Bank 4.2780 2 139 000 000

OesterreichischeNationalbank 2.3594 1 179 700 000

Banco de Portugal 1.9232 961 600 000

Suomen Pankki –Finlands Bank 1.3970 698 500 000

Total 80.9943 40 497 150 000

7 Notas em circulação

Esta rubrica consiste na participação do BCEno total de notas de euro em circulação (ver“Notas em circulação” nas notas sobre aspolíticas contabilísticas).

8 Responsabilidades para com outrasentidades da área do eurodenominadas em euros

Esta rubrica inclui depósitos de membros daAssociação Bancária do Euro (ABE), utilizadospelo BCE como garantia para os pagamentosda ABE, liquidados através do sistemaTARGET.

9 Responsabilidades para com nãoresidentes na área do eurodenominadas em euros

Estas responsabilidades representamprincipalmente os saldos das contas dos BCNfora da área do euro junto do BCE,resultantes de transacções efectuadasatravés do sistema TARGET (ver “Posiçõesintra-SEBC” nas notas sobre as políticascontabilísticas).

10 Responsabilidades para comresidentes e não residentes na áreado euro denominadas em moedaestrangeira

Estas responsabilidades são decorrentes deacordos de recompra celebrados comresidentes e não residentes na área do euro,relacionados com a gestão das reservas emmoeda estrangeira do BCE.

11 Responsabilidadesintra-Eurosistema

Representam as responsabilidades para comos BCN da área do euro, decorrentes datransferência de activos de reserva para oBCE. As responsabilidades originais foram

denominadas em euros numa base fixacalculada ao valor dos activos à data da suatransferência, e são remuneradas à última taxade juro disponível aplicável às operaçõesprincipais de refinanciamento do Eurosistema,ajustada de forma a reflectir umaremuneração zero da componente ouro (vernota 19, nas “Notas à Conta de Resultados”).

12 Outras responsabilidades

Esta rubrica consiste principalmente em jurosdevidos aos BCN decorrentes daremuneração dos activos de reservatransferidos (ver nota 11). Encontram-setambém registadas nesta rubrica asresponsabilidades do BCE relacionadas como fundo de pensões, no montante de €61.9milhões (2001: €53.9 milhões), bem comooutros acréscimos e diferimentos.

13 Provisões

Considerando a elevada exposição do BCE ariscos cambiais e de taxa de juro e a dimensãoactual das suas reservas de reavaliação, foiconstituída uma provisão genérica para fazerface a estes riscos. A dimensão e necessidadede manutenção desta provisão é reavaliada

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002220

2002 2001€ €

Ouro 1 983 835 491 1 691 913 278

Moeda estrangeira 1 682 723 875 7 428 130 700

Títulos 738 274 730 308 958 852

Total 4 404 834 096 9 429 002 830

anualmente, com base na avaliação do BCE dasua futura exposição a riscos de taxa decâmbio e de taxa de juro.

Esta rubrica inclui igualmente provisõesadministrativas referentes a despesas combens e serviços, assim como uma provisãoespecífica destinada ao cumprimento dasobrigações contratuais do BCE de restituiràs condições iniciais os edifícios onde seencontra actualmente instalado, quandomudar para a sua sede definitiva.

14 Contas de reavaliação

Estas contas representam reservas dereavaliação decorrentes de ganhos nãorealizados em activos e passivos. A reduçãodestes saldos resulta principalmente dadepreciação do dólar dos EUA face ao euro(ver “Ouro, activos e passivos em moedaestrangeira” nas notas sobre as políticascontabilísticas).

Tabela de repartiçãodo capital

% €

Nationale Bank van België/Banque Nationale de Belgique 2.8658 143 290 000

Deutsche Bundesbank 24.4935 1 224 675 000

Banco da Grécia 2.0564 102 820 000

Banco de España 8.8935 444 675 000

Banque de France 16.8337 841 685 000

Central Bank of Ireland 0.8496 42 480 000

Banca d’Italia 14.8950 744 750 000

Banque centraledu Luxembourg 0.1492 7 460 000

De Nederlandsche Bank 4.2780 213 900 000

Oesterreichische Nationalbank 2.3594 117 970 000

Banco de Portugal 1.9232 96 160 000

Suomen Pankki – Finlands Bank 1.3970 69 850 000

Total 80.9943 4 049 715 000

15 Capital e reservas

Capital

As subscrições do capital do BCE de €5 milmilhões, integralmente realizadas pelos BCNda área do euro, totalizam €4 049 715 000,como apresentado a seguir:

Tabela de repartiçãodo capital

% €

Danmarks Nationalbank 1.6709 4 177 250

Sveriges Riksbank 2.6537 6 634 250

Bank of England 14.6811 36 702 750

Total 19.0057 47 514 250

As contribuições dos BCN fora da área doeuro, equivalentes a 5% do capital que teriamde subscrever caso os respectivos paísesparticipassem na União Monetária, totalizam€47 514 250, como apresentado a seguir:

Estes montantes representam contribuiçõespara cobertura de custos operacionaisincorridos pelo BCE com relação a tarefasdesempenhadas para os BCN fora da área doeuro. Até à data da sua adesão aoEurosistema, os BCN fora da área do euronão são obrigados a realizar subscrições decapital que ultrapassem os montantes jáfixados. De igual modo, não têm direito aqualquer participação nos lucros distribuíveisdo BCE, incluindo os proveitos monetáriosdecorrentes da repartição de notas de eurono Eurosistema, nem são obrigados a financiarquaisquer perdas incorridas pelo BCE.

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221BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

Reservas

Nos termos do artigo 33.º dos Estatutos doSEBC e da Decisão do Conselho do BCE de21 de Março de 2002, foi transferido para ofundo de reserva geral um montante de €364milhões do lucro líquido relativo ao exercíciofindo em 31 de Dezembro de 2001.

16 Programa automático de cedênciade títulos

No âmbito da gestão de fundos próprios, oBCE é parte num programa automático decedência de títulos, segundo o qual um agentenomeado para o efeito efectua operações decedência de títulos em nome do BCE comdiversas contrapartes, designadas pelo BCEcomo contrapartes elegíveis. Nos termosdeste acordo, em 31 de Dezembro de 2002,encontravam-se por liquidar operaçõesreversíveis realizadas no âmbito de acordosde recompra e revenda, cada uma no valorde €1.4 mil milhões (2001: €1.6 mil milhões)(ver “Operações reversíveis” nas notas sobreas políticas contabilísticas).

17 Futuros de taxas de juro

Em 2002, foram utilizados futuros de taxasde juro em moeda estrangeira no âmbito dagestão das reservas externas do BCE. Em31 de Dezembro de 2002, encontravam-sepor liquidar as seguintes transacções,contabilizadas ao valor nominal:

Futuros de taxas de juro em Valor contratualmoeda estrangeira €

Aquisições 1 130 775 475

Vendas 682 464 004

18 Contas extrapatrimoniais

Em 5 de Março de 2002, o BCE e a Câmarade Frankfurt am Main assinaram um contratode promessa de compra e venda de uma áreadestinada à construção da sede definitiva doBCE. Com base numa área de construçãopreviamente definida, foi estabelecido umpreço mínimo de compra de €61.4 milhões,a pagar em prestações até, o mais tardar,31 de Dezembro de 2004, data em queo BCE passará a ser o proprietário legal dareferida área.

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002222

Notas à Conta de Resultados

19 Resultado líquido de juros e decustos e de proveitos equiparados

Juros e outros proveitos equiparados de activos dereserva externa

Esta rubrica inclui juros recebidos, líquidosde juros pagos, relacionados com os activose passivos denominados em moedaestrangeira, como apresentado a seguir:

Juros e outros proveitos equiparados decorrentesda repartição das notas de euro no Eurosistema

Esta rubrica consiste nas receitas do BCEreferentes à sua participação, de 8%, no totalde notas de euro emitidas (ver “Notas emcirculação” nas notas sobre as políticascontabilísticas). Os juros relativos aos activosdo BCE referentes à sua participação nototal de notas de euro são remunerados àtaxa marginal das operações principais derefinanciamento do Eurosistema.

Remuneração dos activos dos BCN relacionadoscom os activos de reserva externa transferidos

A remuneração paga aos BCN da área doeuro pelos seus activos sobre o BCErelacionados com activos de reserva externatransferidos ao abrigo do artigo 30.º -1 dosEstatutos do SEBC é apresentada nestarubrica.

Outros juros e proveitos equiparados e Outros jurose custos equiparados

Estas rubricas incluem os resultados de saldosrelacionados com o TARGET e com outrosactivos e passivos denominados em euros.

Excluindo os “Juros da repartição das notas deeuro no Eurosistema”, os juros líquidosdiminuíram em comparação com 2001, devidoprincipalmente à queda das taxas de juro dodólar dos EUA e do euro durante o ano.

20 Resultados realizados em operaçõesfinanceiras

Os ganhos realizados líquidos devem-se avendas de títulos resultantes de transacçõescorrentes de gestão de carteira. Em 2002,não foram registadas saídas significativas demoedas estrangeiras.

21 Prejuízos não realizados emoperações financeiras

Estes custos devem-se quase exclusivamentea prejuízos não realizados relacionados coma diferença entre o custo de aquisição peloBCE de ienes japoneses e de DSE e arespectiva taxa de câmbio no fim doexercício, em 31 de Dezembro de 2002, noseguimento da depreciação destas moedasface ao euro ao longo do ano (ver“Reconhecimento de resultados” nas notassobre as políticas contabilísticas).

22 Resultado líquido de comissões e deoutros custos e proveitos bancários

Esta rubrica consiste nos proveitos e custosque seguem. Os proveitos resultaram desanções impostas às instituições de créditopelo não cumprimento dos requisitos dereservas mínimas.

2002 2001€ €

Juros e proveitosequiparados relativosa activos de reserva 1 060 990 318 1 851 694 324

Juros e custosequiparados relativosa responsabilidadesde reserva (70 371 421) (144 262 865)

Juros relativosa activos de reserva(líquidos) 990 618 897 1 707 431 459

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223BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

23 Outros proveitos e ganhos

Os outros proveitos diversos do exercícioderivam principalmente da reposição na contade resultados de provisões administrativasnão utilizadas.

24 Custos com pessoal

Esta rubrica inclui remunerações e subsídiosno montante de €92.6 milhões (2001: €82.4milhões) e as contribuições do BCE para ofundo de pensões e para seguros de saúde eacidentes. Os emolumentos dos membrosda Comissão Executiva do BCE totalizaram€2 milhões (2001: €1.9 milhões). Não forampagas pensões a ex-membros da ComissãoExecutiva ou aos seus dependentes duranteo exercício. As remunerações e subsídios,incluindo os emolumentos dos órgãos degestão, são, na essência, baseados ecomparáveis com os esquemas deremuneração praticados nas ComunidadesEuropeias.

No final de 2002, o BCE tinha ao seu serviço1 105 pessoas, 79 das quais com funções degestão. O número médio de indivíduos aoserviço do BCE em 2002 era de 1 080, emcomparação com 997 em 2001. Durante oexercício foram recrutadas 113 pessoas,enquanto que 51 deixaram o BCE.

25 Plano de reformas do BCE

Nos termos do regulamento do plano depensões do BCE, é necessária uma avaliaçãoactuarial trienal. A última avaliação actuarialfoi efectuada em 31 de Dezembro de 2001,

2002 2001€ €

Comissões recebidase outros proveitos bancários 634 241 931 206

Comissões pagas e outroscustos bancários (861 399) (633 086)

Resultado líquido decomissões e de outroscustos e proveitos bancários (227 158) 298 120

utilizando o Método de Unidade de CréditoProjectada, que obriga a que asresponsabilidades mínimas igualem osmontantes fixos em numerário pagáveis aosfuncionários no final do respectivo serviço.

O custo das pensões relacionado com o planoé avaliado de acordo com o parecer de umactuário qualificado. Para o BCE, o custo totaldas pensões, incluindo uma provisão parasubsídios de invalidez e de pós-reforma, foide €27.4 milhões (2001: €14.9 milhões).Este montante inclui uma provisão paraas pensões dos membros da ComissãoExecutiva no valor de €2.1 milhões (2001:€0.7 milhões) e outras contribuiçõessuplementares. Com base nas conclusõesdo actuário, o BCE fez uma contribuiçãosuplementar de €10.5 milhões em 2002. Ataxa de contribuição futura necessária a pagarpelo BCE é de 16.5% das remuneraçõespensionáveis do total do pessoal.

26 Custos administrativos

Esta rubrica inclui todos os outros custoscorrentes, nomeadamente rendas emanutenção das instalações, bens eequipamento não capitalizáveis, honorários eoutros serviços e fornecimentos, bem comodespesas relacionadas com o recrutamento,mudança, instalação, formação profissional ereafectação dos empregados.

A redução líquida nas despesasadministrativas em comparação com 2001,deve-se principalmente ao facto de noreferido ano se terem registado honoráriosde consultoria adicionais relacionados com aCampanha de Informação Euro 2002.

27 Custos de produção de notas

Em 2001, os custos relacionados com aprodução de um stock de contingência denotas de euros para o Eurosistema associadoao processo de transição para o eurofiduciário, ficaram a aguarda a distribuiçãofísica pelos BCN desse stock ao preço de

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002224

custo. No seguimento de uma decisão doConselho do BCE, após a transição, oremanescente dessa reserva de notas de europassou a constituir o stock estratégico doEurosistema (ESS), tendo o BCE reconhecidoesses custos juntamente com os custossemelhantes incorridos em 2002. Osrestantes custos de constituição do stock

estratégico do Eurosistema foram suportadosdirectamente pelos BCN.

O Conselho do BCE decidiu que o montantedestes custos seria deduzido à distribuiçãointercalar dos proveitos resultantes darepartição das notas de euro no Eurosistema.

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225BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002226

Ao Presidente e ao Conselhodo Banco Central Europeu

Frankfurt am Main

Verificámos o Balanço e a Conta de Resultados do Banco Central Europeu, relativos aoexercício findo em 31 de Dezembro de 2002, cuja elaboração é da competência da ComissãoExecutiva do Banco Central Europeu. A nossa responsabilidade consiste em emitir umparecer sobre o referido balanço e conta de resultados baseado na auditoria por nósefectuada.

Procedemos em conformidade com as normas internacionais de auditoria, que exigem que aauditoria seja planeada e executada de modo a que seja confirmada, com uma segurançarazoável, a existência ou inexistência de distorções materialmente relevantes no balanço e naconta de resultados. Uma auditoria inclui exames baseados em verificações, por amostragem,de documentos comprovativos dos montantes e de documentos informativos sobre as contas.Inclui igualmente a análise dos princípios contabilísticos utilizados e das estimativas significativasrealizadas pela gestão, assim como a avaliação da apresentação geral do balanço e da conta deresultados. Acreditamos que a auditoria por nós efectuada constitui uma base razoável para onosso parecer.

Na nossa opinião, o Balanço e a Conta de Resultados do Banco Central Europeu, elaboradosde acordo com as políticas contabilísticas descritas na primeira parte das notas, reflectemcom exactidão a situação financeira do Banco Central Europeu em 31 de Dezembro de 2002 eos resultados do exercício então encerrado.

Frankfurt am Main, 12 de Março de 2003

PricewaterhouseCoopers

GmbHWirtschaftsprüfungsgesellschaft

[assinado] [assinado](Wagener) (Roennberg)Wirtschaftsprüfer Wirtschaftsprüfer

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227BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

Nota sobre a distribuição dos lucros

Esta nota não é parte integrante dasdemonstrações financeiras do BCE para 2002,sendo publicada no Relatório Anual apenaspara efeitos de informação.

Distribuição dos lucros

Proveitos decorrentes da emissão de notas de europelo BCE

No seguimento de uma decisão do Conselhodo BCE tomada na reunião de 19 deDezembro de 2002, procedeu-se em 3 deJaneiro de 2003 à distribuição pelos BCN deum montante de €606 milhões, incluindoparte dos proveitos relacionados com aparticipação do BCE no total de notas deeuro em circulação, de acordo com asrespectivas percentagens no capital do BCE.

Transferências para o fundo de reserva geral

O artigo 33.º dos Estatutos do SEBCestabelece que o lucro líquido do BCE deveráser aplicado da seguinte forma:

• Um montante a determinar pelo Conselhodo BCE, que não pode ser superior a 20%do lucro líquido, será transferido para ofundo de reserva geral, até ao limite de100% do capital.

• O remanescente do lucro líquido serádistribuído aos accionistas do BCEproporcionalmente às participações poreles realizadas.

Nos termos deste artigo, o Conselho do BCEdecidiu, em 20 de Março de 2003, nãoefectuar qualquer transferência para o fundode reserva geral e distribuir o saldoremanescente de €614 milhões aos BCN daárea do euro, proporcionalmente ao capitalpor eles realizado.

Os BCN fora da área do euro não têm direitoa receber qualquer percentagem dos lucrosdo BCE.

2002 2001€ €

Lucro do exercício 1 220 454 254 1 821 819 922

Proveitos decorrentesda emissão de notasde euro pelo BCEdistribuídos aos BCN (606 000 000) 0

Lucro do exercícioapós a distribuiçãodos proveitosdecorrentes daemissão de notasde euro pelo BCE 614 454 254 1 821 819 922

Transferências parao fundo de reservageral 0 (364 363 984)

Lucros distribuíveis 614 454 254 1 457 455 938

Distribuição aos BCN (614 454 254) (1 457 455 938)

Total 0 0

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002228

Balanço consolidado do Eurosistema em 31 de Dezembro de 2002(EUR milhões)

Activo 31 de 31 deDezembro Dezembro

de 2002 de 2001

1 Ouro e ouro a receber 130 739 126 801

2 Activos sobre não residentes na área do eurodenominados em moeda estrangeira 234 486 264 9862.1 Fundo Monetário Internacional 31 305 32 0082.2 Depósitos e investimentos em títulos, empréstimos

ao exterior e outros activos externos 203 181 232 978

3 Activos sobre residentes na área do eurodenominados em moeda estrangeira 19 823 24 804

4 Activos sobre não residentes na área do eurodenominados em euros 4 190 5 7074.1 Depósitos, investimentos em títulos e empréstimos 4 190 5 7074.2 Facilidade de crédito no âmbito do MTC II 0 0

5 Créditos a instituições de crédito da áreado euro relacionados com operações de políticamonetária denominados em euros 227 654 203 5975.1 Operações principais de refinanciamento 180 000 142 0005.2 Operações de refinanciamento de prazo alargado 45 000 60 0005.3 Operações reversíveis ocasionais de regularização 0 05.4 Operações reversíveis estruturais 0 05.5 Facilidade permanente de cedência de liquidez 2 621 1 5735.6 Créditos relacionados com o valor de cobertura adicional 33 24

6 Outros activos para com instituiçõesde crédito da área do euro denominados em euros 147 488

7 Títulos emitidos por residentes na área doeuro denominados em euros * 27 828 24 417

8 Crédito à Administração Pública denominadoem euros 44 486 67 722

9 Outros activos 105 808 95 567

Total do activo 795 161 814 089

Os totais e subtotais podem não corresponder devido aos arredondamentos.* Uma parte do movimento deve-se a uma alteração nas políticas contabilísticas do BCE, explicada em pormenor na

nota 4 às contas anuais do BCE.

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229BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

Passivo 31 de 31 deDezembro Dezembro

de 2002 de 2001

1 Notas em circulação 371 866 269 558

2 Responsabilidades para com instituições de créditoda área do euro relacionadas com operações depolítica monetária denominadas em euros 133 565 148 0722.1 Depósitos à ordem (incluindo reservas obrigatórias) 133 495 147 5802.2 Facilidade de depósito 70 4882.3 Depósitos a prazo 0 02.4 Operações reversíveis ocasionais de regularização 0 02.5 Depósitos relacionados com o valor de cobertura adicional 0 4

3 Outras responsabilidades para com instituiçõesde crédito da área do euro denominadas em euros 15 37 159

4 Certificados de dívida emitidos 2 029 2 939

5 Responsabilidades para com outras entidades da áreado euro denominadas em euros 46 197 51 2775.1 Administração Pública 41 123 44 9705.2 Outras responsabilidades 5 074 6 307

6 Responsabilidades para com não residentes na área doeuro denominadas em euros 8 813 9 446

7 Responsabilidades para com residentes na área do eurodenominadas em moeda estrangeira 1 125 2 524

8 Responsabilidades para com não residentesna área do euro denominadas em moeda estrangeira 18 588 20 2278.1 Depósitos, saldos e outras responsabilidades 18 588 20 2278.2 Responsabilidades decorrentes da facilidade de crédito

no âmbito do MTC II 0 0

9 Atribuição de contrapartidas de direitos de saqueespeciais pelo FMI 6 340 6 967

10 Outras responsabilidades 59 702 77 181

11 Contas de reavaliação 82 615 125 397

12 Capital e reservas 64 306 63 342

Total do passivo 795 161 814 089

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002230

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231BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

BCE/2002/1 Orientação do Banco Central Europeu de 27 de Fevereiro de 2002 que

altera a Orientação BCE/2001/3 relativa a um sistema de transferências

automáticas transeuropeias de liquidações pelos valores brutos em tempo

real (TARGET)

BCE/2002/2 Orientação do Banco Central Europeu de 7 de Março de 2002 que altera a

Orientação BCE/2000/7 relativa aos instrumentos e procedimentos de

política monetária do Eurosistema

BCE/2002/3 Regulamento do Banco Central Europeu de 18 de Abril de 2002 que

altera o Regulamento BCE/1998/15 relativo à aplicação das reservas

mínimas obrigatórias

BCE/2002/4 Regulamento do Banco Central Europeu de 6 de Junho de 2002 que

rectifica o Regulamento BCE/2001/13 relativo ao balanço consolidado do

sector das instituições financeiras monetárias

BCE/2002/5 Orientação do Banco Central Europeu de 30 de Julho de 2002 relativa a

determinados requisitos de informação estatística do Banco Central

Europeu e aos procedimentos de reporte de estatísticas monetárias e

bancárias pelos bancos centrais nacionais

BCE/2002/6 Orientação do Banco Central Europeu de 26 de Setembro de 2002 relativa

aos padrões mínimos de conduta a observar pelo Banco Central Europeu

e pelos bancos centrais nacionais ao realizarem operações de política

monetária e operações cambiais que envolvam os activos de reserva do

BCE e ao gerirem esses activos

BCE/2002/7 Orientação do Banco Central Europeu de 21 de Novembro de 2002

relativa às exigências de informação estatística do Banco Central Europeu

em matéria de contas financeiras trimestrais

BCE/2002/8 Regulamento do Banco Central Europeu de 21 de Novembro de 2002 que

altera o Regulamento BCE/2001/13 relativo ao balanço consolidado do

sector das instituições financeiras monetárias

BCE/2002/9 Decisão do Banco Central Europeu de 21 de Novembro de 2002 relativa à

distribuição, pelos bancos centrais nacionais dos Estados-Membros

participantes, dos proveitos do Banco Central Europeu referentes às notas

de euro em circulação

BCE/2002/10 Orientação do Banco Central Europeu de 5 de Dezembro de 2002 relativa

ao enquadramento jurídico da comunicação de informações contabilísticas

e financeiras no Sistema Europeu de Bancos Centrais

Esta lista apresenta os instrumentos legaisque foram adoptados pelo BCE em 2002 epublicados no Jornal Oficial das ComunidadesEuropeias1. Estes e outros instrumentos legaisadoptados pelo BCE e publicados no JornalOficial estão disponíveis no Serviço dasPublicações Oficiais das ComunidadesEuropeias. A página do BCE na Internet

1 Nos termos do ponto 38 do artigo 2.º do Tratado de Nice, quealtera o artigo 254.º do Tratado que institui a ComunidadeEuropeia,“ Jornal Oficial das Comunidades Europeias” ésubstituído, a partir da entrada em vigor do Tratado de Nice,por“ Jornal Oficial da União Europeia”.

Instrumentos legais adoptados peloBanco Central Europeu em 2002

(www.ecb.int) disponibiliza uma lista dosinstrumentos legais adoptados pelo BCEdesde a sua criação.

JO L 67,

9.3.2002,

pp. 74 – 76

JO L 185,

15.7.2002,

pp. 1 – 78

JO L 106,

23.4.2002,

pp. 9 – 10

JO L 151,

11.6.2002,

p. 11

JO L 220,

15.8.2002,

pp. 67 – 71

JO L 270,

8.10.2002,

pp. 14 – 16

JO L 334,

11.12.2002,

pp. 24 – 44

JO L 330,

6.12.2002,

pp. 29 – 32

JO L 323,

28.11.2002,

pp. 49 – 50

JO L 58,

3.3.2003,

pp. 1 – 37

N.º Título Publicação

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002232

N.º Título Publicação

BCE/2002/11 Decisão do Banco Central Europeu de 5 de Dezembro de 2002 relativa às

contas anuais do Banco Central Europeu

BCE/2002/12 Decisão do Banco Central Europeu de 19 de Dezembro de 2002 relativa à

aprovação do volume de emissão de moeda metálica em 2003

BCE/2002/13 Recomendação do Banco Central Europeu de 19 de Dezembro de 2002 ao

Conselho da União Europeia relativa à nomeação dos auditores externos

do Banco Central Europeu e do Suomen Pankki

JO L 58,

3.3.2003,

pp. 39 – 59

JO L 358,

31.12.2002,

pp. 144 – 145

JO C 331,

31.12.2002,

p. 56

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233BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

Documentos publicados peloBanco Central Europeu

Relatório Anual

“Relatório Anual 1998”, Abril de 1999.

“Relatório Anual 1999”, Abril de 2000.

“Relatório Anual 2000”, Maio de 2001.

“Relatório Anual 2001”, Abril de 2002.

Relatório de Convergência

“Relatório de Convergência 2000”, Maio de 2000.

“Relatório de Convergência 2002”, Maio de 2002.

Boletim Mensal

Artigos publicados a partir de Janeiro de 1999:

“A área do euro no início da Terceira Fase”, Janeiro de 1999.“A estratégia de política monetária do Eurosistema orientada para a estabilidade”, Janeiro de 1999.“Agregados monetários da área do euro e o seu papel na estratégia de política monetária doEurosistema”, Fevereiro de 1999.

“O papel dos indicadores económicos de curto prazo na análise da evolução dos preços na áreado euro”, Abril de 1999.

“A banca na área do euro: características estruturais e tendências”, Abril de 1999.“O enquadramento operacional do Eurosistema: descrição e primeira avaliação”, Maio de 1999.“A aplicação do Pacto de Estabilidade e Crescimento”, Maio de 1999.“Evolução a longo prazo e variações cíclicas dos principais indicadores económicos dos países daárea do euro”, Julho de 1999.

“O quadro institucional do Sistema Europeu de Bancos Centrais”, Julho de 1999.“O papel internacional do euro”, Agosto de 1999.“Os balanços das Instituições Financeiras Monetárias da área do euro no início de 1999”,Agosto de 1999.

“Diferenciais de inflação numa união monetária”, Outubro de 1999.“Preparativos do SEBC para o ano 2000”, Outubro de 1999.“Políticas orientadas para a estabilidade e evolução das taxas de juro reais de longo prazo nadécada de 90”, Novembro de 1999.

“TARGET e pagamentos em euros”, Novembro de 1999.“Instrumentos jurídicos do Banco Central Europeu”, Novembro de 1999.

Esta lista tem como objectivo informar os leitores sobre determinados documentos publicadospelo Banco Central Europeu. Estas publicações, que são gratuitas, podem ser obtidas portodos os interessados na Divisão de Imprensa e Informação. As encomendas deverão serefectuadas por escrito, para o endereço postal indicado no verso da primeira página.

Para a obtenção de uma lista completa dos documentos publicados pelo Instituto MonetárioEuropeu, consultar a página do BCE na Internet (www.ecb.int).

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002234

“A área do euro um ano após a introdução do euro: características principais e alterações naestrutura financeira”, Janeiro de 2000.

“Operações e reservas cambiais do Eurosistema”, Janeiro de 2000.“O Eurosistema e o processo de alargamento da UE”, Fevereiro de 2000.“Consolidação no sector de liquidação de títulos”, Fevereiro de 2000.“As taxas de câmbio efectivas nominais e reais do euro”, Abril de 2000.“UEM e supervisão bancária”, Abril de 2000.“O conteúdo informativo das taxas de juro e seus derivados para a política monetária”,Maio de 2000.

“Evolução e características estruturais dos mercados de trabalho da área do euro”, Maio de2000.

“A mudança para leilões de taxa variável nas operações principais de refinanciamento”,Julho de 2000.

“Transmissão da política monetária na área do euro”, Julho de 2000.“Envelhecimento da população e política orçamental na área do euro”, Julho de 2000.“Indicadores de preços e custos para a área do euro: uma visão global”, Agosto de 2000.“O comércio externo da economia da área do euro: características essenciais e evoluçãorecente”, Agosto de 2000.

“Crescimento do produto potencial e desvios do produto: conceito, utilizações e estimativas”,Outubro de 2000.

“As relações do BCE com instituições e organismos da Comunidade Europeia”, Outubro de2000.

“Os dois pilares da estratégia de política monetária do BCE”, Novembro de 2000.“Questões decorrentes do aparecimento da moeda electrónica”, Novembro de 2000.“A área do euro após a entrada da Grécia”, Janeiro de 2001.“Decisões de política monetária em contexto de incerteza”, Janeiro de 2001.“Relações entre o BCE e organizações e fóruns internacionais”, Janeiro de 2001.“Características do financiamento das empresas na área do euro”, Fevereiro de 2001.“Objectivos a cumprir para a obtenção de um nível de serviços uniforme para os pagamentosa retalho na área do euro”, Fevereiro de 2001.

“A comunicação externa do Banco Central Europeu”, Fevereiro de 2001.“Avaliação de estatísticas económicas gerais para a área do euro”, Abril de 2001.“O quadro de garantias do Eurosistema”, Abril de 2001.“A introdução das notas e moedas de euro”, Abril de 2001.“Enquadramento e ferramentas de análise monetária”, Maio de 2001.“O novo regime de adequação dos fundos próprios – a perspectiva do BCE”, Maio de 2001.“Financiamento e investimento financeiro dos sectores não financeiros da área do euro”,Maio de 2001.

“Novas tecnologias e produtividade na área do euro”, Julho de 2001.“Medidas de inflação subjacente na área do euro”, Julho de 2001.“Políticas orçamentais e crescimento económico”, Agosto de 2001.“Reformas nos mercados do produto na área do euro”, Agosto de 2001.“Consolidação da compensação pela contraparte central na área do euro”, Agosto de 2001.“Questões relacionadas com regras de política monetária”, Outubro de 2001.“Comportamento de licitação das contrapartes em operações regulares de mercado abertodo Eurosistema”, Outubro de 2001.

“A transição para o euro fiduciário nos mercados fora da área do euro”, Outubro de 2001.“O conteúdo informativo dos indicadores compósitos do ciclo económico da área do euro”,Novembro de 2001.

“O enquadramento de política económica na UEM”, Novembro de 2001.“Fundamentos económicos e a taxa de câmbio do euro”, Janeiro de 2002.

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235BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

“Preparativos para as notas de euros: da transição para o euro fiduciário às actividades depós-lançamento”, Janeiro de 2002.

“O mercado accionista e a política monetária”, Fevereiro de 2002.“Evolução recente da cooperação internacional”, Fevereiro de 2002.“Funcionamento dos estabilizadores orçamentais automáticos na área do euro”, Abril de2002.

“O papel do Eurosistema nos sistemas de pagamentos e de compensação”, Abril de 2002.“Melhorias a introduzir nas estatísticas dos balanços das IFM e das taxas de juro”, Abril de2002.

“A gestão de liquidez do BCE”, Maio de 2002“Cooperação internacional em matéria de supervisão”, Maio de 2002.“Implicações da transição para o euro fiduciário para a evolução das notas e moedas emcirculação”, Maio de 2002.

“Características do ciclo económico da área do euro na década de 90”, Julho de 2002.“O diálogo do Eurosistema com os países candidatos à UE”, Julho de 2002.“Evolução dos fluxos de investimento externo directo e de carteira da área do euro”,Julho de 2002.

“Convergência de nível dos preços e concorrência na área do euro”, Agosto de 2002.“Evolução recente e riscos no sector bancário da área do euro”, Agosto de 2002.“Poupança, financiamento e investimento na área do euro”, Agosto de 2002.“Conclusões recentes sobre a transmissão da política monetária na área do euro”,Outubro de 2002.

“Principais características do mercado das operações de reporte da área do euro”,Outubro de 2002.

“A responsabilização do BCE”, Novembro de 2002.“Transparência na política monetária do BCE”, Novembro de 2002.“Composição do crescimento do emprego na área do euro nos últimos anos”,Novembro de 2002.

“A procura de moeda na área do euro e o impacto da transição para o euro fiduciário”,Janeiro de 2003.

“CLS – objectivo, concepção e implicações”, Janeiro de 2003.“A relação entre a política monetária e as políticas orçamentais na área do euro”,Fevereiro de 2003.

“Regimes cambiais para as economias dos mercados emergentes”, Fevereiro de 2003.

Série “Documentos de Trabalho Ocasionais”

1 “The impact of the euro on money and bond markets”, por J. Santillán, M. Bayle e C. Thygesen,Julho de 2000.

2 “The effective exchange rates of the euro”, por L. Buldoroni, S. Makrydakis e C. Thimann,Fevereiro de 2002.

3 “Estimating the trend of M3 income velocity underlying the reference value for monetary growth”,por C. Brand, D. Gerdesmeier e B. Roffia, Maio de 2002.

4 “Labour force developments in the euro area since the 1980s”, por V. Genre e R. Gómez-Salvador,Julho de 2002.

5 “The evolution of clearing and central counterparty services for exchange-traded derivatives in theUnited States and Europe: a comparison”, por D. Russo, T. L. Hart e A. Schönenberger, Setembrode 2002.

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002236

6 “Banking integration in the euro area”, por I. Cabral, F. Dierick e J. Vesala, Dezembro de 2002.7 “Economic relations with regions neighbouring the euro area in the ‘Euro Time Zone’”, por

F. Mazzaferro, A. Mehl, M. Sturm, C. Thimann e A. Winkler, Dezembro de 2002.

Série “Documentos de Trabalho”

1 “A global hazard index for the world foreign exchange markets”, por V. Brousseau e F. Scacciavillani,Maio de 1999.

2 “What does the single monetary policy do? A SVAR benchmark for the European Central Bank”, porC. Monticelli e O. Tristani, Maio de 1999.

3 “Fiscal policy effectiveness and neutrality results in a non-Ricardian world”, por C. Detken, Maiode 1999.

4 “From the ERM to the euro: new evidence on economic and policy convergence among EU countries”,por I. Angeloni e L. Dedola, Maio de 1999.

5 “Core inflation: a review of some conceptual issues”, por M. Wynne, Maio de 1999.6 “The demand for M3 in the euro area”, por G. Coenen e J.-L. Vega, Setembro de 1999.7 “A cross-country comparison of market structures in European banking”, por O. de Bandt e

E. P. Davis, Setembro de 1999.8 “Inflation zone targeting”, por A. Orphanides e V. Wieland, Outubro de 1999.9 “Asymptotic confidence bands for the estimated autocovariance and autocorrelation functions of vector

autoregressive models”, por G. Coenen, Janeiro de 2000.10 “On the effectiveness of sterilized foreign exchange intervention”, por R. Fatum, Fevereiro de 2000.11 “Is the yield curve a useful information variable for the Eurosystem?”, por J. M. Berk e P. van

Bergeijk, Fevereiro de 2000.12 “Indicator variables for optimal policy”, por L. E .O. Svensson e M. Woodford, Fevereiro de 2000.13 “Monetary policy with uncertain parameters”, por U. Söderström, Fevereiro de 2000.14 “Assessing nominal income rules for monetary policy with model and data uncertainty”, por

G. D. Rudebusch, Fevereiro de 2000.15 “The quest for prosperity without inflation”, por A. Orphanides, Março de 2000.16 “Estimating the implied distribution of the future short-term interest rate using the Longstaff-Schwartz

model”, por P. Hördahl, Março de 2000.17 “Alternative measures of the NAIRU in the euro area: estimates and assessment”, por S. Fabiani e

R. Mestre, Março de 2000.18 “House prices and the macroeconomy in Europe: results from a structural VAR analysis”, por

M. Iacoviello, Abril de 2000.19 “The euro and international capital markets”, por C. Detken e P. Hartmann, Abril de 2000.20 “Convergence of fiscal policies in the euro area”, por O. De Bandt e F. P. Mongelli, Maio de 2000.21 “Firm size and monetary policy transmission: evidence from German business survey data”, por

M. Ehrmann, Maio de 2000.22 “Regulating access to international large-value payment systems”, por C. Holthausen e T. Rønde,

Junho de 2000.23 “Escaping Nash inflation”, por In-Koo Cho e T. J. Sargent, Junho de 2000.24 “What horizon for price stability”, por F. Smets, Julho de 2000.25 “Caution and conservatism in the making of monetary policy”, por P. Schellekens, Julho de 2000.26 “Which kind of transparency? On the need for clarity in monetary policy-making”, por B. Winkler,

Agosto de 2000.27 “This is what the US leading indicators lead”, por M. Camacho e G. Perez-Quiros, Agosto

de 2000.28 “Learning, uncertainty and central bank activism in an economy with strategic interactions”, por

M. Ellison e N. Valla, Agosto de 2000.

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237BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

29 “The sources of unemployment fluctuations: an empirical application to the Italian case”, porS. Fabiani, A. Locarno, G. Oneto e P. Sestito, Setembro de 2000.

30 “A small estimated euro area model with rational expectations and nominal rigidities”, porG. Coenen e V. Wieland, Setembro de 2000.

31“The disappearing tax base: is foreign direct investment eroding corporate income taxes?”, porR. Gropp e K. Kostial, Setembro de 2000.

32 “Can indeterminacy explain the short-run non-neutrality of money?”, por F. De Fiore,Setembro de 2000.

33 “The information content of M3 for future inflation in the euro area”, por C. Trecroci eJ. L. Vega, Outubro de 2000.

34 “Capital market development, corporate governance and the credibility of exchange rate pegs”,por O. Castrén e T. Takalo, Outubro de 2000.

35 “Systemic Risk: A survey”, por O. De Bandt e P. Hartmann, Novembro de 2000.36 “Measuring core inflation in the euro area”, por C. Morana, Novembro de 2000.37 “Business fixed investment: evidence of a financial accelerator in Europe”, por P. Vermeulen,

Novembro de 2000.38 “The optimal inflation tax when taxes are costly to collect”, por F. De Fiore, Novembro

de 2000.39 “A money demand system for euro area M3”, por C. Brand e N. Cassola, Novembro de 2000.40 “Financial structure and the interest rate channel of ECB monetary policy”, por B. Mojon,

Novembro de 2000.41 “Why adopt transparency? The publication of central bank forecasts”, por P. M. Geraats,

Janeiro de 2001.42 “An area-wide model (AWM) for the euro area”, por G. Fagan, J. Henry e R. Mestre,

Janeiro de 2001.43 “Sources of economic renewal: from the traditional firm to the knowledge firm”, por

D. Rodriguez Palenzuela, Fevereiro de 2001.44 “The supply and demand for Eurosystem deposits – The first 18 months”, por U. Bindseil e

F. Seitz, Fevereiro de 2001.45 “Testing the rank of the Hankel Matrix: a statistical approach”, por G. Camba-Méndez e

G. Kapetanios, Março de 2001.46 “A two-factor model of the German term structure of interest rates”, por N. Cassola e

J. B. Luís, Março de 2001.47 “Deposit insurance and moral hazard: does the counterfactual matter?”, por R. Gropp e

J. Vesala, Março de 2001.48 “Financial market integration in Europe: on the effects of EMU on stock markets”, por

M. Fratzscher, Março de 2001.49 “Business cycle and monetary policy analysis in a structural sticky-price model of the euro area”,

por M. Casares, Março de 2001.50 “Employment and productivity growth in service and manufacturing sectors in France, Germany

and the United States”, por T. von Wachter, Março de 2001.51 “The functional form of the demand for euro area M1”, por L. Stracca, Março de 2001.52 “Are the effects of monetary policy in the euro area greater in recessions than in booms?”,

por G. Peersman e F. Smets, Março de 2001.53 “An evaluation of some measures of core inflation for the euro area”, por J.-L. Vega e

M. A. Wynne, Abril de 2001.54 “Assessment criteria for output gap estimates”, por G. Camba-Méndez e D. Rodriguez

Palenzuela, Abril de 2001.55 “Modelling the demand for loans to the private sector in the euro area”, por A. Calza,

G. Gartner e J. Sousa, Abril de 2001.

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002238

56 “Stabilization policy in a two country model and the role of financial frictions”, por E. Faia,Abril de 2001.

57 “Model-based indicators of labour market rigidity”, por S. Fabiani e D. Rodriguez Palenzuela,Abril de 2001.

58 “Business cycle asymmetries in stock returns: evidence from higher order moments andconditional densities”, por G. Pérez-Quirós e A. Timmermann, Abril de 2001.

59 “Uncertain potential output: implications for monetary policy”, por M. Ehrmann e F. Smets,Abril de 2001.

60 “A multi-country trend indicator for euro area inflation: computation and properties”,por E. Angelini, J. Henry e R. Mestre, Abril de 2001.

61 “Diffusion index-based inflation forecasts for the euro area”, por E. Angelini, J. Henry eR. Mestre, Abril de 2001.

62 “Spectral based methods to identify common trends and common cycles”, por G. C. Mendeze G. Kapetanios, Abril de 2001.

63 “Does money lead inflation in the euro area?”, por S. Nicoletti Altimari, Maio de 2001.64 “Exchange rate volatility and euro area imports”, por R. Anderton e F. Skudelny, Maio

de 2001.65 “A system approach for measuring the euro area NAIRU”, por S. Fabiani e R. Mestre,

Maio de 2001.66 “Can short-term foreign exchange volatility be predicted by the Global Hazard Index?”, por

V. Brousseau e F. Scacciavillani, Junho de 2001.67 “The daily market for funds in Europe: has something changed with the EMU?”, por

G. Pérez-Quirós e H. Rodríguez Mendizábal, Junho de 2001.68 “The performance of forecast-based monetary policy rules under model uncertainty”, por

A. Levin, V. Wieland e J. C. Williams, Julho de 2001.69 “The ECB monetary policy strategy and the money market”, por V. Gaspar, G. Pérez-Quirós

e J. Sicilia, Julho de 2001.70 “Central bank forecasts of liquidity factors: quality, publication and the control of the overnight rate”,

por U. Bindseil, Julho de 2001.71 “Asset market linkages in crisis periods”, por P. Hartmann, S. Straetmans e C. G. de Vries,

Julho de 2001.72 “Bank concentration and retail interest rates”, por S. Corvoisier e R. Gropp, Julho de 2001.73 “Interbank lending and monetary policy transmission – evidence for Germany”, por M. Ehrmann

e A. Worms, Julho de 2001.74 “Interbank market integration under asymmetric information”, por X. Freitas e C. Holthausen,

Agosto de 2001.75 “Value at risk models in finance”, por S. Manganelli e R. F. Engle, Agosto de 2001.76 “Rating agency actions and the pricing of debt and equity of European banks: what can we infer

about private sector monitoring of bank soundness?”, por R. Gropp e A. J. Richards, Agostode 2001.

77 “Cyclically adjusted budget balances: an alternative approach”, por C. Bouthevillain,P. Cour-Thimann, G. van den Dool, P. Hernández de Cos, G. Langenus, M. Mohr,S. Momigliano e M. Tujula, Setembro de 2001.

78 “Investment and monetary policy in the euro area”, por B. Mojon, F. Smets e P. Vermeulen,Setembro de 2001.

79 “Does liquidity matter? Properties of a synthetic divisia monetary aggregate in the euro area”, porL. Stracca, Outubro de 2001.

80 “The microstructure of the euro money market”, por P. Hartmann, M. Manna e A. Manzanares,Outubro de 2001.

81 “What can changes in structural factors tell us about unemployment in Europe?”, por J. Morgane A. Mourougane, Outubro de 2001.

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239BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

82 “Economic forecasting: some lessons from recent research”, por D. Hendry e M. P. Clements,Outubro de 2001.

83 “Chi-squared tests of interval and density forecasts, and the Bank of England’s fan charts”, porK. F. Wallis, Novembro de 2001.

84 “Data uncertainty and the role of money as an information variable for monetary policy”, porG. Coenen, A. Levin e V. Wieland, Novembro de 2001.

85 “Determinants of the euro real effective exchange rate: a BEER/PEER approach”, porF. Maeso-Fernandez, C. Osbat e B. Schnatz, Novembro de 2001.

86 “Rational expectations and near rational alternatives: how best to form expectations”, porM. Beeby, S. G. Hall e S. B. Henry, Novembro de 2001.

87 “Credit rationing, output gap and business cycles”, por F. Boissay, Novembro de 2001.88 “Why is it so difficult to beat the random walk forecast of exchange rates?”, por L. Kilian e

M. P. Taylor, Novembro de 2001.89 “Monetary policy and fears of financial instability”, por V. Brousseau e C. Detken, Novembro

de 2001.90 “Public pensions and growth”, por S. Lambrecht, P. Michel e J.-P. Vidal, Novembro de 2001.91 “The monetary transmission mechanism in the euro area: more evidence from VAR analysis”, por

G. Peersman e F. Smets, Dezembro de 2001.92 “A VAR description of the effects of the monetary policy in the individual countries of the euro area”,

por B. Mojon e G. Peersman, Dezembro de 200193 “The monetary transmission mechanism at the euro area level: issues and results using structural

macroeconomic models”, por P. McAdam e J. Morgan, Dezembro de 2001.94 “Monetary policy transmission in the euro area: what do aggregate and national structural models

tell us?”, por P. van Els, A. Locarno, J. Morgan e J.-P. Villetelle, Dezembro de 2001.95 “Some stylised facts on the euro area business cycle”, por A.-M. Agresti e B. Mojon, Dezembro

de 2001.96 “The reaction of bank lending to monetary policy measures in Germany”, por A. Worms,

Dezembro de 2001.97 “Asymmetries in bank lending behaviour. Austria during the 1990s”, por S.Kaufmann, Dezembro

de 2001.98 “The credit channel in the Netherlands: evidence from bank balance sheets”, por L. De Haan,

Dezembro de 2001.99 “Is there a bank lending channel of monetary policy in Spain?”, por I. Hernando e J. Martínez-

Pagés, Dezembro de 2001.100 “Transmission of monetary policy shocks in Finland: evidence from bank level data on loans”, por

J. Topi e J. Vilmunen, Dezembro de 2001.101 “Monetary policy and bank lending in France: are there asymmetries?”, por C. Loupias, F. Savignac

e P. Sevestre, Dezembro de 2001.102 “The bank lending channel of monetary policy: identification and estimation using Portuguese micro

bank data”, por L. Farinha e C. Robalo Marques, Dezembro de 2001.103 “Bank-specific characteristics and monetary policy transmission: the case of Italy”, por

L. Gambacorta, Dezembro de 2001.104 “Is there a bank lending channel of monetary policy in Greece? Evidence from bank level data”,

por S. N. Brissimis, N. C. Kamberoglou e G. T. Simigiannis, Dezembro de 2001.105 “Financial systems and the role of banks in monetary policy transmission in the euro area”, por

M. Ehrmann, L. Gambacorta, J. Martínez-Pagés, P. Sevestre e A. Worms, Dezembro de 2001.106 “Investment, the cost of capital, and monetary policy in the nineties in France: a panel data

investigation”, por J.-B. Chatelain e A. Tiomo, Dezembro de 2001.107 “The interest rate and credit channel in Belgium: an investigation with micro-level firm data”,

por P. Butzen, C. Fuss e P. Vermeulen, Dezembro de 2001.

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002240

108 “Credit channel and investment behaviour in Austria: a microeconometric approach”, porM. Valderrama, Dezembro de 2001.

109 “Monetary transmission in Germany: new perspectives on financial constraints and investmentspending”, por U. von Kalckreuth, Dezembro de 2001.

110 “Does monetary policy have asymmetric effects? A look at the investment decisions of Italian firms”,por E. Gaiotti e A. Generale, Dezembro de 2001.

111 “Monetary transmission: empirical evidence from Luxembourg firm level data”, por P. Lünnemanne T. Mathä, Dezembro de 2001.

112 “Firm investment and monetary transmission in the euro area”, por J.-B. Chatelain, A. Generale,I. Hernando, U. von Kalckreuth e P. Vermeulen, Dezembro de 2001.

113 “Monetary policy rules, macroeconomic stability and inflation: a view from the trenches”, porA. Orphanides, Dezembro de 2001.

114 “Financial frictions and the monetary transmission mechanism: theory, evidence and policyimplications”, por C. Bean, J. Larsen e K. Nikolov, Janeiro de 2002.

115 “Monetary transmission in the euro area: where do we stand?”, por I. Angeloni, A. Kashyap,B. Mojon e D. Terlizzese, Janeiro de 2002.

116 “Rent indices for housing in West Germany 1985 to 1998”, por J. Hoffman e C. Kurz,Janeiro de 2002.

117 “Hedonic house prices without characteristics: the case of new multiunit housing”, por O. Bovere P. Velilla, Janeiro de 2002.

118 “Durable goods, price indexes and quality change: an application to automobile prices in Italy,1988-98”, por G. M. Tomat, Janeiro de 2002.

119 “Monetary policy and the stock market in the euro area”, por N. Cassola e V. Morana,Janeiro de 2002.

120 “Learning stability in economics with heterogeneous agents”, por S. Honkapohja e K. Mitra,Janeiro de 2002.

121 “Natural rate doubts”, por A. Beyer e R. E. A. Farmer, Fevereiro de 2002.122 “New technologies and productivity growth in the euro area”, por F. Vijselaar e R. Albers,

Fevereiro de 2002.123 “Analysing and combining multiple credit assessments of financial instritutions”, por E. Tabakis

e A. Vinci, Fevereiro de 2002.124 “Monetary policy, expectations and commitment”, por G. W. Evans e S. Honkapohja,

Fevereiro de 2002.125 “Duration, volume and volatility impact of trades”, por S. Manganelli, Fevereiro de 2002.126 “Optimal contracts in a dynamic costly state verification model”, por C. Monnet e E. Quintin,

Fevereiro de 2002.127 “Performance of monetary policy with internal central bank forecasting”, por S. Honkapohja

e K. Mitra, Fevereiro de 2002.128 “Openness, imperfect exchange rate pass-through and monetary policy”, por F. Smets e

R. Wouters, Março de 2002.129 “Non-standard central bank loss functions, skewed risks and certainty equivalence”, por

A. al-Nowaihi e L. Stracca, Março de 2002.130 “Harmonized indexes of consumer prices: their conceptual foundations”, por E. Diewert,

Março de 2002.131 “Measurement bias in the HICP: what do we know, and do we need to know?”, por M. A. Wynne

e D. Rodríguez-Palenzuela, Março de 2002.132 “Inflation dynamics and dual inflation in accession countries: a ‘new Keynesian’ perspective”, por

O. Arratibel, D. Rodríguez-Palenzuela e C. Thimann, Março de 2002.133 “Can confidence indicators be useful to predict short-term real GDP growth?”, por A. Mourougane

e M. Roma, Março de 2002.

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134 “The cost of private transportation in the Netherlands, 1992-1999”, por B. Bode e J. Van Dalen,Março de 2002.

135 “The optimal mix of taxes on money, consumption and income”, por F. De Fiore e P. Teles,Abril de 2002.

136 “Retail bank interest rate pass-through: new evidence at the euro area level”, por G. de Bondt,Abril de 2002.

137 “Equilibrium bidding in the Eurosystem’s open market operations”, por U. Bindseil, Abril de 2002.138 “ ‘New’ views on the optimum currency area theory: what is EMU telling us?”, por

F. P. Mongelli, Abril de 2002.139 “On currency crises and contagion”, por M. Fratzscher, Abril de 2002.140 “Price setting and the steady-state effects of inflation”, por M. Casares, Maio de 2002.141 “Asset prices and fiscal balances”, por F. Eschenbach e L. Schuknecht, Maio de 2002.142 “Modelling the daily banknotes in circulation in context of the liquidity management of the European

Central Bank”, por A. Cabrero, G. Camba-Mendez, A. Hirsch e F. Nieto, Maio de 2002.143 “A non-parametric method for valuing new goods”, por L. Blow e I. Crawford, Maio de 2002.144 “A failure in the measurement of inflation: results from a hedonic and matched experiment using

scanner data”, por M. Silver e S. Heravi, Maio de 2002.145 “Towards a new early warning system of financial crises”, por M. Bussiere e M. Fratzscher, Maio

de 2002.146 “Competition and stability – what’s special about banking?”, por E. Carletti e P. Hartmann, Maio

de 2002.147 “Time-to-build approach in a sticky price, sticky wage optimising monetary model”, por M. Casares,

Maio de 2002.148 “The functional form of yield curves”, por V. Brousseau, Maio de 2002.149 “The Spanish block of the ESCB multi-country model”, por A. Willman e A. Estrada, Maio de 2002.150 “Equity and bond market signals as leading indicators of bank fragility”, por R. Gropp, J. Vesala e

G. Vulpes, Junho de 2002.151 “G7 inflation forecasts”, por F. Canova, Junho de 2002.152 “Short-term monitoring of fiscal policy discipline”, por G. Camba-Mendez e A. Lamo, Junho

de 2002.153 “Euro area production function and potencial output: a supply side system approach”, por

A. Willman, Junho de 2002.154 “The euro bloc, the dollar bloc and the yen bloc: how much monetary policy independence can

exchange rate flexibility buy in an interdependent world?”, por M. Fratzscher, Junho de 2002.155 “Youth unemployment in the OECD: demographic shifts, labour market institutions, and

macroeconomic shocks”, por J. F. Jimeno e D. Rodriguez-Palenzuela, Junho de 2002.156 “Identifying endogenous fiscal policy rules for macroeconomic models”, por J. J. Perez e P. Hiebert,

Julho de 2002.157 “Bidding and performance in repo auctions: evidence from ECB open market operations”, por

Kjell G. Nyborg, U. Bindseil e I. A. Strebulaev, Julho de 2002.158 “Quantifying embodied technological change”, por P. Sakellaris e D. J. Wilson, Julho de 2002.159 “Optimal public money”, por C. Monnet, Julho de 2002.160 “Model uncertainty and the equilibrium value of the real effective euro exchange rate”, por

C. Detken, A. Dieppe, J. Henry, C. Mann e F. Smets, Julho de 2002.161 “The optimal allocation of risks under prospect theory”, por L. Stracca, Julho de 2002.162 “Public debt asymmetries: the effect on taxes and spending in the European Union”, por

S. Krogstrup, Agosto de 2002.163 “The rationality of consumers’ inflation expectations: survey-based evidence for the euro area”,

por M. Forsells e G. Kenny, Agosto de 2002.164 “Euro area corporate debt securities market: first empirical evidence”, por G. de Bondt, Agosto

de 2002.

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165 “The industry effects of monetary policy in the euro area”, por G. Peersman e F. Smets,Agosto de 2002.

166 “Monetary and fiscal policy interactions in a micro-founded model of a monetary union”, porR. M. W. J. Beetsma e H. Jensen, Agosto de 2002.

167 “Identifying the effects of monetary policy shocks on exchange rates using high frequency data”,por J. Faust, J. H. Rogers, E. Swanson e J. H. Wright, Agosto de 2002.

168 “Estimating the effects of fiscal policy in OECD countries”, por R. Perotti, Agosto de 2002.169 “Modelling model uncertainty”, por A. Onatski e N. Williams, Agosto de 2002.170 “What measure of inflation should a central bank target?”, por G. Mankiw e R. Reis, Agosto

de 2002.171 “An estimated stochastic dynamic general equilibrium model of the euro area”, por F. Smets e

R. Wouters, Agosto de 2002.172 “Constructing quality-adjusted price indices: a comparison of hedonic and discrete choice models”,

por N. Jonker, Setembro de 2002.173 “Openness and equilibrium determinacy under interest rate rules”, por F. de Fiore e Z. Liu,

Setembro 2002.174 “International monetary policy co-ordination and financial market integration”, por A. Sutherland,

Setembro de 2002.175 “Monetary policy and the financial accelerator in a monetary union”, por S. Gilchrist, J. O. Hairault

e H. Kempf, Setembro de 2002.176 “Macroeconomics of international price discrimination”, por G. Corsetti e L. Dedola, Setembro

de 2002.177 “A theory of the currency denomination of international trade”, por P. Bacchetta e E. van Wincoop,

Setembro de 2002.178 “Inflation persistence and optimal monetary policy in the euro area”, por P. Benigno e

J. D. López-Salido, Setembro de 2002.179 “Optimal monetary policy with durable and non-durable goods”, por C. J. Erceg e A. T. Levin,

Setembro de 2002.180 “Regional inflation in a currency union: fiscal policy versus fundamentals”, por M. Duarte e

A. L. Wolman, Setembro de 2002.181 “Inflation dynamics and international linkages: a model of the United States, the euro area and

Japan”, por G. Coenen e V. Wieland, Setembro de 2002.182 “The information content of real-time output gap estimates: an application to the euro area”, por

G. Rünstler, Setembro de 2002.183 “Monetary policy in a world with different financial systems”, por E. Faia, Outubro de 2002.184 “Efficient pricing of large-value interbank payment systems”, por C. Holthausen e J.-C. Rochet,

Outubro de 2002.185 “European integration: what lessons for other regions? The case of Latin America”, por

E. Dorrucci, S. Firpo, M. Fratzscher e F. P. Mongelli, Outubro de 2002.186 “Using money market rates to assess the alternatives of fixed versus variable rate tenders:

the lesson from 1989-98 data for Germany”, por M. Manna, Outubro de 2002.187 “A fiscal theory of sovereign risk”, por M. Uribe, Outubro de 2002.188 “Should central banks really be flexible?”, por H. P. Grüner, Outubro de 2002.189 “Debt reduction and automatic stabilisation”, por P. Hiebert, J. J. Pérez e M. Rostagno,

Outubro de 2002.190 “Monetary policy and the zero bound to interest rates: a review”, por T. Yates, Outubro de 2002.191 “The fiscal costs of financial instability revisited”, por L. Schuknecht e F. Eschenbach, Novembro

de 2002.192 “Is the European Central Bank (and the United States Federal Reserve) predictable?”, por

G. Pérez-Quirós e J. Sicilia, Novembro de 2002.

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243BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

193 “Sustainability of public finances and automatic stabilisation under a rule of budgetary discipline”,por J. Marín, Novembro de 2002.

194 “Sensitivity analysis of volatility: a new tool for risk management”, por S. Manganelli, V. Ceci eW. Vecchiato, Novembro de 2002.

195 “In-sample or out-of-sample test of predictability: which one should we use?”, por A. Inoue eL. Kilian, Novembro de 2002.

196 “Bootstrapping autoregressions with conditional heteroskedasticity of unknown form”, porS. Gonçalves e L. Kilian, Novembro de 2002.

197 “A model of the Eurosystem’s operational framework for monetary policy implementation”, porC. Ewerhart, Novembro de 2002.

198 “Extracting risk-neutral probability densities by fitting implied volatility smiles: some methodologicalpoints and an application to the 3M EURIBOR futures option prices”, por A. B. Andersen eT. Wagener, Dezembro de 2002.

199 “Time variation in the tail behaviour of bund futures returns”, por T. Werner e C. Upper,Dezembro de 2002.

200 “Interdependence between the euro area and the United States: what role for EMU?”, porM. Ehrmann e M. Fratzscher, Dezembro de 2002.

201 “Euro area inflation persistence”, por N. Batini, Dezembro de 2002.202 “Aggregate loans to the euro area private sector”, por A. Calza, M. Manrique e J. Sousa, Janeiro

de 2003.203 “Myopic loss aversion, disappointment aversion and the equity premium puzzle”, por D. Fielding

e L. Stracca, Janeiro de 2003.204 “Asymmetric dynamics in the correlations of global equity and bond returns”, por L. Cappiello,

R. F. Engle e K. Sheppard, Janeiro de 2003.205 “Real exchange rate in an inter-temporal n-country-model with incomplete markets”, por

B. Mercereau, Janeiro de 2003.206 “Empirical estimates of reaction functions for the euro area”, por D. Gerdesmeier e B. Roffia,

Janeiro de 2003.207 “A comprehensive model on the euro overnight rate”, por F. R. Würtz, Janeiro de 2003.208 “Do demographic changes affect risk premiums? Evidence from international data”, por

A. Ang e A. Maddaloni, Janeiro de 2003.209 “A framework for collateral risk control determination”, por D. Cossin, Z. Huang, D. Aunon-Nerin

e F. González, Janeiro de 2003.210 “Anticipated Ramsey reforms and the uniform taxation principle: the role of international financial

markets”, por S. Schmitt-Grohé e M. Uribe, Janeiro de 2003.211 “Self-control and savings”, por P. Michel e J. P. Vidal, Janeiro de 2003.212 “Modelling the implied probability of stock market movements”, por E. Glatzer e M. Scheicher,

Janeiro de 2003.213 “Aggregation and euro area Phillips curves”, por S. Fabiani e J. Morgan, Fevereiro de 2003.214 “On the selection of forecasting models”, por A. Inoue e L. Kilian, Fevereiro de 2003.215 “Budget institutions and fiscal performance in central and eastern European countries”, por

H. Gleich, Fevereiro de 2003.216 “The admission of accession countries to an enlarged monetary union: a tentative assessment”, por

M. Ca’ Zorzi e R. A. De Santis, Fevereiro de 2003.217 “The role of product market regulations in the process of structural change”, por J. Messina, Março

de 2003.218 “The zero-interest-rate bound and the role of the exchange rate for monetary policy in Japan”, por

G. Coenen e V. Wieland, Março de 2003.

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Outras publicações

“The TARGET service level”, Julho de 1998.“Report on electronic money”, Agosto de 1998.“A política monetária única na Terceira Fase: Documentação geral sobre os instrumentos eprocedimentos de política monetária do SEBC”, Setembro de 1998.

“Assessment of EU securities settlement systems against the standards for their use in ESCB creditoperations”, Setembro de 1998.

“Money and banking statistics compilation guide”, Setembro de 1998.“Third progress report on the TARGET project”, Novembro de 1998.“Correspondent central banking model (CCBM)”, Dezembro de 1998.“Payment systems in the European Union: Addendum incorporating 1997 figures”, Janeiro de 1999.“Possible effects of EMU on the EU banking systems in the medium to long term”, Fevereiro de 1999.“Euro area monetary aggregates: conceptual reconciliation exercise”, Julho de 1999.“The effects of technology on the EU banking systems”, Julho de 1999.“Payment systems in countries that have applied for membership of the European Union”, Agostode 1999.

“Improving cross-border retail payment services: the Eurosystem’s view”, Setembro de 1999.“Compendium: Colectânea de instrumentos jurídicos, Junho de 1998 – Maio de 1999”, Outubrode 1999.

“European Union balance of payments/international investment position statistical methods”, Novembrode 1999.

“Money and banking statistics compilation guide, addendum 1: money market paper”, Novembrode 1999.

“Money and banking statistics sector manual”, segunda edição, Novembro de 1999.“Report on the legal protection of banknotes in the European Union Member States”, Novembrode 1999.

“Correspondent central banking model (CCBM)”, Novembro de 1999.“Cross-border payments in TARGET: A users’ survey”, Novembro de 1999.“Money and banking statistics: Series keys for the exchange of balance sheet items time series”,Novembro de 1999.

“Money and banking statistics: Handbook for the compilation of flow statistics”, Dezembro de 1999.“Payment systems in the European Union: Addendum incorporating 1998 figures”, Fevereiro de 2000.“Interlinking: Data dictionary”, Versão 2. 02. Março de 2000.“Asset prices and banking stability”, Abril de 2000.“EU banks’ income structure”, Abril de 2000.“Informação estatística recolhida e compilada pelo SEBC”, Maio de 2000.“Correspondent central banking model (CCBM)”, Julho de 2000.“Requisitos estatísticos na área das estatísticas económicas gerais”, Agosto de 2000.“Seasonal adjustment of monetary aggregates and HICP for the euro area”, Agosto de 2000.“Improving cross-border retail payment services”, Setembro de 2000.“Statistical treatment of the Eurosystem’s international reserves”, Outubro de 2000.“A política monetária única na Terceira Fase: Documentação geral sobre os instrumentos eprocedimentos de política monetária do Eurosistema”, Novembro de 2000.

“European Union balance of payments/international investment position statistical methods”, Novembrode 2000.

“Information guide for credit institutions using TARGET”, Novembro de 2000.“EU banks’ margins and credit standards”, Dezembro de 2000.“Mergers and acquisitions involving the EU banking industry:facts and implications”, Dezembro de 2000.“Annual report on the activities of the Anti-Fraud Committee of the European Central Bank”, Janeirode 2001.

“Cross-border use of collateral: A user’s survey”, Fevereiro de 2001.

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245BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002

“O papel dos bancos centrais na supervisão prudencial”, Março de 2001.“Price effects of regulatory reform in selected network industries”, Março de 2001.“Money and banking statistics in the accession countries: Methodological Manual”, Abril de 2001.“TARGET: Annual Report”, Maio de 2001.“A guide to Eurosystem staff macroeconomic projection exercises”, Junho de 2001.“Payment and securities settlement systems in the European Union”, Junho de 2001.“Why price stability?”, Junho de 2001.“The euro bond market”, Julho de 2001.“The euro money market”, Julho de 2001“A política monetária do BCE”, Agosto de 2001.“The euro equity markets”, Agosto de 2001.“Monetary analysis: tools and applications”, Agosto de 2001.“Review of the international role of the euro”, Setembro de 2001.“The Eurosystem’s policy line with regard to consolidation in central counterparty clearing”, Setembrode 2001.

“Provisional list of MFIs of the accession countries (as at the end of December 2000)”, Outubro de 2001.“TARGET: the Trans-European Automated Real-time Gross settlement Express Transfer system – update2001”, Novembro de 2001.

“European Union balance of payments/international investment position statistical methods”, Novembrode 2001.

“Fair value accounting in the banking sector”, Novembro de 2001.“Towards an integrated infrastructure for credit transfers in euro”, Novembro de 2001.“Accession countries: balance of payments/international investment position statistical methods”,Fevereiro de 2002.

“List of Monetary Financial Institutions and institutions subject to minimum reserves”, Fevereiro de 2002.“Compendium: Colectânea de instrumentos jurídicos, Junho de 1998 – Dezembro de 2001”,Março de 2002.

“Labour market mismatches in euro area countries”, Março de 2002.“A política monetária única na área do euro: Documentação geral sobre os instrumentos eprocedimentos de política monetária do Eurosistema”, Abril de 2002.

“Evaluation of the 2002 cash changeover”, Abril de 2002.“TARGET Annual Report 2001”, Abril de 2002.“Relatório Anual sobre as actividades do Comité Antifraude do BCE (Janeiro de 2001 a Fevereirode 2002)”, Maio de 2002.

“Developments in banks, liquidity profile and management”, Maio de 2002.“Termos de referência do Eurosistema para a utilização de máquinas de depósito, escolha elevantamento por instituições de crédito, bem como qualquer outra instituição da área doeuro, que intervenham, a título profissional, na escolha e distribuição de notas ao público”, Maiode 2002.

“Bond markets and long-term interests rates in European accession countries”, Junho de 2002.“TARGET minimum common performance features of RTGS systems within TARGET as at November2001”, Junho de 2002.

“TARGET Interlinking data dictionary as at November 2001”, Junho de 2002.“TARGET Interlinking specifications as at November 2001”, Junho de 2002.“TARGET Interlinking user requirement as at November 2001”, Junho de 2002.“Task force on portfolio investment collection systems, Final Report”, Junho de 2002.“Measurement issues in European consumer price indices and the conceptual framework of the HICP”,Julho de 2002.

“Payment and securities settlement systems in the European Union: Addendum incorporating 2000figures”, Julho de 2002.

“Financial sectors in EU accession countries”, Agosto de 2002.

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BCE • Re la tó r i o Anua l • 2002246

“Payment and securities settlement systems in accession countries”, Agosto de 2002.“TARGET Interlinking specification”, Novembro de 2002.“TARGET Interlinking data dictionary”, Novembro de 2002.“Guidance Notes to Regulation ECB/2001/13 on the MFI balance sheet statistics”, Novembro de 2002.“Structural analysis of the EU banking sector”, Novembro de 2002.“European Union balance of payments/international investment position statistical methods”,Novembro de 2002.

“Review of the international role of the euro”, Dezembro de 2002.“Euro money market study 2001(MOC)”, Dezembro de 2002.“EU banking sector stability”, Fevereiro de 2003.“Review of the foreigh exchange market structure”, Março de 2003.“List of Monetary Financial Institutions and institutions subject to minimum reserves”, Fevereiro de 2003.“Structural factors in the EU housing markets”, Março de 2003.“List of Monetary Financial Institutions in the accession countries”, Março de 2003

Brochuras informativas

“TARGET: facts, figures, future”, Setembro de 1999.“EPM: the ECB payment mechanism”, Agosto de 2000.“The euro: integrating financial services”, Agosto de 2000 (esgotado).“TARGET”, Agosto de 2000 (esgotado).“O Banco Central Europeu”, Abril de 2001.“Euro – Notas e Moedas”, Maio de 2001.“TARGET – update 2001”, Julho de 2001.“The euro and the integration of financial services”, Setembro de 2001.“The euro, our money”, Junho de 2002.

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Anexos

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Cronologia da política monetária1

3 de Janeiro de 2002

O Conselho do BCE decide que a taxa mínimade proposta das operações principais derefinanciamento e as taxas de juro dafacilidade permanente de cedência de liquideze da facilidade permanente de depósito semantêm inalteradas em 3.25%, 4.25% e 2.25%,respectivamente.

Além disso, também decide que o montantede colocação para as operações derefinanciamento de prazo alargado a seremrealizadas em 2002 será de €20 mil milhõespor operação. Este montante toma emconsideração as necessidades de liquidez dosistema bancário da área do euro esperadasem 2002, bem como o desejo do Eurosistemade continuar a disponibilizar a maior partedo refinanciamento do sector financeiroatravés das suas operações principais derefinanciamento. O Conselho do BCE poderáajustar o montante de colocação no decursodo ano, em caso de desenvolvimentosinesperados nas necessidades de liquidez.

7 de Fevereiro, 7 de Março, 4 de Abril,2 de Maio, 6 de Junho e 4 de Julho de 2002

O Conselho do BCE decide que a taxa mínimade proposta das operações principais derefinanciamento e as taxas de juro dafacilidade permanente de cedência de liquideze da facilidade permanente de depósito semantêm inalteradas em 3.25%, 4.25% e 2.25%,respectivamente.

10 de Julho de 2002

O Conselho do BCE decide reduzir omontante de colocação para cada uma dasoperações de refinanciamento de prazoalargado que serão realizadas no segundosemestre de 2002, de €20 mil milhões para€15 mil milhões. O último montante tomaem consideração as necessidades esperadasde liquidez do sistema bancário da área do

euro no segundo semestre de 2002 e reflecteo desejo do Eurosistema de continuar adisponibilizar a maior parte da liquidez atravésdas suas operações principais derefinanciamento.

1 de Agosto, 12 de Setembro,10 de Outubro e 7 de Novembro de 2002

O Conselho do BCE decide que a taxa mínimade proposta das operações principais derefinanciamento e as taxas de juro dafacilidade permanente de cedência de liquideze da facilidade permanente de depósito semantêm inalteradas em 3.25%, 4.25% e 2.25%,respectivamente.

5 de Dezembro de 2002

O Conselho do BCE decide reduzir a taxamínima de proposta das operações principaisde refinanciamento em 0.50 pontospercentuais para 2.75%, com efeitos a partirda operação a ser liquidada em 11 deDezembro de 2002. Decide ainda reduzir astaxas de juro da facilidade permanente decedência de liquidez e da facilidadepermanente de depósito em 0.50 pontospercentuais, para 3.75% e 1.75%,respectivamente, ambas com efeitos a partirde 6 de Dezembro de 2002.

Além disso, decide que o valor de referênciapara a taxa de crescimento homóloga doagregado monetário largo M3 se manterá em4½%.

9 de Janeiro de 2003

O Conselho do BCE decide que a taxa mínimade proposta das operações principais de

1 A cronologia das medidas de política monetária do Eurosistematomadas de 1999 a 2001 encontra-se, respectivamente, naspáginas 180 a 185 do Relatório Anual do BCE de 1999, naspáginas 223 a 226 do Relatório Anual do BCE de 2000, e naspáginas 239 a 241 do Relatório Anual do BCE de 2001.

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refinanciamento e as taxas de juro dafacilidade permanente de cedência de liquideze da facilidade permanente de depósito semantêm inalteradas em 2.75%, 3.75% e 1.75%,respectivamente.

23 de Janeiro de 2003

O Conselho do BCE decide implementar asduas seguintes medidas no sentido demelhorar o quadro operacional de políticamonetária:

Em primeiro lugar, o calendário do períodode manutenção de reservas será alterado, deforma a que este tenha sempre início no diada liquidação da operação principal derefinanciamento (OPR) que se segue àreunião do Conselho do BCE para a qual estáagendada uma avaliação mensal da orientaçãoda política monetária. Além disso, regra geral,a introdução de alterações nas taxas dasfacilidades permanentes ocorrerá emsimultâneo com o início de um novo períodode manutenção de reservas.

Em segundo lugar, o prazo das OPR seráreduzido de duas semanas para uma.

Estas medidas deverão ser implementadasdurante o primeiro trimestre de 2004.

Na sequência do comunicado de 10 de Julhode 2002, o Conselho do BCE também decidemanter em €15 mil milhões o montante de

colocação para cada uma das operações derefinanciamento de prazo alargado que serãorealizadas em 2003. O último montante tomaem consideração as necessidades de liquidezesperadas do sistema bancário da área doeuro em 2003 e reflecte o desejo doEurosistema de continuar a disponibilizar amaior parte da liquidez através das suasoperações principais de refinanciamento.

6 de Fevereiro de 2003

O Conselho do BCE decide que a taxa mínimade proposta das operações principais derefinanciamento e as taxas de juro dafacilidade permanente de cedência de liquideze da facilidade permanente de depósito semantêm inalteradas em 2.75%, 3.75% e 1.75%,respectivamente.

6 de Março de 2003

O Conselho do BCE decide reduzir a taxamínima de proposta das operações principaisde refinanciamento em 0.25 pontos percentuaispara 2.50%, com efeitos a partir da operação aser liquidada em 12 de Março de 2003. Decideainda reduzir as taxas de juro da facilidadepermanente de cedência de liquidez e dafacilidade permanente de depósito em 0.25pontos percentuais, fixando-as em 3.50% e1.50%, respectivamente, ambas com efeitos apartir de 7 de Março de 2003.

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Glossário

Acções e unidades de participação em fundos do mercado monetário (money marketfund shares and units): acções e unidades de participação emitidas por um fundo do mercadomonetário.

Acervo comunitário (acquis communautaire): termo habitualmente utilizado para fazerreferência a toda a legislação comunitária incluindo tratados, regulamentos e directivas da UE. Ospaíses que adiram à UE têm de ter implementado o acervo comunitário existente até à altura daadesão.

Acordo de reporte (repurchase agreement): acordo de venda e de recompra de um activo aum preço especificado numa data futura pré-determinada ou a pedido. Um acordo deste tipo ésemelhante a um empréstimo garantido, mas difere no que respeita à propriedade do título quenão é mantida pelo vendedor. As operações de reporte estão incluídas no M3 nos casos em que ovendedor é uma instituição financeira monetária (IFM) e a contraparte pertence ao sectornão monetário residente na área do euro.

Actividade de correspondente bancário (correspondent banking): acordo segundo o qualuma instituição de crédito efectua pagamentos e presta serviços a outra instituição de crédito.Os pagamentos através dos correspondentes são frequentemente efectuados por intermédio decontas recíprocas (contas nostro e loro), as quais podem estar associadas a linhas de créditopermanentes. Os serviços de correspondentes bancários são essencialmente prestados entrefronteiras nacionais, embora sejam também prestados em alguns contextos nacionais, onde sãoconhecidos por relações de mandato. A expressão conta loro é utilizada por um correspondentepara descrever uma conta detida em nome de uma instituição de crédito estrangeira; a instituiçãode crédito estrangeira, por seu lado, considera essa conta como a sua conta nostro.

Activo da Lista 1 (tier one asset): activo transaccionável que preenche determinados critériosde elegibilidade uniformes para toda a área do euro, especificados pelo Banco CentralEuropeu (BCE).

Activo da Lista 2 (tier two asset): activo transaccionável ou não transaccionável que cumprecritérios de elegibilidade específicos estabelecidos por um banco central nacional, sujeitos àaprovação do Banco Central Europeu (BCE).

Administração central (central government): administração tal como definida no SistemaEuropeu de Contas 1995 (SEC 95) mas excluindo as administrações estadual e local (veradministrações públicas). Subsector do SEC 95 que inclui todos os órgãos administrativos doEstado e outros organismos centrais cuja competência abrange normalmente todo o territórioeconómico, com excepção da administração dos fundos de segurança social.

Administrações públicas (general government): tal como se encontram definidas no SistemaEuropeu de Contas 1995 (SEC 95), consistem na administração central, estadual e local e nosfundos de segurança social.

Afectação de activos (asset allocation): processo de distribuição de fundos de investimentopor diferentes classes de activos para atingir objectivos tais como a optimização das característicasde risco/rendimento de carteiras.

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251BCE • Re l a tó r i o Anua l • 2002

Agente de liquidação (settlement agent): instituição que gere o processo de liquidação, o qualenvolve, por exemplo, a determinação das posições de liquidação e o acompanhamento dapermuta de pagamentos, para sistemas de transferência ou outros acordos que impliquemliquidações.

Agregados monetários (monetary aggregates): circulação monetária acrescida de algumasresponsabilidades das instituições financeiras monetárias (IFM) e das administrações centraiscom um nível relativamente elevado de liquidez e detidas pelo sector não monetário residente naárea do euro, fora do sector da administração central. O agregado monetário estreito M1 foidefinido como circulação monetária mais depósitos à ordem. O agregado monetário“intermédio” M2 inclui o M1 mais depósitos a prazo até dois anos e depósitos com pré-avisoaté três meses. O agregado monetário largo M3 inclui o M2 mais acordos de reporte, acções eunidades de participação em fundos do mercado monetário, e títulos do mercadomonetário e títulos de dívida com prazo até dois anos, emitidos por IFM. Em Outubro de 1998,o Conselho do BCE anunciou um valor de referência para o crescimento do M3, que tem vindo areconfirmar (ver também valor de referência para o crescimento monetário).

Área do euro (euro area): área que abrange os Estados-Membros nos quais o euro foi adoptadocomo moeda única, nos termos do Tratado, e na qual é conduzida uma política monetária únicasob a responsabilidade do Conselho do Banco Central Europeu. A área do euro incluiactualmente os seguintes países: Bélgica, Alemanha, Grécia (que aderiu a 1 de Janeiro de 2001),Espanha, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Áustria, Portugal e Finlândia.

Associação Bancária do Euro (ABE) (Euro Banking Association (EBA)): organismo queproporciona um fórum para a exploração e debate de todas as questões bancárias de interessepara os seus membros e, em particular, de questões relacionadas com a utilização do euro e aliquidação de transacções em euros. A ABE criou uma sociedade de compensação (“ABE Clearing,Société par Actions Simplifiée à capital variable”) para efeitos de gestão do Sistema de Liquidação doEuro a partir de 1 de Janeiro de 1999. O Sistema de Compensação do Euro (Euro 1) é o sucessordo Sistema de Compensação e de Liquidação do ECU.

Avaliação a preços de mercado (variation margin (or marking to market)): o Eurosistemaexige que seja mantida ao longo do tempo uma determinada margem sobre os activos subjacentesutilizados nas operações reversíveis de cedência de liquidez. Tal implica que, se avaliado comregularidade, o valor de mercado dos activos subjacentes for inferior a um certo nível, ascontrapartes têm de entregar activos (ou numerário) adicionais. De igual forma, se o valor demercado dos activos de garantia, após a sua reavaliação, for superior ao montante em dívida pelacontraparte acrescido da margem de variação, o banco central devolverá os activos (ou onumerário) em excesso à contraparte.

Balanço consolidado das IFM (consolidated MFI balance sheet): obtém-se compensando asposições inter-IFM (por exemplo, empréstimos e depósitos inter-IFM) no balanço agregado dasIFM. Fornece informações estatísticas sobre os activos e os passivos do sector das IFM para com osector não monetário residente na área do euro (isto é, administrações públicas e outrosresidentes na área do euro) e sobre as respectivas disponibilidades sobre o exterior eresponsabilidades para com o exterior (ou seja, saldos face a não residentes na área do euro). Estebalanço consolidado é a principal fonte estatística para o cálculo dos agregados monetários,fornecendo a base para a análise regular das contrapartidas do M3.

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Banco Central Europeu (BCE) (European Central Bank (ECB)): o BCE é o centro doSistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC) e do Eurosistema e, ao abrigo do DireitoComunitário, é dotado de personalidade jurídica. Assegura que as atribuições cometidas aoEurosistema e ao SEBC sejam executadas, quer através das suas próprias actividades, quer dasactividades dos bancos centrais nacionais, nos termos dos Estatutos do Sistema Europeu de BancosCentrais e do Banco Central Europeu. O BCE é governado pelo Conselho do BCE e pelaComissão Executiva e, enquanto terceiro órgão de decisão, pelo Conselho Geral.

Base de incidência (reserve base): soma das rubricas do balanço (em especialresponsabilidades) que constituem a base para o cálculo das reservas mínimas de umainstituição de crédito.

Cartão pré-pago com múltiplas finalidades (multi-purpose prepaid card): cartãocarregado com um certo montante que pode ser utilizado em diversos tipos de pagamentos, tendoa possibilidade de ser usado à escala nacional ou internacional, mas cuja utilização pode por vezesser restrita a determinada área. Um cartão pré-pago com múltiplas finalidades recarregável étambém conhecido por porta-moedas electrónico (ver também moeda electrónica).

Circulação monetária (currency in circulation): inclui notas e moedas em circulaçãonormalmente utilizadas para efectuar pagamentos. Ao longo de 2002, a circulação monetáriaincluiu notas emitidas pelo Eurosistema e por outras instituições financeiras monetárias(IFM) (na Irlanda e Luxemburgo), bem como moedas emitidas pelas administrações centrais daárea do euro denominadas quer em euros quer nas moedas das denominações nacionais doeuro, embora este tenha sido a única moeda com curso legal em todos os países da área do eurodesde 1 de Março de 2002. As notas das denominações nacionais do euro deixaram de serincluídas nas notas em circulação a partir de 1 de Janeiro de 2003, tanto para o reporte financeirodo Eurosistema como para efeitos estatísticos. De modo consistente, aplicou-se o mesmo àsmoedas das denominações nacionais do euro. A circulação monetária incluída no M3 é umconceito líquido, ou seja, refere-se apenas a notas e moedas em circulação detidas fora do sectordas IFM (ou seja, foi subtraída a moeda detida pelas IFM, ou “valores em caixa”). Além disso, nãoinclui os stocks de notas próprios dos bancos centrais (já que não foram postos em circulação),nem moedas comemorativas (que não são normalmente utilizadas para efectuar pagamentos).

Comissão Europeia (Comissão das Comunidades Europeias) (European Commission(Commission of the European Communities)): instituição da Comunidade Europeia queassegura a aplicação das disposições do Tratado. A Comissão desenvolve as políticas daComunidade, propõe legislação comunitária e exerce poderes em áreas específicas. Na área dapolítica económica, a Comissão formula recomendações respeitantes às orientações gerais depolítica económica na Comunidade e apresenta ao Conselho da UE relatórios sobre evolução epolíticas económicas. Acompanha as finanças públicas no âmbito da supervisão multilateral,submetendo relatórios à apreciação do Conselho. É composta por 20 membros e inclui doisrepresentantes da Alemanha, Espanha, França, Itália e Reino Unido e um de cada um dos outrosEstados-Membros.

Comissão Executiva (Executive Board): um dos órgãos de decisão do Banco CentralEuropeu (BCE). É composta pelo Presidente e pelo Vice-Presidente do BCE e por quatro outrosmembros, nomeados de comum acordo pelos Chefes de Estado ou de Governo dos países queadoptaram o euro.

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253BCE • Re l a tó r i o Anua l • 2002

Comité das Autoridades de Regulamentação dos Mercados Europeus de ValoresMobiliários (Committee of European Securities Regulators (CESR)): este comité, criado emJunho de 2001 à luz da recomendação do Relatório do Comité de Sábios sobre a Regulamentaçãodos Mercados Europeus de Valores Mobiliários, é composto por representantes das autoridadesnacionais que regulam os mercados de valores mobiliários. Enquanto órgão de nível 3 daabordagem regulamentar europeia revista, é responsável pela consultoria à Comissão Europeia(Comissão das Comunidades Europeias) sobre questões de política de títulos e desempenhaum papel importante na transposição da legislação comunitária nos Estados-Membros.

Comité de Estatísticas Monetárias, Financeiras e de Balança de Pagamentos(Committee on Monetary, Financial and Balance of Payments Statistics (CMFB)): o fórumpara a coordenação dos responsáveis por estatísticas dos institutos nacionais de estatística e doEurostat por um lado, e dos bancos centrais nacionais e do Banco Central Europeu (BCE)por outro. O CMFB foi criado pela Decisão do Conselho 91/115/CEE (JO L 59, 6.3.1991, p. 19),e alterada pela Decisão do Conselho 96/174/CE (JO L 51, 1.3.1996, p. 48).

Comité de Normas Internacionais de Contabilidade (International AccountingStandards Board (IASB)): entidade independente, financiada a título privado, responsável pelafixação de normas de contabilidade, com sede em Londres, no Reino Unido.

Comité de Política Económica (CPE) (Economic Policy Committee (EPC)): órgãoconsultivo da Comunidade que contribui para a preparação dos trabalhos do Conselho no querespeita à coordenação das políticas económicas dos Estados-Membros e da Comunidade, e queaconselha a Comissão e o Conselho. Trabalha em estreita colaboração com o ComitéEconómico e Financeiro (CEF) e centra-se sobretudo nas políticas estruturais que pretendemmelhorar o potencial de crescimento e o emprego a nível comunitário. O Comité, que se encontraprevisto no artigo 272.º do Tratado, foi estabelecido por uma decisão do Conselho em 1974. OsEstados-Membros, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu (BCE) nomeiam cadaum no máximo quatro membros do Comité, que são seleccionados de entre altos funcionários deelevada competência na área da formulação das políticas económicas e estruturais.

Comité de Regulamentação Contabilística (Accounting Regulatory Committee (ARC)):estabelecido para apoiar a Comissão Europeia (Comissão das Comunidades Europeias) naaprovação das Normas Internacionais de Contabilidade (IAS) as quais, a partir de 2005,formarão a base para as demonstrações financeiras consolidadas de empresas cotadas nas bolsasde valores europeias.

Comité Económico e Financeiro (CEF) (Economic and Financial Committee (EFC)):órgão consultivo da Comunidade, instituído no início da Terceira Fase da União Económica eMonetária (UEM), quando o Comité Monetário foi dissolvido. Os Estados-Membros, aComissão Europeia (Comissão das Comunidades Europeias) e o Banco CentralEuropeu (BCE) nomeiam cada um no máximo dois membros do Comité. Um dos dois membrosnomeados por cada Estado-Membro é seleccionado de entre os altos funcionários da respectivaadministração nacional e o outro é seleccionado de entre os altos funcionários do respectivobanco central nacional. O n.º 2 do artigo 114.º do Tratado contém uma lista das atribuições doComité Económico e Financeiro, as quais incluem o acompanhamento da situação económica efinanceira dos Estados-Membros e da Comunidade.

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BCE • Re l a tó r i o Anua l • 2002254

Comitologia (comitology): refere-se geralmente aos procedimentos que regem as relaçõesentre a Comissão Europeia (Comissão das Comunidades Europeias) e os comités queapoiam a Comissão no exercício das competências de execução de legislação comunitáriaatribuídas pelo Conselho da UE. As diferentes modalidades de procedimentos dos comitésencontram-se estabelecidas na Decisão do Conselho de 28 de Junho de 1999 que fixa as regras deexercício das competências de execução atribuídas à Comissão (1999/468/CE). Maisespecificamente, o termo também se refere aos procedimentos para a adopção de legislação donível 2 no âmbito do quadro Lamfalussy, como proposto pelo Comité de Sábios sobre aRegulamentação dos Mercados Europeus de Valores Mobiliários, de acordo com o qual aComissão deverá apresentar a um comité regulamentar projectos de medidas que implementempormenores técnicos de legislação do nível 1.

Conselho da UE (EU Council): instituição da Comunidade Europeia. É composto porrepresentantes dos Governos dos Estados-Membros, geralmente os ministros responsáveis pelosassuntos em consideração (por esse motivo referido geralmente como Conselho de Ministros).O Conselho da UE, quando composto pelos Ministros das Finanças e da Economia, é normalmentedesignado por Conselho ECOFIN. Além disso, o Conselho da UE pode reunir na composição deChefes de Estado ou de Governo (ver também Conselho Europeu).

Conselho de Ministros (Council of Ministers): ver Conselho da UE.

Conselho de Pagamentos Europeu (European Payments Council (EPC)): órgãogovernativo constituído por 52 instituições, incluindo bancos comerciais, cooperativas bancárias ecaixas económicas, responsáveis pela realização da área única de pagamentos em euros e pelarepresentação do sector bancário europeu em questões relacionadas com os sistemas depagamentos. A assembleia inaugural do EPC teve lugar a 17 de Junho de 2002.

Conselho do BCE (Governing Council): o órgão de decisão supremo do Banco CentralEuropeu (BCE). É composto pelos membros da Comissão Executiva do BCE e pelosGovernadores dos bancos centrais nacionais dos países que adoptaram o euro.

Conselho ECOFIN (ECOFIN Council): ver Conselho da UE.

Conselho Europeu (European Council): proporciona à União Europeia o incentivo necessáriopara o seu desenvolvimento e define as respectivas orientações gerais de política. Reúne nacomposição de Chefes de Estado ou de Governo dos Estados-Membros e do Presidente daComissão Europeia (Comissão das Comunidades Europeias) (ver também Conselho daUE).

Conselho Geral (General Council): um dos órgãos de decisão do Banco Central Europeu(BCE). É composto pelo Presidente e pelo Vice-Presidente do BCE e pelos Governadores dos15 bancos centrais nacionais da UE.

Contabilização pelo justo valor (fair value accounting (FVA)): princípio de avaliação queestipula a utilização de um preço de mercado, sempre que este exista, ou uma estimação de umpreço de mercado enquanto valor actual dos fluxos de tesouraria esperados, para estabelecer ovalor de balanço dos instrumentos financeiros.

Contraparte (counterparty): a parte oposta numa transacção financeira (por exemplo, emqualquer transacção com um banco central).

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255BCE • Re l a tó r i o Anua l • 2002

Crédito a residentes na área do euro (credit to euro area residents): medida geral dofinanciamento fornecido pelo sector das instituições financeiras monetárias (IFM) da áreado euro ao sector não monetário residente na área do euro (incluindo administraçõespúblicas e outros residentes na área do euro). Por definição, inclui empréstimos concedidos porIFM e títulos detidos por IFM. Os últimos incluem acções, outras participações e títulos de dívidaemitidos pelo sector não monetário residente na área do euro.

Dedução fixa (lump-sum allowance): montante fixo que uma instituição de crédito deduz nocálculo das suas reservas mínimas, no âmbito das reservas mínimas do Eurosistema.

Depósitos à ordem (overnight deposits): depósitos com prazo do dia seguinte. Esta categoriade instrumento compreende principalmente os depósitos à vista/à ordem integralmentetransferíveis (por cheque ou instrumento equivalente) sem atrasos, restrições ou penalizaçõessignificativas. Inclui também depósitos não transferíveis, convertíveis a pedido ou no fecho do diaútil seguinte.

Depósitos a prazo (deposits with agreed maturity): compreende principalmente os depósitosa prazo com vencimento numa data determinada, cuja mobilização antecipada, dependendo daspráticas nacionais, pode ser proibida ou permitida, sendo, neste caso, sujeita ao pagamento de umapenalização. Incluem ainda alguns instrumentos de dívida não negociáveis, tais como certificados dedepósito (a retalho) não negociáveis. Os depósitos a prazo até dois anos estão incluídos no M2(e, consequentemente, no M3), enquanto os depósitos com prazo superior a dois anos estãoincluídos nas responsabilidades financeiras (não monetárias) a mais longo prazo do sectordas instituições financeiras monetárias da área do euro.

Depósitos com pré-aviso (deposits redeemable at notice): depósitos de poupança para osquais o detentor deverá respeitar um período fixo de aviso antes de proceder ao levantamento dosfundos. Em alguns casos, existe a possibilidade de levantar, a pedido, um determinado montantefixo num período especificado ou de proceder a levantamentos antecipados sujeitos ao pagamentode uma penalização. Os depósitos com pré-aviso até três meses estão incluídos no M2(e, consequentemente, no M3), enquanto os depósitos com um pré-aviso mais alargado fazemparte das responsabilidades financeiras (não monetárias) a mais longo prazo do sector dasinstituições financeiras monetárias (IFM).

Disponibilidades líquidas sobre o exterior do sector das IFM (net external assets of theMFI sector): disponibilidades sobre o exterior das instituições financeiras monetárias (IFM)da área do euro menos as responsabilidades para com o exterior do sector das IFM da área doeuro. As disponibilidades sobre o exterior das IFM da área do euro incluem sobretudo ouro,detenções de notas que não de euros, detenções de títulos emitidos por não residentes na área doeuro e empréstimos concedidos a não residentes na área do euro (incluindo depósitos em bancosresidentes fora da área do euro). As responsabilidades para com o exterior do sector das IFM daárea do euro incluem sobretudo depósitos de não residentes na área do euro e empréstimos denão residentes na área do euro. As variações das disponibilidades líquidas sobre o exterior dosector das IFM da área do euro reflectem principalmente transacções do sector não monetário daárea do euro com contrapartes não pertencentes à área do euro, intermediadas pelo sector dasIFM.

ECU (Unidade de Conta Europeia) (ECU (European Currency Unit)): o ECU foi um cabazde moedas composto pela soma de montantes fixos de 12 das 15 moedas dos Estados-Membros daUE. O valor do ECU calculava-se como uma média ponderada do valor das moedas que ocompunham. O ECU foi substituído pelo euro à taxa de 1 por 1, em 1 de Janeiro de 1999.

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BCE • Re l a tó r i o Anua l • 2002256

Entrega contra pagamento (delivery versus payment (DVP)): mecanismo utilizado numsistema de liquidação de títulos (SLT), que assegura que a entrega de activos (títulos ououtros instrumentos financeiros) apenas é efectuada se ocorrer um pagamento.

EONIA (índice overnight médio do euro) (EONIA (euro overnight index average)): medidada taxa de juro efectiva prevalecente no mercado interbancário overnight do euro. É calculadacomo uma média ponderada das taxas de juro das transacções de financiamento overnight nãogarantido denominadas em euros, comunicadas por um painel de bancos contribuintes.

Estabilidade de preços (price stability): a manutenção da estabilidade de preços é o objectivoprimordial do Banco Central Europeu (BCE). Em Outubro de 1998, o Conselho do BCEpublicou uma definição quantitativa de estabilidade de preços de modo a dar uma orientação clarapara as expectativas da evolução futura dos preços e a poder ser responsabilizado. O Conselho doBCE definiu estabilidade de preços como um aumento homólogo inferior a 2% do ÍndiceHarmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) para a área do euro. O Conselho do BCEanunciou que, de acordo com esta definição, a estabilidade de preços deverá ser mantida a médioprazo. A definição estipula um limite superior para a taxa de inflação medida; ao mesmo tempo,o uso da palavra “aumento” assinala que a deflação, ou seja, descidas prolongadas no nível do IHPC,não é considerada compatível com a estabilidade de preços.

Estratégia de política monetária (monetary policy strategy): a estratégia de políticamonetária do Banco Central Europeu (BCE) assenta na definição quantitativa de estabilidadede preços e em dois enquadramentos analíticos (“pilares”) que contribuem para a avaliação dosriscos para a estabilidade de preços no futuro. O primeiro pilar atribui um papel proeminente àmoeda – a evolução monetária e do crédito é rigorosamente analisada pelo seu conteúdoinformativo. Inclui um valor de referência para o crescimento monetário e diversosmodelos nos quais a evolução monetária e do crédito desempenham um papel importante nadeterminação ou projecção da evolução dos preços. O segundo pilar consiste na análise de umvasto conjunto de outras variáveis económicas e financeiras. Inclui vários modelos nos quais aspressões sobre os custos e a relação entre oferta e procura nos mercados de bens, serviços e detrabalho determinam a evolução dos preços.

EUREPO (EUREPO): taxa à qual um banco principal oferece fundos em euros a outro bancoprincipal em troca de garantias que consistam exclusivamente de obrigações de dívida pública eletras emitidos por países da área do euro. A metodologia de cálculo da EUREPO é semelhante àda EURIBOR, sendo representativa das taxas nos mercados com garantia (mercados dasoperações de reporte), ao contrário da EURIBOR, que reflecte as condições no mercado semgarantia. O painel de bancos também é diferente.

EURIBOR (taxa interbancária de oferta do euro) (EURIBOR (euro interbank offeredrate)): taxa à qual um banco principal está disposto a conceder empréstimos em euros a outrobanco principal. A EURIBOR é calculada diariamente para os depósitos interbancários com prazode uma a três semanas e de um a 12 meses como média das taxas de oferta diárias de um painelrepresentativo de bancos principais, arredondada até três casas decimais.

Euro (euro): designação da moeda única europeia adoptada pelo Conselho Europeu na reuniãode Madrid de 15 e 16 de Dezembro de 1995.

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EURO STOXX (EURO STOXX): a STOXX Limited publica os índices Dow Jones STOXX, quemedem a evolução das cotações de acções na Europa como um todo. O índice Dow Jones EUROSTOXX é um membro desta família de índices. Este índice agrega as cotações de um amploconjunto de acções dos países pertencentes à área do euro. Para além deste, encontram-sedisponíveis três tipos de índice de sector (sectores económicos e de mercado, bem como gruposindustriais) para o índice Dow Jones EURO STOXX.

Eurogrupo (Eurogroup): organismo informal que reúne os membros do Conselho ECOFINque representam os países da área do euro. Reúne-se numa base regular (normalmente antes dasreuniões do Conselho ECOFIN) para discutir questões relativas às responsabilidades comuns dospaíses da área do euro no que diz respeito à moeda única. A Comissão Europeia (Comissãodas Comunidades Europeias) e, sempre que adequado, o Banco Central Europeu (BCE),são convidados a tomar parte nestas reuniões.

Eurosistema (Eurosystem): compreende o Banco Central Europeu (BCE) e os bancoscentrais nacionais dos Estados-Membros que adoptaram o euro na Terceira Fase da UniãoEconómica e Monetária (ver também área do euro). Actualmente, fazem parte doEurosistema 12 BCN. O Eurosistema é governado pelo Conselho do BCE e pela ComissãoExecutiva do BCE.

Eurostat (Eurostat): Instituto de Estatística das Comunidades Europeias. O Eurostat faz parte daComissão Europeia (Comissão das Comunidades Europeias) e é responsável pelaprodução das estatísticas comunitárias.

Facilidade permanente (standing facility): facilidade do banco central à qual as contrapartestêm acesso por sua própria iniciativa. O Eurosistema disponibiliza duas facilidades permanentespelo prazo overnight: a facilidade permanente de cedência de liquidez e a facilidadepermanente de depósito.

Facilidade permanente de cedência de liquidez (marginal lending facility): facilidadepermanente do Eurosistema que as contrapartes podem utilizar para receber crédito peloprazo overnight de um banco central nacional a uma taxa de juro fixada antecipadamente contraactivos elegíveis (ver taxas de juro directoras do BCE).

Facilidade permanente de depósito (deposit facility): facilidade permanente doEurosistema que as contrapartes podem utilizar para efectuar depósitos à ordem num bancocentral nacional, remunerados a uma taxa de juro fixada antecipadamente (ver taxas de jurodirectoras do BCE).

Famílias (households): um dos sectores institucionais do Sistema Europeu de Contas 1995(SEC 95). O sector das famílias compreende os indivíduos ou grupos de indivíduos, quer na suafunção de consumidores, quer na sua eventual função de empresários (isto é, empresas individuaise sociedades). As instituições sem fim lucrativo ao serviço das famílias são um sector institucionaldistinto de acordo com o SEC 95, embora em estatísticas sejam frequentemente agrupados com asfamílias.

Financiamento da dívida dos sectores não financeiros da área do euro (debt financingof the euro area non-financial sectors): inclui o financiamento da dívida das famílias,sociedades não financeiras e administrações públicas. Pode assumir as seguintes formas:empréstimos concedidos por instituições financeiras monetárias (IFM) e outras sociedadesfinanceiras da área do euro; títulos de dívida emitidos por sociedades não financeiras e

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administrações públicas; reservas de fundos de pensões de sociedades não financeiras; edepósitos no passivo da administração central. Não se encontram incluídos empréstimosconcedidos pelas administrações públicas, sociedades não financeiras ou bancos residentes fora daárea do euro, derivados financeiros, acções, outras participações e outras contas a pagar. Numabase anual, pode calcular-se uma medida mais geral deste financiamento da dívida que tambéminclua empréstimos concedidos pelos sectores não financeiros e por bancos residentes fora da áreado euro.

Fundo do mercado monetário (money market fund): empresa de investimento colectivo queinveste primordialmente em instrumentos do mercado monetário e/ou outros instrumentos dedívida transferíveis com prazo residual até um ano, e/ou que prossegue uma taxa de rendimentoque se aproxima das taxas de juro dos instrumentos do mercado monetário.

Garantias (collateral): activos usados (por exemplo, por instituições de crédito em bancoscentrais) como caução de reembolso em empréstimos, bem como activos vendidos (por exemplo,aos bancos centrais por instituições de crédito) enquanto parte de operações de reporte.

Grupo de Alto Nível de Especialistas em Legislação Empresarial (High Level Group ofCompany Law Experts): estabelecido pela Comissão Europeia (Comissão dasComunidades Europeias) em Setembro de 2001, para formular recomendações numenquadramento regulamentar moderno para a legislação empresarial na União Europeia. EmJaneiro de 2002, o Grupo produziu um relatório que abordou questões relacionadas com aDirectiva sobre Tomadas de Participação. Em Abril de 2002, o mandato do Grupo foi alargado demodo a tratar especificamente diversas questões relacionadas com gestão de empresas.

Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) (Harmonised Index of ConsumerPrices (HICP)): medida de preços utilizada pelo Conselho do BCE para a avaliação daestabilidade de preços. O IHPC foi desenvolvido pela Comissão Europeia (Comissão dasComunidades Europeias) (Eurostat), em estreita colaboração com os institutos nacionais deestatística e o Instituto Monetário Europeu (IME), e posteriormente o Banco CentralEuropeu (BCE), para cumprir o requisito do Tratado relativo a um índice de preços noconsumidor construído numa base comparável, tomando em consideração diferenças nasdefinições nacionais.

Índice Nikkei 225 (Nikkei 225 index): índice das 225 empresas japonesas com as notações maiselevadas cotadas na Primeira Secção da Bolsa de Valores de Tóquio. Este é um índice ponderadoao valor de mercado (isto é, cada cotação de acções é multiplicada pelo número de acções emcirculação), sendo assim o peso de cada acção no índice proporcional ao seu valor de mercado.

Índice Standard & Poor’s 500 (Standard & Poor’s 500 index): a Standard & Poor’s publicadiversos índices, que medem a evolução no mercado bolsista dos Estados Unidos. O índiceStandard & Poor’s 500 é um membro desta família de índices, sendo constituído por 500 acçõesescolhidas com base na dimensão do mercado, liquidez e representatividade do grupo no sector.É um índice ponderado ao valor de mercado (isto é, cada cotação de acções é multiplicada pelonúmero de acções em circulação), sendo assim o peso de cada acção no índice proporcional ao seuvalor de mercado.

Instituição de crédito (credit institution): instituição abrangida pela definição contida no n.º 1do artigo 1.º da Directiva 2000/12/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de Marçode 2000, relativa ao acesso à actividade das instituições de crédito e ao seu exercício, alterada pelaDirectiva 2000/28/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 18 de Setembro de 2000.

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Por conseguinte, uma instituição de crédito é: (i) uma empresa cuja actividade principal consiste emreceber do público depósitos ou outros fundos reembolsáveis e em conceder crédito por suaprópria conta; ou (ii) uma empresa ou qualquer outra pessoa colectiva, que não as incluídas em(i), que emita meios de pagamento sob a forma de moeda electrónica. “Moeda electrónica” significavalor monetário, representado por um crédito sobre o emitente, que é: (a) armazenado numsuporte electrónico; (b) emitido mediante a recepção de fundos de um montante não inferior aovalor monetário emitido; e (c) aceite como meio de pagamento por empresas que não o emitente.

Instituições financeiras monetárias (IFM) (monetary financial institutions (MFIs)):instituições financeiras que constituem o sector emitente de moeda da área do euro. Incluem oEurosistema, instituições de crédito residentes (segundo a definição do Direito Comunitário)e todas as outras instituições financeiras residentes cuja actividade consiste em receber depósitose/ou substitutos próximos de depósitos de entidades, excepto IFM, e que, por sua própria conta(pelo menos em termos económicos), concedem crédito e/ou efectuam investimentos em valoresmobiliários. O último grupo é predominantemente constituído por fundos do mercadomonetário. No final de 2002, existiam 8 545 IFM na área do euro (13 bancos centrais nacionais,6 907 instituições de crédito, 1 620 fundos do mercado monetário e 5 outras instituiçõesfinanceiras).

Instituto Monetário Europeu (IME) (European Monetary Institute (EMI)): instituiçãotemporária criada no início da Segunda Fase da União Económica e Monetária (UEM) a 1 deJaneiro de 1994. As duas principais funções do IME foram fortalecer a cooperação entre os bancoscentrais e a coordenação da política monetária, e tratar dos preparativos necessários à criação doSistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC) para a condução da política monetária única epara a criação de uma moeda única na Terceira Fase. O IME entrou em liquidação com a criação doBanco Central Europeu (BCE) em 1 de Junho de 1998.

Leilão normal (standard tender): leilão utilizado pelo Eurosistema nas suas operações demercado aberto de carácter regular. Os leilões normais são efectuados num prazo de 24 horas.Todas as contrapartes que cumpram os critérios gerais de elegibilidade têm direito a apresentarpropostas.

Leilão rápido (quick tender): leilão utilizado pelo Eurosistema nas operações ocasionais deregularização. Os leilões rápidos são executados no período de uma hora e neles pode participarum conjunto limitado de contrapartes.

Ligação entre os sistemas de liquidação de títulos (link between securities settlementsystems): procedimentos e acordos existentes entre sistemas de liquidação de títulos (SLT)destinados à transferência de títulos, através de um processo escritural. Em alternativa ao MBCC,o Eurosistema utiliza ligações elegíveis para a mobilização transfronteiras de garantias.

M1, M2, M3 (M1, M2, M3): ver agregados monetários.

Máquina de depósito, escolha e levantamento (cash-recycling machine): unidade isoladaoperada pelo cliente, que tem capacidade para receber, processar e redistribuir notas, ou seja,disponibiliza as funções de levantamento de numerário de um caixa automático normal, juntamentecom uma função de depósito de notas.

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Margem de avaliação (valuation haircut): medida de controlo de risco aplicada aos activos degarantia utilizados em operações reversíveis, na qual o banco central calcula o valor dos activosde garantia como o seu valor de mercado reduzido de uma certa percentagem (haircut).O Eurosistema aplica margens de avaliação que reflectem características dos activos específicos,como por exemplo, o seu prazo residual.

Mecanismo de interligação (interlinking mechanism): um dos componentes do sistemaTARGET. O termo é utilizado para designar as infra-estruturas e práticas utilizadas nas ligaçõesentre os SLBTR nacionais de forma a permitir o processamento de pagamentos transfronteirasatravés do TARGET.

Mecanismo de Restruturação da Dívida Soberana (Sovereign Debt RestructuringMechanism (SDRM)): iniciativa do FMI para o estabelecimento de um enquadramento estatutáriopara a restruturação de dívida soberana externa. O Mecanismo facilitará acordos atempados eabrangentes entre devedores e credores em casos de envididamento grave.

Mercado de títulos (equity market): mercado no qual se emitem e transaccionam percentagensde propriedade de empresas. Uma diferença importante entre título e dívida reside no facto de nãohaver obrigatoriedade de reembolso do primeiro pelo emitente.

Mercado monetário (money market): mercado no qual fundos de curto prazo são captados,investidos e transaccionados utilizando instrumentos com prazo original geralmente até um ano.

Mercado obrigacionista (bond market): mercado no qual os títulos de dívida de mais longoprazo, isto é, os títulos de dívida com prazo original superior a um ano, são emitidos etransaccionados.

Modelo de banco central correspondente (MBCC) (correspondent central bankingmodel (CCBM)): mecanismo estabelecido pelo Sistema Europeu de Bancos Centrais(SEBC), com o objectivo de permitir que as contrapartes obtenham crédito do banco centraldo país em que se encontram baseadas utilizando garantias detidas noutro país. No MBCC, umbanco central nacional (BCN) actua como depositário pelos outros BCN, no que respeita a títulosdetidos no seu sistema de liquidação de títulos (SLT) doméstico.

Moeda electrónica (electronic money (e-money)): armazenagem por meio electrónico de umvalor monetário num suporte técnico, que pode ser amplamente utilizado como um instrumentopré-pago do portador para efectuar pagamentos a entidades, à excepção do emitente, semenvolver necessariamente nessa transacção contas bancárias (ver também cartão pré-pago commúltiplas finalidades).

MTC II (mecanismo de taxas de câmbio II) (ERM II (exchange rate mechanism II)):acordo de taxas de câmbio que constitui o quadro para a cooperação de política cambial entre ospaíses da área do euro e os Estados-Membros da UE não participantes na área do euro desde oinício da Terceira Fase da União Económica e Monetária (UEM). A adesão ao mecanismo évoluntária. No entanto, espera-se que os Estados-Membros que beneficiam de uma derrogaçãovenham a aderir ao mecanismo. Actualmente, a coroa dinamarquesa participa no MTC II com umabanda de flutuação relativamente à sua taxa central face ao euro de ±2.25%. A intervenção e ofinanciamento cambiais nas margens das bandas de flutuação normais ou mais estreitas são, emprincípio, automáticos e ilimitados, com financiamento de muito curto prazo disponível. O BancoCentral Europeu (BCE) e os bancos centrais nacionais participantes não pertencentes à área doeuro poderão, no entanto, suspender a intervenção automática, caso tal entre em conflito com oseu objectivo primordial de manutenção da estabilidade de preços.

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Muralha da China (Chinese wall): conjunto de regras e procedimentos estabelecido para evitarque a informação privilegiada, com origem, por exemplo, em áreas responsáveis pela execução dapolítica monetária, atinja as áreas responsáveis pela gestão de carteira. Pretende evitar qualquerutilização abusiva de informação privilegiada, ou qualquer situação passível de conduzir à suspeitadesta utilização abusiva, justificada ou não.

Normas Internacionais de Contabilidade (International Accounting Standards (IAS)):demonstrações emitidas pelo Comité de Normas Internacionais de Contabilidade (IASB).São padrões globais aplicáveis relativos à prestação de informação transparente e comparável emdemonstrações financeiras para fins gerais. Em Abril de 2001, o IASB anunciou que, no futuro, assuas normas de contabilidade seriam designadas por Normas Internacionais de ReporteFinanceiro (IFRS).

Normas Internacionais de Reporte Financeiro (International Financial ReportingStandards (IFRS)): ver Normas Internacionais de Contabilidade (IAS).

Obrigação não garantida (uncovered bond): obrigação garantida apenas pela integridade domutuário e não por garantias.

Observatório dos Sistemas de Pagamentos Electrónicos (Electronic Payment SystemsObservatory (ePSO)): infra-estrutura aberta de intercâmbio de informação sobre pagamentoselectrónicos, cujo objectivo é fomentar uma troca de ideias entre os participantes no mercado eservir de fonte de informação. O ePSO começou por ser uma iniciativa da Comissão Europeia, masdesde o início de 2003 que é gerido pelo BCE. Pode aceder-se à página do ePSO na Internet emwww.e-pso.info.

Opção (option): uma opção é um instrumento financeiro que confere ao seu detentor o direito,mas não a obrigação, de comprar ou vender um determinado activo subjacente (por exemplo, umaobrigação ou uma acção) a um preço pré-determinado (preço de exercício) até ou numa certa datafutura (data de exercício ou de vencimento). Uma opção de compra confere ao detentor o direitode adquirir o activo subjacente a um determinado preço de exercício, enquanto uma opção devenda confere ao detentor o direito de o vender a um determinado preço de exercício.

Operação de mercado aberto (open market operation): operação executada nos mercadosfinanceiros por iniciativa do banco central, envolvendo uma das seguintes transacções: (i) compraou venda definitiva de activos (à vista ou a prazo); (ii) compra ou venda de activos através de umacordo de reporte; (iii) operações activas ou passivas garantidas por activos subjacentes(garantias); (iv) emissão de certificados de dívida do banco central; (v) constituição de depósitos aprazo; ou (vi) swaps cambiais entre moedas nacionais e estrangeiras.

Operação de refinanciamento de prazo alargado (longer-term refinancing operation):operação de mercado aberto de carácter regular executada pelo Eurosistema sob a formade operação reversível. As operações de refinanciamento de prazo alargado são realizadasatravés de leilões normais com uma frequência mensal e com um prazo de três meses.

Operação de reporte (repurchase operation (repo)): operação reversível de cedência deliquidez baseada num acordo de reporte.

Operação ocasional de regularização (fine-tuning operation): operação de mercadoaberto, de carácter não regular, executada pelo Eurosistema especialmente para resolversituações de flutuação inesperada de liquidez no mercado.

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Operação principal de refinanciamento (main refinancing operation): operação demercado aberto de carácter regular executada pelo Eurosistema sob a forma de operaçãoreversível. As operações principais de refinanciamento são realizadas através de leilões normaiscom uma frequência semanal e normalmente com o prazo de duas semanas.

Operação reversível (reverse transaction): operação através da qual o banco central compraou vende activos ao abrigo de um acordo de reporte, ou conduz operações de crédito comgarantia.

Outras contas a pagar (other accounts payable): responsabilidades financeiras criadas comocontrapartida de uma transacção financeira ou não financeira quando existe um desfasamentotemporal entre esta transacção e o pagamento correspondente.

Pacto de Estabilidade e Crescimento (Stability and Growth Pact): é constituído por doisRegulamentos do Conselho da UE relativos: (i) ao reforço da supervisão das posiçõesorçamentais e à supervisão e coordenação das políticas económicas e (ii) à aceleração e clarificaçãoda aplicação do procedimento relativo aos défices excessivos e numa Resolução doConselho Europeu relativa ao Pacto de Estabilidade e Crescimento, adoptada na cimeira deAmsterdão a 17 de Junho de 1997. Pretende-se que o Pacto sirva como meio de salvaguardar asolidez das finanças públicas na Terceira Fase da União Económica e Monetária (UEM), deforma a reforçar as condições para a estabilidade de preços e para um crescimento forte esustentável conducente à criação de emprego. Mais precisamente, as posições orçamentaispróximo do equilíbrio ou excedentárias são exigidas como o objectivo a médio prazo quepermitirá aos Estados-Membros enfrentar as flutuações cíclicas normais, mantendosimultaneamente o défice público abaixo do valor de referência de 3% do PIB. De acordo com oPacto de Estabilidade e Crescimento, os países participantes na UEM apresentam programas deestabilidade, enquanto os países não participantes continuam a apresentar programas deconvergência.

Pagamentos de grande montante (large-value payments): pagamentos de montantesgeralmente muito elevados, efectuados principalmente entre bancos ou entre participantes nosmercados financeiros, e que normalmente requerem uma liquidação urgente e atempada.

Países em vias de adesão (accession countries): existem actualmente 13 países na EuropaCentral e de Leste e no Mediterrâneo reconhecidos pelo Conselho Europeu como candidatos àadesão à União Europeia (UE). Os dez países que se seguem foram convidados a participar na UE a1 de Maio de 2004, após a assinatura e subsequente ratificação do Tratado de Adesão: RepúblicaCheca, Estónia, Chipre, Letónia, Lituânia, Hungria, Malta, Polónia, Eslovénia e Eslováquia. Outrosdois países, Bulgária e Roménia, entraram já em negociações de adesão, prevendo-se que entremna UE em 2007. A Turquia também é um candidato oficial à adesão, estando incluída no DiálogoEconómico com a UE, mas ainda não deu início às negociações de adesão. Quando há referênciaaos países em vias de adesão neste Relatório Anual, esta diz respeito aos 12 países com os quais asnegociações para adesão à UE estão concluídas ou ainda a decorrer.

Parlamento Europeu (European Parliament): é composto por 626 representantes doscidadãos dos Estados-Membros. Faz parte do processo legislativo, embora dispondo deprerrogativas diferentes consoante os procedimentos através dos quais a legislação da UE épromulgada. No contexto da União Económica e Monetária (UEM), o Parlamento dispõeprincipalmente de poderes consultivos. No entanto, o Tratado estabelece determinadosprocedimentos relativamente à responsabilização democrática do Banco Central Europeu(BCE) perante o Parlamento (apresentação do Relatório Anual, debates gerais sobre políticamonetária e testemunhos perante os comités parlamentares competentes).

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Período de manutenção (maintenance period): período durante o qual se calcula ocumprimento das reservas mínimas por parte das instituições de crédito. O período demanutenção de reservas mínimas do Eurosistema é de um mês, tendo início no dia 24 de cadamês e terminando no dia 23 do mês seguinte.

Posição de investimento internacional (p.i.i.) (ou posição activa e passiva sobre oexterior) (international investment position (i.i.p.) (or external asset or liability position)):valor e composição do stock de créditos financeiros ou responsabilidades financeiras de umaeconomia em relação ao resto do mundo. Actualmente, a p.i.i. da área do euro é compilada numabase líquida, com base em dados nacionais agregados.

Procedimento relativo aos défices excessivos (excessive deficit procedure): a disposiçãodefinida no artigo 104.º do Tratado e especificada no Protocolo N.º 20 sobre o procedimentorelativo aos défices excessivos exige aos Estados-Membros da UE que mantenham a disciplinaorçamental, define critérios segundo os quais se considera que uma posição orçamental está emdéfice excessivo e regula os passos a dar após a constatação de que os requisitos para o saldoorçamental ou a dívida pública não foram cumpridos. Tudo isto é complementado por umRegulamento do Conselho da UE relativo à aceleração e clarificação da aplicação doprocedimento relativo aos défices excessivos, uma das partes constituintes do Pacto deEstabilidade e Crescimento.

Programas de convergência (convergence programmes): ver programas de estabilidade.

Programas de estabilidade (stability programmes): planos governamentais a médio prazo ehipóteses fornecidas por países da área do euro no que respeita à evolução das variáveiseconómicas fundamentais para o cumprimento do objectivo a médio prazo de uma posiçãoorçamental próximo do equilíbrio ou excedentária, tal como é referido no Pacto deEstabilidade e Crescimento. São salientadas medidas para consolidar os saldos orçamentais eos cenários económicos subjacentes. Os programas de estabilidade deverão ser actualizadosanualmente. São examinados pela Comissão Europeia (Comissão das ComunidadesEuropeias) e pelo Comité Económico e Financeiro (CEF), cujos relatórios servem de base àavaliação pelo Conselho ECOFIN, realçando, em particular, o facto de o objectivo orçamental amédio prazo no programa estar ou não de acordo com uma posição orçamental próximo doequilíbrio ou excedentária, dando uma margem de segurança adequada por forma a evitar umdéfice excessivo. Os países não participantes na área do euro deverão apresentar programas deconvergência anuais, de acordo com o disposto no Pacto de Estabilidade e Crescimento.

Projecções (projections): resultados dos exercícios elaborados por especialistas doEurosistema no sentido de projectar a possível evolução macroeconómica futura da área doeuro. As projecções da área do euro são obtidas de um modo consistente com as projecções decada país. As projecções, publicadas duas vezes por ano, são parte integrante do segundo pilar daestratégia de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) e um dos várioselementos considerados pelo Conselho do BCE para a avaliação dos riscos para a estabilidadede preços.

Rácio da dívida (debt ratio): objecto de um dos critérios orçamentais utilizados para definir aexistência de um défice excessivo, estabelecido no n.º 2 do artigo 104.º do Tratado. É definidocomo a relação entre a dívida pública e o produto interno bruto a preços correntes de mercado,enquanto a dívida pública se encontra definida no Protocolo N.º 20 (sobre o procedimentorelativo aos défices excessivos) como a dívida bruta total ao valor nominal, existente no finaldo exercício, e consolidada entre e pelos diferentes sectores das administrações públicas.

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Rácio de reserva (reserve ratio): rácio definido pelo banco central para cada categoria derubricas do balanço incluídas na base de incidência. Os rácios são utilizados para calcular asreservas mínimas.

Rácio do défice (deficit ratio): objecto de um dos critérios orçamentais utilizados para definir aexistência de um défice excessivo, estabelecido no n.º 2 do artigo 104.º do Tratado. É definidocomo a relação entre o défice orçamental programado ou verificado e o produto interno bruto apreços correntes de mercado, enquanto o défice orçamental é definido no Protocolo N.º 20(sobre o procedimento relativo aos défices excessivos) como empréstimos líquidoscontraídos pelas administrações públicas.

Referencial (benchmark): relativamente a investimentos, um referencial é uma carteira ou índicede referência construído com base nos objectivos de liquidez e risco, bem como de remuneraçãodos investimentos. O referencial serve de base de comparação do desempenho da carteiraefectiva. No contexto da gestão das reservas cambiais do Banco Central Europeu (BCE), oreferencial estratégico é uma carteira de referência que reflecte as preferências de longo prazo derisco/rendimento do BCE. As suas características são alteradas apenas em circunstânciasexcepcionais. O referencial táctico reflecte as preferências de risco/rendimento do BCE com umhorizonte temporal de alguns meses, com base nas condições de mercado prevalecentes, sendorevisto numa base mensal.

Relatórios sobre o Cumprimento de Padrões e Códigos (Reports on the Observance ofStandards and Codes (ROSCs)): nestes relatórios, o FMI e o Banco Mundial avaliam até queponto um país-membro cumpre os padrões e códigos internacionalmente aceites, em 12 áreas:divulgação de dados, transparência orçamental, transparência das políticas monetária e financeira,supervisão bancária, títulos, seguros, sistemas de pagamentos, gestão de empresas, contabilidade,auditoria, falência e direitos de credores, e medidas contra o branqueamento de capitais e ofinanciamento do terrorismo. Os ROSC são preparados e publicados a pedido do país-membro doFMI.

Rendimento monetário (monetary income): rendimento que resulta para os bancos centraisnacionais no desempenho da função de política monetária do Eurosistema, proveniente deactivos consignados em conformidade com as orientações estabelecidas pelo Conselho do BCEe detido em contrapartida de notas em circulação e de depósitos no passivo de instituições decrédito.

Reserva mínima (reserve requirement): obrigação de as instituições de crédito constituíremreservas mínimas no banco central. No regime de reservas mínimas do Eurosistema, as reservasmínimas de uma instituição de crédito são calculadas multiplicando o rácio de reserva, definidopara cada categoria de rubricas na base de incidência, pelo montante dessas rubricas constantedo balanço da instituição. Além disso, as instituições podem efectuar uma dedução fixa àsrespectivas reservas mínimas.

Reservas de fundos de pensões de sociedades não financeiras (pension fund reserves ofnon-financial corporations): provisões ou fundos semelhantes constituídos por sociedades nãofinanceiras para pagar as pensões dos respectivos empregados (os chamados fundos de pensõesnão autónomos).

Reservas internacionais do Eurosistema (Eurosystem’s international reserves):constituídas pelos activos de reserva do Banco Central Europeu (BCE) e os activos de reservadetidos pelos bancos centrais nacionais (BCN) dos países da área do euro. Os activos de reserva

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devem estar sob o controlo efectivo da respectiva autoridade monetária, quer seja o BCE ou oBCN de um dos países da área do euro, e incluir activos denominados em moeda estrangeira(excepto o euro) credíveis, negociáveis e altamente líquidos sobre não residentes na área do euro,mais ouro, direitos de saque especiais e posições de reserva no Fundo Monetário Internacional dosBCN da área do euro.

Responsabilidades financeiras a mais longo prazo do sector das IFM da área do euro(longer-term financial liabilities of the euro area MFI sector): estas responsabilidades nãomonetárias incluem depósitos a prazo superior a dois anos, depósitos com pré-avisosuperior a três meses, títulos de dívida com prazo original superior a dois anos, e o capital ereservas do sector das instituições financeiras monetárias (IFM) da área do euro.

Risco de liquidação (settlement risk): expressão de carácter geral utilizada para designar o riscode uma liquidação num sistema de transferência não se realizar da forma esperada. Este risco podeincluir tanto o risco de crédito como o de liquidez.

Saldo primário (primary balance): crédito líquido ou endividamento líquido dasadministrações públicas, excluindo os pagamentos de juros sobre os seus passivosconsolidados.

Sistema de liquidação de títulos (SLT) (securities settlement system (SSS)): sistema quepermite a detenção e transferência de títulos ou outros activos financeiros, utilizandoprocedimentos de entrega sem pagamento ou de entrega contra pagamento.

Sistema de liquidação pelos valores líquidos (SLVL) (net settlement system (NSS)):sistema de transferência de fundos, cujas operações de liquidação são efectuadas numa baselíquida bilateral ou multilateral.

Sistema de transferência de fundos (STF) (funds transfer system (FTS)): acordo formal,tendo por base um contrato privado ou diploma legal, com vários participantes, regras comuns eacordos normalizados, com vista à transmissão e liquidação de compromissos monetáriosassumidos entre os respectivos membros.

Sistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC) (European System of Central Banks(ESCB)): é constituído pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelos bancos centrais nacionais(BCN) dos 15 Estados-Membros, ou seja, inclui, para além dos membros do Eurosistema, osBCN dos Estados-Membros que ainda não adoptaram o euro. O SEBC é governado peloConselho do BCE e pela Comissão Executiva do BCE, e, enquanto terceiro órgão de decisãodo BCE, pelo Conselho Geral.

Sistema Europeu de Contas 1995 (SEC 95) (European System of Accounts 1995(ESA 95)): sistema de definições e classificações estatísticas uniformes, cujo objectivo consiste ematingir uma descrição quantitativa harmonizada das economias dos Estados-Membros. O SEC 95 éa versão comunitária do Sistema de Contas Nacionais mundial de 1993 (SCN 93). O SEC 95 é umanova versão do sistema europeu, cuja adopção teve início em 1999, em conformidade com oRegulamento N.º 2223/96 do Conselho (CE).

Sistema interbancário de transferência de fundos (SITF) (interbank funds transfersystem (IFTS)): sistema de transferência de fundos cujos participantes directos são na suamaioria (ou na sua totalidade) instituições de crédito.

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SLBTR (sistema de liquidação por bruto em tempo real) (RTGS (real-time grosssettlement) system): sistema de liquidação no qual o processamento e a liquidação são efectuadospor ordem de chegada (sem compensação) em tempo real (em contínuo). Ver também TARGET.

Sociedades não financeiras (non-financial corporations): um dos sectores institucionais doSistema Europeu de Contas 1995 (SEC 95). Este sector agrupa as unidades institucionaiscujas operações de distribuição e financeiras são distintas das dos seus proprietários. Associedades não financeiras abrangem o conjunto de entidades dotadas de personalidade jurídicaque são produtores mercantis e cuja actividade principal consiste em produzir bens e serviços nãofinanceiros.

Swap cambial (foreign exchange swap): duas transacções simultâneas à vista e a prazo de umamoeda contra outra. O Eurosistema poderá executar operações de mercado aberto sob aforma de swaps cambiais, nas quais os bancos centrais nacionais (ou o Banco Central Europeu(BCE)) compram ou vendem à vista (spot) um dado montante de euros contra uma moedaestrangeira e, simultaneamente, vendem ou compram aquele montante contra a moeda estrangeiraem data-valor futura fixada (forward).

TARGET (Sistema de Transferências Automáticas Transeuropeias de Liquidaçõespelos Valores Brutos em Tempo Real) (TARGET (Trans-European Automated Real-timeGross settlement Express Transfer system)): o SLBTR para o euro. Sistema descentralizadocomposto por 15 SLBTR nacionais e o mecanismo de pagamentos do Banco Central Europeu(BCE). Estes estão ligados entre si por procedimentos comuns (ver mecanismo deinterligação) para permitir que o processamento de pagamentos transfronteiras em toda a UniãoEuropeia passe de um sistema para outro.

TARGET2 (TARGET2): segunda geração do sistema TARGET que será desenvolvida com vistaa aumentar a integração financeira na área do euro. Os principais objectivos do TARGET2 serão(i) corresponder de melhor forma às necessidades dos consumidores disponibilizando um nível deserviços bastante mais harmonizado, (ii) garantir a eficiência de custos e (iii) estar preparado parauma rápida adaptação aos desenvolvimentos futuros, incluindo o alargamento da União Europeia edo Eurosistema. No TARGET2, os BCN continuarão responsáveis pelas contas e pelas relaçõesoperacionais com as instituições de crédito.

Taxa central do euro (euro central rate): taxa de câmbio oficial das moedas dos membros doMTC II em relação ao euro, em torno da qual as margens de flutuação do MTC II são definidas.

Taxa de swap de EONIA (EONIA swap rate): um swap de EONIA é um acordo entre duaspartes no qual se procede a uma troca entre um conjunto de pagamentos variáveis indexados àEONIA e um conjunto de pagamentos a uma taxa fixa ao longo de um período de tempo acordado.A taxa de juro da perna fixa deste tipo de swap é referida como a taxa de swap de EONIA ereflecte o nível médio esperado da EONIA ao longo do prazo de vencimento do swap. Os swaps deEONIA têm prazos de vencimento entre uma e três semanas e entre um e 12 meses, sendotransaccionados ao balcão, bilateralmente, no mercado monetário.

Taxa mínima de proposta (minimum bid rate): limite mínimo das taxas de juro às quais ascontrapartes podem apresentar propostas nos leilões de taxa variável das operaçõesprincipais de refinanciamento. Enquanto taxa de juro directora do BCE, desempenhaactualmente, o papel que era anteriormente da taxa dos leilões de taxa fixa.

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Taxas de câmbio efectivas – TCE (nominais/reais) (effective (nominal/real) exchangerates (EERs)): as TCE nominais consistem numa média geométrica ponderada de várias taxas decâmbio bilaterais. As TCE reais são TCE nominais deflacionadas por uma média ponderada depreços ou custos externos em relação aos internos. Constituem, pois, medidas da competitividadedos preços e dos custos. O Banco Central Europeu (BCE) calcula índices da TCE nominal parao euro face às moedas de um grupo restrito ou alargado de parceiros comerciais da área doeuro. A partir de Janeiro de 2001, o grupo restrito é composto por 12 países parceiros industriaise novos países parceiros industrializados, enquanto o grupo alargado é composto por 38 parceiroscomerciais incluindo economias dos mercados emergentes e economias em transição. Os índicesda TCE real para a área do euro são calculados utilizando medidas alternativas de preços e decustos.

Taxas de juro da banca a retalho (retail bank interest rates): ver taxas de juro das IFM.

Taxas de juro das IFM (MFI interest rates): as taxas de juro aplicadas por instituições decrédito residentes e por outras instituições a depósitos e empréstimos denominados em eurosface às famílias e às sociedades não financeiras residentes em países da área do euro. Os requisitospara as estatísticas das taxas de juro das IFM encontram-se estabelecidos no RegulamentoBCE/2001/18 de 20 de Dezembro de 2001. As estatísticas não harmonizadas produzidas de acordocom uma abordagem de curto prazo, utilizando estatísticas de taxas de juro a retalho nacionais jáexistentes são referidas como taxas de juro da banca a retalho.

Taxas de juro directoras do BCE (key ECB interest rates): taxas de juro que reflectem aorientação da política monetária do Banco Central Europeu (BCE), fixadas pelo Conselho doBCE. Actualmente, as taxas de juro directoras do BCE são a taxa mínima de proposta dasoperações principais de refinanciamento, a taxa de juro da facilidade permanente decedência de liquidez e a taxa de juro da facilidade permanente de depósito.

Testes de esforço (stress testing): análise do desempenho possível de uma estratégia deinvestimento caso se assumissem alguns pressupostos relativos a variações negativas de factores derisco relevantes (por exemplo, maior volatilidade e correlação entre instrumentos de carteira).

Testes retrospectivos (back testing): análise do desempenho possível de uma estratégia deinvestimento caso um investidor a tivesse utilizado ao longo de um determinado período de tempono passado.

Títulos de dívida (debt securities): estes títulos representam uma promessa por parte doemitente (mutuário) de efectuar um ou mais pagamento(s) ao detentor (mutuante) numa data oudatas futura(s) específica(s). Estes títulos implicam normalmente uma taxa de juro específica(cupão), sendo, de outra forma, vendidos a desconto ao montante que será reembolsado na datade vencimento. O rendimento do detentor proveniente dos títulos de dívida consiste, porconseguinte, em quaisquer pagamentos de cupão recebidos juntamente com a diferença entre opreço de compra da obrigação e o respectivo valor de mercado na venda ou à data de vencimento.Estes títulos são negociáveis e podem ser transaccionados em mercados secundários, mas nãoconferem ao detentor quaisquer direitos de propriedade na unidade emitente. Títulos do mercadomonetário e, em princípio, colocações privadas são incluídos nas estatísticas de títulos de dívida doBanco Central Europeu (BCE).

Transacção definitiva (outright transaction): transacção através da qual são comprados ouvendidos activos até à sua data de vencimento (à vista ou a prazo).

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Tratado (Treaty): refere-se ao Tratado que institui a Comunidade Europeia. O Tratado foiassinado em Roma a 25 de Março de 1957 e entrou em vigor a 1 de Janeiro de 1958. Instituiu aComunidade Económica Europeia (CEE), que é actualmente a Comunidade Europeia (CE), sendogeralmente referido como “Tratado de Roma”. O Tratado da União Europeia (frequentementereferido como “Tratado de Maastricht”) foi assinado a 7 de Fevereiro de 1992, entrando em vigora 1 de Novembro de 1993. O Tratado da União Europeia introduziu alterações ao Tratado queinstitui a Comunidade Europeia, e instituiu a União Europeia. O “Tratado de Amsterdão”, assinadoem Amsterdão a 2 de Outubro de 1997, entrando em vigor em 1 de Maio de 1999, e, maisrecentemente, o “Tratado de Nice”, assinado em 26 de Fevereiro de 2001, entrando em vigor em1 de Fevereiro de 2003, introduziram alterações quer ao Tratado que institui a ComunidadeEuropeia, quer ao Tratado da União Europeia.

UCITS (Entidades de Investimento Colectivo em Valores Mobiliários) (UCITS):entidades cujo único objecto é o investimento colectivo em valores mobiliários de capital captadodo público e cujas unidades são, a pedido dos detentores, objecto de recompra ou amortizacão apartir dos activos.

UEM (EMU): ver União Económica e Monetária.

UMTS (Sistema Universal de Telecomunicações Móveis) (UMTS (Universal MobileTelecommunications System)): sistema de telecomunicações móveis de “terceira geração”. Aslicenças para frequências de telecomunicações móveis são vendidas ou atribuídas por governos daUnião Europeia a empresas de telecomunicações.

União Económica e Monetária (UEM) (Economic and Monetary Union (EMU)):o Tratado descreve o processo para alcançar a UEM na União Europeia (UE) em três fases.A Primeira Fase da UEM, iniciada em Julho de 1990 e terminada a 31 de Dezembro de 1993, foicaracterizada principalmente pela total liberalização dos movimentos de capitais na UE. A SegundaFase da UEM, iniciada a 1 de Janeiro de 1994, originou, nomeadamente, a criação do InstitutoMonetário Europeu (IME), a proibição do financiamento do sector público pelos bancoscentrais e do acesso privilegiado do sector público às instituições financeiras, e ainda a prevençãode défices excessivos. A Terceira Fase teve início a 1 de Janeiro de 1999, com a transferência dacompetência monetária para o Banco Central Europeu (BCE) e a introdução do euro.A transição para o euro fiduciário a 1 de Janeiro de 2002 concluiu o estabelecimento da UEM.

Valor de referência para a situação orçamental (reference value for the fiscal position):o Protocolo N.º 20 do Tratado sobre o procedimento relativo aos défices excessivosestabelece valores de referência explícitos para o rácio do défice orçamental (3% do PIB) e parao rácio da dívida (60% do PIB) (ver também Pacto de Estabilidade e Crescimento).

Valor de referência para o crescimento monetário (reference value for monetarygrowth): o Conselho do BCE atribui à moeda um papel proeminente na condução da políticamonetária única, implicando a análise pormenorizada dos agregados monetários e das suascontrapartidas, no que respeita ao seu conteúdo informativo sobre a evolução futura dos preços.Tal é assinalado através do anúncio de um valor de referência para a taxa de crescimento doagregado monetário M3. O valor de referência é calculado de forma consistente, servindo paraalcançar a definição de estabilidade de preços do Conselho do BCE, com base empressupostos a médio prazo relativos à tendência de crescimento do PIB real e à tendência davelocidade de circulação do M3. Desvios substanciais ou prolongados do crescimento do M3 emrelação ao valor de referência assinalam, em circunstâncias normais, riscos para a estabilidade depreços a médio prazo. No entanto, o conceito de valor de referência não implica um compromisso

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por parte do Conselho do BCE de corrigir de forma mecânica desvios no crescimento do M3 emrelação ao valor de referência.

Valor em Risco (Value at Risk (VaR)): medida de risco de uma perda máxima de carteiradurante um período de tempo específico a um determinado nível de probabilidade.

Volatilidade implícita das taxas de juro (implied interest rate volatility): medida davolatilidade esperada das taxas de juro de curto e de longo prazo no futuro, a qual pode ser obtidaatravés dos preços das opções. Dado o preço de mercado observado de uma opção de taxas dejuro, a volatilidade implícita pode ser obtida utilizando uma fórmula de fixação de preços de opçõespadrão que depende explicitamente, entre outros factores, da volatilidade esperada do preço dosactivos subjacentes durante o período até ao vencimento da opção. Os activos subjacentes podemser contratos de futuros de taxas de juro de curto prazo, como a EURIBOR a três meses, ou deobrigações de dívida pública de longo prazo como as obrigações federais alemãs a dez anos. Dadosos pressupostos adequados, a volatilidade implícita pode ser interpretada como a expectativa domercado da volatilidade durante o período de vida remanescente da opção.

Volatilidade implícita do mercado bolsista (implied stock market volatility): medida davolatilidade esperada dos preços das acções, a qual pode ser obtida através dos preços dasopções. Dado o preço de mercado observado de uma opção de acções, a volatilidade implícitapode ser obtida utilizando uma fórmula de fixação de preços de opções padrão que dependeexplicitamente, entre outros factores, da volatilidade esperada do preço dos activos subjacentesdurante o período até ao vencimento da opção. Os activos subjacentes podem ser índices domercado bolsista, tais como o índice Dow Jones EURO STOXX 50. Dados os pressupostosadequados, a volatilidade implícita pode ser interpretada como a expectativa do mercado davolatilidade durante o período de vida remanescente da opção.

Volatilidade implícita do mercado obrigacionista (implied bond market volatility):medida da volatilidade esperada dos preços das obrigações (ou dos contratos de futuros deobrigações), a qual pode ser obtida através dos preços das opções. Dado o preço de mercadoobservado de uma opção de obrigações, a volatilidade implícita pode ser obtida utilizando umafórmula de fixação de preços de opções padrão que depende explicitamente, entre outrosfactores, da volatilidade esperada do preço dos activos subjacentes durante o período até aovencimento da opção. Os activos subjacentes podem ser obrigações, como as obrigações federaisalemãs a dez anos, ou contratos de futuros de obrigações. Dados os pressupostos adequados, avolatilidade implícita pode ser interpretada como a expectativa do mercado da volatilidade duranteo período de vida remanescente da opção.

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