Rastros do oculto

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Copyright © 2015 by Daniel Mastral – Isabela Mastral Copyright © 2015 by Editora Ágape Ltda.

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Da História à Teologia

Do Príncipe das Trevas aos Selados de Deus

Daniel Mastral e Isabela Mastral

RASTROS OCULTOD

O

São Paulo, 2016

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Rastros do ocultoCopyright © 2015 by Daniel Mastral – Isabela Mastral Copyright © 2015 by Editora Ágape Ltda.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip) (Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil)

Mastral, DanielRastros do oculto: da história à teologia do príncipe das trevas aos selados de Deus / Daniel Mastral, Isabela Mastral. – Barueri, SP: Ágape, 2014.

1. Deus 2. Diabo 3. Fé 4. Maldade 5. Tentação 6. Vida cristã I. Mastral, Isabela. II. Título.

14-10227 cdd-235.47

Índice para catálogo sistemático:

1. Diabo: Satanás: Doutrina cristã 235.47

gerente editorial

Lindsay Gois

auxiliar de produção

Emilly Reis

editorial

João Paulo PutiniNair FerrazRebeca LacerdaVitor Donofrio

produção editorial

SSegovia Editorial

preparação

Thiago Fraga

revisão

Andrea Bassoto

capa

Débora Bianchi

diagramação

Abreu’s System

Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), em vigor desde 10 de janeiro de 2009.

editora ágape ltda.Alameda Araguaia, 2190 – Bloco A – 11o andar – Conjunto 1112 cep 06455 ‑000 – Alphaville Industrial, Barueri – sp – BrasilTel.: (11) 3699 ‑7107 | Fax: (11) 3699 ‑7323www.editoraagape.com.br | [email protected]

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Sumário

Introdução..................................................................................................7

A HIstórIA do dIAbo...................................................................................91) Introdução..............................................................................................92) A formação do Diabo na mente humana – Aspectos históricos....................133) A história do Diabo e o Cristianismo.........................................................73O que foi a Reforma Religiosa?...................................................................106A Contrarreforma.....................................................................................113

o dIAbo nA HIstórIA................................................................................1171) A Criação.............................................................................................1172) Os Anjos Caídos e a corrupção na Terra..................................................1213) Os Gigantes.........................................................................................1274) A Reprodução dos Demônios.................................................................1305) O modo de agir do Diabo......................................................................141

AberturA de JAnelAs dImensIonAIs – espírItos terrItorIAIs....................181

selo espIrItuAl – um CHAmAdo pArA A CApItAnIA...................................201A diferença entre os Predestinados e os Eleitos (Chamados):.........................228Quanto à vida de Jesus na Terra..................................................................232

AutorIdAde espIrItuAl...............................................................................257Moisés....................................................................................................257Paulo......................................................................................................280O nascimento e a juventude de Saulo............................................................................281O treinamento de Paulo.............................................................................288

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Lugares onde Paulo andou neste segundo período de sua vida..............................300As viagens Missionárias de Paulo.................................................................307Os amigos de Paulo...................................................................................312O Pano de fundo do Missionário Itinerante..................................................316As perseguições, acusações e prisões do Apóstolo........................................319Quais os verdadeiros motivos de atrito com o Império Romano?.........................321O quarto e último período da vida de Paulo.................................................329

Nota.......................................................................................................335

Conclusão...............................................................................................347

Referências..............................................................................................349

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Introdução

Embora muitos tenham vindo de Elites, de grandes feitos de Guerra, tenham muitos títulos e um enorme currículo... muitos não passarão no Treinamento proposto. Porque ele não é somente espiritual, mas vai mexer com as emoções e com o corpo. Muitos irão desistir! A maioria.

Sua força será tirada até a última gota de sangue. Seu “Lar” será um Campo de Treinamento de onde só os mais fortes vão sair; as necessidades diárias bási-cas e os afazeres dos seres humanos serão descartáveis. Somente os que foram verdadeiramente Eleitos ou Predestinados para o Ministério conseguirão. Como sabemos? Estatística! É um Fato Histórico. A decisão é sua.

O que nunca foi pedido a ninguém foi pedido a você. A dor será sua aliada, o sofrimento, seu companheiro. Mas eles o manterão acordado, com os olhos fitos no Alvo. Quem suportar a dor e o sofrimento será forjado.

Este Treinamento não é para todos. Toquem o Sino e serão poupados. Para isso, é preciso Humildade e reconhecimento da verdadeira posição a que você se destina. Não discuta com o Destino.

Muitas vezes não haverá limite de tempo para o trabalho e o tempo dos seres humanos normais não será levado em conta. Você viverá o que ninguém vive; não terá consolo de ninguém; praticamente nenhuma mão se estenderá para levantá-lo quando estiver prostrado. Não lhe darão crédito, desprezarão o que não conhecem; e quando precisar de um ombro, estará só. Porque faz parte aprender a estar só.

Só a força do General, a força do Senhor dos Exércitos pairará sobre você, sobre aqueles que Elegeu e Predestinou. Quando chegar o tempo do descanso, enquanto os outros descansam e tiram férias ao sol, você continuará trabalhan-do! Seu Treinamento durará dia e noite!

Os de fora do Treinamento não te compreenderão, por isso será injustiçado e caluniado muitas vezes. As feridas que lhe serão causadas sararão... mas dei-xarão marcas eternas, que ninguém entenderá, e muito menos acreditará que elas existam.

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Especialmente as mulheres... preparem-se! Seu Treinamento será tão rigoro-so, ou até mais, do que o dos homens. Algumas escondem por baixo da aparên-cia frágil a determinação da Águia, a força do Urso, a coragem do Leão. E estas não serão poupadas em nada!

Quer desistir? Toque o Sino!O Treinamento será tão duro que você terá a impressão da Guerra já ter

começado... mas é só um “risco calculado”. Assim será, cada vez mais intenso... até se tornar real!

Na Guerra, dois é Um e um é nada! Aqueles que foram treinados como você – aqui ou em qualquer outro lugar do Mundo, mesmo que agora te sejam invi-síveis –, estes serão seus aliados, aqueles com quem você se tornará Um! Por-que, como você, experimentaram... e passaram... e sabem exatamente do que estamos falando.

Durante o Treinamento, além de tudo o que ele exigirá de você, além de arrancar a sua pele, moldar o seu caráter e fortalecer o seu espírito... quando não lhe restar força no corpo, na mente e na alma... o que esperar dos Homens que não sabem o que é isso?

Esbarrará em todo tipo de problema: brigas por posição, corrupção, descré-dito, mentiras, invejas, rancores e jogos de Poder. Discursos bonitos com pala-vras doces e suaves serão feitos para acusá-lo e incriminá-lo por erros que não cometeu. Serão movidos por interesses humanos e diabólicos.

Enfrentará oposição de todo tipo. Dos Inimigos e dos “Amigos”. Estará só!Mesmo assim, o Treinamento – por mais intenso e descomunal que seja – ain-

da tem bases controladas. Mas, quando tiver passado pela Formatura e te manda-rem para o Front, então a Guerra será real! E te exigirá tudo o que foi aprendido nos anos anteriores, quando passou pelas agruras que a maioria desconhece.

Contará com os que foram, como você, provados no mais alto grau que o ser humano possa suportar, e terminaram aprovados. E com o General que te co-missionou, e que jamais te abandonará. O Senhor dos Exércitos!

Então sua vida não fará mais parte deste Mundo, pois seus olhos contempla-rão o Alvo, somente o Alvo. E o impossível que se faz possível, pelo Poder sobre ti derramado, em Nome de Jesus, o Cristo!

Se você é um destes que vai passar, ou está passando, por tal treinamento... o conhecimento das verdades aqui reveladas serão de grande valia nesta trajetória.

NOTA: as citações acima foram baseadas na Obra Cinematográfica “Até o Limite da Honra” (do Original “G. I. Jane”), filme produzido e dirigido de Rid-ley Scott, da Hollywood Pictures.

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A História do Diabodos tempos antigos à modernidade

1) Introdução

Ninguém, ao longo da História da Humanidade, recebeu tantos nomes nem foi objeto de tanta especulação quanto o Diabo. Cabível, sem dúvida alguma, nos primórdios dos Tempos, em que a imaginação fértil das pessoas precisava de explicações para o Mal. Contudo, hoje, no Terceiro Milênio, haveria ainda espaço para ele? Num Mundo de tanta Tecnologia, na Era da Internet, dos Computadores, dos grandes feitos da Ciência, da Globalização, dos avanços da Economia Mundial... que coisa mais retrógrada, não? Diabo?! Faça-me o favor, hein? Isso é bem coisa de gente que não tem mais o que fazer... Uma maneira de ludibriar o povo de menor renda e pouco privilegiado intelectualmente para fazer disso meio de vida!

Assim pensam muitos. Não deixam de ter uma certa razão, a julgar pelo que vemos diariamente acontecendo nas Igrejas.

Sabemos que ao falarmos sobre o Diabo – quer ele seja “aceito” pela maioria ou não – estaremos explicitamente citando o Ocultismo, além de fatos e práti-cas a que a maioria não tinha acesso e, muito certamente, ignorava. Nossa ar-gumentação despertará neles o crédito ou o descrédito? Por enquanto, trataremos de História, pura e simplesmente. Contra fatos, como diz o ditado, não há argumentos. É um importante tópico que toda Liderança deveria domi-nar, pois a grande maioria dos leigos pensa que Satanás foi uma “invenção” da “Igreja dos Crentes”. Cremos ser muito importante que os Líderes entendam de onde surgiu – historicamente falando – o nosso Adversário!

Para a maioria leiga, o Diabo está bastante “transformado”, já sem tantos poderes quanto tinha antigamente. Mais ajustado ao Mundo de hoje; “moder-nizado”. Podemos dizer até que ele ganhou um certo “glamour”, principalmen-te entre os jovens. Torna-se mais interessante o jovem que tem algum tipo de “banda” que faz menção aos poderes das Trevas, e as moças costumam falar de

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boca cheia ao dizerem que são “Bruxas”. Mas não é desse tipo de Ocultismo a que nos referimos, nem a esse Diabo “amigo” que fazemos menção.

Apesar das modificações que sofreu ao longo dos Séculos, ele continua sen-do um só, e o mesmo, desde os primórdios dos Tempos, muito antes da Criação da Humanidade. Ainda assim, presente, bem presente... como veremos. Entre-tanto, um lembrete em tempo: nós, Cristãos, podemos estar a par das atividades consideradas demoníacas, sim. O que é fundamental, pois todos os que já fize-ram o Seminário I sabem que “O Povo – a Igreja – perece por falta de conheci-mento”. Mas é imprescindível que não nos deixemos envolver pela fascinação pelo Oculto, a obsessão doentia, que é o que está acontecendo com muita gente! Isto é péssimo, péssimo! Se houvesse outra palavra mais contundente do que esta, eu a usaria. Estamos diante de uma espécie de “surto coletivo”, e o presen-te material visa pôr em ordem as ideias com coerência, e de forma inspirada pelo Espírito. Caso contrário... sinto muito dizer, estamos fazendo o jogo dele!

Falo isso não porque esteja “querendo achar pelo em ovo”, mas tem sido, sim, uma realidade!

Na Igreja podemos, e estamos, incorrendo em dois extremismos. De um lado, há os que não creem no Diabo e suas práticas; a velha e cômoda história do “Jesus já morreu na Cruz, já venceu aos Principados e Potestades, colocou-os debaixo dos Seus pés, e deu autoridade à Igreja para fazer o mesmo. Não há Guerra. Cristo venceu a Guerra!”. Não estou falando à toa. Escutei da boca de um Psiquiatra Cristão palavras assim, desse teor. Ao que ele acrescentou: “Isso é herança da nossa cultura afro-indígena, coisa de candomblé, de espiritismo... coisa de pessoas de pouca cultura. Não há Batalha alguma com Demônio al-gum. Jesus já fez isso por nós”.

E há muitos Pastores e Líderes que pensam exatamente assim. Ou, pior ain-da...: “Demônios existem, sim, mas não podem me tocar. O Sangue de Cristo me cobre; nenhum mal pode me atingir; a Bíblia diz que “o Maligno não nos toca”! (tanta coisa fora de contexto... mas, enfim, não é esta a tônica do assunto).

Por outro lado, há também um desenvolvimento excessivo, um interesse mórbido, algo tão complexo e de tal forma delirante que o Ocultismo torna-se figura e assunto principal na vida de muitos e muitos e muitos. Quando digo muitos, estou realmente querendo dizer Muitoooos! E todos os detalhe vis e sem importância, movidos por curiosidade e nada mais, tornam-se parte crucial da vida dessas pessoas, de cujo conhecimento depende a própria sobrevivência. Veja a que ponto se chega! Já não parece existir nenhum outro assunto na Bí-blia, mas apenas Satanás, Satanás, Satanás! Com certeza, isso não é nem um pouco do agrado do Pai, seja um tipo de pessoa quanto o outro tipo.

Como não é possível esquivarmo-nos de que o sobrenatural é realidade, cabe a cada um de nós encontrar o equilíbrio dentro deste tipo de conhecimen-to. Portanto, vamos a isso!

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Terminologia: o vocábulo “Oculto” deriva-se da palavra latina “occultus” e significa escondido, secreto, obscuro; aquilo que é de falso fundamento, mis-terioso. São fenômenos que parecem escapar, como realmente escapam, ao do-mínio dos sentidos. A palavra sinônima de Oculto – popularmente falando – é “Esotérico” e está relacionada com a doutrina que é escondida das “pessoas em geral”, mas se revela apenas aos iniciados; isto já é uma prática longínqua, co-mum a todas as Antigas Culturas. O Dicionário de Religiões, Crenças e Ocul-tismo relata: “Ocultismo é o que está além da esfera do conhecimento empírico; o sobrenatural; o que é secreto ou escondido”.

O termo “Ocultismo”, criado no Século XIX pelo francês Eliphas Lévi (Al-phonse Louis Constant), designa a série de teorias, práticas e rituais que tem por base conhecimentos secretos e a possibilidade de invocar forças desconhe-cidas, sejam da mente ou da natureza. A alquimia, a astrologia, a cabala e a bruxaria estão entre as mais antigas formas de Ocultismo. Com metodologia própria para curar enfermidades, obter determinados bens ou adivinhar o futu-ro, essas doutrinas pressupõem a existência de espíritos e de Forças Ocultas que governam o Universo. Muitas das formas de Ocultismo tiveram origem em Religiões secretas que vêm – pasme, se quiser! – desde a Antiguidade. Não surgiu apenas com a Bruxaria da Idade Média, como pensávamos todos.

Ao nos referirmos ao Ocultismo não estamos tratando de um Sistema Reli-gioso específico ou de uma Organização Homogênea. Determinado grupo ou seita pode conter dentro do seu escopo doutrinário, ou regras de fé e práticas, ensinos extraídos do Ocultismo. Existem vários grupos que praticam, explicita ou implicitamente, o Ocultismo.

Ele – Asmodeo, Belzebu, Azazel, Belial, Baal são alguns dentre os muitos nomes com os quais os antigos Hebreus o rotularam. Ou Iblis, como dizem os Muçulmanos. Ou Arimã, para os seguidores de Zoroastro, na Pérsia. Seth, para os Egípcios. Ou simplesmente, como bem o sabem os brasileiros temerosos em mencionar-lhe o nome, o Rabudo, o Tinhoso, o Beiçudo, o Pai da Mentira, o Cão. O Demo. Satanás. Diabo. Ou Lucipher, como preferem os Filhos do Fogo. Uma das mais intrigantes figuras que povoaram e ainda povoam o imaginário do ser humano. É interessante notar que nenhuma Sociedade conseguiu viver sem uma personificação do Mal, sem uma “figura do Diabo”. Isso não é Teolo-gia. Veja muito bem isso e perceba a diferença deste estudo. É História.

O Diabo chegou ao Século XXI já sem sua aparência grotesca de bode, dra-gão alado, com chifres e rabo, com uma face monstruosa cheia de dentes pon-tiagudos. A não ser nas capas de CD’s de Hard Rock e nas anedotas cômicas. Na maior parte do Mundo Moderno já não o responsabilizamos por toda doença ou tragédia do Mundo Natural. Foi preciso que o Diabo, antes tão cheio de fama, sobretudo na Europa Medieval, cedesse parte do seu lugar ao Pensamento Ra-cional, aos avanços sobre a superstição e progressos da Ciência. Independente

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disso é curioso perceber que ele continua. Apesar de reduzido em suas ideias e poder originais, é inegável que ele continua influente em nossos dias, qualquer que seja a classe social, o nível cultural ou a nacionalidade das pessoas. É muito difícil que o ser humano, bem no fundo das suas introspecções, ou mesmo de maneira aberta, deixe de precisar de uma explicação na qual somente Satanás se enquadra.

Nos Estados Unidos, por exemplo, maior potência do Mundo e centro tec-nológico, de 1998 a 2000 cresceram em mais de 10 vezes o número de Exorcis-tas autorizados pela Igreja Católica. Na França, no mesmo período, eles foram de 15 para 120. Em quase todo o Mundo Desenvolvido (que não se dirá dos “Em Desenvolvimento”?). Isso significa que Demônios e seus seguidores conti-nuam ainda fazendo parte do cotidiano.

Entre os fundamentalistas Islâmicos, Iblis ganhou as cores branca, vermelha e azul, sugestivamente as da Bandeira Norte Americana, país rotulado como “O Grande Satã”. Foi, em suma, contra o próprio Diabo que os aviões foram lança-dos contra as Torres Gêmeas de Nova York, em setembro de 2001. Esta é uma luta também de cunho religioso, e Satanás é o grande vilão a ser enfrentado! Igualmente, para muitos norte-americanos e Cristãos de todo o Mundo foi a mão do Diabo que guiou aqueles suicidas Muçulmanos no fatídico e terrível dia.

É para impedir o ação de Demônios que o regime Taliban impõe o uso das burcas pelas mulheres, do mesmo modo que os órgãos sexuais de meninas eram mutilados – e talvez ainda sejam – em certas culturas Mundo afora. Da Europa à África, Belzebu segue com suas manipulações. No Brasil, é claro, há amplo terreno fértil para ele, como nós mesmos sabemos, nas suas mais diversas for-mas. Desde a Quimbanda e o Candomblé, até dentro das Igrejas Evangélicas, o Diabo está frequentemente presente.

A Igreja Católica, até meados do Século passado, pintava o Diabo com a mais horripilante máscara, mas nos presentes tempos teve que retocá-la para adaptar-se ao Mundo Atual. Mesmo assim, apesar de deixar de lado sua forma grotesca, não perdeu sua força. Pelo contrário, agora Satanás é mais ardiloso e sutil, induzindo o Coletivo que a verdadeira felicidade está em satisfazer as concupiscências da carne, deixando-se seduzir pelo poder, dinheiro e luxúria; afinal, “a Vida está aqui para ser vivida, sem restrições”, e não é preciso servir ao Diabo para abraçar tal filosofia como forma de viver. A Igreja Católica assu-me esse tipo de ação como demoníaca, mas afastar o homem dos desígnios e caminhos de Deus também pode ser ação do “Bicho”.

O Vaticano exorta seus fiéis a considerá-lo como toda “causa do Mal”, ainda que sua ação esteja, hoje, mais requintada, menos caricaturizada e “menos evi-dente” (pelo menos, assim pensam alguns). Parece que o Diabo se tornou “mais inteligente” nos seus ardis. Ainda que possa apossar-se dos homens, como escla-

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rece o documento “De todos os Exorcismos e Súplicas”, de 1999, o Papa João Paulo II retoma, neste documento, a ideia do francês Baudelaire, do Séc. XIX, cujo verso dos mais realistas é: “O mais belo estratagema do Diabo é nos persu-adir de que ele não existe”.

Ao contrário do que muitos intelectuais pensavam, a superstição não regre-diu com o avanço da tecnologia e das ciências. Muitos achavam que ninguém mais difundiria histórias mirabolantes sobre seres mirabolantes; aposentariam seus amuletos, suas imagens de Buda, seus cristais, pirâmides e patas de coelho; o mês de agosto deixaria de ser agourento, bem como as sextas 13... ninguém iria temer o mau-olhado, as invejas; o que não dizer da cartomancia, dos búzios e do tarô? As pessoas têm muita confiança em seus mestres, guias, gurus, mé-diuns, benzedeiros, pais de santo... E a coisa não termina por aí... percepção extra-sensorial, mandala, cabala, talismãs, duendes, “anjos”, benzimentos.....!

A grande verdade é que toda espécie de doutrina – até aquelas sem pé nem cabeça – não encontraria centenas, milhares de adeptos, se tais coisas não esti-vessem em moda. Isso quer dizer que, para desgosto de alguns, mesmo os mais intelectualizados creem em alguma forma de sobrenatural. Se bom, se mal... se der certo e ajudar na vida... qual o problema, afinal?! Ninguém disse que esta-mos a cultuar o Diabo... ou disse?

“Então, deixe de intrometer-se em minha vida, deixe-me aqui quieto, com meus Florais de Bach e minhas massagens energizantes e minhas manipulações de Chakhras... Sabia que Viagem Astral tem tudo a ver comigo?!!!”.

MAS, PERGUNTA-SE: quem, afinal de contas, é o Diabo?Ele existe de fato? Está entre nós desde quando? (lembre- se, este estudo não

é Teológico, mas Histórico). Historicamente, Satã, como o compreendemos hoje no Ocidente, é um ser que concentra em si a Maldade Absoluta. Mas como isso começou? É apenas ideia difundida pelo Cristianismo ou podemos encontrar as “pegadas do Diabo” ao longo da História, mesmo que ele não as quisesse deixar, preferindo surpreender a todos bem no “Final do Jogo da Vida”?

Em outras palavras..... Como foi que a figura do Diabo se tornou o que é?

2) A Formação do Diabo na Mente Humana – Aspectos Históricos

Em termo concretos, ele é resultado de uma longa gestação, decorrente basicamente de três aspectos:

– Sincretismo: os arquétipos do Mal – imagens psíquicas do Inconscien-te Coletivo que, segundo K. Jung, estruturam modos de compreensão co-muns aos indivíduos de uma mesma Comunidade – foram ganhando

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formas concretas a partir deste fenômeno, o Sincretismo. Isto é, por meios da mistura da ideia do Mal que há nas diversas Religiões. Aqui no Brasil, por exemplo, que sofreu bastante influência indígena e africana, além do Catolicismo Português fica fácil de entender o conceito do Sin-cretismo. Foi tudo “misturado”, numa enorme massa de Bolo, à medida que os Povos também se misturavam.

O Senhor não queria que o Sincretismo – algo inevitável quando Povos diferentes convivem num mesmo ambiente – contaminasse a Revelação Pura que tinha vindo dos Patriarcas e de Moisés. Como os Israelitas, em tempos antigos, estavam sujeitos a todo tipo de influência pagã. Era por esse motivo que Deus os exortava tão claramente a “não prestarem culto a outros deuses”.

Fica claro perceber que quando se misturam diversas culturas, as ideias delas também se misturam, criando outras. Assim se dá o Sincretismo Religioso. Na Antiguidade, devido à expansão das Civilizações e à formação de Sociedades mais poderosas que outras, milênios de conquistas e grandes misturas entre os povos levou a uma enorme “miscelânea” em todos os sentidos. É bem a “massa de Bolo”! Nela se colocam diversos ingredientes de todos os tipos e, ao final, tem-se algo completamente diferente daquilo que tínhamos no começo. Isso sem contar que muitos dos “ingredientes” eram simplesmente impostos pelos conquistadores aos conquistados...

A mistura de tudo isso: linguagem, costumes, formas de vida e subsistência, religiosidade, artes e tudo o mais costuma ser muito forte, porque o Homem é um ser social, que se relaciona. E tudo vai sendo misturado na massa!

Imagine o processo de colonização do Brasil... Todos se misturaram com todos, alguns foram subjugados por outros, mas isso não apagou as suas marcas. Hoje, nosso modo de vida e de pensar tem raízes africanas, portuguesas, indíge-nas, italianas, germânicas, orientais... Nosso País é de enorme miscigenação! Hoje, em nosso Século, temos o privilégio de não sermos obrigados a adotar costumes de outros povos. Vivemos num País que permite a liberdade de Culto, um lugar onde o Católico convive com o Espírita, que é vizinho do Protestante, que tolera os Hare-Khrisna (embora queira convertê-lo!), os quais já tomaram ciência das doutrinas Budistas, que certamente conhecem os princípios de Bo-dhidharma e a filosofia dos Esotéricos, os quais, tão certo como 2 + 2 é igual a 4, já espantaram de sua porta algumas Testemunha de Jeová, que se pelam de medo dos Muçulmanos... e etc..., etc..., etc...

No entanto, antes, muito antes.... na Antiguidade, Na Idade Média e mes-mo ainda na Idade Moderna, quando um Reino era conquistado e subjugado, normalmente ocorria a somatória (Sincretismo), uma mistura que gerava algo diferente de ambas... ou então, o Povo dominado era obrigado a abandonar suas crenças e abraçar a as novas.

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– Processos de Transferência: a “criação” do Diabo também é decorrente deles – a pessoa descarrega num mito, numa figura externa, num “ser malé-fico absoluto” todo o mal que enxerga dentro de si. E, claro, por não querer-mos ver a nossa essência ruim, não queremos ver isso como fazendo parte de nosso ser e descarregamos isso de alguma maneira. Podem ser as mais absur-das terapias psicológicas. Mas como estamos tratando do Diabo e não dos desvarios do Consciente e do Inconsciente, a verdade é que tal ser – Sata-nás – torna-se responsável por tudo aquilo que consideramos ruim ou que se opõe a Deus, sinônimo do Bem e de tudo que é benéfico, altruísta, que perdoa, que tem compaixão, que tem solidariedade e bondade. Transferi-mos ou descarregamos o ódio, a raiva, o medo, as fobias, os desvios de per-sonalidade, as paixões mundanas. Não aceitamos isso em nós, então, transferimos para algo ou alguém. O Diabo é uma ótima pedida!

– Mitologia: vem de diversas fontes. A primeira delas é Histórica e admi-te-se que muitos personagens mitológicos de fato existiram, mas as len-das e tradições fabulosas são apenas acréscimos e embelezamentos poéticos. Quer dizer, o fato histórico aconteceu, mas foi contado sob a forma de Poesia. É o caso da Ilíada e da Odisseia, tidos como aconteci-mentos reais, mas narrados de maneira a dar “leveza e suavidade” à nar-rativa. A segunda fonte é a Alegórica pura, em que se admite que os Mitos da Antiguidade eram apenas simbolismos, contendo alguma ver-dade moral, religiosa ou filosófica; mais ou menos como as Parábolas de Jesus, sabe? Outra fonte para dar asas à Mitologia é a Física, pois os prin-cipais elementos, ar, terra, fogo e água, bem como os principais elemen-tos da Natureza, sempre foram objeto de adoração religiosa e as principais divindades de todos os Tempos sempre foram personificações de forças da Natureza, ou de seus derivados: deuses da Boa Colheita, do Sol, da Ferti-lidade, da Beleza, da Chuva, etc...

Percebendo desde os primórdios da Existência que nem tudo à nossa volta é reflexo do Bem, notamos que uma figura representante do Mal, afinal, torna-se peça necessária à Vida! Nenhuma Sociedade Humana conseguiu viver sem ela – ou ele! Psicologicamente falando, como já foi comentado, ajuda-nos a exor-cizar, a retirar de dentro de nós todo o Mal e colocá-lo em outro lugar. E Histo-ricamente falando, a essência do Mal é reconhecida em toda e qualquer cultura.

A partir desta constatação, começaram as tentativa de personificá-lo. Perso-nificar o Mal.

Teologicamente falando... bem... isso já é uma outra questão. Mas antes que todo Cristão Evangélico seja tachado de lunático, vamos ver o que nos diz a História.

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E a História observou que, embora presente em todas as Culturas do Mundo, em todas as épocas, esse personagem – a figura do Mal –, é essencial no Cristia-nismo como em nenhuma outra Religião ou Povo. Parece que a função do Diabo como válvula de escape está muito clara, por exemplo, no Novo Testa-mento, base da Doutrina Cristã; aí há mais citações do Mal do que do Bem. E mais referências a Satã que a Deus....

(Naturalmente, esta é uma interpretação puramente teórica dos fatos. Não estamos tratando do assunto Teologicamente! Ainda...)

Mas vamos começar pelo começo. Em duas palavras: como começou a His-tória do Diabo? Em que momento ele foi citado pela primeira vez pelo Homem, seja pelo motivo que for...? Em que momento a personificação do Mal se trans-formou nessa figura, nesse Nome?!...

A Civilização Humana, desde as suas mais remotas Antiguidades, procurava uma explicação para o Mal. Vamos ver desde quando podemos encontrar “Figu-ras do Mal”, e como elas eram encaradas.

• Mesopotâmia: Sumérios, Acádios, Babilônios, Assírios, Neo-Babilô-nios, Caldeus, Persas: são Sociedades Antigas que vêm desde a Pré--História, e que se desenvolveram na Mesopotâmia. Aqui surgiram Povos e Civilizações tão antigas quanto a do Egito. Os Sumérios foram os pri-meiros de importância na região; depois vieram os Semitas (Acádios, Babilônios, Assírios). Por fim, os Caldeus e os Persas. Estes são os mais importantes e de quem falaremos a seguir.

Mesopotâmia, em grego, quer dizer “entre rios”, e refere- se à região lo-calizada no Oriente Médio, entre os rios Tigre e Eufrates. Formava a ponta do “Crescente Fértil”, o arco de terra habitável que se estendia a oeste através da Síria, e para o sul em direção à Palestina e ao Egito. No uso moderno, o termo adquiriu um significado mais amplo porque se re-fere não só à terra entre os dois principais rios, mas também aos seus tri-butários e vales circundantes, englobando uma área da qual faz parte o Iraque, a Síria oriental e o sudeste da Turquia.

A Região Mesopotâmica foi berço de muitas civilizações antigas: os Sumé-rios e os Babilônios ao sul; os Assírios ao norte e, mais tarde, os Persas a leste. Nos tempos antigos, por causa da sua riqueza natural, que sempre atraiu os povos procedentes das regiões vizinhas mais próximas, a região conhecida como Mesopotâmia foi alvo de muitas migrações e conquistas. Foi nesse ter-ritório que o Homem aprendeu a adaptar-se ao meio ambiente, sobretudo através do controle dos cursos de água dos rios por meio de canais e diques, assim tirando proveito do potencial econômico da região. Por causa da cheia

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dos rios, o solo era irrigado e, por meio dos canais, fez-se mais fértil ainda, produzindo cultivos abundantes. Foi somente neste momento (quando se conseguiu canalizar a água dos rios e melhorar a qualidade do solo) que come-çaram a se desenvolver as primeiras comunidades em grande escala. As comu-nidades mais antigas que surgiram aí datam de 7000 anos a.C., e a partir de 6000 a.C. começaram a aparecer as civilizações que se tornariam as cidades do IV milênio a.C.

Os Homens começaram a lucrar com esse sistema além dos limites puros da subsistência e passaram a produzir um excedente, diversificar as atividades cul-turais e tirar proveitos cada vez maiores das comunidades de uma forma coleti-va, isto é, na forma de “Cidade”. A “invenção” das cidades pode muito bem ter sido o maior legado da Civilização Mesopotâmica. Não havia apenas uma cida-de, mas dezenas delas, cada uma controlando o seu próprio território rural e pastoril, e sua própria rede de irrigação. Cada cidade tinha seu caráter singular: havia Cidades Sagradas, Cidades do Saber, Cidades do Comércio, Cidades de Reis; cidades que floresceram por um tempo e depois foram abandonadas, mas também algumas que até os dias de hoje são habitadas! A primeira povoação da região é provavelmente Eridu, embora o exemplo mais notável seja Uruk (a Erech Bíblica), ao sul, onde os Templos de adobe eram decorados com refinada metalurgia e pedras lavradas.

Pouco temos a respeito da Religião adotada e rituais praticados, mas sabe-se que sua influência estendeu-se por toda a região vizinha, chegando, inclusive, a lugares distantes como a costa sírio-palestina. No início do seu florescimento, na Mesopotâmia, doenças, fome e seca eram vistas como as faces zangadas dos deuses. Ainda que aparentemente não houvesse a concepção de “Demônios”, havia uma distinção entre os deuses bons e aqueles encarregados de espalhar o Mal aos homens e à Natureza, segundo cada espécie. Havia o grupo que cuida-va de espalhar as doenças contagiosas (lepra e malária), o grupo que influencia-va na Natureza (vendavais, secas) e o grupo que influenciava o comportamento do homem (raiva, ódio, fúria, epilepsia, distúrbios mentais). Para cada grupo específico havia os “Sacerdotes”, homens estudados e preparados para apaziguá--los por meio de rituais, magias, sacrifícios e chás preparados com ervas pró-prias. Havia, entretanto, o maior de todos, que nenhum Sacerdote conseguia derrotar: o deus da morte, que atemorizava principalmente as gestantes e crian-ças recém-nascidas. Claro que o índice de mortalidade infantil era muito eleva-do nesta região e época, e isto era atribuído a um ser espiritual horrível que não poupava as crianças de viverem. Este “deus” era concebido sob a forma de uma serpente. Por outro lado, a chuva e a boa colheita representavam proteção dos deuses. Quanto à criação, para eles o Mundo começou do Caos e sempre havia a possibilidade disto voltar a acontecer, uma vez que a Criação e a existência eram resultado de uma luta que começou no início dos Tempos.

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