Revista Inventa _07

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PUBLICAÇÃO EDITORA INVENTA distribuição dirigida e gratuita Curitiba/PR _NÚMERO 07 mai/jun_2010 _revistainventa.com.br

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Na entrevista principal da Inventa_07, o fotógrafo Orlando Azevedo conversa sobre sua experiências. Na coluna 15 Minutos, os sambistas da Velha Guarda da Portela falam sobre tradição. Suas merecidas férias de trabalho são discutidas na matéria "Os 30 que não saem da cabeça", enquanto a matéria "Tenebrismo: o lado perturbador da Arte" fala sobre expressões artísticas um pouco mais obscuras. Ainda nessa edição, um pouco sobre a mostra "Pictures by Women" (no MoMA, em Nova Iorque), sobre a exposição de Miguel Bakun no MON (em Curitiba), sobre a moda social dos sapatos Armo, o FuoriSalone no Salão Internacional do Móvel de Milão, as miniaturas de João de Oliveira e os bichinhos de Julius e sua turma, além da programação cultural em Curitiba. Nos artigos, João Acuio fala sobre astrologia e futebol, Julio Sampaio fala sobre os pequenos delitos do cotidiano e Leonardo Jianoti e Luiz Carlos Heller de Pauli falam sobre o Brasil sediar as olimpíadas de 2016.

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PUBLICAÇÃO EDITORA INVENTA

distribuição dirigida e gratuitaCuritiba/PR

_NÚMERO 07mai/jun_2010

_revistainventa.com.br

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DIRETORA RESPONSÁVEL Taís Mainardes

CONTEÚDO IEME Comunicação_ iemecomunicacao.com.br Ana Amaral_ [email protected] Marília Bobato_ [email protected] Jéssica Amaral_ [email protected] Isadora Hofstaetter Pitella_ [email protected] Bruno Reis_ [email protected] Thaísa Carolina Moreira [email protected]

COLABORAÇÃO Evelyn Bittencourt Almeida, Eduardo Santana, Diana Axelrud, Flávia Ferreira, Geísa Borrelli, Jussara Jesus, Maria Eugênia Bonocore, Mariana Hillbrecht, Samantha FontouraCOMERCIAL IEME_ [email protected] Gabriel Fortes_ [email protected] Benett, Julio Sampaio, Leonardo Jianotti e Luiz Carlos Heller de Pauli

PROJETO GRÁFICO E FINALIZAÇÃO D-lab_ dlab.com.br ILUSTRAÇÃO Diego The Kid_ diegothekid.com.brFOTOGRAFIA Prata Gelatina_ pratagelatina.com.br REVISÃO Mariana Leodoro_ [email protected] IMPRESSÃO E ACABAMENTO Posigraf_ posigraf.com.br

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Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade dos autores e não refletem a opinião desta revista.

EDITORIAL

FOTO CAPA_ ORLANDO AZEVEDO

A imagem que ilustra nossa capa faz parte de um projeto antigo e é apenas uma das mais de 200 mil do acervo de Orlando Azevedo, entrevistado principal desta edição. Em meio a tantos retratos, ela nos chamou a atenção no estúdio de Orlando.

Não por acaso, reflete muito do conteúdo que você encontra aqui: seja no olhar da fotografada, no das mulheres que registraram os séculos 19 e 20, no das trabalhadoras chilenas que produzem sapatos envelopados ou até mesmo dos grandes pintores que fizeram da arte um respiro para a dor.

Nas páginas a seguir, além do conteúdo exclusivo sobre cultura e criatividade, dividimos com você a comemoração do nosso primeiro aniversário e trazemos também a cobertura do Rock’n’Rollo, que aconteceu em Curitiba.

Boa leitura e até julho!

EXPEDIENTE // INVENTA // MAIO_JUNHO 2010 // NÚMERO 07 A revista Inventa é uma publicação de caráter informativo com circulação gratuita e dirigida. Todos os direitos reservados.

EDITADA POR EDITORA INVENTA LTDA - CNPJ 11.870.080/0001-52 IEME _ Integração em Marketing, Comunicação e Vendas Ltda. - CNPJ 05.664.381/0001-27 Rua Heitor Stockler de França, 356 _ 1o andar _ Centro Cívico _ Curitiba _ PR // Tel.: (41) 3253-0553

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ESTÃO DISPONÍVEIS NA ÍNTEGRA NA INTERNET

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_O SUSSURRO DE BAKUN

_JULIUS E SUA TURMA CHEGAM AO BRASIL

_ OLHARES TRANS-FORMADORES EM CENA

22-23_ UM PASSEIO POR FORA DO SALÃO INTERNACIONAL DO MÓVEL DE MILÃO

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30-33_ OS 30 QUE NÃO SAEM DA CABEÇA

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36-39_ TENEBRISMO: O LADO PERTURBADOR DA ARTE

_15 MINUTOSVELHA GUARDA DA PORTELA

46-47

48_ARTIGO

40_VOLTA AO MUNDO EM MINIATURAS

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41-43

_O MISTÉRIO DA PIN-UP ESCARLATE - PARTE 04

_AGENDA CULTURAL FCC

_EM CURITIBA

49-50_COLUNAS

ÍNDICE

_ENTREVISTAORLANDO AZEVEDO

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Estudante do último ano de jor-nalismo, LUCAS AJUZ é também músico, fotógrafo, produtor e até designer nas horas vagas. Atual-mente faz parte da equipe do Guia Curitiba Apresenta, publicação mensal da Fundação Cultural de Curitiba, e participa do coletivo musical Locomotiva Duben, que abusa do improviso e da interação com o público. Já rodou boa parte do mundo e morou, durante um ano, no oeste da Austrália. De volta ao Brasil, lançou um portal muito bacana voltado a rica cena musical curitibana. Na Inventa, estreia no 15 Minutos, em entrevista com a Velha Guarda da Portela.

+ HORASONORA.COM.BR

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Na busca por fazer a astrologia voltar a andar nas ruas da cidade, JOÃO ACUIO explora o cotidiano através dos astros. Virginiano, trabalha na área há quase duas décadas e diz que a astrologia é oráculo do mundo e o mapa astral, a narrativa dramática. Para analisar as narrativas dramáticas, o astró-logo, psicólogo e escritor examina a “fotografia” dos astros quando as pessoas/coisas vieram ao mundo e, com base nisso, explica muita coisa. Criador e editor do site Saturnália, o profissional colabora em um artigo no qual discorre a respeito de sua profissão.

+ SATURNALIA.COM.BR

A jornalista FABRICIA ZAMATARO já trabalhou com assessoria de imprensa, jornalismo de revista e comunicação interna. Passou pelas revistas VendaMais, InvestMais, Perfil Náutico e pelo blog Hora So-nora. No momento, trabalha com jornalismo online no Portal Sppert, faz freelas de conteúdo e atuali-za seu novo projeto: o blog Free Bazar que, entre compras e vendas, incentiva o desapego feminino aos produtos. Aqui, assina o 15 Minu-tos com o Lucas Ajuz.

+ FREEBAZARBLOG.BLOGSPOT.COM

Ele já trabalhou em grandes agên-cias atendendo grandes clientes e acumulando grande quantidade (e qualidade) de prêmios. Agora, deixou a garantia do salário no final do mês para empreender e participar mais ativamente do que sabe fazer: design. Ao lado de Sandro Pimentel e Renan Molin, ALE TAUCHMANN, designer e diretor de arte, comanda a recém-inaugurada Taste, uma consultoria criativa que desenvolve projetos de construção e posicionamento de marca. Aos 35 anos, entre o tempo que dedica a sua família, gosta mesmo é de trabalhar se divertindo ou divertir-se traba-lhando. Aqui, ilustra a matéria Os 30 que não saem da cabeça.

+ TASTE.AG

Na terra de Leonardo da Vinci e de Fellini, HENRIQUE CATENACCI faz carreira. Morando e traba-lhando em Milão há sete anos, o designer curitibano cursou master em Industrial Design na Scuola Politecnico di Design, atuou como freelancer e atualmente trabalha em uma agência de design e comu-nicação. Entre os clientes para os quais já produziu estão Coca-Cola, Nestlé, Adidas, Heineken e Danone. Já RAFFAELLA BONANNI, dupla de Henrique para esta edição da Inventa, é formada em Industrial Design pelo Politécnico de Milão, teve experiências com design de interiores e hoje trabalha em uma importante empresa italiana de helicópteros de luxo. Juntos, Henrique e Raffaella apresentam como a força do design entra na vida das pessoas. O cenário para a discussão foi o recente “Salone Internazionale del Mobile”.

+ HENRIQUECATENACCI.COM

COLABORADORES

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blog.revistainventa.com.br/assinaturaO diferente está marcado pela originalidade. Por isso, invente. Assine uma revista diferente e original. O custo para ser assinante da Inventa é apenas a taxa de postagem dos correios.

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CURITIBA_ARADRua Vicente Machado, 664 - Centro_CLUBE DE CRIAÇÃO DO PARANÁ (CCPR)Rua Mateus Leme, 4700 – Parque São Lourenço_DESMOBILIA Avenida Vicente Machado, 2223 - Batel_GALERIA LÚDICARua Inácio Lustosa, 367 – São Francisco_GALERIA DE ARTE UM LUGAR AO SOLRua Jaime Reis, 134 – São Francisco_GARAGERua Jaime Reis, 278 – São Francisco_HACIENDA CAFÉAl. Prudente de Moraes, 1283 - Centro_INVENTÁRIO - PAPÉIS ESPECIAISRua Sete de Abril, 790 - Alto da Rua XV_ITIBAN COMICS Avenida Silva Jardim, 845 - Rebouças_JACOBINA BAR E RESTAURANTERua Almirante Tamandaré, 1365 – Alto da XV_LóTUSRua Estados Unidos, 1067 – Bacacheri_MASSUDA SABOR E ARTERua Trajano Reis, 443 – São Francisco_MUSEU GUIDO VIARORua XV de Novembro, 1348 - Centro_NAyP Av Vicente Machado, 285 – Loja CA6 – Centro _ORIGINAL BETO BATATARua Professor Brandão, 678 – Alto da XV _PAÇO DA LIBERDADE SESC PARANÁPraça Generoso Marques, 189 - Centro_PIOLAAl. Dom Pedro II, 105 - Batel_PRESTINARIARua Euclides da Cunha, 699C – Bigorrilho_QUINTANA CAFÉAv. do Batel 1440 - Batel_REALEJO CULINÁRIA ACÚSTICARua Cel. Dulcídio, 1860 – Água Verde_SANTILLANA LOUNGE BARAv. República Argentina, 1649 – Água Verde_TIENDARua Fernando Simas, 27 – Praça Espanha – Batel

São PAUlo_DESMOBILIA Rua Mateus Grou, 401 - Pinheiros _DOC DOGRua Bela Cintra,2108 - Jardins_LIVRARIA POP Rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 297 – Pinheiros

RIo de JAneIRo_LA CUCARACHA BAZAR E GALERIARua Teixeira de Mello, 31 – Loja H - Ipanema

PoRTo AlegRe_ALLEy STORE Rua Amélia Telles, 578 – Bela Vista_ATELIER ELISA LISOTRua Silveiro, 437, Salas 202 e 204 – Menino Deus_COMETA DESIGN Rua Gen. Bento Martins, 562 - Centro_LIVRARIA BAMBOLETRASRua General Lima e Silva, 776 Lj 3 - Centro_Pó DE ESTRELA Rua Alberto Torres, 228 – Cidade Baixa_VULGO FLAGSHIP STORERua Padre Chagas, 318 – Moinhos de Vento Rua Professor Brandão, 678 – Alto da XV

Belo HoRIZonTe_QUINA GALERIA DE ARTE Av Augusto de Lima, 233 – Loja 6 – Centro

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Gostei muito da última edição da Inventa, especialmente a entrevista com o Marcos Joel Jorge (meu colega de turma e amigão) e o artigo sobre a importância do “não”. Parabéns!

Valéria Prochmann – Jornalista

Estou adorando a fotonovela de Benett. Muito importante ter espaços para mostrar a criatividade de paranaenses.

João Paulo – Designer

A entrevista com Marcos Jorge está genial! Gosto cada vez mais da revista.

Maria Amélia da Silva

fashionmelon @RevistaInventa conheci a revista agora que estive em Curitiba e adorei! Parabéns ;)

Bia_Palazzo @RevistaInventa adorei a revista que recebi aqui no escritório , parabéns!!

aletrindade Pra quem gosta de Cultura, Design e Novidades: @RevistaInventa

andscopel Que taaaal, acabei de ganhar um presente do pessoal da @Revis-taInventa , o que será q tem dentro? > http://twitpic.com/1e5ern

andscopel Tcharaaan! > http://twitpic.com/1e5f0d > Valeu pessoal da @RevistaInventa, e parabéns pela revis-ta. Está cada vez mais show!

ClarissaGrassi @RevistaInventa Recebi em casa minha Revista Inventa e a sacola Freud! Olhinhos cheios de inveja das duas! Obrigada!

silveti @RevistaInventa Ae! Chegou mi-nha Revista Inventa!! Com uma ecobag muito legal! =D Valeeeeeeu!

nandaarchangelo @RevistaInventa gente, obrigado pela revista, chegou ontem, amei a sacolinha do Freud que parece o Drummond, haha! Valeeu!

ulissesromano Muito Bom... RT Blog da revista curitibana @RevistaInventa - http://blog.revistainventa.com.br/

brugalliano Ai que vontade de comer os cupcakes que tinham na festa da @RevistaInventa ....uiui!

beereis www.featureshoot.com site com várias fotografias interessantes. Achei lá no blog da @RevistaInventa!

oficinaarte @RevistaInventa o mais legal das fotos é que ninguém enxergava nada com o óculos! hahahahahaha da hora!

adribaggio Li e adorei. RT @RevistaIn-venta “A Ctba ñ se aplica a gostar pq é c/ 1 parente, é parte de mim e eu sou parte dela”. Marcos Jorge p/ Inventa

OPS!Na edição passada, faltaram os créditos da reportagem Arte essencialmente subversiva, páginas 32 a 35. O conteúdo é do jornalista Bruno Reis e as fotos da Sabrina Schwab.

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o deMoCRÁTICo CHÁ dAS CInCo Depois de meses em apuros e de uma votação que colocava em xeque sua própria legitimidade como líder de um país, Barack Obama pode abrir os braços e tomar um chá, como costuma fazer na Casa Branca quando o novo sistema de saúde americano foi aprovado no congresso. O toque de ironia não poderia ser mais categórico já que os ataques republicanos ao projeto começaram a se intensificar na Convenção da Festa do Chá (Tea Party, um protesto histórico emancipador no país).

É da realidade que surgem os sonhos, as novas ideias e também as coincidências. Uma empresa alemã está comercializando chás em forma de Obama, mas para satisfazer gregos e troianos, incluem tam-bém o hiperativo Sarkozy, o irreverente Berlusconi, o ácido Putin e a germânica Angela Merkel. Certamente, o primeiro serve para começar o dia e o último para dormir. (BR)

CHAPlIn UMA VIdAJá era de conhecimento público que a mãe de Chaplin teria enlouquecido quando ele tinha 15 anos. O que não se sabia, até então, é que ela teria se apaixonado por um suposto milionário e viajado com ele para a África do Sul. Lá, descobriu que havia sido enganada e acabou sendo obrigada a se pros-tituir, contraindo sífilis. A biografia Chaplin - Uma Vida, de Stephen Weissman, lançada neste ano pela Larousse, revela não apenas a vida do ator como detalhes sobre Hannah Chaplin, sua mãe. Inclusive, a filha de Chaplin assina a introdução da obra, lembrando como o pai contou que a avó dela havia morrido de sífilis. São 304 páginas que retratam os 88 anos de vida de Chaplin, seus personagens e as dificuldades pessoais. (MB)

+ LAROUSSE.COM.BR

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3/10WAR BoWl De um lado, brinquedos de in-fância, de outro, a representação dos horrores de uma guerra. A War Bowl, criada pelo artista Dominic Wilcox, é uma tigela feita da fusão de vários modelos de soldados. Com duas versões: A Batalha de Waterloo - “Meia Artilharia Britânica, Meia Infantaria Francesa” (azul) e a Guerra Civil Inglesa (branca), a inspiração para a peça veio de uma combinação de ideias. O artista queria criar um novo material para tra-balhar além da textura e funcionalidade. O objetivo era a criação de um objeto que tivesse voz, que não fosse apenas algo pas-sivo, e assim começou a combinar objetos pequenos a fim de criar algo maior.

War Bowl é apenas uma das criações do artista, que trabalha com a normalidade, objetos do cotidiano, ambientes, interação humana. Sua obra, que é geralmente em camadas, com um humor seco, coloca um holofote sobre o banal, sempre acrescen-tando uma perspectiva nova e uma alter-nativa sobre as coisas que nós tomamos como normais. (FF)

+ DOMINICWILCOX.COM

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HoRS-ConCoURSRuy Castro diz em suas palestras que a segun-da melhor coisa que existe é ler. A primeira é es-crever, naturalmente, porque isso que você pensou é hors-concours, fora de competição, café com leite. Seria como ter Picasso competindo com crianças para ver quem produz o melhor quadro. Aliás, este seria um embate interessante de ser ver, mas enfim...

Grandes diretores ficaram fora do Festival de Cannes 2010. Dos filmes que estreiam, uma das maiores novidades é um velho nome: Jean-Luc Godard está de volta com o lança-mento de Film Socialisme. Tudo indica que os velhos temas marxistas e as velhas contradições dos filmes iniciais de Jean-Luc, que iniciaram a Nouvelle Vague, devem estar presentes no filme que já foi todo mostrado pela internet, de forma acelerada, condensado em menos de 2 minutos. Era o trailer do filme.

Quem puder enfrentar as 940 páginas de sua nova biografia (a primeira em francês!) escrita por Antoine de Baecque vai entender que os seis anos que o separam de seu último longa-metragem não passaram de um simples jump-cut. Este recurso é uma dos traços mais marcantes do cinema de Godard, que simplesmente decidiu cortar cenas dispen-sáveis, especialmente no trânsito de seus personagens. Bastava mostrar o início e o fim da cena e o espectador iria preencher a elipse com imaginação. Contrariando os comentários de que Film Socialisme seria o canto do cisne do diretor, que completa 80 anos em dezembro, em abril, Godard anunciou que já está traba-lhando em um novo longa-metragem. Talvez inspirado pelo trabalho de Manoel de Oliveira, que também está lançando seu novo filme na mostra paralela de Cannes. O diretor português faz aniversário oito dias depois de Godard e irá assoprar 102 velinhas! (BR)

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o deSIgn Pode. o PÚBlICo TAMBÉMLocavores - ou, na tradução, locávoros - são pessoas que buscam comer apenas alimentos produzidos em um raio de 160km de sua residência. A ideia surgiu em 2005, em São Francisco (EUA), e tem como objetivo o menor impacto ao meio ambiente, com a dimi-nuição do uso de transporte e também o incentivo às produções locais.

O designer francês Mathieu Lehanneur desenvolveu, com base nesse conceito, o Local River, um aquário que une um “rio” a uma “horta” e pode ficar localizado em sua sala de estar. A ideia é simples: as plantas absorvem e purificam a água, extraindo os nutrientes lançados pelos peixes. Assim, a água fica limpinha para os peixes e as plantas ricas em nutrientes para poderem crescer.

O Local River é apenas um dos exemplos que mostram o design como ferramenta de sustentabilidade na exposição Sustainable Futu-res, do Design Museum de Londres. Com cinco categorias - Cidades, Energia e Economia, Alimentos, Materiais, Cidadão Criativo - a mostra oferece um panorama interessante do que se tem feito na bus-ca pela sustentabilidade, a exemplo do que tem pipocado em museus de todo o mundo. A moral da visita é incentivar um olhar sobre os hábitos de consumo na expectativa de que, em alguma hora, a massa irá acordar. No Design Museum, em Londres, até 5 de setembro. (IH)

+ CANDESIGNMAKEADIFFERENCE.COM

BIBlIoTeCA Em que momento a gente começa a se identificar com determinada marca? Quando uma marca começa a fazer sentido para o público? Marketing? Publici-dade? Psicologia? No livro O Significado da Marca - Como as Marcas Ganham Vida na Mente dos Consumidores (Editora Best Business), o autor Mark Batey, que já atendeu as gigantes Coca-Cola, Unilever, Nestlé e Kraft, defende que so-mos nós mesmos quem criamos o significado de uma ou outra marca, afirman-do que o significado é o cerne do comportamento do consumidor e está sempre aberto à negociação e à interpretação. Para este mestre em Letras, que construiu sua carreira em grandes agências internacionais, a racionalidade é apenas uma das três dimensões que norteiam o comportamento humano. (TM)

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We HAVe MoRe THAn BAnAnAS Se você é brasileiro e já saiu do país, sabe que, em qualquer cidade do mundo, é perfeitamente provável que encontre um conterrâneo. No turismo, os brasileiros já embarcaram na globa-lização e estão, cada vez mais, presentes por aí. Quando o quesito é exportação, voamos alto também com as carnes, o mel, a cana. Já com a comunicação e o design, ainda engatinhamos. A APEX – Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, investe em projetos como o Idea Brasil e os da Abedesign – Associação Brasileira de Empresas de Design, mas ainda é difícil ver desenhos brasileiros no exterior.

Com a exceção de alguns expoentes, a exemplo dos irmãos Campana, o design brasileiro é pouco explorado na exportação. Percebendo o nicho ainda em desenvolvimento, a nova Brazilian Designers (BrD) arrisca na ideia básica de receber projetos, selecionar os melho-res, produzir e comercializar. “Depois da pré-seleção, há um estudo de viabilidade, onde aprofundamos questões técnicas, custo, logística, para enfim o produto vir a compor nosso catálogo”, explica Diogo Magalhães, um dos responsáveis pelo gerenciamento da BrD no Brasil. Sediada em Hong Kong, a BrD é resultado da parceira de duas empresas: a Urban (importação e comercialização no seg-mento de decoração e gifts) e a Meninos (estúdio de design).

Em fase inicial – oficialmente, o projeto foi lançado no dia 18 de abril – a BrD já está selecionando projetos. A previsão é que no segundo semestre, o primeiro catálogo da marca, com cerca de 50 produtos, seja lançado. Apesar da busca por alavancar a criação nacional, a BrD não irá fabricar as peças no Brasil. “O projeto da BrD nasceu principalmente da dificuldade encontrada pelos designers brasileiros na produção de produtos industrializados, logo esta etapa irá acontecer principalmente na Ásia”, diz Magalhães. (IH)

+ BRAZILIANDESIGNERS.COM

ARTe do HoloCAUSTo Inaugurada no Dia da Lembrança do Holocausto (12 de abril) e aberta ao público até abril de 2011, a mostra Virtudes da Memória: Seis Décadas de Criatividade dos Sobreviventes do Holocausto, no Museu Yah Vashem, em Jerusalém, é uma expo-sição única e de gênero. No total, 300 obras, entre elas pinturas, esculturas, desenhos e filmes das vítimas do Holocausto. Obras de renomados artistas como Samuel Bak, Yahu-da Bacon, Kor Stern, Paul Friede, Marcel Janco, entre outros, e também de anônimos que exprimem tudo o que fora vivido nos campos de concentração, organizadas por tema e por meios de expressão.

Ao longo de 65 anos, o museu colecionou uma série de trabalhos sobre o tema e também sobre os seus sobreviventes que, por meio das mais diversas manifestações de arte, pu-deram expressar e representar um dos momentos mais difíceis de suas vidas. “Cada uma das obras é a voz de um indivíduo. Combinadas, elas apresentam um conjunto poderoso, cujo comandante é a expressão da verdade e da memória que chama a todos nós”, afirma a diretora do Museu Yad Vashem, Yehudit Shendar.

Além da história do Holocausto, que assassinou mais de seis milhões de judeus, o Museu Yad Vashem - principal centro de Israel para a recordação e a educação sobre o Holocausto, situado entre os verdes declives de Har Hazikaron (Monte da Lembrança) - engloba outros memoriais, como o Hall da Recordação, onde as cinzas dos mortos foram enterradas e uma chama eterna queima em recordação às vitimas. (JA)

+ YADVASHEM.ORG

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BoAS noTÍCIAS PARA oS FãS dAS HQS Peças de teatro e músicas como tema de histórias em quadrinhos, além de dramas policiais e humor na nona arte. É o que promete a parceria do selo editorial brasileiro Barba Negra com o conglomerado português LeYa. O acordo, iniciado com conver-sas via twitter e por email, foi fechado pessoalmente e, até o fechamento desta edição, já contava com 10 álbuns nacio-nais para serem produzidos ao longo de 2010. Entre eles, a adaptação de uma peça de Plínio Marcos e outra de Mário Bortolotto, o álbum A Balada de Johnny Furacão, de Eduardo Felipe, inspirado na música Johnny Furacão, de Erasmo Car-los, e Menina Infinito, de Fábio Lyra, que apresenta Mônica, uma garota acima do peso, ligeiramente neurótica e que adora colecionar bandas, vinis, shows de rock e amores imperfeitos.

A união do Barba Negra com o LeYa, além de significar um aumento na pro-dução de quadrinhos brasileiros, também abre os olhos para trabalhos internacio-nais. Ainda neste ano sairá Cicatrizes (originalmente batizado como Stitches), de David Small - considerado um dos melhores lançamentos norte-americanos do ano passado -, e Zahras Paradise, um romance gráfico iraniano que se passa as-sinado por Amir e Khalil e que, até então, é publicado na internet. (TC)

+ ZAHRASPARADISE.COM+ TWITTER.COM/LOBOBARBANEGRA

ARTe, PolÍTICA e PICHAÇão Prepare-se! A 29ª Bienal de São Paulo acontece em setembro com a par-ticipação de cerca de 120 artistas de diversas partes do mundo. Dentre eles, os líderes do grupo que invadiu e pichou o andar vazio da Bienal de São Paulo em 2008. Desta vez, eles vão entrar na 29ª edição com credencial de artista. A partici-pação foi confirmada pela curadoria, que descreveu os pichadores como “artistas brilhantes”, apesar de “tratados como marginais”. O foco da bienal deste ano está na ideia de que é impossível separar arte e política. A mostra pretende apresentar uma arte que motive o público a refletir sobre o mundo de um modo crítico. A Bienal de São Paulo segue até dezembro no Parque do Ibirapuera. (MB)

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olHAReS TRAnS-FoRMAdoReS eM CenA

Elas mudam lugares por onde passam. Já lutaram pela igualdade dos direitos, por melhores salários e posições no mercado de trabalho. São as mulheres que, na maior parte dos 170 anos de his-tória da fotografia moderna, contribuíram para o desenvolvimento da oitava arte, am-pliando parâmetros e mostrando uma visão diferente, mais emocional, mais cuidadosa e com pequenos detalhes.

Muito por isso, o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA-NY) estreia uma mostra dedicada ao olhar feminino. Pictu-res by Women: A History of Modern Pho-tography concentra mais de 200 obras feitas por cerca de 120 artistas, todas mulheres, que são capazes de contar a trajetória do século 19 e começo do 20 com imagens, colagens, vídeos e, claro, fotos.

As seis salas do terceiro andar da esquina da Rua 53 com a Quinta Avenida destinadas à exposição (em cartaz até dia 30 de agosto) apresentam recentes aquisições do museu e trabalhos ainda inéditos das já falecidas Anna Atkins (considerada a primeira mu-lher fotógrafa e pioneira em publicar livros com imagens fotográficas) e Helen Levitt, a poeta-fotógrafa que, em suas lentes Leica, registrou o cotidiano espontâneo e urbano principalmente de crianças nova-iorquinas.

Materiais pertencentes a outras coleções com curadoria de Yoko Ono, por exemplo, também ganham lugar na mostra, que ainda reúne imagens da sociedade no período entre as duas grandes guerras mundiais, incluindo fotos documentárias de Bere-nice Abbott, célebre artista que revelou a transformação arquitetônica estadunidense, a primeira mulher aceita na Academia Ame-ricana de Artes e Letras.

E isso ainda não é tudo. Registros do pós-guerra e das décadas de 60, 70, 80 e 90 de muitas outras artistas completam a coletâ-nea e carregam a diversidade daquelas que revolucionaram a forma de ver o mundo. “Quero mostrar as coisas que você não pode ver na vida real”, diz a holandesa Rineke Di-jkstra ao explicar o porquê de seu trabalho. Rineke Dijkstra é uma das que ganharam espaço nas paredes de Pictures by Women com uma série de 11 retratos que mostra a passagem da infância para a adolescência de Almerisa, uma menina da Bósnia que virou refugiada com apenas seis anos de idade.

Paralelo à mostra, o MoMA lança o livro Modern Women: Women Artists at The Museum of Modern Art, com textos de aproximadamente 50 escritores que abran-gem uma variedade de gerações, culturas e artistas que se revelaram essenciais e que tiveram suas atividades expostas por ali.

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o SUSSURRo de BAKUn

Miguel Bakun, acanhado, pede licença ao visitante. Não há gritos estrondosos e tampouco impacto no início da exposição, como nas outras mostras em cartaz no MON. As telas são tão pequenas que o visitante precisa se aproximar para que o maletense (de Mallet), filho de imigrantes eslavos, sussurre sua arte aos olhos que muitas vezes se perguntam: por que nunca ha-via escutado coisa alguma sobre Miguel Bakun? O nome dele soa tão familiar...

Miguel Bakun não soa, ele ressoa. No cerne de sua arte, entre as pinceladas de tintas já rachadas, há qualquer coisa de expressionismo, qualquer coisa de Van Gogh. Há desejos e anseios modernistas, um pouco de Curitiba e muito de Pa-raná. Há no cerne, porque nas beiradas não há muito, até mesmo a tinta é mais rala nas bordas inacabadas das telas de baixa qualidade que provavelmente eram as que o artista conseguia comprar.

Por isso mesmo o convite de Bakun. O Paraná é colorido na alma do paranaen-se e não é preciso colocar título às suas telas para se ter certeza de que as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá. Basta pedir licença, no jeito do cam-po, para apresentar um emaranhado, ordenado por Eliane Prolik, de 61 obras. Foi ela quem iniciou esta releitura, localizando os trabalhos que até então estavam errantes pelo país.

A mostra Na Beira do Mundo culmina esta releitura e tenta dar densidade à produção modernista no estado, cor-roída pelo tempo, tal como a beira dos próprios quadros expostos. Não fossem iniciativas como esta, também a memó-ria artística do Paraná estaria carcomida pelo provincianismo daninho.

+ MIGUEL BAKUN NA BEIRA DO MUNDO

Período: até 15/08Local: Museu Oscar NiemeyerRua Marechal Hermes, 999Curadoria: Ronaldo Brito e Eliane ProlilIngresso: R$ 4 a inteira

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por_BRUNO REISimagem_DIVULGAÇÃO MON

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O chileno Rodrigo Alonso criou sapatos supercharmosos, com design exclusivo, que fazem parte de um pro-jeto ecológico e social, e que podem ser facilmente carregados de um lado para o outro. Trata-se de um sapato envelopa-do ou, se preferir, um envelope que vira sapato denominado Armo®.

Exclusivo porque pode ser customizado ao gosto do cliente: os sapatos viram sapa-tilhas, sandálias, com zíper em cima, ao lado... Social porque trata-se de uma criação para o Inclusivo, uma aliança com o projeto social Um Techo para Chile que, desde 1997, trabalha para a construção de casas dignas e a inclusão social e agora já está em mais de 15 países de América Latina. Social também porque o projeto de Alonso gera trabalho e renda, com produções de baixo custo e experiência mínima: fatores-chave para superar a pobreza a curto prazo.

Com diversas (e divertidas) estampas, o Armo® vem com todas as peças achatadas para que o próprio cliente monte como e quando preferir, transformando-o inclusive conforme estações e tendências. À venda em 13 pontos no Chile, dois nos Estados Unidos, na China, Austrália e Europa.

+ RODRIGOALONSO.CL

por_ANA AMARAL imagem_DIVULGAÇÃO

1919

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JUlIUS e SUA TURMA CHegAM

Ao BRASIl

Nos anos 80, a Hello Kitty era o bichinho sen-

sação. De capas de chuva e guitarras a toalhas de banho e

relógios, a gatinha com flor na orelha fazia sucesso. Já há alguns anos, um novo desenho desperta carinho e adora-ção. Agora presente no Brasil, Julius, da marca americana Paul Frank Industries (PFI), promete arrancar suspiros dos fashionistas e também da criançada.

Na recém-inaugurada loja pop up no Shopping Iguatemi, em São Paulo, desta-cam-se alguns dos 10 mil itens que va-riam entre R$3 e R$2 mil. São adesivos, agendas, carteiras, bolsas e bicicletas (somente encomendadas) estampados com a carinha simples do macaco, per-sonagem da marca, e sua turma. Descolada, a PFI é adorada por famosos de diversos estilos e escalas: Madonna, Hillary Duff, Jennifer Love Hewitt, Ivete Sangalo e Bruno Gaglias-so estão entre os nomes que já foram

flagrados mais de uma vez com peças da marca. E, mesmo sendo uma experi-ência rápida - a princípio a loja funcio-na durante três meses -, os paulistanos podem se orgulhar e ficar tranquilos: é a primeira experiência para esses lados do planeta e o plano de expansão promete de cinco a seis lojas até o final de 2010 espalhadas pelo país.

Nascida oficialmente em 1997, em uma garagem na Califórnia, a Paul Frank Industries não conta mais com Paul Frank entre seus sócios. Hoje, a marca é dirigida por Ryan Heuser e utiliza o sistema de licenciamento. O verdadeiro Paul Frank atua no estúdio Treestitch Design, com outros persona-gens. No time da PFI estão 12 designers que criam e terceirizam a produção dos produtos, ação que deve iniciar em breve aqui no Brasil. Por aqui, a PFI é licenciada pela Smart Marcas, mesma empresa que possui os direitos de uso da Doc Dog, entre outras.

+ PAULFRANK.COM

por_ISADORA HOFSTAETTER imagem_DIVULGAÇÃO

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www.up.com.br l (41) 3317-3200

VESTIBULAR DE INVERNO UNIVERSIDADE POSITIVO

Design - Projeto VisualDesign - Projeto de ProdutoDesign de Moda

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ilustracaoprojeto

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Oficina

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m

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UM PASSeIo PoR FoRA do SAlão InTeRnACIonAl do MÓVel de MIlão

por_RAFFAELLA BONANNI fotos_HENRIQUE CATENACCI

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Dois colaboradores apresentam, com exclusividade na Inventa, um pouco do circuito alternativo paralelo à mostra que conta com mais de 250 mil m² de exposições por toda a cidade italiana.

O FuoriSalone (em português, ForaSalão) de Milão é uma iniciativa que nasceu em 1990 e que, com a Feira Internacional de Móveis, ativa e muda gradualmente a cidade a cada ano. Por uma semana, áreas inteiras são ocu-padas e transformadas em “distritos expositivos” de grande interesse para os designers.

Hoje, o FuoriSalone representa um acontecimento único em âmbito internacional, envolvendo todos os cidadãos e visitantes, independente de seu interesse pelo design, em um evento imperdível que faz ferver Milão, assim como o Carnaval faz ferver o Rio de Janeiro. Em terras italianas, os bairros se transformam completamente quando criativos de todo o mundo ocupam os espaços de exposições, museus e galerias de arte com instalações, projetos e decoração contemporânea em cada ponto da cidade.

Assim acontece o Brera Design District - referência do de-sign por excelência -, com a maior densidade de showrooms de marcas prestigiosas, capaz de ditar as tendências da moda e do design. Um lugar cheio de charme e cultura que inclui não só os lugares históricos da arte e da criatividade, mas também as ruas mais antigas e importantes de Milão.

A Zona Tortona, por sua vez, aparece na cena internacional como a área mais criativa da cidade. Esta antiga zona in-dustrial, agora sede do Museu Armani e de vários estúdios fotográficos, atrai a atenção de jovens designers, artistas e estilistas, que, com suas ideias inovadoras e culturais, ali têm seus escritórios. Durante os dias de FuoriSalone, a zona se torna ainda mais animada e eclética, propondo através de um percurso sinalizado os pontos de maior interesse para profissionais e visitantes.

Com uma abordagem diferente, mas sempre extremamente ligada ao tema design, a iniciativa da Fabbrica del Vapore (Fá-brica do Vapor) propõe um espaço, inspirado em questões am-bientais e de sustentabilidade, que ajuda a promover a relação entre design e meio ambiente de forma inovadora e moderna, partindo sempre da ideia de que para pensar sustentável, é necessário se colocar no centro do processo da mudança, sem esperar que alguém se responsabilize por nós.

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ENTREVISTA_Orlando Azevedo

PATRIMÔnIo do BRASIl

por_MARÍLIA BOBATOcolaboração e fotos_GUADALUPE PRESAS

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Sabemos que alguns o amam e outros o odeiam. Orlando Azevedo também sabe. Com um acervo de mais de 200 mil imagens, o fotógrafo português que por aqui habita há muito tempo não quis falar apenas sobre seu ofício. Afinal, para ele filosofia, música, hábitos, viagens e cultura invariavelmente se relacionam com a fotografia.

Inquieto, Orlando Azevedo usa e abusa de palavrões. E, mesmo se considerando tímido, falou o tempo todo com a equipe da Inventa. Para ele, o que Curitiba tem de melhor são os parques e o verde, as araucárias e sua majestade, os sabiás, saracuras, tirivas, micos; o frio. Algumas das muitas críticas, você confere na entrevista exclusiva a seguir.

INVENTA - PARA QUE SERVE A FOTOGRAFIA?Orlando Azevedo Para eu me conhecer. Para tentar me conhecer. Eu sei que é uma missão impossível. Tento, tento e não consigo. No fundo é uma utopia, mas o meu olhar é sempre o olhar do outro. Essen-cialmente, sou apaixonado, e muito, por retratos. Eu adoro essa ligação... de estar junto, dentro do teu coração e você estar junto a mim, estabe-lecendo a cumplicidade, por isso, não roubo retrato. Posso até fazer um flagrante de uma situação, mas no retrato sempre estou junto mesmo. O retrato sempre é um autorretrato.

Acho a história da fotografia muito complexa porque é um ofício sem inspiração. Aliás, não acredito em inspiração para a criação. Você pode estar melhor em nível de astral, de feeling, mas sempre falo que é a conspiração da trans-piração. Fotografia para mim é isso. O tempo todo é uma coisa muito perversa, no sentido de que a foto não vai se repetir nunca mais. É um movimento, o momento do movimento. É lidar o tempo todo com o momento que não se repete, com a ressurreição desse tem-po. É uma coisa de um “passado-futuro”.

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IVT - O QUE SIGNIFICA FOTOGRAFAR?OA Todo mundo sabe que o significado da palavra foto-

grafia é escrever com a luz. Logo, e não por acaso, existe uma vertente dentro da fotografia cuja intimidade, cuja cumplicidade visceral, está muito mais ligada à literatura, principalmente à po-esia e também à música. Fotografia não existe sem musicalidade, sem composição, sem regência básica.

A fotografia em si tem um timing, uma retina e um respirar, que é uma história muito metafísica, muito louca, porque a fotogra-fia sabe disso. Ela vem para você quando você tem o preparo cultural, a formação cultural para isso. Daí, claro que a imagem vai obviamente significar aquilo que você tem de formação, aquilo que você é, o que você pensa, onde você está, como você está. E é isso o que importa.

IVT - COMO VOCÊ VÊ OS PROFISSIONAIS DA FOTOGRAFIA HOJE?OA Acho que a tal da nova fotografia, com o universo digital, criou um pecado mortal de esquecer sua própria essên-cia, sua própria história. A máquina digital é uma maravilha, não tenho nada contra. Achei que seria o grande instrumento de possibilidade de aprendizado estético com a tecla delete, mas nunca vi tanta fotografia tão ruim. Sou invadido diariamente por gente que manda portfólio ou o que for, com fotos que não têm essência, não têm substância, não têm conteúdo e não vão vingar. Eu continuo preferindo os clássicos.

Tenho algumas preferências locais como Vilma Slomp, Nani Góis, Jonathan Campos, Anderson Schneider, João Urban e Orlando Kissner. E sejam bem-vindos todos os novos, só que eles não podem querer não aprender fotografia. Tem muito curso de mes-trado, pós-graduação em fotografia por aí, mas os ministrantes sequer poderiam ser pós-graduados em fotografia porque não a conhecem. É uma questão de ofício, de dominar a arte.

IVT - QUAIS FOTÓGRAFOS ESTÃO SE DESTACANDO?OA Acho que Curitiba, de qualquer modo, sempre foi um celeiro de bons fotógrafos em nível do ofício. Agora tem uma nova geração que está vindo por aí com algumas coisas, como a Amanda Calluf. Vi recentemente seu trabalho e tem identidade, acho que tem um processo. O companheiro dela (aponta para nossa fotógrafa Guadalupe Presas), Humberto (Michaltchuk), tem belos retratos. Juliana Stein é uma fotógrafa que eu gosto, que tem muita ânsia, que faz uma coisa muito pop dentro de uma circunstância complexa. Gente nova... É uma pegada rápida, muito rápida, porque a mídia tem sede cada vez maior de novos produtos no mercado.

A Cia. da Foto (São Paulo) é um produto que está no mercado e escapa porque tem bons fotógrafos; eles fotografam bem, ainda bem, mas têm um desejo, uma sede de marketing imenso, mas a fotografia é um estado de vida, não pode ter essa ânsia de você ter fama a qualquer preço. Hoje um fotógrafo nasce querendo ter visibilidade, mais do que aquilo que fotografa. Ninguém que é fotógrafo de verdade está preocupado com o status da arte. Se o cara é artista, não deve estar preocupado. O que vai definir se o cara é artista, se é arte, se é obra, é a história. Metade não sobra. Inclusive esses que estão aí, consagrados, vai haver uma releitura de tudo isso, porque há uma confusão muito grande, inclusive de releitura filosófica em relação à fotografia. Se você contar nos dedos, fica pouca coisa.

A grande merda dos últimos tempos é que a fotografia entrou pelos fundos. Entrou quando os artistas plásticos, sem amaldiço-ar nem nada, usaram fotografia como suporte e passaram a usá-la para o seu conceito de arte. Percorrendo as bienais, quantas delas tiveram fotografias de verdade?

IVT - VOCÊ FALOU SOBRE CURITIBA SER UM CELEIRO... COMO É SUA RELAÇÃO COM CURITIBA?OA Eu, um português, um luso em Curitiba. O portuga filho da...! Mas como não circulo, não convivo, estou pouco me lixando. Sou um exilado. Saio, mas sei bem da porrada que eu levo, tenho as antenas muito apuradas para isso. Você paga o preço. Praticamente não saio, fico aqui o dia todo, sabe? E, em Curitiba, há uma trajetória supercomplexa de sobrevivência na qual o meu trabalho tem muito, mas muito mais visibilidade fora dela. Este sempre foi o grande incômodo de Curitiba, e sempre foi uma das minhas grandes broncas, que é o tratamento adverso que se faz ao outro. Curitiba é essa coisa pra lá e pra cá, meio nebulosa, autofágica e antropofágica. Se você põe o nariz para fora, tem neguinho que vem e já quer dar uma sucateada. Acho que é geral, não só na fotografia. Por isso que o Dalton Trevisan está certo, sabe? Não permite que invadam, inclusive, a sua privacidade. É muito fácil você falar mal da privacidade alheia sem olhar no olho, sem conhecer.

Eu continuo preferindo os clássicos.

ENTREVISTA_Orlando Azevedo

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IVT - UM PORTUGUÊS EXILADO NO BRASIL... COMO DEFINE ESTA RELAÇÃO?OA Os portugueses deixaram um legado riquíssimo. Não estou isentando os ibéricos, nem a cruz e a espada que aqui chegou, principalmente com os hispanos, porque na América espa-nhola é muito pior, foi decapitada. E a América do Norte é pior ainda, não sobrou um índio pra contar história. Os assassinatos da história vieram com as imigrações. Chegavam ao país e tinham direito à terra, tinham que derrubar as araucárias, no caso, para poder plantar ou vender a madeira e, em cem anos, tudo sumiu. Isso está registrado neste acervo que tenho do primeiro fotógrafo do Paraná, que comprei há alguns anos. São chapas 24x30cm.

Algumas personalidades do Brasil entenderam muito bem isso. Darcy Ri-beiro tinha a compreensão de toda essa situação. Gilberto Freyre era outro. Mas eles já se foram, infelizmente. Agosti-nho Silva, um português que aqui esteve e que ninguém conhece, era um cara mais que iluminado. Aliás, foi o guru de Mário Alberto Nobre Lopes Soares, ex-presidente de Portugal. Foi ele quem fundou, entre outros, a Universidade de Florianópolis. É um cara que alguns conhecem. É essa a compreensão da di-áspora da língua portuguesa, dessa força que existe espalhada pelo mundo.

Quando estive no Sri Lanka (o fotógrafo esteve recentemente na Índia e região em uma série de exposições e palestras sobre seu trabalho) fiquei surpreendido, quase caí duro, porque tem Silva, Pe-reira, palavras portuguesas, versos dos Lusíadas. A saga científica desse cara genial e sua saga de descobrimento, é claro, estava a serviço da Igreja Católica, que estava a serviço da perversidade, do dízimo etc. O que eram as reduções jesuítas? O que significava reduzir? Era reduzir os índios à sua insignificância de manipulação, da sua saga e de seu conhecimento para que não afrontas-sem. No Paraná não sobrou nada...

Não vou negar a importância dos jesu-ítas, inclusive estudei com jesuítas. Me formei aqui no Medianeira, mas longe dessa compreensão. O Brasil tem muita mania de querer sempre culpar para se isentar. E a culpa sempre vai para...? Ah! Mas se o Brasil tivesse sido colo-nizado pelos ingleses...? Esses são os piores caras do mundo. Aliás, Portugal sempre trabalhou só para os ingleses e continua. Eles continuam manipu-lando. Vá para a Inglaterra ver o que é aquilo ali. Então não é essa a história, é uma história muito mal contada. Não se aceita a cultura indígena, a cultura africana, que são a base... Aqui no sul nós somos todos branquelos.

E mais ainda... a mim toca ainda mais porque sou ilhéu, nasci numa ilha. E o Paraná tem muito da cultura açoriana. O barreado é um prato açoriano, só se adicionou a farinha, a laranja e a banana, mas o preparo é exatamente o mesmo. E não é por acaso! A música que se toca aqui, a viola caipira. O brasileiro tem medo de aceitar e de se orgulhar da sua própria identidade. Esse meu livro (Expedição Coração do Brasil - Paraná), o último que fiz, é um tributo para devolver tudo o que recebi do Brasil e do Paraná. Embora tenha le-vado muita porrada e continue levando, quero devolver ao Paraná tudo o que ele me deu. E de cara tem uma frase que é uma provocação. Falo que ser caipira é ser moderno.Tenho certeza absoluta e a convicção de que se existe uma iden-tidade, ela está no interior. O interior é caipira e ninguém assume isso. O paulista já tem mais essa facilidade.

IVT - VOLTANDO À FOTOGRAFIA. TEMOS A SENSA-ÇÃO DE QUE FOTOGRAFAR ESTÁ EM ALTA. EXISTE UM MODISMO DA PROFISSÃO NO MOMENTO?OA Acho que há um desejo imen-so porque virou um funil estrangulador essa ânsia da possibilidade de novas profissões ou profissões que se torna-ram moribundas, e o apelo e a magia da fotografia são muito fortes. Nada se compara a uma máquina fotográfica na mão de qualquer um. Sempre que se faz a imagem, a grande magia é você olhar o resultado, seja a foto analógica ou digital. E aí você deixa de ter o senso crítico em relação àquilo que você realizou, porque é uma questão muito passional você ver revelado, e agora com as novas tecnologias, ver automati-camente a imagem que produziu.

Tem muita gente querendo ser fotógra-fo e, assim, a fotografia se tornou uma indústria, principalmente da educação. Tem curso de tudo quanto é tipo por aí. E não há um ensinamento devidamente centrado se você começar a analisar.

IVT - MAS OS CURSOS NÃO SÃO BONS? OA Para mim existem dois cur-sos no país. Em São Paulo, a gradua-ção do Senac, com as características de um curso superior de quatro anos. E o melhor curso de fotografia do país é, inegavelmente, o da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), em Porto Alegre.

ENTREVISTA_Orlando Azevedo

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ENTREVISTA_Orlando Azevedo

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IVT - COMO FAZER A FOTOGRAFIA-OFÍCIO NESTE MUNDO QUE DEMANDA NOVIDADE O

TEMPO TODO?OA Falta, para a grande maio-ria, rever a parte histórica, voltar às origens. Tem que beber da fonte. O

Brasil tem uma história na fotografia que é uma coisa invulgar em nível mundial. Tivemos um louco no Brasil chamado Dom Pedro II que era um cara absoluta-mente genial, visionário tanto quanto JK (Juscelino Kubitschek). Essa é a verdade. Foi um cara que alavancou, além de ser fotógrafo amador. As primeiras câmeras da Europa estiveram aqui com ele. Ele plantou essa situação que constitui uma situação única. Além disso, tem um dado de que pouca gente se lembra, que a foto-grafia tenha talvez sido descoberta aqui mesmo no Brasil, por Hercules Florence. A gente deve essa pesquisa ao genial Boris Kossoy (USP) - na verdade toda essa his-tória, desse mapeamento antropológico, e a minha história como fotógrafo é essa, a minha relação é com os viajantes mesmo, de fato. Os caras vinham e percorriam o país para revelá-lo. É o lado oculto.

IVT - VOCÊ FOI UM DOS CRIADORES DO MUSEU DA FOTOGRAFIA DE CURITIBA. COMO VÊ O LOCAL HOJE?OA Foi o primeiro museu de foto do Brasil e da América do Sul, e aquilo está ao Deus dará, não está tombado até hoje. O Miguel Rio Branco queria tirar as obras; Mario Cravo (Neto) também, porque não tombaram, que é uma coisa básica. Só falta... Aliás, acho que até já sumiram de lá algumas obras e ninguém sabe onde estão. Como agora. Está ocorrendo uma confusão porque deixaram aquilo ao Deus dará (refere-se ao descuido com o acervo de Frans Krajcberg no espaço cultural que leva seu nome aqui em Curitiba).

Falta seriedade das pessoas, das mesmas que falam que você é bocudo. Mas não é isso, é que você reivindica questões de ética em relação a tudo isso. Essa que é a grande história. Meu projeto era a fotografia nacional, não local. Mas o espaço que foi abandonado tem hoje no seu acervo mais de um milhão de doações... Esse acervo é maior do que o acervo do MASP. Os paulistas sempre tentam “tirar rabera” falando do acervo do MASP. Se estou perto, sempre falo que o nosso é maior. Tá cheio de coisas; são mil histórias dessa época. Vamos passar para outra? (desconversa)

IVT - AS FOTOS FALAM POR SI. QUAL O SENTIMEN-TO NO MOMENTO DA CAPTAÇÃO DE UMA IMAGEM?OA Acho que causa um estado de latente inquietação, embora ache genial. Acho também que obra de arte só será se estabelecer perturbação. Se você não perturbar, alguma coisa está errada, seja lá em que sentido for e em que direção for. Então quero mais é que a filosofia me conduza a uma possibilidade de conheci-mento - em nível material, não espiritual.

Sou extremamente grato à fotografia. Jamais seria outra coisa. A fotogra-fia nasceu comigo, desde criança. Com quatro anos já ficava alucinado olhando fotografia. Com 13, já tinha laboratório e revelava. Vim para o Brasil no mesmo navio que a família Taunay, que também era apaixonada por fotografia e que passou depois a ser uma regência no meu trabalho.

IVT - OS PROJETOS DOCUMENTAIS SÃO SUA GRANDE PAIXÃO, MAS VOCÊ JÁ FEZ FOTOS PUBLI-CITÁRIAS. COMO DIVIDE SEU TEMPO?OA Fazer foto comercial hoje é raríssimo, vivo dos meus livros. Tem coi-sas que gostaria de fazer, mas apresento o orçamento e não vai. Já fiz muita foto publicitária, atendia todos os “Bs” do estado: Boticário, Batavo, Banestado, Ba-merindus. Também fiz muito fotojorna-lismo para as revistas Veja e ISTOÉ. Mas, a partir de uma época, vi que não queria mais. Comecei a retornar àquilo que era a minha essência. O livro sobre Foz do Iguaçu, por exemplo, vende muito bem e já está na quarta edição.

IVT - LIVRO, JORNAL, REVISTA?OA Jornal eu leio pouco. Até assino a Folha (de S. Paulo), mas vou direto para o Zé Simão para dar um pouco de risada. Continuo na Folha Ilustrada e passo pelas outras coisas. Política nem vejo mais porque não me interessa e eles não merecem nem que se olhe nos jornais.

Leio muita filosofia, poesia. Sou um fanático pela obra de Fernando Pessoa, o maior gênio da poesia mundial. Alias, é interessante para qualquer fotógrafo que leia o escrito sobre a arte e a prosa do Fernando Pessoa. Leio revistas técnicas, tipo bobagens, do que está saindo, isso, aquilo. Me interessa saber o que está saindo até porque toda essa maluquice de equipamento digital é uma advertising que você não consegue acompanhar. Todo dia está saindo al-guma coisa. Não consigo acompanhar. Até hoje ainda estou com as analógicas, não porque eu queira... é falta de bala pra comprar o que eu quero. Estou lou-co pra comprar, mas é barra pesada.

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Escutar, escuto de tudo, desde cantos gregorianos, clássicos, música indiana... Eu trouxe um zilhão agora que estive na Índia, fiquei enlouquecido com o cântico. Aí você volta para uma história maior que é a diáspora muçulmana, que é muito forte, muito louca. Toda aquela região, a Índia... Dizem que de lá saíram os ciganos, que deram origem a um dos trabalhos de fotografia de um dos profissionais que mais gosto e que tive o prazer de conhecer, Josef Kouldelka, tcheco. Aliás, a República Tcheca tem uma das melhores fotografias do mundo. Tem uma escola de fotografia deslumbrante. Inclusive, hoje, também me correspondo com um outro fotógrafo da Islândia, chamado Ragnar Axelsson. Ele é novo, foi o prêmio mundial da Leica.

Mas, enfim, eu estava falando sobre música. Você volta para a questão muçulmana, a questão ibérica e chegamos no Brasil. De repente você começa a configurar. E no Brasil a história maior é a da música de raiz, que não é samba, não, é a música de raiz, a viola caipira. Esse é o grito e até hoje tem gênios no Brasil. Então me interessa mais essas coisas.

IVT - E QUANTO ÀS OUTRAS ARTES, O QUE ESTÃO FAZENDO BEM E O QUE NÃO?OA Tem coisas muito boas no Brasil, no Paraná não, lamentavelmente. O Paraná tem nas artes visuais, tirando a fo-tografia, excelentes talentos no universo gráfico. A vocação do Paraná são os artistas gráficos, trajetória que ninguém fez até hoje e que começa inclusive com o Poty. Às vezes, me irritava que era só o Poty, Poty, Poty. Acho que uma cidade que tem só Poty, só Dalton Trevisan, só Paulo Le-minski, tem uma história mal contada. Acho que tem muito mais gente. É essa diversidade que faz a história da identi-dade. Por acaso, Dalton Trevisan é genial, adoro o Dalton. O Poty é um puta de um artista. Ainda bem, porque coinci-diu de ser, porque existem coisas que são enganos que não vão ficar pra história do caldeirão das artes plásticas.

Mas enfim, Zamoner, Silvio Silva têm um desenho magistral. A própria Guilmar Silva tinha um traço muito bom. O Rogério Dias, os trabalhos gráficos dele são demais. Acho que essa é a grande história e precisa ser revista. E tem gente muito boa aqui na literatura municipal, tem gente produzindo escrita de alta qualidade. O Marcos Jorge no cinema é um cara que fez o que pensa, e é muito bom porque tem muita formação. Só que é uma matéria muito cara para você produzir e você tem que ter um resguardo, o respeito à dignidade. Quem cria não tem fundo de garantia, não tem 13°, não tem porra nenhuma a não ser a missão do hospício do ofício, literalmente isso. Você está porque você é, não tem como arrancar isso.

IVT - CADA FOTO TEM UMA HISTÓRIA. QUAIS MARCARAM MAIS VOCÊ?OA Esse é um projeto que estou desenvolvendo. A fotografia é a sua história. É exatamente isso. Vou colocar vários fotógrafos. Quero uma foto e quero a história dessa foto. Mas isso é um projeto longo em conjunto com o meu filho mais novo que estuda design.

Nem sei, quando você me fala de fotografia, qual é a melhor foto... Não tem melhor foto. Eu sempre falo que é aquela que não fiz, que guardo no olhar. Tem cenas que jamais vou esque-cer. E no fundo queria começar a dar um time para poder es-crever enquanto ainda estou com a cabeça bem acesa, inclusive em relação à memória, que é um projeto o que eu tenho que vai para os anos 60, 70, e essa Curitiba que era muito barra pesada, era a época que tive o conjunto (A Chave).

IVT – QUAIS SÃO SEUS PRÓXIMOS PROJETOS?OA Em agosto vou estar com uma exposição no MON que chama Marinhas - ar-queologia da morte. Os projetos são sempre autorais, hoje tenho um acervo de mais de 200 mil imagens. Quero implantar um banco de imagens com o patrimô-nio humano e cultural do Brasil. Já o próximo livro será sobre Paranaguá, que retoma minhas origens de ser um ilhéu. Estou em busca de patrocínio, já busco há três anos. A intenção é ficar dois meses fotografando, principalmente porque gosto da primeira luz da manhã e a do fim do dia, que têm curta duração. Ainda estou buscando alguém para escrever esta história. Cada projeto envol-ve, em média, quatro anos e ainda tem a via sacra do patrocínio.

Percorri, em 1999, 70 mil quilômetros viajando o Brasil. No Paraná, foram 20 mil quilômetros e quero fazer Santa Catarina, principalmente pela presença açoriana na região. E ainda tem vários projetos que quero fazer, mas alguns vão ficar para a próxima encarnação.

Também quero escrever minha experiência nesta vida, con-tar a história não oficial. Enquanto você está com a chama da paixão, tudo vai, só não espero cair no descontentamen-to porque sou muito intenso em tudo, mas Curitiba tem muito isso que te leva a se descontentar.

IVT - PRETENDE PARAR UM DIA?OA Artista não se aposenta. Às vezes é bom ficar só na fase da contemplação... Voltar para a fase do casulo é essencial para fazer a revisão da sua passagem terrena. Estou começan-do a fazer esses questionamentos.

ENTREVISTA_Orlando Azevedo

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Quem cria não tem fundo de garantia, não tem 13°, não tem porra nenhuma a não ser a missão do hospício do ofício ...

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oS 30 QUe não SAeM dA CABeÇApor_ISADORA HOFSTAETTERilustração_ALE TAUCHMANN

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Os horários continuam os mesmos. Oito horas da manhã em pé, no máximo meia-noite na cama. A principal diferença é não saber o dia da semana. Durante a viagem, a cabeça fica a mil por hora: costumes, comidas, pessoas, marcas, tudo diferente do que costumo ver. Na volta do passeio, os pensamentos sossegam, mas o corpo trabalha como nunca (escolhi as férias para mudar de casa!). Quase como uma redação de volta às aulas, tento lembrar tudo que fiz, senti e pensei durante os primeiros 20 dias de férias consecutivos que tiro de carteira assinada. Até alcançá-los, foram quatro anos trabalhando e estudando, contando apenas com os feriados para o descanso.

Um ano de planejamento para receber, em 20 dias, uma explosão de novidades. Vinte dias sem trabalho. Meu pulso quase não aguentava de expectativa du-rante o tempo que antecedeu minhas tão esperadas férias. Uma pesquisa realizada por cientistas holandeses, publicada no artigo Vacationers Happier, but Most not Happier After a Holiday, em julho de 2009, afirma que logo após uma viagem de férias, não há diferença entre o bem-estar de quem viajou comparado com o de quem passou os dias de folga pela sua cidade mesmo. A maior alegria relacio-nada a viagens, apontada pelo estudo, é o planejamento: planejar as férias traz mais felicidade. Assim, o que eram 20 dias passam a ser quase um ano inteiro de expectativa.

Diferente das férias da infância e adoles-cência, nas quais a vida era praticamente dupla, a vida de “adulto” é zero em dicotomia. Antes, durante o ano letivo, as férias eram “guardadas” como um amigo imaginário. Do início de dezembro ao final de fevereiro, este amigo passava a ser companheiro real, divertindo-se em piscinas e toboáguas, barracas na sala de casa e muitos bets na rua. Hoje, férias não são um cotidiano à parte, afinal, minha vida não permite mais uma vida paralela: a saúde não deixa de precisar de atenção, o encanamento de casa não res-peita os dias de folga e as filas do banco tornam-se ainda mais presentes nos dias que deveriam ser de sossego.

O objetivo e o conceito do evento férias mudaram com o tempo - leia-se idade. Não há mais a necessidade, e quase não há mais vontade, de histórias mira-bolantes para contar. Agora, férias é sinônimo de investimento no psicoló-gico, uma ação pensada e planejada. Basicamente pegar as 8h30 que passo em frente ao computador investindo na minha profissão e substituí-las por coisas que me fazem bem: arrumar a casa, fazer feira no mercado municipal, cozinhar para amigos e, em proporções bem menores das do dia a dia, trabalhar. Sim, trabalhar. Talvez não com horários e reuniões, mas com pensamentos, observações, projetos. Menos produção material, mais produção intelectual.

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“O direito a férias não é um favor

do governo ou da empresa”

Segundo a doutora em Psicologia e presi-dente da International Stress Management Association no Brasil, a ISMA-BR, Ana Maria Rossi, é realmente difícil perder o vínculo com a empresa durante as férias, seja você proprietário ou colaborador. “Caso sinta vontade, veja os e-mails em horário pré-determinado. Mantenha um vínculo virtual agendado”. Mas, eu, nessas férias, reconheci outro vínculo, o mental. Um scrapbook de referências em estética, texto, posicionamento. O período ausente permitiu a criação de imagens que serão utilizadas no cotidiano. É claro que esse scrapbook não depende somente das férias, mas este período age como um “intensi-vão”: mais referências em menos tempo. Os recortes e colagens não são necessaria-mente conscientes. Eles estão lá, de alguma forma, sem que a gente perceba.

O tal livro de recortes e colagens a que me refiro não exige que as pessoas andem muito. Apesar do turbo que fica ligado quando visitamos culturas extremamen-te diferentes, como outro país, apenas escolher ruas diferentes, visitar espaços de sempre em horários não convencionais, ler um livro com atenção, andar calmamente a pé pela cidade, ir a uma exposição no museu ao lado de casa, tudo isso já funcio-na para incrementar o tão valioso álbum. Valioso, pois como uma amiga diz, “o custo da hora-trabalho deve incluir não só o curso superior e a experiência real, mas também a experiência cultural: revistas, livros, cidades e lugares que conhecemos”. Tudo reverte em dinheiro, tudo reverte em trabalho. “É interesse da empresa que o profissional tire férias e aproveite-as. É um período importante para a pessoa repor a energia”, completa a psicóloga Ana Maria. Diz a ciência que somente finais de semana e feriados não são suficientes para o bem-

estar do profissional. Diz a vivência que só finais de semana e feriados murcham qualquer scrapbook. Em pequenos perío-dos, dois a três dias, não é possível viajar para grandes distâncias, nem desligar a cabeça a ponto de ver detalhes que passam despercebidos com a agitação diária. Um dos estudos da ISMA-BR diz que são necessários, em média, dez dias para entrar no ritmo de férias, descansar realmente. O mesmo estudo relata que nos últimos dez dias de férias, já estamos planejando o retorno ao trabalho, ou seja, aproveitamos mesmo só os dez dias do meio do período total que, em geral, é de 30 dias.

Esses períodos de dez dias são calcula-dos com base em um ano completo de trabalho, ou seja, muito stress. O ideal, que pouco acontece, é não deixar esse nível de agitação (acumulado em 356 dias) chegar. A lei brasileira exige que o funcionário tenha direito a pelo menos 30 dias de férias por ano. O que se vê por aí é de duas uma: ou o colaborador tira todos os dias que tem direito em determinado período ou opta por menos dias de folga e “vende” para a própria empresa os dias restantes. Segun-do Ana Maria, o ideal é segmentar os 30 dias em pequenas férias divididas ao longo de todo o ano. E nunca, nunca vender as férias. “Vender as férias é muitas vezes uma questão financeira. Mas o dinheiro não vai oferecer ao colaborador o sossego necessário. O profissional vai sentir falta desses dias vendidos, inclusive no desem-penho, pois os agravantes do cotidiano continuarão por ali. Além do mais, o direito a férias não é um favor do governo ou da empresa. Realmente as pesquisas comprovaram que as pessoas precisam de um tempo para se recompor mentalmen-te, sem as pressões do dia a dia”.

Dra. Ana Maria Rossiw

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MEdO, dEPREssãO, fOBia: EstaMOs falaNdO dE féRiasEsfriar a cadeira, perder espaço, ser substituído. O profissional sai de férias e, poucos dias após a volta, rua. O medo de passar por esta situação tem sido chamado pelos especialistas de fobia de férias. “Esse medo gera um impacto emocional. É uma violência muito grande essa atitude de demissão logo após o retorno de férias. A pessoa sai, descansa e, na volta, tem outro sentado em sua cadeira. Infelizmente essa situação tem acontecido com frequência”, revela a doutora em Psicologia Ana Maria Rossi. Além do medo, um estudo realizado em 2003 na Universidade de Valência, Espanha, revela também o que parece contraditório. A pesquisa concluiu que 35% dos trabalhadores espanhóis sofrem de depressão pós-férias. Segundo Ana Maria, a causa deste sentimento é a não satisfação profissional. “O profissional pode ter dificuldade em retornar às atividades depois de um período de descanso, pois refletiu sobre o trabalho e percebeu que não é isso o que realmente quer, descobriu a insatisfação profissional. Nesses casos, retornar ao trabalho passa a ser mais do que uma punição”.

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Outra descoberta que incentiva as férias “picadas” é a revelada pelo artigo de Jeroen Nawjin e mais três pesquisadores holandeses. No já citado Vacationers Ha-ppier, but Most not Happier After a Ho-liday, o grupo conclui que após as férias, as pessoas retomam o grau de stress em oito semanas. Mesclando as informações dos cientistas holandeses com as conclu-sões da PhD em stress, Dra. Ana Maria Rossi - que aconselha a perpetuação dos benefícios trazidos pelas férias com descansos regulares - entende-se que, a cada dois meses, o profissional deveria ter folga de uma semana ou cinco dias úteis. Organizados nos 365 dias do ano, isso equivale a 25 dias de descanso.

O ideal nem sempre é possível. Dificil-mente a ausência do profissional durante uma semana a cada dois meses poderia ser gerida pelas empresas. Alguns estú-dios de design e escritórios de arquitetura adotaram o estilo “período sabático” para que os colaboradores desfrutem de férias. O designer Stefan Sagmeister foi um dos pioneiros a discorrer sobre o benefício de férias constantes. Fica a dica e a vontade. Minha cabeça já pensa: para os outros cinco dias de férias que “sobram”, vou tentar emendar o Natal e Ano Novo.

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15 MINUTOS_Velha Guarda da Portela

15 MINUTOS_VELHA GUARDA DA PORTELA

por_FABRICIA ZAMATARO E LUCAS AJUZfoto_LUCAS AJUZ

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DeNtre Os sigNificADOs DA pAlAvrA trADiçãO, A trANsmissãO De práticAs e vAlOres De gerAçãO pArA gerAçãO é A que mAis se eNcAixA quANDO fAlAmOs sObre A velhA guArDA DA pOrtelA que, cOmemOrA 40 ANOs DO lANçAmeNtO DO seu primeirO DiscO. cOm umA históriA cONtADA literAlmeNte De pAi pArA filhO, cOmO umA fAmíliA uNiDA, A velhA guArDA DA pOrtelA vem AtrAvessANDO DécADAs levANDO A riquezA pOéticA DO sAmbA brAsileirO pArA DiversAs gerAções e lugAres. em umA DAs pAssAgeNs pOr curitibA, Num bAte-pApO DescONtrAíDO, Os iNtegrANtes DA escOlA cAriOcA cONtArAm O segreDO DO sucessO e DA lONgeviDADe Deste legeNDáriO grupO.

PARA TIA SURICA, MonARCo, MARQUInHo do PAndeIRo, SeRgInHo PRoCÓPIo e QUIMBIRA QUeM VeSTe o “FARdão” AZUl e BRAnCo, AlÉM de UMA BonITA HISTÓRIA no SAMBA, “TeM QUe TeR QUAlIdAde e dIgnIdAde”. QUAndo não eSTão no PAlCo oU no gAlPão, enVolVIdoS CoM A eSColA, eleS leVAM UMA VIdA SIMPleS, SeM MUITA CoMPlICAÇão, SeMPRe CoM MUITA AlegRIA. “JÁ FIZeMoS de TUdo neSTA VIdA”, dIZeM CoM A PRoPRIedAde de QUeM TeM MUITAS HISTÓRIAS BoAS PARA ConTAR.

INVENTA - 40 ANOS DO LANÇAMENTO DO PRIMEIRO DISCO. DESDE QUANDO A VELHA GUARDA ESTÁ EM ATIVIDADE?MARQUINHO DO PANDEIRO Nossa história começou em 1970. O Paulinho da Viola resolveu reunir os “bambas” das antigas pra fazer um trabalho para que aquelas músicas não ficassem por aí e se perdessem com o tempo. E isso se deu com os sambistas mais velhos, por isso o nome Velha Guarda. Foi assim que aconteceu a primeira formação, da qual muitos já se foram. Eu sou filho de um deles, meu pai tocava cavaquinho e agora quem toca sou eu! A Velha Guarda também tem isso... É uma coisa de pai para filho. A gente vive isso. Essa é a nossa família e a nossa vida!

IVT - EM 2008 FOI LANÇADO O DOCUMENTÁRIO “MISTÉRIO DO SAMBA”, QUE FALA TANTO DA HISTÓRIA DA VELHA GUARDA QUANTO SOBRE O COTIDIANO DOS INTEGRANTES. COMO É O DIA A DIA DE VOCÊS FORA DA PORTELA?TIA SURICA Fora da Velha Guarda, modéstia à parte, eu faço show solo. Eu vivo trabalhando, fazendo alguma gravação ou apresentação. E quando eu estou em casa e não tenho trabalho nenhum, vou me divertir!

MP, SERGINHO PROCÓPIO E QUIMBIRA Ah, a gente já foi de tudo! O Serginho já foi motorista de carreta, de caminhão, e hoje é taxista no Rio de Janeiro. O Quimbira é ladrão! Sempre foi, vivia por aí pegando as coisas dos outros, desde pequeno! (risos)

MONARCO Ah, aqui é tudo aposentado! Ficamos só vagabundeando, indo pra feira mostrar uma primeira parte para o outro. Nós somos da Velha Guarda, mas somos atuantes! Nós gostamos de produzir, a gente faz para botar no baú. A nossa vida é essa, ir para a cidade. Tem lá um pontinho onde a gente se encontra. Tem o dia do cozido, que é quinta-feira, a feijoada, que é sexta. E assim a gente vai levando... Chega o fim de semana e a gente vai fazer uma visita a uma escola amiga, Mangueira, Salgueiro. A nossa vida é essa! É o samba!

IVT - ALÉM DE TER UM PASSADO NO SAMBA, O QUE PRECISA TER PARA SER UM INTEGRANTE DA VELHA GUARDA?TS É preciso ter talento, se dedicar à Velha Guarda - o que é muito importante -, e qualidade!

MP, SP, Q Tem que ter um passado de glória e também muita dignidade para vestir esse fardão. Ah, e qualidade!

M Precisa ter bagagem, um passado glorioso. Qualidade, qualidade! Pra botar o fardão tem que ter!

IVT - DE ONDE VEM ESSA VITALIDADE DO GRUPO? TS A gente mantém sempre a chama acesa! A gente perde um, ganha um substituto, perde outro... Mas o importante é que nós sempre temos o samba verdadeiro em evidência.

IVT - TIA SURICA, É VOCÊ QUEM FAZ A FAMOSA FEIJOADA? TS Somos nós, porque ninguém trabalha sozinho. Nós temos um ritual, montamos uma equipe e servimos a feijoada.

IVT - E QUAL O SEGREDO DA SUA FEIJOADA? TS Não tem segredo, tudo que você faz com amor tem a tendência de dar certo!

IVT - CARNAVAL PRA VOCÊ É?TS Ah, minha filha! Se eu não passar por aquela Marquês da Sapucaí, tenho até um troço! Porque antes não ligo, não, mas quando chego naquela curvinha ali e vejo o público vibrando, esqueço tudo e só enxergo o sol bater e o povo que está junto com a minha querida Portela!

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Grandes artistas parecem seres iluminados. O culto ao silêncio pelos higi-ênicos corredores e galerias dos museus nos leva a acreditar que as obras de arte são expressões polidas, visões que afagam e seduzem. Um domingo qualquer em um museu pode acalmar e elevar a alma, não é mesmo? Mas se pudéssemos passar pelas telas e ver o percorrido de um artista até a conclusão de um quadro, seria possível ver que a maioria das pinturas foi feita em condições muito aquém das ideais e, por isso mesmo, são pinturas notáveis.

Grandes obras de arte são, na verdade, um grito perturbador. Uma eminente crítica ao comodismo e à visão padronizada de mundo. Os olhos que se deparam com os Retiran-tes, de Portinari, dificilmente verão o problema da pobreza e da falta de esperança da mesma forma. As desconcertantes estocadas do pincel sussurram sentimentos direta-mente ao coração.

Mesmo aquela sublime e ingênua alvorada de Sorolla, que estava até pouco tempo no Museu Oscar Niemeyer, revela-nos uma percepção emotiva e uma crítica. Não basta olhar o sol subir, é preciso interpretá-lo, vivê-lo intensamente e expressá-lo para a alma. Ver, qualquer um pode. Sentir é a diferença que nos faz humanos, em primeiro lugar.

As primeiras palavras de Picasso, dizia a mãe, foram “piz, piz”. A criança logo cedo que-ria o lápis para brincar. A ingenuidade do precoce pintor, no entanto, evolui para uma consciência artística com temas, digamos, mais maduros, como veremos nas próximas linhas. Uma de suas últimas frases resume bem a missão que a arte, para ele, deveria ter. “A arte é perigosa, sim, ela jamais deve ser casta, se for casta, não é arte”. E para vencer a castidade, é preciso desinibir os medos.

TeneBRISMo: o lAdo PeRTURBAdoR dA ARTe

por_BRUNO REISimagens_DIVULGAÇÃO MOMA-Ny E MUSEO REINA SOFÍA

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o lAdo PeSSoAlNo paraná, um outro artista também usa seu conflito interno para extravasar oniricamente. Rogério Dias pinta passarinhos e, tal qual, é dificilmente enjaulado pelas lógicas de mercado das artes plásticas. quando um quadro é comissionado, a dificuldade aumenta, mas quando o pintor está triste, beirando a depressão, é quando surgem suas melhores obras, garante uma galeria de Curitiba. João Osório Brzezinski também está na mesma linha. O enlaçamento de sua arte com sua vida é tanto que seu apartamento parece mais um de seus quadros. Uma história interessante do artista é um quadro no corredor de entrada,

em que de um dos olhos espalha-se pela tela tinta vermelha. Uma premonição do que aconteceria décadas depois, quando a falta de perícia dos médicos o levou a perder a visão do mesmo olho. hoje pinta com dificuldades, não consegue abandonar seu ofício de vida.

Mas o destaque maior da interferência biográfica na arte é do italiano caravaggio, considerado um dos primeiros revolucionários da arte. Um homem que fez as pinturas mais poderosas da arte cristã e que matou um homem. há exatos 400 anos, fugitivo da justiça, o pintor mais famoso de Roma morria de Malária em uma praia próxima a Roma. Ou assassinado na cidade, ou ainda num hospital. Esta história pode ser conferida na última parte desta matéria.

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MedoUma recente mostra no MoMA (Nova York) carregou em todos os artigos a respeito o adjetivo perturbadora. Se as obras de arte são como um grito perturbador, o timbre deste grito seria o de Marina Abramovic, que recebe os visitantes dispos-tos a aprenderem o histórico das artes performáticas da artista iugoslava. O som faz parte do vídeo em que grita até perder completamente sua voz. Ao lado, outros vídeos a mostram se penteando até o escalpo sangrar e dançando até cair.

De casta, sua arte nada tem. Para entrar na mostra, é preciso enfrentar paradigmas e preconceitos (eu mesmo não os en-frentei e passei pela entrada lateral), já que um casal nu, em pé e de frente um para o outro, deixa espaço para passar apenas uma pessoa por vez. O visitante precisa escolher com que cor-po deve ficar de frente. Quase um experimento sociológico.

A intenção, se é que a arte precisa de uma, é mesmo provocar e levar à reflexão própria do medo e dos limites morais.

Em Viena, uma mostra de Gustav Klimt foi realizada em uma casa de suingue para que os visitantes enfrentassem a mesma indignação e o mesmo abuso dos valores morais que a sociedade viveu na época dos quadros do austríaco. Uma maneira de burlar a higiene plástica dos museus que, de certa forma, canonizaram grandes clássicos da arte, como aconteceu, por exemplo, com o mictório de Marcel Duchamp no Centro George Pompidou.

Para Marina, que ainda chora quando corta o dedo descascan-do batatas, as performances eram uma maneira de supera-ção. “Sempre encenei meus medos como uma maneira de transcendê-los”. Picasso já conhecia bem esta lição.

InTeMPÉRIeSDurante a primavera de 1936, Picasso voltou à Espanha que estava à sombra de um iminente Golpe de Estado pelos ultra-católicos conservadores. A indiferença política do artista até então era colocada em xeque. Como deixar de se posicionar enquanto artistas que admirava, como Miró e Dali, eram per-seguidos, assim como boa parte da população na península? Como conseguir conciliar a aparente contradição de realizar uma pintura modernista histórica?

A matéria-prima veio no cinza dos jornais um ano depois. As fotos em preto e branco resumiam a noite em que o céu escuro de Gernika virou laranja. Primeiro, com um solitário avião que fez alguns razantes próximo ao mercado e derrubou seis bombas. A fumaça não permitiu a muitos habitantes da cidade se anteciparem para os três aviões que se aproximaram minutos depois, despejando bombas incen-diárias de 50kg por cerca de uma hora.

Naturalmente, a população pensou em se refugiar nas igre-jas ou nos bosques que rondavam a cidade. Tudo antecipa-do pela Luftwaffe, que começou a aniquilar os habitantes da cidade com mais três mil bombas incendiárias. A operação - que foi a primeira oportunidade para a Força Aérea Alemã testar o que viria a ser um procedimento padrão durante a Segunda Guerra Mundial - fora um sucesso. Mortos: 1.645. Quase um quarto da população.

“Às 2 da manhã, hoje, quando visitei a cidade, o resultado era uma visão terível, chamas do começo ao fim. Os reflexos das chamas podiam ser vistos nas nuvens de fumaça por cima das montanhas, 10 milhas de distância”, escreveu George Lowther Steer, correspondente do The Times de Londres, o primeiro a revelar ao mundo o que havia acontecido à cidade histórica de Gernika, no País Basco.

Picasso havia aceitado uma comissão dias antes para executar uma obra de impacto no pavilhão espanhol da Exposição Internacional que aconteceria em Paris no verão do mesmo ano. A intenção era se posicionar sobre o que acontecia na Espanha. Seria o cubismo com uma consciência moral.

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Após o massacre em Gernika, Picasso já não tinha dúvidas quan-to ao assunto de seu novo quadro. Dois dias depois da reporta-gem de Steer sair traduzida em Paris, o cubista começava a pintar. Seria como uma folha de jornal, aberta aos visitantes. Mas em vez de narrar com fatos, Picasso iria rabiscar sentimentos. “Arte é uma mentira que conta uma verdade”, já havia dito o espanhol.

O interessante, no entanto, foi a maneira como a vida pessoal de Picasso moldou o quadro em si. Graças à sua nova aman-te, a fotógrafa surrealista Dora Maar, os estudos e a produção de sua obra-prima foram todos documentados pela primeira vez. Quem fez a melhor análise a respeito foi o sociólogo inglês Simon Schama, que também foi a matéria-prima para algumas das histórias narradas nestas linhas.

Alguns dias após a fúria criativa em Guernica (a obra), Picas-so simplesmente parou, sem inspiração. Durante uma sema-na, nada fez. Foi para sua casa de campo, onde mantinha sua mulher e sua filha. Marie-Thérese, encorajada, acabou indo para o ateliê em Paris, e as iminentes brigas por conta da amante acabaram inspirando o gênio espanhol.

Coincidência ou não, quase todos os sinais de esperança que havia nos estudos iniciais da obra acabaram desaparecendo. O punho que subia aos céus desapareceu, assim como o sol, subs-tituído por uma lâmpada. A mãe com o filho morto nos braços, transfigurada pela dor, e o touro, que antes parecia um estandarte de resistência, aparecia agora desesperado e fadado ao fim.

A Guerra Civil Espanhola, que já havia aliciado outros artistas como Ernest Hemingway e Orson Welles para seus fronts, agora produzia pelas mãos de um dos filhos mais ilustres do país uma das maiores obras de arte já produzidas. O engajamento, seja do coração, como dizia Guimarães Rosa e que se aplicava a Picasso até então; seja político, como no caso de Gernika, era agora defi-nitivamente uma das premissas do pensamento artístico.

Este foi um dos únicos casos em que Picasso abraçou a história e a política para fazer arte. Até então seu interesse era mais voltado para o coração e para os desejos e anseios do homem ou, mais simplesmente, sexo. Este foi muito de sua vida e grande parte de sua arte, ainda que os cubos não se encaixem muitas vezes numa percepção erótica do observador. Mesmo assim, as referências estão lá para mostrar que vida e obra são coisas que pertencem ao mesmo quadrado.

CARAVAggIoQuadros do pintor em todo o mundo já iniciaram sua peregrinação a Roma para a comemoração dos 400 anos de sua morte, que ainda não se saiba ao certo como aconteceu. A retrospectiva fica no Quirinale até 13 de junho e promete mostrar a genialidade de Michelangelo Merisi da Caravaggio, que se consagrou em Roma como um dos melhores pintores da Contrarreforma. Mas assim como sua técnica, chamada tenebrismo, a vida de Caravaggio tampouco contava com nuances intermediárias entre o claro e o escuro.

Como pintava sempre com uma representação da cena em sua frente, Caravaggio causou polêmica ao utilizar pessoas comuns para a feição de santos e apóstolos. Em certa ocasião, teria utilizado o corpo de uma prostituta encontrado no Rio Tibre para pintar A Morte da Virgem.

Sempre depois de semanas trabalhando, passaria meses vagando por Roma, espada ao lado, sempre procurando confusão, fosse relacionada ao jogo ou a mulheres. Em 1606 golpeou um homem na virilha e o matou em uma discussão. Às pressas, teve de fugir da cidade com um preço em sua cabeça: só voltaria quatro anos depois.

Caravaggio passou por Malta, Sicília e Nápoles, sempre pintando. Como tinha dificuldades em encontrar modelos, muitos dos quadros da época apresentam o próprio artista per-sonificado em seus personagens. Quando finalmente decidiu regressar a Roma, devido a um perdão que amigos da cidade supostamente haviam garantido, Caravaggio embrulhou suas últimas telas e tomou rumo à cidade. Acabou morrendo no caminho, com a saúde calejada pelos anos de fuga.

O que chegou a Roma, no entanto, foram seus últimos qua-dros. Um deles, Davi com a cabeça de Golias, apresentava um jovem casto e inocente (Davi) com uma espada apontada para a própria virilha. Seria a morte da inocência. Nada é tão simples quanto parece. Não há heróis puros e vilões que não mereçam a redenção parece ser a mensagem.

A cabeça que Davi segura é um autorretrato do pintor.

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VolTA Ao MUndo eM M I n I A T U R A S

por_THAÍSA CAROLINA fotos_ALICE RODRIGUES

O curitibano João de Oliveira é criador e dono da maior coleção do mundo de miniaturas de veículos de tração animal. Aos 87 anos, o ex-atleta e ex-marceneiro reúne, em sua casa, mais de 300 peças entre carroças, carruagens e charretes - todas feitas à mão por ele desde 1998.

É em revistas, livros, jornais e filmes que o artista estuda os modelos que já foram ou ainda são utili-zados em diversos países. Ele reproduz o máximo de detalhes possíveis, utilizando madeira, arame, pregos, tinta, palha e serragem.

Se você quiser ver como eram os veículos que carregavam os gladiadores, os que levavam Cleó-patra, as carroças da Polônia, França, do Vietnã, da Áustria durante a Primeira Guerra Mundial ou de outras nações em diversas épocas, vai encontrar na casa de Seu João.

Tempos distintos são levados para finalizar cada objeto. “Posso levar um dia ou uma semana para fazer. Cansa o corpo, mas relaxa a mente”, conta João em sua residência de madeira, localizada numa tranquila rua de Curitiba.

As peças já foram expostas em cidades paranaenses e no Uruguai. Poucas estão à venda, ele quer mes-mo é se divertir, pesquisar e continuar contando a história da humanidade com suas miniaturas.

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666 METROS PERCORRIDOS. PARA ABASTECER OS COMPETIDORES, UMA COMBINAÇÃO OBRIGATÓRIA DE CHOPP, VODKA E RED BULL. QUANTO MAIOR A ROTAÇÃO POR MINUTO, MAIS PRÓXIMO DE VENCER. COISA DE MACHO QUE ATRAIU TAMBÉM GAROTAS PARA CORRER EM BICICLETAS DE RODA-FIXA. ESSE É O RESUMO DO ROCK N’ROLLO DE CURITIBA, ORGANIZADO PELO FIXACWB. A PRIMEIRA COMPETIÇÃO SOBRE ROLOS DE TREINAMENTO DO BRASIL PERMITIU QUE OS COMPETIDORES PEDALASSEM SEM SAIR DO LUGAR. O EVENTO ACONTECEU NO DIA 21 DE MAIO NA BARBA NEGRA HAMBURGUERIA. PARA QUEM PERDEU A OPOR-TUNIDADE DE CORRER SEM DESTINO PARADO COM UMA CERVEJINHA NA MÃO, AS FOTOS.

+ FIXACWB.WORDPRESS.COM/

EM CURITIBA_ROCK’N’ROLLO

01 - WEIRDO ETAM PAESE02 - NOBRE DIPLOMATA VICTOR GOLLNICK03 - DJ RAFAEL TRUCKER / RÁDIO LA LUPE04 - MARI05 - JEAN ANTI CARRO06 - DIABÃO

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cupcAkes, bebiDiNhAs, músicA e muitA AlegriA. NO DiA 11 De mArçO, A iNveNtA reuNiu mAis De 450 pessOAs pArA cOmemOrAr seu primeirO ANO. A festA, que AcONteceu NA gAleriA lúDicA, mOvimeNtOu A ruA iNáciO lustOsA NO bAirrO sãO frANciscO, em curitibA. regADOs A cOcA-cOlA light plus, ApOiADOrA DO eveNtO, cOlAbOrADOres, ANuNciANtes e pArceirOs gANhArAm sAcOlAs exclusivAs e cONferirAm As NOviDADes DA eDiçãO_06 que fOi lANçADA NA OcAsiãO.

+ FLICKR.COM/REVISTAINVENTA/

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01 - RENATO CAVALHER02 - RENATO PEDROSO E MARIA CRISTINA CORRêA03 - HENRIqUE BORGES E MARIANA LEODORO04 - JULIAN IRUSTA E BIANCA CASSILHA 05 - EVELyN BITTENCOURT ALMEIDA06 - CARLOS DEIRó E TAíS MAINARDES07 - JANARA LOPES 08 - DéBORA MELLO E FELIPE PEDROSO

09 - PAULA E RODRIGO10 - NICOLE BERTOLI, GISELA MIRó, LARRIzA GARCIA E RENATA zAPPELLINI 11 - RAFAELA E BENETT12 - JOSé VIEIRA, LORENA E ÁUREA LEMINSKI13 - ROBERTA CANTO, PETERSON CAETANO, RAPHAEL MUELLER E BEATRIz PACHECO14 - ROBERTO PITELLA

15 - DEBORAH E DIEGO 16 - LUIz SOLDA E VERA 17 - OS FOTóGRAFOS HUMBERTO E GUADALUPE18 - PATRíCIA, PEDRO E NUNO PAPP19 - CLÁUDIA DA NATIVIDADE, MARCOS JORGE E MARíLIA BOBATO20 - DANIELA E HENRIqUE

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FCCDIGITAL.COM.BR FCCDIGITAL.COM.BR FCCDIGI-TAL.COM.BR FCCDIGITAL.COM.BR FCCDIGITAL.COM.BR FCCDIGITAL.COM.BR FCCDIGITAL.COM.BR FC-CDIGITAL.COM.BR FCCDIGITAL.COM.BR FCCDIGITAL.

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AGENDA CULTURAL

PUBLIEDITORIAL_FCC

CURITIBA lÊ MAISLer um livro ficou mais fácil com o recém-lançado programa Curitiba Lê. A iniciativa tem como objetivo aumentar os índices de leitura na cidade, por meio de ações de incentivo à leitura. Para isso, a Fundação Cultural inaugurou a Casa da Leitura Paulo Leminski e transformou todas as suas outras bibliotecas em Casas da Leitura. No total, são 13 novos espaços localizados em diversos bairros da cidade. Quem passa diariamente pelo Terminal do Pinheirinho também tem um incentivo a mais: foi instalada ali a primeira Estação da Leitura, uma minibiblioteca que oferece livros para empréstimo, de forma simples e gratuita.

doMIngo: dIA de TeATRo de BoneCoSLocalizado na Praça Garibaldi, mais especificamente no Palacete Wolf, o Teatro do Piá é um espaço referência quando se fala em teatro de bonecos em Curitiba, principalmente pela qualidade dos espetáculos. Por lá, todos os domin-gos acontecem apresentações gratuitas de teatro de formas animadas - que en-globa o teatro de bonecos, de sombras, fantoches em varas e marionetes. Uma ótima opção de lazer para as crianças.

// PETER PANData: 09 a 30 de maioHorário: 11hLocal: teatro do Piá - Palacete Wolf, Praça Garibaldi, 7

// O LABIRINTO DO MUNDOData: 06 a 27 de junhoHorário: 11hLocal: teatro do Piá - Palacete Wolf, Praça Garibaldi, 7

CIneMATeCA de CURITIBALançamento do projeto Volta às Telas, com a exibição da cópia recupe-rada do filme A Hora da Estrela (BR/SP, 1985 - 35mm - 96’), de Suzana Amaral. O filme, uma adaptação do romance homônimo de Clarice Lispector e vencedor do Festival de Berlim de 1986, foi restaurado em projeto do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro. Também haverá debate e lançamento do Cadernos de Pesquisa, publicação da entidade, que reúne estudos sobre o cinema brasileiro, com a participação da presidente do CPCB, Myrna Brandão e da vice-presidente Marília Franco (USP).

//VOLTAS ÀS TELAS Data: 29 de maioHorário: 20h Local: Cinemateca de Curitiba Ingresso: gratuito

BolSA PRodUÇãoEm maio, o Solar do Barão apresenta várias produções artísticas locais, inaugurando as exposições dos contemplados pelo Edital Bolsa Produção para Artes Visuais, do Fundo Municipal da Cultura. O programa visa incentivar a pesquisa e valorizar o traba-lho de artistas residentes em Curitiba. Na mostra será possível apreciar diferentes tipos de expressões artísticas contem-porâneas como fotografias, vídeos, instalações de vídeo e de som, desenhos, pinturas e pesquisas de ambiente.

//BOLSA PRODUÇÃOData: 25 de maio a 8 de agostoHorário: 9h às 12h e 13h às 18h (terça a sexta-feira) e 12h às 18h (sábado, domingo e feriado)Local: Museu da Gravura Cidade de Curitiba - solar do BarãoIngresso: gratuito

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A Fundação Cultural de Curitiba é responsável pela política cultural no município. Ela atua na formação, promoção e na democratização do acesso, atendendo artistas, produtores e a população como um todo. Participa diretamente de mais de 1.700 eventos, atingindo um público estimado em 3 milhões de espectadores anualmente.

Responsável por administrar e programar diversos espaços culturais de Curitiba, a Fundação também leva oficinas e espetáculos para os 75 bairros da capital paranaense. Através de oferta múltipla e pluralista de bens e serviços culturais, e da inter-relação entre os diversos níveis de desenvolvimento da sociedade, ela promove a ampla participação dos habitantes na vida artística e cultural da cidade, levando ainda mais que apenas arte e cultura para os curitibanos.

FACToS dA ACTUAlIdAde: CHARgeS e CARICATURAS eM CURITIBA, 1900-1950Após passar por obras de restauração, a Casa Romário Martins reabriu com a exposição Factos da Atualidade - Charges e Caricaturas em Curitiba 1900-1950. As obras que compõem a mostra foram escolhidas a partir de pesquisas em diversos periódicos que circularam na cidade na época, dos quais foram selecio-nadas charges e caricaturas que retratam a visão de artistas como Alceu Chichor-ro, da sociedade curitibana do início do século XX. São 108 desenhos, divididos em dez painéis que mostram o panorama da cidade na época.

Data: até dezembroHorário: terça a sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h às 18h. sábado, domingo e feriado, das 9h às 14hLocal: Casa Romário MartinsIngresso: gratuito

A doCe VoZ InVAde o PAIolA Orquestra à Base de Corda de Curitiba, que este ano conta com o patrocínio do Ourocard, terá uma convidada muito especial em seu próximo show: a cantora, compositora, poeta e diretora artística Consuelo de Paula, uma das grandes vozes femininas do país. Extremamente carismática e com muita presença de palco, Consuelo transita por diversos gêneros musicais, entre eles a Bossa Nova. Sua voz deli-cada, e ao mesmo tempo marcante, forma com o violão a dupla perfeita. No repertório da apresentação em Curitiba estão canções inéditas que farão parte do novo CD.

// ORQUESTRA À BASE DE CORDA CONVIDA CONSUELO DE PAULAData: 29 e 30 de maioHorário: 20h (sábado) e 19h (domingo)Local: teatro do Paiol - largo Guido ViaroIngresso: R$10 e R$5 (para a meia entrada é obrigatória a doação de 1kg de alimento não perecível)

PeSQUISAndo A dAnÇA ConTeMPoRÂneACom o objetivo de estimular pesquisas individuais e coleti-vas nos processos de dança contempo-rânea, a Casa Hoffman apresenta uma série de workshops e oficinas voltadas ao processo criativo de dança. A série terá a orientação de Cristiane Wosniak e de convidados como o bailarino e coreogra-fo Luiz Bongiovanni (SP) e da também coreógrafa e bailarina Ana Vitória (RJ). As atividades são abertas à comunidade artística e ao público em geral.

Data: 07 e 08 de Junho Orientador: luiz Bongiovanni 18 a 20 de junho Orientadora: ana VitóriaLocal: Casa HoffmannHorário e valores: a confirmarInformações: [email protected]

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WWW.TWITTER.COM/@CURITIBAAPRESENTA

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FOTONOVELA_ Benett

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ARTIGOS_João Acuio

Astrologia é o oráculo do mundo. E todo oráculo é um jogo. Tem regras, tem peças, tem tabuleiro. E o objetivo do jogo astrológico é, por um lado, dizer sobre o temperamento do jogador e, por outro, dizer qual jogo será jogado, suas condições e circuns-tâncias. A astrologia como jogo oracular também aponta o tempo dos aconteci-mentos e a sorte do jogador nos mais diversos assuntos do mundo.

Outro modo de lidar com a astrologia é tomar o mapa astral como roteiro dramá-tico, o mapa visto como uma espécie de storyboard celeste, com alguma abertura, até certo ponto, às intervenções e ao arbítrio do jogador. Os planetas (Satur-no, Júpiter, Marte, Sol, Vênus, Mercúrio, Lua) seriam os atores, cada um com um determinado temperamento e campo de domínio; os signos, os figurinos e o texto dos atores (o ator Marte, o Guerreiro, pode estar em Touro, por exemplo, modulando sua atuação guerreira ao tom taurino, mas jamais deixando de ser Marte); as 12 casas astrológicas (cada uma abordando determinado assunto do mundo) como os cenários de atuação dos planetas; a qualidade dos diálogos entre os atores seria os aspectos entre os planetas-atores (oposição, trígono, quadratura, sextil, conjunção); ainda teríamos os Nodos Lunares, Parte-da-Fortuna, Urano, Netu-no e Plutão. E, assim, seguindo as regras do jogo astrológico, teríamos o tema do jogo dramático (casa de Leão e o Sol), o protagonista (o signo ascendente e casa 1), o antagonista (signo descendente e casa 7), a meta do protagonista (Sol e Nodo Nor-te), os recursos e aliados do protagonista (Nodo Sul, casa 2), os recursos e aliados do antagonista (casa 8), a herança e a

memória (Lua, casa 4, casa 8), obrigações (casa 6), privações (Saturno e casa 12), o conselho (casa 9 e Júpiter), o guerreiro (Marte), o desejo (Vênus), os amigos e as esperanças (casa 11), os irmãos (casa 3), a inteligência interpretativa do mundo (Mercúrio), entre outras tantas corres-pondências possíveis para quem domina o alfabeto astrológico e a cena dramática.

Essa ideia de jogo dramático fica ainda mais clara quando procuramos na tradi-ção os atributos da cada casa astrológica, as quais, aqui, tomamos como cenário ou casa do tabuleiro. As condições astro-lógicas do signo ascendente e casa 1, por exemplo, testemunham sobre o corpo, a vitalidade e, segundo alguns, até sobre a vocação da pessoa em análise - a análise deste setor do mapa é o que chamo de protagonista; a casa 7, por exemplo, tes-temunha sobre os inimigos declarados e também parceiros - a análise deste setor do mapa é o que chamo de antagonista (geralmente o antagonista tem muito a nos ensinar); e, só para citar mais um cenário, as condições astrológicas da casa 10 testemunham sobre a vocação e também sobre as honras e vitórias públicas do jogador em análise.

Veja o caso do Dunga. O atual técnico da seleção tem o Ascendente em Leão. O sig-no de Leão faz lembrar combate, guerra, comando. O Sol, regente do ascendente Leão, encontra-se em Escorpião, um signo de Marte, o Deus da Guerra (e Marte está em Sagitário, outro signo de fogo como o Leão). E Marte é truculento, apaixonado, nunca morno ou mais ou menos e, ao mesmo tempo, leal, tosco, seco, rígido, focado na batalha. Assim, temos aqui o nítido temperamento colérico de

comandante (Leão) e combatente (Escorpião/Marte), caracterizando o Capitão Dunga. O Ascendente em Leão e o Sol em Escorpião formam o protagonista do mapa.

Já o antagonista é formado pelo signo do Descendente, isto é, Aquário e Saturno, regente de Aquário - o seu pior inimigo, e também quem está do outro lado do espelho do protagonista. Saturno em Aquário, que tem como imagem o velho que já entrou e saiu de todas as estruturas ao ponto de poder transgredi-las. Mas também é aquele que preza pelo grupo acima de tudo. E o grupo é um valor para o Dunga. Por outro lado, Saturno em Aquário é a ética da trans-gressão, o velho inventor. Saturno em Aquário é o Telê Santana. Nós amamos e odiamos o signo que temos na casa 7 em nossos mapas, assim como o planeta que a rege. Assim sendo, Dunga tem amor e ódio pelo Telê “Saturno em Aquário” Santana (Telê tinha Saturno dignificado em seu mapa, inventou um futebol boni-to, leal, inesquecível e... de grupo; per-deu duas Copas do Mundo). Já Marte, o planeta-ator que caracteriza Dunga, só pensa em vencer a batalha, seja lá como for. A filosofia e a estética do futebol, Dunga deixa com seus velhos críticos e inimigos declarados, isto é, com Saturno em Aquário. Um passo errado, que mal tem? O importante é jogar com o co-ração. Nesta próxima Copa do Mundo, Dunga não enfrenta outras nações, mas o seu próprio antagonista, Saturno em Aquário, que assopra no ouvido: “em toda boa e inesquecível estratégia, há um pouco de loucura e razão”.

o CÉU de dUngA

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“MIlAgRe” olÍMPICo

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Conquistar o direito de sediar os jogos olímpicos é motivo de orgulho nacional. Os governantes fazem festa pensando nas próximas eleições ávidos para se manterem nos cargos, os dirigentes comemoram a publicidade gratuita, empre-sários crescem os olhos nas oportunidades de dinheiro fácil, e o povo renova as esperanças em dias melhores.

Porém, nem sempre a última parte da cartilha é cumprida de maneira satisfatória. O direito de ser sede chega junto a uma carta de obrigações. Proporcionar segurança, infraestrutura adequada, meios de transporte eficientes aos atletas e turistas e instalações esportivas decentes são requisitos obrigatórios. Organizar o evento também não é tarefa fácil, visto que geralmente as sedes são cidades grandes, cosmopolitas, e apresentam os problemas comuns da maioria das grandes cidades: trânsito caótico, trans-portes públicos saturados e ineficientes e falta de áreas livres para a construção de complexos esportivos e da vila olímpica.

Como podemos ver, o desafio é grande, mas a chance de um retorno é ainda maior. O financiamento do evento é outro ponto que sempre gera controvérsias. Recursos públicos, privados, expectativa de retorno com turismo e publicidade, além, é claro, do investimento indireto feito por empresas e multinacionais para aproveitar o boom comum às cidades-sede se misturam e se não houver planejamento e fiscalização, as chances do sucesso antecipado se tornar fracasso são grandes.

Algumas cidades, como Barcelona e Pequim, aproveitaram a profusão e abastez de recursos de diversas origens para investir de maneira inteligente e responsável, visando não só o sucesso do evento, mas principalmente a melhoria da cidade e o bem-estar da população. Estádios bem planejados, investimentos nas principais necessidades da cidade e carências estruturais, alocação correta e responsável dos recursos e fiscalização da população e do governo no que diz respeito à gestão e ao cronograma das obras foram fatores essenciais para o sucesso do evento. Novos meios de transporte mais eficientes e menos poluentes, coleta de lixo inovadora, reciclagem, arenas multiuso e com fácil acesso, vias públicas e aeroportos são exemplos do que é necessário ao evento e ainda mais importante para obter um retorno em longo prazo para a população.

Em outros casos, acontece o inverso. Má gestão dos recursos, falta de planejamento, obras superfaturadas, investimentos em áreas nem sempre prioritárias, construção de arenas e centros esportivos sem utilidade futura (os famosos elefantes brancos) e corrupção são figurinhas fáceis e repetidas no universo das cida-des-sede. Nem sempre o fracasso da sede é visto durante ou logo

após os jogos, mas quem “paga o pato” é a população. Atenas é uma cidade que está pagando até hoje pelo investimento malfeito para as Olimpíadas realizadas em 2000. Estádios pouco utilizados e com alto valor de manutenção, melhoria estrutural inexistente, baixo retorno em turismo e, principalmente, o elevado custo das Olimpíadas ajudaram a causar a crise que o país enfrenta hoje. Seria leviano afirmar que a crise é resultado dos jogos olímpicos, mas com certeza a esperança de um futuro melhor causada pelos jogos hoje não passa de uma lembrança boa da década passada. A realidade é dura e a oportunidade perdida não voltará.

A próxima sede é Londres, que parece estar seguindo o exemplo espanhol ou chinês. Depois, teremos as Olimpíadas no Brasil, o primeiro grande evento esportivo sediado no Brasil após a Copa do Mundo de 50. A pergunta que não quer calar: qual será o modelo seguido pelo Rio de Janeiro? Eficiência e planejamen-to visando o progresso da cidade no longo prazo ou farra do dinheiro público, obras superfaturadas, maquiagem estrutural e elefantes brancos? A resposta com os governantes e a fiscalização com a população na esperança da oportunidade não ser perdida.

_Leonardo Jianoti _Luiz Carlos Heller de PauliEconomista. Consultor da STCP Engenharia de Projetos na área de Estudos Estratégicos, Políticas de Desenvolvimento e Cooperação Internacional para investimentos florestais sustentáveis. [email protected]

Economista e especialista em Finanças. Analista financeiro e gerente de serviços aos clientes da sede em Tampa (EUA) da Mach Inc. clearing europeia especializada em hubbing solutions e [email protected]

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A maior parte de nós é formada por pessoas do bem. Somos incapazes de cometer grandes infrações ou de prejudicar alguém conscientemente. Como diz uma música do Lulu Santos, não desejamos mal a quase ninguém. A grande maioria das pessoas não se sentiria capaz de tirar a vida de um outro ser humano, salvo em circunstâncias extremas. Não cometeria assaltos à mão armada, não usaria a violência para se satisfazer sexualmente, não traficaria drogas ou armas. A maior parte dos brasileiros acredita em Deus e que fazer o bem é meio para melhorar a sua própria vida. Temos os intermináveis escândalos políticos, mas ainda assim, a maioria acredita que, no meio deles, alguém pode ser diferente. Pensamos que nós mesmos, se estivéssemos lá, não nos deixaríamos corromper. Enfim, somos pessoas do bem e gostamos de ser assim.

No entanto, se não cometemos grandes males, tendemos a pensar que os pequenos não são tão importantes, afinal, somos humanos. Fazer uma pequena fofoca? Furar um fila? Dar uma gorjeta para o policial não multar? Debitar para a empresa uma nota de despesa que poderia ser evitada? Dirigir após vários copos de cerveja? Jogar papel na rua? Dirigir em velocidade superior à permitida e reduzir na frente do pardal? Comprar ou vender sem nota fiscal para economizar o imposto? Esquecer de pagar pequenas dívidas pessoais? Fazer uso do cargo para benefícios pessoais? Pequenas e eventuais “pu-ladas de cerca”? Mentiras inocentes? Sair da mesa na hora de dividir a con-ta? Não, nem todos nós fazemos todas essas coisas. Talvez uma ou outra, talvez nem sempre. Talvez só um pouquinho.

É dos pequenos delitos que se começa. São eles que favorecem a cultura do todo mundo faz e de que ninguém é culpado, porque todos são culpados. Pequenos delitos, grandes pro-blemas. Infelizmente, não sentimos assim. Mesmo que não cometamos nenhum deles acima, há mais um, que não pode ser considerado pequeno, a omissão. Ela vem acompanhada do comodismo e de certa frouxidão moral, onde os fins justifi-cam os meios. Somos um país em que o presidente admite o caixa 2 de seu partido, com a alegação de que todos o fazem. Tudo bem, diz o senso comum. Algumas empresas também fazem caixa 2, alguns maridos e algumas mulheres também. É possível que até mesmo algumas igrejas o façam, com a melhor das intenções. Tudo bem com isto, tudo bem com aquilo e vamos seguindo a nossa vida. Faz lembrar uma outra música, na qual Belchior canta: “tudo é permitido, até beijar você no escuro do cinema onde ninguém nos vê”.

COLUNAS_Julio Sampaio

PeQUenoS delIToS, gRAndeS PRoBleMAS

Diretor da Resultado Consultoria e vice-presidente da ADVB-PR, autor do livro O Espírito do Dinheiro e mestre em Organizações e Desenvolvimento. [email protected]

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Tempere seus sentidos tambem nos almocos de fim de semana

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