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Serie Compacta 1

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Serie Compacta 1

SIDEREUM ANA IIIEl río Guadiana y Tartessos

Javier Jiménez Ávila (ed.)

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SERIE COMPACTA

(Compendia et Acta)

1

SIDEREUM ANA III

El r�o Guadiana y Tartessos

CONSORCIO DE LA CIUDAD MONUMENTAL, HISTÓRICO-ARTÍSTICA Y ARQUEOLÓGICA DE MÉRIDA

MÉRIDA, 2016

JAVIER JIM�NEZ çVILA

(ed.)

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© de los textos: los autores.

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O CABEÇO REDONDO (MOURA).UM EDIFÍCIO MONUMENTAL E SINGULAR

NA MARGEM ESQUERDA DO GUADIANA

Rui MONGE SOARES(UNIARQ – Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa)

António M. MONGE SOARES (Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares C2TN, Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa)

RESUMO

Este trabalho analisa as evidências materiais e estratigráfi cas registadas no Cabeço Redondo (Moura), obtidas através da realização de uma sondagem arqueológica e da recolha de artefactos descontextualizados após a destruição do sítio. Os resultados con-fi rmam a presença de uma ocupação rural e de um espaço edifi cado profundamente re-modelado ao longo de várias fases construtivas. Os dados estratigráfi cos e a análise dos artefactos revelam uma cronologia do século V a.C., com a possibilidade de a ocupação se ter iniciado nos fi nais do século VI a.C., ao mesmo tempo que confi rmam a presença de um edifício monumental e singular na margem esquerda portuguesa do Guadiana, com paralelos nos existentes na bacia do Guadiana Médio.

ABSTRACT

This work analyses the material and stratigraphic evidences recorded at the ar-chaeological site of Cabeço Redondo (Moura), which result from archaeological ex-cavations and the study of decontextualized artifacts recovered after the destruction of the site. Data confi rm the presence of a rural occupation and a built space profoundly remodeled along several constructive phases. The stratigraphic data and the analysis of the artifacts reveal a chronology which covers the whole 5th century B.C., with the possibility that the occupation started at the late 6th century B.C. At the same time, it was possible to confi rm the presence of a singular and monumental building on the Portuguese left bank of the Guadiana River, which can be related with the similar ones existing on the Spanish Middle Guadiana Valley.

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SIDEREUM ANA IIIEl río Guadiana y TartessosJAVIER JIMÉNEZ ÁVILA (ed.) Publicaciones del Consorcio de la Ciudad Monumental de MéridaSerie Compacta (Compendia et Acta) n.º 1. Mérida 2016pp. 421-441

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INTRODUÇÃO

O sítio arqueológico do Cabeço Redondo loca-liza-se no distrito de Beja, concelho de Moura, na freguesia de Sobral da Adiça (Fig. 1).

Situa-se na Herdade do Metum, também refe-rida, por vezes, como Motum, Matum ou Mutum. Esta herdade, integrada no Núcleo Experimental da Direcção Regional de Agricultura e Pesca do Alentejo (D.R.A.P.), com sede na Herdade dos La-meirões, que lhe é contígua, localiza-se na planície que se estende ao longo do interfl úvio da Ribeira da Toutalga com a Ribeira de São Pedro, ambas tributárias do rio Ardila que, por sua vez, desagua no rio Guadiana, a noroeste de Moura. A implan-tação do Cabeço Redondo no meio da planície do Metum coloca-o a cerca de 260 m da ribeira de São Pedro e a 380 m da ribeira de Toutalga, a uma cota média de 165 m de altura em relação ao nível do mar, encontrando-se rodeado, a Este, pela elevação designada como Monte Molinos, e a Oeste, pela serra da Preguiça.

O Cabeço Redondo foi inicialmente identifi ca-do por José Fragoso de Lima,1 que o terá visitado em Abril de 1942, identifi cando-o como um “...ou-teiro sozinho em plena planície do Motum.” e que “...todo o seu aspecto indica que não é natural, mas sim feito pelo homem”. Dadas as grandes dimen-sões do monte artifi cial de terra, Fragoso de Lima colocava ainda a hipótese de que este escondesse “...algum gigantesco dolmen”, comparando e refe-rindo a similitude das suas dimensões com o dól-men do sítio das Antas, mencionando para este a estimativa de cerca de catorze metros de diâmetro para o seu tumulus. Segundo informações recen-temente recolhidas junto do ex-responsável pela herdade, o engenheiro Francisco Borges, o monte artifi cial do Cabeço Redondo teria entre 2 a 3 m de altura, com as devidas reservas que uma ava-liação por estimativa acarreta. No entanto, as suas dimensões tornaram possível a sua visualização em fotografi as aéreas prévias à sua destruição.

Em relação aos materiais arqueológicos, Fra-goso de Lima2 identifi cou a presença de mós de

1 Lima 1988: 29 e 32.2 Ibidem: 29.

granito semi-circulares e tijolos de adobe, que o levaram a considerar que se encontrava na presen-ça de um sítio com ocupação coeva da Azougada.3 Fragoso de Lima referia,4 ainda, o conhecimento do Cabeço Redondo por parte da população local, que associava ao Cabeço Redondo diversas lendas que incluíam a existência de “... minas enterradas e guardadas por mouros”. Apesar de o arqueólo-go indicar a autorização e o entusiasmo por parte do então proprietário da herdade para efectuar es-cavações no local, estas nunca se terão realizado e o sítio terá permanecido esquecido até ao fi nal do mês de Julho de 1990, data em que foi destruído parcialmente, com recurso a máquinas, na sequên-cia de trabalhos agrícolas com o fi m de instalar um sistema de rega de tipo Pivot, cuja marca no terreno é ainda visível em fotografi a aérea. Durante essa destruição, procedeu-se ao desmonte da elevação artifi cial, tendo as suas terras sido simplesmente es-palhadas em redor do local onde outrora se implan-tava a elevação (Fig. 2). Tal como fi cou registado no relatório elaborado pela D.R.A.P., durante esses trabalhos de destruição, em virtude do surgimen-to de vestígios cerâmicos, foram destacados alguns trabalhadores rurais para efectuar a recolha dos materiais arqueológicos que iam surgindo, entre os quais, abundantes asas de secção circular, mós “em quarto de círculo”, um “objecto de bronze seme-lhante a uma tampa”, pesos ovalados de cerâmica e escória ou adobes vitrifi cados.

Este espólio foi, posteriormente, depositado no Museu Municipal de Moura e o sítio do Cabeço Redondo terá caído novamente no esquecimento, sem que as autoridades responsáveis efectuassem sequer uma sondagem, que permitisse diagnosticar o resultado da destruição. Por outro lado, a gran-de maioria destes materiais depositados no Museu Municipal de Moura acabaram, acidentalmente, misturados com espólio proveniente da Azougada, bem como com materiais provenientes de outros sítios arqueológicos, sendo actualmente extrema-mente difícil, ou mesmo impossível, distinguir com

3 Antunes 2009.4 Lima 1988: 29.

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clareza a sua correcta proveniência, dadas as seme-lhanças entre o espólio cerâmico da Azougada e do Cabeço Redondo.

1. BREVE DESCRIÇÃO DOS TRABALHOS DE ESCAVAÇÃO E DA ARQUITECTURA DO SÍTIO

Decorridos 21 anos após a destruição referida, o Cabeço Redondo foi fi nalmente intervenciona-do arqueologicamente, durante o mês de Abril de 2011, através da realização de duas sondagens per-pendiculares, cada uma com 24 m de comprimen-to, por 1 m de largura (Fig. 3), com o objectivo de diagnosticar se a destruição teria sido total ou apenas parcial, ao mesmo tempo que se procuraria delimitar a extensão do sítio, caso se concluísse que a destruição não havia sido total. Por fi m, espera-va-se que os resultados da escavação permitissem avançar uma caracterização preliminar do tipo de ocupação, da arquitectura e dos artefactos recupe-rados. Relembramos que as informações existentes eram de que existia no local um monte de terra arti-

fi cial com cerca de 2 a 3 m de altura, que tinha sido completamente arrasado até ao nível da topografi a envolvente. Nada indiciava, portanto, que ainda existisse alguma estratigrafi a preservada. Contudo, colocava-se a hipótese que pudessem ter restado as fundações dos muros ou algumas estruturas nega-tivas.

Das duas sondagens programadas, apenas a Sondagem 2 (sentido Oeste-Este) foi escavada até ao fi m. Na Sondagem 1 (sentido Norte-Sul), ape-nas se removeu o estrato superfi cial com cerca de 30 cm de espessura. Esta opção de apenas escavar a Sondagem número 2 até ao fi m, deveu-se ao mau tempo e à chuva que se fez sentir durante boa parte do período programado de escavação. A confi gura-ção em “L” das sondagens, sendo muito compridas e estreitas, tinha em primeiro lugar, o objectivo de aumentar as hipóteses de detectar estratigrafi a pre-servada e de localizar o sítio exacto onde se encon-trava a elevação de terra que foi destruída. Em se-gundo lugar, esta confi guração permitiria delimitar se possível, a extensão do sítio, caso se concluísse que a destruição não havia sido total. Em tercei-ro lugar, os resultados da escavação permitiriam o

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Figura 1.— Localização do Cabeço Redondo no Sudoeste da Península Ibérica.

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avançar de uma caracterização preliminar do tipo de ocupação, da arquitectura e dos artefactos recu-perados.

Na Sondagem 2, logo após o início da interven-ção, a apenas uns meros 30 cm de profundidade, deparamo-nos com um grande conjunto de frag-mentos cerâmicos, resultantes da quebra in situ de recipientes. Este conjunto de fragmentos cerâmi-cos correspondiam, pelo menos, a três ânforas, dois alguidares e dois recipientes grafi tados, além de um cossoiro. De todos estes recipientes, apenas um vaso grafi tado foi possível reconstruir por comple-to. Os restantes encontraram-se incompletos, não porque os recipientes o estejam, mas sim porque os restantes fragmentos se encontram já fora da área sondada. O aparente abandono de conjuntos de re-cipientes e objectos, em ocupações de meados do I milénio, como se tivesse ocorrido um abandono in-tencional dos edifícios com o seu mobiliário in situ, encontra paralelo em várias outras ocupações ru-rais, nomeadamente, em Cancho Roano,5 La Mata6 e Castañuelo.7 Recorde-se que a sondagem tinha apenas 1 m de largura, pelo que se desconhece, se neste conjunto de materiais, existiriam outros reci-pientes ou artefactos.

À medida que a escavação foi progredindo, as expectativas iniciais foram largamente superadas. Apesar da destruição de 1990, a complexidade es-tratigráfi ca que restou é ainda enorme. Assim, ape-sar do monte de terra artifi cial do Cabeço Redondo ter sido destruído, a intervenção arqueológica, per-mitiu verifi car a existência de, pelo menos, cerca de um metro e trinta centímetros de estratigrafi a

5 Celestino e Jiménez Ávila 1993; Celestino 1996.6 Rodríguez Díaz 2004.7 Amo 1978.

preservada, ao longo da qual se registou a presença de recipientes cerâmicos completos, fragmentados in situ, pisos em argila compactada, estruturas ne-gativas, paredes de adobe, estruturas de combustão e estruturas de base pétrea (Fig. 4). Não foi, con-tudo, possível perceber e delimitar a área de ocu-pação, uma vez que em toda a extensão das sonda-gens se verifi cou a existência de evidências deste tipo de estruturas.

Por outro lado, verifi cou-se também a presen-ça de uma sucessão de construções que se situam umas por cima das outras, separadas por aterros, tendo sido possível delimitar estratigrafi camente pelo menos três fases principais de construção, as quais se subdividem em momentos construtivos e de remodelação com menor importância. Estamos, portanto, perante um fenómeno de construções que foram destruídas ou desmontadas sendo cobertas por aterros, sobre os quais se edifi caram novas es-truturas. Este fenómeno de remodelação do espaço encontra paralelo no conhecido caso de Cancho Roano,8 em que as sucessivas fases de construção sofreram este mesmo fenómeno.

Já sobre a arquitectura observada, dada a re-duzida área intervencionada e a confi guração das sondagens, não foi possível delimitar nenhum com-partimento (Fig. 5), nem tão pouco conhecer mini-mamente a planta do sítio. Desta forma, ignora-se se estamos perante um edifício de planta ortogonal (e, consequentemente, sujeita a um planeamento prévio), como sucede, por exemplo, em Cancho Roano9 ou em La Mata,10 ou se estamos perante um complexo de construções de planta pouco or-

8 Celestino 1996: 295-311.9 Celestino e Jiménez Ávila 1993; Celestino 1996.10 Rodríguez Díaz 2004.

425O CABEÇO REDONDO (MOURA). UM EDIFÍCIO MONUMENTAL E SINGULAR NA MARGEM ESQUERDA DO GUADIANA

Figura 2.— Terras mais escuras resultantes da destruição do Cabeço Redondo numa foto dos anos noventa.

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ganizada, como parece ter sido o caso da Azouga-da, um sítio também ocupado, em parte, durante o século V a.C. e geografi camente muito próximo do Cabeço Redondo (c. 20 km), cuja planta é dada a conhecer, em parte, por um esboço (Fig. 6) de um dos seus escavadores.11 Os dados da escavação no Cabeço Redondo, só permitem, por conseguin-te, perceber que a área ocupada se estende para lá dos limites das duas sondagens efectuadas (24 m cada uma), pelo que a área construída terá atingido uma dimensão importante, facto confi rmado pelos dados obtidos através de prospecção por radar de penetração no solo.12

2. OS MATERIAIS

2.1. A CERÂMICA

Sobre a panóplia oleira até agora recuperada no Cabeço Redondo, destaca-se a presença de formas e, também, de motivos decorativos que se obser-vam em outros sítios rurais do sudoeste peninsular, principalmente durante o século V a.C.

11 Madeira 1946: 21; Soares 2012: 11s., anex. I, fi g. 13.12 Caldeira et al. no prelo.

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Figura 3.— Cabeço Redondo. Implantação das sondagens 1 e 2.

Entre estes recipientes, destacam-se, pela sua quantidade (cerca de centena e meia de fragmen-tos), as tigelas, sobre as quais se realça a ausên-cia de decoração pintada, engobada ou grafi tada. Regista-se, também, a presença de algumas tigelas em cerâmica manual (Fig. 7, n.º 4) e em cerâmica cinzenta de produção local (Fig. 7, n.º 3).

No que diz respeito aos pratos carenados, escas-samente representados na amostra analisada, regis-ta-se a presença de quatro variantes de técnicas de fabrico, nomeadamente, em cerâmica pintada (Fig. 7, n.º 7), cerâmica manual (Fig. 7, n.º 8) e cerâmica cinzenta de produção local (Fig. 7, n.º 5), a qual imita a cerâmica cinzenta fi na (Fig. 7, n.º 6).

Quanto aos potes com a típica asa de cesto (Fig. 7, n.º 9), tão comuns em contextos sobretudo do sé-culo V a.C., recuperaram-se vários exemplares, os quais encontram paralelo em sítios como a Azou-gada (forma VI.5), enquadrados entre a segunda metade do século V e a primeira metade do século IV,13 em Castañuelo de Aracena, no século V,14 em La Mata, em cerâmica de cocção oxidante,15 em Cancho Roano,16 na Herdade da Sapatoa e no Cas-telão das Nogueiras, igualmente no século V a.C.17 Verifi cou-se, ainda, a existência de um único reci-piente com “asas de cabaz” (Fig. 7, n.º 10), cuja ori-gem morfológica ocorre no Bronze Final do centro/sul do país,18 embora, a nível regional, se encontre ausente do conjunto cerâmico do Bronze Final do Castro dos Ratinhos.19 No século V, o exemplar do Cabeço Redondo encontra paralelos na Sapatoa,20 numa peça efectuada também ao torno. A um nível regional, é possível encontrar a sua ocorrência no povoado da Misericórdia, na margem esquerda do Guadiana, identifi cado como povoado da II Idade do Ferro,21 registando-se, por fi m, a aparente au-sência da forma em Cancho Roano, em La Mata e na Azougada.22

Entre os materiais até agora analisados, destaca-se pela sua singularidade um pote perfurado (Fig. 8.1). Este recipiente foi recolhido durante a destrui-ção do Cabeço Redondo em 1990, tendo sido depo-

13 Antunes 2009: 145 e 251s.14 Amo 1978: 338, n.º 1.15 Rodríguez Díaz e Ortiz 2004: 246, forma D.3.g.16 Celestino e Jiménez Ávila 1993: 188, n.º 2; 190, n.º 6; 192,

n.º 3 e 208, n.º 2.17 Mataloto 2004: 271 e 291.18 Vilaça 1995: 202, tipo 5; 232, tipo 5.19 Berrocal-Rangel e Silva: 2010.20 Mataloto 2004: 70.21 Soares 1996: 111, n.º 32.22 Antunes 2009.

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sitado no Museu de Moura. Encontra-se completo, repleto de pequenas perfurações circulares feitas antes da cozedura e é dotado de uma pequena asa horizontal. Possui bordo simples, colo estrangulado e fundo plano. É feito em cerâmica manual, com um acabamento tosco e a parte do fundo exterior possui restos de uma matéria orgânica negra, indiciando as-sim uma possível exposição a uma chama. Chama-se a atenção para o seu perfi l, completamente “atípico”, dado ser de tendência oblíqua, ao invés de vertical. A existência de pequenos recipientes cobertos de perfurações não constitui uma novidade na Idade do Ferro, sendo, contudo, mais rara a ocorrência de recipientes completos como este exemplar. Geral-mente, desde o Bronze Final até à chegada do do-mínio romano, os recipientes com perfurações são usualmente conotados com funções diversas, nome-adamente as de queijeiras,23 coadores ou fi ltros,24 as de incensários/queimadores,25 ou, ainda, como reci-pientes ligados a práticas metalúrgicas.26

Assim, para o exemplar do Cabeço Redondo, talvez o melhor paralelo seja a peça proveniente do sítio de Neves I (Fig. 8.2), do século V, o qual tem características bastante parecidas a este do Cabeço Redondo. Observando-se a peça com atenção, no-ta-se que morfologicamente se assemelha à peça do Cabeço Redondo, pela sua forma fechada e bordo simples. Difere, contudo, na sua menor dimensão, na ausência de um fundo plano, da asa e no bor-do que, no caso de Neves I, é fechado. Quanto à

23 González de Canales et al. 2004: 118.24 Pellicer et al. 1983: 129, n.º 1655; 174, n.º 10 e 11.25 González de Canales et al. 2004: 118; Beirão et al. 1985: 63;

Berrocal-Rangel 1994: 190ss.26 Ruiz Mata 1989; Arruda 1999-2000: 215s.; Fernandez Ju-

rado 1988-89: 186ss.

sua função, o exemplar de Neves I foi interpretado como um ex-voto de fi guração representativa de um suíno.27

As morfologias fechadas destes dois recipientes, com um bordo e colo estreito, afastam-se dos exem-plares do Bronze Final/Orientalizante, os quais possuem bordos relativamente abertos, bem como dos queimadores da segunda metade do I milénio. Não é, contudo, impossível que os exemplares de Neves I e do Cabeço Redondo derivem de uma evolução dos recipientes do Bronze Final-Período Orientalizante ou das funções a que se destinavam, embora nos faltem dados que permitam confi rmar ou afastar qualquer uma das hipóteses. Em rela-ção à função do recipiente do Cabeço Redondo, se se afastar a hipótese de as perfurações correspon-derem apenas a uma mera decoração, são vários os indícios que parecem apontar o caminho para a função a que se destinava este recipiente: 1) as perfurações podem existir para deixar escapar algo do interior do recipiente e o facto de este parecer possuir vestígios de fogo na base poderá apontar para um queimador de alguma substância que fos-se colocada no seu interior; 2) a pequena asa hori-zontal, poderá ser entendida como utilizada para o transporte ou para suspender o recipiente, talvez por cima de uma chama; 3) a sua morfologia oblí-qua favorece uma posição inclinada do recipiente, quer este se encontre pendurado pela asa, quer se encontre apoiado na base.

Por outro lado, a sua manufactura tosca, em ce-râmica manual pouco cuidada, de fabrico grossei-ro, e o facto de algumas das perfurações não terem sido correctamente realizadas, encontrando-se obs-truídas por argila, não deixam de causar alguma es-

27 Maia 2008: 358s., fi g. 3.

427O CABEÇO REDONDO (MOURA). UM EDIFÍCIO MONUMENTAL E SINGULAR NA MARGEM ESQUERDA DO GUADIANA

Figura 4.— Cabeço Redondo. Estruturas pétreas.

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tranheza, se se atribuir uma qualquer função ritual ou excepcional para este artefacto, dado o pouco ou nenhum cuidado empregue na sua manufactu-ra. Concluindo, avançamos como hipótese que a sua funcionalidade poderá corresponder à de um queimador de substâncias voláteis, utilizado para combater a emissão de odores nefastos provocados pela transformação e armazenagem de produtos agrícolas no local.

No que toca aos recipientes vocacionados para a grande armazenagem, identifi cou-se uma série de formas mais ou menos abertas que poderiam cumprir as funções de conter diversos produtos. Referimo-nos à presença abundante de ânforas

tipo “Cancho Roano” (CR-1)28 (Fig. 9, n.º 1-2), de talhas (Fig. 9, n.º 3-4), bem como de bacias/algui-dares, fabricadas tanto em cerâmica manual (Fig. 9, n.º 8-9), como ao torno (Fig. 9, n.º 5-7) e onde se encontra a típica asa cega, frequente em contex-tos do século V a.C. Sobre este tipo de recipientes, os dados obtidos em escavação demonstraram que ocorre um claro aumento da sua quantidade, em especial dos recipientes anfóricos, nos níveis mais recentes da escavação, facto que comprova um au-mento da capacidade de armazenagem nos momen-tos fi nais do Cabeço Redondo.

Note-se, ainda, a presença de uma asa de rolo espessa e de vários fragmentos de bojos de pastas claras, indiciadores de importações da Baixa An-daluzia, embora nenhum dos fragmentos tenha permitido conhecer a forma dos recipientes (con-tudo, a asa de rolo pertence, possivelmente, a uma ânfora).

Sobre as decorações cerâmicas, o primeiro facto digno de nota é a sua escassez, em todas as cate-gorias observadas (pintadas, grafi tadas, decoração plástica). É possível registar, no entanto, a presen-ça de cerâmicas pintadas e grafi tadas desde o iní-cio da ocupação do Cabeço Redondo, ocorrendo em todas as três Fases detectadas. Nota-se ainda que a decoração grafi tada constitui o motivo deco-rativo mais abundante, reforçando assim o seu ca-rácter de decoração marcadamente local/regional. Quanto às cerâmicas pintadas, observa-se que de todo o conjunto analisado de cerâmica classifi cável, que conta já com várias centenas de fragmentos,

28 Guerrero 1991.

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Figura 6.— Planta parcial da Azougada, tintada (a partir de Manuel Madeira 1946: 21).

Figura 5.— Cabeço Redondo. Estruturas de pedra ou adobe e o seu supostoprolongamento.

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não chegam a uma dezena os fragmentos com esta decoração, sendo que todos estes correspondem a cerâmicas importadas. Deste conjunto, destaca-se a peça com pintura bícroma, pintada com faixas vermelhas enquadradas por linhas negras (Fig. 10, n.º 4), a qual foi encontrada nos níveis mais antigos até agora escavados. Este motivo decorativo ocor-re desde o início das infl uências orientalizantes até ao domínio romano, como se verifi ca, por exemplo, na estratigrafi a do Cerro Macareno.29 A nível re-gional, este motivo decorativo apenas se encontra presente num pithos em Torre Velha 3, com uma cronologia proposta do século VII-VI.30

Já os 3 fragmentos de pratos carenados de cerâ-mica fi na com cozedura oxidante (Fig. 10, n.º 1-3), correspondem a importações e possuem um reves-timento de engobe branco, sobre o qual foi aplicada uma pintura vermelha. Num dos exemplares (Fig. 10, n.º 3), esta pintura parece encontrar-se apenas no interior, enquanto nos outros dois (Fig. 10, n.º 1-2), a pintura localiza-se tanto no interior como no exterior, com três linhas em reserva na parede exte-rior junto ao fundo. Estas peças foram recuperadas nos níveis mais recentes da escavação e encontram

29 Pellicer et al. 1983: 82.30 Antunes, de Deus et al. neste volume.

o seu paralelo mais próximo num prato pintado da Azougada,31 também ele com uma linha em reserva na parede exterior próximo do fundo, embora aqui tenha sido classifi cado como um prato de engobe vermelho.

Relativamente à cerâmica ática, apenas foram recolhidos dois pequenos fragmentos (Fig. 10, n.º 5-6), correspondentes a um bordo e uma asa, possi-velmente de taças Cástulo, as quais constituem um achado frequente em sítios do século V a.C. no Sul do território português.32

Em relação à decoração por aplicação de gra-fi te, destaca-se, em primeiro lugar, o facto de ser a decoração mais numerosa no Cabeço Redondo. Esta decoração encontra-se aplicada no exterior dos recipientes fechados, fi cando essa superfície in-tegralmente coberta por grafi te. Contudo, três fun-dos pequenos, também grafi tados no interior (Fig. 10, n.º 12-14), parecem indicar a existência de pe-quenos recipientes abertos, como pratos ou tigelas. O motivo decorativo obtido pela aplicação de gra-fi te foi alvo de um estudo recente por parte de R. Barroso,33 o qual reúne a bibliografi a mais antiga.

31 Antunes 2009: 119, n.º 11.32 Arruda 1997: 96, 97 e 103.33 Barroso 2002.

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Figura 7.— Cabeço Redondo. Pequenos recipientes cerâmicos.

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A sua ocorrência é algo vasta, ocorrendo desde o Bronze Final até à primeira Idade do Ferro, numa geografi a e cronologia que se parecem estender à medida que a investigação progride.

Observando o panorama das cerâmicas grafi ta-das até agora recuperadas nos sítios regional e cro-nologicamente mais próximos do Cabeço Redondo (Fig. 11), notam-se algumas diferenças entre os vários conjuntos. Se por um lado, o exemplar recu-perado em El Castañuelo evoca claramente os reci-pientes do Cabeço Redondo, através da existência de uma larga faixa grafi tada aplicada na superfície exterior de um grande recipiente fechado, o qual apresenta algumas semelhanças morfológicas com um exemplar do Cabeço Redondo (Fig. 10, n.º 9), já o mesmo não se pode dizer dos recipientes até agora recuperados na Azougada e no Castelo Velho de Safara, onde a decoração grafi tada se encontra principalmente em pequenos recipientes abertos e menos frequentemente em pequenos recipientes fechados, sendo aplicada em estreitas faixas alter-nadas com faixas de engobe vermelho, o que pa-rece corresponder a uma diferença de signifi cado cronológico, sendo provavelmente este motivo de-corativo ligeiramente mais recente que o grafi tado integral do Cabeço Redondo.34

34 Soares 2012: 21ss.

Por fi m, no que diz respeito a outros motivos decorativos, nomeadamente os referentes à decora-ção plástica (Fig. 12), nota-se a existência de digi-tações, de incisões sobre o bordo, de linhas incisas ondulantes, de pequenos mamilos e de caneluras. Estes motivos decorativos surgem principalmente aplicados a recipientes de produção manual e en-quadram-se no século V a.C., estando presentes em vários sítios desta cronologia, como Castañuelo,35 Sapatoa,36 entre muitos outros possíveis de citar.

Quanto aos elementos de produção têxtil, re-cuperaram-se pesos de cerâmica de grandes di-mensões, correspondentes a três tipos distintos, nomeadamente, pesos ovalados (Fig. 13, n.º 1-2), circulares (Fig. 13, n.º 4) e piramidais (Fig. 13, n.º 3), sendo que alguns se apresentam em argila mal cozida, enquanto outros sofreram uma cozedura muito intensa. Os pesos ovalados correspondem ao tipo mais abundante, conhecendo-se paralelos para os três tipos formais em Cancho Roano37 e La Mata.38 É ainda importante registar a presen-ça de pesos de tear realizados em “argila sem co-

35 Amo 1978.36 Mataloto 2004.37 Berrocal-Rangel 2003: 222, fi g. 3, tipo F; 260.38 Rodríguez Díaz e Ortiz: 264, formas G.1.a., G.1b. e G.1.c.

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Figura 8.— Recipientes perfurados recuperados 1. Cabeço Redondo; 2. Neves I.

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Figura 9.— Cabeço Redondo. Grandes recipientes cerâmicos.

zer” em Castañuelo,39 embora se desconheça a sua morfologia, bem como a sua ausência ou escassez em pequenos sítios rurais, como no Passo Alto, no século VI40 e, no século V, na Sapatoa,41 Fernão Vaz,42 entre outros, facto que poderá talvez atribuir um signifi cado produtivo especial à sua presença e abundância, aparentemente mais frequente em sítios do século V com maior dimensão e riqueza, como serão os complexos monumentais pós-orien-talizantes.

No que se refere aos cossoiros, recuperaram-se apenas quatro, desprovidos de qualquer decoração e enquadráveis nos tipos formais cilíndrico (Fig. 13, n.º 7-8), cónico (Fig. 13, n.º 5) e bitroncocónico (Fig. 13, n.º 6) de Cancho Roano,43 os quais se re-gistam também em La Mata.44 Por fi m, recuperou-se ainda uma pequena agulha ou furador (Fig. 13, n.º 9), realizado em osso polido, encontrando-se a sua presença provavelmente também relacionada com actividades de produção têxtil.

2.2. OS METAIS E A PRODUÇÃO METALÚRGICA

Em relação aos metais, destaca-se, em primeiro lugar, uma peça (Fig. 14, n.º 1) recuperada duran-

39 Amo 1978: 307.40 Soares et al. 2010.41 Mataloto 2004.42 Beirão 1986.43 Berrocal-Rangel 2003: 222, fi g. 3.44 Rodríguez Díaz e Ortiz 2004: 264.

te a destruição operada no Cabeço Redondo, em 1990.45 Trata-se de um artefacto maciço, de bronze, com 1,4 kg e 14,5 cm de diâmetro, apresentando uma face com superfície lisa cónica rodeada por uma faixa horizontal. Nesta faixa observam-se es-trias resultantes de uma rotação centrípeta inten-sa. A outra face apresenta três encaixes, onde um qualquer objecto, provavelmente de madeira, esta-ria colocado. Objectos semelhantes foram recupe-rados em outros contextos,46 tendo as suas funções sido associadas a eixos de portas47 ou a eixos de ro-das de oleiro, havendo J. Jiménez Ávila discutido mais recentemente esta problemática,48 argumen-tando a favor de corresponderem a eixos de roda de oleiro, posição que partilhamos.

Já durante as escavações, recuperou-se uma asa em “ómega”, também de bronze (Fig. 14, n.º 2), de um braseiro, a qual se encontra em perfeito estado de conservação. Foi recolhida num estrato correspondente a um aterro, facto que poderá aju-dar a explicar o facto de se encontrar separada do recipiente metálico de que faria parte. Este tipo de asas encontra-se associado a recipientes de bronze, usualmente denominados “braseiros”,49 possuin-do cada um deles duas asas ou apenas uma. Fun-cionalmente, destacamos a hipótese de Jiménez

45 Soares 2013.46 Celestino 1991; Meseguer e García Martínez 1995.47 Celestino 1991.48 Jiménez Ávila 2013.49 Jiménez Ávila 2002: 105s.

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Ávila,50 que considerou como mais provável para estes artefactos uma função de carácter simbólico e excepcional, restringida a determinados actos cerimoniais em que interviriam os seus proprietá-rios, afastando assim as teses que os conotam com a queima de perfumes ou de cadáveres51 ou como elemento de abluções rituais.52 Ocorrem, cronolo-gicamente, desde o século VII até fi nais do século V, predominantemente em contextos funerários, embora no Sudoeste peninsular apenas se tenham recolhido em ambientes não funerários,53 sendo de

50 Jiménez Ávila 2002: 129s.51 Blázquez 1975: 109; 1993: 128.52 Cuadrado 1957: 14.53 Jiménez Ávila 2002: 118, 119 e 130.

notar a sua existência em Cancho Roano.54 Encon-tram-se contudo, ausentes de La Mata, ainda que os seus escavadores considerem que estes devessem ter existido, devido a alguns elementos de bronze recolhidos, supondo que os recipientes teriam sido “salvos” do incêndio fi nal.55

Recuperou-se ainda um elemento de xorca de bronze (Fig. 14, n.º 3), o qual se apresenta danifi ca-do, devido muito provavelmente a um vazamento defi ciente. O seu interior encontra-se preenchido por uma argila fi na, avermelhada, possivelmente constituinte do núcleo do molde. Por outro lado, foi recolhido num estrato de aterro, pelo que o ele-mento de xorca deve, com certeza, tratar-se de um

54 Celestino e Zulueta 2003: 29-32.55 Rodríguez Díaz e Ortiz 2004: 287.

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Figura 10.— Cabeço Redondo. Cerâmicas pintadas (1-4); Cerâmica ática (5-6); Cerâmica grafi tada (7-14).

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Pintado vermelho

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433O CABEÇO REDONDO (MOURA). UM EDIFÍCIO MONUMENTAL E SINGULAR NA MARGEM ESQUERDA DO GUADIANA

Figura 11.— Cerâmicas grafi tadas das zonas próximas à bacia do rio Ardila.

objecto descartado. Estes artefactos considerados como elementos de adorno, possuem duas morfo-logias distintas: uma em forma de crescente lunar, com secção circular, outra de tipo “bolsiforme”,56 sendo a esta morfologia que pertence o exemplar aqui tratado. A sua dispersão geográfi ca e cronoló-gica no território peninsular é algo vasta, como se verifi ca em algumas sistematizações já efectuadas,57 parecendo a sua cronologia iniciar-se no século VII, perdurando até meados do 1º milénio. Regista-se a sua presença em diversos sítios coevos do Cabeço Redondo, nomeadamente Castañuelo58 e La Mata59 e, ainda, em ambiente funerário, como por exem-plo, na necrópole da Mealha-Nova,60 entre muitos outros sítios possíveis de citar.

Também foram recuperados, durante os traba-lhos de escavação, dois objectos de ferro, nomea-damente uma faca afalcatada (Fig. 14, n.º 4) e um remate (Fig. 14, n.º 5). A pequena faca afalcata-da encontrou-se completa, embora muito oxidada. Uma vez mais, o estrato onde este objecto foi re-colhido pertencia a um potente aterro, pelo que o objecto terá sido, em algum momento, descartado, por razões que desconhecemos. A sua funciona-lidade tem sido debatida em torno das hipóteses

56 Amo 1978: 308 e 309, nº 1.57 Ibidem: 308-315; Calado e Mataloto 2008: 204.58 Amo 1978: 309.59 Rodríguez Díaz e Ortiz 2004: 286.60 Dias e Beirão 1970: 201.

de corresponderem a armas, objectos de uso quo-tidiano ou de uso ritual, não sendo possível afas-tar completamente qualquer uma das hipóteses.61 Cronologicamente, as pequenas facas afalcatadas de ferro ocorrem numa geografi a e cronologia am-plas, desde o século VIII até aos fi nais da Idade do Ferro, nos mais diversos contextos.62 Regista-se a sua presença abundante em Cancho Roano, onde os 64 exemplares recuperados correspondem a 15% do total de objectos de ferro,63 em La Mata,64 em Castañuelo,65 entre outros. Tipologicamente, o exemplar recolhido no Cabeço Redondo parece encontrar-se algures entre as facas afalcatadas pe-quenas e as facas afalcatadas de lâmina estreita, de Cancho Roano.66

Já o “remate” recolhido corresponde a um ele-mento de ferro alongado com as extremidades en-grossadas e muito oxidado, apresentando sete cen-tímetros de comprimento e cerca de um centímetro de espessura, encontrando-se a sua presença asso-ciada a placas de ferro e grampos, funcionalmente concebidos para actuar em conjunto, fazendo parte de objectos de madeira, ou de couro, como arreios de cavalos, no caso dos exemplares de menores di-

61 Kurtz 2003: 317.62 Mancebo 2000.63 Kurtz 2003: 317.64 Rodríguez Díaz e Ortiz 2004: 291.65 Amo 1978: 308.66 Kurtz 2003: 320.

Azougada(Antunes 2008)

Castelo Velho de Safara(Soares 2001)

Castañuelo(Pérez Macías 1991)

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mensões.67 O exemplar do Cabeço Redondo cor-responde à forma de maiores dimensões em Can-cho Roano68 e regista-se ainda a sua presença em La Mata.69

Além dos artefactos metálicos referidos atrás, também artefactos ligados à produção metalúrgica foram recuperados durante a escavação arqueo-lógica levada a cabo no Cabeço Redondo, desig-nadamente um fragmento de cadinho (Fig. 15, n.º 1), com escória aderente, e um fragmento de algaraviz vitrifi cado (Fig. 15, n.º 2). Uma análise preliminar por fl uorescência de raios X, dispersiva de energia,70 permitiu verifi car que o cadinho foi utilizado na metalurgia do bronze, enquanto no al-garaviz se identifi caram vestígios de cobre, o que indicia a produção de ligas de bronze no Cabeço Redondo e que parece confi rmar, ao mesmo tem-po, a interpretação exposta anteriormente sobre o vazamento defi ciente aquando da manufactura do elemento de xorca. Note-se, a este propósito, que vestígios semelhantes foram encontrados no edifí-cio de La Mata.71

67 Kurtz 2003: 307 e 308.68 Ibidem: 309.69 Rodríguez Díaz e Ortiz 2004: 291.70 As análises que serão objecto de publicação detalhada fu-

tura, foram efectuadas pelo Dr. P. Valério, a quem se agradece.71 Rovira 2004: 478.

2.3. LÍTICOS

Relativamente a material lítico, foram reco-lhidos diversos percutores de quartzito de forma alongada (Fig. 16, n.º 4) ou mais raramente de for-ma esférica (Fig. 16, n.º 2), além de vários frag-mentos de mós de granito (Fig. 16, n.º 1). Estes elementos encontram-se associados à prática de di-versas actividades económicas, como por exemplo, a produção de farinhas cerealíferas, registando-se a sua presença comum em diversos sítios, dos quais são exemplo La Mata e Cancho Roano.72 Por fi m, recuperou-se ainda um machado de pedra polida (Fig. 16, n.º 3), o qual corresponde a um tipo de artefactos que ocorrem ocasionalmente e residual-mente em diversos sítios proto-históricos.

3. UMA CRONOLOGIA PARA O CABEÇO REDONDO

Ao defi nirmos uma cronologia para a ocupa-ção do Cabeço Redondo, utilizamos sobretudo a análise dos materiais para suportar uma possível datação. Assim, materiais como a cerâmica ática, possivelmente taças Cástulo, traduzem uma cro-nologia relativamente segura do século V a.C. De

72 Rodríguez Díaz e Ortiz 2004: 272-274 e 276; Celestino 1996: 117 e 195.

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Figura 12.— Cabeço Redondo. Decoração plástica.

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igual modo, a conjugação de potes com asa de ces-ta, bordos com incisões, cerâmicas grafi tadas e o pequeno recipiente com perfurações, enquadram-se igualmente bem no século V a.C., em virtude dos paralelos já mencionados para cada caso.

Em relação ao fi nal da ocupação, baseamo-nos sobretudo nas ausências. Assim, os materiais relati-vamente comuns nas ocupações do século IV a.C., detectados a nível regional em sítios como o Cas-telo Velho de Safara,73 Castelo de Moura,74 Caste-lo de Serpa,75 Misericórdia76 e Pasada del Abad,77 encontram-se ausentes no Cabeço Redondo, nome-adamente, a cerâmica ática de fi guras vermelhas, a cerâmica estampilhada, os queimadores fenes-trados e as cerâmicas grafi tadas em bandas com engobe vermelho, podendo ainda mencionar-se a escassez de cerâmicas pintadas.

Já o limite para o início da ocupação no Cabeço Redondo, afi gura-se relativamente mais difícil de estabelecer com exactidão. Este problema deve-se, em primeiro lugar, à reduzida área escavada. As-sim, os níveis mais antigos identifi cados, corres-

73 Costa 2010.74 Soares 2012: 8-11.75 Braga e Soares 1981; Soares e Braga 1986.76 Parreira 1983: 156; Soares 1996: 103ss.77 Pérez Macías 1993.

pondentes à Fase I, encontram-se a mais de um metro e meio de profundidade, tendo sido apenas atingidos numa reduzida extensão da área inter-vencionada em 2011.

Destes níveis, foram recuperados 50 fragmentos cerâmicos classifi cáveis. Apesar de estatisticamen-te os valores obtidos para este conjunto não serem signifi cativos, é possível propor algumas conclu-sões relevantes para a cronologia, nomeadamente, em relação à percentagem de cerâmica manual, uma vez que esta pode traduzir diferenças cronoló-gicas.78 Os dados revelam que os momentos fi nais da ocupação do Cabeço Redondo possuem valores de cerâmica manual na ordem dos 10% (se calcula-da em relação ao Número Mínimo de Indivíduos, nomeadamente, o número de bordos). Contudo, os momentos iniciais da ocupação revelam que a ce-râmica manual seria mais abundante, com valores algures entre 19% e 34%. Dada a pouca relevância estatística do conjunto de fragmentos classifi cáveis destes momentos iniciais, efectuou-se também uma análise pela contabilização do Número de Restos (contagem de todos os fragmentos cerâmicos), a qual revela que a quantidade de cerâmica manual nas fases iniciais é signifi cativamente mais elevada

78 Fabião 1998, vol. II: 29; Mataloto 2004: 77.

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Figura 13.— Cabeço Redondo. Elementos de produção têxtil.

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que em qualquer outro dos contextos,79 existindo portanto um comprovado decréscimo das fases an-tigas para as mais recentes.

As explicações para este facto prendem-se pelo menos em parte, e como já referimos, com a crono-logia das diferentes Fases, tendo já sido avançado80 que ao longo da Idade do Ferro a percentagem de cerâmica manual parece variar em função da maior ou menor antiguidade, ainda que outras hipóte-ses como um aumento do poder económico, sejam igualmente equacionáveis.81

Assim, refi ra-se, apenas a título de exemplo para esta discussão, a percentagem de 38% de cerâmica manual na Sapatoa, entre fi nais do século VI e mea-dos do século V,82 aproximando-se assim da já refe-rida percentagem verifi cada nos momentos iniciais do Cabeço Redondo. Já os valores verifi cados na fase fi nal do Cabeço Redondo, variando entre 9 e 12%, aproximam-se dos valores verifi cados na per-centagem de cerâmica manual na Azougada, com um valor de 12%,83 da Fase V de Castro Marim

79 Soares 2012: 78-85.80 Mataloto 2004: 77.81 Antunes 2009: 371.82 Mataloto 2004: 77.83 Antunes 2009: 370.

correspondente à segunda metade do século V a.C. e ao século IV a.C., com 11%,84 de Cancho Roano, com valores entre 11 e 15% na sua Fase fi nal,85 ou ainda em La Mata, com valores entre 15 e 20%.86

Além da percentagem de cerâmica manual, ou-tros elementos permitem caracterizar os momentos iniciais do Cabeço Redondo. Assim, destacam-se os fragmentos com pintura bícroma, em faixas ver-melhas enquadradas por linhas negras, recupera-dos nos níveis mais antigos escavados. Apesar de, como já referimos, este motivo decorativo poder ocorrer numa cronologia alargada, não é de ex-cluir que os exemplares do Cabeço Redondo po-derão corresponder a recipientes do século VI a.C, como sucede a nível regional, em Torre Velha 3.87 Também algumas das decorações plásticas apenas presentes nestes níveis, como as incisões sobre o bordo, poderiam indicar uma cronologia antiga dentro do século V ou mesmo recuando ao século VI, como já defendeu Rui Mataloto88 numa análise aprofundada sobre o tema.

84 Oliveira 2008: 454-461.85 Mataloto 2004: 77, fi g. 22.86 Rodríguez Díaz e Ortiz 2004: 218.87 Antunes, de Deus et al. neste volume.88 Mataloto 2004: 72s.

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Figura 14.— Cabeço Redondo. Metais.

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Para além dos elementos referidos, poder-se-ia referir ainda a ausência nos níveis mais antigos de cerâmica ática e de elementos característicos do sé-culo V a.C., como os potes com asa de cesta, o que poderia ter algum signifi cado mais substancial, no-meadamente, uma cronologia mais recuada. Con-tudo, reforce-se, uma vez mais, que a área escavada foi muito reduzida, pelo que novas escavações po-derão alterar esta visão.

Concluindo, a ocupação do Cabeço Redondo deverá balizar-se no século V a.C., terminando esta no fi nal da centúria e deixando em aberto com mui-tas cautelas, a possibilidade de o início da ocupação se ter verifi cado na segunda metade/fi nais do sé-culo VI a.C., uma vez que esta hipótese carece de uma confi rmação futura através de mais trabalhos de escavação.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A implantação do Cabeço Redondo na margem esquerda do Guadiana e na margem esquerda do rio Ardila, situam-no num palco priviligiado de es-tudo da Idade do Ferro, em virtude da malha de povoamento já conhecida e estudada.

Uma vez analisada a cultura material, a sua cronologia e alguns dos vestígios da arquitectura, é-nos permitido tecer alguns comentários e discu-tir algumas questões. Em primeiro lugar, os dados obtidos através do estudo dos materiais recupera-dos, permitem a busca de paralelos, os quais se en-contram predominantemente em sítios rurais ocu-

pados ao longo do século V a.C., nomeadamente, Cancho Roano, La Mata, El Castañuelo, Azouga-da, entre vários outros possíveis de citar. Por ou-tro lado, os vestígios materiais indiciam algumas pistas sobre a funcionalidade do Cabeço Redondo. Assim, a presença de uma grande quantidade de recipientes de armazenagem como as ânforas, bem como de utensílios utilizados na preparação de ce-reais, como as mós, ou de produção têxtil, como os pesos de tear e os cossoiros, apontam para a exis-tência de actividades de produção, transforma-ção e armazenagem de produtos agrícolas. Neste ponto, as análises recentemente efectuadas sobre a fauna do Cabeço Redondo89 apoiam esta con-clusão, ao revelar a existência abundante de fau-na doméstica, predominantemente gado bovino e ovicaprino e a fraca importância da caça, demons-trando a importância da agricultura e da pastorícia na economia do sítio.

Contudo, estas não seriam as únicas actividades de que se ocupavam os habitantes do Cabeço Re-dondo, tal como fi cou demonstrado pela presença de um fragmento de algaraviz e de um molde, utili-zados na produção de ligas de bronze, bem como a existência de uma xorca, possivelmente descartada por um defeito de vazamento. Parece assim prová-vel que a produção metalúrgica tenha também tido o seu papel na economia do Cabeço Redondo, em-bora não disponhamos ainda de dados sufi cientes para perceber a extensão da sua importância, isto é, se seria uma actividade predominante, ou se ape-nas se destinaria ao consumo interno, como parece ter sido o caso de La Mata90 e de Cancho Roano,91 onde também se encontraram vestígios de produ-ção metalúrgica, embora com fraca expressão.

Finalmente, ainda como hipótese, fi ca a presen-ça de produção oleira no Cabeço Redondo, caso o artefacto de bronze recuperado nas destruições de 1990 corresponda efectivamente, como julgamos, a um eixo de torno de oleiro. Esta hipótese carece de uma confi rmação mais sólida, dado não terem sido recuperados outros indícios que a comprovem, como a presença de um forno ou de elementos cerâ-micos com defeitos de fabrico, indiciadores seguros da presença de uma produção oleira no local.

Neste ponto, recuperamos a discussão anterior-mente iniciada sobre os valores de cerâmica manual e das quantidades de recipientes anfóricos e a sua diferença entre os momentos iniciais e os momen-

89 Cardoso e Soares: 2013.90 Rovira 2004: 478.91 Montero et al. 2003: 208-210.

437O CABEÇO REDONDO (MOURA). UM EDIFÍCIO MONUMENTAL E SINGULAR NA MARGEM ESQUERDA DO GUADIANA

Figura 15.— Cabeço Redondo, metalurgia. 1. Fragmento de cadinho;2. Algaraviz.

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tos fi nais da ocupação no Cabeço Redondo. Assim, pensamos que um menor poder económico nos mo-mentos iniciais da ocupação no Cabeço Redondo seria traduzido numa maior quantidade de produ-ção cerâmica manual (produção local dos próprios habitantes). Posteriormente, numa segunda fase, o incremento do poder económico resultante do de-senvolvimento da exploração dos recursos disponí-veis, permitiria dispor de um acesso facilitado aos recipientes fabricados ao torno, reduzindo assim a necessidade da produção manual. Neste caso, o possível eixo de torno de oleiro recuperado no Ca-beço Redondo, poderia também ajudar a explicar o aumento da percentagem de cerâmica ao torno. Po-derá especular-se, assim, que o desenvolvimento do poder económico no Cabeço Redondo permitiria, em determinada altura, adquirir a tecnologia neces-sária à produção de cerâmica feita ao torno. Este necessário poder económico parece-nos justifi cado, uma vez que, note-se, a peça em questão, corres-ponde a um artefacto de bronze maciço, com 1,4 kg de peso. Não podemos, ainda, deixar de ligar a esta questão o facto de o número de ânforas de produ-ção local/regional aumentar signifi cativamente no fi nal da ocupação, pelo que fi ca no ar a hipótese de se tratar de uma produção local, no próprio sítio, possivelmente para envasar a sua própria produção de determinados géneros alimentares.

Sobre o modelo de ocupação a que pertence o Cabeço Redondo, os dados analisados comprovam que este partilha várias das características obser-vadas nos edifícios monumentais da zona do Gua-diana Médio,92 nomeadamente, a implantação em zonas planas férteis, próximo de pequenas linhas

92 Jiménez Ávila 2009.

de água; a cultura material; a presença de objectos socialmente diferenciadores, dos quais os braseiros de bronze são um exemplo; o tipo de actividades económicas aí praticadas; o tipo de construções; a utilização massiva de adobes; a existência de um fenómeno em que o espaço construído foi parcial-mente destruído ou desmontado, para em seguida ser coberto por aterros, sobre os quais se construiu novamente; e ainda a possível presença de um in-cêndio na fase de abandono do sítio, verifi cada na abundância de adobes queimados, que se observa-ram nos níveis mais recentes da escavação. Por fi m, partilha também aquela que é talvez a característi-ca mais marcante e até agora associada apenas ao Guadiana Médio: a presença de um grande monte artifi cial de terra, resultante da destruição e erosão das paredes de adobe de um edifício monumental e singular.

Encontra-se assim fortemente apoiada por indí-cios a possibilidade de supor que o fenómeno dos complexos monumentais e singulares não é exclusi-vo do sector norte do Guadiana Médio, antes pro-longa-se pelo menos, até a um sector muito mais a sul, à margem esquerda portuguesa do Guadiana.

Pensamos ser possível admitir que o Cabeço Redondo não será caso único na sua região (e que dizer da margem direita?), pois tal como a Histó-ria nos ensina, os casos únicos e isolados são fre-quentemente precedidos de muitos outros, como bem ilustra a conhecida história de Cancho Roano, verdadeiro paradigma da questão dos “casos úni-cos”. Será ainda de esperar, que o aparente vazio existente entre a zona de Cancho Roano/La Mata e o Cabeço Redondo, venha a registar no futuro a existência comprovada de mais alguns sítios com as mesmas características (por exemplo, o Caste-

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Figura 16.— Cabeço Redondo. Líticos.

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lão das Nogueiras,93 o qual pensamos constituir um forte candidato), embora seja possível que a grande concentração de complexos monumentais e singu-lares verifi cada no Guadiana Médio, não seja repe-tível noutros locais.

Pode, então, concluir-se que, em meados do 1º milénio, existiu uma grande ocupação rural ca-racterizada por pequenos núcleos habitacionais, ao longo dos tramos médio e inferior do Guadia-na. Alguns destes núcleos terão atingindo dimen-sões maiores que outros, chegando alguns deles a atingir as dimensões “monumentais” verifi cadas na zona do Guadiana Médio94 e a sofrer fenómenos de construção/destruição-aterro/construção.95 Este facto e as razões que levaram a que alguns atingis-sem este estádio e outros não, poderá ter resultado de uma determinada conjugação de factores, dos quais o mais relevante seria a localização privile-giada em zonas agrícolas de excelência. Alguns destes sítios teriam assim ao seu alcance meios eco-nómicos para crescer e sustentar esse crescimento, ao passo que outros sítios, implantados em locais agrícolas menos favoráveis, não disporiam dos meios necessários para dar o “salto” para a “mo-numentalidade”, não se verifi cando assim os fenó-menos de intensa remodelação arquitectónica e de incremento de dimensão.

O Cabeço Redondo deverá então ter correspon-dido a um sítio que, uma vez fundado, terá evoluído ao longo do tempo, através da exploração agrícola,

93 Mataloto 2004: 169.94 Jiménez Ávila 2009: 94.95 Celestino 1996: 295-311.

tendo o seu crescente poder económico permitido um crescimento a nível estrutural e permitido a re-modelação do espaço edifi cado. Este desenvolvi-mento terá tido o seu apogeu algures nos fi nais do século V, altura em que a sua capacidade produtiva seria bastante superior à verifi cada no início da sua fundação, existindo nesta fase um grande volume de produção excedentária, verifi cada no aumento do número dos grandes recipientes de armazenagem.

Uma vez mais, tal como se verifi cou em Cancho Roano e La Mata,96 parece ter sido precisamente no máximo da capacidade produtiva e, possivelmente, no momento de maior desenvolvimento do espaço edifi cado, que a ocupação do Cabeço Redondo terá cessado, dado não dispormos de qualquer dado que permita supor uma continuidade da ocupação du-rante o século IV.

O Cabeço Redondo terá então feito parte de um processo que se iniciou algures a partir do século VII a.C., com o fi m dos grandes povoados do Bron-ze Final, como parece demonstrar o caso do Castro dos Ratinhos,97 do Passo Alto98 e de Serpa,99 ten-do resultado no desenvolvimento da pequena ocu-pação rural, ao longo das margens do Guadiana, a qual parece ter originado a partir dos fi nais do século VI a.C. ou inícios do século V a.C., alguns complexos edifi cados monumentais, resultantes do crescimento e desenvolvimento dessas pequenas ocupações.

96 Celestino e Jiménez Ávila 1993; Celestino 1996; Rodríguez Díaz 2004.

97 Berrocal-Rangel e Silva 2010.98 Soares et al. 2010.99 Antunes, Soares et al. neste volume.

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