Síntese e Estudo Espectroscópico de Complexos de … · 2O...

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Universidade Federal de Pernambuco – UFPE Centro de Ciências Exatas e da Natureza –CCEN Departamento de Química Fundamental – DQF Síntese e Estudo Espectroscópico de Complexos de Európio(III) e Gadolínio(III) de 3-Arilamido-Ácidos-Picolínicos Dissertação apresentada ao Departamento de Química Fundamental do Centro de Ciências Exatas e da Natureza da Universidade Federal de Pernambuco como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Química Ivoneide de Carvalho Lopes Barros Orientador: Prof. Dr. Gilberto Fernandes de Sá Co-orientador: Prof. Dr. Friedrich Wilhelm Joachim Demnitz RECIFE – 2000

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Universidade Federal de Pernambuco – UFPE

Centro de Ciências Exatas e da Natureza –CCEN

Departamento de Química Fundamental – DQF

Síntese e Estudo Espectroscópico de

Complexos de Európio(III) e Gadolínio(III) de

3-Arilamido-Ácidos-Picolínicos

Dissertação apresentada ao Departamento de Química Fundamental do Centro de Ciências Exatas e da Natureza da Universidade Federal de Pernambuco como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Química

Ivoneide de Carvalho Lopes Barros

Orientador: Prof. Dr. Gilberto Fernandes de Sá

Co-orientador: Prof. Dr. Friedrich Wilhelm Joachim Demnitz

RECIFE – 2000

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Ivoneide de Carvalho Lopes Barros

Síntese e Estudo Espectroscópico de

Complexos de Európio(III) e Gadolínio(III) de

3-Arilamido-Ácidos-Picolínicos

RECIFE – 2000

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A Joaquim Neto, meu companheiro, pelo carinho permanente.

A Bianca e Sara, vocês dão brilho à minha vida. Amo vocês.

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“As respostas demoradas não apenas provam a fé, como nos dão oportunidade de honrar a Deus por nossa firme confiança nEle, mesmo diante das aparentes recusas.”

C. H. Spurgeon

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Gilberto F. de Sá, pela orientação, o incentivo e a oportunidade de

realizar um trabalho de caráter interdisciplinar.

Ao Prof. Joachim Demnitz, meu co-orientador, a quem dedico profunda

admiração. Sou grata pelo investimento na minha capacitação profissional.

Ao Prof. Celso Donegá, pela fundamental colaboração na identificação dos

complexos obtidos através da análise térmica, pelas medidas de rendimento quântico e

discussões variadas na área de química inorgânica.

A Profa. Ivani que atenciosamente me acompanhou através dos relatórios da

Pós-Graduação.

A Profa. Milade Carneiro, pelo apoio, confiança e incentivo durante o decorrer

deste trabalho, apesar da distância (Manaus). Agradeço também a Profa. Ana Lúcia e

aos demais colegas do Departamento de Química da Universidade do Amazonas.

Muitas pessoas compartilharam comigo do seu tempo e conhecimentos,

contribuindo assim, na elaboração deste trabalho. Entre essas pessoas gostaria de

destacar: Beate, Expedito, Jailson, Gerd, Otávio e Severino Júnior.

Aos integrantes da Central Analítica, Eliete, Érida, Fernando e Ricardo. E haja

análises!

A amizade do pessoal da “sala 45” e respectivos laboratórios BSTR, ELS:

Eduardo, Emerson, Carol, Cláudia, Giovânia, Juliana, Kelly, Mônica, Ronaldo, Susana,

Wagner e Tânia (em especial).

Aos amigos, Flávia e Maurício, Rosely e Mário e ainda a Anna Lucena. Vocês

trouxeram harmonia e beleza aos momentos diversos. Minha eterna gratidão!

A meus pais e irmãos, Tina, Paulo e João. Vocês estão no meu coração.

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SUMÁRIO

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ........................................................................................ .5

LISTA DE ABREVIATURAS............................................................................10

ÍNDICE DE ESTRUTURAS QUÍMICAS ...........................................................12

ÍNDICE DE FIGURAS ......................................................................................14

ÍNDICE DE TABELAS......................................................................................17

RESUMO..........................................................................................................19

ABSTRACT......................................................................................................20

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO.............................................................................1

CAPÍTULO 2: OBJETIVOS.................................................................................5

CAPÍTULO 3: ABORDAGEM TEÓRICA............................................................9

3.1. O Ligante e os sistemas pertinentes à sua estrutura...........................................................10

3.1.1.Sistema Piridina N-óxido........................................................ ......................................10

3.1.2.Sistema picolinato.................................................................................................... .....13

3.1.3.Sistema picolina N-óxido..................................................................................... .........15

3.2. Íons Lantanídeos......................................................................................................................16

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3.3. Propriedades de Luminescência..........................................................................................18

3.3.1.Efeito Antena..................................................................................................................18

3.3.2.Transferência de Energia Intramolecular.......................................................................19

3.3.3.Decaimento da Luminscência.........................................................................................21 .

CAPÍTULO 4: RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................23

4.1. Os Ligantes...................................................................................................................... 24

4.1.1.Síntese...................................................................................................................... 24

4.1.2.Caracterização .......................................................................................................... 28

Estudo da Conformação dos Ligantes............................................................................. 28

Absorção Eletrônica na Região do UV-visível ................................................................ 38

4.2. Os complexos ................................................................................................................... 42

4.2.1.Síntese...................................................................................................................... 42

Complexo Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a)..................................................................... 43

4.2.2.Caracterização .......................................................................................................... 47

Termoanálise ................................................................................................................. 47

Absorção Eletrônica na Região do UV-visível ................................................................ 55

Absorção Vibracional na Região do Infravermelho......................................................... 59

Modelagem Molecular ................................................................................................... 64

Espectroscopia de Luminescência .................................................................................. 70

Medidas dos Tempos de Vida (τ) dos Estados Excitados ................................................ 77

Análise do Mecanismo de Transferência de Energia ....................................................... 80

Energia do Estado Tripleto............................................................................................. 81

Diagramas de Níveis de Energia dos Complexos (26a e 26b) .......................................... 82

Medidas de Rendimento Quântico de Emissão....................................................................86

CAPÍTULO 5: CONCLUSÃO E PERSPECTIVAS ...........................................87

CAPÍTULO 6: PARTE EXPERIMENTAL .........................................................92

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6.1. Procedimentos Experimentais......................................................................................... 95

6.1.1.Metil 3-benzoilamidopicolinato (19a)........................................................................ 95

6.1.2.Metil 3-nitrobenzoilamidopicolinato (19b) ................................................................ 95

6.1.3.Metil 3-benzoilamidopicolinato-N-óxido (20a).......................................................... 96

6.1.4.Metil 3-nitrobenzoilamidopicolinato-N-óxido (20b)................................................... 97

6.1.5.Ácido 3-benzoilamidopicolínico-N-óxido (7a)........................................................... 97

6.1.6.Ácido p-nitrobenzoilamidopicolínico-N-óxido (7b) ................................................... 98

6.1.7. Complexo (tris(3-benzoilamidopicolinato-N-óxido)diaquo európio (III) (26a) ......... 98

6.1.8. Complexo tris(3-p-nitrobenzoilamidopicolinato-N-óxido)diaquo európio (III) (26b) 99

6.1.9. Complexo tris(3-benzoilamidopicolinato-N-óxido)diaquo gadolínio (III) (27a)........ 99

6.1.10. Complexo tris(3-p-nitrobenzoilamidopicolinato-N-óxido)diaquo gadolínio (III) (27b)

............................................................................................................................. 100

ANEXO...........................................................................................................102

REFERÊNCIAS ..............................................................................................105

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABREVIATURA NOME

3-NH2pya 3-Amino-2-carboxipirazina

pic-NO Ácido picolínico-N-óxido

3-NH2pic Ácido 3-aminopicolínico

3-NH2pic-NO Ácido 3-aminopicolínico-N-óxido

3-NHCOC11H23pic-NO Ânion 3-dodecanoilaminopicolínico-N-

óxido

3-Bampic-NO Ácido 3-benzoilamidopicolínico-N-óxido

3-Nibampic-NO Ácido 3-p-nitrobenzoilamidopicolínico-N-

óxido

Eu(pic-NO)3.3H2O Tris(picolinato-N-óxido)triaquo

európio (III)

Eu(3-NH2pic)3.2H2O Tris(3-aminopicolinato-N-óxido)triaquo

európio (III)

Eu(3-NHCOC11H23pic-NO)3.3H2O Tris(3-dodecanoilaminopicolinato-N-

óxido)triaquo európio(III)

Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O Tris(3-benzoilamidopicolinato-N-

óxido)diaquo európio(III)

Gd(3-bampic-NO)3.2H2O Tris(3-benzoilamidopicolinato-N-

óxido)diaquo gadolínio(III)

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Eu(3-Nibampic-NO)3.2H2O Tris(3-p-nitrobenzoilamidopicolinato-N-

óxido)diaquo európio(III)

Gd(3-Nibampic-NO)3.2H2O Tris(3-p-nitrobenzoilamidopicolinato-N-

óxido)diaquo gadolínio(III)

Eu(ClO4)3 Perclorato de európio(III)

Gd(ClO4)3 Perclorato de gadolínio(III)

MeOH Álcool metílico (metanol)

DMAP 4-Dimetilaminopiridina

MMPP Monoperoxiftalato de magnésio

m-CPBA Ácido m-cloroperoxibenzóico

DMSO Dimetilsulfóxido

DMF Dimetilformamida

TFA Ácido trifluoroacético

ZnCl2 Cloreto de zinco

DMCL Dispositivo molecular conversor de luz

SMLC/AM1 Sparkle Model for Lanthanide Complexes

based on Austin Model 1

INDO/S-CI Intermediate Neglect of Differential

Overlap / Spectroscopic – Configuration

Interaction

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ÍNDICE DE ESTRUTURAS QUÍMICAS

N

N

O

OH

NH2

NO

OHO N

O

OHO

NH2

3

NO

O

R

O

Eu(H2O)3 1 2 3 4

NO

OO

Eu(H2O)2

NH2

3

N

N

O

X

O

OH N

O

OHO

NH

O

X

C O

M/3

O

C

R

H

R'

5 6 7 8

N

O N

N OH

OHO

O

N

N O

OH

N

N

O-

Bu

Bu Bu

BuOH

N

9 10 11 12

NO

OH N

NH2

O

OH N

NH2

CO2Me N

NH2

CO2Me

O 13 14 15 16

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N

N

CO2Me

O

X

N

N

CO2Me

X

N

HN

CO2Me

X

O

N

HN

CO2Me

O

X

O

17 18a, X=H 19 20

NO

OHO

NH

O

X

N

NH

O R

O

OR'O

1

2

3

H4

H5

H6

NH

O

X

H6

NH2

X

H6

21 22 23 24

NO

OO

Eu(H2O)3

NH

C11H23O

3

NO

OO

Eu(H2O)2

NH

O

3

X

NO

OO

Gd(H2O)2

NH

O

3

X

25 26 27

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Representação da estrutura da piridina N-óxido (9) ....................................................................11

Figura 2: Valores das cargas formais das unidades piridina N-óxido (9) e piridina (12) obtidas do modelo

semi-empírico LCAO....................................................................................................................12

Figura 3: Diagrama parcial dos níveis de energia de uma configuração 4fn dos íons Eu3+ e Gd3+...........17

Figura 4: a) Diagrama de níveis de energia hipotético dos ligantes e íon lantanídeo Eu+3 (as setas em

vermelho indicam os processos radiativos, enquanto as setas em azul indicam os processos não-

radiativos); b) Representação esquemática de um dispositivo molecular conversor de luz......... 18

Figura 5: Representação esquemática dos mecanismos para transferência de energia intramolecular nos

complexos de lantanídeos..............................................................................................................20

Figura 6: Comparação dos deslocamentos químicos de RMN 1H em 3-amino-2-carbo-metoxipiridina (15)

com os derivados 3-benzoilamino-2-carbometoxipiridina (19a) e 3-p-nitrobenzoilamino-3-

carbometoxipiridina (19b)............................................................................................................ 30

Figura 7: Comparação dos deslocamentos químicos de RMN 1H da piridina e do derivado (19a) e seus

respectivos N-óxidos. Deslocamentos relativos para campo baixo (+) e campo alto (-) estão

destacados entre parênteses nos N-óxidos.....................................................................................31

Figura 8: (a) Representação da repulsão entre a carbonila e o grupo N−O nos N-óxidos (20a e 20b);

(b) Representação conformacional da estrutura dos ácidos (7a e 7b)........................................... 32

Figura 9: Comparação dos deslocamentos químicos de RMN 1H nos compostos piridínicos (19a e 19b) e

seus respectivos ácidos N-óxidos (7a e 7b).................................................................................. 33

Figura 10: Espectro vibracional na região do IV do 3-Bampic-NO (7a) 3-Bampic-NO(Me) (20a) e 3-

Bampic(Me) (19a) em solução diluída de CH2Cl2....................................................................... 36

Figura 11: Espectro vibracional na região do IV do 3-Bampic-NO (7a), 3-Bampic-NO(Me) (20a) e 3-

Bampic(Me) (19a) em pastilha de KBr......................................................................................... 37

Figura 12: Espectro vibracional na região do IV do 3-Nibampic-NO (7b) 3-Nibampic-NO(Me) (20b) e 3-

Nibampic(Me) (19b) em pastilha de KBr..................................................................................... 38

Figura 13: Espectro de absorção no UV-visível do ligante 3-Bampic-NO (7a) em solução de MeOH......40

Figura 14: Espectro de absorção no UV-visível do 3-Nibampic-NO (7b) em solução de MeOH.............. 40

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Figura 15: Análise termogravimétrica do composto Eu(3-Bampic-NO)3.nH2O.........................................48

Figura 16: Espectro vibracional na região do infravermelho do resíduo do complexo Eu(3-Bampic-

NO)3.nH2O aquecido até 1000 °C..................................................................................................49

Figura 17: Termograma diferencial do complexo Eu(3-Bampic-NO)3.nH2O.............................................51

Figura 18: Espectro vibracional na região do infravermelho do resíduo do complexo Eu(3-Bampic-

NO)3.2H2O (26a) até a decomposição em 600 °C.........................................................................53

Figura 19: Espectro de absorção no UV-visível do complexo Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a) em

vermelho e do seu ligante livre 3-Bampic-NO (7a) em preto numa solução com MeOH............56

Figura 20: Espectro de absorção no UV-visível do complexo Eu(3-Nibampic-NO)3.2H2O (26b) em

vermelho e do seu ligante livre 3-Nibampic-NO (7b) em preto numa solução de MeOH............56

Figura 21: Espectros vibracionais na região do infravermelho do ligante 7a e seu respectivo complexo

Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a).....................................................................................................63

Figura 22: Espectros vibracionais na região do infravermelho do ligante 7b e seu respectivo complexo

Eu(3-Nibampic-NO)3.2H2O (26b).................................................................................................63

Figura 23: Estrutura molecular do complexo Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a) obtida do modelo SMLC II

/AM1..............................................................................................................................................65

Figura 24: Estrutura molecular do complexo Eu(3-NiBampic-NO)3.2H2O (28b) obtida do modelo SMLC

II /AM1..........................................................................................................................................66

Figura 25: Espectro de UV-visível teórico (preto) e experimental (vermelho) do complexo Eu(3-Bampic-

NO)3.2H2O (7a).............................................................................................................................68

Figura 26: Espectro de UV-visível teórico (preto) e experimental (vermelho) do complexo Eu(3-

Nibampic-NO)3.2H2O (7b)............................................................................................................68

Figura 27: Espectro de luminescência do Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a) a 298 K.................................. 73

Figura 28: Espectro de luminescência do Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a) à 77 K.................................... 73

Figura 29: Espectro de emissão do Eu(3-Nibampic-NO)3.2H2O (26b) à 298 K........................................ 74

Figura 30: Espectro de emissão do Eu(3-Nibampic-NO)3.2H2O (26b) à 77 K.......................................... 74

Figura 31: Curva de decaimento para o complexo Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a) a 298 K.................... 79

Figura 32: Curva de decaimento para o complexo Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a) a 77 K...................... 79

Figura 33: Curvade decaimento para o complexo Eu(3-Nibampic-NO)3.2H2O (26b) a 298 K..................80

Figura 34: Espectro de emissão do complexo Gd(3-Bampic-NO)3.2H2O (27a) a 77 K..............................81

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Figura 35: Curva de decaimento para o complexo Gd(3-Bampic-NO)3.2H2O (27a) 77 K.........................82

Figura 36: Diagrama de energia do complexo Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a). Os níveis energéticos com

subíndices “exp” correspondem aos níveis experimentais e com subíndices “teo”, os níveis

calculados...................................................................................................................................... 84

Figura 37: Diagrama de energia do complexo Eu(3-Nibampic-NO)3.2H2O (26b). Os níveis energéticos

calculados possuem subíndices “teo”........................................................................................... 84

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Deslocamento químico de prótons selecionados nos derivados de 3-aminocarbometoxipiridina

(15)................................................................................................................................................29

Tabela 2: Principais frequências de absorção no IV dos ligantes 3-Bampic-NO (7a), 3-Nibampic-NO (7b)

e seus derivados em pastilha de KBr e em solução diluída de CH2Cl2.........................................34

Tabela 3: Dados espectroscópicos de absorção no UV-visível em MeOH.................................................39

Tabela 4: Dados espectroscópicos de absorção no UV-visível dos derivados piridinacarboxilato-N-

óxidos.............................................................................................................................................41

Tabela 5: Solubilidade qualitativa do complexo Eu(3-Bampic-NO)3.nH2O...............................................44

Tabela 6: Procedimentos experimentais utilizados na preparação do complexo Eu(3-Bampic-

NO)3.nH2O.....................................................................................................................................45

Tabela 7: Dados analíticos do complexo Eu(3-Bampic-NO)3.nH2O associados aos experimentos daTabela

3.....................................................................................................................................................46

Tabela 8: Dados termoanalíticos do complexo Eu(3-Bampic-NO)3.nH2O referentes ao seu peso

molecular. Massa analisada = 4.99 mg..........................................................................................50

Tabela 9: Dados da termodecomposição do complexo Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a), à razão de

aquecimento de 10 °C/min. Massa analisada = 4.72 mg...............................................................52

Tabela 10: Dados analíticos do complexo Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a) associados aos experimentos da

Tabela 6.........................................................................................................................................54

Tabela 11: Dados espectroscópicos de absorção no UV-visível dos derivados piridinacarboxilato-N-

óxidos.............................................................................................................................................58

Tabela 12: Principais frequências de absorção (em cm-1) no IV do ácido 3-Bampic-NO (7a) e docomplexo

Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a).....................................................................................................59

Tabela 13: Principais frequências de absorção ( em cm-1) no IV do ácido 3-Nibampic-NO (7b) e do

complexo Eu(3-Nibampic-NO)3.2H2O (26b)................................................................................61

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Tabela 14: Distâncias interatômicas entre os oito oxigênios e o íon Eu3+ no composto Eu(3-Bampic-

NO)3.2H2O (26a), obtida do modelo SMLC II /AM1...................................................................65

Tabela 15: Distâncias interatômicas entre os oito oxigênios e o íon Eu3+ no composto Eu(3-NiBampic-

NO)3.2H2O (28b) obtidas do modelo SMLC II /AM1..................................................................67

Tabela 16: Linhas individuais de luminescência dos complexos Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a) e

Eu(3-Nibampic-NO)3.2H2O (26b).................................................................................................71

Tabela 17: Intensidades relativas expressas em percentagem da emissão total (%) para as transições nos

espectros dos complexos Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a) e Eu(3-Nibampic-NO)3.2H2O (26b) à

298 K.............................................................................................................................................75

Tabela 18: Razão (η12) entre as intensidades das transições 5D0 → 7F2 e 5D0 → 7F1 nos espectros de

luminescência dos complexos Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a) e Eu(3-Nibampic-NO)3.2H2O

(26b)..............................................................................................................................................76

Tabela 19: Tempos de vida dos complexos 26a e 26b analisados no estado sólido à 298 e 77 K a partir do

monitoramento em 616 nm (máxima emissão).............................................................................77

Tabela 20: Energia do estado tripleto (experimental) do complexo Gd(3-Bampic-NO)3.nH2O (27a).......82

Tabela 21: Rendimentos quânticos dos complexos Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a) e

Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (7b).....................................................................................................86

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RESUMO

Neste trabalho foram iniciados os estudos da influência de substituintes em

ligantes bidentados ácidos picolínico-N-óxidos sobre as propriedades luminescentes de

seus complexos com os íons trivalentes de európio e gadolínio.

Com este objetivo foram realizadas as sínteses dos ligantes 3-

benzoilamidopicolínico-N-óxido(3-Bampic-NO) e 3-p-nitrobenzoilamidopicolínico-N-

óxido(3-Nibampic-NO). A natureza do ligante tem um papel importante no processo de

transferência de energia ligante→metal e na emissão de luz no visível pelo íon metálico.

Os compostos sintetizados foram caracterizados por análise elementar, ponto de

fusão, espectrometria de massa, espectrofotometria de absorção no UV-visível e

infravermelho.

Outrossim, investigou-se as propriedades luminescentes dos complexos Eu(3-

Bampic-NO)3.2H2O Eu(3-Nibampic-NO)3.2H2O, tais quais tempos de decaimentos dos

estados excitados e rendimentos quânticos, dando ênfase à posição dos seus níveis de

energia. Mediante as análises espectroscópicas foi proposto um caminho para a

transferência de energia intramolecular entre ligante→íon Eu(III) em cada complexo .

Os complexos foram também submetidos a uma interpretação teórica. Desta

forma foram determinados os espectros eletrônicos de absorção (SMLCII/AM1) bem

como a estrutura molecular utilizando o modelo Sparkle.

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ABSTRACT

This work describes a study of the influence of substituents on bidentate

picolinic acid-N-oxide ligands on the luminescent properties of their derived europium

and gadolinium complexes.

With this objective in mind the ligands 3-benzoylamidopicolinic acid-N-oxide

(3-Bampic-NO) and 3-p-nitrobenzoylamidopicolinic acid-N-oxide (3-Nibampic-NO)

were synthesised. The nature of the ligand plays an important role in the process of

ligand-to-metal energy transfer and light emission by the lanthanide ion.

The compounds synthesised were characterised by elemental analysis, melting

point, nmr-, mass-, UV absorption- and infra-red spectroscopy.

Furthermore, luminescent properties of the Eu(3-Bampic-NO)3.2H20 and Eu(3-

Nibampic-NO)3.2H20 complexes such as excited state decay times and quantum yields

were studied, emphasising the position of excited state energy levels. With the aid of

these spectroscopic analyses a possible path for intramolecular ligand-metal-energy

transfer in each complex was proposed.

The complexes were also investigated theoretically. Thus, theoretical absorption

spectra and molecular structure were determined by SMCLII/AM1 and the Sparkle

model respectively.

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CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO

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Capitulo 1 – Introdução ____________________________________________________________________________________

2

1. INTRODUÇÃO

Atualmente, nas áreas da química de coordenação e supramolecular, diversos

grupos de pesquisa têm demonstrado forte interesse na síntese e investigação de

complexos de íons lantanídeos, dando ênfase às propriedades luminescentes desses

compostos.1,2 Neles, os ligantes orgânicos são ligados aos íons lantanídeos por

coordenação através de um átomo doador duro tal como o nitrogênio e/ou oxigênio,

geralmente ionizado. Os complexos de Eu3+ podem exibir intensa luminescência quando

excitados na região da luz ultravioleta, se coordenados com ligantes apropriados.

A eficiência da luminescência do complexo pode ser associada ao “efeito

antena”,1 processo que envolve a absorção da luz UV, com alta eficiência, pelo

cromóforo orgânico do composto seguido por transferência da energia ao íon metálico.

Íons lantanídeos por si só não absorvem no UV devido aos seus baixos coeficientes de

absorção molar nesta região.3

A habilidade com que os complexos de lantanídeos com ligantes orgânicos

convertem a luz UV em visível envolvendo diferentes componentes para absorção

(ligante) e emissão (íon metálico) faz deles bons modelos para a conversão de luz. Tais

modelos são fortes candidatos na aplicação em lasers4 e sondas luminescentes

(fluoroimunologia)5,6, sendo designados por Lehn2 como Dispositivos Moleculares

Conversores de Luz (DMCL). Basicamente, a eficácia desses dispositivos depende da

sua eficiência quântica, isto é, a quantidade de luz absorvida e emitida pelo íon

metálico.

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Capitulo 1 – Introdução ____________________________________________________________________________________

3

Estudos recentes dos complexos de európio com o ligante 3-amino-2-

carboxipirazina7 (3-NH2pya, 1) e mais um ligante heterobiaril (2-2’-bipiridina ou 1,10-

fenantrolina) revelam que estes possuem forte absorção centrada no ligante e exibem

intensa emissão centrada no íon metálico. A luminescência destes é comparável à classe

dos criptatos8,9 de Eu3+, conhecidos como bons DMCLs.10 Ademais, eles são muito

estáveis e solúveis em solventes polares, incluindo a água.7

Outra série de complexos eficientemente luminescentes é aquela que contém

ligantes ácido picolínico N-óxido (pic-NO, 2).11 A importância dessa classe de

compostos contendo pic-NO foi comprovada recentemente, sendo justificada na elevada

eficiência do processo de transferência de energia capturada pela parte orgânica do

composto ao íon lantanídeo.12 A explicação para isso, baseia-se no fato de que o nível

excitado tripleto nesses ligantes (2) encontra-se mais ressonante com os níveis excitados

do íon lantanídeo.12

N

N

O

OH

NH2

NO

OHO

1 2

Partindo da premissa, foi desenvolvido no Laboratório de Terras Raras (BSTR)

um ligante com a estrutura próxima à de 1 e 2, o ácido 3-aminopicolínico-N-óxido (3-

NH2pic-NO, 3).13 Este mostrou-se fortemente luminescente, devido na sua estrutura

conter o grupamento amino (NH2) atuando como cromóforo e, também o grupo N−O, o

qual se liga (complexa) fortemente ao íon metálico proporcionando uma maior

eficiência na transferência de energia ligante-metal. Além disso, ele apresenta uma

vantagem sobre os criptatos com relação à síntese, sendo bem mais simples.14

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Capitulo 1 – Introdução ____________________________________________________________________________________

4

NO

OHO

NH2

3

Diante da informação das propriedades espectroscópicas dos compexos com os

ligantes (1, 2 e 3) dessa natureza, o grupo de pesquisa deste Departamento (BSTR e

ELS) vem utilizando uma estratégia baseada tanto em cálculos teóricos quanto em

investigações experimentais para otimizar o rendimento quântico desses complexos

(especialmente com os ligantes derivados de 3) com o íon Eu3+. Há também uma

preocupação de que os compostos acrescentados à classe picolínica-N-óxido se

apresentem mais estáveis e também mais solúveis que os complexos dos seus

antecessores (1, 2 e 3), na intenção de uma posterior aplicação em

fluoroimunoensaios.15

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CAPÍTULO 2 OBJETIVOS

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Capitulo 2 – Objetivos ____________________________________________________________________________________

6

2. OBJETIVOS

Ligantes bidentados da classe picolínico-Nóxido (por exemplo: 2 e 3) formam

complexos estáveis com os íon európio(III) e gadolínio(III). O complexo de Eu3+

formado com o 3-aminopicolínico-N-óxido13,14 (1b) demonstra um sensível aumento de

luminescência quando comparado com o N-óxido do simples ácido picolínico71 (1a)

(não contendo o grupo NH2 na posição meta) e com o complexo do 3-amino-ácido-

picolínico 2.32

NO

OHO

NO

OHO

NH2

3

NO

O

R

O

Eu(H2O)3

NO

OO

Eu(H2O)2

NH2

3

3 3 1a, R = H 1b, R = NH2

2

Em vista dessa tendência, o grupo de espectroscopia de terras-raras (BSTR)

deste Departamento (DQF-UFPE) vem realizando estudos com derivados de 3. O

enfoque principal é aumentar a eficiência quântica da luminescência dos seus

complexos lantanídicos, sem contudo diminuir as suas estabilidades. Acredita-se que a

variação dos substituintes (com características eletrônicas apropriadas) no anel

piridínico na posição meta podem ampliar a luminescência dos complexos.

Porquanto 3 permite uma forte associação com o íon metálico através dos

átomos de oxigênios (sítios complexantes duros) das funções N-óxido e carboxilato,

para garantir a estabilidade de um novo complexo lantanídico oriundo de 3, mantém-se

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Capitulo 2 – Objetivos ____________________________________________________________________________________

7

esses mesmos sítios. Porém, a modificação da sua estrutura eletrônica pode ser efetuada

por meio do grupo amino. Para tanto, foram preparados ligantes picolínico-N-óxidos

contendo os grupos imina (3) ou arilamida (4) na posição meta do anel. Substituições

assim certamente são bastante promissoras e podem contribuir significativamente no

estudo do processo de transferência de energia destes ligantes N-óxidos m-substituídos.

N

N

O

X

O

OH

NO

OHO

NH

O

X

3a, X = H 3b, X = Cl 3c, X = F

4a, X = H 4b, X = NO2

Sabe-se que nos complexos de Eu3+ com β-dicetonas substituídas (5),60 a

posição energética do estado tripleto varia conforme a mudança do substituinte na

molécula orgânica. O cruzamento inter-sistema (S1→T), bem como o decaimento de

energia não-radiativa do estado emissor do íon metálico são, da mesma forma , bastante

sensíveis às variações dos substituintes no ligante.

C O

M/3

O

C

R

H

R'

5

onde: R = CH3, CF3, Ph, antraceno ou fenantrolina e R’ = Ph, p-NO2-Ph, p-Br-Ph, p-

Cl-Ph, p-Ph-Ph, p-F-Ph, etc.

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Capitulo 2 – Objetivos ____________________________________________________________________________________

8

Portanto, espera-se que os complexos de Eu3+ formados de 6 e 7 viabilizem uma

abordagem semelhante àquela feita com os quelatos β-dicetonas substituídos,

fornecendo subsídios (por exemplo: posição dos níveis singletos e tripletos, tempo de

vida dos estados excitados) para uma avaliação mais abrangente do controle sintético

espectroscópico dessa classe de compostos.

Por outro lado, os grupos introduzidos em 6 e 7 poderiam aumentar a

solubilidade dos então compostos de Ln3+ com relação aos seus precursores (1, 2 e 3)

(solúveis apenas em DMSO e água)13 e ainda proporcionar uma maior proteção do íon

das moléculas de água que comumente entram na esfera de coordenação.

Mediante essas considerações, pode-se resumir os objetivos da seguinte forma:

♦ Sintetizar e caracterizar ligantes derivados de 3, modificados na posição meta.

♦ Complexar os ligantes preparados com os íons európio(III) e gadolínio(III),

♦ Caracterizar os complexos de Eu3+ e Gd3+ dando ênfase às suas propriedades

fotofísicas.

♦ Com a ajuda do grupo de Química Teórica (DQF-UFPE), modelar as estruturas

dos complexos de Eu3+.

♦ Comparar as propriedades luminescentes dos compostos de Eu3+ considerando o

efeito da mudança do substituinte nos sistemas N-óxidos.

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CAPÍTULO 3 ABORDAGEM TEÓRICA

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Capítulo 3 − Abordagem Teórica _____________________________________________________________________________________

10

3. ABORDAGEM TEÓRICA

3.1. O LIGANTE E OS SISTEMAS PERTINENTES À SUA ESTRUTURA

Os ligantes (6a, 6b, 6c, 7a e 7b) abordados nessa tese, são derivados da amina

(3). Eles acomodam no anel piridínico os grupos N-óxido e ácido carboxílico, nas

mesmas posições de 3, divergindo apenas quanto ao substituinte em meta. Nos

parágrafos seguintes faz-se consideração aos sistemas que deram origem às estruturas

de 6a, 6b, 6c, 7a e 7b, posto que estes incorporam as características relacionadas com

cada um destes.

N

OH

O

O

R

6a, 6b, 6c, 7a e 7b

3.1.1. Sistema Piridina N-óxido

Piridina-N-óxidos (1) podem ser preparadas pela direta oxidação de piridinas por

perácidos, ou pela introdução ou mudança de substituintes no anel com retenção do

grupo N-óxido já presente.16

O interesse por moléculas com a unidade 1 surgiu quando da descoberta, por

volta dos anos 50, dos antibióticos iodinino e ácido aspergílico17. A evidência de que

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Capítulo 3 − Abordagem Teórica _____________________________________________________________________________________

11

estes correspondiam, respectivamente, a uma fenazina dióxido (2)18 e a um ácido

hidroxâmico, tautômero de uma pirazina óxido (3),19 tornou 1 conhecida.

N

N OH

OHO

O

N

N O

OH

N

N

O-

Bu

Bu Bu

BuN

O

OH

1 2 3

O grupo N−O vinculado ao anel piridínico parece exercer um efeito ativante

pronunciado ao anel, análogo à ativação, da mesma ordem, produzida pelo grupo NO2

nos nitro-benzenos.20 A habilidade da função N-óxido aceitar ou doar elétrons é

explicada pelas estruturas ressonantes possíveis nesse sistema (9) (Figura 1).

N

O-

+ N+

O

-

N+

O

-N

O-

+

N

O-

+

(I) (II) (III) (IV) (V)

Figura 1: Representação da estrutura da piridina N-óxido (9).

Em 1940, Linton21 relatou que o momento de dipolo da piridina-N-óxido é

4.24 D, um valor menor que o valor calculado para as funções N-óxido e piridina

isoladamente. Isto mostrou que os elétrons se distribuem no anel heterocíclico devido à

contribuição das formas canônicas de (I) a (V) ao híbrido de ressonância.22

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Capítulo 3 − Abordagem Teórica _____________________________________________________________________________________

12

Uma comparação entre os momentos de dipolo da piridina-N-óxido e piridina

com os da trimetilamina N-óxido e trimetilamina, indica que as estruturas de

ressonância II e III são contribuições muito importantes em 921 porque tornam o anel

piridínico mais susceptível à substituições eletrofílicas. Aliás, as piridina-N-óxidos são

mais reativas frente às piridinas correspondentes23, por serem bem mais susceptíveis à

ambas as substituições, eletrofílicas e nucleofílicas.

A contribuição de cada uma das estruturas de ressonância (I-V) depende da

natureza e posição dos substituintes no anel piridínico.24 Por exemplo, a substituição do

grupo desativador NO2 na 4-nitro-piridina-N-óxido ajuda a prever também a

contribuição das estruturas IV e V25 para o híbrido de ressonância 9 (Figura 1).

Ao comparar a distribuição da carga formal no estado fundamental entre a

piridina-N-óxido (9) e piridina (12) (Figura 2) utilizando o método semi-empírico

LCAO, prevê-se um ataque eletrofílico no C-2 ou C-4, sem nenhuma preferência,23 no

caso de 9.

N

H

H

H

O

0.970

4.058

4.004

4.026

4.526

6.566

0.936

0.948

2

34

N

H

H

H -0.02

-0.06

-0.04

+0.08

+0.09

+0.07

-0.19

9 12

Figura 2: Valores das cargas formais das unidades piridina N-óxido (9) e piridina (12) obtidas do modelo semi-empírico LCAO.

A distância da ligação NO obtida através da análise cristalográfica da piridina

N-óxido (9) é de aproximadamente 1.33Å.26 A coordenação com os metais acontece

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Capítulo 3 − Abordagem Teórica _____________________________________________________________________________________

13

somente através do átomo de oxigênio, pois ele corresponde ao polo negativo do dipolo

N→O.27

Existe um número considerável de compostos derivados de heterocíclicos N-

óxidos com uma variedade de aceptores tais como os metais de transição28. Eles se

comportam como ligantes fortemente básicos em torno do cátion metálico formando

complexos com estequiometria bem definida.27-29

3.1.2. Sistema picolinato

O ácido picolínico (13) é um ligante bidentado com um anel aromático. Ele

possui ambos os sítios de nitrogênio (1) e oxigênio (2) disponíveis para coordenar-se ao

metal e por este motivo forma um complexo mais estável com um íon terra-rara quando

comparado com um outro ligante contendo a unidade ácido carboxílico isoladamente30.

A natureza bidentada do ácido picolínico aumenta também a estabilidade do complexo

com relação ao complexo com piridina (12).

NO

OH(1)

(2)

13

Trabalhos anteriores que utilizam compostos aromáticos, tais como o antraceno,

a quinina, pireno e acridina para formarem complexos com íon lantanídicos relatam a

ausência das linhas de emissão no espectro de fluorescência na presença do íon Eu3+.31

Na opinião dos autores, a melhor escolha para se verificar linhas de emissão nesses

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Capítulo 3 − Abordagem Teórica _____________________________________________________________________________________

14

espectros, é fazer com que o íon európio seja coordenado a um grupo carboxílico ligado

diretamente a um hidrocarboneto aromático.

O sistema 13 possui semelhança estrutural com os ligantes dos complexos de 3-

amino-2-picolínico32 (3-NH2pic, 14) e 3-amino-2-carboxipirazina33 (3-NH2pya, 1),

estudados e preparados neste laboratório (BSTR). Tanto 1 quanto 14 formam

complexos com lantanídeos através da quelatação do oxigênio do íon carboxilato e o

nitrogênio do anel. Estudos desses sistemas têm ressaltado a semelhança com os

sistemas criptatos, no que diz respeito aos valores do rendimento quântico de

luminescência.7 Os ligantes “criptands” (criptatos) correspondem a uma classe de

compostos capazes de encapsular íons Ln3+ formando complexos cineticamente

inertes.8,9

N

N

O

OH

NH2

N

NH2

O

OH

1 14

É também conhecido na literatura a preparação de diversos complexos

lantanídicos cristalinos de 2,6-piridinodicarboxilato34 e carboxilatos em geral35. A

possibilidade do anel contendo a função carboxílica facilitar a formação de cristais do

complexo pode contribuir na determinação da estrutura final do complexo de Eu3+com o

ligante em questão (6 e 7) através de difração de raios-X.

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Capítulo 3 − Abordagem Teórica _____________________________________________________________________________________

15

3.1.3 Sistema picolinato N-óxido

Segundo a classificação de Ahrland36, a afinidade relativa entre o íon metálico e

os átomos doadores de um ligante varia na seguinte ordem: F > O > N. Os complexos

com ligantes contendo oxigênio são particularmente preferidos pelo íon lantanídeo

(cátion ácido duro), explicados pelo fato do átomo de oxigênio funcionar como uma

base essencialmente dura37 propiciando uma forte interação entre o ligante e o íon. A

unidade picolínico-N-óxido (2) tem a vantagem de possuir na sua estrutura dois átomos

de oxigênio como centros disponíveis para coordenação com o cátion metálico.

NO

OHO

2

A habilidade complexante de 2 origina-se do efeito quelatante dos sítios de

coordenação que induz a formação de complexos cíclicos com o cátion metálico de

modo a incorporar o íon no anel. Os anéis de cinco e seis membros são os mais estáveis

e esta forma de complexação é conhecida como quelato (pois descreve a maneira na

qual o ligante “ataca” o íon metálico).38 O grupo NO em 2 reforça a ligação do

oxigênio do grupo carboxílico com o metal, promovendo uma deslocalização de

elétrons num anel de 6 membros (4a).

Em geral, os complexos desses N-óxidos (2) apresentam intensa luminescência,

que pode ser explicada por uma maior aproximação entre o ligante e o íon metálico

através da ligação N−O.12

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Capítulo 3 − Abordagem Teórica _____________________________________________________________________________________

16

Sabe-se que a presença do grupo NO na primeira esfera de coordenação do íon

Eu3+ com o ácido 3-aminopicolínico-N-óxido (3),14 proporciona um aumento na

população do nível emissor 5D0 do íon metálico quando comparado ao equivalente 3-

aminopicolínico32 (3-NH2-pic, 14). De acordo com os resultados experimentais e

teóricos,14 isto se dá através da transferência de carga ligante-metal no complexo com 3,

admitindo que ocorre uma redução da desativação não radiativa (por processos

multifonon) do estado excitado tripleto do ligante para o nível de ressonãncia 5D0.

Como consequência, há um aumento no tempo de decaimento do nível emissor do íon

Eu3+ complexado com 3 e, por sua vez, um aumento na sua eficiência quântica quando

comparado ao complexo com 14.14

3.2. ÍONS LANTANÍDEOS

A química dos lantanídeos é caracterizada pelo preenchimento gradual da

subcamada 4f e inclui os elementos do lantânio (La) ao lutécio (Lu). O estado de

oxidação comum para os lantanídeos é +3.39

Os elétrons 4f são fracamente afetados pela vizinhança devido a efetiva proteção

pelos elétrons externos 5s e 5p. Como conseqüência, as propriedades atômicas dos íon

metálicos são invariáveis, mesmo depois da formação de complexos com diferentes

ligantes.3

Espectroscopicamente, os íons Ln3+ absorvem radiação eletromagnética na

região de 300-900 nm,31 que corresponde a faixas experimentalmente acessíveis. Sob

condições adequadas exibem luminescência no visível, quando em solução ou na forma

cristalina.40 Seus espectros de emissão possuem bandas atômicas finas resultantes das

transições f-f no íon central do complexo , sendo que a complexidade dessas bandas é

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Capítulo 3 − Abordagem Teórica _____________________________________________________________________________________

17

devido ao grande número de níveis eletrônicos advindo do desdobramento dos vários

estados na configuração eletrônica 4fn pelo campo do ligante e o acoplamento spin-

órbita.41

A organização e a população dos estados espectroscópicos no íon lantanídeo são

quem determinam as propriedades emissivas do então complexo lantanídico.42 Uma

comparação dos níveis energéticos dos íons Eu3+ e Gd3+ estão mostradas na Figura 3.

Nos espectros de luminescência dos complexos de Eu3+,43 as linhas de emissão

correspondem às transições que se originam nos níveis 5D, principalmente do estado

excitado 5D0 , e chegam aos multipletos 7FJ do estado fundamental do íon e

correspondem à emissão no vermelho44. Entretanto, os complexos com o íon Gd3+ não

luminescem sob a excitação da luz ultravioleta.45, Em conformidade com o diagrama de

energia (Figura 3), o seu estado excitado mais baixo (6P7/2) possui uma energia

(E = 32500 cm-1)46 bem superior aos estados excitados de quaisquer ligante orgânico e,

deste modo, um ligante coordenado a este íon é impossibilitado de transferi-lo energia.

Figura 3: Diagrama parcial dos níveis de energia de uma configuração 4fn dos íons Eu3+ e Gd3+.

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Capítulo 3 − Abordagem Teórica _____________________________________________________________________________________

18

3.3. PROPRIEDADES DE LUMINESCÊNCIA

3.3.1. Efeito Antena

Os espectros de absorção de todos os íons Ln3+ são caracterizados por baixos

valores nos coeficientes de absorção molar na região do visível (ε < 103)3, portanto, a

luminescência no visível não seria possível excitando diretamente estes íons. Para

contornar essa dificuldade, forma-se complexos. Nesses complexos, ao invés de utilizar

o íon Ln 3+ como receptor de luz, é a parte orgânica do composto que coleta a luz e

transfere-a ao íon.47 Assim sendo, pode-se afirmar que o cromóforo orgânico atua

semelhante a uma “antena”.

A arquitetura básica do processo de conversão de luz conhecido como “efeito

antena”1,10,48 pode ser descrito como na Figura 4.

Figura 4: a) Diagrama de níveis de energia hipotético dos ligantes e íon lantanídeo Eu+3 (as setas em vermelho indicam os processos radiativos, enquanto as setas em azul indicam os processos não-radiativos); b) Representação esquemática de um dispositivo molecular conversor de luz.

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Capítulo 3 − Abordagem Teórica _____________________________________________________________________________________

19

O seu efeito global consiste na associação de diferentes etapas até a luminescência

propriamente dita:48,49

a - Absorção da radiação ultravioleta pelo ligante (1ππ → 1ππ*);

b - Cruzamento inter-sistema não-radiativo do estado excitado singleto para o

excitado tripleto do ligante. (1ππ* → 3ππ*);

c - Transferência de energia dos estados excitados do ligante para o estado emissor

do íon coordenado (3ππ* → 5D);

d - Emissão fluorescente característica do íon lantanídico em competição com

processos de decaimento não-radiativo (5D0 → 7FJ) (Figura 4).

3.3.2. Transferência de Energia Intramolecular

Nos complexos lantanídicos com ligantes conjugados-π tais quais os derivados

3-aminopicolínico-N-óxidos (3), o íon európio é excitado via um mecanismo de

transferência de energia intramolecular do ligante excitado.50 Este fenômeno foi

primeiramente investigado por Weissman.50

Existem três possibilidades para a energia absorvida pelo ligante ser transferida

ao íon metálico51,52 (Figura 5). A primeira constitui-se num mecanismo de transferência

onde a energia parte do estado excitado tripleto (T1) (localizado no ligante) e chega ao

estado excitado mais baixo (En) no metal (Mecanismo I). Outra possibilidade, é a da

transferência ocorrer diretamente do singleto excitado (S1) para o estado emissor do íon

(Mecanismo II). Por último, se a energia passar do singleto (S1) para um estado acima

do estado emissor (En) , um estado intermediário (Em), ela deve retornar ao nível do

ligante (estado tripleto), e este transfere-a ao nível emissor do íon (Mecanismo III).

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Capítulo 3 − Abordagem Teórica _____________________________________________________________________________________

20

Figura 5: Representação esquemática dos mecanismos para transferência de energia intramolecular nos complexos de lantanídeos.

Segundo Watson,53 a energia de excitação migra predominantemente do estado

tripleto T do ligante para o estado emissor (Em) do íon metálico central: S1 → T1 → En,

contraposto a uma transferência de energia via singleto (S1 → En). São várias as

correntes que defendem o Mecanismo I, inclusive Crosby et. al. 54,55 O passo inicial

nesse mecanismo corresponde à absorção centrada no ligante, isto é, a energia de

excitação UV é absorvida pela parte orgânica do complexo e o estado singleto excitado

(S1) é então populado.

Entretanto, para que se possa observar a linha de emissão do íon lantanídeo num

determinado complexo, o estado tripleto (T1) do ligante deve se posicionar próximo ao

nível emissor (En) do íon, baseado na proposição de Crosby:55 “o estado energético

tripleto mais baixo de um complexo deve estar aproximadamente igual ou deve ficar

acima do nível de ressonância do íon terra-rara”, pois assegura a eficiência do

acoplamento entre os dois estados e, por sua vez, a migração de energia do ligante ao

íon.51

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Capítulo 3 − Abordagem Teórica _____________________________________________________________________________________

21

Vale destacar que a eficiência da luminescência56 não depende somente da

quantidade de energia do estado tripleto e transferência ao íon, mas do balanceamento

entre os processos de absorção, decaimento não-radiativo, transferência de energia e a

emissão (taxas de emissão) do metal envolvido.

3.3.3. Decaimento da Luminescência

Existem diferentes possibilidades da molécula excitada relaxar para o estado

fundamental. As mais importantes são a emissão radiativa e a transferência não-

radiativa, as quais, segundo Freeman e Crosby,57seguem a regra de decaimento

exponencial de primeira ordem. O tempo de vida (τ) dessas probabilidades de transição,

representa o tempo para população de um estado excitado decair a 1/e da população

original.

A intensidade de luminescência nos complexos de európio é produto da emissão

radiativa do estado 5D0. Os estados excitados destes decaem radiativamente ao estado

fundamental num tempo aproximado de 10-3 a 10-6 s.58

A dissipação da energia por processos não-radiativos dos estados excitados, tem

como fator principal o acoplamento com os níveis eletrônicos da vizinhança através das

vibrações moleculares.47O aumento da temperatura acarreta também no aumento da

contribuição não-radiativa. HorrocKs et al59demostrou que o decaimento não-radiativo

de energia do estado excitado 5D0 no íon Eu3+ é linearmente dependente com o número

de moléculas de H2O coordenadas através do acoplamento dos modos vibracionais deste

íon com os grupos O−H.

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Capítulo 3 − Abordagem Teórica _____________________________________________________________________________________

22

Por conseguinte, um baixo rendimento de luminescência dos íons lantanídicos

tem como principais atribuições a distância entre o cromóforo (antena) e o íon

metálico60 e também a coordenação de moléculas de água ao íon, as quais promovem

uma supressão (“quenching”) da luminescência dos níveis 5D0 do íon causada pelo

acoplamento com níveis vibracionais do OH.

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CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

24

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. OS LIGANTES

4.1.1. Síntese

Na primeira parte deste trabalho priorizou-se a síntese dos ligantes para posterior

complexação com os ions Eu3+ e Gd3+. Inicialmente foi investigada a síntese proposta

para o ligante (6), (Esquema 1).

N

NH2

CO2Me N

NH2

CO2Me

O

N

N

CO2Me

O

X

m-CPBA ArCHO

N

N

CO2H

O

X

NaOH/H2O

N

N

CO2Me

X

16 17

618 X= H, NO2, F

15

X

Esquema 1

Tentativas de obtenção da base de Schiff (18), a partir da reação do 3-amino-2-

carbometoxipiridina (15), com os aldeídos benzóico, p-nitro e p-fluorobenzóico não

foram bem sucedidas. Esses ensaios foram testados até mesmo em forno de

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

25

microondas,61 onde os reagentes foram intimamente misturados na ausência de um

solvente. Nem mesmo a adição do catalisador ZnCl262 à mistura foi suficiente para

completar a condensação para a formação de 18.

Foi testada então uma outra alternativa para a síntese de 6, envolvendo a

oxidação prévia do nitrogênio piridínico seguida pela condensação do N-óxido (16) com

os aldeídos. Existem diversos métodos descritos na literatura para a oxidação de aminas

a N-óxidos. Estas metodologias envolvem a ação de oxidantes tais como o ácido

perbenzóico (método de Meisenheimer),63 monoperftalato de magnésio hexahidratado

(MMPP)64 e ácido m-cloroperoxibenzóico (m-CPBA)65. A utilização de H2O266 para a

oxidação de diversos compostos heteroaromáticos contendo um ou dois nitrogênios

também foi publicada, entretanto, essas mesmas condições não foram bem sucedidas no

caso da piridina (15). O uso de MMPP em diversos sistemas de solventes64a ou 30%

H2O2 na presença do ácido trifluoroacético (TFA)66, levou a uma mistura complexa de

produtos com polaridades muito próximas à do material de partida, e que não puderam

ser identificados. A oxidação com m-CPBA, por outro lado, mostrou-se como método

satisfatório para a preparação do N-óxido desejado (16), com rendimento em torno de

34 %.

Depois de isolar o composto (16) retomou-se a transformação do grupo amino.

Ao analisar o composto (16) pode-se esperar que o grupo N-óxido acentue ligeiramente

o caráter nucleofílico do nitrogênio da amina, devido ao anel piridínico ser mais rico em

densidade eletrônica. Essa influência ativadora ao nitrogênio do grupo NH2 devido a

presença da função N-óxido no anel piridínico foi também observada em α-picolina N-

óxido.22

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

26

Após a obtenção e caracterização do produto (17), desconfiou-se da estabilidade

do mesmo. Assim, num intervalo aproximado de cinco dias, foram realizadas novas

análises por RMN. Quando elas foram comparadas com os espectros iniciais de 17,

percebeu-se o aparecimento de outros picos nos espectros, além dos então existentes na

análise inicial, levando-se a concluir que o produto (17) seria instável durante a

estocagem, formando também 16.

Apesar das observações citadas acima, foram realizadas tentativas de obtenção

de 6 por hidrólise do éster metílico (17), mesmo impuro. Esta etapa foi realizada através

do emprego de hidróxido de sódio67 aquoso. O produto obtido (6), mostrou-se estável

apenas por curtos períodos de tempo (6–10 dias), sendo transformado à amina

correspondente, provavelmente devido à presença de umidade atmosférica.68

Contudo, se o imino éster (17), que é instável com a estocagem e é um

intermediário para o preparo de 6, for tratado com a base assim que for isolado, pode-se

evitar a sua transformação. Nesse caso ocorre a formação do ligante (6), mas

posteriormente este hidrolisa lentamente ao ser armazenado.

Em função da instabilidade de 6 cogitou-se a síntese do ligante (7), (Esquema

2).

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

27

N

NH2

CO2Me N

HN

CO2Me

O

X

N

HN

CO2H

O

X

NaOH/H2O

15 20a,b

21a,b

PhCOCl/py m-CPBA

N

HN

CO2Me

X

19a, X=H19b, X=NO2

O

O

O

Esquema 2

Primeiramente, a amina (15) foi acilada para formar a amida (19). O tratamento

dos cloretos de acila PhCOCl e p-NO2PhCOCl com a amina (15) forneceu as amidas

aromáticas (19a e 19b) correspondentes em bons rendimentos.

A oxidação do nitrogênio do anel piridínico ocorreu na presença do perácido m-

CPBA e o composto (20) obtido foi submetido à hidrólise básica67 (NaOH ou KOH

aquosos). A síntese deve ser executada nesta ordem, porque a amida inicialmente

introduzida funciona como um grupo de proteção da amina contra a oxidação indesejada

quando da adição do perácido.69 O produto final (21) e os respectivos intermediários

(19) e (20) não apresentaram problemas quanto à estabilidade.

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

28

4.1.2. Caracterização

Estudo da Conformação dos Ligantes

Após a formação da espécie N-óxido produzindo um sistema aromático 1,2,3-

trisubstituído (19 → 20), observou-se, por RMN, apreciáveis mudanças nos

deslocamentos químicos dos prótons H4, H5 e H6 dessas espécies. Tais mudanças

podem ser vistas como reflexo das modificações ocorridas na conformação destas

moléculas.

Acredita-se que seja a interação entre os substituintes presentes no anel

piridínico (posição 1, 2 ou 3) (22) a responsável pela mudança na geometria dessas

moléculas. Principalmente, a que resulta numa ligação de hidrogênio.70

Um sistema aromático substituído que exemplifica bem esta situação é o da

acetanilida orto-substituída (23).71 Ela adota uma conformação planar72 promovida por

uma ponte de hidrogênio entre o grupo X (na posição orto) e o próton N-H da amida

(23). Nessa conformação, o deslocamento químico do próton H6 para campo muito

baixo com relação ao mesmo próton no seu análogo anilina (24), é atribuído a essa

ponte de hidrogênio intramolecular, que força a aproximação da carbonila da amida ao

H6, desblindando-o.72a

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

29

N

NH

O R

O

OR'O

1

2

3

H4

H5

H6

NH

O

X

H6

NH2

X

H6

22 23 24

À semelhança do comportamento adotado palas acetanilidas,72 algumas unidades

produzidas nos sistemas piridina-N-óxidos simulam tais deslocamentos químicos

quando comparados ao seus sistemas de referência (15, 16 e 3), com o grupo amino em

meta.

A propósito, os deslocamentos químicos (δ) dos prótons H4, H5, H6 e N-H dos

ligantes (7a e 7b) e seus precursores (15, 16, 19a, 19b, 20a, 20b e 3) encontram-se

apresentados na Tabela 1.

Tabela 1: Deslocamento químico de prótons selecionados nos derivados de 3-amino-2-carbometoxipiridina (15).

R δ-H4 δ-H5 δ-H6 δ-NH δ-OH 15 Ha 7.04 7.21 8.05 5.75

19a COPh 9.35 7.57 8.47 11.98 N

O

OMe

NHR4

5

6

19b CO-p-NO2-Ph 9.30 7.60 8.52 12.20

16a Ha 6.63 6.99 7.65 5.00 20a COPh 8.55 7.35 8.05 9.82

NO

OMeO

NHR4

5

6

20b CO-p-NO2-Ph 8.55 7.38 8.12 10.24

3a Ha 7.24 7.43 7.92 7.69 18.70 7a COPh 9.48 7.60 8.16 13.35 20.16

NO

OHO

NHR4

5

6

7b CO-p-NO2-Ph 9.44 7.68 8.22 13.62 a Ref. 13.

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

30

Nos compostos (19a e 19b), verifica-se um deslocamento para campo baixo de

2.26-2.31 ppm para o próton H4 em relação ao composto (15), que tem o grupo amino

como vizinho (Figura 6). A proposta é de que a carbonila da amida nos compostos

piridínicos (19a e 19b) esteja desblindando este próton,72a semelhante ao

comportamento observado nas acetanilidas orto-substituídas supracitado.

Um deslocamento em torno de 0.4 ppm para campo mais baixo é observado para

os prótons H5 e H6, que provavelmente é de ordem eletrônica. Entretanto, o próton da

amida, tem um deslocamento para campo baixo bastante acentuado, da ordem de

6.23 ppm com relação à aminopiridina (15), sendo, portanto, uma indicação da

existência de uma ligação de hidrogênio entre o grupo C=O do éster e o NH da amida,

em 19a e 19b.

N

H4

CO2Me

NH2

N

H4

NH

O

CO2Me N

H4

NH

O

CO2Me

H5

H5

H6

H5

H6

H6

7.21

8.05

7.04

7.57 (+0.36)

8.47 (+0.42)

9.35 (+2.31)

7.60 (+0.39)

8.52 (+0.47)

9.30 (+2.26)

15

19a 19b

NO2

11.98 (+6.23) 12.2 (+6.45)

5.75

Figura 6: Comparação dos deslocamentos químicos de RMN 1H em 3-amino-2-carbo-metoxipiridina (15) com os derivados 3-benzoilamino-2-carbometoxipiridina (19a) e 3-p-nitrobenzoilamino-3-carbometoxipiridina (19b).

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

31

O aparecimento do sinal N-H em campo mais alto nos ésteres N-óxidos (20a e

20b) em relação aos precursores piridínicos (19a e 19b), sugere que a ligação de

hidrogênio anteriormente citada enfraqueceu. Uma comparação dos deslocamentos

químicos dos prótons da piridina e da 3-benzoilamino-2-carbometoxipiridina (19a) com

seus respectivos N-óxidos é mostrada na Figura 7:

N

H4

N

H4

NH

O Ph

CO2Me N

H4

NH

O Ph

CO2Me

O

H5

H5

H6

H5

H6

H6

7.46 (+0.08)

8.36 (-0.23)

7.46 (-0.29)

7.57

8.47

9.35

7.35 (-0.22)

8.03 (-0.44)

8.55 (-0.80)

19a 20a

N

H4

H5

H6

7.38

8.59

7.75

O

11.98 9.82 (-2.16)

Figura 7: Comparação dos deslocamentos químicos de RMN 1H da piridina e do derivado (19a) e seus respectivos N-óxidos. Deslocamentos relativos para campo baixo (+) e campo alto (-) estão destacados entre parênteses nos N-óxidos.

Os deslocamentos observados nos N-óxidos são coerentes com o efeito da

repulsão NO ↔ MeOOC provocando a rotação dos grupos carbometoxílico e amida

para fora do plano da piridina e o consequente enfraquecimento da ligação de

hidrogênio. Como conseqüência, o próton H4 está mais afastado da carbonila da amida

(portanto, menos blindado) e, também, sofre um apreciável deslocamento (∼ 0.80 ppm)

para campo mais alto. Esses resultados ajudaram a confirmar então as suspeitas da

existência de uma conformação torcida nos N-óxidos ésteres (Figura 8).

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

32

N

NH

O

O

O

ON

NH

O

O

O

O N

NH

O

O

OOH

(a) (b)

Figura 8: (a) Representação da repulsão entre a carbonila e o grupo N−O nos N-óxidos (20a e 20b); (b) Representação conformacional da estrutura dos ácidos (7a e 7b).

Pode-se supor que na estrutura (20) (Esquema 2, p.27), com o éster metílico

preferencialmente na conformação s-cis, a repulsão entre o oxigênio alcoxila e o

oxigênio do grupo N-óxido promoverá uma rotação da ligação C2−COOR, favorecendo

uma conformação torcida (Figura 8a).67

Em vista dos ácidos N-óxidos (7a e 7b) permitirem uma configuração s-trans da

unidade carboxílica, a molécula, nestes casos, pode retornar a uma conformação planar

(Figura 8b), como resultado de uma ponte de hidrogênio adicional entre o próton do

ácido carboxílico e o N-óxido.

Baseado nessa afirmação, os deslocamentos químicos dos prótons H4, H5, H6 e

N-H nesses compostos (7a e 7b) são comparáveis aos deslocamentos nos precursores

piridínicos (19a e 19b) (Figura 9).

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

33

N

H4

NH

O Ph

CO2Me N

H4

NH

O Ph

CO2H

O

H5

H6

H5

H6

7.57

8.47

9.35

7.60

8.16

9.48

19a 7a

N

H4

NH

O

CO2Me

H5

H6

7.60

8.52

9.30

NO2

12.20

N

H4

NH

O

CO2H

H5

H6

7.68

8.22

9.44

NO2

13.62

11.98 13.35

19b 7b

O

Figura 9: Comparação dos deslocamentos químicos de RMN 1H nos compostos piridínicos (19a e 19b) e seus respectivos ácidos N-óxidos (7a e 7b).

Investigações dos espectros de infravermelho dos compostos em questão,

conduzem à mesma interpretação sugerida por RMN, com relação às conformações das

amidas sintetizadas, em cada caso. Para tanto, a Tabela 2 mostra os modos vibracionais

da amida N-H, N-óxido e também os modos vibracionais “amida-I” e C=O para os

ligantes (7a e 7b) e precursores (20→21) em discussão.

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

34

Tabela 2: Principais frequências de absorção no IV dos ligantes 3-Bampic-NO (7a), 3-Nibampic-NO (7b) e seus derivados em pastilha de KBr e em solução diluída de CH2Cl2.

R

ν(N-H), cm-1

CH2Cl2 KBr ν(NC-O), cm-1

CH2Cl2 KBr

ν(C=O), cm-1

CH2Cl2 KBr

ν(N-O), cm-1

CH2Cl2 KBr 19a COPh 3311 3299 1681 1671 1700 1684

NO

OMe

NHR

19b CO-p-NO2-Ph 3300 1595 1688 20a COPh 3398 3168 1693 1673 1693 1749 1244

NO

OMeO

NHR

20b CO-p-NO2-Ph 3350 1693 1757 1238 7a COPh 3114 3101 1685 1652 1685 1688 1221

NO

OHO

NHR

7b CO-p-NO2-Ph 3106 1671 1695 1230

Os compostos da série a foram analisados também em soluções diluídas de

CH2Cl2 em concentrações de 0.5, 1 e 2%. De fato, a posição do estiramento N-H (3100-

3400 cm-1) indica claramente a existência de uma ligação de hidrogênio intramolecular

nesta série, posto que as freqüências associadas a N-H não sofreram perturbação após

diluição.

Nos ésteres N-óxidos (20a e 20b), o enfraquecimento da ligação de hidrogênio

inferida por RMN, foi confirmada pelos estiramentos característicos dos grupos N-H,

NC=O e C=O em solução, que se deslocaram para maiores freqüências (maior

energia).73 Conforme já mencionado, pode-se racionalizar isto em função da rotação da

ligação C2(piridina)-COOMe e concomitante afastamento entre o próton N-H e o grupo

carboxílico.

Após a hidrólise da série b, observa-se um deslocamento dos picos relacionados

aos grupos N-H, NC=O e C=O para região de menor energia (νN-H 3398 (b)→3114cm-

1(c); νNC=O 1693(b)→1685cm-1(c)...) no sentido N-óxidos (b)→ácidos(c). Suspeita-se

que uma ligação de hidrogênio adicional promovida pelos grupos N-O e HOOC nos

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

35

ácidos provoca um fortalecimento das interações N-H···O=C(OR). E, como era de se

esperar, a molécula retorna à configuração planar adotada pelas amidopiridinas. Este

fato, prontamente confirma a conclusão procedente da análise por RMN relativa a

conformação nesse substrato.

Todas as considerações conformacionais apresentadas para a série a podem ser

extrapoladas para a série b, que possui um substitunte distinto no grupamento amida.

Basta relacionar a tendência das freqüências de ambas as séries analisadas no estado

sólido (em pastilha de KBr).

Após a complexação desses ácidos (7a e 7b) com o íon európio, espera-se que

seja conservada a geometria planar destes ligantes, visto que essa disposição molecular

permite manipulação dos seus níveis excitados (π*). Deste modo, na possibilidade de

um outro grupo cromóforo se associar ao ligante, este poderia agir intensificando ou

diminuindo a luminescência do complexo, proporcionando, o que se conhece como:

otimização da “antena”.

Todas as considerações discutidas com respeito ao estudo conformacional das

espécies abordadas até então, foram investigadas também através da aplicação do estudo

teórico de modelagem molecular com a colaboração do Prof. João Bosco (DQF-UFPE).

Os resultados teóricos mostraram-se consistentes com as conclusões obtidas mediante

os resultados experimentais.70

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

36

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

ν(C-O)

ν(N-H)

ν(N-H)

ν(NC=O)-II

ν(NC=O)-IIν(NC=O)-I

ν(NC=O)-I

ν(C=O)

ν(C=O)

ν(N-H)

ν(NC=O)-IIν(NC=O)-I

ν(C=O)

Tran

smitâ

ncia

Número de onda (cm-1)

NO

O

N

O

CH3

H

19a

NO

OO

N

O

CH3

H

20a

NO

OO

N

O

H

7aH

Figura 10: Espectro vibracional na região do IV do 3-Bampic-NO (7a)

3-Bampic-NO(Me) (20a) e 3-Bampic(Me) (19a) em solução diluída de CH2Cl2.

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

37

4000 3600 3200 2800 2400 2000 1600 1200 800 400

ν(NC=O)-II

ν(NC=O)-II

ν(NC=O)-I

ν(NC=O)-I

ν(NC=O)

ν(NC=O)

ν(N-H)

ν(N-H)

ν(N-H)

ν(NC=O)-I

ν(NC=O)

ν(NC=O)-II

Tran

smitâ

ncia

Número de onda (cm-1)

NO

OO

N

O

H

7aH

NO

OO

N

O

CH3

H

20a

NO

O

N

O

CH3

H

19a

Figura 11: Espectro vibracional na região do IV do 3-Bampic-NO (7a),

3-Bampic-NO(Me) (20a) e 3-Bampic(Me) (19a) em pastilha de KBr.

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

38

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

ν(NC=O)-II

ν(NC=O)-II

ν(NC=O)-I

ν(NC=O)-I

ν(C=O)

ν(C=O)

ν(N-H)

ν(N-H)

ν(N-H)

ν(NC=O)-II

ν(NC=O)-I

ν(C=O)

Tran

smitâ

ncia

Comprimento de onda (cm-1)

NO

OO

N

O

CH3

H

20a

NO2

NO

OO

N

O

H

7aH

NO2

NO

O

N

O

CH3

H

19a

NO2

Figura 12: Espectro vibracional na região do IV do 3-Nibampic-NO (7b) 3-Nibampic-NO(Me) (20b) e 3-Nibampic(Me) (19b) em pastilha de KBr.

Absorção Eletrônica na Região do UV-visível

Os espectros de absorção no UV dos ligantes 7a (Figura 1313) e 7b (Figura )

foram obtidos em solução metanólica numa concentração aproximada de 10-4 M.

Observando os espectros, verifica-se que tanto 7a quanto 7b, apresentam intensa

e máxima absorção na região do ultravioleta próximo, abaixo de 270 nm. As bandas de

maior intensidade para 7a (λ = 205 e 256 nm) e 7b (λ = 203, 242 e 267 nm) podem ser

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

39

atribuídas às transições π→π*, e podem ser relacionadas às transições nos grupos

aromáticos dos ligantes em questão.76

O espectro no UV do composto 7a apresenta um total de três bandas, podendo

acrescentar um ombro sutil em torno de 278 nm. O número de bandas correspondente

ao espectro de 7b é o mesmo, três; e à semelhança de 7a, possui um ombro em 334 nm.

Os coeficientes de extinção molar, bem como os comprimentos de onda dos máximos

de absorção referentes às bandas dos ligantes (7a e 7b) encontram-se delineados na

Tabela 3.

Tabela 3: Dados espectroscópicos de absorção no UV-visível de em MeOH.

Compostos λmáx (nm) log ε

7a − 3-Bampic-NO 205, 256, 334 4.59

7b − 3-Nibampic-NO 203, 242, 267, 337 4.14

Mediante os resultados apresentados, pode-se concluir que a presença do

substituinte NO2 no anel benzênico do grupamento amida, influencia diretamente na

posição das bandas de absorção, principalmente na principal banda de absorção

molecular (240-260 nm), deslocando-a. Além disso, ocorre uma variação da intensidade

de absorção de algumas bandas, porém, a banda principal (mais intensa) não oferece

mudança significativa quanto à sua intensidade.

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

40

210 240 270 300 330 360 3900

1

2

3

Abs

orbâ

ncia

(u.a

.)

Comprimento de onda (nm)

NO

OHO

NH

O

7a

Figura 13: Espectro de absorção no UV-visível do ligante 3-Bampic-NO (7a) em solução de MeOH.

239 289 339 3890,0

0,3

0,6

0,9

1,2

Abs

orbâ

ncia

(u.a

)

Comprimento de onda (nm)

NO

OHO

NH

O

7b

NO2

Figura 14: Espectro de absorção no UV-visível do 3-Nibampic-NO (7b) em solução de MeOH.

Para uma comparação mais abrangente, foram acrescentados aos resultados dos

espectros no UV destes ligantes (7a e 7b) os dos ligantes ácido picolínico (2),74 3-

NH2pic-NO (3)13 e 3-NH2COR-picNO(OH) (25)75 (Tabela 4). O intermediário (3)

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

41

possui um grupamento amino na posição 3 do anel piridínico e, o último, uma amida

alifática.

Tabela 4: Dados espectroscópicos de absorção no UV-visível dos derivados piridinacarboxilato-N-óxidos.

R λmáx (nm) 2a H ** 222, 263, 297 3b NH2 ** 234, 249, 366 7a NHCOPh * 205, 256, 334 7b NHCO-p-NO2-Ph* 203, 242, 267, 337 N

O

OHO

R3

25c NHCOC11H23* 243

(**) Espectro de absorção obtido em etanol; (*) espectro de absorção obtido em metanol. a Ref. 74; b Ref. 13; c Ref. 75.

Os espectros de absorção dos quatro ligantes caracterizam-se

predominantemente, por uma forte banda na região de 220 – 260 nm. Esta banda é

devido ao mesmo tipo de transição eletrônica em cada caso, provavelmente a do tipo

π → π*, que está associada ao sistema aromático nessas moléculas. Não obstante, no

espectro de 7b, destaca-se uma banda em 267 nm (de razoável intensidade) que pode ser

atribuída ao cromóforo NO2 posicionado no anel da amida aromática, visto que no

correspondente espectro de 7a (sem o substituinte), não apresenta esta transição (Tabela

3).

As bandas de menor intensidade, situadas nas regiões de comprimentos de onda

maiores (λ7a = 334 nm, λ7b = 337 nm) podem ser atribuídas às transicões n → π*.16

Infere-se que a absorção dessas bandas, em ambos os espectros, é proveniente do

grupamento amida (cromóforo) presente na posição 3 do anel piridínico. Essa suposição

é baseada no fato de que não há registro de absorção acima de 300 nm no espectro de

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

42

UV do ácido picolínico N-óxido (2)74 (Tabela 4), justificada pela ausência de

substituinte na referida posição.

4.2. OS COMPLEXOS

4.2.1. Síntese

Após a síntese dos ligantes 3-Bampic-NO (7a) e 3-Nibampic-NO (7b), foram

preparados os seus complexos com os íons Eu3+ e Gd3+, respectivamente. O esquema

abaixo descreve de forma geral a síntese dos complexos (26a e 26b, 27a e 27b).

3

NO

OHO

NH

O

X

Ln(ClO4)3/EtOH

∆ / pH 6,5

NO

OO

Ln

NH

O

X

7a, X = H 7b, X = NO2

26a e 26b, Ln = Eu3+

27a e 27b, Ln = Gd3+

Esquema 3

Assume-se o mesmo número de ligantes coordenados aos íon Eu3+ e Gd3+ nos

complexos (26a e 26b, 27a e 27b). Isto deve-se à semelhança nas estruturas eletrônicas

e também nos raios iônicos de ambos os íons. Além disso, o fato dos ligantes (7a e 7b)

apresentarem estruturas muito parecidas, permitiu com que se fizesse uma única

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

43

abordagem no processo de síntese dos complexos, mesmo porque eles foram preparados

sob as mesmas condições.

Complexo Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a)

O complexo do ligante ácido 3-benzoilamidopicolínico-N-óxido(7a) com o íon

Eu3+ foi preparado pela reação direta de 7a com o perclorato do íon metálico de acordo

com a seguinte equação:

O.nH)-Bampic-NOEu()-Bampic-NO( O .xH)Eu(ClOOH

CoEtOH / 23

2

60233 333 →+

7a 26a

Uma solução metanólica contendo três equivalentes do 3-Bampic-NO foi

adicionada lentamente (gota a gota) a uma solução de Eu(ClO4)3.xH2O em etanol. O

controle do pH do meio foi mantido através da introdução de NaOH(aq) em quantidade

equimolar ao ácido (7a). A reação de complexação foi acompanhada qualitativamente

pela verificação da luminescência do meio reacional, pois luminesce no vermelho.

Verificou-se uma rápida formação de um precipitado logo no início do gotejamento do

ligante.

O precipitado fino, em forma de grânulos brancos e amorfos, foi filtrado e

lavado com metanol à quente e depois seco em vácuo. Diversas tentativas de

recristalização foram realizadas. Infelizmente, não foi encontrado um solvente ou

mistura de solventes adequado para sua recristalização, pois o complexo é de extrema

difícil dissolução (Tabela 5). Por essa razão, foi submetido à microanálise sem prévia

purificação (após apenas lavagem abundante com MeOH).

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

44

Tabela 5: Solubilidade qualitativa do complexo Eu(3-Bampic-NO)3.nH2O.

Solvente Temperatura mbiente. À quente

Água Metanol Etanol

Acetona Hexano

Clorofórmio Benzeno

Acetato de etila Ciclohexano Acetronitrila

DMSO DMF CCl4

Dimetil benzeno Álcool benzílico

THF Nitrometano Isopropanol

Ácido acético Tolueno

insolúvel insolúvel insolúvel insolúvel insolúvel insolúvel insolúvel insolúvel insolúvel insolúvel solúvel

insolúvel insolúvel insolúvel insolúvel insolúvel insolúvel insolúvel insolúvel insolúvel

Insolúvel

pouco solúvel* insolúvel insolúvel insolúvel insolúvel insolúvel insolúvel insolúvel insolúvel solúvel solúvel

insolúvel insolúvel

pouco solúvel* insolúvel insolúvel insolúvel insolúvel insolúvel

* alta diluição

Baseado nos resultados da microanálise (experimento 1, Tabela 6), não foi

possível atribuir a estequiometria esperada ao complexo preparado admitindo para o

mesmo a fórmula mínima Eu(3-Bampic-NO)3.nH2O. Em função das observações feitas

na preparação de 26a, acredita-se que a precipitação acelerada proporciona um produto

impuro.

Em vista disso, preparou-se novamente o complexo (26a) fazendo ligeiras

modificações no padrão de preparação, no intuito de evitar a rápida precipitação do

produto, para que o mesmo pudesse, no final da reação, apresentar-se de forma mais

pura. A Tabela 6 apresenta, de forma resumida, os procedimentos experimentais

utilizados para a preparação de 26a.

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

45

Tabela 6: Procedimentos experimentais utilizados na preparação do complexo Eu(3-Bampic-NO)3.nH2O

Experimento Procedimento Experimental

1

2

3

4

adição do ligante ao Eu(ClO4)3.6H2O; base utilizada: NaOH(aq); solução: EtOH/MeOH; 60 °C. adição do ligante ao Eu(ClO4)3.6H2O; base utilizada: N-N-diisopropiletilamina; solução: EtOH/MeOH (alta diluição); 60 °C adição do ligante ao Eu(ClO4)3.6H2O; base utilizada: N-N-diisopropiletilamina; solução: EtOH/MeOH (alta diluição); 60 °C. adição do Eu(ClO4)3.6H2O ao ligante; base utilizada: DBU; solução: EtOH (alta diluição); sob ultra-som e refluxo.

Como primeira medida, as sínteses que se seguiram foram realizadas, sempre,

em soluções muito diluídas. Além disso, para o controle do pH (em torno de 6) foram

introduzidas bases orgânicas, em substituição à NaOH(aq), comumente utilizada nas

sínteses dos complexos de Eu3+ com esta série de ligantes piridinacarboxilatos-N-

óxidos.13 Isto, para não promover a hidrólise do complexo, fornecendo hidróxido de

európio.

Nos experimentos 2 e 3(Tabela 3), substituiu-se a base NaOH por N,N-

diisopropiletilamina. Numa primeira tentativa (experimento 2 ), a base foi acrescentada

(em quantidade equimolar ao ligante) à solução do ligante, a qual em seguida, foi

adicionada ao perclorato de Eu3+. Na outra síntese (experimento 3), somente depois da

adição completa do ligante ao perclorato, é que a base foi acrescentada.

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

46

Para o experimento 4, além de fazer a substituição da base por DBU, mudou-se a

ordem de adição dos reagente. Logo, a uma solução do ligante dissolvido em EtOH

acrescida de DBU (em quantidade equimolar) foi adicionada, gota a gota, uma solução

etanólica de Eu(ClO4)3.6H2O sob ultra-som, aquecimento e alta diluição, a fim de evitar

ao máximo a precipitação do produto.

Apesar do precipitado formar-se mais lentamente nesses novos experimentos

(experimento 2, 3 e 4), os resultados das análises elementares dos produtos (lavados e

secos) para cada um deles não mostraram-se consonantes com uma estequiometria bem

definida do complexo (Tabela 7).

Tabela 7: Dados analíticos do complexo Eu(3-Bampic-NO)3.nH2O associados aos experimentos da Tabela 3.

Calculado (%) Experimental (%) n=1 n=2 n=3

Exp. C H N C H N C H N C H N 1 33.44 2.25 5.64 2 46.59 3.47 8.27 3 43.57 3.26 7.40 4 44.62 4.02 6.32

49.75

3.10

8.92

48.81

3.26

8.76

47.91

3.40

8.60

n = número de moléculas de água coordenadas no complexo Eu(3-Bampic-NO)3.nH2O

A insistência em confirmar a estequiometria mais provável do complexo através

da análise elementar é que, em razão da sua insolubilidade (Tabela 5), principalmente

em clorofórmio, as técnicas então disponíveis, tais como, espectrometria de massa de

alto peso molecular e RMN não foram possíveis de ser realizadas. Da mesma forma, a

análise por raios-X, que determinaria de forma precisa a sua geometria espacial, tornou-

se impraticável, pois o complexo é insolúvel, impossibilitando a formação de

monocristais adequados para a caracterização. Ademais, as outras técnicas usadas para

caracterizar o complexo, tais como absorção no UV e IV e espectroscopia de

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

47

luminescência, são complementares umas as outras apenas para evidenciar que este foi,

de fato, sintetizado.

Posto que não foi possível purificar o complexo Eu(3-Bampic-NO)3.nH2O por

recristalização devido a sua insolubilidade (Tabela 5), mostrando-se solúvel somente

em solventes polares como o DMSO e DMF (à quente), resolveu-se, portanto, submetê-

lo a uma análise termogravimétrica (TGA), a fim de elucidar a sua provável

estequiometria.

A recristalização do complexo na presença dos solventes DMSO e DMF foi

impossibilitada, porque observou-se que o mesmo não mais luminesceu dissolvido em

DMSO ou DMF. Esses solventes são conhecidos pela forte habilidade de se

coordenarem com o íon lantanídeo77 e, nesse caso, podem competir com o ligante nos

sítios de coordenação do íon Eu3+.

4.2.2. Caracterização

Termoanálise

A análise termogravimétrica do complexo de Eu3+ com o ácido 3-Bampic-NO

(7a) foi efetuada sob atmosfera de nitrogênio numa faixa de temperatura de 25 a

1000°C, com velocidade de 10°C/min. O termograma obtido encontra-se na

Figura 115.

Page 69: Síntese e Estudo Espectroscópico de Complexos de … · 2O Tris(3-aminopicolinato-N-óxido)triaquo európio (III) Eu(3-NHCOC11H 23pic-NO) 3.3H 2O Tris(3-dodecanoilaminopicolinato-N-óxido)triaquo

Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

48

Figura 15: Análise termogravimétrica do composto Eu(3-Bampic-NO)3.nH2O.

O termograma mostra que a decomposição do complexo ocorre em três etapas.

A primeira mudança na composição começa em torno de 150°C e continua até a

inflexão por volta de 260°C. A inflexão na curva indica a passagem por um

intermediário instável.78 A segunda mudança vai até aproximadamente 450°C, seguida

da terceira mudança que termina por volta de 475°C e segue até formar um patamar

constante a partir de 720°C.

A última faixa discriminada (> 720°C) corresponde à região onde há a formação

de um composto estável,79 sendo este o óxido de európio. Esta afirmação foi confirmada

pelo espectro de IV do resíduo de decomposição quando a amostra do complexo (26a)

foi submetida ao aquecimento até a temperatura de 1000°C (Figura 16).

Page 70: Síntese e Estudo Espectroscópico de Complexos de … · 2O Tris(3-aminopicolinato-N-óxido)triaquo európio (III) Eu(3-NHCOC11H 23pic-NO) 3.3H 2O Tris(3-dodecanoilaminopicolinato-N-óxido)triaquo

Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

49

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

resíduo - TGA

faixa de temperatura: 25 - 1000 oC

Tra

nsm

itânc

ia (

%)

Número de onda (cm-1)

Figura 16: Espectro vibracional na região do infravermelho do resíduo do complexo Eu(3-Bampic-NO)3.nH2O aquecido até 1000 °C.

O peso molecular do complexo foi calculado com base na massa do resíduo

(Eu2O3) de decomposição até 1000°C. Para tanto, foram considerados os pesos iniciais

do complexo em três temperaturas iniciais de decomposição (após perda de umidade) e

como 1, 2 ou 3 o número provável de moléculas de água coordenada (Tabela 8).

Fundamentado nesses resultados, o complexo (26a) assume a fórmula mínima Eu(3-

Bampic-NO)3.2H2O.

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

50

Tabela 8: Dados termoanalíticos do complexo Eu(3-Bampic-NO)3.nH2O referentes ao seu peso molecular. Massa analisada = 4.99 mg.

K+→∆(s)(s) OEuO.nH)-Bampic-NOEu( 3223 ½3

Ti (°C)

Mi (mg)

Resíduo Eu2O3

em 1000 °C

N° mol complexo N

(mmol)

Peso Molecular (g/mol) (=Mi / N)

PMexp Desvioa PMcalc

100

4.76

n=1 + 2.3% 963.56 n=2 + 0.4%

n=3 - 1.4%

150

4.72 n=1 +1.5%

955.47 n=2 - 0.4% n=3 - 2.3%

200

4.64

0.87 mg

2.47x10-3mmol

4.94x10-3

n=1 - 0.3% 939.27 n=2 - 2.1%

n=3 - 3.9%

n=1 941.64 n=2 959.66 n=3 977.67

Ti e Mi são temperatura e massa iniciais de decomposição do complexo.

a =cálculo do Desvio = (PMexp / PMcalc) x 100.

n = número de moléculas de água coordenadas no complexo Eu(3-Bampic-NO)3.nH2O.

Visto que não foram identificados picos (endotérmico e/ou exotérmico) na

região entre 25 e 150°C (apenas um pequeno ombro alargado) do termograma

diferencial (DTA) (Figura 17), a perda de uma certa quantidade de massa (5.5 %) nessa

faixa de temperatura pode ser atribuída ao solvente e/ou água aderida ao sólido

(higroscopicidade).

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

51

100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000

0

Tem

pera

tura

dife

renc

ial

Temperatura da amostra (oC)

Figura 17: Termograma diferencial do complexo Eu(3-Bampic-NO)3.nH2O.

A região abaixo de 150 °C na curva TGA (

Figura 115) aparece com uma inclinação acentuada. O intervalo seguinte (entre

150 e 200°C) aparece quase constante, levando a suspeitar que a massa perdida nesta

região, seja, de fato, oriunda da dessolvatação (perda de umidade) do complexo. Além

disso, pode-se excluir a possibilidade dessa perda de massa estar relacionada ao ligante

livre, na forma de impureza, pois que este apresenta um ponto de fusão na faixa de 199

a 203°C, bem acima de 150°C. Portanto, partindo desta premissa, o complexo começa a

perder massa, relacionada ao seu peso molecular, somente depois de 150°C, isto é, para

a amostra analisada (m = 4.99 mg) em TGA (

Figura 115), a partir de uma massa inicial de decomposição de 4.72 mg.

A Tabela 9 delineia as perdas de massa nas inflexões da curva TGA (

Figura 115) associando-as às espécies no complexo que se decompõem.

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

52

Tabela 9: Dados da termodecomposição do complexo Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a), à razão de aquecimento de 10 °C/min. Massa analisada = 4.72 mg.

Evento ∆T (°C) ∆m (%)

Exper. Calc ∆m (mg)

Exper. Calc. ∆m (x 10-3 mmol)

Exper. Calc. Atribuição

1 150-260 12.23 12.51 0.58 0.59 2H2O; 3CO (?)

2 260-450 32.00 32.82 1.52 1.56 1.45 1.48 3 C7H5O

3 450–1000 33.64 33.79 1.60 1.60 1.48 1.48 3 C5H4N2O

A primeira etapa de decomposição, entre 150 e 260°C, que abrange a região de

desidratação78, indica fortemente a presença de água coordenada na composição

química do complexo. Porém, partindo do proposto de que o complexo possui a fórmula

mínima Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O, com apenas duas águas coordenadas, resta ainda

uma certa quantidade de massa perdida na região. Logo, a proposta é de que saia, com

efeito, três moléculas de CO, além das duas águas, perfazendo um total de 12 % do peso

molecular do complexo (Tabela 9).

A perda de massa na segunda etapa corresponde a aproximadamente 32 % do

peso molecular do composto, que pode ser o correspondente a três intermediários

C7H5O provenientes da benzoilamida. Enquanto que na decomposição seguinte, acima

de 450 °C, insinua-se ser a perda da massa dos ligantes restantes no complexo.

Até cerca de 600 °C, têm-se a possibilidade da existência de um hidróxido

metálico. Pode-se basear essa afirmação no espectro de infravermelho do resíduo de

uma amostra do complexo aquecida até apenas 600 °C (Figura 18), o qual mostra um

pico em 3449 cm-1 que pode ser associado ao estiramento de um grupo OH.

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

53

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

resíduo - TGA

faixa de temperatura: 25 - 600oC

Tra

nsm

itânc

ia (

%)

Número de onda (cm-1)

Figura 18: Espectro vibracional na região do infravermelho do resíduo do complexo

Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a) até a decomposição em 600 °C.

Em conformidade com a massa perdida no decorrer da análise, foi proposto o

seguinte mecanismo para a decomposição do complexo 26a, obtido entre a temperatura

ambiente e1000°C:

Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O → Eu(C12H9N2O3)3 + 2 H2O↑ + 3 CO↑ (150-260 °C)

Eu(C12H9N2O3)3 → Eu(C5H5N2O2)3 + 3 C7H5O↑ (260-450 °C)

Eu(C5H4N2O2)3 → 3 C5H4N2O↑ + ½ Eu2O3 (450-1000 °C)

Em suma, concluí-se que a análise da curva de TGA (

Figura 115) permitiu definir um total de três ligantes e duas moléculas de água

coordenados ao íon Eu3+ no complexo (26a). As perdas de massa e o resíduo de

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

54

decomposição orientaram que o mesmo possui a fórmula mínima Eu(3-Bampic-

NO)3.2H2O, recebendo o nome de tris(3-benzoilamidopicolinato-N-óxido)diaquo

európio (III).

De posse da fórmula mínima do complexo (26a), obtida mediante os dados da

análise térmica (TGA e DTA), foram revistos os resultados das análises elementares. A

nível de comparação, os resultados foram reorganizados (Tabela 10) para melhor

discuti-los.

O experimento 1 (Tabela 66), realizado na presença de NaOH(aq), fornece

resultados muito dissonantes aos apresentados para o complexo (26a) de fórmula Eu(3-

Bampic-NO)3.2H2O e não foi incluído na Tabela 10. Especula-se que um ligeiro

excesso de hidroxila no meio reacional (advindo de NaOH(aq)) propiciou a formação de

hidróxido de európio, além de 26a e/ou um complexo formado com apenas dois ligantes

e a interferência de um grupo hidróxido. Por esse motivo, não foi possível obter uma

estequiometria de uma única espécie. Essa conclusão baseia-se no fato da porcentagem

do carbono estar muito aquém da calculada.

Tabela 10: Dados analíticos do complexo Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a) associados aos experimentos da Tabela 6.

Experimental

(%) Calculado

(%) Exp C H N C H N

2 45.92 46.89 46.98

3.45 3.42 3.55

7.89 8.31 8.61

3 43.28 43.78

3.08 3.45

7.55 7.25

4 44.62 4.02 6.32

48.81

3.26

8.76

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

55

Para os produtos dos experimentos 2 e 3, sob a presença de N,N-

diisopropiletilamina, foram realizadas mais de uma análise. Quando são comparados os

dados experimentais para os elementos carbono e nitrogênio, vê-se que estão sempre

abaixo dos seus valores calculados. Porém, o contrário é observado para o hidrogênio,

que mostra resultados experimentais superiores ao esperado (Tabela 10).

A tendência observada anteriormente se repete, da mesma forma, para o

experimento 4, realizado com DBU.

Mediante as observações discutidas na análise térmica, admite-se a presença de

água de umidade (ou até mesmo solvente) na superfície do composto (26a). Como o

hidrogênio está presente na água, pode-se inferir que o desvio das quantidades de

carbono, nitrogênio e mesmo, o hidrogênio, estejam relacionados às moléculas de água

presas ao complexo (ocluídas ou não).

Como o esperado, o teor de carbono e nitrogênio, são coniventes a um

abaixamento no seu real valor e, por consequente, o teor de hidrogênio e oxigênio é

aumentado no composto analisado.

Absorção Eletrônica na Região do UV-visível

Após a descrição dos espectros dos ligantes (p.24) é feita uma comparação deles

com os seus respectivos complexos nas Figuras 19 e 20, onde os espectros no UV

encontram-se normalizados e superpostos, em cada série (a e b).

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

56

200 250 300 350 4000,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Abs

orbâ

ncia

(u.a

)

Comprimento de onda (nm)

NO

OO

Eu(H2O)2

NH

O

3

26a

Figura 19: Espectro de absorção no UV-visível do complexo Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O

(26a) em vermelho e do seu ligante livre 3-Bampic-NO (7a) em preto numa solução com MeOH.

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

57

210 240 270 300 330 360 3900,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Abs

orbâ

ncia

(u.a

)

Comprimento de onda (nm)

NO

OO

Eu(H2O)2

NH

O

3

26b

NO2

Figura 20: Espectro de absorção no UV-visível do complexo Eu(3-Nibampic-

NO)3.2H2O (26b) em vermelho e do seu ligante livre 3-Nibampic-NO (7b) em preto numa solução de MeOH.

Percebe-se, nas duas séries, um deslocamento das bandas no espectro do

complexo para região de maior energia, ou seja, de menor comprimento de onda,

quando comparado ao seu respectivo ligante livre.

Para a série a, o maior deslocamento entre as bandas do ligante (7a) e do

complexo (26a), ocorre em 334 nm, da ordem de 14 nm, servindo de indicativo da

coordenação deste ligante ao íon Eu+3. 13 A transição π → π* mais intensa no ligante

livre, (λmax = 256 nm) mostra-se mais alargada no complexo (λmax = 251 nm).

Quanto à série b, o número de bandas no espectro do ligante livre é maior,

perfazendo um total de quatro para apenas três no complexo correspondente. Isto sugere

a possibilidade de superposições de algumas bandas. Por outro lado, ocorre um razoável

deslocamento (cerca de 27 nm) da absorção de menor energia (λmax = 310 nm), no

espectro do complexo relacionado ao ombro (337 nm) em 7b.

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

58

A transição π → π* de maior energia 7b (λmax = 203 nm) apresenta-se mais

alargada e de maior intensidade no complexo (26b). Especula-se que isto pode estar

associado ao deslocamento da banda π → π* (λmax = 242 nm) no ligante livre para uma

região de maior energia quando complexado ao íon Eu3+,80 de forma que no complexo o

pico em 209 nm, provavelmente, é uma mistura de transições do tipo π → π*. Da

mesma maneira, o alargamento e a intensificação da transição de maior energia

(λmax = 334 nm) do ligante para o complexo pode ser atribuído a uma combinação de

transições π → π* e n → π*, que possivelmente ocorre quando a banda n → π* se

desloca para maior energia (λmax = 310 nm) no complexo.

Na Tabela 11 compara-se os dados dos complexos de Eu3+com o ácido

picolínico-N-óxido (2) e demais derivados carbometoxipiridina N-óxidos substituídos

na posição meta.

Tabela 11: Dados espectroscópicos de absorção no UV-visível dos derivados piridinacarboxilato-N-óxidos.

R λmáx (nm) Complexo λmáx (nm) Log ε

2a H **a 222,263,297 Eu(picNO)3.3H2O 217,263 −

3b NH2 **b 234,249,366 Eu(3-NH2pic-NO)3.2H2O 237,246,363 3.68

7a NHCOPh * 205,256,334 Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O 203,251,320 4.68

7b NHCO-p-NO2-Ph* 203,242,267,337 Eu(3-NiBampic-NO)3.2H2O 209,253,310 3.86

NO

OHO

R3

25c NHCOC11H23 ***c − ,243,330 Eu(3-NHCORpicNO)3.3H2O 246 4.95

(**).espectro de absorção obtido em etanol; (*) espectro de absorção obtido em metanol; a Ref. 74; b Ref. 13; c Ref. 75.

De modo geral, os espectros de absorção dos diferentes quelatos após

complexação com o íon lantanídico mostram deslocamentos das absorções para maior

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Capítulo 4 –Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

59

energia, característico de complexos com elevada luminescência.77 Os complexos com

as amidas (7a e 7b) apresentam o mesmo número de bandas e absortividades

aproximadas (Tabela 11: Dados espectroscópicos de absorção no UV-visível dos

derivados piridinacarboxilato-N-óxidos.

Entretanto, o poder de absorção do complexo com 25 (amida alifática) é muito

semelhante a estes, podendo arrolá-los, evidentemente, como mais promissores no

poder de luminescência que os complexos dos seus precursores (2 e 3).

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Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

60

Absorção Vibracional na Região do Infravermelho

Nas Tabela 12 e Tabela 13 encontram-se ordenadas as principais freqüências

dos espectros vibracionais na região do infravermelho do ligante 3-Bampic-NO (7a) e

seu complexo com európio (26a) e, do mesmo modo, do ligante3-Nibampic-NO (7b) e

o complexo (26b), respectivamente. Os espectros foram analisados em pastilha de KBr

e são mostrados na Figura 21 e Figura 22. Nelas, destacam-se o sinal característico da

absorção para cada composto individualmente, complexo e ligante de origem, além de

compará-los entre si.

Tabela 12: Principais frequências de absorção (em cm-1) no IV do ácido 3-Bampic-NO (7a) e do complexo Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a).

Atribuições 7a (cm-1) 26a (cm-1)

O−H (deformaçã axial simétrica), água ausente 3439

N−H (deformação axial) 3101 3100

C=O (deformação axial assimétrica) 1688 1688

NC=O (deformação axial), banda amida I 1652 1648

N−H (deformação angular), banda amida II 1539 1522

O−H (deformação angular), ácido 1375 ausente

C−O (deformação axial simétrica) 1274 1357

N−O (deformação axial) 1274 1218

Analisando o espectro de infravermelho do ligante 7a (Figura 21), observa-se

um pico intenso em 1688 cm-1 associado ao estiramento assimétrico da carbonila do

grupo carboxílico e um pico em 1274 cm-1 que é originário do estiramento simétrico

deste grupo e, provavelmente, também do grupo N−O.27 O pico relativo à absorção do

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Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

61

N−O encontra-se mascarado ao do C−O (pico alargado e intenso). Os picos de absorção

em 1652 e 1539 cm-1 são relacionados, respectivamente, aos estiramentos da carbonila e

N-H do grupo amida.

Entretanto, os picos relacionados aos estiramentos axiais de C−O e N−O,

encontram-se bastante deslocados após complexação, na ordem de +83 e –56 cm-1,

respectivamente. Esses deslocamentos, estão associados com a coordenação do íon

carboxilato 3-Bampic-NO ao cátion Eu3+ através dos átomos de oxigênio do grupo

carboxilato e N-óxido.13,14 Com a ausência do pico relativo ao estiramento O-H do ácido

no complexo 26a, a idéia de que o ânion carboxilato seja mesmo responsável por um

dos um dos sítios de coordenação de 7a é reforçada.

Ao contrário do que ocorre com os grupos funcionais supracitados, os picos das

carbonilas do ácido e da amida (banda amida I) são pouco influenciados pela

complexação. Desta forma, não podem ser distinguidos como prováveis sítios de

coordenação nesse ligante, visto que não há um registro significativo (tanto quanto os

anteriores) da variação da força de ligação C=O, nos dois casos.

Por outro lado, observa-se que o pico N−H (3100 cm-1) não se desloca ao passar

do ligante para o complexo, apesar de reduzir em muito a sua intensidade. Neste,

encontra-se situado em 3100 cm-1, diferentemente da região de vibração de um N−H

livre (3500 – 3400 cm-1). Isto deve-se, seguindo o mesmo raciocínio utilizado no caso

da conformação do ácido 7a (Figura 8b, p.32), à existência de uma ponte de hidrogênio

intramolecular entre o grupo N−H e a carbonila do carboxilato.

Outrossim, na região entre 3200 e 3500 cm-1, o espectro do complexo mostra

uma banda alargada que pode ser associada à presença de moléculas de água na esfera

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Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

62

Outrossim, na região entre 3200 e 3500 cm-1, o espectro do complexo mostra

uma banda alargada que pode ser associada à presença de moléculas de água na esfera

de coordenação do íon Eu3+. Para tanto, realizou-se uma análise no infravermelho do

complexo em emulsão de nujol e ficou confirmado que o pico em 3439 cm-1 no espectro

do complexo é proveniente do estiramento O-H da água coordenada ao íon Eu3+, em

concordância com os resultados termoanalíticos.

A partir desses resultados, pode-se concluir que o espectro do complexo (26a)

fornece boas evidências de que o íon metálico encontra-se coordenado ao ligante através

dos átomos de oxigênio dos grupos N−O e carboxílico, consonante com os complexos

de Eu3+ formados com o ligante ácido picolínico-N-óxido (2)74 e demais derivados

substituídos: 3-NH2pic-NO (3)13 e 3-NHCOC11H23pic-NO(OH) (25).75

Tabela 13: Principais frequências de absorção ( em cm-1) no IV do ácido 3-Nibampic-NO (7b) e do complexo Eu(3-Nibampic-NO)3.2H2O (26b).

Atribuições 7b (cm-1) 26b (cm-1)

O−H (deformaçã axial simétrica), água ausente 3439

N−H (deformação axial) 3106 3106

C=O (deformação axial assimétrica) 1695 1694

NC=O (deformação axial), banda amida I 1671 1659

N−H (deformação angular), banda amida II 1520 1522

O−H (deformação angular), ácido 1380 ausente

C−O (deformação axial simétrica) 1271 1350

N−O (deformação axial) 1270 1220

Examinando a Tabela 13, observa-se o deslocamento para maior freqüência

sofrido pelo modo vibracional do estiramento C−O, que vai de 1271 cm-1 no espectro do

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Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

63

ligante livre (7b) a 1350 cm-1 no complexo (26b). Esta observação, junto à ausência da

banda O−H no complexo, indica a complexação do ligante através do ânion carboxilato

com o íon Eu3+. Outrossim, o deslocamento do estiramento N−O, em torno de -50 cm-1,

bem mais acentuado que os demais deslocamentos, aponta esta função como o outro

sítio de coordenação desse ligante. Uma coordenação igual a que acontece com 7a, haja

vista a semelhança dos ligantes.

Entretanto os picos relacionados aos grupos N−H e ao CO2 assimétrico sugerem

ser pouco influenciados pela complexação, pelos mesmos motivos apresentados

anteriormente.

A banda alargada na região entre 3100 e 3550 que aparece exclusivamente no

espectro do complexo 26b pode ser atribuído a presença de água coordenada ao íon

metálico, posto que foi devidamente confirmada no complexo de infravermelho em

nujol.

Porquanto as freqüências principais nos espectros da série b foram deslocadas

com a mesma tendência apresentada na série a, concluí-se que 7b atua como um ligante

bidentado que pode coordenar-se ao íon Eu3+ da mesma forma que 7a, através dos

átomos de oxigênio dos grupos carboxilato e N-óxido. Esta conclusão é consistente com

a coordenação do íon Eu3+ com os compostos NH2pic-NO (3)13 e 3-NHCOC11H23pic-

NO(OH) (25),75 sintetizados no mesmo laboratório em que foram preparadas as duas

séries (a e b) em discussão.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

64

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

7a

26a ν(O-H)

ν(N-H)

ν(C-O)ν(NC=O)-II

ν(N-O)ν(NC=O)-I

ν(C=O)

Tran

smitâ

ncia

Número de onda (cm-1)

Figura 21: Espectros vibracionais na região do infravermelho do ligante 7a e seu respectivo complexo Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a).

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

7b

26b

ν(O-H)

ν(N-H)

ν(c-O) + ν(N-O)ν(NC=O)-II

ν(NC=O)-IνC=O)

Tran

smitâ

ncia

Número de onda (cm-1)

Figura 22: Espectros vibracionais na região do infravermelho do ligante 7b e seu respectivo complexo Eu(3-Nibampic-NO)3.2H2O (26b).

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Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

65

Modelagem Molecular

Os complexos de lantanídeos, na sua maioria, são difíceis de serem obtidos na

forma de monocristais.3 Por este motivo, torna-se experimentalmente impossível propor

uma geometria para estas moléculas, posto que a única técnica experimental disponível,

a cristalografia de raios-X, exige que o composto esteja na forma de cristais para

caracterizá-lo.

Entretanto, nos últimos anos, tem sido empregado um modelo semi-empírico

bastante útil na otimização de geometrias de coordenação dos compostos com

lantanídeos, conhecido como Modelo Sparkle.12 Ele foi desenvolvido no Departamento

de Química Fundamental (UFPE). Os parâmetros geométricos dos compostos são

obtidos através do programa SMLC/AM1, que consiste em modelar o íon lantanídeo

para um sparkle. Nele, o íon possui uma carga pontual +3e e a sua interação com o

ligante, considera-se essencialmente eletrostática.

Para a otimização das geometrias dos complexos 26a e 26b foi utilizado uma

nova versão do modelo de sparkles, o SMLC II implementado no programa

Mopac93R2, que conta com uma re-parametrização para o método AM1.81 A vantagem

dessa versão é que ela prediz com bastante sucesso geometrias de compostos com

número de coordenação 7, 8 e 9.

Porquanto não foi possível obter cristais apropriados para a determinação da

estrutura dos complexos Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a) e Eu(3-Nibampic-NO)3.2H2O

(26b) por difração de raios-X, principalmente devido ao fato de serem insolúveis, foi

aplicado o modelo sparkle, a fim de prever as suas geometrias dos estados

fundamentais.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

66

O modelo sparkle SMLC II/AM181 foi inicialmente aplicado no composto 26a.

A estrutura molecular do composto assim obtida é mostrada na Figura 23. Nela o íon

Eu3+ apresenta coordenação 8 e o poliedro de coordenação pode ser aproximadamente

descrito como um antiprisma quadrado. As distâncias dos oxigênios ligantes ao íon

európio estão delineadas na Tabela 1414.

Figura 23: Estrutura molecular do complexo Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a) obtida do modelo SMLC II /AM1.

Tabela 14: Distâncias interatômicas entre os oito oxigênios e o íon Eu3+ no composto Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a), obtida do modelo SMLC II /AM1.

Distância Eu3+O (A°)

Grupos COO- NO H2O

ligante 1 2.25 2.46

ligante 2 2.24 2.39

ligante 3 2.23 2.45

2.55 2.49

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Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

67

Observando a Figura 23, percebe-se que o ligante 7a conserva a sua planaridade

quando complexado ao íon Eu3+, em concordância com as conclusões relativas às

conformações dos ligantes (baseadas nas análises de RMN e IV).

O modelo SMLCII/AM1 foi posteriormente aplicado na previsão teórica da

geometria do segundo complexo em estudo, o composto Eu(3-Nibampic-NO)3.2H2O

(26b). A sua geometria otimizada está apresentada na Figura 9. Ele possui o mesmo

número de coordenação do composto 7a, oito. E, o arranjo espacial dos seus átomos

também conduz à figura de um antiprisma quadrado. As distâncias interatômicas entre o

íon Eu3+ e os átomos coordenantes em cada ligante, além das duas moléculas de água,

estão dispostas na Tabela 6.

Figura 24: Estrutura molecular do complexo Eu(3-NiBampic-NO)3.2H2O (26b) obtida do modelo SMLC II /AM1.

Page 89: Síntese e Estudo Espectroscópico de Complexos de … · 2O Tris(3-aminopicolinato-N-óxido)triaquo európio (III) Eu(3-NHCOC11H 23pic-NO) 3.3H 2O Tris(3-dodecanoilaminopicolinato-N-óxido)triaquo

Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

68

Tabela 15: Distâncias interatômicas entre os oito oxigênios e o íon Eu3+ no composto Eu(3-NiBampic-NO)3.2H2O (26b) obtidas do modelo SMLC II /AM1.

Distância Eu3+O (A°)

Grupos COO- NO H2O

ligante 1 2.25 2.46

ligante 2 2.24 2.39

ligante 3 2.23 2.45

2.54 2.48

Mediante os resultados teóricos apresentados na Tabela 14 e Tabela 15,

verifica-se que não há alteração das distâncias entre os oxigênios dos grupos COO- e

NO ao íon Eu3+, mesmo após ser introduzido o grupo NO2 no anel benzênico da amida

em 7b. Como também, manteve-se igual a proximidade entre o íon metálico e cada uma

das moléculas de água (≈ 2.54 e 2,48 Å). Isso pode ser devido ao modelo teórico prevê

somente a contribuição eletrostática na interação ligante-lantanídeo, desprezando o

caráter covalente destas ligações. Ou até mesmo o fato de que o grupo desativador

(NO2), encontra-se relativamente distante dos sítios de coordenação da molécula, por

consequente não influencia o comprimento das ligações Eu3+−O.

Somente depois de obter as geometrias otimizadas dos compostos Eu(3-Bampic-

NO)3.2H2O (26a) e Eu(3-Nibampic-NO)3.2H2O (26b) foi possível determinar a

estrutura eletrônica da parte orgânica destes complexos. Com base nessas geometrias,

aplicou-se o método INDO/S-CI implementado no programa ZINDO,82 conquistando os

níveis de energia teóricos, para cada ligante (7a e 7b).

Os espectros eletrônicos, experimental e teórico, dos complexos (26a e 26b) são

comparados na Figura 25 e Figura 26, respectivamente, observando uma boa

concordância tanto em relação ao número de bandas quanto às intensidades das

mesmas. Entretanto, o ligeiro deslocamento das bandas de absorção entre os espectros

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Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

69

não deve ser levado em consideração, haja vista o efeito do solvente que deve ser

significativo na comparação quantitativa de ambos os espectros.12

180 210 240 270 300 330 360 3900,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0A

bsor

bânc

ia (u

.a)

Comprimento de Onda (nm)

NO

OO

Eu(H2O)2

NH

O

3

26a

Figura 25: Espectro de UV-visível teórico (preto) e experimental (vermelho) do complexo Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (7a).

NO

OO

Eu(H2O)2

NH

O

3

27a

NO2

150 200 250 300 350 400 450 500

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Inte

nsid

ade

Rel

ativ

a

Comprimento de onda (nm)

Figura 26: Espectro de UV-visível teórico (preto) e experimental (vermelho) do complexo Eu(3-Nibampic-NO)3.2H2O (7b)

Page 91: Síntese e Estudo Espectroscópico de Complexos de … · 2O Tris(3-aminopicolinato-N-óxido)triaquo európio (III) Eu(3-NHCOC11H 23pic-NO) 3.3H 2O Tris(3-dodecanoilaminopicolinato-N-óxido)triaquo

Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

70

De acordo com os cálculos dos estados excitados dos ligantes (7a e 7b) nos

complexos (26a e 26b), foram estimadas as posições energéticas dos estados tripletos de

mais baixa energia em cada ligante (E7a = 19567.5 cm-1, E7b = 20485.2 cm-1). O estado

tripleto é o responsável para transferir energia da parte orgânica do composto ao íon

metálico.2 E, como era de se esperar, a posição do tripleto foi modificada apresentando

uma diferença de quase 1000 cm-1 entre os dois ligantes. Conforme a expectativa deste

trabalho, isso é devido ao sustituinte NO2 em uma das amidas, igualmente ao que

acontece com os complexos lantanídicos de β-dicetonas substituídas (30).60 Neles, a

mudança do substituinte (mediante síntese) diretamente no arranjo β-dicetona ou mais

afastado, isto é, num anel benzênico ligado a esse arranjo, influencia modificando a

posição do estado tripleto.

C O

M/3

O

C

R

H

R'

8

onde R = CH3, CF3, Ph, antraceno e fenantrolina, e R’ = Ph, p-NO2-Ph, p-Br-Ph, p-Cl-

Ph, p-Ph-Ph, p-F-Ph, etc.

A energia do estado tripleto de mais baixa energia para o ligante 7a foi também

determinada experimentalmente através do espectro de emissão do complexo desse

ligante com o íon gadolínio (Gd3+). O valor encontrado foi E7a ≅ 19230.7 cm-1. Em vista

disso, pode-se afirmar que existe uma boa concordância entre o estado excitado

calculado. e o experimental para o composto Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a).

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Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

71

Todas as previsões teóricas descritas acima foram, gentilmente, realizadas pelo

aluno de doutorado Gerd Bruno da Rocha (DQF-UFPE), co-autor da nova versão do

modelo sparkle, SMLCII/AM1.

Espectroscopia de Luminescência

As figuras 27 e 28 mostram os espectros de emissão do complexo Eu(3-

Bampic-NO)3.2H2O (26a), à temperatura ambiente (298 K) e 77 K, respectivamente,

obtidos no estado sólido através da excitação em 330 nm. Nesse comprimento de onda,

atingiu-se a máxima intensidade nas transições 4f-4f. Os espectros de emissão do

complexo Eu(3-Ni-bampic-NO)3.2H2O (26b), submetido às mesmas condições que 26a,

são dispostos nas Figuras 29 e 30. Acompanha-se melhor as informações dos espectros

através da Tabela 16, que explicita as linhas individuais observadas em cada um dos

espectros.

Em todos os espectros são observadas as transições do estado excitado 5D0 aos

estados 7F0,7F1, 7F2, 7F3 e 7F4. A transição mais intensa é, portanto, a 5D0 → 7F2 seguida

por 5D0 → 7F4 , 5D0 → 7F1 e por último, a de mais baixa intensidade 5D0 → 7 F3.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

72

Tabela 16: Linhas individuais de luminescência dos complexos Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a) e Eu(3-Nibampic-NO)3.2H2O (26b).

Transição do íon Eu3+ λmax (Å) complexo 26a

complexo 26b

5D0 → 7F0 5767 - - -

5791 (5794)

5766 - - -

5791 (5794)

5D0 → 7F1 - - - (5900)

5905 (5910)

- - - (5930)

5942 (5946)

5904 (5900)

- - - (5910)

- - - (5924)

5937 (5948)

5D0 → 7F2 6118 (6116)

- - - (6136)

- - - (6166)

6190 (6190)

6117 (6118)

- - - (6140)

- - - (6148)

6161 (6164)

- - - (6184)

- - - (6190)

5D0 → 7F3 6500 (6504) 6505 (6500)

- - - (6522)

5D0 → 7F4 6896 (6896)

- - - (6906)

- - - (6942)

- - - (6960)

6972 (6974)

6999 (7010)

7059 - - -

- - - (6864)

6900 (6896)

- - - (6908)

6950 (6956)

6973 (6972)

6996 - - -

7012 (7012)

Os valores entre parênteses correspondem aos espectros à 77 K.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

73

Na região da transição 5D0 → 7F2 para o complexo 26a, à T = 298 K, observa-se

praticamente duas linhas em 6118 e 6190 Å. Para a transição 5D0 → 7F1, duas linhas em

5905 e 5942 Å e cerca de quatro linhas na região da transição 5D0 → 7F4. A transição

5D0 → 7F0 mostra um ombro (5750-5850 Å), e ao ser melhor investigada verifica-se

que, na realidade, ela apresenta-se desdobrada em duas linhas. Isso pode ser atribuído à

existência de mais de um tipo de ligante (7a ou 7b e H2O) com diferentes sítios de

ligação, que, não somente promovem um abaixamento da simetria ao redor do íon Eu3+

em 26a, como também favorecem a formação de mais de uma espécie luminescente.83

Quanto ao espectro de 26b, na mesma temperatura (298 K), observa-se

praticamente duas linhas na transição de maior intensidade (5D0 → 7F2). Na transição

5D0 → 7F1, aparecem também duas linhas, em 5904 e 5937 Å, além de cerca de três

máximos e dois ombros provenientes da transição 5D0 → 7F4. E, semelhantemente ao

espectro de 26a, a aparência de uma linha larga, fraca e levemente assimétrica à

transição 5D0 → 7F0, é do mesmo modo, indicativo da presença de mais de uma espécie

luminescente provavelmente proporcionada pela existência de mais de um tipo de

isômero misturado. 83Quando o espectro de luminescência obtido em 77 K e à

temperatura ambiente (298 K), são comparados, nota-se uma melhor resolução das

linhas à baixa temperatura, além de um maior desdobramento do campo cristalino, não

apenas em 5D0 → 7F2, mas também nas demais transições, como é o caso das linhas

centradas em torno da transição 5D0 → 7F4 para 26b, que se desdobram em seis, no

lugar das quatro apresentadas no espectro à 298 K.

Não obstante, nos espectros à 77 K (Figuras 28 e 30), a transição 5D0 → 7F1

aparece com mais de três linhas, sugerindo a coexistência de isômeros e de uma baixa

simetria em torno do íon Eu3+. Um comportamento semelhante é observado para o

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Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

74

complexo Eu(3-NH2pic)3.2H2O, sem o grupo N-O, que possui a mesma coordenação

8.13

5800 6000 6200 6400 6600 6800 7000 72000

120000

Comprimento de onda (�)

5 D0

7 F 4

7 F 3

7 F 2

5 D0

5 D0

5 D0

7 F 0

7 F 15 D

0

Inte

nsid

ade

de e

mis

são

(u.a

)

5700 5730 5760

NO

OO

Eu(H2O)2

NH

O

3

26a

Figura 27: Espectro de luminescência do Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a) a

298 K

5800 6000 6200 6400 6600 6800 7000 72000

120000

Comprimento de onda (�)

5 D0

7 F 4

7 F 3

7 F 2

5 D0

5 D0

5 D0

7 F 0

7 F 15 D

0

Inte

nsid

ade

de e

mis

são

(u.a

)

5700 5730 5760

NO

OO

Eu(H2O)2

NH

O

3

26a

Figura 28: Espectro de luminescência do Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a) à 77 K.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

75

5800 6000 6200 6400 6600 6800 7000 7200

Comprimento de onda (�)

7 F 4

7 F 3

7 F 2

7 F 0

5 D0

5 D0

5 D0

5 D0

7 F 15 D

0

Inte

nsid

ade

de e

mis

são

(u.a

.)

5700 5730 5760 5790 5820

NO

OO

Eu(H2O)2

NH

O

3

26b

NO2

Figura 29: Espectro de emissão do Eu(3-Nibampic-NO)3.2H2O (26b) à 298 K.

5800 6000 6200 6400 6600 6800 7000 7200

Comprimento de onda (�)

5 D0

7 F 0

7 F 4

7 F 3

7 F 2

5 D0

5 D0

5 D0

7 F 1

5 D0

Inte

nsid

ade

de E

mis

são

(u.a

)

5700 5730 5760 5790 5820

NO

OO

Eu(H2O)2

NH

O

3

26b

NO2

Figura 30: Espectro de emissão do Eu(3-Nibampic-NO)3.2H2O (26b) à 77 K.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

76

Conforme pode ser observado da Figura 27 a Figura 30, as linhas nos espectros

de emissão (à 77 e 298 K) são largas, em vez de finas, característico da emissão do íon

Eu3+.47 Isto pode ser atribuído à síntese dos complexos (26a e 26b), posto que eles

precipitavam muito rápido (síntese, p.42) e, provavelmente, formavam uma mistura de

estereoisômeros durante a síntese. Logo, como resultado da emissão de diferentes,

porém aproximadas, freqüências, verifica-se o alargamento das linhas, naturalmente

induzido pelas diferenças (embora pequenas) no campo molecular destes isômeros.60

Por consequente, a transição hipersensível 5D0 → 7F2 é ligeiramente alargada nos

espectros de 26b, bem como reduzida na sua intensidade (Tabela 17). Deve-se isso à

mudança na estrutura do ligante, isto é, da adicional introdução do substituinte –para

elétron-retirador (NO2) na amida aromática, tal qual a abordagem similar feita com as β-

dicetonas substituídas. De acordo com ela, qualquer mudança por exemplo na estrutura

do dibenzoilmetano promove variações na intensidade, desdobramento e largura das

linhas individuais dos espectros.60 Portanto, na Tabela 17, a intensidade relativa para

cada transição (à 298 K) é expressa em percentagem total de emissão.

Tabela 17: Intensidades relativas expressas em percentagem da emissão total (%) para as transições nos espectros dos complexos Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a) e Eu(3-Nibampic-NO)3.2H2O (26b) a 298 K.

Intensidade Relativa (%) Desvio Transição do Íon Eu3+ 26a 26b 26a → 26b

5D0 → 7F0 0.6 1.3 + 116 %

5D0 → 7F1 8.7 12.4 + 42 %

5D0 → 7F2 67.5 63.5 - 6 %

5D0 → 7F3 1.5 1.9 + 27 %

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Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

77

5D0 → 7F4 17.8 16.1 - 10 %

Analisando a Tabela 17, observa-se que as transições mais intensas 5D0 → 7F2 e

5D0 → 7F4 diminuem a sua intensidade com a substituição do grupo nitro em 26b, no

entanto, a linha 0 → 0 é intensificada, comprovando assim que a natureza do ligante

(principalmente do substituinte) influencia na intensidade das linhas, conforme o que

acontece nos complexos de Eu3+ das β-dicetonas substituídas.

Com efeito, a partir da relação entre as áreas (razão η12, Tabela 1) das transições

5D0 → 7F2 e 5D0 → 7F1, pode-se inferir o efeito dos ligantes (7a e 7b) na intensidade da

transição hipersensível 5D0 → 7F2, visto que esta pode alterar a sua intensidade devido à

modificações na estrutura ao redor do íon metálico.84 De modo geral, quanto maior o

parâmetro η12, menor é a simetria do complexo de Eu3+ e maior o grau de covalência na

interação ligante-metal.85

Tabela 1: Razão (η12) entre as intensidades das transições 5D0 → 7F2 e 5D0 → 7F1 nos espectros de luminescência dos complexos Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a) e Eu(3-Nibampic-NO)3.2H2O (26b).

Complexo η12 (298 K) η12 (77 K)

Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a) 7.74 6.12

Eu(3-NiBampic-NO)3.2H2O (26b) 5.14 4.22

Mediante os resultados da Tabela 1, concluí-se que o complexo (26a), que não

possui na estrutura do seu ligante o grupo NO2, apresenta maior caráter covalente na

ligação O−Eu3+ do complexo do que o similar 26b. Isto corresponde à expectativa,

posto que o substituinte NO2, sendo essencialmente um grupo retirador de elétrons, deve

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Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

78

agir diminuindo a densidade eletrônica e, consequentemente reduzindo o grau de

covalência na ligação citada anteriormente. Além disso, os valores mais altos de η12

para 26a, indicam que a estrutura deste complexo apresenta simetria mais baixa do que

a do outro complexo (26b).

Em suma, as observações com respeito ao número de linhas das transições

5D0 → 7F0,1,2 (Tabela 16) e a relação de intensidade entre as linhas, bem como do

número de coordenação 8, sugere uma simetria pontual baixa do tipo Cs ou C1 ao redor

do Eu3+ nos complexos Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a) e Eu(3-NiBampic-NO)3.2H2O

(26b).

Medidas dos Tempos de Vida (τ) dos Estados Excitados

Os tempos de vida dos estados excitados 5D0 (de 5D0 para o 7F2), para os

complexos de európio (26a e 26b) foram obtidas a 298 e 77 K, por métodos

espectrocópicos.85 Seus valores são medidos através das curvas de decaimento dos

complexos exibidos da Figura 31 a 33. Os resultados estão dispostos na Tabela 19.

Tabela 19: Tempos de vida dos complexos 26a e 26b analisados no estado sólido à 298 e 77 K a partir do monitoramento em 616 nm (máxima emissão).

Complexo Tempo de vida (µs) τ(298 K) τ(77 K)

Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a) 698 819

Eu(3-NiBampic-NO)3.2H2O (26b) 723 −

Eu(3-NHCORpic-NO)3.3H2O (25) 608 684

Eu(3-NH2pic-NO)3.3H2O (3) 615 1004

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Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

79

Os resultados (Tabela 19) mostram valores para τ da ordem de 10-4 s. Verifica-

se que quando os ligantes 26b são substituídos pelos ligantes (3-Bampic-NO, 7a), no

então complexo 26a, a contribuição radiativa (emissão de fótons) para o tempo de vida

do estado 5D0 decresce, enquanto as contribuições não-radiativas (relaxação multifônon,

cruzamento inter-sistema, transferência de energia) crescem. Esta è uma observação

qualitativa, analisada pela queda suave nos valores de τ (τ26b = 728 → τ26a = 698 à

298 K).

Trabalhos recentes com derivados piridina-N-óxidos12,13,74 afirmam que a

presença do grupo N−O nesses ligantes, minimizam as contribuições provenientes de

acoplamentos vibracionais (principalmente dos grupos O−H das águas coordenadas) e

que por sua vez, ajudam a intensificar a luminescência dos complexos lantanídicos. Isto

é observado com os tempos de vida concernentes aos complexos (26a e 26b), superiores

aos dos complexos Eu(3-NH2pic-NO)3.2H2O (3) e Eu(3-NHCOC11H23picNO)3.3H2O

(25). Este último possui uma amida alifática, no lugar da aromática em 26a e 26b.

Sabe-se que os complexos de Eu3+ com ligantes conhecidos como “gaiolas”

(macromoléculas de interesse biológico)86 possuem um tempo de vida superior a 1.0 ms.

Os sistemas até então apresentados, não chegaram a esse valor. Uma justificativa para a

supressão no tempo de decaimento desses sistemas (complexos 26a e 26b) diz respeito

ao número de moléculas (dois) de águas existentes na primeira esfera de coordenação.

Já as “gaiolas”, intencionalmente sintetizadas com a finalidade de proteger o íon

metálico das moléculas de solvente (H2O), diminuem a probabilidade de decaimento

não-radiativo de energia via acoplamento do estado excitado do íon com modos

vibracionais dos solventes.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

80

0 2 4 6 8 10

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4 Fit y0+A1e^(-(x-x0)/t1) to I2C111TA_B:y0 0 0x0 0 0A1 0,43157 0,00526t1 6,9833E-4 1,13406E-5

Inte

nsid

ade

(u.a

.)

Tempo (ms)

Figura 31: Curva de decaimento para o complexo Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a) a

298 K.

0 2 4 6 8 10

0,00

0,01

0,02

0,03

0,04Fit y0+A1e^(-(x-x0)/t1) to I2C111TN_B:y0 0 0x0 0 0A1 0,04722 5,5369E-4t1 8,19007E-4 1,29193E-5

Inte

nsid

ade

(u.a

)

Tempo (ms)

Figura 32: Curva de decaimento para o complexo Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a) a

77 K.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

81

0,000000000 2,000000095 4,000000190 6,000000285 8,000000380 10,000000475

0,000

0,002

0,004

0,006

0,008

0,010

0,012

Fit y0+A1e^(-(x-x0)/t1) to I2C213TA_S2AA:y0 -6,23373E-4 0x0 0 0A1 0,01452 6,12429E-4t1 7,23942E-4 3,65804E-5

Inte

nsid

ade

(u.a

.)

Tempo (ms)

Figura 33: Curva de decaimento para o complexo Eu(3-Nibampic-NO)3.2H2O (26b) a 298 K.

Análise do Mecanismo de Transferência de Energia

O propósito inicial deste trabalho era verificar se a mudança do substituinte NO2

(relativamente distante do anel piridínico) na função amida, alteraria a posição do

estado tripleto e, por sua vez a eficiência no processo de transferência de energia dos

complexos de Eu3+ (26a e 26b).

Por conseguinte, partiu-se para a determinação das posições relativas dos estados

eletrônicos excitados das moléculas orgânicas 3-Bampic-NO (7a) e 3-Nibampic-NO

(7b). Somente com estes resultados, pode-se avaliar quais níveis no ligante estão em

boas condições de ressonância com os níveis do íon Eu3+ e, consequentemente, vir a

conhecer os níveis que podem transferir ou receber energia do íon central.

As medidas experimentais das posições dos estados singletos foram obtidas do

espectro de absorção do complexo com Eu3+ (Figura 19 e Figura 20, p.Erro!

Indicador não definido.). A posição do estado excitado de mais baixa energia, o estado

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Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

82

tripleto, foi obtido do espectro de fosforescência do complexo com o íon Gd3+, que a

princípio é opticamente inativo na região do visível.

Energia do Estado Tripleto

O espectro de emissão (fosforescência) do complexo de Gd(3-Bampic-

NO)3.nH2O (27a) foi medido a 77 K). Uma banda de emissão larga foi observada na

região aproximada de 458-650 nm e o tempo-de-vida experimental (Figura 17)

analisado para este estado foi da ordem de 10-4 s (Tabela 20), sendo atribuído, portanto,

a um estado excitado tripleto (3ππ*).87

Para inferir uma posição da energia do estado tripleto mais baixo, escolheu-se

um máximo de emissão no complexo (27a) em cerca de 522 nm. Partindo do máximo, o

valor experimental deve se aproximar do tripleto teórico, já que lá (no programa

computacional) não existem largura de bandas e a interação com a vizinhança (solvente,

etc.) não são incluídas.

NO

OHO

NH

O

7a

400 450 500 550 600 650 7000

100000

Inte

nsid

ade

(u.a

.)

Comprimento de onda (nm)

Figura 34: Espectro de emissão do complexo Gd(3-Bampic-NO)3.2H2O (27a) a 77 K.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

83

0,0000 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,00100,000

0,005

0,010

0,015

0,020 Fit y0+A1e^(-(x-x0)/t1) to I2C1GD2_B:y0 0 0x0 0 0A1 0,02072 4,39236E-4t1 3,14442E-4 9,50173E-6

Inte

nsid

ade

(u.a

)

Tempo (s)

Figura 35: Curva de decaimento para o complexo Gd(3-Bampic-NO)3.2H2O (27a)

77 K.

Tabela 20: Energia do estado tripleto (experimental) do complexo Gd(3-Bampic-NO)3.nH2O (27a).

Composto Energia (cm-1) τ (µs)

Gd(3-Bampic-NO)3.2H2O (27a) 19230 314

O tempo de vida de da fosforescência (T1 → S0) para sistemas orgânicos é da

ordem de microsegundos (µs) ou maior, portanto, o valor de energia obtido (Tabela 20)

para o espectro de emissão de 27a, corresponde ao estado excitado tripleto (T1).87

Diagramas de Níveis de Energia dos Complexos (26a e 26b)

Os diagramas de níveis de energia dos estados excitados dos ligantes 3-Bampic-

NO (7a), 3-Nibampic-NO (7b) e do íon Eu3+ estão esquematizado na Figura 36 e

Figura 37. Apenas foram considerados os níveis do ligante que estão em condições de

ressonância com os do íon Eu3+. Os níveis de energia teóricos são acrescentados no

diagrama e foram calculados pelo modelo sparkle).

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Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

84

No caso do composto Eu(3-Nibampic-NO)3.nH2O (26b), foi considerado o estado

tripleto teórico.

Os dados experimentais observados no diagrama (Figura 36) revela que o

estado tripleto excitado mais baixo do ligante (E7a = 19230 cm-1) está posicionado

160 cm-1 acima do nível 5D1 (E = 19070 cm-1), no complexo (26a). Portanto, em melhor

condição de ressonância com o nível 5D1 do que com o 5D0 (E = 17200 cm-1) no íon

Eu3+. Isto propõe que a energia de excitação é transferida do estado tripleto do ligante

para o nível 5D0 via o nível 5D1 do íon Eu3+.

A evidência da participação do estado tripleto no processo de transferência de

energia T1(3-Bampic-NO) → 5D1(Eu3+) sugere um mecanismo51,55 que pode ser descrito

seqüencialmente (de forma sintonizada) nas seguintes etapas (Figura 36):

i. absorção da luz UV pelo ligante e consequente promoção dos elétrons para o

singleto excitado S1;

ii. O estado tripleto T1 é populado através do decaimento não-radiativo do estado

excitado S1;

iii. Tranferência de energia de T1 para o estado excitado mais próximo, 5D1 do íon

emissor;

iv. O estado 5D1 decai não-radiativamente para 5D0, que é o de menor energia no íon

Eu3+;

v. Emissão da energia de 5D0 ao estado fundamental 7FJ do íon metálico

(luminescência).

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Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

85

14

16

18

20

22

24

26

28

30

32S1(exp)

T1(exp)5D1

5D0

7FJ

T1(teo)

S0

S1(teo)

Ene

rgia

x 1

03 (cm

-1)

Figura 36: Diagrama de energia do complexo Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a). Os níveis energéticos com subíndices “exp” correspondem aos níveis experimentais e com subíndices “teo”, os níveis calculados.

14

16

18

20

22

24

26

28

30

32

34

7FJ

5D0

5D1

T1(teo)

S1(teo)

S1(exp)

S0

Ene

rgia

x 1

03 (cm

-1)

Figura 37: Diagrama de energia do complexo Eu(3-Nibampic-NO)3.2H2O (26b). Os níveis energéticos calculados possuem subíndices “teo”.

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Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

86

Conforme pode ser visto na Figura 36 e Figura 37, os valores dos níveis de

energia teóricos nos dois complexos (26a e 26b), mantém sempre uma diferença de

±1000 cm-1. Contudo, os processos físicos de transferência de energia destes devem

assemelhar-se ao então descrito para 26a (experimentalmente), visto que os tripletos

calculados (E7a = 19567 cm-1; E7b = 20485 cm-1) são, do mesmo modo, mais ressonantes

com o estado emissor 5D1 do íon central.

Teoricamente, o tripleto excitado mais baixo do complexo (26b) cujo ligante

possui o substituinte nitro, apresenta uma maior diferença (1415 cm-1) de energia com o

nível 5D1 do que o complexo 26a. Isto indica que o tripleto em 26a encontra-se numa

posição de maior proximidade (ressonância) com o nível do íon emissor, comprovando

que a ausência do NO2 na amida (26a) influência de tal modo a possibilitar uma maior

proximidade dos estados eletrônicos envolvidos no processo de transferência de energia.

Sabe-se que a emissão de luz no visível pelo íon Eu3+ é o resultado do

cruzamento inter-sistema do singleto excitado e da competitiva desativação do tripleto

mais baixo por um processo radiativo (fosforescência) e acoplamento vibracional não-

radiativo com o ambiente.60 Um cruzamento inter-sistema ineficiente somado a uma

desativação não-radiativa por parte do tripleto, reduz a quantidade de luz emitida pelo

íon metálico. Logo, o fato do tripleto em 26b está mais distante do nível 5D1, deve

proporcionar uma desativação não-radiativa nesse caso, diminuindo, por sua vez, a

intensidade de luminescência do complexo que apresenta o grupo NO2.

Apesar da não obtenção do tripleto experimental para o complexo (26b), têm-se

a posição do singleto excitado (E = 32258 cm-1) de mais baixa energia, extraída da

absorção deste complexo. Quando são comparados os dois diagramas, observa-se que a

diferença entre os singletos experimentais (e também teóricos) dos dois complexos é de

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Capítulo 4 – Resultados e Discussão _____________________________________________________________________________________

87

aproximadamente 1000 cm-1 e, como a diferença entre os tripletos teóricos

possivelmente seria dessa mesma ordem, o valor experimental do tripleto (não obtido

para 26b), provavelmente, estaria na faixa de 20200 cm-1, confirmando a conclusão

anterior.

Medidas de Rendimento Quântico de Emissão

Com a finalidade de avaliar a eficiência do processo de conversão de luz dos

complexos de európio com os ligantes 3-Bampic-NO (7a) e 3-Nibampic-NO (7b),

foram calculados os valores dos rendimentos quânticos (q) dos respectivos complexos

(Tabela 15). Estes foram medidos mediante o uso do salicilato de sódio como padrão

(q = 55%), e tendo como padrão de reflectância (branco),o MgO.88 Na realização das

medidas, foram fixados o comprimentos de onda de excitação em 365 nm.

Tabela 21: Rendimentos quânticos dos complexos Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a) e Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (7b).

Complexo Rendimento quântico, q (%)

Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O (26a) 7

Eu(3-Nibampic-NO)3.2H2O (26b) 6

Os dados da eficiência quântica dos complexos são da mesma magnitude. Os

baixos valores apresentados com estes compostos (26a e 26b) pode ser atribuído à

questão de impurezas (até mesmo a presença de algum ligantes livre)75 e talvez ao

caráter higroscópico deste material, sugerido pela análise TGA.

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CAPÍTULO 5 CONCLUSÃO E PERSPECTIVAS

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Capítulo 5- Conclusão e Perspectivas _____________________________________________________________________________________

88

5. CONCLUSÃO E PERSPECTIVAS

A despeito dos experimentos (p.43) realizados para otimizar a síntese dos

complexos (26a e 26b), estes continuam cristalizando muito rapidamente. Acredita-se

que eles possuem mais de uma geometria de coordenação, justificada, em parte, pela

síntese (rápida precipitação).

Esperava-se que os complexos (26a e 26b) sintetizados fossem mais solúveis

que o de referência 3, no entanto, a prática revelou exatamente o contrário. Apesar dos

inúmeros testes, ainda não foi encontrado um solvente ou uma mistura de solventes

capaz de solubilizar os complexos 26a e 26b, contendo os grupos benzoilamida. Por

esse motivo, não foi possível determinar as suas geometrias através da difração de raios-

X, já que não foi permitido cristalizá-los.

Entretanto, a fórmula mínima para o complexo 26a, Eu(3-Bampic-NO)3.2H2O,

foi deduzida com o auxílio da análise TGA. Sendo assim, atribuiu-se aos desvios das

análises elementares (C,H e N) dos complexos, a presença de umidade, confirmada pela

técnica DTA, além, da já citada formação de isômeros dos compostos.

Os picos (dos espectros de infravermelho) relativos aos estiramentos axiais C−O

e N−O nos ligantes (7a e 7b) são bastante deslocados nos espectros dos complexos com

os íons Eu3+ e Gd3+, indicando que a coordenação dos íons se dá pelos oxigênios dos

grupos supracitados, concernentes de ligantes bidentados. Do mesmo modo, as bandas

de absorção nos espectros de UV-visível, apresentam-se deslocadas dos ligantes para os

complexos, reforçando a ocorrência da complexação. Corroborando com esses

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Capítulo 5- Conclusão e Perspectivas _____________________________________________________________________________________

89

argumentos, têm-se o fato de que os espectros eletrônicos calculados mostraram boa

concordância com os experimentais.

As análises dos espectros de luminescência de 26a e 26b indicam claramente a

existência de uma mistura de isômeros relacionada aos complexos. Desta forma, os

espectros mostram linhas de emissão alargadas devido aos modos vibracionais variados

das espécies emissoras e, especificamente a linha 5D0→7F0 (característica de um estado

eletrônico singleto) apresenta-se desdobrada. A baixa simetria dos compostos foram

atribuídas ao grau de desdobramento das linhas, principalmente a que corresponde à

transição 5D0 → 7F1. Destaca-se aqui um abaixamento da simetria dos compostos 26a e

26b com relação ao seu precursor 11b. A presença de mais de uma espécie

luminescente em ambos os complexos de európio sintetizados torna seu estudo e

caracterização mais complexos.

Há um registro da variação nas intensidades das transições 5D0 → 7F2,4,6 (de

dipolo elétrico) indo de 26a para 26b. Partindo do princípio de que elas são bastante

sensíveis às estruturas dos ligantes e à simetria do campo cristalino,89 este

comportamento pode ser atribuído à substiuição para nitro no grupamento amídico do

ligante (7b) deste complexo (26b).

De acordo com os resultados espectroscópicos, o composto 26a apresenta um

maior caráter covalente da ligação ligante-metal que o complexo com a função NO2

(26b). A posição do nível excitado tripleto dos ligantes nos complexos (26a e 26b)

sugerem uma boa ressonância com o estado 5D1 do íon emissor, evidenciando, portanto,

que a transferência de energia do ligante ao íon ocorre via T1 → 5D1, nos dois casos.

Porém, a previsão teórica indica que em 26a, esta ressonância é mais eficiente e, de

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Capítulo 5- Conclusão e Perspectivas _____________________________________________________________________________________

90

igual modo, pode ser justificada pelo efeito da mudança do substituinte (ainda que

relativamente distante dos sítios de complexação).

Mediante todas essas considerações, vê-se que os estudos realizados até o

momento com os complexos 3-arilamidopicolínico-N-óxidos contribui

significativamente na química dos lantanídeos, acrescentando mais um parâmetro de

correlação na classe picolínico-N-óxido. Porém, faz-se necessário aprimorar o

conhecimento desses compostos. E, nesse intuito, sugere-se as seguintes propostas:

♦ Obter os parâmetros de intensidade teóricos e experimentais das transições 4f-4f

nos complexos sintetizados (26a e 26b) para uma descrição adequada do campo

ligante em cada composto.

♦ Identificar a posição do tripleto excitado do ligante (7b) através do espectro de

emissão do seu respectivo complexo com o íon Gd3+, fundamentando o resultado

teórico obtido. Deste modo, poderão ser feitos estudos comparativos com os

outros ligantes até então sintetizados da classe picolínica-N-óxido, e por

consequente precisar o efeito da mudança dos substituintes no processo de

transferência de energia ligante-metal.

♦ Otimizar as sínteses dos complexos dos ligantes (7a e 26b) com os íon Eu3+ e

Gd3+ visando uma cristalização mais lenta no decorrer da síntese. Isto poderia

proporcionar uma recristalização do produto.

♦ Repetir as medidas dos rendimentos quânticos após a obtenção dos compostos

na forma de cristais, evitando assim que as impurezas condicionem a resultados

irreais. Isso foi observado com os cálculos dos rendimentos quânticos para o

complexo similar 25.75

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Capítulo 5- Conclusão e Perspectivas _____________________________________________________________________________________

91

♦ Sintetizar novos complexos de lantanídeos, além dos citados, priorizando a

substiuição das moléculas de água existentes na primeira esfera de coordenação

dos complexos já preparados (26a e 26b) por ligantes do tipo “heterobiaril”.

♦ Determinar quantitativamente os sítios cristalográficos nos complexos (26a e

26b) por meio da excitação seletiva da transição 5D0 → 7F0.

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CAPÍTULO 6 PARTE EXPERIMENTAL

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Capítulo 6 – Parte Experimental _____________________________________________________________________________________

93

6. PARTE EXPERIMENTAL

Todos os reagentes necessários para a execução desse trabalho são disponíveis

comercialmente, com exceção das soluções etanólicas de Eu(ClO4)3 e Gd(ClO4)3 que

foram preparadas conforme a metodologia padrão13 e do 3-amino-2-carbometoxipiridina

(15) cedido pela Sandoz.

Os solventes utilizados foram empregados sem nenhuma purificação adicional,

ressaltando a pureza do etanol (P.A. 95 %, da MercK) utilizado na síntese dos

complexos Para a evaporação dos solventes foi utilizado um evaporador rotatório do

tipo Buchi Rotavapor 134 conectado a uma bomba de vácuo.

As cromatografias em camada delgada foram realizadas em placas prontas de

plástico da Macherey-Nagel, sílica-gel UV254(Duren/Alemanha), utilizando a luz

ultravioleta como reveladora. Nas cromatografias em colunas empregou-se sílica-gel 60

(230 – 400 mesh ASTM) produzida pela Merck.

Os pontos de fusão foram obtidos num aparelho digital da Electrothermal

modelo 9100 e série IA9100 e IA9200 com resolução de 0.1°C e precisão de 0.5°C . Os

espectros de massa, num espectrômetro de massa Finnigan GCQ Mat modelo Íon Trap,

utilizando-se injeção de amostras através de um cromatógrafo a gás ou por inserção

direta.

Os espectros de absorção no infravermelho (IV) foram registrados nos

espectrofotômetros com transformada de Fourrier da Brucker modelo IFS66 FT-IR com

o uso das técnicas em pastilhas de KBr, em emulsões com nujol sobre janelas de NaCl,

ou em solução de diclorometano (CH2Cl2 0.5-2 %) na UFPE. Todos os espectros

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Capítulo 6 – Parte Experimental _____________________________________________________________________________________

94

obtidos em solução foram analisados na Novartis Pharma AG (Suíça). Os espectros de

ressonância magnética nuclear foram obtidos num espectrofotrômetro da Varian

Modelo Unit Plus-300, utilizando-se TMS como referência e o solvente CDCl3 na

dissolução das amostras.

Os espectros de luminescência foram obtidos com um espectrofotômetro Jobin-

Yvon modelo H-10 e um monocromador duplo Ramanor U1000 com resolução de

5 cm-1. A excitação foi feita com uma lâmpada de 150 W, e o sinal da luminescência foi

detectado por uma fotomultiplicadora modelo RCA C31034-02, Yvon Spectralink. As

medidas realizadas a 77 K foram feitas em ampolas de quartzo cerca de 3 cm de

diâmetro, dispostas em um Dewar de quartzo contendo N2 líquido.

Medidas de tempo-de-vida (τ) foram realizadas usando-se a mesma configuração

dos sistemas de medidas dos espectros de luminescência. A amostra foi excitada através

de um laser de nitrogênio modelo VSL 337ND da Laser Science Inc. A

fotomultiplicadora modelo IP285 HAMAMATSU foi acoplada a um

minimonocromador modelo H-10 da Jobin Yvon. As curvas de decaimento obtidas

foram registradas por um integrador e analisador de sinais Boxcar EG&G Princeton

App. Research.

O instrumento utilizado para a obtenção dos espectros de absorção ultravioleta

(UV) foi um espectrofotômetro Perkin Elmer modelo Lambda 6 modelo 2688-002.

Para o estudo do comportamento térmico dos complexos, utilizaram-se as

técnicas TGA (Thermogravimetric Analizer) e DTA por um aparelho TGA-50 da

Shimadzu, sob atmosfera de nitrogênio com razão de aquecimento de 10°C/min.

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Capítulo 6 – Parte Experimental _____________________________________________________________________________________

95

6.1. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

6.1.1. Metil 3-benzoilamidopicolinato (19a)

À uma solução de 3-amino-2-carbometoxipiridina (15) (2.0 g, 13.2 mmol) em

CHCl3, em refluxo, adicionou-se piridina (2.1 mL, 2 eq), DMAP (50 mg) e uma solução

de cloreto de benzoíla (2.3 mL, 19.8 mmol, 1.5 eq), nesta ordem. Após reagir por 22

horas, acrescentou-se um pouco mais de CHCl3 à solução. As fases orgânicas

combinadas foram lavadas seqüencialmente com CuSO4(sat), NaOH(aq) e NaCl(sat) e secas

com Na2SO4(s). O solvente foi removido sob pressão reduzida e o produto bruto foi

recristalizado em ciclohexano (com algumas gotas de EtOAc) fornecendo um pó branco

(2.9 g, 86 %), p.f. 132 –135 °C. 1H RMN (300MHz, CDCl3) δ 11.98 (s, 1H), 9.35 (dd,

J = 8.4, 1.5 Hz, 1H), 8.47 (dd, J = 4.5, 1.5 Hz, 1H), 8.06 (dd, J = 8.4, 1.5 Hz, 2H), 7.57

(m, 4 H), 4.10 (s, 3H); 13C RMN (75 MHz, CDCl3), δ 168.3, 166.1, 143.6, 139.6, 134.1,

132.4, 131.9, 128.9, 128.6, 127.4, 53.3; IV (KBr) 3299, 1702, 1684, 1586, 1514,1212

cm-1; GC-MS m/e 257(M++ 1, 13), 256(M+, 28), 226(11), 197(100), 105(27), 77(12);

Anal. (C14H12N2O3) calculado: C,65.61, H,4.72, N,10.93; obtido: C ,65.72, H,-4.83,

N,10.69.

6.1.2. Metil 3-nitrobenzoilamidopicolinato (19b)

A uma solução do éster 3-amino-2-carbometoxipiridina (15) (3 g, 19.7 mmol)

em CHCl3 foram adicionados p-nitro cloreto de benzoíla (5.5 g, 29.6 mmol, 1.5 eq),

piridina (3.2 mL, 2 eq) e DMAP (75 mg). A mistura foi aquecida em refluxo por 4 horas

e agitada à temperatura ambiente por mais 13 horas. A solução foi diluída em CHCl3 e a

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Capítulo 6 – Parte Experimental _____________________________________________________________________________________

96

fase orgânica foi lavada com CuSO4(sat), NaOH(aq) (8 vezes) e NaCl(sat) e depois secas

com Na2SO4(s). A filtração e evaporação do solvente forneceu um produto bruto de

aparência esbranquiçada que foi recristalizado numa mistura cilohexano/EtOAc

resultando em cristais finos ligeiramente esverdeados (2.7 g, 46 %), p.f. 201 –204 °C.

1H RMN (300MHz, CDCl3) δ 12.20 (s, 1H), 9.30 (dd, J = 8.7, 1.5 Hz, 1H), 8.52 (dd,

J = 4.5, 1.5 Hz, 1H), 8.40 (dd, J = 7, 2 Hz, 2H), 8.21(dd, J = 9, 2 Hz, 2H), 7.60 (dd,

J = 8.7, 4.5 Hz, 1H), 4.10 (s, 3H); 13C RMN (75 MHz, CDCl3), δ 168.4, 163.9, 150.1,

144.3, 139.5, 139.0, 132.0, 128.6, 124.1, 53.5; IV (KBr) 3350, 1688, 1595, 1523, 1320,

1214.cm-1; GC-MS m/e 301(M+, 1), 271(5), 242(100), 228(9), 150(9), 92(13); Anal.

(C14H11N3O5) calculado: C,55.81, H,3.68, N,13.94; obtido: C,56.14, H,3.74, N,13.76.

6.1.3. Metil 3-benzoilamidopicolinato-N-óxido (20a)

À uma solução da amida (19a) (2 g, 7.8 mmol) em acetronitrila (50 mL) sob

agitação, adicionou-se m-CPBA (≈ 80 %) (4.2 g, ≈ 19.5 mmol, ≈2.5 eq). Após 2 horas,

filtrou-se para retirar o excesso do oxidante e concentrou-se. O produto bruto amarelado

foi purificado por cromatografia (eluente: EtOAc/MeOH) seguido por recristalização

em ciclohexano/EtOAc obtendo-se o produto puro em forma de um pó branco (710 mg,

33.5 %), p.f. 153 – 155 °C. 1H RMN (300MHz, CDCl3) δ 9.82 (s, 1H), 8.55 (dd,

J = 8.7, 1.0 Hz, 1H), 8.05 (dd, J = 6.3, 1.0 Hz, 1H), 7.62-7.52 (m, 2H), 7.60 (m, 1H),

7.54 (m, 2H), 7.35 (dd, J = 8.7, 6.3, 1H), 4.09 (s, 3H); IV (KBr) 3168, 1749, 1673,

1525, 1244, 1214, 830 cm-1; GC-MS m/e 272(M, 6), 256(1), 241(3), 225(100), 221(28),

197(33), 105(45), 77(51); Anal. (C14H12N2O4) calculado: C,61.76, H,4.44, N,10.28;

obtido: C,61.82, H,4.96, N,9.96.

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Capítulo 6 – Parte Experimental _____________________________________________________________________________________

97

6.1.4. Metil 3-nitrobenzoilamidopicolinato-N-óxido (20b)

À uma solução da amida (19b) (200 mg, 0.67 mmol) em CH3CN (20 mL)

adicionou-se m-CPBA (≈ 80 %) (0.65 g, ≈3.0 mmol, ≈4.5 eq). A mistura foi agitada à

temperatura ambiente por 2 dias. O excesso do m-CPBA foi separado por filtração e

depois de concentrar à vácuo o produto bruto foi purificado por cromatografia (eluente:

EtOAc/MeOH) e recristalização com EtOAc que forneceu um sólido em forma de

cristais finos esverdeados (73.0 mg, 35 %), p.f. 159 – 160 °C. 1H RMN (300MHz,

CDCl3) δ 10.24 (s, 1H), 8.55 (d, J = 8.4, Hz, 1H), 8.39 (m, 2H), 8.12 (m, 3H), 7.38 (dd,

J = 8.4, 6.5 Hz, 1 H), 4.10 (s, 3H); IV (KBr) 3350, 1757, 1693, 1521, 1276, 1238, 806

cm-1; GC-MS m/e 317(M+,5), 285(6), 270(100), 258(24), 242(29); Anal. (C14H11N3O6)

calculado: C-52.99, H-3.49, N–13.24; obtido: C,51.86, H,3.44, N,12.46.

6.1.5. Ácido 3-benzoilamidopicolínico-N-óxido (7a)

Ao éster (20b) (90 mg, 0.33 mmol) dissolvido em MeOH (5 mL), adicionou-se

uma solução 0.2M NaOH (1.8 mL, 1.1 eq). A solução foi mantida sob agitação

magnética à temperatura ambiente por 4 dias. A mistura reacional foi diluída em H2O e

logo em seguida acidificada com HCl(aq) lentamente até pH ∼ 5.0. Após 2 horas em

agitação, a mistura foi então resfriada e filtrada. Lavou-se o resíduo com água gelada (3

vezes) e depois de secar sob pressão reduzida, recristalizou-se em MeOH. Obteve-se um

sólido floculoso branco (32 mg, 37.5 %), p.f. 199 – 203 °C. 1H RMN (300MHz,

CDCl3) δ 20.16 (s, 1H), 13.35 (s, 1H), 9.48 (d, J = 9 Hz, 1H), 8.16 (m, 1H), 8.09 (m,

2H), 7.60 (m, 4H); 13C RMN (75 MHz, CDCl3), δ 166.6, 165.3, 150.4, 143.2, 133.1,

133.1, 131.6, 129.1, 127.9, 127.7, 124.3; IV (KBr) 3101, 1688, 1652, 1539, 1375, 1274

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Capítulo 6 – Parte Experimental _____________________________________________________________________________________

98

cm-1; GC-MS m/e 258(M+, 1), 213(14), 197(100), 105(90), 77(62); Anal. (C13H10N2O4)

calculado: C,60.46, H,3.90, N,10.84; obtido: C,60.31, H,3.90, N,10.47.

6.1.6. Ácido p-nitrobenzoilamidopicolínico-N-óxido (7b)

Numa solução metanólica (8 mL) do éster (20b) (74 mg, 0.23 mmol) foi

adicionada uma solução aquosa de 0.2 M KOH (1.3 mL, 0.26 mmol, 1.1 eq) sob

agitação magnética. Após 6 dias, a mistura reacional foi dissolvida em água e

acidificada gota a gota com HCl(aq) até pH ∼ 5.0 e mantida sob agitação por mais 2,5

horas. Depois de resfriar a solução, filtrou-se, lavando o sólido com água gelada (3

vezes). O produto bruto de cor branca foi recristalizado em MeOH resultando num pó

fino (16 mg, 23 % ), p.f. 276–279 °C. 1H RMN (300MHz, CDCl3) δ 13.62 (s, 1H), 9.44

(d, J = 9 Hz, 1H), 8.39 (d, J = 9 Hz, 2H), 8.24 (d, J = 9 Hz, 2H), 8.22 (d, J = 6.6 Hz,

1H), 7.68 (dd, J = 9, 6.6 Hz, 1H); IV (KBr), 3106, 1695, 1671, 1520, 1380, 1271, 1270

cm-1; GC-MS m/e 258(MH+ - CO2, 26), 242(100), 228(30), 150(33), 92(24).

6.1.7. Complexo (tris(3-benzoilamidopicolinato-N-óxido)diaquo európio

(III) (26a)

A uma solução etanólica de Eu(ClO)4 8.35 x 10-3 M (1/3 eq, 0.086 mmol,

10.4 ml), gotejou-se lentamente uma solução metanólica (100 ml) do ácido 7a (67.3 mg,

0.26 mmol). Sistema em refluxo. Após completa adição do ácido (≈ 2 horas), o rigoroso

controle do pH (entre 5.0 - 6.0) foi mantido com a introdução da base NaOH. No outro

dia, a solução foi resfriada e filtrada com MeOH á quente. O filtrado branco (78 mg,

93.5 %) luminesceu no vermelho quando exposto à luz UV. p.d. 225°C. IV (KBr)

3439,3100, 1688,1648, 1522, 1357, 1218, 813 cm-1.

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Capítulo 6 – Parte Experimental _____________________________________________________________________________________

99

6.1.8. Complexo tris(3-p-nitrobenzoilamidopicolinato-N-óxido)diaquo

európio (III) (26b)

A uma solução em refluxo de Eu(ClO4)3 3.87 x 10-3 M (1/3 eq, 0.016 mmol,

4.2 mL) em etanol, adicionou-se, gota a gota, uma solução do ácido 7b (15 mg,

0.049 mmol) em metanol à quente (≈ 40 mL). Após um período de duas horas, quando

todo o ácido foi adicionado, manteve-se o controle do pH para 6.0. A solução foi

mantida sob agitação num intervalo de 20 horas, daí resfriada e em seguida filtrada. O

produto resultante correspondeu a um pó esbranquiçado (13 mg, 72.4 %). p.d. 240°C.

IV (KBr) 3439, 3106, 1699, 1654, 1523, 1350, 1218 cm-1.

6.1.9. Complexo tris(3-benzoilamidopicolinato-N-óxido)diaquo gadolínio

(III) (27a)

Numa solução etanólica de Gd(ClO4)3 2.3 x 10-3 M (1/3 eq, 0.03 mmol, 13 mL)

foi gotejada lentamente uma solução metanólica (40 mL) do ácido 7a (20 mg,

0.076 mmol) com boa parte do ácido dissolvido. Após 3 horas em refluxo, NaOH 0.1 M

foi adicionado, gota a gota, até pH ≈ 6.0. Somente depois de 18 horas, a reação é

resfriada e filtrada. Durante a filtração, o precipitado foi lavado com MeOH à quente. O

produto seco (à vácuo) possui uma aparência de grânulos amorfos (12 mg, 48 %). p.d.

220°C; IV (KBr) 3430,3248,3101, 1689,1650, 1525, 1266, 1219, 813 cm-1; Emissão (λ,

nm)525.

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Capítulo 6 – Parte Experimental _____________________________________________________________________________________

100

6.1.10. Complexo tris(3-p-nitrobenzoilamidopicolinato-N-óxido)diaquo

gadolínio (III) (27b)

Inicialmente, fez-se o refluxo de Gd(ClO4) 3.4 x 10-2 M (1/3 eq, 0.034 mmol,

0.95 mL) com a base N-N-diisopropilettilamina (1 eq, 0.02 mL) em MeOH (10 mL).

Em seguida, adicionou-se, gota a gota, uma solução metanólica do ácido 7b (31.3 mg,

0.11 mmol). O sistema manteve-se em pH 6.0. Decorridas 18 horas resfriou-se a reação

e depois filtrou-a. O produto obtido possui aparência de um pó (22.6 mg, 61 %), p.d.

242°C; IV (KBr) 3440, ,3107, 1699,1654, 1523, 1349, 1218 cm-1.

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1

ANEXO

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2

ANEXO

Folha de rosto do trabalho submetido para publicação em maio de 2000 no Journal of

Organic Chemistry.

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3

Conformational Studies on 1,2- and 1,2,3-Substituted Heterocycles. A Spectroscopic and Theoretical Study of 3-Acylaminopicolinic Acid

Derivatives and their N-Oxides

Ivoneide de C. L. Barrosb, Claudia C. C. Bejana, João Bosco P. da Silva*a,

F. W. Joachim Demnitz*a, Hans-Ulrich Gremlichc

a Departamento de Química Fundamental, Universidade Federal de Pernambuco, Cidade Universitária,

50.670-901 Recife-PE, Brazil, FAX: +55 81 271 8442, E-mail: [email protected],

[email protected]; b Departamento de Química, Universidade Federal do Amazonas, Manaus-AM,

Brazil; c Novartis Pharma AG, WSJ-503.1001, Lichtstrasse, CH-4002 Basel, Switzerland

Abstract. Theoretical studies involving minimization of model 3-propanoylaminopicolinic acids (10d-

trans, 10d-cis), -methyl ester (10a) and corresponding -N-oxide derivatives (10b, 10c-trans, 10c-cis)

using AM1 gave conformations contrary to both sound chemical intuition and experimental data. RHF ab

initio calculations using the 6-31G and 6-31G** basis sets on the other hand corroborated spectroscopic

data. 3-Dodecanoylaminopicolinic acid derivatives (7a-9a, 7b-9b, 7c-9c, 9d) were prepared and studied

by NMR and IR spectroscopy. The results show that a strong intramolecular hydrogen bond between

amide-H and the 2-carboxyl substituent results in a planar molecular conformation. This is particularly

profound in the 3-acylaminopicolinic acid-N-oxides. When the 2-substituent is a methyl ester on the other

hand, repulsion between N-oxide and ester functions induces twisting of the carbomethoxy group out of

the plane of the aromatic ring. The spectroscopic results were corroborated by RHF ab initio calculations

using the 6-13 G basis set. The method used in molecular modeling can have profound impact on the final

theoretical result in the case of the abovementioned class of compounds.

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REFERÊNCIAS

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