SISTEMA DE AVALIAÇÃO EDUCACIONAL DE TERESINA · 2019-07-23 · do Sistema Permanente de...

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SAETHE 2018 SISTEMA DE AVALIAÇÃO EDUCACIONAL DE TERESINA CADERNO DE PESQUISA ISSN 2359-5426

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S A E T H E 2 0 1 8SISTEMA DE AVALIAÇÃO EDUCACIONAL DE TERESINA

C A D E R N O D E P E S Q U I S A

ISSN 2359-5426

SAETHE

Caderno de Pesquisa

2018

Sistema de Avaliação Educacional de Teresina

ISSN 2359-5426

FICHA CATALOGRÁFICA

TERESINA. Secretaria Municipal de Educação.

SAETHE – 2018 / Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Educação, CAEd.

v. 6 (2018), Juiz de Fora – Anual.

Conteúdo: Caderno de Pesquisa.

ISSN 2359-5426

CDU 373.3+373.5:371.26(05)

Sumário

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................... 6

A APROPRIAÇÃO DOS RESULTADOS DO SPAECE NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE QUIXADÁ: POSSIBILIDADES PARA GESTÃO REGIONAL .....................................................8

FATORES DE EFICÁCIA ESCOLAR ASSOCIADOS AO DESEMPENHO NAS AVALIAÇÕES EXTERNAS: O CASO DE UMA ESCOLA ESTADUAL DE DIVINÓPOLIS/MG ....................... 19

EFICÁCIA ESCOLAR: ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA EM PERNAMBUCO ....................................................................................................................................... 34

O DESEMPENHO NAS AVALIAÇÕES EXTERNAS E INTERNAS DAS ESCOLAS DE REFERÊNCIA NO LITORAL SUL DE PERNAMBUCO ................................................................. 43

APROPRIAÇÃO DOS RESULTADOS DO SPAECE: UM ESTUDO DE CASO ENVOLVENDO DUAS ESCOLAS DO INTERIOR DO CEARÁ .................................................................................52

O USO DOS RESULTADOS DAS AVALIAÇÕES EXTERNAS SAERJ E SAERJINHO EM UMA ESCOLA DA METROPOLITANA VI ........................................................................................65

Introdução

O Caderno de Pesquisa do SAETHE 2018 tem o objetivo de apresentar casos de gestão de redes

públicas brasileiras relacionados à apropriação e ao uso dos resultados das avaliações externas.

As pesquisas foram produzidas por profissionais da educação que cursaram o Programa de Pós-

-Graduação Profissional em Gestão e Avaliação da Educação Pública (PPGP), no Centro de Políticas

Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (CAEd/UFJF).

Neste volume, são apresentados seis casos de gestão, dos quais quatro relatam experiências so-

bre o uso dos resultados das avaliações externas por gestores escolares e de rede, bem como por

professores. Os outros dois casos analisam elementos relacionados à eficácia escolar. Todos os tra-

balhos foram produzidos em conjunto com a equipe de orientação institucional do PPGP, composta

por analistas de formação e assistentes de orientação – mestres, doutorandos e doutores do CAEd/

UFJF – que atuam na pesquisa sobre gestão e políticas públicas educacionais – e por orientadores,

que são os professores doutores do corpo docente do Programa.

O primeiro caso, “A apropriação dos resultados do SPAECE na rede municipal de ensino de Quixadá:

possibilidades para a gestão regional”, analisa a experiência de uso dos resultados do Sistema Per-

manente de Avaliação da Educação do Ceará (SPAECE), em uma escola da rede municipal de ensino

de Quixadá que, à época da aplicação da avaliação, encontrava-se em situação de atenção no que

diz respeito ao desempenho acadêmico dos alunos. Diante dos resultados observados, é proposto

um plano de intervenção composto por ações a serem desenvolvidas em duas dimensões – interna e

externa à Gerência de Educação Básica (GEB) – com o objetivo de garantir a abordagem qualificada

do SPAECE.

Já o segundo caso, “Fatores de eficácia escolar associados ao desempenho nas avaliações exter-

nas: o caso de uma escola estadual de Divinópolis - MG”, analisa elementos de eficácia escolar a

partir da observação de uma escola estadual escolhida como unidade de análise por se sobressair

em uma série histórica de resultados educacionais do Índice de Desenvolvimento da Educação Bá-

sica (Ideb) e do Sistema de Sistema Mineiro de Avaliação da Educação Pública (SIMAVE). Com base

nos resultados da pesquisa, foi proposto um Plano de Ação (PAE) visando à melhoria dos resultados

educacionais das escolas circunscritas à SRE/Divinópolis, utilizando como modelo as práticas ado-

tadas pela escola em questão, de modo que a disseminação dessas boas práticas oportunize a

criação de um ambiente de maior comunicação e cooperação entre os gestores da SRE/Divinópolis.

“Eficácia escolar: estudo de caso em uma escola de educação básica em Pernambuco”, terceiro

caso, também é baseado na análise de elementos de eficácia escolar, investigando uma escola

estadual do sertão pernambucano, localizada em uma área de difícil acesso da zona rural, que vem

se destacando, entre as escolas brasileiras, em relação ao Índice de Desenvolvimento da Educação

Básica (Ideb) alcançado. A partir do que foi diagnosticado na escola, foi proposto um plano de ação

cujo objetivo principal é estimular a institucionalização das práticas e das ações educativas que

contribuem para o bom desempenho da escola nas avaliações externas. Esse plano visa orientar a

escola a aperfeiçoar e ampliar suas probabilidades de sucesso por meio da institucionalização do

trabalho com projetos e da criação de um protocolo para as ações dos educadores de apoio.

O quarto caso, “O desempenho nas avaliações externas e internas das escolas de referência no

litoral sul de Pernambuco”, apresenta ações complementares às políticas públicas voltadas para o

ensino médio integral, no Litoral Sul de Pernambuco. Para tanto, foram analisadas cinco escolas de

referência que, de acordo com as avaliações externas educacionais e, sobretudo, com o Índice de

Desenvolvimento Educacional do Estado do Pernambuco – IDEPE, têm demonstrado crescimento

significativo no desempenho. Com base nos resultados apresentados, foi proposto um plano de ação

educacional para ser desenvolvido nas escolas. As ações propostas no plano possuem metas que

podem ser executadas tanto pela Secretaria de Educação quanto pelas unidades escolares.

O quinto caso, “ Apropriação dos resultados do SPAECE: um estudo de caso envolvendo duas es-

colas do interior do Ceará”, discute como a gestão escolar e os professores de duas escolas esta-

duais situadas em municípios do interior cearense (Potengi e Salitre) se apropriam dos resultados

do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará – SPAECE, utilizando-os como

elementos para a melhoria das práticas docentes. A partir dos resultados da pesquisa, foi elaborado

um Plano de Ação Educacional (PAE) com o objetivo de institucionalizar o estudo das avaliações

externas, no âmbito das escolas, por seus profissionais.

O último caso, “O uso dos resultados das avaliações externas SAERJ e SAERJINHO em uma es-

cola da Metropolitana VI” descreve a prática de uso dos resultados do Sistema de Avaliação da

Educação do Estado do Rio de Janeiro (Saerj e Saerjinho) por diretores escolares e professores de

uma escola da Regional Metropolitana VI do Rio de Janeiro. Tomando os resultados como ponto de

partida, neste caso de gestão, são apresentadas propostas de ação, tendo como objetivo ajudar a

estabelecer, na escola, uma cultura avaliativa, para que toda comunidade escolar se aproprie dos

resultados das avaliações externas.

Ao reunir casos de gestão cuja temática gira em torno da avaliação educacional e da gestão de re-

sultados, este volume do Caderno de Pesquisa do SAETHE 2018 aborda, em seu escopo, situações

reais vivenciadas nas escolas públicas brasileiras, que vêm adquirindo cada vez mais visibilidade

nos debates sobre educação.

Ainda que os casos apresentem situações vivenciadas por escolas e redes educacionais de diversas

regiões do país, é possível notar a complementariedade que existe entre eles por meio daquilo que

lhes é comum: a preocupação com qualidade da educação pública oferecida nas escolas anali-

sadas. As situações pesquisadas convidam o leitor, especialmente aquele que é envolvido com a

educação, não só a refletir sobre a gestão de resultados e sobre a eficácia escolar, como também a

considerar e a planejar a construção de possíveis propostas de intervenção no campo educacional.

Boa leitura!

CADERNO DE PESQUISA 5

A APROPRIAÇÃO DOS RESULTADOS DO SPAECE NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE QUIXADÁ: POSSIBILIDADES PARA GESTÃO REGIONAL

Linéia Maciel Silva*

Helena Rivelli de Oliveira**

Lina Kátia Mesquita de Oliveira***

Este artigo apresenta um Plano de Ação Educacional a ser desenvolvido

pela Gerência da Educação Básica, setor estratégico da Secretaria Mu-

nicipal da Educação do município cearense de Quixadá, para o planeja-

mento e acompanhamento das ações de apropriação dos resultados das

avaliações do Sistema Permanente de Avaliação da Educação do Ceará.

O contexto em análise se vincula à Secretaria da Educação do Estado do

Ceará, por meio da célula de cooperação estado-municípios, representa-

da aqui pela Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação

12. No nível da gestão regional, chamam atenção os resultados de de-

sempenho dos estudantes da Rede Municipal de Ensino de Quixadá, tanto

em Língua Portuguesa quanto em Matemática, nos ciclos avaliativos ante-

riores a 2013, ano em que se deu a elaboração do PAE. Para além da ob-

servação das métricas, uma pesquisa realizada com técnicos da Gerência

mostrou que havia necessidade de um acompanhamento sistematizado

com a apropriação de resultados em todos os Distritos Educacionais de

Quixadá. A partir disso, o plano de intervenção elaborado buscou articular

ações a serem implementadas tanto no interior da própria Gerência da

Educação Básica - organização documental, ciclo de estudos, elaboração

de metas e de relatórios -, como em âmbitos mais gerais da Secretaria

Municipal da Educação - oficina de apropriação de resultados, planeja-

mento coletivo nos Distritos Educacionais, visita às escolas para acompa-

nhamento do Plano de Ação Distrital/SPAECE, formação de professores e

criação do site SPAECE/Quixadá.

Palavras-chave: Apropriação dos resultados das avaliações externas.

Gestão de resultados educacionais. SPAECE.

* Mestra em Gestão e Avaliação da Educação (PPGP/CAEd/UFJF); Gestora escolar na Rede Estadual de Ensino do Ceará.

** Membro do Núcleo de Dissertação do PPGP/CAEd/UFJF; Mestra e Doutoranda em Educação (UFJF).

*** Professora orientadora do PPGP/CAEd/UFJF; Doutora em Educação (PUC-Rio).

6 SAETHE 2018

O presente artigo foi elaborado a partir da dissertação intitulada “O uso

do SPAECE pela Secretaria Municipal da Educação de Quixadá: desafios

e possibilidades”, desenvolvida e defendida, em 2013, por Linéia Maciel

Silva no Programa de Pós- Graduação Profissional em Gestão e Avaliação

da Educação Pública, da Universidade Federal de Juiz de Fora (PPGP/

CAEd/UFJF). Este texto foi escrito em parceria com Helena Rivelli de Oli-

veira, Suporte de Orientação do Núcleo de Dissertação do PPGP/ CAEd/

UFJF, e com a professora e orientadora da pesquisa, Lina Kátia Mesquita

de Oliveira.

O Plano de Ação Educacional (PAE), aqui discutido, foi apresentado à Ge-

rência da Educação Básica (GEB) da Secretaria Municipal da Educação

(SME) de Quixadá, município cearense localizado a 168 quilômetros da

capital Fortaleza. A GEB se constitui, então, como instância de gestão alvo

deste PAE, dada a sua importância estratégica para a apropriação e uso

dos resultados do Sistema Permanente de Avaliação da Educação do

Ceará (SPAECE), bem como para a implementação e monitoramento das

políticas públicas educacionais no município. O PAE são ações para se-

rem realizadas internamente à GEB, bem como estratégias que deverão

ser desenvolvidas pela SME em relação à toda rede municipal.

A experiência do Ceará na área da avaliação por meio de testes padro-

nizados iniciou-se, em 1992, com a criação do o SPAECE. Atualmente, as

avaliações do SPAECE são aplicadas de forma censitária aos alunos do

2º1, 5º e 9º ano do Ensino Fundamental, aos estudantes do 1º e 3º ano

do Ensino Médio e da Educação de Jovens e Adultos (EJA) Anos Finais

do Ensino Fundamental e EJA Ensino Médio. No âmbito da cooperação

entre o estado e os municípios cearenses, as avaliações do SPAECE fo-

ram universalizadas, acontecendo também em todas as redes municipais.

Apesar desse esforço de universalização, percebeu-se em muitos municí-

pios a dificuldade em se trabalhar os resultados das avaliações. Para que

a apropriação dos resultados do SPAECE não ficasse restrita às escolas

estaduais, a SEDUC investiu na criação de células de cooperação, com

representação nas Coordenadorias Regionais de Desenvolvimento da

Educação (CREDEs), responsáveis por promover políticas, programas e

projetos em cooperação com os municípios. Em Quixadá, a GEB se tornou

um importante eixo na comunicação município-estado.

O município de Quixadá possui um modelo de gestão descentralizada,

o que, na estrutura da SME, culminou em uma organização em Distritos

1 A avaliação da alfabetização no 2º ano dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental é chamada de SPAECE-Alfa.

CADERNO DE PESQUISA 7

Educacionais, sendo cada um deles responsável por um conjunto de es-

colas. Foram criados, em 2001, 13 Distritos, sendo quatro deles localiza-

dos na zona urbana e os demais na zona rural. Conforme a Lei Municipal

nº 2.245, de 12 de abril de 2006, cada Distrito Educacional aglutinou as

escolas municipais segundo a posição geográfica onde estão instaladas,

competindo-lhe a coordenação técnica, administrativa, financeira e pe-

dagógica das unidades escolares sob sua responsabilidade. Além disso,

a SME de Quixadá está estruturada em quatro gerências, sendo elas: (i)

Gerência Administrativo-Financeiro, Monitoramento e Controle; (ii) Gerên-

cia dos Distritos Educacionais; (iii) Gerência do Desporto Educacional; (iv)

Gerência da Educação Básica. Cabe a esta última o acompanhamento

pedagógico das escolas municipais. No contexto da cooperação estado-

-município, chamou atenção os resultados da Rede Municipal de Ensino

de Quixadá no SPAECE, bem como na Prova Brasil e no cálculo do Índice

de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), principalmente em rela-

ção aos Anos Finais do Ensino Fundamental, conforme demonstrado nas

Tabelas 1, 2, 3, 4 e 5.

Tabela 1 - Distribuição dos alunos de 5º e 9º anos do Ensino Fundamental nos padrões

de desempenho Avançado e Proficiente da Prova Brasil (2011 e 2013) –

Língua Portuguesa e Matemática

Ano de realizaçãoLíngua Portuguesa Matemática

5º ano 9º ano 5º ano 9º ano

2011 21% 15% 15% 6%

2013 26% 15% 21% 6%

Fonte: Elaborado pelas autoras com base em INEP (2013a).

Os dados da Tabela 1 mostram que não houve melhoria de 2011 a 2013 no

9º ano, tanto em Língua Portuguesa quanto em Matemática. Além disso,

85% dos estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental, em 2013, encon-

travam-se nos padrões de desempenho Básico e Insuficiente em Língua

Portuguesa e 94% em Matemática. Tendo em vista que o desempenho

acadêmico dos alunos na Prova Brasil também é considerado para o cál-

culo do IDEB, a situação desfavorável se refletiu no indicador, conforme

demonstram os dados da Tabela 2.

8 SAETHE 2018

Tabela 2 - Dados da Rede Estadual de Ensino de Quixadá no IDEB (2005 a 2013) para

os Anos Finais do Ensino Fundamental

Ano Meta projetada IDEB alcançado

2005 ---- 3,3

2007 3,3 3,6

2009 3,4 3,6

2011 3,7 3,5

2013 4,1 3,9

Fonte: Elaborado pelas autoras com base em INEP (2013b).

No que diz respeito aos resultados do SPAECE-2013, os dados sintetiza-

dos nas Tabelas 3 e 4 confirmam que a Rede Municipal de Ensino de

Quixadá se encontrava em situação de atenção no que diz respeito ao

desempenho acadêmico dos alunos.

Tabela 3 - Resultados do SPAECE-2013 para a Rede Municipal de Ensino de Quixadá

– 5º ano do Ensino Fundamental

Percentual de alunos no padrão

Muito Crítico

Percentual de alunos no padrão

Crítico

Percentual de alunos no padrão

Intermediário

Percentual de alunos no padrão

Avançado

Língua Portuguesa

11,6 38,7 30,5 19,1

Matemática 22,7 37,7 30,2 9,4

Fonte: Elaborado pelas autoras com base em SPAECE (2013a).

No 9º ano do Ensino Fundamental, apenas 11,3% dos estudantes apre-

sentavam o aprendizado em Matemática considerado adequado àquela

etapa da escolarização, ao passo que em Língua Portuguesa este número

chegava em torno de 30%.

Tabela 4 - Resultados do SPAECE-2013 para a Rede Municipal de Ensino de Quixadá

– 9º ano do Ensino Fundamental

Percentual de alunos no padrão

Muito Crítico

Percentual de alunos no padrão

Crítico

Percentual de alunos no padrão

Intermediário

Percentual de alunos no padrão

Avançado

Língua Portuguesa

36,6 33,3 22,8 7,3

Matemática 55,3 33,3 8,9 2,4

Fonte: Elaborado pelas autoras com base em SPAECE (2013b).

CADERNO DE PESQUISA 9

Os dados do SPAECE-Alfa corroboram os demais resultados já apresenta-

dos, conforme disposto na Tabela 5.

Tabela 5 - Resultados do SPAECE-Alfa-2013 para a Rede Municipal de Ensino de

Quixadá – 2º ano do Ensino Fundamental

Percentual de alunos não

alfabetizados

Percentual de alunos com

alfabetização incompleta

Percentual de alunos no padrão Inter-

mediário

Percentual de alunos no padrão Suficiente

Percentual de alunos no padrão Desejável

Língua Portuguesa

1,8 7,8 23,7 28,3 38,4

Fonte: Elaborado pelas autoras com base em SPAECE (2013c).

A partir do exame e da reflexão dos dados aqui discutidos, ficou claro que

seria necessário que a GEB desenvolvesse ações voltadas para a ges-

tão de resultados escolares, enfatizando uma revisão rigorosa de como

a SME concebe, planeja, implementa e acompanha as avaliações exter-

nas, principalmente o SPAECE. O que ocorre com o SPAECE em Quixadá?

Como a SME orienta o trabalho das escolas na apropriação e uso peda-

gógico de seus resultados? Que políticas, programas e projetos a SME im-

plementa a partir dos dados dessa avaliação? Essas e outras indagações

se colocaram para a gestão regional a partir dos resultados analisados.

Buscando compreender um pouco mais sobre a situação da Rede Muni-

cipal de Quixadá em relação aos resultados de desempenho dos alunos

no SPAECE, foi realizada uma pesquisa junto a técnicos e ex-técnicos da

SME, totalizando 15 sujeitos, por meio de um questionário com questões

abertas e fechadas. A análise das respostas revelou que as ações desen-

volvidas pela GEB, no âmbito da gestão de resultados, são esparsas e

desarticuladas, tendo em vista que há carência de cuidado e rigor no re-

gistro histórico do que havia sido feito até o momento. Para além disso, a

aplicação dos questionários revelou até mesmo a existência de uma visão

restrita dos objetivos do SPAECE, relacionando-os à medição/aferição dos

conhecimentos dos alunos.

Ao serem questionados sobre o papel da SME em relação à gestão dos

resultados do SPAECE, os sujeitos, de maneira geral, apontaram que há

esforço por parte da Secretaria nesse sentido, mas nenhuma ação con-

creta pode ser mapeada. Houve até mesmo menção ao fato de não haver

um acompanhamento estruturado do planejamento e trabalho dos profes-

sores. Sobre a elaboração de metas por parte da SME no que diz respei-

to ao SPAECE, curiosamente, metade dos sujeitos não se manifestou no

10 SAETHE 2018

questionário, e a outra metade teve dificuldades em precisar a existência

e o desenvolvimento do trabalho em relação a tais propósitos.

De maneira geral, a análise das respostas ao questionário sugeriu a ne-

cessidade de um trabalho mais efetivo da célula de cooperação estado-

-município da CREDE de Quixadá2 no que diz respeito ao acompanha-

mento da apropriação dos resultados do SPAECE. Com base nisso, foi

elaborado um plano de intervenção composto por ações a serem desen-

volvidas em duas dimensões – interna e externa à GEB – com o objetivo

de garantir a abordagem qualificada do SPAECE por parte da SME e junto

aos gestores escolares.

No contexto deste PAE, as proposições internas à GEB englobam ações a

serem desenvolvidas internamente na Gerência, visando à organização e

estudos internos da GEB quanto ao SPAECE. Estas ações contemplam, na

essência, três eixos: organização documental, ciclo de estudos, elabora-

ção de metas e de relatórios. As proposições externas são consequência

das proposições internas e visam, sobretudo, a subsidiar as ações da SME

quanto ao SPAECE, pois de acordo com os dados obtidos no questioná-

rio, suas ações principais ainda estão voltadas às capacitações/cursos

propostas por outras instâncias, em especial pelo estado do Ceará, por

meio do Programa de Alfabetização na Idade Certa (PAIC) e do PAIC Mais.

A proposta é que a SME assuma, então, seu papel como protagonista do

trabalho realizado no município e em seus Distritos Educacionais3 quanto

ao SPAECE. As proposições externas à GEB englobam, em seu conjunto,

cinco estratégias: oficina de apropriação de resultados, planejamento co-

letivo nos Distritos Educacionais, visita às escolas para acompanhamento

do Plano de Ação Distrital/SPAECE, formação de professores e criação do

site SPAECE/Quixadá.

As propostas elaboradas no PAE para a ação interna da GEB podem ser

resumidas no Quadro 1.

2 A atual estrutura da Secretaria da Educação do Ceará compreende a divisão do estado em 20 Coordenadorias Regionais de

Desenvolvimento da Educação (CREDEs), a CREDE 12 tem sede no município de Quixadá e abrange 8 municípios: Banabuiu, Boa

Viagem, Choró, Ibaretama, Ibicuitinga, Madalena, Quixeramobim e Quixadá.3 O município de Quixadá possui um modelo de gestão descentralizada, o que, na estrutura da SME, culminou com sua

organização em Distritos Educacionais, sendo cada um deles, responsável por um conjunto de escolas. Foram criados, em 2001,

13 Distritos, sendo 4 (quatro) deles localizados na zona urbana e os demais, na zona rural. Conforme a Lei Municipal nº 2.245, de

12 de abril de 2006, cada Distrito Educacional aglutina as escolas municipais segundo a posição geográfica onde estão instaladas,

competindo-lhe a coordenação técnica, administrativa, financeira e pedagógica das unidades escolares sob sua responsabilidade

(MACIEL, 2013).

CADERNO DE PESQUISA 11

Quadro 1 - Síntese das ações propostas para execução na GEB

Ação Objetivo Responsável

Organização Documental: articulação da GEB com o setor de informação/

estatística da SME

Reconstruir o percurso histórico do SPAECE no município.

Setor de informação/

estatística da SME

Ciclo de estudos

Promover a formação em serviço dos técnicos

responsáveis pela apropriação dos resultados do SPAECE no

município.

GEB, em parceria com a

CREDE 12

Proposição de Metas no SPAECE

Estabelecer parâmetros e propósitos para a ação da GEB no que diz respeito à apropriação dos dados do

SPAECE.

GEB

Elaboração do Relatório SPAE- CE-Quixadá

GEB

Mapear todas as ações da GEB no âmbito da apropriação

dos resultados do SPAECE.GEB

Fonte: Elaborado pelas autoras.

Para que as ações possam ser implementadas, faz-se necessário um de-

talhamento de como se pretende sua efetivação. Partindo da primeira

ação proposta no contexto interno à GEB, frente à escassez de registros

detectada durante a pesquisa, propõe- se que a GEB articule junto ao

Setor de informação/estatística da SME a organização de dados sobre

o SPAECE por edição, escola e Distrito, considerando todos os ciclos já

ocorridos. Dessa forma, pretende-se um acompanhamento sistemático

dos resultados de desempenho dos alunos da rede municipal ao longo da

série histórica. Nesse mesmo sentido, deve-se organizar dados referentes

à proficiência média dos municípios vizinhos que compõem a CREDE 12,

a fim de situar Quixadá em relação aos seus pares, os quais, no geral,

atendem alunos com características sociais, econômicas e culturais seme-

lhantes. Esse primeiro movimento demandará da SME a indicação de pelo

menos um funcionário para catalogação das informações disponíveis no

site do SPAECE, bem como sua organização em um local (virtual) acessí-

vel aos interessados.

Seguindo com as ações, o ciclo de estudos aqui proposto tem como ob-

jetivo principal que as informações sobre o SPAECE sejam socializadas

com os técnicos da GEB, de maneira a oportunizar a discussão e a análise

das políticas públicas voltadas para a promoção da aprendizagem, bem

como para a melhoria do desempenho dos alunos do referido sistema de

avaliação. O ciclo de estudos será composto por cinco etapas:

12 SAETHE 2018

1. Estudo do SPAECE: coleções virtuais e impressas – a GEB deverá priori-

zar momentos internos de estudos sobre a Coleção do SPAECE, inclusive

aqueles que só são disponibilizados na versão impressa: Sumário Execu-

tivo, Caderno de Gestão e Caderno de Pesquisa. Os demais volumes –

Boletim do Sistema de Avaliação, Boletim de Gestão, Boletim Pedagógico

estão disponíveis no site da SEDUC.

2. Estudo da Cota Parte do ICMS – propõe-se o estudo da Cota Parte ICMS,

cujo material explicativo está disponível no ambiente virtual. Esse estudo

é sugerido face à influência dos resultados do SPAECE na distribuição, por

parte do estado, desse recurso.

3. Estudo dos dados das escolas municipais e comparação das médias

de proficiência com os municípios vizinhos – constitui-se na oportunida-

de de reflexão sobre o desempenho da rede municipal, identificando os

principais pontos de fragilidade e/ou oportunidades em cada disciplina

avaliada; de conhecer/rever a série histórica das escolas de Quixadá; de

investigar se o desempenho das escolas do município são semelhantes

ou díspares; de posicionar-se, comparativamente, com os municípios da

região da CREDE 12.

4. Estudo sobre programas, projetos e ações da SME/GEB – sugere-se ve-

rificar em que e como os dados do SPAECE podem articular-se a esses

programas, ações e projetos, seja para monitorar a eficiência, seja para

otimizar resultados e alinhar/fortalecer ações.

5. Análise das coleções de livros didáticos adotados no município – propõe-

-se o exame criterioso das coleções de livros didáticos adotadas na rede

municipal, observando se e como contemplam os domínios, competências

e habilidades avaliadas no SPAECE.

A partir do ciclo de estudos, a proposta caminha no sentido da pactua-

ção de metas a serem alcançadas pelas escolas e a SME como um todo

no SPAECE. Essa projeção deve contemplar, no mínimo, três edições da

avaliação e serem amplamente divulgadas, de modo a evitar desconti-

nuidades.

Cada uma das etapas indicadas acima deve ser registrada. Concluídas to-

das elas, o(a) gerente da GEB deverá elaborar um relatório final, contendo

os dados do SPAECE (organizados pelo setor de informações/estatística)

e o resultado das discussões, as fragilidades e as oportunidades iden-

tificadas pelo grupo. Esse relatório deve ser divulgado internamente na

CADERNO DE PESQUISA 13

SME, com cópia entregue à/ao secretária(o) de educação e ao Conselho

Municipal de Educação (CMEQ).

No que tange às ações no âmbito geral da SME, a proposta pode ser re-

sumida como o disposto no Quadro 2.

Quadro 2 - Síntese das ações propostas no âmbito geral da SME

Ação Objetivo Responsável

Oficina de apropriação de resultados do

SPAECE

Apoiar os Distritos Educacionais na leitura, análise e discussão de seus

resultados.GEB

Planejamento coletivo nos Distritos

Educacionais

Articular com os coordenadores pedagógicos de cada Distrito, com

vistas ao planejamento coletivo.

GEB/Coordenadores

pedagógicos

Visita às escolas para acompanhamento do Plano de Ação Distrital/ SPAECE

Monitorar as ações pactuadas e acompanhar as dificuldades que

possam surgir no processo de apropriação dos resultados.

GEB

Formação para professores

Levantar demanda de formação junto aos professores e elaborar

formações em serviço, com foco no 9º ano do Ensino Fundamental.

GEB

Criação do site SPAECE/ Quixadá

Elaborar um site com o quadro situacional da educação municipal, no que se refere aos resultados e uso das avaliações do SPAECE, e com as ações previstas pela GEB

quanto a esses testes e o Plano de Ação Distrital das escolas.

GEB/empresa externa

Fonte: Elaborado pelas autoras.

Para apoiar os Distritos Educacionais na leitura, análise e discussão de

seus resultados, propõe-se que a GEB promova a oficina de apropriação

de resultados do SPAECE para os coordenadores pedagógicos do Ensino

Fundamental. Para tanto, poderá tomar como referência o “Roteiro Básico

para a Discussão e Apropriação dos Resultados” (CEARÁ, 2009). Dessa

forma, o coordenador pedagógico terá base para desenvolvimento de

seus conhecimentos e análise dos materiais específicos de cada escola e

de seus alunos. Propõe-se também que a GEB articule com o coordenador

pedagógico de cada Distrito o planejamento que contemple os resultados

das escolas. A proposta é que esses estudos culminem com a elaboração

do Plano de Ação Distrital/ SPAECE, que deverá envolver os professores,

com ênfase para os profissionais de Língua Portuguesa e de Matemática.

O Plano de Ação Distrital/SPAECE de cada escola deverá ser acompa-

nhado pela GEB por meio de visitas mensais às escolas, para o monito-

14 SAETHE 2018

ramento das ações pactuadas e apoio na superação dos desafios. Para

tanto, o calendário de visitas aos Distritos deverá ser elaborado com an-

tecedência, evitando, assim, contratempos que possam comprometer as

ações planejadas. Defende-se que esse acompanhamento, feito durante

a vigência do Plano – um ano letivo – seja feito em todas as escolas da

rede. Nessas visitas, a equipe da GEB dividir-se-á em pequenos grupos

para que o trabalho seja executado por todos. Sugere-se, ainda, que ao

retornar, cada técnico elabore um relatório do que observara e sociali-

ze-o com o grupo interno e, posteriormente, com os gestores da escola

visitada.

Com o objetivo de identificar a formação acadêmica dos professores que

lecionam Língua Portuguesa e Matemática e se há indícios de relação en-

tre o desempenho dos alunos no SPAECE e essa formação, sugere-se que

a GEB faça o levantamento da formação acadêmica desses profissionais.

Dados os resultados já referidos nesse trabalho, sugere-se realizar ações

voltadas para o 9º ano, com destaque para cursos de formação/capacita-

ção em matemática, dada a baixíssima proficiência dos alunos em todas

as edições do teste. A ênfase em Matemática não implica, contudo, na

falta de investimento em formação na disciplina de Língua Portuguesa,

pois também nessa disciplina, são evidentes as necessidades de progres-

so. O quadro situacional da educação municipal, no que se refere aos

resultados e uso das avaliações do SPAECE, as ações previstas pela GEB

quanto a esses testes e o Plano de Ação Distrital das escolas, bem como

os demais informes e ações relativas a essa avaliação deverão compor o

conteúdo a ser disponibilizado em um sítio específico da SME na internet.

A sistematização e a publicização dessas informações visam dar transpa-

rência às ações da gestão, prestar contas do trabalho desenvolvido pelas

escolas e possibilitar o monitoramento das ações planejadas.

Para esta última ação proposta, deverão ser disponibilizados pela SME

recursos para contratação de uma empresa especializada na criação e

administração de conteúdos na internet. As demais ações no âmbito geral

da SME envolverão custos e profissionais já alocados na GEB e nos Distri-

tos Educacionais, de maneira que sua atuação seja apenas realocada de

acordo com os propósitos deste PAE.

Espera-se que a implementação do plano de intervenção descrito neste

artigo possa auxiliar a gestão da GEB em Quixadá, em cooperação com

a CREDE 12, na busca pela sistematização e organização do trabalho de

apropriação dos resultados do SPAECE nas escolas da Rede Municipal

de Ensino.

CADERNO DE PESQUISA 15

Referências

CEARÁ. Secretaria da Educação. (2009). Roteiro Básico para a Discussão

e Apropriação dos Resultados - SPAECE 2008. Disponível em: <http://

www.spaece.caedufjf.net/ wpcontent/uploads/2012/07/RoteiroBasicoDis-

cussaoSPAECE_2008.pdf>. Acesso em: 01 ago. 2018.

. Secretaria da Educação. (2013a). Resultados do SPAECE-2013

para o 5º ano do Ensino Fundamental na Rede Municipal de Ensino de

Quixadá. Disponível em: <http:// www.spaece.caedufjf.net/resultados-por-

-escola/>. Acesso em: 05 ago. 2018.

. Secretaria da Educação. (2013b). Resultados do SPAECE-2013

para o 9º ano do Ensino Fundamental na Rede Municipal de Ensino de

Quixadá. Disponível em: <http://www.spaece.caedufjf.net/resultados-por-

-escola/>. Acesso em: 05 ago. 2018.

. Secretaria da Educação. (2013c). Resultados do SPAECE-

Alfa-2013 para a Rede Municipal de Ensino de Quixadá – 2º ano do

Ensino Fundamental. Disponível em: <http:// www.spaece.caedufjf.net/

resultados-por-escola/>. Acesso em: 05 ago. 2018.

INEP. (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Tei-

xeira). (2013a). Microdados do SAEB - Resultados da Prova Brasil. Disponí-

vel em: <http://portal.inep. gov.br/provinha-brasil>. Acesso em: 29 jul. 2018.

. (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio

Teixeira). (2013b). Consulta IDEB. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/

consulta-ideb>. Acesso em: 29 jul. 2018.

MACIEL, L. M. O uso do SPAECE pela Secretaria Municipal da Educação

de Quixadá: desafios e possibilidades. Dissertação (mestrado profissio-

nal). 2013. 117f. Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Edu-

cação, Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação, Programa

de Pós-Graduação Profissional em Gestão e Avaliação da Educação Pú-

blica, 2013.

16 SAETHE 2018

FATORES DE EFICÁCIA ESCOLAR ASSOCIADOS AO DESEMPENHO NAS AVALIAÇÕES EXTERNAS: O CASO DE UMA ESCOLA ESTADUAL DE DIVINÓPOLIS/MG

Célio Serafim dos Santos*

Carla da Conceição de Lima**

Lourival Batista de Oliveira Júnior***

Este artigo baseia-se na dissertação intitulada “Fatores de eficácia esco-

lar associados ao desempenho nas avaliações externas: o caso de uma

escola estadual de Divinópolis/MG. Tal estudo de caso buscou identificar

elementos de eficácia escolar a partir da análise de uma escola estadual

de Divinópolis/MG e propôs um Plano de Ação (PAE) visando melhorar

os resultados educacionais das escolas circunscritas à SRE/Divinópolis.

Trata-se da Escola Estadual Santa Edith Stein (nome fictício), que foi esco-

lhida como unidade de análise por se sobressair em uma série histórica

de resultados educacionais do Ideb e do SIMAVE.

A metodologia adotada foi composta por dois momentos: (i) uso de ins-

trumentos de pesquisa para melhor descrever e caracterizar a escola e

seus atores; (ii) aplicação de questionários aos professores e entrevistas

semiestruturadas com gestores e especialistas da escola. O primeiro pas-

so consistia em pesquisa documental – análise de documentos da es-

cola e da SRE/Divinópolis – e observação in loco. Já a aplicação dos

questionários objetivou compreender a percepção dos gestores quanto

aos resultados da escola. Além disso, buscou-se traçar um PAE capaz de

implementar, na SRE de Divinópolis – e nas escolas a ela jurisdicionadas

–, boas práticas, as quais caracterizam as escolas consideradas eficazes

e se mostram em evidência na Escola Estadual Santa Edith Stein. Para

tanto, são propostas ações direcionadas às escolas e à unidade investi-

gada, a fim de ampliar as possibilidades de sucesso enquanto referencial

de gestão para a SRE.

* Mestre em Gestão e Avaliação da Educação Pública (PPGP/CAEd/UFJF); Analista Educacional SRE/Divinópolis

** Doutoranda em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. (PUC-Rio). Bolsista do CNPq

*** Orientador do PPGP/CAEd/UFJF; Doutor em Administração (UFLA).

CADERNO DE PESQUISA 17

Introdução

Este artigo foi escrito a partir da dissertação intitulada “Fatores de eficácia

escolar associados ao desempenho nas avaliações externas: o caso de

uma escola estadual de Divinópolis/ MG”, desenvolvida por Célio Sera-

fim dos Santos, no Programa de Pós-Graduação Profissional em Gestão

e Avaliação da Educação Pública, da Universidade Federal de Juiz de

Fora (PPGP/CAEd/UFJF) e defendida em 2014. O texto foi produzido em

parceria com Carla da Conceição de Lima, colaboradora do Núcleo de

Dissertação (PPGP/CAEd/UFJF) e com o professor e orientador da pesqui-

sa, Lourival Batista de Oliveira Júnior. A motivação para a realização do

trabalho está associada à contribuição dos estudos sobre eficácia escolar

para a melhoria da educação, na medida em que ajudam a compreender

os fatores intervenientes no processo de aprendizagem dos alunos.

Como campo do saber, o movimento das escolas eficazes surge no fi-

nal da década de 1960, provocado em grande parte pela publicação do

Relatório Coleman (NÓVOA, 2011). Desde então, diversas pesquisas, rea-

lizadas em diferentes países, demonstraram que algumas escolas, depen-

dendo de suas políticas e práticas pedagógicas, podem reduzir os efeitos

dos fatores extraescolares desfavoráveis, como o nível cultural e socioe-

conômico das famílias.

Segundo Alves & Franco (2008), os primeiros estudos produzidos no Brasil

sobre o efeito das escolas e os fatores de eficácia escolar tiveram início a

partir de meados de 1990 com a implementação do Sistema de Avaliação

da Educação Básica (SAEB). Todavia, as pesquisas, reiteradamente, têm

mostrado uma variação de resultados muito grande entre escolas e, prin-

cipalmente, entre os alunos. Somam-se a isso as condições desiguais de

oferta educacional e os distintos perfis socioeconômicos que produzem

resultados diferenciados e são mais favoráveis para os alunos com nível

socioeconômico mais elevado. De acordo com Brito (2009, p. 32), “apesar

das limitações da faixa de atuação da escola para diminuir as desigualda-

des sociais, ela pode contribuir de forma significativa para o aumento das

vantagens socioculturais e escolares, à medida em que se focalizam os

aspectos da qualidade e equidade dos sistemas de ensino.”

Nesse sentido, a escola Estadual Santa Edith Stein – nome fictício – lo-

calizada em bairro de classe média, próximo ao centro da cidade de Di-

vinópolis, única escola pública do bairro, foi escolhida como unidade de

análise para a pesquisa devido à evolução positiva dos resultados do

Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). O Ideb da escola

18 SAETHE 2018

foi, a partir de 2007, sempre crescente, tanto nos anos iniciais quanto nos

anos finais do ensino fundamental, tendo a escola estudantes oriundos de

diferentes regiões da cidade. Na série histórica do Ideb, a Escola Estadual

Santa Edith Stein sempre apresentou os maiores índices no 9º e 5º anos

quando comparados com os índices das demais escolas estaduais da ci-

dade de Divinópolis.

Nos dados do Programa de Avaliação da Rede Pública de Educação

Básica (Proeb), uma das avaliações que compõem o Sistema Mineiro de

Avaliação da Educação Básica (Simave), de 2008 a 2012, a escola ficou

dentro do padrão de desempenho recomendado1 para o 5º ano, tanto em

Língua Portuguesa quanto em Matemática. Em relação ao 9º ano, somen-

te não esteve nesse padrão em 2009 e 2010 e apenas em Matemática.

A escola se situa entre as instituições de melhor desempenho quando

comparada com todas as unidades de ensino pertencentes à SRE Divi-

nópolis, ou às redes municipal e estadual como um todo, possuindo uma

das maiores proficiências das unidades de ensino estadual localizadas

em Divinópolis.

A pesquisa pretendeu investigar práticas desenvolvidas na Escola Esta-

dual Santa Edith Stein, as quais vários estudos têm apontado como fatores

de eficácia escolar. Nesse sentido, foram utilizados dados da unidade de

ensino de modo a compará-los com os elementos ligados à eficácia esco-

lar apontados nos estudos realizados pelo Grupo de Avaliação e Medidas

Educacionais (GAME), da Faculdade de Educação da Universidade Fede-

ral de Minas Gerais (UFMG), intitulado “Escola eficaz: um estudo de caso

em três escolas da rede pública de ensino do estado de Minas Gerais.”

Os pesquisadores do GAME, considerando as especificidades da realida-

de escolar brasileira, distribuíram os fatores de eficácia em seis grupos, os

quais, de acordo com Soares (2002, p. 13), “ao serem eles tratados a partir

da perspectiva do “fator escola”, busca(m) explicitar as várias formas com

que a escola interfere no desempenho escolar”.

O primeiro grupo, denominado Infraestrutura e os fatores externos à or-

ganização da escola, foi subdividido em: I) estado de conservação do

prédio e adequação das instalações; II) recursos didáticos existentes,

existência e qualidade da biblioteca; III) número de alunos nas turmas; IV)

controle da escola sobre o tipo de aluno admitido; V) controle da escola

sobre a seleção e a demissão dos professores; VI) percepção de segu-

rança na escola.

1 Os padrões de desempenho são agrupados em três níveis (Baixo, Intermediário e Recomendado) de acordo com intervalos de

desempenho dos alunos nas avaliações externas do Simave. CADERNO DE PESQUISA 19

O segundo grupo, Liderança da escola, foi subdividido em: I) liderança

administrativa; II) liderança pedagógica; III) existência de um projeto peda-

gógico aceito por todos e o envolvimento com o projeto. O terceiro gru-

po, chamado de Professores, foi subdividido em: I) formação inicial

adequada e experiência do professor; II) oportunidade de treinamento; III)

satisfação com o trabalho e o salário; IV) tempo de serviço na escola e

estabilidade da equipe; V) relações interpessoais entre os professores da

escola; VI) apoio ao professor. O quarto grupo, Relação com as famílias

e com a comunidade, foi assim subdividido: I) como a escola estimula a

participação dos pais; II) inserção da escola na comunidade; III) inserção

dos pais na administração da escola.

O quinto grupo, por sua vez, Características do clima interno da es-

cola, foi subdividido em: I) expectativa em relação ao desempenho dos

alunos e II) existência de um clima de ordem. O último grupo, chamado

Características do ensino, foi subdividido em: I) ênfase nos aspectos cog-

nitivos; II) existência de estrutura de monitoramento do desempenho dos

alunos; III) política de reprovação e aceleração de estudos; IV) processo

de ensino utilizado; V) existe referência clara sobre o que ensinar. A partir

desses grupos, pesquisaram-se os elementos de eficácia presentes na

escola, ou seja, as práticas que podem estar logrando êxito para o de-

sempenho de seus alunos.

A metodologia adota é composta de dois momentos: (i) uso de instrumen-

tos de pesquisa para melhor descrever e caracterizar a escola e seus

atores, realizado por meio de pesquisa documental e observação in loco;

(ii) aplicação de questionários aos professores e entrevistas semiestrutu-

radas com gestores e especialistas da escola, para compreender suas

percepções quanto aos resultados da escola.

Análise da escola

Na observação in loco, foi possível constatar que a Escola Estadual Santa

Edith Stein conta com boa infraestrutura, prédio em bom estado de con-

servação, instalações adequadas, espaço físico amplo e com pequenos

espaços de convívio bem cuidados. As boas condições de funciona-

mento são propícias para o processo de ensino e aprendizagem. Em re-

lação a recursos didáticos existentes, existência e qualidade da

biblioteca, pode-se afirmar que a escola possui televisão, vídeo, aparelho

de DVD, retroprojetor, sons portáteis, data show, livros didáticos, dentre

outros utilizados em conformidade com o planejamento das aulas, o que

20 SAETHE 2018

foi percebido durante o período de observação para coleta de dados. A

biblioteca, mesmo sendo movimentada pelos alunos, possui espaço físico

pequeno, ao passo que o laboratório de informática da escola funciona

como sala de vídeo, e os professores não utilizam os computadores para

fins didático-pedagógicos.

No que tange o número de alunos nas turmas, segundo a observação in

loco, a escola não possui sala com excesso de lotação, seguindo os nú-

meros estipulados pela Secretaria de Estado de Educação de Minas Ge-

rais (SEE/MG), ou seja, as turmas têm em média 25 alunos nos anos iniciais

do ensino fundamental e 35 nos anos finais. No que concerne ao item de

análise controle da escola sobre o tipo de aluno admitido, o fato é que a

E. E. Santa Edith Stein não possui autonomia sobre o ingresso dos alunos,

uma vez que a Prefeitura e a SEE/MG, em regime de parceria, utilizam um

sistema que garante vaga aos alunos na escola mais próxima de sua

casa. Entretanto, como a escola tem o índice socioeconômico mais alto

(9,5), comparado a outras escolas estaduais de toda a SRE/Divinópolis,

fica evidente que a clientela tem background mais favorável ao aprendi-

zado, o que pode explicar, em parte, o desempenho da instituição (MINAS

GERAIS, s.d.c). Quanto ao item controle da escola sobre a seleção e a

demissão dos professores, pode-se afirmar que as escolas estaduais de

Minas Gerais não detêm autonomia sobre a seleção e a demissão dos

professores. Já a análise do item percepção de segurança da escola é

um elemento importante em contextos muito violentos, o que não é o caso

do bairro em que a escola está localizada. Nos seus diversos espaços,

pode-se perceber um clima de segurança.

Liderança escolar

A pesquisa de campo permitiu afirmar que há, na Escola Estadual Santa

Edith Stein, uma clara divisão de funções entre direção e vice-direção.

O diretor delega atribuições de natureza administrativa e financeira à vi-

ce-direção e a outros funcionários da escola, apesar de não deixar de

exercer a responsabilidade administrativa que também lhe compete. Os

exemplos mais claros da focalização da dimensão pedagógica dos ges-

tores da escola evidenciam-se na preservação do tempo de aula do alu-

no; no acompanhamento do processo de ensino e de aprendizagem; no

contato direto com os estudantes no recreio e no intervalo das aulas; nas

entradas rápidas em sala de aula; e até na substituição docente, quando

necessário.

CADERNO DE PESQUISA 21

A gestão da escola se mostrou altamente focada na formação dos alunos

e em sua efetiva aprendizagem, podendo assim contribuir para o desem-

penho da escola nas avaliações externas. Um terceiro item de análise,

além da liderança administrativa e pedagógica do gestor, é a existên-

cia de um projeto pedagógico aceito por todos e o envolvimento com

o projeto. O Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola apresenta um

texto que reflete as atualizações propostas e contidas nas orientações

e legislação seja mineira ou federal, fazendo um diagnóstico bastante

claro da escola e trazendo propostas de melhoria de suas práticas com

o intuito de favorecer o processo de ensino e de aprendizagem.

Os professores

A partir dos dados obtidos na aplicação do questionário aos professores

da escola, constatou-se que grande parte dos profissionais tem larga ex-

periência no magistério da rede estadual de ensino, possuindo mais de 10

anos de docência. Quanto à formação acadêmica dos professores, 98%

têm formação compatível com o nível de atuação, ou seja, possuem licen-

ciatura plena; 48% têm pós-graduação lato sensu e três professores pos-

suem mestrado. No item oportunidades de treinamento, observou-se que

a escola oferece momentos de formação durante as reuniões do Módulo

II2. Nesses eventos, são realizados estudos e reflexões sobre variados te-

mas educacionais e práticas da sala de aula. Contudo, com a pesquisa de

campo, percebeu-se que há bastante limitação quanto às oportunidades

de treinamento em relação à utilização das novas tecnologias nas práti-

cas diárias dos professores.

Em relação ao item de análise – satisfação com o trabalho e o salário –

foi percebida a insatisfação dos professores com o salário e não com o

trabalho. Outro item comprovado pela pesquisa de campo diz respeito

ao apoio recebido pelos profissionais da equipe gestora da escola. Esse

apoio se manifesta tanto no aspecto pedagógico quanto no administra-

tivo e materializa-se na gestão dos recursos materiais e equipamentos

necessários, no apoio dado aos projetos desenvolvidos e no estímulo à

inovação na sala de aula. No mesmo sentido, o texto do PPP mostra a

importância do diretor como suporte do processo para que ocorra uma

aprendizagem significativa dos conteúdos.

2 Dentro da carga horária dos professores, são previstos momentos de reuniões semanais, de caráter coletivo e obrigatório,

que devem ser “(...) programadas pela Direção, em conjunto com os Especialistas da Educação Básica, para tratar de temas

pedagógicos, administrativos ou institucionais de forma a atender às diretrizes do PPP” (MINAS GERAIS, 2013a).

22 SAETHE 2018

A Escola Estadual Santa Edith Stein conta com um quadro de professo-

res que, em sua maioria, é efetivo/efetivado (80%), ganhando, com isso, o

estatuto privilegiado de servidores com estabilidade no serviço público.

A respeito das relações interpessoais, foi possível reconhecer na escola

sinais de confiança, cooperação, integração e cordialidade na equipe. Na

relação entre professor e aluno, a pesquisa comprova que há um clima

respeitoso entre ambos.

Relação com as famílias e a comunidade

Outro fator apontado nos questionários aplicados aos professores e nas

entrevistas realizadas com os diretores, as especialistas e a vice-diretora,

que pode explicar os resultados da escola nas avaliações externas, foi

a efetiva participação das famílias. As propostas de integração da esco-

la com as famílias estão presentes nos discursos dos diretores entrevis-

tados, da vice-diretora e das especialistas. Embora poucos pais sejam

omissos, a equipe pedagógica varia a estratégia e insiste na abordagem

dos ausentes até que eles compareçam à unidade escolar.

As reuniões do colegiado escolar, que obrigatoriamente ocorrem men-

salmente, são o lugar privilegiado de participação dos pais na escola.

Entretanto, a participação no colegiado escolar, em assembleias, eventos

e reuniões precisa ser ampliada de acordo com a proposta do PPP da

escola. Um aspecto observado que, em grande parte, parece explicar a

pouca participação da comunidade local é o fato de parte das famílias

não morar no entorno da escola.

Características do clima interno da escola

A Escola Estadual Santa Edith Stein é muito organizada, os diversos es-

paços são bastante limpos, e os professores conseguem manter uma boa

disciplina em sala de aula, criando um ambiente propício ao processo

de ensino e aprendizagem. Pela observação, pode-se também perceber

um clima de ordem e organização nos diversos espaços da escola: se-

cretaria, cantina, sala dos professores, das especialistas e da direção,

elemento favorável ao processo de aprendizagem e de ensino, também

com destaque para a disciplina. Essa disciplina se faz importante, uma

vez que possibilita uma maior maximização do tempo de ensinar e tam-

bém de aprender. Outro elemento de análise é a expectativa em relação

ao futuro dos alunos. Quando perguntamos aos gestores e professores

sobre os fatores que têm contribuído para o resultado positivo da escola

nas avaliações externas, grande parte das respostas atribui também ao

compromisso e ao empenho dos alunos da escola.

CADERNO DE PESQUISA 23

Características do ensino

Os dados coletados nos questionários apontam que alguns dos docu-

mentos teóricos que fundamentam o desenvolvimento do trabalho, ou

seja, o que ensinar, dos professores da Escola Estadual Santa Edith Stein

são os cadernos da SEE/MG, elaborados pelo CEALE/UFMG (MINAS GE-

RAIS, 2013b), a Proposta Curricular preliminar da SEE/MG (MINAS GERAIS,

2013c), dentre outros, seguindo, com isso, as orientações da Secretaria de

Estado de Educação.

Outro elemento de análise diz respeito à existência de uma estrutura de

avaliação e de monitoramento do desempenho dos alunos. Na Escola

Estadual Santa Edith Stein, percebe-se uma cultura avaliativa. Há vários

registros nos documentos da escola que relatam estudos e discussões

dos profissionais com relação às avaliações internas e externas, inferin-

do-se que a escola tem bem definida uma política de monitoramento do

desempenho dos seus alunos. Tanto nos anos iniciais quanto nos anos

finais, o controle sobre o desempenho dos alunos tem sido facilitado pelo

diagnóstico produzido pelas avaliações externas. A apropriação desses

resultados, por parte dos professores, pode estar contribuindo para um

melhor desempenho dos alunos nessas avaliações.

Com relação aos itens “política de reprovação”, “aceleração de alunos”

e “processo de ensino utilizado”, foram investigados os documentos da

escola que tratam sobre o tema e, conforme estabelecido pela legislação

educacional mineira, constatou-se que há impedimento de reprovação

sem que antes haja um trabalho de recuperação dos discentes.

A Escola Estadual Santa Edith Stein ainda apresenta indicadores a serem

melhorados. A preocupação dos atores da escola com esses dados foi

registrada no PPP, que definiu como meta, para 2013 e 2014, uma redução

tanto das taxas de evasão quanto de repetência. Destaca-se, nessa inter-

venção, a estratégia de introduzir atividades ligadas à leitura e à escrita

em todos os componentes curriculares, ou seja, fazendo um trabalho in-

terdisciplinar.

Diante dessas evidências, foi possível reconhecer algumas características

de eficácia na escola em análise. Contudo, a questão da efetividade das

ações da instituição deixou à mostra seus limites, perceptíveis na

pouca inserção da escola na comunidade e na ausência de canais

mais efetivos de participação dos alunos na instituição. A melhoria da re-

24 SAETHE 2018

lação entre a escola e a comunidade beneficiaria todos os envolvidos e

legitimaria ainda mais sua presença na região, podendo obter maiores

proveitos de sua condição, visto que possui uma clientela com caracterís-

ticas socioeconômicas melhores.

Foi dentro dessa perspectiva que surgiu, então, a proposta de um plano

de ação educacional (PAE), com proposições internas e externas, que ti-

vesse por objetivo implementar, na SRE de Divinópolis e nas escolas a ela

jurisdicionadas, as boas práticas que caracterizam as escolas considera-

das eficazes e que se mostraram em evidência na Escola Estadual Santa

Edith Stein.

PAE

O plano de intervenção direcionado à Escola Estadual Santa Edith Stein é

composto de quatro proposições: (i) reativação do grêmio estudantil e (ii)

do laboratório de informática; (iii) ações direcionadas para uma maior

integração escola-comunidade e (iv) proposta de desenvolvimento das

competências do século XXI. As proposições têm os seguintes objetivos:

melhoramento ou aperfeiçoamento de certas práticas que já vêm sendo

desenvolvidas na escola, como é o caso da proposta de integração esco-

la-comunidade. Quanto às proposições relacionadas ao grêmio estudan-

til, ao laboratório de informática e ao desenvolvimento das competências

do século XXI, encaixam-se no plano de intervenção como aquelas que

ainda requerem implementação e representam lacunas na gestão da es-

cola (Quadro 1).

Quadro 1 - Ações internas propostas no PAE

Justificativa Tempo Responsáveis Método Custo Avaliação

Possibilidade de de-senvolvimento de um maior protagonismo

dos estudantes.

Desde o início do

ano letivo.

Diretor da escola e es-pecialistas.

Palestras de conscientização versando sobre

a importância do órgão colegiado no processo de

formação política e cidadã.

Custo baixo. Re-curso do mate-rial de consumo

da escola.

Acompanhamen-to pela equipe pedagógica da programação e das atividades desenvolvidas.

Promoção do proces-so de ensino aprendi-zagem por meio das TICs e garantia do

desenvolvimento de uma das competên-cias do século XXI.

Desde o início do

ano letivo.

Técnicos do NTE, diretor, especialistas

e profes-sores da escola.

Treinamento e capacitação dos

professores.

Custo baixo. De acordo com informações do

NTE.

Relatório dos professores so-

bre as atividades desenvolvidas.

CADERNO DE PESQUISA 25

Justificativa Tempo Responsáveis Método Custo Avaliação

Garantia de uma maior participação da comunidade no pro-cesso educacional.

Contínua. Diretor da escola, espe-

cialistas, professores

e demais funcionários.

Elaboração conjun-ta de um Plano de

Metas e Ações.

Custo baixo. Recurso do

material de con-sumo.

Verificação dos percentuais de

participantes nos encontros

Possibilidade de desenvolvimento das

habilidades cognitivas, interpessoais e intra-pessoais dos alunos.

Contínua. Pesquisador, diretor e es-pecialistas.

Treinamento e capa-citação. Elaboração

de um minicurso.

Custo baixo. Re-curso do mate-rial de consumo

da escola.

Acompanhamen-to dos planos de curso e de aula dos professores.

Fonte: Elaborado pelos autores.

A primeira proposta é a reativação do grêmio estudantil na escola. Para

isso, a comunidade escolar, num primeiro momento, deve ser conscienti-

zada. Um passo determinante, para tanto, é a divulgação da importância

do grêmio no passado da realidade escolar e a atuação efetiva dele nas

decisões da escola. Num segundo momento, deve-se utilizar a estratégia

de elencar o conjunto de ações que esses órgãos realizam e que, efetiva-

mente, têm contribuído para o melhoramento do desempenho dos alunos

e da dinâmica escolar.

A segunda proposta versa sobre a reativação do laboratório de informá-

tica, a fim de que possa servir de ferramenta para melhoria do ensino e

da aprendizagem na escola. Logo, a primeira ação da escola deve ser

contatar o Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE), ligado à SEE, solici-

tando assistência técnica. O NTE é um órgão que conta “com uma equi-

pe interdisciplinar de professores e técnicos qualificados para oferecer

formação contínua aos professores e assessorar escolas da rede pública

no uso pedagógico e na área técnica (hardware e software)” (FARIA 2007).

Uma vez colocado o laboratório em condições técnicas de funcionamen-

to, os professores devem passar por um processo de capacitação. Reco-

menda-se o treinamento com a equipe dividida em três grupos. A divisão

pode adotar o critério de separação por níveis de conhecimento e domí-

nio das novas tecnologias (básico, intermediário de avançado), formando

pequenos grupos e até mesmo possibilitando obedecer à disponibilidade

de horários dos docentes.

A terceira proposta de ação objetiva aproximar mais a escola das famílias

e da comunidade em que está inserida. A estratégia leva em consideração

que a interação escola-família e escola-comunidade é componente im-

portante do trabalho daqueles que atuam na instituição. Para essa ação,

sugere-se que os profissionais da escola, liderados pelo gestor, elaborem

26 SAETHE 2018

um Plano de Metas e Ações que, necessariamente, precisa da aprovação

do colegiado escolar. Outra medida é convidar família e comunidade para

assistir a reuniões, participar de palestras, encontros temáticos – saúde,

oficinas que valorizem o saber cultural local – eventos esportivos e cul-

turais na escola e festas, iniciando-se, assim, uma aproximação e/ ou o

fortalecimento/aprofundamento das relações em curso.

Sugere-se ainda que, nos murais da escola, sejam expostos trabalhos

dos alunos e fotos que contenham a história da comunidade, do bairro,

da cidade, dos alunos e ex-alunos da instituição. Espera-se que, com es-

ses tipos de eventos, os diferentes atores venham a conhecer mais a fun-

do a cultura da escola e da comunidade, além de poder interagir melhor.

Nesse momento, também é possível identificar quais tipos de parcerias a

escola pode estabelecer com a comunidade do entorno. As opções pos-

síveis, visto que estão presentes na comunidade, academias, cursos de

informática, inglês, pintura em tela, música, dentre outros.

Já a ação da proposta Capacitação para o desenvolvimento das compe-

tências do século XXI pode ser dividida em dois momentos. Primeiramen-

te, oferece- se capacitação à equipe gestora da escola. O treinamento é

de incumbência do primeiro autor da pesquisa com conteúdo que versa

sobre liderança educacional, competências para ao século XXI e a pers-

pectivas das “escolas aprendentes”. Esse momento inclui encontros reali-

zados na própria escola, fora do horário de funcionamento, ou seja, à noi-

te. A previsão é de haver dez encontros: seis para estudo e discussão da

parte teórica do tema e mais quatro para estruturar um projeto de capaci-

tação e implementação da proposta a ser realizada com os professores

da escola. O segundo momento da ação requer a interferência da equipe

gestora da escola, que deverá capacitar os professores da instituição. A

capacitação pretende se efetivar, basicamente, por meio de oficinas nas

quais serão apresentadas e discutidas as habilidades cognitivas, inter-

pessoais e intrapessoais; e, ainda, as possibilidades concretas de desen-

volvimento, no contexto da sala de aula, de cada uma das competências.

Também se pretende discutir a importância de introduzir, no currículo

escolar, conteúdos, estratégias e metodologias destinadas a tornar a

escola mais relevante para as necessidades do século XXI.

No âmbito externo à escola, a proposta é direcionada para a equipe

técnico- pedagógica da SRE/Divinópolis, ligada à Diretoria Pedagógica.

Essa diretoria, como o nome indica, tem um trabalho direcionado à esfe-

ra pedagógica das escolas. Ela é composta de uma pequena, mas vigo-

CADERNO DE PESQUISA 27

rosa, equipe de analistas educacionais: professores (lotados em escolas

estaduais, mas que estão em exercício na SRE) e técnicos (funcionários

efetivos da SRE). As proposições externas são: Proposição 1, em que há

uma discussão do estudo de caso “Escola Estadual Santa Edith Stein”; e

Proposição 2, criação do Repositório Digital de Projetos Eficazes, em que

as escolas da SRE são convidadas a divulgar os projetos desenvolvidos

em seus contextos (Quadro 2).

Quadro 2 - Ações externas propostas pelo PAE

Etapas/Ações Justificativas Tempo Responsáveis Método Custo Avaliação

Apresentação dos resultados da pesquisa para a Diretora da SRE, funcionários da Diretoria Peda-gógica e inspe-tores escolares. Proposição 1: Capacitação Escolas eficazes: estudo do caso de gestão “Escola Estadual Santa Edith Stein” .

Garantia de que a equipe pedagó-gica e a diretoria conheçam a proposta a ser implementada.

Dois meses finais do ano. ( 2 encontros)

Pesquisador que é analista educacional na SRE.

Através de quatro encontros, às segundas feiras.

Baixo cus-to. Apenas despesa com a reprodu-ção de material, já prevista no consumo da SRE.

-----

Capacitação dos diretores das escolas estaduais da SRE. Proposição 1: Capacitação Escolas eficazes: estudo do caso de gestão “Escola Estadual Santa Edith Stein”.

Possibilidade de conhecimento das caracterís-ticas chave das escolas eficazes. Divulgação de boas práticas.

Entre janeiro e abril do ano corrente.

Pesquisador, inspetores escolares e analistas edu-cacionais.

Através de quatro encontros de planejamento na SRE.

Baixo custo. Re-cursos do material de consumo da SRE.

-----

Criação de um Repositório Digital de Projetos para as escolas da SRE/Divinópolis.

Garantia de ampla divulgação de boas práticas na SRE.

A partir de maio do ano corren-te.

Técnicos do NTE, diretores das escolas, gestores, analistas e inspetores escolares.

Cadastramen-to de projetos desenvolvidos pelas escolas da SRE.

Sem custo. Monito-ramento realizado pelos analistas/técnicos e inspetores escolares da SRE.

Fonte: elaborado pelos autores.

A Proposição Capacitação Escolas eficazes: estudo do caso de gestão

“Escola Estadual Santa Edith Stein” é direcionada para analistas educa-

cionais e gestores da SRE/Divinópolis. A proposta passa por várias eta-

pas. A primeira, necessariamente, busca apresentar os resultados da

28 SAETHE 2018

pesquisa, discutindo as características-chave das escolas eficazes e as

boas práticas presentes na escola pesquisada. A segunda exige que o

pesquisador, inspetores e analistas educacionais tragam essa discussão

para os diretores das escolas pertencentes à SRE. A concepção inicial

enseja que as escolas também discutam boas práticas, tendo como parâ-

metros escolas consideradas eficazes. Cria-se um momento oportuno de

conhecimento e discussão das características-chave dessas instituições.

Espera-se que, a partir de um robusto treinamento e capacitação dos di-

retores, tenham-se subsídios teóricos e práticos para que, na comunidade

escolar, possa se discutir e propor melhorias. Para tanto, pretende-se que,

sob uma boa liderança, a comunidade escolar elabore um projeto, cujo

objetivo principal seja melhorar algum indicador de qualidade de sua es-

cola, a saber: reduzir as taxas de evasão escolar, melhorar o rendimento

nas avaliações internas em Língua Portuguesa e Matemática. Todo esse

movimento seria acompanhado pelos inspetores escolares, analistas

educacionais e gestores da SRE/Divinópolis.

A segunda proposta refere-se à criação de um “Repositório Digital de

Projetos3. Os responsáveis pelo desenvolvimento do repositório são os

funcionários do NTE. Com esse repositório, todas as escolas interessa-

das podem cadastrar seus projetos ou ter acesso aos já disponibilizados

no ambiente interno virtual (intranet) da escola ou da SRE/Divinópolis. O

repositório será organizado por temáticas como: Integração escola-comu-

nidade, escola-família; Utilização das TICs; Gestão inovadora; Apropria-

ção dos resultados de avaliações externas; Órgãos colegiados, dentre

outros.

Considerações finais

A partir das análises e propostas realizadas no estudo em questão, espe-

ra-se que a disseminação de boas práticas venha a se efetivar com maior

frequência e de uma forma mais ágil e criativa, oportunizando a criação

de um ambiente de maior comunicação e cooperação entre os gestores

da SRE/Divinópolis. Ressalta-se que as escolas têm a oportunidade não

somente de replicar experiências, mas também mostrar o trabalho de-

senvolvido para um grupo maior de unidades. Portanto, acredita-se que a

realização da pesquisa contribui para a melhoria da escola pesquisada,

ampliando suas possibilidades de sucesso e enquanto proposta de mo-

delo de gestão para as escolas jurisdicionadas à SRE/Divinópolis.

3 Repositório digital: “compreende-se que os repositórios digitais são constituídos por um sistema de informação que permite

armazenar, organizar e compartilhar diferentes tipos de materiais, a fim de proporcionar um acesso transparente e democrático”

(VIANA, 2013, p.105).

CADERNO DE PESQUISA 29

Referências

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dências sobre o efeito das escolas e fatores associados à eficácia esco-

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origem e trajetórias. Belo Horizonte: UFMG, 2008, p. 482-500.

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Janeiro. Rio de Janeiro, 2009. 129f. Dissertação (Mestrado em Educação)

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2007. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/index.php?id=7590 > Aces-

so em: 25 abr. 2014.

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20 fev. 2013b.

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Pública – PPGP/CAED - Universidade Federal de Juiz de Fora, 2014.

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VIANA, H. E. Estudo de caso de uma escola da RME-BH com índice so-

cioeconômico baixo em comparação ao seu grupo de referência. Juiz de

Fora, 2013. 126f. Dissertação (Mestrado em Gestão e Avaliação da Educa-

ção Pública) – Universidade Federal de Juiz de Fora. Juiz de Fora, 2013.

30 SAETHE 2018

* Mestra pelo Programa de Pós Graduação Profissional em Gestão e Avaliação da educação Pública do CAEd/UFJF.

* Coordenadora do Núcleo de Dissertação do Programa de Pós Graduação Profissional em Gestão e Avaliação da educação

Pública do CAEd/UFJF.

* Professora da UFJF e orientadora no Programa de Pós Graduação Profissional em Gestão e Avaliação da educação Pública do

CAEd/UFJF.

EFICÁCIA ESCOLAR: ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA EM PERNAMBUCO

Herocilda de Oliveira Alves*

Juliana Alves Magaldi**

Maria Isabel da Silva Azevedo Alvim***

A oferta de educação com qualidade é um objetivo que deve ser prioritá-

rio em todas as redes de ensino e escolas públicas do Brasil. Isso significa

dizer que as instituições de ensino devem perseguir a meta de garantir um

aprendizado de qualidade para todos. Algumas das dificuldades enfren-

tadas na educação são bastante conhecidas, tais como: déficit de apren-

dizagem no ensino fundamental, má formação+ de professores, recursos

financeiros e infraestrutura aquém do ideal, entre outras. Ainda assim,

diante de todas essas dificuldades, algumas escolas conseguem atingir

as metas estipuladas com base nos resultados das avaliações externas

ofertando uma educação considerada de qualidade.

É nesse sentido que se apresentam os conceitos, com estreita relação

entre si, de eficácia e eficiência escolar. Para Brooke e Soares (2008), uma

escola pode ser considerada eficaz quando é capaz de fazer seus alunos

progredirem mais do que o esperado, observando seu nível socioeconô-

mico e os padrões de desempenho em que estão alocados. Uma gestão

eficaz tem, assim, estreita relação com a eficiência escolar: dificilmente

uma escola será eficaz sem uma gestão eficiente.

Sem a pretensão de esgotar o assunto, partimos para o caso da gestão

da Escola Estadual Tomé Francisco da Silva, em Pernambuco. Essa insti-

tuição foi selecionada para análise mediante os resultados apresentados

nas avaliações externas. Desde 2007, a Escola Estadual Tomé Francisco

da Silva (EETFS) vem se destacando entre as escolas brasileiras no Índice

de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Destaca-se que a escola

está localizada no sertão pernambucano, em uma área de difícil acesso,

na zona rural, região que sofre com a seca e apresenta Índice de Desen-

volvimento Humano (IDH) abaixo da média nacional.

CADERNO DE PESQUISA 31

A Escola Estadual Tomé Francisco da Silva (EETFS) está localizada no dis-

trito de Lagoa da Cruz, município de Quixaba, no sertão pernambucano, a

470 quilômetros de Recife. O município está localizado na macrorregião

do Sertão pernambucano e na microrregião do Pajeú, com uma área ter-

ritorial de 215,4km².

A instituição pertence à rede estadual de ensino de Pernambuco e está

jurisdicionada à Gerência Regional de Educação (GRE) do Sertão do Alto

Pajeú. No momento da pesquisa, em 2015, a escola atendia, aproximada-

mente, 800 alunos matriculados entre turmas dos anos iniciais do ensino

fundamental e final do ensino médio, sendo esses estudantes da zona

rural e da zona urbana, dos turnos matutino e vespertino. A população é,

em sua maioria, rural, e a economia da região é basicamente agrícola,

voltada para as culturas de subsistência, tais como milho e feijão.

Apresentamos, na Tabela 1, os índices educacionais da Escola Estadual

Tomé Francisco da Silva registrados no Ideb de 2011, 2013 e 2015 no en-

sino fundamental. Destaca-se que esses resultados se mantêm acima da

proposta do Ministério da Educação, que é a de atingir, até 2022, a média

nacional de 6.0, o que corresponde ao índice de países desenvolvidos.

Tabela 1 - Evolução do Ideb da Escola Estadual Tomé Francisco da Silva – Quixaba/PE

(2011 – 2017)

2011 2013 2015 2017

Nota Meta Nota Meta Nota Meta Nota Meta

Anos Iniciais EF 7,0 7,0 7,9 7,2 8,1 7,3 8,8 7,5

Anos Finais EF 5,2 4,7 5,6 5,1 6,6 5,4 7,1 5,6

Fonte:elaboração própria com dados do MEC/Inep/Resultados do Ideb – 2011/ 2013/2015/2017

Os resultados apresentados são expressivos e suficientes para motivar

uma investigação sobre as práticas presentes na escola que podem con-

tribuir para a melhoria da qualidade da educação ofertada. A partir da

análise da Tabela 2, verificamos que o desempenho da Escola Estadual

Tomé Francisco da Silva, em 2017, apresentou resultados superiores se

comparados aos índices apresentados pelo município de Quixaba, pelo

estado de Pernambuco e pelo Brasil.

32 SAETHE 2018

Tabela 2 - Resultado do Ideb / 2017 - Escola Estadual Tomé Francisco da Silva –

Quixaba/PE em comparação com as médias municipal, estadual e nacional

Etapas Escola Quixaba Pernambuco Brasil

Anos Iniciais EF 8,8 6,0 4,8 5,5Anos Finais EF 7,1 5,5 4,1 4,4

Fonte: elaboração própria com dados do MEC/Inep/Resultados do Ideb 2017

Partindo assim da evidência da qualidade do ensino ofertado explícita

nos resultados, lançaremos luz sobre o cotidiano escolar tendo como foco

principal a gestão escolar. O gestor escolar é aquele que lidera, gerencia

e articula o trabalho de professores e funcionários com foco na aprendi-

zagem dos alunos. É ele quem responde legal e pedagogicamente pela

escola e por seus resultados. Para Lück (2006), o próprio conceito de ges-

tão remete ao papel principal de seu gestor, uma vez que

[...] está associado ao fortalecimento da democratização do processo pe-

dagógico, à participação responsável de todos nas decisões necessárias

e na sua efetivação mediante um compromisso coletivo com resultados

educacionais cada vez mais efetivos e significativos (LÜCK, 2006, p.1).

Em relação à equipe gestora, o diretor escolar e seu adjunto são lideranças

responsáveis por todo o processo escolar e pela mobilização de esforços

e recursos para a eficácia e realização dos objetivos educacionais. Já o

coordenador pedagógico é responsável por orientação, acompanhamen-

to, avaliação dos processos educacionais, atendimento na escola e, em

especial, ação dos professores e seu desenvolvimento (LÜCK et al., 2007).

Nas visitas realizadas, analisamos a equipe gestora da EETFS, composta

por diretor, diretor adjunto e duas educadoras de apoio, a fim de encontrar

indícios sobre sua gestão eficiente e a eficácia da escola. Identificamos

então que, desde 1999 até a fim desta pesquisa em 2015, a escola estava

sendo conduzida pelo mesmo gestor e sua equipe. O princípio da autono-

mia escolar, assegurado pela legislação vigente, dá liberdade para que o

gestor escolha aqueles que irão compor sua equipe.

No início do primeiro mandato, a equipe gestora seguiu as recomenda-

ções do Ministério da Educação, que utiliza o argumento de que os gesto-

res devem envolver a comunidade em uma avaliação da realidade esco-

lar, analisando as condições de ensino oferecidas pela escola, firmando

parcerias e se comprometendo a rever ações, melhorar a infraestrutura da

escola e as metodologias de ensino (MEC, 2009). Mediante as sugestões

CADERNO DE PESQUISA 33

do MEC, a equipe gestora da Escola Estadual Tomé Francisco da Silva

reuniu os representantes de todos os segmentos da escola para avaliar

seus pontos fortes e fracos, seus limites e suas possibilidades. Os profis-

sionais em questão construíram juntos um plano de ação a ser executa-

do na instituição escolar, com metas a serem cumpridas a curto, médio e

longo prazo. A primeira parceria firmada foi com a comunidade da escola,

com o intuito de elevar o desempenho da escola e dos estudantes e,

consequentemente, melhorar a qualidade do ensino ofertado na escola.

Dessa parceria com a comunidade, resultaram diagnósticos e estratégias

elaboradas para melhorar a educação ofertada na Escola Estadual Tomé

Francisco da Silva. Uma dessas estratégias foi a implementação do moni-

toramento ao aprendizado dos estudantes matriculados na EETFS. Foi a

partir desse monitoramento que a comunidade escolar passou a elaborar

novas táticas para reverter situações de fracasso escolar. No início de

cada ano letivo, a escola realiza uma avaliação diagnóstica com seus

alunos para detectar as habilidades que não foram apreendidas. A partir

do resultado, os estudantes recebem reforços na escola, com a ajuda de

professores e colegas da turma, referentes aos conteúdos que demons-

traram não dominar. Então, bimestralmente, os estudantes são avaliados,

e o desempenho deles vai melhorando gradativamente.

No ano de 2007, a gestão da escola implementou o Conselho de Classe,

que passou a auxiliar a equipe gestora em suas ações. O conselho con-

ta com a participação do diretor, das educadoras de apoio, dos técnicos

educacionais, além dos professores. A função não é julgar o comporta-

mento dos estudantes, mas compreender a relação que eles desenvol-

vem com o conhecimento e como gerenciam a vida escolar. O Conselho

de Classe acontece em reuniões definidas e previamente organizadas em

duas etapas: (i) pré-conselhos, que acontecem durante o ano, mais espe-

cificamente no final de cada bimestre, para a divulgação dos resultados

das avaliações; e (ii) o conselho final, encontro que acontece no fim do

ano com o objetivo de decidir sobre aprovações ou retenções.

A equipe gestora planejou e executou reuniões de avaliação e autoava-

liação com os segmentos escolares. Os pontos positivos foram eviden-

ciados e os negativos, listados, analisados e, por meio do diálogo, redire-

cionados e resolvidos. A periodicidade dessas reuniões é bimestral, mas

havendo necessidade, a comunidade escolar é convidada a participar

em outro momento. Elas são realizadas com a participação de equipe

gestora, técnicos e funcionários da secretaria, bibliotecárias, professores,

pessoal de apoio, alunos e merendeiras (SEE, 2012).

34 SAETHE 2018

Analisamos a escola em suas dimensões administrativa, pedagógica e

organizacional e detectamos que a ênfase pedagógica desenvolvida

pela equipe gestora constitui um fator determinante na eficácia escolar.

Verificamos ainda que a liderança da equipe gestora e a organização

da escola convergem para conjunturas de ensino e aprendizagem dos

estudantes. O clima escolar e a integração com a comunidade colaboram

para que os educandos tenham um desempenho satisfatório nas avalia-

ções internas e externas. Não são somente esses fatores os responsáveis

pela eficácia da escola, mas eles possuem grande importância no suces-

so da instituição, tendo em vista que sua equipe gestora está há um longo

período exercendo as mesmas funções. Sendo assim, nosso plano de in-

tervenção busca institucionalizar as práticas que têm contribuído para os

bons resultados alcançados.

A partir do que foi diagnosticado na escola, propusemos um plano de

ação que tem como objetivo principal estimular a institucionalização das

práticas e das ações educativas que contribuem para o bom desempenho

da escola nas avaliações externas.

O plano visa orientar a escola a aperfeiçoar e ampliar suas probabilida-

des de sucesso, o que implicará no envolvimento de todos. Sendo assim,

propomos uma ação dividida em duas etapas: (i) a institucionalização do

trabalho com projetos; (ii) a criação de um protocolo para as ações das

educadoras de apoio.

A primeira etapa do plano de ação deverá ser coordenada pelo Conse-

lho Escolar. Essa etapa consiste em apresentar para a comunidade os

projetos desenvolvidos pela Escola Estadual Tomé Francisco da Silva, os

quais têm contribuído para a eficácia da instituição. Ressaltamos que o

trabalho com projetos deveria ser institucionalizado para que possíveis

alterações na equipe gestora não comprometessem, no futuro, o sucesso

obtido. Essa etapa será desenvolvida em 3 fases:

Fase 1: Reunião com a equipe gestora e Conselho Escolar: o órgão co-

legiado marcará uma reunião com a equipe gestora para informar a in-

tenção de institucionalizar a prática de trabalho com projetos, prática já

realizada com sucesso pela escola.

Fase 2: Construção do desenho do projeto: antes de iniciar o ano letivo

de 2015, será agendada uma reunião pedagógica com os professores,

a equipe gestora e os demais funcionários da escola, coordenada pelo

Conselho Escolar, objetivando apresentar a ação de institucionalização

CADERNO DE PESQUISA 35

do trabalho com projetos na área de Linguagens e suas tecnologias,

como também na área de Matemática e suas tecnologias. Os integrantes

do Conselho Escolar deverão montar o plano visando à institucionaliza-

ção da metodologia pedagógica de trabalho com projetos.

Fase 3: Inserção do trabalho com projetos no Projeto Político Pedagó-

gico (PPP): na primeira quinzena de março de 2015, com a anuência dos

segmentos escolares, o Projeto Político Pedagógico será alterado para

abarcar a orientação do trabalho com projetos. A intenção é instituciona-

lizar, no PPP, a proposta pedagógica já em uso, que vem gerando bons

resultados. Isso significa institucionalizar os seguintes projetos: (i) Prazer

de ler, que procura formar leitores proficientes; (ii) Produção textual promo-

vendo a interação entre os sujeitos, que motiva os estudantes a produzi-

rem textos; (iii) Literarte, que promove e incentiva a leitura de clássicos da

literatura brasileira; (iv) Leitura Compartilhada, que busca compartilhar his-

tórias e textos literários entre todos; (v) Café Literário, que incentiva pais e

filhos na prática da leitura; (vi) Seminário de Literatura, que apresenta aos

estudantes os estilos literários, e (vii) Plantão da Matemática, que ajuda os

estudantes a superarem deficiências de aprendizagens em conteúdos de

matemática. Desse modo, havendo alteração na equipe gestora, essas

boas práticas terão continuidade, uma vez que farão parte da organiza-

ção regimental da instituição.

Quando as ações executadas não estiverem surtindo os resultados espe-

rados, o Conselho Escolar deverá buscar, em reuniões com o colegiado,

novas estratégias ou ações. A cada semestre, os projetos serão avaliados

para saber se deverão continuar a figurar na grade de projetos da esco-

la ou se precisarão sofrer alguma modificação. Assim, o PPP deverá ser

revisitado e os projetos e as boas práticas, avaliadas, com a participação

dos órgãos colegiados e da comunidade escolar. Mediante ao diagnós-

tico, após o planejamento das atividades e das práticas eficazes, novas

sequências didáticas e projetos serão direcionados para a melhoria do

processo de ensino e aprendizagem.

Para vivenciar essa etapa do plano de intervenção, a escola vai contar

com o tempo que os membros do Conselho Escolar, equipe gestora e

educadoras de apoio destinarão para participar das reuniões propostas,

desenhar e validar o projeto.

Propomos, também, uma segunda etapa para o plano: a construção de

um protocolo de ações a ser vivenciado pelas educadoras de apoio na

referida escola.

36 SAETHE 2018

Durante a pesquisa, constatamos que o trabalho desenvolvido pelas edu-

cadoras de apoio, ou seja, o monitoramento e as formações direcionadas

aos professores do ensino fundamental, anos iniciais e finais, e ensino

médio, são relevantes para o desenvolvimento da aprendizagem dos es-

tudantes desses níveis de ensino.

Identificamos, também, no decorrer da pesquisa, que as educadoras de

apoio atuam de modo diferente, fato que pode influenciar os procedimen-

tos de organização e trabalho do corpo pedagógico da instituição. Sendo

assim, sentimos a necessidade de elaborar um protocolo com a finali-

dade de padronizar a conduta do trabalho realizado pelas educadoras.

O protocolo é um tipo de padronização de procedimentos que definirá

como as educadoras de apoio devem trabalhar. Essa ação foi proposta

porque a educadora de apoio do turno da manhã possui uma ação mais

presente, sistemática, sendo essa a ação que queremos protocolar. Após

a conclusão do protocolo, o mesmo deverá ser incorporado ao PPP, para

que a mudança no quadro gestor não comprometa, futuramente, as ações

eficazes desenvolvidas pela escola.

Sabemos que numa escola pública, a gestão escolar pode ser considera-

da eficaz quando os gestores lideram as ações com uma visão global e

abrangente e reconhecem os fatores que favorecem o desenvolvimento

de um trabalho voltado para a qualidade. A relevância da dimensão pe-

dagógica é um fator determinante para o desempenho da escola e dos

estudantes nas avaliações externas da Escola Estadual Tomé Francisco

da Silva.

Sendo assim, propomos, além de institucionalizar o trabalho com projetos,

padronizar as ações desenvolvidas pelas educadoras de apoio por meio

de um protocolo. A rotina de trabalho e de procedimentos pedagógicos

realizada no turno da manhã também deve ser executada no período da

tarde. Isso não quer dizer que as atividades não sejam desenvolvidas,

mas sim que necessitam de um mesmo padrão.

Fase 3 - Apresentação do protocolo para validação pelo conselho es-

colar: o órgão normativo e a equipe gestora, no quinto dia letivo de 2015,

apresentarão, para o conselho escolar, as ações sistematizadas e padro-

nizadas das atividades pedagógicas que deverão ser validadas e realiza-

das pelas educadoras de apoio, nos turnos da manhã e da tarde.

CADERNO DE PESQUISA 37

Fase 4 - inserção do protocolo no Projeto Político Pedagógico da Es-

cola: inserir, na primeira quinzena de março de 2015, no Projeto Político

Pedagógico (PPP) da escola, o protocolo de padronização das ações de-

senvolvidas pelas educadoras de apoio com vistas a unificar o trabalho

pedagógico desenvolvido na Escola Estadual Tomé Francisco da Silva, o

qual contribuiu para o desempenho dos estudantes nas avaliações inter-

nas e externas.

Esse plano de intervenção abrangerá os seguintes passos: (i) propor à

unidade de ensino a institucionalização do trabalho com projetos; (ii) criar

um protocolo das ações para as educadoras de apoio, para que haja uni-

ficação dos procedimentos de acompanhamento e de suporte pedagógi-

co. A equipe gestora e as educadoras de apoio da Escola Estadual Tomé

Francisco da Silva redigirão o protocolo de ações.

Os recursos necessários para a ação proposta estão previstos no orça-

mento anual da escola, e a equipe gestora sempre busca parcerias para

garantir a efetivação de planos interventivos, visando alcançar melhores

resultados, uma vez que o processo de educação é contínuo e sistemático.

O alcance dos objetivos propostos nesse plano não depende apenas da

atuação do coordenador pedagógico, mas também do apoio da equipe

administrativa da instituição escolar, da aceitação dos professores, do de-

sempenho dos demais funcionários e da comunidade escolar.

O sucesso do plano interventivo depende do monitoramento e da ava-

liação. A ação deve ser monitorada pelo Conselho Escolar para que pro-

duza os resultados esperados. A instituição escolar, por meio da equipe

gestora, deverá agendar reuniões com os membros responsáveis pela

ação de institucionalização do trabalho com projetos e pelo protocolo

das ações das educadoras de apoio, a fim de avaliar a eficácia da meto-

dologia no trabalho desenvolvido pela instituição. Isso porque toda ação

só faz sentido se impactar positivamente no desempenho dos estudantes.

Assim, é importante definir com clareza o papel de cada responsável e

elaborar coletivamente estratégias de superação das dificuldades que

possam surgir.

A segunda etapa da ação será coordenada pela equipe gestora e pelo

Conselho Escolar e consiste em apresentar para a comunidade da Escola

Estadual Tomé Francisco da Silva um protocolo das ações desenvolvidas

pelas educadoras de apoio.

38 SAETHE 2018

Referências

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jetórias. Belo Horizonte: UFMG, 2008.

ESCOLA Estadual Tomé Francisco da Silva. Atas de reuniões com os

pais. Quixaba. Novembro de 2013. 108 ESCOLA Estadual Tomé Francisco

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ESCOLA Estadual Tomé Francisco da Silva. Projeto Político Pedagógico.

Quixaba. Novembro de 2013.

ESCOLA Estadual Tomé Francisco da Silva. Regimento Escolar. Quixaba.

Novembro de 2013.

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LÜCK, H. Ação integrada: administração, supervisão e orientação educa-

cional. 26 ed. Petrópolis: Vozes, 2008a.

LÜCK, H. Dimensões da gestão escolar e suas competências. Curitiba:

Editora Positivo, 2009.

LUCK, H. et al. A escola participativa: o trabalho do gestor escolar. 4 ed.

Rio de Janeiro: Vozes, 2007.

LÜCK, H. Liderança em gestão escolar. Cadernos de Gestão, V. 4, n. 7.

Petrópolis: Vozes, 2011.

CADERNO DE PESQUISA 39

O DESEMPENHO NAS AVALIAÇÕES EXTERNAS E INTERNAS DAS ESCOLAS DE REFERÊNCIA NO LITORAL SUL DE PERNAMBUCO

Jorge de Lima Beltrão*

Camila Benatti**

Victor Cláudio Paradela Ferreira***

O presente estudo discute o modelo de gestão das escolas de referên-

cia no estado de Pernambuco, visando identificar e compreender quais

aspectos contribuíram para o crescimento de seus desempenhos nos sis-

temas de avaliações externas no país e no estado. O artigo foi elaborado

a partir da dissertação de Jorge de Lima Beltrão, mestre em Gestão e Ava-

liação da Educação Pública (PPGP/CAEd/UFJF) e professor da Secretaria

de Educação, Esporte e Cultura do Estado de Pernambuco; em parceria

com Camila Benatti, analista de formação em EaD do PPGP e doutora em

Geografia; e Victor Cláudio Paradela Ferreira, doutor em Administração

pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e orientador da pesquisa.

A presente investigação tem o intuito de apresentar possíveis ações para

complementar a implantação das Políticas Públicas de Ensino Médio Inte-

gral no Litoral Sul de Pernambuco. Nesse sentido, pretende-se promover

a melhoria efetiva da qualidade do ensino e do desempenho dos alunos

das escolas estudadas.

Esta pesquisa procurou analisar cinco unidades de ensino de referência

pertencentes à Região da Mata Sul, situadas no Litoral Sul do Estado de

Pernambuco. Essas unidades estão sob a jurisdição da Gerência Regional

de Educação (GRE) Litoral Sul, com sede localizada na cidade de Barreiros.

Essa GRE jurisdiciona seis municípios pernambucanos: Barreiros, São José

da Coroa Grande, Tamandaré, Rio Formoso, Gameleira e Sirinhaém. Nesses

municípios, há 19 escolas que são monitoradas pelos técnicos da GRE.

Foram realizadas entrevistas com os gestores dessas cinco instituições

escolares, com o objetivo de verificar se existe um trabalho interno que in-

centive a gestão escolar democrática e, consequentemente, tenha gera-

do um melhor desempenho dessas escolas nas avaliações educacionais.

* Mestre em Gestão e Avaliação da Educação Pública (PPGP/CAEd/UFJF). Professor da Secretaria de Educação, Esporte e Cultura

do Estado de Pernambuco.

** Analista de Formação em EaD do PPGP/CAEd/UFJF. Doutora em Geografia (UFC).

*** Orientador do PPGP/CAEd/UFJF. Doutor em Administração (FGV).

40 SAETHE 2018

As cinco escolas de referência analisadas oferecem atividades relacio-

nadas à arte, à música, ao esportiva e ao teatro. As escolas contemplam

uma carga horária mínima de sete horas diárias, de acordo com o previsto

na resolução do programa de Educação Integral.

As escolas de referência surgiram no contexto da criação das escolas

de jornada integral (Lei Complementar nº 125/2008), com um perfil des-

semelhante das outras escolas da rede pública de ensino do estado de

Pernambuco. As instituições de ensino integral têm o papel de promover

uma melhor qualidade da educação no ensino médio. Desse modo, o es-

tado vem buscando a ampliação de oferta dessa modalidade de ensino.

De acordo com os indicadores e as avaliações externas educacionais,

sobretudo o Índice de Desenvolvimento Educacional do Estado do Per-

nambuco – IDEPE, as escolas de referência têm demonstrado um cresci-

mento significativo em seu desempenho. É importante destacar que esses

resultados têm gerado um aumento na procura de vagas nessas insti-

tuições por parte dos estudantes. Outras consequências geradas pelos

resultados nessas unidades de ensino são: o aumento das notas e do ren-

dimento dos seus discentes e a redução da evasão escolar (SAEPE, 2014).

Sob essa conjuntura, buscou-se identificar, a partir dos modelos de gestão

desenvolvidos nas escolas de referência, quais fatores contribuíram para

o alcance de um desempenho positivo nas avaliações e nos indicadores

externos, sobretudo, no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

de Pernambuco.

Na perspectiva de cumprir o objetivo apresentado, uma importante ques-

tão de partida se coloca em pauta: por que certas escolas de referência

da GRE Litoral Sul do estado de Pernambuco apresentam melhores resul-

tados que as escolas de ensino regular?

A partir das constatações verificadas por meio da investigação, a análise

foi desenvolvida através da observação participante, de entrevistas rea-

lizadas junto aos gestores das Escolas de Referência de Ensino Médio

(EREMs) e de questionários aplicados aos professores das unidades esco-

lares selecionadas para a pesquisa.

Com base nas evidências e na análise de caso apresentadas, propõe-se

um plano de ação educacional com o intuito de atuar nas cinco instituições

de ensino de referência e em três de ensino regular. Assim, buscou-se su-

gerir seis ações com o objetivo de desenvolver melhorias na qualidade de

ensino e identificar o modelo de gestão nas escolas investigadas.

CADERNO DE PESQUISA 41

As ações propostas possuem metas que podem ser executadas tanto

pela Secretaria de Educação quanto pelas unidades escolares. Nesse

sentido, o Plano de Ação Educacional (PAE) é composto por um conjunto

de orientações que tem o objetivo de contribuir para a ampliação e efeti-

vação das políticas públicas de Educação Integral. Para que esse objetivo

seja cumprido, é essencial que essas políticas estejam alinhadas com a

realidade e as singularidades de cada escola investigada.

Desse modo, o PAE busca apresentar algumas práticas realizadas nas

escolas integrais que tiveram resultados educacionais positivos em seus

processos de gestão e, assim, sugerir às escolas regulares que adotem

essas ações também em suas instituições.

Em função de abranger escolas com realidades distintas, o PAE a ser

apresentado poderá ser utilizado em outras escolas que manifestem a

necessidade de mudanças similares. As propostas apontadas propõem a

condução de um novo modelo de escola baseado nas escolas integrais,

com um currículo ampliado, dinâmico e atrativo.

Nesse sentido, é essencial a atuação do gestor escolar no desenvolvi-

mento das práticas e das políticas públicas educacionais. Isso se torna

importante à medida que essas ações são cruciais para a construção de

um ambiente escolar democrático, descentralizado e igualitário.

Nessa conjuntura, as propostas aqui apresentadas seguem uma conduta

de renovação cultural da gestão escolar, na qual a qualidade de aprendi-

zagem dos alunos tenha prioridade nas instituições analisadas.

Os questionários procuraram analisar, portanto, a atuação dos gestores

escolares no que condiz ao desenvolvimento de suas atividades e da

qualidade de ensino da escola em que exercem sua função. A qualidade

do ensino foi identificada a partir de sistemas e indicadores de avaliações,

como o SAEB, SAEPE, IDEB E IDEPE.

No que se refere ao IDEPE, as escolas de referência tiveram melhor de-

sempenho. Dentre vários fatores que podem influenciar esse resultado,

um deles provavelmente está ligado ao acompanhamento e a atenção

constantes dos gestores escolares no planejamento de atividades esco-

lares. Para que as ações desenvolvidas possam promover melhorias na

qualidade de aprendizagem, é essencial que haja uma articulação de to-

dos os atores envolvidos na comunidade escolar, inclusive os discentes e

seus responsáveis.

42 SAETHE 2018

Sob esse panorama, no qual todos os atores escolares estão envolvidos,

a escola passa ser um espaço de formação de identidade e de represen-

tação. Dessa forma, é importante que a instituição possua uma estrutura

acolhedora, atrativa e com equipamentos que permitam aos alunos o de-

senvolvimento de suas atividades socioeducativas, da criatividade e do

pensamento crítico e reflexivo.

As infraestruturas das unidades de ensino têm apresentado alguns pro-

blemas que estão diretamente vinculados à gestão escolar. Esses proble-

mas estão ligados, sobretudo, a segurança, ao mobiliário, aos espaços da

sala de aula, aos equipamentos laboratoriais e tecnológicos.

De acordo com Lück (2005, p. 17),

O conceito de gestão está associado à mobilização

de talentos e esforços coletivamente organizados, à

ação construtiva conjunta de seus componentes, pelo

trabalho associado, mediante reciprocidade que cria

um “todo” orientado por uma vontade coletiva.

Desse modo, as análises realizadas possibilitam a compreensão de que,

no contexto da Gerência Regional e das escolas estaduais do Litoral Sul

do Pernambuco, há fragilidades no alinhamento do trabalho e na vontade

coletiva por parte das gestões escolares dessas instituições.

Para superar tais obstáculos, é crucial que se trabalhe no desenvolvimen-

to e na consolidação de uma escola reflexiva e democrática. Além disso,

são necessárias ações que sejam capazes de renovar a forma como as

políticas educacionais têm sido conduzidas e implementadas no estado.

Assim, o Plano de Ação Educacional foi desenvolvido com base no perfil

e na realidade de cada uma das cinco escolas de referência e das três de

ensino regular. Para a sua elaboração, foram consideradas as entrevistas

realizadas com os professores da rede de ensino médio. As instituições

estudadas foram selecionadas a partir dos resultados positivos que tive-

ram no IDEPE de 2012.

Nesse sentido, Oliveira (2012) enfatiza a importância do envolvimento co-

letivo para se alcançar melhores resultados nos indicadores de desempe-

nho. Isso porque os resultados das avaliações devem abranger o trabalho

desenvolvido por todos os atores da unidade escolar.

CADERNO DE PESQUISA 43

De acordo com Fajardo et al. (2012), os resultados dos sistemas de ava-

liação educacional são relevantes à medida que podem auxiliar os ges-

tores no processo do planejamento de suas ações pedagógicas. O autor

enfatiza ainda que essas ações devem priorizar o aperfeiçoamento dos

sistemas de educação do país.

A partir das análises realizadas nesta pesquisa, foram propostas seis

ações principais por meio do PAE. A primeira ação visa fortalecer as insti-

tuições escolares e integrar todos os atores educacionais. Com isso, pre-

tende-se discutir e delimitar todas as funções e suas respectivas respon-

sabilidades e, ainda, compartilhar a realidade e as necessidades de cada

unidade de ensino. Para que essa intervenção se efetive, o custo médio

será de R$ 11.200,00 (onze mil e duzentos reais).

A segunda ação destina-se a promover uma formação continuada de

âmbito pedagógico, com o intuito de reunir todos os gestores e técni-

cos educacionais das escolas estudadas de modo a assegurar a troca

de informações e experiências entre os participantes. A formação deverá

acontecer bimestralmente e terá um custo médio de R$ 1.200,00 (mil e

duzentos reais) por encontro.

A terceira ação tem como finalidade promover um monitoramento peda-

gógico com o propósito de articular o desenvolvimento da aprendizagem

entre alunos e professores. Esse monitoramento deve ser realizado bi-

mestralmente, por turma e por professor, por meio do quadro de servido-

res que compõe o Núcleo de Assistência ao Servidor (NAS). Esse Núcleo

possui, como responsabilidade, elaborar relatórios que identifiquem pro-

blemas existentes e, assim, disponibilizar assistência específica para cada

necessidade. O custo dessa ação será de R$ 54,00 (cinquenta e quatro

reais), por diária de visita dos técnicos do NAS.

A quarta ação destina-se a implantar a Associação de Pais e Mestres

(APM) de cada unidade escolar. O representante da APM deve ser eleito

por meio de votação a ser realizada a cada dois anos, com o intuito de

estimular a participação coletiva da comunidade escolar. Essa ação não

implica em custos, uma vez que os representantes são voluntários.

A quinta ação deve estimular a melhoria da infraestrutura das escolas.

Para isso, a Secretaria de Educação do Estado deverá selecionar ana-

listas de obras para compor a equipe. A finalidade dessa ação é de que

haja um acompanhamento direto e sistemático das escolas para garantir

a segurança e a qualidade da infraestrutura das instituições de ensino.

44 SAETHE 2018

Por fim, a sexta ação visa garantir um gestor de tempo integral para cada

escola de ensino regular. Para que essa ação possa se efetivar, é neces-

sário acrescentar uma emenda na Lei Complementar nº 125/2008, para

que sejam aceitos, como gestores, os professores com um único vínculo

ou que seus outros vínculos venham a ser lotados na mesma escola que

irá gerir.

Esse PAE busca contemplar propostas de ações que poderão ser ado-

tadas pela Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco, com a fi-

nalidade de desenvolver o aprimoramento do desempenho das escolas

estaduais.

Essas ações visam auxiliar o gestor no desenvolvimento de sua admi-

nistração juntamente com a comunidade escolar, para que, assim, seja

possível implementar uma gestão democrática, descentralizando as res-

ponsabilidades em todas as decisões (PERNAMBUCO, 2011).

Desse modo, espera-se que o gestor escolar possua uma visão holística

e seja capaz de compreender a escola em suas dimensões pedagógicas,

administrativas, financeiras e culturais e que ainda cumpra a legislação e

políticas vigentes.

Para além da jornada escolar ampliada, as unidades de ensino das esco-

las de referências possuem infraestrutura especial, gestão administrativa

e escolar diferenciadas, professores com salários e regimes de trabalhos

específicos. Essas particularidades permitem que os professores se dedi-

quem exclusivamente a uma única escola ou desempenhem uma jornada

de trabalho semi-integral, com carga horária de 32 horas semanais.

Desse modo, é possível compreender como vários fatores acabam por

influenciar no desempenho das Escolas de Referência no Litoral Sul de

Pernambuco. Além disso, esses elementos atuam no fortalecimento de

estratégias educacionais e no desenvolvimento de um trabalho coletivo e

democrático, gerando reflexos positivos no desenvolvimento das políticas

públicas de educação do estado.

CADERNO DE PESQUISA 45

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48 SAETHE 2018

APROPRIAÇÃO DOS RESULTADOS DO SPAECE: UM ESTUDO DE CASO ENVOLVENDO DUAS ESCOLAS DO INTERIOR DO CEARÁ

Roberto Cláudio Bento da Silva*

Carla da Conceição de Lima**

Alexandre Chibebe Nicolella***

Este artigo baseia-se na dissertação intitulada “Apropriação dos resulta-

dos do SPAECE pelos gestores escolares: um estudo de caso envolvendo

duas escolas do interior do Ceará”. O estudo teve como objetivo analisar

como a gestão escolar e os professores se apropriam dos resultados do

Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará – SPAE-

CE, utilizando-os como elementos para a melhoria das práticas docentes

em duas escolas pertencentes à 18ª Coordenadoria Regional de Desen-

volvimento da Educação (CREDE). Para investigar o objetivo proposto, fo-

ram selecionadas duas escolas estaduais – Potengi e Salitre – e utilizados

os referenciais teóricos sobre as avaliações externas e apropriação de

seus resultados pela gestão escolar e docência. A metodologia adotada

foi composta de entrevistas e grupos focais com os dezesseis sujeitos que

atuam ou atuaram nas duas unidades de ensino no período de análise

do estudo, 2009 a 2011. A partir dos resultados da pesquisa, elaborou-se

um Plano de Ação Educacional (PAE) com o objetivo de institucionalizar

o estudo das avaliações externas no âmbito das escolas por seus profis-

sionais, para que esses compreendam o significado desses dados para

os alunos e para eles mesmos enquanto docentes, além de perceberem

o valor de tais resultados enquanto instrumento para repensar a prática,

buscando sempre a melhoria da qualidade da educação oferecida na

escola.

Palavras-chave: SPAECE. Apropriação dos resultados. Formação continuada.

* Mestre em Gestão e Avaliação da Educação Pública (PPGP/CAEd/UFJF); Diretor escolar da rede estadual do Ceará.

** Membro do Núcleo de Dissertação do PPGP/CAEd/UFJF; Doutoranda em Educação (PUC-Rio).

*** Orientador do PPGP/CAEd/UFJF; Doutor em Economia Aplicada (USP).

CADERNO DE PESQUISA 49

Este artigo foi escrito a partir da dissertação intitulada “Apropriação dos

resultados do SPAECE pelos gestores escolares: um estudo de caso en-

volvendo duas escolas do interior do Ceará”, desenvolvida por Roberto

Cláudio Bento da Silva, no Programa de Pós-Graduação Profissional em

Gestão e Avaliação da Educação Pública, da Universidade Federal de

Juiz de Fora (PPGP/CAEd/UFJF) e defendida em 2014. O texto foi produzi-

do em parceria com Carla da Conceição de Lima, colaboradora do Núcleo

de Dissertação (PPGP/CAEd/UFJF) e com o professor, orientador da pes-

quisa, Alexandre Chibebe Nicolella. Na pesquisa empreendida, o autor

buscou analisar como a gestão escolar e os professores se apropriam dos

resultados do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do

Ceará - SPAECE, utilizando-os como elementos para a melhoria das prá-

ticas docentes nas escolas estaduais de Ensino Médio pertencentes à 18ª

Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (18ª CREDE).

Para execução da pesquisa, foram selecionadas duas escolas a partir dos

seguintes critérios: (i) ofertar o Ensino Médio; (ii) apresentar um bom de-

sempenho nas avaliações do SPAECE no período de 2009 a 2011; (iii) ter

sido premiada pelos resultados alcançados no SPAECE; e (iv) ter os mes-

mos diretores no período de 2009 a 2011. As escolas estaduais de Salitre

e Potengi foram selecionadas como unidades de análise. Localizadas em

dois municípios vizinhos, as duas unidades de ensino possuíam caracterís-

ticas socioculturais e econômicas semelhantes.

Foram entrevistados, na escola Potengi, três docentes de Língua Portu-

guesa, um dos quais é integrante da equipe gestora (coordenadora peda-

gógica), enquanto, na escola Salitre, as entrevistas foram realizadas com

uma professora de Língua Portuguesa, uma diretora e a coordenadora

pedagógica. O grupo focal, realizado com quem já não atuava nas esco-

las, foi realizado com os seis professores de Matemática, sendo três em

cada escola, e três de Língua Portuguesa da escola Salitre. Os docentes

foram selecionados por ministrarem disciplinadas que são avaliadas no

SPAECE e a equipe gestora por ser a responsável por elaborar as pautas

dos planejamentos semanais.

Avaliação em larga escala e uso dos dados: a gestão escolar e a docência

Autores como Sousa e Oliveira (2010) e Brooke e Cunha (2011) afirmam que

as avaliações em larga escala funcionam como indicadores que podem

apontar que aspectos dos processos de ensino e aprendizagem apresen-

tam falhas, vez que seu objetivo é “fornecer feedback aos professores de

50 SAETHE 2018

sala de aula e ajudar na busca de soluções para superarem as dificulda-

des de aprendizagem dos alunos” (BROOKE & CUNHA, 2011,p. 30). Souza

(2007) também comunga com essas ideias ao afirmar que a avaliação tem

a função de auxiliar na solução de problemas, vez que oferece um retorno

dos processos de ensino e aprendizagem, mostrando até que ponto os

objetivos estão sendo alcançados e se os métodos de ensino utilizados

estão surtindo os efeitos desejados.

Entretanto, conforme observado por Silva (2013) e Pestana (1998), exis-

tem dificuldades das escolas e até mesmo dos sistemas de ensino em

usufruir dos benefícios das avaliações em larga escala devido à incom-

preensão de seus resultados, fazendo com que a escola não fundamente

suas ações e decisões baseadas em dados. Essa dificuldade, segundo

Brooke e Cunha (2011), pode ser ocasionada por causa da linguagem téc-

nica utilizada para apresentar os resultados, a qual é pouco usual para

os profissionais da educação. Sousa e Bonamino (2013) alertam que a in-

compreensão dos dados pode acarretar o uso apenas para a preparação

para os testes das avaliações em larga escala, restringindo e empobre-

cendo o currículo.

Inúmeras pesquisas têm (PESTANA, 1998; CARNIELE & MACHADO, 2005;

SILVA, 2013) ressaltado a necessidade de os profissionais das escolas se

apropriarem dos resultados das avaliações em larga escala e os utiliza-

rem como ferramentas para a melhoria da prática docente, fazendo com

que essa avaliação cumpra com os objetivos de melhorar a qualidade da

educação. Machado (2012) ressalta a necessidade de os profissionais da

escola estudarem os resultados das avaliações externas nas reuniões es-

colares e nas discussões pedagógicas, levando também os professores

a refletirem sobre os possíveis fatores que explicam o desempenho dos

alunos.

Para que os resultados das avaliações em larga escala sejam utilizados

como fonte de informação voltada para a reflexão do trabalho desenvol-

vido na escola, é preciso implementar uma cultura de planejamento. Esse

planejamento parte da análise dos dados para compreender os desafios

que se colocam para a escola, bem como para a definição de estratégias

de trabalho que se mostrem mais eficazes no alcance dos objetivos da

instituição escolar, além de nortear ações que visem à permanência e

sucesso dos alunos e de reforçar os aspectos da prática docente que

se mostrem mais eficazes (SOUZA, 2007). Nesse sentido, cabe ao diretor

assumir um importante papel na propagação de uma prática que seja

CADERNO DE PESQUISA 51

capaz de transformar os dados da avaliação externa em metas que defi-

nem o trabalho escolar (BROOKE & CUNHA, 2011). As metas precisam ser

traduzidas em “esforços pedagógicos capazes de elevar o desempenho

dos estudantes, garantindo que uma proporção cada vez maior de alunos

domine um sólido conhecimento dos conteúdos e habilidades esperados

para o seu estágio escolar” (BROOKE & CUNHA, 2011, p. 27).

Ao professor, é fundamental a compreensão dos níveis de desempenho

acadêmico dos alunos e, consequentemente, o desenvolvimento de um

trabalho inclusivo em sala de aula, no sentido de atenderem às reais ne-

cessidades de aprendizagem dos alunos sem se descuidarem dos objeti-

vos da educação básica, conforme previsto nos Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCNs).

Análises das escolas: os resultados no SPAECE

A escola estadual de Ensino Médio do município de Salitre possui 23 pro-

fessores, sendo 8 de Linguagens e Códigos, 12 de Ciências da Natureza e

3 de Ciências Humanas, lotados em sala de aula e nos espaços de apoio,

tais como laboratórios e biblioteca, bem como na função de Professor

Coordenador de Área (PCA). Já a estadual de Potengi é formada por 19

professores, sendo 7 de Linguagens e Códigos, 8 de Ciências da natureza

e 4 de Ciências Humanas, lotados em sala de aula, nos espaços de apoio

– laboratórios e biblioteca – e, também, na função de PCA. A equipe ges-

tora das duas escolas é composta por um diretor, uma coordenadora pe-

dagógica e uma secretária. Em ambas as escolas os docentes possuem

Nível Superior, sendo que na Salitre eles possuem pouco tempo de pro-

fissão e de exercício na escola, ao passo que na Potengi eles possuem

mais experiência na docência, embora nas duas escolas os professores

tenham um contrato temporário.

As edições de 2009, 2010 e 2011 do SPAECE, na escola Salitre, apresen-

tam a evolução dos indicadores de proficiência para o Ensino Médio, con-

forme apresentado na tabela a seguir:

52 SAETHE 2018

Tabela 1 - Salitre: Proficiência média - SPAECE

Série Disciplina 2009 2010 2011

1ª LP 219,9 234,2 246,0

1ª MAT 255,4 244,8 251,6

2ª LP 228,9 239,0 266,0

2ª MAT 220,4 247,8 279,7

3ª LP 234,1 244,7 280,8

3ª MAT 224,8 258,1 292,1

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da SEDUC (2013).

Como se pode verificar através dos dados da escola Salitre, os alunos da

1º série do Ensino Médio de 2009 que estavam concluindo a 3ª série em

2011 conseguiram evoluir em dois anos de estudo, somando 61,2 pontos

em Língua Portuguesa e 36,7 pontos em Matemática. Esse fato parece

estar relacionado à mudança da prática docente, vez que, para atender

às necessidades de aprendizagem dos alunos, são especialmente traba-

lhados, em sala de aula, os descritores mais críticos de cada turma e/ou

aluno por meio de materiais elaborados para serem utilizados paralela-

mente ao livro didático, bem como realizados simulados para mensurar

o aprendizado discente e traçar novas ações para melhoria contínua da

aprendizagem.

Em entrevistas e grupos focais com os profissionais da escola Salitre,

percebemos que tanto o discurso quanto a prática dos gestores e dos

Professores Coordenadores de Área (PCAs) estavam alinhados. Era uma

equipe que interagia constantemente, estava sempre otimista e promovia

momentos de integração entre o grupo de profissionais da escola, nos

quais todos se ajudavam e construíam parte dos materiais com os conteú-

dos a serem trabalhados em sala.

Constata-se, na escola Potengi, a partir das edições de 2009, 2010 e 2011

do SPAECE, que também houve uma evolução dos indicadores de profi-

ciência para o Ensino Médio, conforme apresentado na tabela a seguir:

CADERNO DE PESQUISA 53

Tabela 2 Potengi: Proficiência média em - SPAECE

Série Disciplina 2009 2010 2011

1ª LP 248,5 258,7 264,3

1ª MAT 238,3 257,9 277,1

2ª LP 259,1 270,1 279,6

2ª MAT 244,9 264,1 270,7

3ª LP 264,7 277,7 283,2

3ª MAT 273,5 265,1 277,7

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da SEDUC (2013).

Percebe-se, através dos dados da Tabela 2, que essa escola também con-

seguiu bons resultados no SPAECE no período de 2009 a 2011, pois seus

alunos obtiveram uma melhora significativa nos níveis de proficiência. Esse

resultado também parece estar relacionado a uma mudança na prática,

pois, com o objetivo de realizar um trabalho a partir das dificuldades apre-

sentadas pelos alunos, a escola de Potengi realizava seus planejamentos

com base nos resultados do SPAECE, focando nos descritores mais críticos.

Mensalmente os docentes apresentavam ao coordenador pedagógico re-

latórios dos trabalhos realizados em sala de aula e dos avanços de cada

aluno, o que também permitia outro levantamento: dentre os descritos tra-

balhados, os que necessitam de reforço e os dominados pelos alunos, bem

como aqueles que já poderiam ser acrescentados na orientação do traba-

lho pedagógico. Além disso, era realizado um simulado preparatório para o

SPAECE no segundo semestre de cada ano letivo.

Através de entrevistas realizadas com os docentes da escola, verifica-

mos que, no planejamento, o foco de ação eram os descritores que se

apresentavam mais críticos e os alunos que apresentavam maiores difi-

culdades de aprendizagem. Para isso, utilizava- se, principalmente, ma-

teriais extras providenciados pelos docentes para enriquecer o trabalho

em sala. Tais materiais eram providenciados de forma individualizada, por

cada docente, e compartilhados nos planejamentos somente após terem

sido trabalhados em sala. Nesse sentido, não configuravam material se-

miestruturado e adotado por todo o grupo de docentes, tal como aconte-

cia na escola de Salitre.

Portanto, nas duas escolas, os docentes se mobilizam para conhecer

os resultados do SPAECE e, a partir disso, refletem sobre suas práticas

para implementarem ações que se mostrem mais eficazes na garantia da

aprendizagem dos alunos. Conhecer essas ações e sua relação com a

melhoria do desempenho acadêmico dos alunos nas duas escolas pes-

54 SAETHE 2018

quisadas, de 2009 a 2011, é importante para compreendermos a contribui-

ção do SPAECE no que se refere à melhoria da qualidade da educação

oferecida nas escolas públicas cearenses.

O uso dos dados do SPAECE: as ações desenvolvidas nas escolas

Nas duas escolas, os resultados do SPAECE são recebidos pela equipe

gestora, que os analisam e buscam compreendê-los. Em seguida, essas

informações são trabalhadas com os professores, para que esses os

compreendam e os utilizem como ferramenta para refletir sobre a prática

docente. Além disso, esses resultados são utilizados também para a re-

formulação do plano de curso e para a elaboração de um plano de ação

com o objetivo de melhorar o aprendizado do aluno.

Além desse trabalho de apropriação dos resultados, realizado pelos pro-

fissionais da escola, sempre que possível, há a contratação de formado-

res externos para ministrar oficinas de elaboração de itens e sobre outros

conteúdos, para que os docentes planejem e desenvolvam um trabalho

que atenda às necessidades de aprendizagem dos alunos. Essa forma-

ção configura suporte ao planejamento dos conteúdos a serem trabalha-

dos em sala.

As entrevistas realizadas com os profissionais das duas escolas mostram

atividades de planejamento realizadas a partir da apropriação dos re-

sultados do SPAECE, tendo como objetivo a promoção de uma reflexão

sobre a prática docente, sobre as ações implementadas em sala de aula

e sobre sua relação com a melhoria da aprendizagem dos alunos. Nes-

sas atividades de planejamento, as escolas desenvolviam uma série de

ações a serem implementadas, as quais eram planejadas a partir da apro-

priação dos resultados do SPAECE.

Assim, tinha-se por objetivo refletir sobre esses resultados e planejar

ações com vistas à melhoria da qualidade do trabalho docente, tais como:

utilização dos resultados do SPAECE para orientar o planejamento, bem

como para refletir sobre conteúdos e metodologias a serem utilizados em

sala de aula; escolha pelos professores dos descritores a serem trabalha-

dos durante o mês, dos conteúdos a serem aplicados para esse fim, e de

metodologias de acompanhamento do progresso dos alunos; realização

de momentos de estudo nos coletivos semanais; avaliação dos materiais

a serem trabalhados em sala de aula; planejamento de aulas de leitura

e escrita, utilizando textos atuais, de diversos tipos e gêneros, e de circu-

lação social etc.

CADERNO DE PESQUISA 55

É preciso destacar, no entanto, que, na escola Potengi, os profissionais,

especialmente a coordenadora pedagógica, reconhecem a necessidade

de melhorias, no âmbito escolar, no estudo desses resultados, com o ob-

jetivo de promover uma melhor apropriação dos dados e um maior envol-

vimento de todos os profissionais da escola. Isso porque, se o aluno está

em um nível de proficiência muito aquém do que ele deveria apresentar,

isso não acontece somente nas disciplinas contempladas na avaliação

externa, que são Língua Portuguesa e Matemática, mas em todas as dis-

ciplinas, tendo em vista que as dificuldades de leitura e de compreensão

textual e de raciocínio lógico-matemático afetam a compreensão de todos

os tipos de conteúdo.

Há, portanto, uma necessidade de apoio em termos de formação pro-

fissional, para que os resultados sejam melhor trabalhados nas escolas

com os docentes, a fim de que se sintam mais preparados para imple-

mentarem ações efetivas quanto à melhoria da qualidade da educação

no âmbito da escola e, consequentemente, do aprendizado do aluno. A

realização de um trabalho na escola com profissionais capacitados para

a compreensão e para a utilização dos resultados do SPAECE nas ativida-

des de sala de aula pode contribuir para a capacitação dos professores

no que se refere à produção e/ou adoção de materiais adequados ao

nível dos alunos, bem como na melhoria da prática docente, através da

compreensão do potencial que a avaliação externa estadual tem na bus-

ca pela melhoria da qualidade da educação nas escolas cearenses.

O Plano de Ação Educacional (PAE)

A proposta é que este seja desenvolvido com os profissionais de uma das

escolas pesquisadas e, após avaliação da implementação, seja estendi-

do às demais escolas estaduais da 18ª Crede e até mesmo às escolas de

outras regionais. Seu objetivo é implementar a cultura da utilização dos

resultados do SPAECE com intuito de repensar a prática docente atra-

vés de uma reflexão sistemática. Dessa forma, o SPAECE completaria seu

ciclo ao retornar para a sala de aula de cada instituição de ensino, tor-

nando-se uma ferramenta para repensar ações que contribuam para o

aperfeiçoamento da prática docente nas escolas de Ensino Médio.

A intenção é fazer com que esse tema se institucionalize na agenda de

planejamento da escola e seja transformado em prática recorrente na

busca pelo contínuo aperfeiçoamento da ação docente, através da cria-

ção de um setor de avaliação no âmbito da 18ª regional, composto por

56 SAETHE 2018

profissionais especializados para ministrar oficinas de apropriação dos

resultados do SPAECE nas escolas. Dessa forma, seria possível viabili-

zar momentos de formação em que os professores se vejam tanto como

responsáveis pelos resultados da escola na avaliação estadual quanto

como protagonistas das ações de aperfeiçoamento da prática docente.

A escola piloto selecionada para a implantação da formação docente

voltada para a apropriação dos resultados do SPAECE, como ferramenta

para repensar a prática docente, será uma das duas escolas objetos des-

te estudo, sob jurisdição da 18ª Coordenadoria Regional, e terá entre seus

objetivos: (i) fornecer formação continuada e em serviço para os docentes

da escola selecionada; (ii) aliar teoria e prática em favor da compreensão

dos resultados da avaliação e da prática docente, etc.

Como meta de curto prazo, estabelecemos a participação de todos os

professores atuantes na escola piloto. Em longo prazo, buscaremos a par-

ticipação de todas as escolas da 18ª Crede, com o respaldo e o apoio da

Crede/Seduc, através da criação de um Núcleo de Estudos da Avaliação

Externa (NEAE), subordinado à Célula de Estudos e Desenvolvimento da

Escola e da Aprendizagem (CEDEA), que atuará junto à gestão da escola,

em busca do aperfeiçoamento pedagógico, de forma a contribuir para

que os resultados da avaliação estadual retornem à escola.

Assim, a proposta de intervenção está apresentada no Quadro 1, a seguir,

que sintetiza as etapas a serem seguidas, a ação a ser colocada em prá-

tica, o objetivo de cada uma, o responsável, o prazo de execução, o lo-

cal onde acontecerão as formações (a própria escola que será escolhida

como piloto para a implantação deste PAE) e a carga horária.

Quadro 1 - Síntese das ações a serem desenvolvidas no PAE

Etapa Ação Objetivo Quem Quando Onde C. horária

1 ª

Encaminhamento para a SEDUC da proposta

de criação do núcleo de avaliação no âmbito da

18ª CREDE.

Discussão sobre a criação do NEAE na 18ª com a SEDUC/

CREDE.

Pesquisador, orien-tador da CREDE e secretário de edu-cação do estado.

NovembroCREDE / SEDUC

Sem carga horária prevista

Definição das atribuições dos profissionais lotados

no NEAE no âmbito da CREDE.

Definição das atribuições dos

profissionais lotados no NEAE

Pesquisador e CREDE 18ª/ SEDUC

DezembroCREDE/ SEDUC

Sem carga horária prevista

CADERNO DE PESQUISA 57

Etapa Ação Objetivo Quem Quando Onde C. horária

3ªRealização de formação

para os profissionais integrantes do NEAE.

Capacitação dos profissionais lota - dos no NEAE para atuarem junto aos profissionais da

escola piloto.

SEDUC/CAEdJaneiro e fevereiro

Auditório da SEDUC

80 h/a

Reunião com os gestores e docentes da escola piloto para tratar da

proposta.

Discussão da viabilidade de

implantação do PAE na escola piloto,

bem como de toda a sua estrutura e

etapas.

Pesquisador, superintendente

escolar, gestores e professores

Fevereiro

Sala de reuniões

dos professores

2 h/a

Elaboração do calendário de encontros

formativos com os profissionais da escola.

Construção do calendário dos encontros formativos que

devem se estender por todo o ano

letivo.

Pesquisador, profissionais lotados no

NEAE, gestores e professores da

escola piloto.

Fevereiro

Sala de reuniões

dos professores

4 h/a

Desenvolvimento da proposta de formação

com os profissionais da escola.

Promoção da apropriação dos

resultados do SPAECE pelos professores e

gestores da escola como instrumento para melhorar a prática docente.

Pesquisador, profissionais lotados no

NEAE, gestores e professores da

escola piloto.

Março a

dezembro

Sala de aula da escola piloto

40 h/a presenciais

Acompanhamento e monitoramento das

ações desenvolvidas pela escola com vistas

à implementação de ações com o

objetivo de melhorar a aprendizagem dos

alunos

Melhora das práticas docentes

através do oferecimento de suporte e

acompanhamento aos profissionais da

escola piloto.

Pesquisador, Superintendente

escolar, profissionais lotados no

NEAE, gestores e professores da

escola piloto.

Março a

dezembro

Sala de aula da escola piloto

80 h/a à distância

Avaliação das ações e dos resultados da formação realizada

com os profissionais da escola, bem como das

ações implementadas a partir dos estudos dos

resultados da avaliação externa e dos resultados

alcançados.

Verificação das contribuições da formação para a melhoria da prá tica docente dos professores da

escola, bem como para a melhoria

do aprendizado do aluno.

Superintendente escolar,

pesquisador, profissionais do NEAE, gestores

e professores da escola piloto.

Dezembro

Sala de aula da escola piloto

8 h/a

Fonte: Elaborado pelo autor.

O desenvolvimento do PAE deve acontecer por meio de encontros men-

sais. Para isso, a Secretaria de Educação deve atuar na criação do Núcleo

de Estudos da Avaliação Externa (NEAE), no âmbito da Crede, e na forma-

ção dos profissionais integrantes deste núcleo, com o objetivo de capa-

58 SAETHE 2018

citá-los para que multipliquem a formação nas escolas voltadas para os

docentes. Além disso, cabe a esse órgão o financiamento dos materiais

permanentes e de consumo, da logística (diárias, formadores etc.), dos

salários e das contribuições – membros que comporão o NEAD, os quais

devem ser cobertos pela Lei nº 14.190/2008.

A formação dos docentes deverá partir de suas necessidades de com-

preensão dos resultados da avaliação externa estadual, de modo a extrair

informações importantes para a formulação de ações a serem desenvolvi-

das em sala de aula, visando ao avanço do aluno. O desenvolvimento da

formação deverá prever a análise dos indicadores de desempenho dos alu-

nos verificados no Spaece, além de propor ações e projetos a serem execu-

tados em sala de aula (acompanhados mensalmente pelos formadores) e

criar, nesse sentido, momentos de debate acerca da eficiência, da eficácia

e da efetividade das ações propostas, buscando sempre o aperfeiçoamen-

to da prática docente e a melhoria do aprendizado do aluno.

É importante que esses momentos de reflexão sobre a relevância do con-

teúdo para o engrandecimento intelectual e para o aprimoramento da

prática do professor, sobre o desempenho e o compromisso dos forma-

dores e cursistas, bem como sobre a relação da formação com ações de

melhoria da prática de sala de aula, aconteçam a cada dois meses du-

rante todo o período da formação. Além disso, esses momentos também

devem contemplar os pontos a serem melhorados na escola e, também,

nas futuras edições deste mesmo PAE.

Considerações finais

A pesquisa em tela constatou que as ações de apropriação dos resulta-

dos do SPAECE promovidas pelos gestores das escolas não partem de

uma orientação especializada dos órgãos superiores. Esses profissionais

atestam suas limitações para organizar e ministrar oficinas de apropria-

ção dos resultados da avaliação externa voltadas para os professores.

Então, surge a necessidade de buscar institucionalizar essa prática nas

escolas a partir da criação de um Núcleo de Estudos da Avaliação Exter-

na no âmbito da Coordenadoria Regional, composto por profissionais ca-

pacitados, com o objetivo de promover formações nas escolas, para que

os atores escolares compreendam os resultados da avaliação externa e

os utilizem como instrumento para fazer com que o aluno aprenda mais,

alcançando os níveis desejados a cada ano, durante sua passagem pelo

Ensino Médio.

CADERNO DE PESQUISA 59

Mesmo diante desses desafios, podemos dizer que algumas ações já vis-

lumbram uma postura proativa dos profissionais das escolas, que devem

buscar conhecimentos capazes de fundamentar prática mais adequada

ao perfil dos alunos que frequentam as escolas públicas. Portanto, é pre-

ciso buscar formas de fazer com que essas práticas sejam aprimoradas e

estendidas às demais escolas, com o intuito de melhorar a qualidade da

educação.

60 SAETHE 2018

Referências

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CADERNO DE PESQUISA 61

* Mestra em Gestão e Avaliação da Educação Pública (PPGP/CAEd/UFJF); Professora de Língua Estrangeira na Rede Estadual de

Educação do Rio de Janeiro/RJ.

** Membro do Núcleo de Dissertação do PPGP/CAEd/UFJF; Mestra em Educação (PPGE/UFJF).

*** Orientadora do PPGP/CAEd/UFJF; Coordenadora Geral do CAEd/UFJF; Doutora em Educação (PUC-RJ).

O USO DOS RESULTADOS DAS AVALIAÇÕES EXTERNAS SAERJ E SAERJINHO EM UMA ESCOLA DA METROPOLITANA VI

Sabrina Carneiro de Magalhães Bastos Mayerhofer *

Thamyres Wan de Pol Fernandes**

Lina Kátia Mesquita de Oliveira ***

O caso aqui apresentado expõe a situação vivenciada por uma escola da

rede estadual do Rio de Janeiro pertencente à Diretoria Regional Peda-

gógica Metropolitana VI. O objetivo deste estudo foi o de analisar como

os resultados das avaliações externas do Sistema de Avaliação da Edu-

cação do Estado do Rio de Janeiro (Saerj e Saerjinho) foram utilizados

pela gestão e pelos docentes da instituição de ensino, denominada no

trabalho de escola X. Optou-se por analisar somente o resultado da 3ª

série do Ensino Médio Regular, visto que é a etapa de ensino que fez am-

bas as provas, Saerj e Saerjinho, permitindo comparar os resultados das

duas avaliações. Nesse contexto, o artigo apresenta cinco propostas, ten-

do como objetivo ajudar a estabelecer, na escola, uma cultura avaliativa,

para que toda comunidade escolar se aproprie dos resultados das ava-

liações externas e use-os para a melhoria das práticas de ensino-apren-

dizagem.

Palavras-chave: Avaliação externa. Uso dos resultados. Saerj.

62 SAETHE 2018

O presente artigo foi escrito a partir da dissertação intitulada “O uso dos

resultados das avaliações externas Saerj e Saerjinho em uma escola da

Metropolitana VI no Rio de Janeiro”, desenvolvida por Sabrina Carneiro de

Magalhães Bastos Mayerhofer, no Programa de Pós-Graduação Profissio-

nal em Gestão e Avaliação da Educação Pública (Mestrado Profissional),

oferecido pelo Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da

Universidade Federal de Juiz de Fora. O texto foi escrito em parceria com

a assistente de orientação do referido programa, Thamyres Wan de Pol

Fernandes, e a orientadora da pesquisa, Lina Kátia Mesquita de Oliveira.

A motivação para a realização do estudo em pauta está associada à tra-

jetória profissional da primeira autora, que exerceu a função de Coorde-

nadora Pedagógica de Avaliação e Acompanhamento, entre 2011 e 2013,

na instituição de ensino pesquisada e, desde 2013, passou a ocupar a

função de professora de Língua Estrangeira na mesma escola.

Nessa perspectiva, foi realizada uma pesquisa documental nas resolu-

ções e portarias que tratam das avaliações externas no Rio de Janeiro,

nos manuais das avaliações do Saerj e Saerjinho, na página da internet

da Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) e nos sites Qedu e Todos

pela Educação. Em seguida, foi realizada uma pesquisa bibliográfica com

leituras de autores que versam sobre a temática da avaliação: Bonami-

no (2002), Arruda (2009), Andrade (2000), Becker (2010), Souza (2005),

Vianna (2005), Perrenoud (1999), Bauer (2010), Boudett, City e Murnane

(2010). Para a coleta dos dados, foram utilizadas entrevistas de roteiro

semiestruturado com o diretor geral da escola, os coordenadores peda-

gógicos e o Agente de Acompanhamento da Gestão Escolar (AAGE), além

da aplicação de questionário com perguntas abertas e fechadas para os

professores da 3ª série do Ensino Médio que lecionam as disciplinas de

Língua Portuguesa e Matemática.

Na época de realização do estudo, a escola contava com 3.173 alunos,

202 professores e quatro diretores, sendo um diretor geral e três direto-

res adjuntos. A escola também possuía um coordenador pedagógico1, um

orientador educacional, um professor articulador2, uma secretária e seis

auxiliares de secretaria. A escola oferecia o Ensino Médio Regular nos

três turnos, bem como turmas de EJA e Autonomia à noite.

1 Durante a pesquisa de campo, o Colégio Estadual X contava com dois Coordenadores Pedagógicos. Para a análise de dados,

serão consideradas as entrevistas feitas com ambos.2 Segundo o site da Seeduc, dentre as funções do professor articulador, estão: “Contribuir com a construção, reflexão e execução

do projeto político pedagógico em todas as suas dimensões; construir com o professor regente um plano de intervenção

pedagógica que contemple a especificidade de cada aluno, identificando estratégias eficientes para poder potencializar as

aprendizagens nas diferentes áreas de conhecimento (professor articulador/estratégias/professor); elaborar com o coordenador

pedagógico e corpo docente da escola o plano de atendimento aos alunos com desafios de aprendizagem ou em processo de

superação (professor articulador/coordenador pedagógico).”

CADERNO DE PESQUISA 63

Segundo indicadores do Censo Escolar realizado pelo Instituto de Estu-

dos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a taxa de aprovação

na escola, em 2012, foi de 61,6%. O abandono contabilizou 2,9% e a re-

provação, 35,5%. Especificamente na 3ª série do EM, a taxa de aprovação

ficou em 73,5%, a de abandono, em 2,5% e a de reprovação, em 24,0%.

Devido a esse quadro de reprovação, a escola apresentou uma taxa total

de 35% de distorção idade-série. Na 3ª série do EM, essa taxa foi 33%.

Os dados do Saerj evidenciam que a escola apresentou resultados de

proficiência decrescentes, quando comparados os anos de 2010, 2011 e

2012. Em 2012, o Ensino Médio Regular obteve, no Saerj, a média de 234,13

de proficiência em Língua Portuguesa, enquanto a Regional Metropolitana

VI, à qual a escola pertence, obteve 252,64 como média de suas escolas.

As escolas estaduais do Rio de Janeiro apresentaram média de 260,3

de proficiência em Língua Portuguesa. Segundo a escala de proficiência,

para ficar no nível intermediário, a escola deveria apresentar média entre

250 e 300 pontos. Assim, segundo o valor da proficiência alcançada, a

escola encontra-se no padrão de desempenho Baixo, ficando atrás do

resultado geral da regional à qual pertence e da rede do estado, que se

encontram no padrão Intermediário. Em 2011, a escola obteve a medida

de 252,68 de proficiência em Língua Portuguesa e, em 2010, 259,97. Esses

dados revelam que o nível de desempenho dos alunos apresentou uma

queda. Em 2012, 64,2% dos alunos da escola encontravam-se no padrão

de desempenho considerado Baixo, ao passo que, em 2011, eram 49,7%

e, em 2010, 36,7%.

Por outro lado, comparando-se o percentual de participação dos alunos

da 3ª série do Ensino Médio da escola nas avaliações do Saerj em Língua

Portuguesa e Matemática, observa-se um crescimento no número de par-

ticipação dos estudantes. Em 2010, a participação dos alunos da 3ª série

da escola foi de 37,9%, enquanto a da Regional, de 56,2% e a do estado

do Rio de Janeiro, de 60,9%. Em 2011, a participação dos alunos da 3ª

série do EM da escola foi de 40,9 %, ao passo que, na Regional, foi de

55,2 % e, no estado do Rio de Janeiro, de 65,5 %. Em 2012, o percentual

de participação dos alunos da 3ª série no Saerj ficou em 57,6%; a Regional

obteve 70,8 % de participação e o estado do Rio, 74,7%.

Para Matemática, a escola obteve média de proficiência no Saerj de

251,56 no Ensino Médio regular. A Regional Metropolitana VI ficou com

258,36, e a rede estadual obteve média de 263,49. Novamente, a escola

apresentou um padrão de desempenho Baixo, pois para Matemática o

64 SAETHE 2018

padrão de desempenho é considerado Intermediário acima de 275. A es-

cola também alcançou resultados decrescentes nos testes da 3ª série do

Ensino Médio do Saerj se comparados aos resultados obtidos nos anos

de 2010 e 2011, que foram de 260,83 e 259,52, respectivamente. Em 2012,

71,9% dos alunos do EM da escola se encontravam no padrão de desem-

penho Baixo. Em 2010, eram 58% e, em 2011, 61,5%.

No Saerjinho, o percentual de acerto da prova pelos alunos da 3ª série do En-

sino Médio Regular ficou entre 33,03% e 59,16%, visto que, no Saerjinho, não

se obtém um resultado final pela escola, mas o resultado por cada turma.

Os dados sobre o Saerj e Saerjinho, apresentados acima, revelam que, no

triênio 2010, 2011 e 2012, a escola apresentou um declínio na proficiência

obtida nos testes em larga escala.

Durante o desenvolvimento desta pesquisa, falhas foram observadas na

relação da equipe escolar com os resultados do Saerj e Saerjinho. Notou-

-se que há falta de entendimento por parte da comunidade escolar sobre

o real sentido das avaliações externas. Observou-se que o foco dessas

avaliações recaía nas oportunidades de os alunos fazerem o Pronatec3,

ganharem Bolsa Família4, bolsa de estudo em universidades etc. Dessa

forma, altera-se a compreensão de que as avaliações externas são fer-

ramentas para a melhoria da qualidade do ensino na escola. Percebe-se

também que não houve divulgação, apropriação e uso dos resultados,

de forma correta, com organização de reuniões para a análise dos mes-

mos e realização do planejamento de ações estratégicas para o melhor

desenvolvimento das habilidades e competências (não) dominadas pelos

alunos. O que costumava ocorrer era a divulgação do resultado geral da

escola e do indicador de desempenho5. Os professores, em geral, não

utilizam a revista pedagógica distribuída pela Secretária do Estado de

Educação do Rio de Janeiro (Seeduc), e nenhum deles utiliza a escala de

proficiência para a análise dos resultados do Saerj. Quanto à análise das

habilidades não apreendidas pelos alunos, com as provas do Saerjinho,

dos 11 professores entrevistados, somente quatro disseram observá-las no

site do sistema.

3 O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego foi criado pelo Governo Federal, em 2011, por meio da Lei

11.513/2011.4 Programa social do Governo Federal.5 O Indicador de Desempenho (ID) varia de 0 a 10 e representa a média dos resultados obtidos pelos alunos na avaliação do

Saerj. Junto com o Indicador de Fluxo Escolar (IF), que considera a taxa de aprovação em cada série escolar, segundo os dados

do Censo Escolar, compõe o Índice de Desenvolvimento Escolar do Rio de Janeiro (Iderj), que estabelece metas anuais para as

escolas.

CADERNO DE PESQUISA 65

Diante desse cenário, fica evidente a necessidade da escola (re)pensar

ações para a melhorar apropriação de seus resultados e, consequente-

mente, melhorar a qualidade de ensino oferecido. Desse modo, o plano

de ação aqui apresentado foi formulado tendo por base as análises dos

dados coletados durante a pesquisa. Embora a pesquisa tenha sido reali-

zada em apenas uma unidade escolar da rede estadual do Rio de Janei-

ro, as propostas apresentadas poderão ser implementadas nas demais

unidades escolares estaduais que vivenciem o mesmo problema diagnos-

ticado nesta investigação.

O trabalho evidenciou que é preciso criar a cultura avaliativa na escola.

Para tal, é necessária a consolidação, por parte de toda equipe escolar,

do entendimento de que a avaliação externa precisa ser utilizada como

ferramenta pedagógica para melhoria da qualidade do ensino na esco-

la. Assim, a direção e a coordenação escolar necessitam organizar um

planejamento anual de reuniões pedagógicas. A sugestão seria que as

reuniões ocorressem quinzenalmente, com durações de até quatro horas.

Os grupos dos docentes seriam divididos pelos turnos em que trabalham.

Dessa forma, haveria três salas de trabalho diferentes se reunindo ao

mesmo tempo. Para aqueles professores que trabalham em dois turnos,

por exemplo, haveria a opção de participar do grupo no qual sua carga

horária é maior. Como são três grupos de trabalho, é importante que haja

um líder responsável por cada grupo. A indicação é que o coordenador

escolar fique responsável pelo grupo do turno da manhã, um diretor ad-

junto, pelo grupo do turno da tarde, e outro diretor adjunto, pelo grupo do

turno da noite. O diretor principal exerceria o controle e o acompanha-

mento de todos os três grupos.

Inicialmente, é preciso trabalhar com os professores a ideia de que to-

dos estão ali para compartilhar seus conhecimentos e aprender juntos.

É preciso que os professores, coordenadores e diretores trabalhem em

conjunto, sem espaço para competição ou julgamentos. Boudett, City e

Murnane (2010), no Data Wise, citam os aspectos em que os educadores

devem focar:

Uma boa escola não é uma coleção de bons professores trabalhando

independentemente, mas um time de educadores talentosos trabalhando

juntos para implementarem um plano de ação instrucional coerente, para

identificar as necessidades de aprendizagem de cada estudante e ir ao

encontro dessas necessidades (BOUDETT, CITY e MURNANE, 2010, p. 2,

tradução do autor).6

6 “[...] a good school is not a collection of good teachers working independently, but a team of skilled educators working together

66 SAETHE 2018

Durante o primeiro momento, a equipe escolar precisa aprender a com-

partilhar, ouvir, trocar, observar, descrever e não julgar. Nesse primeiro

encontro, também deverá ser passada para os professores a proposta

dos encontros quinzenais, com vistas a analisar e debater os resultados

das avaliações externas Saerj e Saerjinho, de modo que a escola possa

melhor aproveitar essas ferramentas pedagógicas. As pautas para os de-

mais encontros deverão ser formuladas tendo por base as necessidades

apontadas nesse primeiro encontro.

Para lidar com as avaliações externas, a apropriação e o uso dos seus

resultados, faz- se necessária a compreensão de termos específicos des-

sa área do conhecimento, tais como: competências, habilidades, matri-

zes de referência, escala de proficiência, Teoria de Resposta ao Item etc.

Assim, uma vez a cada semestre, a escola realizaria uma oficina com os

docentes. Para esse momento, a sugestão seria que a escola convidasse,

como palestrante, o Coordenador de Avaliação e Acompanhamento da

Diretoria Regional Pedagógica Metropolitana VI, para esclarecimento

desses termos. Nessas oficinas, os professores participariam de dinâmi-

cas, como: relacionar o item ao tipo de habilidade testada, fazer a leitura

de resultados utilizando a escala de proficiência, analisar tabelas, gráfi-

cos e medidas de proficiência e ler a porcentagem de alunos por nível de

proficiência. Para as oficinas, que poderiam ocorrer em dias alternados

para cada grupo, as turmas poderiam ser subdivididas por áreas do co-

nhecimento e por série.

Durante a realização dessas oficinas, é importante que o Coordenador de

Avaliação também explique e esclareça dúvidas sobre a Política de Boni-

ficação do Estado. O Coordenador poderia distribuir cartilhas explicativas

sobre a Política de Bonificação.

Além das oficinas realizadas na escola, um curso de capacitação deverá

ser oferecido aos professores e à equipe gestora. Sugere-se que o curso

de Formação Continuada em Avaliação Educacional de Larga Escala, que

já é oferecido à equipe gestora, aos AAGEs e aos coordenadores de ava-

liação e de ensino da Regional, seja estendido também aos professores.

O curso seguiria o mesmo padrão: carga horária de 80 horas, sendo 40

horas presenciais e 40 horas on-line, ministrado pela equipe do CAEd em

parceria com a Seeduc, com o foco em interpretação e compreensão dos

resultados das avaliações externas.

to implement a coherent instructional plan, to identify the learning needs of every student, and to meet those needs.” (BOUDETT,

CITY e MURNANE. Data Wise. Cambridge, Harvard Education Press, 2010, p. 2).

CADERNO DE PESQUISA 67

Como incentivo à participação dos professores, poderia ser oferecida

uma bolsa de estudo para que os professores pudessem arcar com as

despesas de alimentação e deslocamento durante o período presencial,

no valor de 100 reais por dia. O curso poderia ter carga horária de 6 horas

diárias, de segunda a sábado, e ser oferecido durante o período de reces-

so no mês de julho. Ao término das horas on-line, o professor receberia

o certificado e uma gratificação, no valor sugerido de 200 reais, por ter

concluído o curso.

Faz-se necessário que a direção escolar, em conjunto com a sua equipe

de apoio, colete dados a serem discutidos e analisados nas reuniões com

os professores. Levantariam-se, então, os resultados do ano anterior e do

ano atual nas avaliações do Saerj e Saerjinho. Em seguida, montariam-

-se gráficos analisando a evolução ou a queda dos resultados. Também

poderia apresentar a variação no nível de participação dos alunos. Seria

necessário ainda produzir cópias da revista pedagógica da escola, visto

que a escola só recebe um exemplar para cada série e disciplina avalia-

da, de modo que todos os professores, separados por disciplina e série,

tivessem os exemplares das séries e disciplinas em que trabalham, para

que analisassem a escala de proficiência e os resultados do Saerj.

Quando da análise dos resultados do Saerjinho, seria fundamental que a

reunião ocorresse no laboratório de informática, para que os professores

possam acessar o site do sistema e verificar as habilidades consolidadas

(ou não) pelos estudantes.

Durante a reunião com os professores, cada líder responsável pelo grupo

apresenta o levantamento de dados feito, com o auxílio do datashow para

apresentação de gráficos e tabelas. Nesse momento, comentam-se os

resultados gerais da escola e, novamente, os professores podem levantar

as possíveis causas de tais resultados e as ações que a escola poderá

desenvolver para tentar atenuar os resultados negativos. Comparações

com as outras escolas estaduais de três turnos da regional poderiam ser

realizadas, para que a escola situe como está a qualidade da educação

ofertada em relação às demais. Pode-se, ainda, mencionar exemplos de

escolas da rede estadual que estejam apresentando bons resultados e

procurar investigar quais estratégias têm sido utilizadas para alcançar

o bom desempenho. Ressalta-se a importância de se registrar todos os

apontamentos feitos em livro de ata.

68 SAETHE 2018

Em um segundo momento, os professores se reuniriam em pequenos gru-

pos para a análise da revista pedagógica com os resultados do Saerj do

ano anterior. Os professores teriam a possibilidade de identificar as com-

petências e habilidades em que os alunos apresentam maiores dificul-

dades, além de registrar ações e experiências de aulas bem-sucedidas

sobre cada tema específico.

Em um terceiro momento, os professores irão se reunir no laboratório de

informática, para que, em duplas, por áreas comuns, possam entrar no

site do Sistema de Avaliação Diagnóstica Saerjinho e analisar em quais

habilidades os alunos apresentaram maiores dificuldades.

Em um quarto momento, novamente todos juntos ao grupo maior, os pro-

fessores podem compartilhar as observações feitas durante os momentos

dois e três. Busca-se, então, uma interdisciplinaridade. Nesse instante, le-

va-se em conta também o desempenho dos alunos nas avaliações inter-

nas da escola, nos trabalhos de grupo, nas participações em aula e nas

tarefas de casa. Os resultados apresentados nas avaliações externas cor-

respondem aos resultados internos? Há uma relação? Como explicá-los?

Nesse momento interdisciplinar, os professores podem procurar identificar

erros comuns aos estudantes, como dificuldades de interpretação, enten-

der palavras derivadas, fazer alguns tipos de cálculos etc.

Para cada bimestre, os professores podem focar em algumas habilidades

específicas, que considerem prioritárias para aquele bimestre e em que os

alunos tenham apresentado maiores dificuldades, para que não se tenha

uma análise muito ampla, sem problemas específicos. Assim, para cada

bimestre, os professores devem converter informações complexas, ofere-

cidas pelas avaliações externas, em informações simples e traçar ações

para os problemas encontrados.

Após a consolidação do inventário de dados, é o momento de se elaborar

o Plano de Ação. Assim, os grupos de professores, divididos por discipli-

nas e séries, irão citar as habilidades que selecionaram para serem mais

bem trabalhadas no bimestre vigente. Em seguida, apresentarão as estra-

tégias selecionadas para que o aprendizado de tais habilidades se torne

mais efetivo para os alunos. Todos esses passos serão registrados, bem

como quais ferramentas necessitarão, quem serão os responsáveis pelas

ações e qual o prazo determinado para o cumprimento das ações.

CADERNO DE PESQUISA 69

O coordenador pedagógico, o orientador educacional e o professor ar-

ticulador serão os responsáveis por apoiar o cumprimento das ações

propostas por meio do acompanhamento do planejamento semanal dos

professores, que deverá ser preenchido em ficha específica e entregue

na semana anterior ao que foi planejado. Desse modo, a equipe peda-

gógica poderá não só acompanhar o cumprimento das ações do plano,

como também oferecer suporte de ideias ou de ferramentas pedagógi-

cas, que poderão ser reservadas com antecedência, como o datashow, o

laboratório de informática, a biblioteca e o laboratório de ciências. Cada

componente da equipe pedagógica poderá ficar responsável por acom-

panhar um turno específico, não ficando isento de oferecer suporte para

professores de outros turnos quando necessário.

Além de acompanhar o planejamento de aula semanal dos professores,

a equipe pedagógica também deverá verificar as notas e frequências dos

estudantes, orientando os professores a encaminhar os alunos com maio-

res dificuldades para o reforço escolar de Língua Portuguesa e Matemá-

tica quando for o caso, a preparar atividades extras para aqueles que

necessitarem no caso de outra disciplina não contemplada com o reforço.

Também cabe à equipe pedagógica chamar os responsáveis para colo-

cá-los a par das notas e dos comportamentos dos alunos quando neces-

sário, além de telefonar para os alunos ausentes para saber o motivo das

faltas e motivá-los a retomar os estudos.

Todas as proposições citadas acima deverão ocorrer sempre durante as

reuniões pedagógicas estabelecidas no planejamento anual da escola.

Para o primeiro bimestre, os professores poderão se ater às habilidades

(não) consolidadas apontadas pela prova do Saerj e às comparações

com os resultados dos anos anteriores e de outras escolas, visto que o

Saerjinho do primeiro bimestre só ocorre no fim desse período. Assim, na

primeira reunião do segundo bimestre, os professores trabalharão com os

resultados apresentados pelas provas do Saerjinho do primeiro bimestre

e, assim, sucessivamente.

Conforme mencionado anteriormente, as reuniões deverão ocorrer quin-

zenalmente. Desse modo, a cada bimestre, haverá, em média, quatro reu-

niões. Sempre na primeira reunião de cada bimestre, serão cumpridas as

etapas citadas acima, conforme explicado no parágrafo anterior. As duas

reuniões subsequentes deverão ser utilizadas para o acompanhamento

das ações traçadas e o compartilhamento de boas práticas. Nessas reu-

niões, os professores poderão fazer em conjunto o planejamento sema-

70 SAETHE 2018

nal, se desejarem, e trocar ideias para as aulas. Poderão ainda avaliar o

plano elaborado, (re)planejando ações quando necessário.

A última reunião do bimestre deverá ser voltada para a avaliação das

ações do plano. Serão, então, avaliadas as ações cumpridas, bem como

as que não foram executadas. A partir das observações, a equipe escolar

poderá levantar novas estratégias e reavaliar suas práticas. É importante

que os professores procurem ouvir sempre os alunos. Os professores pre-

cisam buscar um feedback dos estudantes sobre quais atividades acha-

ram interessantes, em quais atividades sentiram dificuldades e quais su-

gestões eles têm para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem.

Essa também é uma forma de acompanhar e avaliar as ações e saber se

elas estão dando certo. Caso o professor observe alunos com maiores

dificuldades, esses deverão ser indicados para frequentar as aulas de

reforço escolar, oferecidas na escola no contraturno.

Por fim, todo o trabalho feito pela equipe escolar será também avaliado

através das avaliações externas Saerjinho e Saerj, mostrando se eles es-

tão indo pelo caminho certo e recompensando-os, ao final do processo

com um maior número de aprovação de alunos, com prêmios para os

estudantes e bonificação para os funcionários da escola.

Por último, vale ressaltar que todo o planejamento feito no início do ano

letivo deve ser registrado no Projeto Político Pedagógico da escola, com-

partilhado com os alunos e responsáveis em reuniões com a comunidade

escolar, para que todos tomem ciência do trabalho que será desenvolvido

ao longo do ano e se envolvam com as ações e o acompanhamento das

metas.

É importante também que seja agendada com a comunidade escolar uma

reunião no início do ano letivo para esclarecer aos pais, responsáveis e

alunos os propósitos e a importância das avaliações externas, para que

os pais e responsáveis acompanhem a data dessas avaliações e incen-

tivem seus filhos a não faltarem, bem como para que os alunos realizem

essas avaliações com mais seriedade, fatores que contribuem para a me-

lhoria do desempenho da escola.

Além dessa reunião no início do ano letivo, outra deverá ocorrer no meio

do ano, com o objetivo de dar um retorno à comunidade sobre o progres-

so dos estudantes. Uma última reunião deverá ser realizada ao término

do ano letivo, expondo os avanços e as dificuldades encontradas no al-

cance das metas esperadas.

CADERNO DE PESQUISA 71

Faz-se necessário realizar uma palestra específica para os estudantes,

que muitas vezes não entendem os propósitos das avaliações externas

e não as realizam com seriedade, o que influencia para que se tenha um

resultado infiel à realidade. Essas reuniões com os estudantes também

poderão ocorrer no início do ano letivo, em uma data próxima à reali-

zação do primeiro Saerjinho. Outra reunião deverá ocorrer no segundo

semestre, antecedendo o terceiro Saerjinho. Sugerem-se apenas duas re-

uniões para que não se torne cansativo para a equipe escolar nem para

os alunos. No entanto, pode haver exposição de informações através de

cartazes espalhados pela escola nas vésperas das avaliações externas,

além de falas de incentivo e esclarecimento por parte dos professores e

coordenadores aos alunos diretamente nas salas de aula.

As ações planejadas nesse plano de intervenção não causarão despesas

extras para a escola, apenas precisarão contar com o envolvimento, a

participação e o comprometimento de todos em busca de um melhor uso

dos resultados do Saerj e Saerjinho. O curso de capacitação dos profes-

sores, apresentado na segunda proposição, deverá ser custeado direta-

mente pela Seeduc.

O plano de ação educacional aqui proposto teve o objetivo de envolver

toda a comunidade escolar na criação de uma cultura avaliativa, de modo

que os propósitos das avaliações externas Saerj e Saerjinho se tornem

mais claros para a equipe gestora, os docentes, os pais e responsáveis

e os alunos. O objetivo é que consigam se apropriar e usar os resultados

das avaliações externas Saerj e Saerjinho, para o aprimoramento das prá-

ticas pedagógicas, bem como na busca por melhores desempenhos dos

educandos da instituição escolar.

72 SAETHE 2018

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74 SAETHE 2018

PREFEITO DE TERESINA

Firmino da Silveira Soares Filho

VICE-PREFEITO DE TERESINA

Luiz de Sousa Santos Júnior

SECRETÁRIO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

Kleber Montezuma Fagundes dos Santos

SECRETÁRIA EXECUTIVA MUNICIPAL DE GESTÃO

Kátia Luciana Noleto de Araújo Dantas

SECRETÁRIA EXECUTIVA MUNICIPAL DE ENSINO

Irene Nunes Lustosa

DIVISÃO DE AVALIAÇÃO

Giovanna Saraiva Bezerra Barbosa

Maria Salete Linhares Boakari

Daniela Bandeira de Carvalho

Vivian Veloso Chaves

Karini Viana Resende

Reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora

Marcus Vinicius David

Coordenação Geral do CAEd

Lina Kátia Mesquita de Oliveira

Manuel Palácios da Cunha e Melo

Eleuza Maria Rodrigues Barboza

Coordenação da Pesquisa de Avaliação 2016-2019

Manuel Palácios da Cunha e Melo

Coordenação da Pesquisa Aplicada ao Design e Tecnologias da Comunicação

Edna Rezende Silveira de Alcântara

Coordenação da Pesquisa Aplicada ao Desenvolvimento de Instrumentos de Avaliação

Hilda Aparecida Linhares da Silva Micarello

Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Gestão e Avaliação da Educação Pública

Eliane Medeiros Borges

Supervisão de Construção de Instrumentos e Produção de Dados

Rafael de Oliveira

Supervisão de Entregas de Resultados e Desenvolvimento Profi ssional

Wagner Silveira Rezende

Sistema de AvaliaçãoEducacional de Teresina