Sustentabilidade e Centralidades Metropolitanas

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Seminário Qualicidades sustentabilidade e centralidades metropolitanas Centralidades, uma abordagem metodológica Thereza Christina Couto Carvalho, Professora Associada da Universidade Federal Fluminense [email protected]

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Apresentação da arquiteta Thereza Christina Couto Carvalho no seminário Qualicidades (30/6). O evento organizado pelo Sebrae/RJ em parceria com o IETS e Câmara Metropolitava promoveu debates sobre os desafios da gestão de recursos urbanos.

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Seminário Qualicidades sustentabilidade e centralidades metropolitanas

Centralidades, uma abordagem metodológica

Thereza Christina Couto Carvalho, Professora Associada da Universidade Federal Fluminense

[email protected]

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• Antecedentes do ordenamento territorial

• Centralidades, hierarquias e policentrismo

• A escala (das cidades) do futuro

• Cidades de passagem tem futuro

• Cidades de “ficagem” como futuro

• Cidades do futuro do passado - no presente

• Possibilidades de futuro da cidade do presente

Centralidades, escalas territoriais e futuro (tendências)

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ANOS 90:

• A rede – a abordagem bidimensional do território, eixos e polos monofuncionais, anulou fronteiras e identidades, e teve rápidas repercussões.

• A sobreposição de escalas de gestão, e de propósitos, rompeu o conjunto de relações herdadas, e vivas até então, que teciam a as condições de vida de tantas populações em seus territórios de pertencimento.

• As sucessivas rupturas que se seguiram fragmentaram urbanizações pré-existentes, aumentaram desigualdades com múltiplas manifestações físicas na paisagem de diferentes cidades e regiões.

Antecedentes do Ordenamento Territorial: sobre eixos e polos monofuncionais

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• Compreende-se centralidade como a delimitação espacial cuja importância é dada pelos bens e serviços – funções centrais – oferecidos. Quanto maior o número de suas funções, maior é sua centralidade, sua área de influência e o número de pessoas por ela atendidas.

• Estabelece-se, pois, uma diferenciação de bens e serviços. De um lado, uma função central de frequente consumo requer um número reduzido de consumidores para viabilizá-la economicamente. De outro, para bens e serviços de menor frequência de consumo, demanda-se mais consumidores para viabilizar economicamente tais atividades, onde o alcance espacial mínimo (e máximo) será maior.

• Configura-se, assim, uma hierarquia para as centralidades: bens e serviços singulares que possuem menor frequência de consumo e, portanto, justificam maiores deslocamentos, estariam nas centralidades de nível mais elevado de complexidade; aqueles com maior frequência de consumo de bens e serviços mais comuns e recorrentes seriam característicos de centralidades locais de baixa complexidade (IBGE, 2000).

Centralidades, hierarquias e policentrismos

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Transbay Transit Terminal / Pelli Clarke Pelli Architects

Globalização, competitividade, arquiteturas singulares

e segregação espacial como vitrines de atração e

repercussão

A escala (das cidades) do futuro

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• Propôs a criação de “20 cidades sustentáveis”, cada uma com cerca de 500.000 habitantes, para recriar um sentimento de pertencimento ao território(!!!)

Yves Lion, Groupe Descartes

A escala (das cidades) do futuro

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• Proposta considerada pelos especialistas como a que mais entende a cidade de Paris, propôs um Central Park para La Courneuve, bairro multiétnico localizado a menos de 10 km do centro de Paris. O local abriga um dos maiores conjuntos habitacionais de baixa renda da França e protagonizou manifestações violentas em 2005. Castro também projetou uma grande área pública e uma nova casa de espetáculos.

Roland Castro

A escala (das cidades) do futuro

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• Objetivo de construir 70mil novas casas por ano

• Planejamento urbano em 10 polos diferentes

• Plano de transporte integrando regiões

• Manter a cidade como capital da cultura através de grandes projetos

CONSULTA PÚBLICA INTERNACIONAL: PARIS

As principais zonas de desenvolvimento Grande Paris

fonte://www.ateliergrandparis.fr

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• Sugeriu um trem elevado de alta velocidade percorrendo toda a cidade e a redução de diversas estações de trem locais para criar um grande eixo de transporte. Para Christian de Portzamparc, o importante é que os diferentes pólos da cidade estejam bem ligados, que lojas, escritórios e casas se entrelacem num plano que terá, entre outros elementos aeroportos, estações e um trem suspenso que sobrevoaria e rodearia Paris.

Christian de Portzamparc

Cidades de passagem tem futuro: o predomínio dos eixos

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• A equipe MVRDV sugeriu a construção de um grande terminal para trens de alta velocidade sob a Place de la République. E também lidou com a densidade e a eleição paradoxal de uma “Paris menor”

MVRDV

Cidades de passagem tem futuro: o predomínio dos eixos

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• Antoine Grumbach propôs a construção de um trem de alta velocidade para o litoral, para estimular o vetor de crescimento e por considerar que a Paris metropolitana não deveria parar nos subúrbios. Um dos planos mais audazes, propõe dar a Paris o porto marítimo de que a cidade carece, conectando-a ao mar pelo rio Sena, como eixo que teria o seu extremo na região do Havre.

Antoine Grumbach Cidades de passagem tem futuro: o predomínio dos eixos

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• Sugeriu um trem elevado de alta velocidade percorrendo toda a cidade e a redução de diversas estações de trem locais para criar um grande eixo de transporte. Para Christian de Portzamparc, o importante é que os diferentes pólos da cidade estejam bem ligados, que lojas, escritórios e casas se entrelacem num plano que terá, entre outros elementos aeroportos, estações e um trem suspenso que sobrevoaria e rodearia Paris.

Christian de Portzamparc

Cidades de passagem tem futuro: o predomínio dos eixos

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Grand Paris Richard Rogers

Cidades de “ficagem” como futuro: policêntricas, compactas, atratentes ao nível dos olhos

Policêntrico compacto, com anel (sobre trilhos) integrando centralidades distintas, com escalas de transição entre diferentes modais em um mesmo percurso.

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Cidades do futuro no passado

Plug-in-City

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Cidades do futuro do passado no presente

Escolhido por Concurso Público Nacional foi implantado o Anteprojeto do Plano Piloto feito por Lúcio Costa. A premissa rodoviarista e o predomínio dos eixos de conexão como critério de projeto.

Cidades de passagem

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Sheffield, Hyde Park

Cidades do futuro do passado no presente

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Grand Paris GRUMBACH ET ASSOCIÉS

Cidades do futuro do passado no presente

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DESAFIOS DO ARCO

Cidades do futuro do passado no presente

A simples provisão da moradia e da conexão não são, portanto, suficientes para constituir a almejada ligação em rede entre os vários núcleos de ocupação urbana consolidada ou recente, ou semi-rural.

A significativa melhora na oferta de habitações e na acessibilidade entre áreas peri-urbanas, territórios pobres de infra-estruturas, de equipamentos sociais, de empregos, de renda, com áreas de preservação ambiental de baixa institucionalidade e elevada vulnerabilidade a invasões, aponta, ao mesmo tempo, para diferentes possibilidades de integração, nem sempre consistentes com os propósitos do Governo, alternativas que não são, necessariamente, mutuamente exclusivas.

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Algumas repercussões com custos de

várias naturezas

Cidades do futuro do passado no presente

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OUTRO FUTURO POSSIVEL •O reordenamento urbano para além do município - seja para

redirecionar investimentos e reduzir os desequilíbrios crescentes, seja para dar conta dos interesses públicos e privados no contexto regional e local - passa pela exigência de políticas trans-setoriais, e de um arranjo

organizacional correspondente, para dar suporte a uma gestão metropolitana transversal.

O cenário político-administrativo atual se mostra, em certa medida, favorável a que esse arranjo se materialize - cresce o reconhecimento,

nas várias instâncias de governo, da necessidade de algum nível de governança metropolitana.

Da mesma forma, cresce o reconhecimento da necessidade de uma distribuição territorial melhor equilibrada com as múltiplas

centralidades conectadas, com redes de serviços e equipamentos urbanos essenciais à qualidade de vida, com planejamento do uso do

solo, no convívio dos diferentes usos, urbano, rural e ambiental, na maior e melhor distribuição dos empregos.

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Desafios a enfrentar para o futuro da cidade do presente:

• a complexidade de desenvolver políticas trans-setoriais

• a dificuldade de abordar as questões entre os diferentes níveis do governo

• a excessiva importância atribuída às ações reativas de curto prazo em detrimento da realização de compromissos de médio e longo prazo.

O desenvolvimento sustentável está associado à equidade espacial e requer a coerência temporal e territorial.

Possibilidades de futuro da cidade do presente

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Requisitos para a equidade espacial

• A diversidade funcional

• A diversidade escalar

• A valorização da estrutura urbana policêntrica e compacta

• A identidade (o impacto do lugar), a história, a comunidade e a paisagem, como condicionantes de sustentabilidade (OECD)

• A diversidade, a complexidade e a sustentabilidade de determinados ordenamentos territoriais e seus novos arranjos institucionais (Australia);

• A criação e aplicação de indicadores compatíveis com o propósito (Canadá);

• Re-escalar poderes, realçando o poder central (tendo em vista manter presença no cenário mundial) e, ao mesmo tempo...

• Empreender uma descentralização controlada e conectada, na forma de um policentrismo compacto associado à qualificação do solo urbano, aos espaços públicos de convívio, à valorização do lugar e à sua comunidade.

Possibilidades de futuro da cidade do presente

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A CIDADE COMO “CRIADORA E CRIATURA” DE TERRITÓRIOS

• Esses padrões são, também, fruto de uma dada morfologia, geográfica e historicamente herdadas, na medida em que, decorrem de apropriações e adaptações cumulativas do território e de seus recursos naturais e construídos.

•Esses padrões, por outro lado, redefinem, continuamente, as condições de vulnerabilidade e/ou de sustentabilidade que caracterizam a região onde se localiza o centro urbano, da qual este extrai os recursos naturais necessários ao abastecimento da sua população e à eliminação dos seus resíduos.

Já é consenso que a acessibilidade física, a disponibilidade, a suficiência e a qualidade da rede de serviços públicos de abastecimento de água e energia e de disposição de dejetos, de telecomunicação e de transportes, reforçam a atratividade de um dado território e influenciam, positivamente, na configuração de polos/centralidades e redes de articulação territorial. Assim, também, certas feições - o dimensionamento e a orientação das estruturas viárias, a forma e a densidade das massas edificadas, e a permeabilidade dessas massas e estruturas às mudanças que as transformações sociais e econômicas exigem - também, influenciam, significativamente, a configuração dos padrões de uso e ocupação do solo, de produção e de consumo de bens e serviços, e a qualidade da forma urbana. Por outro lado, a morfologia, geográfica e historicamente herdada, decorrente de apropriações e adaptações cumulativas do território e de seus recursos naturais e construídos, influencia, da mesma forma, a imagem percebida e o sentimento de pertencimento.

Requisitos para a equidade espacial

Possibilidades de futuro da cidade do presente

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• Coordenação: é um processo formal de formulação de políticas conduzido dentro do aparelho do governo. • Consistência: é definida como o processo que assegura que os objetivos das políticas sejam atingidos e que não sejam contraditórios. • Coerência territorial: assegura a promoção sistemática de ações mutuamente reforçadoras realizadas pelos atores governamentais e não-governamentais visando criar e manter sinergias para atingir o objetivo definido. •A necessidade de coerência nas políticas requer que as dimensões horizontal, vertical e temporal sejam abordadas. •

Possibilidades de futuro da cidade do presente

3 Cs para o sucesso de políticas públicas

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• Coerência horizontal – Fortalecer a interconectividade das políticas desenvolvidas pelas várias entidades para que se reforcem mutuamente.

• Coerência vertical - Assegurar que as práticas das agências, autoridades e órgãos autônomos, bem como o comportamento dos níveis subregionais do governo, se reforcem mutuamente com os compromissos políticos mais amplos.

• Coerência temporal - Assegurar que as políticas continuem a ser efetivas ao longo do tempo e que as decisões de curto prazo não se oponham aos compromissos de longo prazo, que interajam com outras políticas e com outras forças da sociedade.

• O desenvolvimento sustentável ilustra a necessidade de coerência temporal.

Possibilidades de futuro da cidade do presente

3 Cs para o sucesso de políticas públicas

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Baseado em Carlos

Brandão, 2007

EFICIÊNCIA PRODUTIVA: E EQUIDADE AMBIENTAL

Eficiência produtiva Eqüidade sócio espacial

Sancionar fluxos já existentes Promover a constituição de estruturas produtivas regionais renovadas

Racionalizar os elos produtivos já existentes Catalisar novas atividades econômicas

Conectar pontos dinâmicos Articular núcleos de diferentes densidades entre si, com o entorno e com

a hinterlândia

Investir nos gargalos localizados nos nexos entre focos, subespaços,

pontos dinâmicos ou ilhas de produtividade da economia regional

Fortalecer as bases territoriais para a garantia da coesão regional

Reforçar forças centrípetas Ativar forças centrífugas, descentralizadoras e a capacidade de difusão

do dinamismo

Promover as logísticas de escoamento Patrocinar a interiorização

Seguir a hierarquia das cidades Criar novas centralidades

Identificar elos faltantes e gargalos Olhar complementaridades intersetoriais e territoriais da malha produtiva

Investir em infra-estrutura ou em atividades diretamente produtivas Investir em serviços públicos de natureza social e coletivos, em utilidade

pública (capital social básico e atividades indiretamente produtivas)

Investir em grandes projetos-âncora estruturantes Investir em iniciativas de maior capilaridade espacial e promotoras de

dinamismos ocultos ou latentes

Especializar Diversificar

Enclaves territoriais Sistemas de produção articulados

Privilegiar capacidade de exportação Privilegiar articulação sócio-produtiva interna

Adaptado a partir de BRANDÃO, 2006.

Possibilidades de futuro da metrópole do presente

Dinâmicas de transição...

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PAINEL DO ARCO METROPOLITANO DO RIO DE JANEIRO – BR - 493/ RJ -109 Possibilidades de futuro da cidade do presente

• A Cidade como criadora e criatura de múltiplos territórios • Heranças - múltiplas centralidades nodais e lineares • Solo qualificado, melhor conectado • Melhor acessibilidade/ alternativas • Eficiência produtiva e equidade sócio espacial • Coerência entre políticas e a dimensão territorial como síntese • Coordenação, consistência e coerência territorial • As três dimensões da coerência e seus desafios •Dinâmicas de transição

Obrigada.