Taizan Maezumi - Ensinamentos Da Grande Montanha

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    (Orelha da capa)

    STE l ivro reúne t rechos de vár ios t ei shos (pa le st ra s) min is tr adas porTai zan ( “G ra nd e M on tan ha ”) d ur an te u ma t ur nê po r v ár ios p aí se s d a

    Europa, selecionados por um de seus discípulos, o holandês Anton TenkeiCoppens.

    Com sua fala car ac ter ísti ca e personalí ssima, Maezumi Ros hi abor datemas que revelam a própria essência do Zen ─ a questão vi tal de como

    podemos perceber nossa verdadeira natureza a cada instante . Edi tados emformato de poemas, ou “apresentações do Darma”, seus ensinamentos cobremuma grande variedade de tópicos, incluindo koans, sutras, cerimônia, Deus emeditação sentada.

    Infinitamente suti le incomparavelmente profundoo Darma é raramenteencontrado,mesmo em milhões e milhõesde eras. . .Agora podemos ouvi-lo,compreendê-lo. . .Que possamos completamente esclarecero verdadeiro significadodos ensinamentos do Tatagata.

    (G a t h a , oração zen de aber tura de le i tu ra de Sut ras )

    Apesar da aparente “estranheza” de alguns temas apresentados neste

    livro, que o gatha acima se real ize no coração de todos os lei tores , tantodos já praticantes como dos leigos, cujo crescente curiosidade pelo Zen semdúv ida servi rá de “chave” para a ass imi lação de apa rentes “absu rdos” e“mistérios”, fala desse grande mestre Zen.

    E

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    TAIZAN MAEZUMI

    ENSINAMENTOS DA

    GRANDE MONTANHA

    Palestras Zen de Taizan Maezumi

    E d i t a d o p o rAnton Tenke i Coppens

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    Tr a d u ç ã o d e R i t a M o r e i r a

    Copyr igh t © 2000 , 2001 by Kanzeon , Inc .T í t u lo o r i g in a l : Te ac h i ng o f t h e G r e at M o un t ai n : Z e n Ta lk s b y Ta iz a nM a e z u m i

    To d o s o s d i r e i t o s r e s e r v a d o s . I m p r e s s o n o B r a s i l , N e n h u m a p a r t e d e s t e l i v r o p o d es e r u t i l i z a d a , r e p r o d u z i d a o u a r m a z e n a d a e m q u a l q u e r f o r m a o u m e i o , s e j a m e c â n i c oo u e l e t r ô n i c o , f o t o c ó p i a , g r a v a ç ã o e t c . s e m a p e r m i s s ã o p o r e s c r i t o d a e d i t o r a .

    P r e p a r a ç ã o : Deni se Pad i lha Lo t i toR e v i s ã o : Milce Con teD i a g r a m a ç ã o : Tony Rodr igues

    1 ª e d i ç ã o p e l o s e l o F r a n c i s , a g o s t o d e 2 0 0 5

    D a d o s I n t e r n a c i o n a i s d e C a t a l o g a ç ã o n a P u b l i c a ç ã o ( C I P )( C â m a r a B r a s i l e i r a d o L i v r o , S P, B r a s i l )

    M a e z u m i , H a k u y- u Ta i z a n , 1 9 3 1 - 1 9 9 5 .E n s i n a m e n t o s d a g r a n d e m o n t a n h a : c o n v e r s a s

    s o b r e o Z e n / Ta i z a n M a e z u m i ; t r a d u ç ã o R i t a M o r e i r a ─ S ã o P a u l o : F r a n c i s , 2 0 0 5 .

    T í t u l o o r i g i n a l : ’ Te a c h i n g o f t h e g r e a t m o u n t a i n : Z e n t a l k s b yTa i z a n M a e z u m i

    B i b l i o g r a f i a .I S B N 8 5 - 8 9 3 7 3 - 1 0 - X

    1 . E s p i r i t u a l i d a d e 2 . M a e z u m i , H a k u y- u Ta i z a n , 1 9 3 1 - 1 9 9 5 ─ E n s i n a m e n t o s 3 . Vi d a e s p i r i t u a l ─ Z e n - B u d i s m o 4 . Z e n - B u d i s m o1 . T í t u l o .

    0 5 - 1 9 8 2 C D D - 2 9 4 . 3 9 2 7

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    Í n d i c e p a r a c a t á l o g o s i s t e m á t i c o :1 . Z e n - b u d i s m o : E s p i r i t u a l i d a d e : R e l i g i ã o 2 9 4 . 3 9 2 7

    SUMÁRIO

    Prefácio 011Introdução do Editor

    013

    PRIMEIRAPARTEO VALE SEM ECO

    1. A Árvore sem Raiz 0232. A Terra sem Yin e Yang

    039

    Di re i to s d es t a e d i ç ão re se r v a do s p a ra Ed i t o raF r a n c i s L t d a . R u a Tu c a m b i r a , 7 9 – 0 5 4 2 8 - 0 2 0 ─ S ã oP a u l o ─ SPFo n e (0 0 1 ) 30 3 2 - 1 312 ─

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    3. O Vale sem Eco055

    SEGUNDA PARTEOUTRAS PALESTRAS

    1. Um 0752. Kanzeon 0913. Genjokoan 0974. Jijuyu-Zanmai 1055. Mestre Zuigan

    1076. Shikantaza

    1137. O Verdadeiro Olho do Darma

    1198. Kai 127

    9. Deus 13310. Cerimônia

    13911. Os Quatros Selos do Darma

    143

    Notas da Tradução153

    Glossário 155Caligrafias e Fotos 165Agradecimentos 167

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    Embora todos sejamos Kanzeon,1 sem exceção,

    não conseguimos eliminar nossos medos,dores, sofrimentos, frustrações, raiva, insatisfação.Então eu lhes pergunto: Por quê?!

    Maezumi Roshi

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    Maezumi Roshi e Genpo Sensei na Inglaterra, 1987.

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    PREFÁCIO

    Este livro é baseado nas palestras realizada por

    Maezumi Roshi2

    à Sanga Kanzeon em 1987 e 1992na Inglaterra, Holanda e Polônia, e em 1994 noCentro Zen Kanzeon em Salt Lake City, Utah, EstadosU ni do s. L em br an do d e M ae zu mi R os hi e d os m ui to sanos que passei com ele, minhas memórias maisf el iz es d at am d aq ue le s d ia s e m q ue v ia ja mo s j un to spela Europa , especia lmente a época em que fomos àPolônia de trem. Acho que nunca vi o Ros hi tãore laxado e fel iz como naquela turnê. Via jávamos numgrupo pequeno que incluía Tenkei, e à medida que osdias e as horas passavam íamos ficando mais e maisínt imos . Nem sempre era fáci l, poi s o t rem não eran ad a l ux uo so , e a p ol íc ia e a pa tr ul ha da f ro nt ei ranos acordava no meio da noite . Mas, de certo modo,tudo era marav ilhoso . Rosh i adorou v is it ar os vár ios

    paí ses europeus e encon trar todos os d iscípu los quelá vi via m. Le mb ro d el e r el ax an do e m um a ca sa d echá na Inglaterra após um sesshin 3 . Faz ia f r io , e emuma das fotografias ele aparece usando um suéterpesado feito pela mãe de Tenkei.R os hi a ch ou o s d is cí pu lo s e ur op eu s m ui to a be rt os ereceptivos, e as palestras reunidas neste livr o são

    algumas das mais inspiradas que o ouvi proferir.

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    Não é fác il colocar suas palavras no papel , porque,embora Roshi tivesse um grande domínio devocabulário, seu inglês nem sempre eragramaticalmente correto e ele t inha uma maneira todasua de dizer as coisas. Com seu est i lo inovador deeditar, Tenkei Sensei conseguiu preservar o sabor e oespírito do teisho 4 do Roshi. Lendo este texto,realmente me sinto mai s uma vez na presença deMaezumi Roshi e ouço-o falar como se estivesse vivo.C om o s uc es so r d e M ae zu mi R os hi , s in to - me h on ra doem apresentar es te l ivro, especia lmente porque ele é

    editado por um dos meu s própr ios su cessores. Eletraz algo que Roshi mencionava com freqüência. Roshisempre dizia que se sentia como uma ponte ao trazero darma 5 para o ocidente. Agora, sendo uma l igaçãoe nt re R os hi e o S en se i, e u t am bé m m e s in to c om ouma ponte para a próxima geração . Para que o Zenrea lmente f irme raízes no ocidente, mui tas mudanças

    precisam ser feitas, mas a essência dos ensinamentos,expressa nestas palestras, não deverá ser perdida.Ao escrever es te prefácio , no iníc io do novo milênio ,sinto que este livro está surgindo num momento muitoapropriado. Chegou a hora de uma audiência maisampla ser expos ta ao darma de Maezumi Rosh i. E let inha grande fé na força de uma sanga 6 variada . Deacordo com ele , a sanga pode se torna r o princ íp iomais importante do budis mo nos te mpos moder nos.Acho que existe muita sabedoria na sua predição. Aoolharmos para o futuro, vai ser crucial quetr ab al he mo s ju nto s, em h ar mo ni a, nã o a pe na s co mouma família budista mas também como umacomunidade g loba l. Espero que as pág inas seguintessejam uma contribuição para essa harmonia.

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    D ENNIS G ENPO M ERZEL

    INTRODUÇÃO DO EDITOR

    Taizan (“Grande Montanha”) Maezumi Roshi (1931 – 1995)foi um dos grande pioneiros do Zen moderno. Com umpunhado de outros mestres japoneses, ele girou a roda

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    do darma na nossa época e levou uma tradição singularde prática budista a um movimento mundial. Sua posiçãoera particularmente interessante. Como sucessor de trêslinhagens diferentes da escola Soto, bem como da escolaRinzai, ele podia extrair material de uma fonteexcepcionalmente rica e expressar os ensinamentos deBuda de uma forma muito ampla e cheia de tons. Eleorientou milhares de estudantes e produziu dozesucessores, que espalharam seus conhecimentos pelomundo. No entanto, até hoje muito pouco dos seusensinamentos apareceu na forma impressa.

    Uma das razões pode ser porque, embora MaezumiRoshi fosse um palestrante vigoroso, sua propensão paramisturar conhecimentos acadêmicos com uma intuiçãofreqüentemente extravagante, para não dizer travessa, nãotorna fácil capturar suas palavras ainda com vida. Alémdisso, seu uso livre da linguagem, levava-o às vezes alongas aventurar de digressão, tecendo uma rede que o

    conectava de uma forma muito íntima com a audiência,mas que deixava no escuro qualquer um que tentassecircunscrevê-lo ao que quer que fosse. Sua profundacompreensão do darma simplesmente desafiava definições.Mas isso não signif icava que o ensinamento de Roshifosse indireto ou vago. Na verdade, era é imprevisível. Edestemido. Lembro dele como alguém que podia ser docecomo mel, no início de uma sentença, e af iado comouma navalha ao final. Ou vice-versa, conforme a situaçãopedisse. Ele podia ser muito sut il , mas também muitobrusco. Certa ocasião, um estudante per guntou a ele: “Oque faço com meu apego?” , e o Roshi gritou: “Fiqueapegado!”. E outra vez, alguém perguntou: “Como devolidar com o professor?”. E ele vociferou: “Ignore-o!”.

    A primeira vez que ouvi o Roshi falar no zendo do

    Cent ro Zen de Los Angeles, há cerca de vinte anos,fiquei literalmente em estado de choque. Eu tinha vindo

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    da Holanda especialmente para escutar algo quedefinitivamente soasse mais importante que qualquer coisaque eu t ivesse ouvido antes. Mas do que se t ratava?Nos pr imeiros meses eu f icava fel iz quando conseguiadeterminar se ele estava falando japonês ou inglês. Maso Roshi capturava minha atenção completamente. e,embora ele não fosse meu professor diretamente ─ soualuno do seu sucessor, Genpo Merzel Roshi ─ , tive agrande fortuna de escutá -lo em muitas ocasiões. Àmedida que o tempo passa, percebo, cada vez mais, amarca indelével que suas palest ras deixaram em mim.

    Lamentando sua súbita morte em 1995 e buscando umamaneira de estar próximo a ele, comecei a transcreveralgumas das fitas de áudio que prezo com aquintessência de Maezumi Roshi.Uma das coisas que eu apreciava muito no Roshi erasua agilidade mental, e eu tentei mostrar essa qualidadetanto quanto possível nesta publicação. Logo depois de

    começar o delicado processo de edição, descobri que oritmo de sua palavra pedia um formato poético.Transformar suas idiossincrasias gramaticais em prosa eminglês correto i ria diminuir o impacto de seu discursodespreocupado. Assim, a paginação é importante. Otamanho das linhas e parágrafos e o efeito visual totaldo texto na página têm o propósito de escl arecer osignificado.

    Todas as palestras deste livro foram dadas durantesesshins da Sanga Kanzeon de Genpo Roshi, e a maiorparte aconteceu na Europa. No texto, Maezumi Roshi àsvezes se refere a “Sensei”. Trata-se de Genpo, antes deter recebido Inka e o t ítulo de “Roshi”. Genpo Senseiconvidou Maezumi Roshi para ir à Europa várias vezespara acompanhá-lo em suas turnês regulares de sesshins.

    Essas turnês geralmente consistiam em retiros de três ouquatro semanas de duração em vários países europeus.

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    Era a maneira de Sensei introduzir seu professor àSanga Kanzeon internacional, que crescia com rapidez, eque hoje em dia tem seu centro principal em Salt LakeCity, Utah, Estados Unidos. Centenas de discípulos serãopara sempre gratos a ele por isso. Maezumi Roshi tocouseus corações com seu jeito inconfundível. Ele era o avôde todos e estava feliz por parti lhar seus insights semnenhuma restrição. Pessoalmente, sinto-me particularmenteafortunado por ter tido a oportunidade de viajar comGenpo e Maezumi Roshi. Isso aprofundou minha conexãocom ambos. Não apenas durante os sesshins, mas

    também em aviões, trens e automóveis, a intimidade dalinhagem se tornou uma realidade viva.

    A primeira série de palestras, sob o título “O Valesem Eco” *(Essas t rê s pal es tr as foram or ig ina lmen te pub l icadascomo um minilivro, O Vale sem Eco, editado por Antôn T. Coppens. ,Mt. Tremper, NY: Darma Communications, 1998.), foi dadadurante um sesshin na Inglaterra em três diasconsecut ivos , 20, 21 e 22 de maio, em 1987. Era aúlt ima parada numa turnê que também incluiu sesshinsna Holanda e Polônia. Na ocasião em que Maezumi deuessas palestras, ele t inha at ingido um pique fantástico.Nunca o tinha visto t ão livre, com a expressão de suaface e o tom de sua voz mudando e variando a cadasegundo. Era como se ele fosse líquido. O tema era oSutra das Sete Irmãs Sábias, conforme citado por

    Dogen Zenji no Ei bei K orok u. As irmãs viram umcadáver em um crematório e uma delas levantou aques tão “Para onde foi essa pessoa?”. Ouvindo isso,todas as irmãs alcançaram a iluminação. O deus Indraficou tão impressionado que ofereceu a elas tudo o q uedesejassem. As irmãs disseram a Indra que não tinhamnecessidade de nada em particular, mas realmentegost ariam de t er três coisas: a Árvore sem Raiz, aTerra sem Yin e Yang e um Vale sem Eco. Após uma

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    int rodução ao estudo de koans , Roshi investiga essestrês pedidos, escolhendo um para cada palestra.Entret anto isso, ele cobre muitos dos seus t ópicosfavoritos e nos apresenta a vários mestres budistas deuma maneira tão íntima que às vezes fica difícil saberquem está fal ando. As dif erentes vozes parec em semesclar em uma única voz.

    A palestra sobre “Mu” foi dada no dia seguinte, 23de maio. De certa maneira, os primeiros quatrocapítulos deste livro f ormam um todo. Mas, emboraMaezumi Roshi dê cont inuidade ao f lui r das palest ras

    anteriores e elabore ainda mais sobre o tema, “Mu” sedestaca por conta própria. Muitos dos part icipantes dosesshin estavam trabalhando com esse famoso koan, eMaezumi Roshi quer ia dar-lhes uma direção clara. Oestudo de koans é geralmente mal compreendido e vistocomo uma espécie de jogo mental. Para Maezumi Roshi,no entanto, o koan é a nossa própria vida, e elucidar

    Mu elucida a vida.O koan nos dá uma chance de eliminar todo opensamento dualista e de exper imentarmos diretamentenossa natureza-buda. Nessa palestra, part icularmente, éinteressante ver como ele vai além de qualquerpossibilidade de sectarismo. Treinado na prática deshikantaza do estilo Soto, bem como no estudo de koando estilo Rinzai, ele tinha múltiplas entradas ao coraçãodo Zen e fazia uma ponte entre as diferentes escolas,volta e meia Maezumi Roshi se ref ere à cerimônia jukai, porque durante essa turnê de sesshins um bomnúmero de participantes receberiam os preceitosbudistas. A palestra apresentada no c apítulo oito écompletamente devotada a esse assunto.

    “Kanzeon” foi uma palestra dada na Holanda em 12

    de setembro de 1992. Maezumi Roshi apreciava muitoesta grande bodisatva e com freqüência discorria sobre

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    como ela salva todos os seres do samsara. Ele adoravao nome que Genpo Roshi havia dado para a suaorganização internacional de discípulos, “Sanga Kanzeon”,e queria esclarecer a todos sobre o que é realmenteKanzeon.

    “Genjokoan” foi dada no dia seguinte, 13 desetembro, no mesmo lugar. O título se refere aoprimeiro fascículo da obra-prima de Dogen Zenji,“Shobogenzo”. A vida e a obra desse grande mest re japonês do século 13 era uma interminável fonte deinspir ação para M aezumi Roshi, e é difícil imagi nar

    qualquer ap resentação do ensinamento do Roshi semque o Genjokoan fosse uma das fontes principais . Elesem pr e dizi a que vi a t odos os escritor es de DogenZenji res umi dos no G enj okoan. Esse fascículo é umresumo de como a nossa vida pode manifestar a vidade todos e de tudo.

    “Jijuyu-Zanmai”, parte de uma palestra dada na

    Holanda em 6 de maio de 1987, é uma curta mas belaexposição sobre o samadi auto-realizado. Maezumi Roshinão apresenta esse feliz estado como algo que precisaser alcançado ou realizado, mas como a condiçãonatural de nossa vida.

    “Mestre Zuigan”, proferida durante o mesmo sesshinna Holanda, é sobre um famoso koan da coleçãoMumonkan . Palest ras do darma real izadas por mest resZen são chamados teisho em japonês, significando umaexpressão direta do darma. Assim, teisho não é “sobre”o darma. É uma manifest ação do próprio darma. Foimaravilhoso e também cativante ver como MaezumiRoshi se identif icava completamente, neste teisho, comMestre Zuigan. À medida que a história se desenvolvia,Zuigan costumava sentar-se em zazen sobre uma grande

    pedra, chamando a si próprio repetidamente, “Ei!, patrão!Você está ai?”. No dia em que deu sua palestra, Roshi

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    estava visivelmente cansado devido à diferença de fusohorário, depois de um longo vôo de Los Angeles paraAmsterdã, e não conseguia evi tar alguns cochilos devez em quando. Então ele gri tava para acordar a simesmo e os demais. Mas ele levanta uma questãointeressante. Para o que é que nós precisamosrealmente despertar? O quê a maioria de nós não estápercebendo?

    “Shikantaza” foi dada na Polônia em 15 de maio de1987. Maezumi Roshi fala da prática de “apenas sentar”como a melhor maneira de apreciar nossa vida. Ele diz

    que é j ijuyu-zanmai , samadi auto-real izado, ou apenasser. Isso não significa que shikantaza seja uma coisaestátic a ou tediosa. Ros hi diz que sua intimi dade érevelador a. Esse talve z sej a um bom m om ent o paraenfat izar que para ele não existe diferença real entreshikantaza e koan. Embora os métodos possam parecerdiferentes, intrinsecamente são uma e a mesma coisa: a

    realização da nossa própria vida. Roshi usafreqüentemente as palavras shikantaza e koan emconexão; por exemplo, na palest ra “Mu”, ele diz queshikantaza é a m elhor r esposta par a nossas m ent esinquiridoras Certa vez, durante uma discussão em grupo,ele criou um koan interessante, “O que é shikantaza?”.Ninguém conseguiu apresentar uma resposta que osatisfizesse.

    “O Verdadeiro Olho do Darma” foi apresentada em13 de maio durante o mesmo sesshin na Polônia. Nestel ivro a ordem dos capí tulos , obviamente, nem sempreobedece a ordem cronológica das palestras. Como minhaintenção era apresentar uma coleção caleidoscópica dosteishos de Maezumi Roshi mais do que uma est ruturalinear de seus ensinamentos, tentei criar um todo

    orgânico, no qual as peças pareçam se encaixar. Em“O Verdadeiro Olho do Darma” ele trabalha em torno de

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    um sentido interessante do “ Shobogenzo”, título da obra-prima de Dogen Zenji. O “Shobogenzo” é geralmentetraduzido como “Tesouro do Olho do Darma Verdadeiro”.Para esclarecer o que esse “olho” realmente s ignifica,Maezumi Roshi segue a percepção de Harada Roshi,que era professor de um dos seus próprios professores,Yatusani Roshi. O olho verdadeiro pode ser dividido emdois olhos, um que vê a absoluta igualdade do mundoe outro que vê a diferenciação de todos os fenômenos.Se não t ivermos ambos os olhos , ou melhor, se nãoformos c apaz es de ver das duas maneir as, estamos

    encrencados. Assim, o que importa é ser flexível e nãoficar empacado aqui ou ali. Isso exemplifica de maneiraadmirável uma das características essenciais doensinamento de Maezumi Roshi. Seja qual for acompreensão que at ingimos, quando nos apegamos aela , acabamos criando sofrimento para nós mesmos eos demais.

    “Kai” t am bém foi dada durante esse sesshin naPolônia. Nessa palestra são discutidos os preceitosbudistas, mas de uma perspectiva muito madura. Usandoos poemas de Bodidarma e Dogen Zenji em váriospreceitos, Maezumi Roshi vai muito além dasinterpretações convencionais.

    O capítulo “Deus” é de uma palestra dada noCentro Zen Kanzeon, em Sal t Lake City, Utah, EstadoUnidos, em 15 de abril de 1994, Roshi visitou o Centropara a inauguração do novo zendo e trouxe comopresente uma estátua de Manjursri , que iria substituir aest atuet a de Kanzeon no al tar. Maezumi compara asfunções desses dois bodisatvas e prossegue falando dequestões relativas a Deus. Os estudantes queriam sabercomo responder aos membros da igreja mórmon quando

    estes lhe perguntavam se acreditavam ou não em Deus.A discussão ficou muito engraçada quando um discípulo

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    disse: “Eu responder ia ‘Eu sou Deus, quem é você?’,mas temo que isso possa ofender”. Roshi sorriu e dissemuito docemente: “Sim, porque não é verdade!!”.

    “Cerimônia” também foi proferida em Salt LakeCity.Maezumi Roshi t rabalhava com freqüência esse tópico,especia lmente nos últ imos anos de sua vida. Aqui elemostra que os códigos formais quanto a roupas,etiqueta e serviços no Zen não expressam apenasrespeito pela tradição. Eles também têm uma função decura.

    “Os Quat ros Selos do Darma” foi dada dois anos

    antes, em setembro de 1992, na Polônia, mas pareceuser um bom tema para concluir esta coleção depalestras. Trata-se de um belo exemplo daengenhosidade e sutileza de Maezumi Roshi. Os QuatrosSelos são padrões básicos estabelecidos para determinarse um ensinamento pode ser considerado budi st a. Obudi smo t radicional geralmente menciona apenas tr ês

    selos, impermanência, não-sel f e sof rimento. MaezumiRoshi vai além da visão unilateral à qual ainterpretação tradicional dos selos pode levar. Usandouma frase do Enm ei Juk ku Kannon Gyo (um c ânticocurto dedicado a Kanzeion). Jô Raku Ga Jô , ele sugereum olhar renovado para esses sel os, o qual alteracompletamente seu significado. Eles se transformam empermanência , a legr ia , sel f e pureza, * (*É interessantenotar que em O Despertar da Fé , de Asvaghos ha,essas características são chamadas de Atributos daIpseidade (N. da T.: suchness ) – pp . 65-67 , de Y. S .Hakeda, 1967, New York: Columbia University Press.), econstituem as características da nossa vida, vistasat ravés dos olhos de Kanzeon Bodisatva. Que melhorencorajamento Roshi poderia nos dar para

    compreendermos quem realmente somos? No último

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    parágrafo, ele quase nos implora: “Por favor, voltem afazer bom zazen”.

    O ensinamento de Maezumi Roshi sempre meimpressionou por seu tom de int imidade. Ele abria ocoração das pessoas expondo o eu próprio. Espero queum pouco dessa qualidade transpareça nas páginasdest e l ivro e at inj a uma ampla audiência. Pa ra mim,colocar as palavras de Roshi no papel fez co que eume aproximasse dele mais do que nunca, e gostaria depoder agradecê-lo por isso. Mas, novamente, acho quesei o que ele me di ria. Os disc ípulos f reqüentemente

    expressavam abertamente sua gratidão após ouvirem umteisho.

    Em resposta, ele às vezes apenas dava umarisadinha e dizi a: “Mas sou eu quem aprovei ta mai sque todos!”. Dessa vez, no entanto, eu o desafiaria. Aopesquisar e me aprofundar nos seus ensinamentos, sintoque sou eu quem aprovei ta mais. Desejo o mesmo a

    todos os leitores.ANTON TENKEI COPPENSSalt Lake City, Utah

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    PRIMEIRA P ARTE

    O VALE SEM ECO

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    A ÁRVORE SEM RAIZ

    Tantas coisas a dizer sobre koan.Até a definição do que é koan varia.Facilmente você encontra meia dúzia

    de definições diferentes do que é koan.Além disso, há como cada um entende o koan.Assim, só por essas duas principais razões,

    veja como é complicado explicar o koan,como pode se tornar ambíguo.

    Mesmo se eu pergunto a vocês, talvez cada umresponda de um modo ligeiramente diferente.

    Então esse koan,ainda que soe paradoxal,

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    Sem a realizaçãoa pessoa não pode ser realmente compreendida.

    Então, como nós realmente estudamos o self?A fim de estudar o self

    nós usamos koans.

    Essa é uma maneira de olhar para a coisa, não é?Então, o estudo do koan não deveria ser a coisa mais

    importante.

    A coisa mais importante é sempre a própria pessoa,e quando a própria pessoa e o koan se tornam

    idênticos,esse é o momento da compreensão

    do koan, genjokoan .É sobre isso que Dogen Zenji falava ─

    buscar essa vida como a vida de todo dia.

    Em quatro palestras, eu tento falar não apenassobre o que é o koan e como apreciarmos o koan

    ou como Dogen Zenji fala sobre o koan,mas como o koan poderia ser apreciado

    de uma maneira diferente.Os koans que usamos, são os assim chamados

    Koans Kosoku , pois já foram originadospor outras pessoas e colocados em uma certa ordempara serem estudados. Dogen Zenji fala sobre koans

    de maneira um pouquinho diferente, não é?Na verdade, essa era sua objeção quando foi à China.A prática de koans, como estudados na China naquela

    época,

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    na Dinastia Sung, ele não achava que era a maneiracorreta,

    não achava a maneira adequada de praticar koans,com o que concordo plenamente.

    Ele próprio estudava koans.Então, depois que voltou da China, Dogen

    começou a apresentar sua própria maneira de apreciarum koan.

    O shobogenzo, na verdade, é isso.Seus escritos mais refinados,

    Conhecidos como Kaji Shobogenzo , distinguindo

    mais de um tipo de shobogenzo, são uma coleção dekoans.

    Mas o koan que estou pensando em dividir com vocêsneste sesshin não é da coleção de koans de Dogen

    Zenji,chamada de Shinji Shobogenzo, o Shobogenzo Chinês,mas de outro de seus escritos em chinês, o Eihei

    Koroku.No primeiro volume esse koan é encontrado.

    Na verdade ele compõe koans.

    É isso o que eu quero partilhar com vocês,

    dividindo esse único koan em três partes.

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    No Eihei Koroku, Dogen Zenji cita um trecho de umsutra

    e então faz um koan a partir dali.E faz comentários a respeito.

    E esses comentários devem ser compreendidos comokoans.

    Não compreendidos, mas apreciados como um koan.Ele fala sobre três koans, fazendo dois comentários para

    cada um.Então se tornam seis koans, nesse caso.

    Eu posso trazer mais alguns koans, de modo queapreciaremos juntos

    pelo menos doze koans neste sesshin.

    No sutra, o que é dito é mais ou menos isto.Aconteceu na Índia, supostamente na época de Buda.

    Quando você se torna muito específico,

    academicamente,com respeito a quando teria sido realmente escrito, aidéia

    fica ambígua.Nenhum sutra foi escrito na época de Buda.

    Mais tarde foi adicionado.Não sabemos quão verdadeiro isso é, mas de qualquer

    modoestá registrado como o Sutra das Sete Mulheres Sábias.

    Essas sete senhoras sábias da Índia eram de famílianobre,

    ar is tocratas, talvez da casta dos Bramas,r icas e bem-postas na vida.

    Elas não tinham muito o que fazer; tudo eraprovidenciado

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    por alguma outra pessoa, de uma forma ou de outra.Prat icamente tudo o que faziam era apenas se

    distrair.Era costume, como hoje em dia, a cada fim de

    semana,fazerem algum passeio ou real izarem algum tipo de

    festa.Divert iam-se, enfim.

    Num desses dias,uma das sete damas sábias disse às outras

    ─ que poderiam ser irmãs, mas não necessariamente irmãs desangue ─ :

    “Hoje, em vez de irmos a festas, vamos ao crematório.Estou com um pressentimento de que alguma coisa

    interessanteirá acontecer.”

    Algumas pessoas têm uma espécie de poder

    sobrenatural,uma consciência de certo modo extra-sensorial; euacreditonisso.

    O próprio Shakyamuni dizia que tinhacinco poderes que se costumam chamar de ocultos.

    Ele era até chamado de mago, além de grande doutor,rei dos médicos.

    Então é bem óbvioque pudesse praticar certos milagres.

    De qualquer modo, as sete foram para o crematórioe viram um cadáver

    e aquela dama perguntou as seis irmãs:

    “Aqui está um corpo morto.Para onde foi o homem?”.

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    Temos um koan muito semelhante sobre a morte emos Três Obstáculos do Mestre Tosotsu.

    Como se libertar de vida e morte,e se você sabe como se libertar,

    também deveria saber para onde ir.Para onde você vai?

    De qualquer modo,aqui está um corpo morto;

    para onde foi o homem?

    Ao ouvirem essas palavras, diz-se quetodas alcançaram a iluminação juntas.

    A história continua, mas quero que vocês pensem sobreque tipo de compreensão elas atingiram.

    A história continua, contando que Indraestava olhando do céue ficou muito satisfeito.

    Conta-se que ele fez uma chuva de pétalascom fragrância, em celebração.

    Ele desceu até elas e lhes disse:“Vocês são maravilhosas!

    Gostaria de lhes dar algo como prêmio.O que vocês desejam?”.

    Essas damas eram de famílias ricas,nascidas em uma classe muito alta.

    De modo que disseram a Indra:“Temos praticamente tudo.

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    Com relação à nossa vida, nada nos falta.Temos jóias suficientes.

    Não desejamos nada particularmente.Mas se você realmente quer nos dar algo,

    gostaríamos de ter três coisas,se puder nos dar.

    E Indra disse: “Claro, digam”.Então disseram: “Primeiro, por favor, nos dê

    a árvore sem raiz.Segundo, por favor, nos dê

    o pedaço de terra onde não há yin e yang.

    Nem dia, nem noite,nem mulher, nem homem,

    nenhum par de opostos.Essa é a terra que gostaríamos de ter.

    E terceiro, nós gostaríamos de ter.

    um vale sem eco.Essas três coisas gostaríamos de ter”.Então Indra diz: “Não posso fazer isso,

    e mesmo shravaka e pratyekabudas, os Iluminados,Arats,

    as figuras ideais da tradição Teravada,não podem fazer isso.

    Apenas grandes Bodisatvas sabem o que elas são,e apenas Buda sabe como consegui-las.

    Então por que não vamos a Buda pedir a ele?”

    Dogen Zenji interrompe a história nesse pontoe cria um koan.

    “Como Indra não respondeu, vou f alar

    tomando o lugar de Indra.O que é uma árvore sem raiz?”,

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    diz Dogen Zenji.“O cipreste no Jardim,

    Isso é que é”.Alguns de vocês, tenho certeza,

    já devem ter ouvido falar nesse koan,O Cipreste de Joshu.

    De qualquer forma, essa foi a primeira resposta deDogen.

    A Árvore sem Raiz é o Cipreste no Jardim.Ele então disse, “Se vocês não compreendem,

    eu aponho meu bastão e digo: “É isso,a Árvore sem Raiz viva”.

    O que essa Árvore sem Raiz significa?Podemos dizer todo tipo de coisas, comoliberdade, libertação,

    podemos até dizer que é nirvananão fincado em lugar nenhum.

    É fácil falar, mas quão difícil éo Cipestre no Jardim!

    Um monge perguntou a Joshu:“Qual é a coisa mais importante no ensinamento de

    Buda,qual o ensinamento fundamental do Desperto?”.

    Ele responde: “Isso é o que é, O Cipestre no Jardim”.O monge continua a perguntar:

    “Não, não me respondacom esse tipo de dicotomia

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    de relação sujeito-objeto.Não me mostre, tratando com o objeto”.

    O monge olha para árvores em jardins como objetos.É assim que fazemos.

    Então Joshu disse:“Não estou mostrando a você, tratando com o

    objeto”.Então o monge coloca a mesma questão:

    “Qual é o princípio fundamental dos Budas?”.E Joshu diz:

    “O Cipestre no Jardim”.E Dogen Zenji disse:

    “Essa é a Árvore sem Raiz”.

    Quando olhamos pra dentro de nós mesmos,

    quando do meu ego fica saliente?Pergunta difícil.É a mesma coisa quando nóspenetramos no que Buda dissequando alcançou a iluminação.

    Algumas pessoas dizem que esse é um texto Mahaiana,que sequer é um ensinamento de Buda.

    Claro que não se pensava assim naqueles dias,mas às vezes algumas pessoaspensavam aquele tipo de coisa,

    porque é tudo um pouco mais tarde,e anexavam àqueles escritos mais antigos.

    Então é difícil dizero quanto é realmente o ensinamento de Buda.Nós tomamos tudo como ensinamento de Buda.

    Essa é a nossa tradição.

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    No Denkoroku, Transmissão da Luz,está escrito que Shakyamuni Buda,

    olhando o planeta Vênus,atingiu o Caminho e disse:

    “Eu e todos os seres, a grande terra,Simultaneamente atingimos a iluminação”.

    Como você entende esse koan?É exatamente o mesmo

    o que Buda está falandoe o que Joshu está falando

    e o que Dogen Zenji está falando.Eles estão falando exatamente sobre a mesma coisa.

    Sobre o que eles estão falando?

    Claro que estão falando sobre a Árvore sem Raiz.O que é essa Árvore sem Raiz?O que é esse koan?

    O que é isso?Se vocês não sabem,

    eu ergo este bastão e digo,“É isso!”

    Aquele ali, este aqui,o que é tudo isso, afinal?

    Eu, você,meu , de outra pessoa.

    O que é isso?“É isso!”

    Sobre o que Dogen Zenji está falando ─ a mesma coisa ou uma coisa diferente?

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    Se você disser a mesma coisavocê erra.

    Se disser uma coisa diferentevocê também erra.Como você cuida

    dessas duas expressões diferentes,“Cipestres no Jardim”

    e“É isso!”?

    De qualquer modo que o diga,está errado.

    Então, o que é que você faria?Com suas próprias palavras,

    o que é que você diria?

    Se alguém me pergunta, eu digo:

    “Árvore sem Raiz tem raízes maravilhosas”,simplesmente assim.Não uma resposta tão boa,

    Com certeza.De qualquer modo, onde está aquela raiz?

    Quão profunda e firmemente ela está enraizada?Todos esses pontos de teste do koan

    são parte da prática do koan.É uma prática maravilhosa,

    o koan.

    O que é básico em relação a um koan?Não importa como o chamemos

    ─ koan, você, sua vida ─ ,

    de certo modo é a mesma coisa.Qual é a coisa mais importante na sua vida?

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    Óbvio,sua vida,

    não é?Então o que é?

    O que é?

    É isso que é o koan.É sobre isso que eles estão falando,

    e Dogen Zenji, ele se opõe à prática do koan,no entanto ele próprio

    sempre fala sobre koan.Seus escritos,

    são todos koans.

    Ele aprecia koans

    como genjokoan,isso quer dizer, como sua vida.É isso que o genjokoan é,

    e é isso que você está fazendo,pelos menos é o quer fazer.

    Na realidade você está fazendo.O que é esta vida?

    Quem sou eu?O que sou eu?

    É exatamente isso que o Sexto Patriarca pergunta aEjo.

    Ele tinha dois sucessores,e por causa desses dois maravilhosos sucessores

    nós ainda temos esse maravilhoso ensinamentohoje em dia,

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    milhares de anos mais tarde.Quem é você?

    Como é que você está aí?Essa é a pergunta.

    O que está aí?^De onde você veio

    você aí?Se eu apresentar como resposta qualquer coisa

    em particular,não está certo.

    O Sexto Patriarca continua a perguntar.Tem qualquer coisa a ver com prática-realização?

    Existe uma prática.

    Claro, existe uma realizaçãoiluminaçãoem todos os diferentes graus,mas de um modo ou de outro

    não pode ser conspurcada.

    De qualquer modo, esse é o koan.Sempre, esse é o koan.

    O que é isso?E Dogen Zenji responde:

    “É isso!”.Que tipo de isso é esse?

    Isso é o que a Árvore sem Raiz é.O Cipestre no Jardim.

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    Tradicionalmente, o ponto importante na nossa práticaé ver essa ausência de raiz,

    ver essa ausênciaessa existência da ausência. 8

    Isso é que chamamos de vazio,sunyata.

    Isso é o que Dogen Zenji dizno começo do Shobogenzo, Genjokoan,

    compreensão do koan.“Todos os darmas são sem self.”

    É desse modo que existem.Em outras palavras, todos os darmas nada são além de

    Sem Raiz.Todos os darmas não possuem self.

    A inexistência do self é a chave para se compreenderessa

    Árvore sem Raiz.

    Carregando um grande ego, o que você pode fazer?O Darma não pode ser conspurcado, isso é certo,

    ainda que façamos coisas estúpidas;isso é certo, fazemos coisas estúpidas.

    O Darma é indestrutível, antes de mais nada.Nós destruímos a nós mesmos.

    O koan do Sexto Patriarca é um koan maravilhoso;a maneira como Nangaku responde, um maravilhoso

    koan.É sobre a Árvore sem Raiz,

    a Vida Sem Raiz,a sua vida,

    que existe exatamente agora como existe.Como você a recebe?

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    Esse é o nosso primeiro koan.

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    Maezumi Roshi no trem para a Polônia, 1987.

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    A TERRA SEM YIN E YANG

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    O próximo koan éa terra onde não existe yin nem yang,

    a terra que não tem nenhum par de opostos,nenhum dualismo, nenhuma dicotomia.Que tipo de terra poderia ser essa?

    Dogen Zenji diz, tomando o lugar de Indra:“Eu respondo a isso:Vêem o crematório?

    é lá que ficaa terra sem yin e yang”.

    As sete damas sábias,guiadas por uma delas,

    “em vez de irmos a festasVamos ao crematório.

    Alguma coisa interessante pode acontecer lá”.

    Então, elas foram para o crematório.Essa foi a resposta de Dogen Zenji, não é?A terra onde não existe yin e yang

    É um crematório!Como vocês entendem isso?

    Não é um belo koan?

    O que o crematório representa?Se você não compreende,

    se não consegue entender, eu diria“O mundo nas dez direções,

    é isso que é”.Isso é o que Dogen disse.

    Qual é a relação entre

    o crematório, o lugar onde os cadáveres sãoqueimados,

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    e as dez direçõesem toda parte?

    Não é um koan maravilhoso?Não é algo que seja dito

    para que você fique confuso.Não acho isso.

    Ele é muito sério, não é?Esse par de opostos,

    geralmente, é o que nos causa problemas.Claro que estão falando sobre a morte, aqui, não é?

    Vida e morte,ir e vir, existir, não existir,realização, não realização,

    iluminação, ilusão,seja o que for.

    Bom ruim, certo errado, isto ou aquilo,

    Tudo, de algum modo, anda aos pares.

    Este homem está morto,para onde ele foi?

    A mesma coisa pode ser ditasobre nós, que estamos vivos.

    Onde estamos?E o que estamos fazendo?

    O que é a vida?Essa é a questão;

    e a resposta também.Crematório, é isso que é.

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    O crematório, em si, é o lugar mais indesejávelpara vivermos ou para irmos,

    para visitarmos ou para estarmos.Talvez um dos lugares mais sombrios,

    vocês não acham?Isso é que é.

    Isso é o seu koan!

    Dogen Zenji disse: “Esclarecer vida e morteé a questão mais importante da vida.

    Uma vez que existe Buda e todos os Budasestão em meio à vida, não existe vida, não existe

    morte.Então o que existe?

    Se não há vida, nem há morte,o que há?”

    o que há, é a vida de Buda.

    Ele continua: “Considerem que vida e mortenada mais são que nirvana.Não há nada a evitar, nada a não gostar, nada a

    temer;devemos nos conectar somente à iluminação, ao próprio

    nirvana.Considere que vida e morte em si são apenas nirvana

    e fazendo isso, existe uma maneira de transcender vidae morte”.

    Essa não é uma afirmação bem clara?Vida e morte como nirvana,

    não seja seletivo,

    não escolha isto ou aquilo.Por mais confortável que seja sua vida

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    agora, neste momento,eu sei que alguns de vocês têm dor.

    Seja qual for a situação penosa em que se encontrem,Considerem-na como a própria vida do Buda,

    o próprio estado do nirvanae viva-o.

    Apenas viva essa vida.Não importa se é vida ou inferno,

    vida de espírito faminto,vida de animal,

    tudo bem.Apenas viva essa vida, não é?

    Na verdade,não há nenhum outro jeito.

    Onde você se encontra, onde você está,é exatamente aí que está sua vida,não importa o quão penosa esteja sendo

    ou quão prazerosa.Isso é o que é.

    Essa condição nunca dura para sempre.Você pode até dizer que ela muda completamente

    Em menos de um segundo.

    Esta vida, morte.Eu de fato acredito que

    quando você vê, realmente, o que é a vida,

    você compreende o que é a morte.Na realidade, esse é o ensinamento de Buda.

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    Ele disse: ”Como existe Buda em meio à vida e morte,não existe vida e morte”.

    Dogen Zenji cita o mestre chinês Josan ─ Kassan ou Josan, um ou outro.

    “Se não existe Buda na vida e morte,não sejam iludidos por vida e morte”.

    Como você vê isso?Um diz: “Se existe Buda na vida e morte,

    não existe vida e morte”.E o outro diz: “Se não há Buda na vida e morte,

    não seja iludido por vida e morte”.Como vocês compreendem isso?

    É um belo koan, não é?Quando existe Buda na vida e morte,

    não existe vida e morte,mas apenas a vida do Buda.Quando não existe Buda na vida e morte,

    você não é iludido por vida e morte.Mas é certo que você vive sua vida,

    como a vida dos Budas,a vida do Buda como a sua vida.

    Existe, aí, liberdade,

    nossa vida como vida do Buda,assim como a vida dos Budas,

    como nossas vidas.

    Qual a diferença?Claro, se dizemos que há uma diferença,

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    sim, existe uma diferença.Se dizemos que é a mesma coisa,

    claro, é a mesma coisa.Tenho essa liberdade ─

    não se apegue a nenhum lado.

    É sobre isso que Dogen Zenji está falando.Onde quer que esteja,

    seja o que for sua vida,ela é o que é.

    Como você pode comparar?Seja boa ou ruim, certa ou errada,

    ela apenas é isso, não é?Comparar é a pior coisa que você pode fazer.

    Com o quê você compara sua vida?Melhor ou pior,

    qual é o padrão?

    Qual é o padrão para melhor ou pior?

    Crematório, isso é que é.A vida que você tem,

    é isso que ela é,não é óbvio?

    Então Dogen Zenji diz:“Se você consegue entender isso,

    você não pode realmente compreender a vida.Vou dizê-lo mais uma vez ─

    o mundo todo nas dez direções,

    isso é que ela é”.

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    Se você realmente compreende a si mesmo,todo o resto

    é nada mais que a sua própria vida.Aí é que está o lugar sem yin e yang.Quando leio a tradução do Genjokoan ,

    Não creio que seja suficiente.Veja, Dogen Zenji diz aqui:

    “Se você examina os dez mil darmascom corpo e mente iludidos,

    você vai supor que a sua mente e a sua natureza sãopermanentes.

    Mas, se você pratica intimamente e retorna ao selfverdadeiro”.

    Essa é a chave.Somos sempre apanhados pelo self, não é?

    Sempre eu, eu, meu.Eu tenho um problema.

    Eu tenho dor.Eu tenho um atrito.Eu estou infeliz.

    Retorne para seu verdadeiro eu e vejaque dez mil darmas não têm self.

    Então o que acontece?Dez mil darmas se tornam a sua vida,

    e esse é o seu verdadeiro.Gensha diz:

    “O mundo nas dez direções ─

    não é nada além de uma jóia brilhante”.

    Chosa diz: “Dez mil darmas ─ o mundo nas dez direções

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    nada mais é que o verdadeiro corpo,isso é o que as dez direções são”.

    Que tipo de percepção é essa?

    As dez direções de Gensha nada mais sãoque uma jóia brilhante.

    Quando você realmente vê a sai vidacom essa sabedoria,

    tudo é vida.

    No jukai a pessoa recebe o ketchmyaku,que representa a linhagem de sangue.

    Na parte superior, há um círculo.O círculo representa a Vida verdadeira

    e a partir desse circulo surge Shakyamuni Buda.E depois dele seguem todos os patriarcas,Até chegar em mim, ao sensei, e do sensei até você.

    Depois de você, alinha sobe novamente e entra naquelecírculo.

    Então, a partir de sua vida verdadeira,surge Shakyamuni Buda.

    Isso é o que significa a linhagem de sangue.Você compreende que os dez mil darmas não têm self,

    Em outras palavras, sua vida se transforma em tudo.

    Gensha diz:

    “O mundo todo em dez direções ─ apenas uma jóia brilhante”.

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    Esse brilhante não significa necessariamentealgo reluzente, resplandecente.Aquele crematório é o que é;

    sua vida como você é, é o que é.

    Gensha, eu gosto de Gensha.Dogen Zenji gostava muito dele, também;

    ele foi para o monastério de Seppoe estudou apenas dois anos.

    Gostava que alguns de vocês tivessem uma iluminadamudança

    como a dele.O Sensei é bom,

    ele está tão ansioso para realmente cuidar de vocês.Façam bastante esforço!

    Até os trinta anos Gensha era um pescador,ele pescava com o pai para se sustentar.

    Certo dia, ele se questionou.O que estou fazendo aquipescando?

    Não sei se ele estava muito conscientesobre matar o peixe em si,

    talvez não,mas talvez ele apenas tenha se

    questionado:o que estou fazendo aqui?

    Tenho certeza que muitos de vocês também podem terse sentido do mesmo modo.

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    Tenho sua carreira,fazendo alguma outra coisa ─ você está realmente satisfeito?

    De tempos em tempos você pode se indagar:“O que eu estou fazendo”?

    Estou realmente fazendo isso direito,algo que vale a pena fazer?

    Na realidade, isso é o que Gensha talvez tenhasentido.

    Existe uma história interessante envolvida nisso,Mas eu pulo essa parte.

    De repente, ele decidiu ir para o monastério.Por sorte ele teve um mestre maravilhoso

    No monastério ali perto; era o monastério de Seppo.Lá, ele estudou por dois anos.

    Eu não sei o que ele fez.

    Não muito.O que poderia fazer?O monastério de Seppo era muito popular,

    de acordo com outro koan no Registro do PenhascoAzul.

    Mais tarde, quando Seppo esta ficando velho,Havia 1.500 monges.

    Sendo apenas um entre milhares de monges,o que ele poderia fazer?

    Então, depois de dois anos,ele decidiu ir para outro lugar.Talvez ele estivesse pensando“existem muitos monges aqui,

    talvez isso não seja tão bom.Melhor partir e estudar em algum outro lugar”.

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    Ele parte e, no caminho,tropeça numa pedra afiada e machuca o dedão.

    O que acontece?Esse corpo e mente

    corpo, feito de quatro elementosque são vazios,

    e se ele é vazio,de onde vem essa dor?

    Aqueles eu pensam dessa maneira tão clarasão um pouco diferentes.

    Se nós topamos em alguma coisa,“ui!”, isso é tudo,

    ou talvez a gente apenas reclame:“Quem pôs isso aí?”.

    “Maldita pedra idiota!!!”Não é assim?

    Sua reflexão foi um tanto diferente, não é?

    De onde vem a dor?Tendo corpovazio,

    não tendo nada,de onde vem a dor?

    Sendo nada,como pode ser tão dolorida?

    Então ele alcançou a iluminação.Não é maravilhoso?

    Explicar é fácil.Você compreende, não é?

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    É a mesma coisa que Dogen Zenji fala sobre“crematório, aquilo é que é”.

    Exatamente o mesmo princípio.“De onde vem a dor?”

    Ele compreendeu.Ele volta ao santuárioe Seppo o recebe ─

    talvez Gesha estivesse diferenteda maioria dos monges.

    Seppo nota imediatamentesua mudança e lhe pergunta:

    O que aconteceu?Você acabou de partir.

    Por que não vai à perigrinação”.Gesha responde à pergunta ─ e isso é o que amo ─

    “Bodidarma nunca veio do Oriente.O Segundo Patriarca nunca foi para o Ocidente”.

    Ontem eu falei sobre o koanO Cipestre no Jardim.Um monge pergunta:

    “Por que Bodidarma veio do Oriente?”.Por que ele veio?

    Por que Bodidarma é tão significativo?Então Gensha disse:

    “Ele nunca veio”.O que é isso, o que ele está dizendo?

    É claro, o Segundo Patriarca não foi para a Índia,

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    bom ruim, certo errado,feliz infeliz, iluminado iludido,

    Budas, criaturas,vida e morte.

    Como eu mencionei o jukai e o ketchimyaku,deixe-me falar um pouco mais sobre isso.

    Eu gosto dessa passagem também,quando Dogen Zenji diz:

    “Todos os Budas no passado, presente e futuroirão se tornar Shakyamuni Buda

    ao alcançarem o estado de Buda”.Em outras palavras, quando você realmente

    realizar seu eu verdadeirovocê irá compreender quem é Shakyamuni Buda.

    Então ele diz:“Shakyamuni Buda é ─

    esta própria mente é o Buda”.

    Um de vocês veio para o dokusan e citou esse koan.Esse é o famoso koan de Baso, não é?Esta própria mente é o Buda ─

    e Dogen Zenji continua:“O que significa

    ‘esta própria mente é o Buda’? Quem é Buda?”, diz ele.

    “Penetre completamente com grande cuidado.” Essas são suas palavras.

    Ele diz que você deve estudar cuidadosamente este koane descobrir quem você é,

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    compreender sua vida comoa própria Mente é o Buda.

    E receber realmente

    aquela vida de Shakyamuni Buda,isso é o que significa receber o jukai.

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    E Dogen Zenji diz:“Isso é o que eu vou fazer:

    sendo essas sete damas sábias,eu vou chamá-las:

    ‘Irmãs!’,E se elas responderem

    eu vou dizer:‘Eu acabei de dar a vocês um vale sem eco’”.

    Não é maravilhoso?E ele continua:

    “Se elas não responderem,eu vou dizer:

    De fato,é um vale que não ecoa’”.

    Não é maravilhoso?

    Existe uma grande realidade aqui:

    entre os três, definitivamente,esse koan é o melhor.Que-não-ecoa ou

    Sem eco ouNão ecoando,Não importa.

    Sem eco.

    O que importa é que você perceba o espíritoseja como for descrito

    seja como for explicadoseja como for expresso.

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    Se você não perceber,de nada serve, não é?

    Eu estive com Sensei nestas últimas três semanasmencionando muitas vezes

    estado de ser Soto ─ incognoscível inapreensível.Na verdade, é isso que é.

    Isso é muito simbólico, não é?Eu falando em Dogen Zenji,

    definitivamente Dogen Zenji, e também aquele sutraque descreve o que na verdade nossa vida é

    e qual a coisa mias importante na vida.

    Os tesouros não são jóias caras.O que vem a ser o verdadeiro tesouro?

    Não outra coisa senão sua vida,não só sua vida,toda e qualquer vida

    como existe realmente.De certo modo esse é o nosso problema,

    talvez nós saibamos muitoe saibamos muito pouco.

    Na verdade, não sabemos nada,e no entanto não admitimos esse fato.Nós supervalorizamos nossa capacidade,nossa inteligência, nosso conhecimento,

    tão destinados que somos a ser infelizes.

    É mesmo uma coisa incrível, não é?

    Está determinado,

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    quase como profecia,que nós todos vamos nos tornar budas.

    Foi isso que Buda disse;é isso que está dito no Sutra do Lótus,

    que está determinado.Não apenas Buda, isso é o que todos os patriarcas

    dizem ─ todos os seres dotados de sentidos são o Buda.

    O que isso significa?

    É interessante, não é? Eu não estou apenas jogandocom as palavras.

    Buda é aquele que não sabe nada,e nós somos aqueles que sabem alguma coisa,

    e por causa disso temos problemas.Certo, é verdade.

    Outra coisa que o Sensei falava

    sobre alguns de vocês viajando juntosem intimidade.Íntimo, eu realmente gosto dessa palavra.

    Ontem mesmo Sensei comentou:“Roshi, o que você pensa de Kodo Sawaki Roshi?”

    Kodo Sawaki é o professor de Deshimaru Roshi.Ele é um grande professor,e uma de suas expressões,

    a qual ele não deu necessariamente origem, é“Zazen é se tornar realmente íntimo consigo mesmo”.

    Essa é uma maneira de dizê-lo ─ se tornar realmente íntimo.

    Eu não sei que tipo de conotação

    você dá para uma palavra como íntimo,talvez duas pessoas estando juntas, próximas;

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    duas pessoas, é isso que somos, praticamente,outra pessoa vivendo dentro de mim.

    Eu verdadeiro, o que é isso?Não é isso que você acredita?

    Face original ─ o que é oposto à face original,

    face artificial?Eu realmente pergunto a vocês seriamente:

    eu verdadeiro, o que é oposto ao eu verdadeiro?

    Novamente, isso se relaciona com as coisas sobre asquais falamos.

    Onde não existe yin e yang,nenhuma divisão, nenhum verdadeiro e falso.

    Se é eu verdadeiro,qual é o outro eu?

    É um falso eu?Você vê como é não apenas enganoso,quão errado é dizer que existe um eu verdadeiro, como

    tal,como você dentro de sua vida.

    Como você pode dizer esse tipo de coisa?É claro que não é isso que você diz.

    Alguém disse isso. Quem disse isso, você sabe?Eu verdadeiro, de fato nós dizemos isso.

    O que é isso, não é horrível?Eu verdadeiro, então eu falso.O que, então, é o falso eu?

    Quem é você?Como você responde?

    Existe alguma diferença entre você

    respondendo ou não respondendo?Existe alguma diferença?

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    Não é maravilhoso?

    É sobre isso que Dogen Zenji está falando.Se você responde,

    eu acabo de lhe dar aquele vale sem eco.Se você não responde,de fato, é isso que é.

    É isso que ele está dizendo ─ sabendo sem saber.

    Isso me lembra aquele famoso koansobre o Mestre Hogen,

    que mais tarde se tornou fundador da escola Hogen.Ele ainda não tinha muita certeza, e fazendo

    peregrinação,

    acabou no templo do Mestre Jizo Keinin.Não era exatamente um monastério,apenas algumas pessoas vivendo lá.talvez nenhum outro monge fora dele.

    Ele ficou alguns dias,mas estava quase pronto para partir,quando o Mestre Jizo lhe perguntou:

    “Qual o sentido de fazer peregrinação?”.E vocês,

    vindo aqui para participar de um sesshin?Alguns de vocês praticamente seguindo o Senseipara quase para todos os lugares onde ele faz

    sesshin,Amsterdã, Polônia, Inglaterra, Estados Unidos.

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    O que é isso?Viajando assim, o que estão fazendo?

    E Hogen disse:

    “Eu apenas peregrino, sem objetivo”.Como você pode dizer isso?

    Com você pode dizerestou fazendo algo

    sem objetivo? Isso é bom, não é?Quando pensamos em nós mesmos,

    o que fazemos?Somos quase piores que mendigos,

    sem nenhuma direção.Tantos objetivos,

    tantos alvos,tantos desejos.

    Se você não sabe qual escolher,

    você sabe realmente o que você quer?

    Dogen Zenji disse a mesma coisa:“Esqueça-se de si.

    Quando se sentar, apenas sente.Não deixe a cabeça ficar ocupada,

    pense não pensando.Nem mesmo tenha expectativas de alcançar a iluminação

    ou de se tornar Buda, de ser Buda”,ele disse claramente na instrução para o zazen.

    Hogen disse: “Eu apenas peregrino, sem objetivo”.Quando você realmente faz isso, existe a liberdade, a

    liberação,e respondendo a isso, Jizo disse:

    “O não-saber é o mais ín timo”.Com essa palavra Hogen atinge a realização.

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    Ele fica com Jizoe sucede o Darma de Jizo.

    Jizo é um dos sucessores de Gensha,sobre quem eu falei ontem.

    Gensha é um dos sucessores de Seppo.Seppo é o sucessor de Tokusan.

    Tokusan é o sucessor de Tenno Dogo.Tenno Dogo é o sucessor de Sekito Kisen,

    depois Segen Gyoshin, depois Sexto Patriarca.Isto linhagem completa.

    De qualquer modo, é não saber,não saber é o mais íntimo.

    “Se as irmãs não respondemeu diria ─ de fatoesse é o vale sem eco.”

    Tudo está aí.Isso é este koan, não é?

    Como eu diziasobre esses koans de casos, Dogen Zenjipraticamente inventava todos esses koans

    a partir da história do sutra.

    Na verdade, era sobre isso que eu falava com oSensei.

    Neste país, na Europa, nos Estados Unidos

    os mesmo koans precisam ser bem utilizados ─ nem mesmo dizer utilizados,

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    essa é a palavra errada pra se dizer.A vida nada mais é que koan.

    É sobre isso que Dogen Zenji falaComo genjokan.

    Toda vida, tudo junto,nada mais é que koan.

    Como apreciar isso realmente?

    Leia a Bíblia.Não importa Novo Testamento, Velho Testamento,

    ou mesmo o Torah.Talvez a sabedoria sem limites

    mais fascinante esteja lá.

    Você, sendo de origem judaica,quanto você sabe sobre sua própria tradição?Ou seno cristão, o mesmo.

    Existe aí sabedoria abundante!Como tomá-la como sua vida,

    como seu genjokoan?Existem todos os tipos de maravilhosa

    poesia, drama, literatura,que são sabedoria.Veja Shakespeare.Não vejo ninguém

    que seja mais iluminado do que ele.Claro! Vocês não concordam comigo?

    Olhem como ele escreve!Ele pode descrever qualquer

    tipo de pessoa: do reiao camponês ou servo.

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    ─ não vou aqui fazer discriminação.Ele escreve praticamente sobre qualquer personagem!

    Mais que gênio, talvez ele seja um deus.Até mesmo Deus ele cria e talvez O descreva melhor

    do que está na Bíblia.Eu não deveria dizer isso, não deveria ir tão longe.De qualquer modo, vocês sabem o que quero dizer.

    Talvez não!Nem eu!!!

    É maravilhosa a maneira com queele se esquece de si mesmo.

    E, esquecendo-se de si, ele pode ser qualquerpersonagem,

    em qualquer drama.É assim que entendo seu modo de escrever.Alguém que escreve como ele, é maravilhoso!

    O gênio dos gênios.Livre de si, não saber,

    assim ele funciona da melhor forma como escritor.E até com ser humano.

    Não sei se como ser humano, mas, com certeza, comoescritor.

    Isso dá uma idéia do que Dogen Zenjiestá realmente falando.

    Podemos dizer todo tipo de coisas,mas quando realmente penetramos em algo,

    definitivamente, esquecemos de tudoe nos concentramos somente no que estamos fazendo.

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    E essa é a maneira de fazer o melhor.

    Deixem-me ler algoque Dogen Zenji disse.

    Acho bem adequadopara o que estamos falando neste momento.

    “Assim, se alguém pratica e realiza o Caminho deBuda,

    quando alguém obtém um darma,alguém completa um darma.

    Quando alguém encontra uma ação,alguém pratica uma ação.

    Como o lugar é aquie o caminho está em toda parte,

    não existe um limite para a cognição.

    Incognoscível é simplesmente que nosso conhecimentosurge com e pratica coma perfeição absoluta do Darma de Buda.Não pratique pensando que a realização

    precisa se tornar seu objeto de conhecimento e visãoe ser apreendido conceitualmente.

    Ainda que a realização seja simultaneamente manifesta,sua natureza íntima não é necessariamente realizada.

    Alguns podem realizá-lae outros não.”

    Além de bela e interessante,essa primeira parte é também muito importante.

    Quando você encontra um darma, você pratica um

    darma.Quando você pratica um darma, você ganha um darma.

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    Quando você realmente faz o que deve fazer, sua vidase

    manifesta com uma vida completa;às vezes, nós falamos sobre morte, morrer,

    e morremos.

    Lembro que Sensei falou sobre a grande morte.Claro, quando você realmente se esquece do self,

    funciona como morte.É na verdade o que Dogen Zenji disse:

    “Esqueça o self.Abandone corpo e mente”;

    outra maneira de dizer:morra, mate a si mesmo,

    esqueça de si mesmo.Para quê?

    Experimentar o estado de não-self ─ quando você realmente faz isso, então o que acontece?

    Todas as dez direções se tornam uma.Desnecessário dizer, essa é a fórmula.

    Não funciona como a fórmula dizsimplesmente porque você não está realmente

    obedecendo a fórmula.Se você realmente fizer,

    claro que funciona!E existem diferentes tipos de fórmulas, não é?

    Você não pode misturar tudo.Por isso é melhor ter bom professor.

    Realmente funciona.É tão importante, não é? Quando você o faz,

    apenas o az, sem expectativas.Você não precisa ter expectativas ─

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    quando você o faz, simplesmente acontece.Mas quando você espera algo, quando você tem algum

    objetivo,ali mesmo você dilui sua energia;

    você interrompe sua energia, sua atençãoe ele se torna mais que o lugar de yin e yang.

    Você não apenas divide,mas também cria o problema.

    Então, como podemos fazer isso?É tudo um mesmo koan, não é?

    E quando você realmente apreende o espírito do koan,você pode apreciar sua vida,

    tudo junto, nada mais que o koan.E quando você realmente o compreende,

    sua vida se torna o próprio genjokoan, não é?ele se manifesta por si mesmo, como ele mesmo,como sua vida.

    É sobre isso que Dogen Zenji falano início do Genjokoan.

    “Quando todos os Darmas são Darmas de Buda,existem Budas, seres sensíveis,

    ilusão, iluminação,vida e morte, prática.

    Quando dez mil darmas são sem self,não vida, não morte,não Buda, não seres,

    não ilusão, não iluminação.”O que ele quer dizer?

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    “O Darma de Buda transcende intrinsecamenteesses dois aspectos.

    Existem Budas, criaturas,vida, morte,

    iluminação, ilusão.”Sobre o que ele está realmente falando?

    Ele diz: “Mais ainda,ainda que seja assim, flores caem com nosso apego;

    ervas daninhas crescem com nossa aversão”.O que fazer?

    É isso que é o genjokoan.

    E quando à sua vida ─ todos os tipos de dor,

    todos os tipos de alegria, felicidade,

    e daí?

    De fato, é um vale sem eco.Como você vê esse koan?

    Não é um belo koan?É algo interessante.

    Eu falei sobre esse koan antes, não é?E duas pessoas me disseram: “Roshi, eu não entendi

    a última parte”.De fato, vale sem eco

    parece ser muito simbólico.É a parte mais importante, de certo modo,

    a melhor parte desse koan sobre o qual estou falando.Eu falei sobre muitos deles,

    agora essa é a melhor parte ─ vale não-ecoante, você mesmo, sua vida.

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    Por que ela é sem eco?

    Dogen Zenji disse, acabei de ler ─ porque tudo é auto-suficiente,

    não precisa de nada.É exatamente como diz no Hannya Shingyo :

    Não aumento, não diminuição,nada está faltando, nada está sobrando.

    Eu entendo o que Sensei falava sobre Bendowa ,como realmente praticar,

    como seguir no caminho certo.Sensei disse, no primeiro parágrafo.

    qual era a chave ali.Aquele também é um escrito maravilhoso.

    Eu posso fazer uma dúzia de koansimediatamente a partir daquele primeiro parágrafo.

    Sensei disse j i juyu-zanmai ,é isso que é, não é?Esse samadi auto-realizado,

    é sobre disso que Dogen Zeniji está falando.É isso o vale sem eco.

    O que responder?O que é perguntando?Se você for chamado,claro, você responde

    automaticamente.Não responder

    ainda é uma resposta.Responder de uma maneira sem eco!

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    Maezumi Roshi em Salt Lake City, 1994

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    SEGUNDA PARTE

    OUTRAS PALESTRAS

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    MU

    O que é darma?Incomparavelmente profundo

    e infinitamente sutil,é raramente encontrado.

    Em milhões e milhões de anos, não é?É difícil de encontrar,difícil de achar.

    Como pode?Você o vê, escuta,recebe e mantém.

    O que isso significa?

    O que acabamos de cantaré o Gata da Abertura do Sutra.

    O que é o sutra?Sutra é o equivalente a darma.

    Vocês me pediram para falar sobre koans.

    É isso o que tenho feito.Ainda tenho mais um dia para resumiro que é koan

    e como praticá-lo.

    Na realidade,alguns de vocês estão trabalhando com koans de casos,

    alguns de vocês, com Mu-ji.Mas todos nós, de uma maneira ou de outra,

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    Estamos trabalhando com Mu-ji, não é?

    De certo modo vocês sabem a resposta,e esse é o problema.

    Um de vocês veio para o dokusan reclamando: “Roshi, você está nos enganando.

    Mu-ji, o que é Mu-ji?Tal coisa não existe!”.

    Se tal coisa não existisse,nós não poderíamos para você trabalhar com ela.

    O que é Mu?É alguma coisa louca com a qual lidamos?

    Não pode ser, é?

    Um monge pergunta a Joshu

    se um cachorro tem a natureza-buda ou não.Joshu disse que não.Vocês não devem ficar tão envolvidos consigo mesmos,

    mas vocês devem ficar mais envolvidos com o cachorro!Não? Por que não?

    Um cachorro tem ou não tem natureza-buda?O que você responderia?

    Peçam a Sensei para falar sobre isso na próxima vez.Mumonkan, o primeiro caso,

    Esse é o cachorro de Joshu, não é?E também está no Shoyoroku ,

    o Livro da Equanimidade .O mesmo koan, não é?

    Mas ligeiramente diferente.

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    Uma vez Joshu disse “Não”.Outra vez Joshy “Sim”.

    Ele não diz sempre Mu mu mu!Nós não estamos causando problema para você;

    você está causando problema para si mesmo.Mu-ji, o que é isso?

    E se você diz, eu sou Mu. Não!Você não é Mu.

    Você é?Responde-me!

    Veja como você é ruim.

    Isso de que estou falandoé a parte mais substanciosa da prática do koan.

    Estou certo?

    Dogen Zenji disse todo tipo de coisas, não é?Não é mesmo?, eu tenho que rir.

    Como isso: peixe e águae pássaro e ar.

    “O pássaro é vida e o peixe é vida.Vida é o pássaro e vida é o peixe.

    Além dessas, existem ainda mais implicações eramificações.

    Agora, se um pássaro ou um peixe tenta atingiro limite do seu elemento antes de se mover dentro dele,

    esse pássaro ou esse peixe não vai encontrar seucaminho ou seu lugar.

    Compreender esse lugar, sua vida diária, é

    a compreensão da realidade última, genjokoan.Realizar esse caminho, nossa vida diária, é

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    a realização da realidade última,a realização do koan.”

    O que são esse lugar e esse caminho?É sobre isso que Joshu está falando, não é?

    Esse lugar e esse caminho.E quando você compreende isso,

    a realização do koan,o koan se manifesta por si mesmo.

    Uma bela passagem.

    “Como o lugar e o caminhonão são grandes nem pequenos,

    nem sujeito nem objeto,nem existindo previamente, nem acabados de surgir

    agora,

    eles portanto existem assim.”Isso é sem eco, não é?É sobre isso que Nangaku e o Sexto Patriarca falavam.

    O que é você?Quem é esse em frente a mim?

    De onde você veio?O que é sua vida?

    Você não pode dizerque é grande ou pequena, isto ou aquilo,

    passado, futuroou mesmo o presente.

    É um famoso koan, não é?Os três tempos, passado, presente, futuro.

    Tudo é inapreensível.

    Se é inapreensível,

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    Como você pode ver que isto é isto?Estou perguntando a você?

    O que é Mu?E, definitivamente, Dogen Zenji não diz

    que ele não existe.Veja, ele simplesmente existe.

    O que é isso?Você não pode nem sequer perguntar, não é?

    Que mais pode fazer?Que mais devemos fazer?

    Melhor resposta?Shikantaza.

    Vocês fazem tipo de negócio paralelo;isso é que os torna confusos.

    Vocês deveriam fazer shikantazae vocês não estão absolutamente fazendo shikantaza,

    mas fazendo uma outra coisa.Vocês vêm me dizer:“Eu estou fazendo shikantaza,

    estou contanto até dez e trabalhando com os k oans”.De certo modo faz sentido,

    e de certo modo, é estarrecedor!De fato, vocês mesmos estão convidando o problema.

    Ontem Sensei me disse:“Eu dei uma palestra aqui sobre Mu-ji,

    E foi totalmente sem eco!Eles não entenderam o que eu disse”.

    Sim, de certo modo é um tipo de compreensão.

    Mu-ji.

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    O que é, não é?Existem tantas instruções

    sobre como trabalhar com esse koan...Tudo o que você precisa fazer é

    apenas fazer!É isso que dizem para você fazer.

    Essa é a maneira mais fácil e segura.Mas você reclama sem fazer.

    Você apenas reclama.Não funciona assim.

    Mas se você apenas fizer, funciona.Assim é que tem sido praticado.

    Agora, é claro, tudo tem prós e contras.Por isso é que temos maneiras diferentes de praticar.

    De modo que eu acho que o Sensei está fazendomuito bem,

    às vezes enfatizando os koans de casos;às vezes apenas deixando vocês se sentarem.

    E de uma maneira ou de outra,sua vida é o vale sem eco.

    Não importa como você a receba,ela é completa.

    Agir, reagir, responder, não responder.Erguendo-se e caindo.

    Tudo em si mesmo acontecede uma maneira sem eco.

    Talvez uma coisa importante a mencionar aqui é queBuda nos garante,

    nossa vida não é exceção,a vida de cada um de nós é nada além

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    da sabedoria a compaixãodo Buda Tatagata.

    Não importa se você o nega ou não.Se você o aceita ou não,

    isso é o que é, certo?

    Hakuin Zenji diz, em seu famoso Música do Zazen :“Todos os seres são intrinsecamente budas”.

    Ele tem uma analogia interessante ─ é como água e gelo.

    Sem água não existe gelo,e sem seres sensíveis não existem budas.

    Qual a diferença, aí?Gelo e água.

    O gelo bate nas coisas, é duro.De modo que devemos derretê-lo,

    se quisermos ser flexíveis.Então, como fazer para derreter?

    Essa é para ser nossa prática,experimentar realmente esse estado de liquidez.Não solidez.

    Claro que solidez existe,mas é melhor ser flexível.

    Então, como fazer-se líquido?Dogen Zenji diz, “Esqueça o self”.

    Mu-ji dizo mesmo, não é?

    Dissolva a si mesmo em Mu-ji!Não se agarre a si mesmo

    quando estiver lidando com Mu.Alguém me disse:

    “Eu ponho Mu no estômago!”.

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    Não funciona desse jeito.Você fica com dor de estômago.

    E se pensar,você fica louco!

    Então, de qualquer um dos modos está certo ─ deixe Mu ocupar você completamente,

    ou se entreguetotalmente a Mu-ji.

    De qualquer um dos modos funciona.Mas não pela metade.

    É a mesma coisa com shikantaza.Se você realmente fizer shikantaza,

    você compreende o que Dogen Zenji está falando.Mas se existe uma divisão.

    você não compreende a absolutacompletude da sua vida, do seu zazen,

    da sua respiração, da sua prática.Mas quando você realmente compreende,você aprecia.

    Então o koan se manifesta como sua vida.

    É isso o que Dogen Zenji diz no Bendowa . Bendowa é um belo fascículo.

    Quero que vocês o memorizem por completoe tomem qualquer passagem como um koan.

    Qualquer passagem é um belo koan.Mesmo apenas na primeira sentença

    eu vejo dúzias de koans.Mesmo em cada palavra.

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    “Todos os budas e tatagatas juntos transmitindo myoho , darma sutil.”

    Para quê?

    A fim de verif icar, confirmaranuttara-sayaksambodhi. Para confirmar que

    é o melhor caminho, insuperável caminho.Isso é que shikantaza é.

    Mas como pode ser que shikantaza seja tão bom?É jijuyu-samadhi,

    auto-sustentado, autocontidoauto-realizado, realizável!

    É autônomo.Tudo funciona por si mesmo, não é?

    Jijuyu-zanmai, essa é a chave!Então, trabalhando com Mu-ji,

    você não pode ficar atrapalhado.

    Você precisa cuidar dele,quer seja Muou sim ou não, yin e yang.

    Não importa, você é que precisa cuidar dele.

    É uma coisa interessante, não é?Dogen Zenji diz que o portão principal para chegar

    naquele jijuyu-zanmai

    “e tanza, sentar reto,E sanzen, o Zen penetrante”.

    Essas são as chavespara entrar naquele portão principal.De certo modo ele fala sobre zazen

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    como um meio de entrar naquela casa− seja o que for que esteja dentro, seja quem for que

    esteja dentro −através do portão da frente.

    Não devemos nos prender demais a nenhuma idéia emparticular,

    e assim ficamos livres.De modo que nos tornamos bastante flexíveis.O que realmente importa é confirmar sua vida,

    conforme diz o Hannya Shingyoe Dogen Zenji −

    sem objeto, sem sujeito,sem isso ou aquilo, sem yin e yang.

    E sem raiz!Não se fixe em lugar nenhum!

    De uma maneira ou de outra é isso o que nósfazemos.Nenhum lugar onde nos fixarmos,

    então qual é o problema?Isso de certo modo é o que Mu-ji é.

    Se você diz “É isso”, você ficou preso a isso, não é?E isso não é isso.

    Então o que você diria?Nada? Tudo?

    Aí mesmo você ficou enrascado.Sua própria vida ela mesma,

    nada a ver com isso!Não é?

    O que é que sua vida tem a ver com tudo isso,com nada, com tudo?

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    como nós mesmos.E o bodisatva avalokiteshvara é aquele

    que vê a si mesmo,que existe como ele mesmo,

    por si mesmo, de si mesmo, para si mesmo.É muito democrático!

    Eu menciono isso porque, sendo assim,você pode ser Kanzeon Bosatsu!

    Sendo assim, você realmente ver o que estáacontecendo

    e o que você pode fazer.Eu gosto dessa passagem no Sutra do Lótus,

    quando Kanzeon expõe o darma para os budas.Ele aparece para os budas como um Buda.

    Para o shravaka e pratyekabudas,ele aparece como um shravaka e pratyekabuda.O que significa?

    Para expor o darma,Kanzeon passa por trinta e três transformações:

    mulheres, crianças, monges, leigos, leigas,até animais.

    O que isso significa?

    É um maravilhoso genjokoan!Todos vocês praticando,

    sejam realmente Kanzeon.Que vida poderia ser melhor que essa?

    Quando vocês recebem jukai,

    o que é isso?A parte mais importante do jukai

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    é compreender sua vida como Mu!É isso que jukai significa.

    Claro que, quer vocês compreendam ou não.é isso que é.Sem escolha.

    Não estou brincando.

    Como alguém pode dizer que a prática de Mu é falsa?Se é falsa,

    nós a tornamos falsa.Na realidade ele não é.

    Sua vida não pode ser falsa.

    Receber jukaié tornar refúgio nos três tesouros.

    Buda, Darma e Sanga.Isso é o mais importante.

    O que é o Tesouro de Buda?Anuttara-samyaksambodhi.

    O que é isso?Árvore sem raiz.

    Supremo, insuperável,o melhor caminho de todos!

    Onde não se encontram obstáculos.Nada está retido.

    E qual é o Tesouro do Darma?Dogen Zenji simplesmente o define como

    puro, limpo e imaculado.Como nós tornamos as coisas imaculadas,

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    Restam vocês como vocês são.O que há de errado com isso?

    Estou tentando juntar tudo isso, não é?

    O que significam os koan de casos,o que significa o genjokoan,

    o que significam nossas vidas,o que significa receber o jukai?E quem é o Bodisatva Kanzeon?

    O que tem a ver com sua vida?

    Tudo isso é nada além de koan.Como resolvê-lo?

    De certo modo, tal atitudeé inadequada.

    O que existe para resolver?Já está resolvido.

    E dizer que já está resolvidotambém não é adequado.Nunca houve um problema!Estou feliz que vocês riam!

    Muitos koans são assim.“Minha mente está inquieta,

    não está em paz.Por favor, pacifique-a”

    Não é isso o que vocês pedem?Traga-me sua mente inquieta!

    Não existe tal mente!“Não estou liberado,

    por favor, me libere”.Quem prende você?

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    Não é óbvio?

    Este koan

    “sim” “não”.Não importa se é sim ou não.

    O que é natureza-buda?Isso é o que diz Dogen Zemji:

    Em vez de pensar sobre onde está Mu ou o que é

    Mu,considere o que é a natureza-buda.Isso é também o que diz Bodidarma.Realizar sua própria natureza-buda é

    receber jukai, receber kai ,transmitir kai.

    Na verdade, kai é a natureza-buda.

    O que é koan?Na verdade não é nada além da MINHA vida.

    Não a sua vida ou a vida deles −sempre MINHA vida.

    E quando eu realmente torno a minha vida,a vida dos Três tesouros,

    então tudo se torna minha vida.Isso verdadeiramente é o que Buda é.

    Como nós somos budas bebês,nós tentamos crescer.

    E tudo isso,de uma maneira ou de outra,é um maravilhoso genjokoan.

    Então, por favor, aprecia sua vida.

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    Nós dizemos daí-ta-sho . Daí significa grandee ta significa muito

    e sho significa excelente.Em outras palavras, quantitativamente, qualitativamente,é bom, grande, maior.

    Isso é maha, não tem lado de fora.Isso é grande!

    Vocês concordam?

    Pra jna é um termo interessante.De acordo com a pessoae com o contexto em que é usado,

    ele pode significar sabedoria completa,e também pode significar o tipo de conhecimento

    dualista.

    Mas quando nós dizemos “manha prajna”,sempre significa absoluta, transcendente.

    É assim que pode ser traduzida,mas eu não gosto dessa palavra, “transcendente”.

    Não é transcendental ou transcendente,mas muito, muito realista, não é?

    Uma coisa real e sem mistério.Isso é o que Dogen Zenji diz.Qualquer coisa, tudo é prajna.

    Centenas de gramasliteralmente!

    Chão concreto, não é?Suporte para leitura, papel, prendedor,

    tapete, teto,você, sua bata,

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    seu cabelo, nariz, língua, corpo,todos os tipos de pensamentos,

    todos os tipos dos assim chamados processos

    mentais ou consciência.Tudo isso é nada mais é do quemanha prajna!

    Então o que é paramita ?Todos vocês, novamente, sabem o que significa, não é?

    “Atingir a outra margem.”

    Mas não no sentido de algo no futuro.Você já está naquela margem!Isso é que “paramita” significa.

    Você já partiu.Você já atingiu!

    Você já realizou!Não é o passado ou presente,

    mas no tempo perfeito.Já alcançou!

    De modo que mahaprajnaparamita significaque a sabedoria se revelou agora,

    não penas como você, mas como toda vida,de tudo.

    E nós a estamos vivendo!É nós somos vividos por ela!

    Isso é o que significa mahaprajnaparamita,e é isso o que o Bodisatva Avalokiteshava faz.

    No Hannya Shingyo nós lemos,“Fazendo profundo prajnaparamita...”

    e Dogen Zenji diz, aqui, de uma bela maneira:“Clara visão do corpo inteiro...”.

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    Essa não é minha tradução.“Do corpo inteiro ─ com apóstrofo no s. 9

    Visão clara do nosso corpo inteiro!

    O que isso significa?Visão clara de corpo inteiro, o que é isso?E esse apóstrofo “s”, o que significa?

    Como pode o corpo ter visão clara?O corpo inteiro, ele mesmo é a própria visão!

    Em vez de ser possessivo,

    nós podemos pegar aquele apóstrofo ‘s’como uma abreviação.O corpo todo é!10

    Esse tipo de visão não dualé o que significa transcendente.

    Transcendente.Não algo a ser transcendido,

    mas a vida de cada um de nós é transcendente.Essa é a vida que estamos vivendo,

    e, quando você realmente compreende isso,significa compreender o que é o todo,

    não fica tão difícil,e vivê-lo também não.

    Você compreende que não existeoutro jeito que você possa viver.

    Não é algoque deva tentar realizar

    amanhã.

    Este prajna e os cem gramassão sinônimos de Mu-ji e, definitivamente,

    Kannon Bodisatva também é,

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