Textos autores biblioteca

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Textos para a nosa Biblioteca Curso 2015-16

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Textos para a nosa Biblioteca

Curso 2015-16

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antas horas terei pasado nunha BIBLIOTECA? Cantos libros terei visto, collido, folleado e recolocado? Rosalía de Castro, Bécquer, Castelao,

Neruda, Virginia Woolf… A unhas gústalles cantar; a outras, o fútbol; e a min, os libros. Son e fun sempre moito de bibliotecas. Nelas atopo case todo o que preciso e neste caso non, a curiosidade non matou a gata. A gata vive da súa curiosidade, das ganas de saber máis e máis. Ataco as miñas presas na súa casa, encántame ulir o seu sangue fresco e deixarme seducir por elas, mergullarme nese mundo de historias, ensaios, amor, odio, amizade, aventuras… e de versos, de moitos versos. Afirmo sen medo a equivocarme que somos libres por saber ler. Na BIBLIOTECA son libre, son libre de ler o que me pete, de coller unha película, de ollar o xornal e de pasar das revistas. Cantas horas terei pasado nunha BILBIOTECA? Non sei, pero moitas; iso si, nunca demasiadas.

Anabel Mont ou t o, an t iga alum na.

C

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or fortuna, hoxe podo

gañarme bastante ben a

vida. Pero o certo é que

non sempre foi así: nos momentos

máis duros, cando había que facer

números para absolutamente todo,

o único documento que nunca

desapareceu da miña carteira foi o

meu carnet da biblioteca. Xamais

deixei de levalo comigo porque,

cada vez que abría a billeteira e o

vía alí, sempre me facía sentir que,

por moitos cartos que me faltasen,

nunca deixaría de ser rico en algo

moito máis valioso: coñecemento.

Á fin e ao cabo, unha boa

biblioteca é como un bo par de pés:

sempre che permitirán seguir

avanzando na vida..."

DAVID OTERO

P

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As bibliotecas teñen antenas, escamas e pararraios. Pero, sobre

todo, están cheas de plumas. Hainas por todas partes! De flamencos,

pelícanos, gansos e ninfas. De loros, pavos, galiñas e bufos. De anfibios

calvos, caracois roedores e trasgos alérxicos ao po. Eu, cando era pequena,

pasaba moitos recreos na biblioteca da miña escola. De tanto visitala, tamén

a min acabaron saíndome plumas. Descubrino aos nove anos, mentres lía un

libro titulado El maravilloso viaje de Nils Holgersson. Foi moi curioso, porque

o protagonista era un neno que viaxaba montado sobre o lombo dun ganso.

Ao principio pensei que as primeiras plumas que me saíran foran por mor

daquel ganso. “Debeume contaxiar”, pensaba eu, como se aquilo fose unha

catarreira ou unha gripe onde os virus van e veñen. “Se leo un libro onde

haxa un dragón branco, seguro que me saen escamas”. Así que, para

confirmar a miña teoría, collín prestado na biblioteca La historia

interminable, de Michael Ende. E o que sucedeu foi a cousa máis incrible que

podería ter imaxinado xamais. Tal e como eu pensaba, saíronme escamas.

Pero as plumas, moi lonxe de desaparecer, multiplicáronse! E cando Fujur, o

dragón branco do libro, voaba entre as nubes, tamén eu voaba con el. Arriba

e abaixo, arriba e abaixo! “E agora que fago? Debería visitar ao meu

pediatra?”, pregunteime, convencida de que había que buscar unha

solución. E así o fixen. Pero resultou que o pediatra era o marido da miña

profesora de lingua. E, en lugar de xarope ou pastillas, receitoume un libro

de banda deseñada: Mafalda. O que sucedeu entón foi que as plumas se

estenderon sen control por todo o meu corpo e xa non houbo volta atrás.

Tal e como lle pasaba a Mafalda nas súas historietas, eu tamén acabei

odiando a sopa de peixe e empecei a facerme preguntas trascendentais

sobre o país, o planeta e ata o universo no que vivimos. Pero entre todas

elas, hai unha, que aínda a día de hoxe adoito formularme a cada pouco:

non sería marabilloso o mundo se as bibliotecas fosen máis importantes que

os bancos?

Ledicia Costas

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A menina Memória

Conto breve para a biblioteca do liceu estradense

por Isabel Rei Samartim, antiga aluna.

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Era uma vez um país onde as pessoas esqueciam a cada noite o que

tinha acontecido durante o dia. Sempre que chegava o entardecer,

quando o Sol se ocultava no horizonte, as lembranças iam

escurecendo-se na mente dos paisanos, confundindo-se com as

trevas noturnas. No momento antes de dormir, as pessoas já mal se

lembravam do último que tinham feito: Meter-se entre as mantas,

desligar a luz, ouvir os murmúrios em calma e depois... nada... até

ao dia a seguir em que tudo começava de novo.

@s habitantes daquele país sabiam que era um autêntico problema

porque sempre deixavam sem acabar o que começavam no dia

anterior. Se faziam qualquer cousa, na manhã seguinte já não se

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lembravam. Se aprendiam a conduzir, se conseguiam cozinhar um

bom jantar,se aprovavam um exame, se ganhavam um emprego, se

namoravam, se morriam, no dia a seguir tudo tinha desaparecido e

tudo começava de zero sem ninguém se lembrar de nada. Ter filh@s

era uma surpresa. De repente uma mulher tinha uma filha, assim,

um dia. E no dia a seguir já não se lembrava dela. Porque todos os

dias, ao chegar a noite, as pessoas daquele país esqueciam o que

tinha acontecido durante o dia.

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Foi por isso que uma daquelas filhas esquecidas inventou um dia a

escritura. Ensaiou as primeiras letras num caderno perdido pela

casa e praticou desde a manhã durante várias horas. Praticou e

praticou e justo antes de se pôr o Sol naquele dia, a menina

conseguiu deixar escrita sobre o papel a seguinte frase: "Chamo-me

Memória". Depois, a noite chegou e quase sem lembranças a menina

Memória dormiu e esqueceu.

Na manhã seguinte, uma

menina achou em cima da sua mesa

um papel que dizia: "Ontem eu,

Memória, escrevi aqui durante

muitas horas a história da minha vida

e deixei este testemunho para que

outras pessoas se lembrem de mim".

Então a menina, fascinada,decidiu

responder aquela mensagem por

escrito noutra página daquele caderno. Praticou e praticou e

finalmente escreveu: "Eu tenho lido e sabido a história de Memória.

Deixo aqui este testemunho para outras pessoas se lembrarem da

Memória e de mim". E como ficara satisfeita com a resposta, foi

explicar a um amigo o que tinha feito.

O amigo, também fascinado pelo caso, contou para outros, e outros

para outros, e em pouco tempo todos os paisanos queriamescrever

algo em resposta à mensagem da menina Memória. Tinha tanta

força a ideia que antes de se pôr o Sol eram milhões e milhões os

cadernos que as pessoas escreveramrespondendo aquela mensagem.

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Passaram as horas, a noite chegou e quase sem lembranças a gente

daquele país dormiu e esqueceu.

Na manhã seguinte, os milhões de páginas escritas dançavam pelas

ruas, saíam voando pelas janelas, empapelavam as paredes das

casas, inclinavam-se à beira dos rios, penduravam das polas das

árvores, impediam as entradas e as saídas, provocavam acidentes.

Foi aqui que as pessoas, que não se lembravam de nada do dia

anterior, pararam todas as atividades e dedicaram esse dia a

recolher aqueles papéis rebeldes que saíam não se lembravam de

onde. Recolheram e recolheram durante muitas horas. Ordenavam

como podiam e recolhiam e recolhiam. E justo antes de se pôr o Sol,

as pessoas daquele país conseguiram reunir quase todas as suas

páginas num local que para tal fim tinha oferecido um vizinho,

ainda quejá não se lembravam bem de quem tinha sido.

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Por fim chegou a noite e todos esqueceram. Chegou o novo dia e a

Biblioteca daquele país abria as suas portas. As pessoas não sabiam

que na Biblioteca estava a história da menina Memória junto com

quase todas as respostas que tinham escrito. Por isso, cada vez que

entravam na Biblioteca levavam uma surpresa. Abriam um dos

cadernos e achavam o testemunho dum familiar, o texto duma

historiadora, uma receita de cozinha da que não se

lembravam.Alguns cadernos tinham-se juntado com outros e

formavam vários tomos, enciclopédias, dicionários, romances,

ensaios nacionais, científicos, artísticos. A gente tinha escrito tantos

poemas, tantos contos, tantas canções. Havia partituras, debuxos,

mapas, planos de cidades, tratados de botânica, de política, de

astronomia. Mas a gente já não se lembrava de que tinham recolhido

tudo aquilo ali.

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Por isso, minha gente, tende presente, ainda que amanhã não vos lembreis disto que hoje vos conto, que quando entreis na Biblioteca do vosso país levareis uma grande surpresa. Porque por vós aliesperam, reunidas, quase todas as respostas que alguma vez a nossa gente escreveu para a menina Memória

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biblioteca

eis o vem

o hipónimo da mão

duma metáfora

assim tão amorosos

assim tão amigas

a metáfora no meu dedo

que percorre esquadrinha

a hipónima estante

seus lombos de livros

suas letras de títulos

sua poeira nascente

até o hiperbólico estalo

do encontro

eu e ela

a hiperónima

a literatura.

Susana Sánchez Arins

outubro, 2015

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O noso agradecemento infinito a todos os

escritores e escritoras que adicaron o seu tempo

para regalarnos estas verbas… Grazas por

compartir con todos e todas a vosa riqueza.

O equipo da Biblioteca do IES nº1 A Estrada