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Maria Saleti Ferraz Dias Ferreira A PRÁTICA PEDAGÓGICA NAS CIÊNCIAS NATURAIS E MATEMÁTICA: CONSIDERAÇÕES SOBRE O PAPEL DO PROFESSOR Edward Bertholine de Castro

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Maria Saleti Ferraz Dias Ferreira

A PRÁTICA PEDAGÓGICA NAS CIÊNCIAS NATURAIS E MATEMÁTICA: CONSIDERAÇÕES

SOBRE O PAPEL DO PROFESSOR

Edward Bertholine de Castro

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A práticA pedAgógicA nAs ciênciAs nAturAis e MAteMáticA: considerAções

sobre o pApel do professor.

eixos norteAdores dA práticA de ensino

Cuiabá , 2010

LICENCIATURA PLENA EM CIÊNCIAS NATURAIS E MATEMÁTICA - UAB - UFMT

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Instituto de FísicaAv. Fernando Correa da Costa, s/nº

Campus UniversitárioCuiabá, MT - CEP.: 78060-900

Tel.: (65) 3615-8737www.fisica.ufmt.br/ead

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Autores

Maria Saleti Ferraz Dias Ferreira CPPU / PROPLAN -UFMT

Edward Bertholine de Castro Depto. de Biologia e Zoologia/IB-UFMT

A práticA pedAgógicA nAs ciênciAs nAturAis e MAteMáticA: considerAções

sobre o pApel do professor.

eixos norteAdores dA práticA de ensino

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co r p o e d i t o r i A l

• Alceu Vidott i

• cArlos r inAld i

• irAmAiA Jorge cAbrAl de PAulo

• mAr iA luc iA cAVAll i neder

ProJeto gráfico: PAU Lo H. Z . A R R U dA

reV i são: A L C E U VI d o T T I

secretAr iA : N E U Z A M A R I A J o R g E C A B R A L

cAPA: © R o M E R o B R I T o

Ferreira, Maria Saleti Ferraz Dias A prática pedagógica nas Ciências Naturais e Matemática: considerações sobre o papel do professor. / Maria Saleti Ferraz Dias Fereira, Edward Bertholine de Castro. 2. ed. - Cuiabá: UAB/UFMT, 2010. 45p. il. ; color. - (Eixos Norteadores da Prática de Ensino)

Inclui Bibliografia ISBN 978-85-61819-07-1

1. Prática de Ensino - Educação 2. Ciências Naturais 3. Matemática 4. Prá-tica Pedagógica 5. EAD. I. Castro, Edward Bertholine de. II. Título. III. Série.

CDU - 371.133.018.43

F383p

Co P y R I g H T © 2010 UAB

FICHA CATALOGRÁFICA

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Licenciatura em Ciências Naturais e Matemática está organi-zada em oito módulos. Em cada um deles, além dos fascículos específicos para cada eixo temático, teremos dois volumes desti-

nados à Prática de Ensino, através dos quais se pretende fundamentar e discu-tir o saber e o fazer pedagógico.

Prática de Ensino é componente integrante do currículo do curso de Licenciatura em Ciências Naturais e Matemática. Este componente curricu-lar está presente durante todo o curso subsidiando as discussões entre as espe-cificidades de cada área do conhecimento das Ciências Naturais e Matemática e o saber pedagógico. Através da Prática de Ensino, espera-se que o estudante tenha oportunidade de vivenciar as situações concretas do ato educativo e da educação escolar.

Este volume tem como objetivo discutir a dinâmica que será adotada na prática de ensino ao longo do curso. Pretende-se com ele duas coisas: evidenciar o papel do professor no ato pedagógico e, também, apresentar a concepção de prática educativa adotada no currículo, sempre procurando levar em consideração os determinantes históricos e sociais da produção do conhecimento, conforme já observado no fascículo da Idade Antiga e Pri-mitiva.

Desta forma, este volume da prática de ensino tratará da prática pedagógica nas Ciências Naturais e Matemática: considerações sobre o papel do professor.

AA p r e s e n tA ç ã o

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s u A At e n ç ã o, p o r fAV o r !

O fascículo de Prática de Ensino deve acompanhar sua trajetória de formação. Daí a importância dos seus registros. Certamente você voltará a consultá-lo em outros momentos e provavelmente irá rever suas anotações e avaliar seu cres-cimento no processo de construção dos saberes necessários à docência. As anotações de suas reflexões serão parte inte-grante do fascículo.

O ambiente de estudo dos alunos do curso de Licen-ciatura e Ciências Naturais, na modalidade a distância, é bastante diversificado. Sua autonomia em definir seu tempo de estudo, em percorrer os ambientes de acesso, em buscar a literatura, registrar suas reflexões, suas descobertas, resolver todos os exercícios e anotar suas duvidas vai depender o seu sucesso.

A complementação da construção do fascículo com suas observações, reflexões e respostas às questões propostas é parte integrante de sua avaliação. Portanto, é muito impor-tante sua identificação nesta página e o encaminhamento, no momento oportuno, deste fascículo para os orientadores procederem com vocês o diálogo da avaliação, ou seja, ele retornará às suas mãos.

Vii

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| Ciências Naturais e Matemática | UAB

Fonte: http://www.frasesperdidas.blogger.com.br

Escultura dEnominada criador dE sonhos

EspEramos quE você vEnha juntar-sE aos quE criam o so-nho da Educação brasilEira.

Vii i

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este fascículo, que compõe o módulo 1, em que a ciência se apre-senta como desafio para entendimento do processo histórico da construção do conhecimento, estaremos refletindo sobre a conti-nuidade desse processo através das relações que se estabelecem na escola entre alunos, professores, saberes e tecnologias. Neste con-

texto queremos dialogar com vocês o papel do professor e da professora em sua prática de ensinar e, especificamente, ensinar ciências naturais. Iniciamos por identificar alguns conceitos de importância nesta reflexão.

Vamos tratar principalmente do papel do professor e da professora – pro-fissão que você está em início de formação.

N

o fA s c í c u l o

Futuros professores e professorassejam bem vindos ao processo ensino-

aprendizagem. A escola o(a) espera.

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Q u e M é o p r o f e s s o r e A p r o f e s s o r A n o p r o c e s s o d e

e n s i n A r e A p r e n d e r

o s p i l A r e s d A e d u c A ç ã o

p r o f e s s o r e s e p r o f e s s o r A s A p r e n d e M n A p r át i c A d e e n s i n A r

Q u e s A b e r e s s ã o n e c e s s á r i o s à p r At i c A d o c e n t e?

i n t e r A g i n d o c o M o c o n t e ú d o

r e f e r ê n c i A s b i b l i o g r á f i c A s

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s u M á r i o

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Q u e M é o p r o f e s s o r e A p r o f e s s o r A n o p r o c e s s o d e e n s i n A r e A p r e n d e r

ara refletir sobre esta questão vamos tomar por base a forma de caracterizar o papel do pro-fessor e da professora através de importantes pesadores do nosso tempo: Paulo Freire, Moacir Gadoti, Pedro Demo, Rubens Alves, Edgar Morin entre outros. São autores que vocês, futu-ros professores e professoras, certamente irão conhecer com mais intimidade.

Vamos iniciar lendo um trecho de uma carta de Paulo Freire endereçada aos professores e professo-ras.

carta dE paulo FrEirE aos proFEssorEs – Estudos avançados 15 (42) –2001

P

O aprendizado do ensinante ao ensinar não se dá necessariamente através da retificação que o aprendiz lhe faça de erros cometidos. O aprendizado do ensinante ao ensinar se verifica à medida em que o ensinante, humilde, aberto, se ache permanentemente disponível a repensar o pensado, rever-se em suas posições; em que procura envolver-se com a curiosidade dos alunos e dos diferentes caminhos e veredas, que ela os faz percorrer. Alguns desses caminhos e algumas dessas veredas, que a curiosidade às vezes quase virgem dos alunos percorre, estão grávidas de sugestões, de perguntas que não foram percebidas antes pelo ensinante. Mas agora, ao ensinar, não como um burocrata da mente, mas reconstruindo os caminhos de sua curiosidade – razão por que seu corpo consciente, sensível, emocionado, se abre às adivinhações dos alunos, à sua ingenuidade e à sua criatividade – o ensinante que assim atua tem, no seu ensinar, um momento rico de seu aprender. O ensinante aprende primeiro a ensinar mas aprende a ensinar algo que é reaprendido por estar sendo ensinado.

O fato, porém, de que ensinar ensina o ensinante a ensinar um certo conteúdo não deve significar, de modo algum, que o ensinante se aventure a ensinar sem com-petência para fazê-lo. Não o autoriza a ensinar o que não sabe.

A responsabilidade ética, política e profissional do ensinante lhe coloca o dever de se preparar, de se capacitar, de se formar antes mesmo de iniciar sua atividade docente. Esta atividade exige que sua preparação, sua capacitação, sua formação se tornem processos permanentes. Sua experiência docente, se bem percebida e bem vivida, vai deixando claro que ela requer uma formação permanente do ensinante. Formação que se funda na análise crítica de sua prática.

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r e f l e t i n d o s o b r e o t e x t o

Vamos destacar alguns trechos deste texto para nossa reflexão:

• Oautorcaracterizaoensinantecomohumilde,abertoedisponívelemreverseus saberes – “repensar o pensado”, a partir do estímulo, do questionamento e dos impulsos provocados pela curiosidade dos alunos que apontam caminhos para novos saberes.

• Qual é entãoopapeldoalunonesteprocesso?Que importânciadevedaroensinanteaoaprendiz?

• Aoafirmarque“oensinanteaprendeprimeiroaensinarmasaprendeaensinarao ensinar algo que é reaprendido por estar sendo ensinado”, está destacando o papel da Prática de Ensino.

• Paulo Freire destaca tambémnestacarta, a responsabilidade ética, política e profissional que deve ter o professor para com a sua competência. Portanto, faz parte da prática do ser professor, um projeto pessoal de formação, de constru-ção contínua de saberes, de revisão dos saberes construídos, de atualização perma-nente de sua formação.

• Aformaçãodoprofessoredapro-fessora é permanente – tem início, meio e sempre.

• Os alunos de licenciatura, futu-ro professores, têm na matriz curricular do curso um conjunto de conteúdos básicos da área de ciência da natureza, fundamentos filosóficos e sociais e conhecimentos didáticos e pedagógicos para dar conta do exercício da docência. Estes últimos compõem a dimen-são a ser abordada na Prática de Ensino.

o pEnsador, dE augustE rodin

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pA r A r e f l e t i r . . . . . .

No tempo em que a comunicação tem se tornado cada vez mais tecnológica, o ato de aprender poderia ocorrer inteira-mentesemapresençadoprofessor?

Professores e professoras são dispensáveis para o processo ensino aprendizagem?Esta é uma questão que desperta muitas opiniões.

Como seria seu aprendizado no curso de Ciências Naturais sem a interação com os professores de forma presencial ou através dos instrumentos de interação ela-boradoporeles?

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o s p i l A r e s d A e d u c A ç ã o

nsinar e aprender exige uma relação de dupla direção: a direção de quem ensina e a direção de quem aprende. Ambas se entrelaçam na afetividade e a tecnologia complementa e facilita esta interação.

O relatório da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura -UNESCO (1999) destaca quatro pilares da educação a saber: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros e aprender a ser. Essas quatro vias do saber são interdependentes, ou seja, não há nível de hierarquia, necessitando sempre de trocas de informações entre elas e que dará ao cidadão e a cidadã uma aprendizagem ao longo de toda vida.

1. Aprender a conhecer tem como fundamento o prazer de compreender, de conhecer e de descobrir. É para DELORS (2001), combinar uma cultura geral, suficientemente vasta, com a

possibilidade de trabalhar em profundidade um pequeno número de matérias, o que também sig-nifica aprender a aprender, para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda a vida. Para tanto a escola precisa criar formas para que o estudante possa prosseguir com vontade de aprender e construir novos saberes. É preciso que o aprendiz perceba que o aumento

do saber o leva a compreender melhor o mundo, sob os seus diversos aspectos, tornando-o, com isso, mais crítico e atualizado. A escola e os professores e professoras como parte dela, deve despertar

nos educandos o prazer em estudar. A metodologia científica e tecnologia são suportes importantes necessários ao estudante para aprender a conhecer.

Para aprender a conhe-cer é importante ressaltar um aspecto que MORIN (2000) denomina as “cegueiras do co-nhecimento”: os erros e ilusões e a incerteza que o conheci-mento comporta. Devemos nos habilitar para questionar as certezas, devemos apren-der a valorizar erros e convi-ver com interrogações e não acomodar com as respostas imediatas e com certezas pro-

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visórias.Apontamos aqui uma questão importante para a reflexão sobre aprender a co-

nhecer. Refere-se ao desafio de tornar a escola mais atrativa. As Ciências da Natureza podem e devem contribuir para ampliar o espaço da aprendizagem por compor uma ambiência para a criatividade, as práticas vivenciadas, os laboratórios vivos e os labo-ratórios específicos. A experimentação e a investigação, próprias do método científico despertam e estimulam a produção. A produção por sua vez estimula outra ação.

2. É preciso aprender a fazer, a fim de adquirir, não somente uma qualificação profissional, mas de maneira mais ampla, competências que tornem a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a trabalhar em

equipe. Para Mariana Parisi “Aprender a conhecer e aprender a fazer são, em larga medida, indissociáveis.”

Uma dimensão essencial do fazer, enquanto produção e função do conhecimento, é o sentido deste conhecer, e também do como conhecer. Em que medida nosso pro-cesso educacional possibilita aos alunos e educadores a percepção da realidade como trama complexa de relações de interdependência, onde o particular e o global, entrela-çadosnestateiacomplexa,têmumadestinaçãocomum?(ReflexãodeMariaElisabeth

Pereira Kraemer).

Esta é uma questão que você deve discutir com seu gru-po de estudo, com seu orientador e com professores. Promova

um encontro com essa finalidade. Este é um exercício para aprender a conhecer.

Registre uma síntese desse debate.

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3. Aprender a viver com os outros. O processo educativo tem a missão de construir conhecimentos sobre a diversidade humana, bem como mostrar e levar as pessoas a perceberem as interdependências entre todos os seres hu-

manos do planeta. De acordo com Kraemer, no século XXI é indispensável o diálogo e a troca de argumentos, aprender a viver juntos, desenvolver a

compreensão do outro e a percepção das interdependências, realizar projetos comuns, compartilhar os valores do pluralismo e a compreensão mútua de

paz.

Aprender a viver junto é considerado uns dos pilares mais importantes do proces-so educativo desses novos tempos. Ressalta a interdependência do mundo moderno e a importância das relações. Tudo está interligado e tudo que acontece afetará a todos de uma forma ou de outra. “O que o mundo precisa mais é de compreensão mútua, intercâmbios pacíficos e harmonia. Trata-se de aprender a viver conjuntamente, de-senvolvendo o conhecimento dos outros, de sua história, de suas tradições e de sua espiritualidade. E, a partir disso, criar um espírito novo que, graças precisamente a essa percepção de nossas interdependências crescentes e a uma análise partilhada dos riscos e desafios do futuro, promova a realização de projetos comuns, ou melhor, uma gestão inteligente e apaziguadora dos inevitáveis conflitos...”. (SILVA E CUNHA, 2002).

A pA l AV r A é s u AAnalise a frase: O mundo precisa mais de compreensão

mútua, intercâmbios pacíficos e harmonia.Reflita e escreva como o professor pode ser construtor da

paz e contribuir para edificar o pilar do aprender a viver com os outros no contexto da escola pública.

Registre suas palavras:

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4. Aprender a ser - educação deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa, espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade. Todos os seres humanos devem ser preparados, pela educação que recebe, para agir nas diferentes circunstâncias da vida. Para isso, cada um deverá ter pensamentos autônomos e críticos, ou seja, personalidade própria. Deverá o ser humano estar preparado para as

mudanças e principalmente para evitar a desumanização do mundo relacio-nado com a evolução técnica. Nesse sentido devemos nos perceber enquanto

seres humanos com possibilidade de construir nosso vir a ser no mundo.

“A educação deve contribuir não somente para a tomada de consciência de nossa Terra-Pátria, mas também permitir que esta consciência se traduza em vontade de realizar a cidadania

terrena” (MORIN, 2000).

Q u A l é A s u A o p i n i ã o?

É possível construir esses pilares com ensino livres-co,fragmentado,conteudista,estereotipado?

Exercitando o que determina o pilar de aprender a viver com os ou-tros, reúna seu grupo de estudo e, fazendo uso dos autores citados neste fascículo e de outros existentes na biblioteca do curso, discuta e escreva o sentido do ensino conteudista, fragmentado e estereotipado.

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Fazer cumprir a missão da educação na perspectiva da

construção dos quatro pilares destacados no Relatório da

UNESCO envolve conhecimento, comportamento, concei-

tos, procedimentos, valores, atitudes, saber, fazer e ser. Exi-

gem novas perspectivas no processo de ensinar. Esse desafio

passa ser seu enquanto aprendiz de ensinar e, ao longo do cur-

so, na construção do seu saber ensinar, você deverá exercitar a

construção desses pilares.

SERRÃO e BALEEIRO (1999) ao introduzir o livro “Aprendendo a ser e a conviver” compara a educação a uma chave que abre a possibilidade de se transformar o homem anônimo, sem rosto, naquele que sabe que pode escolher, que é sujeito par-ticipante de sua reflexão, da reflexão do mundo e da sua própria história, assumindo a responsabilidade de seus atos e das mudanças que fizerem acontecer. Esta chave nos permite modificar a realidade, alterando o seu rumo, provocando as rupturas necessá-rias e aglutinando as forças que garantem a sustentação de espaço em que o novo seja buscado, construído e refletido. Educar, portanto é transformar.

Dizemos muito que a educação possibilita a construção da cidadania de cada um e de cada uma. Mas, construir cidadania exige transformações profundas na sociedade que, por sua vez, acontece através do exercício da cidadania participativa que ocorre em diferentes seguimentos da sociedade. A escola pública é uma delas. Aos professores e professoras que atuam nas escolas públicas é necessária a consciência de que se po-dem construir novas relações consigo mesmo, com o outro, com o mundo, a partir de um processo educativo contextualizado com a realidade da população, acreditando ser possível realizar mudanças.

u M l e M b r e t e

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p r o f e s s o r e s e p r o f e s s o r A s e n s i n A M e A p r e n d e M n A p r át i c A d e e n s i n A r

ara iniciar a reflexão sobre a prática do ensinar vamos ler um trecho do relato da pro-fessora Maria “Dialogando com a Escola” (ALEMIDA et al. 2004).

...Reafirmo a necessidade de desmistificar a lógica linear de construção da identidade pautada numa formação definida a partir somente dos cursos de formação de professores, pois compreendo que essa construção vai-se forjando também a partir dos tempos/espaços onde os sujeitos vivem.

As dificuldades/dilemas marcam a trajetória docente e muitas vezes le-vam tantos professores a desistir do magistério. Dificuldades evidenciadas por atitude de descaso, pelo desrespeito e pelo descompromisso dos nossos governan-tes. Dilemas que sugerem interrogações tais como: Por que ainda estou no magisté-rio?Comomeconstruoprofessora?

Talvez não consiga responder, mas posso tentar anunciar alguns caminhos por onde te-nho passado, pois muito aprendi não só com meus colegas no cotidiano do fazer docente mas também na sala de aula com os meus alunos, com meus pais, com os professores dos cursos que tenho feito, com as histórias de cada um. É muito bom relembrar essas histórias e nelas ver a mi-nha história; é muito bom exercitar esse diálogo cheio de experiências passadas mas refletidas no presente como se tivesse ressignificando-o...

Não me fiz professora, me construo professora, cotidianamente, em diferentes instâncias nas quais tenho interagido, nas diversas interlocuções, nas múltiplas teias de relações que venho tecendo no rico espaço da Universidade Pública....

QualarelaçãodorelatodaprofessoraMariacomoqueestamosabordandononossotexto?

Com base na reflexão de PICONES (2001), percebemos também que a prática de ensino envolve comportamentos de observação, reflexão crítica e reorganização das ações, características próprias de um pesquisador/ investigador, ou seja, aquele que é capaz de refletir e reorientar suas práticas, quando neces-sário.

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u M r e c A d o A o A l u n o d A l i c e n c i At u r A – f u t u r o p r o f e s s o r :

Ao se formar professor e professora, você estará assumindo um compromisso de cidadania, pois a função social do educador e da educadora é ser agente de transforma-ção. Cabe a você educador e educadora auxiliar na organização dos desejos e necessi-

dades da população com a qual irão trabalhar. Irão constituir uma referência para os educandos e essa função se estende para a família e para a comunidade.

A tarefa que o espera é grande e constitui um desafio que você enquanto professor e professora em formação darão inicio a partir de sua prática de ensinar, de seu estágio, para o qual você já iniciou a preparação ao traba-lhar este fascículo.

Para Rubens Alves, o professor é essencial porque a aprendizagem se dá numa relação afetiva. O professor tem que ser um sedutor. Se ele for simplesmen-

te um ‘ensinador’ de uma matéria, ele está fracassado. Pode ser até que ele obrigue o aluno a aprender muita coisa, mas ele não será capaz de ensinar o aluno a amar aquelas coisas que são da competência dele. Fonte: www.sec.ba.gov.br.

Diz Pedro Demo que a função precípua do professor é cuidar da aprendizagem do aluno, com afinco, dedicação, sistematicidade, persistência. Em vez de alguém treina-do para ensinar, passa a considerar-se o eterno aprendiz, porquanto somente um pro-fessor que sabe aprender consegue fazer seu aluno aprender. Para que o aluno pesquise e elabore, torne-se autônomo e criativo, precisa de professor que tenha, de maneira eminente, tais qualidades. Não basta dar aula. O professor precisa tirar a limpo todos os dias se seus alunos estão aprendendo, não só porque isto é de ofício, mas igualmente porque os dados referentes à educação no país gritam que a aprendizagem é mínima. É para contribuir neste processo de cuidado da aprendizagem do aluno que a avaliação comparece como procedimento essencial. www.rioclaro.sp.gov.br.

Aquele professor e professora que tem suas fichas amareladas pelo tempo, que não renova seu aprendizado, certamente não se identifica com esta discussão. Ou ainda, aquele professor e professora que apenas se apóia no seu livro didático como fonte de pesquisa para trabalhar seus roteiros de ensino, não estará à vontade no âmbito des-sa reflexão. Isso porque provavelmente não discute consigo mesmo o significado de conhecimento e, conseqüentemente, pode enveredar pelos campos do senso comum. Pois, conhecer é confrontar o pensamento com a realidade.

O objeto de trabalho docente não está restrito a conteúdos específicos de suas áre-as nem tão pouco ao domínio dos mesmos, apesar desse processo ser imprescindível. O fazer do professor é um processo que envolve diferentes elementos (entre eles o aluno e o professor) na construção de saberes. Os saberes envolvidos no exercício da docência são plurais: disciplinares, curriculares, profissionais e experienciais. A docência é uma ação cooperativa, colegiada, coletiva e a aprendizagem também. Ambas são singula-res.

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São muitos os tipos de professores (conservadores, críticos, progressistas) contudo, todos necessitam de saberes comuns tais como: saber dosar a relação teoria/prática; criar possibilidades para os estudantes produzir ou construir conhecimentos, ao invés de simplesmente transferir os mesmos; reconhecer que ao ensinar, se está aprendendo; e não desenvolver um ensino de “depósito bancário”, onde apenas se injetam conheci-mentos acríticos nos alunos!

Por fim, o professor (a) é aquele (a) que, a partir de proposta de emancipação, concebe e realiza a si mesmo, torna-se capaz de motivar o novo pesquisador no aluno, evitando de todos os modos reduzi-lo a discípulo subalterno(DEMO, 1991.p.48).

diantE da divErsidadE dE inFormação E FacilidadE dE diFusão via intErnEt o quE muda no trabalho do proFEssor E da proFEsso-ra?

Moacir Gadotti remete ao professor e à professora, no tempo da internet, a im-portante função do educador reforçar sua postura cidadã de ser um promotor da cul-tura. Pois o docente assume um papel mais dirigente, e sua formação social e política deve ser ampliada, para que ele possa se transformar em uma liderança, exercendo a cidadania, e formando para a cidadania. Ele precisa acolher a informação, despertar no aluno o desejo de aprender, construir o sentido do mundo. Só assim os estudantes verão sentido na escola, já que a quantidade de informações que atualmente está disponível na internet é incalculável.

É preciso saber trabalhar em equipe, privilegiando a interdisciplinaridade, o en-contro entre os diversos saberes, buscando o que há de comum entre as diferentes disciplinas. Deve ser um trabalho cooperativo, em que o professor consegue dominar o saber técnico, pedagógico e político, para contribuir com a construção coletiva do conhecimento. O professor que cuida da aprendizagem é eterno. Aquele que apenas dá aulas é descartável e tende a desaparecer.

Não haverá espaço para o professor que apenas reproduz textos, experiências, exercícios e avaliações. O professor deve ser responsável pelo processo de construção do conhecimento. Deve produzir e refletir sobre sua produção e comunicá-la à comu-nidade.

Cabe ao professor e à professora a tarefa de sugerir aos aprendizes materiais e ocasiões que lhes permitam progredir, proporcionar situações que lhes ofereçam novos problemas, articular a prática, gerenciar a organização do ambiente de aprendizagem e programar o uso dos recursos tecnológicos, além de identificar as necessidades de atenção relativas às aprendizagens.

Você aluno e aluna do curso de formação de professores está exercitando o traba-lho cooperativo na medida em que constrói sua relação com a escola, com os colegas e com os conteúdos específicos. A prática de ensino é um espaço para o exercício inter-disciplinar e coletivo.

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Com base no que foi exposto até agora, leia o texto abaixo e comente as atitudes das professoras quanto à possibilidade da construção e produção de saberes do menino pintor.

Era uma vez um menino que ia à escolaEle era bastante pequenoE ela era uma grande escola.Mas quando o menino descobriu que podia ir à sua sala cami-nhando através da porta da rua, ele ficou feliz.E a escola não mais parecia tão grande quanto antes.Uma manhã, quando o menininho estava na escola, a professora disse:“Hoje nós iremos fazer um desenho”.“Quebom”pensouomenininho.Ele gostava de fazer desenhos.Ele podia fazê-los de todos os tipos: leões, tigres, galinhas, va-cas, trens e barcos e ele pegou uma caixa de lápis e começou a desenhar. Mas a professora disse: “Esperem, ainda não é hora de começar”.E ela esperou até todos estarem prontos.“Agora” - disse a professora.“Nós iremos desenhar flores”.“Quebom”.-pensouomenininho.Ele gostava de desenhar flores. E ele começou a desenhar diversas flores com seu lápis rosa, laranja e azul.Mas a professora disse: “Esperem.Vou mostrar como fazer”.E a flor era vermelha, com o caule verde.“Assim” disse a professora. “Agora vocês podem começar”.O menininho olhou para a flor da professora.Então olhou para a sua florEle gostou mais da sua flor.Mas não podia dizer isto.Ele virou o papel e desenhou uma flor igual à da professora.Era vermelha com o caule verde.No outro dia, quando o menininho estava em aula ao ar livre a professora disse:“Hoje iremos fazer alguma coisa com barro”.“Quebom”-pensouomenininho.Elegostavadebarro.“Nósiremos fazer um prato”“Quebom”-pensouomenininho.Elepodiafazertodotipodecoisa com o barro: elefantes e camundongos, carros, caminhões. Mas a professora disse:“Esperem. Não é hora de começar”.E ele começou a amassar e juntar sua bola de barro.E ela esperou até todos estarem prontos.“Agora”. - disse a professora.

Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos.A professora disse: “Esperem.“Vou mostrar como se faz”.E ela mostrou a todos como fazer um prato fundo.“Assim” - disse a professora.“Agora vocês podem começar”.Então ele olhou para o seu próprio prato.Ele gostava mais do seu prato que o da professora.Mas ele não podia fazer isso.Ele amassou o seu barro numa grande bola, novamente e fez um prato igual ao da professora.Era um prato fundo. E muito cedo o menininho aprendeu a esperar e a olhar e a fazer as coisas exatamente como a professora e muito cedo ele não fazia mais as coisas por si próprio.Então aconteceu que o menino e sua família mudaram-se para outra casa, em outra cidade, e o menininho tinha que ir a outra escola.Esta escola era ainda maior do que a outra.E não havia porta da rua para sua sala.Ele tinha que subir grandes degraus até sua sala.E no primeiro dia ele estava lá.A professora disse:“Hoje nós vamos fazer um desenho”.“Quebom”-pensouomenininho,eeleesperouqueaprofesso-ra dissesse o que fazer.Mas a professora não disse nada.Ela apenas andava pela sala.Quandoelaveioatéomenininhodisse:“Vocênãoquerdese-nhar?”“Sim”,disseomenininho.“Oquevamosfazer?”“Eu não sei até que você faça” - disse a professora.“Comoeupossofazê-lo?”-perguntouomenininho.“Da maneira de que você gostar”. - disse a professora.“Edequecor?”perguntouomenininho.“Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas cores, comopossosaberquemfazoquê?”“Equalodesenhodecadaum?”“Eu não sei”, disse o menininho.E ele começou a desenhar uma flor vermelhacom um caule verde.

Earl, Púllias e Young, A arte do magistériohttp://www.construirnoticias.com.br/

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Reflita sobre as possibilidades que o curso vem lhe apontando para a produção de saberes necessários para a sua condição de ensinar.

Anote a sua reflexão e socialize com seus colegas. Essa é uma forma de construção de saberes.

O processo de formação de professor e de professora é contínuo e perma-nente. No ato de formar, professor e professora se formam e re-formam.

Analise esta afirmativa e escreva o que ela significa neste momento de sua formação.

Diz Paulo Freire “Não há docên-cia sem discência. Quem ensina apren-de ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”. E foi assim que homens e mulheres, no decorrer do tempo, aprenderam que é possível ensinar.

e s t e e s pA ç o é pA r A A s u A r e f l e x ã o

FontE: discalculicos.blogspot.com/

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30 | Ciências Naturais e Matemática | UAB

e pA r A V o c ê ,

Queméoprofessoreaprofessora?Qualéopapeldosprofessoresnasuacondiçãodeaprendiz?Vocêseidentificacomalgumasdascaracterizaçõesacima?Os temas abordados nos fascículos estudados até o momento estão lhe apontandosugestãodedocência?Exemplifiquealgumassituações.

e s t e e s pA ç o é pA r A A s u A r e f l e x ã o

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Q u e s A b e r e s s ã o n e c e s s á r i o s pA r A A p r át i c A d o c e n t e?

professor e a professora precisam:

• Ter muita vontade• Ser criativo (a)• Ter espírito crítico e científico • Ter bom senso• Ser idealista.

Estas são algumas das características necessárias para a prática do ensinar. Mas participar do processo ensino-aprendizagem como docente requer um conjunto de habilidades que se constrói no processo de formação inicial de professores, no processo de formação continuada e na vivência da prática docente.

Paulo Freire aponta quatro passos importantes para delinear o caminho dos professores e das profes-soras na função de ensinar:

• Primeiro, ler o mundo. Despertar o aluno pela curiosidade. • Segundo, compartilhar o mundo. Isso exige solidariedade com o outro. Perguntar sempre ao

próximo:queleituravocêfazdesseacontecimento,dessarealidade?• Terceiro, construir o conhecimento coletivamente. • Quarto,dialogarsempre.Precisamoscriarnovosvínculos,novasrelaçõessociaisehumanaspara

que se consiga o sucesso. Não podemos mais deixar que nossos alunos fracassem, mas ensiná-los a superar os próprios limites. Os jovens precisam acreditar na escola, sonhar com o novo e desejar o sucesso. E nós que trabalhamos pela educação precisamos enfrentar esse desafio.

O trabalho não será fácil. Temos um longo caminho a percorrer para superar nossos índices. O Brasil precisa mudar sua conduta com relação à educação das crianças e dos jovens brasileiros. Vejamos alguns números revelados pelo relatório do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos):

• A escolaridade média dos brasileiros é de 4,9 anos. Na Costa rica é 6,1; na Argentina 8,8 e nos USA 12,1.

• Apenas 22% dos brasileiros completam o Ensino Médio. Na Argentina são 51%, na Coréia do Sul 82% e no USA 91%.

• Dentre os países avaliados pelo PISA o Brasil é o último lugar em leitura e penúltimo em mate-mática.

o

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• No Brasil 4,3 milhões de crianças (4 a 14 anos) e 2 milhões de jovens ( de 15 a 17 anos) ainda estão fora da escola.

Sabemos que no mundo conteporâneo dominado pela globalização, pela tecno-logia e pela competição, o conhecimento é fundamental não só para sobrevivência dos cidadãos e cidadãs como também para o desenvolvimento do país. A tarefa é de todos, é da sociedade.

A escola, a comunidade escolar da qual o professor e professora fazem parte, tem responsabilidade direta. Discutir os programas de governo, os projetos pedagógicos das escolas, os sistemas adotados para condução desses projetos e as estratégias de perma-nência e ascensão dos estudantes é tarefa da comunidade escolar, é parte integrante da prática de ensinar.

É importante discutir o espaço do professor; suas reais condições de trabalho; suas possibilidades de formação continuada e as formas pelas quais cada professor e profes-sora organizarão os saberes necessários para ensinar.

Os saberes necessários para ensinar e a organização dos mesmos inicia com a for-mação inicial. É aqui no curso de formação de professores que esta jornada tem início. Ao longo do curso você, futuro professor, poderá traçar o seu caminho pedagógico e organizar a sua “caixa de ferramentas” para prática docente. Os temas debatidos na Prática de Ensino como componente curricular irá apresentar uma série de elementos que farão parte desta caixa. A docência orientada certamente irá lhe apresentar o cami-nho que no futuro será a sua estrada diária na sua função de ensinar.

M e t o d o l o g i A d o e n s i n A r

Foi historicamente que aprendemos que é preciso encontrar caminhos e métodos de ensinar. Daí afirmarmos que o professor e a professora devem ser criativos.Ao entrar, pela primeira vez, numa sala de aula, o professor Ricardo entendeu que havia encontrado a verdadeira “praia”. Professor do ensino médio, Capetinga faz os alunos vibra-rem com a maneira criativa com que fala de assuntos nem sempre muito agradáveis aos adolescentes. “Não tem segredo. Para mim, ensinar é interagir, é mostrar que a Biolo-gia faz parte do cotidiano deles e que tem de ser associada aos contextos social, cultural e político”, afirma o professor que, por pouco, não se formou em Veterinária, curso que ele abandonou depois de três anos. “Eu gosto mesmo é do bicho homem”, brinca.

O professor RICARDO CAPETINGA interpreta personagens e ensina aos adolescentes os segredos da Biologia.

Fonte:Revista da Universidade Federal de Minas Gerais. Ano 3 - nº. 7 - Julho de 2005 - Edição Vestibular

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Vejamos algumas orientações para o professor e a professora melhorar o seu saber e o seu saber-fazer:

• Fazer as aulas serem mais atrativas, assim com fez o professor Capetinga.• Incentivar as habilidades e qualidades dos alunos. O prazer da produção es-

timula novos fazeres. O processo ensino-aprendizagem deve ser pautado na satisfação e na alegria do aprender.

• Utilizar novos métodos de concepção de trabalho. Daí a posição dos autores que estamos usando para fundamentar este fascículo em insistir na necessida-de da formação continuada do professor e da professora.

• Valorizar o conhecimento prévio do aluno. Seu aluno traz consigo um aporte de saberes que será comungado com os colegas e com o professor na sala de aula.

• Trabalhar a realidade sócio-cultural. Interagir conteúdos e estratégias de tra-balho com a comunidade, com o espaço cultural e social da escola, com a vida do aluno.

Carlos Seabra afirma que o professor do momento deve saber orientar os edu-cando sobre onde colher a informação, como tratar essa informação, como utilizar a informação obtida. Esse educador será o encaminhador da autoformação e o conselhei-ro da aprendizagem dos alunos, ora estimulando o trabalho individual, ora apoiando o trabalho de pequenos grupos reunidos por área de interesse. Esta não é uma tarefa simples. A pesquisa deve ser o caminho para aparelhar o professor e a professora a desenvolver essa função, considerando a perspectiva do professor formador e não do professor informador.

Com base nesse texto escreva sobre a importância das ferra-mentas tecnológicas para os saberes docentes.

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Pedro Demo se posiciona sobre os saberes necessários para a prática docente da seguinte forma:

Assim como um pedreiro não pode prescindir de um conjunto de ins-trumentos de trabalho, sem os quais não levanta as paredes da casa que está sendo construída, assim também o leitor estudioso precisa de instrumentos fundamentais, sem os quais não pode ler ou escrever com eficácia. Dicio-nários, entre eles o etimológico, o de regimes de verbos, o de regimes de substantivos e adjetivos, o filosófico, o de sinônimos e de antônimos, enciclo-pédias. A leitura comparativa de texto de outro autor que trate o mesmo tema e cuja linguagem seja menos complexa.

Usar esses instrumentos de trabalho não é, como às vezes se pensa, uma perda de tempo. O tempo que eu uso quando leio ou escrevo ou escrevo e leio, na consulta de dicionários e enciclopédias, na leitura de capítulos, ou trechos de livros que podem me ajudar na análise mais crítica de um tema, é tempo fundamental de meu trabalho, de meu ofício gostoso de ler ou de escrever.

c á e n t r e n ó s . . . . . .

Neste sentido, o curso disponibiliza de um vasto acervo de títulos com a finalidade de subsidiar a construção do seu conhecimento e também a prática de desenvolver ha-bilidades para leituras e construção de textos. Acreditamos que sua prática em pesquisa bibliográfica muito contribuirá para compreender o sentido das palavras de DEMO, além de fortalecer esse hábito e estimular este fazer pedagógico para a sua carreira de professor/professora, pesquisador/pesquisadora.

Que tal identificar títulos cujos autores estão sendo utilizados neste fascículo,aproveitandoumaleituraparaaprofundamento?

Você, enquanto estudante, faça registros de tudo aquilo que vivenciar. As aulas abertas devem ser experiências que realmente o faça aprender a partir do contato direto com as pessoas, ambientes e demais recursos com os quais não está habituado no processo

de vivência pedagógica tradicional.

Use este espaço para registrar seu comentário sobre a afirmação acima.

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i n t e r A g i n d o c o M o c o n t e ú d o

o Fascículo História Antiga – Página 11 os autores destacam a informação de ALVES et al. (2002) sobre a organização do conhecimento que tem início no final do Período Paleolítico. Relacionam um conjunto de fazeres dos povos primitivos apreendidos no processo de apren-dizagem.

Trazendo essa discussão para a análise do que apontamos como processo ensino-aprendizagem, cons-trua um texto e com base na sua leitura escreva sobre a importância da oralidade na construção de con-ceitos.

Neste mesmo fascículo, “História Primitiva” afirma que há mais ou menos 10 mil anos a educação tinha caráter informal, a aprendizagem era passada de geração a geração e ocorria dentro da comunidade. Os ensinamentos não eram sistematizados, não existia escola. O papel da escola era desempenhado pela própria família e a experiência de vida, a educação se dava por processo de inculturação.

Reflita e responda as seguintes questões:

1-Qualésuaconcepçãodeeducaçãoinformal?

2-Nocontextoatual,qualaimportânciadodesempenhodafamílianaeducação?

3-Oquesignificaensinamentosnãosistematizados?

N

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4-Comovocêimaginaumacomunidadesemescola?

5-Oquevocêentendeporprocessodeinculturação?

6-Quaisostraçosdesseperíododahistóriahumanasãopossíveisidentificarnoprocessoeducativoatual?

c e n A s d o c o t i d i A n o:

sabErEs E FazErEs no cotidiano

dos povos indígEnas.

partEiras, bEnzEdEiras E rai-zEiros sE rEúnEm Em jEnipapo dE minas

raizEiros Em colEta da planta “batata dE purga” no cErrado.

FontE: www.pnud.org.br

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Analiseascenasexpostas.Elasestãopresentesnocotidianoondevocêmora?

Comopodemoscaracterizaroconhecimentodemonstradonastrêssituações?

Queinstrumentossãousadosnesseprocessodeaprendizagem?

No conhecimento formal, como vimos na primeira parte desse fascículo, a escola é reconhecida como espaço principal da aprendizagem.

Napré-históriaqualeraoespaçodaaprendizagem?Quefonteseramusadasparaalimentaroconhecimento?

E os saberes demonstrados nas cenas do cotidiano representadas acima, como são alimentados?Comosãoperpassados?

Descreva uma situação de conhecimento informal vivenciado na sua comunida-de.

Para complementar esta reflexão sobre as diferentes formas de construção do co-nhecimento, escreva como os saberes locais e tradicionais devem ser comungados na escola atual. Como apoio para a sua reflexão, leia o quadro sobre outras formas de conhecimentos.

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co n h e c i M e n t o t r A d i c i o n A l

O conhecimento tradicional é a forma mais antiga de produção de teorias, experiências, regras e conceitos, isto é, a mais ancestral forma de produzir ciência. Os conhe-cimentos tradicionais destacam-se por seu vasto campo e variedade que comportam: “técnicas de manejo de re-cursos naturais, métodos de caça e pesca, conhecimentos

sobre os diversos ecossistemas e sobre propriedades farmacêuticas, alimentícias e agrí-colas de espécies e as próprias categorizações e classificações de espécies de flora e fauna utilizadas pelas populações tradicionais” (SANTILLI, 2005, p. 192).

Conhecimentos tradicionais associados à biodiversidade são resultados de anos, décadas e até séculos de convivência de uma comunidade com o meio ambiente, por meio do uso sustentável de seus recursos, garantindo sua conservação para as gerações futuras e protegendo florestas, animais e tudo o mais que compõe a natureza.

co n h e c i M e n t o l o c A l

O conhecimento refere-se à forma como as popu-lações compreendem o mundo, a maneira como elas in-terpretam e aplicam significado às suas experiências. O conhecimento não é a descoberta de alguma “verdade” objetiva final. É sim a compreensão culturalmente subje-tiva - produtos condicionados que emergem de processos complexos e contínuos. O conhecimento envolve a sele-ção, rejeição, criação, desenvolvimento e transformação de informação. Estes processos e, portanto, o conhecimento está intrinsecamente ligado aos contextos sociais, ambien-tais e institucionais nos quais eles se encontram. Blaikie, 1992.

Como a educação informal se manifesta no nosso cotidiano?

Está no livro: Construindo um futuro comum: educando para a integração na diversidade / editado por Jack Campbell; tradução de Patrícia Zimbres. – Brasília : UNESCO, 2002.

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A educação informal também pode ser altamente eficaz, como ilustra essa deli-ciosa passagem de um texto de Richard Bawden (1991), na qual ele conta como seus três filhos pequenos se lançaram à construção de seu pequeno mundo de unidade na diversidade, transpondo as barreiras de língua e de cultura que separam a Austrália do Uruguai:

Em 4 de janeiro de 1975, assisti a meus três filhos pequenos aprenderem a falar espanhol. Correndo para o jardim de nossa nova residência, em Montevidéu, eles gritaram para a ga-rotinha da casa ao lado: "Hello!". "Ola!", respondeu ela. "Ola!", gritou o trio Bawden em coro, imitando não apenas o som, mas também o gesto exuberante que o acompanhou!

De meu próprio estado de paralisia lingüística, fiquei maravilhado com o que aconteceu nas semanas seguintes, à medida que eles aprendiam a conversar, construindo frases inteiras em sua nova língua. Da mesma forma que eles aprenderam espanhol, eles passaram também a fazer coisas à moda espanhola, coerentes com o fato de eles estarem se tornando integrados à sua nova cultura uruguaia. Através da língua, eles estavam aprendendo a saber, a fazer e a ser... tudo isso ao mesmo tempo; na verdade, cada forma de saber era de importância vital para as duas outras coisas e, de algum modo, eles pareciam saber isso também! Com quatro, cinco e sete anos de idade, meus filhos haviam assumido, eles próprios, o controle das maneiras pelas quais eles transformavam suas novas experiências em conhecimento, como veículo para a adaptação a seu novo ambiente.

Como as crianças e jovens das nossas comunidades interagem com a diversidade desotaques,decor,deetnias,tãoprópriosdocotidianobrasileiro?Comoaescolain-termediaestatemáticaentrealunos,professoresecomunidade?

Quandofalamosemeducaçãoinformal,estamosfalandodediversidade,estamosfalando de educação inclusiva. Inclusiva da nossa diversidade. Das diferentes formas de ver o mundo. Das diferentes crianças e dos diferentes jovens que fazem a comunidade brasileira. Estudar o conhecimento primi-tivo nos remete para a análise das nossas relações atuais e da construção de nosso conhecimento.

Vivemos em um estado em que a di-versidade cultural é determinante e está presente nas nossas relações cotidianas. É importante que sejam criadas possi-bilidades de interlocução e interação dos diferentes espaços de produção de conhe-cimento.

Muitas instituições hoje têm na pro-dução de conhecimento uma dimensão importante das suas atividades. Trata-se

FontE: http://wEbradiobrasilindigEna.FilEs.wordprEss.com

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evidentemente das faculdades ou univer-sidades locais ou regionais, das empresas, das repartições regionais do IBGE, de ins-tituições como Embrapa, Emater e outras, de Organizações não Governamentais (ONGs) que trabalham com dimensões particulares da realidade, de organizações comunitárias. É necessária a criação de redes que circule entre os diversos atores sociais da região e, sobretudo, que o am-biente escolar esteja inserido nessa rede de informações.

É muito importante o reconheci-mento de que todos os atores sociais locais produzem informação de alguma forma, e que essa informação organizada e dispo-nibilizada torna-se valiosa para todos. E para o sistema educacional local, em par-ticular, torna-se fonte de estudo e apren-dizagem.

O importante é interagir com a diversidade de conhecimentos que existe em cada região, valorizá-lo, e transmiti-lo de forma organizada para as gerações futuras. Neste sentido, nossa proposta é que sua construção de formação de professor pesquisador, tenha por base a prática da investigação, como exercício de buscar as principais formas de conhecimento tradicional e conhecimento local existente em sua comunidade.

josé FErraz dE almEida júnior rEtratou o “caipira migando Fumo” no Final do século 19 como um rEtrato

acadêmico dos costumEs tradicionais popular brasilEiro.

M u d A n d o pA r A d i g M A s

Há uma antiga e estéril discussão sobre a superioridade da teoria ou da prática. Na realidade não há nenhuma superioridade pedagó-gica no ensino de visões conceituais mais abstratas relativamente ao

conhecimento concreto local: é uma falsa dualidade, pois é na interação que se gera a capacidade de aprender, e de lidar com os próprios concei-

tos abstratos. Esta falsa dualidade tem dado lugar a simplificações absurdas como “na prática a teoria não funciona”, prejudicando justamente a apreensão

teórica dos problemas (DOWBOR, 2006).

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co n t e x t u A l i z A n d o c o n t e ú d o

Na atividade realizada sobre A Vida Primitiva e sua base material você elaborou um texto descrevendo como imagina que viviam os nossos ancestrais primitivos, con-siderando alguns elementos materiais, tais como: vestuário, ferramentas, alimentação, arte etc.

Nessa sua reflexão como você identifica o conhecimento acumulado pelos povos queviveramnaqueleperíodo?Épossívelreconhecernoseumunicípiogruposhumanosquevivenciamtraçosdessesconhecimentos?Retomeoseutextoecomplemente-ocomessas informações. Este exercício deve fazer parte da construção da sua formação.

Propomos a você uma incursão nas instituições de seu município (ONGs, EM-PAER, Secretarias de Governo, pastorais, sindicatos, órgãos públicos e particulares) que, de alguma forma, tratam das comunidades tradicionais índias e não índias (qui-lombolas, pantaneiros, ribeirinhos, seringueiros, ruralistas...).

Nessa caminhada, o importante é investigar a diversidade de saberes do seu mu-nicípio, organizar os resultados e verificar as possibilidades de incorporá-los na cons-trução dos seus saberes. Perceba sua comunidade como laboratório vivo enquanto ins-trumento de contextualização.

Ainda sobre conhecimentos primitivos

Leia o texto elaborado por Maria Ramos Simplesmente divino!, publicado em http://www.museudavida.fiocruz.br

g r u p o t r a d i c i o n a l l o c a l i z a ç ã op r i n c i pa l a t i v i d a d E d E

s u b s i s t ê n c i ao u t r a s i n F o r m a ç õ E s

p E r t i n E n t E s

pA r A r e g i s t r o , c o n s t r u A u M A tA b e l A o u u s e A Q u e s e e n c o n t r A c o M o o e x e M p l o A b A i x o :

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t c h o c o l At l

Se você é louco por chocolate e sempre achou que ele só podia ser mesmo divino, saiba que você não é o único. Em mais de dois mil anos de história, o chocolate foi por muito tempo considerado sagrado por sociedades antigas do México e da Amé-rica Central.

Foram povos primitivos dessa região que descobriram que as sementes de cacau poderiam ser amassadas e transforma-das em uma bebida deliciosa, o tchocolatl. Querdizer,deliciosaparaeles,porqueos

europeus quando chegaram à América, no final do século XV, não gostaram nem um pouquinho daquela bebida amarga, gordurosa e... picante! O chocolate daquele tempo era muito diferente do que conhecemos hoje: não levava açúcar e ainda era misturado à pimenta e outros temperos fortes.

Mas se os europeus, a princípio, não gostaram muito do tal tchocolatl, para os astecas, civilização altamente organizada que habitava o México desde o século XIV, eleeraumpresentedivino.MaisprecisamentedeQuetzalcoatl,deusdasabedoriaedoconhecimento.

Os astecas acreditavam que essa divindade havia trazido do céu as sementes de cacau e, por isso, festejavam as colheitas com rituais cruéis de sacrifícios humanos. Para completar a cena, que mais parece ter saído de um filme de horror, eles ainda ofereciam às vítimas taças de chocolate!

Muito tempo depois, já no século XVIII, o botânico sueco Carlos Lineu, inspira-do por essas histórias e pelo sabor do chocolate, batizou a árvore do cacau de Theobroma cacao, que, em grego, quer dizer alimento divino.

Veja na sua região recursos que tem importância atual e cujo conhecimento vem sendo construído ao longo da história humana.

Registre suas descobertas:

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u M p o u c o M A i s s o b r e o c o n h e c i M e n t o d o s p o V o s p r i M i t i V o s

A Amazônia é um dos poucos redutos do planeta onde ainda vivem povos humanos primitivos. As dezenas de tribos ainda exis-tentes espalham-se em territórios dentro da mata, mantendo seus próprios costumes, linguagens e culturas, inalterados por milhares de anos. Antropólogos acreditam que ainda existam povos primi-tivos desconhecidos, vivendo nas regiões mais inóspitas e inacessí-veis.Fonte: Enciclopédia digital

A i M p o r tâ n c i A d o s p o V o s p r i M i t i V o s

Os grupos humanos primitivos que ainda hoje vivem, podem nos ajudar a aproxi-mar dos conhecimentos produzidos antes da escrita. Eles mantêm vivos conhecimentos ancestrais através da expressão da arte primitiva de imagens, ídolos, figuras fetichistas, máscaras e pinturas pelo corpo. Os objetos de uso produzidos com matérias primas naturais, como a madeira e a pedra, são resultados de técnicas parecidas com a dos homens da Idade do Bronze.

l o u ç A r i A d A cu lt u r A tA pA j ô n i c A

A cultura tapajônica tem uma influência muito marcante também na reprodução de peças de cerâmica baseada em achados arqueológicos. Pode-se aqui chamá-la de Cerâmica de Santarém ou Cerâmica dos Tapa-jó. Esta cerâmica advém de uma cultura, “con-siderada uma das de maior distribuição na bacia amazônica e, cronologicamente, aceita como proto-histórica”. O grupo indígena Tapajó loca-lizava-se na foz e ao longo do afluente da mar-gem direita do Amazonas — o Rio Tapajós.Fonte: www.revistanossopara.com.br

O rio Tapajós é formado pelos rios Teles Pires e Juruena e ambos têm suas nascentes e curso no Estado de Mato Grosso.

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pA r A f i n A l i z A r e s t e fA s c í c u l o , M A i s u M r e c A d o !

Devemos nos convencer desde o início da formação de professor e de professora que ensi-nar não é transferir conhecimento, mas é criar possibilidades para a construção e produção de saberes.

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b i b l i o g r A f i A

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO