TORNAR TRANSPORTE MAIS ECOLÓGICO [UE - 2008]

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    COMISSO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS

    Bruxelas, 8.7.2008

    COM(2008) 433 final

    COMUNICAO DA COMISSOAO PARLAMENTO EUROPEU E AO CONSELHO

    Tornar o transporte mais ecolgico

    {SEC(2008) 2206}

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    COMUNICAO DA COMISSOAO PARLAMENTO EUROPEU E AO CONSELHO

    Tornar o transporte mais ecolgico

    (Texto relevante para efeitos do EEE)

    1. INTRODUO

    A mobilidade uma das chaves da qualidade de vida dos cidados europeus e umelemento vital para a competitividade da Unio Europeia. Ela a espinha dorsal daeconomia, estabelecendo os elos entre as vrias etapas das cadeias de produo epossibilitando que os prestadores de servios sirvam os seus clientes, alm de sertambm uma importante fonte de emprego. , assim, essencial realizao dos

    objectivos da estratgia de Lisboa para o crescimento e o emprego, tanto mais que osector do transporte est a crescer rapidamente: entre 1995 e 2005, o trfego demercadorias e passageiros na UE cresceu, respectivamente, 31,3% e 17,7% e tudoindica que esta tendncia se ir manter.

    Mas a mobilidade tambm tem custos sociais. As emisses dos meios de transporteso prejudiciais para a sade, afectam negativamente a qualidade do meio ambientelocal e contribuem de forma significativa e crescente para as alteraes climticas.As emisses de CO2 do sector rodovirio so hoje 30% superiores ao que eram em1990 e o transporte o nico sector da economia em que se prev que continuaro aaumentar. O rudo e os engarrafamentos so um transtorno dirio para muitos

    cidados e os acidentes matam milhares todos os anos.

    A mobilidade sustentvel conceito que implica dissociar a mobilidade dos seusefeitos nefastos ocupa h anos um lugar central na poltica comunitria detransportes. Na reviso de 20061 do Livro Branco sobre os transportes publicado em2001, a Comisso frisou ser necessrio empregar toda uma panplia de meios, dosinstrumentos econmicos e regulamentares aos investimentos em infra-estruturas e snovas tecnologias, para se conseguir uma mobilidade sustentvel.

    Fundamental para esse efeito uma poltica de tarifao correcta. Os utentes dotransporte suportam j uma parcela aprecivel dos custos, mas o que pagam poucas

    vezes corresponde aos custos reais que as suas decises impem sociedade.Falta-lhes, assim, o incentivo para adoptarem um comportamento menos oneroso. Osinstrumentos econmicos (impostos, taxas, sistemas de comrcio de emisses)podem, ao tornar o pagamento mais inteligente2, incentiv-los a decidir-se porveculos ou modos de transporte mais ecolgicos (incluindo o ciclismo e opedestrianismo), a utilizar infra-estruturas menos congestionadas ou a efectuar as

    1 COM (2006) 3142 No caso, por exemplo, da taxa de congestionamento, faz-la reflectir os factores espacial e temporal

    (local/hora).

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    suas deslocaes a horas menos concorridas. So, pois, um meio eficaz de promoveruma mobilidade sustentvel.

    Os sinais de preo sero ainda mais eficazes se o mercado oferecer alternativasrealistas, veculos mais ecolgicos a preos acessveis e um nvel de servioadequado no modo de transporte alternativo. Mas nem sempre haver alternativas,

    sobretudo quando o investimento nas infra-estruturas e na investigao edesenvolvimento insuficiente por deficincia do mercado. Da serem necessriasmedidas polticas complementares, incluindo medidas regulamentares. Estas medidasno devero impor nem favorecer uma abordagem ou soluo tecnolgica especfica.

    A Comisso est, pois, a redobrar de esforos para tornar o transporte mais ecolgicoe sustentvel, promovendo dois tipos de iniciativas. O primeiro inscreve-se napoltica de promover o preo correcto atravs da internalizao dos custos externosdo transporte; aqui, a estratgia da Comisso adaptar a sua actuao a cadaincidncia e a cada modo de transporte, tendo em conta a actividade j desenvolvidapela UE neste domnio. As disposies comunitrias no domnio da tributao da

    energia e as propostas da Comisso para integrar o sector da aviao no regimecomunitrio de comrcio de licenas de emisso so as primeiras etapas importantesdessa estratgia. O segundo tipo de iniciativas consiste em medidas complementares,compreendendo instrumentos regulamentares, medidas relativas s infra-estruturas eactividades de I&D; aqui tambm, so muitas as medidas j tomadas pela UE em queas novas iniciativas se podem alicerar.

    A presente comunicao comea por inventariar as medidas comunitrias j tomadasou propostas no domnio do transporte sustentvel. Tais medidas socomplementares e continuaro a s-lo da aco dos Estados-Membros, a qual fundamental para se conseguir uma mobilidade sustentvel. Seguidamente, a

    comunicao apresenta as outras componentes deste pacote: duas iniciativas nodomnio da internalizao dos custos externos uma estratgia geral e uma propostade reviso da directiva relativa tarifao da utilizao da infra-estrutura rodoviriapelos pesados de mercadorias e uma comunicao respeitante ao modo ferrovirio,cujo tema a reduo do rudo. Finalmente, a comunicao descreve as iniciativascomplementares que a Comisso conta lanar nos prximos meses.

    Estas iniciativas assumem especial importncia no actual contexto poltico. Quer oParlamento Europeu3 quer o Conselho Europeu4 sublinharam recentemente aimportncia de uma poltica de transportes sustentvel, particularmente no quadro docombate s alteraes climticas. O sector do transporte ter claramente de contribuir

    para os ambiciosos objectivos traados pelo Conselho Europeu em 2007: at 2020,reduzir 20% as emisses de gases com efeito de estufa (30%, no quadro de umacordo internacional), aumentar para 20% a quota-parte das fontes de energiarenovveis e reduzir 20% o consumo de energia.

    3 Resoluo de 11 de Maro de 2008 sobre a poltica europeia de transportes sustentveis tendo em conta

    as polticas europeias da energia e do ambiente Relator: Gabriele Albertini.4 Conselho Europeu de Maro de 2008

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    2. PARTIR DAS BASES EXISTENTES

    O inventrio que acompanha a presente comunicao mostra o muito que a UE j fezem todos os modos de transporte e em vrios domnios polticos, da I&D polticaenergtica e da poltica de transporte poltica ambiental, para tornar o transportemais sustentvel. Como sempre, a chave da eficcia das medidas a sua aplicao

    efectiva. As medidas so ordenadas em funo do principal impacto negativo quevisam combater, nomeadamente as alteraes climticas, a poluio ao nvel local, orudo, o congestionamento e os acidentes. Apresenta-se seguidamente um resumo.

    2.1. Alteraes climticas

    As alteraes climticas so, hoje, o problema ambiental prioritrio, estando asmedidas comunitrias mais importantes neste domnio, recentemente propostas pelaComisso, pendentes de acordo entre o Conselho e o Parlamento. Entre elasincluem-se a limitao das emisses de CO2 dos veculos automveis ligeiros depassageiros novos, a incluso da aviao no regime comunitrio de comrcio de

    licenas de emisso (RCLE), a diferenciao do imposto anual de circulao e doimposto de registo dos ligeiros de passageiros em funo das emisses de CO2 e,ainda, a contribuio dos meios de transporte no abrangidos pelo RCLE para arealizao dos objectivos nacionais de limitao das emisses de gases com efeito deestufa.

    Os Estados-Membros devero cumprir objectivos de aumento da utilizao de fontesde energia renovveis no transporte rodovirio, tendo a Comisso propostorecentemente uma meta obrigatria de 10%. A Comisso props tambm que osfornecedores de combustveis reduzam em 10%, at 2020, as emisses de gases comefeito de estufa produzidas pelos combustveis nas vrias fases do seu ciclo de vida.

    A UE fixou taxas de imposto mnimas para os combustveis utilizados comocarburante; os utilizados na aviao e na navegao martima, todavia, esto isentosna maior parte dos casos, embora os Estados-Membros possam limitar tais isenesao transporte internacional.

    Para alguns veculos rodovirios h tambm prescries comunitrias especficasrespeitantes ao equipamento, nomeadamente os sistemas de ar condicionado. AComisso est a estudar iniciativas dirigidas aos indicadores da relao detransmisso na caixa de velocidades e props recentemente um quadro reguladorpara os sistemas de controlo da presso dos pneus.

    2.2. Poluio ao nvel localNo que respeita ao combate poluio local, a UE j deu passos importantes, mas hainda muito a fazer. No quadro do mercado nico, estabeleceram-se medidas parareduzir a poluio atmosfrica, mas estas medidas variam consideravelmente de meiode transporte para meio de transporte e focalizam-se na limitao das emisses dosveculos (as normas EURO), navios e embarcaes de recreio novos. Fixaram-setambm teores mximos para certos poluentes presentes nos combustveis, como oenxofre no caso dos combustveis navais e o chumbo no caso das gasolinas, e normasde reduo das emisses nas operaes de armazenagem e distribuio decombustveis.

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    Para o transporte hidrovirio, estabeleceram-se requisitos para limitar a poluio dagua. Todos os modos de transporte so abrangidos pela legislao geral que regula aeliminao de resduos e h disposies especficas para certos tipos de veculosrodovirios e respectivos componentes (pneus, baterias).

    No que se refere aos contratos pblicos de aquisio de veculos, a Comisso props

    recentemente5

    a utilizao, para a aquisio de automveis, furgonetas, autocarros ecamies, de uma metodologia que tem em conta os custos do consumo de energia edas emisses de CO2 e outros poluentes ao longo do tempo de vida do veculo. Amaior parte dos novos projectos de infra-estruturas de transporte esto igualmentesubordinados a uma avaliao do impacto no ambiente e, em certos casos, tambm snormas de proteco da natureza.

    2.3. Rudo

    As medidas tomadas pela UE com o objectivo de limitar o rudo tm-se centrado noestabelecimento de um quadro geral para avaliar e reduzir as emisses sonoras de

    todos os novos meios de transporte terrestres motorizados, no contexto do mercadonico6. Foram tambm estabelecidos limites para as aeronaves e em certosaeroportos da UE podem ser impostas restries mais severas. Nos aeroportos, nasgrandes cidades (e seus portos, se os tiverem) e nas vias frreas e estradas com altadensidade de trfego, deve ser medido o rudo e tomadas medidas para o reduzir, senecessrio. Para o rudo dos pneus tambm se estabeleceram limites, que entraro emvigor em 2009 para os pneus de substituio.

    2.4. Congestionamento

    As medidas tomadas pela UE ajudaram a financiar o reforo e a diversificao da

    capacidade de infra-estrutura e a poltica comunitria tem-se orientado para apromoo da transferncia modal para os modos menos congestionados, em paralelocom o estabelecimento de quadros de tarifao comuns. Esto em vigor medidasespecficas de tarifao da utilizao das infra-estruturas rodovirias pelos pesadosde mercadorias e requisitos especficos para as infra-estruturas ferrovirias e aComisso apresentou recentemente uma proposta relativa s taxas aeroporturias. Osmodos ferrovirio, fluvial e martimo so os principais beneficirios dosfinanciamentos para criao de infra-estruturas no mbito das redes transeuropeias edo programa Marco Polo, com o objectivo central de incentivar a utilizao destesmodos em detrimento do rodovirio. Nos sectores areo e ferrovirio tomaram-semedidas destinadas a aumentar a eficincia das infra-estruturas e no sector rodovirio

    esto a ser estudadas inovaes tecnolgicas. Todos os modos beneficiaro daspossibilidades que o Galileo proporcionar ao nvel da gesto das frotas, daoptimizao dos itinerrios para favorecer o descongestionamento e da prevenodos acidentes.

    2.5. Acidentes

    A segurana tem sido, desde incio, uma das vertentes essenciais da polticacomunitria de transportes. A UE estabeleceu todo um conjunto de normas de

    5 COM (2007) 8176 Incluindo, por exemplo, as especificaes tcnicas de interoperabilidade para o sector ferrovirio.

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    segurana para os veculos rodovirios novos, bem como regras para a obteno dacarta de conduo e a limitao da velocidade dos autocarros e para assegurar o bomestado dos veculos e da prpria infra-estrutura. Estabeleceram-se tambm normas desegurana nos sectores ferrovirio e fluvial, aplicveis ao material circulante e sembarcaes, e esto a ser estudadas medidas relativas s infra-estruturas e sorganizaes ferrovirias. No sector martimo esto em vigor inmeras medidas,

    todas elas apoiadas em inspeces, destinadas a reforar a segurana da navegao, aprevenir os acidentes com navios e as suas tripulaes e passageiros e a atenuar oimpacto ambiental dos acidentes. No sector areo, as medidas de seguranaoperacional incidem tambm no projecto, manuteno e utilizao das aeronaves enas licenas do pessoal de bordo. Nos sectores areo, ferrovirio e martimoestabeleceram-se disposies para a notificao e a investigao de acidentes.

    3. UMA POLTICA DE TARIFAO CORRECTA

    Capitalizar os instrumentos polticos existentes fundamental para tornar o

    transporte mais sustentvel e combater os seus cinco impactos negativos. Conformese referiu atrs, uma poltica de tarifao correcta constitui um dos meios principaisde o conseguir e uma pea central da abordagem da Comisso. A Comissoapresenta, assim, a acompanhar a presente comunicao, duas iniciativas com essepreciso objectivo: uma comunicao sobre a internalizao dos custos externos dotransporte e uma proposta de reviso da directiva relativa tarifao da utilizao dainfra-estrutura rodoviria pelos pesados de mercadorias.

    3.1. Internalizar os custos externos do transporte

    A comunicao relativa a esta temtica e os seus anexos estruturam-se em torno de

    dois elementos. O primeiro uma metodologia comum para o clculo dos custosexternos do transporte. Essa metodologia tem por base os resultados de um estudoencomendado pela Comisso e cuja finalidade era passar em revista as melhoresprticas existentes, sugerir uma metodologia e produzir um manual com valores dereferncia que pudessem ser utilizados para calcular os custos externos. Acomunicao indica como utilizar para o efeito estes valores de referncia.

    O segundo elemento uma estratgia de internalizao dos custos externos nosvrios modos de transporte, cuja elaborao estava prevista na directiva relativa tarifao da utilizao da infra-estrutura rodoviria pelos pesados de mercadorias7. Aestratgia proposta atende ao facto de, no caso de certas incidncias como o rudo

    e o congestionamento , os custos que os utentes do transporte impem sociedadevariarem no tempo e no espao e consoante o modo, enquanto no caso de outras,como as emisses de gases com efeito de estufa, essa variao no existir. Aestratgia , assim, modulada em funo do modo e da incidncia.

    A Comisso tem sistematicamente sublinhado, ao longo dos anos, a importncia dautilizao de instrumentos econmicos para a realizao dos objectivos polticostraados e foi nessa perspectiva que o Livro Branco dos Transportes, de 2001, e a suareviso intercalar, em 2006, deram lugar de destaque internalizao dos custos

    7 Directiva 2006/38/CE, que altera a Directiva 1999/62/CE relativa aplicao de imposies aosveculos pesados de mercadorias pela utilizao de certas infra-estruturas.

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    externos do transporte. A UE j a iniciou, com as disposies relativas tributaodos combustveis utilizados como carburante, atrs mencionadas, e com as propostasda Comisso de incluir o sector da aviao no RCLE e de incorporar umacomponente CO2 no imposto anual de circulao e no imposto de registo dos ligeirosde passageiros. A estratgia proposta alicera-se nestas iniciativas.

    No sector rodovirio, a estratgia lanar uma aco imediata para permitir umainternalizao mais eficaz e eficiente: a proposta de tarifao da utilizao dainfra-estrutura rodoviria pelos pesados de mercadorias (ver seco 3.2). Otransporte particular est excludo, por fora do princpio da subsidiariedade, mas aComisso incentiva os Estados-Membros a aplicarem um sistema de tarifao paratodos os veculos rodovirios, e no apenas os pesados de mercadorias, j que issoencorajaria todos os utentes da infra-estrutura rodoviria a alterarem o seucomportamento, reforando assim o importante impacto positivo de tal medida.

    A proposta de internalizao dos custos gerados pelos pesados de mercadorias tertambm um impacto positivo no sector ferrovirio, abrindo novas oportunidades para

    a internalizao neste modo de transporte, sob reserva de o mesmo processo severificar nos outros modos.

    A estratgia define tambm etapas para outros modos. Para o modo fluvial, anuncia ainternalizao de todos os custos externos no sector. Para o modo martimo, em queo processo de internalizao ainda no se iniciou, prev que a Comisso proponhamedidas em 2009, caso a Organizao Martima Internacional (IMO) no chegueentretanto a acordo quanto a medidas concretas de reduo dos gases com efeito deestufa, acordo esse que a UE est activamente empenhada em conseguir. Ainterveno da Comisso poder compreender a integrao do sector martimo noRCLE. Neste sector, a estratgia nortear-se- pela nova poltica martima europeia

    integrada8

    .

    Finalmente, a estratgia anuncia uma iniciativa transversal de internalizao doscustos externos, a lanar ainda em 2008: a reviso da directiva relativa tributaoda energia, que assegurar que essa tributao complemente da melhor forma oRCLE e espelhe com maior acuidade os objectivos da UE em matria de alteraesclimticas, energia e qualidade do ar.

    A estratgia ser reavaliada em 2013.

    3.2. Tarifao da utilizao das infra-estruturas rodovirias

    O modo rodovirio responsvel pela maior parte dos custos externos do transporte,pelo que especialmente urgente uma poltica de verdade dos preos neste sector. Areviso da directiva relativa tarifao da utilizao da infra-estrutura rodoviriapelos pesados de mercadorias, a fim de encorajar os Estados-Membros a aplicaremsistemas de tarifao diferenciada, ir melhorar a eficincia e o desempenhoambiental do transporte rodovirio de mercadorias, um aspecto de particular

    8 COM(2007) 575. Esta poltica compreende vrias propostas destinadas a melhorar a sustentabilidade do

    transporte martimo. Para mais elementos, ver o ponto 4 do documento de trabalho dos servios daComisso SEC(2008) 2206, Greening Transport Inventory.

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    importncia vista a significativa contribuio deste sector para o volume de trfego ede emisses.

    Na sua actual redaco, a directiva impede na prtica os Estados-Membros deutilizarem da forma mais eficaz os sistemas de portagens ou outros sistemas detarifao que estejam a desenvolver. No possvel, de momento, calcular e

    diferenciar as taxas com base nos custos externos, o que significa que osEstados-Membros esto impossibilitados de criar incentivos suficientes para que osoperadores modernizem as suas frotas com veculos mais ecolgicos e adaptem ositinerrios e a logstica para os tornar mais sustentveis.

    A reviso proposta alteraria esta situao, visto criar um enquadramento que permiteaos Estados-Membros diferenciarem as taxas9 em funo da poluio (atmosfrica esonora)10 causada ao nvel local e da contribuio do veculo para ocongestionamento na altura em que est a circular. A reduo do congestionamento,por sua vez, tambm contribuir de forma significativa para reduzir as emisses deCO2.

    Para garantir que as portagens so proporcionais aos danos ambientais e aocongestionamento realmente causados, e que o mercado interno continua a funcionarcorrectamente, a Comisso prope uma metodologia de clculo dos custos externoscomum e transparente. A proposta de reviso da directiva prev tambm que asreceitas do sistema de tarifao sejam utilizadas para reduzir o impacto ambiental dotransporte e do congestionamento11 e que as taxas passem a ser cobradas por meioselectrnicos aps um perodo de transio.

    4. MEDIDAS COMPLEMENTARES

    Conforme se disse atrs, para combater as incidncias negativas do transporte sonecessrias uma poltica de tarifao correcta e medidas complementares. Tanto maisque, conforme destaca a comunicao relativa internalizao, na seco consagrada estratgia, os preos de alguns produtos e servios, como o transporte, no incitaronecessariamente a uma mudana de comportamento (i.e., a procura pouco elstica).So, portanto, indispensveis medidas complementares. A Comisso apresentaassim, em simultneo com a presente, uma outra comunicao cujo tema a reduodo rudo produzido pelos vages, e ir tomar medidas adicionais, centradas nosvrios modos e incidncias, nos prximos 18 meses. Apresenta-se seguidamente umapanormica dessas medidas.

    4.1. Reduo do rudo ferrovirio

    As estimativas mostram que 10% da populao da UE est exposta a nveis elevadosde rudo ferrovirio, um dos principais factores limitativos do crescimento do sector.A reduo do rudo ter, assim, um efeito positivo, no s intrinsecamente como portornar o pblico mais receptivo expanso da infra-estrutura e do transporte

    9 Sob reserva de apenas ser amortizado o custo da infra-estrutura e de outras condies, como no seremgeradas receitas adicionais, a directiva actual permite uma diferenciao limitada das portagens.

    10 Os custos associados s emisses de CO2 sero incorporados nos impostos sobre os combustveis, no

    quadro da reviso prevista da directiva relativa tributao da energia.11 Por exemplo, em infra-estruturas alternativas, na gesto do trfego e na investigao.

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    ferrovirios. Se, em consequncia de tal medida, for possvel expandir ainfra-estrutura ferroviria sem problemas de maior e utiliz-la com maisflexibilidade, mais passageiros e mercadorias ser possvel atrair do modo rodoviriopara o ferrovirio, diminuindo assim o impacto global do sector do transporte nasociedade.

    Dado que j h normas comunitrias que limitam as emisses de rudo do materialcirculante novo, a comunicao neste domnio centra-se nos vages existentes eprope medidas no sentido de a maioria destes serem equipados com freiossilenciosos. A estratgia proposta combina limites mximos de emisso de rudo,compromissos voluntrios e disposies legislativas que estabelecem incentivosfinanceiros.

    A Comisso apresentar a proposta legislativa ainda em 2008, a fim de garantir que aadaptao das regras de tarifao do acesso infra-estrutura ferroviria conduza harmonizao dos sistemas de tarifao na Europa. Aos vages mais silenciosossero aplicadas tarifas mais baixas, a fim de permitir a recuperao do investimento.

    O equipamento dos vages com freios silenciosos dever estar concludo em 2015.Terminada esta fase, devero aplicar-se tarifas agravadas aos vages ruidosos quepermaneam em servio, a par de limites mximos de emisso de rudo se osEstados-Membros entenderem que os devem estabelecer , a fim de reduzir ovolume global de rudo em troos especficos da via, incentivando assim utilizaode vages mais silenciosos.

    A fim de acelerar a aplicao das novas regras, a Comisso ir tambm promovercompromissos voluntrios no sentido de se transmitirem os sinais de preo correctosaos proprietrios de vages ainda antes dos prazos legais de aplicao.

    4.2. Medidas a tomar nos prximos 18 meses4.2.1. Alteraes climticas

    As alteraes climticas constituem, muito provavelmente, o principal desafio que secoloca UE e ao sector do transporte. A Comisso vai, assim, propor medidas dealcance superior s descritas atrs para internalizao dos custos externos. No sectorda aviao, a Comisso propor legislao no domnio das emisses de xidos deazoto (NOx). No sector rodovirio, ir propor, em finais de 2008, a limitao dasemisses de CO2 das furgonetas novas, um sistema de rotulagem dos pneus e areviso da directiva relativa rotulagem dos automveis de passageiros.

    4.2.2. Poluio ao nvel local

    A UE j adoptou um grande nmero de medidas para combater a poluio aos nveislocal e regional, pelo que as novas iniciativas se centram no seu reforo ecomplemento.

    Atendendo ao papel dos compostos orgnicos volteis na formao de smog, importante limitar a emisso destes compostos que ocorre quando os automveis seabastecem nos postos de combustvel. A Comisso vai, pois, propor legislao nessesentido. A proposta relativa s emisses de NOx da aviao, atrs referida, ir

    tambm contribuir para reduzir a poluio atmosfrica ao nvel local.

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    Uma forma equilibrada, em termos de custos e benefcios, de reduzir as emisses depoluentes atmosfricos baixar o teor de enxofre nos combustveis lquidos. AComisso vai apresentar uma proposta para o efeito em 2009, que ter em conta osrecentes e importantes avanos na matria ao nvel da IMO e incluir oscombustveis navais.

    4.2.3. Rudo

    Dado o cada vez maior problema que o rudo representa, o seu impacto na sade 12 eo efeito que tem de refrear medidas de melhoramento da infra-estrutura detransportes, a Comisso considera muito importante continuar a procurar reduzir asemisses sonoras do sector do transporte. Alm da proposta legislativa relativa aorudo ferrovirio (ver seco 4.1), a Comisso estudar a oportunidade de novasmedidas para diminuir o rudo nos aeroportos da UE, nomeadamente a reviso dadirectiva relativa ao rudo das aeronaves. Em 2009, a Comisso propor igualmente areviso da directiva relativa ao rudo ambiente.

    4.2.4. Congestionamento

    Considerando que o congestionamento rodovirio representa, segundo se estima, umcusto anual equivalente a 1,1% do PIB da UE, atacar este problema uma dasprioridades da Comisso. A arma principal a internalizao dos custos externosatravs de sistemas inteligentes de tarifao da utilizao da infra-estruturarodoviria e o instrumento comunitrio principal, para o sector rodovirio, areviso da directiva relativa tarifao da utilizao da infra-estrutura rodoviriapelos pesados de mercadorias. Em paralelo com estas medidas, a Comissodisponibilizar fundos do programa das redes transeuropeias para sistemas deportagem electrnicos operados conjuntamente por, pelo menos, dois

    Estados-Membros. A Comisso vai tambm determinar em que medida e condiesse podero incluir aqui as unidades de bordo interoperveis para pagamentoautomtico da portagem.

    No sector da aviao, o recente pacote do cu nico visa triplicar a capacidade doespao areo europeu, em simultneo com uma reduo das emisses, por voo, at10%.

    4.2.5. Medidas transversais

    A Comisso vai tambm avanar com medidas que tero por efeito atenuar algumas

    incidncias negativas, especialmente nos modos ferrovirio e fluvial, dois modosalternativos ao rodovirio. No sector ferrovirio, a Comisso vai adoptar duaspropostas legislativas respeitantes, respectivamente, ao transporte de mercadorias e reviso da directiva relativa tarifao da utilizao da infra-estrutura (que irincorporar as alteraes referidas na seco 4.1).

    O plano de aco para a mobilidade urbana ter em considerao os cinco impactosnegativos e propor medidas de valor acrescentado europeu, mas que respeitem oprincpio da subsidiariedade, tanto para o curto prazo como para o mdio a longoprazo.

    12 Ver, por exemplo, no caso do rudo nos aeroportos, o documento COM(2008) 66.

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    O Livro Verde das redes transeuropeias de transportes far uma anlise da polticavigente, retirar ensinamentos da sua aplicao e discutir as melhores formas de alevar por diante nos prximos anos. Trata-se, nomeadamente, de reforar a vertenteda expanso sustentvel das redes e definir como podero contribuir eficazmentepara o combate s alteraes climticas.

    O plano de aco no domnio dos sistemas de transporte inteligentes (STI) para omodo rodovirio, que ser acompanhado por uma iniciativa legislativa, definir umaabordagem comum para a introduo no mercado e a utilizao das tecnologiasexistentes. O plano dever contribuir para a identificao de um ncleo de aplicaesSTI escala europeia, a avaliao da sua viabilidade comercial, a organizao dostrabalhos de investigao e validao necessrios e a gesto da sua introduo pelosoperadores, empresas, prestadores de servios e utentes rodovirios a nvel de toda aEuropa. Estas tecnologias contribuiro no s para reduzir o congestionamentorodovirio como para reforar a segurana e aumentar a eficincia energtica, aopossibilitarem que os transportadores e os viajantes em geral planeiem os seusitinerrios por forma a evitar os engarrafamentos e que as autoridades desviem

    trfego das zonas em que iria agravar a poluio atmosfrica ao nvel local. Autilizao mais eficiente da infra-estrutura significar, tambm, que menosinfra-estruturas novas sero necessrias, evitando-se assim a fragmentao dehabitats e a impermeabilizao de solos. A utilizao das futuras aplicaes Galileoser igualmente considerada no plano.

    5. CONCLUSO

    Conseguir uma mobilidade sustentvel algo que exige o esforo de todos osinteressados, e no apenas da Comisso. As trs iniciativas (as comunicaes

    relativas, respectivamente, internalizao dos custos externos do transporte e reduo do rudo ferrovirio e a proposta de reviso da directiva relativa tarifaoda utilizao da infra-estrutura rodoviria pelos pesados de mercadorias) lanadas emsimultneo com a presente comunicao, e as demais medidas que esta prope,representam um novo contributo da Comisso para a superao deste desafio, maspara reforar a sua eficcia necessria a aco concertada de todas as partesinteressadas.

    As trs iniciativas lanadas em simultneo com a presente comunicao partem dovasto corpus de medidas j tomadas, repertoriadas no inventrio apenso presentecomunicao, para impulsionar progressos no curto e mdio prazos. Mas a Comisso

    perspectiva tambm a sua aco a longo prazo. Assim, apresentar em 2009 umrelatrio sobre os cenrios de desenvolvimento da poltica de transportes nosprximos 20 a 40 anos e iniciar uma reflexo interna sobre o seguimento a dar aoactual Livro Branco dos Transportes, cujo horizonte temporal 2010. A novapoltica a definir ter, obviamente, de acompanhar a evoluo de um conjunto dequestes, incluindo as eventuais medidas ps-2012 de seguimento do Protocolo deQuioto e a explorao das muitas possibilidades oferecidas pelo sistema Galileo.

    A Comisso convida o Parlamento Europeu e o Conselho a darem o seu apoio a estaestratgia.