Ultimos reis de Portugal

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(séculos XIX / XX)

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Pequena biografia dos últimos reis de Portugal: D. Luís, D. Carlos e D. Manuel II, no contexto do final da monarquia e regicídio.

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(séculos XIX / XX)

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D. LUÍS ID. CARLOS ID. MANUEL II

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Nascimento/ Morte:Lisboa, 31 de Outubro de

1838 Cascais, 19 de Outubro

de 1889 (50 anos)

Reinado:11 de novembro de 1861

a19 de outubro de 1889

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D. Luís I, herdou a coroa em Novembro de 1861, sucedendo ao seu irmão Pedro V, por este não deixar descendência, e foi aclamado rei a 22 de Dezembro do mesmo ano.

A 27 de Setembro do ano seguinte casa-se, por procuração, com D. Maria Pia de Sabóia, filha do rei Victor Emanuel II, da Itália.

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D. Luís I, era um homem culto e de educação esmerada. De grande sensibilidade artística, pintava, compunha e tocava violoncelo e piano.

Falava corretamente algumas línguas europeia. Fez traduções de obras de William Shakespeare.

De temperamento calmo e concilia-dor, foi um modelo de monarca constitucional, respeitador escru-puloso das liberdades públicas.

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Do seu reinado merecem especial destaque: o início das obras dos portos de Lisboa e de

Leixões, o alargamento da rede de estradas e dos

caminhos de ferro, a construção do Palácio de Cristal, no Porto,

atualmente designado de Pavilhão Rosa Mota, a abolição da pena de morte para os crimes civis, a abolição da escravatura no Reino de Portugal, e a publicação do primeiro Código Civil.

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O Palácio de Cristal, da autoria do arquiteto inglês Thomas Dillen Jones, foi construído em granito, ferro e vidro, tendo o Crystal Palace de Londres, por modelo. 

A sua construção iniciou-se em 1861, sendo inaugurado em 18 de Setembro em 1865 pelo rei D. Luís.

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D. Luís I, era principalmente um homem das ciências, com uma paixãopela oceanografia. Investiu grande parte da sua fortuna no financiamento de projetos científicos e de barcos de pesquisa oceanográfica, que viajaram pelos oceanos em busca de espécimes.

• Em 1884, foi efetuada a Conferência de Berlim, que definia a partilha de África entre as grandes potências coloniais. O seu filho, D. Carlos I, irá ser vítima dessa partilha.

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Nascimento/ Morte:Lisboa, 28 de Setembro de 1863 Terreiro do Paço, Lisboa, 1 de Fevereiro de 1908 (44 anos)

Reinado:19 de outubro de 1889—01 de fevereiro de 1908

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Nascido no Palácio da Ajuda, em Lisboa, era filho do rei Luís I de Portugal e da princesa italiana, Maria Pia de Sabóia, tendo subido ao trono em 1889.

Foi chamado de “O Diplomata”, devido às múltiplas visitas que fez a Madrid, Paris e Londres, retribuídas com as visitas a Lisboa dos reis Afonso XIII de Espanha, Eduardo VII do Reino Unido, do Kaiser Guilherme II da Alemanha e do presidente da República Francesa.

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Na verdade o seu nascimento significou um verdadeiro alívio para a sucessão dinástica constitucional portuguesa (depois da morte dos três filhos varões de D. Maria ).

O Príncipe recebeu desde muito cedo uma cuidada educação, incluindo o estudo de várias línguas estrangeiras.

Ainda jovem viajou por várias cortes europeias (Inglaterra, Alemanha, Áustria, etc.). Foi numa dessas deslocações que conheceu a princesa francesa Amélia de Orleães, filha primogénita do Conde de Paris (pretendente ao trono de França). Após um curto noivado veio a desposar a princesa, em Lisboa.

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D. Carlos, foi um homem considerado pelos contemporâneos como bastante inteligente mas dado a extravagâncias.

O seu reinado foi caracterizado por constantes crises políticas e consequente insatisfação popular.

Logo no início do seu governo, o Reino Unido apresentou a Portugal o Ultimato britânico de Ultimato britânico de 18901890. Como Portugal se encontrava na bancarrota, tal situação era impossível de sustentar e assim se perderam importantes áreas coloniais.

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Apesar da grave crise que D. Carlos enfrentou no início do seu reinado face à Inglaterra, então a maior potência mundial, o rei soube inverter a situação e, graças ao seu notável talento diplomático conseguiu colocar Portugal no centro da colocar Portugal no centro da diplomacia europeia da primeira década do diplomacia europeia da primeira década do século XX.século XX.

Para isso contribuiu também o facto de D. Carlos ser aparentado com as principais casas reinantes euro-peias. Deslocou-se inúmeras vezes ao estrangeiro, representando Portugal nas exéquias da rainha Vitó-ria, em 1901. Uma prova do seu sucesso foi o facto da primeira visita que Eduardo VII do Reino Unido fez ao estrangeiro (como monarca) ter sido a Portugal.

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«Tu julgas que eu ignoro o perigo em que ando? No estado de excitação em que se acham os ânimos, qualquer dia matam-me

à esquina de uma rua. Mas, que queres tu

que eu faça? Se me metesse em casa, se não saísse, provocaria um grande descalabro. Seria a bancarrota. E que ideia fariam de

mim os estrangeiros, se vissem o rei impedido de sair? Seria o descrédito. Eu, fazendo o que faço, mostro que há sossego no País e que têm respeito pela minha pessoa. Cumpro o meu dever. Os outros que cumpram o seu.»

D. CARLOS I

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Compara a opinião do rei D. Carlos, que leste anteriormente, com a do Fialho de Almeida.

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Consegues explicar o porquê do Regicídio?

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1 Fevereiro 1908Quem sucede a D. Carlos I ?

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Nascimento/ Morte:Lisboa, 15 de novembro de 1889 a 2 de julho de 1932(42 anos)

Reinado:01 de fevereiro de 1908 a 05 de outubro de 1910

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D. Manuel II, foi o 35º e último Rei de Portugal.

D. Manuel II sucedeu ao seu pai, o Rei D. Carlos I, depois do assassinato deste e do seu irmão mais velho, o Príncipe Real, D. Luís Filipe, a 1 de Fevereiro de 1908.

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Teve o tratamento e a educação tradicionais dos filhos dos monarcas da sua época, embora sem preocupações políticas, dado ser o filho segundo do rei e, como tal, não esperar um dia vir a ser rei.

Aos seis anos já falava e escrevia em francês. Estudou línguas, história e música. Desde cedo se mostrou a sua inclinação pelos livros e pelo estudo, contrastando com o seu irmão, D. Luís Filipe, mais dado a atividades físicas.

Viajou em 1903 com a mãe, a Rainha Amélia de Orleães, e o irmão ao Egito, no iate real Amélia, aprofundando assim os seus conhecimentos das civilizações antigas.

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Em 1907 iniciou os seus estudos de preparação para ingresso na Escola Naval, preparando-se para seguir carreira na Marinha.

A sua futura carreira naval foi inesperadamente interrompida com o Regicídio de 1908Regicídio de 1908.

O infante estava em Lisboa, para se preparar para os exames da escola naval, tendo ido esperar os pais e o irmão ao Terreiro do Paço. Minutos depois deu-se o

ATENTADO, sendo D. Manuel atingido no braço.

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Com o Regicídio, em 1908,o Infante D. Manuel assumiu o trono. Tendo demitido de imediato o ministro João Franco, o jovem rei procurou acalmar a situação em Portugal mas, a queda da monarquia era já irreversível.

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Vamos analisar …Vamos analisar …

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A AGRICULTURA A AGRICULTURA E A E A INDÚSTRIA INDÚSTRIA

estavam pouco desenvolvidas, por isso tínhamos de comprar muitos produtos a outros países, como...

a Inglaterra.

(revê o gráfico da pág.40)

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As pontes, estradas, escolas… que se construíam, eram pagas com dinheiro que o rei pedia ao estrangeiro. Essa dívida tinha de ser paga, por isso aumentavam muito os impostos.

As pessoas sentiam que estavam cada vez mais pobres.

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Os bancos europeus estavam falidos, devido à crise de 1890/92 e exigiam o pagamento rápido das dívidas dos países ;

Os Estados aumentavam os impostos, tal como o governo português;

O desemprego e a inflação aumentavam constantemente;

Os burgueses e o operariado perdiam poder de compra.

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«Luís I, faz reinar a bandalheira; deixa que a Conferência de Berlim nos roubem a maior parte do nosso território africano, e conduz o país à bancarrota(...). D. Carlos, esbofeteado pela Inglaterra, curva-se rasteiramente; no seu reinado perdemos vários territórios nas nossas colónias de Moçambique, Angola e Guiné; o seu último ministro, João Franco, atirou com ele ao chão. (...)D. Manuel II, entendeu que o povo lhe devia dar mais ordenado (...). 365 contos por ano só para ele, mais 60 contos para a mamã, outros 60 para a vovó e 16 para a titi; tem também para alfinetes 160 contos; pagamos também à sua Guarda Real e à Orquestra da sua Real Câmara (...).

Até hoje, 14 reis da Casa de Bragança têm governado o país.. Grandes são os “benefícios” que a Nação lhes deve: uma dívida colossal (...), nenhumas indústrias, nenhum comércio, uma agricultura atrasadíssima, um povo analfabeto, esmagado pelos estrangeiros.»

Folheto atribuído a Machado dos Santos ( adaptado).

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atraso industrial e agrícola

desvalorização da moeda

inflaçãodesequilíbrio da

balança comercialaumento de

impostos

quebra de investimentos

aumento do desemprego

falência de empresasfalência de bancosaumento da dívida

pública

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organização de manifestações populares de contestação ;

greves ilegais;confrontos com a

polícia;forte emigração

(Brasil e colónias africanas);

forte taxa de analfabetismo;

carências várias e miséria;

desconfiança para com o governo monárquico e o seu responsável – o rei.

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O PARTIDO REPUBLICANOPropõe-se substituir a Monarquia pela República;Lidera uma forte propaganda contra o rei e o

governo;Afixam-se cartazes, organizam-se comícios,

promovem-se greves;A sua base de apoio era a pequena e média

burguesia urbana e o operariado.ATIVIDADE: Lê e comenta o 4.ºδ da pág. 40

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A MAÇONARIAA MAÇONARIA A Maçonaria é uma socieda-de intelectual e política, na qual os seus membros, culti-vam as ideias de Liberdade, Fraternidade e Igualdade entre os homens. Os seus princípios são a Tolerância, a Filantropia e a Justiça. O seu carácter secreto deveu-se a perseguições, a intolerância e a falta de liberdade demons-trada pelos regimes reinantes da época.

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Em Portugal, a Carbonária foi estabele-cida por volta de 1822. Era uma sociedade secreta e revolucionária que atuou na Itália, França, Portugal e Espanha nos séculos XIX e XX. Fundada na Itália, por volta de 1810, a sua ideologia assentava em valores de liberdade e um marcado espírito anticlerical.

Esteve envolvida em diversas conspirações antimonárquicas, como a sua participação no REGICÍDIO, de 1908 e na revolução de 5 DE OUTUBRO DE 1910, em que esteve associada a elementos da Maçonaria e do Partido Republi-cano.

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1890 - humilhação do governo, do rei e da população perante o ULTIMATO inglês; -fortes protestos por parte da oposição.

31 de janeiro de 1891-revolta militar fracassada no Porto – onde se chega a proclamar a República.

TAMBÉM CONTINUA ...

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A corrupçãoA corrupção manifestada em órgãos do governo;

Os escândalos financeiros escândalos financeiros (favorecimento de elementos/grupos partidários);

Os adiantamentos de dinheiros dinheiros públicos públicos à Casa Real, para gastos privados da família real;

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Durante todo o reinado de D. Carlos, o país encontrou-se a braços com crises políticas e económicas, que se estenderam ao ultramar.

Essas crises decorriam do ROTATIVISMO, pelo qual os dois principais partidos, o PARTIDO REGENERADOR e o PARTIDO PROGRESSISTA, se alternavam no poder.

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João Franco João Franco é nomeado 1.º ministro, pelo rei. Governa em Ditadura(1906/8), provocando fortes contestações.

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A agitação e a propaganda A agitação e a propaganda são lideradas por Republicanos e são lideradas por Republicanos e

Socialistas:Socialistas:1880- na Comemoração do tricentenário da

morte de Luís de Camões;

1882- na Comemoração do centenário da morte do Marquês de Pombal;

Resultaram na promoção do patriotismo, do culto do orgulho nacional com o cortejo no dia 10 10 de junho de junho – (Dia de Portugal) e transladação do túmulo de Camões para o Mosteiro dos Jerónimos.

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Surgem jornais republicanos que fazem contestação ao governo e à monarquia.

1890- compõe-se “A Portuguesa”, por Lopes Mendonça e Alfredo Keil – transfor-mada depois, em hino nacional.

Estabelecimentos comerciais, com simpatia republicana, deixam de comprar e vender artigos ingleses devido ao Ultimato;

Muitos hotéis recusam hospedagem a ingleses.

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O rei D. Carlos O rei D. Carlos nomeia nomeia JOÃO FRANCOJOÃO FRANCO para o governo, em 1907. para o governo, em 1907.

Este dissolve as Cortes, sem marcar novas eleições;Reprime violentamente as manifestações da oposição;Dirigentes republicanos são punidos, por decreto real , ao degredo – prisão nas colónias.

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DO REI D. CARLOS E DO

PRÍNCIPE REAL, D. LUÍS FILIPE1 de fevereiro de 1908

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Os autores do atentado foram Alfredo Costa e Manuel Buíça. Os assassinos foram mortos no local por membros da guarda

real e reconhecidos posteriormente como membros do movimento republicano. A sua morte indignou toda a Europa.

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Vais ler o relato de um jovem de 18 anos, sobre o dia do assassinato do seu pai e do seu

irmão.

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“Há já uns poucos de dias que tinha a ideia de escrever para mim estas notas intimas, desde o dia 1 de Fevereiro de 1908, dia do horroroso atentado no qual perdi barbaramente assassinados o meu querido Pae e o meu querido Irmão. Isto que aqui escrevo é ao correr da pena mas vou dizer franca e claramente e também sem estilo tudo o que se passou. Talvez isto seja curioso para mim mesmo, um dia, se Deus me der vida e saúde. Isto é uma declaração que faço a mim mesmo. Como isto é uma historia intima do meu reinado vou inicia-la pelo horroroso e cruel atentado.”

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No dia 1 de Fevereiro regressavam suas Majestades el-Rei D. Carlos I, a rainha, a Senhora Dona Amélia, e Sua Alteza o Príncipe Real Luís Filipe, de Vila Viçosa onde ainda tinham ficado.

Eu tinha vindo cedo (uns dias antes) por causa dos meus estudos de preparação para a Escola Naval. [...]

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Na capital estava tudo num estado de excitação extraordinária. [...] Depois do almoço estive a tocar piano muito contente porque naquele dia dava-se pela primeira vez o Tristão e Isolda ,de Wagner, no teatro de S. Carlos. [...] Pouco depois recebi um telegrama da minha adorada Mãe, dizendo-me que tinha havido um descarrilamento na Casa Branca, que não tinha acontecido nada, mas que vinham com três quartos de hora de atraso. [...] Dei graças a Deus, mas nem me passou pela mente, como bem se pode calcular, o que havia de acontecer.

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Um pouco depois das 4 horas sai do Paço das Necessidades ,num landau, com o visconde de Asseca em direcção ao Terreiro do Paço. [...]

Finalmente chegou o barco em que vinham os meus pais e o meu irmão. Abracei-os e viemos seguindo até à porta [...], entrámos para a carruagem os quatro.

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No fundo a minha adorada Mãe dando a esquerda ao meu pobre Pai. O meu chorado Irmão diante do meu Pai e eu diante da minha Mãe.

O que agora vou escrever é o que me custa mais: ao pensar no momento horroroso que passei confundem-se-me as ideias. Que tarde e que noite mais atroz!

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Saímos da estação bastante devagar.

A minha Mãe vinha-me a contar como se passou o descarrilamento na Casa Branca quando se ouviu o primeiro tiro no meio do Terreiro do Paço, mas que eu não ouvi. Era sem dúvida o sinal para começar aquela monstruosidade.

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Eu estava olhando para o lado da estátua de D. José e vi um homem de barba preta com um grande gabão. Vi esse homem abrir a capa e tirar uma carabina. Estava tão longe de pensar num horror destes que disse para mim mesmo: «Que má brincadeira.» O homem saiu do passeio e veio pôr-se atrás da carruagem e começou a fazer fogo. [...] Logo depois de o Buiça ter feito fogo (que eu não sei se acertou) começou uma perfeita fuzilada como numa batida às feras. [...]

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Saiu debaixo da arcada do Ministério, um outro homem que desfechou uns poucos de tiros à queima-roupa sobre o meu pobre Pai. Uma das balas entrou pelas costas e outra pela nuca, o que o matou instantaneamente. [...] Depois disto não me lembro quase do resto: foi tão rápido!

Lembro-me perfeitamente de ver a minha adorada e heroica Mãe de pé, na carruagem, com um ramo de flores na mão gritando àqueles malvados animais: "Infames, infames.“

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A confusão era enorme. [...] Vi o meu Irmão em pé dentro da carruagem com uma pistola na mão. [...]De repente, já na rua do Arsenal, olhei para o meu queridíssimo Irmão. Vi-o caído para o lado direito com uma ferida enorme na face esquerda, de onde o sangue jorrava como de uma fonte. Tirei um lenço da algibeira para ver se lhe estancava o sangue. Mas que podia eu fazer? O lenço ficou logo como uma esponja. [...]

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Eu também fui ferido num braço por uma bala. Faz o efeito de uma pancada e um pouco de uma chicotada. [...]Agora que penso neste pavoroso dia e no medonho atentado parece-me e tenho quase a certeza (não quero afirmar porque nestes momentos angustiosos perde-se a noção das coisas) que eu escapei por ter feito um movimento instintivo para o lado esquerdo. [...]»

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Assinado:  Manuel Maria Filipe Carlos Amélio luís Miguel Rafael Gonzaga Xavier Francisco de Assis Eugénio de Bragança – 18 anos

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Queres saber em que dia da semana era o dia......

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v21.htm

Ângela Leite2012/2013