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    SOCIEDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAU / SESPIFACULDADE PIAUIENSE - FAP

    COORDENAO DE CINCIAS CONTBEIS

    CONTABILIDADE INTERNACIONALPROF. HENRIQUE MELO

    APOSTILA

    ALUNO: _______________________________________________TURMA:_______________ BLOCO: ______________

    PARNABA / PI

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    SUMRIO

    Contabilidade (novos rumos e atividades) e seu ambiente no Brasil ............................ 04Por que Harmonizar ......................................................................................................... 06Harmonizao Contbil .................................................................................................... 07Harmonizao das Prticas Contbeis Mundiais ........................................................... 09Os Principais Escndalos Contbeis ................................................................................ 09O Caso Enron EUA (2001) ............................................................................................ 10O Caso WorldCom EUA (2002) .................................................................................... 12Governana Corporativa e a Contabilidade ................................................................... 14Relao entreDisclosure e a Governana Corporativa ................................................. 16A Transparncia dos Registros e dos Demonstrativos Contbeis ................................ 18Contabilidade Internacional ............................................................................................ 19Normas Contbeis Internacionais ................................................................................... 22Organizaes Internacionais e Organismos Normatizadores ....................................... 23Organizaes das Naes Unidas (ONU) ........................................................................... 23Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OECD) ........................ 25rgos Reguladores da Contabilidade Internacional ................................................... 27Financial Accounting Standards Board (FASB) . 28International Accounting Standards Board (IASB) .... 28Convergncia s Normas Internacionais do IASB . 30Definio de GAAP ........................................................................................................... 31Harmonizao e Diferenas entre USGAAP versus BRGAAP ..................................... 32IFRS Normas Internacionais de Contabilidade .......................................................... 35Principais Diferenas entre os critrios e divulgaes Contbeis Brasileiros e Norte-

    Americanos ........................................................................................................................ 36A Lei SOX .......................................................................................................................... 36A Governana Corporativa e a Lei Sarbanes-Oxley ..................................................... 38Responsabilidade Corporativa como Meta Estratgica das Empresas em NveisInternacionais .................................................................................................................... 40Demonstraes Financeiras Obrigatrias ....................................................................... 42Normas Internacionais ...................................................................................................... 42Normas Americanas .......................................................................................................... 43Balano Patrimonial .......................................................................................................... 44Normas Internacionais ...................................................................................................... 44Normas Norte-Americanas ............................................................................................... 45

    Estrutura do Balano Patrimonial .................................................................................. 46Normas Internacionais ..................................................................................................... 47Normas Norte-Americanas .............................................................................................. 48Demonstrao do Resultado do Exerccio ...................................................................... 49Normas Internacionais ..................................................................................................... 49Normas Norte-Americanas .............................................................................................. 50Principais Componentes da Demonstrao do Resultado ............................................ 51Normas Internacionais ..................................................................................................... 51

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    Normas Norte-Americanas .............................................................................................. 52Estrutura da Demonstrao do Resultado ..................................................................... 53Normas Internacionais ..................................................................................................... 53

    Normas Norte-Americanas .............................................................................................. 54Estudos de Caso ................................................................................................................ 56Caso n 1: Elaborao do balano patrimonial (resolvido) ................................................. 56Caso n 2: Elaborao do balano patrimonial mais complexo .......................................... 62Caso n 3: Elaborao do balano patrimonial e demonstrao do resultado do exerccio 65Caso n 4: Elaborao do balano patrimonial e demonstrao do resultado do exercciomais complexo .................................................................................................................... 69Referncias ......................................................................................................................... 73Anexos (Artigos Cientficos) ............................................................................................. 75

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    CONTABILIDADE (NOVOS RUMOS E ATIVIDADES) E SEU AMBIENTE NOBRASIL

    A comunidade contbil no Brasil tem verificado a necessidade, cada vez mais intensa, demovimentos em direo ao suporte de informaes gerenciais de qualidade na gesto dasempresas clientes. O fato que o empreendedor precisa deixar de lidar com a burocracia enecessita de apoio e orientaes consistentes para a correta tomada de decises.

    Na esteira deste novo comportamento est a busca de transformao da atividade decontador em consultor empresarial.

    O que se coloca, objetivamente, a mudana do perfil do atual profissional contbil dacondio de mero despachante governamental (leia-se darfista) para o apoio e ajudadefinitiva em relao ao sucesso do empreendedor. Na prtica, significa deixar de ser

    apenas o profissional da organizao e execuo de servios de registro e escrituraocontbil e de perito judicial e extrajudicial para atuar como o orientador em face dasmudanas da lei, dos procedimentos para emisso de documentos fiscais, das exignciasbancrias de determinados relatrios, das sugestes sobre decises da vida empresarial, dosrequisitos de arquivos e proteo de dados, do apoio s questes judiciais, de estudostributrios, precificao, estratgias comerciais, blindagem fiscal e outros.

    Neste aspecto vem ganhando fora a contabilidade gerencial ou decisorial em funo dadiminuio das margens de lucros provenientes da presso da concorrncia, necessidadesprementes de anlise, planejamento, controle, avaliao de performance e informaes paraa tomada de decises que demandam maior eficincia nos negcios.

    Outro aspecto importante que o aprimoramento destas informaes, cuja essncia visa aoimpacto de eventos futuros, realizados atravs de anlises especficas, ainda no pode serfeitas pelos computadores, ou seja, estudos de situaes crticas imprescindveis ao negciopressupem a utilizao de tcnicas apuradas e necessidades especficas da atividadeempresarial das quais a tecnologia da informao oferece ferramentas importantes desuporte na tomada e compilao dos dados mas, em si, no resolvem os problemas.

    Portanto, a atividade contbil em tempos modernos ganha em amplitude e crescesimultaneamente em importncia e responsabilidade. O direcionamento para incrementarreceitas atravs de trabalhos de consultoria demanda a definio clara do produto a ser

    ofertado bem como as caractersticas essenciais do que o escritrio est em condies devender e entregar ao mercado consumidor dos projetos e servios relacionados.

    Na realidade o produto a ser ofertado representa algo que gere os resultados ou benefciosque o mercado procura obter. O diferencial est em relao aos projetos que adicionamvalor atividade dos clientes.

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    Em sntese, a funo do profissional est relacionada a realizao de um trabalhorepresentado por um projeto especfico para o seu cliente, fazendo-o de forma independentedo risco e da responsabilidade pela administrao dos recursos empregados.

    O consultor que busca realizao e reconhecimento de seu trabalho deve estar consciente deque sua trajetria de atuao diretamente proporcional ao investimento que faz em buscaramplo aperfeioamento para conquistar estabilidade financeira e profissional.

    Existem diversas razes que movem as empresas na busca por servios de consultoria eestes motivos devem estar presentes na estratgia de marketing do profissional decontabilidade que almeja atuar neste segmento.

    Em todas as atividades empresariais as ameaas e oportunidades sempre estaro presentes.Na rea contbil este paradigma no diferente. No se pode negar, em absoluto, que

    existem diversas transformaes relevantes na atual forma de trabalhar dos contadores. Oconjunto destas transformaes, analisadas sob a tica de novas perspectivas, podem definirum quadro de transio para a atividade de consultoria sem comprometimento das tarefasdo escritrio.

    O conceito central desta viso de que h a verdadeira possibilidade de ampliao dosservios profissionais, haja vista que neste novo cenrio existem razes que nos apontamdiretamente para uma outra postura em relao s oportunidades que surgem para asustentao da presena do contador.

    No atual contexto econmico o ambiente empresarial vem experimentando diversas

    mudanas das quais podemos entender como sendo o campo frtil para uma nova viso emprestar servios com outras alternativas de trabalho e renda. neste quadro que surge aconsultoria como possibilidade de atendimento s novas demandas.

    As empresas em geral, no sentido de adequao de custos frente alta competitividade domercado, em certas ocasies, reduzem drasticamente o seu quadro funcional sem faz-lo noentanto em relao aos trabalhos internos. Nesta fase de reestruturao dos departamentosmuitos empresrios tendero a convocar consultores externos para a orientao apropriadaacerca da nova maneira de trabalhar sem comprometer a qualidade e as exignciasnecessrias. O consultor passa a ser figura importante no aspecto de organizar as atividadessem a presena dos profissionais que deixaram as suas funes e que, em regra, no tiveram

    condio de planejar a transio para a nova situao. Os trabalhos de consultoria numquadro como este estar em implantar um projeto que ajude a empresa a gerenciar estasmudanas com o mnimo de turbulncia at que volte novamente ao nvel adequado deeficincia.

    Desta forma surge condio favorvel ao trabalho do contador que acompanha o seu clientee que tem a possibilidade de auxili-lo nesta fase j que em geral entende e avalia comintensidade o impacto dessas mudanas de acordo com seus conhecimentos prticos, muitas

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    vezes at antecipando e orientando determinadas atitudes. Podemos citar como exemplo asanlises e diagnsticos cuja ligao com os servios contbeis pode estar na obteno donvel de rentabilidade da empresa, o EBTIDA, o retorno sobre o investimento, as questes

    relativas a capacidade produtiva, a adequabilidade dos custos e despesas face aofaturamento, o nvel de endividamento e decises como comprar ou locar equipamentos, averificao da produtividade administrativa, a adequabilidade do sistema de arquivos emrelao a sua eficincia em obter no menor prazo possvel as informaes necessrias, aadministrao financeira em geral, a anlise do quadro de pessoal sob a tica dos encargose exigncias correlacionadas, as estratgias fiscais na reduo de impostos, necessidades decapital de giro, projees de caixa, estruturao de contas a pagar e receber,acompanhamento na implantao de sistemas informatizados (parametrizao) , etc.

    As decises necessrias ao dia a dia de todo negcio demandam embasamento eentendimento crtico para serem operacionalizadas. O contador poder atuar em diversas

    frentes quando o assunto orientao decisorial.

    fundamental que o futuro consultor pesquise com preciso o mercado com o qual deveratuar e que parcela deste mercado vai atender. Esta recomendao est adstrita ao seu planode negcio cuja implantao envolve a deciso das questes centrais para o futuro daatividade.

    O profissional contbil que almeja projetos na rea de consultoria, em princpio, poderutilizar-se da sua prpria carteira de clientes e evoluir para a conquista do mercado comcrescimento planejado. Na atividade de conquistar clientes o titular do escritrio deverconsiderar criteriosamente a prospeco de clientes, os contatos e as promoes. Em suma

    mister entender que o mercado rejeita repeties do que j foi dito e publicado ao longodos anos e que s h interesse se o profissional trouxer algo novo atravs de conceitos e deorientaes atualizadas.

    Fica evidente que perfeitamente possvel ao profissional contador, agregar aos seustrabalhos uma outra atividade: a consultoria empresarial. Os principais elementos quenorteiam esta possibilidade esto no fato de uma nova perspectiva de atuao que visaapoiar e dar consistncia as necessidades de deciso da vida empresarial realizando projetoscujos resultados representem verdadeiras mudanas na competncia dos negcios1.

    POR QUE HARMONIZAR2

    O desenvolvimento tecnolgico acentuado na rea de comunicaes, o avano nos meios detransporte e o crescimento do comrcio internacional fortalecem a interdependncia entrediversas naes, trazendo o fenmeno da globalizao de mercados, aproximando cada vezo mundo nas ltimas dcadas.

    1 Artigo de Mrio Leme. Ver no site: www.classecontabil.com.br.2 Retirado do Captulo 3 do livro Contabilidade Internacional de Jorge Katsumi Niyama (2008, p. 38).

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    A contabilidade a principal linguagem dos negcios, e esse processo de comunicao dificultado pela existncia de diferenas internacionais nofinancial reporting.

    Como minimizar a questo das diferenas internacionais?

    De uma forma geral, tanto em nvel de empresas, entidades profissionais, clientes,instituies de ensino, h um consenso favorvel para uma harmonizao de padrescontbeis que facilite a comunicao e contribuam para reduzir as diferenas internacionaisnofinancial reporting, permitindo a comparabilidade das informaes.

    verdade que o termo harmonizao tem sido algumas vezes associado incorretamentecom padronizao de normas contbeis. Harmonizao um processo que buscapreservar as particularidades inerentes a cada pas, mas que permita reconciliar os sistemascontbeis com outros pases de modo a melhorar a troca de informaes a serem

    interpretadas e compreendidas, enquanto padronizao um processo de uniformizao decritrios no admitindo flexibilizao.

    HARMONIZAO CONTBIL

    A globalizao uma realidade a despeito das crticas quanto suas conseqncias, e ossistemas de informaes em todos os nveis esto sendo moldados ou adaptados para seremvlidos em qualquer lugar do planeta. A Internet o exemplo mais real do que se podechamar de mundo globalizado, e j no existem mais fronteiras: O capital financeiro move-se na velocidade do som (quer dizer, das linhas telefnicas) e a informao um produto deconsumo.

    Neste cenrio, as informaes produzidas pela contabilidade so utilizadas para a tomadade decises sobre alocao do capital de investidores em locais diferentes de sua origem,muitas vezes em localizao geogrfica oposta. Mas para que as informaes contbeispossam ser teis para o tomador de deciso econmica, principal objetivo da contabilidade, preciso diminuir as diferenas regionais para tornar-se uma linguagem universal.

    Diferentes modelos contbeis adotados em cada regio do mundo, pode resultar emtendncias diferentes sobre a performance de uma empresa, por exemplo, que a posioextremamente conservadora da Alemanha em contraposio subjetividade e aflexibilidade do modelo Britnico apoiado no True and Fair View ,faz com que o lucro

    mensurado por um ou outro modelo seja diferente, quando no divergente.

    O mundo todo, preocupado com o modo de viabilizar o fluxo eficiente de capitais entrepases, mobiliza-se na tentativa de encontrar solues de consenso, atravs da elaborao depadres internacionais de contabilidade e auditoria, desenvolvidos de um lado, pelo ComitInternacional de Normas Contbeis (Iasc - International Accounting Standard Commitee) epor outro a Federao Internacional de Contadores (Ifac- International AccountingFederation Commitee ) de Nova York. Segundo MOREIRA (26/02/99:c-8), A necessidade

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    de um conjunto de normas genuinamente internacionais, para apresentao de balanos epeas contbeis, intensificou-se com as recentes crises financeiras nos pases emergentes.

    Em outubro o Banco Mundial (Bird) pediu s cinco grandes firmas de contabilidade eauditoria no colocar seu nomes em balanos publicados nas economias asiticas, a menosque fossem preparados com base em padres internacional. Ainda, informa MOREIRA,

    a norma em preparao no Iasc ser examinada em maio,(...), pela Organizao Internacional devalores Mobilirios (Iosco). Se aprovada a Iosco vai estimular as comisses de valores nacionais aesforar-se para inclu-las nas normas domsticas. Isto exigir mudanas na lei tributria e na leisocietria, e levar tempo".

    A idia do Iasc de que a empresa, ou investidor, que preferir limitar-se a seu pas,continue seguindo a regra local. Mas quem quer aventurar-se no exterior passar a ter um

    referencial nico para examinar os balanos.

    Neste contexto, a compreenso dos modelos de contabilidade adotados em cada paspermite uma melhor entendimento quanto ao potencial de alteraes que cada um destespodem aceitar e se harmonizarem num modelo unificado (ou globalizado) diminuindo ospossveis conflitos de utilizar um padro que possa ferir valores culturais de umdeterminado grupo social.

    Pode-se dizer que a prtica contbil tem se moldado no tempo e no espao (aqui comconotao geogrfica) s necessidades de seus usurios, gerando vrios modelos. Nestetrabalho foram analisadas as propostas de FRANK(1979) e de Rui MOTA(1990) de

    agrupamento dos modelos contbeis segundo os padres culturais , tendo sido observadasalgumas diferenas entre as classificaes, sobretudo naquelas sociedades onde o modelocontbil adotado encontrava-se em uma rea fronteiria entre dois modelos.

    Fortes evidncias para endossar o argumento da ascendncia dos fatores ambientais eculturais sobre a prtica contbil, presente em vrias pesquisas elencadas neste trabalho,entre eles GRAY(1988), FRANK(1979), HOFSTEDE(1980), MOTA(1990), foramencontradas nas analises dos modelos contbeis: Britnico, Norte Americano, da Europa eAmrica Latina, Brasileiro, da Europa do Norte e da Rssia e Estados Independentes. Emcada um dos modelos analisados, o conjunto de prticas contbeis que compe o sistemaem uso em cada sociedade, se formou atravs dos fatos histricos, ou seja, das experincias

    prticas de cada grupo social e, portanto, o modelo contbil foi delineado em conseqnciado modelo cultural e social.

    Pde-se constatar nesse trabalho que valores sociais, culturais, tanto quanto os valorescontbeis, no so estticos. Esto constantemente interagindo com o ambiente externo,atravs dos relacionamentos comerciais entre pases, da instalao de empresasmultinacionais, da globalizao dos mercados de capitais.

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    J que a contabilidade o produto do meio, identificar e entender e prever como os fatoresculturais e ambientais afetam a prtica contbil no pode ser negligenciado quando sepretende aperfeioar a Teoria Contbil e desenvolver um modelo til e que seja aplicvel

    mundialmente. O sistema contbil internacional, para ser eficiente, deve ser compatvelcom os valores contbeis de cada pas3.

    HARMONIZAO DAS PRTICAS CONTBEIS MUNDIAIS

    Em janeiro de 2006, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e o Instituto dosAuditores Independentes do Brasil (IBRACON) divulgaram o primeiro estudo sobre asprincipais diferenas entre as Prticas Contbeis Adotadas no Brasil e as NormasInternacionais de Contabilidade (IFRS), resultado de um trabalho comum integrado porprofissionais das duas entidades que se empenharam em analisar esses conjuntos de normasde contabilidade e sumariar as principais diferenas existentes.

    Este estudo tomou por base as prticas contbeis adotadas no Brasil, vigentes em dezembrode 2005, bem como as IFRSs divulgadas pelo International Accounting Standards Board(IASB), entidade internacional responsvel pela emisso das Normas Internacionais deContabilidade, na ltima edio disponvel.

    Apesar de as normas contbeis estarem em permanente processo de evoluo e,conseqentemente, existirem estudos e processos em andamento para novas alteraes,tanto as locais quanto as internacionais, a edio de 2005 das IFRSs considerada peloIASB como uma plataforma estvel, de forma que foi considerada apropriada pelosprofissionais envolvidos no projeto para ser uma razovel base de comparao neste

    momento4.

    OS PRINCIPAIS ESCNDALOS CONTBEIS5

    Ao analisarmos os casos a seguir, constataremos que em sua maioria, as prticas demanipulao utilizadas no eram exatamente ilegais, ou seja, eram permitidas por brechasverificadas na legislao existente. No entanto, a existncia destas brechas talvez sejaoriginada pelo fato de que na poca em que aquelas leis foram escritas, o legislador tenhaconsiderado desnecessrio explicitar que determinadas praticas jamais deveriam seradotadas, uma vez que elas viriam a transgredir o conceito do que seria consideradoeticamente aceitvel. A fim de dar uma abordagem prtica ao efeito da ausncia de conduta

    tica e seu possvel resultado sobre a eficincia dos mercados, sero brevemente discutidosexemplos de empresas implicadas por algum tipo de conduta no-tica ou pela falta de

    3 Trecho do artigo Influncia dos Aspectos Culturais na Prtica Contbil de autoria de Helosa PinnaBernardo, apresentado no EnANPAD 2000 em Florianpolis SC.4 Ver no livro Contabilidade Internacional de Alexandre Martins Silva de Oliveira; Anderson de OliveiraFaria; Lus Martins de Oliveira; Paulo Svio Lopes da Gama Alves (2008, p. 9).5 Retirado do Captulo 1 do livro SOX Entendendo a Lei Sarbanes-Oxley de Vnia Maria da Costa Borgerth(2008, p. 1).

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    disclosure, nos ltimos anos; a reao do mercado ao conhecimento dos seus respectivosdesvios de conduta e as aes empreendidas por estas empresas, a fim de recuperar aconfiana do mercado.

    O Caso ENRON EUA (2001) 6

    A EMPRESA

    At a exploso dos escndalos envolvendo a Enron, qualquer rumor negativo a seu respeitoera considerado sem fundamento. Afinal, tratava-se da quinta maior empresa norte-americana (2001, 7 em 2000), por cinco anos apontada pelo ranking da revista Fortunecomo uma das cem melhores empresas para se trabalhar nos Estados Unidos.

    Fundada em 1985, a partir da fuso de duas empresas distribuidoras de gs natural, em

    1989 a Enron comeou a atuar no mercado de commodities de gs natural. Sua estratgiaera comprar uma empresa geradora ou distribuidora de gs natural e fazer dela um centrode armazenamento ou comercializao de energia. Em apenas 10 anos atuando nessemercado, a Enron j detinha 25% do mercado de commodities de energia, com mais de US$100 bilhes em ativos. Em dezembro de 2000, apenas um ano antes da crise, suas aesindicavam um crescimento de 1.700% desde sua primeira oferta, com um ndice P/L(Preo/Lucro) de aproximadamente 70, tendo atingido o seu pico ao preo de US$ 90 porao. Em 04/06/2001, sua ao estava quotada a US$ 54,54 (fonte: Bloomberg), algumassemanas aps o inicio do escndalo, em 10.12.2001, esta mesma ao estava quotada a US$0,81.

    O ESCNDALO

    Em novembro de 2001, sob investigao da Securities and Exchange Commission (SEC), aempresa admitiu ter inflado seus lucros em aproximadamente US$ 600 milhes nos ltimosquatro anos. O que j era grave o suficiente para abalar o mercado alcanou porporesmundiais quando os detalhes da atuao da empresa vieram tona.

    A fim de apresentar uma sade financeira que lhe permitisse acesso a crdito, a empresamanipulou seus dados contbeis. Isso se deu pela criao de empresas do tipo SpecificPurpose Enterprise (SPE), em que executivos da Enron eram os acionistas principais e dasquais a prpria Enron detinha apenas 3% do controle. Isso descaracterizaria a necessidade

    de consolidao dos resultados dessas empresas nas demonstraes contbeis da Enron,que, ento, realizava transaes com tais empresas, com os seguintes objetivos:

    Proteo de investimentos para falsamente proteger seus investimentos contrariscos de mercado, a Enron transferia as aes para a SPE, firmando um contrato de

    6 Retirado do Captulo 1 do livro SOX Entendendo a Lei Sarbanes-Oxley de Vnia Maria da Costa Borgerth(2008, p. 1).

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    opo (PUT), pelo qual a SPE era obrigada a comprar as aes a um preo fixo.Dessa forma, caso o preo desses investimentos casse, a Enron exerceria a opo, etoda a perda decorrente da desvalorizao do investimento se concentraria na SPE,

    que, por ser uma emrpesa apenas nopapel, no teria uma perda real. Transparncia de ativos quando havia risco de um ativo especifico prejudicar as

    demonstraes da prpria Enron, por exemplo, um crdito junto a uma empresa comclassificao de alto risco para o mercado, a Enron vendia esse ativo para uma dasSPE, recomprando aps o encerramento das demonstraes contbeis daqueleperodo.

    Disfarce de emprstimos em um dos casos de disfarce de emprstimo a Enronfirmou um contrato de fornecimento de energia por um determinado perodo, novalor de US$ 394 milhes. O contrato previa um desconto para US$ 330 milhes,caso o comprador concordasse em pagar vista. Simultaneamente, a Enron firmououtro contrato com uma subsidiria do comprador para adquirir a mesma quantidadede energia por US$ 394 milhes pagveis ao longo do perodo. Essa operaotriangular resultou em emprstimo de US$ 330 milhes, com juros fixos de US$ 64milhes. Com essa estratgia, a Enron evitou a configurao do aumento do seuendividamento.

    Com exceo do disfarce de emprstimos, na verdade, nenhuma das outras transaes eraefetivamente ilegal, desde que realizadas com pessoas jurdicas que fossem independentesda Enron, o que obrigaria a empresa a reconhecer efeitos nas suas demonstraes contbeis.O fato de as operaes terem sido feitas por meio de SPEs, que na verdade eramcontroladas pela prpria Enron, caracterizou a total falta de tica das mesmas.

    Alm das manipulaes contbeis, descobriu-se que o cdigo de tica da empresa, emboraexistente, era constantemente objeto de excees e no-conformidades. Ademais, deciseseram aprovadas sem que tivessem passado por todas as instncias de controle internoesperadas e nem todas as decises relevantes eram submetidas aprovao do Conselho deAdministrao da Empresa, que, conseqentemente, recebia apenas informaes parciais.

    Enfim, a empresa de caracterizou por um infindvel nmero de falhas de reviso emonitoramento por parte do seu Comit de Auditoria, que, teoricamente, deveria estaratento a esse tipo de falha. Coincidentemente, alguns dos membros desse Comit, e oprprio presidente da empresa, venderam mais de US$ 1,1 bilho em aes da Enron nocurto perodo entre o inicio dos rumores e o estouro do escndalo.

    Em menos de um ms aps o estouro do escndalo, a Enron entrou com pedido de falncia.O preo de suas aes caiu para US$ 0,70 por ao. Kenneth Lay, presidente do Conselhode Administrao da empresa e um dos principais suspeitos, chegou a vender cerca de US$200 milhes em aes da companhia antes da queda. Um dos membros do Conselho, CliffBaxter, cometeu suicdio, e o Fundo de Penso da empresa foi bancarrota, deixandodesamparados os milhares de funcionrios honestos e dedicados que, at ento, tinhamorgulho de pertencer ao quadro funcional da quita maior empresa norte-americana.

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    Certamente, tal como ocorrera com a quebra da Bolsa em 1929, o mercado dos EstadosUnidos ser reconhecido compreps-Enron.

    Alm da atitude da prpria Enron, o comportamento de trs classes profissionais tambmfoi marcado por posies antiticas: os advogados, os analistas de mercado e os auditoresindependentes da empresa.

    No caso dos advogados, os escritrios contratados pela Enron participaram ativamente daestruturao legal das operaes, mesmo sabendo o quanto essas operaes beiravam olimite da tica. Quando as primeiras denuncias foram feitas, a Enron contratou um outroescritrio de advocacia para dimensionar o real risco a que a emrpesa estaria exposta. Esteescritrio sinalizou que tudo o que a empresa precisaria fazer era intensificar suas prticasde relaes pblicas.

    Os analistas de investimentos tm como funo analisar a situao financeira e aperspectiva de retorno dos investimentos das empresas que acompanham, recomendandoaos seus investidores comprar ou vender aes dessas empresas. Nos meses queantecederam o escndalo, apesar de todos esses analistas terem estudado continuamente aEnron, a indicao de compra era quase unnime. Ocorre que esses analistas eramfuncionrios de bancos de investimentos e a maioria deles tinha operaes financeiras coma Enron.

    Uma eventual recomendao de venda resultaria em uma queda das aes da empresa,piorando as perspectivas desses bancos em terem seus emprstimos honrados. Algunsdestes bancos, como o Merril Lynch e o J.P.Morgan, esto sendo punidos com o pagamento

    de altas multas, em funo de ter sido constatada a manipulao de relatrios de analistas apartir da descoberta de e-mails dos mesmos para seus chefes alertando para o risco, e destesmandando seus funcionrios desconsiderarem os fatos apontados.

    Uma grande parcela das multas se destinar ao pagamento de indenizao a investidoreslesados e a programas de educao dos investidores, para que eles tenham melhorescondies de analisar, por si s, os riscos envolvidos em seus investimentos.

    O Caso WORLDCOM EUA (2002) 7

    A EMPRESA

    Por ocasio de seu pedido de falncia, em julho de 2002, a WorldCom era conhecida comoa segunda maior empresa de telefonia de longa distncia nos Estados Unidos.

    7 Retirado do Captulo 1 do livro SOX Entendendo a Lei Sarbanes-Oxley de Vnia Maria da Costa Borgerth(2008, p. 7).

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    Durante os cinco anos que antecederam sua falncia, a empresa havia crescidointensamente, a partir de fuses e aquisies, usando bilhes de dlares de suas prpriasaes e dividas de US$ 25 bilhes como mecanismo de financiamento desse crescimento.

    Para forjar essas fontes, a WorldCom manipulou suas demonstraes contbeis no perodode 1999 a 2002, dando origem ao maior caso de fraude contbil da histria norte-americana.

    O relator do processo contra os executivos da empresa atestou que as prticas adotadas pelaWorldCom tinham na simplicidade o seu toque de gnio e poderiam ter sido facilmentedescobertas se os agentes que deveriam ter atuado como fiscalizadores: auditoria (ArthurAndersen), bancos subscritos (Salomon Brothers, JP Morgan, Bank of Amrica, DeutscheBank, Chase Securities etc.), analistas independentes, advogados e executivos da empresano tivessem desviado o olhar, a fim de preservar a oportunidade de um bom negcio.

    O ESCNDALO

    Segundo o relator do processo, aps cada trimestre a empresa revisava seus nmeros deforma a adequ-los s estimativas dos analistas independentes. Essa reviso geralmenteenvolvia reclassificaes contbeis, sem qualquer tipo de fato que justificasse esseslanamentos.

    Essas prticas permitiram empresa captar US$ 17 bilhes em lanamentos de notasocorridos em maio de 2000 e maior de 2001, obtendo a classificao de investment grade,uma categoria de excelente risco, quando na verdade, a empresa estava beira da falncia.

    Dentre as manipulaes praticadas, podemos destacar as seguintes:

    Contabilizao de operaes de arrendamento (leasing) quando uma empresarealiza uma operao de leasing operacional, est contratando o aluguel de umequipamento. Ao final do contrato, ela devolver o equipamento ao seu dono ourenovar o contrato por um novo perodo e/ou por um novo equipamento. Essegasto de aluguel deve ser contabilizado como uma despesa, reduzindo, pois, oresultado do perodo.

    Quando, por outro lado, a empresa realiza um leasing financeiros, as caractersticasda operao mudam. No se trata mais de um aluguel, em que a propriedade e a

    responsabilidade pela manuteno de equipamento permanecem com o arrendador.

    Estamos, na verdade, diante de um investimento caracterizado pela comprafinanciada de um equipamento. Ao final do perodo do contrato, a empresa que estarrendando o equipamento pagar um valor residual estipulado e se tornar a suareal proprietria. Nesse caso, as parcelas pagas ao arrendador no passam peloresultado, mas so contabilizadas no ativo permanente da empresa. Em outraspalavras, no reduzem o resultado do perodo.

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    O que a WorldCom vinha fazendo, com a anuncia do auditor (a mesma ArthurAndersen envolvida no caso Enron), era contabilizar gastos operacionais como sefossem operaes de investimento, gerando o efeito descrito anteriormente.

    At 1998, a WorldCom havia adquirido mais de 60 companhias em operaesenvolvendo mais de US$ 70 bilhes. Uma das ultimas aquisies foi a da MCI, porUS$ 40 bilhes, o que a tornou a segunda maior empresa de telefonia norte-americana, atrs apenas da AT&T. O grande propsito dessas aquisies, segundo oexecutivos da prpria empresa, era eliminar a concorrncia e disfarar a realsituao existente. A cada aquisio, a empresa se valia da quebra de uniformidadegerada pela necessidade de reportar a nova aquisio para ocultar suas prpriasdeficincias, tornando impossvel que um analista desavisado pudesse compararresultados de um perodo para o outro.

    Apesar do processo da SEC e da crise de imagem, a empresa est conseguindo se reerguergraas ao estabelecimento de um cdigo de Governana Corporativa considerado austeromesmo pelos mais conservadores. Alm disso, ela se valeu das prerrogativas a legislaonorte-americana para casos de concordata e mudou sua razo social para MCI.

    Seu ex-presidente, Bernard Ebbers, no entanto, no teve tanta sorte. Em 14 de julho de2005, o executivo foi condenado a cumprir 25 anos de priso, o que, considerando-se suaidade atual, equivale priso perptua. Adicionalmente, Ebbers teve que colocar suafortuna pessoal disposio de um fundo de liquidao destinado a indenizar os acionistasprejudicados pela quebra da empresa.

    O julgamento contra executivos e outras partes envolvidas na fraude da WorldCom foiconcludo em 21 de dezembro de 2005. Ebbers j pagou US$ 850 mil de indenizaes eesse valor pode chegar a at US$ 4 milhes. O diretor financeiro (CFO) da empresa, ScottSullivan, foi condenado a pagar US$ 485 mil, alm de cumprir pela de 5 anos; e o BancoMerrill Lynch foi condenado a pagar US$ 200 mil.

    GOVERNANA CORPORATIVA E A CONTABILIDADE

    A governana corporativa um assunto de interesse amplo, e como tal objeto de estudoem diversas reas, como as de direito, administrao, finanas, economia e contabilidade8.O papel da contabilidade no processo de governana corporativa de fundamental

    importncia, pois, a governana corporativa surge para tentar diminuir o conflito deagncia, que aparece do fenmeno da separao entre controle e propriedade. Os autoresressaltam que para minimizar tais conflitos preciso criar mecanismos que garantam que osinteresses dos acionistas (principal) estejam alinhados com o comportamento e asiniciativas dos gestores (agente). E a contabilidade, por meio de suas informaes, tentam

    8 Cincia do conhecimento econmico empresarial, que tem como objetivo informar os processos incorridospela entidade, seus impactos econmicos (resultados), financeiros (fluxo de caixa) e dar condio de visopara as futuras transaes (valor).

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    reduzir a assimetria informacional entre os investidores e executivos envoltos no conflito deagncia. Os investidores se cercam de mecanismos que venham a proteger seus direitos eproporcionar maior confiana e credibilidade nas informaes disseminadas pela empresa.

    Pode-se entender que o papel da informao contbil dentro da governana corporativa prover todos os agentes interessados de relatrios financeiros / contbeis, promovendoassim um dos principais mecanismos da governana corporativa dentro das corporaesque a contabilidade.

    Entende-se que para conseguir disseminar as informaes contbeis de forma clara eobjetiva, preciso de um sistema de informao contbil (SIC). Os SICs trabalham comrelatrios gerenciais contbeis atravs de dados fornecidos pela contabilidade e pela reafinanceira, que so usados como informaes estratgicas pelos gestores para tomadas dedecises mais coerentes e adequadas, tanto no curto como no longo prazo, acarretando

    crescimento e perpetuidade da organizao.

    Os SICs, so importantes no desenvolvimento das atividades exercidas diariamente dentroda organizao. Pode-se entender que o SIC seja fundamental para projeo de receitas,custos e despesas, para selecionar as melhores fontes de recursos de curto e longo prazosadotadas dentro da empresa para analise de financiamentos e de investimentos.

    Segundo Crepaldi (2004), para que um sistema de informao contbil seja eficiente dentrode uma empresa, preciso ter apoio da alta administrao da companhia [...] tais SICscompem-se em: contabilidade financeira, contabilidade gerencial, contabilidade em outrasmoedas, custos e oramentos, contabilidade por unidades de negcios, gesto de impostos,

    anlise financeira e de balano, gesto de tesouraria, acompanhamento do negcio oucontroladoria estratgica.

    Segundo Peters (2004, p. 12), o sistema contbil o principal e o mais tradicional sistemade informao econmica em quase todas as organizaes. Ainda segundo o autor, ele devefornecer informaes para atender aos seguintes objetivos:

    a. Planejamento econmico aborda o oramento monetrio de planosoperacionais e de negcios;

    b. Anlise de rentabilidade de produtos aborda a confeco de preos esua anlise do ponto de vista da rentabilidade;

    c. Controle de custos aborda relatrios de objetos de custo;

    d. Avaliao de gesto aborda a avaliao de resultado obtido pelosprofissionais envolvidos, normalmente gestores como alvo principal.Envolve medidas monetrias e no monetrias;

    e. Atendimento s obrigaes fiscais acessrias aborda a legislaotributria e suas necessidades informacionais;

    f. Atendimento ao princpio da evidenciao (disclosure) empresarial aborda as normas e leis que, conjuntamente com as boas prticas degovernana corporativa, definem modelos de publicaes d informaesdas entidades. No Brasil a base normativa a Lei das Sociedade porAes e Normas do CFC (Conselho Federal de Contabilidade) e Ibracon.

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    Nos Estados Unidos so as normas chamadas USGAAP emitidas pelaFASB (Financial Accounting Standard Board) e delimitaes decontrole interno preconizadas pela Lei Sarbanes Oxley. Nos pases da

    Unio Europia a base so os IFRS ( International Financial ReportStandards) e IAS (International Accounting Standards).

    No que se refere ao atendimento ao principio da evidenciao9 (disclosure)empresarial, oautor Iudcibus (2006, p. 123) afirma, o disclosure est ligado aos objetivos daContabilidade, ao garantir informaes diferenciadas para os vrios tipos de usurios.Ainda de acordo com Iudcibus (2006, p. 124) todas essas informaes para o usurioprecisa ser, ao mesmo tempo, adequada, justa e plena, pelo menos no que se refere aodetalhe que est sendo evidenciado.

    Oliveira et. al. (2008, p. 196) constata que:

    O disclosure traduzido em portugus por evidenciao, significando a imediatadivulgao das aes e fatos relevantes que afetam o presente e o futuro daorganizao. A evidenciao ou disclosure est ligada s necessidadesinformativas, garantindo informaes diferenciadas aos diversos tipos de usuriosque iro receber as informaes e delas se valerem para os diversos tipos dedecises.

    Pelo exposto, constata-se que o objetivo da contabilidade vincula-se com a proviso aosusurios, de informaes com credibilidade e teis para as tomadas de decises. Taisinformaes devero ser transparentes e satisfatrias para projees futuras de fluxo decaixa da empresa e para as tomadas de decises. Com isso, entende-se que o disclosure estdiretamente relacionada com o objetivo da contabilidade.

    Diante dessas afirmaes, pode-se dizer que um dos principais pilares da governanacorporativa o disclosure. A falta de transparncia nos relatrios contbeis causadesconforto e insegurana aos investidores interessados em aplicar recursos nas empresas.Segundo Bushman e Smith (2003) apudLanzana (2004, p. 50) o papel da governana nainformao contbil de suma importncia, por ser como instrumento de monitoramentodos gestores da empresa pelos investidores externos. Assim, torna-se essencial o papel dacontabilidade na minimizao dos conflitos de agncia, uma vez que serve de fonte deinformaes, contribuindo para um alinhamento entre os interesses das partes envolvidas.Essa convergncia um dos principais focos da governana corporativa.

    RELAO ENTRE ODISCLOSURE E A GOVERNANA CORPORATIVA

    9 Embora a evidenciao se refira a todo o conjunto das demonstraes contbeis, vrias formas de realizar aevidenciao esto disponveis: forma e apresentao das demonstraes contbeis; informaes entreparnteses; notas explicativas; quadros e demonstrativos suplementares; comentrios do auditor; e relatrio daadministrao (IUDCIBUS, 2006, p. 126).

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    O IBGC (terceira verso p. 9) em seu Cdigo de Melhores Prticas de GovernanaCorporativa destaca a transparncia como um dos princpios balizadores da governanacorporativa e que inspirou para a sua criao.

    Mais do que a obrigao de informar, a Administrao deve cultivar o desejode informar, sabendo que da boa comunicao interna e externa, particularmentequando espontnea, franca e rpida, resulta um clima de confiana, tantointernamente, quanto nas relaes da empresa com terceiros. A comunicao nodeve restringir-se ao desempenho econmico-financeiro, mas deve contemplartambm os demais fatores (inclusive intangveis) que norteiam a ao empresariale que conduzem criao de valor.

    De acordo com Monforte in IBGC (2006, p. 175)10, a transparncia estende-se a todos ospblicos de seus relacionamento colaboradores, fornecedores, comunidades, consultores,consumidores, governos, sociedade e acionistas.

    Uma boa governana corporativa envolve prestar informaes de maneira transparente evoluntria para todos os agentes interessados. Tais informaes devem seguir as normasque regem as boas prticas de governana. bom salientar que todas as informaes queforem ser divulgadas, devero s-las simultaneamente para todos os interessados,justamente para diminuir o conflito de agncia.

    Para Lanzana (2004, p. 61),

    Os autores destacam que o disclosure voluntrio de relatrios financeiros porparte das companhias um mecanismo de monitoramento da gerncia por partedos acionistas externos e credores. Os autores ressaltam que dado que asinformaes financeiras so obtidas por um custo mais baixo pelos gestores dacompanhia do que pelos acionistas (j que o gestor necessita das informaesinternamente para tomada de deciso), o disclosure voluntrio seria uma forma debuscar minimizar o conflito de agncia (seria considerado como um custo decertificao, que faz parte dos custos de agncia).

    Em depoimento dado no livro Uma Dcada de Governana Corporativa do IBGC (2006),Monforte diz: Daqui para a frente, a tendncia que a qualidade da transparncia venha aredefinir as relaes das empresas com os investidores. Entende-se ento que as prticasde disclosure constituem-se em uma das caractersticas da boa governana corporativa.

    Entende-se que para os investidores aplicarem nas empresas, preciso que as mesmasproporcionem mecanismos para que eles tenham segurana e confiana em aplicar parapotencializar seus ganhos e minimizar o mximo possvel o risco de perda do que foiaplicado. Da a importncia de se adotar as boas prticas de governana corporativa, pois, fator influenciador na eficincia do mercado de capitais mundial.

    10 Membro do Conselho de Administrao da Natura e presidente do Conselho de Administrao do IBGC.

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    Investidores com nveis de segurana, credibilidade e confiana para com as empresasimpactam diretamente no mercado mundial corporativo. O desenvolvimento do mercado decapitais fator indispensvel na expanso da economia mundial, pois um mercado de

    capitais saudvel significa um crescimento econmico e que proporciona mais alternativaspara que as sociedades possam patrocinar as suas respectivas expanses.

    De acordo com Iudcibus (2006, p. 131),

    O disclosure uma condio que est acima dos prprios princpios e que estintimamente ligada s necessidades informativas dos usurios, variveis no tempoe no espao. Certamente, o investidor de hoje muito mais exigente e sofisticadoem termos de informao do que de cinqenta anos atrs. O de amanh sermuito mais do que o de hoje. medida que se aguam os instrumentos de anlisede investimentos e financeira em geral, o investidor toma suas decises baseadona maior e melhor quantidade possvel de informao.

    Para Borgerth (2008, p. 18),

    Para que a eficincia de mercado seja mantida, necessrio estabelecer umelevado grau de confiabilidade da informao. Os dados contbeis, embora

    julgados inadequados por alguns financistas, ainda constituem a principal fontede informaes para o processo decisrio. importante, pois, que tanto governoquanto rgos reguladores/supervisores, empresas e investidores se unam nointuito de garantir que todas as informaes relevantes estejam efetivamentedisponveis no mercado, de forma clara e abrangente, resultando em um nveladequado de transparncia.

    Nesse contexto, entende-se que o disclosure um dos pilares mais importantes dagovernana corporativa e um desafio cada vez maior para a contabilidade no mbitointernacional. Diante disso, importante investir e adotar as boas prticas de governanacorporativa, pois, por meio de seus princpios balizadores principalmente o disclosure, temimpacto direto na reduo do custo do capital, no aumento do valor da sociedade e, aposteriori, no retorno das aplicaes feitas pelos investidores, corroborando para ofortalecimento do mercado de capitais mundial.

    A TRANSPARNCIA DOS REGISTROS E DOS DEMONSTRATIVOSCONTBEIS11

    O profissional de contabilidade no exerccio da contabilidade em perfeito atendimento aocliente, deve proceder aos registros contbeis com maior sincronia racional com oscontroles internos da empresa, aferindo citados controles, para resultar nas informaesusadas pelos demonstrativos contbeis. deverasmente preocupante a falta de sintonia dosdemonstrativos contbeis das micro e das pequenas empresas, motivado por descontrolejunto ao controle interno da empresas, o que deixa muito a desejar citados demonstrativos.

    11 Artigo de Elenito Elias da Costa. Ver no site: www.classecontabil.com.br.

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    Na permanncia ou mudanas de regimes tributrios fundamental que o profissional decontabilidade interceda junto empresa na busca de elaborar os registros contbeis quedevem refletir a real posio da empresa. Todos os documentos e controles devem ser

    aferidos e retratados na contabilidade em perfeita obedincia aos princpios e preceitoslegais vigentes, resultando na transparncia desejada, j que a contabilidade tem comoobjetivo oferecer informaes para alta administrao para que a mesma avalie no aspectoeconmico financeiro o patrimnio da empresa por ela gerida.

    chegado hora de avaliar todos os setores perifricos e com perfeita sintonia com acontabilidade, para identificar atravs de exames as melhorias contnuas necessrias parasua implementao. O profissional de contabilidade deve entender que os demonstrativoscontbeis atende a diversos pblicos seja interno ou externo e a informao nele contidaqualifica a competncia da administrao retratando os fatos acontecidos, e devem servirpara conceituar a administrao junto ao pblico que tenha algum interesse naquela

    empresa direta ou indiretamente.

    As informaes contbeis devem atender a diversos pblicos, portanto deve retratar atransparncia das aes do administrador, cujo conceito depender da lisura dasinformaes ali refletidas. A maioria dos profissionais de contabilidade elabora asdemonstraes contbeis sem a devida preocupao do pblico, pois devaneio pensar quecitadas demonstraes servem para atender a cadastro de empresas, as instituiesfinanceiras ou a prpria sociedade, devemos ter em mente que as demonstraes financeirasdevem atender a diversos pblicos, da a necessidade de aplicao dos princpios epreceitos legais inerentes.

    Devemos entender que a contabilidade atende ao fisco, federal, estadual e municipal almde diversos outros pblicos ou interessados. Fao esse registro para lembrar que acontabilidade deve atender tambm a justia em todas as estncias, da servir como provapblica para qualquer aferio ou ao que dela necessite.

    Ao profissional cabe lembrar o cumprimento das obrigaes tributrias, quais sejamprincipais e acessrias para que o mesmo no seja atingido ou alijado por negligncia ouimpercia, ou de qualquer fato que derive sua responsabilidade funcional, imputando-lheresponsabilidade.

    Em sntese podemos concluir que a contabilidade deve conter a transparncia dos fatos

    oriundos da Administrao da empresa em perfeita sintonia com os princpios decontabilidade geralmente aceitos, em obedincia aos ditames legais, normas e portariassuplementares.

    CONTABILIDADE INTERNACIONAL

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    Segundo Niyama (2007)12 a contabilidade internacional pode ser conceituada das seguintesformas:

    1. o ramo da contabilidade que estuda prticas contbeis adotadas em outros pases;2. o ramo da contabilidade que estuda padres contbeis editados por organismos

    reguladores e normatizadores internacionais;3. o estudo dos critrios de reconhecimento, mensurao e evidenciao, adotados

    internacionalmente;4. o campo de atuao da contabilidade, que analisa os objetivos de convergncia de

    normas contbeis em nvel mundial;5. o estudo comparativo dos princpios, normas e padres de contabilidade, em

    termos nacionais e internacionais;6. a rea de conhecimento que estuda os diferentes tipos de financial reporting e as

    causas dessas diferenas internacionais.

    O surgimento da contabilidade internacional segundo Peters (2004, p. 24), veio das grandesmudanas nas prticas comerciais que se seguiram no fim da Segunda Guerra Mundialinfluenciando na necessidade da internacionalizao das prticas contbeis e de auditoria;mudanas essas encontradas principalmente na evoluo dos empreendimentosmultinacionais e, mais recentemente, no crescimento dos mercados de capitais no mundo.

    Andrade e Rossetti (2004, p. 117) afirma,

    Nos mercados de capitais mais avanados quanto absoro da boa governanacorporativa, os padres exigidos para as demonstraes financeiras seguem as

    normas internacionais de contabilidade, conhecidas pela sigla GAAP Generally Accepted Accounting Principles. Acompanhando a evoluo conceitual na reade finanas, as normas exigidas so as promulgadas pelo International

    Accounting Standards Committee (IASC).

    A globalizao do mercado de capitais tem influenciado na necessidade de harmonizaoda contabilidade por meio de suas normas. bom salientar que a harmonizao no tem seufoco de unir todos os conjuntos de normas contbeis, mas sim tentar objetivar um certopadro de equivalncia e comparabilidade. O avano do fluxo global de capitais, datecnologia da informao, possibilitando ao acesso das informaes do mercado econmicointernacional de forma simples e rpida, tm aumentado a comparao das informaesdisseminadas pelos relatrios contbeis para as empresas de diversos pases.

    Segundo Niyama (2008, p. 40) a busca de uma harmonizao contbil internacional temenvolvido iniciativas de diversos organismos em nvel mundial, bem como esforos dealgumas entidades profissionais de classe, de mbito regional.

    12 II Encontro Nacional de Coordenadores de Cincia Contbeis.

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    De acordo com Peters (2004) a globalizao dos mercados de capitais tambm contribuipara a necessidade de harmonizar os requisitos do reporte financeiro.

    Para Peters (2004, p. 21) as diferentes normas contbeis utilizadas pelos diversos pasesvm dificultando os processos informativos no ambiente econmico globalizado, tanto nocontrole de investimentos multinacionais, quanto na obteno de recursos externos [...]alm da moeda e lngua distintas, as regras para elaborao das demonstraes financeirasso bastante diferentes.

    A difuso dos padres e normas internacionais de contabilidade se deu, principalmente, apartir de grandes corporaes que se instalavam em outros pases e, na necessidade demensurao de seu patrimnio, acarretando formas de quantificar diferentes entre seu pasde origem e o pas no qual estava sediada suas filiais. Tal afirmao corroborada porPeters (2004, p. 26):

    Sob a perspectiva contbil, a complexidade de conduzir operaes de negciosinternacionais atravs de fronteiras nacionais, cada uma com um conjunto deregulamentaes comerciais e quase freqentemente com critrios contbeisdiferentes, apresenta um desafio assustador aos contadores e corpos profissionaisque estabelecem regras de contabilidade e auditoria [...].

    fato que quase impossvel chegar a um nico padro de normas contbeis que seroaceitas em todo o mundo, pois a necessidade de satisfazer as vontades de vrias autoridadesinviabilizaria tal ao, at porque cada um teria sua prpria agenda de interesses.

    Oliveira et. al. (2008, p. 203) afirma:

    Os principais mercados esto caminhando para um padro internacional decontabilidade que facilite aos investidores analisar o desempenho da companhia ecompar-lo com seus pares. Empresas de pequeno porte, para as quais o custo deproduzir as demonstraes em padres internacionais seja elevado, devem aomenos incluir uma demonstrao de fluxo de caixa. Transaes relevantes queno so obrigatoriamente includas nas demonstraes financeiras off balancesheet transactions devem ser detalhadas nas notas explicativas.

    Diante disso, percebe-se que as informaes contbeis por meio de seus princpios, estosendo adaptadas, de acordo com os padres e prticas internacionais geralmente aceitos,para serem a posteriori divulgadas em nvel internacional13. Diante desse contexto podem

    ser analisadas e utilizadas de maneira coerente como base de medida ou de comparao

    13 Descrio dos negcios, produtos e servios; comentrios sobre a conjuntura econmica geral; recursoshumanos; investimentos; pesquisa e desenvolvimento; novos produtos e servios; proteo ao meio ambiente;reformulaes administrativas; investimentos em controladas e coligadas; direitos dos acionistas e dados demercado; perspectivas e planos para o exerccio em curso e os futuros; demonstraes consolidadas e DFC;posies acionrias dos administradores e controladores; quantidade e percentual de aes em circulao etc.,so recomendaes e exemplos de informaes e demonstraes contbeis que devem ser divulgadas em nvelinternacional (OLIVEIRA, et. al., 2008, p. 205).

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    para o fomento do disclosure. Tais normas tero que ser padronizadas e flexveis osuficiente para que possa atingir as expectativas de todos os stakeholders de diferentespases interessados na informao contbil e no disclosure que ela possibilita.

    NORMAS CONTBEIS INTERNACIONAIS14

    Partir do pressuposto que as denominadas Normas Internacionais de Contabilidade sejamexpresses de cultura superior no campo da cincia cometer um grave equvoco.Diversas das referidas merecem contestaes por fugirem realidade, esta que s aocientfico interessa.

    Sequer se pode afirmar que as aludidas representem um consenso geral, pois, na realidade,a voz ativa nas decises est longe de representar a totalidade ou at mesmo um nmerosignificativo de intelectuais de reconhecida expresso em todo o mundo.

    O fato de vrias entidades participarem das entidades ditas internacionais no autorizadizer que elas sejam as representantes da comunidade cultural de melhor nvel daContabilidade.

    Muitos so os artigos que tenho editado e que denunciam erros bsicos conceituais das ditasNormas Internacionais, assim como de metodologia aplicada s mesmas e o mesmo tmfeito outros escritores de nossa rea, bastando citar como destaque Abrahan Briloff.Na realidade, entretanto, h um forte interesse em adotar tais normas ao sabor do mercadode capitais, mas, isso no significa que o aplicado ao campo especulativo financeiro possaser aceito como matria cientfica acolhida pela intelectualidade contbil mundial.

    Deveras forte e influente a ao dos grupos interessados em editarem taispronunciamentos (poderosos poltica e economicamente) e a capacidade de difuso quepossuem, assim como os adeptos que arregimentam. A imagem que se procura projetar ade uma infalibilidade e prioridade de tais procedimentos e a de convergncia ouharmonizao.

    Seria falso dizer que todas as Normas at ento editadas esto erradas e que no se devetentar uma generalidade; muitas delas so cpias de matria coerente com a teoria, mas oque no parece justo, entretanto, aceitar submisso cultural, cpia irrestrita de modelosnem as que colidem com as doutrinas cientficas da Contabilidade, to como admitir-secomo dogma o dimanado das instituies que emitem os procedimentos.

    Um sem nmero de intelectuais do prprio mundo anglo saxo (fonte das influnciasnormativas) tem feito severas crticas ao regime, desde Paton, como as prosseguem fazendona atualidade Hendricksen, Briloff e no Brasil Koliver, Almada Rodrigues e outrosreconhecidos expoentes.

    O IASB que hoje substitui em presena as instituies estadunidenses continua tendo a

    14 Artigo de Antnio Lopes de S. Ver no site: www.classecontabil.com.br.

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    influncia anglo-saxnia (o referido rgo vinculado Fundao para o Comit deNormas Internacionais de Contabilidade, com sede em Delaware, Estados Unidos) e no difcil isto constatar pela simples anlise de quem influi no regime.

    A inexpressividade dos representantes no IASB da cultura latina, esta que o bero dadoutrina cientfica da Contabilidade bem evidencia quanto no se pode afirmar sobre oprocesso realmente democrtico da questo (a menos que aceitemos tacitamente tal fatocomo um desprezo latinidade por incompetncia, o que se aceito seria aviltante, alm defalacioso). Basta acessar a pgina na Internet (www.iasb.org) para confirmar a realidadesobre o referido predomnio.

    As falhas vo persistindo e a aludida convergncia para um padro internacional se nofor feita com independncia intelectual, respeito a nossa civilizao e idioma, terminar porser apenas subservincia; srio ser ento o prejuzo para a cultura da Contabilidade, coma manuteno das portas abertas para a j tradicional vulnerabilidade, esta que se fez

    presente nos grandes escndalos do mercado de capitais noticiados pela imprensa.Um vasto relatrio de 1760 pginas da Comisso Parlamentar de Inqurito do Senado dosEstados Unidos desde a dcada de 70 do sculo passado, publicado pela imprensa oficial dogoverno daquele Pas um eloqente depoimento sobre a m qualidade da normatizaocontbil anglo-saxnia.

    Louvvel, agora, uma uniformizao, mas, operada sob inspirao cientfica, com oocorreu em outros ramos do conhecimento humano: na Qumica Moderna liderada porLavoisier, nas Neurocincias por elites culturais de vrias naes, na Fsica pelasinfluncias de Einstein e Planck.

    ORGANIZAES INTERNACIONAIS E ORGANISMOS NORMATIZADORES

    Uma lgica sugerida como a ideal, seria a convergncias das normas internacionaisrealizadas por um organismo integralmente internacional que, tivesse o poder derepresentatividade para o mundo todo e no apenas para um pas ou para um conjunto depases. A ONU (Organizao das Naes Unidas); a OECD (Organizao para aCooperao e Desenvolvimento Econmico e a IASB (International Accounting StandardsBoard mostram interesse em normatizar as demonstraes financeiras.

    Organizao das Naes Unidas (ONU)

    Segundo o site: www.wikipdia.com.br,

    A Organizao das Naes Unidas (ONU) foi fundada oficialmente a 24 deOutubro de 1945 em So Francisco, Califrnia, por 51 pases, logo aps o fim daSegunda Guerra Mundial. A primeira Assemblia Geral celebrou-se a 10 deJaneiro de 1946 (em Westminster Central Hall, localizada em Londres). A suasede atual na cidade de Nova Iorque. A precursora das Naes Unidas foi aSociedade de Naes (tambm conhecida como "Liga das Naes"), organizaoconcebida em circunstncias similares durante a Primeira Guerra Mundial e

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    estabelecida em 1919, em conformidade com o Tratado de Versalhes, "parapromover a cooperao internacional e conseguir a paz e a segurana".Em 2006 aONU tem representao de 192 Estados-Membros - cada um dos pases

    soberanos internacionalmente reconhecidos, exceto a Santa S, que tem qualidadede observadora, e pases sem reconhecimento pleno (como Taiwan, que territrio reclamado pela China, mas de reconhecimento soberano por outrospases). Um dos feitos mais destacveis da ONU a proclamao da DeclaraoUniversal dos Direitos Humanos, em 1948.

    Diante do exposto, constata-se que a ONU claramente possui uma maior prioridade, para oimpedimento de guerras, para lutar a favor da minimizao da pobreza, ou seja, a favor dosdireitos dos seres humanos.

    Mas alm disso, a ONU mostrou muito interesse pelas demonstraes financeiras dasorganizaes internacionais. Na dcada de 1970, as Organizaes das Naes Unidas

    pareceu ser o organismo que ocuparia o papel principal de formuladora das normas epadres internacionais das demonstraes financeiras. Utilizando-se de sua influncia emdiversos pases do mundo, a ONU criou um conjunto de recomendaes que acabaram porser ignoradas de maneira polida pelos pases mais ricos do mundo na poca. Niyama(2008, p. 44) relaciona os objetivos das referidas recomendaes:

    a. Examinar as prticas de financial reporting das empresasmultinacionais, requeridas em diferentes pases;

    b. Identificar divergncias e avaliar propostas para aperfeioamento dofinancial reporting;

    c. Recomendar um conjunto de informaes mnimas a serem evidenciadaspelas empresas multinacionais e suas subsidirias; e

    d. Contribuir para o processo de harmonizao contbil internacional.

    O referido fato se deu por conseqncia da ONU representar, em sua maioria, os pasessubdesenvolvidos e emergentes. Tais pases pretendiam que a ONU, por meio dessasrecomendaes, impusessem certas regras as grandes corporaes para que pudessem terum controle maior sobre suas atividades que eram desenvolvidas em suas regies. Os pasesricos no deram sustentao s iniciativas da ONU, por considerarem fora do foco deseus interesses tal situao. Niyama (2008, p. 45) relaciona as razes para a no aceitaodas aes propostas pela ONU, que foram:

    a. Questionamento e reao de alguns pases de que no caberia s NaesUnidas definir padres contbeis internacionais, tarefa que caberia a

    organismos ou entidades de natureza privada, vinculados profissocontbil;

    b. As Naes Unidas tinham interesse em obter informaes dasmultinacionais, principalmente em pases onde foram instaladas suassubsidirias (muitas delas em pases emergentes). Mas foramsolenemente boicotadas pelos pases desenvolvidos; e

    c. Nenhuma comisso ou grupo tcnico que venha a discutir matriacontbil, sem a presena dos Estados Unidos da Amrica, representativa. Em 1986, os Estados Unidos da Amrica deixaram departicipar das reunies do ISAR (Grupo de Trabalho Intergovernamental

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    de Especialistas em Padres Internacionais de Contabilidade eRelatrios). Segundo os norte-americanos, discusses que envolvamcontabilidade e demonstraes financeiras esto cobertas por organismos

    como o IASC (atual IASB), enquanto harmonizao de padres estariammelhor nas mos de grupos menores, como Organizao de CooperaoEconmica e Desenvolvimento (OECD).

    A Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OECD)

    A OECD foi criada em 1961 para promover a cooperao econmica entre seus membros.Com isso considerada organizao interorganizacional composta pelas 29 economias maisdesenvolvidas do planeta, que inclui membros como Estados Unidos, Japo, Canad,Mxico, Austrlia, Nova Zelndia, Coria, Polnia, Hungria, e Republica Tcheca, alm dospases da Europa Ocidental.

    bom salientar que a OECD possui seu grupo de Trabalho de Padres Contbeis, que temcomo objetivo apoiar os esforos das entidades regionais, nacionais e internacionais parapromover a harmonizao da contabilidade. Atua tambm como uma espcie de frum dedebates para troca de informaes com a ONU, no que diz respeito a matria contbil erelatrios financeiros. Infelizmente, seus trabalhos no so largamente reconhecidos(NIYAMA, 2008, p. 47).

    Com o intuito de definir um sistema de governana corporativa que assessorasse eproporcionasse a eficcia junto a governos, bolsas de valores, investidores e corporaesem seus esforos na adoo e desenvolvimento das boas prticas de governanacorporativa, a OECD (Organization for Economic Cooperation and Development)15 em

    1998, criou um grupo de trabalho, que contou com a participao de 15 pases e o ComitCadbury.

    Em 1999, a OECD publicou um conjunto de diretrizes de boas prticas de governanacorporativa. Tais princpios foi uma juno e aprimoramento das principais prticas dospases membros e no-membros, de organismos internacionais multilaterais como o FMI eo Banco Mundial, de instituies empresariais, de grupos de investidores (sindicatos eoutras partes interessadas). Segundo o IBGC (2006, p. 80) as diretrizes podem sersintetizadas assim:

    No h um modelo nico de governana corporativa, embora possam ser

    identificados elementos comuns que do suporte s melhores prticas; Os princpios de governana so de natureza evolutiva e devem ser

    revistos sempre que ocorrerem mudanas significativas, dentro dascorporaes e em seu entorno;

    15 A Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE, ou OECD em ingls) umaorganizao internacional dos pases comprometidos com os princpios da democracia representativa e daeconomia de livre mercado. A sede da organizao fica em Paris, na Frana (fonte: www.wikipedia.org).

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    Para se manter competitivas em um mundo em transformao, ascorporaes precisam inovar e adaptar suas prticas de governana, paraatender a novas exigncias e alavancar novas oportunidades;

    Os governos tm grande responsabilidade na criao de uma estruturareguladora que proporcione flexibilidade suficiente para que osmercados funcionem de maneira eficaz aos interesses dos acionistas e deoutras partes interessadas;

    So os governos, os rgos reguladores do mercado de capitais, ascorporaes e ss acionistas que devem decidir os princpios degovernana corporativa, levando em conta os custos e os benefcios desua regulamentao.

    Assim, por meio das diretrizes foram delineados cinco princpios que foram publicadospela OECD. Tais princpios apiam-se sobretudo nos direitos dos acionistas; igualdade detratamento entre os acionistas; papel dos stakeholders relevantes no governo das empresas,divulgao e transparncia nas informaes, responsabilidades do conselho deadministrao.

    Para melhor entendimento das recomendaes da OECD, colocado no Quadro 1 umasntese.

    Quadro 1. Sntese das recomendaes da OECD sobre a governana corporativa1. Direito dosacionistas

    A governana corporativa deve proteger os direitos dosacionistas:

    Registro seguro, alienao e transferncia da participaoacionria;

    Obter informaes relevantes; Voz e voto em assemblias gerais ordinrias; Eleger conselheiros; Participar de decises relevantes: alienaes de contrato

    social, emisses e cises; Informaes sobre direitos de voto.

    2. Tratamentoequnime dosacionistas

    A estrutura da governana deve assegurar tratamento equnimea todos os acionistas, majoritrios / minoritrios, nacionais /estrangeiros.

    Dentro de uma mesma categoria, os mesmos direitos de voto; Igualdade quanto a processos e a procedimentos para

    participao em assemblias gerais; Proibio de prticas baseadas em informaes privilegiadas; Acesso igual a fatos relevantes divulgados por conselheiros e

    diretores.3. Papel daspartesinteressadas

    A estrutura da governana deve reconhecer direitos de outraspartes interessadas na criao de riqueza e na sustentao decorporaes economicamente slidas:

    Respeito aos direitos das partes interessadas;

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    Incentivar cooperao na gerao da riqueza e na sustentaode empresas economicamente slidas;

    Reparao, no caso de violao de direitos; Adoo de mecanismos para maior participao e melhor

    desempenho; Acesso a informaes pertinentes a seus interesses.

    4. Divulgao etransparncia

    A governana corporativa dever assegurar a divulgaooportuna e precisa de todos os fatos relevantes referentes empresa:

    Estrutura e poltica de governana; Objetivos e estratgia da empresa; Fatores previsveis de risco e vulnerabilidades; Informaes preparadas e auditadas segundo os mais altos

    critrios contbeis.5.Responsabilidadesdo conselho deadministrao

    A governana dever definir as responsabilidades dos conselhos,envolvendo orientao, fiscalizao e prestao de contas dascorporaes:

    Orientar e homologar a estratgia corporativa; Estabelecer objetivos de desempenho; Fiscalizar e administrar conflitos potenciais de interesse; Garantir a integridade dos sistemas contbil e financeiro; Ter posicionamento independente sobre assuntos de interesse

    corporativo.Fonte: Andrade e Rossetti (2004, p. 76).

    Alm das recomendaes da governana corporativa, a OECD periodicamente promoveavaliaes de desempenho das boas prticas de governana corporativa em diversos pases. bom salientar que em comparao com as recomendaes do IBGC e CVM, a OECD menos detalhada, isso acontece pois as recomendaes da OECD esto em mbitointernacional, servindo assim de base para a construo a posteriori das demais cartilhas eou cdigos de boas prticas de governana corporativa. O Banco Mundial em 1999, com ointuito de promover e fomentar as melhores prticas de governana pelo mundo, lanou oGlobal Corporate Governance Frum.

    Em 2000, resolveu fazer uma reviso de suas diretrizes para as organizaes multinacionais

    no campo das demonstraes financeiras. Com isso, decidiu emitir recomendaes, semvinculo, para diversos assuntos sem conexo um com o outro. bom salientar que aOECD, nunca se preocupou em procurar ser reguladora de normas internacionais para asdemonstraes financeiras, mas sim, em maximizar seus esforos para avaliar e aperfeioaros marcos legais das boas prticas de governana corporativa16 para os governos dospases-membros e no membros da organizao, como o caso do Brasil.

    16 Os princpios da OCDE definem uma ampla perspectiva de critrios para a excelncia na governana que,coletivamente, representam um conjunto de boas prticas (BERTIN e WATSON, 2007, 23).

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    RGOS REGULADORES DA CONTABILIDADE INTERNACIONAL

    Financial Accounting Standards Board (FASB) 17

    Nos Estados Unidos, surgiu o Financial Accounting Standards Board (FASB), ou Comitde Normas de Contabilidade Financeira. Criado em 1 de junho de 1973, tem comoobjetivos principais:

    Emitir pronunciamentos contbeis, vlidos para o setor privado da economia; Determinar e aperfeioar os procedimentos, conceitos e normas contbeis.

    composto de diferentes lderes da profisso contbil, os controllers18 das grandescorporaes transnacionais, professores universitrios das escolas de primeira linha, sciosdas empresas de auditoria etc., tendo como misso:

    Estabelecer e aperfeioar os padres contbeis e de auditoria; Servir como guia para a conduta de todo o pblico, incluindo os legisladores da

    matria contbil, auditores, empresrios e os demais usurios da informaocontbil.

    um rgo independente, reconhecido pelo Security Exchange Commission (SEC), rgoFiscalizador e Normatizador do Mercado de Capitais com poder de fiscalizao e puniodas empresas e seus executivos. At setembro de 2007, o FASB havia emitido 159pronunciamentos contbeis, atravs dos seus Statements of Financial Accounting Standards(SFAS), ou Pronunciamentos sobre Normas de Contabilidade Financeira.

    Como comentado, as normas do FASB devem ser observadas obrigatoriamente pelascorporaes privadas norte-americanas e suas controladas em todo o mundo. Isso significaque uma controlada de uma empresa norte-americana que opera no Brasil deve prepararsuas demonstraes contbeis tambm pelos padres FASB.

    Tambm as empresas brasileiras que negociam suas aes no mercado de capitais norte-americano devem preparar ou adaptar suas demonstraes aos padres FASB.

    International Accounting Standards Board (IASB)

    17 Ver no livro Contabilidade Internacional: gesto de riscos, governana corporativa e contabilizao dederivativos de Alexandre Martins Silva de Oliveira, Anderson de Oliveira Faria, Lus Martins de Oliveira ePaulo Svio Lopes da Gama Alves (2008, p. 7).18 Segundo Atkinson (2000), controller executivo snior de finanas e contabilidade que prepara einterpreta as informaes financeiras para os administradores, investidores e credores. Para Crepaldi (2004),o Controller o executivo de normas, controles, metas, objetivos, oramentos, contabilidade, finanas einformtica. Hoji (2004) diz que a principal funo do controller dar suporte gesto dos negcios daempresa, para que esta atinja seus objetivos, por meio de informaes gerenciais geradas em tempo hbil paratomada de decises, a um custo razovel.

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    O IASB19 foi constitudo em 1973 por nove pases, Reino Unido, Frana, Alemanha,Holanda, Estados Unidos, Canad, Mxico, Austrlia e Japo. Atualmente constitudo por

    88 pases.

    Com sede em Londres, Gr-Bretanha, o IASB um rgo independente do setor privado ese destina ao estudo de padres contbeis. Segundo Niyama (2008, p. 40), o IASB formado por um Conselho de Membros, constitudo por representantes de mais de 140entidades profissionais de todo o mundo, inclusive o Brasil que se faz representar peloIBRACON (Instituto dos Auditores Independentes do Brasil e o CFC (Conselho Federal deContabilidade).

    Tem o objetivo de publicar e promover padres de contabilidade de interesse pblico queso observados na apresentao das demonstraes financeiras no mundo todo. Corrobora

    Niyama (2008, p. 40) com a descrio dos seguintes objetivos:

    a. Desenvolver, no interesse pblico, um nico conjunto de normascontbeis globais de alta qualidade, intelegveis, exeqveis, que exijaminformaes de alta qualidade, transparentes e comparveis nasdemonstraes contbeis e em outros relatrios financeiros, para ajudaros participantes do mercado de capital e outros usurios em todo omundo a tomar decises econmicas;

    b. Promover o uso e a aplicao rigorosa dessas normas; ec. Promover a convergncia entre as normas contbeis locais e as Normas

    Internacionais de Contabilidade de alta qualidade.

    Com isso, percebe-se que o IASB procura substituir uma variedade de normas e padresnacionais de contabilidade por um padro nico internacional.

    O IASB teve como seu antecessor o Comit de Normas Internacionais de Contabilidade(IASC) (NIYAMA, 2008). Foi a partir da com a transformao em IASB que obteve umamaior representatividade no seu status e de receptividade de seus padres. Com isso, oIASB passou a emitir pronunciamento de contabilidade junto a FASB (FinancialAccounting Standards Board)20.

    19 A primeira reunio tcnica desse rgo ocorreu em abril de 2001, na qual foram listadas 42 tpicos queforam recomendados pelos prprios membros do IASB, pela assessoria do IASB (IASB staff), pelos criadoresdo Conselho do IASC (IASC board), pelos observadores (farejadores) de padres contbeis (accountingstandards setters), pela IOSCO, pela Comisso europia, pelas firmas de contabilidade internacional e poroutras partes interessadas, como possveis matrias para os projetos futuros do IASB (SANTOS et. al., 2006,p. 23).20 uma junta reconhecida e subordinada s regras da SEC (Securities and Exchange Comission) que temcomo objetivo estabelecer e aperfeioar os procedimentos, conceitos e normas contbeis nos Estados Unidos(PETERS, 2004, p. 26).

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    A reorganizao teve como finalidade o aumento da eficincia e eficcia da corporao. Noentanto, impossvel dizer se o IASB ser o organismo criador e representativo dospadres internacionais de contabilidade.

    v

    Figura 1. rgos reguladores da contabilidade internacional.Fonte: Oliveira et al. (2008 p. 9)

    CONVERGNCIA S NORMAS INTERNACIONAIS DO IASB

    O IASB j nasceu com o apoio de nove pases e organismos importantes como o IOSCO (The International Organization of Securities Commission)21. O IASB enfrentoudificuldades em sua adoo. Os Estados Unidos (principal mercado acionrio do mundo),so se disps a adotar as normas do IASC (hoje IASB), devido as divergncias entre areferida organizao e o US GAAP22, que so os princpios americanos geralmente aceitos,regulados pelo FASB.

    De acordo com Rake (2004)23,

    Agora, em essncia, estamos nos movendo em um mundo com dois sistemas: deum lado, o norte-americano, com inmeras regras que geram uma situao de

    21 No exatamente um rgo voltado especificamente para questes contbeis ou de normatizao depadres. Conta com a participao de mais de 115 (cento e quinze) rgos reguladores, semelhantes a nossaComisso de Valores Mobilirios e abrange mais de 85% do movimento glofal do mercado de capitais domundo (NIYAMA, 2008, p. 46).22United States Generally Accepted Accounting Principles.23 Trecho de uma entrevista exclusiva a HSM Management realizada em julho de 2004, com o especialistabritnico Michael Rake (fonte: www.hsm.com.br).

    Estados Unidos

    Unio Europia

    FASB

    IASB

    Emitir pronunciamentos contbeis, vlidos para asempresas privadas norte-americanas e suassubsidirias ao redor do mundo.

    Auxiliar a SEC no aperfeioamento do mercado decapitais internacional.

    Emitir pronunciamentos contbeis, vlidos para asempresas da Unio Europia e suas subsidirias aoredor do mundo.

    Auxiliar na padronizao das normas internacionaisde contabilidade.

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    grande complexidade e enormes diferenas de interpretao; de outro, a UnioEuropia, que em 2005 estabelecer a obrigatoriedade de padres internacionaisde contabilidade, baseados em um conjunto de princpios.

    Ao contrrio dos Estados Unidos a Unio Europia ratifica a convergncia das normas doIASB. Peters (2004, p. 30) afirma que o IASB o responsvel pela emisso de padresinternacionais de contabilidade e esse padro o aceito pela Unio Europia que o adotamandatoriamente a partir de 1 de janeiro de 2005.

    Niyama (2008, p. 41) corrobora afirmando que a Unio Europia aprovou deciso nosentido de que todas as empresas sediadas nos pases-membros devero apresentardemonstraes contbeis consolidadas, a partir de 2005, com base nas normasinternacionais de contabilidade do IASB.

    Os principais mercados esto caminhando para um padro internacional decontabilidade que facilite aos investidores analisar o desempenho da companhia ecompar-lo com seus pares. Os pases da Unio Europia vo adotar as normasdo IASB at 2005, e a Organizao Internacional das Comisses de Valores(IOSCO), em sua reunio de 2002, recomendou que todos os seus membroscooperassem para que suas normas contbeis convergissem em direo a estepadro contbil (CVM, 2002, p. 11).

    No que se refere ao Brasil, perceptvel a convergncias s normas do IASB em rgoscomo o BCB, a CVM, o IBRACON e o CFC24. Tais rgos tem emitido normas no sentidode adequar as prticas contbeis nacionais s normas internacionais vigentes.

    DEFINIO DE GAAP25

    Os Generally Accepted Accounting Principles (GAAP) se preocupam com a mensuraodas atividades econmicas, com o momento no qual tal mensurao ser realizada ouregistrada, com a evidenciao das atividades que a circundam e com a preparao eapresentao de informaes econmicas resumidas na forma de demonstraesfinanceiras. Os GAAP se desenvolveram quando surgiram questes sobre qual a melhorforma de executar essas atividades (mensurao, momento de reconheicmento,evidenciao ou apresentao). Para responder a essas questes, um GAAP pode serpromulgado tanto atravs de um pronunciamento emitido por uma corporao com poderespara cri-lo, quanto pelo seu desenvolvimento ao longo do tempo quando uma corporaoautorizada falha na resposta a estas questes.

    Conseqentemente, um GAAP uma reao e um produto do ambiente econmico no qualele desenvolvido. Como tal, o desenvolvimento da contabilidade e dos padres de

    24 Representaes do IASB no Brasil.25 Ver no livro Fundamentos de Contabilidade Internacional de Paulo Schmidt, Jos Luiz dos Santos eLuciane Alves Fernandes (2006, p. 38).

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    relatrios financeiros tem at certo ponto retardado o avano no aumento da complexidadedas estruturas econmicas e transaes.

    Um parecer de auditoria expressa uma opinio sobre se as demonstraes financeiras seapresentam verdadeiramente em conformidade com os princpios de contabilidadegeralmente aceitos e com a posio financeira e os resultados das operaes de umaentidade.

    Os princpios contbeis so geralmente endereados para solues que so objetivas,conservadoras e verificveis. Existem duas grandes categorias de princpios contbeis:reconhecimento e evidenciao. Os princpios de reconhecimento determinam o momento ea mensurao de um item que faz parte do ciclo contbil e impacta nas demonstraesfinanceiras. Referem-se ento a padres quantitativos os quais requerem que a informaoeconmica seja refletida numericamente.

    J os princpios de evidenciao lidam com fatores que nem sempre so numricos, isto , aevidenciao envolve informao qualitativa que ingrediente essencial para que asdemonstraes financeiras representem um conjunto completo. A sua ausncia faria comque as demonstraes financeiras criadas por intermdio de princpios de reconhecimentoenganassem a si mesmas. Dessa forma, princpios de evidenciao complementam osprincpios de reconhecimento atravs da explicao das suposies subjacentes sinformaes numricas e fornecendo outras informaes sobre as polticas contbeis,contingncias, incertezas etc., que so ingredientes essncias no processo de anlise dacontabilidade.

    HARMONIZAO E DIFERENAS ENTRE USGAAP versus BRGAAP26

    Os termos United Stated Generally Accepted Accounting Principles (USGAAP eBrazilianGenerally Accepted Accounting Principles (BRGAAP) no se referem propriamente adiferenas entre princpios contbeis utilizados nos Estados Unidos e os adotados no Brasil.

    Sabemos que a classe contbil adota princpios contbeis razoavelmente parecidos.

    As diferenas ocorrem no nos princpios que norteiam a contabilizao e reportefinanceiro, mas sim nas prticas e vises especficas das transaes econmicas realizadasem cada pas. Ademais, essas prticas contbeis so influenciadas e delimitadas pela

    normatizao e delimitadas pela normatizao de cada nao.

    Nos Estados Unidos o principal organismo normatizador em relao contabilidade aFASB.

    26 Ver no livro Controladoria Internacional Incluindo: Sarbanes Oxley Act e USGAAP de Marcos R. S. Peters(2004, p. 43).

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    No Brasil temos organismos como o Banco Central (resoluo 220 de 1972), a CVM Comisso de Valores Mobilirios (deliberao 29/86), a SRF Secretaria da ReceitaFederal, a SUSEP Superintendncia de Seguros Privados, o CFC Conselho Federal de

    Contabilidade (resolues 750 de 1993 e 774 de 1994), o IBRACON Instituto Brasileirode Auditores Independentes (estrutura da contabilidade) etc, como organismos quedelimitam a contabilidade em sua prtica.

    A fonte legal de norma contbil a chamada Lei das Sociedades por Aes (6.404/76)agregada das atualizaes posteriores.

    Como todo meio informacional e de comunicao, a Contabilidade um idioma em que necessrio por parte de quem o utiliza (emissor e receptor). Ao ser um idioma, aContabilidade ineficaz para aqueles que no conhecem seus princpios (premissas) emecanismos processuais.

    A Contabilidade um sistema que utiliza como premissas os assim chamados PCGA(Princpios Contbeis Geralmente Aceitos).

    Eles incluem ospostulados, princpios e as convenes contbeis.

    No Brasil os PCGAs so estabelecidos pelo CFC para todas as sociedades, e,especificamente para as sociedades annimas abertas, a CVM emitiu sua deliberao n 29,de 5 de fevereiro de 1986, em que aprova o pronunciamento do IBRACON sobre aEstrutura Conceitual Bsica da Contabilidade.

    A cincia contbil est inserida no escopo das cincias sociais e interligada com a cinciaeconmica.

    Os postulados ambientais da Contabilidade enunciam condies sociais, econmicas einstitucionais dentro das quais a cincia contbil atua e predispe-se a assumir esta ouaquela postura.

    Os princpios propriamente ditos representam a resposta aos postulados. Constituem oncleo central da estrutura contbil. As convenes ou restries representam certoscondicionamentos de aplicao, numa ou noutra situao prtica.

    O Postulado da Entidade Contbil enuncia que a Contabilidade mantida para asentidades, os scios ou cotistas dessas no se confundem, para efeito contbil, com aquelas.

    O Postulado da Continuidade das Entidades enuncia que para a Contabilidade, a entidade um organismo vivo que ir operar por um longo perodo de tempo (indeterminado) at quesurjam fortes evidncias em contrrio.

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