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AULA 03: Lei n 9.455/1997 (Definio dos
crimes de tortura); Lei n 4.898/1965 (direito de
representao e o processo de responsabilidadeadministrativa, civil e penal, nos casos de Abuso
de Autoridade).
SUMRIO PGINA1. Lei n 9.455/1997 (Definio dos crimes de tortura) 12. Lei n 4.898/1965 (direito de representao e o
processo de responsabilidade administrativa, civil epenal, nos casos de Abuso de Autoridade).
10
3. Resumo do Concurseiro 234. Questes comentadas 305. Questes sem comentrios 41
Ol, futuro agente da Polcia Civil! Hoje estudaremos os
crimes de tortura e a lei que trata do abuso de autoridade.
Essa jornada at a prova vai requerer bastante esforo da sua
parte, alm de total foco e disciplina. No vai ser uma tarefa fcil, mas
garanto a voc: a experincia mostra que tudo isso vale muito a pena!
Chega de enrolao! Bons estudos!
1. LEI N 9.455/1997 (DEFINIO DOS CRIMES DE TORTURA)
A Lei dos Crimes de Tortura pequena, mas muito
importante. A Constituio Federal traz como princpio o repdio tortura
e s penas degradantes, desumanas e cruis. Vejamos os dispositivos
constitucionais sobre o assunto.
Art. 5, III - ningum ser submetido a tortura nem a tratamento
desumano ou degradante;
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[...]
XLIII - a lei considerar crimes inafianveis e insuscetveisde
graaouanistia a prtica da tortura , o trfico ilcito de entorpecentes e
drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por elesrespondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evit-los,
se omitirem.
A tortura, portanto, um crime inafianvel e insuscetvel
de graa ou anistia. ATENO! O crime de tortura no imprescritvel!
Essa caracterstica aplicvel apenas aos crimes de racismo e s aes
de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o
estado democrtico.
J houve deciso do STF no sentido de negar tambm a
aplicao do indulto a condenado por crime de tortura.
A Constituio determina que o crime de tortura
inafianvel e insuscetvel de graa ou anistia, mas no
imprescritvel.
O STF tambm j decidiu que o condenado por crime de
tortura tambm no pode ser beneficiado com indulto.
A definio de tortura deve ser buscada na Conveno
Internacional contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruis,
Desumanos e Degradantes, aprovada pelas Naes Unidas em 1984 e
ratificada e promulgada pelo Brasil em 1991.
O termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos
agudos, fsicos ou mentais, so infligidos intencionalmente a uma
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pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pessoa, informaes ou
confisses; de castig-la por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha
cometido ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta
pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado emdiscriminao de qualquer natureza, quando tais dores ou sofrimentos
so infligidos por um funcionrios pblico ou outra pessoa no
exerccio de funes pblicas, ou por sua instigao, ou com o seu
consentimento ou aquiescncia.
Podemos ver, portanto, que a tortura no resume imposio
de dor fsica, mas tambm est relacionada ao sofrimento mental eemocional. Essa agonia mental muitas vezes chamada de tortura
limpa, pois no deixa marcas perceptveis facilmente.
Antes da Lei n 9.455/1997 no havia qualquer definio legal
acerca do crime de tortura. O termo era mencionado em algumas leis,
mas de forma genrica e esparsa, de modo que a Doutrina nunca aceitou
que houvesse a tipificao do crime de tortura antes da referida lei.
A Lei da Tortura muito criticada pela impreciso na
tipificao do crimes de tortura. A lei foi votada s pressas e sem muita
discusso no Poder Legislativo, sob o impacto emocional no que
aconteceu na Favela Naval, em Diadema.
Passaremos agora anlise do texto legal.
Art. 1 Constitui crime de tortura:
I - constranger algum com emprego de violncia ou grave
ameaa, causando-lhe sofrimento fsico ou mental:
a) com o fim de obter informao, declarao ou confisso da vtima
ou de terceira pessoa;
b) para provocar ao ou omisso de natureza criminosa;
c) em razo de discriminao racial ou religiosa;
II - submeter algum, sob sua guarda, poder ou autoridade, comemprego de violncia ou graveameaa, a intenso sofrimento fsico
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ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de carter
preventivo.
Pena - recluso, de dois a oito anos.
A tortura, em qualquer de suas modalidades, crimematerial, pois s ha consumao com o prprio resultado: o sofrimento
da vtima. Pela mesma razo, podemos dizer que possvel a tentativa
e a desistncia voluntria.
Alm disso, no se admite o arrependimento eficaz e
nem o arrependimento posterior. O crime de tortura de ao penal
pblica incondicionada.
CRIME DE TORTURA
CARACTERSTICAS COMUNS A TODAS AS MODALIDADES
um crime material
possvel a tentativa e a desistncia voluntria
No se admite arrependimento eficaz e nem arrependimento posterior
Ao penal pblica incondicionada
Pelo texto do art. 1, podemos concluir que h diferentes
modalidades de tortura, a depender da inteno do agente criminoso.
Vejamos quais so essas modalidades, de acordo com a prpria lei e aDoutrina.
MODALIDADES DE TORTURA
TORTURA-PROVA ou TORTURA
PERSECUTRIA
Infligida com a finalidade de obter
informao, declarao ou
confisso da vtima ou de terceira
pessoa (inciso I, alnea a).
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TORTURA PARA A PRTICA DE
CRIME ou TORTURA-CRIME
Infligida para provocar ao ou
omisso de natureza criminosa.
TORTURA DISCRIMINATRIA ou
TORTURA-RACISMO
Infligida em razo de
discriminao racial ou religiosaTORTURA-CASTIGO Infligida como forma de aplicar
castigo pessoal ou medida de
carter preventivo.
Marquei de cor diferente a TORTURA-CASTIGO para que
voc memorize uma caracterstica diferente. O inciso II do art. 1 tipifica
a conduta daquele que inflige sofrimento a pessoa que esteja sob sua
guarda, poder ou autoridade, com finalidade de castigar.
Podemos concluir, portanto que a TORTURA-CASTIGO um
crime prprio, pois somente pode ser praticado por quem tenha o dever
de guarda ou exera poder ou autoridade sobre a vtima. Ao mesmo
tempo exige-se tambm uma condio especial do sujeito passivo, que
precisa estar sob a autoridade do torturador.
O exemplo de TORTURA-CASTIGO mais comum o do agente
penitencirio que tortura presos, ou do pai que tortura os prprios filhos.
As demais modalidades de tortura so crimes comuns,
pois no se exige nenhuma qualidade especial do agente ou da vtima.
1 Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou
sujeita a medida de segurana a sofrimento fsico ou mental, por
intermdio da prtica de ato no previsto em lei ou no resultante demedida legal.
Esta a TORTURA DA PRESO OU DE PESSOA SUJEITA A
MEDIDA DE SEGURANA. A tipificao especfica de crime cometido
contra essas pessoas refora o que determina a Lei do Abuso de
Autoridade e a prpria Constituio Federal, que assegura aos presos o
respeito integridade fsica e moral.
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Perceba que esta conduta a nica que no exige dolo
especfico do agente. Basta que a pessoa presa ou sujeita a medida de
segurana seja submetida a sofrimento, no sendo exigida nenhuma
finalidade especial por parte do torturador.
2 Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o
dever de evit-las ou apur-las, incorre na pena de deteno de um a
quatro anos.
Esta a OMISSO PERANTE A TORTURA. J sabemos que,
de acordo com o prprio Cdigo Penal, a omisso s penalmente
relevante quandoo omitente devia e podia agir para evitar o resultado.
A Doutrina critica duramente este dispositivo, pois ele apenas
criminaliza a omisso daquele que tinha o dever de agir para evitar a
tortura, e no inclui aquele que, apesar de no ter o dever, tinha a
possibilidade de impedir o ato de tortura e no o fez.
Apenas responde por OMISSO PERANTE A TORTURA
aquele que tinha o dever de agir para evitar o ato de tortura e no o faz.
3 Se resulta leso corporal de natureza grave ou gravssima,
a pena de recluso de quatro a dez anos; se resulta morte, a recluso
de oito a dezesseis anos.
Estas so as hipteses de TORTURA QUALIFICADA. Apenas
chamo sua ateno para as qualificadoras, que so o resultado leso
corporal grave ou gravssima, ou morte. A leso corporal leve no
qualificadora do crime de tortura.
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A leso corporal leve no qualificadora do crime de
tortura. A TORTURA QUALIFICADA somente ocorre quando houver
como resultado leso corporal grave ou gravssima ou, ainda, o
resultado morte.
Para esclarecer as questes acerca da natureza da lesocorporal, interessante que voc relembre o teor do art. 129 do Cdigo
Penal, que trata do tema. As hipteses de leso corporal grave esto
previstas no 1, enquanto o 2 traz os casos de leso corporal
gravssima.
CP, Art. 129.
[...]
1 Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupaes habituais, por mais de trinta
dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou funo;
IV - acelerao de parto:
[...]
2 Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurvel;
III - perda ou inutilizao do membro, sentido ou funo;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
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Agora voltaremos Lei n 9.455/1997 para analisar as causas
de aumento de pena para o crime de tortura.
4 Aumenta-se a pena de um sexto at um tero:I - se o crime cometido por agente pblico;
II se o crime cometido contra criana, gestante, portadorde
deficincia, adolescente ou maiorde60(sessenta)anos;
III - se o crime cometido mediante sequestro.
O conceito de agente pblico deve ser tomado de forma
ampla, nos termos do Cdigo Penal, que estabelece que, para efeito
penais, deve ser considerado funcionrio pblico aquele que, embora
transitoriamente ou sem remunerao, exerce cargo, emprego ou funo
pblica.
Voc j sabe que, nos casos em que a condio de agente
pblico elementar do crime, no pode se aplicada esta agravante. No
faria sentido, por exemplo, aplicar agravante TORTURA-CASTIGO
infligida por agente penitencirio contra presos, pois, se o agente no
fosse funcionrio pblico, no poderia haver o crime.
Segundo o Estatuto da Criana e do Adolescente, so
consideradas crianas as pessoas que tenham menos de 12 anos,
enquanto adolescentes so aqueles que tm mais de 12 e menos de 18.
Por fim, a agravante relacionada ao sequestro aplicvel
quando a vtima sequestrada e, durante o sequestro, o agente comete
crime de tortura. Caso o agente cerceie a liberdade da vtima com a
finalidade nica de infligir a tortura, no h que se falar em sequestro.
5 A condenao acarretar a perda do cargo, funo ou
emprego pblico e a interdio para seu exerccio pelo dobro do
prazo da pena aplicada.
Este um efeito extrapenal administrativo da
condenao. Caso o agente do crime de tortura seja funcionrio pblico,
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perder seu cargo, funo ou emprego e ficar interditado para seu
exerccio pelo perodo equivalente ao dobro da pena.
O STF e o STJ j decidiram que esse efeito decore
automaticamente da condenao.
7 O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hiptese do
2, iniciar o cumprimento da pena em regime fechado.
Para responder as questes de prova com preciso,
importante conhecer, ao menos em parte, o contedo da Lei n
8.072/1990, que trata dos crimes hediondos e equiparados, entre eles a
tortura.
A mencionada lei estabelecia o cumprimento das penas
relativas aos crimes hediondos e equiparados em regime integralmente
fechado. Quando a Lei de Tortura foi promulgada, considerou-se que
houve derrogao parcial do dispositivo da Lei dos Crimes Hediondos.
Em 2007 a Lei dos Crimes Hediondos foi alterada, e hoje
todos os crimes hediondos e equiparados devem ter suas penas
cumpridas inicialmente em regime fechado, mas possvel a
progresso de regime.
Art. 2 O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime no
tenha sido cometido em territrio nacional, sendo a vtima brasileira ou
encontrando-se o agente em local sob jurisdio brasileira.
Em algumas situaes, a Lei de Tortura pode ser aplicadamesmo fora do territrio nacional:
- Quando a vtima do crime for brasileira;
- Quando o agente se encontre em local em que a lei
brasileira seja, em geral, aplicvel.
Encerramos aqui nosso estudo dos crimes de tortura.
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2. LEI N 4.898/1965 (DIREITO DE REPRESENTAO E OPROCESSO DE RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA, CIVIL
E PENAL, NOS CASOS DE ABUSO DE AUTORIDADE).
2.1. Introduo e aspectos gerais
Quando pensamos em abuso de autoridade, vem nossa
mente logo a imagem de um policial excedendo seus poderes. Entretanto,
qualquer servidor pblico que tenha entre suas atribuies a
determinao de conduta pode cometer abuso de autoridade.
Vejamos a definio de autoridade trazida pela Lei n4.898/1965.
Art. 5 Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem
exerce cargo, emprego ou funo pblica, de natureza civil, ou militar,
ainda que transitoriamente e sem remunerao.
A definio trazida pela lei bastante ampla, lembrando
bastante o conceito de funcionrio pblico para fins penais, no
mesmo?
J houve questes anteriores que cobraram o conhecimento
dessa definio, ento preste ateno. Pode ser considerado autoridade o
servidor pblico, o membro do Poder Legislativo (Senador, Deputado,
Vereador), o magistrado, o membro do Ministrio Pblico (Promotor de
Justia, Procurador da Repblica), bem como o militar das Foras
Armadas, o Policial, o Bombeiro, etc.
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Para fins de apurao do abuso de autoridade, considera-se
autoridade quem exerce cargo, emprego ou funo pblica, de natureza
civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remunerao.
O crime de abuso de autoridade , via de regra, um atentado
contra as liberdades e garantias do cidado. A prpria Constituio
confere a qualquer pessoa, na qualidade de garantia individual, o direitode petio contra o abuso de poder (art. 5, XXXIV).
Vamos agora estudar de forma mais profunda esse direito,
utilizando as definies e institutos trazidos pela Lei n 4.898/1965,
conhecida como Lei do Abuso de Autoridade.
Art. 1 O direito de representao e o processo de
responsabilidade administrativa civil e penal, contra as autoridades
que, no exerccio de suas funes, cometerem abusos, so regulados pela
presente lei.
Perceba que o objeto da lei no apenas a responsabilidade
penal do servidor pblico que cometer abuso, mas tambm a
responsabilidade civil e a administrativa.
A Lei n 4.898/1965 trata do direito de representao e da
responsabilidade administrativa, civil e penal das autoridades que
cometerem abusos.
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Art. 2 O direito de representao ser exercido por meio de
petio:
a) dirigida autoridade superior que tiver competncia legal para
aplicar, autoridade civil ou militar culpada, a respectiva sano;b) dirigida ao rgo do Ministrio Pblico que tiver competncia
para iniciar processo-crime contra a autoridade culpada.
Pargrafo nico. A representao ser feita em duas vias e conter
a exposiodofato constitutivo do abuso de autoridade, com todas as
suas circunstncias, a qualificao do acusado e o rol de
testemunhas, no mximo de trs, se as houver.
J vimos que o direito de representao contra o abuso de
autoridade pode ser exercido por qualquer pessoa. Alm disso, no
necessria a assistncia de advogado.
Perceba que a petio deve ser dirigida a duas autoridades
diferentes: uma a autoridade superior quela que cometeu o abuso, e
que tenha competncia para apurar o ilcito e aplicar a sano. Outra o
Ministrio Pblico, que detm competncia constitucional para apurar
crimes e promover a ao penal contra os culpados.
Apesar de o dispositivo dar a entender que a persecuo penal
do abuso de autoridade deve dar-se por meio de ao penal pblica
condicionada representao, a Lei n 5.249/1967 deixa claro que o
abuso de autoridade crime de ao penal pblica incondicionada e,
portanto, no necessrio que haja a representao para que o Ministrio
Pblico aja.
Os elementos formais que devem estar presentes na
representao so os seguintes:
- Exposio do fato;
- Qualificaodoacusado;
- Roldetestemunhas (no mximo 3).
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2.2. Crimes em espcie
Os crimes de abuso de autoridade em geral obedecem a um
formato especfico: o atentado aos direitos fundamentais. So, portanto,crimes de perigo.
Estudaremos agora as condutas previstas no art. 3, e logo
aps as condutas do art. 4.
ABUSO DE AUTORIDADE CONDUTAS TPICAS
Art. 3. Constitui abuso de autoridadequalquer atentado:
liberdadede locomoo A liberdade um direito fundamental tutelado
por diversos dispositivos constitucionais, e
pressupe tambm princpio do nosso Direito
Processual Penal: o indivduo apenas pode ser
preso quando praticar flagrante delito,
mediante ordem judicial ou em hipteses de
priso administrativa aplicveis apenas aos
militares.
inviolabilidade do domiclio A Constituio qualifica a casa como asilo
inviolvel do indivduo e probe a entrada sem o
consentimento do morador, salvo em quatro
hipteses:
- Flagrantedelito;
- Desastre;
- Para prestar socorro;
- Durante o dia, por determinaojudicial.
A Jurisprudncia j tem assentido que o conceito
de casa deve ser encarado de forma ampla,
incluindo o local no aberto ao pblico onde
exercida atividade profissional.
Ao sigilo da correspondncia A Constituio estabelece que inviolvel o
sigilo da correspondncia e das comunicaes
telegrficas.
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A Jurisprudncia j relativizou essa garantia,
aceitando, por exemplo, que a correspondncia
destinada ao preso seja conhecida pelo dirigente
do estabelecimento prisional.
liberdade de conscincia
e de crena e ao livre
exerccio do culto religioso
A liberdade de conscincia e de crena tambm
considerada inviolvel pela Constituio. Essa
noo tambm j foi relativizada pela
Jurisprudncia: hoje j pacfico que as
manifestaes religiosas no podem ofender
outros direitos fundamentais, a exemplo do
direito vida, liberdade, integridade fsica,
etc.
liberdade de associao A Constituio assegura o direito de associao,independentemente de autorizao estatal. A
exceo fica por conta da proibio constitucional
s associaes de carter paramilitar e com fins
ilcitos.
Aos direitos e garantias legais
assegurados ao exerccio do
voto
O voto um direito fundamental de todo cidado
brasileiro. Atos atentatrios sistemtica das
eleies tambm so tipificados como crimes de
responsabilidade.
Ao direito de reunio A Constituio assegura o direito de reunio,
desde que as pessoas renam-se de forma
pacfica e sem armas, e no frustrem uma
reunio anteriormente convocada para o mesmo
local. Apenas para fins de organizao do Poder
Pblico, necessrio comunicar previamente a
ocorrncia de reunio.
incolumidade fsica doindivduo
No s a violncia fsica, mas tambm a violnciapsicolgica pode caracterizar o abuso de
autoridade.
Aos direitos e garantias legais
assegurados ao exerccio
profissional
A liberdade de profisso tambm assegurada
pela Constituio, desde que sejam atendidas as
qualificaes profissionais estabelecidas em lei.
Para exercer a advocacia, por exemplo,
requisito legal ser bacharel em Direito e estar
inscrito nos quadros da OAB.
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ABUSO DE AUTORIDADE CONDUTAS TPICAS
Art. 4 Constitui tambm abuso de autoridade:
Ordenar ou executar medida
privativa da liberdade
individual, sem as
formalidades legais ou com
abuso de poder
Mais uma vez o bem jurdico tutelado aqui a
liberdade. As formalidades legais mencionadas
esto relacionadas, via de regra, exigncia de
ordem judicial, exceto no que tange priso em
flagrante delito e priso administrativa militar.
Submeter pessoa sob sua
guarda ou custdia a vexame
ou a constrangimento no
autorizado em lei
Vexame uma humilhao, uma vergonha
infligida a uma pessoa. Esse abuso aquele
cometido pelo agente pblico que detmautoridade (poder de guarda) sobre outra
pessoa.
Deixar de comunicar,
imediatamente, ao juiz
competente a priso ou
detenode qualquer pessoa
A Constituio determina que a priso de
qualquer pessoa deve ser comunicada
imediatamente autoridade judicial
competente e famlia do preso.
Deixar o Juiz de ordenar orelaxamento de priso ou
deteno ilegal que lhe seja
comunicada
Obviamente esta conduta somente pode serpraticada por magistrado, e tambm ofende um
dispositivo constitucional, que determina que a
priso ilegal ser imediatamente relaxada pela
autoridade judiciria.
Levar priso e nela deter
quem quer que se proponha a
prestar fiana, permitida em
lei
A regra do Direito Processual Penal brasileiro a
liberdade provisria. Em alguns casos, porm, a
lei determina que a autoridade deve arbitrar uma
fiana, e nesse caso se ela for paga no hrazo para negar a liberdade.
Cobrar o carcereiro ou agente
de autoridade policial
carceragem, custas,
emolumentos ou qualquer
outra despesa, desde que a
cobrana no tenha apoio em
Esta conduta praticada pela autoridade que
cobra valores indevidos dos presos.
Normalmente essas cobranas esto relacionadas
concesso de certos privilgios, ou vista
grossa feita a ilcitos praticados dentro da
priso.
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lei, quer quanto espcie
quer quanto ao seu valor
Recusar o carcereiro ou
agente de autoridade policialrecibo de importncia
recebida a ttulo de
carceragem, custas,
emolumentos ou de qualquer
outra despesa
O ato lesivo da honra ou do
patrimniode pessoa natural
ou jurdica, quando praticado
com abuso ou desvio de poder
ou sem competncia legal
Este tipo muito amplo, e diz respeito a atos de
autoridade praticados de forma ofensiva honrae ao patrimnio da pessoa. o caso, por
exemplo, do agente de trnsito que, em vez de
apenas aplicar a multa devida, profere
xingamentos contra o motorista que pratica
irregularidade.
Prolongar a execuo de
priso temporria, de pena ou
de medida de segurana,
deixando de expedir em
tempo oportuno ou de cumprir
imediatamente ordem de
liberdade
A priso temporria pode durar no mximo 5
dias (exceto nos crimes hediondos), ao fim dos
quais, se no foi decretada a priso preventiva, oprprio delegado deve providenciar o alvar de
soltura.
Tambm comete crime de abuso o juiz que no
emite ordem para que seja solto o preso que
cumpriu sua pena, bem como o dirigente do
estabelecimento prisional que no cumpre a
ordem.
Para concluirmos nosso estudo das condutas relacionadas ao
abuso de autoridade, chamo sua ateno para o contedo da Smula
Vinculante n 11, do STF, editada em meio a uma grande controvrsia
gerada pela anulao de um julgamento em razo do uso de o ru estar
algemado durante a sesso.
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SMULA VINCULANTE N 11 do STF
Uso de Algemas - Restries - Responsabilidades do Agente e
do Estado - Nulidades
S lcito o uso de algemasem casos de resistncia e de fundadoreceio de fuga ou de perigo integridade fsica prpria ou alheia, por
parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito,
sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agenteou
da autoridade e de nulidade da priso ou do ato processual a que se
refere, sem prejuzo da responsabilidade civil do Estado.
2.3. Sanes
A Lei do Abuso de Autoridade traz a possibilidade da aplicao
de sanes administrativas, civis e penais. Estudaremos agora as sanes
aplicveis em cada uma das esferas.
Para compreendermos as sanes administrativas, precisamos
ter ateno a alguns aspectos relacionados ao Direito Administrativo, e
tambm precisamos lembrar, em nossa anlise, que a lei que estamos
estudando de 1965 e, portanto, pode ser necessrio um esforo
interpretativo direcionado atualizao dos institutos por ela
mencionados.
ABUSO DE AUTORIDADE SANES ADMINISTRATIVAS
Advertncia Apenas verbal.
Repreenso Por escrito.
Suspenso do cargo, funo ou
posto por prazo de 5 a 180, com
perda de vencimentos e
vantagens
O agente deixa de exercer o cargo por um
perodo determinado, sem percepo de
remunerao.
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Destituio de funo
Devemos entender que se trata da
destituio de funo de confiana ou de
cargo em comisso. uma penalidade
equivalente demisso.
Demisso
a penalidade mais gravosa prevista na
Lei n 8.112/1990, e consiste na perda de
vnculo do servidor com a Administrao
Pblica.
Demisso, a bem do serviopblico
Esta modalidade de demisso era prevista
no antigo estatuto dos servidores civis
federais. Atualmente, ainda existe na Lei
n 8.429/1992, para a hiptese de
demisso em razo de no entrega ouentrega fraudulenta de declarao de bens
para posse e na Lei n 8.026/1990, a qual
definiu dois ilcitos funcionais contra a
Fazenda Nacional e para eles previu tal
pena de demisso.
Quando a autoridade administrativa competente para aplicar a
sano receber a representao, deve determinar a instaurao de
inqurito para apurar o fato. Esse inqurito deve obedecer s normas
prprias de cada esfera federativa, devendo a sano ser anotada nos
assentamentos funcionais.
Vejamos agora o que a Lei do Abuso de Autoridade determina
a respeito das sanes civis aplicveis.
Art. 6, 2 A sano civil, caso no seja possvel fixar o valor do
dano, consistir no pagamento de uma indenizao de quinhentos a dez
mil cruzeiros.
Hoje o valor determinado pela lei para a indenizao civil
obviamente no mais aplicvel. Na realidade, o estabelecimento de
valores absolutos por meio de lei merece duras crticas, pois a
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Jurisprudncia pacfica no sentido de que em casos como esses no
deve ser aplicada correo monetria.
Para aplicar uma sano civil hoje, o ofendido deve recorrer
ao Poder Judicirio, que determinar o valor a ser pago a ttulo deindenizao, seguindo o regramento comum, constante do Cdigo de
Processo Civil.
ABUSO DE AUTORIDADE SANES PENAIS
Essas penas podem ser aplicadas alternada ou cumulativamente
Multa de cem a cinco mil cruzeiros
Mais uma vez a lei trata de valores, que
no so aplicveis hoje. Hoje tem sidoaplicada a regra de clculo de multas do
Cdigo Penal, utilizando-se os dias-multa
para determinar o montante.
Deteno por 10 dias a 6 meses No h pena de recluso prevista na lei.
Perda do cargo e a inabilitao para
o exerccio de qualquer outra
funo pblica por prazo at 3 anosQuando o abuso for cometido por
agente de autoridade policial,
civil ou militar, de qualquer
categoria, poder ser cominada a
pena autnoma ou acessria, de
no poder o acusado exercer
funes de natureza policial oumilitar no municpio da culpa, por
prazo de um a cinco anos.
Esta uma pena especfica, aplicvel
somente quando o abuso de autoridade for
cometido por policial civil ou militar.
2.4. Processo penal
Como regra geral, os crimes de abuso de autoridade so
considerados de menor potencial ofensivo, sendo processados perante os
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Juizados Especiais Criminais, por meio do procedimento sumarssimo,
criado pela Lei n 9.099/1995.
Para os casos em que o procedimento sumarssimo no
aplicvel, a prpria Lei do Abuso de Autoridade traz procedimento prprio.
Art. 12. A ao penal ser iniciada, independentemente de
inqurito policial ou justificao por denncia do Ministrio Pblico,
instruda com a representao da vtima do abuso.
Art. 13. Apresentada ao Ministrio Pblico a representao da vtima,
aquele, no prazo de quarenta e oito horas, denunciar o ru, desde que
o fato narrado constitua abuso de autoridade, e requerer ao Juiz a suacitao, e, bem assim, a designao de audincia de instruo e
julgamento.
1 A denncia do Ministrio Pblico ser apresentada em duas vias.
Lembre-se de que a ao penal pblica incondicionada,
no sendo necessrio que haja inqurito policial e nem representao da
vtima.
Caso haja representao da vtima, a denncia deve ser
apresentada no prazo de 48h. Essa regra demonstra a urgncia
conferida pela lei apurao dos crimes de abuso de autoridade.
Perante a inrcia do Ministrio Pblico, a prpria lei permite a
apresentao da ao penal privada subsidiria da pblica. O
Ministrio Pblico poder, porm, aditar a queixa, repudi-la e oferecer
denncia substitutiva, alm de intervir em todos os termos do processo,
interpor recursos e, a todo tempo, no caso de negligncia do querelante,
retomar a ao como parte principal.
Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade houver
deixado vestgioso ofendido ou o acusado poder:
a) promover a comprovao da existncia de tais vestgios, por meio
de duas testemunhas qualificadas;
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b) requerer ao Juiz, at setenta e duas horas antes da audincia de
instruo e julgamento, a designao de um perito para fazer as
verificaes necessrias.
Caso haja vestgios do crime de abuso de autoridade, no necessrio que haja percia, sendo suficiente a oitiva de duas
testemunhas. No h bice, porm, realizao de percia mediante
requerimento formulado pelo ofendido ou pelo acusado.
Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de quarenta e
oito horas, proferir despacho, recebendo ou rejeitando a denncia.
1 No despacho em que receber a denncia, o Juiz designar,
desde logo, dia e hora para a audincia de instruo e julgamento, que
dever ser realizada, improrrogavelmente, dentro de cinco dias.
2 A citao do ru para se ver processar, at julgamento final e
para comparecer audincia de instruo e julgamento, ser feita por
mandado sucinto que, ser acompanhado da segunda via da
representao e da denncia.
Perceba mais uma vez os prazos enxutos da lei. So apenas
48h para que o magistrado decida pelo aceitao ou rejeio da
denncia. Caso haja a aceitao, no despacho j deve constar a data e
hora da audincia, que deve ser realizada em no mximo 5 dias.
Caso o membro do Ministrio Pblico requeira o arquivamento
do feito ao invs de oferecer a denncia e o Juiz considerar as razes
improcedentes, dever enviar a representao ao Procurador-Geral, paraque este oferea a denncia ou insista no arquivamento.
Por fim, temos as regras da lei quanto realizao da
audincia, nomeao de defensor, etc.
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Art. 22. Aberta a audincia o Juiz far a qualificao e o
interrogatrio do ru, se estiver presente.
Pargrafo nico. No comparecendo o ru nem seu advogado, o
Juiz nomear imediatamente defensor para funcionar na audincia e nosulteriores termos do processo.
Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz dar a
palavra sucessivamente, ao Ministrio Pblico ou ao advogado que houver
subscrito a queixa e ao advogado ou defensor do ru, pelo prazo de
quinze minutos para cada um, prorrogvel por mais dez (10), a critrio do
Juiz.
Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferir imediatamente asentena.
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3. RESUMO DO CONCURSEIRO
CRIMES DE TORTURA (Lei n 9.455/1997)
A Constituio determina que o crime de tortura
inafianvel e insuscetvel de graa ou anistia, mas no
imprescritvel.
O STF tambm j decidiu que o condenado por crime de
tortura tambm no pode ser beneficiado com indulto.
CRIME DE TORTURACARACTERSTICAS COMUNS A TODAS AS MODALIDADES
um crime material
possvel a tentativa e a desistncia voluntria
No se admite arrependimento eficaz e nem arrependimento posterior
Ao penal pblica incondicionada
MODALIDADES DE TORTURATORTURA-PROVA ou TORTURA
PERSECUTRIA
Infligida com a finalidade de obter
informao, declarao ou
confisso da vtima ou de terceira
pessoa (inciso I, alnea a).
TORTURA PARA A PRTICA DE
CRIME ou TORTURA-CRIME
Infligida para provocar ao ou
omisso de natureza criminosa.
TORTURA DISCRIMINATRIA ou
TORTURA-RACISMO
Infligida em razo de
discriminao racial ou religiosa
TORTURA-CASTIGO Infligida como forma de aplicar
castigo pessoal ou medida de
carter preventivo.
Apenas responde por OMISSO PERANTE A TORTURA
aquele que tinha o dever de agir para evitar o ato de tortura e no o faz.
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A leso corporal leve no qualificadora do crime de
tortura. A TORTURA QUALIFICADA somente ocorre quando houver
como resultado leso corporal grave ou gravssima ou, ainda, o
resultado morte.
DIREITO DE REPRESENTAO E PROCESSO DE
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA, CIVIL E PENAL NOS
CASOS DE ABUSO DE AUTORIDADE (Lei n 4.898/1965)
Para fins de apurao do abuso de autoridade, considera-se
autoridade quem exerce cargo, emprego ou funo pblica, de naturezacivil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remunerao.
A Lei n 4.898/1965 trata do direito de representao e da
responsabilidade administrativa, civil e penal das autoridades que
cometerem abusos.
ABUSO DE AUTORIDADE CONDUTAS TPICAS
Art. 3. Constitui abuso de autoridadequalquer atentado:
liberdadede locomoo A liberdade um direito fundamental tutelado
por diversos dispositivos constitucionais, e
pressupe tambm princpio do nosso Direito
Processual Penal: o indivduo apenas pode ser
preso quando praticar flagrante delito,
mediante ordem judicial ou em hipteses de
priso administrativa aplicveis apenas aos
militares.
inviolabilidade do domiclio A Constituio qualifica a casa como asilo
inviolvel do indivduo e probe a entrada sem o
consentimento do morador, salvo em quatro
hipteses:
- Flagrantedelito;
- Desastre;
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- Para prestar socorro;
- Durante o dia, por determinaojudicial.
A Jurisprudncia j tem assentido que o conceito
de casa deve ser encarado de forma ampla,
incluindo o local no aberto ao pblico onde
exercida atividade profissional.
Ao sigilo da correspondncia A Constituio estabelece que inviolvel o
sigilo da correspondncia e das comunicaes
telegrficas.
A Jurisprudncia j relativizou essa garantia,
aceitando, por exemplo, que a correspondncia
destinada ao preso seja conhecida pelo dirigente
do estabelecimento prisional.
liberdade de conscincia
e de crena e ao livre
exerccio do culto religioso
A liberdade de conscincia e de crena tambm
considerada inviolvel pela Constituio. Essa
noo tambm j foi relativizada pela
Jurisprudncia: hoje j pacfico que as
manifestaes religiosas no podem ofender
outros direitos fundamentais, a exemplo do
direito vida, liberdade, integridade fsica,
etc. liberdade de associao A Constituio assegura o direito de associao,
independentemente de autorizao estatal. A
exceo fica por conta da proibio constitucional
s associaes de carter paramilitar e com fins
ilcitos.
Aos direitos e garantias legais
assegurados ao exerccio do
voto
O voto um direito fundamental de todo cidado
brasileiro. Atos atentatrios sistemtica das
eleies tambm so tipificados como crimes deresponsabilidade.
Ao direito de reunio A Constituio assegura o direito de reunio,
desde que as pessoas renam-se de forma
pacfica e sem armas, e no frustrem uma
reunio anteriormente convocada para o mesmo
local. Apenas para fins de organizao do Poder
Pblico, necessrio comunicar previamente a
ocorrncia de reunio.
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incolumidade fsica do
indivduo
No s a violncia fsica, mas tambm a violncia
psicolgica pode caracterizar o abuso de
autoridade.
Aos direitos e garantias legais
assegurados ao exerccio
profissional
A liberdade de profisso tambm assegurada
pela Constituio, desde que sejam atendidas as
qualificaes profissionais estabelecidas em lei.
Para exercer a advocacia, por exemplo,
requisito legal ser bacharel em Direito e estar
inscrito nos quadros da OAB.
ABUSO DE AUTORIDADE CONDUTAS TPICAS
Art. 4 Constitui tambm abuso de autoridade:
Ordenar ou executar medida
privativa da liberdade
individual, sem as
formalidades legais ou com
abuso de poder
Mais uma vez o bem jurdico tutelado aqui a
liberdade. As formalidades legais mencionadas
esto relacionadas, via de regra, exigncia de
ordem judicial, exceto no que tange priso em
flagrante delito e priso administrativa militar.
Submeter pessoa sob suaguarda ou custdia a vexame
ou a constrangimento no
autorizado em lei
Vexame uma humilhao, uma vergonhainfligida a uma pessoa. Esse abuso aquele
cometido pelo agente pblico que detm
autoridade (poder de guarda) sobre outra
pessoa.
Deixar de comunicar,
imediatamente, ao juiz
competente a priso ou
detenode qualquer pessoa
A Constituio determina que a priso de
qualquer pessoa deve ser comunicada
imediatamente autoridade judicial
competente e famlia do preso.
Deixar o Juiz de ordenar o
relaxamento de priso ou
deteno ilegal que lhe seja
comunicada
Obviamente esta conduta somente pode ser
praticada por magistrado, e tambm ofende um
dispositivo constitucional, que determina que a
priso ilegal ser imediatamente relaxada pela
autoridade judiciria.
Levar priso e nela deter
quem quer que se proponha a
A regra do Direito Processual Penal brasileiro a
liberdade provisria. Em alguns casos, porm, a
lei determina que a autoridade deve arbitrar uma
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prestar fiana, permitida em
lei
fiana, e nesse caso se ela for paga no h
razo para negar a liberdade.
Cobrar o carcereiro ou agente
de autoridade policialcarceragem, custas,
emolumentos ou qualquer
outra despesa, desde que a
cobrana no tenha apoio em
lei, quer quanto espcie
quer quanto ao seu valor
Esta conduta praticada pela autoridade que
cobra valores indevidos dos presos.
Normalmente essas cobranas esto relacionadas
concesso de certos privilgios, ou vista
grossa feita a ilcitos praticados dentro da
priso.
Recusar o carcereiro ou
agente de autoridade policial
recibo de importncia
recebida a ttulo de
carceragem, custas,
emolumentos ou de qualquer
outra despesa
O ato lesivo da honra ou do
patrimniode pessoa natural
ou jurdica, quando praticado
com abuso ou desvio de poder
ou sem competncia legal
Este tipo muito amplo, e diz respeito a atos de
autoridade praticados de forma ofensiva honra
e ao patrimnio da pessoa. o caso, por
exemplo, do agente de trnsito que, em vez de
apenas aplicar a multa devida, profere
xingamentos contra o motorista que pratica
irregularidade.
Prolongar a execuo de
priso temporria, de pena ou
de medida de segurana,
deixando de expedir em
tempo oportuno ou de cumprir
imediatamente ordem de
liberdade
A priso temporria pode durar no mximo 5
dias (exceto nos crimes hediondos), ao fim dos
quais, se no foi decretada a priso preventiva, o
prprio delegado deve providenciar o alvar de
soltura.
Tambm comete crime de abuso o juiz que no
emite ordem para que seja solto o preso que
cumpriu sua pena, bem como o dirigente do
estabelecimento prisional que no cumpre a
ordem.
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SMULA VINCULANTE N 11 do STF
Uso de Algemas - Restries - Responsabilidades do Agente e
do Estado - Nulidades
S lcito o uso de algemasem casos de resistncia e de fundadoreceio de fuga ou de perigo integridade fsica prpria ou alheia, por
parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito,
sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agenteou
da autoridade e de nulidade da priso ou do ato processual a que se
refere, sem prejuzo da responsabilidade civil do Estado.
ABUSO DE AUTORIDADE SANES ADMINISTRATIVAS
Advertncia Apenas verbal.
Repreenso Por escrito.
Suspenso do cargo, funo ou
posto por prazo de 5 a 180, com
perda de vencimentos e
vantagens
O agente deixa de exercer o cargo por um
perodo determinado, sem percepo de
remunerao.
Destituio de funo
Devemos entender que se trata da
destituio de funo de confiana ou de
cargo em comisso. uma penalidade
equivalente demisso.
Demisso
a penalidade mais gravosa prevista na
Lei n 8.112/1990, e consiste na perda de
vnculo do servidor com a AdministraoPblica.
Demisso, a bem do servio
pblico
Esta modalidade de demisso era prevista
no antigo estatuto dos servidores civis
federais. Atualmente, ainda existe na Lei
n 8.429/1992, para a hiptese de
demisso em razo de no entrega ou
entrega fraudulenta de declarao de bens
para posse e na Lei n 8.026/1990, a qual
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Fazenda Nacional e para eles previu tal
pena de demisso.
ABUSO DE AUTORIDADE SAN ES PENAIS
Essas penas podem ser aplicadas alternada ou cumulativamente
Multa de cem a cinco mil cruzeiros
Mais uma vez a lei trata de valores, que
no so aplicveis hoje. Hoje tem sido
aplicada a regra de clculo de multas do
Cdigo Penal, utilizando-se os dias-multa
para determinar o montante.
Deteno por 10 dias a 6 meses No h pena de recluso prevista na lei.
Perda do cargo e a inabilitao parao exerccio de qualquer outra
funo pblica por prazo at 3 anos
Quando o abuso for cometido por
agente de autoridade policial,
civil ou militar, de qualquer
categoria, poder ser cominada a
pena autnoma ou acessria, deno poder o acusado exercer
funes de natureza policial ou
militar no municpio da culpa, por
prazo de um a cinco anos.
Esta uma pena especfica, aplicvel
somente quando o abuso de autoridade for
cometido por policial civil ou militar.
A seguir esto as questes comentadas, como de costume. Se
ficar alguma dvida, utilize o nosso frum ou me mande um email.
At a prxima aula!
Paulo Guimares
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3. QUESTES COMENTADAS
1. PC-BA Delegado de Polcia 2013 Cespe. Determinado policial
militar efetuou a priso em flagrante de Luciano e o conduziu delegaciade polcia. L, com o objetivo de fazer Luciano confessar a prtica dos
atos que ensejaram sua priso, o policial responsvel por seu
interrogatrio cobriu sua cabea com um saco plstico e amarrou-o no
seu pescoo, asfixiando-o. Como Luciano no confessou, o policial deixou-
o trancado na sala de interrogatrio durante vrias horas, pendurado de
cabea para baixo, no escuro, perodo em que lhe dizia que, se ele no
confessasse, seria morto. O delegado de polcia, ciente do que ocorria nasala de interrogatrio, manteve-se inerte. Em depoimento posterior,
Luciano afirmou que a conduta do policial lhe provocara intenso
sofrimento fsico e mental.
Considerando a situao hipottica acima e o disposto na Lei
Federal n. 9.455/1997, julgue os itens subsequentes.
Para a comprovao da materialidade da conduta do policial,
imprescindvel a realizao de exame de corpo de delito que confirme as
agresses sofridas por Luciano.
COMENTRIOS: A Lei da Tortura no menciona em nenhum de seus
dispositivos a necessidade de exame de corpo de delito para que se
comprove que houve o crime. No exemplo dado na questo houve
inclusive tortura de natureza mental/emocional.
GABARITO: E
2. MPU Tcnico 2010 Cespe. O crime de tortura inafianvel e
insuscetvel de graa ou anistia.
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COMENTRIOS: Esta a letra da Constituio Federal, em seu art. 5,
XLIII. O STF j decidiu que o indulto tambm no aplicvel no caso de
crime de tortura. Lembre-se tambm de que o crime de tortura no
imprescritvel!
GABARITO: C
3. MPU Tcnico 2010 Cespe. considerado crime de tortura
submeter algum, com emprego de violncia ou grave ameaa, a intenso
sofrimento fsico ou mental, como forma de aplicar-lhe castigo pessoal oumedida de carter preventivo.
COMENTRIOS: Esta a Tortura-Castigo. Lembre-se de que esta
modalidade crime prprio, pois somente pode ser praticado por quem
tenha o dever de guarda ou exera poder ou autoridade sobre a vtima.
Ao mesmo tempo exige-se tambm uma condio especial do sujeito
passivo, que precisa estar sob a autoridade do torturador.
GABARITO: C
4. TJ-RO Analista Judicirio 2012 Cespe (adaptada). A perda
da funo pblica e a interdio de seu exerccio pelo dobro do prazo da
condenao decorrente da prtica de crime de tortura previsto em lei
especial so de imposio facultativa do julgador, tratando-se de efeito
genrico da condenao.
COMENTRIOS: A perda da funo pblica e a interdio de seu
exerccio so imediatas e obrigatrias, nos termos do 5 do art. 1 da
Lei n 9.455/1997.
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GABARITO: E
5. TJ-AC
Tcnico Judicirio
2012
Cespe. Suponha que Joo,penalmente capaz, movido por sadismo, submeta Sebastio, com
emprego de violncia, a contnuo e intenso sofrimento fsico, provocando-
lhe leso corporal de natureza gravssima. Nessa situao, Joo dever
responder pelo crime de tortura e, se condenado, dever cumprir a pena
em regime inicial fechado.
COMENTRIOS: O crime de tortura exige um elemento subjetivoespecfico: obter informao, declarao ou confisso da vtima ou de
terceira pessoa; provocar ao ou omisso de natureza criminosa; por
motivo de discriminao racial ou religiosa. O agente que inflige
sofrimento em outra pessoa por sadismo no comete crime de tortura,
mas sim de leso corporal ou, a depender do caso, de homicdio tentado.
GABARITO: E
6. DPF Agende da Polcia Federal 2012 Cespe. O policial
condenado por induzir, por meio de tortura praticada nas dependncias
do distrito policial, um acusado de trfico de drogas a confessar a prtica
do crime perder automaticamente o seu cargo, sendo desnecessrio,
nessa situao, que o juiz sentenciante motive a perda do cargo.
COMENTRIOS: A perda do cargo, emprego ou funo pblica efeito
extrapenal administrativo da condenao, e no precisa ser declarado
pelo juiz.
GABARITO: C
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7. DPU Defensor Pblico 2007 Cespe. No se estende ao crime
de tortura a admissibilidade de progresso no regime de execuo da
pena aplicada aos demais crimes hediondos.
COMENTRIOS: Para responder as questes de prova com preciso,
importante conhecer, ao menos em parte, o contedo da Lei n
8.072/1990, que trata dos crimes hediondos e equiparados, entre eles a
tortura. Essa lei estabelecia o cumprimento das penas relativas aos
crimes hediondos e equiparados em regime integralmente fechado.
Quando a Lei de Tortura foi promulgada, considerou-se que houve
derrogao parcial do dispositivo da Lei dos Crimes Hediondos. Em 2007 aLei dos Crimes Hediondos foi alterada, e hoje todos os crimes hediondos e
equiparados devem ter suas penas cumpridas inicialmente em regime
fechado, mas possvel a progresso de regime.
GABARITO: E
8. PC-RN Escrivo de Polcia Civil 2009 Cespe (adaptada). Um
delegado da polcia civil que perceba que um dos custodiados do distrito
onde chefe est sendo fisicamente torturado pelos colegas de cela,
permanecendo indiferente ao fato, no ser responsabilizado
criminalmente, pois os delitos previstos na Lei n. 9.455/1997 no podem
ser praticados por omisso.
COMENTRIOS: O crime de tortura conta com uma modalidade
omissiva, prevista no 2 do art. 1. Entretanto, apenas criminalizada a
omisso daquele que tinha o dever de agir para evitar ou apurar a
ocorrncia de atos de tortura.
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2 Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o
dever de evit-las ou apur-las, incorre na pena de deteno de um a
quatro anos.
GABARITO: E
9. PC-RN Escrivo de Polcia Civil 2009 Cespe (adaptada). Se
um membro da Defensoria Pblica do Estado do Rio Grande do Norte,
integrante da Comisso Nacional de Direitos Humanos, for passar uma
temporada de trabalho no Haiti pas que no pune o crime de tortura
e l for vtima de tortura, no haver como aplicar a Lei n. 9.455/1997.
COMENTRIOS: O art. 2 da Lei da Tortura determina que ela se aplica
ainda quando o crime no tenha sido cometido em territrio nacional,
sendo a vtima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob
jurisdio brasileira.
GABARITO: E
10. PC-ES Escrivo de Polcia 2011 Cespe. Excetuando-se o
caso em que o agente se omite diante das condutas configuradoras dos
crimes de tortura, quando tinha o dever de evit-las ou apur-las, iniciar
o agente condenado pela prtica do crime de tortura o cumprimento da
pena em regime fechado.
COMENTRIOS: J deu para perceber quais so os assuntos preferidos
do Cespe no que se refere Lei de Tortura, no mesmo? A assertiva
est correta em funo do teor do 7 do art. 1. Lembre-se da exceo!
GABARITO: C
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11. PC-ES Escrivo de Polcia 2011 Cespe. No crime de tortura
em que a pessoa presa ou sujeita a medida de segurana submetida a
sofrimento fsico ou mental, por intermdio da prtica de ato no previsto
em lei ou no resultante de medida legal, no exigido, para seuaperfeioamento, especial fim de agir por parte do agente, bastando,
portanto, para a configurao do crime, o dolo de praticar a conduta
descrita no tipo objetivo.
COMENTRIOS: A conduta do 1 do art. 1 a nica que no exige
dolo especfico por parte do agente do crime de tortura.
1 Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita
a medida de segurana a sofrimento fsico ou mental, por intermdio da
prtica de ato no previsto em lei ou no resultante de medida legal.
GABARITO: C
12. PC-ES Delegado de Polcia 2011 Cespe. Considere a
seguinte situao hipottica.
Rui, que policial militar, mediante violncia e grave ameaa, infligiu
intenso sofrimento fsico e mental a um civil, utilizando para isso as
instalaes do quartel de sua corporao. A inteno do policial era obter
a confisso da vtima em relao a um suposto caso extraconjugal havido
com sua esposa.
Nessa situao hipottica, a conduta de Rui, independentemente de sua
condio de militar e de o fato ter ocorrido em rea militar, caracteriza o
crime de tortura na forma tipificada em lei especfica.
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COMENTRIOS: Aqui estamos diante da Tortura-Prova ou Tortura
Persecutria: a tortura foi infligida com a finalidade de obter informao,
declarao ou confisso da vtima.
GABARITO: C
13. MPE-RR Promotor de Justia 2008 Cespe. Daniel, delegado
de polcia, estava em sua sala, quando percebeu a chegada dos agentes
de polcia Irineu e Osvaldo, acompanhados por uma pessoa que havia
sido detida, sob a acusao de porte de arma e de entorpecentes. Odelegado permaneceu em sua sala, elaborando um relatrio, antes de
lavrar o auto de priso em flagrante. Durante esse perodo, ouviu rudos
de tapas, bem como de gritos, vindos da sala onde se encontravam os
agentes e a pessoa detida, percebendo que os agentes determinavam ao
detido que ele confessasse quem era o verdadeiro proprietrio da droga.
Quando foi lavrar a priso em flagrante, o delegado notou que o detido
apresentava equimoses avermelhadas no rosto, tendo declinado que
havia guardado a droga para um conhecido traficante da regio. O
delegado, contudo, mesmo constatando as leses, resolveu nada fazer
em relao aos seus agentes, uma vez que os considerava excelentes
policiais. Nessa situao, o delegado praticou o crime de tortura, de forma
que, sendo proferida sentena condenatria, ocorrer, automaticamente,
a perda do cargo.
COMENTRIOS: Nesta hiptese foi praticada a tortura em sua
modalidade omissiva. Lembre-se de que este crime apenas pode ser
praticado por aquele que tinha o dever de evitar ou apurar o ato de
tortura e no o fez.
GABARITO: C
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14. STJ Analista Judicirio 2008 Cespe. O condenado pela
prtica de crime de tortura, por expressa previso legal, no poder ser
beneficiado por livramento condicional, se for reincidente especfico em
crimes dessa natureza.
COMENTRIOS: Esta questo no diz respeito Lei da Tortura, mas
achei interessante coloca-la aqui. O livramento condicional no pode ser
concedido nesse caso em funo do art. 83 do Cdigo Penal:
Art. 83 - O juiz poder conceder livramento condicional ao
condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos,desde que
[...]
V - cumprido mais de dois teros da pena, nos casos de condenao
por crime hediondo, prtica da tortura, trfico ilcito de entorpecentes e
drogas afins, e terrorismo, se o apenado no for reincidente especfico em
crimes dessa natureza.
GABARITO: C
15. DPF Delegado de Polcia Federal 2009 Cespe. A prtica do
crime de tortura torna-se atpica se ocorrer em razo de discriminao
religiosa, pois, sendo laico o Estado, este no pode se imiscuir em
assuntos religiosos dos cidados.
COMENTRIOS: Esta modalidade chamada de Tortura Discriminatria
ou Tortura-Racismo, e praticada em razo de discriminao religiosa ou
racial.
GABARITO: E
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16. TJ-SE Juiz 2008 Cespe. Acerca da Lei de Abuso de
Autoridade, Lei n. 4.898/1965, assinale a opo correta.
a) A lei em questo contm crimes prprios e imprprios e admite as
modalidades dolosa e culposa.
b) Considera-se autoridade quem exerce, de forma remunerada, cargo,
emprego ou funo pblica ou particular, de natureza civil ou militar,
ainda que transitoriamente.
c) No caso de concurso de agentes, o particular que coautor ou partcipe
responde por outro crime, uma vez que a qualidade de autoridade elementar do tipo dos crimes de abuso.
d) Caso cumpra ordem manifestamente ilegal, o subordinado dever
responder pelo crime de abuso de autoridade.
e) A competncia para processar e julgar o crime de abuso de autoridade
praticado por policial militar em servio da justia militar estadual.
COMENTRIOS:O erro da alternativa A est em afirmar que existem crimes culposos na
Lei do Abuso de Autoridade.
A alternativa B est incorreta porque afirma que autoridade quem
exerce a funo pblica de forma remunerada. Na realidade, esse
exerccio no precisa ser remunerado para que a figura da autoridade
esteja configurada.
A alternativa C est errada, pois a circunstncia de o autor ser autoridade elementar do crime e, portanto, pode ser transmitida ao coautor ou
partcipe.
A alternativa D est correta, mas na poca gerou muita polmica, pois a
Lei do Abuso de Autoridade no trata diretamente da ordem
manifestamente ilegal. De toda forma, a banca no alterou o gabarito.
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Quanto alternativa E, o crime de abuso de autoridade no delito
militar e, portanto, de competncia da Justia comum. Este
posicionamento j foi corroborado pela Jurisprudncia do STJ.
GABARITO: D
17. PC-ES Escrivo de Polcia 2011 Cespe. Os crimes de abuso
de autoridade sero analisados perante o Juizado Especial Criminal da
circunscrio onde os delitos ocorreram, salvo nos casos em que tiverem
sido praticados por policiais militares.
COMENTRIOS: O STJ j confirmou que o crime de abuso de autoridade
no tem natureza militar e, portanto, de competncia da Justia
comum. Como a maior pena prevista a deteno pelo perodo de 6
meses, a competncia para o processamento dos crimes , como regra
geral, dos Juizados Especiais Criminais.
GABARITO: E
18. TRE-MA Analista Judicirio 2009 Cespe (adaptada).
Constitui abuso de autoridade qualquer atentado ao sigilo de
correspondncia, ao livre exerccio de culto religioso e liberdade de
associao.
COMENTRIOS: A expresso qualquer atentado pode nos deixar na
dvida, mas vamos relembrar o teor do art. 3 da Lei n 4.898/1965:
Art. 3. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:
a) liberdade de locomoo;b) inviolabilidade do domiclio;
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c) ao sigilo da correspondncia;
d) liberdade de conscincia e de crena;
e) ao livre exerccio do culto religioso;
f) liberdade de associao;g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exerccio do voto;
h) ao direito de reunio;
i) incolumidade fsica do indivduo;
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exerccio
profissional.
GABARITO: C
19. TRE-MA Analista Judicirio 2009 Cespe (adaptada).
Compete justia militar processar e julgar militar por crime de abuso de
autoridade, quando praticado em servio.
COMENTRIOS: J deu pra perceber que o Cespe gosta muito desse
assunto, no mesmo? Pois bem, lembre-se de que, de acordo com a
Jurisprudncia do STJ, o crime de abuso de autoridade no tem natureza
militar, e, portanto, deve ser processado pela Justia comum.
GABARITO: E
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4. QUESTES SEM COMENTRIOS
1. PC-BA Delegado de Polcia 2013 Cespe. Determinado policial
militar efetuou a priso em flagrante de Luciano e o conduziu delegaciade polcia. L, com o objetivo de fazer Luciano confessar a prtica dos
atos que ensejaram sua priso, o policial responsvel por seu
interrogatrio cobriu sua cabea com um saco plstico e amarrou-o no
seu pescoo, asfixiando-o. Como Luciano no confessou, o policial deixou-
o trancado na sala de interrogatrio durante vrias horas, pendurado de
cabea para baixo, no escuro, perodo em que lhe dizia que, se ele no
confessasse, seria morto. O delegado de polcia, ciente do que ocorria nasala de interrogatrio, manteve-se inerte. Em depoimento posterior,
Luciano afirmou que a conduta do policial lhe provocara intenso
sofrimento fsico e mental.
Considerando a situao hipottica acima e o disposto na Lei
Federal n. 9.455/1997, julgue os itens subsequentes.
Para a comprovao da materialidade da conduta do policial,
imprescindvel a realizao de exame de corpo de delito que confirme as
agresses sofridas por Luciano.
2. MPU Tcnico 2010 Cespe. O crime de tortura inafianvel e
insuscetvel de graa ou anistia.
3. MPU Tcnico 2010 Cespe. considerado crime de tortura
submeter algum, com emprego de violncia ou grave ameaa, a intenso
sofrimento fsico ou mental, como forma de aplicar-lhe castigo pessoal ou
medida de carter preventivo.
4. TJ-RO Analista Judicirio 2012 Cespe (adaptada). A perda
da funo pblica e a interdio de seu exerccio pelo dobro do prazo da
condenao decorrente da prtica de crime de tortura previsto em lei
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especial so de imposio facultativa do julgador, tratando-se de efeito
genrico da condenao.
5. TJ-AC
Tcnico Judicirio
2012
Cespe. Suponha que Joo,penalmente capaz, movido por sadismo, submeta Sebastio, com
emprego de violncia, a contnuo e intenso sofrimento fsico, provocando-
lhe leso corporal de natureza gravssima. Nessa situao, Joo dever
responder pelo crime de tortura e, se condenado, dever cumprir a pena
em regime inicial fechado.
6. DPF Agende da Polcia Federal 2012 Cespe. O policialcondenado por induzir, por meio de tortura praticada nas dependncias
do distrito policial, um acusado de trfico de drogas a confessar a prtica
do crime perder automaticamente o seu cargo, sendo desnecessrio,
nessa situao, que o juiz sentenciante motive a perda do cargo.
7. DPU Defensor Pblico 2007 Cespe. No se estende ao crime
de tortura a admissibilidade de progresso no regime de execuo da
pena aplicada aos demais crimes hediondos.
8. PC-RN Escrivo de Polcia Civil 2009 Cespe (adaptada). Um
delegado da polcia civil que perceba que um dos custodiados do distrito
onde chefe est sendo fisicamente torturado pelos colegas de cela,
permanecendo indiferente ao fato, no ser responsabilizado
criminalmente, pois os delitos previstos na Lei n. 9.455/1997 no podem
ser praticados por omisso.
9. PC-RN Escrivo de Polcia Civil 2009 Cespe (adaptada). Se
um membro da Defensoria Pblica do Estado do Rio Grande do Norte,
integrante da Comisso Nacional de Direitos Humanos, for passar uma
temporada de trabalho no Haiti pas que no pune o crime de tortura
e l for vtima de tortura, no haver como aplicar a Lei n. 9.455/1997.
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10. PC-ES Escrivo de Polcia 2011 Cespe. Excetuando-se o
caso em que o agente se omite diante das condutas configuradoras dos
crimes de tortura, quando tinha o dever de evit-las ou apur-las, iniciaro agente condenado pela prtica do crime de tortura o cumprimento da
pena em regime fechado.
11. PC-ES Escrivo de Polcia 2011 Cespe. No crime de tortura
em que a pessoa presa ou sujeita a medida de segurana submetida a
sofrimento fsico ou mental, por intermdio da prtica de ato no previsto
em lei ou no resultante de medida legal, no exigido, para seuaperfeioamento, especial fim de agir por parte do agente, bastando,
portanto, para a configurao do crime, o dolo de praticar a conduta
descrita no tipo objetivo.
12. PC-ES Delegado de Polcia 2011 Cespe. Considere a
seguinte situao hipottica.
Rui, que policial militar, mediante violncia e grave ameaa, infligiu
intenso sofrimento fsico e mental a um civil, utilizando para isso as
instalaes do quartel de sua corporao. A inteno do policial era obter
a confisso da vtima em relao a um suposto caso extraconjugal havido
com sua esposa.
Nessa situao hipottica, a conduta de Rui, independentemente de sua
condio de militar e de o fato ter ocorrido em rea militar, caracteriza o
crime de tortura na forma tipificada em lei especfica.
13. MPE-RR Promotor de Justia 2008 Cespe. Daniel, delegado
de polcia, estava em sua sala, quando percebeu a chegada dos agentes
de polcia Irineu e Osvaldo, acompanhados por uma pessoa que havia
sido detida, sob a acusao de porte de arma e de entorpecentes. O
delegado permaneceu em sua sala, elaborando um relatrio, antes de
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lavrar o auto de priso em flagrante. Durante esse perodo, ouviu rudos
de tapas, bem como de gritos, vindos da sala onde se encontravam os
agentes e a pessoa detida, percebendo que os agentes determinavam ao
detido que ele confessasse quem era o verdadeiro proprietrio da droga.Quando foi lavrar a priso em flagrante, o delegado notou que o detido
apresentava equimoses avermelhadas no rosto, tendo declinado que
havia guardado a droga para um conhecido traficante da regio. O
delegado, contudo, mesmo constatando as leses, resolveu nada fazer
em relao aos seus agentes, uma vez que os considerava excelentes
policiais. Nessa situao, o delegado praticou o crime de tortura, de forma
que, sendo proferida sentena condenatria, ocorrer, automaticamente,a perda do cargo.
14. STJ Analista Judicirio 2008 Cespe. O condenado pela
prtica de crime de tortura, por expressa previso legal, no poder ser
beneficiado por livramento condicional, se for reincidente especfico em
crimes dessa natureza.
15. DPF Delegado de Polcia Federal 2009 Cespe. A prtica do
crime de tortura torna-se atpica se ocorrer em razo de discriminao
religiosa, pois, sendo laico o Estado, este no pode se imiscuir em
assuntos religiosos dos cidados.
16. TJ-SE Juiz 2008 Cespe. Acerca da Lei de Abuso de
Autoridade, Lei n. 4.898/1965, assinale a opo correta.
a) A lei em questo contm crimes prprios e imprprios e admite as
modalidades dolosa e culposa.
b) Considera-se autoridade quem exerce, de forma remunerada, cargo,
emprego ou funo pblica ou particular, de natureza civil ou militar,
ainda que transitoriamente.
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c) No caso de concurso de agentes, o particular que coautor ou partcipe
responde por outro crime, uma vez que a qualidade de autoridade
elementar do tipo dos crimes de abuso.
d) Caso cumpra ordem manifestamente ilegal, o subordinado deverresponder pelo crime de abuso de autoridade.
e) A competncia para processar e julgar o crime de abuso de autoridade
praticado por policial militar em servio da justia militar estadual.
17. PC-ES Escrivo de Polcia 2011 Cespe. Os crimes de abuso
de autoridade sero analisados perante o Juizado Especial Criminal da
circunscrio onde os delitos ocorreram, salvo nos casos em que tiveremsido praticados por policiais militares.
18. TRE-MA Analista Judicirio 2009 Cespe (adaptada).
Constitui abuso de autoridade qualquer atentado ao sigilo de
correspondncia, ao livre exerccio de culto religioso e liberdade de
associao.
19. TRE-MA Analista Judicirio 2009 Cespe (adaptada).
Compete justia militar processar e julgar militar por crime de abuso de
autoridade, quando praticado em servio.
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GABARITO
1. E 11. C2. C 12. C
3. C 13. C
4. E 14. C
5. E 15. E
6. C 16. D
7. E 17. E
8. E 18. C
9. E 19. E
10. C
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