Problemas e perspectivas: Cultura Visual –
Aspectos metodológicos
Sociologia da Cultura
• Cultura Visual e a Imagem nas Ciências Sociais
• Formas de uso das imagens
• Recolha, tratamento e análise de dados
• Área de estudo multidisciplinar (estudos culturais, sociologia, antropologia, crítica e história de arte, artes visuais, semiologia, etc.)
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– Não existe consenso quanto ao corpo conceptual, teórico e
epistemológico
– Abordagens teóricas e metodológicas divergentes
Cultura visual enquanto campo de estudo
• “Cultura visual integra aqueles artefactos materiais, edifícios e imagens, media e performance, produzidos pelo trabalho e imaginação humanas, servindo propósitos estéticos, simbólicos, ritualísticos, político-ideológicos e/ou funções práticas, que remetem para o sentido da visão de forma significativa”. (Walker e Chaplin, 1997, p. 2)
• “Cultura visual é uma táctica, não uma disciplina académica. É uma estrutura interpretativa fluida, centrada na compreensão da resposta de indivíduos e grupos aos media visuais (...) A cultura visual é nova precisamente por causa da focalização no visual como o lugar onde os significados são criados e contestados” (Mirzoeff, 1999, pp. 4-6)
Cultura visual: conceito e área de estudo
• Subdisciplinas especializadas no uso da imagem e das tecnologias visuais em ciências sociais:
– Antropologia Visual
– Sociologia Visual
• Outras disciplinas próximas que trabalham sobre/com a imagem:
– Semiologia/semiótica
– Ciências da comunicação
Trabalho com as tecnologias visuais não é algo de recente nas ciências sociais.
– Desde a invenção da fotografia (1837-39) e mais tarde do cinematógrafo (1895), que ambas as tecnologias são usadas na exploração do mundo.
– Considerados auxiliares fundamentais a uma exploração científica do mundo.
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– Permitiam registar de forma objectiva e isenta, dados visuais que possibilitavam uma catalogação, comparação e posterior análise minuciosa da realidade (biologia, zoologia, medicina, antropologia, etc.)
Ilhas Salomão – Melanésia (1880)
Austrália (1910)
Casa típica, Samoa-Polinésia (1870)
Maori – Nova Zelândia (1872-1886)
• Dificuldades colocadas à pesquisa visual:
O meio académico e os investigadores mais ortodoxos têm recusado e colocado entraves à utilização da imagem na pesquisa social:
– A imagem é tida geralmente por:
• Polissémica;
• Superficial;
• As ciências sociais centram-se na linguagem verbal (escrita e oralidade), ou seja, são “logocêntricas”.
• Geralmente o verbal analisa o visual – “teorizamos sobre aquilo que vemos”.
• A produção científica é essencialmente constituída por teses, monografias, artigos e relatórios escritos.
• Os métodos de pesquisa recorrem basicamente às entrevistas, inquéritos, observação participante com diário de campo.
• Raramente são usadas as tecnologias visuais.
Formas de uso da Imagem
• De que forma podem as imagens e as tecnologias visuais ser utilizadas no decurso dos processos de pesquisa?
• Quais as principais fontes de imagens?
Pesquisa visual
1. Imagens produzidas pelo investigador
• Registar em imagens situações sociais e culturais. Processos sociais, rituais, artefactos, técnicas, ambiente edificado, tecnologias, etc.
2. Imagens pré-existentes
• Recolher e estudar imagens que são produzidas por uma determinada comunidade ou grupo social: – As fotografias produzidas, os graffiti, as tatuagens, os vídeos
caseiros, filmes, programas de televisão, publicidade, etc.
• Tecnologias visuais, podem ser usadas em conjunto com outras técnicas de pesquisa em ciências sociais (entrevista, observação participante, etc.)
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Imagem enquanto auxiliar de pesquisa
Em que circunstâncias podem ser usadas imagens e tecnologias visuais?
• As imagens e as tecnologias visuais devem ser usadas em
função dos objectivos da investigação, dos meios disponíveis e do contexto sociocultural em análise: – Há investigações onde não faz sentido usar imagens; – A utilização de uma câmara pode criar problemas à relação com as
pessoas e os grupos em estudo; – Há situações onde não é possível usar câmara de filmar ou fotografar; – Situações onde é perigoso filmar; – Situações onde não há condições para filmar; – Situações onde se deve preservar o anonimato dos intervenientes, etc.
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– Ponderar em que momentos e contextos é necessário/possível captar imagens.
Métodos participativos e colaborativos
• “Photo-voice”
– Pedir aos sujeitos para tirarem fotos do seu dia-a-dia
• “Photo-elicitation”
– Mostrar fotos do quotidiano para servirem de estímulo a uma entrevista
Como tratar e apresentar as imagens? – Distinção prévia: a) Imagem enquanto componente elementar (fonte) b) Imagem enquanto componente secundária (auxiliar)
– Como serão analisadas as imagens? Que funções irão
cumprir? Ilustração, descrição, comprovação, testemunho… a) Narrativa interna – conteúdo b) Narrativa externa – contexto social que produziu a imagem
– Como serão apresentadas as imagens? De que modo
podemos integrar um conjunto de imagens num discurso científico que se pretende produzir e apresentar ao público? • Tradicional monografia (com imagens); • Foto-ensaio; • Filme etnográfico/ documentário; • Multimédia/ hipermédia
A consultar
• Ensaio Visual – Análise Social http://analisesocial.ics.ul.pt/?page_id=18
• International Visual Sociology Association http://www.visualsociology.org/
• Visual Studies http://www.tandfonline.com/toc/rvst20/current
Bibliografia Becker, Howard S. (1995), “Backup of Visual Sociology, Documentary Photography, and
Photojournalism: it’s (almost) all a matter of context”, Visual Sociology, 10 (1-2), 5-14.
Berger, John (1999), Modos de ver, Lisboa, Edições 70, pp. 1-38.
Campos, Ricardo (2011), “Imagens e tecnologias visuais em pesquisa social: tendências e desafios”, Análise Social, 199, pp. 237-259.
Campos, Ricardo (2013), Introdução à cultura visual. Abordagens e metodologias em ciências visuais, Lisboa, Ed. Mundos Sociais.
Harper, Douglas (1988), “Visual Sociology: Expanding Sociological Vision”, The American Sociologist, 19 (1).
Mirzoeff, Nicholas (1999) An introduction to visual culture, London and New York, Routledge pp. 1 – 29.
Pais, José Machado e Clara Carvalho, Neusa Mendes de Gusmão (org.), O Visual e o Quotidiano, Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais.
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