Post on 10-Jan-2016
description
ARTIGO
o estudodecaso:aspectospedaggicosemetodolgicosl
ElisabeteMatalloMachesinidePdua2
PauloMoacir GodoyPozzebon2
RESUMO
Refere-seaoestudodecasosobdoisaspectos.quesearticulam:primeiro.noqueconsemesrelaesensino-aprendizagem.apontandosuaspossibilidadesnasatividadesacadmicasinterdisciplinaresenasrelaesteoria-prtica:segundo.comorecursometodolgicoparacoleta.anlisee interpretaodedadosnoprocessodapesquisacientfica.
Unitermos:estudodecaso.relaoteoria-prtica.ensino.mtodos.
INTRODUO
o estudodecasotemsidolargamenteempregadocomorecursoparaodesenvolvimentodapesquisa,tantonocampodasCinciasHumanaseSociais,quantonocampodasCinciasBiolgicasedaSade.
J na dcadade quarenta,nos EstadosUnidos,Allport citadopor NOGUEIRN, arrolouos seguintesargumentosaseufavor:
"I. O conhecimentohumanocomeacomoobjetoconcreto,casoou indivduo;
2. A formaoslida,emPsicologia,logicamentecomeacomocasoconcretoantesdeselanaraosmateriaisabstratos;
3.Essetratamentoevitaa tendnciadeextremasimplificaodamotivaohumana;
4. A causalidade,no que diz respeitopersonalidade,nemsemprepreditapelafreqnciadaocorrnciadoseventosemumgrandenmerodecasos,maspodeserpessoaloupeculiaraumcaso".
Nessaperspectiva,oestudodecasoseriaoincio,a partirdeumasituaoreal,contextualizado,comascaractersticase aspectosdo"objeto"estudado.CasosclncosfamososnocampodaMedicina,daPsicanlise,nocampodoDireitoedaSociologiacontriburamparadifundir
(I) TextoelaboradoapartirdeoficinasdesenvolvidaspeloDepartamentode DisciplinasFilosficasAuxiliaresdo Institutode Filosofiajuntoaos docentesdo Curso de TerapiaOcupacionalda PUCCAMP emnovembrode 1995.
e)ProfessoresAdjuntosdo Institutode Filosofia da PUCCAMP.
oestudodecasocomorecursometodolgicoparaapesquisa.NaprpriaTerapiaOcupacional,olivroChanceparaumaesquizofrnca,deRuiChamoneJorge,constitui-senumbomexempl07.
Recentemente,nombitodachamadapesquisaqualitativa,osestudosdecasotm-sereveladocomoumrecursopromissorparaodesenvolvimentodeatividadesinterdisciplinares,tantonoscamposj citadoscomonaEducao.
A introduodosestudosdecasonassriesfinaisdaGraduao,emestgiossupervisionadosoumonografiasdeconclusodecurso,temsereveladotambmimportantemomentonoprocessoensino-aprendizagem,nosentidodevalorizara ao,a reflexoe a sistematizaodoconhecimentodos alunos; a partir de um casocontextualizadoe daspossibilidadesdeintervenonarealidade,pode-seestimularacriatividade,acuriosidade,a reflexocrtica,o conhecimentointerdisciplinar,imprimindoum significadoinovadorao ensinodegraduaoll.
Nesteartigo,apssuacaracterizao,pretendemosabordaroestudodecasosobosseguintesaspectosque,evidentemente,searticulam:
-No queserefereaoensino-aprendizagem,apontandosuaspossibilidadesnasatividadesacadmicas
interdisciplinaresenasrelaesteoria-prtica;
- No processodepesquisa,comorecursometodolgicoparacoleta,anliseeinterpretaodedados,naperspectivadoensinocompesquisanaGraduao.
RevistadeCinciasMdicas-PUCCAMP, Campinas,5(2):76-82,maio/agosto1996
--
o ESTUDO DE (' ASO ASPECTOS 77
CARACTERIZAO
o estudodecasopodesercompreendidocomoomtodode investigaoque focaliza um nico caso,procurandoestud-Iode maneiraprofundae sistemtica.Busca captaro objeto, selecionadopor seu interesseparticular,emsuatotalidadeeunidade,oquefreqentementeimplicacaptartambmadinmicadeseudesenvolvimento.
Geralmente,consideradoumaformadepesquisaqualitativa,dadoquemuitoscaso~soestudadosemsituaonatural,comriquezadedadosdescritivos,ausnciadeesquemasrgidose focalizandoa realidadede formacomplexaecontextualizada8.Entretanto,comfreqnciavem-secasosquedemandamtratamentoquantitativo,nasmaisdiferentesreas,incluindoa readascinciasdaSade.
LDKE & ANDR8apontamosprincpiosquefreqentementeregemosestudosdecasosqualitativos:elesvisamdescoberta,porqueoconhecimentoconstruocontnua,e o pesquisadordeverpermaneceratentoanovosdadosrelevantesparaapesquisa;osestudosdecasobuscamumaapreensodo objetolevandoemcontaocontextoemquesesitua,paramelhorapreend-Io;utilizandovriasfontesdeinformao,elesbuscamretratararealidadede maneiracompletae profunda,revelandoassimamultiplicidadededimensespresentesnoobjeto(situaoouproblema)focalizadocomoumtodo,abrangendoatmesmoos pontos-de-vistacontlitanteseventualmentepresentesnasituaoestudada.
Assim,ocasoestudadotratadocomoobjetonicoa serconhecido,masseuinteresseresidetantoemsuaunicidadequantonofatodeseuestudopossuircertocarterexploratrio,permitindolanarbasesparainvestigaessistemticasposteriores.
POSSIBILIDADES NO PROCESSOENSINO-APRENDIZAGEM
Partindo-sedo pressupostoqueo estudodecasovisa desenvolvero "conhecimentoem contexto",suas
possibilidadescomoelementovitalizadoreestimulantenoprocessoensino-aprendizagemnagraduaosoinmeras.Comoo estudodeumcasosemprerevelaamultiplicidadedos fatorespresentesnasuaformao,evidencia-sesuacomplexidade,bemcomoaexignciadesecompreenderasinter-relaesentreseuscomponentes,oriundosdeumamesmareaoudediferentesreasdeconhecimento.
Nestaperspectiva,possibilitao desenvolvimentodeatividadesdeensinointerdisciplinares.O conceitodeinterdisciplinaridadetemgeradomuitapolmicanosmeiosacadmicos.Cabemaquialgumasobservaes.Entendemospor"interdisciplinaridade"aintegraoentreduasoumais
disciplinas,nosseusaspectosconceitual,epistemolgico,metodolgico,dos procedimentos,de organizaoecomunicaodeidias/resultados,queserealizanoplanodoensinoedapesquisa.
Nestesentido,paraqueatividadesinterdisciplinarespossamserdesenvolvidas, necessrioqueasdisciplinastenhamconstruidoumabasedeconhecimentoquepermitaumatransposio,umatroca,umainter-relaoentreosconceitosde diferentesreasou entreos de diferentes
abordagensnumamesmareadeconhecimento.Levandoistoemconsiderao,desejvel(pormnocondicional)queosestudosdecasosejamtrabalhadosnassriesfinaisdagraduao.
Respondendo pergunta"o que deveser feitoquandosetratadeformarinterdisciplinarmenteosalunos?",FOLLARF observaque:"Nosepodeentremesc/aroquenoseconhece.Portanto,snosltimosanosdascarreirasuniversitriaspossvelmanejara interdisciplinaridade;osprimeirosanosso unidisciplinaresou, apelandoscincias auxiliares, pluridisciplinares, mas jamaisinterdisciplinares.A pretensodefazer o contrrionopermiteo manejoda prpria disciplinae enfraqueceapreparaocientfica"
Assim, entendemos que a perspectivainterdisciplinarnose configuraaqui comonegaodadisciplinarnemcomo"sopametodolgica"ou misturadecontedoseconceitosdediferentesdisciplinas,mascomoum outro momento no processo de produo doconhecimento;nestesentidoos estudosde casopodempropiciar a elaboraodo conhecimentoa partir daexperincia, do contexto e tambm a partir dosconhecimentosdebaseanteriormenteadquiridosque,noentanto, guardamsuas caractersticas,diferenas eespecificidades.
Outro aspectoque mereceser pontuado que,no mbito das relaesensino-aprendizagem,convi-vemoshojecomdiferentesparadigmasdeensinoque,demodoamplo, podemoscaracterizarem I) ensinocomoreproduodoconhecimentoe 2) ensinocomoproduodoconhecimento.
Quando trabalhamoscom estudosde caso noprocessodeensino,conscientementeouno,nossasaespedaggicassedoapartirdospressupostosqueorientamestasconcepese,conseqentemente,o casoenfocadodemaneirasdiferentespeloprofessor,pelosalunos,pelaequipemultidisciplinar,etc.
Figura 1 deveser vista como uma tentativadepensarmososestudosdecasoapartirdospressupostosdosmodelosacimareferidos,e nos mostracomo podemosentend-Iosnocontextoeducacional,aomesmotempoemquepodenosoferecepistasparapossveismudanasnaprticapedaggica.
RevistadeCinciasMdicas- PUCCAMP.Campinas.5(2):76-82.maio/agosto1996
78 E. M. M. de PDUA e P. M. G. POZZEBON
Ensinocomoreproduodoconhecimento
Ensino comoproduodoconhecimento
Compreensodo caso
Descrio das caractersticasdocaso"livre"decontexto~ cada
especialidadese transformaemum "segmento fechado" ~fTagmentaodo conhecimento.
Relaoteoria-prtica
o caso visto "emseparado"apartirdasespecificidadesde cadaespecialidadeou disciplina,comoexemploquedevecomprovarouseencaixarnateoriaj dada ~
pontode chegada....
acentuadicotomiateoria-prtica.
Ao da equipemultidisciplinar
Utilizao de regras quedeterminamas aes(protocolos)
....
aes isoladas de cadaprofissional(ou rea)
....
noh responsabilidadepor atospraticados"em conjunto"
Processode avaliaodosalunos
Avaliao= desempenho=capacidadede seguir regras~nfase na memorizaode
contedos....
reproduodo conhecimento
Contextualizaodo caso pelosprofissionaisenvolvidos:escolhaconjunta das diferentesperspectivasque podemexplicaro caso ~busca o conhecimento
de forma interdisciplinar
o caso visto"como um todo"sem deixar de lado suas
especificidades;momento de seconfTontar e/ou questionar oaparatoterico j conhecido ~
pontode partida....
busca articulaoteoria-prtica
Competnciapara discernirquaisaes podem dar conta dasituaoespecfica
....
escolhaconjuntade um planodeaoobjetivo
....
h maior responsabilidadedetodososenvolvidosnoprocesso.
Avaliao = capacidadenatomadade decisesquelevemconcretizaodos objetivos~nfasenacriatividadee na
inovao....
produodo conhecimento
Figura 1. Estudosde casoX paradigmasde ensino.
o caso,pelamultiplicidadedefatoresqueocompemepelofatodeestarsendomediadornoprocessoensino-aprendizagem,coloca questesde naturezasdiferentes,queporsuavezexigemrespostasdediferentesreasdo conhecimento;por estarexercendoestafunomediadoraemao,ocasopassaaseraomesmotempoopontodepartidaeopontodeconvergnciaentreofazereo pensarda interdisciplinaridadeoComoconseqncia,temos,simultaneamente,uma"exploso"de informaeseuma"exploso"dedvidas,deincertezas,queintroduzemumnovotipoderelacionamentodosalunoscomocontexto,
porqueosestimulamanlise,desenvolveacapacidadedecomporerecompordados,informaes,aouvirargumentosde diferentesdisciplinas,enfim, valorizar a aointerdisciplinarreflexivae o pensamentodivergente,possibilitando,naprtica,asuperaodomodelodeensinoreprodutivista
o FSn :DODECASO ASPECTOS 79
No entanto,caberegistrarqueexistemaindadificuldadesaseremsuperadasparaqueosestudosdecasovenhama ocuparumespaoprivilegiadonoprocessoensino-aprendizagem.Dentreelas,destacamosaquestodasdisciplinaseoquantoesto"maduras"paraestabelecerrelaesdeensinoepesquisaentresi.comooestudodecasorequer.Comoavaliarconjuntamenteo desempenhodoalunonoprocesso~Asdiferentesdisciplinaspodeme/oudevemmanterseusprpriosparmetrosdeavaliao?Soquestesrelevantesquesurgemdaprticapedaggicaquemerecemdiscussoentreosenvolvidos"nocaso",emfacedasdiferentesconcepesdeavaliaoquepermeiamestaprtica.
A complexidadedeumcasogeralmentenoslevaaestud-Io em grupos de trabalho ou equipesmultidisciplinares,quandopodemsurgirdificuldadesterico-prticasnacomatraz-Iaadebateeestarabertoparacolocar-seemsintoniacomoutrossaberes,masnopodeextinguirsuaprpriaespecificidade~".
Um outroaspectoquedeveserconsideradonatemticadoestudodecasoa relaoteoria-prtica.SeadmitirmoscomFREIRE1que"pensaraprticaamelhormaneiradepensarcerto",o estudodecasoseapresentacomoumespaosignificativono processoensino-apren-dizagem,ondepodesedaro resgatedaarticulaoteoria-prtica.Oestudodecasoumespaode"provocao",dedesafioaosalunoseprofessores,umavezquecolocadeimediatoanecessidadedaao;masestanoumaaoqualquer,mecnica,repetitiva, umaaoquerequeraexplicitaodoreferencialtericoedosobjetivosaseremalcanados,ou seja,da finalidadeda prticanumdeterminadocontextodarealidade.
Assim,o estudodecasopodeconcorrerparaaarticulaoteoria-prticana formaoprofissional,conferindoumoutrosentidoaocurrculoqueestsendodesenvolvido,queodeaproximarateoriadaexperinciaconcretaeorientaraspossibiIidadesdeinterveno/atuao/pesquisanareaespecfica.
ASPECTOSMETODOLGICOS:ACARACTERIZAODO CASOA SERESTUDADO
Um caso,tomadocomoobjetodepesquisa,umaunidadesignificativadeumatotalidade,isto,trata-sedeumasituaosocial,ouhistrica,oudeumserhumano,oudeumeventocoletivodotadoderelativaindividualidade,quepodemserisoladosparaestudo.
A primeiracaractersticado caso, portanto,aindividualidade,a possibilidadede separ-Iode umatotalidadesociale reconhecerneleumatotalidademenor,subordinada,masrelativamenteautnoma.Estasuarelativa
autonomianodevedeixardeserreferida totalidadesocialquelheconferesuarealsignificao.
Convm,entretanto,noesquecerqueatotalidadedequalquerobjetoumaconstruointelectualoperadapelopesquisadorsegundocritriosmaisadequadosaosfinsdapesquisa;nohlimitesintrnsecosquepossamdefinirnaturalmenteasfronteirasdeumprocessoouobjeto,mesmoqueo objetosejaumindivduo,mesmoqueapesquisasitue-senocampobiolgico".
Outroaspectoafrisarqueoestudodeumcasonopodevisarcaptartodososelementosquetornamnicoumobjeto:"oselementosnicosdeumobjetosoprecisamenteaqueleseliminadospelaabstraocientfica".O quesepodebuscarnumestudodecasoodelineamentodeumaunidade construda pelo pesquisador com ascaractersticasmaisrelevantesdo objeto(grifodoautor).SegundoGOODE&HATT","...omtododocasonopodeserconsideradocapazdecaptaro lnico.masumatentativademanterjuntas.comoumaunidade.aquelascaractersticasimportantespara o prohlemacientficoqueestsendoinvestigado".
Como participantede umatotalidadeque ocontextualiza,umcasopodenestaenquadrar-secomotpico,atpicoou extremo,segundosuassemelhanascomosdemaiscasosencontrveisnatotalidade.O estudode qualquerdestastrspossibilidadesguardavalorheurstico,eestaclassificaoparticularmenteinteressanteparapesquisasnareadaSade.Evidentemente,o usodestaclassificaosupeumconhecimentoanteriordatotalidade,aomenosdecarterexploratrio.
Umcasotpcoaquelequepodeservistocomorepresentativodoselementosqueconstituemumatotalidadeabrangente.Seuinteresseresidejustamentenestaidentidadecomosdemaisobjetos.Umcaso'atpicoou"anormal"constituiumdesviocujascausasouconseqnciasdevemserexplicadas,seuinteresseresidenestaespecificidade;porcontrastepodeesclarecercaractersticasdscasostpicos.Casosextremos,assimclassificadospor sedistanciaremsignificativamentedoscasostpicosemesmodosatpicos,oferecema possibilidadede conheceroslimitesdentrodosquaisasvariveispodemoscilar'.
AS ETAPAS DO ESTUDO DE CASO
Procurou-sedelimitar,demaneiraabrangente,asetapasqueorganizamlogicamentearealizaodoestudodecaso;cabeassinalarqueaspeculiaridadesdocasoaserestudadopodemexigiroutrasformasdeorganizaolgica.
Delimitaodocaso
O casoaserestudadodeveserbemdelimitado,opesquisadordeveprocurarterclarososlimitesdefinidores
RevistadeCinciasMdicas-PUCCAMP,Campinas,5(2):76-82.maio/agosto1996
110 , \1\1de PADlJA eP \1 (i POl.ZEIJON
do caso: algunsestudospodemalcanaresteobjetivoapenasnodesenvolvimentoadiantadodapesquisa,outrosestudospodempartirde casosnitidamentedelimitados:cumpreentretanto.sempreverificarseocasoaserestudadono apenaspartede umcasomaisamploe talvezmaissignificativo.Exemplo:aobradeumartistaevidentementeconstituiumcasosingular,maspodesermaisinteressanteconsider-Iocomo parte de uma pequenavanguardaartstica.Umcasoclnicoconstituiumaunidade,maspodesermaisinteressantetomaro pacientecomomembrodeumafamliadoente.
Para evitardificuldadesposterioresadvindasdeuma delimitao deficiente, GIL4.
o ESTl'DO DEr -\SO ASPECTOS 8t
docaso.Aprimeiratomaocasonumdeterminadomomentodesuaevoluoe o analisa"estaticamente".sejasobopontode vistadasdeterminaesinternasdo caso,constitutivase transitrias.ousobo pontodevistadasrelaesdocasocomseucontexto.A segundaformadereconstruotomao casoemsuaevoluoaolongodotempo,procurandoanalisaras transformaessofridasbemcomoasrelaescomosdiferentescontextosemquesesituou.
indispensvelo momentodainterpretao:umestudode casonodevese limitara umadescriosistemticado caso. necessrioaindapercebersuasmltiplasdimenses.captarsuassignificaes,explicarapeculiaridadeoutipicidadedeseudesenvolvimento.
Umprocedimentoauxiliarbastantefecundoparaestaetapadotrabalhoaanlisedecontedo.Esta umaformadetratamentoe anlisedecomunicaes(orais,visuaisouescritas)queestejamreduzidasaumtextooudocumento,visandocompreendercriticamenteseusentido,seucontedoe suassignificaes,sejamexplcitasouimplcitas,medianteinvestigaode seucontedosimblico.Dependendodotipodedocumentodisponvel,pode-seprocedera anlisesde palavras,sentenas,pargrafos,oumesmodotextoembloco,tratadasmediantecontroleestatsticodepalavras,anliselgicadefrasesouexpressesouanlisestemticas.Pode-se,ainda,buscarossentidosdeumacomunicaonomomentodaenunciaooumesmonacompreensodasconotaesqueelaassumeemdiferentesmeiossociais.Trata-se,portanto,deumaformabastanteverstilde investigaoquepermiteadaptaosespecificidadesenfrentadasnosestudosdeaso.
A elaboraodorelatrio
Umrelatriofinaldeverapresentarosresultadosda pesquisade maneiraclara.objetivae logicamenteorganizada,procurandodistinguirclaramenteo discursodo pesquisadordaseventuaiscitaesdasfalasdo(s)pesquisado(s). altamentedesejvelqueo pesquisadorapresentedetalhadamenteosdadosquedescrevemocaso,paraqueo leitorpossanoapenascompreenderasconclusesexpostas,masacompanharo raciocniodopesquisadore mesmodiscordardesuainterpretaodocasoestudado.
Oselementosmnimosdeumrelatrioso:
I. descriodocasoedesuacontextualizao,
2. interpretaodocasoe
3.formulaodeconcluses.
Um relatriopodeaindaserenriquecidocomfotografias,examescInicos,esquemasdedesenvolvimento,
transcriodealgumdepoimentomuitoimportante,eoutroselementos,emgeralapresentadosnosanexos.
A documentaodasfontespesquisadaseascitaesbibliogrficasdevemse referenciarnasnormasdaAssociaoBrasileiradeNormasTcnicas(ABNT).
CONTROVRSIASSOBREAPOSSIBILIDADEDE GENERALIZAODOSRESULTADOS
O ponto maiscontrovertidodosestudosdecasoapossibilidadede generalizaode suasconcluses.Po-dem-seidentificarnodebatevriassoluesdivergentes:
GOODE & HATT" sugerema possibilidadedegeneralizaoa partir de um conjunto relativamentenumerosodecasos.Nestesentido.chamamaatenoparaofatodequeapesquisacientficaoperacomgeneralizaes(categorias,conceitos,padres);o estudodeumcasonodeveriabuscartodaaunicidadedoobjeto,poisestaescapascategoriascientficas,masde certaformareduzi-Ioaestasgeneralizaes.
LDKE E ANDRsentendemqueageneralizaotempoucarelevncia,dadoquenestetipo depesquisaocaso tratadocomo nico, singular,no qual busca-seriquezade dados.Entendem.porm,ser possveluma"generalizaonaturalstica"emqueo leitordoestudodecaso,lanandomodeseusconhecimentosformais.mastambmde conhecimentotcito(impresses.sensaes,intuies),perceberaspectossemelhantesentreo casoestudadoeoutroscasosesituaesporelevivenciadosemontextossemelhantes,a partirdoquepodercriarnovasidias.significadosecompreenses.
CHIZZOTTI' aceitaapossibilidadedecomparaesaproximativas,generalizaesparasituaessimilaresoumesmoinfernciasem relaoao contextoda situaoanalisada.
GIV'enfatiza a impossibilidadedegeneralizaodosresuItadosobtidos,operaodesprovidadesustentaolgica,vistoqueo casoestudadopodeseratpicoe induziraconcluseserrneas.Admiteentretanto,queosnumerososestudosdecasobemsucedidosvalidamasuposiodequea anlisede umcasopermitea compreensogeraldoscasos do mesmouniverso. Para contornar algumasdificuldadese expandiro valor do estudo,sugereoenquadramentodocasosegundoascategoriasjdiscutidasdetpico,atpicoe extremo.
Oexamedestasdiferentesposiespermiteassinalaralgunspontos.A impossibilidadelgicadageneralizao fatoquedeveestarclaroao pesquisador-o raciocnioindutivono asseguraa veracidadedasconcluses.Asconclusesdeumestudodecasosorigorosamentevlidas
RevstadeCinciasMdicas- PUCCAMP.Campinas.5(2):76-82.maio/agosto1996
82E. M M de PDUA e P M G. POZZEBON
apenasparaocasoestudado.Noentanto,ssejustificaoesforoeosrecursosgastosnumapesquisasedoestudodeumcasosepuderemextrairbasesparapesquisasmaisamplase sistemticas,sejam metodolgicas,sejamconteudsticas.Nestesentido,o estudode casosextremamentevaliosocomoestudoexploratrio,poisseusresultadospermitemrecolocaodoproblemaaestudar,revisodametodologia,dashipteses,etc.
Observa-sefinalmenteque,mesmotomandoumcasoparaestudodevidoasuascaractersticassingulares,aintenocientficadopesquisadorvolta-seindiretamenteparaacompreensodageneralidade;porsemelhanaouporcontraste,o casoajudaaelucidaro realamplamenteconsiderado.Deoutraforma,o estudodecasofugiriaaoespritocientfico.
SUMMARY
Casestudy:pedagogicalandmethodologicalaspects
Thisarticlecharacterizesthe "casestudy"undertwoaspectsrelatedtoeachother.Thefirstreferstotherelationsbetweenteachingandlearning,pointingoutitspossibilitiesin theacademicactivitiesandin therelationsbetweentheoryandpractice.Thesecondonepresentsamethodologyto collect.analyzeandinterpretdataonthescientificresearchprocesso
keywords:casestudy,theory-praxisrelations,teaching,methods.
REFERNCIAS BIBLIOGlUFICAS
I. CHIZZOTTI, A. Pesquisaemcinciashumanasesociais. 2.ed. SoPaulo: Cortez,1995.p.95-96.
2.FOLLARI,R.A,Algumasconsideraesprticassobreinterdisciplinaridade.In: JANTSCH, A. P.,BIANCHETTI,L.(Org.)./nterdisciplinaridade:paraalmdafilosofiadosujeito.RiodeJaneiro:Vozes,1995.p.97-110,138.
3.FREIRE,P. Consideraesemtomodoatodeestudar.In: . Aoculturalparaa liberdade.RiodeJaneiro:PazeTerra,1976.p.19-22.
4.GIL, A. C. Comoelaborarprojetosdepesquisa.SoPaulo:Atlas,1988.124p.
5.GIL,A.C.Mtodosetcnicasdepesquisasocial.4.ed.SoPaulo:Atlas,1994.p.79-80,95-96.
6.GOODE, W. J., HATT, P. K. Mtodosempesquisasocial.7.ed.SoPaulo:Nacional,1979.p.423-424.
7.JORGE, R.C.Chanceparaumaesquizofrnica.BeloHorizonte:ImprensaOficialdeMinasGerais,1981.115p.
8. LDKE, M., ANDR, M. Pesquisaemeducao:abordagensqualitativas.SoPaulo: EPU, 1986.p.18-23.
9.NOGUEIRA,O.PesquisaSocial.SoPaulo:Nacional,1977.209p.
10.PDUA, E. M. M. de. Metodologiadapesquisa:fundamentostericosetcnicos.Campinas:InstitutodeFilosofiaPUCCAMP,1991.66p.(Mimeografado)
I I. .Otrabalhomonogrficocomoiniciaopesquisacientfica.1n:CARVALHO,M.C.M. de(Org.).Construindoosaber:metodologiacientfi-ca:fundamentosetcnicas.4.ed.rev.ampl.Campi-nas:Papirus,1994.p.149-180.
Trabalhorecebidoparapublicaoem23demaioeaceitoem23dejulhode 1996.
RevistadeCinciasMdicas-PUCCAMP, Campinas,5(2):76-82,maio/agosto1996
J