A ARQUITECTURA MODERNA

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A ARQUITECTURA MODERNA NA 1ª METADE DO SÉCULO XX: DA BAUHAUS AO FUNCIONALISMO RACIONALISTA E AO ORGANICISMO Bauhaus Funcionalismo racionalista Organicismo Links A arquitectura moderna surgiu na segunda metade do século XIX, quando surgiram os primeiros edifícios de estrutura metálica e a novidade do cimento armado e do ascensor tornaram possível construir, nos Estados Unidos, os primeiros arranha-céus. No entanto, seria nos inícios do século XX, quando os arquitectos souberam aproveitar todas as potencialidades dos novos materiais como o ferro, o aço, o vidro, o alumínio, mas sobretudo o betão, que foi possível criar novas formas e testar todo o conjunto de experiências construtivas que caracterizam a arquitectura desse século. Nos inícios do século XX, as exigências da sociedade industrial, a aceleração da vida quotidiana, o crescimento urbano mais intenso, a destruição causada pela 1ª Guerra Mundial, levaram à necessidade de reconstruir as cidades e de alojar condignamente os cidadãos, sendo necessária a adopção de novas soluções urbanísticas, percebendo-se a desadequação da arquitectura burguesa tradicional face às novas realidades: torna-se imperioso impôr um tipo de construção simples e barata, mas com condições de habitabilidade, a par da redefinição do planeamento urbano. Nasce o funcionalismo racionalista (levando ao chamado Estilo Internacional) e o organicismo, o primeiro dos movimentos em torno dos arquitectos alemães Peter Behrens e Walter Gropius e do suíço Le Corbusier, e o segundo em torno do norte-americano Frank Lloyd Wright e do finlandês Alvar Aalto. Características fundamentais: - Relação íntima entre arquitectura e urbanismo; - Corte radical com o passado: abolição da forma natural, eliminando tudo aquilo que se oponha à arte pura; - Simplificação dos volumes, geometrização das formas: predomínio das linhas rectas, sólidos geométricos; - Paredes lisas e, geralmente, brancas, abolindo-se a decoração e realçando-se a estrutura do edifício; - Coberturas planas, geralmente transformadas em terraços; - Amplas janelas, em fita, ou fachadas-cortina em vidro; - Elevação do edifício sobre pilares (pilotis), dando a ideia de estar suspenso; - Utilização de novos materiais, pré-fabricados: aço, betão, vidro; - Renovação do espaço – casa prática e funcional; abertura de espaços interiores – é a planta livre; - Interligação com as artes ditas menores, ou aplicadas: escultura, cerâmica, tecelagem, metalurgia, marcenaria; - Nascimento do design industrial. Peter Behrens, Fábrica de Turbinas da AEG, Berlim, 1909 Para muitos, este edifício marca o início do funcionalismo racionalista. Nele foram utilizados A ARQUITECTURA MODERNA http://www.esfcastro.pt:8079/users/franciscosilva/Arquitecturafunciona... 1 de 14 14/3/2011 00:10

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A ARQUITECTURA MODERNA NA 1ª METADE DO SÉCULO XX:

DA BAUHAUS AO FUNCIONALISMO RACIONALISTA E AO ORGANICISMO

Bauhaus

Funcionalismo racionalista

Organicismo

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A arquitectura moderna surgiu na segunda metade do século XIX, quando surgiram os primeiros edifícios deestrutura metálica e a novidade do cimento armado e do ascensor tornaram possível construir, nos EstadosUnidos, os primeiros arranha-céus. No entanto, seria nos inícios do século XX, quando os arquitectos souberamaproveitar todas as potencialidades dos novos materiais como o ferro, o aço, o vidro, o alumínio, mas sobretudoo betão, que foi possível criar novas formas e testar todo o conjunto de experiências construtivas quecaracterizam a arquitectura desse século.

Nos inícios do século XX, as exigências da sociedade industrial, a aceleração da vida quotidiana, ocrescimento urbano mais intenso, a destruição causada pela 1ª Guerra Mundial, levaram à necessidade dereconstruir as cidades e de alojar condignamente os cidadãos, sendo necessária a adopção de novas soluçõesurbanísticas, percebendo-se a desadequação da arquitectura burguesa tradicional face às novas realidades:torna-se imperioso impôr um tipo de construção simples e barata, mas com condições de habitabilidade, a par daredefinição do planeamento urbano. Nasce o funcionalismo racionalista (levando ao chamado EstiloInternacional) e o organicismo, o primeiro dos movimentos em torno dos arquitectos alemães Peter Behrens eWalter Gropius e do suíço Le Corbusier, e o segundo em torno do norte-americano Frank Lloyd Wright e dofinlandês Alvar Aalto.

Características fundamentais:

- Relação íntima entre arquitectura e urbanismo; - Corte radical com o passado: abolição da forma natural, eliminando tudo aquilo que se oponha à arte pura; - Simplificação dos volumes, geometrização das formas: predomínio das linhas rectas, sólidos geométricos; - Paredes lisas e, geralmente, brancas, abolindo-se a decoração e realçando-se a estrutura do edifício; - Coberturas planas, geralmente transformadas em terraços; - Amplas janelas, em fita, ou fachadas-cortina em vidro; - Elevação do edifício sobre pilares (pilotis), dando a ideia de estar suspenso; - Utilização de novos materiais, pré-fabricados: aço, betão, vidro; - Renovação do espaço – casa prática e funcional; abertura de espaços interiores – é a planta livre; - Interligação com as artes ditas menores, ou aplicadas: escultura, cerâmica, tecelagem, metalurgia,marcenaria; - Nascimento do design industrial.

Peter Behrens, Fábrica de Turbinas da AEG, Berlim, 1909

Para muitos, este edifício marca o início dofuncionalismo racionalista. Nele foram utilizados

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racionalmente o vidro e o aço, este último na cobertura dotelhado. O autor procura uma arquitectura racional quepretendia ser, antes de tudo, prática, limpa e social. Aestrutura metálica possibilitou a abertura, nas fachadas embetão, de enormes janelas tapadas com painéis de vidro decaixilharia em aço. De volumes simples e sem ornamentos,a Fábrica AEG é bem representativa da arquitectura

funcionalista que então despontava.

Walter Gropius, Fábrica Fagus, Alfeld an der Leine, 1910

A fábrica expressava, com nitidez, os seus modernos interessescomerciais e funcionais. O exterior da ala principal, com as suasoficinas, transmite uma imagem de mecanização. Para o autor, aarquitectura devia adaptar-se ao mundo das máquinas e da velocidadee a função de um edifício deveria ser imediatamente reconhecívelatravés das suas formas. Nesta obra utiliza o ladrilho e, sobretudo, oferro e o vidro.

As paredes externas do edifício, sobretudo as do corpo centraldestinado aos escritórios, eram totalmente em vidro, o que fazia delasuma simples "casca" transparente, retirando-lhes a função desustentação e pressupondo o conceito ainda revolucionário deinterpenetração entre o interior e o exterior. Nas fachadas, sobretudona lateral, onde a parede maciça desaparece para dar lugar ao vidro, asjanelas encontram-se ligeiramente avançadas em relação às vigasmestras do edifício, acentuando a função de "envelope" das paredes. Esta fábrica é um exemplo da utilizaçãocriativa e funcional dos novos materiais.

Um dos edifícios ingleses mais importantes doperíodo, que empregou paredes panorâmicasenvidraçadas, colunas de betão em forma de cogumeloe interiores de grande vão. O espaço central éiluminado de cima por tijolos de vidro, na cobertura.Compridas faixas horizontais acentuam o seu aspectoindustrial e moderno.

Sir Evan Owen Williams, Fábrica de botas, Beeston,Grã-Bretanha, 1930-32

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A BAUHAUS E O SONHO DE UNIDADE DA ARTE:

Exemplo prático do funcionalismo arquitectónico:decomposição dos volumes; predominância das linhas rectas;cada parte do edifício definida pela sua função evolumetricamente quase independente das restantes;articulações dos volumes segundo uma linha quebrada.

A parede dejanelas foidescrita porum visitantecomo “umgigantescocubo de luz(...)irradiandouma luzbranca, ofuscante, de todas as paredes (...), as janelas altas de

vidro, revelando abertamente a leve estrutura de aço (...) delineada em toda a sua transparência pela grelha deferro da estrutura exterior.” (Nelly Schwalacher)

Walter Gropius, Edifício da Bauhaus, Dessau, 1925-26

Fundada em 1919 por Walter Gropius, em Weimar, a Casa da Construção (Bauhaus) foi uma escola dearquitectura, arte e desenho. Resultou da fusão da Escola Superior de Artes Plásticas e da Escola de Artes eOfícios e pretendia dar aos alunos uma boa preparação num ofício, dando-lhes possibilidade de conhecerem eutilizarem diversos materiais. Pretendia conseguir a integração de todos os géneros artísticos e artesanais. Partiado princípio que as belas-artes e as artes aplicadas, a teoria e a prática deviam ser integradas numa criaçãocomum, cuja conclusão seria a arquitectura, vista como arte integradora. Daí que tenha implementado o design,atribuindo valor estético a objectos de uso comum e produzidos em massa – cadeiras, sofás, candeeiros,cinzeiros, electrodomésticos, etc., que formariam um todo no conjunto do edifício.

No programa curricular de 1919, aparecia o elenco dos ofícios que se podiam aprender na escola e que iamdesde o ofício de escultor a ceramista, de fundidor a marceneiro ou de esmaltador a tecelão. Os alunosaprendiam ainda a comercializar os seus produtos e torná-los rentáveis, numa tentativa de apagar a imagemcorrente do artista boémio e pobre.

No Manifesto, os fundadores declaravam que pretendiam construir algo de novo sobre as ruínas deixadas pelaGrande Guerra, oferecendo aos jovens a possibilidade de realizar os seus ideais e de criar uma nova sociedade.

Mas, acima de tudo, era uma escola que pretendia a renovação pedagógica do ensino da arte, até aí

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profundamente académico. Os estudos duravam três anos e meio, escalonados por níveis e pela frequência deateliers onde os artistas se integravam conforme os seus interesses: Atelier de Madeira, de Metal, de Tecido, deCor, de Impressão e Tipografia, de Arquitectura e Construção, de Publicidade, de Fotografia e de ArtesPlásticas.

A partir de 1923, a Bauhaus começou a dar especial relevo à arquitectura, até então secundarizada, bemcomo à produção de objectos sobretudo destinados à indústria, sendo considerada a iniciadora do desenhoindustrial ou design. Walter Gropius entendia que deveria haver uma estreita colaboração entre a arte e aindústria, defendendo que, ao artista caberia o papel inventivo e a função de garantir qualidade estética aosobjectos, enquanto que o industrial se limitaria a fabricá-los em série.

Manifesto Bauhaus (1919)

O objectivo final de toda a actividade plástica é o edifício!

Decorá-lo era, outrora, a principal tarefa das artes plásticas e estas eram partes constituintesinseparáveis da grande arquitectura. Actualmente, elas existem de forma isolada e auto-suficiente,podendo apenas voltar a ser resgatadas através da colaboração e da cooperação consciente detodos os artesãos. Arquitectos, pintores e escultores têm de aprender de novo a conhecer e acompreender a forma complexa do edifício no seu todo e nas suas partes. [...]

As antigas escolas de arte não conseguiram criar esta unidade. Como poderiam fazê-lo, se a artenão é ensinável? As escolas têm de regressar à oficina. [...] O jovem que sente em si o amor pelaactividade plástica deve começar o seu percurso, como antigamente, aprendendo um ofício [...].

Arquitectos, escultores, pintores, todos nós devemos voltar aos ofícios! Não existe nenhumadiferença essencial entre o artista e o artesão! O artista desenvolve-se a partir do artesão! Em rarosmomentos luminosos, que não dependem da sua vontade, a misericórdia divina permite que a artefloresça, inconscientemente, a partir da obra das suas mãos, mas é imprescindível para todos osartistas o conhecimento do ofício. Aí reside a fonte original do gesto criador.

Fundemos, pois, uma nova corporação de artesãos sem as arrogantes distinções de classes quepretenderam erguer um muro altivo entre artesãos e artistas. Desejemos, imaginemos, criemos, emconjunto, o novo edifício do futuro, que será tudo numa só forma - arquitectura, escultura epintura. Um edifício que, criado por milhões de mãos de artesãos, há-de, um dia, subir aos céuscomo símbolo cristalino de uma nova fé que virá.

Walter Gropius

Características fundamentais:

-Ausência de elementos decorativos, considerados secundários: exige-se a maior pureza na composiçãoarquitectónica; -Materiais prefabricados, como o betão, o aço e o vidro, são considerados nobres e profusamente utilizados; -Nitidez das formas, pureza das superfícies ( linhas direitas, ângulos rectos, formas elementares austeras elisas, coberturas planas ); -Edifícios quase sempre paralelepipédicos e rebocados de branco; -Assimetria equilibrada ( em vez da simetria, tradicional desde o período do Renascimento );

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-Bandas de janelas que estruturam a fachada ou fachadas-cortina em vidro, que garantem ampla luminosidadee a ligação entre o interior e o exterior do edifício; -Pilotis ( estacas sobre as quais as casas parecem pairar acima do solo; -A estrutura da casa torna-se visível do exterior: a função e a construção deviam formar uma unidade.

O design:

Dos diversos ateliers da Bauhaus saíram objectos de uso comum desenhados tendo em conta o fim prático aque se destinavam, embora imbuídos de uma concepção estética que os transformava em obras de arte. A Escolacriou um estilo próprio e demonstrou que o desenho de um objecto elaborado por um artista podia sersimultaneamente artístico e industrial, desde que houvesse uma perfeita articulação entre a forma e afunção desse objecto.

Marianne Brandt Gerrit Rietveld Marcel BreuerMarianne Brandte Hin Bredendieck

W. Wagenfeld eJucker

Cinzeiro em latãoniquelado, 1924

Cadeira Vermelhae Azul, 1918

Cadeira, 1923Candeeiro desecretária, 1927

Candeeiro,1923-24

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O FUNCIONALISMO RACIONALISTA (Estilo Internacional)

Ao mesmo tempo que se desenvolviam as experiências da Bauhaus, um arquitecto suíço, Charles-ÉdouardJeanneret, conhecido por Le Corbusier (1887-1965) desenvolvia as ideias do funcionalismo estético, retomandoa ideia de que a casa deveria ser concebida como uma «máquina de habitar».

Criou construções inspiradas no cubismo, separadas do solo e assentes sobre pilares finos (os pilotis), muitasvezes recuados, dando uma sensação de grande leveza ao edifício em suspensão. Este estratagema permitia queo espaço verde se introduzisse por entre os pilares que sustentavam a casa. A planta era livre, a fachada semornamentos, os telhados planos e ajardinados e as janelas sobre o comprido, em fita.

Teve também uma grande preocupação pelo urbanismo, que se revela nas suas «unidades de habitação», a

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mais célebre das quais se localiza em Marselha, grandes edifícios destinados a alojar um grande número depessoas resolvendo, assim, os graves problemas de alojamento com que se debatiam as cidades europeias noperíodo entre as duas guerras mundiais.

As suas habitações, demasiado frias e impessoais na sua racionalidade, não foram, de um modo geral, bemaceites por aqueles que se tornaram seus habitantes, sendo também alvo de fortes críticas por parte dearquitectos como Lloyd Wright e dos adeptos da arquitectura orgânica e do conceito da casa-refúgio.

A grande difusão deste estilo, praticamente sem variantes, um pouco por todo o mundo industrializado,conduziria ao chamado Estilo Internacional.

Casa-Máquina de habitar (1923)

Casa em série Citrohan (para não dizer Citroen). Uma casa como um automóvel, concebida eplaneada como um autocarro ou uma cabina de navio. As necessidades actuais de habitação podemprecisar-se e exigem uma solução. É necessário reagircontra a antiga casa e o seu sentido de espaço.Actualmente, é necessário considerar a casa como uma«máquina de habitar» ou como uma ferramenta. [...] Atéhoje, uma casa era um conjunto pouco coerente deinúmeras grandes salas. Nas salas havia sempre espaço amais ou a menos. [...]

As dimensões das janelas e das portas devem serrectificadas. Os comboios e os automóveis demonstraramque o homem pode passar por aberturas pequenas e que sepode calcular o espaço ao centímetro quadrado [...] Umavez que o preço da construção quadruplicou, é necessárioreduzir para metade as antigas pretensões arquitectónicas.É, desde logo, um problema de técnicos; utilizam-se osprogressos da indústria, modifica-se totalmente um estado de espírito. A beleza? Existe quandoexiste a proporção. A proporção não custa nada ao proprietário, apenas ao arquitecto! [...] Não háque envergonhar-se por viver numa casa sem telhado pontiagudo, por ter paredes lisas com placasde chapa, janelas semelhantes às das fábricas. Mas, do que se pode estar orgulhoso é de ter umacasa prática como uma máquina de escrever.

Escala Modulor, criada por Le Corbusier entre 1942 e 1948: o Homem é a escala da nova arquitectura

Le Corbusier

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Le Corbusier e Pierre Jeanneret, Vila Sabóia (Les Heures Claires),Poissy-sur-Seine, 1928-1929

A vila, na forma cúbica horizontal, apoiada em pilotis, comuma planta quase quadrada, formas curvilíneas e uma rampa aocentro, é um dos trabalhos germinais da arquitectura do séculoXX, revelando influências cubistas. A fachada não temornamentos e o telhado é plano.

As salas de estar, com janelas em correnteza, também abrempara um jardim-terraço, enquanto o rés-do-chão abriga o vestíbulo e as áreas de serviço. Um sistema de escadas e rampas, saindo do vestíbulo, liga os diferentes níveis. Outra rampa parte do jardim-

terraço para o telhado, sendo o primeiro ligado às áreas deconvívio por grandes janelas e paredes envidraçadas deslizantes.

Formas geométricas,fachadas brancas e semelementos decorativos,janelas em fita e coberturaem terraço fazem desteedifício um exemplo purodo funcionalismoarquitectónico.

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Le Corbusier, Vila Stein/de Monzie (Les Terrasses), 1926-28

Este edifício, todo construído em betão,assenta sobre colossais pilotis e possui 12andares que terminam numa cobertura emterraço. Propõe-se como uma unidadehabitacional auto-suficiente pois, para alémdos 337 apartamentos, possui ainda: nacobertura, parcialmente tapada, uma creche,um ginásio, uma piscina e uma pista decorrida; num piso a meia altura, funciona umhotel e uma zona comercial, com lojas erestaurantes.

Le Corbusier, Unidade de Habitação, Marselha, 1947-53

A maior encomenda pública de Le Corbusier, aresidência estudantil, contendo 680 quartos e salascomuns, tem uma estrutura de betão armado, comjanelas emolduradas a aço. A planta do nível deentrada mostra a ponte que leva ao edifício cilíndricoda recepção. Embora tenha sido desenhada primeirocomo um prédio hermeticamente fechado, viu-seobrigado a dotá-lo de janelas que se abriam, em 1935.

Le Corbusier e Pierre Jeanneret, Cidade-Refúgio, Paris, 1929-33

Após a Segunda Grande Guerra, Le Corbusier deslocou asua atenção para construções mais expressivas, usando betãoem superfícies exteriores de aparência inacabada e/ougrosseira, antecipando o brutalismo, tendência que se definiapelo uso despojado e sóbrio do betão armado associado ao aço.

Le Corbusier, Igreja de Notre Dame du Haut, Ronchamp, 1955

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Gerrit Thomas Rietveld, Casa Schröder, Utreque, 1924

Esta é uma das obras mais importantes do funcionalismoracionalista: linhas simplificadas, estrutura reduzida a formaselementares, intersecção de planos diversos, superfícies semornamentação, telhado em terraço e varandas projectadas.

A Casa Schröder foi projectada com um total de planos quese interceptam. A planta do rés-do-chão está divididafuncionalmente, enquanto o andar de cima é, na essência, umsó espaço, com elementos embutidos e divisórias deslizantes.

A forma básica é cúbica, mas as massas arremessam-se emtodas as direcções – para a frente, para trás, para a direita, paraa esquerda -, destruindo o volume compacto. As paredes sãobrancas, mas os elementos lineares verticais estão pintados depreto, vermelho e amarelo, numa proposta semelhante àpintura de Piet Mondrian.

No interior, a planta livre desenvolve-se numa concepção deespaço aberto que é mais visível no primeiro piso, o qual, noentanto, se pode fechar em divisões cerradas por intermédio deparedes corrediças.

Esta obra abria os espaços internos de uma maneiracontrolada, de modo a originar uma requintada máquinapara a vida moderna. A elevação do jardim, com a suacomprida vedação de vidro transparente, é o elementoorganizador do projecto. As elegantes áreas de convivência e refeição estãoseparadas por uma divisória de travertino, que lhesconserva o sentido de um espaço amplo. As cores neutrasdo interior contrastam com o brilho das colunas cromadase do vidro.

Ludwig Mies van der Rohe, Casa Tugendhat, Brno, 1928-30

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Interior do salão principal

Le Corbusier, Casa na Urbanização Weissenhof, Estugarda, 1927

Este edifício encarna as ideias do arquitecto quanto à vidamoderna, incluindo elevar as áreas de convívio sobre pilotis,janelas dispostas em fita e coberturas em terraço.

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O ORGANICISMO:

Este movimento insere-se numa tendência de crítica ao funcionalismo racionalista que, entretanto, entrara emcrise. Insurge-se contra o conceito da “casa, máquina para habitar”. Critica nele a frieza e despersonalização,“muros de cimento armado” disfarçados pelas múltiplas janelas, a excessiva abertura ao exterior, retirando anecessária sensação de conforto, bem como a excessiva repetição das formas. Em seu lugar, propõe uma arquitectura em perfeita harmonia com o meio envolvente, com a natureza. O principal nome desta corrente foi Frank Lloyd Wright.

Frank Lloyd Wright,

Casa da Cascata (Falling Water), Pensilvânia, EUA, 1934

A casa encontra-se perfeitamente enquadrada na

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natureza, como se fizesse parte da própria paisagem.Inscreve-se no declive do terreno e os materiais de que éconstituída confundem-se com as rochas. A água parecefluir da própria casa.

O edifício é emblemático do organicismo: apresentauma relação cuidada com a natureza, numa perspectiva deintegração – potencialização estética da rocha naturalarticulada com grandes lajes de betão, harmonizandodiferentes materiais. A fim de obter a maior diferenciaçãopossível entre as partes do edifício, Wright quebrou oscontornos fechados do bloco e rodou os planoshorizontais, um relativamente ao outro, tornando-osassimétricos.

Exemplo de uma arquitectura funcional com exigênciasestéticas: planta livre e articulação forma/função, bemcomo visão orgânica do edifício – projecção, no exteriordo edifício, das opções tomadas relativamente ao seuinterior, inserindo-se harmoniosamente no ambiente. Concretização dos princípios defendidos em habitaçõesunifamiliares – a casa como refúgio, em resposta à casa“máquina para habitar” proposta pelo funcionalismoracionalista.

Síntese:

-Integração no meio ambiente (por exemplo, acompanhando os declives da encosta);

-Materiais de acordo com o meio ambiente (por exemplo,pedras naturais);

-Crescimento do edifício a partir da cascata (papel dosterraços: estes são cruzados para melhor sediferenciarem as partes do edifício);

-Concepção da casa a partir do interior (primeiro,delimitam-se os vários espaços, e só depois é que seconstrói a estrutura exterior). O edifício é entendidocomo um organismo vivo;

-Casa funcional, à medida do homem;

-“Casa-refúgio” e não “máquina de habitar” (funcional, mas,ao mesmo tempo, individual e espiritual).

Outras obras de Frank Lloyd Wright

Johnson Wax Building, 1936-1944

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Este modernoedifícioalbergandoumlaboratórioexperimentale escritóriosrevela

características do organicismo: o espaço é funcional semnecessidade de paredes ou divisórias - as colunas delimitam o espaço, criando várias zonas que se interpenetram.Materiais como o betão e o tijolo foram largamente utilizados.

Museu Guggenheim, Nova Iorque, 1959

Vista exterior

Após 1930, o arquitectotrabalhou fundamentalmente combetão, explorando a criação de umamaior variedade de formas,assentes sempre em critériosgeométricos. O Museu Guggenheimfoi concebido a partir de umarampa em espiral que liga osdiversos pisos.

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Vista interior

Um exemplo português: Álvaro Siza-Vieira

Casa de Chá da Boa Nova (1958-1963)

Pela sua cuidada integraçãono meio envolvente, esta obra évista como um exemplo daarquitectura orgânica.

A Casa de Chá da Boa Nova foi projectada e construída num importante período de transição da arquitecturaportuguesa, em que Álvaro Siza-Vieira foi um inovador ainda isolado. Esta obra é um paradigma da inserção doedifício no meio ambiente, típico do organicismo: recurso a materiais do próprio meio envolvente em simultâneocom materiais prefabricados, acompanhamento do declive, intersecção de planos diversos, etc.

Sites relacionados:

www.greatbuildings.com (pesquisa por edifício ou arquitecto; imagens, localização, história; modelos 3D; eminglês)

Bauhaus - Arquivo Museu do Design (em inglês)

Fundação Le Corbusier (em francês e inglês)

Frank Lloyd Wright ( as obras emblemáticas do arquitecto; fotografia e vídeo; em inglês)

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Bauhaus

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